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2) Tartuce
07/02
● CC/2002:
- Era a exemplificação clara do dirigismo contratual do Estado
,
- Sua principal característica foi o fenômeno da constitucionalização do
direito: processo de analisar e aplicar os institutos de direito
infraconstitucional com base na Constituição Federal
- Exemplo: o sujeito era escocês, sendo um senhor de quase 80 anos de
idade, tendo trabalhado como engenheiro em uma multinacional no Brasil e
encontrou 3 moças, fazendo um contrato com elas - sendo que quando
estivesse no Brasil, elas iriam morar com ele, quando elas não estivessem
eles não se falariam. Nesse contrato, era fornecido remuneração e
pagamento da faculdade que elas quisessem fazer. Próximo do 6º ano da
moça da faculdade de medicina, essa moça quis rescindir o contrato e o
senhor responde que oo um art. do contrato estipulava uma multa. A moça
não pagou, foi ajuizada uma ação e isso cai no judiciário. Essa ação é válida?
Não vale (pela concepção do Tribunal), porque muito embora ele tenha
requisitos de existência, forma, objeto. Porém, ele não é lícito, pois ele
contraria valores constitucionais (dignidade da pessoa humana; da
preservação da autonomia da moça)
<
09/02
CONTRATOS PÓS-MODERNOS
- Conceito clássico: contrato é definido como “negócio jurídico bilateral ou
plurilateral que visa à criação, modificação ou extinção de direitos e deveres
com conteúdo patrimonial”
- Sob a ótica clássica, o contrato necessita estar ligado ao conteúdo
econômico e, a partir do momento em que era celebrado, gerava efeito
apenas entre as partes
- Conceito pós-moderno/contemporâneo: proposto pelo autor Paulo Nalin,
considera o contrato como “a relação jurídica subjetiva, nucleada na
solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos
existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação,
como também perante terceiros”
- Sob a ótica contemporânea, o contrato pode estar alheio ao conteúdo
econômico, isso pois os contratos estão amparados em algumas premissas
da constitucionalização do Direito
- Ao contrário da visão clássica, a visão atual é de que o contrato não gera
efeito apenas entre as partes, podendo ter efeito erga omnes e, em
decorrência disso, devem ser analisados com base em valores sociais e
constitucionais
- Tese majoritária: contratos tem relação direta ou indireta com o conteúdo
econômico
- Contratos pós modernos possuem três características principais :
a) São amparados nos valores constitucionais = objetiva reduzir o alcance
da autonomia privada
b) Possuem conteúdo econômico e existencial = além de proteção do
patrimônio, existe a proteção de valores (direito à voz, imagem, etc.)
c) Gera efeito perante terceiros =
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES
- De acordo com a doutrina, existem três princípios basilares do Código Civil:
1) Eticidade = diz respeito ao reconhecimento de valores éticos, da boa-fé
2) Sociabilidade = o CC/2002 valoriza conteúdo coletivo em face de direitos
individuais, dá primazia em direitos coletivos (valores sociais) sobre
direitos individuais. Exemplo: usucapião
3) Operabilidade = o atual CC se torna operativo, ou seja, a técnica
legislativa utilizada na criação do Código foi pensada para ser acessível a
todos os seus intérpretes, linguagem do Código anterior era robusta e
pesada, esse vem com o objetivo de ser mais acessível (“leitura simples”)
DIRIGISMO ESTATAL
- Inicialmente, a primazia da vontade das partes era um elemento
predominante nos contratos
<
PRINCÍPIOS CONSTITUTIVOS
1) Autonomia privada: quando a matéria é de direito contratual, a autonomia
privada e a função social devem coexistir harmonicamente, sobretudo
quando o assunto é a salvaguarda de direitos individuais ou coletivos
2) Função social: restringe a autonomia privada dos contratos, fazendo com
que os efeitos contratuais não se restrinjam apenas às partes. Para a
doutrina, ela possui dois desdobramentos
a) Eficácia interna = proteção aos vulneráveis, vedação da onerosidade
excesiva, nulidade das cláusulas abusivas (cláusulas leoninas)
b) Eficácia externa = proteção de direitos difusos coletivos e efeito perante
terceiros
- Súmula 381 STJ - “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer,
de ofício, da abusividade das cláusulas.”
