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INTRODUÇÃO À TEORIA DO
CRIME
3a EDIÇÃO/2023

1. CONCEITO DE CRIME 3
1.1 CRITÉRIO MATERIAL OU SUBSTANCIAL 3
1.2 CRITÉRIO LEGAL 3
1.2.1 SISTEMA ADOTADO 3
1.2.2 DISTINÇÕES ENTRE CRIME E
CONTRAVENÇÕES 3
1.2.3 CONCEITO LEGAL DE CRIME E O ART. 28
DA LEI DE DROGAS 5
1.3 CRITÉRIO ANALÍTICO 7

2. SUJEITOS DO CRIME 9
2.1 CONCEITO 9
2.2. SUJEITO ATIVO 9
2.2.1. CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO
SUJEITO ATIVO 11
2.3. SUJEITO PASSIVO 12
2.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO 13

3. VITIMIZAÇÃO (Marvin Wolfgang) 13

4. OBJETO DO CRIME 14

5. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 14

1
entanto, está prevista no art. 1º da Lei de Introdução a
1. CONCEITO DE CRIME
o Código Penal:

Segundo ensina o professor Cleber Masson1,


Art 1º Considera-se crime a infração penal que
o crime pode ser conceituado levando em conta três a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
aspectos: quer isoladamente, quer alternativa ou
1) Material cumulativamente com a pena de multa;
contravenção, a infração penal a que a lei
2) Legal;
comina, isoladamente, pena de prisão simples
3) Formal ou analítico.
ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.

1.1 CRITÉRIO MATERIAL OU


SUBSTANCIAL2 1.2.1 SISTEMA ADOTADO
Para esse critério, crime é toda ação ou O Direito penal brasileiro acolheu um
omissão humana que lesa ou expõe a perigo de sistema dicotômico, na medida em que dividiu o
lesão bens jurídicos penalmente tutelados. gênero infração penal em duas espécies: crime ou

Esse critério leva em conta a relevância do delito e contravenção.

mal produzido aos interesses e valores selecionados Há países, como Alemanha e França, que
pelo legislador. adotam o sistema tricotômico, ou seja, crimes seriam

Tem por objetivo orientar políticas as infrações mais graves, delitos as intermediárias e,

criminais, de modo que funciona como um vetor por fim, as contravenções penais seriam as de menor

para o legislador, que deve apenas tipificar como gravidade.

infrações penais aquelas condutas que causem danos SISTEMA DICOTÔMICO4


ou ao menos coloquem em perigo bens jurídicos
penalmente relevantes. Pena de reclusão ou de
Em razão do descrito no tópico anterior, serve detenção, isolada,
CRIME OU
como fator de legitimação do Direito Penal em um alternativa ou
DELITO
Estado Democrático de Direito. cumulativamente com a

Para esse critério, não basta o atendimento pena de multa.

do princípio da reserva legal, na medida em que a


Pena de prisão simples ou
conduta proibida precisa apresentar relevância CONTRAVENÇÃO
multa, isolada, alternativa
jurídico-penal. PENAL
ou cumulativamente.

1.2 CRITÉRIO LEGAL3


De acordo com esse critério, o conceito de
1.2.2 DISTINÇÕES ENTRE CRIME E
crime é o fornecido pelo legislador. CONTRAVENÇÕES
O Código Penal não possui dispositivo Essa distinção é de grau quantitativa
estabelecendo o conceito de crime. Tal previsão, no (quantidade de pena) e qualitativa (qualidade de
pena);
1
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson -
16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 161.
2
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson -
16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 161.
3
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson - 4
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson -
16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 162. 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 163.
2
Não guardam entre si distinções de natureza
com o erro penais admitem
ontológica, mas apenas axiológicas, ou seja,
de tipo (CP, unicamente a
diferenças de valor.
art. 20) e com ignorância ou a
Vejamos outras distinções : 5
o erro de errada

DESCRIÇÃO CRIMES CONTRAVENÇÕES proibição compreensão


(CP, art. 21). da lei, se
A lei penal A lei brasileira escusáveis (LCP,
brasileira é somente incide art. 8º).
aplicada, via no tocante às
de regra, aos contravenções Não pode ser A duração da
crimes penais superior a 40 pena de prisão
cometidos praticadas no TEMPO DE anos (CP, art. simples não
no território território CUMRPIMENTO 75). pode, em caso
nacional (CP, nacional (LCP, DAS PENAS algum, ser
art. 5º, caput) art. 2º). superior a 5
APLICAÇÃO DA
e a diversos anos.
LEI PENAL
crimes
Varia entre 2 É de 1 a 3 anos
praticados
a 4 anos, e , (LCP, art. 11).
no
PERÍODO DE excepcional
estrangeiro
PROVA DO mente, de 4
em razão da
SURSIS a 6 anos (CP,
sua
art. 77, caput,
extraterritori
e § 2º)
alidade (CP,
art. 7º)
PRAZO MÍNIMO É de 1 a 3 O prazo mínimo
DAS MEDIDAS anos (CP, art. é de 6 meses
É punível a Não se pune a
DE SEGURANÇA 97, § 1º). (LCP, art. 11).
tentativa de tentativa de
TENTATIVA
crimes (CP, contravenção
Pode ser É pública
art. 14, II). (LCP, art. 4º).
pública, incondicionada
incondiciona (LCP, art. 17).
Os crimes Basta, para as
da ou
podem ser contravenções
condicionad Obs. firmou-se
dolosos, penais, a ação
ELEMENTO a, ou de
culposos e ou omissão na doutrina e na
SUBJETIVO iniciativa
AÇÃO PENAL jurisprudência o
preterdoloso voluntária (LCP,
privada (CP, entendimento
sos (CP, arts, art. 3º).
art. 100). no sentido de
18 e 19).
que a
Os crimes são As contravenção
CULPABILIDADE
compatíveis contravenções penal de vias de
fato (LCP, art. 21)
5
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson -
16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 163/164.
3
o processo por contravenção penal, ainda
é de ação penal
que praticada em detrimento de bens,
pública
serviços ou interesse da União ou de suas
condicionada, entidades.
utilizando-se
analogicamente,
E se a contravenção penal for conexa com
as regras
crime federal? Haverá a cisão dos processos, de
inerentes à lesão
forma que o crime será julgado pela Justiça Federal e
corporal de
a contravenção pela Justiça Estadual.
natureza leve
(art. 129, caput,
1. A Constituição da República de 1988 exclui
do Código Penal
expressamente a competência da Justiça
c/c art. 88 da Lei Federal para processar e julgar contravenção
9.099 de 1995). penal, ainda que praticada em detrimento de
bens, serviços ou interesses da União (artigo
109, IV, da CF).
Cabimento de prisão preventiva e
2. Por se tratar de competência
temporária. constitucional, não se aplicam as normas
Conforme aponta o professor Rogério previstas no Código de Processo Penal

Sanches, “A prisão preventiva não pode ser imposta acerca da competência por conexão ou
continência, sendo correta a decisão que
pela prática de contravenção penal por interpretação
determinou o desmembramento do feito,
do artigo 313 do Código de Processo Penal. Esta
devendo a Justiça Federal processar e
medida cautelar restringe-se à prática de crime. A
julgar o crime de descaminho ou
prisão temporária, por sua vez, somente pode ser contrabando e a Justiça Estadual a
aplicada às infrações penais listadas em rol taxativo contravenção penal.
previsto no artigo 1°, III, da Lei n° 7.960/89, rol no qual (STJ, CC n. 116.564/MG, relator Ministro Marco
não se incluiu qualquer contravenção penal” (CUNHA, Aurélio Bellizze, Terceira Seção, julgado em

2020, p. 201). 9/5/2012, DJe de 6/6/2012.)

