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Sistemática I –
Deus, Soteriologia,
Pneumatologia
Prof. Marcelo Martins
Indaial – 2021
2a Edição
Elaboração:
Prof. Marcelo Martins
M386t
Martins, Marcelo
ISBN 978-65-5663-698-6
ISBN Digital 978-65-5663-694-8
CDD 230
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico! É com grande expectativa e entusiasmo que apresentamos
a você o livro didático da disciplina Teologia Sistemática I – Deus, Soteriologia e
Pneumatologia.
GIO
Olá, eu sou a Gio!
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 61
REFERÊNCIAS.......................................................................................................117
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 173
UNIDADE 1 —
DOUTRINA DE DEUS –
TEOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
A EXISTÊNCIA DE DEUS
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos os nossos estudos a respeito da Doutrina de Deus – Teologia.
Certamente, é um privilégio e, ao mesmo tempo, desafiador caminhar nessa direção. O
profeta Oseías expressou isso da seguinte forma: “Então, conheçamos, e prossigamos
em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva,
como chuva serôdia que rega a terra” (Oséias 6:3). O estudo da Teologia, sem dúvida,
envolve a questão da fé, mas, também, a razão, e o contexto acadêmico é essencial
para nos aprofundarmos em tudo aquilo que já foi escrito, ensinado e pesquisado.
• A Teologia exegética tem, como foco, o estudo do texto sagrado, por isso, faz uso do
estudo das línguas (Hebraico, Aramaico, Grego), da Arqueologia, da Hermenêutica e
da Interpretação Bíblica.
• A Teologia Prática tem, como foco, a aplicação dos conteúdos bíblicos e teológicos
na vida cristã (prática). Envolve o estudo da Liturgia, da Homilética, do Ministério
Pastoral, do Aconselhamento, da Diaconia etc.
• A Teologia Histórica busca, por meio dos estudos históricos (especialmente, bíblicos),
conhecer a origem e o desenvolvimento do povo de Israel e da igreja cristã, por isso,
abrange a História Bíblica, a História de Israel, a História de Missões e a História da
Doutrina.
• A Teologia Bíblica focaliza a Teologia do Antigo e do Novo Testamentos. Dá atenção
especial aos ensinamentos dos autores individuais, às seções da Escritura e ao lugar
que cada ensino ocupa no desenvolvimento histórico.
• A Teologia Sistemática, também chamada de Teologia Dogmática, é a sistematização
e a defesa das doutrinas expressas da Teologia e da igreja. Focaliza no ensino das
passagens bíblicas de um determinado assunto e o sistematiza.
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Na sequência, serão destacados alguns argumentos teístas acerca da existência
de Deus. Serão apresentados argumentos que, normalmente, são citados a respeito
da temática, como o argumento cosmológico, o argumento teleológico, o argumento
antropológico, o argumento ontológico e o argumento moral. Estes apresentam alguns
pontos importantes que contribuem para o pensamento a respeito da existência do
Criador.
NOTA
A Doutrina de Deus, algumas vezes, é chamada de Teontologia. Esse
termo é a união de três palavras gregas: théos (Deus) + ontos (ser) + logos
(palavra, discurso), isto é, o discurso ou o estudo do ser de Deus.
2 QUEM É DEUS?
O conhecimento de Deus tem sido o motivo e a busca do ser humano desde
os tempos mais remotos. O anseio pela “descoberta” e pela intimidade com o Criador
é notório nos quatro cantos da face da Terra. Por isso, faz-se necessário buscar
informações a respeito de quem é Deus.
Esta é uma pergunta – quem é Deus? – que sempre surge quando se adentra
no estudo da Teologia. A resposta para o questionamento, baseado nas Teologias Bíblica
e Sistemática, é que o ser humano, por si só, não consegue chegar ao conhecimento
do Criador. Observe a seguinte pergunta: “Deus é o ser Infinito. Em certo sentido, Ele
é incompreensível. Como podem seres finitos compreender o Deus Infinito, ilimitado?”
(INTERSABERES, 2014, p. 104). Portanto, aprouve a Deus se revelar ao ser humano
(Hebreus 1:1-3; João 1:18). “Embora o homem, sem ajuda, não possa vir a conhecer
o Deus Infinito, fica claro que Deus se revelou e pode ser conhecido até o ponto que
chegou a autorrevelação” (INTERSABERES, 2014, p. 105). Portanto, Deus se revelou
(manifestou) ao ser humano e pode ser conhecido dentro daquilo que tem se revelado.
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Assim também se dá ao estimarmos nossos recursos espirituais.
Pois, por tanto tempo quanto não lançamos a vista além da terra,
muito fantasiosamente, lisonjeamo-nos a nós mesmos, todos
satisfeitos com a nossa própria justiça, sabedoria e virtude, e nos
imaginamos pouco menos que semideuses. Mas, se, pelo menos,
uma vez começamos a elevar o pensamento para Deus e a ponderar
quem é Ele, e quão completa a perfeição da sua justiça, sabedoria e
poder, cujo parâmetro nos importa nos conformar, aquilo que, antes,
em nós, sorria sob a aparência ilusória de justiça, logo, como plena
iniquidade, se enxovalhará; aquilo que, mirificamente, impunha-
se sob o título de sabedoria, exalará como extremada estultícia;
aquilo que se mascarava de poder, arguir-se-á ser a mais deplorável
fraqueza (CALVINO, p. 49 apud GONÇALVES, 2014, s.p.).
Muitas respostas têm sido dadas para a pergunta em questão: quem é Deus?
Mencionaremos uma das respostas que, de certa forma, traduz o pensamento dos
cristãos. O Catecismo Maior de Westminster (1643-1648), na pergunta: Que é Deus?, traz
a seguinte resposta:
Esse catecismo sintetiza, para nós, muitas coisas que, no decorrer da história,
já foram estudadas, pesquisadas, e porque não dizer “experimentadas”, a respeito de
Deus. Apresenta vários aspectos da pessoa de Deus, do seu caráter, do seu Ser, dos
seus planos, da sua vontade, e dos seus desígnios. O conhecimento dos aspectos da
pessoa de Deus pode conduzir a um caminho que Calvino descreve:
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Com relação ao que já foi exposto, destacaremos, na sequência, dois aspectos
primordiais a respeito da existência de Deus: a autoexistência de Deus e Deus é Espírito.
DICA
Você pode ler As Institutas da Religião Cristã por meio do seguinte link:
https://bit.ly/39zCTd6. Confira e aproveite!
No evangelho de João 5:26, é dito: “Porque assim como o pai tem vida em si
mesmo, também concedeu, ao Filho, ter vida em si mesmo”, ou seja, a autoexistência
de Deus está implícita nas expressões “o pai tem vida em si mesmo”, e “ao Filho, ter vida
em si mesmo”.
A autoexistência de Deus “não significa apenas que nós existimos e que Deus
sempre existiu, mas, também, que Deus existe, necessariamente, de modo infinitamente
melhor, mais forte e mais excelente” (GRUDEM, 1999, p. 71). “Às vezes, essa ideia é
expressa, dizendo-se que Ele é a causa sui (a Sua própria causa), mas não se pode
considerar exata essa expressão, desde que Deus é o não causado, que existe pela
necessidade do Seu próprio Ser e, portanto, necessariamente” (BERKHOF, 1990, p. 45).
6
Thiessen (1987) enumera, na sua Teologia Sistemática, três argumentos a favor
da existência de Deus:
NOTA
“O cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé, mas essa
fé não é uma fé cega, mas uma fé baseada em provas, e as provas
se acham, primariamente, na Escritura, como a Palavra de Deus
inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza”
(BERKHOF, 1990, p. 16).
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2.2 DEUS É ESPÍRITO
A afirmação bíblica de João 4:24 é enfática: “Deus é Espírito, e importa que os
que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. O contexto da conversa de Jesus
Cristo com a mulher samaritana era a respeito da adoração (local de adoração). Na sua
fala, dirigida à mulher samaritana, Jesus deixa claro, não somente, o tipo de adoração
que o Deus quer, mas, também, quem Deus é – Espírito. Nota-se a ausência do artigo,
isso quer dizer que Deus é espiritual na sua natureza, ou seja, no seu ser essencial, Deus
é espiritual.
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III- Ele é vivo e ativo: é o singular Criador do universo, edificador dos mundos, defensor
dos pobres e libertador dos oprimidos.
Com isso, “Deus é algo mais do que uma condição de existência, como o espaço
ou o tempo. Ele não só existe, mas também age. Ele é agente, Ator, Ser vivo e o Espírito
da Vida” (DR. FARR apud BANCROFT, 1992, p. 26). Dessa forma, “[...] verifica-se que Deus,
na qualidade de Espírito, deve ser apreendido não pelos sentidos do corpo, mas, antes,
pelas faculdades da alma, vivificadas e iluminadas pelo Espírito Santo (1 Co 2.14; Cl.1.15-
17)” (BANCROFT, 1992, p. 27).
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NOTA
O que significa Teísmo? “A etimologia da palavra TEÍSMO forneceria
um grande raio de aplicação, mas, no uso comum, ela significa uma
crença em Deus, e incorpora um sistema de crenças que constitui
uma filosofia, restrita de fatos, a alguns achados e conclusões que a
razão humana sugere” (CHAFER, 2003, p. 166)
10
inteligência e propósito na causa que o originou; o universo é caracterizado por ordem
e organização útil, portanto, o universo tem uma causa inteligente e livre” (THIESSEN,
1987, p. 30).
11
O corpo humano é, assim, uma prova específica de um Criador, visto
que ele não pode ser explicado de maneira diferente [...], novamente,
a inteligência do homem, com as suas realizações na descoberta,
nas invenções, na ciência, literatura, e na arte, exige, com resistência
implacável, uma causa adequada [...], e, finalmente, a consciência,
assim como a crença inerente em Deus não pode ser explicada com
outra base a não ser aquela em que o homem procede daquele que
possui todos os atributos em um grau infinito (CHAFER, 2003, p. 184).
Strong et al. (2003) afirmam que esse argumento é complexo e sugere uma
divisão para compreendê-lo melhor:
1- A natureza intelectual e moral do homem deve ter tido, como autor, um Ser intelectual
e moral.
2- A natureza moral do homem prova a existência de um Legislador e Juiz santo.
3- As naturezas emocional e voluntária do homem provam a existência de um Ser que
pode fornecer, em si mesmo, um objeto de satisfação da afeição humana e um fim
que convoca as atividades mais nobres do homem e assegura os progressos mais
nobres.
Para Thiessen (1987, p. 29), “esse argumento encontra, na própria ideia de Deus,
a prova da existência. Afirma que todos os homens têm a ideia de Deus intuitivamente,
e, daí, tentam encontrar prova da existência na própria ideia”. Na mesma direção de
pensamento, “conforme esse argumento, a existência de Deus é certificada pelo fato de
que a mente humana crê que Ele realmente existe” (CHAFER, 2003, p. 186).
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3.5 ARGUMENTO MORAL
O argumento moral indica que a consciência que o ser humano possui reconhece
a existência de um Juiz, no caso, Deus, dessa forma, a violação da lei (ou das leis) do
Criador gera certeza de julgamento e punição para aqueles que venham a violá-las. De
acordo com Berkhof (1990, p. 21), “Kant tomou o seu ponto de partida no imperativo
categórico, e, deste, deferiu a existência de alguém que, como legislador e juiz, tem
absoluto direito de dominar o homem. Na sua opinião, esse argumento é muito superior
a qualquer um dos outros”.
DICA
Um bom livro de Teologia Sistemática:
4 TEORIAS ANTITEÍSTAS
Depois de observarmos alguns argumentos teístas acerca da existência de Deus,
apresentaremos, agora, algumas teorias antiteístas, isto é, teorias que são contrárias ou
que, de alguma forma, negam a existência de Deus. Destacaremos dez dessas teorias.
Existem outras, mas, aqui, devemos nos ater a essas.
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FIGURA 2 – TEORIAS ANTITEÍSTAS
FONTE: O autor
4.1 ATEÍSMO
O termo “ateísmo” (ἄθεος – ‘nenhum Deus’) já revela a negação da existência
de Deus na própria formação da palavra. O ateísmo, segundo a etimologia do termo,
significa uma negação do ser de Deus. Certamente, é a teoria mais conhecida em
relação às teorias antiteístas. Essa teoria nega a existência de Deus. Conforme Chafer
(2003, p. 191), “para o ateu, o universo material é somente um acidente e todas as suas
maravilhas de coordenação e desenvolvimento são fortuitas. Ele não reconhece uma
causa para nada, mesmo para a sua própria existência”.
4.2 AGNOSTICISMO
Na origem, o termo “agnosticismo” é composto pelas palavras gregas a (α) –
sem – e gnosis (γνώσις) – conhecimento. “O agnosticismo não nega a existência de
Deus, ele nega a possibilidade de conhecimento de Deus. É o sistema que ensina que
não sabemos e nem podemos saber se Deus existe ou não” (INTERSABERES, 2014, p.
107). A premissa básica do agnosticismo é “acreditar somente no que se vê”.
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O termo ‘agnóstico’ é aplicado, às vezes, a qualquer doutrina que
afirma a impossibilidade de qualquer conhecimento verdadeiro,
afirmando que todo conhecimento é relativo, e, portanto, incerto [...]
na teologia. O termo é limitado aos pontos de vista que afirmam que
nem a existência nem a natureza de Deus, sem, ainda, a natureza
suprema do universo, são conhecidas ou cognoscíveis (THIESSEN,
1987, p. 35).
4.3 MATERIALISMO
O materialismo nega a existência de Deus ou de seres espirituais e afirma que
toda a realidade é matéria em movimento. Dessa forma, entende-se a alma, além da
mente, como aspectos do corpo, negando a realidade após a morte, como céu, inferno.
Com isso, acaba descrendo da existência de Deus, por acreditar, simplesmente, na
realidade da matéria. Uma definição afirma que o Materialismo é:
4.4 EVOLUCIONISMO
O Evolucionismo parte da teoria de um desenvolvimento (evolução orgânica)
meramente biológico dos seres. A teoria foi elaborada, primeiramente, por Charles
Darwin, no conhecido livro A Origem das Espécies, de 1859. De acordo com a teoria
evolucionista do desenvolvimento natural, a criatura é o efeito de uma causa natural, e
é moldada e formada, de acordo com forças sobre as quais ela não tem controle algum.
Com relação ao evolucionismo:
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que a evolução é o método pelo qual todo o desenvolvimento, a
partir de um estado primordial suposto para um estado de perfeição,
foi trabalhado. A evolução ateísta rejeita a pessoa de Deus, nega
a sua obra na criação, e afirma que a matéria é eterna ou que se
autodesenvolve (CHAFER, 2003, p. 194-195).
4.5 PANTEÍSMO
Como o termo sugere, “panteísmo é a crença de que Deus é tudo e tudo é Deus,
confundindo, assim, Deus com a natureza, a matéria com o Espírito, e o Criador com
as coisas que Ele criou” (CHAFER, 2003, p. 201). A palavra “panteísmo” é uma junção
de duas palavras gregas, pan (παν), que significa tudo e todas as coisas, e théos (θεός),
que significa Deus. “Como o próprio nome sugere, é a doutrina segundo a qual Deus
e o mundo se fundem, constituindo-se em um todo indivisível. Essa é a religião do
hinduísmo, em que ‘tudo é deus e deus é tudo’” (CLÍNICA, 2014 apud INTERSABERES,
2014, p. 109).