- Segundo a doutrina, a Súmula 381 retira do juiz o poder de
reconhecer/combater de ofício a abusividade de uma cláusula contratual,
indo contra o próprio princípio da função social
- O STJ argumentou que o motivo da criação desta súmula foi o fato de que os
contratos bancários mantêm uma relação íntima com o mercado financeiro.
Logo, dar ao juiz essa capacidade de combater de ofício uma nulidade
geraria insegurança jurídica para os bancos
- Quando o assunto é contrato bancário é vedado o juízo reconhecer de
ofício
14/02
3) Boa-fé:
- É tido como um princípio norteador dos negócios jurídicos do Direito civil (art.
103, CC)
- É também um desdobramento de um princípio estruturante, o princípio da
eticidade
- Boa-fé caracteriza a boa intenção, a honestidade que as partes manifestam
nas relações jurídicas
- Existem alguns desdobramentos do princípio da boa-fé, tais como:
a) Supressio = perda da faculdade de agir, pelo decurso do tempo
b) Surrectio = aquisição de um direito pelo não exercício da faculdade da
parte contrária
c) “Duty to mitigate the loss” = Dever de mitigar o dano - mesmo aquele
que foi prejudicado tem o dever de não agravar o seu próprio dano, sobre
pena de enriquecimento ilícito
d) “Venire contra factum proprium” = combate a conduta contraditória, ou
seja, proíbe o comportamento contraditório
- Supressio e Surrectio são como causa e consequência uma da outra, pois a
perda da faculdade de agir gera para a outra parte a aquisição de um direito
- Toda vez que houver supressio, haverá surrectio
- Enriquecimento ilícito é o contrário da boa-fé, exemplo: Marina bate no carro
do Igor, causando prejuízos ao mesmo devendo arcar com os custos,
entretanto, Igor vem por prejudicar seu próprio carro mais ainda com o uso de
um pedaço de ferro, dizendo a Marina que deve arcar com todos os custos,
mesmos os que não foram causados por ela
- Observação: supressio é diferente de prescrição e decadência
- Decadência = perda de um direito pelo seu não exercício em tempo hábil;
aniquila esse direito, ausência do direito
- Prescrição = perda (ausência) da pretensão de um direito de ação pelo
decurso do tempo; perde esse direito, mas ele não é aniquilado, como na
decadência
- Analogia: Imagine que existe uma árvore carregada de frutos, e ao seu lado
uma escada. Nesse caso, a ausência do fruto corresponde à decadência, e a
ausência da escada corresponde à prescrição
- Exemplo: Igor deve R$20.000 a Marina. Ao passarem 20 anos, Marina
resolve processar Igor pedindo que ele pague o valor, entretanto, o caso será
julgado improcedente pois prescreveu. Mas, se Igor quiser pagar o valor
mesmo depois desse tempo de boa-fé ainda é possível, pois o direito ainda
existe, o que não existe é a pretensão de um direito de ação pelo decurso do
tempo
CARACTERÍSTICAS
1. Bilateralidade
- Necessário dois sujeitos, ambos com ônus
- Ônus para o vendedor = transferir o domínio
- Ônus para o comprador = pagar a coisa
2. Onerosidade
- É um contrato oneroso pois não tem gratuidade (como na doação)
- Não é necessário, porém, que o pagamento seja exclusivamente em dinheiro
3. Não personalíssimo
- As qualidades e atributos pessoais dos contratantes não são imprescindíveis
para a realização desse negócio jurídico
4. Consensualidade
- É consensual pois depende de uma convergência de vontades
5. Não solenidade
- A lei não traz ritualística (procedimento) própria para a realização do contrato
- Logo, é perfeitamente possível realizar uma compra e venda por instrumento
particular (“contrato de gaveta”)
6. Execução imediata
- A partir da celebração do contrato as partes estabelecem quando será
realizada a transmissão domínio e o pagamento
- Se não houver essa característica estamos diante de um contrato preliminar,
ou ainda, promessa de compra e venda
- A partir da celebração as partes já sabem ou estipulam prazo de quando será
exercida o ônus de cada um (ônus do comprador = pagar/ônus do devedor =
dar o bem)
7. Comutatividade
- As partes já sabem, desde o início, quais serão os elementos do contrato,
bem como suas obrigações
- É o vício oculto - aquele vício que não é visível (art. 441 ao 445, CC)
