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➢ I LIVRO - Parte Geral (engloba os temas relativos aos elementos comuns às outras
quatro partes, aqui atende-se além das normas sobre as leis, sua interpretação e
aplicação, à disciplina separada de cada um dos elementos da relação jurídica - sujeito,
objecto, facto jurídico e garantia)
➢ II LIVRO - 1ª parte de Obrigações em geral (Obrigações são vínculos jurídicos por virtude
dos quais uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação. Credor
/ Devedor) 2ª parte de Contratos em Especial
➢ III LIVRO - Dto. das Coisas ou Reais (são as relações de um sujeito jurídico com todas as
outras pessoas, por força das quais aquele sujeito adquire um poder directo e imediato
sobre uma coisa. Poder esse, oponível a todos os Homens.
➢ IV LIVRO - Dto. de Família (são relações emergentes do casamento, parentesco, da
afinidade ou da adopção)
➢ V LIVRO - Dto. das Sucessões (são as relações dirigidas a actuar a transmissão dos bens
por morte do seu titular)
Teoria Geral da Norma Jurídica Civil - é a teoria geral do dto. objectivo: norma jurídica
Teoria Geral da Relação Jurídica Civil - é a teoria geral do dto. subjectivo(estudo da estrutura e
dos elementos deste): relação jurídica
Ambas as partes são, com inteira propriedade, TEORIA GERAL DO DTO.., na verdade a expressão
DIREITO, pode ter dois sentidos diferentes:
Sujeitos da relação jurídica: Relação de homem para homem cada qual possui uma situação
jurídica própria, consistente na posição ocupada na relação jurídica como titular de direitos e
deveres. A situação jurídica ativa corresponde à posição de agente portador de direito subjetivo,
enquanto a situação jurídica passiva, a de possuidor de dever jurídico.
INTRODUÇÃO
• O Direito Civil tem 4 sub-ramos: Obrigações, coisas, família, sucessões, vamos estudar o
que é em comum a todos os ramos do Código Civil.
• DIVISÃO DO DIREITO – (questão que costuma sair no teste) Teoria que procura dizer as
situações que são de Direito Publico e de Direito Privado. Divide-se em 3 teorias que
servem para saber qual o tribunal para cada situação jurídica.
TEORIA DOS
SUJEITOS
DIREITO PRIVADO - *relações entre particulares.
*relações entre o Estado e os particulares em que o
Estado intervém/atua sem poder soberano (atua em pé de igualdade)
Ex: compra de produtos a nível particular para um serviço publico)
Diga qual o critério que lhe parece de adotar no tocante à distinção entre o Direito Público e
o Direito Privado, refira-se à importância prática dessa distinção e situe o Direito Civil nessa
grande divisão.
RESPOSTA – Podemos começar por referir que o Direito Civil é o Direito Privado. O Direito divide-
se em dois grandes ramos: o direito publico e o direito privado.
Dependendo do conflito a resolver poderá ter de ser resolvido em diferentes instâncias. Existem
3 Teorias que procuram dizer as situações que são de Direito Publico e de Direito Privado e
servem também para saber qual o tribunal para cada situação jurídica.
*A Teoria dos Sujeitos seria o critério mais adequado para nós, também designada como teoria
da qualidade, em virtude de assentar na qualidade dos sujeitos das relações jurídicas
disciplinadas pelas normas a qualificar como de direito publico ou de direito privado.
Segundo este critério, o direito privado regula as relações jurídicas estabelecidas entre
particulares ou entre particulares e o Estado.
Regula também as relações entre outros entes públicos, mas sempre com a intervenção do
Estado. Isto acontece quando o Estado faz compras ou um arrendamento a um particular. Neste
caso atuam em pé de igualdade com o vendedor ou senhorio e estão fora do exercício de
funções soberanas.
Podemos verificar que a distinção entre Direito publico e Direito privado vai muitas vezes
determinar as vias judiciais a que o particular que se considera lesado pelo Estado deve recorrer
ou vice-versa.
Se o particular tem uma pretensão contra o Estado ou vice-versa, há que averiguar, se a relação
jurídica de onde essa pretensão deriva é uma relação de direito privado ou publico. Essa
averiguação irá determinar o tribunal competente para a apreciação da lide, pois a competência
deste é demarcada, segundo um princípio de especialização, e em função da matéria sujeita a
aprovação.
As ações entre particulares ou entre um particular e o Estado derivadas de uma relação de
direito privado devem ser propostas nos tribunais judiciais. Questões de relações jurídicas entre
publico e estado, o litígio é resolvido nos tribunais administrativos.
Já a responsabilidade civil, ou seja, a obrigação de indemnizar os prejuízos sofridos, decorrente
de uma atividade do Estado ou órgão publico está sujeita a um regime diverso, consoante os
danos não causados no exercício de uma atividade de gestão publica ou de uma atividade de
gestão privada.
Se os danos resultam de uma atividade de gestão publica, os pedidos de indemnização feitos à
administração são apreciados pelos tribunais administrativos.
Se os danos resultarem de uma atividade de gestão privada, os pedidos de indemnização são
feitos contra a administração local e são deduzidos perante os tribunais judiciais, sendo o regime
o constante no Código Civil (art 501º e 500º).
Pode concluir-se que atividade de gestão publica é a atividade da administração pelo direito
publico, e atividade de gestão privada é a que é regida pelo direito privado.
➢ Diplomas legais onde se encontra o Direito Civil, fontes legislativas, são elas:
✓ Constituição da República Portuguesa de 1976
✓ Código Civil de 1966
✓ Legislação complementar (avulsa), após 1966 e que não está no código.
