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MATERIAL DE ESTUDO

COMPILADO DE
JURISPRUDÊNCIA
Relatoria da Ministra Laurita
Vaz - STJ

@CASH.PARQUET
Resumo de julgados – Ministra Laurita Vaz – STJ
Olá. Sou o Luiz, do perfil @cash.parquet no Instagram. Este material foi
confeccionado para auxiliar na minha preparação para concursos públicos.
Não me responsabilizo pelo uso. Qualquer observação pode ser feita através do
Instagram.

A Min. Laurita Vaz é uma das examinadoras do concurso para membro


do MPDFT/2021. Por isso, resolvi fazer um apanhado de julgados de que a
Ministra foi a relatora, de forma resumida, comentando-os com minhas próprias
palavras caso necessário. A fonte das informações é o próprio site do STJ e o site
do Dizer o Direito, bem como anotações doutrinárias que fiz durante os anos de
estudo.

Como acredito que o conhecimento deve ser compartilhado, decidi por


divulgar o material. Apesar da ministra ser examinadora do MPDFT, o material
pode ser utilizado para todos os certames, tendo em vista a grande importância
de Laurita na jurisprudência do STJ. Somente os informativos referentes ao Direito
Penal e Processual Penal foram examinados.

Permito a redistribuição do material, desde que sem fins lucrativos e sem


a alteração de nenhum dado ou informação presente no texto.

Como dediquei várias horas do meu tempo à confecção deste material,


aceito doações daqueles que aproveitaram o material e tiverem interesse em
ajudar uma causa. Os valores serão destinados à ONG Viva Bicho, de Balneário
Camboriú-SC, que resgata animais em situação de perigo, deixando-os em
condições de adoção (castrados, desverminados e vacinados). Mais
informações podem ser acessadas pelo site ou Instagram da ONG.

PIX para doação: adv.barbieri@gmail.com

Farei a prestação de contas no perfil de Instagram supracitado.

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Direito Penal
• Produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Para a
configuração do crime previsto no art. 273, §§ 1º e 1º B, I, não se
exige perícia, bastando a ausência de registro na ANVISA,
obrigatório na hipótese de insumos destinados a fins terapêuticos
ou medicinais. Comentário: ATENÇÃO. A pena do art. 273 foi
julgada inconstitucional em 2021.

• Lei de drogas: É atípica a conduta de importar pequena


quantidade de sementes de maconha.

• Calúnia: Não é necessário que o ofendido aceite a retratação da


calúnia feita pelo querelado. A retratação não é ato bilateral. O
Código apenas exige que a retratação seja “cabal”.

• O crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP)


é formal. Assim, não exige que o agente tenha conseguido
efetivamente satisfazer sua pretensão, bastando que cometa atos
que configurem a “justiça com as próprias mãos”.

• Armas: Apenas o caput do art. 16 da lei de armas é hediondo.


Comentário: ATENÇÃO. Decisão anterior ao pacote anticrime. O
art. 16 foi alterado pelo pacote anticrime. Agora, o artigo trata
apenas de armas de uso proibido (anteriormente, tratava de armas
de uso restrito e proibido) – Necessário acompanhar a
jurisprudência e a evolução legal neste ponto.

• Pena restritiva de direitos (PRD): Réu não tem direito a optar por
qual medida prefere cumprir, no caso de substituição de PPL por
PRD.

• Crimes tributários: Deve haver contumácia do réu para a conduta


do 2º, II, da Lei nº 8.137/90 ser considerada materialmente típica.
Comentário: Caso o réu deixe de recolher o ICMS apenas uma vez,

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a conduta pode até amoldar-se formalmente ao texto legal, mas
a conduta é materialmente atípica.

• Crimes tributários: A incidência da causa de aumento de pena


prevista no art. 12, inciso I, da Lei n. 8.137/1990 deve observar o
valor de crédito tributário definido como prioritário ou o conceito
de grande devedor definido pela Fazenda Nacional, Estadual ou
Municipal, conforme seja o ente público titular do crédito.

