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RESUMO – CONCURSO DE AGENTES

Concurso de agentes, ou concurso de pessoas, se caracteriza quando duas ou


mais pessoas concorrem para a prática de uma mesma infração penal. Essa
colaboração pode ocorrer tanto nos casos em que são vários os autores quanto
aqueles onde existam autores e partícipes.

• Espécies de concurso de pessoas

Concurso necessário: refere-se aos crimes plurissubjetivos, ou seja,


exigem pluralidade de agentes na prática delitiva. Neste a coautoria é
obrigatória, mas a participação pode ou não ocorrer. Ex: associação
criminosa, rixa, etc.

Concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, ou seja, podem


ser praticados por uma ou mais pessoas. Quando cometido por duas ou mais
pessoas em concurso, a coautoria não é obrigatória e a participação é
eventual.

• Espécies de crimes quanto ao concurso de pessoas

Monosubjetivos ou de concurso eventual: são os crimes cuja conduta núcleo


pode ser praticada por uma única pessoa. Ex: homicídio, furto, lesão corporal,
etc.

Plurisubjetivos ou de concurso necessário: são aqueles nos quais o tipo


penal exige a presença de duas ou mais pessoas, e sem estes agentes o crime
não se configura. Bom exemplo disso é a associação criminosa, rixa, etc.
Os crimes plurisubjetivos se dividem em:

Crimes plurisubjetivos de condutas paralelas: ocorrem quando os agentes


atuam em conjunto visando o mesmo fim. Dessa forma, é uma conduta futura,
pois os agentes agem concentrados no sucesso de uma infração penal em
comum que pode ocorrer. Ex: associação criminosa, art. 288, CP.
Crimes plurisubjetivos de condutas convergentes: são aqueles em que as
condutas dos agentes partem de pontos opostos, indo uma ao encontro da outra
para que, desse encontro, seja produzido o resultado. É uma conduta presente,
pois a consumação do crime ocorre quando as condutas se encontram. Ex:
bigamia, art. 235, CP.

Crimes plurisubjetivos de condutas contrapostas: corresponde às ações


contrárias entre as partes, tornando-se autores e vítimas ao mesmo tempo. Ex:
rixa, art. 137, CP.

• Teorias sobre o concurso de agentes

Teoria Unitária: pressupõe que todos aqueles que concorrem para o crime,
cometem o mesmo delito, não havendo distinção entre autor e partícipe. Para
essa teoria existe um crime único para todos os agentes. Adotada pelo Código
Penal brasileiro, art. 29.

Teoria Dualista: distingue o crime praticado pelos autores daqueles cometidos


pelos partícipes. Para essa teoria, há uma infração penal para o autor e outra
para o partícipe.

Teoria Pluralista: estabelece que cada participante corresponde a uma conduta


própria, um elemento psicológico próprio e um resultado particular. Assim, cada
um dos participantes responde por delito próprio/autônomo, havendo, dessa
forma, uma pluralidade de crimes.

• Requisitos para o concurso de pessoas

a) Pluralidade de agentes e de conduta – é necessário haver, no mínimo,


duas pessoas praticando condutas em conjunto, a fim de cometerem a
mesma infração penal.

b) Relevância causal de cada uma das condutas – é preciso que a


conduta do agente tenha tido relevância na prática do crime. Se a conduta
de um dos agentes não possuir relevância para a pratica do delito, deve-
se desconsiderá-la.

c) Liame subjetivo entre os agentes – isto é, o vínculo psicológico que une


os agentes para a prática do mesmo delito. Se não houver liame subjetivo,
cada agente responderá, isoladamente, por sua conduta.
d) Identidade de infração penal – os agentes, unidos pelo liame subjetivo,
devem querer praticar a mesma infração, ou seja, seus esforços devem
dirigir-se a determinado delito.

• Autoria
Teorias para conceituação de quem é o autor do crime:

Teoria unitária: adotada pelo Código Penal anterior, pressupõe que todos que
praticam o crime são considerados autores. Ou seja, não há a figura do partícipe.