Termos que merecem destaque: Há exceção na qual a Justiça Federal julgaria


contravenção penal? SIM. Contravenção penal
● Crime anão: contravenções penais.
praticada por pessoa com foro privativo no Tribunal
● Crime anão crescido:6 Contravenções
Regional Federal.
penais com pena máxima superior a
dois anos de prisão simples.
1.2.3 CONCEITO LEGAL DE CRIME E O
📌 OBSERVAÇÕES 7
ART. 28 DA LEI DE DROGAS8
O art. 28 da Lei 11.342 de 2006 (Lei de
​Súmula 38-STJ: Compete à Justiça Estadual drogas), define o crime de posse de droga para
Comum, na vigência da Constituição de 1988, consumo pessoal e prevê as seguintes penas:

6
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias inusitadas
● Advertência sobre os efeitos das
/ João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2017, pag 59. drogas;
7
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 38-STJ. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/222 8
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson -
7d753dc18505031869d44673728e2> 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 164/165.
4
● Prestação de serviços à comunidade; penais, tendo em vista que ambos
● Medida educativa de passaram a vigorar de forma simultânea
comparecimento a programa ou em 1º de janeiro de 1942;
curso educativo. ● A LICP pode ser modificada por outra lei
Considerando as penas previstas e a ordinária, como aconteceu com a Lei de
definição legal de crime estudadas nos tópicos Drogas;
anteriores, surgiu na doutrina uma discussão sobre a ● Não existiam penas alternativas quando
natureza jurídica do referido artigo. foi editada a LICP.
Nesse cenário, questiona-se: A previsão do Defendem essa corrente: Cleber Masson,
art. 28 da lei de drogas tem natureza jurídica de Vicente Greco Filho, João Daniel Rassi.
crime ou não?
Para responder essa pergunta, há duas ⚠️ ATENÇÃO
correntes doutrinárias: O STF decidiu que não houve
1 CORRENTE: Defende que não se trata de
a
descriminalização da conduta, ou seja, existe
crime, pois o artigo não previu penas de reclusão ou crime.Para a corte, ocorreu a despenalização da
detenção. No mesmo sentido, não se trata de conduta, uma vez que houve supressão da pena
contravenção penal, uma vez que o dispositivo não privativa de liberdade.
previu penas de prisão simples ou multa.
Nesse cenário, com fundamento no art. 1º [...] À luz do posicionamento firmado pelo
da LICP, seria, residualmente, um ilícito penal sui Supremo Tribunal Federal na questão de

generis. ordem no RE nº 430.105/RJ, julgado em


13/02/2007, de que o porte de droga para
Defendem essa corrente: Luiz Flávio
consumo próprio, previsto no artigo 28 da
Gomes, Alice Bianchini, Rogério Sanches e William
Lei nº 11.343/2006, foi apenas
Terra Oliveira. despenalizado pela nova Lei de Drogas,
mas não descriminalizado, esta Corte

2 CORRENTE: É a majoritária. Sustenta a


a Superior vem decidindo que a condenação
anterior pelo crime de porte de droga para
manutenção do caráter criminoso da conduta. Essa
uso próprio configura reincidência, o que
corrente justifica a existência de crime no art. 28 da
impõe a aplicação da agravante genérica do
Lei de Drogas em razão dos seguintes argumentos:
artigo 61, inciso I, do Código Penal e o
● A lei, ao tratar do tema, classificou a afastamento da aplicação da causa especial
conduta como crime; de diminuição de pena do parágrafo 4º do
artigo 33 da Lei nº 11.343/06 [...] (REsp
● O processo e julgamento precisam
1672654/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
observar o rito reservado às infrações
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
penais de menor potencial ofensivo, qual
21/08/2018, DJe 30/08/2018).
seja, o rito do Juizado Especial Criminal;
● A Lei de drogas determina a aplicação
Em face desse cenário, o professor Cleber
das regras de prescrição estabelecidas
Masson entende que há o conceito geral ou
pelos art.s 107 e ss do CP, as quais são
genérico de crime, previsto no art. 1ª da LICP, e que a
reservadas às infrações penais;
lei 11.342 de 2006 criou uma nova definição
● O objetivo do art. 1º da LICP era apenas
exclusivamente para o crime de posse de droga para
diferenciar os crimes das contravenções

5
consumo pessoal, ou seja, um conceito específico. ⚠️ ATENÇÃO
O professor Cleber Masson10 destaca que

1.3 CRITÉRIO ANALÍTICO9 “diversas pessoas, inadvertidamente, alegam que o


acolhimento de um conceito tripartido de crime
É também chamado de FORMAL ou
importa obrigatoriamente na adoção da teoria
DOGMÁTICO.
clássica ou causal da conduta. No entanto, o
Esse critério se funda nos elementos do
professor destaca que a referida afirmação não é
crime.
verdadeira, pois, “quem aceita um conceito
Sobre esse critério, vejamos as seguintes
tripartido de crime tanto pode ser clássico como
posições:
finalista. De fato, Hans Welzel, criador do finalismo
penal, definia o crime como o fato típico, ilícito e
a. POSIÇÃO QUADRIPARTIDA culpável “O conceito de culpabilidade acrescenta ao
O crime seria composto por quatro de ação antijurídica - tratando-se de uma ação dolosa
elementos: 1) Fato típico; 2) Ilicitude; 3) Culpabilidade; ou não dolosa - um novo elemento , que a transforma
4) Punibilidade. em delito”.
Era defendida por Basileu Garcia; Considerando o exposto, qual seria a
É uma corrente minoritária. distinção entre os perfis clássico e finalista?A
Deve ser afastada pois a punibilidade não é diferença reside principalmente na alocação do dolo e
elemento do crime, mas consequência de sua prática. da culpa, e não em um sistema bipartido ou tripartido

O crime existe independentemente da relativamente à estrutura do delito.

punibilidade.
b. POSIÇÃO TRIPARTIDA
Para essa posição, os elementos do crime
seriam: 1) Fato típico; 2) Ilicitude; 3) Culpabilidade;
Filiam-se a essa posição os autores Nélson
Hungria, Aníbal Bruno, E. Magalhães NOronha,
Francisco de Assis Toledo, Cezar Roberto Bitencourt; e
Luiz Regis Prado. 11

10
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson
- 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 166.
9
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson - 11
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson
16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 166/167. - 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 167.
6
c. POSIÇÃO BIPARTIDA Qual a posição adotada pelo Código Penal? 14
Para essa posição, os elementos do crime O professor Cleber Masson explica que existe a
seriam: 1) Fato típico e 2) iLÍCITO impressão de ter sido adotado o conceito bipartido de

Essa posição é defendida por René Ariel crime, ligado obrigatoriamente à teoria finalista da

Dotti, Damásio E. de Jesus e Julio Fabbrini Mirabete. conduta pelos seguintes motivos:

Nessa hipótese, a culpabilidade deve ser ● No Título II da Parte Geral o CP trata “Do

excluída, pois trata-se de pressuposto para Crime” e no Título III, trata “Da

aplicação da pena e não elemento do crime. Imputabilidade penal”, indicando que

Está ligada à teoria finalista da conduta. crime é fato típico e ilícito;


● Ao tratar das causas de exclusão de

⚠️ ATENÇÃO ilicitude, o Código determina no art. 23 que


“não há crime”.De outro lado, ao abordar
Ao se adotar a teoria bipartida do crime,
as causas de exclusão da culpabilidade,
necessariamente será aceito o conceito finalista da
como por exemplo nos arts. 26, caput, e
conduta, isso porque, na teoria clássica o dolo e a
28, §1º) afirma que o autor é “isento de
culpa situam-se na culpabilidade. E, se fosse possível
pena”.
um sistema clássico e bipartido, consagrar-se-ia a
responsabilidade objetiva12.

13
● O art. 180, §4º do CP prevê que “a
receptação é punível, ainda que
desconhecido ou isento de pena o autor
do crime de que proveio a coisa.”. Ou seja,
isento de pena significa exclusão da
12
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson
- 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 167.
13
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson 14
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson
- 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 167. - 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 168.
7
culpabilidade, ainda assim existe o crime seguinte assertiva: Por teoria da ratio essendi
do qual proveio a coisa. entende-se o(a): fusão entre dois substratos do
conceito analítico de crime, a saber, a tipicidade e

⚠️ ATENÇÃO a antijuridicidade, sendo aquela reconhecida

O professor Cleber Masson destaca que, como a razão de ser desta; assim, o crime é

embora existam os argumentos acima descritos que composto pelo fato antijurídico (injusto) e pela

indicam a adoção do sistema bipartido, “há culpabilidade.

respeitados penalistas que adotam posições


contrárias, no sentido de ter o Código Penal se filiado 3. CLAUS ROXIN
a um sistema tripartido, motivo que justifica o O crime possui três elementos: fato típico,
conhecimento de todos os enfoque por parte dos ilicitude e responsabilidade. Essa responsabilidade é
candidatos a concursos públicos”. a culpabilidade, acrescida da ideia de prevenção.
Embora Roxin seja um autor bastante elogiado no
d. OUTROS POSICIONAMENTOS SOBRE O Brasil, hoje, a sua teoria não encontra seguidores no
TEMA país, visto que a ideia de prevenção não tem
1. TEORIA CONSTITUCIONALISTA DO DELITO importância na teoria do crime, mas sim na teoria da
(LUIZ FLÁVIO GOMES) pena.
Considera crime como sendo fato típico,
ilicitude e punibilidade em abstrato. A culpabilidade,
portanto, não é um elemento do crime, mas sim um
2. SUJEITOS DO CRIME
pressuposto para a aplicação da pena.