- Ou seja, o objeto de compra e venda possui um defeito que torna impróprio o
uso ou gera diminuição do seu valor, podendo o comprador rejeitar a coisa,
exigir reparação ou abatimento do preço
- Esse vício, por mais oculto que seja, PRECISA gerar duas coisas: ou diminuir
o valor jurídico da coisa ou o torná-la imprópria para o uso
Art. 441 - “A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que
é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 442 - “Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o
adquirente reclamar abatimento no preço.
Art. 443 - “Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que
recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 444 - “A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça
em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da
tradição.”
Art. 445 - “O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento
no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for
imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se
da alienação, reduzido à metade.
§ 1 o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o
prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo
de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os
imóveis.
§ 2 o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios
ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos
locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver
regras disciplinando a matéria.”
16/02
2. Evicção
- Conceito:
- Obs 1: a evicção é um fenômeno típico dos contratos onerosos
- Com a evicção o alheio vai voltar ao seu dono
- Exemplo 1: Ana (3º evictor) é locatária de um imóvel, Bia (alienante) loca
esse imóvel e o vende para Maria (evicto, quem sofre a evicção), nesse caso,
a venda é ilegal
- Tem o evicto o direito à restituição integral da quantia paga com juros e
atualização monetária - alienante é quem paga
- Todos os frutos que a Maria (evicto) tiver que fornecer a Ana (3º evictor)
deverão ser pagos pela Bia (alienante)
- Eventuais despesas contratuais deverão ser pagas pelo alienante
- Caso haja uma ação judicial discutindo o caso o evicto tem o direito de ser
reembolsado pelas custas processuais e honorários advocatícios pelo
alienante
- Exemplo 2: caso esse imóvel seja um imóvel rural com plantações, e na
constância de Maria eles são melhorados. Com ação judicial Ana demonstra
que a fazenda é dela, todos os frutos percebidos ficam com Ana, Maria tem o
direito de exigir o reembolso dos frutos e custas processuais de Bia, mas não
fica com nada
- Exemplo 3: Bia falsifica a assinatura de Ana para que o imóvel fique em seu
nome, mas ela é devedora do banco, que tem uma ação de execução da
dívida e descobre a matrícula do bem em seu nome. Desse modo, o bem vai
para hasta pública e é leiloado para Maria. Ana comprova que o bem é seu, e
mesmo assim ainda houve evicção
- Existe evicção ainda que o adquirente adquira esse bem em hasta pública
- Pode o estado ser responsabilizado pela hasta pública?
a) Primeira corrente = Uma primeira corrente afirma haver responsabilidade
do estado no pagamento das verbas do art 450 justamente pq o bem foi
para leilão através de uma decisão judicial, ou seja, o estado juiz manda
uma decisão judicial para hasta pública (leilão). Além disso, o leiloeiro
exerce em tese uma função pública
b) Segunda corrente = o estado não pode ser responsabilizado pois o leilão
é apenas o mecanismo, ou seja, o intermediador desta venda, eventuais
vícios e irregularidades não podem ser de responsabilidade do estado
(pois não foi ele que causou)
- Na primeira corrente, mesmo que o estado seja vítima da atitude ilegal de
Bia, o mesmo foi negligente pois até chegar em hasta pública passou por
diversos agentes
- A segunda é a que em tese prevalece, dizendo que o estado não pode ser
responsável
- Lei 8.009/90 art. 3º = mesmo que o bem seja de família pode cair em hasta
pública, observando o art
“A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a
construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os
equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a
casa, desde que quitados.”
