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‘Direito Penal Funcionário público

Art. 327.
Termos importantes Caput. Para os efeitos penais, quem, mesmo
transitoriamente ou sem remuneração, exerce
Atipicidade absoluta – a conduta não se encaixa
cargo, emprego ou função pública.
em nenhum tipo de crime. Como resultado, o
§1º. Equipara-se aquele que exerce cargo,
agente não é responsabilizado por nenhum tipo
emprego ou função em paraestatal, e que trabalha
penal, e há a indiferença penal.
para empresa prestadora de serviço contratada ou
Atipicidade relativa – a conduta não se encaixa no
conveniada para execução de atividade típica da
dito crime, mas encaixa em uma tipicidade
Administração Pública. (funcionário público por
diferente, apenas alterando o que acusa o autor.
equiparação)
Procedimento especial -
Ex: mesário em eleições, jurados, estagiários
Procedimento comum – formado por
(ligados ao trabalho público), médico que atua
procedimentos ordinário, sumário e sumaríssimo.
vinculado ao SUS (mesmo sendo particular),
Procedimento ordinário – pena máxima de 4 anos
voluntários, defensor dativo (dentre outros
ou mais.
particulares que venham a ser remunerados pelo
Procedimento sumário – pena maior que 4 anos e
Estado em serviços específicos) etc.
menor que 2 anos.
§ 2º. A pena será aumentada da terça parte quando
Procedimento sumaríssimo – pena de 2 anos ou
os autores dos crimes (sujeito ativo) previstos neste
menos. (lei 9099/95 – juizado especial criminal)
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
Suspensão condicional do processo – é possível
ou de função de direção* ou assessoramento de
nos casos em que a pena mínima cominada for
órgão da administração direta (município, estado,
igual ou inferior a 1 ano, com fulcro no art. 89 da
união...), sociedade de economia mista, empresa
lei 9099/95 (ex: furto – art. 155 CP, pena 1 a 4
pública ou fundação instituída pelo poder público
anos)
(admin. indireta)**.
Crime comum – pode ser cometido por qualquer
*entendimento do STJ e STF: quem exerce cargo
pessoa
político e nomear os cargos em comissão ou
Crime próprio – deve ser praticado por uma
função de direção, será responsabilizado pelos
pessoa específica para ser tipificado ao autor (ex:
crimes juntamente com seu nomeado, caso este
crimes próprios ao funcionário público)
venha a cometê-los, mesmo não havendo agido
Assentamento de registro civil – é aquilo que se
em conjunto ou não tendo conhecimento.
encontra arquivado no livro de registro civil do
**AUTARQUIA NÃO ESTÁ INCLUSO NO
cartório.
TEXTO DE LEI, MAS O STJ ENTENDE QUE
Entidade paraestatal (em direito penal) –
SÃO ATINGIDOS PELO AUMENTO DE
sociedades de economia mista, empresa pública e
PENA.
outras.
Petrechos – objetos usados para se realizar algo.
Crimes contra a fé § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze
anos, e multa, o funcionário público ou diretor,

pública gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,


emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
Jurisprudência: STJ e STF concordam I - de moeda com título ou peso inferior ao
que não se aplicam princípio da determinado em lei;
insignificância em crimes de fé pública. II - de papel-moeda em quantidade superior à
Jurisprudência e doutrina: STF e STJ autorizada.
entendem que falsificação grosseira não § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e
será considerada, visto que não é crível e faz circular moeda, cuja circulação não estava
não traz perigo. ainda autorizada.

Crime de moeda falsa


Falsificação de títulos e
Art. 289.
 Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda outros papeis públicos
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou
Conduta: fabricar ou alterar;
no estrangeiro:
Papéis públicos: controle tributário,
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
arrecadação de rendas públicas, selo de
Fabricar- criar do zero uma cópia ilegal da
controle tributário;
moeda vigente.
Formas equiparadas com menor pena:
Alterar – misturar fragmentos de moedas
restituição de boa-fé à circulação;
reais com falsas, de modo que passem em
Art. 293. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a:
testes, mas continuam sendo falsas e
I - Selo destinado a controle tributário, papel
ilegais.
selado ou qualquer papel de emissão legal
É um crime de conteúdo múltiplo, ou seja,
destinado à arrecadação de tributo;
praticando um ou mais atos descritos pelos
II - Papel de crédito público (papel que ateste que
verbos nesse artigo e seus parágrafos,
o Estado tem crédito contra alguém) que não seja
responderá apenas por um crime.
moeda de curso legal;
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
III - vale postal;
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
IV - Cautela de penhor (título de crédito),
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
caderneta de depósito de caixa econômica ou de
na circulação moeda falsa.
outro estabelecimento mantido por entidade de
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
direito público;
verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
V - Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
circulação, depois de conhecer a falsidade, é
documento relativo à arrecadação de rendas
punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
públicas ou a depósito ou caução por que o poder
multa.
público seja responsável;
VI - Bilhete, passe ou conhecimento de empresa comércio irregular ou clandestino, inclusive o
de transporte administrada pela União, por Estado exercido em vias, praças ou outros logradouros
ou por Município: públicos e em residências. 
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa.

