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LUÍS AUGUSTO DA ROCHA PIRES

DIREITO PENAL III


Professora Vanessa Chiari Gonçalves
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Segunda-feira, 5 de outubro de 2015

DIREITOS DA EXECUÇÃO CRIMINAL

- Princípio da individualização executória: não permite que pessoas com comportamentos


diferentes ao longo da execução da pena recebam o mesmo tratamento

- Sistema Progressivo: como o objetivo declarado da LEP é a ressocialização do condenado,


há que se seguir, de alguma forma, um trajeto para o alcance desse objetivo, o que pressupõe
testar o condenado em situações diferenciadas para que se conceda um maior espaço de
liberdade. Significa dizer que a progressão de regime não pode se dar aos saltos, ou seja,
ninguém pode progredir direto do regime fechado para o regime aberto, terá que
necessariamente passar pelo regime semiaberto antes de chegar ao aberto

1. Progressão de Regime
- Requisitos:
- Bom comportamento carcerário: requisito subjetivo, atestado pelo diretor da
casa prisional. Caso o MP duvide desse atestado – por motivos de crime violento, conduta
duvidosa – pode requerer um parecer fundamentado, composto por 5 declarações (do diretor
da casa prisional, do agente penitenciário responsável pelas atividades de trabalho dentro da
penitenciária, parecer do agente penitenciário responsável pela segurança, parecer da
psicóloga e parecer da assistente social)
- Ter cumprido no regime anterior:
- Para crimes não hediondos = 1/6 da pena (art. 112 da Lei 7.210/84)
- Para crimes hediondos (Lei 8.072/90):
- 2/5 da pena se o condenado for primário
- 3/5 da pena se o condenado for reincidente

2. Soma e Unificação de Pena


- Soma: no caso de condenado acusado de outros crimes, peças das condenações
transitadas em julgado (denúncia, sentença e eventual acórdão) são enviadas ao juiz
responsável pela execução criminal do condenado, que somará as penas
- Unificação: aplicação da regra do art. 71 (crime continuado) na execução, em que o
juiz da execução, percebendo os requisitos do artigo mencionado, em vez de somar as penas,
as unifica (a mais alta, seguida de aumento de até 1/6)
3. Livramento Condicional
- É mais benéfico do que o regime aberto, pois a pessoa fica realmente em liberdade,
sem a necessidade de apresentar-se em albergue

- Requisitos: art. 83
- Bom comportamento carcerário
- Ter cumprido:
+ de 1/3 da pena para condenado primário e crime não hediondo
+ de ½ da pena para condenado reincidente e crime não hediondo
+ 2/3 da pena para condenado por crime hediondo ou equiparado
- Condições: comparecer mensalmente à Vara de Execuções para informar suas
atividades; não pode mudar de endereço sem avisar; não pode sair da Comarca sem
autorização
- Suspensão:
- Ocorre quando há condenação preventiva por fato novo (ex.: prisão em
flagrante) – art. 145 da Lei 7.210/84: “Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz
poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público,
suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará
dependendo da decisão final.”
- Revogação: art. 86
- Quando há condenação por fato novo (crime cometido no período em
livramento condicional), há a perda do período cumprido em liberdade (é diminuído da nova
pena apenas o período em que esteve preso)  quebra de confiança por parte do condenado,
pois o condenado comete crime durante o livramento condicional
- Quando há condenação por fato antigo, o período em livramento condicional
é diminuído da nova pena  não houve quebra de confiança por parte do condenado
- Art. 88: “(...) salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime
anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
condenado.”
- Efeitos: art. 88: “Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido (...)”

4. Indulto: art. 1º do Decreto 8380/2014


- É o direito mais benéfico que um condenado pode receber. Ocorre o perdão do
restante de pena que lhe falta cumprir

- Requisitos (conforme indulto natalino de 2014):


- Bom comportamento carcerário
- Pena de até 8 anos
- Ter cumprido:
- 1/3 da pena até 25/12/2014 para condenado primário
- 1/2 da pena até 25/12/2014 para condenado reincidente

5. Comutação de Pena: art. 2º do Decreto 8380/2014


- É uma espécie de indulto parcial

- Requisitos
- Bom comportamento
- Que não seja cabível o indulto
- Ter cumprido:
- 1/4 da pena até 25/12/2014, se primário, para comutar 1/4 de seu
remanescente
- 1/3 da pena até 25/12/2014, se reincidente, para comutar 1/5 de seu
remanescente