4.6 POLITEÍSMO
O Politeísmo é a crença de que há mais de um Deus, e ensina a adoração a vários
deuses. “O Politeísmo não apresenta nenhuma similaridade com a doutrina bíblica de
uma Trindade de Pessoas com uma só essência. A crença trinitariana é baseada no fato
principal de que há um Deus [...], e afirma que o único Deus subsiste em três pessoas”
(CHAFER, 2003, p. 200). Diferentemente da ideia da Trindade:
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tomou formas especiais provenientes das tradições, da índole e das
civilizações relativas de cada nacionalidade. Dentre os selvagens
mais rudes, ele se derivou para o fetichismo, como na África ocidental
e central. Dentre os gregos, foi tornado o veículo para a expressão de
humanitarismo refinado na apoteose dos homens heroicos antes do
que na revelação de deuses encarnados. Na Índia, surgindo de uma
filosofia panteísta, tem sido levado aos extremos mais extravagantes,
com respeito ao número e ao caráter das divindades. Onde quer que
o politeísmo tenha sido conectado à especulação, aparece como a
contraparte esotérica do panteísmo” (OUTLINES OF THEOLOGY, p.
47-48 apud CHAFER, 2003, p. 199-200).
4.7 DEÍSMO
O deísmo afirma que Deus existe, não obstante, nega a possibilidade de Ele se
revelar aos homens. “Esse termo, do latim Deus, é intimamente ligado à palavra grega,
Theos [...]. É ‘a verdadeira religião da natureza’, visto que afirma que tudo o que pode
ser conhecido de Deus é restrito a tais deduções da observação da criação” (CHAFER,
2003, p. 203).
A frase de Carlyle sintetiza bem o Deísmo: “um Deus ausente, sentado e sempre
inativo desde o primeiro sábado, que fica do lado de fora do Universo, a fim de contemplar
as coisas acontecerem” (CARLYLE apud CHAFER, 2003, p. 204).
4.8 DUALISMO
O dualismo é considerado um sistema ou uma teoria que assevera uma duali-
dade radical ou duplicidade da natureza, de existência ou de operação, normalmente,
retratado pelo bem e o mal.
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Chafer (2003) mostra que, na história do pensamento reflexivo, quatro espécies
de dualismo se desenvolveram:
1- Dualismo Teológico (crença com dois seres ou princípios divinos, um bom e o outro
mal).
2- Dualismo Filosófico.
3- Dualismo Psicológico.
4- Dualismo Ético.
4.9 MONISMO
“Esta doutrina ensina que o homem é um ser portador de uma única natureza –
a matéria. Ela não faz distinção entre Deus e a Criação” (LIMA, 2009, p. 19).
4.10 POSITIVISMO
O positivismo tem, como critério único da verdade, os fatos e as relações. “A
filosofia elaborada por Augusto Comte (1798-1857), que é baseada na suposição de
que o conhecimento do homem é restrito aos fenômenos, e, esses, o homem pode
conhecer somente em parte. Ele rejeita toda consideração da metafísica ou da filosofia
especulativa” (CHAFER, 2003, p. 204).
Com o positivismo, findamos essas teorias, ainda que existam outras. Com isso,
finalizamos este primeiro momento, a partir do qual observamos, apenas um pouco,
“quem é Deus” e as teorias antíteístas.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A autoexistência de Deus “não significa apenas que nós existimos e que Deus sempre
existiu, mas, também, que Deus existe, necessariamente, de modo infinitamente
melhor, mais forte e mais excelente” (GRUDEM, 1999, p. 71).
• O Deísmo afirma que Deus existe, não obstante, nega a possibilidade de Ele se revelar
aos homens.
• Panteísmo é a crença de que Deus é tudo e tudo é Deus, confundindo, assim, Deus
com a natureza, a matéria com o Espírito, e o Criador com as coisas que Ele criou.
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AUTOATIVIDADE
1 Conforme Thiessen (1987), Deus é imaterial e incorpóreo, é invisível, é vivo, e é
uma pessoa, pois tem a essência da personalidade, que é a autoconsciência e a
autodeterminação. Há vários termos importantes no estudo da Teologia, e um deles é
o “Teísmo”. Acerca do significado de Teísmo, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Teísmo afirma que Deus existe, não obstante, nega a possibilidade de Ele se
revelar aos homens.
b) ( ) Teísmo é a crença em vários deuses e propaga a adoração aos deuses e à criação.
c) ( ) Teísmo tem, como critério único da verdade, os fatos e as relações.
d) ( ) Teísmo, conforme a própria palavra sugere, significa uma crença em Deus.
I- Argumento Ontológico.
II- Argumento Moral.
III- Argumento Cosmológico.
IV- Argumento Teleológico.
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( ) Este argumento parte do pressuposto de que o universo, e todo o funcionamento
perfeito, apontam para uma causa última – um criador.
( ) Este argumento indica que a consciência de que o ser humano possui e reconhece
a existência de um Juiz, no caso, de Deus, e, dessa forma, da violação da lei (ou das
leis) do Criador, ocorrem certeza de julgamento e punição para aqueles que venham
a violá-las.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
OS ATRIBUTOS E OS NOMES DE DEUS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, depois de conhecermos um pouco da existência de Deus,
daremos um segundo passo importante nos nossos estudos acerca da Doutrina de
Deus. Neste tópico, focaremos em dois aspectos fundamentais dentro da Teologia: os
atributos e os nomes de Deus.
Quando olhamos para a história a respeito dos atributos divinos, percebemos que,
nos primeiros séculos da era cristã, os alvos eram definir e compreender profundamente
o que eram os atributos da divindade. Passando por Tertuliano, Agostinho, Orígenes e
chegando aos concílios (como o de Niceia – 325 d.C.), o enfoque era no entendimento
dos atributos, e como eles estavam relacionados à Triunidade de Deus.
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Com o passar dos séculos, chegando a São Tomás de Aquino, Martinho Lutero,
João Calvino, e, posteriormente, aos teólogos modernos, a ênfase passou a ser mais na
classificação dos atributos.
NOTA
Atributos ‘transcendentes’ e ‘imanentes’ podem ser conhecidos
por outros termos: atributos ‘incomunicáveis e comunicáveis’;
atributos ‘naturais e morais’; atributos ‘imanentes ou intransitivos
e emanentes e transitivos’; atributos ‘passivos e ativos’; atributos
‘absolutos e relativos’; e atributos ‘negativos e positivos’.
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FIGURA 3 – OS ATRIBUTOS DE DEUS
FONTE: O autor
2.1 SIMPLICIDADE
“Por esse termo, indica-se que o Ser divino não é composto, não é complexo
ou divisível [...]. Assim é com Deus. Sendo, Ele, o Ser perfeito, deve ser adorado como a
expressão última e infinita da simplicidade” (CHAFER, 2003, p. 237). Para Berkhof (1990,
p. 49), “quando falamos da simplicidade de Deus, empregamos o termo para descrever o
estado ou a qualidade que consiste em ser simples, a condição de estar livre de divisão
em partes e, portanto, de composição. Quer dizer que Deus não é composto e não é
suscetível de divisão em nenhum sentido da palavra”.
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2.2 IMENSIDADE
“Aqui, a imensidão de Deus significa a Sua infinidade em relação ao espaço.
Deus não é limitado ou circunscrito pelo espaço; ao contrário, todo espaço finito é
dependente dEle. Ele existe, na realidade, além do espaço” (THIESSEN, 1987, p. 76).
Para Berkhof (1990, p. 47), a imensidade de Deus “pode ser definida como a
perfeição do Ser Divino pelo qual transcende todas as limitações espaciais e, contudo,
está presente em todos os pontos do espaço com todo o Seu Ser”. Isso quer dizer que
Deus ocupa o espaço repletivamente, isto é, preenche todo o espaço, com isso, não
está ausente de alguma parte do espaço, nem tampouco mais presente em uma parte
do que em outra.
2.3 ETERNIDADE
A eternidade de Deus também é um atributo incomunicável. Alguns autores
a classificam dentro da infinidade de Deus. “Deus não tem começo, fim ou sucessão
de momentos no seu próprio Ser, e Ele vê, todo o tempo, de modo vividamente igual,
todavia, Deus vê os eventos no tempo e os atos no tempo” (GRUDEM, 1999, p. 74). “Aqui,
a eternidade de Deus significa a infinidade em relação ao tempo; significa que Ele não
tem começo nem fim; que Ele está livre de toda a passagem de tempo; e que Ele é a
causa do tempo” (THIESSEN, 1987, p. 76). Berkhof (1990, p. 47) nos lembra de um aspecto
importante acerca desse atributo:
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1) Para descrever aquilo que existe desde a eternidade passada, ou aquilo que existe
em relação à eternidade futura.
2) Para designar uma eternidade agrupada em um conceito, no caso, “o Deus Eterno”.
Não devemos supor que o tempo, agora que ele existe, não tem uma
realidade objetiva para Deus, mas, antes, que Ele vê o passado e o
futuro tão vividamente quanto vê o presente. Pode-se ver um desfile
do alto de uma torre, de onde se pode vê-lo em toda a sua extensão
de uma só vez, ou se pode vê-lo de uma esquina, de onde só se pode
vê-lo por partes. Deus tudo vê da primeira maneira, apesar de estar
ciente da sequência do desfile (THIESSEN, 1987, p. 77).
Assim, a eternidade de Deus aponta para o fato de que “Deus não teve princípio
nem terá fim. Ele conhece os acontecimentos na sucessão do tempo, mas não está
limitado, de nenhum modo, pelo tempo” (BANCROFT, 1992, p. 49). Grudem (1999, p. 77)
sintetiza, dizendo que “devemos, portanto, afirmar que Deus não possui sucessão de
momentos no seu próprio Ser, vê toda a história de modo vividamente igual, e, na sua
criação, vê o progresso dos eventos sobre o tempo e age diferentemente em diferentes
pontos do tempo”.
2.4 IMUTABILIDADE
O profeta Malaquias faz a seguinte afirmação a respeito de Deus: “porque eu,
O Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Malaquias
3:6). Corrobora, com Malaquias, o escritor bíblico Tiago, ao citar que “toda boa dádiva e
todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir
variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17).
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da autocoerência, moral e pessoal. Thiessen (1987, p. 81) afirma que “a imutabilidade de
Deus não é como a da pedra, que não reage às mudanças a sua volta, mas como a de
uma coluna de mercúrio, que sobe e desce, conforme as mudanças da temperatura”.
2.5 ONIPOTÊNCIA
Com a onipotência de Deus, dizemos que Ele pode fazer o que desejar, mas,
como a vontade é limitada pela natureza, isso significa que Ele pode fazer qualquer
coisa que esteja em harmonia com tais perfeições (THIESSEN, 1987). Bancroft (1992,
p. 57) destaca que “o poder de Deus não é condicionado nem limitado por qualquer
pessoa fora dEle mesmo. O poder, ou seja, a eficiência de fazer acontecer as cousas, é
um atributo de Deus. Deus é causa originadora do universo, e, Nele, Seu poder opera
sempre”. O mesmo autor expõe, de maneira mais abrangente, uma definição acerca da
onipotência de Deus:
Para ilustrar esse atributo de Deus, observe: “para Deus, é tão fácil suprir tuas
maiores e menores necessidades, assim como está ao alcance do Seu poder formar um
sistema ou um átomo, criar um sol incandescente e acender a lâmpada do vagalume”
(GUTHRIE apud BANCROFT, 1992, p. 58).
2.6 ONISCIÊNCIA
O termo “onisciência”, etimologicamente, vem de duas palavras latinas, “omnes”,
cujo sentido é “tudo”, e “scientia”, que significa “conhecimento”. De acordo com Bancroft
(1992, p. 53), “o termo denota a infinita inteligência de Deus – Seu conhecimento de
todas as coisas”. João Calvino (apud GONÇALVES, 2014, s.p.) definiu a “onisciência”
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como “aquele atributo mediante o qual Deus conhece a Si mesmo e a todas as outras
coisas em um só simplicíssimo ato eterno”. “A onisciência de Deus abrange todas as
coisas – do passado, do presente e do futuro, o possível e o real” (CHAFER, 2003, p. 218).
“O conhecimento de Deus não é sucessivo, mas perfeitamente simultâneo” (BANCROFT,
1992, p. 52).
2.7 ONIPRESENÇA
“Um filósofo pagão perguntou, uma vez, a um cristão: ‘Onde está Deus?’ O
cristão replicou: ‘Primeiro, desejo lhe perguntar: onde não está Ele” (ARROWSWITH apud
BANCROFT, 1992, p. 61). “Com onipresença de Deus, queremos dizer a Sua infinidade em
relação as suas criaturas. Por ser imenso, Deus é onipresente” (THIESSEN, 1987, p. 78).
Grudem (1999, p. 77) afirma a onipresença de Deus assim: “Deus não tem tamanho ou
dimensão espacial, e está presente em cada ponto do espaço com a plenitude do Seu
Ser, todavia, Deus age, diferentemente, em lugares diferentes”.
29
3 OS ATRIBUTOS IMANENTES (MORAIS) DE DEUS
Olhamos, primeiramente, para alguns dos atributos transcendentes, isto é,
aqueles que pertencem, exclusivamente, a Deus, por isso, também são chamados de
incomunicáveis. Agora, veremos alguns dos atributos considerados imanentes, aqueles
que o Criador compartilha com as Suas criaturas, por isso, são chamados, também,
de comunicáveis. “Se os atributos incomunicáveis salientam o absoluto Ser de Deus,
os demais acentuam a Sua natureza. Nos atributos comunicáveis, Deus se posiciona
como Ser moral, consciente, inteligente e livre, como Ser pessoal, no mais alto sentido
da palavra” (INTERSABERES, 2014, p. 126). “O ser total de Deus inclui todos os Seus
atributos: Ele é totalmente amor, totalmente misericordioso, totalmente justo, e assim por
diante. Cada atributo de Deus que encontramos na Escritura é verdadeiro em relação
a todo o Ser de Deus [...]” (GRUDEM, 1999, p. 85).
3.1 SANTIDADE
“E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos
Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória” (Isaías 6:3). Esse era o clamor dos anjos
(Serafins) na descrição da visão do profeta Isaías, referente à presença e à majestade
de Deus. A santidade de Deus permeia todos os seus demais atributos, ou seja, coexiste
com todos eles, assim como os demais. Isto aponta para a perfeição de Deus em tudo
que ele é. Eis a razão do clamor dos anjos ante a presença do Senhor na visão do profeta.
Para Thiessen (1987, p. 81) “com santidade de Deus queremos dizer que Ele é
absolutamente separado de todas as suas criaturas e exaltado sobre elas, e que Ele é
igualmente separado da iniquidade moral e do pecado”. A santidade de Deus se destaca
quando se refere aos atributos morais de Deus.