§ 1º. Incorre na mesma pena quem:


Petrechos de falsificação
I - Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
papéis falsificados a que se refere este artigo;  petrechos: objetos especialmente

II - Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, destinados para um fim;

empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação Art. 293. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou

selo falsificado destinado a controle tributário;  guardar objeto especialmente destinado à

III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à falsificação de qualquer dos papéis referidos no

venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, artigo anterior.


Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
Art. 295. Se o agente é funcionário público, e
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
comete o crime prevalecendo-se do cargo,
de atividade comercial ou industrial, produto ou
aumenta-se a pena de sexta parte.
mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se Falsidade documental
destine a controle tributário, falsificado;
Art. 296. Falsificar, fabricando-os ou alterando-
b) sem selo oficial, nos casos em que a
os:
legislação tributária determina a
I - Selo público destinado a autenticar atos oficiais
obrigatoriedade de sua aplicação.
da União, de Estado ou de Município;
§ 2º. Suprimir, em qualquer desses papéis,
II - Selo ou sinal atribuído por lei a entidade de
quando legítimos, com o fim de torná-los
direito público, ou a autoridade, ou sinal público
novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo
de tabelião:
de sua inutilização:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
§ 1º . Incorre nas mesmas penas:
§3º. Incorre na mesma pena quem usa, depois de
I - Quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
II - Quem utiliza indevidamente o selo ou sinal
parágrafo anterior.
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito
§4º . Quem usa ou restitui à circulação, embora
próprio ou alheio.
recebido de boa-fé, qualquer dos papéis
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
falsificados ou alterados, a que se referem este
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros
artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade
símbolos utilizados ou identificadores de órgãos
ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6
ou entidades da Administração Pública. 
(seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Art. 297. Documentos públicos: Falsificar, no
§5º. Equipara-se a atividade comercial, para os
todo ou em parte, documento público ou alterar
fins do inciso III do § 1 o, qualquer forma de
documento público verdadeiro.
Pena – reclusão, de 2 a 6 anos e multa. Alterar o corpo de texto já existente no
Crime comum documento;
§ 1º. Se o agente é funcionário público, e comete Elemento subjetivo: dolo genérico. Não é
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a necessário dolo específico (objetivo
pena de sexta parte. específico de uso), apenas o fato de
§ 2º. Para os efeitos penais, equiparam-se a realizar a conduta.
documento público o emanado de entidade A pena aumenta de 1/6 se o funcionário
paraestatal, o título ao portador ou transmissível público prevalece do cargo para falsificar
por endosso, as ações de sociedade comercial, os ou alterar documento público.
livros mercantis e o testamento particular.
§3º. Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
inserir:
Falsidade ideológica
I - Na folha de pagamento ou em documento de Art. 299. Omitir, em documento público ou
informações que seja destinado a fazer prova particular, declaração que dele devia constar, ou
perante a previdência social, pessoa que não nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
possua a qualidade de segurado obrigatório; diversa da que devia ser escrita, com o fim de
II - Na Carteira de Trabalho e Previdência Social prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
do empregado ou em documento que deva verdade sobre fato juridicamente relevante:
produzir efeito perante a previdência social, Pena:
-Se o documento for público: reclusão de 1 a 5 anos e multa.
declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido
-Se o documento for particular: reclusão de 1 a 3 anos e multa.
escrita; Parágrafo único. Se o agente é funcionário
III - em documento contábil ou em qualquer outro público, e comete o crime prevalecendo-se do
documento relacionado com as obrigações da cargo, ou se a falsificação ou alteração é de
empresa perante a previdência social, declaração assentamento de registro civil, aumenta-se a pena
falsa ou diversa da que deveria ter constado. de sexta parte.
Art. 298. Documentos particulares: Requisitos:
Falsificar, no todo ou em parte, documento Alteração da verdade sobre fato
particular ou alterar documento particular juridicamente relevante;
verdadeiro: Imitação da verdade;
Pena – reclusão, de 1 a 5 anos e multa.
Potencialidade de dano;
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, DOLO (elemento subjetivo);
equipara-se a documento particular o cartão de
crédito ou débito. Diferentemente da falsidade material, não
é imediatamente perceptível, visto que
Condutas.
altera o conteúdo de um documento
Falsificar: cria uma cópia irregular para
legítimo;
passar por verdadeira;
É um crime comum segundo a doutrina;
Porém, quando praticado em documento documento dessa natureza, próprio ou de
público, implica prática por funcionário terceiros:
público, tornando-se, nesse caso, crime Pena - detenção, de 4 meses a 2 anos, e multa, se o fato
não constitui elemento de crime mais grave.
próprio;
São condutas que recaem sobre
documentos públicos e particulares;
Crimes funcionais próprios
Omitir declaração que dele deveria Obs.: Pode gerar atipicidade absoluta e
constar; indiferença penal em casos em que atua um
Inserir ou fazer inserir declaração falsa ou particular.
diversa;
São palavras comuns nesse tipo de Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua

