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Teoria Geral DO Direito Civil I

Teoria Geral do Direito Civil II (Universidade Portucalense Infante D. Henrique)

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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

- A partir do art 66º começa verdadeiramente é Código civil e a sua regulamentação.


- O objeto do Direito civil chama-se RELAÇÃO JURIDICA, regula a relação jurídica civil.
- No CC Português importa regular as questões que decorrem do facto das pessoas interagirem
umas com as outras.
- A regulamentação do CC deve ter em conta o sujeito que se interrelaciona e não sozinho.
Diploma Fundamental - CRP (topo do ordenamento jurídico)
Diploma Fundamental das Normas Jurídico Civis - CÓDIGO CIVIL (em vigor desde 1967)
Dividido em cinco partes ou livros, é o chamado plano de Savigny ou SISTEMATIZAÇÃO
GERMÂNICA com base nas relações jurídicas, assenta esta sistematização na classificação
germânica das relações jurídicas de dto. privado:

➢ I LIVRO - Parte Geral (engloba os temas relativos aos elementos comuns às outras
quatro partes, aqui atende-se além das normas sobre as leis, sua interpretação e
aplicação, à disciplina separada de cada um dos elementos da relação jurídica - sujeito,
objecto, facto jurídico e garantia)
➢ II LIVRO - 1ª parte de Obrigações em geral (Obrigações são vínculos jurídicos por virtude
dos quais uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação. Credor
/ Devedor) 2ª parte de Contratos em Especial
➢ III LIVRO - Dto. das Coisas ou Reais (são as relações de um sujeito jurídico com todas as
outras pessoas, por força das quais aquele sujeito adquire um poder directo e imediato
sobre uma coisa. Poder esse, oponível a todos os Homens.
➢ IV LIVRO - Dto. de Família (são relações emergentes do casamento, parentesco, da
afinidade ou da adopção)
➢ V LIVRO - Dto. das Sucessões (são as relações dirigidas a actuar a transmissão dos bens
por morte do seu titular)

Teoria Geral da Norma Jurídica Civil - é a teoria geral do dto. objectivo: norma jurídica

Teoria Geral da Relação Jurídica Civil - é a teoria geral do dto. subjectivo(estudo da estrutura e
dos elementos deste): relação jurídica

Ambas as partes são, com inteira propriedade, TEORIA GERAL DO DTO.., na verdade a expressão
DIREITO, pode ter dois sentidos diferentes:

• - Sentido Objectivo - sinónimo de conjunto de princípios reguladores, de normas de


conduta, de normas de disciplina social
• - Sentido Subjectivo - sinónimo de poder ou faculdade

➢ Elementos da relação jurídica

Sujeitos da relação jurídica: Relação de homem para homem cada qual possui uma situação
jurídica própria, consistente na posição ocupada na relação jurídica como titular de direitos e
deveres. A situação jurídica ativa corresponde à posição de agente portador de direito subjetivo,
enquanto a situação jurídica passiva, a de possuidor de dever jurídico.

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• Sujeito ativo - é o credor da prestação ou obrigação principal ou o beneficiário principal


da relação. Titular do direito subjetivo.
• Sujeito passivo - titular do dever jurídico, devedor da prestação principal. Obs.: Esses
sujeitos terão obrigações que se dividem em dar, fazer e não fazer.
• Vínculo de atributividade - liame, reconhecido juridicamente, entre os sujeitos. Pode
ocorrer por meio de lei, ou acordo de vontades, na figura dos contratos. A inexistência
do vínculo acarreta a inexistência da relação jurídica.
• Objeto - elemento motriz da relação, é a pessoa, a prestação ou a coisa sobre a qual
recai o vínculo de atributividade. A relação jurídica gira em torno do objeto.

INTRODUÇÃO

➢ O QUE É O DIREITO CIVIL? COMO SE POSICIONA ENQUANTO DIREITO


PRIVADO?

• É o direito privado e é o direito comum.


✓ Direito Privado Comum ou geral – É o Direito Civil, é o direito aplicado a todas
as relações jurídicas privadas, exceto aquelas que forem especiais. Ex: contrato
de trabalho feito a um menor de 15 anos, temos de consultar tanto o Código
Civil como o Código do Trabalho. Neste caso o Código Civil é subsidiário, em
primeiro consultamos o Código do trabalho, e na falta (insuficiência) neste,
aplica-se o Código civil.
✓ Direito Privado Especial - *Comercial; **trabalho; ***direito internacional
privado.

• O Direito Civil tem 4 sub-ramos: Obrigações, coisas, família, sucessões, vamos estudar o
que é em comum a todos os ramos do Código Civil.

➢ DISTINÇÃO ENTRE DIREITO PUBLICO E PRIVADO

• Divisão do direito (summa divisio) – IMPORTANTE PARA QUESTÃO DO TESTE


• O Direito é uno e indivisível:
➢ Direito Público – Questões de relações jurídicas entre publico e estado, o litígio é
resolvido nos tribunais administrativos.
➢ Direito Privado – Entre privados resolve-se nos tribunais comuns.
• As leis são diferentes sendo Direito Publico e Privado, mesmo que o problema seja
semelhante. (uma negligência médica no hospital s. João (direito publico), é diferente
se for no hospital CUF (direito privado).

• DIVISÃO DO DIREITO – (questão que costuma sair no teste) Teoria que procura dizer as
situações que são de Direito Publico e de Direito Privado. Divide-se em 3 teorias que
servem para saber qual o tribunal para cada situação jurídica.

1) TEORIA DOS INTERESSES: Distingue Publico e Privado consoante os interesses de cada.


As normas estão ao serviço de todos. Interesses privados e coletivos.

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2) TEORIA DA SUPRA-ORDENAÇÃO/INFRA-ORDENAÇÃO: Supra-ordenação significa que o


Direito Publico é o direito em que um dos suspeitos está numa posição superior (dar
ordens) e o outro sujeito está numa posição inferior. Esta teoria trás uma desigualdade
entre os dois. No direito publico há desequilíbrio entre partes. No direito privado à
situação de igualdade e paridade entre os dois sujeitos. Esta teoria não serve porque o
direito publico regula também relações entre Estados e não só relações entre Estado e
cidadãos. Neste caso os Estados estão em pé de igualdade, não há um sujeito em
posição superior e outro em posição inferior. No caso do direito privado no caso de
parentalidade ou contrato liberal há também sujeito superior e inferior.
3) TEORIA DOS SUJEITOS (adotada por nós) ou TEORIA DA QUALIDADE dos sujeitos da
relação jurídica: Uma relação jurídica de compra e venda de uma casa, sujeitos A e B, o
objeto é a casa por 10.000€, a fonte é o contrato de promessa compra e venda. Esta
relação jurídica é regulada pelo direito privado e as normas encontram-se no Código
Civil. Imaginemos agora que quem quer comprar a casa é o Presidente da Junta para
fazer um lar, mas o vendedor não aceita vender a casa à câmara. O Presidente aciona
um mecanismo de expropriação por interesse publico, mediante o que está previsto na
lei. Ou seja, o Estado com a sua qualidade de soberania, faz o que acha ser o melhor
para o interesse publico. Primeiro executa e depois discute. Chama-se a isto “Privilégio
do Direito Prévio”.

DIREITO PUBLICO - *regula relações jurídicas entre Estados.


*regula relações jurídicas entre o Estado e os
particulares em que o Estado atua com poder soberano (Jus Imperium)
Ex: hospitais, escolas, serviços públicos

TEORIA DOS
SUJEITOS
DIREITO PRIVADO - *relações entre particulares.
*relações entre o Estado e os particulares em que o
Estado intervém/atua sem poder soberano (atua em pé de igualdade)
Ex: compra de produtos a nível particular para um serviço publico)

Diga qual o critério que lhe parece de adotar no tocante à distinção entre o Direito Público e
o Direito Privado, refira-se à importância prática dessa distinção e situe o Direito Civil nessa
grande divisão.

RESPOSTA – Podemos começar por referir que o Direito Civil é o Direito Privado. O Direito divide-
se em dois grandes ramos: o direito publico e o direito privado.

Dependendo do conflito a resolver poderá ter de ser resolvido em diferentes instâncias. Existem
3 Teorias que procuram dizer as situações que são de Direito Publico e de Direito Privado e
servem também para saber qual o tribunal para cada situação jurídica.

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*A Teoria dos Interesses, distingue Publico e Privado consoante os interesses de cada. As


normas estão ao serviço de todos e tanto de interesses privados como coletivos.
Estaríamos perante uma norma de direito publico, quando o fim da norma fosse a tutela de um
interesse publico, já uma norma de direito privado. Seria quando a norma visa tutelar ou
satisfazer interesses individuais e dos particulares.
Acentue-se que todo o direito, seja publico ou privado, visa proteger simultaneamente
interesses publico e interesses particulares. As normas de direito privado não se dirigem apenas
à realização de interesses dos particulares, tendo em vista também frequentemente, interesses
públicos (ex: venda de imóveis é feito através de escritura publica como requisito de validade
do ato – art 875º). Neste caso tem-se em vista defender as partes contra uma precipitação e
realizar os interesses públicos da segurança do comercio jurídico, da prova fácil do ato e das
negociações.
Já as normas de direito publico, para além do interesse publico, pretendem também, dar
adequada tutela aos interesses dos particulares (ex: normas para a promoção dos funcionários
públicos, têm em vista para além do interesse publico do eficaz funcionamento dos serviços e
uma proteção justa dos interesses das pessoas singulares a que se dirigem estas normas).
Pode dizer-se que todas as normas, visam também um fundamental interesse publico, o da
realização do direito e da segurança.
Segundo este critério podemos então dizer que o direito publico tutelaria predominantemente
interesses da coletividade e o direito privado protegeria predominantemente interesses dos
particulares, mas não em exclusivo. Mas isto não seria totalmente aceitável, uma vez que em
muitos casos não é possível saber qual o interesse predominante, se o da coletividade ou um
interesse particular. E também porque há normas que são classificadas como sendo de direito
privado visando, no entanto, interesses públicos, como o caso das normas imperativas, que se
aplicam a uma situação, mesmo que os sujeitos dessa situação jurídica tenham manifestado
vontade contrária.

*A Teoria da Supra-ordenação e infra-ordenação, é outro dos critérios aos quais se podem


recorrer.
Significa que o Direito Publico é o direito em que um dos suspeitos está numa posição superior
(dar ordens) e o outro sujeito está numa posição inferior. Esta teoria trás uma desigualdade
entre os dois. No direito publico há desequilíbrio entre partes. No direito privado à situação de
igualdade e paridade entre os dois sujeitos.
Esta teoria não serve porque o direito publico regula também relações entre Estados e não só
relações entre Estado e cidadãos. Neste caso os Estados estão em pé de igualdade, não há um
sujeito em posição superior e outro em posição inferior. No caso do direito privado no caso de
parentalidade ou contrato liberal há também sujeito superior e inferior.
Uma relação jurídica de compra e venda de uma casa, sujeitos A e B, o objeto é a casa por
10.000€, a fonte é o contrato de promessa compra e venda. Esta relação jurídica é regulada pelo
direito privado e as normas encontram-se no Código Civil. Imaginemos agora que quem quer
comprar a casa é o Presidente da Junta para fazer um lar, mas o vendedor não aceita vender a
casa à câmara. O Presidente aciona um mecanismo de expropriação por interesse publico,
mediante o que está previsto na lei. Ou seja, o Estado com a sua qualidade de soberania, faz o
que acha ser o melhor para o interesse publico. Primeiro executa e depois discute. Chama-se a
isto “Privilégio do Direito Prévio”.

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*A Teoria dos Sujeitos seria o critério mais adequado para nós, também designada como teoria
da qualidade, em virtude de assentar na qualidade dos sujeitos das relações jurídicas
disciplinadas pelas normas a qualificar como de direito publico ou de direito privado.
Segundo este critério, o direito privado regula as relações jurídicas estabelecidas entre
particulares ou entre particulares e o Estado.
Regula também as relações entre outros entes públicos, mas sempre com a intervenção do
Estado. Isto acontece quando o Estado faz compras ou um arrendamento a um particular. Neste
caso atuam em pé de igualdade com o vendedor ou senhorio e estão fora do exercício de
funções soberanas.