Teoria extensiva: para esta teoria, não há qualquer distinção objetiva entre
autoria e participação. A diferença reside em um critério subjetivo: é autor aquele
que age com “vontade de autor”, pretendendo o resultado como próprio; e é
partícipe aquele que atua com “vontade de partícipe”, pretendendo o resultado
de outro. Contudo, permite a previsão de causas de diminuição conforme a
relevância da sua contribuição.

Teoria restritiva: é a teoria adotada pelo Brasil, e por ela entende-se como autor
aquele que realiza conduta típica descrita na lei, ou seja, é quem pratica o verbo
previsto no tipo penal. Todos os demais que auxiliam na prática da conduta
narrada pela lei, serão considerados partícipes.
Subdivide-se em:

Teoria objetivo-formal: autor é quem realiza o verbo do tipo penal. Já o


partícipe é quem de qualquer modo concorre para a prática do crime, sem
praticar o núcleo do tipo. Para esta teoria, o autor intelectual de um crime é
considerado partícipe, tendo em vista que não executa o núcleo do tipo.

Teoria objetivo-material: autor é quem presta a contribuição mais importante


para a produção do resultado, e não necessariamente aquele que realiza o
núcleo do tipo. O partícipe é quem concorre de forma menos relevante. Tal teoria
gera insegurança jurídica, tendo em vista que o que pode ser relevante para um
magistrado, pode não ser para outro.

Teoria do domínio do fato: segundo esta teoria, o autor é aquele que detém o
domínio total do fato até a sua consumação, ou seja, autor é quem tem o poder
de decisão sobre a realização do evento pretendido. É o mandante, aquele que
planeja a ação delituosa, que organiza e dirige a atuação dos demais mesmo
que não a realize o núcleo do tipo. O autor, portanto, possui o domínio finalista,
diferenciando-se do partícipe que é um simples colaborador no fato.

• Formas de autoria

Coautoria: ocorre quando houver a reunião de vários autores, cada qual com o
domínio de suas funções, visando a consumação final do fato.

Autoria mediata: autor mediato é aquele que realiza a ação típica através de
outra pessoa que atua sem culpabilidade, ou seja, utiliza-se de outra pessoa
como instrumento para a prática de um delito.

Autoria mediata imprópria: ocorre quando o agente utiliza a própria vítima, em


estado de inimputabilidade, para realizar a conduta descrita no referido tipo
penal. Ex: suicídio, automutilação, etc.

Autoria imediata: acontece quando o sujeito executa ele mesmo o delito, seja
de forma direta (contra si mesmo), seja de forma indireta (quando o agente se
vale de animais, por exemplo, para o cometimento do crime).

Autoria intelectual: fala-se em autor intelectual ao se referir ao “homem


inteligente” do grupo, ou seja, aquele que traça o plano criminoso com todos os
seus detalhes.

Autoria colateral: quando dois agentes, embora pratiquem a mesma infração


penal, não atuam unidos pelo liame subjetivo. Não há, portanto, vínculo
psicológico entre os agentes. Ex: “A” e “B” executam simultaneamente a vítima,
sem que um conheça a conduta do outro. Nesse caso, o autor do disparo
causador da morte responderá por homicídio, enquanto o outro responderá por
tentativa.
Se, neste caso não pudesse saber quem matou a vítima, surge a autoria incerta.

Autoria incerta: sabe-se quem realizou a conduta, mas não sabe quem foi o
causador do resultado. No caso de um homicídio, por exemplo, ambos
respondem por tentativa.
Autoria desconhecida: ocorre quando não se faz ideia de quem são os autores,
não podendo atribuir os fatos a qualquer pessoa.

• Participação

A participação é a intervenção em um fato alheio, pressupõe, portanto, a


existência de um autor principal. O partícipe não pratica a conduta descrita no
tipo penal, mas realiza uma atividade acessória que contribui, estimula ou
favorece a execução da conduta. Como atividade acessória, a participação pode
ser moral ou material.