✓ Casuístico
✓ Simples diretivas
✓ Conceitos determinados gerais e abstratos (é o nosso)
➢ Princípios Constitucionais (CRP) que têm implicação com o Direito civil (artigos da
constituição com conteúdo do direito civil), são eles:
✓ Artº 24º e ss; Artº 16º nº2; Artº 36º; Artº 61º; Artº 62º; Artº 13º
➢ A aplicação dos preceitos constitucionais das relações entre privados (artº 18º nº1 CRP)
– “drittwirkuus” – eficácia da constituição em relação a terceiros. Teoria da eficácia
reflexa.
Quais as fontes de direito que regulam o Código Civil Português e as respetivas formulações.
As disposições iniciais da principal lei civil regulam a matéria das fontes de direito.
Dispõe o artigo 1º do Código Civil que são fontes de direito, as LEIS e as normas corporativas.
Por lei entende-se toda a disposição imperativa e geral de criação estadual, ou seja, emanada
dos órgãos estaduais competentes segundo a Constituição. Com a extinção dos organismos
corporativos, as normas corporativas deixaram de existir, pelo que não são hoje consideradas
como fonte de direito.
Para além das leis, o código civil refere no seu art 3º os usos conformes ao princípio da boa fé.
Por um lado, os usos só valem quando a lei o determinar, por outro, não se exige a
obrigatoriedade dos referidos usos por parte dos que o adotam.
O art 4º permite também aos tribunais a solução da equidade nos casos que lhes são presentes.
A admissão da equidade foi aceite, mas com apertados limites: a existência de disposição legal
que a permita ou convenção das partes.
Verifica-se que nem o costume, nem a jurisprudência são reconhecidos como fonte de direito
pelo código civil Português, nem sequer como meio de integração das lacunas na lei.
A lei é então a fonte mais importante do direito civil português, sendo quase exclusiva.
O vértice de todo o ordenamento jurídico é constituído pelo direito constitucional. Encontram-
se por isso, na Constituição da República Portuguesa, princípios determinantes do conteúdo do
direito civil português.
Entre os princípios constitucionais suscetíveis de condicionar o conteúdo das normas de direito
civil avultam os direitos, liberdades e garantias enunciados nos artigos 24º e ss. Têm igualmente
importante significado para o direito civil os art 36º, 61º, 62º, 13º.
Sabemos que as normas de direito civil estão fundamentalmente contidas no Código Civil
Português de 1966, mas há também alguns diplomas avulsos, que regulam, matérias
importantes do direito privado comum.
Certos problemas de direito civil podem encontrar as soluções numa norma que não é de direito
civil nem de direito constitucional. A Constituição contém uma força geradora de direito privado.
As suas normas não são meras diretivas programáticas de carácter indicativo, mas sim normas
vinculativas que devem ser acatadas pelo legislador, pelo juiz e demais órgãos estaduais.
O legislador deve emitir normas de direito civil não contrárias à Constituição; o juiz e os órgãos
administrativos não devem aplicar normas inconstitucionais.
As normas constitucionais têm também eficácia no domínio das relações entre particulares,
impondo-se à vontade dos sujeitos jurídico-privados nas suas convenções. Esta ideia é referida
como teoria da eficácia reflexa, e encontra apoio no art 18º, nº1 da Constituição.
O código civil pode corresponder a modelo diversos, sob o ponto de vista do tipo de formulação
legal adotado. Podemos distinguir três tipos de formulação legal:
✓ O tipo de Formulação Casuística, que se traduz na emissão de normas jurídicas
prevendo o maior número possível de situações da vida, descritas com todas as
suas particularidades e fazendo corresponder-lhe uma regulamentação
extremamente minuciosa. Num código deste tipo procura-se usar uma
linguagem que o torne acessível a qualquer cidadão e excluir a necessidade de
interpretação das normas pelos juízes.
✓ O tipo de Formulação que recorre a conceitos gerais-abstratos, e que se traduz
na elaboração de tipos de situações da vida, mediante conceitos claramente
definidos e recortados, aos quais o juiz deve subsumir as situações a decidir e
as soluções respetivas.
✓ Podemos ainda distinguir o tipo de Formulação que recorre às meras diretivas.
Neste tipo o legislador recorre a linhas de orientação que fornece ao juiz,
enuncia cláusulas gerais e formula conceitos maleáveis, onde não há uma zona
nuclear segura e cujos contornos e extensão aparecem indeterminados.
A aplicação do direito civil à convivência humana desencadeia uma teia de relações jurídicas
entre os homens, relações traduzidas em poderes (direitos) e deveres jurídicos.
Num sentido puramente técnico, ser pessoa é precisamente ter aptidão para ser sujeito de
direitos e obrigações, é ser um centro de imputação de poderes e deveres jurídicos, ser um
centro de uma esfera jurídica.
As pessoas em sentido jurídico, para além dos seres humanos, são também certas organizações
de pessoas (associações e sociedades) e certos conjuntos de bens (fundações) a quem o direito
objetivo atribui personalidade jurídica.
Reconhece-se personalidade jurídica a todo o ser humano a partir do nascimento completo e
com vida (art 66º, nº1).
A personalidade jurídica, a suscetibilidade de direitos e obrigações, corresponde a uma condição
indispensável da realização por cada ser humano dos seus fins ou interesses na vida com os
outros.
2 – DIREITOS DE PERSONALIDADE – são direitos que surgem com o nascimento, são inatos na
sua maioria, subsistem até à morte.