2.1 CONCEITO
2. TEORIA DA RATIO ESSENDI
“Sujeitos do crime são as pessoas ou entes
No conceito tripartite de crime, o fato típico e relacionados à prática e aos efeitos da empreitada
a ilicitude formam o chamado injusto penal. No criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito
âmbito da teoria da ratio essendi (Mezger), o crime passivo15”.
seria fato típico e ilícito, somado à culpabilidade.
Nesse caso, há dois elementos, sendo o primeiro
formado pela soma do fato típico e ilícito e o segundo 2.2. SUJEITO ATIVO
formado pela culpabilidade. Essa junção do fato típico É a pessoa que realiza direta ou
e ilícito forma o que a doutrina chama de tipo total indiretamente a conduta criminosa, seja
de injusto. isoladamente, seja em concurso16 . Poderá ser
A consequência prática disso é que, para essa qualquer pessoa física capaz e com 18 anos ou mais.
teoria, se houver um fato típico com uma excludente ◾Autor e coautor: realizam o crime de
de ilicitude, está excludente excluiria o próprio fato forma direta;
típico, uma vez que fato típico e ilicitude formam um ◾Partícipe e autor mediato: realizam o
elemento único. crime de forma indireta.

🚨JÁ CAIU
Na prova para o cargo de Delegado de Polícia PC-PA 15
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson
- 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 169.
(Ano: 2016, FUNCAB), a banca considerou correta a 16
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson
- 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 168.
8
Pode receber variadas denominações, uma Pessoa Jurídica ser sujeito ativo de crime, neste
dependendo do momento processual e do critério em sentido há as seguintes correntes:
exame: 1a Corrente: A CF/88 não previu a
Exemplos: responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas
● Agente (geral); apenas sua responsabilidade administrativa. Adotam

● Indiciado (no inquérito policial); essa corrente: Miguel Reale Jr., Cézar Roberto

● Acusado (com o oferecimento da Bitencourt, José Cretela Jr.

denúncia ou queixa);
● Réu (após o recebimento da inicial 2a Corrente: A ideia de responsabilidade da

acusatória); pessoa jurídica é incompatível com a teoria do crime

● Sentenciado (com a prolação da adotada no Brasil. É a posição majoritária na

sentença); doutrina.

● Condenado (após o trânsito em Conforme explica Silvio Maciel, esta segunda

julgado da condenação); corrente baseia-se na Teoria da ficção jurídica, de


Savigny, segundo a qual as pessoas jurídicas são
● Reeducando (durante a execução
puras abstrações, desprovidas de consciência e
penal);
vontade (societas delinquere non potest). Logo, “são
● Egresso (após o cumprimento da
desprovidas de consciência, vontade e finalidade e,
pena);
portanto, não podem praticar condutas tipicamente
● Criminoso e delinquente (objeto de
humanas, como as condutas criminosas.”17.
estudo das ciências penais, como na
As pessoas jurídicas não podem ser
criminologia).
responsabilizadas criminalmente porque não têm
capacidade de conduta (não têm dolo ou culpa) nem
Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de
agem com culpabilidade (não têm imputabilidade
infração penal?
nem potencial consciência da ilicitude).
A Constituição Federal, em seu art. 225, §3º,
Além disso, é inútil a aplicação de pena às
prevê um mandado de criminalização que parece
pessoas jurídicas. As penas têm por finalidades
incluir a pessoa jurídica como sendo responsável pela
prevenir crimes e reeducar o infrator (prevenção geral
prática de crime ambiental. A par disso, temos a Lei
e especial, positiva e negativa), impossíveis de serem
9.605/98 (lei de crimes ambientais), que
alcançadas em relação às pessoas jurídicas, que são
expressamente prevê a responsabilização penal da
entes fictícios, incapazes de assimilar tais efeitos da
pessoa jurídica.
sanção penal.” (idem, p. 692). ·
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zafaroni,
Art. 225, § 3º As condutas e atividades
René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado, Alberto Silva
consideradas lesivas ao meio ambiente
Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas,
Delmanto, LFG, entre outros.

independentemente da obrigação de reparar


os danos causados. 3a Corrente: É plenamente possível a

Em que pese a previsão do artigo acima, não 17


Meio Ambiente. Lei 9.605, 12.02.1998. In: GOMES, Luiz Flávio; CUNHA,
há consenso na doutrina sobre a possibilidade de Rogério Sanches (Coord.). Legislação Criminal Especial. São Paulo: RT,
2009, p. 691

9
responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info

crimes ambientais porque assim determinou o §3º do 714).

art. 225 da CF/88. A pessoa jurídica pode ser punida


penalmente por crimes ambientais ainda que não Responsabilidade por ricochete ou indireta
haja responsabilização de pessoas físicas. É a posição ou mediata19
do STF e do STJ. Não mais se adota a teoria da dupla A responsabilidade da pessoa jurídica,
imputação. destarte, é indireta ou mediata ou por ricochete,
porque o principal responsável pelo delito é uma

No que consiste a teoria da dupla pessoa física. A pessoa jurídica responde pelo fato de

imputação? “Ao se aceitar a responsabilidade penal modo indireto.

da pessoa jurídica, deve destacar-se que esse


reconhecimento não exclui a responsabilidade da Pessoa jurídica dissolvida durante a
pessoa física coautora ou partícipe do delito ”. É 18
apuração ou o processo criminal
também denominada de sistema paralelo de Conforme Rogério Sanches20, a maioria da
imputação, previsto no art. 3ª, parágrafo único, da Lei doutrina entende não existir óbice à continuidade da
9.605 de 1998, e com amparo nos arts. 12, caput, e 29, apuração ou do processo, nem mesmo à aplicação da
caput, ambos do Código Penal. pena se for constatada a prática de um crime e à
pessoa jurídica for dissolvida nesse momento, desde
4 Corrente: É possível a responsabilização
a
que isso ocorra antes da liquidação.
penal da pessoa jurídica, desde que em conjunto com
uma pessoa física. Era a antiga posição da A pessoa jurídica de Direito Público pode ser
jurisprudência. Posição de Édis Milaré. responsabilizada penalmente por delito ambiental?
1a Corrente: Não pode (majoritária). A
1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não pessoa jurídica de direito público não pode receber o
condiciona a responsabilização penal da mesmo tratamento dos demais entes. A punição
pessoa jurídica por crimes ambientais à
criminal da pessoa jurídica de direito público é
simultânea persecução penal da pessoa
inadequada, pois não age no interesse próprio, mas
física em tese responsável no âmbito da
empresa. A norma constitucional não
da sociedade. A sua punição significa o Estado

impõe a necessária dupla imputação. punindo a si mesmo.

3. Condicionar a aplicação do art. 225, §3º, da 2a Corrente: Pode. A Constituição e a Lei de


Carta Política a uma concreta imputação crimes ambientais não excepcionam a pessoa jurídica
também a pessoa física implica indevida de direito público. Não se pode cobrir a pessoa
restrição da norma constitucional, expressa a
jurídica de direito público com o manto da
intenção do constituinte originário não
impunidade.
apenas de ampliar o alcance das sanções
penais, mas também de evitar a impunidade
pelos crimes ambientais frente às imensas 2.2.1. CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
dificuldades de individualização dos
responsáveis internamente às corporações,
QUANTO AO SUJEITO ATIVO
além de reforçar a tutela do bem jurídico a. COMUM: o tipo penal não exige qualidade ou
ambiental. STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel.