* Atenção: não cabe indulto nem comutação de pena para crimes hediondos ou equiparados

6. Remição
- É um benefício para estimular o preso ao trabalho e ao estudo, em que a cada 3 dias
de trabalho se reduz um dia de pena, e a cada 12 horas (4 horas/aula por dia) de estudo se
reduz um dia de pena

7. Detração
- Todo o período cumprido preventivamente é reduzido da pena definitiva

* Caso:
- Ariovaldo: Crime hediondo; Primário; Pena de 7 anos; Início: 29/7/2012; Trabalho:
240 dias
- Para Livramento Condicional precisaria cumprir 2/3 da pena (4 anos e 8
meses); para progredir de regime teria que cumprir 2/5 da pena (2 anos e 4 meses); não cabe
indulto nem comutação de pena (por ser hediondo)
- Até hoje, cumpriu 3 anos 2 meses e 6 dias de pena; somado com os 240 dias
de trabalho (80 dias a mais de cumprimento) tem, até 5/10/2015, 3 anos 4 meses e 26 dias.
Portanto, poderia progredir para o regime semiaberto, e não caberia livramento condicional
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Segunda-feira, 26 de outubro de 2015

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

- AUTOMÁTICOS: art. 91
- Decorrem automaticamente da sentença penal condenatória

- A sentença penal condenatória serve como título executivo judicial a ser executado
na esfera cível para fins de indenização pelo dano causado pelo crime (se houver pena
alternativa de prestação pecuniária, esta será abatida do valor porventura demandado na
esfera cível)
- O produto do crime ou vantagem auferida pela prática do ato criminoso são perdidos
em favor da União, bem como os instrumentos utilizados para a prática delitiva, ressalvado o
direito do lesado ou de terceiro de boa-fé (ex.: o Estado deve devolver ao proprietário o
veículo furtado e posteriormente utilizado para perpetrar crimes)

- A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado para cometer o crime, é previsto
no Código de Trânsito como efeito automático (Código Penal está desatualizado, pois trata
dessa consequência como dependente de fundamentação específica)

- DEPENDEM DE FUNDAMENTAÇÃO ESPECÍFICA: art. 92


- Só existirão se o juiz especificamente mencionar na sentença o efeito e o
fundamento, ou seja, a imposição dos efeitos específicos da condenação não é obrigatória ao
juiz

- Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:


- Pena igual ou superior a 1 ano, em casos de abuso de poder ou violação de
dever para com a Administração pública  que envolva a função exercida, frustrando as
expectativas de lealdade para com a instituição pública
- Pena privativa de liberdade superior a 4 anos, nos demais casos (ex.:
homicídio)
- Tal efeito é totalmente independente da penalidade eventualmente aplicada
em processo administrativo instaurado contra o servidor

- Ocorrendo crime doloso – sujeito à pena de reclusão – contra filho, tutelado ou


curatelado deve ser decretada a incapacidade do agente para exercer o poder familiar, a
tutela ou a curatela
- No entanto, o parágrafo único do art. 1.637/CC dispõe que “Suspende-se
igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão”. Desta forma,
segundo doutrina de Fernando Galvão, a suspensão do exercício do poder familiar seria efeito
automático da sentença penal que condenasse o sujeito a pena superior a 2 anos.
Consequência do advento do Código Civil de 2002 e da mudança por ele introduzida, o art. 92
do Código Penal só teria aplicação para impor a incapacidade para o exercício da tutela ou
curatela. Porém, de outro lado, o § 2º do art. 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(incluído pela Lei nº 12.962, de 2014 – livro do Fernando Galvão consultado é uma edição de
2013), estabelece que “A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição
do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de
reclusão, contra o próprio filho ou filha”, ou seja, reafirma o art. 92 do Código Penal.
Tratando-se de lei posterior, entendo (visão pessoal) que deve ser integralmente aplicado o
disposto no art. 92 do Código Penal, pois com a modificação feita pela Lei 12.962/2014
ocorreria a revogação do parágrafo único do art. 1.637 do Código Civil (professora não
mencionou isso em aula, provavelmente de propósito  na dúvida, aplica-se o art.92 do
Código Penal)
REABILITAÇÃO