30
e imaculada; ela é observável em toda atitude e ação divinas. Ela
abrange não somente a Sua devoção ao que é bom, mas é, também,
a verdadeira base e força do Seu ódio por aquilo que é mau. Assim,
há, na santidade divina, a capacidade de reação em relação a outros,
que é tanto positiva quanto negativa (CHAFER, 2003, p. 226).
“A retidão divina significa que Deus sempre age, de acordo com o que é certo, e
Ele é o próprio padrão final do que é certo” (GRUDEM, 1999, p. 92). “A retidão de Deus é a
imposição de leis e exigências retas; podemos chamá-la de santidade legislativa. Nesse
atributo, vemos se revelando o empenho de Deus pela santidade, que sempre o impele
a fazer e a exigir o que é reto” (THIESSEN, 1987, p. 69). “Como resultado da retidão de
Deus, é necessário que Ele trate as pessoas de acordo com o que elas merecem. Assim,
é necessário que Deus puna o pecado, porque o pecado não merece recompensa, é
errado e merece punição” (GRUDEM, 1999, p. 92). Assim, pode-se dizer que a justiça é a
execução da retidão.
“A justiça de Deus é a execução das penalidades impostas pelas Suas leis; essa
pode ser chamada de santidade judicial. Nesse atributo, vemos revelado o ódio contra o
pecado, uma indignação tal que, livre de toda paixão ou capricho, sempre O impele a ser
justo e a exigir o que é justo” (BANCROFT, 1992, p. 69).
31
A justiça divina é demonstrada no fato de que as leis justas são dadas
aos homens, que essas leis são sustentadas por sanções próprias, e
que, a essas leis, é dada uma execução imparcial. Nenhum favoritismo
é jamais tolerado, embora o favor infinito seja estendido àqueles que
andam debaixo de provisões justas para a salvação, tornada possível
através do sacrifício de Cristo pelo pecado. Deve ser observado que,
em ponto algum, a justiça divina é mais observável do que no plano
da redenção.
O que é feito, pelo lado divino, pelos homens perdidos através do
sacrifício de Cristo, é operado em justiça perfeita – justiça essa, na
verdade, que é consoante com a santidade infinita. A justiça exige
que a penalidade, após cair sobre um outro, e que o benefício, após
ter sido recebido como a base da esperança pelo ofensor, não cairão,
novamente, sobre o transgressor (CHAFER, 2003, p. 228).
3.3 AMOR
O apóstolo Paulo apresenta Deus como o “Deus de amor” (2 Co. 13.11), e, de
certa forma, o apóstolo João ratifica esse pensamento, dizendo “Deus é amor” (1 Jo.
4.8). Há três versículos, nas Escrituras, que usam a expressão “Deus é”: “Deus é Espírito”
(Jo. 4.24); “Deus é luz” (Jo. 1.5); e “Deus é amor” (1 Jo. 4.8). Isso quer dizer que o amor
faz parte da própria natureza de Deus.
“Toda a vida de Deus é um fluxo desse amor, que se caracteriza pela autodoação
divina” (ROBERTSON apud BANCROFT, 1992, p. 73).
Deus manifestou (provou) o Seu amor ao ser humano enviando o Seu próprio
filho para lhe prover salvação, “mas Deus prova Seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós, ainda, pecadores” (Romanos 5;8). Aqueles
que são alvos da afeição de Deus são chamados de “amados”. A comparação a seguir
é pertinente: "Todo o amor de todos os corações femininos, comparado com o amor do
coração de Deus, é como a tocha do vagalume perto do sol ao meio-dia" (MERREY apud
BANCROFT, 1992, p. 73).
32
As Escrituras descrevem que o amor é tão abrangente que alcança o mundo, o
povo de Israel, os filhos, a retidão, o juízo. “Mais especificamente, com respeito ao amor:
Deus não obteve o amor, nem Ele, por qualquer esforço, mantém o amor; o amor é a
estrutura do seu Ser. Deus é a fonte inesgotável do amor” (CHAFER, 2003, p. 229).
3.4 SABEDORIA
Este atributo comunicável, a sabedoria de Deus, aparece nas Escrituras, em
muitos momentos. Desde a criação, passando pela providência de Deus, e chegando à
redenção, encontramos a sabedoria de Deus sendo percebida e executada.
Segundo Berkhof (1990, p. 53), a sabedoria é “a perfeição de Deus pela qual Ele
aplica o Seu conhecimento à consecução dos Seus fins de um modo que O glorifica o
máximo”. Prossegue:
33
3.5 VERDADE
“Que é a verdade?” (João 18:38), foi a pergunta de Pilatos. Essa é uma pergunta
que ecoa no passado e perpassa o presente. Em tempos modernos e pós-modernos,
opta-se por “verdades”. Entretanto, quando se olha para as Escrituras e para as palavras
de Jesus, a resposta é dada. A natureza e a Escritura Sagrada nos ensinam que Deus é
verdadeiro. Jesus, em um momento bem anterior à pergunta feita por Pilatos, já havia
dado a resposta quando disse: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida” (João 14:6, grifo
nosso). Nota-se que Jesus não disse “uma verdade”, mas “a verdade”. O uso do artigo
definido deixa isso muito claro. Jesus foi além, quando apresentou aquilo que a verdade
faz – ela liberta – “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32).
A Bíblia é muito enfática nas suas referências a Deus como verdade, Êx 34.6;
Nm 23.19; Dt 32.4; Sl 25.10; 31.6; Is 65.16; Jr 10.8, 10, 11; Jo 14.6; 17.3; Tt 1.2; Hb 6.18; 1
Jo 5.20,21. A Escritura utiliza várias palavras para expressar a veracidade de Deus: no
Velho testamento, ‘emeth, ‘amunah, e ‘amen; no Novo Testamento, alethes (aletheia),
alethinos, e pistis. Isso já indica o fato de que são inclusas diversas ideias, como verdade,
fidedignidade e fidelidade (BERKHOF, 1990).
Quando Deus exerce a Sua verdade para com a Sua criação, ela é chamada de
veracidade e fidelidade. A Sua veracidade está relacionada com a Sua revelação de Si
próprio, na natureza, nas Escrituras. A Sua fidelidade está relacionada ao cumprimento
das Suas promessas.
4 OS NOMES DE DEUS
Moisés, ao escrever o livro de Êxodo, no Capítulo 20:7, refere-se ao nome de Deus
da seguinte forma: “Quão magnífico, em toda terra, é o Teu nome!” Segundo Berkhof
(1990, p. 37), “os nomes de Deus constituem uma dificuldade para o intelecto humano.
Deus é O Incompreensível, infinitamente exaltado acima de tudo o que é temporal, mas,
nos Seus nomes, Ele desce a tudo que é finito, e se assemelha ao homem”.
Chafer (2003, p. 53) cita que “os muitos nomes de Deus, nas Escrituras,
apresentam uma revelação adicional do Seu caráter. Não são meros títulos dados
pelas pessoas, mas, na sua maioria, descrições que Ele fez de Si mesmo. Assim,
34
revelam aspectos do Seu caráter”. “Os nomes que são atribuídos a Deus, nas Escrituras,
subentendem relações e ações pessoais, e estas, por sua vez, indicam personalidade”
(BANCROFT, 1992, p. 35).
“As Escrituras revelam vários nomes para Deus, pois nem um só nome nem
uma multiplicidade de nomes podem revelar todos os Seus atributos” (INTERSABERES,
2014, p. 110). Por todas essas coisas, conhecer os nomes de Deus é se aprofundar no
conhecimento de Deus, e faremos isso olhando para os nomes de Deus no Antigo
Testamento, depois, no Novo Testamento.
4.1.1 Elohim
Este nome tem, como significado, “Deus Criador”, “Forte”, “Poderoso”. Elohim é
um substantivo plural, em hebraico, é chamado de “Plural de Majestade. “O plural Elohim
é usado, regularmente, pelos escritores do Velho Testamento, com verbos e adjetivos no
singular para dar a ideia de singular” (THIESSEN, 1987, p. 25). “O nome ‘Elohim’ (Eloah) deriva,
provavelmente, da mesma raiz ou de ‘alahh’, estar ferido pelo temor, portanto, mostra
Deus como o Ser forte e poderoso, ou como objeto de temor” (BERKHOF, 1990, p. 38).
“Elohim era Deus como Criador de todas as cousas, enquanto que “Jeová” era o
mesmo Deus em relação de aliança com aqueles que, por Ele, foram criados” (BANCROFT,
1992, p. 32). Esse nome “[...] aparece 2.555 vezes no Antigo Testamento hebraico, e,
somente, em 245 vezes, não se refere ao Deus verdadeiro – Deus de Israel. Aparece,
relacionando-se a divindades pagãs individuais, apenas, 22 vezes” (INTERSABERES,
2014, p. 111).
4.1.2 Jeová
É o nome pessoal por excelência do Deus de Israel. É conhecido como o
Tetragrama hebraico (por ter quatro consoantes na língua hebraica – YHVH), cujo
significado preciso é obscuro. Traduzido, normalmente, por Senhor, às vezes, Jeová.
Usado cerca de 5.522 vezes no Antigo Testamento. É considerado o nome particular e
distintivo de Deus. “Jeová, pois, significa o Único Ser eterno e imutável, que era, que é
e que há de vir. É o Deus de Israel e o Deus daqueles que são remidos, pelo que, agora,
“em Cristo, podemos dizer ‘Jeová é o nosso Deus’” (BANCROFT, 1992, p. 32).
35
Não sabemos, realmente, como os judeus pronunciavam o nome,
pois ele se tornou impronunciável pelos hebreus desde o período
intertestamentário. Em vista de os Mandamentos proibirem que se
tomassem o nome do Senhor (Yhvh) em vão, os judeus temiam e
temem pronunciar o nome de Deus, substituindo-o, na leitura,
pela palavra Adonai, ou seja, O Nome, Há’Shem, em hebraico
(INTERSABERES, 2014, p. 115).
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a8/YHWH.svg/330px-YHWH.svg.png>.
Acesso em: 15 abr. 2020.
FONTE: O autor
36
4.1.3 El
O significado de El é “O Poderoso, Deus, deus”. “Um dos termos bíblicos mais
amplamente usados para a Divindade nos tempos antigos é El. Com os derivados Elim,
Elohim e Eloah [...], expressa majestade e autoridade, apesar de o significado da raiz El
estar perdido na obscuridade” (THIESSEN, 1987, p. 25). De acordo com Berkhof (1990,
p. 38), “o nome mais simples pelo qual Deus é designado, no Velho Testamento, é ‘El,
possivelmente, derivado de ‘ul’, quer no sentido de Ser primeiro, Ser Senhor, quer no de
ser forte e poderoso”.
FONTE: O autor
4.1.4 Adonai
A palavra Adonai vem de Adon, “Senhor”, “Mestre”. Apresenta Deus como Aquele
que tem tudo sob controle.
“Adonai, quer dizer, “meu Senhor”, é um título que aparece, frequentemente, nos
profetas, expressando dependência e submissão, como as de um servo para com o seu
senhor [...]” (THIESSEN, 1987, p. 25). Esse nome era, frequentemente, usado por Deus,
quando se dirigia aos filhos de Israel.
37
4.2 OS NOMES DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO
Assim como no Antigo Testamento, no Novo Testamento, encontramos, também,
alguns nomes que são usados em relação a Deus. Entretanto, é necessário se lembrar
de que o Novo Testamento foi escrito em Grego – Koiné. Dessa forma, os nomes que,
agora, aparecem, foram escritos na língua grega, diferentemente do Antigo Testamento.
O nome é usado para as três pessoas da Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo –,
mas, especialmente, para o Deus Pai. “Dos nomes aplicados a Deus, Theos é o mais
comum. Theos e Elohim podem significar ‘Deus’ ou ‘deuses’. Às vezes, Theos é empregado
com referência a deuses pagãos, embora estritamente expresse divindade essencial”
(INTERSABERES, 2014, p. 118). Um exemplo do uso no Novo Testamento: “No princípio, era o
verbo, e o verbo estava com Deus – θεός –, e o verbo era Deus – θεός.” (Jo 1.1).
Κύριος traz a ideia que equivale, de certa forma, a Adonai, e, com isso, a ideia
da soberania de Deus, do Senhorio sobre a criação, e Mestre. Algo importante de ser
notado, nesse nome, é que Deus o Pai e Deus o Filho são chamados de κύριος (Ver
Apocalipse 11:15 e Filipenses 2:11).
38
4.2.3 Pai – πατήρ
No Antigo Testamento, esse termo (pater) foi utilizado para se referir ao
relacionamento de Deus com o povo Israel, que era visto como filho de Deus. “Muitas
vezes, diz-se que o Novo Testamento introduziu um novo nome de Deus, a saber, Pater
(Pai). [...] É utilizado, repetidamente, no Velho Testamento, para designar a relação de
Deus com Israel, enquanto Israel é chamado de filho de Deus” (BERKHOF, 1990, p. 39).
39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Strong et al. (2003, p. 244) definiram os atributos de Deus como “aquelas características
que distinguem a natureza divina, inseparáveis da ideia de Deus, e que constituem a
base e a razão das diferentes manifestações das criaturas”.
• Alguns dos atributos imanentes (morais) de Deus são: santidade, justiça, retidão,
amor, sabedoria e verdade.
• A santidade de Deus permeia todos os demais atributos, ou seja, coexiste com todos
eles. Isso aponta para a perfeição de Deus em tudo que Ele é.
• O nome de Deus “Elohim” tem, como significado, “Deus Criador”, “Forte”, “Poderoso”.
Elohim é um substantivo plural, em hebraico, é chamado de “Plural de Majestade”.
• No Antigo Testamento, para se referir a Deus, os nomes usados eram Elohim, Jeová,
El e Adonai. No Novo Testamento, Deus – θεός (Theos), na língua grega.
• De acordo com Taylor (1983), κύριος (kyrios) quer dizer “Senhor, Mestre, Dono, alguém
que tem pleno controle sobre alguma coisa”. Esse nome é usado para se referir a
Deus no Novo Testamento.
40
AUTOATIVIDADE
1 No estudo do Novo Testamento, encontramos, pelo menos, três nomes pelos quais
Deus é apresentado. Qual das alternativas a seguir apresenta esses nomes? Assinale
a alternativa CORRETA:
I- Jeová Tsidekenu.
II- Jeová Shalom.
III- Jeová Raah.
IV- Jeová M’kadesch.
( ) O Senhor é paz.
( ) O Senhor é o meu Pastor.
( ) O Senhor é nossa Justiça.
( ) O Senhor que santifica.
41
( ) A santidade tem a ver, mais particularmente, com o caráter de Deus, enquanto, na
retidão e na justiça, esse caráter é expresso nas relações entre Deus e homens.
( ) A imutabilidade de Deus não quer dizer inatividade ou imobilidade, nem falta de
sentimento, ou, ainda, que Deus não seja capaz de fazer escolhas livres e de realizar
planos e propósitos.
( ) A omnes scientia eternidade de Deus aponta para o fato de que “Deus não teve
princípio, nem terá fim. Ele conhece os acontecimentos na sucessão do tempo, mas
não está limitado, de nenhum modo, pelo tempo”.