• Furto com escalada ou rompimento de obstáculo exigem exame


pericial, em regra. Não será exigido somente quando
desaparecerem os vestígios ou quando as circunstâncias do crime
não permitirem a perícia.

• Adulterar placa de reboque ou semirreboque não configura o


crime do art. 311: O artigo fala de adulteração de sinal de
identificação de veículo automotor. Reboques e semirreboques
não se movimentam por seus próprios meios. Logo, não são
automotores. Proibição de analogia em desfavor do réu. Outro
julgado relacionado ao art. 311: Raspar ou suprimir o número do
chassi (Número de Identificação do Veículo – NIV): configura o
crime do art. 311 do CP.

• Maria da Penha – Reconciliação: A reconciliação não afasta a


necessidade de fixar valor mínimo para reparação dos danos.
Compete à própria vítima decidir se irá executar o valor ou não.
Não pode o Judiciário simplesmente se omitir por causa da
reconciliação.

• Maria da Penha – Pessoa famosa: O fato de a pessoa agredida ser


uma atriz famosa não afasta a vulnerabilidade e a hipossuficiência
da mulher, tratando-se de uma presunção da Lei. Comentário:
Julgado que teve grande repercussão, pois envolveu um ator e
uma atriz com fama nacional.

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• Dosimetria: Condenações transitadas em julgado não constituem
fundamento idôneo para análise desfavorável da personalidade
do agente. Comentário: Personalidade é medida pelas qualidades
morais, éticas e sociais do agente. As condenações passadas têm
um enfoque jurídico.

• Dosimetria e crime praticado por promotor ou policial: O fato de


promotor ou policial praticar o crime pode configurar circunstância
judicial desfavorável, aumentando a pena. Tal fato se dá em
virtude do maior grau da reprovabilidade da conduta daquele de
quem a sociedade espera justamente o contrário: que previna
crimes.

• Dosimetria e pluralidade de majorantes: A presença de mais de


uma majorante no crime de roubo não é causa obrigatória de
aumento da reprimenda em patamar acima do mínimo previsto, a
menos que o magistrado, considerando as peculiaridades do caso
concreto, constate a existência de circunstâncias que indiquem a
necessidade da exasperação.

• Dosimetria e aumento acima do mínimo legal: O magistrado não


pode majorar a pena-base somente com referências vagas sobre
a gravidade do delito, devendo fundamentar de forma precisa o
porquê do aumento. A fundamentação deve levar em
consideração o caso concreto, não podendo argumentar de
modo que serviria para qualquer pessoa que praticasse aquele
crime. A valoração no plano do abstrato já foi feita pelo legislador.

• O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a vantagem


indevida esteja relacionada com atos que formalmente não se
inserem nas atribuições do funcionário público. Comentário:
Perceba que o termo “ato de ofício” não aparece no caput do art.
317, do CP, somente no art. 333, que trata da corrupção ativa.

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• Crimes de trânsito: Crime de lesão na direção de veículo não
absorve o crime de embriaguez ao volante. Um não é meio para
execução do outro e os tipos protegem bens jurídicos distintos.

• Contrabando: Não incide o princípio da insignificância no


contrabando de cigarros.

• Estupro de vulnerável: O fato de o agente ter roçado seu pênis no


menor já configura ato libidinoso, gerando a consumação do
delito do art. 217-A do CP. Enfim, o crime se consumou nesse
momento. A penetração, caso tivesse acontecido, seria mero
exaurimento.

• Efeitos da condenação: A perda de cargo de Promotor de Justiça


não é feita nos moldes do art. 92 do CP. Há norma especial que
rege que a perda do referido cargo ocorre apenas após o trânsito
em julgado de ação civil proposta com esse fim.

• Efeitos da condenação: É possível a homologação de sentença


penal estrangeira que determine o perdimento de imóvel situado
no Brasil em razão de o bem ser produto do crime de lavagem de
dinheiro.