- Depois de cumprida sua pena, o condenado, em 2 anos, se não cometeu novo crime, poderá
solicitar ao juízo de conhecimento a Reabilitação. Reabilitar, no âmbito do Direito Penal,
significa restituir as qualidades e prerrogativas daquele que delas foi privado por uma
condenação judicial
- A reabilitação não é causa extintiva de punibilidade, mas tão somente suspende alguns
efeitos da sentença condenatória, visto que a qualquer tempo, revogada a reabilitação, se
restabelece o status quo ante
- A reabilitação é um direito subjetivo do condenado, e não um favor do Estado, tendo como
finalidade promover a reinserção do apenado no contexto social

- Efeitos da Reabilitação: (1) antecedentes retirados da Folha Corrida (como se primário fosse,
embora conste nos registros internos dos órgãos competentes), para que a pessoa não seja
discriminada no mercado de trabalho, por exemplo; (2) efeitos que dependem de
fundamentação específica (art. 92) podem ser atingidos, vedada a reintegração ao estado
anterior nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo

- Art. 94: “A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de
prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o
condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta
impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia
da vítima ou novação da dívida. (...)”

- Art. 95: “A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se


o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de
multa.”

MEDIDA DE SEGURANÇA

- Utilizada quando alguém que possui uma doença mental diagnosticada e periciada pratica
um fato típico e ilícito (crime só é praticado por agente imputável)
- Quando o agente do fato típico e ilícito tem 18 anos completos é objeto do Direito Penal
(menores de 18 anos estão fora do Direito Penal – há, porém, na doutrina quem defenda o
surgimento de um Direito Penal Juvenil). Concluído o inquérito policial e apresentada a
denúncia pelo Ministério Público, se houver dúvida quanto à imputabilidade do acusado, o
processo é suspenso e é instaurado um incidente processual em que peritos examinarão o
indivíduo e avaliarão seu estado mental
- Sujeitos:
- Inimputável: sentença de absolvição indireta
- Aplicação de Medida de Segurança, através de tratamento compulsório, com
fundamento na periculosidade
- Semi-Imputável: sentença condenatória com pena reduzida
- Cumpre a pena em uma Penitenciária comum, tem apenas sua pena reduzida
na 3ª Fase de dosimetria
- Imputável: sentença condenatória

- Modalidades (art. 96 e 97)


- Internação (crimes punidos com reclusão)
- Tratamento Ambulatorial (crimes punidos com detenção)

- Prazo mínimo: de 1 a 3 anos (art. 97, § 1º)


- Passado o período mínimo determinado pelo juiz, o indivíduo fará exame de cessação
de periculosidade. Se a perícia considerar que o indivíduo está apto a voltar ao convívio social
assim será feito, caso contrário o exame será repetido anualmente (ou a qualquer tempo, se
o determinar o juiz da execução)

- Prazo máximo: se a o exame de cessação de periculosidade for negativo, o sujeito seguirá


internado. O STF decidiu que o prazo máximo de internação é de 30 anos, no entanto a
doutrina vanguardista entende que o limite deve ser a pena máxima cominada em abstrato
(pena máxima prevista no artigo penal)

* Se o condenado imputável ou semi-imputável adquire (ou potencializa) uma patologia


durante o cumprimento da pena, esta pode ser transformada – pelo juiz da Execução – em
Medida de Segurança (art. 183/Lei 7.210 – LEP)
- Caso tenha sido o indivíduo considerado plenamente imputável na data da prática do
fato delitivo, sobrevindo a causa incapacitante no curso da execução da pena, poderá o juiz
substituir a pena pela medida de segurança. Se o juiz, no momento da decisão de mérito sobre
a pretensão punitiva, optou por aplicar a pena reduzida ao semi-imputável e, no curso da
execução, a doença mental agravou-se, poderá o juiz da execução proceder à substituição da
pena pela medida de segurança
- Sistemas:
- Sistema do duplo binário (anterior): no caso supramencionado, sendo a pena
convertida em Medida de Segurança, caso fosse considerado apto ao convívio social, o sujeito
voltaria para a Penitenciária para cumprir o restante da pena
- Sistema Vicariante (atual): atualmente a Pena que se converte em Medida de
Segurança não pode ser reconvertida em Pena, sob o argumento de que o sujeito não circule
entre os sistemas estatais
- Como tem pena calculada, caso o exame de cessação de periculosidade for
continuamente negativo, o indivíduo não pode ficar internado por tempo superior ao
calculado na dosimetria da pena. Caso a pessoa ainda possua a patologia, a liberação ocorre
mediante a nomeação de um curador, devendo ser colocada em um manicômio convencional,
ou seja, a questão sai do âmbito do Direito Penal
- Desinternação (art. 93, § 3º): no período de um ano após a liberação o indivíduo fica em
observação, e só após esse período terá sua liberdade definitiva, isto é, só então estará livre
da Medida de Segurança
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Segunda-feira, 9 de novembro de 2015

