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DAS PRISÕES

Conceito: privação, mais ou menos intensa, da liberdade Obs.: não há mais prisão civil de depositário infiel
(ver, CF, art. 5º, LXVII, mas c.c. § 2º, art. 5º e Pacto de São José da Costa Rica, art. 7º, n. 7).
ambulatória.
Art. 282.  As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
Prisão Pena: é o sofrimento imposto pelo Estado ao observando-se a:   
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução
infrator, em execução de sentença penal condenatória criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
irrecorrível, como retribuição ao mal praticado, penais;               
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
reintegrando a ordem jurídica. pessoais do indiciado ou acusado. 
§ 1o  As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
COM PENA - PRISÃO DEFINITIVA § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou,
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
- É efetivamente o cumprimento de uma sentença mediante requerimento do Ministério Público.
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao
condenatória receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para
se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das
- Pena começa a ser cumprida quando transita em julgado a peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de
sentença (quando não há mais recursos) perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos
do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.   
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante
PENAS PREVISTAS NO CP: requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá
 Pena privativa de liberdade: regime fechado (>8 anos), substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
semiaberto (>4 e <8 anos) e aberto (>4 anos) – reclusão, preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. - Justifica-se ter
tirado o juiz de ofício da posição de poder substituir a medida, impor outra em
detenção e prisão simples cumulação, ou, em último caso, decretar prisão preventiva – sem ser mediante
requerimento de outrem - Teoria da Dissonância Cognitiva (Leon Festinger – EUA)
 Pena restritiva de direitos
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou
 Pena de multa: multa penal é executada pelo MP substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.  
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
- Lei 9.099/95 – crimes de até 2 anos e com bons antecedentes, substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
o promotor pode propor a transação penal (ex: pagar cesta cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma
básica para caridade) individualizada.         (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
– se a pena mínima de um crime for menor ou igual a 1 ano
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
está previsto que o promotor pode oferecer a suspenção do fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar
processo por 2 anos – se não reiterar mantém suspenso ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.      
§ 1o  As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não
- Art. 44: a substituição dessa pena priv. de liberdade em multa, for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.       
prestação pecuniária, restritiva de direito, serviço à comunidade § 2o  A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as
- Art. 77: “sursis” restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.  (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).

SEM PENA - PRISÃO PROVISÓRIA MANDADO JUDICIAL:


Provisória, sem o caráter da pena Se dentro do território jurisdicional do juiz expedidor da
EXTRAPROCESSUAL PENAL: ordem, será por mandado. Caso o capturando ultrapassar o
território de outro município, Estado ou Comarca, nos casos de
- PRISÃO CIVIL: alimentos – prisão com natureza coercitiva flagrante, não há necessidade do mandado de prisão
(impor a pagar) (hipóteses nos Arts. 528, do CPC) Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou
comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar,
- depositado infiel (superada nesse CF) apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o
caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
- PRISÃO CAUTELAR VISANDO A EXPULSÃO E § 1º  - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
EXTRADIÇÃO: natureza administrativa (arts. 69 e 81, Lei 6.815/80) a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha
perdido de vista;
- PRISÃO CAUTELAR CONSTITUCIONAL: estado de sítio b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco
tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
- natureza constitucional (art. 139, II, CF – estado de sítio) § 2º Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da
legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do mandado que apresentar,
PROCESSUAL PENAL: poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.

Natureza jurídica cautelar PRISÃO POR PRECATÓRIA:


O juiz expede a ordem à autoridade do lugar onde se presuma
MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS: se aplica sobre pessoas,
não sobre bens (As cautelares reais – medidas assecuratórias - recaem sobre esteja o capturando. Deverá constar no que for aplicável os
coisas – arresto, sequestro, hipoteca legal...) arts. 354 e 289 do CPP
Medidas cautelares não prisionais (diversas da prisão): Art. 319, Dependendo da urgência, poderá ser realizada por telegrama,
320, CPP e Art. 293, CTB telefone, fax, enfim, qualquer meio de comunicação, devendo
constar o valor da fiança se arbitrada e o motivo da prisão.
Medidas cautelares prisionais (custódia cautelar): Incumbirá à autoridade quem recebeu aferir a autenticidade.
são provisórias até sair a sentença condenatória
Prisões cautelares de natureza processual: A Lei 12.403/2011 acrescentou o art. 289-A: determina, ao Juiz
expedidor da ordem, lançá-la no banco de dados mantido pelo
- Prisão em flagrante delito CNJ. Assim, qualquer agente policial, independentemente de
precatória, mandado ou meio outro de comunicação, poderá efetuar
- Prisão preventiva stricto sensu (em sentido estrito) a prisão determinada no mandado cadastrado.
- Prisão temporária
REALIZAÇÃO DA PRISÃO POR
- Prisão domiciliar (depende da doutrina) - (Art. 317, CPP)
MANDADO:
AS imunidades diplomáticas:
Art. 291.   A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o executor,
fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.