• São inatos e vitalícios, são direitos absolutos, que se opões a todos os outros (erga
omnes), cada um de nós pode opor a todos os outros, são direitos gerais (todos os têm).
Todos os outros têm de respeitar.
• Direito à vida, à integridade física, à imagem, à saúde.
• Art 70º nº1 – proteção dos modos de ser do individuo, será físico ou moral. O legislador
tutela em geral a personalidade.
• Os direitos de personalidade têm tutela mas não têm direito pecuniário.
• Art 70º nº2 – a responsabilidade civil é uma consequência possível ou as providencias
adequadas (ir a tribunal para que quem se sente ameaçado por algo pedir ao juiz que
impeça algo se acontecer). Ex: impedir publicação de uma entrevista ou pedir que um
livro não seja publicado ou que seja retirado do mercado. Repor a verdade sobre algo.
Toda a pessoa pode ser titular de relações jurídicas, ser sujeito de direito, ser pessoa, significa
ser sujeito de direitos.
Toda a pessoa jurídica não só pode ser, como efetivamente, é, titular de alguns direitos e
obrigações. Qualquer pessoa é sempre titular de um certo número de direitos absolutos, que se
impõe ao respeito de todos os outros, incidindo sobre os vários modos de ser físicos ou morais
da sua personalidade. São os chamados direitos de personalidade (art 70º e ss).
Incidem os direitos de personalidade sobre a vida da pessoa, a sua saúde física, a sua honra, a
sua liberdade física e psicológica, o seu nome, a sua imagem ou a sua reserva sobre a sua
intimidade da visa privada.
A violação de alguns desses aspetos da personalidade é um facto ilícito criminal, que
desencadeia uma punição estabelecida no código penal, ou, naquelas em que por não assumir
um especial relevo para a coletividade, a violação não corresponde a um ilícito criminal, mas sim
a um facto ilícito civil. Este facto ilícito civil, traduzido na violação de um direito de personalidade
desencadeia (nº 2 do art 70º) a responsabilidade civil do infrator (obrigação de indemnizar os
prejuízos causados), bem como certas providências não especificadas e adequadas às
circunstâncias do caso, com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da
ofensa já cometida.
negócios jurídicos que não estejam previstos na lei. EX: testamento (negócio
jurídico unilateral); promessa publica (art 459º)
• PRINCíPIO DA LIBERDADE CONTRATUAL (art405º) – a autonomia da vontade
assume a sua plenitude nos contratos bilaterais (art 405º), à grande liberdade
concedida às partes.
• Art 405º nº1 – temos um desdobramento em duas liberdades:
✓ Liberdade de celebração dos contratos ou de conclusão
✓ Liberdade de modelação ou fixação so conteúdo contratual (ex: termos
ou cláusulas de um contrato compra e venda)
EXCEÇÕES:
1. Sujeição do objeto do contrato aos requisitos do art 280º. Ex: contrato para venda de
droga, o contrato é nulo, pois é proibido vender droga (o objeto do contrato é ilegal)
2. Os negócios usurários (art 282º, 283º, 284º), são negócios em que há uma clausula
usurária (exploração). Por ex: contrato de mútuo com taxa de juros superior à taxa
máxima legal. Há anulabilidade do negócio, no caso de uma clausula contratual explorar
outrem.
3. Princípio da boa fé é uma limitação a esta liberdade (art 762º nº2), não podemos ter
cláusulas contrárias à boa fé.
4. Contratos tipo ou contratos normativos – Estado fixa as cláusulas contratuais para todos
os contratos. Não há liberdade contratual para o trabalhador.
5. Normas imperativas (forma, prazos, taxas de juros, atualizações de rendas, etc) não
podem ser afetados pelas partes. (ex: 1146º, 1025º)
6. Contratos de adesão – são uma limitação pois representam um perigo. Uma pessoa faz
um contrato e a outra adere a esse contrato sem discutir as condições. Ex: compra de
bilhete para andar de metro, temos de cumprir o contrato. De forma a proteger os
abusos por quem faz contratos há um decreto de lei 446/85 (sobre cláusulas contratuais
gerais).
Uma ideia fundamental do direito civil Português reside no princípio da autonomia privada, que
tem a sua dimensão mais visível na liberdade contratual (art 405º).
A produção de efeitos jurídicos (constituição, modificação ou extinção de relações jurídicas),
resulta principalmente de atos de vontade, dirigidos precisamente à produção dos referidos
efeitos. Os atos jurídicos, cujos efeitos são produzidos por força da manifestação de uma
intenção e em consciência com o teor declarado dessa intenção, designam-se por negócios
jurídicos.
O negócio jurídico é uma manifestação do princípio da autonomia privada ou da autonomia da
vontade. Esta autonomia consiste no poder reconhecido aos particulares de
autorregulamentação dos seus interesses, de autogoverno da sua esfera jurídica (conjunto de
relações jurídicas de que uma pessoa é titular). Significa tal princípio que os particulares podem,
no domínio da sua convivência com os outros sujeitos jurídico-privados, estabelecer a
ordenação das respetivas relações jurídicas.
A autonomia privada também se manifesta no poder de livre exercício dos seus direitos ou de
livre gozo dos seus bens pelos particulares, é a autonomia privada que caracteriza
essencialmente o direito subjetivo.
Tanto é exercício da autonomia privada a conclusão de uma compra e venda em certas
condições de preço e entrega da coisa vendida, ou seja, um negócio jurídico, como o consumo
ou a destruição de um bem de que se é proprietário, ou a exigência de um crédito de que se é
credor, ou seja, o exercício de um direito subjetivo.