( ) O termo “onipotência”, etimologicamente, vem de duas palavras latinas “omnes”,
cujo sentido é “tudo”, e “scientia”, que significa “conhecimento”.
42
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
UNIDADE E TRINDADE DIVINAS
E OS DECRETOS DE DEUS
1 INTRODUÇÃO
Avançamos, agora, um pouco mais na nossa caminhada na Teologia. Depois de
passarmos pela autoexistência de Deus, e observarmos os atributos e os nomes, neste
tópico, abordaremos dois assuntos: A Unidade e Trindade divina e os decretos de Deus.
A junção dos dois temas, Unidade e Trindade divina e os decretos de Deus, pode
ser compreendida, conforme Lima (2009, p. 35), e podem convergir, pois:
43
2.1 A UNIDADE DE DEUS
Há, em Deus, apenas uma essência indivisível (ousia, essentia). “Os termos
“essência” e “substância” são praticamente sinônimos, quando usados a respeito de
Deus” (THIESSEN, 1987, p. 74).
“Existe somente um Ser Divino, que, pela natureza do caso, só pode existir
apenas um, e que todos os outros seres têm existência dEle, por meio dEle e para Ele”
(BERKHOF, 1990, p. 48).
“A Unidade de Deus tem a ver com o Seu modo de existência [...]. O lugar lógico
para a Sua plena consideração é sob o assunto da Trindade” (CHAFER, 2003, p. 239).
44
verdade relativa a Deus estão baseados no fato de que Deus subsiste
em uma Trindade de pessoas, cujo corpo de verdades é chamado de
trinitarianismo (CHAFER, 2003, p. 207).
3 A TRINDADE DIVINA
Para muitos, a doutrina da Trindade é um mistério, pois, como podem ser
três pessoas e um só Deus. Entretanto, nas palavras de Flint, “é verdadeiramente um
mistério, no entanto, é um mistério que explica muitos outros mistérios, e que esclarece,
maravilhosamente, Deus, a natureza e o homem” (FLINT, 1899, p. 439 apud THIESSEN,
1987, p. 87).
NOTA
O Credo Atanasiano salientou que “adoramos um só Deus em
Trindade e uma Trindade em Unidade, sem confundir as pessoas,
sem separar a substância”.
45
FIGURA 5 – A TRINDADE
O Concílio de Niceia (381 d.C.) foi preponderante para que uma definição a
respeito do termo Trindade fosse esclarecida e estabelecida no decorrer da história da
Igreja. A respeito da Trindade, o Concílio afirma:
46
Triunidade de Deus se entende que Ele é um só em Seu ser e substância, dotado de três
distinções pessoais, que nos são reveladas como Pai, Filho e Espírito Santo” (BANCROFT,
1992, p. 43). “[...] Os três são iguais. Isso, no entanto, não exclui a organização pela qual
o Pai é o primeiro, o Filho é o segundo e o Espírito é o terceiro. Essa não é uma diferença
de glória, poder, ou extensão da existência, mas, simplesmente, de ordem” (THIESSEN,
1987, p. 95). “A existência tripessoal é uma necessidade do Ser Divino, e, em nenhum
sentido, gera uma escolha feita por Deus. Ele não poderia existir em nenhuma outra
forma que não a forma tripessoal” (BERKHOF, 1990, p. 64).
47
da escolha dos fins para os quais a ação for direcionada” (CHAFER, 2003, p. 211). Alguns
chamam esses mesmos termos de intelecto – poder de pensar; sensibilidade – poder
de sentir; volição – poder da vontade.
NOTA
“Os elementos que combinam para formar a personalidade são
intelecto, sensibilidade e vontade, mas todos esses agem juntos, a
fim de exigir uma liberdade da ação externa e da escolha dos fins
para os quais a ação for direcionada” (CHAFER, 2003, p. 211).
1- O uso do plural “Elohim”, com o verbo singular “bara”, é digno de nota e de se ressaltar.
Também, o uso do plural “nós”, Gênesis 1:26; 3:22; 11:7, parece indicar uma conversa
entre as pessoas da Trindade. É mais plausível entender que as passagens em que
Deus fala de Si mesmo no plural contêm uma indicação de distinções pessoais
em Deus, conquanto não surge, abertamente, uma triplicidade, mas apenas uma
pluralidade de pessoas.
2- As referências ao “Anjo do Senhor” em diversos momentos das Escrituras (Gênesis
18:2,17; Josué 5:13-15 etc.). Há essas passagens que se referem ao Anjo de Jeová
que, por um lado, é identificado como Jeová, e, por outro, distingue-se dele.
3- Existe o uso da expressão “Espírito do Senhor” (Isaías 40:13; 48:16).
4- Ocorre a personificação da sabedoria (Provérbios 8).
5- Em alguns casos, menciona-se mais de uma pessoa, Salmos 33:6; 45:6,7. Em outros,
quem fala é Deus, que menciona o Messias e o Espírito, ou quem fala é o Messias, que
menciona Deus e o Espírito, Isaías 48:16.
48
3.3 A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento traz uma revelação mais clara das distinções das pessoas da
divindade. Inicialmente, podemos mencionar duas passagens que são bem conhecidas.
“No batismo do Filho, o Pai fala, ouvindo-se, do céu, a Sua voz, e o Espírito Santo desce
na forma de pomba, Mt 3.16, 17. Na grande comissão, Jesus menciona as três pessoas,
‘batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo’, Mt 28:19” (BERKHOF, 1990,
p. 66).
De acordo com Chafer (2003), quatro linhas gerais apontam para a Trindade no
Novo Testamento:
1- A Trindade e os nomes de Deus: O nome de Deus é empregado a cada uma das três
pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo (João 1:1; Mateus 28:19; Romanos 9:5; Atos 5:3-9).
2- Trindade e os atributos de Deus: Os atributos da divindade são atribuídos a cada uma
das pessoas (João 1:2; Hebreus 9:14; Romanos 15:19; 2 Coríntios 13:13; 1 Coríntios 2:11).
3- A Trindade e as obras de Deus: Toda obra de Deus não é operada por uma pessoa
da Trindade, mas as principais obras de Deus são atribuídas a cada uma das três
pessoas – criação do universo, criação do homem, encarnação, vida e mistério de
Cristo, ressurreição de Cristo, inspiração das Escrituras etc. – (Colossenses 1:16;
Romanos 8:32; João 10:18; Atos 2.24; 2 Timóteo 3.16; 2 Pedro 1:21).
3- A Trindade e a adoração a Deus: Todas as inteligências criadas devem prestar
adoração a Deus, e essa adoração abrange a Divindade triúna (Apocalipse 4:8; João
16:23,24; Efésios 4:8.
49
nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um Pai, não três Pais; um
Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
Nessa Trindade, não existe primeiro nem último, maior ou menor, mas
as três Pessoas coeternas são iguais entre Si mesmas, de sorte que,
por meio de Todas, como foi dito, a Unidade na Trindade e a Trindade
na Unidade devem ser adoradas (CREDO ATANASIANO apud OLSON,
2004, p. 191).
4 OS DECRETOS DE DEUS
De maneira sucinta e objetiva, podemos dizer que os decretos de Deus se referem
ao eterno propósito dEste. Esse propósito se origina na liberdade e foi estabelecido pela
sabedoria e pelo desígnio na eternidade passada, por isso, são inalterados. A finalidade
dos decretos é a glória de Deus.
NOTA
O termo “decreto de Deus” aparece, primeiramente, no singular, visto
que Deus tem apenas um plano abrangente. Ele vê todas as coisas de
uma vez. Por uma questão de compreensão, os aspectos separados
desse plano podem ser chamados de “decretos de Deus”.
50
4.1 CARACTERÍSTICAS DOS DECRETOS DE DEUS
Os decretos de Deus apresentam determinadas características. De acordo com
Berkhof (1990), algumas são:
2- Eternos.
São eternos no sentido de que estão internamente na eternidade. Entretanto, alguns
deles terminam no tempo, como a criação e a justificação (nesses casos, temporais) –
Atos 15:18; Efésios 1:4; 2 Timóteo 1:9.
3- Eficazes.
Isso não significa que Deus determinou fazer que acontecessem, por uma direta
aplicação do Seu poder, todas as coisas incluídas no Seu decreto, mas somente
aquilo que Ele decretou certamente sucedera, que nada pode frustrar o Seu propósito
(Provérbios 19:21; Isaías 46:10).
4- Imutáveis.
Deus não tem deficiência em conhecimento, veracidade e poder. Portanto, não tem
necessidade de mudar o Seu decreto, devido a algum engano ou à ignorância, nem
por falta de capacidade de executá-lo. E não o mudará, porque Ele é o Deus imutável
e porque é fiel e verdadeiro (Jó 23:13,14; Salmos 33:11; Isaías 46:10; Lucas 22:22).
5- Absolutos (incondicionais).
Quer dizer que o decreto não depende, em nenhuma das particularidades, de nada
que não esteja nele (Atos 2:23; Efésios 2:8; 1 Pedro 1:2).
51
4.2 CONHECENDO OS DECRETOS DE DEUS
“O conselho de Deus é plano eterno para a totalidade das coisas, adotado pelo
desígnio de Deus e que abrange todos os Seus primitivos propósitos, inclusive, todo o
Seu programa criador e remidor e levando em conta ou aproveitando a livre atuação dos
homens” (BANCROFT, 1992, p. 81).
52
4.2.2 A providência de Deus
Depois de criar todas as coisas, Deus não se ausentou da Sua criação. Pelo
contrário, Ele cuida, supervisiona, exerce o Seu controle soberano sobre tudo e todas
as coisas. Isso é chamado de “providência de Deus”. O autor da carta aos Hebreus,
no Capítulo 1:3, destaca essa ação de Deus, na pessoa de Jesus Cristo (O Filho), “o
qual, sendo o resplendor da Sua glória, e a expressando como imagem da Sua pessoa,
sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder”.
a) Preventiva.
b) Permissiva.
c) Diretiva.
d) Determinativa.
4.2.3 A redenção
A redenção de Deus envolve o plano de enviar o Seu Filho ao mundo para morrer
pelos pecadores (Isaías 53), conceder-lhes o perdão dos pecados (1 Coríntios 15:1-3), a
libertação dos pecados (João 8:32,36), uma nova vida em Jesus Cristo (2 Coríntios 5:14),
e o dom da vida eterna (João 10:28).
53
Por ‘propósito de Deus na redenção’, referimo-nos àquela divina
determinação que, desde a eternidade, selecionou certos indivíduos
dentre a raça pecaminosa de homens, aos quais seria proporcionada
a graça especial do Seu Santo Espírito, o qual os levaria, eficazmente,
ao arrependimento e à fé em Cristo (BANCROFT, 1992, p. 85).
O convite geral é dirigido aos não eleitos e aos eleitos, porque é, também, deve
interesse daqueles que aceitarem o Evangelho, visto que as providências da salvação
são igualmente adequadas para ambos, além de ser abundantemente suficiente para
todos, e, também, porque Deus pretende que os Seus benefícios revertam, efetivamente,
a quantos aceitarem o convite (HODGE apud BANCROFT, 1992, p. 87).
54
LEITURA
COMPLEMENTAR
LUGAR DA DOUTRINA DE DEUS NA DOGMÁTICA
Louis Berkhof
Por essa razão, não nos é impossível começar com o estudo de Deus. Podemos
nos dirigir a Sua revelação para aprender o que Ele revelou a respeito de Si mesmo e
a respeito da Sua relação com as Suas criaturas. Têm-se feito tentativas, no curso do
tempo, para distribuir o material da dogmática, de tal modo que seja posto, claramente,
que ela é, não apenas em um locus, mas na sua totalidade, um estudo de Deus. Isso foi
feito pela aplicação do método trinitário, que expõe o assunto da dogmática sob os três
títulos:
(1) O Pai;
(2) O Filho;
(3) O Espírito Santo.
Esse método foi aplicado em algumas das primeiras obras sistemáticas; foi
restaurado, ao favor geral, por Hegel; e se pode ver, ainda, a Dogmática Cristã, de
Martensen. Uma tentativa semelhante foi feita por Breckenridge, quando dividiu o
assunto da dogmática em (1) O Conhecimento de Deus Objetivamente Considerado; e
(2) O Conhecimento de Deus Subjetivamente Considerado. Nem um nem outro pode ser
considerado como tendo tido sucesso.
55
Até o começo do século XIX, era quase geral a prática de começar o estudo
da dogmática com a doutrina de Deus, mas ocorreu uma mudança sob a influência
de Schleiermacher, que procurou salvaguardar o caráter científico da teologia com a
introdução de um novo método. A consciência religiosa do homem substituiu a palavra
de Deus, como a fonte da teologia. A fé, na Escritura, como autorizada revelação de
Deus, foi desacreditada, e a compreensão humana, baseada na apreensão emocional
ou racional do homem, veio a ser o padrão do pensamento religioso. A religião,
gradativamente, tomou o lugar de Deus como objeto da teologia. O homem deixou de
ser ou de reconhecer o conhecimento de Deus como algo que lhe foi dado na Escritura,
e começou a se orgulhar de ter Deus como objeto de pesquisa. No curso do tempo,
tornou-se comum falar do descobrimento de Deus feito pelo homem, como se o
homem, alguma vez, o tivesse descoberto. Toda descoberta feita, nesse processo, foi
dignificada com o nome de “revelação”. Deus vinha no fim de um silogismo, como o
último elo de uma corrente de raciocínio, ou como a cumeeira de uma estrutura de
pensamento humano. Sob tais circunstâncias, era natural que alguns considerassem
incoerência começar a dogmática pelo estudo de Deus. Antes, é surpreendente que
tantos, a despeito do Seu subjetivismo, tenham continuado a seguir a ordem tradicional.
56
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O Concílio de Niceia (381 d.C.) foi preponderante para que uma definição a respeito do
termo Trindade fosse esclarecida e estabelecida no decorrer da história.
• A forma grega da palavra Trindade (Trias) foi , primeiramente, por Teófilo de Antioquia
(181 d.C.). No século III (220 d.C.), Tertuliano usou o termo Trindade, na sua forma
latina (Trinitas), na defesa apologética contra Práxeas.
• Há algumas características dos decretos de Deus: são eternos, são eficazes, são
fundamentos da sabedoria de Deus, são imutáveis, são absolutos, são universais, e,
em relação ao pecado, são permissivos.
57
AUTOATIVIDADE
1 Os decretos de Deus apresentam determinadas características. A respeito dessas
características, assinale a alternativa CORRETA, ou seja, aquela que apresenta alguns
desses decretos:
a) ( ) São eternos, são eficazes, são fundamentos da sabedoria de Deus, são imutáveis
b) ( ) São absolutos, são universais, e, em relação ao pecado, são permissivos, são
mutáveis.
c) ( ) São temporários, são eficazes, são fundamentos da sabedoria de Deus, são
imutáveis.
d) ( ) São absolutos, são universais, são totalmente permissivos, são mutáveis.
