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ATOS DE COMUNICAÇÃO

1. O que é citação?

É o procedimento legal pelo qual, no início da ação, informa-se formalmente ao


acusado que uma ação foi movida contra ele, convocando-o a comparecer perante o
tribunal para ser processado e exercer sua defesa.

2. O que é a citação pessoal?

É um ato processual realizado por um oficial de justiça ou autoridade competente


para notificar pessoalmente uma pessoa sobre um processo judicial.Comumente, a citação
pessoal é empregada quando o réu ou acusado não pôde ser localizado por meios
convencionais de notificação, tais como correspondência ou publicação em edital.

2.1. Por mandado

A citação por mandado é realizada através do cumprimento de um mandado judicial


expedido pelo juiz. O mandado é um documento legal que ordena um oficial de justiça a
efetuar a citação pessoal do acusado. O oficial de justiça responsável pelo cumprimento do
mandado irá se deslocar até o endereço onde o acusado possivelmente se encontra. Ele
entregará pessoalmente ao acusado uma cópia do mandado, informando-o sobre a
existência do processo penal e convocando-o a comparecer perante o tribunal.
Os requisitos intrínsecos da citação por mandado estão previstos no art. 352 do
Código de Processo Penal.
As formalidades externas ao mandado acerca da citação são:
a) A leitura do mandado ao citado;
b) A entrega de uma cópia completa do mandado e da acusação ao citado;
c) A certificação, pelo oficial de justiça, no verso ou na parte inferior do mandado,
confirmando o cumprimento das duas etapas anteriores.

Apenas o não cumprimento do segundo requisito resulta em nulidade. Nos demais


casos, trata-se apenas de uma irregularidade.
A citação pode ocorrer em qualquer momento, independentemente do horário ou do
dia da semana, incluindo domingos e feriados. Caso o oficial de justiça não encontre a
pessoa a ser citada no endereço indicado no mandado, mas tenha informações sobre o seu
paradeiro, deverá procurá-la dentro da área territorial abrangida pelo tribunal responsável
pelo processo.

2.2 Por carta precatória

De acordo com o art. 353 do CPP, o acusado será citado por precatória quando
estiver fora do território da jurisdição do juiz processante.
Conforme o art. 354 do CPP, a citação deverá indicar o juiz deprecado e o juiz
deprecante, a localidade da competência de ambos, a finalidade da citação, incluindo todos
os detalhes específicos e o tribunal do local, a data e o horário em que o réu deverá
comparecer.

Os artigos 355 e 356 do Código de Processo Penal, trataram a respeito dos demais
procedimentos a respeito da citação por carta precatória.

2.3 Por carta rogatória

Carta rogatória é um instrumento utilizado para solicitar a cooperação jurídica


internacional entre países. É um meio pelo qual um país (Estado requerente) pede a outro
país (Estado requerido) assistência na obtenção de provas, realização de atos processuais
ou cumprimento de medidas judiciais necessárias para a instrução de um processo penal.
A citação pessoal por carta rogatória ocorre quando é necessário citar uma pessoa
que se encontra em outro país, para que ela tome conhecimento do processo penal em
andamento e possa exercer seus direitos de defesa.
O artigo 783 a 786 do CPP tratam a respeito das cartas rogatórias.

2.4 Por carta de ordem

De acordo com Capez (2022, p. 1141), as citações por carta de ordem são citações
determinadas pelos tribunais nos processos de sua competência originária, são aquelas em
que o tribunal ordena ao magistrado de primeira instância que cite o acusado residente em
sua comarca e que goze de prerrogativa de foro.

3. O que é a citação ficta?


Esta ocorre quando, esgotados todos os meios possíveis para a citação pessoal, a
ciência do conteúdo do ato é feita indiretamente ao acusado, presumindo-se, por ficção
normativa, que o mesmo tenha tido conhecimento da imputação. Ela é realizada por
intermédio de edital e pela citação com hora certa. Isso constitui uma exceção à norma
habitual da notificação pessoal, devendo ser empregada de forma suplementar.
A citação por hora certa de acordo com artigo 362 do CPP, diz que caso seja
constatado que o réu está se escondendo para evitar ser citado, o oficial de justiça deve
registrar essa ocorrência e realizar a citação com hora certa, seguindo as disposições dos
artigos 227 a 229 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, também conhecida como
Código de Processo Civil.
No que se trata a respeito da citação por edital, conforme as disposições legais,
quando o réu se encontra sob custódia, a citação deve ser realizada de forma pessoal,
como mencionado no artigo 360 do CPP. Já no caso de o réu não ser localizado, a citação
ocorrerá por meio de edital, com um prazo de 15 dias, conforme estabelecido pelo artigo
361 do CPP.
Vale ressaltar que os requisitos para a citação por edital estão elencados no artigo
365 do Código de Processo Penal.

4. Como se dá a citação do militar? E do servidor público? E do réu preso?

Na citação do militar, o agente judicial não se dirigirá à base militar em busca do réu.
O juiz, respeitando a inviolabilidade da área militar, não emitirá um mandado, mas sim um
documento diretamente ao superior hierárquico do acusado, assim como estabelece o art.
358 do CPP, no qual o superior enviará ao destinatário, informando-o sobre todos os
detalhes do ato de citação. Para isso, o documento enviado deve incluir todos os elementos
do mandado, evitando, desse modo, qualquer dano à defesa.