19
https://www.migalhas.com.br/depeso/58248/crime-ambiental-e-respons
18
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts 1º a 120) Cleber Masson abilidade-penal-de-pessoa-juridica-de-direito-publico
- 16. ed. - Rio de Janeiro: Método, 2022. p. 171. 20
SANCHES (2020), pag. 206.
10
condição especial do agente, portanto pode ■ Cadáver: a pessoa morta não poderá ser
ser praticado por qualquer pessoa. Exemplo: sujeito passivo do crime. No delito de vilipêndio de
homicídio. cadáver (art. 212 do CP), o sujeito passivo é a
coletividade (segundo entendimento doutrinário

b. PRÓPRIO: o tipo penal exige qualidade ou dominante) e, no crime de calúnia contra os mortos

condição especial do agente. Exemplo: (art. 138, § 2º, do CP), sua família.

peculato (sujeito ativo: funcionário público). ■ Animais: não podem ser sujeitos passivos
do crime, pois o direito não lhes reconhece a

c. DE MÃO PRÓPRIA ou DE CONDUTA titularidade de bens jurídicos. Podem, por óbvio, ser

INFUNGÍVEL: o tipo penal exige qualidade ou objeto material, como no furto de animal doméstico e

condição especial do agente e que a execução em alguns crimes ambientais.

do crime somente pode ser praticado por ele,


dessa forma, nestes tipos não se admite a ⚠️ ATENÇÃO
coautoria. Exemplo: falso testemunho; falsa Lei Sanção (Lei 14.064/2020)22
perícia.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos,


ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
2.3. SUJEITO PASSIVO
ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena -
Pessoa ou ente que sofre as consequências detenção, de três meses a um ano, e multa.
da infração penal. Pode ser pessoa física ou jurídica
ou mesmo um ente indeterminado destituído de
Quem é o sujeito passivo do crime previsto
personalidade jurídica, a exemplo da família ou
no art. 32?
coletividade.
Posição tradicional (antropocêntrica):
Segundo Sanches (2020, pág. 202/203),
afirma que o sujeito passivo é a sociedade.
“Vítima e sujeito passivo não se confundem porque
Posição moderna: sustenta que a vítima é o
vítima compreende uma definição mais
próprio animal, que não mais poderia ser considerado
abrangente que engloba tanto situações nas quais
como mero “objeto de direitos”, sendo também
existe crime quanto aquelas nas quais não há
“sujeito de direitos”.
crime nenhum. Mas, havendo o crime, tem-se que
sujeito passivo e vítima se reúnem na mesma pessoa.”
■ Entes sem personalidade jurídica: certas

📌 OBSERVAÇÕES 21
entidades desprovidas de personalidade jurídica,
como a família, apesar de não serem titulares de bens
■ Civilmente incapaz: pode ser sujeito
jurídicos, podem ser sujeitos passivos de infrações
passivo de delitos, na medida em que pode ser titular
penais. Esse é o entendimento majoritário da
de um bem jurídico tutelado por norma penal, como a
doutrina. Os crimes que possuam como sujeito
vida e a integridade física, por exemplo.
passivo um ente sem personalidade jurídica são
■ Recém-nascido: também pode ser sujeito chamados de crimes vagos (p. ex., crimes contra a
passivo de crime (ex.: infanticídio – CP, art. 123). família).
■ Feto: o mesmo se dá com o feto (sujeito
passivo no crime de aborto – CP, arts. 124 a 127).

https://www.dizerodireito.com.br/2020/09/lei-140642020-aumenta-pen
22

a-do-crime-de.html
21
ESTEFAM, André. Direito Penal Parte Especial, 11. Ed. SaraivaJur. 2022
11
O que é CRIME DE DUPLA SUBJETIVIDADE participa).23

PASSIVA?
É aquele que tem obrigatoriamente 2.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO
pluralidade de vítimas. Exemplo: violação de
PASSIVO
correspondência.
a. SUJEITO PASSIVO CONSTATE ou MEDIATO
ou FORMA ou GERAL ou GENÉRICO: é o
A pessoa física pode ser, ao mesmo tempo,
Estado, interessado na manutenção da paz
sujeito ativo e passivo?
pública e da ordem social.
Entende-se que não. Por conta do princípio da
alteridade, não pode figurar uma mesma pessoa
b. SUJEITO PASSIVO EVENTUAL ou IMEDIATO
como os dois sujeitos ao mesmo tempo, pois o direito
ou MATERIAL ou PARTICULAR ou
penal não pune a autolesão.
ACIDENTAL: É o titular do interesse

⚠️ ATENÇÃO penalmente protegido.

Rogério Greco entende que a rixa é uma


c. SUJEITO PASSIVO COMUM: A lei não exige
exceção neste caso. Igualmente entende André
qualidade ou condição especial. Exemplo:
Estefam, vejamos:
homicídio.

Em regra, não, uma vez que todo crime exige


d. SUJEITO PASSIVO PRÓPRIO: A lei exige
lesão a bem alheio (princípio da alteridade).
Veja que a lei pune condutas que
qualidade ou condição especial. Exemplo:

aparentemente poderiam indicar tal estupro de vulnerável.


possibilidade (autolesão para fraude contra
seguro ou porte de entorpecentes para uso
próprio), mas um exame acurado revela que 3. VITIMIZAÇÃO (Marvin Wolfgang)24
isso não ocorre.

Na autolesão para fraude contra seguro (CP,


1. VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA: “decorre direta e
art. 171, § 2º, V), pune-se aquele que “lesa o
imediatamente da prática delitiva. Ex.: a
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
pessoa que sofre uma lesão corporal”.
consequências da lesão ou doença, com o
intuito de haver indenização ou valor de
seguro”. Nesse caso, o sujeito passivo não é o 2. VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA: “é o produto da
agente que se autolesiona, embora sofra as
equação que envolve as vítimas primárias e o
consequências imediatas da própria conduta,
Estado em face do exercício do controle
mas a companhia de seguro que pretende
formal. Em outras palavras, é o ônus que
fraudar. No crime de porte de entorpecentes
para uso próprio (Lei n. 11.343/2006, art. 28), recai na vítima em decorrência da operação
a vítima é a incolumidade pública (e não o estatal para apuração e punição do crime. Ex.:
consumidor da droga). além de sofrer as consequências diretas da
A única exceção encontra-se no art. 137 do CP conduta (vitimização primária), uma pessoa
(rixa), em que, muito embora cada contendor que é lesionada deverá seguir a uma
seja autor das lesões que produz e vítima
daquelas que sofre, há um só crime (logo, o 23
ESTEFAM, André. Direito Penal Parte Especial, 11. Ed. SaraivaJur. 2022
rixoso é sujeito ativo e passivo da rixa da qual 24
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/10/22/o-que-se-e
ntende-por-vitimizacao-primaria-vitimizacao-secundaria-e-vitimizacao-ter
ciaria
12
delegacia de polícia, aguardar para ser
5. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS
atendida, passar por um exame de corpo de
CRIMES25
delito, prestar depoimento em juízo, enfim,
estará à disposição do Estado para que o
autor do crime seja punido”. É o tipo penal básico, sem
CRIME SIMPLES conter circunstância que

3. VITIMIZAÇÃO TERCIARIA: “é a provocada modifique a pena.

pelo meio social, normalmente em


O tipo possui
decorrência da estigmatização trazida pelo
circunstância que torna a
tipo de crime. Exemplo clássico é a vítima de CRIME QUALIFICADO
pena mais elevada do que
crimes contra a dignidade sexual, que, além
a do tipo básico.
de suportar o crime, sofre o preconceito de
outras pessoas, que não a aceitam como Possui circunstância que
anteriormente”. CRIME PRIVILEGIADO torna a pena menos grave
do que a do tipo básico.