documento “declarando” e “atestando” profissão, atestado falso:


Pena – detenção, de 1 mês a 1 ano.
Elemento subjetivo geral (dolo genérico):
Parágrafo único. Se o crime for cometido com o
vontade de realizar os elementos
fim de lucro, aplica-se, também, multa.
subjetivos (omitir, inserir e fazer inserir);
Deve ser o médico. Se o particular o fizer,
Elemento subjetivo (dolo) específico: o
será tipificado como crime de falsidade
fim especial que encontro no tipo penal 
documental (de documento público -sus-
o fim de prejudicar um direito, criar
ou particular). O paciente que utiliza o
obrigação ou alterar a verdade;
.
atestado falsificado pelo médico, comete o

Aumento de pena: e o agente é funcionário crime de uso de documento falso (art. 304

público, e comete o crime prevalecendo-se CP);

do cargo, ou se a falsificação ou alteração Ele falsifica o conteúdo, mas o atestado é

é de assentamento de registro civil, verdadeiro.

aumenta-se a pena de sexta parte DOLO. Não admite modalidade culposa.


Crime formal: apenas produzir e entregar
Falsa identidade ao paciente, já configura o crime, mesmo
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro, que este não seja utilizado.
falsa identidade para obter vantagem, em Crime próprio e forma de falsidade
proveito próprio ou alheio, ou para causar ideológica, tipificado de forma autônoma
dano a outrem: (crime especificado).
Pena - detenção, de 3meses a 1 ano, ou multa, se o fato NÃO É CRIME CONTRA SAÚDE
não constitui elemento de crime mais grave.
PÚBLICA, É CRIME CONTRA A FÉ
Art. 308  - Usar, como próprio, passaporte,
PÚBLICA.
título de eleitor, caderneta de reservista ou
Não apenas citar condição de doença falsa,
qualquer documento de identidade alheia
mas também suprimir doença existente,
ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
configura o crime.
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente,
Crimes funcionais
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo impróprios
sigiloso (prova ou gabarito) de:
Pode gerar atipicidade relativa em casos
I - Concurso público; 
em que atua o particular.
II - Avaliação ou exame públicos;
III - Processo seletivo para ingresso no ensino
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no
superior;
exercício de função pública, firma ou letra que o
IV - Exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
§1º.  Nas mesmas penas incorre quem permite ou
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em
não autorizadas às informações mencionadas no
razão de função pública, fato ou circunstância que
caput.
habilite alguém a obter cargo público, isenção de
§2º. Se da ação ou omissão resulta dano à
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer
administração pública: 
outra vantagem:
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§3º. Aumenta-se a pena de 1/3 se o fato é
§1º. Falsidade material de atestado ou certidão:
cometido por funcionário público.
Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
Protege o princípio de isonomia (igualdade
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de
entre os candidatos do concurso público,
atestado verdadeiro, para prova de fato ou
por exemplo)
circunstância que habilite alguém a obter cargo
Crime comum (sujeito ativo) e próprio
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter
(sujeito passivo);
público, ou qualquer outra vantagem:
DOLO específico (deve haver uma razão Pena - detenção, de três meses a dois anos.
específica e a intenção de fazê-lo); § 2º. Se o crime é praticado com o fim de lucro,
Instantâneo e plurissubsistente; aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a
Modalidade qualificada; de multa.
Causa especial de aumento de pena §3º.
O gabarito é sigiloso até que se encerre o
Crimes contra a adm.
período da prova (antes e durante o
pública
processo de aplicação ele é sigiloso);
A prova é sigilosa até o momento em que Corrupção ativa
o lacre do envelope é desfeito e a prova
Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida
entregue ao aluno para resolução durante o
a funcionário público para determiná-lo a praticar,
tempo de aplicação.
omitir ou retardar ato de ofício.
-Pena de reclusão de 2 a 12 anos e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 se, passiva (sair correndo do servidor, por
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário exemplo);
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica Quando o ato for contra cidadão
infringindo dever funcional. particular que estiver prendendo em
flagrante, só constitui o crime se este
Oferecer, prometer, são os verbos aqui. Se cidadão estiver auxiliando o servidor
o funcionário quem exige e o particular público, caso contrário, não;
paga a propina, ele não é responsabilizado Esse crime não absorve e não pode ser
por crime algum, apenas o funcionário que absorvido por outros. Se for
o recebe; empregada violência, por exemplo,