Podemos verificar que a distinção entre Direito publico e Direito privado vai muitas vezes
determinar as vias judiciais a que o particular que se considera lesado pelo Estado deve recorrer
ou vice-versa.
Se o particular tem uma pretensão contra o Estado ou vice-versa, há que averiguar, se a relação
jurídica de onde essa pretensão deriva é uma relação de direito privado ou publico. Essa
averiguação irá determinar o tribunal competente para a apreciação da lide, pois a competência
deste é demarcada, segundo um princípio de especialização, e em função da matéria sujeita a
aprovação.
As ações entre particulares ou entre um particular e o Estado derivadas de uma relação de
direito privado devem ser propostas nos tribunais judiciais. Questões de relações jurídicas entre
publico e estado, o litígio é resolvido nos tribunais administrativos.
Já a responsabilidade civil, ou seja, a obrigação de indemnizar os prejuízos sofridos, decorrente
de uma atividade do Estado ou órgão publico está sujeita a um regime diverso, consoante os
danos não causados no exercício de uma atividade de gestão publica ou de uma atividade de
gestão privada.
Se os danos resultam de uma atividade de gestão publica, os pedidos de indemnização feitos à
administração são apreciados pelos tribunais administrativos.
Se os danos resultarem de uma atividade de gestão privada, os pedidos de indemnização são
feitos contra a administração local e são deduzidos perante os tribunais judiciais, sendo o regime
o constante no Código Civil (art 501º e 500º).

Pode concluir-se que atividade de gestão publica é a atividade da administração pelo direito
publico, e atividade de gestão privada é a que é regida pelo direito privado.

FONTES DO DIREITO CIVIL


• A fonte imediata é a LEI (artº 1)
• Usos (artº 3)
• Equidade (artº 3) – ex: cálculo de danos não patrimoniais (artº 496, nº 4)

➢ Diplomas legais onde se encontra o Direito Civil, fontes legislativas, são elas:
✓ Constituição da República Portuguesa de 1976
✓ Código Civil de 1966
✓ Legislação complementar (avulsa), após 1966 e que não está no código.

➢ Tipo de Formulações Legais utilizadas, há 3 tipos possíveis:

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✓ Casuístico
✓ Simples diretivas
✓ Conceitos determinados gerais e abstratos (é o nosso)

➢ Princípios Constitucionais (CRP) que têm implicação com o Direito civil (artigos da
constituição com conteúdo do direito civil), são eles:
✓ Artº 24º e ss; Artº 16º nº2; Artº 36º; Artº 61º; Artº 62º; Artº 13º

➢ A aplicação dos preceitos constitucionais das relações entre privados (artº 18º nº1 CRP)
– “drittwirkuus” – eficácia da constituição em relação a terceiros. Teoria da eficácia
reflexa.

Quais as fontes de direito que regulam o Código Civil Português e as respetivas formulações.

As disposições iniciais da principal lei civil regulam a matéria das fontes de direito.
Dispõe o artigo 1º do Código Civil que são fontes de direito, as LEIS e as normas corporativas.
Por lei entende-se toda a disposição imperativa e geral de criação estadual, ou seja, emanada
dos órgãos estaduais competentes segundo a Constituição. Com a extinção dos organismos
corporativos, as normas corporativas deixaram de existir, pelo que não são hoje consideradas
como fonte de direito.
Para além das leis, o código civil refere no seu art 3º os usos conformes ao princípio da boa fé.
Por um lado, os usos só valem quando a lei o determinar, por outro, não se exige a
obrigatoriedade dos referidos usos por parte dos que o adotam.
O art 4º permite também aos tribunais a solução da equidade nos casos que lhes são presentes.
A admissão da equidade foi aceite, mas com apertados limites: a existência de disposição legal
que a permita ou convenção das partes.
Verifica-se que nem o costume, nem a jurisprudência são reconhecidos como fonte de direito
pelo código civil Português, nem sequer como meio de integração das lacunas na lei.

A lei é então a fonte mais importante do direito civil português, sendo quase exclusiva.
O vértice de todo o ordenamento jurídico é constituído pelo direito constitucional. Encontram-
se por isso, na Constituição da República Portuguesa, princípios determinantes do conteúdo do
direito civil português.
Entre os princípios constitucionais suscetíveis de condicionar o conteúdo das normas de direito
civil avultam os direitos, liberdades e garantias enunciados nos artigos 24º e ss. Têm igualmente
importante significado para o direito civil os art 36º, 61º, 62º, 13º.

Sabemos que as normas de direito civil estão fundamentalmente contidas no Código Civil
Português de 1966, mas há também alguns diplomas avulsos, que regulam, matérias
importantes do direito privado comum.
Certos problemas de direito civil podem encontrar as soluções numa norma que não é de direito
civil nem de direito constitucional. A Constituição contém uma força geradora de direito privado.
As suas normas não são meras diretivas programáticas de carácter indicativo, mas sim normas
vinculativas que devem ser acatadas pelo legislador, pelo juiz e demais órgãos estaduais.
O legislador deve emitir normas de direito civil não contrárias à Constituição; o juiz e os órgãos
administrativos não devem aplicar normas inconstitucionais.

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As normas constitucionais têm também eficácia no domínio das relações entre particulares,
impondo-se à vontade dos sujeitos jurídico-privados nas suas convenções. Esta ideia é referida
como teoria da eficácia reflexa, e encontra apoio no art 18º, nº1 da Constituição.

O código civil pode corresponder a modelo diversos, sob o ponto de vista do tipo de formulação
legal adotado. Podemos distinguir três tipos de formulação legal:
✓ O tipo de Formulação Casuística, que se traduz na emissão de normas jurídicas
prevendo o maior número possível de situações da vida, descritas com todas as
suas particularidades e fazendo corresponder-lhe uma regulamentação
extremamente minuciosa. Num código deste tipo procura-se usar uma
linguagem que o torne acessível a qualquer cidadão e excluir a necessidade de
interpretação das normas pelos juízes.
✓ O tipo de Formulação que recorre a conceitos gerais-abstratos, e que se traduz
na elaboração de tipos de situações da vida, mediante conceitos claramente
definidos e recortados, aos quais o juiz deve subsumir as situações a decidir e
as soluções respetivas.
✓ Podemos ainda distinguir o tipo de Formulação que recorre às meras diretivas.
Neste tipo o legislador recorre a linhas de orientação que fornece ao juiz,
enuncia cláusulas gerais e formula conceitos maleáveis, onde não há uma zona
nuclear segura e cujos contornos e extensão aparecem indeterminados.

De salientar a preferência pelos conceitos gerais-abstratos, que supõe uma sensibilidade e um


apego maiores à segurança jurídica e à calculabilidade das decisões judiciais.
Este método dos conceitos gerais-abstratos, sendo o preferencialmente adotado pelo Código
civil Português, possibilita um mais elevado grau de segurança e uma razoabilidade das soluções
em geral, e pode, em razão da variedade da vida e da diferenciação entre as situações reais,
levar o juiz a decisões menos retas para o caso concreto.
A atenuação desta desvantagem foi visada pelo legislador do Código Civil introduzindo neste
diploma legal cláusulas gerais, ou seja, critérios valorativos de apreciação, recorrendo por vezes
a conceitos indeterminados para construir hipóteses ou estatuições legais.

PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CIVIL


1. Reconhecimento da Pessoa Humana (Personalidade Juridica)
2. Direitos de Personalidade

1 – PERSONALIDADE JURIDICA – é a aptidão de toda a pessoa para ser titular de direitos e


obrigações. Ser titular de relações jurídicas.
• Nos termos do art 66º nº 1
• Adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.
• Todos os seres humanos são pessoas jurídicas, mas não só os seres humanos têm
personalidade jurídica, pode haver sujeitos de direito que não sã seres humanos, mas
sim as entidades coletivas.

O que é personalidade jurídica?

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A aplicação do direito civil à convivência humana desencadeia uma teia de relações jurídicas
entre os homens, relações traduzidas em poderes (direitos) e deveres jurídicos.
Num sentido puramente técnico, ser pessoa é precisamente ter aptidão para ser sujeito de
direitos e obrigações, é ser um centro de imputação de poderes e deveres jurídicos, ser um
centro de uma esfera jurídica.
As pessoas em sentido jurídico, para além dos seres humanos, são também certas organizações
de pessoas (associações e sociedades) e certos conjuntos de bens (fundações) a quem o direito
objetivo atribui personalidade jurídica.
Reconhece-se personalidade jurídica a todo o ser humano a partir do nascimento completo e
com vida (art 66º, nº1).
A personalidade jurídica, a suscetibilidade de direitos e obrigações, corresponde a uma condição
indispensável da realização por cada ser humano dos seus fins ou interesses na vida com os
outros.

2 – DIREITOS DE PERSONALIDADE – são direitos que surgem com o nascimento, são inatos na
sua maioria, subsistem até à morte.
• São inatos e vitalícios, são direitos absolutos, que se opões a todos os outros (erga
omnes), cada um de nós pode opor a todos os outros, são direitos gerais (todos os têm).
Todos os outros têm de respeitar.
• Direito à vida, à integridade física, à imagem, à saúde.
• Art 70º nº1 – proteção dos modos de ser do individuo, será físico ou moral. O legislador
tutela em geral a personalidade.
• Os direitos de personalidade têm tutela mas não têm direito pecuniário.
• Art 70º nº2 – a responsabilidade civil é uma consequência possível ou as providencias
adequadas (ir a tribunal para que quem se sente ameaçado por algo pedir ao juiz que
impeça algo se acontecer). Ex: impedir publicação de uma entrevista ou pedir que um
livro não seja publicado ou que seja retirado do mercado. Repor a verdade sobre algo.

• Responsabilidade Civil e providências adequadas são cumulativas, pode pedir-se os dois


ou apenas uma.
• Art 71º a 80º são normas especiais, que são cumulativas com o art 70º que é a norma
geral.
• Art 81º Inalienáveis e renunciáveis – artigo que nos diz que podemos limitar em parte
os nossos direitos de personalidade. Ex: quando autorizamos uma operação, quando
damos uma entrevista, quando permitimos que nos filmem ou fotografem.
• Ao limitar a nossa personalidade estamos a permitir que outros nos ofendam, mesmo
que de forma permissiva.
• Do art 81º remeter para o art 340º - Consentimento do lesado
• O art 81º pode limitar um direito de personalidade, mas este só vale no contexto de
direitos de personalidade, mas o 340º (norma geral) já vale para todos os direitos
(direito de crédito ou de propriedade).
• Para os direitos de personalidade aplica-se o art 340º nº3, pois este presume o
consentimento do lesado.
• No 81º a limitação tem de ser expressa ou tácita, no 340º é uma presunção que o
individuo consente o dano mediante com o seu interesse ou a sua vontade presumível.

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Diga o que entende por reconhecimento de um círculo de direitos de personalidade?

Toda a pessoa pode ser titular de relações jurídicas, ser sujeito de direito, ser pessoa, significa
ser sujeito de direitos.
Toda a pessoa jurídica não só pode ser, como efetivamente, é, titular de alguns direitos e
obrigações. Qualquer pessoa é sempre titular de um certo número de direitos absolutos, que se
impõe ao respeito de todos os outros, incidindo sobre os vários modos de ser físicos ou morais
da sua personalidade. São os chamados direitos de personalidade (art 70º e ss).
Incidem os direitos de personalidade sobre a vida da pessoa, a sua saúde física, a sua honra, a
sua liberdade física e psicológica, o seu nome, a sua imagem ou a sua reserva sobre a sua
intimidade da visa privada.
A violação de alguns desses aspetos da personalidade é um facto ilícito criminal, que
desencadeia uma punição estabelecida no código penal, ou, naquelas em que por não assumir
um especial relevo para a coletividade, a violação não corresponde a um ilícito criminal, mas sim
a um facto ilícito civil. Este facto ilícito civil, traduzido na violação de um direito de personalidade
desencadeia (nº 2 do art 70º) a responsabilidade civil do infrator (obrigação de indemnizar os
prejuízos causados), bem como certas providências não especificadas e adequadas às
circunstâncias do caso, com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da
ofensa já cometida.

Os direitos de personalidade são irrenunciáveis, podem, todavia, ser objeto de limitações


voluntárias que não sejam contrárias aos princípios da ordem publica (art 81º). Por exemplo, é,
assim, admissível o consentimento, livre e informado, para uma intervenção cirúrgica quando
está em risco a vida ou saúde do paciente quando este não pode dar consentimento ou a família,
uma vez que por norma, a realização por um médico de tratamentos ou intervenções cirúrgicas
constitui um facto ilícito.