- (Todas essas hipóteses o adquirente estava de BOA FÉ)
- Art 457 - hipótese quando o adquirente não está de boa fé
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- Se ele sabia ou deveria saber que o bem era objeto de litígio, não pode
alegar evicção (desconfiar também enquadra)
- Exemplo 4 = Maria compra uma BMW com valor de 1M de Ana por 50.000,
mas Maria desconfia que essa transação seja ilícita, mas mesmo assim
compra o carro. Marina, dona do bem, ajuíza uma ação alegando que o carro
estava no paraguai e foi roubada. Nesse caso Maria NAO pode exigir os
direitos do art
- Lavagem de dinheiro = dar origem lícita a um bem que tem origem ilícita
- É possível cláusula de não evicção no contrato de compra e venda?
- Cláusula de não evicção tem o intuito de diminuir ou excluir a
responsabilidade do alienante em caso de evicção
- Algumas profissões implicam essa cláusula
- Exemplo 5 = para facilitar a venda do bem “da Bia” para Maria tem o
intermédio do Matheus, corretor de imóveis
- Buscar a nulidade da cláusula em caso de má-fé do Matheus
- Não há o que se falar em cláusula de não evicção tácita, TEM QUE SER
EXPRESSA
- Haverá evicção quando o bem sai da posse do alienante e vai para o
adquirente
- Para que haja evicção é necessário que o adquirente tenha que estar com a
posse do bem ou não?
- Segundo o STJ, no recurso especial 1713096/SP, a evicção pode ser
caracterizado pela inclusão de um gravame de modo a impedir a livre e
desembaraçada transferência do bem ou o exercício da posse/propriedade
plena
- Gravame = limitação de um exercício de posse de propriedade de um bem
por ocorrência de um determinado fato
23/02
ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA
1. Vontade
- É a manifestação de uma intenção de celebrar o contrato
- Sendo um elemento subjetivo, é imprescindível que essa manifestação de
vontade não esteja viciada
- Se houver vício na vontade, automaticamente haverá vício no negócio
jurídico
2. Forma
- Sendo o contrato de compra e venda um …. , não existe nenhuma forma
determinada por lei
- Logo, é possível ser feito na modalidade verbal,
- Em regra ela não se submete a uma solenidade específica, mas em alguns
casos a lei pode exigir uma forma específica para celebrar
- Nesses casos, se a solenidade específica não for atendida, o contrato será
nulo
- Exemplo: contrato de compra e venda de imóveis acima de 30 salários
mínimos tem que ser público
3. Objeto
- Se divide em:
a) Lícito = aquele negócio jurídico instrumentalizado pelo contrato de compra
e venda deve ser lícito, se for ilícito estamos diante de uma nulidade
b) Corpóreo = deve ser corpóreo (tem forma, palpável) OU suscetível de
apropriação - os bens imateriais podem não ser corpóreos, mas devem ser
ao menos suscetíveis de apropriação
c) Apropriação =
d) Valor = o objeto da compra e venda precisa ter valor econômico, caso
contrário seria uma doação (valor econômico é um atributo do objeto)
4. Preço
- A existência do preço diferencia o contrato da doação
- O preço precisa ser sério e equivalente a coisa, sob pena de enriquecimento
ilícito ou qualquer vício nessa relação obrigacional
- Deve ser pactuado entre as partes, de modo que o árbitro unilateral do preço
gera a nulidade desse contrato
- Tem que ser pactuado entre as partes através de um consenso, pois, se o
árbitro for unilateral, haverá nulidade
- Art. 487, CC
“É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde
que suscetíveis de objetiva determinação.”