2 De acordo com Chafer (2003), quatro linhas gerais apontam para a Trindade no Novo
Testamento. A respeito dessas linhas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as sentenças falsas:
( ) A Trindade e os nomes de Deus. O nome de Deus é empregado a cada uma das três
pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo.
( ) A Trindade e a Liturgia. Em todos os ritos, é imprescindível que se mencione o nome
de cada uma das pessoas da Trindade, se não, a liturgia não está completa.
( ) A Trindade e os atributos de Deus. Os atributos da divindade são atribuídos a cada
uma das pessoas.
( ) A Trindade e as obras de Deus. Toda obra de Deus não é operada por uma pessoa
da Trindade, mas as principais obras de Deus são atribuídas a cada uma das três
pessoas.
58
I- Conforme o Credo Atanasiano, “adoramos um só Deus em Trindade e uma Trindade
em Unidade, sem confundir as pessoas, sem separar a substância”.
II- O Concílio de Niceia (381 d.C.) foi preponderante para que uma definição a respeito
do termo Trindade fosse esclarecida e estabelecida no decorrer da história.
III- A Trindade, portanto, são três pessoas eternamente interconstituídas, inter-
relacionadas, interexistentes e, por conseguinte, inseparáveis dentro de Um único
Ser e de uma única substância ou essência.
IV- A Trindade não pode ser observada no Antigo Testamento, só conseguimos
vislumbrá-la no Novo Testamento.
4 “O conselho de Deus é plano eterno para a totalidade das coisas, adotado pelo
desígnio de Deus e que abrange todos os Seus primitivos propósitos, inclusive, todo o
Seu programa criador e remidor e levando em conta ou aproveitando a livre atuação
dos homens”. Em nossos estudos, olhamos para alguns dos decretos de Deus. Quais
foram eles?
FONTE: BANCROFT, E. H. Teologia Elementar – Doutrinária e conservadora. São Paulo: Imprensa Batista
Regular, 1992. p. 871.
59
60
REFERÊNCIAS
A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Editora
Hagnos, 2002.
OLSON, R. História das controvérsias na teologia cristã. São Paulo: Vida, 2004.
61
SAYÃO, L. A. T. Novo Testamento trilíngue. São Paulo: Vida Nova, 1998.
STRONG, A. et al. SPI: The spectrometer aboard integral. Special Letters Issue On:
First Science With Integral, v. 411, n. 1 p. 63-71, 2003.
62
UNIDADE 2 —
DOUTRINA DA SALVAÇÃO –
SOTERIOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
63
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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64
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
A NECESSIDADE E A PROVISÃO
PARA A SALVAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
O estudo a respeito da salvação é muito amplo e abrange uma variedade
muito grande de temas. Por isso, faz-se necessário delimitar alguns aspectos no nosso
material, tendo em vista a questão de espaço e buscando fornecer a você, acadêmico,
um conhecimento que lhe proporcione aqueles conceitos elementares para grandes
aprofundamentos do assunto, ou seja, não exaurimos, aqui, tudo que envolve o conceito,
mas optamos por fornecer elementos que contribuam para os seus estudos, de forma
geral.
Por que o ser humano precisa de salvação? O que foi que aconteceu que gerou
essa necessidade de salvação? É o que veremos na sequência. Em seguida, olharemos,
então, o plano eterno de Deus e a provisão que Ele providenciou para trazer salvação à
humanidade.
65
2 A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO
Por que o ser humano precisa de salvação? Essa é a indagação inicial que
podemos fazer ao pensar no assunto de Soteriologia. Para responder a essa pergunta,
temos que retornar ao início, à criação. As Escrituras Sagradas narram, em Gênesis, a
criação e a queda de Adão e Eva (Gn. 1-3), e, consequentemente, da raça humana. Deus
criara o ser humano e mantinha perfeita comunhão com ele, entretanto, depois que Eva
ouviu a voz da serpente (diabo) e comeu do fruto do conhecimento do bem e do mal,
e deu ao seu marido, e este também comeu, ambos desobedeceram à voz do Criador.
Com a desobediência do homem, o pecado entrou na raça humana. Houve, então, a
queda do ser humano, ou seja, ele pecou, e, com o pecado, veio a separação de Deus, e,
consequentemente a entrada da morte na raça humana. Dois aspectos fundamentais
que mostram a necessidade de salvação do ser humano são: a queda e o resultados
advindos dela.
66
e fizeram, para si, aventais. E ouviram a voz do Senhor Deus, que
passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua
mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E
chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: onde estás? E ele disse:
ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-
me. E Deus disse: quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu
da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão:
a mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e
comi. E disse o Senhor Deus à mulher: por que fizeste isto? E disse a
mulher: a serpente me enganou, e eu comi (Gênesis 3:1-13) (A BÍBLIA
SAGRADA, 2002, p. 13).
NOTA
Uma vez que o pecado entrou na raça humana, a Comunhão com
o Criador foi quebrada, pois, conforme o profeta Isaías diz, “mas as
vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e
os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos
ouça” (Is. 59:2).
67
pelo próprio problema (“a mulher que tu me deste”, “a serpente me enganou”). Por fim, o
casal foi expulso do jardim. A expulsão do jardim, ao mesmo tempo, foi um resultado da
queda e, de certa forma, um ato de graça do Senhor para com eles, pois “a imortalidade,
em um corpo caído, depravado e amaldiçoado pelo pecado, teria sido uma penalidade
mais profunda do que aquela que Deus desejou para o homem; este, pois, foi impedido
de alcançar a árvore da vida” (BANCROF, 1992, p. 214). Thiessen (1992) destaca que, para
o casal, ocorreram as seguintes consequências imediatas sobre eles e ao redor deles:
FONTE: <http://media.mlive.com/grpress/opinion_impact/photo/adam-eve-leave-gardenjpg-
53b70bf44a428e6f.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.
No entanto, o pecado de Adão e Eva não afetou somente a vida deles. Como
Adão era o cabeça federal da raça, o ato dele foi, também, representativo, ou seja,
aquele pecado individual foi, também, o da raça humana. Consequentemente, vieram
resultados que atingiram toda a espécie humana, e não somente o ser humano, mas
toda a criação de Deus, por exemplo, note alguns dos resultados: a mulher ter dor no
parto, além da sujeição ao marido; a terra não produzir apenas o que é bom, exigindo
trabalho laborioso do homem; o pecado passar a todos os seres humanos que nascem;
e as mortes física e espiritual, dentro do tempo, e com a penalidade ameaçada da morte
eterna. Acerca desse último aspecto, observe:
68
A penalidade ameaçada merece a nossa atenção. Foi expressa
nessas palavras: “no dia em que dela comeres, certamente, morrerás”.
Provavelmente, a maioria das pessoas, ao ler tais palavras, recebe
a impressão de que, aqui, está em foco a morte natural, e, sem
dúvida, está, mas a morte do corpo, de maneira alguma, exaure a
referência. Os corpos de Adão e Eva não faleceram, realmente, no
dia da transgressão, mas, para todos os efeitos, morreram. Ficaram,
imediatamente, sujeitos à lei da mortalidade, por efeito do pecado, e
as sementes da morte foram neles implantadas. Em consequência do
pecado, ficaram sujeitos à enfermidade, à fraqueza e à dissolução, e
a morte física do casal culpado se tornou tão certa, quando pecaram,
como se ela tivesse ocorrido enquanto ainda comiam do fruto fatal.
Não apenas a morte natural de Adão resultou do próprio pecado,
mas, também, a morte natural de toda a posteridade é resultado
da mesma causa. É evidente, por outro lado, que a morte espiritual
também é, aqui, focalizada, e esse é um resultado mais temível do
que a morte corporal. A morte corporal se verifica quando o espírito
abandona o corpo, ao passo que a morte espiritual ocorre quando
Deus abandona o espírito do homem [...]. A vida da alma consiste na
união com o Deus bendito; a morte da alma – não o aniquilamento –
consiste no fato de estar separada de Deus. A consumação da morte
espiritual é a morte eterna. Essa consumação vem inexoravelmente, a
não ser que seja abolida a morte espiritual por meio da implantação da
vida espiritual (PENDLENTON apud BANCROFT, 1992, p. 215).
NOTA
Alguns dos resultados da queda: a mulher ter dor no parto, além
da sujeição ao marido; a terra não produzir apenas o que é bom,
exigindo trabalho laborioso do homem; o pecado passa a todos os
seres humanos que nascem; e as mortes física e espiritual, dentro
do tempo, e com a penalidade ameaçada da morte eterna.
Com relação à separação catastrófica na cruz, esta aponta para a redenção, que
viria a ser feita com a vinda de Jesus Cristo ao mundo e a morte na cruz do Calvário.
Para que essa vitória pudesse ocorrer, foi necessário que o Filho (Jesus Cristo, segunda
pessoa da trindade) fosse separado do Pai; quando Cristo estava na cruz, Deus não
69
pôde olhar para Cristo ali pregado, pois, sobre Ele, pesava o pecado da humanidade (“[...]
porque me desamparaste?”). Essa separação momentânea é a base do juízo do pecado
e da salvação eterna, destrói a causa, logo, cessam as consequências da queda e do
pecado, em um sentido escatológico.
Conforme já tem sido observado até aqui, o ser humano pecou, e, consequen-
temente, vieram os resultados do pecado. A questão, agora, era, então, como seria
resolvido esse problema do pecado? A narrativa bíblica, a partir de Gênesis, vai mostrando
e apontando para a necessidade de um redentor, isto é, alguém que precisaria dar a sua
vida no lugar daqueles que pecaram. Entretanto, essa pessoa não poderia ser outro ser
humano pecador, pois, se assim o fosse, necessitaria, também, de um salvador. Então, a lei,
os profetas, os tipos, as profecias do Antigo Testamento passam a indicar a necessidade
da vinda do Messias, dAquele que “salvaria o seu povo dos seus pecados”. São muitas
as profecias (que estão nos Salmos, Isaías, Miqueías, e outros livros), e indicações
encontradas no Antigo Testamento, a respeito da vinda de um salvador. O povo judeu
aguardava, por muitos anos, Aquele que viria para libertar o povo dos pecados.
70
NOTA
A lei, os profetas, os tipos, as profecias do Antigo Testamento passam
a indicar a necessidade da vinda do Messias, dAquele que “salvaria o
seu povo dos seus pecados”. São muitas as profecias (que estão nos
Salmos, Isaías, Miqueías, e outros livros), e indicações encontradas no
Antigo Testamento, a respeito da vinda de um salvador.
71
Thiessen (1987) destaca que Jesus Cristo se fez homem pelas seguintes razões:
72
Os evangelhos (Mateus e Lucas) narram, inicialmente, o nascimento de
Jesus. Eles descrevem os detalhes do nascimento e um pouco do crescimento e do
desenvolvimento, por exemplo, “e crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em
graça para com Deus e os homens” (Lc. 2:52). Depois dos 12 anos, ocasião que Jesus
foi esquecido pelos pais em Jerusalém, e encontrado três dias depois ensinando
a lei para os escribas, religiosos e doutores da lei (Lc. 2:42-49), não há mais relatos
bíblicos, narrando acontecimentos da vida até o início do ministério. As informações que
podem ser obtidas desse período são de textos extrabíblicos. Por volta dos 30 anos, Ele
reaparece. Foi batizado por João Batista no rio Jordão, logo após, conduzido pelo Espírito
ao deserto e tentado pelo diabo por um período de 40 dias (Mt. 4). Em seguida, Ele inicia
o período denominado, por muitos autores, de “ministério de Jesus Cristo”. No decorrer
de três anos, chamou discípulos, escolheu apóstolos (12), andou pela Judeia, Samaria
e Galileia, ensinando a respeito do reino de Deus, pregando e conclamando as pessoas
ao arrependimento (assim como João Batista também fizera). Realizou muitos milagres,
curou muitas pessoas de diversas moléstias, libertou outras que eram oprimidas e
presas por demônios, saciou a fome de milhares de pessoas, socorreu necessitados,
mostrou compaixão aos perdidos, desamparados, fragilizados, maltratados, excluídos
e ignorados. Enfim, as palavras do escritor bíblico Lucas resumem bem o que Ele fez
durante todo o ministério: “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com
virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque
Deus era com Ele” (At. 10:38). Destaca-se, ainda, o fato de que Jesus viveu o tempo todo
de forma obediente, “e, achado na forma de homem, humilhou-se a Si mesmo, sendo
obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl. 2:8).
NOTA
A vida de Cristo foi crucial para a redenção. Antes que Cristo morresse
pelos pecadores, conviveu com eles e viveu por eles. A vida de obediência
completa foi um pré-requisito para o sacrifício perfeito.
73
3.2.2 A morte de Jesus Cristo
O último passo da humilhação de Jesus foi a morte. Sendo Ele, “a vida” (João
14:6), o Criador, o doador da vida e da vida nova se tornou sujeito à morte. Ele, que
nenhum pecado tinha cometido, sofreu a morte, a consequência, ou o “salário” do
pecado. A morte de Cristo é mencionada por volta de 175 vezes no Novo Testamento.
Bancroft (1992, p. 140) afirma que “o cristianismo é, distintamente, uma religião de
expiação. Dá, à morte de Cristo, o primeiro lugar na mensagem evangélica. Dessa forma,
o cristianismo assume uma posição sem paralelo entre todas as religiões do mundo. É
uma religião redentora”.
Na última semana de vida, Jesus foi até Jerusalém, e, ali, teve os últimos
momentos com os discípulos. Celebrou a Páscoa com eles e instituiu a celebração da
Ceia naquela ocasião (Jo. 13). Foi traído por Judas por 30 moedas de prata. No Getsemâni,
suou gotas de sangue, antevendo o sofrimento que estava prestes a chegar. Pedro, o
apóstolo que estava muito próximo de Jesus, o negou por três vezes, mas não somente
Pedro fugiu naquele momento, todos os demais discípulos também fugiram. Foi levado
ao Sinédrio perante Caifás (Mc.15.1), depois, ao pretório (Mc. 15:2-20) – perante Pilatos
e, posteriormente, Herodes. Foi acusado, falsamente, de ser malfeitor, insubordinação,
agitador do povo, de blasfêmia e de sedição. Pilatos chega a dizer “que mal fez este
homem?”, porém, pressionado pelos religiosos e pela multidão, lava as mãos, solta
Barrabás, e manda crucificar Jesus. Com relação às acusações que levantaram contra
Ele, duas prevaleceram: a acusação política de que Ele se fazia Rei, e a acusação religiosa
de que Ele se fazia Filho de Deus.
O tipo de morte que Jesus sofreu foi a crucificação. Esse era o método romano
de pena de morte da época. Os judeus adotavam o apedrejamento. A forma de morte
que Jesus se submeteu era, portanto, amaldiçoada pelos judeus, conforme a lei (Gl.