O termo inicial fica preciso, e serve para punir mais A imunidade não se restringe ao agente diplomático e sua família.
Disciplina da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de
severamente aquele que agredir a pessoa presa; marcar o tempo
1961, aprovada pelo Decreto Legislativo n. 103/64 e ratificada e
que perdurar para fins de detração, bem como aperfeiçoar tipos promulgada pelo nº. 56.435/65, essa imunidade também se estende às
penais que pressupõem pessoa presa, como elemento seguintes pessoas:
normativo (arts. 351, 352 e 353, CP).
- aos membros do pessoal administrativo e técnico da missão, além dos
familiares que com eles vivam, desde que "não sejam nacionais do
MOMENTO DE EFETIVAÇÃO DA Estado acreditador nem nele tenham residência permanente" (art. 37, § 2º,
da Convenção de Viena de 1961);
PRISÃO: - aos membros do pessoal de serviço da missão que não sejam
Poderá ser efetuada em qualquer dia e hora, respeitadas as nacionais do Estado acreditador nem nele tenham residência
restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. permanente, quanto aos atos praticados no exercício de suas funções
(art. 37, § 3º, da Convenção de Viena de 1961);
Contudo, o Código Eleitoral excepciona e diz que nenhum Não se aplica aos criados particulares dos membros da missão que não
eleitor poderá ser preso 5 dias antes e até 48 horas depois das sejam nacionais do Estado acreditador nem nele tenham residência
eleições, salvo flagrante ou mandado de prisão decorrente de permanente; estes "só gozarão de privilégios e imunidades na medida
sentença penal condenatória irrecorrível. Tratando-se de reconhecida pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditador deverá
mesários e candidatos, esse prazo é de 15 dias (art. 236 e § 1º, CE). exercer a sua jurisdição sobre tais pessoas de modo a não interferir
demasiadamente com o desempenho das funções da missão" (art. 37, § 4º,
USO DA FORÇA: da Convenção de Viena de 1961).

Trata-se de restrição ao princípio da territorialidade temperada,


Regra geral: não é permitido o uso da força, mas o art. 284 consagrado pela legislação penal brasileira, a teor do art. 5º do CP, uma
estabelece exceções: vez que, sendo reconhecida a imunidade diplomática, o agente não
 Indispensável no caso de resistência; responderá no Brasil pelo delito cometido em território nacional, mas
 Caso de tentativa de fuga do preso. em seu país de origem.
Dessa forma, decorrência de tratados e convenções internacionais não
Art. 284.  Não será permitido o emprego de força, salvo indispensável no caso de
resistência ou tentativa de fuga do preso. podem ser presos em flagrante delito, diante de que o processo penal
reger-se-á em todo território brasileiro pelo Código de Processo Penal,
ressalvados os tratados, as convenções e as regaras de Direito
USO DE ALGEMAS: Internacional (art. 1º, I do CPP).
O art. 199 da Lei de Execução Penal diz que o emprego de algemas Assim, ao diplomata (e imunes por extensão) que comete um crime no
será disciplinado por decreto federal, mas não houve a Brasil será aplicada a lei penal e processual penal estrangeira, pois
regulamentação da matéria. subordinado à jurisdição do país ao qual representa, sendo lá
Sem resistência ou tentativa de fuga, o uso de algemas implica processado e julgado.
em humilhação, rebaixamento da pessoa. Descabe o tratamento
degradante ou desumano, nos termos da CF.
Art. 474.  § 3°  Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em
que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos
trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos
presentes.

Assim, adveio o enunciado sumular vinculante nº 11:


Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso
ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.

AS MEDIDAS CAUTELARES DE
NATUREZA PESSOAL:
PRINCÍPIOS REITORES: dignidade da pessoa humana,
necessidade, adequação e proporcionalidade.

Prisão de natureza cautelar


a) Prisão temporária (Lei 7.960/89);
b) Prisão em flagrante (flagrante próprio, impróprio e
presumido, flagrante forjado, flagrante preparado e esperado,
flagrante protelado), flagrante facultativo e flagrante
obrigatório (art. 301, CPP).
Art. 302.   Considera-se em flagrante delito quem:
  I  -  está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.

A prisão em flagrante é cabível nas ações públicas e privadas, e


também nas contravenções.

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