5. Sujeitos
- Teoria da imprevisão = situação jurídica na qual ocorre um fato
posteriormente ao contrato que impossibilita a existência do mesmo
- Comprador (credor) e devedor
- Precisam ser em regra capazes
- Excepcionalmente, se incapazes, precisam estar devidamente assistidos
- “Non domino” - venda de uma coisa que não é sua; vender sem ser dono
- Duas correntes discutiam sobre a necessidade de ser ou não dono da coisa
para ser possível vendê-la:
a) 1º corrente = para vender precisa ser dono, se não seria uma venda a non
domino
b) 2º corrente = não precisa ser dono, apenas ter domínio da coisa
- Estatuto da pessoa com deficiência: humanizou a forma de vê-los, fazendo
com que pessoas deficientes não fossem consideradas incapazes para fazer
contrato de compra e venda, ainda que a deficiência tivesse alto grau, nesse
caso devendo ser assistida por terceiros
- Nas hipóteses onde a pessoa com deficiência, de forma transitória ou
permanente, não puder exprimir a sua vontade, será essa pessoa
considerada relativamente incapaz, devendo existir obrigatoriamente o
instituto da curatela
- Exemplo: pessoa com deficiência pode se casar? Sim, antes do NCP não
podia
- O fato de o indivíduo ser relativamente incapaz (como no caso de deficiência)
não o torna incapaz para todos os atos da vida civil
- Podem ser nomeados dois curadores para uma pessoa? Se for adequado ao
caso concreto e o juiz entender que é necessário, sim
1. Comunhão universal
2. Comunhão parcial
- É o regime supletório
28/02
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO REGIME DE BENS
1. Princípio da autonomia privada
Art. 1.639 - “É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular,
quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.”
- Os nubentes têm autonomia para escolher o regime de bens que melhor se
encaixa à relação
- É possível que as partes combinem regimes (regime misto)
2. Princípio da indivisibilidade
- O regime de bens aplicado a um nubente também será, obrigatoriamente,
aplicado ao outro
REGIME EM ESPÉCIES
1. Comunhão Universal
- Os bens adquiridos antes e durante a constância do casamento será
partilhado igualmente entre os dois cônjuges em eventual divórcio (dividido
na metade)
- Patrimônio comum do casal: se um dos cônjuges tem uma dívida, para que
esta seja paga, pode se alcançar o patrimônio do outro, já que os patrimônios
se comunicam
- Até o CC de 1916, esse era o regime supletório, ou seja, se os cônjuges não
indicassem o regime de bens, aplicaria-se o regime de comunhão universal
- Nesse caso não importa o valor da contribuição de cada um, pois será
dividido em 50% igualmente, há, no mínimo, a presunção de um apoio de
cada cônjuge, mesmo que motivacional
2. Comunhão Parcial
- Os bens adquiridos na constância do casamento serão partilhados, e os bens
anteriores à constância do casamento não serão partilhados
- Código Civil de 2002 adotou como o regime supletório
- Art. 1659, CC traz as exceções à comunhão, isto é, mesmo que esses bens
tenham sido adquiridos na constância do casamento, não serão partilhados
pelo casal, porque o legislador entende que fazem parte de um patrimônio
próprio
Art. 1659, CC - “Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na
constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em
seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos
cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito
do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.”
3. Separação Convencional
- Aqui, os cônjuges escolhem contrair o casamento com separação absoluta
de bens
- Não existe um patrimônio comum do casal, cada um tem o seu
- Parte da doutrina o chama de separação total de bens na modalidade
convencional
- Nesse caso, os cônjuges escolhem se casar dessa forma
- Caso o casal queira partilhar um bem deve-se pôr o bem no nome de
AMBOS
4. Separação Obrigatória/Legal
- Regime da separação total de bens na modalidade legal
- Assim como no regime anterior, os cônjuges se casam com separação total
de bens, mas nesse caso a separação total de bens não é convencionada
pelas partes, ou seja, as partes não escolhem, quem escolhe é a lei por meio
de uma imposição
- Separação obrigatória/legal = imposta pela lei
Art. 1.641, CC - “É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas
da celebração do casamento;
II - da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.”