AÇÃO PENAL

- Segundo o art. 100, a Ação Penal é Pública (regra), salvo quando for condicionada à
representação ou privativa do ofendido (exceções, que constarão do tipo penal)

- Ação Penal Pública

- Incondicionada: art. 100


- A grande maioria dos tipos penais é de ação incondicionada, significando que,
se um fato criminoso acontece e alguém comunica o Estado (via de regra a Polícia via Boletim
de Ocorrência), o Estado está autorizado a investigar o fato, através de um inquérito policial
e podendo findar em Denúncia pelo Ministério Público (petição inicial da Ação Penal Pública)
 independe da vontade das pessoas ou de qualquer outra condição

- Condicionada à Representação: art. 100, § 1º


- Depende de representação da vítima (ou parente próximo, na sua ausência),
só podendo o Ministério Público denunciar se a vítima quiser representar criminalmente (art.
88 da Lei 9099/95 diz que, nos casos de lesão corporal leve e lesão culposa, a Ação Penal é
condicionada à Representação; no entanto o STF decidiu que lesão corporal leve contra
mulher – Lei Maria da Penha – é incondicionada)
- Ex.: art. 147 (ameaça) e 182 (crimes patrimoniais contra parentes próximos)
- Irretratabilidade: segundo o art. 102, “A representação será irretratável
depois de oferecida a denúncia”, ou seja, o Código Penal determinou um limite até o qual o
particular poderá retratar-se e, passado esse prazo, o ofendido não terá o condão de impedir
o início da persecutio criminis in judicio

- Ação Penal Privada

- Exclusiva: art. 100, § 2º


- É a ação penal privada propriamente dita (calúnia, difamação, injúria simples
– art. 145), exigindo-se que a vítima contrate advogado para representá-la, atuando o
Ministério Público apenas como fiscal da lei
- O titular desta ação é o particular (que age como substituto processual, pois
é o Estado o titular do direito de punir), devido à existência de interesse privado que pode ser
ofendido com a persecutio criminis
- Há a exigência de queixa/queixa-crime (petição inicial da Ação Penal Privada)
elaborada por advogado

- Subsidiária da Pública: art. 100, § 3º


- Hipótese de ação penal pública incondicionada em que o Ministério Público
não ajuíza a denúncia no prazo estabelecido, caso em que a vítima poderá realizar queixa-
crime. A qualquer momento, o Ministério Público pode retomar a titularidade da ação, mesmo
tendo perdido o prazo

* Situações que o tipo de Ação Penal não consta no Código Penal:

- Lesão corporal culposa e lesão corporal leve que não envolva relações domésticas,
segundo o art. 88 da Lei 9099/95, dependem de representação

- Ação Penal nos crimes contra a liberdade sexual: condicionada à Representação,


salvo na hipótese da Súmula 608/STF, que diz que “No crime de estupro, praticado mediante
violência real, a ação penal é pública incondicionada”
- Art. 225: “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública
incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.”

* Decadência do Direito de Queixa ou Representação (art. 103)

- Decai o direito de queixa ou representação em 6 meses:


- Do dia em que o ofendido soube quem é o autor do delito; ou
- Do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia, na hipótese
da Ação Penal Privada Subsidiária da Pública

* Renúncia ao Direito de Queixa (art. 104)


- Renúncia expressa (declaração formal do ofendido) ou tácita (prática de ato
incompatível com a vontade de denunciar)
- O fato de receber indenização pelo dano causado pelo crime não significa renúncia
tácita

* Perdão do Ofendido (art. 105 e 106)


- Se concedido a um dos ofensores (se em coautoria), beneficia os outros
- Se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros
- O querelado pode recusar o perdão
- Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de
prosseguir na ação
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

- Art. 107: “Extingue-se a punibilidade:


I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
- Anistia: concedida mediante Lei do Congresso Nacional, é instituto mediante
o qual o Poder Público deixa de punir certos crimes, geralmente políticos, possuindo caráter
coletivo (isto é, todas as pessoas que se enquadrarem nos requisitos de lei de anistia são
anistiados)
- Graça: também denominada indulto individual, pode ser concedida por
provocação do condenado ou espontaneamente pelo Presidente da República
- Indulto: já tratado no capítulo sobre Direitos da Execução Criminal
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; (abolitio
criminis)
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei” (ex.: art. 121, § 5º)

- É como se a condenação não tivesse existido, não restando registros

PRESCRIÇÃO

- É a perda do direito de punir do Estado, em virtude do decurso do tempo. Ocorre devido à


ineficiência do Estado, ou seja, quanto mais o Estado demora para proferir a sentença, dar
início ao cumprimento de sentença, ou então quando foge o preso, mais chance haverá de
ocorrer a Prescrição da Pretensão Punitiva ou da Pretensão Executória (pretensão, sob a ótica
penal, entendida como subordinação do interesse de liberdade individual ao jus puniendi).
Desse modo, o ordenamento jurídico impede que a possibilidade da punição perdure
indefinidamente
- Nas duas espécies de prescrição há a diminuição do prazo em face da idade do criminoso –
art. 115: “São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta)
anos.”

- Art. 109: “A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §
1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (...)”

- Art. 110: “A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se


pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam
de um terço, se o condenado é reincidente. (...)”

- Prescrição da PRETENSÃO PUNITIVA: efetivamente extingue a punibilidade, não gerando


futura reincidência, pois ocorre antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, isto
é, antes de consolidar-se um juízo positivo de reprovação

- Abstrata: se a prescrição ocorreu entre a data do crime e o recebimento da denúncia,


ou entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória, tendo como
limite a pena máxima cominada em abstrato no tipo. É abstrata pois ainda não há pena em
concreto

- Retroativa: quando o Ministério Público não recorre (trânsito em julgado para a


acusação) a pena não pode ser aumentada, e a prescrição incidirá sobre a pena concreta.
Desta forma, se verificará se houve prescrição entre o recebimento da denúncia e a
publicação da sentença condenatória. O § 1º do art. 110 proíbe que haja prescrição retroativa
entre a data do crime e o recebimento da denúncia – “§ 1º A prescrição, depois da sentença
condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso,
regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
anterior à da denúncia ou queixa.”
- No entanto, o art. 1º da Lei 12.234/2010, que modificou os art. 109 e 110 do
Código Penal, dispõe que “Esta Lei altera os art. 109 e 110 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal, para excluir a prescrição retroativa.” Segundo doutrina de
Fernando Galvão, não pode haver dúvida de que a prescrição retroativa foi extinta de nosso
ordenamento jurídico (ressalvados os fatos acontecidos anteriormente à entrada em vigor
dessa lei, pois esta é maléfica ao réu), não apenas entre a data do fato e o recebimento da
denúncia, mas entre qualquer das causas interruptivas da prescrição (professora não
mencionou isso em aula, creio que seja uma questão de interpretação e divergência
doutrinária  na dúvida, tem prescrição retroativa entre o recebimento da denúncia e a
publicação da sentença condenatória)

- Intercorrente: ocorre, tendo como base a pena concretizada na sentença, entre a


publicação da sentença condenatória recorrível e o trânsito em julgado

- No caso de crimes dolosos contra a vida (art. 121 a 126), há um outro marco
interruptivo (zera a contagem) da prescrição: a Sentença de Pronúncia
- A prescrição da pretensão punitiva se encerra com o trânsito em julgado
- Prescrição da PRETENSÃO EXECUTÓRIA: extingue somente a pena, o registro de condenação
persiste, inclusive para fins de verificação de reincidência (bem como preserva como certa a
obrigação de reparar os danos causados), pois ocorre depois do trânsito em julgado da decisão
condenatória
- Os prazos prescricionais relativos à pretensão executória aumentam de um terço se
o condenado é reincidente (art. 110)
- Ocorre entre o trânsito em julgado para a acusação (se o réu estiver respondendo
em liberdade) e o início do cumprimento da pena. No início do cumprimento da pena
suspende-se o prazo prescricional, não zerando a contagem da prescrição (não há
interrupção). Ocorrendo a fuga do sujeito, o prazo de prescrição volta a correr
- Em caso de fugas e capturas, cada vez que se cumpre a pena o período cumprido é
contabilizado. Portanto, no momento da recaptura, o tempo de pena ainda a ser cumprido é
reduzido, diminuindo o prazo de prescrição conforme o art. 109
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