3:13). O local onde Jesus foi crucificado – Gólgota, também conhecido como Lugar
da Caveira – era fora dos portões da cidade de Jerusalém. Ali, Jesus estava excluído,
separado do Seu povo, da Sua cidade e do Seu Deus (Mar.15:20). Cristo foi levado ao
Calvário, e levantado naquela cruz. Na crucificação, a pessoa morria de cãibras, asfixiada
e com dores cruéis. A morte acabava acontecendo por sufocação, esgotamento ou
hemorragia. Ali, Jesus sofreu, além das dores físicas, o escárnio do povo, dos soldados,
dos ladrões, que estavam crucificados ao Seu lado (ainda que um deles veio, depois, a se
arrepender), e, principalmente, o desemparo do próprio Pai. As palavras dEle expressam
74
todo esse sofrimento: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste”. A respeito desse
texto bíblico (Mt. 27:46), Keller (2016, p. 91), falando de Jesus Cristo, diz que “Ele perdeu
o relacionamento com o Pai, a fim de que pudéssemos nos relacionar com Deus como
pai. Jesus foi esquecido, a fim de que nós pudéssemos ser lembrados para sempre – de
eternidade a eternidade”. Ser abandonado por Deus é a penalidade máxima pelo pecado.
O inferno é habitado pelos completamente abandonados. Ser abandonado é ser lançado
nas trevas exteriores. É receber a fúria da maldição de Deus. Foi exatamente isso que
Cristo sofreu para “buscar o que estava perdido”, os pecadores. Ele deu a própria vida
em prol do mundo. Isso é, também, chamado, na Teologia, de “sacrifício vicário”, que
significa o sofrimento pelo qual passa uma pessoa em vez de outra, isto é, no seu lugar.
Para Jesus, foi um momento de dor, abandono, solidão, trevas, mas, para todos
os que nEle creem, foi o momento máximo de toda a história do mundo. Cristo levou,
sobre Si, o pecado da humanidade. A justiça de Deus foi executada. Cristo suportou o
castigo. Logo depois, Ele diz: “Está consumado” (João 19:30), depois disso, expirou.
A conta foi liquidada, paga. Por isso, John Charles Ryle afirma: “a morte de Cristo é o
fato mais importante no cristianismo” (RYLE apud LOPES, 2006, p. 589). De acordo com
J. Vernon McGee, “a cruz é um dos maiores paradoxos da fé cristã. Ao mesmo tempo
em que ela é a maior tragédia de todos os tempos, é, também, a mais gloriosa vitória”
(MCGEE apud LOPES, 2006, p. 576).
FIGURA 2 – A REDENÇÃO
NOTA
De acordo com J. Vernon McGee, “a cruz é um dos maiores
paradoxos da fé cristã. Ao mesmo tempo em que ela é a maior
tragédia de todos os tempos, é, também, a mais gloriosa vitória”
(MCGEE apud LOPES, 2006, p. 576).
75
3.3.3 A ressurreição de Jesus Cristo
"O túmulo vazio é uma verdadeira rocha contra a qual se despedaçam, em vão,
todas as teorias racionalistas da ressurreição" (ANDERSON, 1966, p. 20).
Jesus Cristo morreu, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia (1 Cor. 15).
Depois de ressuscitar, apareceu às mulheres que foram ao sepulcro, a Pedro, aos doze
apóstolos, a mais de quinhentas pessoas de uma só vez, a Tiago e a Paulo. Várias
testemunhas oculares presenciaram Jesus com um corpo de glória – ressurreto. A
ressurreição não foi uma surpresa, mas uma profecia. O Antigo e o Novo Testamento
anunciaram a bendita realidade. Jesus a proclamou com clareza, antes de ser entregue
nas mãos dos pecadores. Conforme as Escrituras Sagradas, a ressurreição de Cristo
abalou o inferno, fez estremecer os inimigos, e, pode-se dizer que, ainda hoje, perturba
os céticos.
Muitas foram as tentativas para negar esse fato, registrado nas Escrituras, pelos
quatro evangelhos, e mencionado em várias cartas do Novo Testamento. Dentre as
teorias que surgiram a respeito da ressurreição de Jesus, há aqueles que negam que
Jesus tenha, de fato, morrido. Outros dizem que os discípulos roubaram o Seu corpo.
Outros afirmam que as mulheres foram ao túmulo errado no primeiro dia da semana.
Outras teorias, posteriormente, surgiram, porém, sem fundamento e embasamento.
76
desesperados em pessoas radiantes de alegria e inflamadas de um novo valor” (BARCLAY
apud LOPES, 2006, p. 595). O poder da ressurreição inundou o coração deles de ousadia,
e eles saíram a pregar, no poder do Espírito, a mensagem do Cristo ressurreto. Essa
mensagem, como rastilho de pólvora, espalhou-se por todo o mundo.
NOTA
“A ressurreição é a comprovação suprema da identidade
divina de Jesus e do ensino inspirado. É a prova do triunfo
sobre o pecado e a morte. É a antecipação da ressurreição
dos seguidores. É a base da esperança cristã. É o maior de
todos os milagres” (LOPES, 2006, p. 601).
77
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Uma vez que o pecado entrou na raça humana, a Comunhão com o Criador foi
quebrada, pois, conforme o profeta Isaías diz, “mas as vossas iniquidades fazem
separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o rosto de vós,
para que não vos ouça” (Is. 59:2).
• Alguns dos resultados da queda: a mulher ter dor no parto, além da sujeição ao marido;
a terra não produzir apenas o que é bom, exigindo trabalho laborioso do homem; o
pecado passar a todos os seres humanos que nascem; e as mortes física e espiritual,
dentro do tempo, e com a penalidade ameaçada da morte eterna.
• A vida de Cristo foi crucial para a redenção. Antes que Cristo morresse pelos
pecadores, conviveu com eles e viveu por eles. A vida de obediência completa foi um
pré-requisito para o sacrifício perfeito.
78
AUTOATIVIDADE
1 O pecado de Adão e Eva não afetou somente a vida deles. Como Adão era o cabeça
federal da raça, o ato foi, também, representativo, ou seja, aquele pecado individual
foi, também, o da raça humana. Vieram resultados que atingiram toda a espécie
humana. A respeito dos resultados da queda, classifique V para verdadeiro e F para
falso:
( ) Separação pessoal.
( ) Separação catastrófica na cruz.
( ) Separação espiritual.
( ) Separação moral.
79
a) ( ) A salvação vem por meio de Jesus Cristo.
b) ( ) A salvação vem por meio da religião.
c) ( ) A salvação vem por meio da igreja.
d) ( ) A salvação vem pelo esforço do homem.
4 A última semana de vida de Jesus foi bem intensa, repleta de acontecimentos. Ele
esteve, em boa parte do tempo, com os discípulos. Celebrou a Páscoa com eles
e instituiu a celebração da Ceia naquela ocasião (Jo. 13). Entretanto, depois, foi
entregue, julgado, crucificado e morto. Quanto a esses fatos, em que cidade Jesus s
e encontrava e qual o nome do lugar da crucificação?
a) ( ) Belém e Gólgota.
b) ( ) Nazaré e Sinédrio.
c) ( ) Belém e Pretório.
d) ( ) Jerusalém e Gólgota.
80
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
OS TERMOS TEOLÓGICOS DA SALVAÇÃO
(PARTE 1)
1 INTRODUÇÃO
A partir deste tópico, abordaremos alguns termos teológicos que estão dentro do
tema salvação. Ao estudá-los, o nosso propósito não é fazer uma separação minuciosa
de cada um deles, mas procurar perceber quais aspectos envolvem esses termos dentro
do contexto da salvação. Nesse sentido, a “salvação, no seu sentido mais lato, é um termo
imensamente inclusivo, e pode ser empregado para abranger todos os aspectos da vida
do crente, desde a justificação até a glorificação” (BANCROFT, 1992, p. 251). Dessa forma,
queremos apresentar os termos teológicos, sempre, na perspectiva relacionada ao assunto
macro do qual estamos tratando.
Sem dúvida, é difícil, e, para muitos autores, não existe uma sequência
cronológica exata daquilo que envolve os termos da salvação, ou seja, não encontramos
algo, nas Escrituras, da seguinte forma, ou na seguinte ordem: justificação, regeneração,
adoção etc. Entretanto, pensando em uma forma mais didática e prática para o estudo,
procuramos apresentar uma sequência mais lógica, no que concerne à temática, que
facilite os nossos estudos e a apreensão do conhecimento.
81
NOTA
“Salvação, no seu sentido mais lato, é um termo imensamente inclusivo, e
pode ser empregado para abranger todos os aspectos da vida do crente,
desde a justificação até a glorificação” (BANCROFT, 1992, p. 251).
FONTE: O autor
2 JUSTIFICAÇÃO
“O justo viverá da fé” (Rm. 1:17). A história diz que esse foi o versículo-chave
que fez com que Martinho Lutero pensasse e compreendesse um aspecto tão fundamental
na salvação, a justificação pela fé. A palavra “justificar”, quando usada na Bíblia, significa
“declarar justo”, “declarar reto”, ou “declarar livre de culpa e de merecimento de castigo”.
O termo “justificação”, na língua grega, dikaíosis, tem, como significado, justificação,
vindicação, absolvição que traz vida. No sentido bíblico, a interpretação é entendida
como se a pessoa justificada passasse a ser vista por Deus como se jamais houvesse
cometido pecado, ou seja, é colocada no lugar de justo. A ideia é a de que alguém é
resgatado dos próprios pecados e restaurado pela graça de Deus. Por isso, o próprio
reformador Lutero gostava da expressão “simultaneamente pecador e justo”, para se
referir ao ser humano justificado. Pecador se refere ao estado de baixa queda, e, justo,
ao estado concedido por Jesus Cristo, por meio da justificação.
82
Conforme a definição de Packer (2002, p. 127), “justificar equivale ao ato, de um
juiz, ao pronunciar a sentença oposta à da condenação – a sentença de absolvição e de
imunidade legal”. É um termo técnico forense, na terminologia religiosa e na linguagem
comum, ligado à lei.
Na carta aos Romanos 5:1, Paulo escreve “justificados, pois, mediante a fé,
temos paz com Deus”. Conforme as Escrituras Sagradas, todos quantos confiam em
Jesus Cristo para o perdão dos pecados são declarados justos. É algo totalmente divino,
pois o homem somente pode justificar o inocente. Deus, porém, justifica aqueles que
são culpados, pecadores, e a base, para fazer isso, não são os méritos humanos, mas
a misericórdia e a graça divina, manifestada em Jesus Cristo por meio da morte e da
ressurreição. Bancroft (1992) lista alguns aspectos importantes da justificação:
83
4- Medianeiramente, pela fé. A fé tem a função tão somente medianeira, por meio da
qual a justificação é recebida.
5- Evidencialmente, pelas obras. A apropriação da justificação pela fé é manifestada
pelas obras.
NOTA
“A justificação é o ato judicial de Deus, mediante o qual aquele que
deposita a confiança em Cristo é declarado justo aos Seus olhos, e
livre de toda culpa e punição” (BANCROFT, 1992, p. 255).
3 REGENERAÇÃO
A regeneração, ou o novo nascimento, fala de um novo começo de vida. “A
regeneração, ou o novo nascimento, é o lado divino dessa mudança de coração que,
vista do lado humano, chamamos de conversão” (LITTLE, 1997, p. 131). É considerada
a porta de entrada ao reino de Deus. O capítulo 3, do evangelho de João, narra a
84
história de Nicodemos, um homem religioso, um dos principais dos judeus na época
de Jesus. Esse homem foi falar com Jesus Cristo à noite. Nesse encontro, o assunto
girou em torno do novo nascimento (regeneração). Jesus surpreendeu ao dizer que
Nicodemos precisava nascer de novo. Cristo mostrou que existe uma diferença muito
grande entre ser nascido da carne (nascimento físico) e nascido do espírito (nascimento
espiritual). Isso aponta para algo: “somos tão certamente participantes da natureza
divina, em virtude do nosso segundo nascimento, como somos da natureza humana
pelo nosso primeiro nascimento” (BANCROFT, 1992, p. 230). Jesus mostra que a obra da
regeneração é operada pela Palavra de Deus e vivificada pelo Espírito Santo, que gera
a fé, desencadeando, assim, todo o processo de mudança de vida, que gera um caráter
transformado e íntegro, como o seu. Tudo indica (pelo texto de João 3 e outros textos,
por exemplo, João 7:50; 19:39) que Nicodemos compreendeu as palavras de Jesus e
que, de fato, a vida foi “regenerada” após aquele encontro com o Mestre.
85
Ainda que a justificação e a regeneração estejam intimamente ligadas, há,
porém, uma distinção bem clara entre ambas. Uma trata do aspecto da culpa do pecado,
e, a outra, da libertação do domínio do pecado. No período da reforma protestante, “os
reformadores distinguiram a justificação da regeneração: a primeira, como a libertação da
culpa, e, a segunda, como a libertação do domínio do pecado [...]” (PACKER, 2002, p. 135).
Uma vez que acontece a regeneração, surgem os frutos desse novo nascimento
na vida de uma pessoa. No evangelho de João, assim como nas cartas do apóstolo,
encontram-se alguns desses frutos. Os frutos da regeneração são o arrependimento,
a fé e as boas obras. Os regenerados creem, corretamente, em Jesus Cristo (1 Jo 5.1).
Eles praticam a justiça (2.29). Não vivem uma vida caracterizada pelo pecado (3.9 e 5.18).
Os regenerados experimentam a vitória da fé sobre o mundo (5.4). Amam os irmãos na
fé (4.7). “Os resultados da regeneração são os frutos de uma vida renovada e expressam
a vida de Cristo operante nos homens” (BANCROFT, 1992, p. 233). Esse mesmo autor
destaca alguns dos frutos da regeneração:
Lutero exemplifica a ideia de frutos de uma forma bem elucidativa, não somente
na esfera da regeneração, mas em toda a vida cristã. Para ele, a regeneração produz
uma nova vida cheia de frutos. A fala de Lutero ilustra bem essa ideia de frutos e para o
que eles servem. O pensamento parte do pressuposto de que o fruto surge e beneficia
outros, como no caso da árvore.
NOTA
A regeneração é o início da vida com Deus, da caminhada
espiritual do ser humano com Jesus Cristo. A regeneração é “o
ato secreto de Deus pelo qual Ele nos comunica vida espiritual”
(GRUDEM, 1999, p. 313).
86
4 ARREPENDIMENTO
Teologicamente falando, o arrependimento é uma mudança de pensamento
(intelecto), abrange as emoções (tristeza por causa do pecado) e a transformação em
relação à vontade (volição). “O arrependimento pode ser definido como a mudança de
pensamento para com o pecado e para com a vontade de Deus, o que conduz a uma
transformação de sentimento e de propósito a seu respeito” (BANCROFT, 1992, p. 238).
FIGURA 4 – ARREPENDIMENTO
87
Para Bancroft (1992), o arrependimento se manifesta por meio da confissão
do pecado a Deus e do abandono ao pecado. “A confissão de pecado e do erro,
com a reparação devida, quando possível, é a expressão externa do ato interno do
arrependimento” (BANCROFT, 1992, p. 239).
Lutero também tratou desse assunto, e, segundo Berkhof (1990, p. 478), assim
discorreu acerca do tema:
88
NOTA
Teologicamente falando, o arrependimento é uma mudança de
pensamento (intelecto), abrange as emoções (tristeza por causa
do pecado) e a transformação em relação à vontade (volição).