Quanto aos negócios jurídicos unilaterais, a autonomia da vontade não está excluída, mas sofre
restrições muito acentuadas. Há um importantíssimo negócio unilateral (o testamento), onde o
grau de autonomia da vontade do testador é bastante amplo, embora não ilimitado (art 2156º,
2186º, 2192º, 2198º).
No art 457º temos o princípio geral dos negócios unilaterais onde vigora o PRINCíPIO DA
TIPICIDADE (números clausus), significa limitação, e faz com que não haja muita autonomia da
vontade. Nos casos de negócios constitutivos de obrigações, em que a lei atribui eficácia
vinculativa a um negócio unilateral, a parte respetiva tem o poder de fixar livremente o
conteúdo da promessa e, nessa medida, reaparece a autonomia da vontade.
Quanto aos negócios unilaterais modificativos ou extintivos de relações jurídicas vigora também
o princípio da tipicidade. Toda a relação jurídica não pode ser extinta ou modificada, por atuação
unilateral de um deles. O negócio unilateral produz sempre efeitos na esfera de terceiros.
dos médicos em caso de urgências, podem operar sem o consentimento, ou ainda na proibição
de celebrar contratos com determinadas pessoas (art 877º e 953º).
o aderente. A nossa ordem juridica dispõe de um diploma muito importante sobre cláusulas
contratuais gerais
➢ RESPONSABILIDADE CIVIL
• Estamos a falar da violação de interesses particulares de uma determinada
pessoa.
• A ordem jurídica diz que quem causa o dano vai ter de reparar esse interesse
lesado. Tem de tornar a pessoa indemne (colocar na situação em que estaria se
não fosse a lesão). Tem de indemnizar os danos que o lesado sofreu.
• A obrigação de indemnizar nasce quando alguém causa o dano a outrem.
• É necessário verificar pressupostos que estão no art 483º e ss (obrigação de
indemnizar)
• A responsabilidade civil é a fonte de obrigações de relação jurídica
indivizacional.
• Quais os pressupostos (condições) para que se verifique responsabilidade civil:
1. Facto voluntário do Agente (art 488º) – capacidade de querer, é
imputável, capaz de agir com culpa
2. Ilicitude – violação do direito subjetivo
3. Culpa – censura ético-jurídica sobre um comportamento que viola
interesses jurídicos. Responsabilidade subjetiva (culpa):
✓ Dolo – com intenção de causar o dano
✓ Mera-culpa – negligência, omissão do dever do cuidado e
diligência) – art 494º
4. Dano
5. Nexo de causalidade (entre o facto e o dano) – art 653º
1 – Facto voluntário do agente – é necessário que o facto que provocou a lesão seja controlável
pela vontade humana e do agente.
• Um dano pode ter várias naturezas, pode ser aquilo que é tangível, o que se consegue
ver, e o que se pode quantificar, estes são os danos patrimoniais, pois são suscetíveis
de avaliação pecuniária.
• Danos morais ou não patrimoniais – são aqueles que não são suscetíveis de avaliação
pecuniária, mas são compensados juridicamente. São os danos que violam os direitos
de personalidade. Ex: violação do direito à vida. Nestes casos à uma indemnização
equitativa, uma compensação pelo dano (art 496º cálculo de indemnização não
patrimonial).
• Dano imergente – dano que se consegue ver
• Lucro cessante – consequência do dano no património, o que se deixa de ganhar (art
564º)
5 – Nexo de Causalidade – relação jurídica entre a relação causa e o seu efeito. O facto ocorrido
tem de dar origem ao dano, e é preciso que o facto em abstrato se mostre apto a produzir o
dano. Ex: um estalo não é responsável por um ataque cardíaco que leva à morte (art 563º)
➢ PRINCIPIO DA BOA FÉ
• O princípio da boa fé exprime a relevância que a ordem jurídica confere às
considerações éticas e diretrizes morais presentes numa determinada sociedade, num
determinado momento. Assim, é um princípio que tem em conta valorações que não
estão legalmente contempladas, ultrapassando uma visão estrita e formal do Direito.
Isto é, o que está positivado (escrito e assente) é importante, mas não pode ter um papel
exclusivo na regulação da vida jurídica.
• Portanto, consiste na abertura do edifício normativo à comunidade em que o mesmo
está inserido, pretendendo que a justiça encontre nela um suporte material e social.
• Apesar de invadir todas as áreas do Direito, revela-se com grande impacto no âmbito
dos contratos. Assim, impõe que s partes do contrato ajam de modo honesto, correto e
leal, e que se comportem de modo a não frustrar a posição da contraparte. É, portanto,
um padrão normativo de conduta que conforma toda a relação contratual desde o seu
surgimento até à sua extinção (e até mesmo depois).
• Esta é a face objetiva do princípio da boa fé, patente no artigo 227.º, n.º 1 do Código
Civil (CC): “Quem negoceia com outrem para conclusão de um contrato deve (…)
proceder segundo as regras da boa fé, sob pena de responder pelos danos que
culposamente causar à outra parte”. Não é, portanto, uma solução em si mesmo, mas
antes um critério para chegar a uma solução.
• Em termos subjetivos, reporta-se ao estado de um sujeito que considera estar a atuar
em conformidade com o Direito, como acontece no artigo 243.º, n.º 2 do CC, por
exemplo: “A boa fé consiste na ignorância da simulação ao tempo em que foram
constituídos os respetivos direitos”.