Crime formal: Apenas o ato de oferecer ou haverá também crime de lesão
prometer já constitui o crime, não é corporal;
necessário cumprir com o combinado; Se a resistência a ordem for no meio da
A corrupção ativa é praticada pela pessoa noite, não é crime, pois não é
que oferece a vantagem, e a passiva pelo permitido cumprir ordem durante o
funcionário que pede ou aceita. Se o ato período noturno (de descanso). (ex:
for praticado pelo funcionário, mesmo que ordem de prisão durante o período
este não receba, após, a vantagem, por tê- noturno, não é permitido, e o particular
lo praticado em razão da oferta, o crime pode e deve resistir, pois é ilegal);
incide em aumento de pena para ambos; Pode ser ordem generalizada, não

Crime de resistência apenas para alguém específica.

Art. 329. Opor-se à execução de ato legal,


mediante violência ou ameaça a funcionário Crime de desobediência
competente para executá-lo ou a quem lhe Art. 330. Desobedecer a ordem legal de
esteja prestando auxílio: funcionário público.
Pena - detenção, de 2 meses a 2 anos.
Pena - detenção, de 15 dias a 6 meses e multa.
§ 1º. Se o ato, em razão da resistência, não se É a oposição à ORDEM LEGAL.
executa: Crime praticado por particular, mas a
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos.
doutrina discute a prática do crime do
§ 2º. As penas deste artigo são aplicáveis sem
funcionário público;
prejuízo das correspondentes à violência.
O funcionário público pode praticar
É a oposição à ATO LEGAL;
esse crime? Depende. Para que se
Isso aplica-se, por exemplo, ao
configure esse crime e não o de
criminoso que se opõe a prisão em
prevaricação, o funcionário deve negar
flagrante utilizando-se destes meios;
uma ordem que não tenha a ver com
Existe a forma ativa (utilizando a
violência e/ou ameaça) e a forma
sua função (ex: desobedece a ordem do
juiz que não diz respeito a sua função); Crime de desacato
Requisitos: deve ser uma ordem legal
Art. 331. Desacatar funcionário público no
(ordem ilegal não deve ser cumprida);
exercício da função ou em razão dela.
a ordem deve ter destinatário
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
determinado (para um cidadão
É um crime comum, podendo ser praticado
específico, e não generalizada; deve ser
por particular e por funcionário público;
ordem legal sem previsão e pena
A discordância ou indignação com demora
específicas no código;
ou ineficiência da prestação de serviços
Descumprir ordem ilegal não constitui
públicos, expressa verbalmente diante do
crime nenhum;
funcionário público, NÃO CONFIGURA
Obs.: Descumprir ordem de lockdown
DESACATO, é considerado liberdade de
sobre a pandemia. O cidadão pode ser
expressão e direito exercido por cidadão de
preso por desacato e resistência, mas
demonstrar sua insatisfação (sem uso de
não por desobediência, pois era uma
violência e depredação de patrimônio);
ordem generalizada;
Deve ser ofensa, xingamento;
Obs. 2: aquele que não paga pensão
Ofensa vinculada à função do funcionário
alimentícia ordenada judicialmente,
público em cargo de comissão, cargo de
apesar de encaixar-se, tem-se como
confiança ou de serviço único e sem
entendimento do STJ atualmente que
remuneração (mesário, júri etc.);
não constitui esse crime;
Deve ter a ver com a função, mesmo que o
ATENÇÃO: descumprimento de
funcionário esteja em férias ou licença;
medida restritiva em caso de violência
Para existir crime de desacato, é
doméstica, não constitui
fundamental que o funcionário público
desobediência, recai sobre o art. 24-A
receba as ofensas diretamente, no
da lei Maria da Penha.
momento do acontecimento pelo próprio
Exemplos: autor (se um terceiro repassa para ele, não
Não atendimento à ordem judicial é desacato);
concessiva de segurança, liminar ou Pode ser por escrito (mostrar um cartaz
definitiva; ofendendo, mandar um WhatsApp
Recusa da entrega de objetos necessários à diretamente para o funcionário);
prova de infração penal; STf já afastou a possibilidade de liberdade
Recusa do médico em fornecer de expressão nesses casos.
esclarecimento a respeito do paciente;
Testemunha que deixar de atender à
intimação judicial (não é a testemunha que
Tráfico de influência
se cala, este é crime de falso testemunho).
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, Pena – detenção de 3 meses a 2 anos, e multa (parágrafo único -
pode ser aumentada de 1/3 à metade, se resultar em dano para
para si ou para outrem, vantagem ou promessa
Adm. Pública ou administrado).
de vantagem, a pretexto de influir em ato Art. 314. extravio, sonegação ou inutilização de
praticado por funcionário público no exercício livro ou documento oficial. (total o
da função. parcialmente).
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
*deve haver dolo.
Parágrafo único. A pena é aumentada da 1/2, Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui
se o agente alega ou insinua que a vantagem é crime mais grave.

