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CONCURSO DE PESSOAS

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre


para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor
importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis
participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.
Concurso necessário (crimes plurissubjetivos)
Art. 288, CP; art. 35 Lei 11.343/2006; art.. 317 e 333 CP; art. 1º, § 1º da lei 12.850/2003

Concurso eventual (crimes monossubjetivos)

Requisitos para a caracterização do concurso eventual

 Pluralidade de condutas: é necessária a participação de duas ou mais


pessoas, cada uma com a sua conduta delituosa;

 Relevância causal: a participação deve ser relevante para a


concretização do delito; art. 29, § 1º, CP

 Liame subjetivo: deve existir um vinculo entre os agentes, um liame


subjetivo, ou seja, as condutas devem ser homogêneas: todos devem ter
a consciência de que estão colaborando para a realização de um crime;

 Identidade de infração: todos devem desejar o cometimento do mesmo


crime.
Não é necessário o acordo prévio de
vontade para a existência do concurso
de pessoas. A adesão pode ser antes ou
durante a execução do crime, nunca
posterior.

No caso de acordo posterior, pode se


caracterizar um dos crimes previstos
nos arts. 348 e 349 do Código Penal.
Teoria monista
Na teoria monista crime é único e indivisível, ainda que
tenha sido praticado em concurso de várias pessoas.
Adotada pelo Brasil. Exceções: art. 124 e 126, CP

Teoria dualista
Os coautores respondem por um crime e os partícipes
por outro. Não foi adotada pelo sistema jurídico
brasileiro.

Teoria pluralista
a pluralidade de agentes corresponde a um real
concurso de ações distintas, tendo como consequência
uma multiplicidade de delitos, praticando cada agente
um crime próprio, autônomo, independente dos demais
AUTORIA E COAUTORIA
Teoria Restritiva: autor é aquele que realiza o núcleo da figura
típica, ou seja, é aquele que pratica o verbo do tipo. Quem não
pratica o verbo é partícipe do crime. Essa teoria é incapaz de
alcançar o autor mediato;

Teoria Extensiva: não existe distinção entre coautor e


partícipe; todos são chamados de coautores, realizem o verbo
ou concorram para a consecução do crime. Segue o critério
causal-naturalístico.

Teoria do Domínio do Fato (critério final-objetivo): autores de


um crime são todos os agentes que, mesmo sem praticar o
verbo, concorrem para a produção final do resultado, tendo o
domínio completo das ações até o momento da consumação.
Essa teoria tem base finalista, explicando a questão da autoria
mediata. Ação Penal 470.
AUTOR MEDIATO
(que não possui relação direta)

Ocorre quando o autor se utiliza de pessoa


sem condições de avaliar sua conduta
criminosa.
A autoria mediata pode resultar de:
 1. ausência de capacidade mental;
 2. erro provocado por terceiro;
 3. coação moral irresistível;
 4. obediência hierárquica a ordem não manifestamente
ilegal.
Atenção: Não há concurso de agentes entre o autor
mediato e o executor, pois somente o autor mediato
responderá, porque praticou o crime utilizando terceiro
como mero instrumento.
AUTORIA COLATERAL
(autoria imprópria)
Ocorre quando duas ou mais pessoas realizam
simultaneamente uma conduta sem que exista entre
elas liame subjetivo. Cada um dos autores responde
por seu resultado. Não há coautoria nesse caso.

AUTORIA INCERTA
Ocorre quando, na autoria colateral, não se sabe
quem produziu o resultado. A consequência é a
responsabilização de todos os autores por tentativa,
visto que não se sabe qual deles provocou o
resultado (princípio in dubio pro reo).
Participação de menor importância.
Art. 29, § 1ºdo CP.
Atenção: não existe coautoria de menor importância

Participação Impunível
artigo 31 do Código Penal.
Comunicabilidade de Elementares e Circunstâncias

Art. 30 do Código Penal: “Não se comunicam as


circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime”.
Ex: filho que mata pai em concurso de agentes
Art. 61, II, e.

Assim, de acordo com essa redação, as


circunstâncias pessoais somente se comunicam ao
coautor ou partícipe quando não forem
circunstâncias, mas elementares do crime.
Ex: art. 312, CP
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA

Art. 29, § 2º, do CP. Essa norma foi


acrescentada pela reforma penal de
1984, regulando o chamado desvio
subjetivo de conduta.
Espécies de Participação
Moral
Ocorre por induzimento ou por instigação.
 Induzimento: fazer nascer a ideia no autor;
 Instigação: reforçar a ideia já existente na
mente do autor.

Material
Ocorre por meio de atos materiais. É o auxílio,
como por exemplo, emprestar a arma do crime.
Cúmplice é o partícipe que concorre para o
crime por meio de auxílio.
Delegado de polícia Sergipe 2018
João e Pedro, maiores e capazes, livres e
conscientemente, aceitaram convite de Ana,
também maior e capaz, para juntos assaltarem loja
do comércio local. Em data e hora combinadas, no
período noturno e após o fechamento, João e
Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja
de decoração, na qual entraram e ficaram vigiando
enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que
seriam divididos igualmente entre os três. Alertada
pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante
o assalto, prendeu os três e os encaminhou para a
delegacia de polícia local.
Considerando essa situação hipotética, julgue os
itens subsequentes:
1. Para que fique caracterizado o concurso de
pessoas, é necessário que exista o prévio ajuste
entre os agentes delitivos para a prática do delito.

2. Na situação considerada, configurou-se a autoria


imprópria decorrente do concurso de pessoas.

3. Como as ações paralelas de João, Pedro e Ana —


agentes diversos — lesionaram o mesmo bem
jurídico, constata-se a ocorrência da autoria
colateral, haja vista que o resultado foi previamente
planejado em conjunto.
Analista judiciário 2015
Julgue o item seguinte:
Caso um indivíduo obtenha de um
amigo, por empréstimo, uma arma de
fogo, dando-lhe ciência de sua intenção
de utilizá-la para matar outrem, o amigo
que emprestar a arma será considerado
partícipe do homicídio se o referido
indivíduo cometer o crime pretendido,
ainda que este não utilize tal arma para
fazê-lo e que o amigo não o estimule a
praticá-lo.
Auditor TCU 2013

Na redação atual do Código


Penal Brasileiro, o ajuste, a
determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa de lei em
contrário, não são puníveis se, pelo
menos, o delito não é tentado.
Delegado de polícia 2011
Quanto ao concurso de pessoas, o
direito penal brasileiro acolhe a teoria
monista, segundo a qual todos os
indivíduos que colaboraram para a
prática delitiva devem, como regra geral,
responder pelo mesmo crime. Tal
situação pode ser, todavia, afastada, por
aplicação do princípio da individualização
da pena, para a hipótese legal em que
um dos colaboradores tenha desejado
participar de delito menos grave, caso
em que deverá ser aplicada a pena

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