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I. Citação
O art. 238 do CPC diz que citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o
executado ou o interessado para integrar a relação processual.
Quem não integrava a relação processual, passa a integrar com a citação.
A citação é pressuposto de validade do processo, conforme estabelece o art.
239. O processo não deixa de ser instrumento. Por conta disso, tal dispositivo afirma que
para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas
as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.
E o § 1º dispõe que o comparecimento espontâneo do réu ou do executado
supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
de contestação ou de embargos à execução.
a) Teoria da aparência
O art. 242 do CPC diz que a citação será feita pessoalmente ao réu, podendo
ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do
interessado.
A teoria da aparência ganha relevância nos casos de réu pessoa jurídica. O que
vem sendo admitido é a realização da citação na pessoa do funcionário que exteriorize esse
poder de gestão, esse poder de decisão no dia a dia das atividades empresariais.
A teoria da aparência traz a ideia de que, ainda que este funcionário, no estatuto,
não contenha poderes para receber uma citação, se ele age e se exterioriza como tal, então é
considerada válida a citação daquela pessoa jurídica.
No caso da citação via postal, o CPC admite expressamente que seja assinado
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pelo funcionário responsável pelo recebimento de correspondências. Se quem recebe a citação
é pessoa que aparentemente tem poder para receber a citação, em caso de pessoa jurídica,
ainda que formalmente não tenha esse poder, valerá a citação. Visa coibir a fraude.
c) Modalidades de citação
É preciso diferenciar dois grupos de citação:
• Citação pessoal
A diferença está no fato de que na citação pessoal o réu é efetivamente citado,
enquanto na citação ficta, presume-se que o réu tenha sido citado. Outra diferença reside na
ausência da manifestação do demandado após ele ter sido citado.
Se a citação é pessoal, é gerado o efeito da revelia, e aí está autorizado o
julgamento antecipado do mérito, conforme art. 355, II, CPC, caso em que o juiz julgará
antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando o réu for revel,
ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.
Neste caso, por ter havido a citação pessoal do réu, sabe-se que ele teve o
conhecimento do feito. Se não apresentou a contestação há revelia, podendo julgar diretamente
o mérito, caso assim seja possível.
• Citação ficta
Quando há a citação ficta, há a presunção de que foi citado, havendo ausência de
atuação do réu, situação em que não vai motivar o julgamento antecipado do mérito, mas poderá
motivar a nomeação de um curador especial, o qual apresentará defesa, sem ônus da
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impugnação especificada. Neste caso, o curador especial poderá apresentar contestação por
negativa geral. Ou seja, não serão presumidamente verdadeiros os fatos alegados pelo autor.
A citação por edital poderá ser realizada nas hipóteses autorizadas por lei:
• Desconhecido ou incerto o demandado:
• Incerto, ignorado ou inacessível o lugar em que o demandado se encontra
• Previstos e autorizados em lei
No primeiro caso, o demandado é realmente desconhecido pelo demandante. Ex.:
ação de usucapião de bem móvel, mas não se sabe quem é o dono do bem.
No segundo caso, sabe-se quem é o demandado, mas não se sabe o lugar em que
ele está, ou tal lugar é inacessível. Ex.: réu não foi localizado após várias buscas, mas o único
caminho que resta é o da citação por edital.
Lembre-se que no Juizado Especial não cabe citação por edital.
Na terceira hipótese, por exemplo, pode se dar no caso da lei de execução fiscal,
em que prevê que o executado, quando residente no exterior, deve ser citado por edital. Esta
interpretação legal vem sendo mitigada, mas ao ponto de o STJ ter simulado pelo Enunciado
414, em que estabelece ser a citação por edital cabível, na execução fiscal, quando frustradas as
demais modalidades.
O STJ diz que é preciso homenagear a ampla defesa e o contraditório, de maneira
que se sabe onde está e quem é o executado, deve-se citá-lo de modo pessoal. Caso frustradas
estas tentativas, aí sim faz-se citação por edital.
A citação por edital se dará por meio da publicação do edital na rede mundial de
computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de
Justiça, que deve ser certificada nos autos.
Pode, ainda, ser determinada a publicação de editais em jornal local de ampla
circulação. O prazo dos editais vai variar entre 20 e 60 dias. Depois de escoado o prazo dos
editais é que irá contar o prazo para que o agora citado apresente a sua resposta.
Caso não apresente resposta neste prazo, a citação, que é considerada ficta, não
gerará o efeito da revelia, devendo o juiz nomear um curador para apresentar resposta sem o
ônus da impugnação especificada.
d) Efeitos da citação
A citação pode apresentar efeitos processuais e também materiais.