• Conclui-se, portanto, pela caracterização feita, que há uma grande semelhança com o
princípio de confiança, na medida em que há expectativas relativamente à atuação do
outro, acreditando e esperando que este não vai prejudicar com os seus atos. É, no
fundo, um princípio de retidão e de movimentação inofensiva no tráfego jurídico.
❖ BOA FÉ – pode ser subjetiva ou objetiva (art 762º nº2)
❖ Quando a boa fé não é cumprida tem lugar a Responsabilidade Civil em várias ocasiões:
✓ Pré contratual
✓ Durante o contrato, exercício do direito e cumprimento do dever há
responsabilidade durante o contrato
✓ Pós contratual
❖ Manifestação do Princípio da Confiança – Tutela da confiança (faz parte da boa fé, está
assente na confiança) – pág 127
• Por causa desta tutela dá-se relevância jurídica à confiança que
justificadamente uma pessoa tem na conduta de outrem se este contribuiu
justificadamente para essa confiança. Ex: deixar um sinal ao encomendar um
automóvel, comprador deixa sinal e trás comprovativo de pagamento. Confia
em quem lhe está a mostrar o negócio.
• Teoria da aparência eficaz (art 23º) – o que parece é! (decreto de lei 178/86 de
3 de julho – contrato de agência)
Caracterize o princípio da boa fé e diga em que termos é que ele se relaciona com o
princípio da confiança.
A boa fé é hoje um princípio fundamental da ordem jurídica, particularmente relevante no
campo das relações civis e, mesmo, de todo o direito privado.
O princípio da boa fé ajusta-se e contribui para uma visão do direito em conformidade com a
que subjaz ao Estado de direito social dos nosso sias, intervencionista e preocupado em corrigir
desequilíbrios e injustiças, para lá das meras justificações formais.
O princípio da boa fé tem um âmbito muito vasto, invadindo todas as áreas do direito, mas ele
assume uma importância muito grande no domínio dos contratos, em permanente diálogo com
outro princípio fundamental, que é o da autonomia privada.
Em muitos outros casos, a lei recorre à boa fé em sentido objetivo, sendo este o sentido em que
tal princípio revela todo o seu imenso potencial e traduz a dimensão de justiça social e
materialmente fundada de que falei antes. Em sentido objetivo, a boa fé constitui uma regra
jurídica, é um princípio normativo transpositivo e extralegal para que o julgado é remetido a
partir de cláusulas gerais, consagra-se o critério da solução.
Quando aplicado aos contratos, o princípio da boa fé em sentido objetivo constitui uma regra
de conduta segundo a qual os contraentes devem agir de modo honesto, correto e leal, não só
impedindo assim comportamentos desleais como impondo deveres de colaboração entre eles.
É neste sentido que o art 227º, nº1, fala das regras da boa fé, ou que o art 239º apela aos ditames
da boa fé. (outros ex: art 334º, 437º, nº1, 762º nº2).
Pode assim dizer-se que o princípio da boa fé, em sentido objetivo, acompanha a relação
contratual desde o seu início, permanece durante toda a vida e subsiste mesmo após se ter
extinguido. Logo na formação do contrato a boa fé intervém (art 227ºnº1, 236º, 239º, 334º), e
impõe-se quer na fase do cumprimento das obrigações, quer mesmo após o vínculo contratual
se ter extinguido (art 762º nº2).
Do contrato fazem parte não só as obrigações que expressa ou tacitamente decorrem do acordo
das partes, mas também, todos os deveres que se fundam no princípio da boa fé e se mostrem
necessários a integrar a lacuna contratual. Importa sublinhar o papel decisivo da boa fé no
enriquecimento do conteúdo do contrato, por constituir a matriz dos denominados deveres
laterais, como os deveres de cuidado para com a pessoa e o património da contraparte, os
deveres de informação e esclarecimento.
RESPONSABILIDADE CIVIL
1. Formas de Indemnização:
✓ A indemnização visa tornar indemne o lesado (sem dano)
✓ Visa coloca-lo na situação em que estaria se não fosse o dano – Restauração
natural ou reconstituição (art 562º)
2. Indemnização em dinheiro – art 566º (equivalente pecuniário)
• Obrigação de Reparar os danos causados a outrem (art. 483º - princípio geral) – Factos
ilícitos e culposos.
• Responsabilidade Extracontratual – violação de uma obrigação passiva universal, violação
de direitos absolutos.
• Art 483º, nº2 – Exceção – quando não há obrigação de indemnizar baseada na culpa. Esses
casos estão previstos nos art. 499º até 510º
✓ Responsabilidade pelo risco – responsabilidade objetiva, prescinde da culpa. Ex: na falta
de regulamentação prevista pelos artigos aplica-se o 483º. Nestes casos o responsável não
tem culpa, prescinde-se do pressuposto da culpa, como no caso do comitente (art 500º).
Art 501º - no caso do Estado e pessoas coletivas.
✓ Responsabilidade objetiva (sem culpa), do fabricante ou produtor (decreto-lei 383/89 de
6 de junho). Responsabilidade por danos causados por produtos defeituosos, se o
fabricante produzir um produto que cause danos, responde por esses danos, desde que se
prove que o dano foi causado pelo defeito na produção.
• Art 500º - relação jurídica entre o comitente e o comissário. Pode ter origem num contrato
de trabalho ou num contrato de mandato (art 1157º).