➢ PRINCíPIO DA AUTONOMIA PRIVADA (pág 102 até 124)


• Autonomia privada ou autonomia da vontade tem consagração constitucional
(art 26º nº1 e 61º da CRP)
• É o poder reconhecido aos particulares de autorregulamentação os seus
interesses de autogoverno da sua esfera jurídica.
• Esfera jurídica é conjunto de relações pessoais e patrimoniais de cada pessoa.
• Este princípio diz que cada um (maiores) pode governar a sua esfera jurídica,
através de 2 instrumentos:
✓ Realização de negócios jurídicos
✓ Poder de livre exercício de direitos e do livre gozo dos bens e direitos
de cada um (direitos subjetivos)

• Negócios jurídicos podem ser: unilaterais ou bilaterais


• Art 457º - princípio geral negócios unilaterais onde vigora o PRINCíPIO DA
TIPICIDADE (números clausus), significa limitação, e faz com que não haja muita
autonomia da vontade. Porque os particulares afinal não podem celebrar

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negócios jurídicos que não estejam previstos na lei. EX: testamento (negócio
jurídico unilateral); promessa publica (art 459º)
• PRINCíPIO DA LIBERDADE CONTRATUAL (art405º) – a autonomia da vontade
assume a sua plenitude nos contratos bilaterais (art 405º), à grande liberdade
concedida às partes.
• Art 405º nº1 – temos um desdobramento em duas liberdades:
✓ Liberdade de celebração dos contratos ou de conclusão
✓ Liberdade de modelação ou fixação so conteúdo contratual (ex: termos
ou cláusulas de um contrato compra e venda)

• A 1ª liberdade não está explicita no 405º, mas a 2ª está bem presente.


• Se a lei permite que se fixe o conteúdo do contrato significa que dá também a
liberdade para a celebração do mesmo (daí não estar explicito, mas
consideramos que está)
• Este princípio de liberdade tem as suas exceções, tal se encontra no art 405º
nº1 (dentro dos limites da lei).
• Quais essas exceções aos limites da liberdade contratual?

• LIBERDADE DE CELEBRAR CONTRATOS OU RECUSAR


✓ dever jurídico de contratar, alguém tem de celebrar e a sua vontade não
vai alterar. Ex: um contrato de seguro obrigatório, como seguro
automóvel.
✓ PROIBIÇÃO DE CELEBRAR CONTRATOS COM DETERMINADAS PESSOAS
– Ex: venda de pais a filhos e de avós a netos se os outros não
consentirem (art 877º)
✓ SUJEIÇÃO DO CONTRATO A AUTORIZAÇÃO DE OUTREM – Ex: bens do
casamento (art 1682º até 1687º), contratos podem ser realizados, mas
carecem de autorização do outro cônjuge.

• LIBERDADE DE FIXAR CONTEUDO CONTRATUAL (art 405º)


✓ As pessoas podem celebrar negócios previstos na lei (contratos típicos ou
nominados – art 874º e ss)
✓ Podem celebrar também contratos atípicos ou inominados, como contrato de
prestação de serviços (tomar um café é uma prestação de serviços, ir a uma
lavandaria, reparar o carro, etc). Estes não têm regulamentação típica na lei.
✓ Os contratos mistos. Ex: contrato de trabalho associado a contrato de
arrendamento. Há uma mistura de contratos. Há várias obrigações entre várias
pessoas.

EXCEÇÕES:
1. Sujeição do objeto do contrato aos requisitos do art 280º. Ex: contrato para venda de
droga, o contrato é nulo, pois é proibido vender droga (o objeto do contrato é ilegal)
2. Os negócios usurários (art 282º, 283º, 284º), são negócios em que há uma clausula
usurária (exploração). Por ex: contrato de mútuo com taxa de juros superior à taxa
máxima legal. Há anulabilidade do negócio, no caso de uma clausula contratual explorar
outrem.

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3. Princípio da boa fé é uma limitação a esta liberdade (art 762º nº2), não podemos ter
cláusulas contrárias à boa fé.
4. Contratos tipo ou contratos normativos – Estado fixa as cláusulas contratuais para todos
os contratos. Não há liberdade contratual para o trabalhador.
5. Normas imperativas (forma, prazos, taxas de juros, atualizações de rendas, etc) não
podem ser afetados pelas partes. (ex: 1146º, 1025º)
6. Contratos de adesão – são uma limitação pois representam um perigo. Uma pessoa faz
um contrato e a outra adere a esse contrato sem discutir as condições. Ex: compra de
bilhete para andar de metro, temos de cumprir o contrato. De forma a proteger os
abusos por quem faz contratos há um decreto de lei 446/85 (sobre cláusulas contratuais
gerais).

Explique a aplicação da autonomia privada e liberdade contratual no domínio dos


contratos.

Uma ideia fundamental do direito civil Português reside no princípio da autonomia privada, que
tem a sua dimensão mais visível na liberdade contratual (art 405º).
A produção de efeitos jurídicos (constituição, modificação ou extinção de relações jurídicas),
resulta principalmente de atos de vontade, dirigidos precisamente à produção dos referidos
efeitos. Os atos jurídicos, cujos efeitos são produzidos por força da manifestação de uma
intenção e em consciência com o teor declarado dessa intenção, designam-se por negócios
jurídicos.
O negócio jurídico é uma manifestação do princípio da autonomia privada ou da autonomia da
vontade. Esta autonomia consiste no poder reconhecido aos particulares de
autorregulamentação dos seus interesses, de autogoverno da sua esfera jurídica (conjunto de
relações jurídicas de que uma pessoa é titular). Significa tal princípio que os particulares podem,
no domínio da sua convivência com os outros sujeitos jurídico-privados, estabelecer a
ordenação das respetivas relações jurídicas.
A autonomia privada também se manifesta no poder de livre exercício dos seus direitos ou de
livre gozo dos seus bens pelos particulares, é a autonomia privada que caracteriza
essencialmente o direito subjetivo.
Tanto é exercício da autonomia privada a conclusão de uma compra e venda em certas
condições de preço e entrega da coisa vendida, ou seja, um negócio jurídico, como o consumo
ou a destruição de um bem de que se é proprietário, ou a exigência de um crédito de que se é
credor, ou seja, o exercício de um direito subjetivo.

A autonomia privada é um princípio fundamental do direito civil. É ela que corresponde à


ordenação espontânea dos interesses das pessoas. Está presente em todos os domínios em que
o direito civil de propõe, mais amplamente no plano das relações patrimoniais e da troca dos
bens e serviços.
A autonomia privada está presente nos domínios em que o direito civil tem uma função
modeladora da vida de relação em que cabe ao direito civil uma função de proteção ou defesa
dos direitos constituídos ao abrigo da sua função modeladora. Não depende da vontade do
infrator de um direito a sua sujeição à obrigação de indemnizar ou de restaurar a situação
lesada.
O dever de indemnizar em que se traduz a responsabilidade civil, não se constitui por força de
uma declaração de vontade do autor do dano. Uma vez constituída, porém, a obrigação de

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indemnizar, surge de novo a autonomia da vontade: credor e devedor da indemnização pode


celebrar, relativamente à obrigação em que se manifesta a responsabilidade civil, as convenções
modificativas ou extintivas que entenderem.

O negócio jurídico é um meio de atuação da autonomia privada e podemos agrupá-los em duas


classes: os negócios jurídicos unilaterais e os negócios jurídicos bilaterais. O negócio unilateral
perfaz-se com uma só declaração de vontade (ex: testamento), o negócio bilateral é constituído
por duas ou mais declarações de vontade convergentes (ex: contrato de compra e venda). Só há
negócio bilateral, quando uma parte formula e comunica uma declaração de vontade e a outra
manifesta a sua aceitação.
A autonomia privada tem a sua manifestação mais expressiva nos negócios jurídicos bilaterais e
a sua consagração legal tem lugar no art 405º, onde vigora o PRINCíPIO DA LIBERDADE
CONTRATUAL – a autonomia da vontade assume a sua plenitude nos contratos bilaterais devido
à grande liberdade concedida às partes, podendo incluir nos contratos as cláusulas que lhes
aprouver.

Quanto aos negócios jurídicos unilaterais, a autonomia da vontade não está excluída, mas sofre
restrições muito acentuadas. Há um importantíssimo negócio unilateral (o testamento), onde o
grau de autonomia da vontade do testador é bastante amplo, embora não ilimitado (art 2156º,
2186º, 2192º, 2198º).
No art 457º temos o princípio geral dos negócios unilaterais onde vigora o PRINCíPIO DA
TIPICIDADE (números clausus), significa limitação, e faz com que não haja muita autonomia da
vontade. Nos casos de negócios constitutivos de obrigações, em que a lei atribui eficácia
vinculativa a um negócio unilateral, a parte respetiva tem o poder de fixar livremente o
conteúdo da promessa e, nessa medida, reaparece a autonomia da vontade.
Quanto aos negócios unilaterais modificativos ou extintivos de relações jurídicas vigora também
o princípio da tipicidade. Toda a relação jurídica não pode ser extinta ou modificada, por atuação
unilateral de um deles. O negócio unilateral produz sempre efeitos na esfera de terceiros.

É bastante claro quanto à impossibilidade de modificar ou extinguir unilateralmente as relações


emergentes de um contrato. O contrato é vinculativo para as partes e só por mútuo
consentimento dos contratantes, se podem modificar ou extinguir as relações contratuais, salvo
nos casos em que a lei, dados certos pressupostos, achou correto afastar esse principio (art
406º).

Como vimos, a LIBERDADE CONTRATUAL, é a mais visível manifestação da autonomia privada e


esta liberdade está consagrada no art 405º do Código Civil. A disposição legal consagra
explicitamente apenas a liberdade de modelação, liberdade de fixação ou liberdade de
estipulação do conteúdo contratual.
Da norma emerge também, o reconhecimento da liberdade de celebração ou conclusão dos
contratos. A liberdade de celebração dos contratos consiste na faculdade de livremente realizar
contratos ou recusar a sua celebração. Segundo tal princípio, a ninguém podem ser impostos
contratos contra a sua vontade ou podem ser aplicadas sanções por força de uma recusa de
contratar nem a ninguém pode ser imposta a abstenção de contratar. Se uma pessoa quiser,
pode celebrar contratos, se não quiser, a sua recusa é legitima.
Excecionalmente estabelece o nosso ordenamento juridico algumas restrições à liberdade de
celebração dos contratos, como no caso da celebração obrigatório do seguro de
responsabilidade civil para quem tem automóvel, ou no caso do dever de prestação de serviços

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dos médicos em caso de urgências, podem operar sem o consentimento, ou ainda na proibição
de celebrar contratos com determinadas pessoas (art 877º e 953º).

A LIBERDADE DE MODELAÇÃO DO CONTEUDO CONTRATUAL consiste na faculdade conferida


aos contraentes de fixarem livremente o conteúdo dos contratos, celebrando contratos do tipo
previsto no código civil, com ou sem aditamentos, ou estipulando contratos de conteúdo diverso
dos que a lei disciplina. O princípio está expressamente consagrado no art 405º, podendo as
partes: realizar contratos com as características dos contratos previstos e regulados na lei;
celebrar contratos típicos ou nominados aos quais acrescentam as cláusulas que lhes aprouver;
concluir contratos diferentes dos contratos expressamente disciplinados na lei.
No entanto esta liberdade de fixação ou modelação de conteúdo dos contratos tem também
algumas exceções, aludidas no art 405º. A intenção é corrigir ou impedir os desenvolvimentos
ilimitados da liberdade contratual, assegurando uma situação de real liberdade e igualdade dos
contraentes, bem como as exigências da justiça social, são essas restrições as seguintes:
1. Sujeição do objeto do contrato aos requisitos do art 280º. Ex: contrato para venda de
droga, o contrato é nulo, pois é proibido vender droga (o objeto do contrato é ilegal)
2. Os negócios usurários (art 282º, 283º, 284º), são negócios em que há uma clausula
usurária (exploração). Por ex: contrato de mútuo com taxa de juros superior à taxa
máxima legal. Há anulabilidade do negócio, no caso de uma clausula contratual explorar
outrem.
3. Princípio da boa fé é uma limitação a esta liberdade (art 762º nº2), não podemos ter
cláusulas contrárias à boa fé.
4. Contratos tipo ou contratos normativos – Estado fixa as cláusulas contratuais para todos
os contratos. Não há liberdade contratual para o trabalhador.
5. Normas imperativas (forma, prazos, taxas de juros, atualizações de rendas, etc) não
podem ser afetados pelas partes. (ex: 1146º, 1025º)
6. Contratos de adesão – são uma limitação pois representam um perigo. Uma pessoa faz
um contrato e a outra adere a esse contrato sem discutir as condições. Ex: compra de
bilhete para andar de metro, temos de cumprir o contrato. De forma a proteger os
abusos por quem faz contratos há um decreto de lei 446/85 (sobre cláusulas contratuais
gerais).