5 FÉ
Já temos observado o aspecto do arrependimento dentro do contexto da
salvação. O termo “conversão”, no sentido teológico – voltar-se do pecado para Deus
–, envolve dois elementos: arrependimento e fé. Arrependimento e fé caminham,
praticamente, juntos, ainda que observadas as devidas peculiaridades de cada um.
Podem ser comparados aos dois lados da mesma moeda. Bancroft (1992, p. 242) aponta
alguns desses aspectos que os distinguem e os unem ao mesmo tempo:
Entretanto, o que é fé? Pode-se dizer que a melhor definição de fé é aquela dada
pela própria Escritura Sagrada, isto é, “ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam, a convicção de fatos que não se veem” (Hb. 11:1). O autor da carta aos Hebreus
também enfatiza que, “sem fé, é impossível agradar a Deus” (Hb. 11:6). A fé é considerada
uma das três graças cardeais – a fé, a esperança e o amor. “Ainda que o amor seja a
maior dentre a tríade de graças cristãs, a fé é a primeira, e torna possível a recepção das
outras” (BANCROFT, 1992, p. 243). Algumas vezes, a fé exprime o conjunto de verdades
no qual a pessoa crê (Jd 3), outras vezes, um exercício de confiança que opera milagres
(Mt 17.20,21), ou, ainda, um assentimento intelectual à verdade (Tg 2.14-16).
89
NOTA
Pode-se dizer que a melhor definição de fé é aquela dada pela
própria Escritura Sagrada, isto é, “ora, a fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se
veem” (Hb. 11:1).
A fé vem pelo ouvir da Palavra de Deus (Rm. 10:17), e é obtida como resultado do
poder capacitador e da obra graciosa de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. “[...] A certeza
da fé se origina diretamente da confiança na palavra de um Deus que ‘não pode mentir’
(Tt 1.2), e que é, por isso mesmo, digno de confiança em tudo quanto diz” (PACKER,
2002, p. 120). Esse mesmo escritor destaca que “ter fé é vir a Cristo; fé significa se deixar
cair nos braços abertos do Senhor. Dessa forma, a fé liga um homem a Cristo, de tal
modo que ele se torna um homem ‘em’ Cristo” (PACKER, 2002, p. 121).
De acordo com Bancroft (1992, p. 249), “a fé, nas suas várias relações, tem
diversos graus, que vão desde a crença inicial até a confiança dependente. Envolve o
intelecto, as sensibilidades e a vontade, e se expressa em obras que se harmonizam
com as verdades cridas”. Ressalta que existem, pelo menos, dois tipos de fé:
90
1- Salvação (inicial) – Ef. 2.8,9. Nesse sentido, envolve o recebimento do perdão
da parte de Deus, a justificação, a filiação a Deus, a vida eterna, a participação da
natureza divina, a presença de Cristo no íntimo da pessoa.
2- A experiência cristã normal (fé, o princípio da nova vida). A fé em Cristo ganha
expressão por meio da vida cotidiana. Isso aparece por meio da santificação da vida,
do descanso e da paz que vêm de Deus, da vida vitoriosa em Cristo, da alegria e da
satisfação, e, consequentemente, torna-se um canal de benção que flui em direção
ao amor ao próximo.
3- Segurança. Esse resultado tem a ver com as promessas da Palavra de Deus e a
segurança que vem quando a pessoa crê nEla. Ligados à segurança, estão a paz, o
descanso e a alegria do Senhor.
4- Boas obras. A fé conduz a uma vida de boas obras (Ef. 1.10; Mt. 5.16). Essa é uma das
ênfases do livro bíblico de Tiago.
5- Realização santa – Hb. 11:1,2. Conforme as Escrituras Sagradas, aquele que crê
(exercita a fé em Deus) pode contemplar as respostas das orações, pode ver o poder
do Senhor realizar grandes coisas (agir sobre uma determinada enfermidade, interferir
nas circunstâncias da vida, operar transformações nas pessoas que são vistas como
impossíveis etc.). Jesus chega a dizer “se podes! Tudo é possível ao que crê” (Mc. 9:23).
O reformador Lutero enalteceu muito o aspecto da fé. Para ele, a fé não é mais
uma virtude teológica entre outras, mas o próprio coração da teologia. Ele entendia essa
fé como confiança, como união com Cristo e como apego à palavra. Dizia Lutero:
A fé real é não apenas que eu creia que aquilo que se diz sobre Deus
é verdade, mas é depositar toda a minha confiança nEle, aventurar-
me e arriscar a me relacionar com Ele, crendo, para além de qualquer
dúvida, que aquilo que Ele será para comigo ou fará comigo será
exatamente o que [as Escrituras] dizem (LUTHER et al., 1955, p. 183).
Meditava dia e noite nessas palavras até que, enfim, pela Graça de
Deus, prestei atenção no contexto: “a justiça de Deus é revelada,
como está escrito: o justo viverá da fé”. Comecei a perceber que, nesse
verso, a justiça de Deus é aquele que o justo vive como presente
de Deus, isto é, pela fé. Comecei, também, a perceber que a justiça
de Deus é revelada através do Evangelho, sendo, essa, de forma
passiva, na qual um Deus misericordioso nos justifica pela fé, como
está escrito: o justo viverá pela fé. De uma só vez, senti que havia
nascido de novo e entrado pelas portas do paraíso. Imediatamente,
enxerguei as Escrituras de um modo totalmente diferente. Na minha
mente, voltei às Escrituras e notei que existiam outras expressões
com a mesma analogia, a saber: a obra de Deus, feita em nós; o poder
91
de Deus, que nos torna poderosos; a sabedoria de Deus, que nos faz
sábios; a força de Deus; a salvação de Deus; a glória de Deus. Então,
exalei, de forma doce, a expressão, a justiça de Deus, com muito mais
amor do que antes havia gritado em ódio (LIENHARD, 1998, p. 331-332).
92
“A imputação é a contabilidade de Deus. O pecado de Adão é atribuído
a toda a raça humana, sendo esse débito ao homem e servindo de base
Imputação para a sua condenação. Contudo, Jesus Cristo veio e tomou o pecado de
Adão sobre Si. Ele carregou a culpa, a pena, a maldição da descendência
de Adão, e se ofereceu a Deus como substituto” (PENTECOST, 1994, p. 41).
Propiciação é o efeito ou o valor da cruz em relação a Deus. Visto que
Cristo morreu, Deus é propício. É a obra de Cristo que satisfez todas as
Propiciação
exigências da justiça, santidade e retidão divinas para que Deus ficasse
livre para agir em benefício dos pecadores.
A reconciliação indica o fim da inimizade e o estabelecimento da paz e da
amizade entre pessoas, antes, opostas uma da outra. Deus e os homens
eram inimigos mútuos, por causa dos pecados dos homens, mas Deus agiu
Reconciliação
em Cristo para reconciliar os pecadores consigo mesmo, mediante a cruz.
A reconciliação foi uma tarefa realizada, de modo completo, por Cristo,
no Calvário.
Teologicamente falando, o arrependimento é uma mudança de
Arrependimento pensamento (intelecto), abrange as emoções (tristeza por causa do
pecado) e transformação em relação à vontade (volição).
Pode-se dizer que a melhor definição de fé é aquela dada pela própria
Fé Escritura Sagrada, isto é, “ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam, a convicção de fatos que não se veem” (Hb. 11:1).
“A santificação é a obra progressiva de Deus e do homem, que nos torna
mais e mais livres do pecado e iguais a Cristo” (GRUDEM, 1999, p. 359). A
Santificação
santificação envolve a libertação do pecado e a capacitação da parte de
Deus.
A segurança da salvação, ou a perseverança dos santos, envolve a certeza
Segurança da de que a presença de Cristo na vida da pessoa dá, a ela, a convicção de
salvação que “aquele (Deus) que começou a boa obra (salvação)” na sua vida, deve
completá-la até o dia de Cristo Jesus.
As evidências da salvação se referem aos frutos que uma pessoa
regenerada passa a produzir na sua nova vida, por exemplo: interesse pela
Evidências da
Palavra de Deus; desejo de orar; busca de comunhão; necessidade de
salvação
testemunhar; prática de boas obras; objetivo de se tornar mais parecido
com Cristo.
Glorificação é multidimensional. Envolve a escatologia individual e a
coletiva. A perfeição da natureza espiritual do crente, como indivíduo,
ocorre na morte, quando o cristão entra na presença do Senhor. Também,
Glorificação
envolve a perfeição dos corpos de todos os crentes, a qual ocorre no tempo
da ressurreição, em conexão com a segunda vinda de Cristo. Permeia até
a transformação de toda a criação (MILLARD, 1992).
FONTE: O autor
93
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A justificação é o ato judicial de Deus, mediante o qual aquele que deposita a confiança
em Cristo é declarado justo aos Seus olhos, e livre de toda culpa e punição.
• Pode-se dizer que a melhor definição de fé é aquela dada pela própria Escritura
Sagrada, isto é, “ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a convicção
de fatos que não se veem” (Hb. 11:1).
94
AUTOATIVIDADE
1 Uma das definições a respeito da salvação é: a “salvação, no seu sentido mais lato,
é um termo imensamente inclusivo, e pode ser empregado para abranger todos os
aspectos da vida do crente, desde a justificação até a glorificação” (BANCROFT, 1992,
p. 251). Assim, há vários termos que podem ser estudados. Quais são alguns deles?
96
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
OS TERMOS TEOLÓGICOS DA SALVAÇÃO
(PARTE 2)
1 INTRODUÇÃO
Este tópico é uma continuidade do tópico anterior. Já foram observados alguns
dos termos teológicos relacionados ao assunto salvação. Os primeiros que destacamos
estavam mais relacionados ao momento inicial da salvação, como justificação,
regeneração, arrependimento e fé. Agora, trataremos de mais quatro: reconciliação,
adoção, santificação e glorificação.
Por fim, teremos uma reflexão de Martin Luther King Júnior, que menciona,
dentre outros assuntos, a questão da salvação. Na leitura complementar, abordaremos
um texto para o aprofundamento em um dos aspectos extremamente relevantes quanto
ao assunto salvação, que é a santificação.
97
2 RECONCILIAÇÃO
Com a queda do ser humano o pecado entrou na raça humana. O pecado criou
uma barreira entre Deus e o homem, uma inimizade, ruptura, separação. Por isso, os
homens já nascem rebeldes contra o seu Criador. O ser humano em seu estado de
pecado, encontra-se em total inimizade contra Deus. Conforme já observado (ver tópico
1), o ser humano não conseguiu por si mesmo resolver este problema, então, Deus
providenciou a salvação enviando seu filho, Jesus Cristo, o qual morreu pelos pecados
da humanidade como substituto. Através da morte de Jesus tornou-se possível a
reconciliação.
Não obstante, cabe destacar que foi Deus quem providenciou a reconciliação,
mas é o homem quem necessita de reconciliação, pois foi ele quem pecou. Conforme
Chafer (2003, p. 130), “visto que a palavra (reconciliação) significa uma mudança
completa, o termo não pode ser aplicado propriamente a Deus que é imutável, mas ele
98
se aplica ao homem, que pela morte de Cristo é colocado numa relação de mudança
para com Deus e para com os seus juízos contra o homem”. Conforme o apóstolo Paulo
“porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do
seu filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida" (Rm. 5:10).
Para Packer (2002, p. 115):
FIGURA 5 – RECONCILIAÇÃO
FONTE: <https://unidavigo.es/wp-content/uploads/2017/01/photo-1461849922425-239b4b1914cb.jpg>.
Acesso em: 24 abr. 2020.
NOTA
Deus agiu em Cristo para reconciliar os pecadores consigo
mesmo, mediante a cruz. A reconciliação foi uma tarefa realizada
de modo completo por Cristo no Calvário.
99
3 ADOÇÃO
Um dos textos bíblicos chaves a respeito da adoção está no evangelho de João
1:12, que diz "os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus." Este texto é uma referência fundamental a filhos
adotados por Deus. A palavra adoção na Bíblia foi usada apenas pelo apóstolo Paulo.
Ela ocorre cinco vezes nas Escrituras, e todas elas nos escritos de Paulo. Entretanto,
ela está implícita nos escritos de João como uma relação de graça, por exemplo, na
expressão “serem feitos filhos de Deus” (Jo. 1:12), e na aceitação do Filho pródigo ao
receber seus direitos da família (Lc. 15:19).
De acordo com o apóstolo Paulo, a adoção como filho de Deus é uma relação
baseada na graça, diferente da Filiação de Cristo, que era filho por natureza (Jo. 1.14).
“Isso envolve uma alteração de estado, planejada desde a eternidade e mediada por
Jesus Cristo (Ef. 1:5), da escravidão para a filiação [...]. A invocação ‘Aba, Pai’ (Rm. 8:15 e
Gl. 4:6 no contexto da adoção) talvez seja a exclamação tradicional do escravo adotado”
(DOUGLAS, 1988, p. 34). Para Keller (2016, p. 82), “ser adotado significa que agora Deus
nos ama como se tivéssemos feito tudo o que Jesus fez”.
Millard (1992, p. 975) descreve muito claramente o que envolve a palavra adoção:
100
entre Pai e filho. Este é um dos benefícios que a adoção propicia para todo aquele que
crê. Destarte, a adoção concedia à pessoa determinados direitos e benefícios, o que
acontece no sentido espiritual. Vejamos quais eram:
A libertação da lei (Rm. 8:15). A pessoa que crê em Cristo já não está debaixo
de “guardiões e aios”, mas, sim livre da escravidão, livre da lei, pois, Cristo é o fim da lei.
A adoção implica a boa vontade do Pai. Uma coisa é ser perdoado pelo fato
de ter sido paga a pena aplicável aos erros. Isso, porém, significa que não haverá punição
no futuro. Entretanto, isto não garante, necessariamente, a boa vontade. Se o criminoso
101
paga seu débito para com a sociedade, isso não faz com que a sociedade passe a vê-lo
com olhos favoráveis. Com o Pai, no entanto, há o amor e a boa vontade de que tanto se
precisa e que tanto se deseja.
NOTA
Adoção envolve uma mudança de estado e condição. No sentido formal,
adoção é uma questão declarativa, uma alteração de nosso estado legal.
Nós nos tornamos filhos de Deus. Esse é um fato objetivo.
4 SANTIFICAÇÃO
Conforme um tópico anterior, após a regeneração, uma nova vida surge por
meio de Cristo Jesus. Esta nova vida apresenta os frutos de uma nova natureza. Jesus
disse “assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos
maus” (Mt. 7:17). Assim, as evidências da nova natureza (ou nova vida) manifestam-se na
vida diária, pois, aquele que crê é uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17). Eis algumas
das evidências bíblicas da pessoa regenerada:
Sendo uma nova criatura, a pessoa passa a buscar e viver uma vida em
santificação. Entretanto, do que se trata esta vida em santidade? Uma das principais
dificuldades que a Teologia Sistemática encontra com a doutrina da santificação é
que não existe um paradigma único, pois Deus age com muita criatividade na vida de
cada um de seus filhos. “A santificação é a obra progressiva de Deus e do homem que
nos torna mais e mais livres do pecado e iguais a Cristo” (GRUDEM, 1999, p. 359). A
santificação envolve a libertação do pecado e a capacitação da parte de Deus para fazer
102
a sua vontade. Para Bancroft (1992, p. 260), “esses dois sentidos da palavra “santificação”
estão intimamente ligados. Ninguém pode estar verdadeiramente separado para Deus,
sem estar separado do pecado”. Segundo este autor:
NOTA
“A santificação é a obra progressiva de Deus e do homem que nos
torna mais e mais livres do pecado e iguais a Cristo” (GRUDEM,
1999, p. 359). A santificação envolve a libertação do pecado e a
capacitação da parte de Deus para fazer a Sua vontade.