4. OBJETO DO CRIME Não exige qualidade


especial do agente.
CRIME COMUM
1. OBJETO MATERIAL (Ex.: homicídio, roubo,
É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a falsificação).
conduta criminosa. Cuidado, pois não se confunde
com o sujeito passivo; nem todo tipo penal tem objeto O tipo exige qualidade

material, a exemplo de crimes de mera conduta, especial do agente.

como o ato obsceno. As qualidades do sujeito


ativo podem ser26:

⚠️ ATENÇÃO a. De fato, referentes à


natureza humana ou
A ausência ou impropriedade do objeto
à inserção social da
material nos crimes que são indispensáveis gera o
pessoa (ex.: mulher
chamado “delito impossível”.
no autoaborto; mãe
CRIME PRÓPRIO
no infanticídio;
2. OBJETO JURÍDICO
enfermo no perigo de
Trata-se do bem jurídico tutelado, como a
contágio venéreo), ou
vida, a propriedade, a dignidade sexual etc. Alguns
b. De direito,
tipos penais protegem mais de um bem jurídico
referentes à lei (ex.:
(crimes pluriofensivos). É possível crime sem objeto
funcionário público,
material, mas não é possível crime sem objeto
em vários delitos do
jurídico.
Capítulo I, Título XI,
da Parte Especial;

25
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120), V.1. 14ª ed.
Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2020, p.173 e ss.
26
Nucci, Guilherme de S. Manual de Direito Penal. Disponível em: Minha
Biblioteca, (18th edição). Grupo GEN, 2022. p. 117.
13
testemunha no falso qualquer participação
testemunho; perito da mãe, cuida-se de
na falsa perícia). homicídio).

Podem ser divididos em27: 🚨JÁ CAIU


1. Puros: dizem Na prova para o cargo de
respeito aos delitos Delegado de Polícia da
que, quando não PC-SP (Ano: 2022,
forem cometidos pelo VUNESP), no que diz
sujeito indicado no respeito a alternativa que
tipo penal, deixam de indicava um crime próprio
ser crimes, caso a quanto ao sujeito ativo, foi
conduta se concretize considerada correta a
por ato de outra assertiva que descreveu o
pessoa (ex.: crime de “Inserção de
advocacia dados falsos em sistema
administrativa – art. de informações”.
321. Nesse caso, É importante lembrar que
somente o o dispositivo indica que o
funcionário pode sujeito ativo é o
praticar a conduta; “funcionário autorizado”,
outra pessoa que o senão vejamos: “Art. 313-A.
faça não pratica Inserir ou facilitar, o
infração penal). funcionário autorizado, a
2. Impuros: referem-se inserção de dados falsos,
aos delitos que, se alterar ou excluir
não cometidos pelo indevidamente dados
agente indicado no corretos nos sistemas
tipo penal, informatizados ou bancos
transformam-se em de dados da Administração
figuras delituosas Pública com o fim de obter
diversas (ex.: se a vantagem indevida para si
mãe mata o filho ou para outrem ou para
recém-nascido, após causar dano:”
o parto, em estado
puerperal, é Exigem sujeito ativo
infanticídio; caso um CRIME DE MÃO qualificado, devendo ser
estranho mate o PRÓPRIA praticado pessoalmente
recém-nascido, sem pelo agente28.

27
Nucci, Guilherme de S. Manual de Direito Penal. Disponível em: Minha 28
Andreucci, Ricardo A. Manual de Direito Penal. Disponível em: Minha
Biblioteca, (18th edição). Grupo GEN, 2022. p. 117. Biblioteca, (15th edição). Editora Saraiva, 2021.
14
Não admitem coautoria, 2. CRIME
mas somente EVENTUALMENTE
participação, nem a PERMANENTE: São
autoria mediata. instantâneos em
É o caso do falso regra, mas a ilicitude
testemunho, em que pode ser prorrogada
somente a testemunha por vontade do
pode, diretamente, agente
cometer o crime,
apresentando-se ao juiz 🚨JÁ CAIU
para depor e faltando com
Na prova para o cargo de
a verdade. Mencione-se,
Defensor Público da
ainda, o crime de
DPE-RS (Ano: 2022,
reingresso de estrangeiro
CEBRASPE), no que diz
expulso (art. 338):
respeito à lei penal, a
somente a pessoa que foi
banca considerou correta
expulsa pode cometê-lo,
a seguinte afirmativa “Ao
reingressando no
crime continuado e ao
território nacional.29
crime permanente é

CRIME MILITAR aplicada a lei penal mais


Previsto apenas no CPM.
PRÓPRIO grave caso a sua vigência
seja anterior à cessação
Mesma figura típica da continuidade ou da
CRIME MILITAR
prevista no CPM e no CP permanência”
IMPRÓPRIO
ou legislação especial.
Consumação imediata,
CRIME INSTANTÂNEO Consumação imediata.
mas o resultado se
OU DE ESTADO
prolonga no tempo

A consumação se protrai independentemente da

no tempo. vontade do agente.


CRIME INSTANTÂNEO
1. CRIME Caracteriza-se pela
DE EFEITOS
NECESSARIAMENTE duração de suas
PERMANENTES
PERMANENTE: Para consequências.

CRIME PERMANENTE poder ser Exemplos: bigamia (art.

considerado 235 do CP); roubo (art. 157

consumado, é do CP); homicídio (art. 121

necessário que se do CP)11.

prolongue no tempo.
CRIME “É o delito instantâneo,
EVENTUALMENTE como regra, mas que, em
PERMANENTE caráter excepcional, pode
29
Nucci, Guilherme de S. Manual de Direito Penal. Disponível em: Minha
Biblioteca, (18th edição). Grupo GEN, 2022. p. 117
15
realizar-se de modo a somente uma delas, que é
lesionar o bem jurídico de atípica30.
maneira permanente.
Exemplo disso é o furto de São requisitos para o seu
energia elétrica. A figura reconhecimento:
do furto, prevista no art. a) reiteração de vários
155, concretiza-se sempre fatos;
instantaneamente, sem b) identidade ou
prolongar o momento homogeneidade de tais
consumativo, contudo, fatos;
como o legislador
c) nexo de habitualidade
equiparou à coisa móvel,
entre os fatos.
para efeito punitivo, a
energia elétrica (art. 155, §
1. CRIME HABITUAL
3.º), permite-se,
PRÓPRIO: É aquele
certamente, lesionar o
que somente se
bem jurídico (patrimônio)
consuma com a
desviando a energia de
prática reiterada e
modo incessante,
uniforme de vários
causando prejuízo
atos que revelam um
continuado à distribuidora
criminoso estilo de
de energia.)”11
vida do agente. Cada

A sua consumação exige a ato, isoladamente

fluência de determinado considerado, é

período. Exemplo: lesão atípico. Com efeito,

corporal de natureza se cada ato fosse


CRIME A PRAZO
grave em decorrência da típico, restaria

incapacidade para as configurado o crime

ocupações habituais por continuado.

mais de 30 dias).
2. CRIME HABITUAL
É aquele que somente se IMPRÓPRIO
consuma através da (ACIDENTALMENTE
prática reiterada e HABITUAL): Uma só
contínua de várias ações, ação tem relevância
traduzindo um estilo de para configurar o
CRIME HABITUAL
vida indesejado pela lei tipo, ainda que a sua
penal. Logo, pune-se o reiteração não
conjunto de condutas configure pluralidade
habitualmente
desenvolvidas e não 30
Nucci, Guilherme de S. Manual de Direito Penal. Disponível em: Minha
Biblioteca, (18th edição). Grupo GEN, 2022. p. 121.
16
de crimes (MASSON, tipo penal. Nesses
2020, p. 185) casos, o omitente não
responde pelo
Crimes praticados resultado
mediante uma conduta naturalístico
positiva, um fazer. eventualmente
Tipo descreve uma ação produzido, mas
proibida. A norma penal é somente pela sua
proibitiva. omissão (MASSON,
2020, p. 178). O

🚨JÁ CAIU exemplo clássico é o

Na prova para o cargo de crime omissão de

Juiz de Direito do TJ-AL socorro.