• Homicídio: A qualificadora do motivo fútil é compatível com o


homicídio praticado com dolo eventual.

• Furto e insignificância: Se o valor do bem é acima de 10% do Salário


Mínimo, o STJ tem negado a aplicação da insignificância. Alguns
julgados da Ministra neste sentido. Comentário: O parâmetro não
é estanque. Considerar o caso concreto.

• Furto mediante fraude: Vítima entregou as chaves de seu carro


para que o agente, na qualidade de segurança da rua, o
estacionasse, não percebendo que o seu veículo estava sendo
furtado: a vítima não tinha a intenção de se despojar
definitivamente de seu bem, não queria que o veículo saísse da

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esfera de seu patrimônio, restando, portanto, configurado o furto
mediante fraude. Comentário: Alguns julgados da Ministra tratam
da diferença do furto mediante fraude e do estelionato, tema que
também vem sendo alvo de concursos jurídicos. Interessante
estudar a diferença conceitual entre os dois institutos.

• Furto híbrido: É possível o furto híbrido (privilegiado e qualificado ao


mesmo tempo) quando a qualificadora for objetiva. Comentário:
Objetivas são aquelas que relacionam ao modo como o crime é
praticado. Por outro lado, subjetivas são aquelas que dizem
respeito ao agente (sujeito). O abuso de confiança é uma
qualificadora de ordem subjetiva, enquanto o concurso de
pessoas tem ordem objetiva.

• Roubo e transporte de valores: O termo “transporte de valores”,


que majora o roubo, não trata apenas de dinheiro em espécie. Na
verdade, qualquer bem que possua expressivo valor econômico e
liquidez pode ser considerado. Exemplo do julgado – Roubo a
funcionários dos Correios que transportavam grande quantidade
de cosméticos.

• Roubo de uso: É fato típico. O que é atípico é o furto de uso.

• Furto: Considera-se consumado o crime de furto no momento em


que o agente se torna possuidor da res furtiva, ainda que haja
perseguição policial e não obtenha a posse tranquila do bem,
sendo prescindível (dispensável) que o objeto do crime saia da
esfera de vigilância da vítima.

• Latrocínio: As causas de aumento do art. 157, § 2º não se aplicam


ao latrocínio: Conforme abalizada doutrina e jurisprudência, por
constituir o crime de roubo qualificado um modelo típico próprio -
crime complexo formado pela integração dos delitos de roubo e
lesão corporal grave -, não se lhe aplicam as causas especiais de

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aumento de pena previstas para o crime de roubo, inscritas no § 2º
do art. 157, do Código Penal.

• Latrocínio e tentativa: Não importam os graus das lesões sofridas


pela vítima para configurar a tentativa de latrocínio. Desde que
tenha havido a intenção de matar, não importa se as lesões
efetivamente ocorridas foram leves, graves ou gravíssimas. Estará
caracterizada a tentativa de latrocínio.

• Crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha: Saber que antes do artigo
entrar em vigor, a Ministra defendia que o descumprimento de
medida protetiva configurava o crime de desobediência.
Comentário: Conhecimento para incrementar eventual resposta
em fases mais agudas do certame.

• Crime tributário material: A constituição do crédito tributário após


o recebimento da denúncia não tem o condão de convalidar a
ação penal que foi iniciada em descompasso com as normas
jurídicas vigentes e com a SV24 do STF. Desde o nascedouro, essa
ação penal é nula porque referente a atos desprovidos de
tipicidade. O fato de haver o lançamento definitivo após a
denúncia e antes da sentença não convalida o vício.

• Crime previdenciário: Apropriação indébita de contribuição


previdenciária não exige dolo específico. Comentário: Alguns
autores rechaçam a expressão “dolo específico”, pois com o
finalismo o dolo sempre seria específico. Preferem o termo “fim
especial de agir”. Entretanto, trouxe aqui a expressão utilizada pela
Ministra.