Súmula 377, STF - “No regime de separação legal de bens, comunicam-se
os adquiridos na constância do casamento.”
- A súmula 377 não se aplica à separação convencional
- Discussão doutrinária sobre a vigência ou não da súmula 377, por ter sido
escrita sob a égide do CC de 1916, dividindo-se em duas vertentes:
a) 1º corrente = Francisco Cahali diz que a súmula não pode ser aplicada
porque foi escrita sob a égide de um código que não está mais vigente
b) 2º corrente = Giselda Hironaka diz que a súmula continua em vigência,
pois não perdeu seu objeto de tutela - posição adotada pelo STJ
02/03
07/03
DA VENDA DE BENS SOB ADMINISTRAÇÃO - ART 497
Art. 497 - “Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em
hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica
a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender
a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.”
- Regra de natureza objetiva = reflete uma incompatibilidade
- As incompatibilidades do art 497 são circunstanciais: o legislador quer
proteger a eticidade das relações, pois todos os indivíduos mencionados nos
incisos possuem domínio sobre o bem
- Essa regra revela uma incompatibilidade, ou seja, as pessoas descritas no
dispositivo estão impedidas de comprar e, caso o façam, o ato será nulo
● Inciso I
- Os tutores ou curadores não podem comprar os bens dos tutelados
- Isso porque lei receia que estas pessoas façam prevalecer sua posição
especial para obter vantagens, em detrimento dos titulares, sobre os bens
que guardam ou administram
● Inciso II
- Diz respeito aos funcionários públicos de maneira geral
- Visa proteger a moralidade pública
● Inciso III
- Diz respeito aos juízes e serventuários da justiça, mais especificamente
- Também visa proteger a moralidade e a estabilidade da ordem pública
● Inciso IV
- O motivo é também a moralidade, diante do munus que reveste tais
administradores temporários
09/03
CLÁUSULAS ESPECIAIS
- Segundo Maria Helena Diniz: “O contrato de compra e venda, desde que as
partes o consintam, vem, muitas vezes, acompanhado de cláusulas
especiais, que embora não lhe retire os seus caracteres essenciais, alteram
sua fisionomia, exigindo a observância de normas particulares, visto que
esses pactos subordinam os efeitos de contrato a evento futuro e incerto,
tornando condicional o negócio” - (sucinta contextualização)
- Essas cláusulas especiais também são chamadas de pactos adjetos
- Diferença entre cláusulas especiais e regras especiais: as cláusulas
especiais, para valerem e terem eficácia, devem constar expressamente do
instrumento
CLÁUSULA DE RETROVENDA
Art. 505 - “O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de
recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço
recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que,
durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou
para a realização de benfeitorias necessárias.”
- Conceito: pacto inserido no contrato de compra e venda pelo qual o
vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado,
dentro de certo prazo, restituindo o preço e reembolsando todas as despesas
feitas pelo comprador no período de resgate, desde que previamente
ajustadas
- Essa cláusula confere ao vendedor o direito de desfazer a venda, reavendo
de volta o bem alienado dentro do prazo máximo de três anos (prazo
decadencial)
- Limitação: só se aplica à compra e venda de bens imóveis
- Prazo:
a) Pode ter o prazo máximo de 3 anos, sendo um prazo decadencial (não
pode passar de 3 anos)
b) É improrrogável
c) Conta-se o prazo a partir da data em que se conclui o contrato
14/03
VENDA SOBRE DOCUMENTOS
Art. 529 - “Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída
pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos
pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o
comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do
estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.”
