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DIREITO PENAL – PARTE GERAL

Princípios V
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PRINCÍPIOS V

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Também conhecido por “criminalidade de bagatela” ou “infração bagatelar própria”,


foi incorporado ao Direito Penal por Claus Roxin, na década de 1960, sob o fundamento de
política criminal.

Obs.: A política criminal é uma espécie de crítica ao Direito posto, ou seja, à norma penal.
Essa crítica abarca principalmente a aplicação da norma penal em determinadas si-
tuações. Assim, a ideia do princípio da insignificância é retirar a punição e dizer que
determinada conduta não é um crime, visto que não afeta um bem jurídico tutelado
pelo Direito Penal.

Sustenta, este princípio, que o Estado não deve se valer do Direito Penal quando a con-
duta não é capaz de lesar o bem jurídico tutelado pela norma penal, ou, pelo menos, colocá-lo
em perigo.

Tipicidade Formal vs Tipicidade Material

O crime é dividido em fato típico, ilícito e culpável. Dentro do fato típico, tem-se a conduta,
que gera um resultado, sendo necessário o nexo causal entre essa conduta e esse resultado.
Ex.: um crime de homicídio em que alguém atira e gera o resultado morte em outra pessoa.
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Esse resultado aconteceu pela conduta praticada pelo agente, logo, há um nexo de causali-
dade entre essa conduta e o resultado.
Dentro do fato típico, ainda há um quarto elemento: a tipicidade. Para que haja um fato
típico é necessário que a conduta seja típica, ou seja, que esteja prevista em lei como crime.
Nesse sentido, matar uma pessoa só é crime, pois essa conduta está prevista no art. 121 do
Código Penal como crime.
A tipicidade, por sua vez, se divide em formal e material.
A tipicidade formal se refere ao fato típico descrito na norma penal. Haverá a tipicidade
formal quando a conduta do agente se adequa perfeitamente à norma penal.
ANOTAÇÕES

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Já a tipicidade material é a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela
norma penal.
A ideia do princípio da insignificância é que ele será aplicado quando, na conduta do
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agente, não houver a tipicidade material.
O problema é que, para que exista a tipicidade material é preciso que exista tanto a tipici-
dade formal quanto a tipicidade material. Assim, aplicando a insignificância, é excluída a tipici-
dade material, que exclui a tipicidade, que exclui o fato típico e exclui o crime em si.
É por esse motivo que se diz que a natureza jurídica do princípio da insignificância é de
causa supralegal de exclusão da tipicidade.

DIRETO DO CONCURSO
1. (DELEGADO/PC-MG/2018) O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão
da culpabilidade, sendo requisitos de sua aplicação para o STF a ofensividade da conduta,
a ausência de periculosidade social da ação e a inexpressividade da lesão jurídica.

COMENTÁRIO
O princípio da insignificância não exclui a culpabilidade.

2. (UFMT/2016/DPE-MT/DEFENSOR PÚBLICO) O princípio da insignificância ou da bagatela


exclui a
a. punibilidade.
b. executividade.
c. tipicidade material.
d. ilicitude formal.
e. culpabilidade.

COMENTÁRIO
A natureza jurídica do princípio da insignificância é de causa supralegal de exclusão da
tipicidade (material).
ANOTAÇÕES

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3. (FGV/2018/TJ-AL/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Julia, primária e de bons


antecedentes, verificando a facilidade de acesso a determinados bens de uma banca de
jornal, subtrai duas revistas de moda, totalizando o valor inicial do prejuízo em R$15,00
(quinze reais). Após ser presa em flagrante, é denunciada pela prática do crime de furto
simples, vindo, porém, a ser absolvida sumariamente em razão do princípio da insignifi-
cância. De acordo com a situação narrada, o magistrado, ao reconhecer o princípio da
insignificância, optou por absolver Julia em razão da:
a. atipicidade da conduta;
b. causa legal de exclusão da ilicitude;
c. causa de exclusão da culpabilidade;
15m d. causa supralegal de exclusão da ilicitude;
e. extinção da punibilidade.

CRITÉRIOS DOUTRINÁRIOS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

1. Valor do bem:
• Econômico: é possível aplicar o princípio da insignificância quando o bem atingido tem
valor inferior a 10% do salário mínimo; e
• Sentimental: a depender do caso, em que pese o valor econômico do bem ser baixo,
não será possível a aplicação do princípio da insignificância em razão do valor senti-
mental do bem para a vítima.
2. Condição econômica da vítima:
• Subtrair um pacote de arroz de um supermercado é diferente de subtrair o mesmo
pacote de arroz de uma família que passa por necessidades.
3. Consequências do crime e modus operandi:
• A depender de como o agente praticou a conduta, não há como se falar em princípio da
insignificância. Ex.: furto de um bem de baixo valor econômico que estava dentro de um
carro, sendo que o agente quebrou a janela do veículo para realizar a subtração.
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Requisitos objetivos adotados pela Jurisprudência – Min. Celso de Mello (HC


84.412-0/SP – 29/06/2004 – STF):
a. mínima ofensividade da conduta;
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b. nenhuma periculosidade social da ação;


c. reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d. inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Obs.: Recomenda-se decorar esses princípios, pois são bastante cobrados em prova.

Vários doutrinadores e até o próprio STF já tentaram distinguir esses requisitos, mas
sem sucesso.
A mínima ofensividade da conduta e a inexpressividade da lesão jurídica provocada deixam
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entender que são a mesma coisa.
Já o requisito “nenhuma periculosidade social da ação” significa ausência de violência
ou ameaça. É por isso que o princípio da insignificância não se aplica aos crimes de roubo
ou extorsão.
Por fim, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento significa que, a depender
de quem pratica a conduta, o grau de reprovabilidade do comportamento pode impedir a apli-
cação do princípio da insignificância. Ex.: um juiz que pratica um furto não pode ser benefi-
ciado pela insignificância em razão de sua função como juiz.

DIRETO DO CONCURSO
4. (DELEGADO/PC-MT/2017) De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princí-
pio da insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se caracterizar a
atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a. reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b. desvalor relevante da conduta e do resultado.
c. mínima periculosidade social da ação.
d. relevante ofensividade da conduta do agente.
e. expressiva lesão jurídica provocada.

COMENTÁRIO
Para responder a essa questão é preciso lembrar os requisitos objetivos adotados pelo STF
para o princípio da insignificância, são eles:
ANOTAÇÕES

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a. mínima ofensividade da conduta;


b. nenhuma periculosidade social da ação;
c. reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d. inexpressividade da lesão jurídica provocada.

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5. (CESPE/2014/TJ-SE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Conforme o STF, para
que incida o princípio da insignificância e, consequentemente, seja afastada a recrimina-
ção penal, é indispensável que a conduta do agente seja marcada por ofensividade míni-
ma ao bem jurídico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da lesão,
e nenhuma periculosidade social.

GABARITO
1. E
2. c
3. a
4. a
5. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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