• Flanelinha – atipicidade: Há mínima ofensividade e reduzida


reprovabilidade da conduta e a falta de registro no órgão
competente não atinge, de forma significativa, o bem jurídico
penalmente protegido. Se há algum ilícito, este não é penal, mas
apenas de caráter administrativo.

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• Associação para o tráfico: Exige-se estabilidade e permanência
para sua configuração. É atípica a conduta se não houver ânimo
de associação permanente, mas apenas esporádico. Comentário:
Não quer dizer que não possa configurar outro crime, como o
próprio tráfico de drogas.

• Receptação de bens dos Correios: Incide a majorante prevista no


art. 180, § 6º. Não é interpretação extensiva nem analogia in
malam partem.

Direito Processual Penal


• Prova testemunhal: É possível que agentes de segurança pública
sejam ouvidos anteriormente em produção antecipada de provas.
O fato de presenciar crimes diariamente é uma peculiaridade que
faz com que possam esquecer de detalhes cruciais.

• Princípio da indisponibilidade: O princípio da indivisibilidade não se


aplica à ação penal pública - Se determinada pessoa não foi
denunciada é porque com relação a ela não está formada a
opinio delicti, cuja aferição compete, em tal caso, exclusivamente
ao Parquet.

• Denúncia anônima: Possibilidade. Não há nulidade quando o MP


recebe denúncia anônima e solicita à Autoridade Policial
investigações preliminares para averiguar os fatos.

• Denúncia em crimes de autoria coletiva: Não é necessária uma


descrição minuciosa e individualizada para cada acusado. Porém,
o MP deve deixar claro qual o nexo entre o agente e o crime
praticado, sob pena de inépcia. Comentário: Não é possível que a
mera posição hierárquica do agente fundamente sua denúncia,
quando não há nenhum elemento que comprove sua

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participação. O Direito Penal não pode conviver com a
responsabilidade objetiva.

• Citação por edital: Medida excepcional. Só pode ocorrer quando


esgotados os demais meios possíveis. A falta de observação pode
gerar nulidade insanável desde a citação.

• Citação da Pessoa Jurídica e teoria da aparência: É válida a


citação daquele que se apresenta como representante da Pessoa
Jurídica, pois é adotada a teoria da aparência. Independe se há
ou não poderes expressos de representação.

• Habeas corpus: Não cabe habeas corpus de ofício no bojo de


embargos de divergência.

• Suspensão de segurança: Não cabe a utilização de suspensão de


segurança em demandas criminais.

• Competência: Compete ao TJDFT julgar crime de falso testemunho


em processo que lá tramita. Não há interesse específico da União
para atrair a competência da Justiça Federal. Comentário: Banca
pode tentar confundir, já que o TJDFT faz parte do Poder Judiciário
da União.

• Inquérito Policial: Eventuais irregularidades no Inquérito Policial não


contaminam a Ação Penal. Comentário: Jurisprudência e doutrina
majoritárias neste sentido. Cuidado ao fazer provas de Defensoria
ou de bancas com perfil mais garantista, que podem trazer a
doutrina minoritária em sentido oposto.

• Não há impedimento do Magistrado que atuou anteriormente no


feito, porém, na mesma instância. Comentário: O art. 252, III, do
CPP, só fala sobre juiz ser impedido por ter funcionado como juiz de
outra instância.

• Progressão de regime da gestante – A expressão “não ter integrado


organização criminosa” deve levar em conta o conceito de

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OrCrim trazido pela Lei 12.850/2013. Não cabe ao juiz elastecer este
conceito, tentando enquadrar associações criminosas na
proibição.

• Execução e remição: Eventuais horas extraordinárias (de trabalho


e de estudo) devem ser consideradas para fins de remição da
pena.

• Não cabe multa por litigância de má-fé no Processo Penal. Não há


previsão legal. Comentário: Não confundir com fixação de
astreintes.