A respeito do servidor público de acordo com Capez (2022, p. 1137)

Se o acusado for funcionário público da ativa será citado por mandado. Mas
exige a lei que o chefe da repartição onde o citando exerce suas funções
seja devidamente notificado de que, em tal dia, hora e lugar, aquele
funcionário deverá comparecer para ser interrogado. Essa exigência é
necessária e se justifica a fim de que o chefe da repartição disponha de
tempo para substituir, naquele dia, àquela hora, o funcionário cuja presença
é reclamada pelo juiz. Não há necessidade, portanto, dessa comunicação
se o funcionário estiver afastado do serviço ­(licença, férias etc.).
Tratando-se de magistrado, a comunicação deve ser feita ao presidente do
tribunal, que deverá autorizar a licença para que possa afastar-se dos
serviços e de sua comarca. Quanto ao membro do Ministério Público, a
comunicação deve ser feita ao procurador-geral. Se o funcionário exercer
suas funções fora da comarca do juiz processante, expedir-se-á precatória,
cabendo ao juiz deprecado tomar as providências apontadas neste artigo.

O art. 360 do CPP diz que caso o réu esteja preso, será pessoalmente citado. Logo,
o oficial de justiça deverá dirigir-se à instituição prisional onde o réu está custodiado
e realizar a citação de forma pessoal, seguindo as exigências do art. 357 do CPP,
sob pena de nulidade.

5. O que é revelia (ou estado de ausência) e quais seus efeitos no Processo


Penal?

A revelia é uma situação em que o réu não comparece ao processo criminal, mesmo
após ter sido devidamente citado e notificado para participar. Quando ocorre a revelia, o réu
é considerado ausente e não exerce sua defesa de maneira regular.

Caso o réu seja devidamente notificado ou citado para comparecer em juízo, mas
deixe de fazê-lo sem motivo justificado, o processo seguirá à revelia, dispensando a
necessidade de intimações posteriores para qualquer ato processual, exceto para a
sentença. A mesma situação ocorrerá se o réu, após a citação, mudar de residência ou se
ausentar por mais de oito dias sem informar às autoridades processantes o novo endereço
onde possa ser encontrado. No entanto, se o acusado comparecer posteriormente, a revelia
será revogada. É importante observar que, no processo penal, a revelia não implica em
confissão ficta, em virtude dos princípios do direito ao silêncio, do devido processo legal e
da presunção de inocência.

6. Qual a consequência da citação por edital quando o acusado não


apresenta sua defesa (não comparece nem constitui defensor)? Como se
aplica o CPP, 366? Qual o prazo máximo para suspensão do processo?

Conforme o art. 366 do CPP, caso o acusado seja citado e não comparecer e nem
constituir defesa, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, ficando a
critério do juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes, e, se
for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
De acordo com a Súmula 415 do STF a suspensão do prazo prescricional é
regulado pelo máximo da pena cominada.

7. O que é INTIMAÇÃO? Difere-se da NOTIFICAÇÃO, segundo a Doutrina


majoritária?

Segundo Bonfim (2019, p. 1262), "A doutrina costuma distinguir intimação de


notificação. Intimação é a comunicação de ato processual já praticado. Ex.: réu intimado da
sentença. A notificação, por sua vez, é a comunicação para que se pratique determinada
conduta. Ex.: testemunha notificada para comparecer em juízo."

8. Como ocorre a intimação: a) do acusado, do MP, do Defensor Público, do


Defensor dativo, do assistente de acusação, do defensor constituído?

As comunicações direcionadas ao órgão do Ministério Público seguem um padrão


de intimação pessoal, conforme estabelecido no artigo 370, parágrafo 4º, do Código de
Processo Penal. É importante ressaltar que o artigo 41, inciso IV, da Lei 8.625/93 prevê
como prerrogativa dos membros do Ministério Público o recebimento pessoal da intimação
em qualquer processo e grau de jurisdição, mediante a entrega dos autos para análise. A
jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, tem mantido o entendimento de que
o prazo para o Ministério Público começa a correr a partir do momento em que os autos são
recebidos pela instituição, não sendo relevante a data em que o promotor registra sua
ciência nos autos.
Os defensores nomeados também são intimados pessoalmente, conforme
estabelecido no artigo 370, parágrafo 4º, do Código de Processo Penal, a menos que
solicitem serem intimados por meio do Diário Oficial. É entendido como uma nulidade
absoluta a falta de intimação pessoal do defensor público ou do defensor dativo em relação
à sessão de julgamento de recurso de apelação. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça
já decidiu que essa nulidade é convalidada pelo instituto da preclusão quando o defensor
dativo permanece em silêncio por um longo período em relação à falta de intimação pessoal
da pauta de julgamento. No que diz respeito à intimação pessoal da Defensoria Pública em
relação à data de julgamento de habeas corpus, essa se faz necessária somente quando há
um pedido expresso para realizar sustentação oral.
Além disso, a intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente é realizada por meio de publicação no Diário da Justiça, sendo obrigatório incluir
o nome do réu, conforme estabelecido no artigo 370, parágrafo 1º, do Código de Processo
Penal. Caso não haja imprensa oficial na comarca, o escrivão pode realizar a intimação por
mandado, via postal com aviso de recebimento ou qualquer outro meio confiável, conforme
previsto no artigo 370, parágrafo 2º, do Código de Processo Penal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONFIM, E. M. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2019. E-book.

CAPEZ, F. Curso de processo penal. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book.

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