(Ano: 2019, banca FCC),


CRIME COMISSIVO
no tocante à classificação 2. CRIME OMISSIVO
OU DE AÇÃO
doutrinária dos crimes, a IMPRÓPRIO ou
banca considerou correta COMISSIVO POR
a alternativa que indicou OMISSÃO ou
que “os crimes comissivos ESPÚRIOS ou
são aqueles que PROMÍSCUOS : O
requerem tipo penal aloja em
comportamento positivo, sua descrição uma
independendo de ação, uma conduta
resultado naturalístico positiva, mas a
para a sua consumação, omissão do agente,
se formais”. que descumpre seu
dever jurídico de
Aqueles cometidos por agir, acarreta a
meio de uma conduta produção do
negativa, ou seja, de uma resultado
não fazer naturalístico e a sua
1. CRIME OMISSIVO consequente
PRÓPRIO ou PURO: responsabilização
CRIME OMISSIVO Não há previsão legal penal (MASSON,
OU DE OMISSÃO do dever jurídico de 2020, p. 179).
agir, de forma que o São espécies de crimes
crime pode ser próprios, pois só
praticado por podem ser praticados
qualquer pessoa que por aqueles que
se encontre na possuem o dever de
posição indicada pelo agir. São crimes que

17
admitem a Também chamados de
tentativa. materiais ou causais.
São aqueles que
3. CRIME OMISSIVO necessariamente
POR COMISSÃO: possuem resultado
Segundo Cleber naturalístico; sem a sua
Masson, nestes ocorrência, o delito é
crimes há uma ação apenas uma tentativa.
provocadora da Ex.: furto. Se a coisa for
CRIME DE RESULTADO32
omissão. Masson retirada da esfera de
coloca o seguinte proteção e vigilância do
exemplo: funcionário proprietário, consuma-se
superior que impede o delito. Do contrário,
que uma funcionária caso o resultado
subalterna, com naturalístico não se dê por
problemas de saúde, circunstâncias alheias à
seja socorrida, e ela vontade do agente, temos
vem a falecer. apenas uma tentativa de
furto.

4. CRIME OMISSIVO
O tipo prevê dois
QUASE IMPRÓPRIO:
comportamentos.
A omissão não
Exemplo: apropriação de
produz uma lesão ao
CRIME DE CONDUTA coisa achada (primeiro há
bem jurídico, mas
MISTA o ato de achar e se
apenas um perigo. O
apropriar e depois o ato
direito brasileiro
de deixar de restituir ao
ignora essa
dono).
classificação.

Admite qualquer meio de


São os que se contentam
execução.
com a ação humana
Ex.: apropriação indébita,
esgotando a descrição
infanticídio, lesão
típica, havendo ou não
corporal, entre outros.
CRIME ATIVIDADE31 resultado naturalístico.
CRIME DE FORMA LIVRE São delitos de forma
São chamados de formais
vinculada aqueles que
ou de mera conduta.
somente podem ser
Exemplo: prevaricação
cometidos através de
(art. 319).
fórmulas expressamente
previstas no tipo penal,

31
Nucci, Guilherme de S. Manual de Direito Penal. Disponível em: Minha 32
Nucci, Guilherme de S. Manual de Direito Penal. Disponível em: Minha
Biblioteca, (18th edição). Grupo GEN, 2022. p. 119. Biblioteca, (18th edição). Grupo GEN, 2022. p. 119.
18
como demonstra o caso a. DE CONDUTAS
do curandeirismo (art. CONTRAPOSTAS:
284, I, II e III, do CP). agentes atuam
uns contra os
Apenas podem ser outros. Exemplo:
executados pelos meios Rixa.
CRIME DE FORMA
indicados no tipo b. DE CONDUTAS
VINCULADA
(exemplo:perigo de PARALELAS: os
contágio venéreo). agentes se
auxiliam
Tipo exige apenas um
mutuamente, com
agente realizando conduta
o objetivo de
típica, mas pode haver
produzirem o
concurso de pessoas.
mesmo resultado.

CRIME
🚨JÁ CAIU São aqueles que não

Na prova para o cargo de possuem sujeito passivo


MONOSSUBJETIVO
Promotor de Justiça do determinado, sendo este a
OU UNISSUBJETIVO OU
MPDFT (Ano: 2021, banca coletividade, sem
UNILATERAIS OU CRIMES VAGOS
própria), em matéria de personalidade jurídica.
DE CONCURSO (MULTIVITIMÁRIO OU
crimes monossubjetivos, São os casos da
EVENTUAL DE VÍTIMAS DIFUSAS)
quando cometidos por perturbação de cerimônia
mais de um agente, a funerária (art. 209), da
banca considerou correta violação de sepultura (art.
a alternativa que indicou 210), entre outros.
que “é possível a coautoria
Possuem caráter
em crimes próprios”.
CRIME unilateral, mas a
EVENTUALMENTE diversidade de agentes
Tipo exige dois ou mais
agentes para a COLETIVO atua como causa de

configuração do crime. majoração de pena.

1. BILATERAIS OU DE
CRIME Consuma-se com a prática
CRIME ENCONTRO: Exige
UNISSUBSISTENTE de apenas 1 ato.
PLURISSUBJETIVO OU dois agentes, cujas
PLURILATERAIS OU condutas tendem a CRIME Consuma-se com a prática
DE CONCURSO se encontrar PLURISSUBSISTENTE de 1 ou vários atos.
NECESSÁRIO (exemplo: bigamia);
2. COLETIVOS OU DE Reúne todos os elementos
CRIME CONSUMADO
CONVERGÊNCIA: 3 da definição legal.

ou mais agentes.
Iniciada a execução, não
Divide-se ainda em: CRIME TENTADO
se consuma por

19
circunstâncias alheias à dispensável a obtenção
vontade do agente. da vantagem indevida. A
consumação ocorre com o
Aquele em que o agente já emprego de violência ou
terminou de consumar o grave ameaça. Nesse
crime, mas, mesmo assim, sentido é o teor da súmula
CRIME EXAURIDO continua a agredir o bem 96 do STJ: “O crime de
jurídico. Não temos novo extorsão consuma-se
crime. Consequência mais independentemente da
lesiva após a consumação. obtenção da vantagem
indevida”.
O tipo prevê apenas uma
CRIME DE AÇÃO ÚNICA
forma de conduta.
CRIME DE MERA Não ocorre nenhum
CONDUTA resultado naturalístico.
O tipo prevê várias formas
CRIME DE AÇÃO de conduta. A ação
Sua consumação somente
MÚLTIPLA múltipla pode ser de ação CRIME DE DANO
se produz com a efetiva
alternativa ou cumulativa. OU DE LESÃO
lesão do bem jurídico.

Necessário resultado
CRIME MATERIAL Consuma-se com a
naturalístico.
possibilidade de lesão ao
bem jurídico.
Possível a realização do
resultado naturalístico, 1. PERIGO ABSTRATO

mas não exige a realização ou PRESUMIDO ou

deste. DE SIMPLES
DESOBEDIÊNCIA:

🚨JÁ CAIU Consuma-se


automaticamente
Na prova para o cargo de
com a prática da
Defensor Público da
conduta. Há
CRIME FORMAL OU DPE-PA (Ano: 2022,
CRIME DE PERIGO presunção absoluta
CEBRASPE) a banca
CONSUMAÇÃO de perigo ao bem
questionou qual crime é
ANTECIPADA jurídico;
considerado formal. Nesse

🚨JÁ CAIU
contexto, considerou
correta a alternativa que
indicou o crime de Na prova para o cargo de

“extorsão simples”. Promotor de Justiça da


MPE-SC (Ano: 2019,
Esse crime é classificado
Instituto Consulplan), a
como formal, uma vez
banca considerou correta
que, para a sua
a seguinte assertiva:
consumação, é

20
“Os crimes de perigo ocorrer;
abstrato, que são
modalidades de tutela 7. PERIGO FUTURO ou
antecipada de bens MEDIATO: A situação
jurídicos, podem ser de perigo se projeta
considerados exemplos da para o futuro, como
forma de intervenção no porte ilegal de
penal denominada: arma de fogo. Temos
“Direito Penal do Inimigo” aqui os tipos penais
descrita por Jakobs. Esta preventivos.
forma de tutela é utilizada,
por exemplo, no Direito Reunião de condutas
Ambiental e na proteção típicas distintas.
de vítimas de violência CRIME COMPLEXO Exemplo: roubo = furto +
doméstica”. EM SENTIDO ESTRITO ameaça ou lesão corporal;
OU COMPLEXO PURO extorsão mediante
sequestro = sequestro +
2. PERIGO CONCRETO:
extorsão
consuma-se com a
efetiva comprovação
“Designa o tipo penal
da ocorrência da
formado pela soma de um
situação de perigo.
crime com um
comportamento que,
3. PERIGO INDIVIDUAL: isolado, seria penalmente
atinge apenas uma irrelevante. Usualmente
pessoa ou um se utiliza a denunciação
número determinado CRIME COMPLEXO caluniosa como exemplo
de pessoas; EM SENTIDO AMPLO dessa espécie de crime,
OU COMPLEXO pois, no caso, une-se o
4. PERIGO COMUM OU IMPURO33 crime de calúnia com a
COLETIVO: atinge um comunicação, à
número autoridade, da prática de
indeterminado de uma infração penal,
pessoas; dando causa à instauração
de procedimento

5. PERIGO ATUAL: O investigatório, o que, por

perigo está si, é lícito”.

ocorrendo;
CRIMES FAMULATIVOS “São os crimes
34
individualmente
6. PERIGO IMINENTE: O
perigo está prestes a
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/03/11/certo-ou-e
33

rrado-o-crime-complexo-pode-se-lo-em-sentido-estrito-ou-em-senti
do-amplo/
21
considerados no crime CRIME DE ATENTADO Prevê a tentativa como
complexo, que compõem OU DE forma de realização do
a sua estrutura.” EMPREENDIMENTO crime.