A falta de citação é o caso em que o sujeito não foi citado. Nulidade da citação é o
caso em que o sujeito foi citado, mas não foi válida.
Aquele processo em que a citação for inexistente ou nula está maculado.
Ainda que tenha sido proferida a sentença, ou que a sentença tenha transitado em
julgado ou ainda que tenha sido formado a coisa julgada material soberana (ou coisa
soberanamente julgada ou coisa julgada soberana), em todos esses casos, caso tenha havido a
nulidade ou inexistência de citação, será questionável a validade do processo, visto que há
mácula insanável. Neste caso, será dito que a eventual ausência de citação autoriza uma
querela nulitatis insanabilis, em que há uma insanável nulidade que acomete o feito.
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Quanto ao meio processual para que este vício da falta de citação ou que a
nulidade de citação venha a ser reconhecido, esta falta ou nulidade poderá ser arguida na fase
de conhecimento, contestação, impugnação ao cumprimento de sentença, embargos à
execução, inclusive de ofício.
II. Intimação
O art. 269 do CPC diz que intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos
atos e dos termos do processo.
A intimação pode ser dirigida tanto à parte como a um terceiro (perito, testemunha,
etc.).
Para alguns, a intimação é a ciência de um ato que já ocorreu e notificação é a
ciência de um ato que irá ocorrer. Mas a legislação não traz esta diferenciação.
A regra é que a intimação se dê pela publicação no diário oficial, caso não se dê
por meio eletrônico. O meio eletrônico é o preferencial.
Pode ser realizada intimação de formas diferentes, inclusive pelo próprio
magistrado, caso se dê na presença das partes e dos respectivos advogados, considerando que
foram intimados desde já.
Em relação a intimação, há dois pontos de inovação do CPC.
O art. 272, §1º, traz a hipótese em que os advogados requerem a intimação apenas
em nome da sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos
Advogados do Brasil.
Outra inovação é a necessidade de que as intimações tenham os nomes completos
das partes e dos advogados, vedado conter qualquer abreviaturas, inclusive com o respectivo
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade
de advogados, sob pena de nulidade (art. 280).
Por vezes, a legislação irá autorizar que a intimação se realize com o
encaminhamento dos próprios autos, como ocorre com o MP, AGU, DP, etc. Nestes casos, há
intimação pessoal.
III. Cartas
a) Carta precatória
A carta precatória se faz presente quando um juízo requer a outro juízo de igual
hierarquia que seja cumprida uma decisão.
Isso ocorre pelo fato de que o primeiro juízo (deprecante) não tem competência
territorial para atuar naquela localidade (deprecado).
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Esta carta precatória se dará por meio físico ou por meio eletrônico.
Deverá a carta precatória conter as peças processuais necessárias para aquela
diligência e cumprimento da carta precatória.
Ao chegar a carta precatória no juízo deprecado, as questões decididas pelo juízo
deprecado serão bem limitadas, visto que a competência é do juízo deprecante.
Todavia, apesar de bastante limitado, o juízo deprecado poderá decidir certas
questões relativas ao cumprimento da carta precatória.
Se a prova produzida na carta precatória for imprescindível à resolução do mérito, o
juízo deprecante não poderá julgar, devendo determinar o sobrestamento do processo até o
cumprimento da carta precatória. Este sobrestamento poderá se dar pelo prazo de até 1 ano, a
fim de que seja cumprida a carta precatória no juízo deprecado.
b) Carta de ordem
A carta de ordem decorre da hierarquia entre o órgão que determina a prática do
ato e aquele que vai cumpri-la. O juízo deprecado não poderá recusar cumprimento à carta. Isso
porque a carta é de ordem. Ex.: juiz determina ao órgão de primeira instância que cumpra a
medida.
c) Carta arbitral
A carta arbitral é a carta do árbitro.
O objetivo é dar cumprimento à decisão proferida pelo árbitro, pois os árbitros não
têm poder de efetivação de suas decisões, podendo o próprio árbitro buscar o poder judiciário
para adoção dos meios executivos, com o objetivo de satisfazer aquela obrigação.
d) Carta rogatória
A carta rogatória necessita passar por um filtro feito pelo Superior Tribunal de
Justiça, situação na qual concede o exequatur. Nesta situação, será necessário um juízo de
delibação.
Neste caso, um juiz federal dará cumprimento a esta carta rogatória na primeira
instância. Após, encaminhará ao STJ, o qual emitirá o envio à autoridade central (Ministério da
Justiça).