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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E FILOSOFIA


CURSO BACHARELADO EM DIREITO

DÉBORA LIMA PINTO DO NASCIMENTO

APELAÇÃO E RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

BACABAL - MA
2022
DÉBORA LIMA PINTO DO NASCIMENTO

APELAÇÃO E RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Trabalho apresentado como requisito


parcial à obtenção de nota na disciplina de
Processo Penal II.

Professor(a): Marco Aurélio

BACABAL – MA
2022
1 APELAÇÃO

A apelação trata-se de um dos mecanismos de exercício da ampla defesa


admissíveis no processo penal. Prevista no art. 593 do Código de Processo Penal
(CPP), a apelação criminal é fundamentada no princípio do duplo grau de jurisdição e
tem por objetivo reexaminar em grau superior matéria anteriormente apreciada em
sentença definitiva - ou com força de definitiva, de primeira instância.
Pode ser parcial, quando se realizar contra apenas parte da decisão, ou plena,
quando se referir ao inteiro teor da decisão. Mormente, não tem efeitos suspensivos
quando a sentença absolve o réu, todavia nos casos em que for interposta contra
sentença condenatória, o efeito suspensivo existirá.

1.1 CABIMENTO

A partir das determinações contidas no CPP é possível denotar as hipóteses


em que a apelação é cabível, quais sejam:
• Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por
juiz singular;
• Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz
singular nos casos em que não cabe recurso em sentido estrito;
• Das decisões de impronúncia e absolvição sumária;
• Das decisões do Tribunal do Juri;
• Da rejeição da denúncia ou da queixa no procedimento da Lei dos
Juizados Especiais (Lei 9.099/1995);
• Da decisão homologatória da transação penal prevista na Lei dos
Juizados Especiais.

1.2 INTERPOSIÇÃO

O prazo para interposição do recurso de apelação é de 5 (cinco) dias, podendo


ser realizada mediante petição ou por termo nos autos conforme art. 578, caput, do
CPP. Após, é possível a apresentação de razões e contrarrazões no prazo de 8 (oito)
dias tratando-se de crime ou de 3 (três) dias, quando for contravenção penal. Neste
caso, porém, tendo em vista que é infração de competência do Juizado Especial
Criminal, será cabível então o recurso de apelação previsto no art. 82, caput e § 1",
da Lei no 9.099/95. No mais, se o recorrente for o assistente de acusação ou ainda se
não for recorrente, mas arrazoar após o Ministério Público, o prazo também será de 3
(três) dias (art. 6oo, § 1º, CPP).

1.3 PROCEDIMENTO

Conforme o art. 596, caput, do CPP, na hipótese de sentença absolutória, réu


deverá será colocado imediatamente em liberdade. O parágrafo único do mesmo
artigo também determina que a apelação não suspenderá a execução da medida de
segurança aplicada provisoriamente.
Quanto aos seus efeitos, o art. 597 estabelece que a apelação possui efeitos
devolutivo e suspensivo, salvo fundamentação na sentença em sentido contrário. Não
terá, porém, efeito suspensivo na hipótese de o recurso ser oferecido pelo assistente
de acusação se o Ministério Público não o ofereceu no prazo que possuía para tanto
(art. 598, parágrafo único, do CPP).
As demais regras de processamento encontram-se nos artigos 600 a 603 do
CPP.

1.4 JULGAMENTO

As regras gerais acerca do julgamento do recurso de apelação estão previstas


nos artigos 609 a 618 do CPP. O mencionado regramento determina que as apelações
serão julgadas pelo Tribunal a que pertença o órgão que prolatou a decisão recorrida.
Antes de passar ao relator, o qual pedirá designação de dia para o julgamento,
o Ministério Público deve oferecer seu parecer, como fiscal da lei, em regra, em 5
(cinco) dias, salvo se a apelação for interposta das sentenças em processo de
contravenção ou de crime a que a lei comine pena de detenção (art. 610, caput, do
CPP).
Em seguida, deve haver ainda a intimação das partes sobre a pauta do
julgamento, sob pena de nulidade do feito (Súmula no 431 do STF). À estas é
facultado o prazo de 10 minutos para sustentação oral, nos termos do art. 610,
parágrafo único, do CPP. O julgamento envolve o conhecimento ou não do recurso e,
em seguida, ocorrendo o conhecimento, o provimento ou não do mesmo.