Uma importante limitação de ordem prática à liberdade de modelação do conteúdo contratual


é a que se verifica nos chamados CONTRATOS DE ADESÃO. São hipóteses em que uma das partes
formula prévia e unilateralmente as cláusulas negociais e a outra parte aceita essas condições,
mediante a adesão ao modelo ou impresso que lhe é apresentado, ou rejeita-as, não sendo
possível modificar o ordenamento negocial apresentado. Isto é o que sucede nos contratos de
seguro automóvel ou transporte aéreo, ou de fornecimento de bens importantes, como
eletricidade, água e gás e na mediação de venda de propriedades.
Isto tem como finalidade a vantagem para as empresas e para a vida económica na organização
e normalização da atividade contratual dirigida a um número elevado e indeterminado de
clientes.
Teoricamente não há aqui restrições à liberdade de contratar. O consumidor do bem ou serviço,
se não está de acordo com as condições constantes no impresso elaborado pelo fornecedor, é
livre de rejeitar o contrato. No entanto essa liberdade significaria não ver satisfeita uma
necessidade muito importante. Por esse motivo, a legislação existente nesse domínio veio
introduzir fortes limitações à liberdade de modelação do conteúdo contratual, a fim de proteger

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o aderente. A nossa ordem juridica dispõe de um diploma muito importante sobre cláusulas
contratuais gerais

➢ RESPONSABILIDADE CIVIL
• Estamos a falar da violação de interesses particulares de uma determinada
pessoa.
• A ordem jurídica diz que quem causa o dano vai ter de reparar esse interesse
lesado. Tem de tornar a pessoa indemne (colocar na situação em que estaria se
não fosse a lesão). Tem de indemnizar os danos que o lesado sofreu.
• A obrigação de indemnizar nasce quando alguém causa o dano a outrem.
• É necessário verificar pressupostos que estão no art 483º e ss (obrigação de
indemnizar)
• A responsabilidade civil é a fonte de obrigações de relação jurídica
indivizacional.
• Quais os pressupostos (condições) para que se verifique responsabilidade civil:
1. Facto voluntário do Agente (art 488º) – capacidade de querer, é
imputável, capaz de agir com culpa
2. Ilicitude – violação do direito subjetivo
3. Culpa – censura ético-jurídica sobre um comportamento que viola
interesses jurídicos. Responsabilidade subjetiva (culpa):
✓ Dolo – com intenção de causar o dano
✓ Mera-culpa – negligência, omissão do dever do cuidado e
diligência) – art 494º
4. Dano
5. Nexo de causalidade (entre o facto e o dano) – art 653º

1 – Facto voluntário do agente – é necessário que o facto que provocou a lesão seja controlável
pela vontade humana e do agente.

2 – Ilicitude – É a violação de um direito. No entanto à situações em que há violação do direito,


mas não é ilícita. Ex: cirurgia viola o direito de personalidade à integridade física, mas com
autorização do doente. São assim violações autorizadas pela ordem jurídica e não são
censuradas. A ilicitude é uma violação de direitos censurável não autorizada nem aceite pela
ordem jurídica.

3 – Culpa – a nossa ordem jurídica é baseada no princípio da culpa, pois só à obrigação de


indemnizar se houver culpa. Há uma responsabilidade civil subjetiva.

✓ 1ª FORMA DE CULPA – causar o dano intencionalmente


• Agente atua com intenção de causar o dano (quer – é o mais grave)
• Agente atua porque sabe que vai acontecer
• Agente atua porque sabe que pode acontecer
• Intenção ou dolo -comportamento intencional.

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✓ 2ª FORMA DE CULPA – aquela em que fomos descuidados


• Negligencia ou mera culpa – é um comportamento descuidado que gera um fato ilícito.
• A ordem jurídica censura esse descuido. Ex: conduzir embriagado, fazer obras sem
tomar as providências e haver um acidente.
✓ EM PRINCíPIO se atuarmos com diligência e cuidado e mesmo assim causar um dano
não seremos responsabilizados. Artº 487 (provar a culpa)

4 – Dano – é um pressuposto essencial da responsabilidade civil.

• Um dano pode ter várias naturezas, pode ser aquilo que é tangível, o que se consegue
ver, e o que se pode quantificar, estes são os danos patrimoniais, pois são suscetíveis
de avaliação pecuniária.
• Danos morais ou não patrimoniais – são aqueles que não são suscetíveis de avaliação
pecuniária, mas são compensados juridicamente. São os danos que violam os direitos
de personalidade. Ex: violação do direito à vida. Nestes casos à uma indemnização
equitativa, uma compensação pelo dano (art 496º cálculo de indemnização não
patrimonial).
• Dano imergente – dano que se consegue ver
• Lucro cessante – consequência do dano no património, o que se deixa de ganhar (art
564º)

5 – Nexo de Causalidade – relação jurídica entre a relação causa e o seu efeito. O facto ocorrido
tem de dar origem ao dano, e é preciso que o facto em abstrato se mostre apto a produzir o
dano. Ex: um estalo não é responsável por um ataque cardíaco que leva à morte (art 563º)

➢ DIVISÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL

1. Violação de um direito absoluto – Responsabilidade civil extra-contratual (art


483º e ss) – Direitos absolutos são aqueles que se impõe a todos. Obrigação
passiva universal, todos têm de respeitar (erga omnes).
2. Violação de um direito relativo – Responsabilidade civil contratual (art 798º e
ss) – Direitos Relativos existem apenas entre sujeitos específicos (inter partes).
• OBRIGAÇÃO DE INDEMNIZAR – art 562º e ss

➢ PRINCIPIO DA BOA FÉ
• O princípio da boa fé exprime a relevância que a ordem jurídica confere às
considerações éticas e diretrizes morais presentes numa determinada sociedade, num
determinado momento. Assim, é um princípio que tem em conta valorações que não
estão legalmente contempladas, ultrapassando uma visão estrita e formal do Direito.
Isto é, o que está positivado (escrito e assente) é importante, mas não pode ter um papel
exclusivo na regulação da vida jurídica.
• Portanto, consiste na abertura do edifício normativo à comunidade em que o mesmo
está inserido, pretendendo que a justiça encontre nela um suporte material e social.
• Apesar de invadir todas as áreas do Direito, revela-se com grande impacto no âmbito
dos contratos. Assim, impõe que s partes do contrato ajam de modo honesto, correto e
leal, e que se comportem de modo a não frustrar a posição da contraparte. É, portanto,
um padrão normativo de conduta que conforma toda a relação contratual desde o seu
surgimento até à sua extinção (e até mesmo depois).

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• Esta é a face objetiva do princípio da boa fé, patente no artigo 227.º, n.º 1 do Código
Civil (CC): “Quem negoceia com outrem para conclusão de um contrato deve (…)
proceder segundo as regras da boa fé, sob pena de responder pelos danos que
culposamente causar à outra parte”. Não é, portanto, uma solução em si mesmo, mas
antes um critério para chegar a uma solução.
• Em termos subjetivos, reporta-se ao estado de um sujeito que considera estar a atuar
em conformidade com o Direito, como acontece no artigo 243.º, n.º 2 do CC, por
exemplo: “A boa fé consiste na ignorância da simulação ao tempo em que foram
constituídos os respetivos direitos”.
• Conclui-se, portanto, pela caracterização feita, que há uma grande semelhança com o
princípio de confiança, na medida em que há expectativas relativamente à atuação do
outro, acreditando e esperando que este não vai prejudicar com os seus atos. É, no
fundo, um princípio de retidão e de movimentação inofensiva no tráfego jurídico.
❖ BOA FÉ – pode ser subjetiva ou objetiva (art 762º nº2)
❖ Quando a boa fé não é cumprida tem lugar a Responsabilidade Civil em várias ocasiões:
✓ Pré contratual
✓ Durante o contrato, exercício do direito e cumprimento do dever há
responsabilidade durante o contrato
✓ Pós contratual
❖ Manifestação do Princípio da Confiança – Tutela da confiança (faz parte da boa fé, está
assente na confiança) – pág 127
• Por causa desta tutela dá-se relevância jurídica à confiança que
justificadamente uma pessoa tem na conduta de outrem se este contribuiu
justificadamente para essa confiança. Ex: deixar um sinal ao encomendar um
automóvel, comprador deixa sinal e trás comprovativo de pagamento. Confia
em quem lhe está a mostrar o negócio.
• Teoria da aparência eficaz (art 23º) – o que parece é! (decreto de lei 178/86 de
3 de julho – contrato de agência)

Caracterize o princípio da boa fé e diga em que termos é que ele se relaciona com o
princípio da confiança.
A boa fé é hoje um princípio fundamental da ordem jurídica, particularmente relevante no
campo das relações civis e, mesmo, de todo o direito privado.
O princípio da boa fé ajusta-se e contribui para uma visão do direito em conformidade com a
que subjaz ao Estado de direito social dos nosso sias, intervencionista e preocupado em corrigir
desequilíbrios e injustiças, para lá das meras justificações formais.
O princípio da boa fé tem um âmbito muito vasto, invadindo todas as áreas do direito, mas ele
assume uma importância muito grande no domínio dos contratos, em permanente diálogo com
outro princípio fundamental, que é o da autonomia privada.

Importa distinguir a boa fé em sentido objetivo da boa fé em sentido subjetivo:


A boa fé reporta-se a um estado subjetivo, quando tem em vista a situação de quem julga atuar
em conformidade com o direito, por desconhecer ou ignorar, designadamente, qualquer vicio
ou circunstância anterior. Neste sentido a lei recorre à boa fé em inúmeras situações, como no
caso do art 243º nº2, ou no art 291º nº3, ou art 612º e art 1260º.

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Em muitos outros casos, a lei recorre à boa fé em sentido objetivo, sendo este o sentido em que
tal princípio revela todo o seu imenso potencial e traduz a dimensão de justiça social e
materialmente fundada de que falei antes. Em sentido objetivo, a boa fé constitui uma regra
jurídica, é um princípio normativo transpositivo e extralegal para que o julgado é remetido a
partir de cláusulas gerais, consagra-se o critério da solução.
Quando aplicado aos contratos, o princípio da boa fé em sentido objetivo constitui uma regra
de conduta segundo a qual os contraentes devem agir de modo honesto, correto e leal, não só
impedindo assim comportamentos desleais como impondo deveres de colaboração entre eles.
É neste sentido que o art 227º, nº1, fala das regras da boa fé, ou que o art 239º apela aos ditames
da boa fé. (outros ex: art 334º, 437º, nº1, 762º nº2).
Pode assim dizer-se que o princípio da boa fé, em sentido objetivo, acompanha a relação
contratual desde o seu início, permanece durante toda a vida e subsiste mesmo após se ter
extinguido. Logo na formação do contrato a boa fé intervém (art 227ºnº1, 236º, 239º, 334º), e
impõe-se quer na fase do cumprimento das obrigações, quer mesmo após o vínculo contratual
se ter extinguido (art 762º nº2).

Do contrato fazem parte não só as obrigações que expressa ou tacitamente decorrem do acordo
das partes, mas também, todos os deveres que se fundam no princípio da boa fé e se mostrem
necessários a integrar a lacuna contratual. Importa sublinhar o papel decisivo da boa fé no
enriquecimento do conteúdo do contrato, por constituir a matriz dos denominados deveres
laterais, como os deveres de cuidado para com a pessoa e o património da contraparte, os
deveres de informação e esclarecimento.

A violação da boa fé é suscetível de geral responsabilidade pré contratual, responsabilidade


contratual ou mesmo responsabilidade pós contratual, consoante o momento em que ocorra
tal violação.
Uma manifestação especialmente relevante do princípio da boa fé é o princípio da confiança.
Várias soluções legislativas que apelam ao princípio da boa fé em sentido objetivo são em grande
medida inspiradas pela necessidade de tutela da confiança.
Trata-se de acolher a ideia de que, deve relevar juridicamente a confiança justificada de alguém
no comportamento de outrem, quando este tiver contribuído para fundar essa confiança e ela
se justifique igualmente em face das circunstâncias do caso concreto. Essa relevância jurídica
pode levar a atribuir efeitos jurídicos a uma situação ou por criar obrigação de indemnização
pela frustração das legitimas expectativas.