• Alguém que encarrega outro por uma comissão também responde pelos danos. Comissão
é uma tarefa, um ato jurídico ou material (entrega de algo), que faça com que o comissário
ao executar essa tarefa cause danos, e ao causar danos atuando por conta de outrem dá
origem a responsabilidade para o comitente.
• O comissário é obrigado a indemnizar os danos causados por si. Em que termos indemniza?
Nos termos do art 483º - Responsabilidade por factos ilícitos e culposos.
• O comitente responde sem culpa, mas responde pelo risco, tendo com fundamento o art
500º.
• Art 497º - Responsabilidade Solidária – existe para beneficiar o lesado. Tem assim dois
responsáveis à sua escolha. Pode pedir indemnização apenas ao comissário que causou o
dano, ou ao comitente. Pode exigir tudo apenas a um dos responsáveis, ou pode exigir aos
dois, segundo a responsabilidade solidária, serve precisamente pata ter mais responsáveis
a quem pedir indemnizações.
• Se o comitente pagar a indemnização a quem foi causado o dano (ex: entidade patronal
paga por dano causado pelo seu funcionário), pode depois exigir o pagamento ao
funcionário que causou o dano. Pode pedir o reembolso, ou despedindo com justa causa.
• Responsabilidade Civil por atos lícitos ou por intervenções licitas – art 339º
✓ Art 339º - Estado de Necessidade – é lícito danificar ou destruir para remover perigo atual.
Civil
562º até 572º - Indemnizar
• TIPOS DE PROPRIEDADE
✓ Propriedade de imóveis – 1344º e ss
✓ Propriedade das águas – 1385º e ss
✓ Compropriedade – 1403º e ss (parte comum de condomínios)
✓ Propriedade Horizontal – 1414º
• Direitos Reais Limitados – pág 155 a 157, são direitos que limitam a propriedade de
coisa alheia “jura in re aliena”, art 1306º, diz que estes direitos que limitam a
propriedade de outrem estão todos previstos na lei. Há 3 modalidades:
1º - Direitos reais limitados de gozo – art 1439º
2º - Direitos reais limitados de garantia – Livro II obrigações e art 656º
• Art 1543º e ss – Direito das Servidões Prediais – Ex: servidões de passagem, de água,
de vistas. Art 1550º - servidão legal de passagem, Ex: prédio rodeado de terrenos. O
proprietário do terreno não concede aceder, a lei define que tem obrigatoriamente que
passar pelo terreno de outrem, é um Direito constitutivo potestativo.
1 – Casamento
• Impedimentos matrimoniais – 1600º e ss
• Regime de Bens – 1682º até 1687º
2 – Parentesco – 1578º
• Parentesco na linha reta – 1580º
✓ Ascendente – Pais
✓ Descendente – Filhos
• Filiação – 1877º e ss
✓ Relações entre pais e filhos – 1885º
✓ Responsabilidades parentais relativamente ao património
3 – Afinidade – 1584º
• Sogro, genro, cunhado, etc
4 – Adoção – 1586º
NULIDADE E ANULABILIDADE
• O negócio é inválido – não produz efeitos que as partes pretendiam ou não os produz
de forma definitiva, mas sim de forma provisória.
•
A invalidade afeta o negócio jurídico. Há falta de um elemento essencial ao negócio.
Resulta do vicio, numa anomalia na formação do negócio.
• Causas da nulidade do negócio:
✓ Falta de capacidade do menor – há anulabilidade
✓ Incapacidade de exercício e de gozo
✓ Falta de legitimidade
• A invalidade do negócio tem duas modalidades:
✓ Nulidade – 286º
✓ Anulabilidade – 287º e 288º
• Os efeitos são iguais nas duas modalidades (art 289º), e têm de ser declarados por
tribunal, é o juiz que declara negócio nulo ou anulado.
• O que difere é o regime:
✓ A nulidade – só certas pessoas podem pedir, e tem prazo para requerer. Ex: erro
no negócio (art 247º), dolo (253º), coação moral (255º). É suscetível de ser
anulado no prazo indicado.
• Art 288º - a pessoa que tem legitimidade não o faz, essa pessoa tem o direito de anular,
mas pode não exercer esse direito. Neste caso pode CONFIRMAR, dizer à contraparte
que não vai exercer esse direito. Neste caso o negócio passa de anulável a válido, pois
quem poderia ter legitimidade para pedir a anulação acaba por confirmar.
• Deixar passar o prazo também torna o negócio válido (prazo de 1 ano a partir do dia que
toma conhecimento que o negócio é anulável e que foi enganado).
• Anulabilidade não é de conhecimento oficioso, o tribunal não tem de invocar a anulação
do negócio, mesmo que se aperceba que à vicio do negócio, por que a anulabilidade só
pode ser requerida pelo próprio ou representante.
• Norma Especial – art 125º - anulabilidade dos atos dos menores.
• A expressão relação juridica pode ser tomada num sentido amplo e num sentido restrito
ou técnico:
• Noção de Relação Jurídica em sentido amplo - é uma relação da vida social, mas
juridicamente relevante. Relação entre as pessoas que produz efeitos jurídicos.
• Noção de Relação Jurídica em sentido técnico ou restrito – é uma relação da vida social,
regulada pelo direito, em que o direito atribui a uma das pessoas da relação jurídica um
direito subjetivo e impõe à outra pessoa um dever jurídico ou uma sujeição.
• Esta atribuição (sujeito ativo desta relação jurídica é o que tem o direito subjetivo que
lhe foi atribuído) do direito subjetivo por um lado e ao outro é imposto um jurídico
(impõe sujeição a outro. Este sobre a qual recai a obrigação é o sujeito passivo).