CRIME O tipo protege apenas 1 Possui existência


MONO-OFENSIVO bem jurídico. autônoma, ou seja não
CRIME PRINCIPAL
depende da prática de
O tipo protege mais de 1 outro anteriormente.
CRIME PLURIOFENSIVO
bem jurídico.
Depende da existência de
Sujeito passivo é entidade CRIME ACESSÓRIO OU outro crime.
sem personalidade
CRIME VAGO DE FUSÃO OU A extinção da punibilidade
jurídica (vítima
PARASITÁRIO OU do crime principal não se
indeterminada).
CRIME AMEBA estende ao crime
acessório.
A condição de funcionário
público é essencial para a
CRIME FUNCIONAL É aquele que só se aplica
configuração do delito, de
PRÓPRIO se não houver a incidência
forma que, sem ela, não
de um tipo mais grave.
há outro delito.

CRIME FUNCIONAL
A ausência de condição de 🚨JÁ CAIU
funcionário público Na prova para o cargo de
IMPRÓPRIO
desclassifica a infração. Promotor de Justiça do
MPE-SP (Ano: 2019,
CRIME TRANSEUNTE Não deixa vestígios
banca própria), ao
OU materiais.
questionar sobre a
DE FATO TRANSITÓRIO
classificação do crime de
CRIME SUBSIDIÁRIO
CRIME NÃO Deixa vestígios materiais. divulgação de cena de

TRANSEUNTE OU estupro ou de cena de

DE FATO PERMANENTE estupro de vulnerável, de


cena de sexo ou de
Para a instauração da pornografia, previsto no
persecução penal é artigo 218-C do Código
CRIME CONDICIONADO
exigível uma condição Penal, a banca considerou
objetiva de punibilidade. correta a classificação:
“comum, formal,
O início da persecução é
comissivo, unissubjetivo,
CRIME livre. Trata-se da regra
doloso, subsidiário”.
INCONDICIONADO geral do nosso
ordenamento.
Não apresentam
CRIME INDEPENDENTE nenhuma ligação com
outros.
https://www.institutoformula.com.br/resumo-esquematizado-direito-pe
34

nal-o-que-e-crime-famulativo/
22
Estão interligados. A momento de emoção.
conexão pode ser penal
CRIME DE OPINIÃO OU Abuso da manifestação do
ou processual. Vejamos a
conexão penal/material: PALAVRA pensamento.

1. CONEXÃO
A pessoa interpreta de
TELEOLÓGICA OU
forma equivocada e emite
IDEOLÓGICA: aqui o
uma manifestação falsa.
crime é praticado CRIME DE
Não comete crime de
para assegurar a HERMENÊUTICA OU
interpretação o
execução de outro. INTERPRETAÇÃO
magistrado ao interpretar
Funciona como
mal a norma e decidir
qualificadora do
erroneamente.
homicídio e como
agravantes genéricas O agente quer e persegue
nos demais delitos. CRIME DE TENDÊNCIA um resultado que não
INTERNA necessita ser alcançado
2. CONEXÃO TRANSCENDENTE OU para a consumação, a
CONSEQUENCIAL DELITO DE INTENÇÃO exemplo da extorsão
OU CAUSAL: visa mediante sequestro.
CRIME CONEXO
assegurar a
ocultação, Ocorre quando o agente

impunidade ou pratica uma conduta com

vantagem de outro. a intenção de causar certo

Funciona como resultado, mas o tipo não


CRIME DE RESULTADO
qualificadora do prevê a sua produção
CORTADO OU
homicídio e como para a consumação do
ANTECIPADO
agravantes genéricas crime.

nos demais delitos. O resultado depende de


ato de terceiro e não do
agente.
3. CONEXÃO
OCASIONAL: é
O agente pratica uma
praticado como
conduta com a intenção
consequência da
de futuramente praticar
ocasião, ou seja, da
outra conduta distinta,
oportunidade que CRIME MUTILADO DE
mas o tipo não prevê a
outro crime DOIS ATOS OU TIPOS
prática desta segunda
proporciona ao IMPERFEITOS DE DOIS
conduta para a
agente. ATOS
consumação do crime.

Pratica o crime sem que O ato posterior será


CRIME DE ÍMPETO
tenha premeditado, em praticado pelo próprio

23
agente e não por terceiro. lesividade aparente.

Necessário verificar o São os tipos penais que se


ânimo do agente para a realizam com a mera
realização do delito. CRIME DE desobediência de uma
A tendência efetiva do TRANSGRESSÃO norma. O legislador
autor delimita a ação presume a lesão ao bem
típica, ou seja, a tipicidade jurídico.
pode ou não ocorrer em
Conduta praticada em um
razão da atitude pessoal e CRIME À DISTÂNCIA OU
país e o resultado ocorre
interna do agente. DE ESPAÇO MÁXIMO
em outro.
Exemplos: toque do
ginecologista na realização
Conduta em uma comarca
do diagnóstico, que pode CRIME PLURILOCAL
CRIME DE TENDÊNCIA e o resultado em outra.
configurar mero agir
INTENSIFICADA OU
profissional ou então CRIME EM TRÂNSITO Crime que envolve mais
DELITOS DE TENDÊNCIA
algum crime de natureza OU EM CIRCULAÇÃO de dois países.
sexual, dependendo da
tendência (libidinosa ou É o praticado com o

não), bem como as CRIME DE CIRCULAÇÃO emprego de veículo

palavras dirigidas contra automotor.

alguém, que podem ou


É hipótese de delito
não caracterizar o crime
putativo por erro de
de injúria em razão da
proibição (erro de
intenção de ofender a
proibição invertido).
honra ou de apenas
O agente pratica um fato
criticar ou brincar CRIME DE ALUCINAÇÃO
que entende ser
(MASSON, 2020, p. 186).
criminoso, mas, como não
Certos tipos penais existe norma de proibição
tutelam bens jurídicos (incriminadora), pratica
supraindividuais. Em uma conduta atípica.
alguns casos somente se
CRIME PUTATIVO OU É o crime em que o sujeito
constatará a lesão ao bem
CRIMES DE IMAGINÁRIO OU acredita que praticou um
jurídico se levarmos em
ACUMULAÇÃO OU ERRONEAMENTE crime, mas cometeu um
consideração não
CRIMES CUMULATIVOS SUPOSTO simples indiferente penal.
somente a conduta de um
agente, mas o acúmulo
CRIME DE ENSAIO OU É o crime impossível na
dos resultados de várias
DELITO DE hipótese de flagrante
condutas. Por isso é
LABORATÓRIO OU preparado ou provocado.
punida uma conduta
CRIME PUTATIVO POR
isolada, mesmo que sem

24
OBRA DO AGENTE histórico e à luz das
PROVOCADOR peculiaridades de
determinadas
São as hipóteses de erro
sociedades.
na execução, resultado
CRIMES ABERRANTES São condutas que
diverso do pretendido e
normalmente não eram
aberractio causae.
objeto de tipificação do