também destinada ao funcionário. Art. 315. Emprego irregular de verbas ou


rendas públicas: empregá-las de forma diversa da

Crimes funcionais próprios estabelecida em lei.


Pena – detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.
Obs.: Pode gerar atipicidade absoluta e Art. 317. Corrupção passiva: Solicitar ou receber,
indiferença penal em casos em que atua um para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
particular. ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
Art. 312. Peculato próprio: funcionário público se
promessa de tal vantagem.
apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
móvel, público ou particular, de que tem a posse §1º. A pena é aumentada de um terço, se, em
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito consequência da vantagem ou promessa, o
próprio ou alheio. (tem a posse do objeto) funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer
-Pena de reclusão 2 a 12 anos e multa ato de ofício ou o pratica infringindo dever
*só há peculato se o ato for consumado durante
funcional.
exercício da função do servidor público.
§2º. Corrupção passiva privilegiada: Se o
Art. 313-A. Inserir ou facilitar a inserção de
funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
dados falsos em sistema de informações: o
ato de ofício, com infração de dever funcional,
funcionário autorizado, alterar ou excluir
cedendo a pedido ou influência de outrem. (não há
indevidamente dados corretos nos sistemas ou
favorecimento pessoal para o funcionário público,
bancos de dados da Adm. Pública, com fim de
apenas o “coleguismo”, sendo a pena mais branda)
obter vantagem indevida para si ou outrem, ou Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
causar dano. Receber, aceitar promessa e solicitar são
*deve haver dolo. os verbos. Ou seja, o crime é formal, não é
Pena- 2 a 12 anos e multa. necessário o recebimento apenas, mas
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
aceitar a promessa de recebimento já
sistema de informações ou programa de
constitui crime.
informática sem autorização ou solicitação de
Se o funcionário praticar ou deixar de
autoridade competente:
praticar ato de ofício em razão da
promessa, há aumento de pena para ele e é o aceite de patrocinar interesse particular
aquele que o ofereceu. valendo-se da posição de funcionário
Se o funcionário quem exige a público e a ação for FORA DE SUAS
compensação e recebe do particular, FUNÇÕES.
apenas o funcionário público é punido, e o Ex: escrevente que aceita falar com o juiz
particular entende-se como constrangido a para que o particular receba justiça
pagar, não sendo atingido por conduta gratuita, mesmo que este não se qualifique
criminosa (comportamento ativo por parte para recebê-la.
do servidor, sendo uma exceção).
Art. 319. Prevaricação: retardar ou deixar de
Crimes funcionais
praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
lo contra disposição expressa de lei, para impróprios
satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
-Pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa. Pode gerar atipicidade relativa em casos
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou em que atua o particular.
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao Art. 312, §1º. Peculato-furto: aplica-se a
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou mesma pena, porém, é a situação em que o
similar, que permita a comunicação com outros funcionário público, embora não tendo
presos ou com o ambiente externo posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai,
-Pena de detenção de 3 meses a 1 ano. ou ajuda a subtraí-lo, em proveito próprio
Art. 320. Condescendência criminosa: quando o ou alheio, valendo-se da facilidade
superior hierárquico (funcionário público), por provinda de sua função. (não tem a posse do
indulgência, deixa de responsabilizar subordinado objeto)