RESPONSABILIDADE CIVIL

➢ RESPONSABILIDADE CIVIL (art 483º) – Obrigação de indemnizar ou reparar danos


causados a outrem – art 562º ao 572º

1. Formas de Indemnização:
✓ A indemnização visa tornar indemne o lesado (sem dano)
✓ Visa coloca-lo na situação em que estaria se não fosse o dano – Restauração
natural ou reconstituição (art 562º)
2. Indemnização em dinheiro – art 566º (equivalente pecuniário)

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3. Compensação dos danos não patrimoniais (morais) – art 496º nº1


✓ Dano que não é avaliável em dinheiro (dor, morte, desfiguração, etc)
✓ Estes danos são compensados
4. Danos patrimoniais – art 564º, avaliados em dinheiro
✓ Prejuízo causado – dano emergente
✓ Benefícios que deixou de receber – lucro cessante
➢ Art 499º e ss – Exceções às indemnizações.

• Obrigação de Reparar os danos causados a outrem (art. 483º - princípio geral) – Factos
ilícitos e culposos.
• Responsabilidade Extracontratual – violação de uma obrigação passiva universal, violação
de direitos absolutos.
• Art 483º, nº2 – Exceção – quando não há obrigação de indemnizar baseada na culpa. Esses
casos estão previstos nos art. 499º até 510º
✓ Responsabilidade pelo risco – responsabilidade objetiva, prescinde da culpa. Ex: na falta
de regulamentação prevista pelos artigos aplica-se o 483º. Nestes casos o responsável não
tem culpa, prescinde-se do pressuposto da culpa, como no caso do comitente (art 500º).
Art 501º - no caso do Estado e pessoas coletivas.
✓ Responsabilidade objetiva (sem culpa), do fabricante ou produtor (decreto-lei 383/89 de
6 de junho). Responsabilidade por danos causados por produtos defeituosos, se o
fabricante produzir um produto que cause danos, responde por esses danos, desde que se
prove que o dano foi causado pelo defeito na produção.

• Art 500º - relação jurídica entre o comitente e o comissário. Pode ter origem num contrato
de trabalho ou num contrato de mandato (art 1157º).
• Alguém que encarrega outro por uma comissão também responde pelos danos. Comissão
é uma tarefa, um ato jurídico ou material (entrega de algo), que faça com que o comissário
ao executar essa tarefa cause danos, e ao causar danos atuando por conta de outrem dá
origem a responsabilidade para o comitente.
• O comissário é obrigado a indemnizar os danos causados por si. Em que termos indemniza?
Nos termos do art 483º - Responsabilidade por factos ilícitos e culposos.
• O comitente responde sem culpa, mas responde pelo risco, tendo com fundamento o art
500º.
• Art 497º - Responsabilidade Solidária – existe para beneficiar o lesado. Tem assim dois
responsáveis à sua escolha. Pode pedir indemnização apenas ao comissário que causou o
dano, ou ao comitente. Pode exigir tudo apenas a um dos responsáveis, ou pode exigir aos
dois, segundo a responsabilidade solidária, serve precisamente pata ter mais responsáveis
a quem pedir indemnizações.
• Se o comitente pagar a indemnização a quem foi causado o dano (ex: entidade patronal
paga por dano causado pelo seu funcionário), pode depois exigir o pagamento ao
funcionário que causou o dano. Pode pedir o reembolso, ou despedindo com justa causa.

• Responsabilidade Civil por atos lícitos ou por intervenções licitas – art 339º
✓ Art 339º - Estado de Necessidade – é lícito danificar ou destruir para remover perigo atual.

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✓ No entanto o autor tem de indemnizar o lesado. Há licitude da conduta, mas a obrigação


de indemnizar.
✓ Art 564º - danos patrimoniais
✓ Ex: art 1322º, 1367º, 1349, nº 3

• Responsabilidade Contratual art 397º - resulta da violação de uma obrigação em sentido


técnico, ou seja, a obrigação do devedor perante o credor. Há a violação de um direito de
crédito, há obrigação de uma pessoa perante outra – art 798º, 799º e 800º.

483º até 510º - Responsabilidade Extracontratual


3 Núcleos de

Responsabilidade 798º até 800º - Responsabilidade Contratual

Civil
562º até 572º - Indemnizar

NORMAS RELEVANTES PARA A TEORIA GERAL


• Direito de Propriedade – pág 144 até 157
✓ Propriedade privada – 1305º, 1305º A e 1306º
✓ O que é o Direito de propriedade e qual o seu conteúdo?
✓ 1305º - diz-nos o poder dos proprietários sobre o uso, o fruir e o dispor de
algo. O proprietário pode tudo o que a lei permitir. Tem poderes
indeterminados, podendo estes ser limitados. Ex de restrição: art 334º
(abuso de direito).
✓ 1305º A – deveres que o proprietário tem sobre animais. Os animais não
têm direitos pois não têm personalidade jurídica, mas nós temos deveres
para com eles.
✓ 1306º - Direitos Reais – Princípio da Tipicidade, só existem os direitos reais
que estão tipificados na lei.
✓ 1316º - Como se adquire o Direito de Propriedade.

• TIPOS DE PROPRIEDADE
✓ Propriedade de imóveis – 1344º e ss
✓ Propriedade das águas – 1385º e ss
✓ Compropriedade – 1403º e ss (parte comum de condomínios)
✓ Propriedade Horizontal – 1414º

• Direitos Reais Limitados – pág 155 a 157, são direitos que limitam a propriedade de
coisa alheia “jura in re aliena”, art 1306º, diz que estes direitos que limitam a
propriedade de outrem estão todos previstos na lei. Há 3 modalidades:
1º - Direitos reais limitados de gozo – art 1439º
2º - Direitos reais limitados de garantia – Livro II obrigações e art 656º

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3º - Direitos reais limitados de aquisição – art 421º e 413º


1º - Direitos reais limitados de gozo – art 1439º
• o direito de usufruto vai buscar à propriedade o direito de usar e fruir.
Quando à um usufruto a limitar a propriedade sobra o direito de dispor.
• Art 1484º e ss – Uso e Habitação – direito de usar na medida estrita da pessoa
e da sua família. Ex: terreno é um direito de uso.
• Se for habitação, falamos de um direito de habitar, mas apenas na medida
das necessidades da pessoa. Se é só uma pessoa numa casa de 5 quartos, só
pode usar 1 quarto e as zonas comuns na medida em que precisa.

• Art 1524º e ss – Direito de Superfície – tem importância económica. Proprietário de um


terreno que deixa construir um edifício. O terreno (superfície) é de um, mas o edifício é
de outro.

• Art 1543º e ss – Direito das Servidões Prediais – Ex: servidões de passagem, de água,
de vistas. Art 1550º - servidão legal de passagem, Ex: prédio rodeado de terrenos. O
proprietário do terreno não concede aceder, a lei define que tem obrigatoriamente que
passar pelo terreno de outrem, é um Direito constitutivo potestativo.

• Direito real de Habitação Periódica – decreto-lei 275/93 – direito a utilizar por um


tempo determinado, um certo espaço. Direito real de habitação periódica, ex: ter
sempre contratado umas semanas num apartamento para férias.

➢ DIREITO DE FAMILIA – Livro IV- a partir do art 1576º até 1586º


• Casamento
• Filiação, Responsabilidades Parentais
• Fontes Jurídicas Familiares:
1 – Casamento – 1587º e ss, 1577º
2 – Parentesco
3 – Afinidade
4 – Adoção

1 – Casamento
• Impedimentos matrimoniais – 1600º e ss
• Regime de Bens – 1682º até 1687º

2 – Parentesco – 1578º
• Parentesco na linha reta – 1580º
✓ Ascendente – Pais
✓ Descendente – Filhos

• Linha Colateral – 1580º


✓ Irmãos, que por sua vez têm filhos, netos, etc – 1578º parte final

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• Filiação – 1877º e ss
✓ Relações entre pais e filhos – 1885º
✓ Responsabilidades parentais relativamente ao património

• Tutela – 1921º, 1927º e ss

3 – Afinidade – 1584º
• Sogro, genro, cunhado, etc

4 – Adoção – 1586º

➢ DIREITO DAS SUCESSÕES – art 2024º e ss

• Mortis causa – sucessão por morte


• A sucessão surge com a morte e nesse momento procura-se apurar quem são
as pessoas que vão suceder. São sucessores nas relações jurídicas patrimoniais
do falecido (de cujus).
• Ter em conta as avaliações avaliáveis em dinheiro, assim como os bens do
falecido.
• Sucessor – é o herdeiro dos bens.
• Legado (legatários) – o testador indica uma pessoa como a que pretenda que
seja o sucessor em determinados bens. É indicado sempre em testamento.
• Sucessão legal – não há testamento.
✓ Pode ser legitima
✓ Pode ser legitimária
✓ Resulta sempre da lei
• Sucessão testamentária – 2179º e ss – é voluntária
• Sucessão legal – maioria dos casos – resulta da própria lei, é a regra.
• Sucessão legitimária – é legal, mas imperativa, protege certos herdeiros, os
chamados herdeiros legitimários.
✓ imperativa – não pode ser afastada por testamento – art 2156º e ss
✓ legitima – porção de bens que não se pode retirar aos herdeiros
legitimários
• Indisponibilidade relativa – 2192º e ss

NULIDADE E ANULABILIDADE

➢ Invalidade e Ineficácia Negocial – pág 615 e ss

➢ Nulidade e Anulabilidade do negócio juridico – art 285º e ss


• Nulidade – art 286º
• Anulabilidade – art 287º

• O negócio é inválido – não produz efeitos que as partes pretendiam ou não os produz
de forma definitiva, mas sim de forma provisória.

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A invalidade afeta o negócio jurídico. Há falta de um elemento essencial ao negócio.
Resulta do vicio, numa anomalia na formação do negócio.
• Causas da nulidade do negócio:
✓ Falta de capacidade do menor – há anulabilidade
✓ Incapacidade de exercício e de gozo
✓ Falta de legitimidade
• A invalidade do negócio tem duas modalidades:
✓ Nulidade – 286º
✓ Anulabilidade – 287º e 288º
• Os efeitos são iguais nas duas modalidades (art 289º), e têm de ser declarados por
tribunal, é o juiz que declara negócio nulo ou anulado.
• O que difere é o regime:
✓ A nulidade – só certas pessoas podem pedir, e tem prazo para requerer. Ex: erro
no negócio (art 247º), dolo (253º), coação moral (255º). É suscetível de ser
anulado no prazo indicado.
• Art 288º - a pessoa que tem legitimidade não o faz, essa pessoa tem o direito de anular,
mas pode não exercer esse direito. Neste caso pode CONFIRMAR, dizer à contraparte
que não vai exercer esse direito. Neste caso o negócio passa de anulável a válido, pois
quem poderia ter legitimidade para pedir a anulação acaba por confirmar.
• Deixar passar o prazo também torna o negócio válido (prazo de 1 ano a partir do dia que
toma conhecimento que o negócio é anulável e que foi enganado).
• Anulabilidade não é de conhecimento oficioso, o tribunal não tem de invocar a anulação
do negócio, mesmo que se aperceba que à vicio do negócio, por que a anulabilidade só
pode ser requerida pelo próprio ou representante.
• Norma Especial – art 125º - anulabilidade dos atos dos menores.

➢ RELAÇÃO JURIDICA – pág 177 até 191

• Elementos ou Estrutura externa da Relação Jurídica:


✓ Sujeitos: são as pessoas entre quem se estabelece o enlace, o vínculo respetivo.
São os titulares do direito subjetivo, de direitos e obrigações e suscetíveis a
serem titulares de relações jurídicas. Pode tratar-se de pessoas singulares e
pessoas coletivas.
✓ Objeto: é aquilo sobre o que incidem os poderes do titular ativo da relação. É o
objeto do direito subjetivo propriamente dito que constitui a face ativa da sua
estrutura,
✓ Facto jurídico: é todo o facto, ato humano ou evento natural, produtivo de
efeitos jurídicos. Pode ter eficácia constitutiva, modificativa ou extintiva. é um
pressuposto para a existência da relação jurídica.
✓ Garantia: é o conjunto de providencias coercitivas, postas à disposição do titular
ativo de uma relação jurídica, em ordem a obter satisfação do seu direito, lesado
por um obrigado que o infringiu ou ameaça infringir.