2 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Trata-se de recurso cujas hipóteses de cabimento são expressamente


previstas na Constituição Federal. O recurso ordinário constitucional (ROC) possui
características semelhantes à apelação, porém será julgado pelo STF ou STJ
conforme o caso.
Diferentemente da apelação, que possui efeito devolutivo e suspensivo, o
ROC apresenta apenas o efeito devolutivo, porém em sua forma máxima, havendo a
possibilidade de discutir não apenas matéria de direito, mas também de fato.
Quanto ao cabimento, este recurso poderá ser interposto no STF nas
seguintes hipóteses:
• Contra as decisões proferidas em habeas corpus e mandado de
segurança, em única instância por Tribunais Superiores, se
denegatórias (art. 102, inciso 11, alínea "a", CF): As decisões
concessivas proferidas nestes processos não permitem o manejo deste
recurso. Além disso, as decisões denegatórias devem ser proferidas
por Tribunais Superiores (em única instância). O prazo para
oferecimento deste recurso perante o STF, em qualquer situação, é
sempre de 5 (cinco) dias, nos termos da súmula 319 do STF.

• Contra a sentença do juiz federal de primeiro grau que julgar o crime


político (art. 102, inciso 11, alínea "b", CF): Nesta hipótese, contra tal
sentença não caberá o recurso de apelação e sim o recurso ordinário
constitucional, que é dirigido diretamente ao STF. o prazo de
interposição deste recurso é de 5 (cinco) dias. O rito a ser seguido é o
da apelação do Código de Processo Penal (art. 593 e seguintes).

Já no STJ, poderá ser interposto nas seguintes situações:


• Contra as decisões proferidas em habeas corpus decididos em única
ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão for denegatória (art. 105, inciso 11, alínea "a", CF): A decisão
aqui deve ter sido proferida por Tribunais Regionais Federais ou
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios (em única ou
última instância), ao contrário da hipótese de cabimento deste recurso
para o STF, em que a decisão deve ter sido proferida por Tribunal
Superior (em única instância). Contudo, igualmente se exige que a
decisão seja denegatória. O prazo de oferecimento do recurso é de 5
(cinco) dias, prazo dentro do qual, além da interposição do mesmo,
devem ser apresentadas as razões recursais. o rito a ser aplicado é o
previsto nos arts. 30 a 32 da Lei no 8.038/90.

• Contra as decisões proferidas em mandados de segurança decididos


em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão (art. 105, inciso 11, alínea "b", CF): A hipótese é
semelhante àquela acima indicada, com a única diferença de que a
decisão é proferida em mandado de segurança. Aliás, essa diferença
faz com que o recurso, nesta hipótese deva ser interposto no prazo de
15 (quinze) dias, prazo dentro do qual também devem ser oferecidas
as razões recursais (art. 33 da Lei no 8.038/90, art. 508 do CPC de
1973 e art. 1.003, parágrafo 5°, do CPC de 2015). Além disso, o rito a
ser seguido é o da apelação do Código de Processo Civil (artigos 513
e seguintes do CPC de 1973 e artigos 1.009 e seguintes do CPC de
2015), nos termos do art. 34 da Lei no 8.038/90.
REFERÊNCIAS

ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Recursos: Apelação. In: ALVES, Leonardo Barreto
Moreira. Processo Penal: Parte especial - Procedimentos, nulidades e recursos. 7.
ed. Salvador: Juspodivm, 2017. cap. 7, p. 369-378.
ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Recursos: Recurso Ordinário Constitucional. In:
ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Processo Penal: Parte especial - Procedimentos,
nulidades e recursos. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. cap. 7, p. 392-394.
BRASIL. Código de Processo Penal. decreto lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del3689.htm. Acesso
em: 26/12/2022.

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