• Projeto anticrime: obrigação de revisar a necessidade de custódia


tutelar a cada 90 dias (art. 316, parágrafo único do CPP) é de
quem decretou a medida. Não cabe aos TJs e TRFs enquanto
órgãos revisores.

• Princípio da homogeneidade das medidas preventivas: Não cabe


a alegação de que o preso preventivo deve ser colocado em
liberdade porque ao final receberá pena com regime diverso do
fechado. Essa análise só pode ser feita após a prolação de
sentença. Não cabe ao STJ fazer um exercício de futurologia.
Comentário: O princípio citado ensina que não cabe medida
preventiva em regime fechado caso o crime não preveja
possibilidade de haver o regime fechado com o julgamento
definitivo.

• Prisão cautelar e prazo: Os prazos indicados na lei são um


parâmetro, não devendo ser considerados absolutos para
configurar a nulidade das medidas. Assim, cabe análise no caso
concreto sobre a demora excessiva e injustificada de uma prisão.

• Audiência de custódia – IMPOSSIBILIDADE DE SER REALIZADA POR


VIDEOCONFERÊNCIA – IMPORTANTE: A Ministra entende que não há
possibilidade de realizar a audiência de custódia por

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videoconferência, por ausência de previsão legal. Entende, ainda,
que o preso deve ser apresentado ao juízo da localidade em que
ocorreu a prisão, não necessariamente a mesma da localidade do
juiz que determinou a prisão. Comentário: O julgado ocorreu ANTES
DA PANDEMIA. Após, o CNJ determinou que as audiências de
custódia poderiam ser realizadas por videoconferência, pois não
há proibição legal ao uso da tecnologia. Atentar para o que a
questão pede. ATENÇÃO 2 – ATUALIZAÇÃO: Em abril de 2021, o
Congresso rejeitou alguns vetos presidenciais do Projeto Anticrime.
Assim, a partir de agora agora haverá uma proibição legal de
realização de audiências de custódia por videoconferência,
afastando a fundamentação do CNJ. Importante ver como o
tema será tratado na jurisprudência, principalmente durante a
pandemia.

• Possibilidade de o juiz da execução reconhecer reincidência,


MESMO QUE NÃO PREVISTA NA SENTENÇA: O juiz da execução
pode conhecer essa circunstância mesmo que a sentença seja
silente. Isso poderá ser feito para conceder benefícios ou
progressão de regime, por exemplo.

• Gravação da audiência: Caso seja possível fática e tecnicamente,


é obrigatório o registro audiovisual do referido ato.

• Execução: Possuir fones de ouvido no interior do presídio configura


falta grave. Art. 50, VII. Comentário: Além do fone e do próprio
celular, também configura falta grave a posse de chip,
carregador, placa eletrônica, entre outros.

• Execução de medida de segurança: O inimputável, que cumpre


medida de segurança de internação, não poderá ser preso em
estabelecimento prisional comum, ainda que a Administração
Pública alegue falta de vagas ou de recursos públicos para cumprir
o mandamento legal.

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• Maria da Penha – Retratação: Deve ser feita em audiência
específica com o juiz. Não é suficiente que seja feita em cartório
ou perante autoridade policial.

• Companheiro pode ajuizar ação penal privada: O código só fala


de “cônjuge”, mas é possível que o companheiro (união homo ou
heteroafetiva) ajuíze.

• Atos infracionais: Não se prestam a configurar reincidência, mas


podem afastar o princípio da insignificância.

• Júri: A etapa atinente à pronúncia é regida pelo princípio in dubio


pro societate e, por via de consequência, estando presentes
indícios de materialidade e autoria do delito - no caso, homicídio
tentado - o feito deve ser submetido ao Tribunal do Júri, sob pena
de usurpação de competência. Comentário: Há críticas a esta
corrente.