• A expressão relação juridica pode ser tomada num sentido amplo e num sentido restrito
ou técnico:

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• Noção de Relação Jurídica em sentido amplo - é uma relação da vida social, mas
juridicamente relevante. Relação entre as pessoas que produz efeitos jurídicos.
• Noção de Relação Jurídica em sentido técnico ou restrito – é uma relação da vida social,
regulada pelo direito, em que o direito atribui a uma das pessoas da relação jurídica um
direito subjetivo e impõe à outra pessoa um dever jurídico ou uma sujeição.
• Esta atribuição (sujeito ativo desta relação jurídica é o que tem o direito subjetivo que
lhe foi atribuído) do direito subjetivo por um lado e ao outro é imposto um jurídico
(impõe sujeição a outro. Este sobre a qual recai a obrigação é o sujeito passivo).
• Noção de Relação Jurídica Simples – temos um direito e uma obrigação.
• Noção de Relação Jurídica Complexa – há mais do que um direito e mais do que uma
obrigação na mesma relação. Ex: A vende carro a B, contrato de compra e venda, temos
um facto jurídico que dá origem a vários direitos e várias obrigações (art 879º):
1ª obrigação e direito – vendedor exige preço e comprador tem obrigação de entregar.
2ª obrigação e direito – comprador tem direito de exigir a entrega do carro e vendedor
tem obrigação de entregar.
CONTRATO SINALAGMÁTICO – ambas as partes têm direitos e obrigações – contrato
bilateral.

• Há um vínculo entre os sujeitos de uma relação jurídica. Este vínculo é o cerne do


Direito.

➢ DIREITO SUBJETIVO
• É o poder jurídico, reconhecido pela ordem jurídica a uma pessoa, de livremente
exigir (obrigação civil) ou pretender (obrigação natural – art 402º a 404º) de outrem
um comportamento positivo ou negativo.
• Poder de, por um ato livre de vontade, só por si ou integrado por um ato de uma
autoridade publica, produzir determinados efeitos jurídicos (modificativos,
extintivos, constitutivos) que inevitavelmente se impõe à contraparte.
➢ Estrutura da Relação Jurídica:

• Direito subjetivo em sentido amplo:


✓ Direito subjetivo propriamente dito
✓ Direito potestativo (despedimento com justa causa, despejo por falta de
pagamento ao senhorio, divorcio litigioso).
• Direito potestativo tem como contraponto o Estado de Sujeição.
• O dever jurídico (obrigação de realizar o comportamento a que tem direito o sujeito
de relação jurídica), contrapõe-se ao direito subjetivo propriamente dito = Estado
de Sujeição (ver-se fazer forçosamente).

• Direito subjetivo propriamente dito ou em sentido restrito ou stricto sensu=/dever


jurídico - Poder jurídico, reconhecido pela ordem jurídica a uma pessoa, de
livremente exigir (obrigação civil) ou pretender (obrigação natural – arts. 402.º-
404.º CC, p. ex. prescrição) de outrem um comportamento positivo (ação, facere)
ou negativo (omissão, non facere).
• Direito potestativo: =/estado de sujeição - Poder de, por um ato livre de vontade,
só de per si ou integrado por um ato de uma autoridade pública, produzir

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determinados efeitos jurídicos que inevitavelmente se impõem à contraparte.


Poder-dever ou poder funcional: Devem ser exercidos do modo exigido pela função
a que estão vinculados, não existe por isso liberdade de atuação: não são autênticos
direitos subjetivos.
• Poderes jurídicos stricto sensu ou faculdades: - São simples manifestações da
capacidade jurídica do sujeito de direito: não são direitos subjetivos por não
emanarem de relações jurídicas Ex. faculdade de contratar – art. 405.º / Ex.
faculdade de casar -art. 1600.º
• Dever jurídico: =/ dir. subj propriamente dito - É a obrigação de realizar o
comportamento a que tem direito o titular ativo da RJ - Dever de facere ou de non
facere: colaboração - É violável e sancionável
• Estado de sujeição: -Situação em que se encontra o sujeito passivo de ver produzir-
se forçosamente na sua esfera jurídica uma consequência (constitutiva,
modificativa ou extintiva) por mero efeito do exercício do direito potestativo - É
inviolável
• Ónus jurídico: não é dever - Necessidade de adoção de um comportamento para
realização de um interesse próprio Ex. ónus da prova; ónus do registo
• Expectativa jurídica: não é ainda um direito, mas já tem alguma tutela jurídica - É
a situação ativa, juridicamente tutelada, correspondente a um estádio dum
processo complexo de formação sucessiva de um direito - Ex. 242.º nº 2 herdeiros
legitimários / Ex. 273º atos conservatórios
• Relação obrigacional complexa ou em sentido amplo: - Respeita a relações
emergentes de contratos obrigacionais; abrange, além dos direitos e obrigações
principais, outros vínculos entre as partes, tais como: - indemnizações; - deveres
acessórios; - deveres laterais; - direitos potestativos; - sujeições; - ónus; -
expectativas; - etc.

QUESTÃO POSSÍVEL
Defina o direito subjetivo em termos gerais e, em seguida, descreva os vários direitos
subjetivos quanto à sua natureza e seus efeitos.

Direito subjetivo é o poder ou a faculdade, reconhecido ou atribuído pela ordem jurídica (= o


direito objectivo) ao seu titular, de exigir (judicialmente) ou de pretender (extrajudicialmente)
de outrem um comportamento (ativo/positivo ou passivo/negativo) ou o poder de produzir
unilateralmente por si (mediante um negócio jurídico) ou por sentença judicial efeitos jurídicos
na esfera de outrem (que se encontra num estado de sujeição). Distinguimos os direitos
subjetivos propriamente ditos (absolutos e relativos) e os direitos potestativos. Ver os Sumários
das aulas de 26.09. e 03.10.2019. Os direitos absolutos pertencem ao seu titular com exclusão
de todos os outros, são oponíveis a todos (= têm efeitos erga omnes) e corresponde-lhes a
obrigação passiva universal de os respeitar sob pena de responsabilidade extracontratual ou civil
em caso da sua violação culposa (artigo 483.º). Eles ou são direitos de domínio quando incidem
sobre um objecto, ou seja, uma coisa corpórea ou não corpórea ou um animal (artigo 1302.º),
designadamente o direito de propriedade (artigo 1305.º), ou são direitos de personalidade que
protegem a pessoa no seu ser (artigos 70.º e seguintes, por exemplo a intimidade da vida
privada). Diferentes são os direitos relativos ou direitos de crédito que conferem o direito a uma
prestação (artigo 397.º) e que vinculam as pessoas que a devem realizar e as pessoas que a

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podem exigir, vinculando deste modo unicamente as partes, sendo oponíveis entre estas (por
exemplo as partes de um contrato de compra e venda que estabelece obrigações recíprocas;
artigo 879.º), tendo assim efeitos inter partes. A sua violação culposa acarreta a
responsabilidade contratual (artigo 798.º).

Os direitos familiares pessoais apresentam características de direitos absolutos, ao excluir todos


os terceiros, e de direitos relativos nas relações entre cônjuges ou entre pais e filhos. Estes nunca
são objetos dos pais, mas sujeitos da relação paterno/materno-filial. Além dos direitos
subjetivos propriamente ditos temos os direitos potestativos que são exercidos unilateralmente
a partir de uma relação jurídica pré-existente e do seu exercício resulta como efeito a extinção
ou a modificação desta relação ou a constituição de um direito subjetivo novo. Após o seu
exercício o próprio direito potestativo fica sempre extinto. (É preciso dar exemplos para mostrar
que este tipo de direitos foi compreendido.)

PERSONALIDADE E CAPACIDADE JURIDICA


PESSOAS SINGULARES

➢ PESSOAS SINGULARES – art 66º e ss Têm em comum


➢ PESSOAS COLETIVAS – art 157º e ss Personalidade Jurídica

• A personalidade jurídica é uma qualidade que todo o ser humano com vida tem.
• Surge com o nascimento completo e com vida
• A relação jurídica é o vínculo que liga o sujeito ativo a um sujeito passivo, estes direitos
e obrigações são os direitos a que as pessoas são titulares desde o nascimento.
• O exercício de direitos depende e adquire-se com a maioridade.
• Os deveres pertencem a uma pessoa
• O sujeito tem uma qualidade, é titular de direitos e obrigações.

RESUMO – SUJEITOS DE DIREITO são os entes suscetíveis de serem titulares de direitos e


obrigações, de serem titulares de relações jurídicas. São sujeitos de direito as pessoas, singulares
ou coletivas.
Todo o sujeito de direito é necessariamente titular de facto de relações jurídicas. Para além de
um círculo mínimo de direitos patrimoniais, o sujeito de direito é necessariamente titular de um
círculo de direitos de personalidade.
A PERSONALIDADE JURIDICA consiste na aptidão para ser sujeito de relações jurídicas.
À personalidade jurídica é inerente a CAPACIDADE JURIDICA ou CAPACIDADE DE GOZO DE
DIREITOS. À pessoa reconhece o direito objetivo de capacidade jurídica, de modo que podemos
considerar a pessoa um ente capaz de direitos e obrigações (art 67º). Fala-se de capacidade
jurídica para exprimir a aptidão para ser titular de um círculo, com mais ou menos restrições, de
relações jurídicas.
Outra noção distinta é a CAPACIDADE DE EXERCICIO DE DIREITOS ou CAPACIDADE DE AGIR,
que é a idoneidade para atuar juridicamente, exercendo direitos ou cumprindo deveres,

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adquirindo direitos ou assumindo obrigações, por ato próprio e exclusivo ou mediante


representante legal. É reconhecida aos indivíduos que atinjam a maioridade (art 130º).
Quanto às pessoas coletivas, a sua capacidade de exercício repousa na conceção da relação
entre a pessoa coletiva e as pessoas que agem em seu nome
Faltando esta aptidão para atuar pessoal e autonomamente, deparamo-nos com uma
INCAPACIDADE DE EXERCICIO DE DIREITOS, que pode ser suprida pela representação legal ou
pela assistência.
São incapazes para o exercício de direitos, os menores (art 123º), os interditos (art 139º) e os
inabilitados (art 152º e ss). Devem assim estar desprovidas de capacidade de exercício as
pessoas que por anomalia mental ou defeito de caracter, não possam determinar com normal
esclarecimento ou liberdade interior os seus interesses. Daí que a lei tenha fixado taxativamente
certas situações em que, pelos fundamentos apontados, se verificam incapacidades de
exercício.

• COMEÇO DA PERSONALIDADE JURIDICA - Art 66º, nº2 – A lei reconhece que possam
ser atribuídos direitos a seres que ainda não nasceram, direitos esses que dependem
do nascimento. Só entram na esfera jurídica quando os indivíduos nascerem.
Há atribuição antes do nascimento, mas o direito só é adquirido após o nascimento.

• CONDIÇÃO JURIDICA DOS NASCITUROS - Art 952º - Contrato de Doação – Distingue


duas categorias: permite que se faça doações aos nascituros que ainda não nasceram,
mas foram concebidos (art 2033º nº1); e apenas testamentária e contratual quanto
aos nascituros não concebidos (ainda não foram concebidos) art 2033º nº2).
• O doador pode transmitir o direito, mas o donatário não tem ainda personalidade
jurídica, uma vez que ainda não nasceu. A lei permite a doação, mas o direito não
chega ao donatário enquanto não nascer.
• Enquanto o donatário não nasce, temos um “direito sem sujeito”, a doação não
pertence a ninguém até ao nascimento = ESTADO DE VINCULAÇÃO DE CERTOS BENS.
• Doação a nascituros não concebidos – Ex: avô faz doação ao futuro neto, que um dia a
sua filha virá a ter.
• Se nasce morto o direito de propriedade volta ao doador.
• Se nasce com vida, ganha o direito de propriedade, e se vier a falecer, entretanto, os
seus herdeiros vão herdar a doação – art 2133º.
• A lei admite ainda o reconhecimento dos filhos concebidos fora do matrimonio (art
1847º, 1854º, 1855º)

• Art 1855º - apenas se refere aos concebidos. O ato de perfilhação pode ocorrer entre
a conceção e o nascimento, mas os direitos dependem do seu nascimento completo e
com vida.

• Art 2033º - Todos os nascidos ou concebidos podem ser herdeiros. O nº 2 diz que os
não concebidos podem ser destinatários de uma deixa testamentária, desde que sejam
filhos de pessoa determinada viva.

• Lesões de nascituros concebidos no ventre materno (acidente, toma de medicação


que cause danos). Estas lesões causadas no nascituro já concebido, são danos

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provocados na integridade física. Como os nascituros não têm personalidade jurídica,


não tem direito a indemnização, exceto no momento em que nasce. Havendo os
pressupostos da Responsabilidade Civil, terá direito a ser indemnizado pelos danos
causados enquanto estava no ventre. Os representantes legais (pais) exercem o
direito.