• Noção de Relação Jurídica Simples – temos um direito e uma obrigação.
• Noção de Relação Jurídica Complexa – há mais do que um direito e mais do que uma
obrigação na mesma relação. Ex: A vende carro a B, contrato de compra e venda, temos
um facto jurídico que dá origem a vários direitos e várias obrigações (art 879º):
1ª obrigação e direito – vendedor exige preço e comprador tem obrigação de entregar.
2ª obrigação e direito – comprador tem direito de exigir a entrega do carro e vendedor
tem obrigação de entregar.
CONTRATO SINALAGMÁTICO – ambas as partes têm direitos e obrigações – contrato
bilateral.
➢ DIREITO SUBJETIVO
• É o poder jurídico, reconhecido pela ordem jurídica a uma pessoa, de livremente
exigir (obrigação civil) ou pretender (obrigação natural – art 402º a 404º) de outrem
um comportamento positivo ou negativo.
• Poder de, por um ato livre de vontade, só por si ou integrado por um ato de uma
autoridade publica, produzir determinados efeitos jurídicos (modificativos,
extintivos, constitutivos) que inevitavelmente se impõe à contraparte.
➢ Estrutura da Relação Jurídica:
QUESTÃO POSSÍVEL
Defina o direito subjetivo em termos gerais e, em seguida, descreva os vários direitos
subjetivos quanto à sua natureza e seus efeitos.
podem exigir, vinculando deste modo unicamente as partes, sendo oponíveis entre estas (por
exemplo as partes de um contrato de compra e venda que estabelece obrigações recíprocas;
artigo 879.º), tendo assim efeitos inter partes. A sua violação culposa acarreta a
responsabilidade contratual (artigo 798.º).
• A personalidade jurídica é uma qualidade que todo o ser humano com vida tem.
• Surge com o nascimento completo e com vida
• A relação jurídica é o vínculo que liga o sujeito ativo a um sujeito passivo, estes direitos
e obrigações são os direitos a que as pessoas são titulares desde o nascimento.
• O exercício de direitos depende e adquire-se com a maioridade.
• Os deveres pertencem a uma pessoa
• O sujeito tem uma qualidade, é titular de direitos e obrigações.
• COMEÇO DA PERSONALIDADE JURIDICA - Art 66º, nº2 – A lei reconhece que possam
ser atribuídos direitos a seres que ainda não nasceram, direitos esses que dependem
do nascimento. Só entram na esfera jurídica quando os indivíduos nascerem.
Há atribuição antes do nascimento, mas o direito só é adquirido após o nascimento.
• Art 1855º - apenas se refere aos concebidos. O ato de perfilhação pode ocorrer entre
a conceção e o nascimento, mas os direitos dependem do seu nascimento completo e
com vida.
• Art 2033º - Todos os nascidos ou concebidos podem ser herdeiros. O nº 2 diz que os
não concebidos podem ser destinatários de uma deixa testamentária, desde que sejam
filhos de pessoa determinada viva.
➢ CAPACIDADE JURÍDICA
• Art 67º - aptidão para ser titular de relações jurídicas e de direitos e obrigações.
• Da personalidade emerge a: capacidade jurídica ou capacidade de gozo de direitos.
• Aptidão para ser titular de um conjunto maior de relações jurídicas.
• É um conceito quantitativo, podemos ter mais ou menos capacidade jurídica.
• As relações jurídicas dependem da nossa autodeterminação que surge com a
maioridade.
• A capacidade jurídica tem uma extensão dependendo do número de relações
jurídicas de que somos titulares, o número é variável de pessoa para pessoa e
conforme o momento da vida.
representante legal, por ser designada pela lei ou em conformidade com ela. Não se
admite aqui um representante voluntário, dada a incapacidade do representado.
A assistência tem lugar quando a lei admite o incapaz a agir, mas exige o consentimento
de certa pessoa ou entidade. Enquanto o representante legal atua em vez do incapaz, o
assistente destina-se a autorizar o incapaz a agir.
Na sua Parte Geral o Código Civil regula a aquisição da capacidade jurídica e da capacidade de
exercício de direitos. Quais são as respetivas normas e qual é o significado de capacidade
jurídica e capacidade de exercício?
RESPOSTA - A capacidade jurídica (artigo 67.º, 1.ª frase, CCiv) é uma qualidade da pessoa: a
idoneidade de ser sujeito de quaisquer relações jurídicas privadas, isto é, a idoneidade de ser
sujeito de quaisquer direitos subjetivos privados, de ter (possuir) direitos. A capacidade jurídica
flui da personalidade jurídica e adquire-se com o nascimento.
Excecionalmente, esta qualidade pode ser restringida (artigo 67.º, 1.ª frase, 2.ª parte). A
capacidade para o exercício de direitos (artigo 130.º CCiv) – mais explícito é o termo capacidade
de agir (que não é utilizado pela lei) – é a suscetibilidade de uma pessoa poder adquirir direitos
ou de assumir obrigações por atos próprios (ou por intermédio de um representante voluntário
[= procurador]).
A capacidade negocial de exercício é exigida para a participação no tráfico jurídico negocial geral.
Sem esta capacidade também não é possível que uma pessoa seja validamente sujeito da
relação ou que tenha um direito subjetivo. A falta da capacidade de exercício tem como
consequência a anulabilidade.
Todavia, a falta pode ser suprida através dos institutos da representação legal e da assistência.
Os dois institutos viabilizam a aquisição de direitos e a assunção de obrigações pelo incapaz e
garantem deste modo a sua plena participação (inclusão) no tráfico jurídico negocial geral.