Revelam depravação ordenamento jurídico mas

moral, desonra ou que passam a ser


CRIMES INFAMANTES
desonestidade de quem consideradas como crimes

os pratica. como forma de promover


a tutela de uma situação
Pune-se uma conduta que específica ou de dar uma
causa um dano ou perigo resposta para a
de dano a bem jurídico de coletividade.
interesse da segurança. Exemplo: invasão de
a. PRÓPRIO: tutela dispositivo informático
interesse do alheio, tipificado ao teor
Estado. do artigo 154-A do CP, que
CRIMES POLÍTICO
b. IMPRÓPRIO: além passou a ser considerado
de tutelar crime após a repercussão
interesse do social de fatos ocorridos
Estado, protege com uma conhecida atriz
bens jurídicos de televisão
individuais.
Na verdade é modalidade
São aquelas condutas que específica de delitos
sempre foram plásticos, todavia
consideradas como crimes caracterizada pela
CRIME NATURAL independentemente do ausência de proteção a
momento histórico ou do qualquer bem jurídico.
ordenamento jurídico Não é toda doutrina que
observado. aceita essa classificação,
CRIME VAZIO
mas para aqueles que
Correspondentes às
aceitam, temos como
condutas que só são
exemplo o crime de
consideradas como
CRIME DE PLÁSTICO35 embriaguez ao volante
relevantes para fins de
quando o motorista está
tipificação penal em um
em via pública deserta e
delimitado momento
sem colocar outra pessoa
além dele próprio em
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/artigos/263553377/crime-de-pla
35

stico-x-crimes-naturais
25
risco. É o crime habitual quando
CRIME PROFISSIONAL cometido com finalidade
Não comportam a pena lucrativa .
CRIME DE MÍNIMO privativa de liberdade, a
POTENCIAL exemplo da posse de Caracteriza-se pela
drogas para consumo. existência de um processo
intelectivo interno do
São aqueles crimes cuja autor. Exemplo: falso
pena privativa de testemunho (CP, art. 342),
liberdade prevista na lei no qual a conduta
CRIME DE MENOR
não ultrapassa dois anos, tipificada não se funda na
POTENCIAL CRIME DE EXPRESSÃO
cumulada ou não com a veracidade ou na falsidade
multa. Também se inclui objetiva da informação,
aqui as contravenções. mas na desconformidade
entre a informação e a
A pena mínima não
convicção pessoal do seu
ultrapassa um ano,
autor (MASSON, 2020, p.
CRIME DE MÉDIO independentemente do
186).
POTENCIAL máximo da pena privativa
de liberdade que seja CRIME DE AÇÃO É o crime praticado por
cominada. ASTUCIOSA meio de fraude, engodo.

Possui pena mínima É como a doutrina chama


CRIME DE ELEVADO
superior a um ano e pena CRIME FALHO
a tentativa perfeita.
POTENCIAL
máxima acima de dois.
São atos preparatórios
São aqueles crimes que tipificados como crimes
são tratados de forma CRIME OBSTÁCULO
autônomos pelo
CRIME DE MÁXIMO diferenciada pela legislador.
POTENCIAL Constituição Federal. São
exemplos: crimes Segundo Masson, “o
hediondos e equiparados. agente, pretendendo
desde o início produzir o
É aquele crime praticado resultado mais grave,
sem nenhum motivo pratica sucessivas
conhecido. Todavia, vale violações ao bem jurídico.
lembrar que a CRIME PROGRESSIVO Com a adoção do princípio
CRIME GRATUITO jurisprudência entende da consunção para
que a ausência de motivo solução do conflito
conhecido não deve ser aparente de leis penais, o
equiparada ao motivo crime mais grave absorve
fútil. o menos grave. Exemplo:
relação entre homicídio e

26
lesão corporal”. (MASSON, das pessoas privilegiadas
2020, p. 188). no âmbito econômico
(MASSON, 2020, p. 191).

⚠️ ATENÇÃO São os crimes de rua.


Não confundir com a
Cleber Masson nos
progressão criminosa:
lembrar que “colarinho
ocorre mudança no DOLO
CRIMES DO azul” se refere à cor dos
do agente, que de início
COLARINHO AZUL macacões utilizados pelos
pratica um crime menos
operários
grave, mas, depois de
norte-americanos da
alcançar a consumação,
década de 1940.
decide prosseguir e
praticar crime mais grave. Crimes de colarinho
branco praticados em
São os crimes que
países que adotaram o
compõem a continuidade
CRIMES DO regime socialista. No
CRIMES PARCELARES delitiva, quando presentes
COLARINHO entanto, também utilizam
os requisitos do art. 71,
VERMELHO 36
para se referir à
caput, do CP.
criminalidade associada a

São aqueles praticados organizações de

CRIMES DE RUA por pessoas de classes extrema-esquerda.

sociais desfavorecidas.
Crimes praticados por

São cometidos por funcionários públicos que

aqueles que gozam e não chegam ao

abusam da elevada CRIMES DO conhecimento dos órgãos

condição econômica. COLARINHO estatais devido ao temor


AMARELO 10
de represálias. Ex.: abuso
Nesses crimes
de autoridade, tortura,
socioeconômicos, surgem
corrupção passiva e
as “cifras douradas do
concussão.
Direito Penal”, indicativas
CRIMES DO da diferença apresentada CRIMES DO Crimes contra o meio
COLARINHO BRANCO entre a criminalidade real COLARINHO ambiente.
e a criminalidade
VERDE 10

conhecida e enfrentada
pelo Estado. Raramente CRIMES DO Crimes de homofobia.
existem registros COLARINHO

envolvendo delitos dessa ROSA10


natureza, inviabilizando a
persecução penal e
acarretando a impunidade 36
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias inusitadas
/ João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2017, pag. 41.
27
Segundo Cleber Masson, expressamente previsto
está relacionada com as pelo tipo penal
infrações penais que incriminador. Ex.: falso
CRIMES DE CATÁLOGO permitem a interceptação testemunho (art. 342 do
telefônica, para fins de CP).
investigação ou instrução
processual. É aquele praticado contra
sujeitos indeterminados,
São também conhecidos sendo também
como delitos de CRIMES COM SUJEITO conhecidos como crimes
esquecimento. PASSIVO EM MASSA38 vagos, uma vez que
Trata-se de modalidade de possuem como vítima um
crime omissivo impróprio ente destituído de
caracterizado pela personalidade jurídica.
natureza culposa (culpa
CRIME ANÃO OU CRIME Contravenções penais.
inconsciente). Cleber
LILIPUTIANO
Masson aponta o seguinte
exemplo: O pai estaciona Contravenções penais
CRIMES DE OLVIDO seu automóvel em via CRIME ANÃO CRESCIDO com pena máxima
(“OLVIDAR, ESQUECER”) pública, em um dia de 39
superior a dois anos de
muito calor, e dirige-se ao prisão simples.
supermercado, porém
esquece seu filho de tenra “a exemplo do crime de

idade no interior do tortura, é aquele que,

veículo. Como o genitor como a própria fruta, só

demora a retornar, a se encontra como tal no

criança acaba falecendo Brasil. Embora os tratados

em consequência da internacionais e demais

insolação e da asfixia a ordenamentos tratem do

que foi submetida. CRIME JABUTICABA 40


crime de tortura como
sendo ele um crime
Crime de mão-própria, próprio, que exige alguma
também conhecido como característica especial do
crime de atuação pessoal agente, apenas no Brasil o
ou de conduta infungível, crime de tortura é
CRIME DE CONDUTA
é aquele que exige uma comum, podendo ser
INFUNGÍVEL37
qualidade especial do praticado por qualquer
sujeito ativo, ou seja,
somente podem ser 38
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias inusitadas
/ João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de Janeiro: Forense; São
praticados pelo sujeito Paulo: MÉTODO, 2017, pag. 58
39
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias inusitadas
/ João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2017, pag 59.
37
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias inusitadas 40
https://www.facebook.com/metodoVIPJUS/photos/crime-jabuticaba-a-ex
/ João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de Janeiro: Forense; São emplo-do-crime-de-tortura-%C3%A9-aquele-que-como-a-pr%C3%B3pria-f
Paulo: MÉTODO, 2017, pag. 54 ruta/1334776726635251/
28
pessoa. Dessa forma, tal
característica,
exclusivamente brasileira,
lhe rendeu o apelido de tal
fruta nativa.”

São os tipos penais que


fazem expressa remissão
a outros. Ex.: uso de
documento falso (art.
304), que remete aos
delitos previstos nos arts.
297 a 302 do Código
Penal.

🚨JÁ CAIU
Na prova para o cargo de
CRIME REMETIDO
Juiz de Direito do TJ-SC
(Ano: 2019, CEBRASPE). A
banca considerou correta
a seguinte assertiva: “O
crime de uso de
documento falso
configura-se como crime
remetido; e o de uso de
petrechos para falsificação
de moeda, como crime
obstáculo”.

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