(também funcionário público) que comete falta no §2º e §3º. Peculato culposo: ocorre quando o

exercício do cargo, ou que, por falta de funcionário concorre culposamente para o crime

incompetência, deixe de levar o fato a uma de outrem (por conta de sua inércia ou ineficiência,

autoridade competente. incompetência). Nesse caso, se houver reparação do


-Pena de detenção de 15 dias a 1 mês ou multa. dano antes da sentença irrecorrível, extingue-se a
Art. 321. Advocacia administrativa: patrocinar, punibilidade; se for posterior, reduz a pena
direta ou indiretamente, interesse privado perante (detenção, 3 meses a 1 ano) pela metade.
a Administração Pública, valendo-se da qualidade Art. 313. Peculato mediante erro de outrem
de funcionário público. (peculato-estelionato): se apropriar de dinheiro ou
-Pena de detenção de 1 a 3 meses, ou multa.
qualquer utilidade recebida no exercício do cargo,
Parágrafo único. Advocacia administrativa
por erro de outrem.
qualificada: Se o interesse é legítimo: Pena – reclusão de 1 a 4 anos e multa
-Pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa. Obs: um particular pode cometer peculato no caso de agir em
Não interessa se há ou não promessa de coautoria com o servidor público no momento do peculato,
sabendo que este era servidor. (doutrina e jurisprudência entendem
vantagem indevida, o que constitui o crime
assim)
Obs.: caso um particular subtraia algo em cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
repartição pública, será configurado como autoriza.
peculato furto apenas no caso de estar atuando Pena – reclusão, de 3 a 8 anos e multa.

com ajuda de um funcionário público, deve haver § 2º. Se o funcionário desvia, em proveito próprio

uma ligação entre a ação e o funcionário. Caso ou de outrem, o que recebeu indevidamente para

não o seja, o crime será tipificado como furto (art. recolher aos cofres públicos.
Pena – reclusão, 2 a 12 anos e multa.
155 CP) ou apropriação indébita* (art. 168 CP).
Nesse caso, há atipicidade relativa, onde o crime
se encontrada em outro tipo, não gerando a Lei 9.099/1995. juizado
indiferença penal.
*apropriação indébita acontece quando um especial criminal
particular recebe a posse de um bem de maneira
lícita provisoriamente, mas tem intenção de ficar Suspensão condicional do
com ele fixamente, não o devolvendo mais.
**o funcionário público, ao passar pela situação
processo (!!!)
supracitada, não é acusado de peculato-furto, mas É possível nos casos em que a pena mínima
sim de peculato-apropriação (art. 312 CP) cominada for igual ou inferior a 1 ano, com fulcro
*** cabe autoria em um crime funcional com o no art. 89 da lei 9099/95 (ex.: furto – art. 155 CP,
particular?  Sim, se o particular praticar do pena 1 a 4 anos). Essa suspensão acarreta a não
crime, estando ciente da condição de funcionário aplicação de pena, e o autor do crime apenas paga
público do coautor, há a comunicação, conforme o com algum tipo de trabalho ou obrigação (trabalho
art. 30, CP. voluntário)
**** quem exerce múnus público, pode ser
considerado funcionário público para fins
penais?  não. Exemplos de múnus público:
curador, tutor, inventariante, administrador
judicial etc.

Art. 316. Concussão: Exigir, para si ou para


outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:
Pena – reclusão de 2 a 12 anos e multa.

§1º. Excesso de exação: funcionário exige, para si


ou outrem, direta ou indiretamente, tributo ou
contribuição social que sabe ou deveria saber
indevido, ou, quando devido, emprega na

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