RESPOSTA - São parecidas com a incapacidade negocial de gozo as situações em que uma pessoa
tem em princípio plena capacidade negocial de gozo mas o seu relacionamento com
determinadas outras pessoas faz com que não possa celebrar validamente com estas um
negócio estritamente pessoal, ou seja, o casamento (artigo 1602.º CCiv). Aqui fala-se de uma
incapacidade negocial de gozo relativa (melhor dizendo, de uma ilegitimidade).
Contudo, nestes casos não se trata de relações ou de negócios estritamente pessoais, mas da
participação no tráfico jurídico negocial. As pessoas têm capacidade negocial de exercício, mas
a lei proíbe-lhes que façam disposições a favor de determinadas pessoas sob pena de nulidade.
São as indisponibilidades relativas previstas nos artigos 953.º e 2192.º a 2198.º CCiv. A
indisponibilidade relativa não pode ser suprida pela interposição de terceiras pessoas; deste
modo, uma disposição válida está excluída em definitivo.
➢ MENORIDADE
• Art 122º
• Art 123º - trata-se da capacidade para exercício de direitos e capacidade por
atuar juridicamente, abrange cumprimento de obrigações, assunção de
obrigações e exercício de direitos, por ato próprio e exclusivo ou mediante
representante voluntário.
• No que toca aos direitos pressupões uma aptidão para exercer direitos e para
cumprir deveres. Aquisição de direitos e assunção de obrigações.
• Assume obrigações de forma autónoma (por si só) e de forma exclusiva
(sozinho), não precisando de autorização de outros.
• A pessoa atua com capacidade por si ou por representante voluntário (pode
conferir poderes, através de uma procuração, para agir no seu tráfego jurídico).
• Esta é a capacidade que falta aos menores, mas há exceções (art 127º):
✓ Possibilidade de menor de idade com mais de 16anos poder trabalhar.
✓ Celebrar alguns negócios jurídicos da vida do menor, e que esteja ao
alcance da sua capacidade, e que sejam atos de pequena importância.
✓ Menores que tenham uma profissão autorizada a exercer
• Art 132º + 133º - apesar de menor pode ser emancipado e ter capacidade para
o exercício de direitos.
• Art 124º - representação do menor pelo poder paternal. São as
responsabilidades parentais (1877º e ss)
• Art 1921º - representação pela tutela
• Art 1937º - atos proibidos ao tutor
• Art 1938º e 1889º - atos dependentes de autorização do tribunal
• Os tutores não podem ter o mesmo regime dos progenitores, apenas podem
representar o menor.
• Art 1939º - atos dos tutores são nulos.
➢ ILEGITIMIDADES CONJUGAIS
• Perceber que à certos atos (negócios jurídicos) que os cônjuges não podem
livremente e de modo próprio celebrar sem o consentimento do outro.
• Isto advém do casamento, havendo vários regimes associados.
• São situações que visam proteger o cônjuge que não autoriza o ato.
• Ilegitimidades resultam do regime de casamento e é aplicado o regime de Familia,
desde o art 1671º.
• Art 1687º - possibilidade de requerer a anulação de negócios celebrados por um
dos cônjuges de bens imóveis, previstos no art 1682º:
✓ Anulável nos seis meses seguintes ao conhecimento
✓ Deixa de ser possível após 3 anos da celebração do negócio.
• Art 1682º, nº3 - No caso de um carro ser apenas de um, mas se for utilizado pelos
dois, deve ser consentido na mesma pelos dois.
• Art 1682º A – Bens imóveis
• Art 1682º B – ambos têm de dar consentimento relativo a arrendamento referente
à casa de morada de família.
• Art 877º - consagra uma ilegitimidade
➢ INCAPACIDADES ACIDENTAIS – art 257º«« 154º nº3
• Individuo maior com anomalia psíquica grave, mas ninguém invocou ao tribunal a
necessidade de haver um acompanhante.
• Este individuo celebra negócios jurídicos ruinosos para si próprio.
• A família apercebe-se da situação e vai a tribunal pedir o acompanhamento.
• O tribunal nomeia um acompanhante e este pode pedir a anulação do negócio por
incapacidade acidental, desde que prove que no momento do negócio o individuo
não estava nas suas plenas capacidades e que não entendia o sentido do que estava
a fazer.
• Ou provando que a outra parte tinha conhecimento da incapacidade, mas realizou
na mesma o negócio, tirando partido da situação.
➢ INSOLVENTE
• Pessoa singular ou coletiva que não tem capacidade para cumprir as suas
obrigações vencidas.
• Declarada a insolvência os bens passam a integrar a massa insolvente.
• O Tribunal nomeia um administrador e o devedor fica privado dos deveres de
administração e dos bens.
• O património é liquidado para pagar as dividas aos credores.
• CIRE – Código de Insolvências e Recuperação de Empresas.
• O insolvente passa a ser alguém que não tem legitimidade para gerir os seus
próprios bens.
PESSOAS COLETIVAS
• art 157º e ss
• As pessoas coletivas são coletividades de pessoas ou complexos patrimoniais
organizados em vista de um fim comum ou coletivo a que o ordenamento jurídico
atribui a qualidade de sujeitos de direito. Possuem um património próprio,
separado do das pessoas singulares ligadas à pessoa coletiva. São titulares de
direitos e destinatários de deveres jurídicos, adquirem direitos e assumem
obrigações através da prática de atos jurídicos, realizados em seu nome pelos seus
orgãos.