• Sentença e nulidades: Necessidade de transcrição da sentença


proferida em meio audiovisual. Comentário: ATENÇÃO – JULGADO
DE 2018. Após, o STJ mudou seu entendimento e decidiu que é
válida a sentença proferida de forma oral e registrada em meio
audiovisual, ainda que não haja sua transcrição. Pela divergência,
questão possível de ser cobrada em fases mais agudas do
concurso.

• Fundamentação per relationem: A Ministra admite que o órgão


julgador acolha argumentos de uma das partes ou de outras
decisões já proferidas anteriormente no processo. O que é nulo é a
falta de fundamentação. Comentário: Julgado anterior ao pacote
anticrime, que trouxe modificações quanto às nulidades de
fundamentação. Entretanto, esta modificação é uma “cópia” do
CPC e, mesmo com a previsão do diploma processual civil, o STJ
entendia ser cabível a fundamentação per relationem.

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• Nulidades: É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do
WhatsApp para que a Polícia acompanhe as conversas do suspeito
pelo WhatsApp Web.

• Execução e detração: É cabível a aplicação do benefício da


detração penal, previsto no art. 42 do CP, em processos distintos,
desde que o delito pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha
sido cometido antes da segregação cautelar, evitando a criação
de um crédito de pena.

• Habeas corpus não é prejudicado caso seja proferida sentença.


Comentário: Caso haja HC para questionar a prisão preventiva e,
após, sobrevenha sentença condenatória, não será prejudicado o
HC caso a sentença replique os mesmos fundamentos. Caso traga
elementos novos, poderá ser prejudicado. A análise deve ser feita
caso a caso.

• Possibilidade de juiz diverso do julgador determinar a


interceptação telefônica. Comentário: O que a lei exige é que haja
reserva de jurisdição. Não se trata de regra de competência. Logo,
a interceptação pode ser deferida por um juiz e será válida mesmo
que a ação penal seja sentenciada por outro.

• Interceptação e advogado: As comunicações telefônicas do


investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para
formação de prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que
este seja advogado do investigado.

• Interceptação e degravação das conversas: As degravações


(escrever as conversas) não precisam ser feitas por peritos oficiais.
Não há nenhuma exigência assim na Lei.

• Interceptação e perícia para reconhecimento: Em regra, não é


exigida perícia para reconhecimento das vozes interceptadas.

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Excepcionalmente, caso haja fundada dúvida, a perícia pode se
fazer necessária.

• Interceptação e prova emprestada: É possível a utilização, como


prova emprestada no PAD, de interceptação telefônica produzida
em processo penal.

• Gravação do crime em local público: Possibilidade. Não há


nenhuma ilicitude na documentação cinematográfica da prática
de um crime, exceto se o agente se encontra numa situação de
intimidade. Não é o caso de uma corrupção passiva praticada em
repartição pública

• Prescrição da falta grave: Diante da inexistência de legislação


específica quanto ao prazo de prescrição para a aplicação de
sanção disciplinar, deve-se utilizar o disposto no art. 109 do Código
Penal, levando-se em consideração o menor lapso prescricional
previsto.

• Absolvição pelo júri e recurso: A decisão dos jurados que absolvem


o réu não se reveste de caráter absoluto, podendo ser afastada,
sem ofensa à soberania dos vereditos, quando reste evidenciado
que esse veredicto é manifestamente contrário às provas colhidas.
Comentário: CUIDADO! Houve alteração deste entendimento.
Agora, prevalece nos Tribunais Superiores que somente a defesa
pode apelar quando a decisão dos jurados é contrária à prova dos
autos. Ou seja, não caberia esta apelação ao MP no caso de
absolvição. BOA DISCUSSÃO PARA SEGUNDA FASE E PROVA ORAL.