Participação moral: o partícipe age sobre a vontade do autor, instigando ou


induzindo. Induzir é criar uma ideia criminosa na cabeça do agente; instigar é
reforçar o pensamento criminosa já existente na mente do autor.

Participação material: O partícipe exterioriza a sua contribuição através de


auxílios materiais. Ex: fornecimento de munição.

• Teorias sobre a participação

a) Acessoriedade extremada: o partícipe somente é responsabilizado se o


fato principal é típico, antijurídico e culpável. Por essa teoria, caso o
executor seja inimputável, não haverá participação uma vez que a
conduta principal não é culpável.

b) Acessoriedade limitada: será considerado partícipe aquele que tiver


participado de uma conduta típica e ilícita, mesmo que o autor não seja
culpável. Isso quer dizer que a participação é acessória da ação principal.
Esta teoria é adotada pela legislação brasileira.

• Punibilidade no concurso de pessoas

Código Penal, Art. 29 – “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime


incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.”
Embora duas pessoas, agindo em concurso de pessoas, resolvam praticar
determinada infração penal, dependendo do caso concreto, a conduta de
uma delas será mais reprovável, razão pela qual deverá ser punida mais
severamente. Nesse sentido, as penas devem ser individualizadas de acordo
com a conduta de cada agente.

• Circunstâncias incomunicáveis

Código Penal, Art. 30 – “Não se comunicam as circunstâncias e as condições


de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.”

De acordo com o art. 30, circunstâncias incomunicáveis são as que não se


estendem aos coautores e partícipes de uma infração penal, pois se referem a
determinado agente.

➢ Elementares são os dados fundamentais de uma conduta criminosa.

➢ Circunstâncias são os fatores que agregam ao tipo fundamental, com o


fim de qualificar o crime, aumentar ou diminuir a pena. Ou seja, são
qualificadoras.

• Espécies de circunstâncias e elementares

Circunstâncias ou elementares de caráter subjetivo (ou caráter pessoal):


dizem respeito à pessoa do agente e não ao fato por ele praticado. Ex:
funcionário público no crime de peculato, os motivos do crime de homicídio,
qualidades pessoais, relação com a vítima, etc.

Circunstâncias ou elementares de caráter objetivo (ou real): dizem respeito


ao fato, à infração penal cometida. Ex: modos de execução, uso de determinados
instrumentos, tempo, ocasião, lugar, etc.

• Condições de caráter pessoal

Em conjunto com as elementares e circunstâncias, o art. 30 traz ainda as


condições de caráter pessoal. Essas condições são as qualidades, os aspectos
subjetivos inerentes a determinado indivíduo que o acompanham sempre,
independentemente da prática de infração penal. Ex: reincidência, menoridade,
etc.
• Regras do art. 30, Código Penal.

a) Circunstâncias de caráter subjetivo não se comunicam.


Exemplo: Um pai, cuja filha foi vítima de estupro, contrata um pistoleiro para
executar o estuprador. Essa condição pessoal de caráter subjetivo jamais se
comunicará com o pistoleiro, pois são valores diferentes.

b) Circunstâncias de caráter objetivo se comunicam, desde que os demais


agentes possuam conhecimento da condição.
Exemplo: “A” contrata “B” para matar “C”. “B” avisa que usará de meio cruel e
“A” aceita. A circunstância qualificadora pelo meio cruel se comunica.

c) Elementares, subjetivas ou objetivas, se comunicam. Ocorre por expressa


determinação legal, e é necessário que a elementar tenha ingressado na esfera
de conhecimento dos demais agentes.
Exemplo: “A”, funcionário público, convida “B” para praticar um furto no órgão em
que trabalha. “B” conhece a condição de “A” como funcionário público. Ambos
responderão por peculato (crime próprio).

“A paciência é um elemento fundamental do sucesso”


– Bill Gates

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