➢ TERMO DA PERSONALIDADE JURIDICA

• MORTE CERTA – Nos termos do nº 1 do art 68º do Código Civil, a personalidade


cessa com a morte. No momento da morte a pessoa perde os seus direitos e
deveres da sua esfera juridica, extinguindo-se os de natureza pessoal e
transmitindo-se para os sucessores mortis causa os de natureza patrimonial.
• Não havendo cadáver não é possível passar certidão de óbito.
• Em casos em que o médico não consegue reconhecer e atestar a morte (nos
casos em que não há corpo), abre-se um processo de justificação judicial do
óbito, em que o juiz pode passar a certidão de óbito.
• Devem fornecer-se ao juiz elementos que levem o tribunal a pensar que não há
dúvida nenhuma sobre a morte, mesmo não havendo corpo. Ex: avião que
explode no ar, é visto que de facto aconteceu, sabemos a identidade das pessoas
que lá seguiam, por isso à prova de como aquelas pessoas morreram, podendo
assim o juiz passar a certidão de óbito.

• Art 114º - Morte presumida – Desaparecimento da pessoa


• Dispõe o art 68º nº3 que o desaparecimento de uma pessoa por não se
encontrar ou não ser possível identificar o cadáver, implica a abertura de um
processo de justificação ao judicial do óbito, que é promovido pelo Ministério
publico.
• Nestes casos devem aplicar-se as regras da morte presumida, de acordo com o
art 114º e ss.
• A pessoa desapareceu há mais de 10 anos e não temos nenhuma informação do
seu paradeiro, tanto pode estar viva como morta.

• PRESUNÇÃO DE COMORIÊNCIA - art 68º, nº2


• Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa,
presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
Presunção de mortes simultâneas.
• É uma presunção relativa, admite ser afastada mediante prova em contrário.
• Verifica-se em situações de familiares, que se podem suceder, podendo haver
dúvidas sobre quem faleceu primeiro (ex: pai e filho morrem num acidente).
• Art 2133º - herdeiros são chamados à sucessão segundo uma certa ordem, daí
ser necessário saber quem faleceu primeiro.

➢ WRONGFUL BIRTH E WRONGFUL LIFE ACTION – LER PÁGINA 217


• Surgiu nos tribunais Franceses no ano 2000, num processo em que uma mãe na
fase de gestação foi fazer uma ecografia e o médico não detetou qualquer
anomalia no desenvolvimento e o relatório dizia que estava tudo a evoluir bem.

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• No entanto a criança veio a nascer com um problema grave, sendo deficiente


profundo.
• Os pais foram a tribunal pedir ao juiz que condenasse o médico a pagar uma
indemnização por não terem sido informados pelas sobre as más formações.
• Houve aqui omissão do dever de informação acerca de um facto a que o médico
tem acesso.
• Temos o problema de um nascimento que não deveria ter acontecido –
Wrongful birth – direito a não nascer ou interrupção da gravidez.
• Há dano resultante da violação do direito de interrupção da gravidez. A
responsabilidade médica resulta da falta de informação do médico aos pais.
• Wrongful life – é a mesma omissão do médico, mas neste caso o filho pode por
si só ou com os pais em representação, pedir ao tribunal para obrigar o médico
a indemnizar por este estar vivo. É o direito à não existência.
• Esta ação foi intentada em Portugal e chegou ao Supremo (ver acórdão no livro),
mas o tribunal disse que não há no nosso código o direito à não existência, logo
o pedido foi indeferido. No entanto, teria sido admissível uma indemnização aos
pais pelos danos causados pelo sofrimento, uma vez que não puderam exercer
o seu direito à interrupção da gravidez.
• Ver caso prático responsabilidade extracontratual o médico e responsabilidade
da clínica – resolução: 483º, nº1, 500º, 798º, 800º.

➢ CAPACIDADE JURÍDICA
• Art 67º - aptidão para ser titular de relações jurídicas e de direitos e obrigações.
• Da personalidade emerge a: capacidade jurídica ou capacidade de gozo de direitos.
• Aptidão para ser titular de um conjunto maior de relações jurídicas.
• É um conceito quantitativo, podemos ter mais ou menos capacidade jurídica.
• As relações jurídicas dependem da nossa autodeterminação que surge com a
maioridade.
• A capacidade jurídica tem uma extensão dependendo do número de relações
jurídicas de que somos titulares, o número é variável de pessoa para pessoa e
conforme o momento da vida.

➢ CAPACIDADE NEGOCIAL DE GOZO E DE EXERCICIO (art 130º e 133º)


É no domínio dos negócios jurídicos que assumem particular importância as noções de
capacidade e incapacidade.
A incapacidade negocial de gozo provoca a nulidade dos negócios jurídicos respetivos
e é insuprível, ou seja, os negócios a que se refere não podem ser concluídos por outra
pessoa em nome do incapaz, nem por este com autorização de outra entidade.
A incapacidade negocial de exercício provoca a anulabilidade dos negócios jurídicos
respetivos e é suprível, não podendo os negócios serem realizados pelo incapaz ou por
seu procurador, mas podendo sê-lo através de meios destinados justamente ao
suprimento da incapacidade. Estes meios são encontrados nos art 124º, 125º nº2, 139º,
153º.
A representação é a forma de suprimento da incapacidade traduzida em ser admitida
a agir outra pessoa em nome e no interesse do incapaz. Essa pessoa é denominada

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representante legal, por ser designada pela lei ou em conformidade com ela. Não se
admite aqui um representante voluntário, dada a incapacidade do representado.
A assistência tem lugar quando a lei admite o incapaz a agir, mas exige o consentimento
de certa pessoa ou entidade. Enquanto o representante legal atua em vez do incapaz, o
assistente destina-se a autorizar o incapaz a agir.

Restrições na capacidade negocial de gozo: São considerados casos de


INDISPONIBILIDADE RELATIVA
*Incapacidades nupciais – 1601º e 1602º
*Incapacidade de testar dos menores não emancipados e dos interditos por anomalia
psíquica – art 2189º
*Incapacidade para perfilhar dos menores de 16 anos, dos interditos por anomalia
psíquica e dos notoriamente dementes no momento da perfilhação – art 1850º
*doações, quando feitas a determinadas pessoas por forma do art 953º

POSSÍVEIS QUESTÕES A SAIR NO TESTE

Na sua Parte Geral o Código Civil regula a aquisição da capacidade jurídica e da capacidade de
exercício de direitos. Quais são as respetivas normas e qual é o significado de capacidade
jurídica e capacidade de exercício?

RESPOSTA - A capacidade jurídica (artigo 67.º, 1.ª frase, CCiv) é uma qualidade da pessoa: a
idoneidade de ser sujeito de quaisquer relações jurídicas privadas, isto é, a idoneidade de ser
sujeito de quaisquer direitos subjetivos privados, de ter (possuir) direitos. A capacidade jurídica
flui da personalidade jurídica e adquire-se com o nascimento.

Excecionalmente, esta qualidade pode ser restringida (artigo 67.º, 1.ª frase, 2.ª parte). A
capacidade para o exercício de direitos (artigo 130.º CCiv) – mais explícito é o termo capacidade
de agir (que não é utilizado pela lei) – é a suscetibilidade de uma pessoa poder adquirir direitos
ou de assumir obrigações por atos próprios (ou por intermédio de um representante voluntário
[= procurador]).

A capacidade de exercício adquire-se com a maioridade. Em determinadas circunstâncias


(menoridade, interdição e inabilitação) a lei determina que as pessoas carecem da capacidade
de exercício (artigos 123.º, 139.º e 156.º CCiv).

Qual é a importância de capacidade negocial de gozo e de exercício e quais são as


consequências para os respetivos negócios se uma ou outra falta?

RESPOSTA - A capacidade negocial de gozo é o pressuposto imprescindível para alcançar


validamente a titularidade de certas relações jurídicas estritamente pessoais (casamento,
perfilhação, testamento). Sem esta capacidade é impossível de todo que uma pessoa seja
validamente sujeita da relação ou que tenha um direito subjetivo.

A falta desta capacidade no caso de casamento e perfilhação implica a anulabilidade, no caso do


testamento a nulidade. Esta falta não pode ser suprida; assim, uma aquisição válida da
titularidade fica excluída em definitivo.

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A capacidade negocial de exercício é exigida para a participação no tráfico jurídico negocial geral.
Sem esta capacidade também não é possível que uma pessoa seja validamente sujeito da
relação ou que tenha um direito subjetivo. A falta da capacidade de exercício tem como
consequência a anulabilidade.

Todavia, a falta pode ser suprida através dos institutos da representação legal e da assistência.
Os dois institutos viabilizam a aquisição de direitos e a assunção de obrigações pelo incapaz e
garantem deste modo a sua plena participação (inclusão) no tráfico jurídico negocial geral.

Defina e exemplifique as incapacidades de gozo relativas e indisponibilidades relativas e diga


como afetam os negócios celebrados.

RESPOSTA - São parecidas com a incapacidade negocial de gozo as situações em que uma pessoa
tem em princípio plena capacidade negocial de gozo mas o seu relacionamento com
determinadas outras pessoas faz com que não possa celebrar validamente com estas um
negócio estritamente pessoal, ou seja, o casamento (artigo 1602.º CCiv). Aqui fala-se de uma
incapacidade negocial de gozo relativa (melhor dizendo, de uma ilegitimidade).

O casamento é anulável. Igualmente em outras situações o relacionamento entre determinadas


outras pessoas faz com que não possam celebrar validamente negócios jurídicos entre si,
havendo, portanto, ilegitimidades.

Contudo, nestes casos não se trata de relações ou de negócios estritamente pessoais, mas da
participação no tráfico jurídico negocial. As pessoas têm capacidade negocial de exercício, mas
a lei proíbe-lhes que façam disposições a favor de determinadas pessoas sob pena de nulidade.

São as indisponibilidades relativas previstas nos artigos 953.º e 2192.º a 2198.º CCiv. A
indisponibilidade relativa não pode ser suprida pela interposição de terceiras pessoas; deste
modo, uma disposição válida está excluída em definitivo.

INCAPACIDADES DE EXERCICIO ESTABELECIDAS NO CODIGO CIVIL SÃO:


*menoridade
*Interdição
*inabilitações
*incapacidades conjugais
*incapacidade natural acidental

➢ CAPACIDADE JURÍDICA DOS MENORES


• No caso de um recém-nascido, este tem poucas relações jurídicas. Pode ter direito
de propriedade sobre os presentes que recebe.
• Tem os direitos de personalidade que adquire com o nascimento.
• A capacidade jurídica de menores que se adquire com o nascimento é plena, salvo 3
exceções à sua capacidade de gozo:
1- 1601º» 1631º» 1639º» 1643º - Matrimónio de menor de 16 anos –
anulabilidade do Casamento do Menor
2- 1850º» 1861º - Perfilhação – Anulabilidade de Perfilhação de Menor
3- 2189º a)» 132º» 2191º - Incapacidade para testar do Menor – testamento é
nulo, pode requerer a nulidade do testamento nos termos do art 286º.

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➢ INCAPACIDADE DE EXERCICIO DE DIREITOS DE MENORES – art 122º a 129º

➢ INDISPONIBILIDADE RELATIVA – Incapacidade de gozo art 2192º até 2198º


• Situações em que o testador não tem capacidade de gozo para celebrar o negócio.
Mas é uma capacidade relativa, porque o individuo é maior de idade, mas vai fazer
o testamento a favor de certas pessoas que a lei não permite.
• Outras situações de incapacidade de gozo relativa – ilegitimidade art 261º; 877º,
953º, 1601º

➢ MENORIDADE

• Art 122º
• Art 123º - trata-se da capacidade para exercício de direitos e capacidade por
atuar juridicamente, abrange cumprimento de obrigações, assunção de
obrigações e exercício de direitos, por ato próprio e exclusivo ou mediante
representante voluntário.
• No que toca aos direitos pressupões uma aptidão para exercer direitos e para
cumprir deveres. Aquisição de direitos e assunção de obrigações.
• Assume obrigações de forma autónoma (por si só) e de forma exclusiva
(sozinho), não precisando de autorização de outros.
• A pessoa atua com capacidade por si ou por representante voluntário (pode
conferir poderes, através de uma procuração, para agir no seu tráfego jurídico).
• Esta é a capacidade que falta aos menores, mas há exceções (art 127º):
✓ Possibilidade de menor de idade com mais de 16anos poder trabalhar.
✓ Celebrar alguns negócios jurídicos da vida do menor, e que esteja ao
alcance da sua capacidade, e que sejam atos de pequena importância.
✓ Menores que tenham uma profissão autorizada a exercer
• Art 132º + 133º - apesar de menor pode ser emancipado e ter capacidade para
o exercício de direitos.
• Art 124º - representação do menor pelo poder paternal. São as
responsabilidades parentais (1877º e ss)
• Art 1921º - representação pela tutela
• Art 1937º - atos proibidos ao tutor
• Art 1938º e 1889º - atos dependentes de autorização do tribunal
• Os tutores não podem ter o mesmo regime dos progenitores, apenas podem
representar o menor.
• Art 1939º - atos dos tutores são nulos.