• Júri: Caso os jurados respondam SIM para o quesito de absolvição


genérica, não poderá o magistrado indaga-los se o réu agiu com
excesso doloso na legítima defesa. Se os jurados responderam que
absolvem, significa que não concordaram com a tese do MP,
sendo ilegal formular um quesito para a tese de acusação.
Comentário: Julgado que vai “contra o MP”, assim como a

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exceção trazida acima. Sempre tomar cuidado com esse tipo de
situação em provas da instituição, já que, em tese, as provas
costumam trazer os lados mais benéficos e protetivos ao órgão.

Júri: Não há contradição quando os jurados entendem que o


acusado foi o autor do crime, mas o absolvem mesmo assim.
Comentário: O Brasil adota um sistema misto de quesitação no Júri.
O motivo de ser misto: Porque engloba o Sistema Francês, que é
feito com várias perguntas, com o sistema Anglo-Americano, em
que apenas há a pergunta sobre a absolvição ou não do réu.
Logo, é possível que a resposta seja positiva para todas as
perguntas e mesmo assim os jurados absolvam o réu por clemência
ou por qualquer outro motivo de ordem pessoal.

• Júri e revisão criminal: É possível que haja revisão criminal de


decisão condenatório do Tribunal do Júri. A soberania dos
vereditos não é absoluta. Ponto mais importante do julgado: É
possível que o próprio Tribunal julgador absolva diretamente o réu,
sem necessidade de outro júri.

• Valor mínimo para indenização: A regra do art. 387, inciso IV, do


CPP, que dispõe sobre a fixação, na sentença condenatória, de
valor mínimo para reparação civil dos danos causados ao
ofendido, é norma híbrida, de direito processual e material, razão
pela qual não se aplica a delitos praticados antes da entrada em
vigor da Lei n.º 11.719/2008, que deu nova redação ao dispositivo.

• Recebimento de denúncia por juiz incompetente e interrupção da


prescrição: O recebimento da denúncia por juiz incompetente
TERRITORIALMENTE tem o condão de interromper o prazo
prescricional. Comentário: Exemplo – Se o juiz incompetente
(territorial) recebe a denúncia em 2015 e em 2017 o juiz
competente a ratifica, considera-se que a interrupção da
prescrição se deu em 2015. Comentário 2: CUIDADO! Caso seja

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recebida por juiz absolutamente incompetente, entende-se que
que não haverá a interrupção da prescrição. Exemplo – Juiz de 1º
grau recebe denúncia contra réu que detém foro por prerrogativa
de função no TJ.

• Ausência de recursos não necessariamente gera nulidade: A falta


de apresentação de recurso pelo advogado do réu não constitui
falta de defesa, uma vez que é adotado o princípio da
voluntariedade dos recursos no Processo Penal.

• Prazo decadencial para ação rescisória: O termo final do prazo


para o ajuizamento da ação rescisória, embora decadencial,
prorroga-se para o primeiro dia útil subsequente se recair em dia
de não funcionamento da secretaria do Juízo competente.

• Competência para julgamento de estupro de vulnerável: Lei


Estadual pode prever que Juizados da Infância e Juventude
julguem o crime, mesmo que o ECA não o faça.

• Execução e indulto: A regra prevista no art. 1º, I, do Dec. 7.873/2012,


que admite a concessão de indulto coletivo aos condenados a
pena inferior a oito anos, não pode ser interpretada de forma a
permitir que também obtenham o benefício aqueles que, embora
condenados a pena total superior a esse limite, tenham menos de
oito anos de pena remanescente a cumprir na data da
publicação do referido diploma legal.

• Exceção da verdade – Competência: A exceção da verdade


oposta em face de autoridade que possua prerrogativa de foro
pode ser inadmitida pelo juízo da ação penal de origem caso
verificada a ausência dos requisitos de admissibilidade para o
processamento do referido incidente.

• Prerrogativa de Prefeito: O prefeito deve ser julgado pelo TJ do


Estado em que se localiza o Município no qual exerce sua função,

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ainda que o crime tenha sido cometido em outro local. Ex: Prefeito
de Porto Alegre-RS é julgado no TJRS mesmo que o crime ocorra
em Chapecó-SC.

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