- Conceito: é uma cláusula em que a tradição, ou entrega da coisa, é
substituída pela entrega do documento correspondente à propriedade,
geralmente o título representativo do domínio
- Objeto: bens móveis
- Sendo prevista a cláusula e estando a documentação em ordem, não pode o
comprador recusar o pagamento, nem o vendedor recusar a entrega, a
pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o
defeito houver sido comprovado
<
a) Compra a crédito
b) Objeto infungível
c) Existência de prestações
d) Transferência da propriedade após quitação
Art. 526 - “Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra
ele a competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o
mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.”
- No caso de mora do comprador, o vendedor tem duas opções previstas no
art. 526, do atual Código Civil:
a) Promover a competente ação de cobrança das parcelas vencidas e
vincendas e o mais que lhe for devido
b) Recuperar a posse da coisa vendida
- Porém, uma ação de cobrança não resolveria o problema, pois o que o
vendedor quer não é apenas cobrar aquilo que não foi pago, mas também
recuperar a posse plena do bem novamente
- Dessa discussão doutrinária, surgem duas correntes:
1. Primeira = o mecanismo que o vendedor teria para recuperar a posse
desse bem seria através da instauração uma ação de busca e apreensão -
Fredie Didier Jr, Daniel Amorim Assumpção Neves, escrita no CC de 73
2. Segunda = a ação cabível é a ação de reintegração de posse, porque o
dono já tem a propriedade, então ele só precisa tomar posse novamente -
posição majoritária do STJ, defendida por Flávio Tartuce
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
- É um contrato autônomo que não se confunde com a cláusula de reserva
de domínio
- A dívida é garantida pelo próprio bem
- A diferença se encontra nos sujeitos: na alienação fiduciária existem 3
contratos, com 3 sujeitos, ao contrário da cláusula de reserva de domínio,
que tem somente um contrato
- Observação 1 = requer 3 sujeitos, sendo o comprador, o vendedor e a
instituição financeira (alienante)
- Observação 2 = são necessários 3 contratos, sendo:
a) Compra e venda entre comprador e vendedor
b) Empréstimo (mútuo financeiro) entre comprador e banco
c) Venda do banco para o comprador após a quitação
- Na compra e venda com cláusula de reserva de domínio há apenas um
contrato, já na alienação fiduciária são necessários três
16/03
VENDA EM CONSIGNAÇÃO (CONTRATO ESTIMATÓRIO)
,
Art. 537 - “O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída
ou de lhe ser comunicada a restituição.”
- O art. limita o direito de propriedade do consignante, sendo o bem inalienável
em relação a ele, na vigência do contrato estimatório
- Ou seja, se o consignante deixa o bem na posse do consignatário, não pode
o consignante vender ou dispor deste bem em consignação enquanto durar o
contrato estimatório
- O consignante só poderá vender o bem para terceiros se:
a) Houver rescisão do contrato antes do tempo
b) Encerrar-se o contrato
● Em casos de deterioração
a) Se for causada pelo consignatário: é responsabilidade dele
b) Se for caso fortuito ou causa maior: em tese, poderá ser eximido dessa
responsabilidade
- Vários julgados do STJ equipara essa responsabilidade com a
responsabilidade de depósito
CONTRATO DE TROCA
CONCEITO
Art. 533 - “Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda,
com as seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por
metade as despesas com o instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do
alienante.”
- É aquele pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não
seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as coisas
trocadas para uma compensação recíproca. Isso justifica a aplicação residual
das regras previstas para a compra e venda
- Ou seja, é uma espécie de concessão mútua entre os contratantes
OBJETO
- O objeto da permuta há de ser dois bens
- Se um dos contraentes der dinheiro ou prestar serviços, não haverá troca,
mas compra e venda
- Podem ser trocados todos os bens que puderem ser vendidos, ou seja, os
bens alienáveis, mesmo sendo de espécies diversas e valores diferentes
CARACTERÍSTICAS
- Aplicam-se as disposições do contrato de compra e venda nos contratos de
troca, de forma análoga
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BILATERAL
UNILATERAL IMPERFEITA
ACEITE