• Administração de Bens art 1967º e ss – forma de suprimento da incapacidade


dos menores, quando é necessário designar administrador para administrar os
bens.
• Art 1971º - Direitos e deveres do Administrador – os atos de administração de
bens, sobretudo ordinários, têm em vista a conservação do património e a sua
frutificação normal (procura de obtenção de rendimentos):
✓ Frutos naturais – os que resultam do cultivo da terra, ex: pomar

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✓ Frutos civis – obtenção de rendimentos a partir de arrendamentos de


imóveis.
• Art 125º - Por vezes os menores celebram negócios jurídicos, mesmo não
podendo, pois não cabem nas exceções:
✓ Nestes casos são anuláveis – art 125º
✓ O menor não tem capacidade de gozo para determinadas relações
jurídicas (ex: celebrar um testamento)
✓ O ato é anulável pelo regime geral (art 287º): pelo progenitor ou
administrador no prazo de 1 ano do conhecimento e até atingir
maioridade ou emancipação.
✓ O art 125º responde a: qual o valor jurídico do ato praticado; quem tem
legitimidade para anular; quais os prazos para anular.
✓ Nº 2 do 125º (remete para 288º nº 3 e 4) – quem tem o direito de anular
(conforme nº1), confirma o negócio. Neste caso vai sanar (desaparecer)
a anulabilidade, torna o negócio válido.

➢ DOLO DO MENOR – art 126º


• É um vicio da vontade (art 253º e 254º), é a indução em erro.
• Se o menor induzir em erro o outro relativamente à sua condição e capacidade
(dizendo que é maior ou emancipado), está a enganar e a usar de artifícios, neste
caso a lei não protege o menor, mas sim a contraparte que foi enganada.
• A contraparte guia-se pela confiança.
• Neste caso o menor não pode invocar o direito de anular, conforme art 125º, nº 1
alínea b).
• A norma deve ser vista de forma extensiva e deve alargar-se esta norma também à
alínea a) e alínea c) - Visão do Prof Pinto Monteiro – Deve proteger-se o negócio da
contraparte.
• Já a visão do Prof Hoster é que deve ser vista a letra da lei e o representante já tem
o direito de pedir a anulação, pois não teve culpa do dolo do menor.

➢ MAIOR ACOMPANHADO – art 138º e ss


• Processo judicial que se chama acompanhamento. A decisão do tribunal não
prescinde de ouvir o acompanhado (maior de idade que por razões de doença,
deficiente, abuso de álcool, etc, não tem possibilidade de exercer plena, pessoal e
conscientemente os seus direitos, nem cumprir os seus deveres).
• Art 138º - pressupostos para ser decretado o acompanhamento.
• Art 139º - ouvir o próprio sempre que possível.
• Processo é instaurado pelo próprio (art 141º) ou pelo ministério publico.
• Art 131º + art 142º - ação de acompanhamento.
• Estamos perante uma restrição de capacidades.
• Art 145º - conteúdo e medidas de acompanhamento a adotar. O tribunal decreta o
mínimo necessário, para que o acompanhado mantenha o máximo de autonomia
possível.
• art 145º, nº 2, b) - Representação geral, é o representante que atua e não o
acompanhado.

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• Representação Especial – nomeação pelo tribunal e indicação dos atos para os


quais o representante poderá atuar.
• Art 143º - quem pode ser o acompanhante, sempre a pensar no interesse do
acompanhado.
• Art 147º - maior acompanhado conserva plena capacidade de gozo do exercício de
direitos.
• Art 154º - atos praticados pelo acompanhante.
• Art 156º - Mandato (1157º), o maior celebra um contrato de Mandato, para
prevenir o seu futuro, caso fique com alguma necessidade de acompanhamento.
• Se o acompanhado praticar um ato que não poderia fazer porque necessita do seu
acompanhante ou autorização de representante, nos termos do art 154º a
consequência é a anulação.
• Art 257º - quando o ato é praticado antes de se colocar a ação em tribunal.
• O regime de anulação aplicável aos maiores acompanhados é o 287º (regra geral).
• Deve-se recorrer ao 125º por analogia para regular os termos de anulação de
negócios de maiores acompanhados.

➢ ILEGITIMIDADES CONJUGAIS
• Perceber que à certos atos (negócios jurídicos) que os cônjuges não podem
livremente e de modo próprio celebrar sem o consentimento do outro.
• Isto advém do casamento, havendo vários regimes associados.
• São situações que visam proteger o cônjuge que não autoriza o ato.
• Ilegitimidades resultam do regime de casamento e é aplicado o regime de Familia,
desde o art 1671º.
• Art 1687º - possibilidade de requerer a anulação de negócios celebrados por um
dos cônjuges de bens imóveis, previstos no art 1682º:
✓ Anulável nos seis meses seguintes ao conhecimento
✓ Deixa de ser possível após 3 anos da celebração do negócio.
• Art 1682º, nº3 - No caso de um carro ser apenas de um, mas se for utilizado pelos
dois, deve ser consentido na mesma pelos dois.
• Art 1682º A – Bens imóveis
• Art 1682º B – ambos têm de dar consentimento relativo a arrendamento referente
à casa de morada de família.
• Art 877º - consagra uma ilegitimidade
➢ INCAPACIDADES ACIDENTAIS – art 257º«« 154º nº3
• Individuo maior com anomalia psíquica grave, mas ninguém invocou ao tribunal a
necessidade de haver um acompanhante.
• Este individuo celebra negócios jurídicos ruinosos para si próprio.
• A família apercebe-se da situação e vai a tribunal pedir o acompanhamento.
• O tribunal nomeia um acompanhante e este pode pedir a anulação do negócio por
incapacidade acidental, desde que prove que no momento do negócio o individuo
não estava nas suas plenas capacidades e que não entendia o sentido do que estava
a fazer.
• Ou provando que a outra parte tinha conhecimento da incapacidade, mas realizou
na mesma o negócio, tirando partido da situação.

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➢ INSOLVENTE
• Pessoa singular ou coletiva que não tem capacidade para cumprir as suas
obrigações vencidas.
• Declarada a insolvência os bens passam a integrar a massa insolvente.
• O Tribunal nomeia um administrador e o devedor fica privado dos deveres de
administração e dos bens.
• O património é liquidado para pagar as dividas aos credores.
• CIRE – Código de Insolvências e Recuperação de Empresas.
• O insolvente passa a ser alguém que não tem legitimidade para gerir os seus
próprios bens.

➢ DOMICíLIO – art 82º e ss


• Saber qual o domicílio do réu.
• Art 2031º - importância do domicílio no caso de sucessão por morte.
• Art 32º - domicílio apátridas
• Normas supletivas do lugar de prestação – 772º, 774º, 775º - normas que suprem
lacunas do negócio jurídico.

➢ AUSÊNCIA – art 89º e ss


• Desaparecimento associado à falta de notícias.
• É o que desapareceu, sem que se saiba onde está e sem ter deixado representante
legal.
• Poderá aqui ter lugar um curador provisório para administrar os bens do ausente.
• A curadoria cessa se estiver ausente por mais 2 anos.
• A partir daí temos a curadoria definitiva.
• A partir daqui os bens são entregues aos curadores definitivos, este são os
herdeiros, os sucessores no património.
• Morte presumida – art 114º e ss

PESSOAS COLETIVAS
• art 157º e ss
• As pessoas coletivas são coletividades de pessoas ou complexos patrimoniais
organizados em vista de um fim comum ou coletivo a que o ordenamento jurídico
atribui a qualidade de sujeitos de direito. Possuem um património próprio,
separado do das pessoas singulares ligadas à pessoa coletiva. São titulares de
direitos e destinatários de deveres jurídicos, adquirem direitos e assumem
obrigações através da prática de atos jurídicos, realizados em seu nome pelos seus
orgãos.

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• Considerando a expressão pessoa coletiva em sentido lato, podemos distinguir três


modalidades fundamentais em correspondência com a terminologia e a
classificação feita pelo Código Civil de 1966 e previsto no art 157º:
✓ Associações art 167º e ss – pessoas coletivas que não visam o lucro, mas
sim o interesse altruístico.
✓ Fundações art 185º e ss – massas de bens, patrimónios que não visam o
lucro, que têm um interesse social.
✓ Sociedades art 980º - têm origem num contrato de sociedade, com fim de
repartir lucros resultantes da atividade. Código das sociedades comerciais,
regula as sociedades.
• Para atribuir personalidade jurídica aos entes coletivos, o direito civil não precisa
de fingir estar perante uma pessoa física ou singular. A personalidade jurídica das
pessoas coletivas é uma realidade situado no mundo jurídico. É um mecanismo
técnico-jurídico.

• As pessoas coletivas têm qualidade de sujeitos de direito e podem ser titulares de


relações jurídicas, têm direitos e obrigações.
• São organizações constituídas por uma coletividade de pessoas, para a realização
de interesses comuns ou coletivos.
• São coletividades de pessoas que segundo a doutrina:
✓ Corporações – Associações e Sociedades – Agrupamento de pessoas
singulares que visam um interesse comum, egoístico ou altruístico.
✓ Fundações – conjunto de massas de bens e patrimónios ligado ao fundador.
Este pode fixar as normas de funcionamento e após a sua criação, o
fundador fica fora dela.
• Na lei temos esta distinção conforme previsto no art 157º:
✓ Pessoas coletivas de direito publico
✓ Pessoas coletivas de direito privado

• Constituição das pessoas coletivas:


✓ A constituição da pessoa coletiva tem de obedecer a 2 elementos
obrigatórios:
✓ O SUBSTRATO – É o elemento material ou de facto, é um conjunto de dados
anteriores à criação da personalidade jurídica.
✓ O RECONHECIMENTO – é o elemento formal e de direito, estando este
verificado surge uma nova pessoa jurídica, a pessoa coletiva, que se torna
titular de relações jurídicas.
• SUBSTRATO – decompõe-se em 5 subelementos:
✓ Elemento pessoal – verifica-se nas corporações e são as pessoas físicas, é o
conjunto de associados.
✓ Elemento patrimonial – verifica-se nas fundações e é conjunto de bens
avaliados em dinheiro (património), é o complexo de bens que o fundador
afetou à consecução do fim fundacional.
✓ Elemento teleológico (deve revestir os requisitos gerais o objeto de qualquer
negócio jurídico previsto no art 280º + 167º) – fim ou escopo comum que a
pessoa quer prosseguir. Ex: stand para vender carros, é a atividade a realizar
✓ Elemento intencional (art 167º ou 186º) – trata-se da intenção de criar uma
nova pessoa jurídica, haver a intenção de criar uma personalidade autónoma.

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✓ Elemento organizatório – conjunto de preceitos disciplinadores das


características e do funcionamento da pessoa coletiva, formado pelas normas
que regulam a pessoa coletiva (normas + estatutos + órgãos)

• RECONHECIMENTO – elemento que vai permitir a personalidade jurídica, tem 2


modalidades de reconhecimento:
✓ Reconhecimento normativo, derivado automaticamente da lei, traduzido num
ato individual de uma autoridade publica, pode revestir duas formas:
** incondicionado – a ordem juridica é atribuída sem exigências
** ou condicionado – a lei formula a exigência de determinados pressupostos,
que sendo acrescentados aos elementos do substrato e após verificados, a
pessoa coletiva é constituída, sem necessidade de apreciação pelo Estado. Este
é o que vigora entre nós no dominio das sociedades comerciais e civis e das
associações. Ex: Art 158º, nº1 – reconhecimento condicionado ao art 167º.
✓ Reconhecimento individual ou por concessão – deriva de uma decisão
individual, discricionário de uma autoridade publica que avalia caso a caso.

• Art 980º - Forma de Contrato das Pessoas coletivas


• Art 160º - Capacidade de Gozo das Pessoas Coletivas:
✓ Do nº 1 resulta uma limitação: só podem ser titulares de relações jurídicas
que estejam relacionadas e justificadas pelos seus fins – Princípio da
especialidade do fim.
✓ Do nº 2 resultam duas limitações: só podem praticar e ter os direitos e
obrigações previstos na lei e os direitos que sejam diferentes dos direitos das
pessoas singulares (ex: direitos de personalidade).
✓ Têm capacidade de gozo e capacidade de exercício.

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