JUSTIFICAÇÃO SANTIFICAÇÃO
Posição legal Condição interna
Ocorre uma só vez Continua durante a vida
Inteiramente obra de Deus Obra de Deus e cooperação humana
Objetiva Subjetiva
Remoção da culpa do pecado Remoção do poder do pecado
Aceitação da obra de Cristo por mim Aceitação da obra de Cristo em mim
Realizada e completa Em processo
Justiça imputada Justiça comunicada
Por meio de Cristo Por meio do Espírito Santo
Fundamento da nossa paz Fundamento da nossa pureza
FONTE: O autor
103
A palavra santificação na língua hebraica é qadosh (santo) e aparece em torno
de duas mil vezes no Antigo Testamento. Já a palavra usada para santificação na língua
grega é hagios (santo) e aparece em torno de trezentas vezes no Novo Testamento.
Tanto qadosh como hagios significam essencialmente “separar”. As palavras para
santo e seus derivados têm como significado: consagrar, separar das coisas profanas
e dedicar a Deus, purificar, reconhecer que é venerável, reverenciar. É isso o que está
envolvido na chamada para a santidade; e o próprio substantivo (no Novo Testamento
grego, hagiasmos, sempre traduzido por “santificação” na versão portuguesa) denota
o estado de estar dissociado da prática do pecado e de estar consagrado à vida de
semelhança com Deus.
NOTA
A palavra santificação na língua hebraica é qadosh (santo) e
aparece em torno de duas mil vezes no Antigo Testamento. Já a
palavra usada para santificação na língua grega é hagios (santo) e
aparece em torno de trezentas vezes no Novo Testamento. Tanto
qadosh como hagios significam, essencialmente, “separar”.
104
1- Separação para Deus. A separação para Deus pressupõe separação da impureza.
2- Imputação de Cristo como nossa santidade. Refere-se à imputação de Cristo
como nossa santidade e justiça (1 Co. 1:3).
3- Purificação do mal moral. É considerada um ato do homem nesse caso, e não um
ato de Deus. Deus já separou para si mesmo todo aquele que crê em Jesus Cristo,
agora é a vez daquele que crê separar-se para Deus, para ser usado por ele. Trata da
responsabilidade do homem nesse processo.
4- Conformidade com a imagem de Cristo. Este é o aspecto positivo da salvação,
assim como a purificação é o negativo e a imputação da santidade de Cristo o
posicional.
1- Posicional – o estado ou posição daquele que crê em Cristo Jesus (1 Co. 6:11, Hb.
10:10-14).
2- Experimental – o procedimento do crente (1 Pe. 1:15-16, 1 Ts 4:3).
3- Futura ou escatológica – a perfeição final (1 Jo. 3:1-2).
105
Outro aspecto importante a ser destacado são “os meios de santificação”
também chamados de “os meios da graça”. A santificação é obra do Deus trino,
entretanto é atribuída como uma ação do Espírito Santo na Escritura, Rm 8:11; 15.16; 1 Pe
1:2. Segundo Berkhof (1990, p. 532), “na medida em que a santificação tem lugar na vida
subconsciente, é efetuada pela operação imediata do Espírito Santo. Entretanto, como
obra realizada na vida consciente dos crentes, é feita por diversos meios, que o Espírito
Santo emprega”. O autor destaca três meios de santificação:
5 GLORIFICAÇÃO
A glorificação é o estágio final do processo de salvação. Quando olhamos para
o futuro este é o momento em que se completará o estágio final da salvação. Grudem
(1999, p. 394) comenta que:
106
NOTA
A glorificação é o passo final na aplicação da redenção. Ela acontecerá
quando Cristo retornar e ressuscitar dentre os mortos os corpos
de todos os crentes de todas as épocas que morreram e reuni-los
às respectivas almas, e mudar os corpos de todos os crentes que
permanecerem vivos, dando assim a todos os crentes ao mesmo
tempo um corpo ressuscitado perfeito igual ao seu.
NOTA
Na glorificação a pessoa que crê receberá um corpo glorificado,
diferente do corpo físico. Esse corpo, na descrição de Paulo, será
imortal, celestial, incorruptível (1 Cor. 15). Quando Cristo nos redimiu,
Ele não redimiu apenas o nosso espírito (ou alma), Ele nos redimiu
como pessoas completas, e isso inclui a redenção do nosso corpo.
107
A glorificação também envolve o aspecto moral e espiritual, pois, na presença do
Senhor não haverá mais a presença do pecado e as consequências que dele advém. Várias
referências bíblicas apontam para uma complementação futura do processo que começou
na regeneração, desenvolveu-se na santificação e será completo na glorificação.
FIGURA 6 – GLORIFICAÇÃO
108
E, por fim, não podemos nos esquecer da ligação entre a glorificação daquele
que crê e a renovação da criação. O pecado do ser humano e sua queda trouxe
determinadas consequências para a criação, como também para ele mesmo (Gn. 3).
Conforme o apóstolo Paulo, a criação está presentemente sujeita a futilidade (Rm. 8:18-
25). Entretanto, Paulo ensina que vive-se “na esperança de que a própria criação será
redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm.
8:21). A natureza da transformação que está por ocorrer é declarada mais especificamente
em Apocalipse 21:1-2: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo”,
ou seja, a própria criação será liberta da corrupção para a glória dos filhos de Deus.
INTERESSANTE
Digam que eu fui um mensageiro!
O pastor Martin Luther King Júnior falou a sua igreja, em Atlanta, Estados Unidos, dois
meses antes de sua morte:
Se alguém aqui estiver presente quando chegar a minha hora, não quero um enterro
prolongado. Se alguém fizer elogio fúnebre, digam-lhe que não fale demais. Às vezes,
penso que eu gostaria que essa pessoa dissesse. Digam-lhe que não mencione que
eu tenho o Prêmio Nobel da Paz – isso não é importante. Digam-lhe que não fale que
eu tenho 300 ou 400 prêmios, que não fale da universidade onde eu estudei, isso não
importante. Gostaria que alguém falasse no dia em que Martin Luther King Jr. tentou dar
a vida para servir aos outros, no dia em que tentou amar alguém. Quero que alguém
fale no dia em que tentei ser justo e marchei com eles. Quero que possam falar no
dia em que tentei dar de comer aos que tinham fome, falem no dia da minha vida em
que tentei vestir os que estavam nu, tentei visitar os que estavam na prisão. E quero
que digam que procurei amar e servir a humanidade. Sim, se quiserem,
digam que eu fui mensageiro. Digam que fui um mensageiro da justiça.
Digam eu fui mensageiro da paz, e da retidão. E todas as outras coisas
supérfluas não terão importância. Não terei dinheiro para deixar, as
coisas boas e luxuosas da vida para deixar, quero apenas uma vida de
serviço. Se puder ajudar alguém à minha volta, alegrar alguém
com uma palavra ou canção, se puder mostrar o caminho a
alguém que está andando errado, não terei vivido em vão. Se
puder cumprir meu dever de cristão, levar a salvação ao mundo
arrasado, se puder difundir a mensagem como o Mestre a ensinou,
então, minha vida não terá sido em vão.
FONTE: <http://nunespataqui.blogspot.com/2013/07/digam-que-eu-fui-
um-mensageiro.html>. Acesso em: 24 abr. 2020.
109
LEITURA
COMPLEMENTAR
SANTIFICAÇÃO
Louis Berkhof
1 ANTES DA REFORMA
110
possuir e fruir a Deus. A graça é derivada do inexaurível tesouro dos méritos de Cristo e
é infundida nos crentes por meio dos sacramentos. Vista do ponto de vista divino, esta
graça santificadora na alma assegura a remissão do pecado original, infunde um hábito
permanente de retidão inerente, e leva consigo o potencial de ulterior desenvolvimento,
e até de perfeição. A partir dela a nova vida se desenvolve, com todas as suas virtudes.
Sua obra pode ser neutralizada ou destruída por pecados mortais; mas a culpa contraída
após o batismo pode ser removida pela eucaristia, no caso dos pecados veniais, e pelo
sacramento da penitência, no caso dos pecados mortais. Consideradas do ponto de
vista humano, as obras sobrenaturais da fé, operando pelo amor, têm mérito perante
Deus e garantem um aumento da graça. Contudo, tais obras são impossíveis sem a
contínua operação da graça de Deus. O resultado do processo todo era conhecido como
justificação, em vez de santificação; consistia em tornar justo o homem diante de Deus.
Estas ideias estão incorporadas nos Cânones e Decretos do Concílio de Trento.
2 DEPOIS DA REFORMA
111
ao nível de um simples melhoramento moral obtido pelos poderes naturais do homem.
Para Schleiermacher, era simplesmente o progressivo domínio da consciência de
Deus dentro de nós sobre a consciência humana do mundo, meramente perceptiva e
sempre moralmente defeituosa. E para Ritschl. Era a perfeição moral da vida cristã a que
chegamos pelo cumprimento da nossa vocação como membros do reino de Deus. Em
grande parte da teologia “liberal” moderna, a santificação consiste apenas na sempre
crescente redenção do ser inferior do homem mediante o domínio do seu ser superior.
Redenção pelo caráter é um dos lemas dos dias atuais, e o termo “santificação” veio a
significar mero melhoramento moral.
1 NO VELHO TESTAMENTO
112
solenes de Israel – todas estas coisas são chamadas santas, visto serem consagradas a
Deus e introduzidas no resplendor da Sua augusta santidade. Similarmente, os profetas,
os levitas e os sacerdotes são chamados santos na qualidade de pessoas que foram
separadas para o serviço especial do Senhor. Israel tinha os seus lugares sagrados, as
suas épocas sagradas, os seus ritos sagrados e as suas pessoas sagradas. Contudo,
esta ainda não é a ideia ética da santidade. Uma pessoa podia ser sagrada e, todavia,
estar inteiramente vazia da graça de Deus em seu coração. Na antiga dispensação, como
também na nova, a santidade ética resulta da influência renovadora e santificante do
Espírito Santo. Deve-se lembrar, porém, que mesmo quando a concepção de santidade
é completamente espiritualizada, sempre expressa uma relação. Nunca a ideia de
santidade é a de bondade moral, considerada em si mesma, mas sempre é a ideia de
bondade ética vista em relação com Deus.
2 NO NOVO TESTAMENTO
FONTE: BERKHOF, L. Trad. Odayr Olivetti. Teologia sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1990.
113
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Deus agiu em Cristo para reconciliar os pecadores consigo mesmo, mediante a cruz.
A reconciliação foi uma tarefa realizada de modo completo por Cristo no Calvário.
• “A santificação é a obra progressiva de Deus e do homem que nos torna mais e mais
livres do pecado e iguais a Cristo” (GRUDEM, 1999, p. 359). A santificação envolve a
libertação do pecado e a capacitação da parte de Deus para fazer a sua vontade.
114
AUTOATIVIDADE
1 Por meio da adoção a pessoa passa a ter um relacionamento familiar, íntimo,
comparado a um relacionamento entre Pai e filho. Este é um dos benefícios que a
adoção propicia para todo aquele que crê. A adoção concedia à pessoa determinados
direitos e benefícios. Sobre os direitos e benefícios da adoção, analise as sentenças
a seguir:
I- Dois direitos que a adoção propicia são: acesso ao Pai e a presença do Espírito
Santo na vida da pessoa que crê.
II- O perdão e a liberdade para os filhos de Deus são exemplos de alguns dos benefícios
que a adoção traz.
III- A reconciliação e o cuidado paternal de Deus são dois exemplos de benefícios que
a adoção traz.
IV- O perdão e a reconciliação são exemplos dos direitos que a adoção propicia aos
filhos de Deus.
115
3 Dois aspectos bem importantes quanto ao assunto da salvação são: a justificação
e a santificação. É necessário saber diferenciá-los, pois, representam pontos
fundamentais no entendimento e compreensão da Soteriologia. Com relação à
justificação e santificação, associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Justificação.
II- Santificação.
4 Como foi mencionado, com a queda do ser humano o pecado entrou na raça humana.
O pecado criou uma barreira entre Deus e o homem, uma inimizade, uma separação.
Por isso, os homens já nascem rebeldes contra o seu Criador. No entanto, houve a
reconciliação. Quem providenciou a reconciliação?
116
REFERÊNCIAS
A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Editora
Hagnos, 2002. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/biblia.pdf.
Acesso em: 24 abr. 2021.
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988.
KELLER, T. Oração: experimentando intimidade com Deus. São Paulo: Vida Nova, 2016.
LIENHARD, M. Martim Lutero: tempo, vida e mensagem. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
LITTLE, P. E. Saiba o que você crê. São Paulo: Mundo Cristão, 1997.
LUTHER, M. et al. Luther’s works. Jaroslav Pelikan and Helmut T. Lehmann. St. Louis,
Mo: Concordia Publishing House; Minneapolis: Fortress Press, 1955.
117
OLSON, R. F. História da Teologia cristã. São Paulo: Editora Vida, 2001.
PACKER, J. I. Vocábulos de Deus. São José dos Campos: Editora Fiel, 2002.
118
UNIDADE 3 —
DOUTRINA DO ESPÍRITO
SANTO – PNEUMATOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
119
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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120
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, iniciamos, agora, os estudos de Pneumatologia. Conforme
Chafer (2003, p. 351), “a pneumatologia é o tratamento científico de qualquer ou de
todos os fatos relacionados ao espírito”. Na Bíblia, encontramos vários sentidos para a
palavra “espírito”. No Antigo Testamento, a tradução para a palavra “espírito” – “ruach”
– significa, essencialmente “vento, hálito e respiração”. No Novo Testamento, a língua
grega traduz a palavra “espírito” como “pneuma”, cuja raiz pneu se refere ao ar, somada
ao sufixo “ma” (fala de ação, movimento), o que completa a ideia. A respeito da palavra
“espírito”, note o que Berkhof menciona:
No decorrer dos nossos estudos, olharemos para três aspectos mais específicos
a respeito da doutrina do Espírito Santo:
121
O Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade divina, suscita curiosidade,
interesse, debates, polêmicas, mas o nosso propósito é um aprofundamento em relação
à terceira pessoa da Trindade, consequentemente, à pessoa de Deus. Nesse sentido,
a contribuição dessa doutrina, para o conhecimento da Teologia, é primordial.
NOTA
A pneumatologia é o tratamento científico de qualquer ou de todos
os fatos relacionados ao espírito. O estudo da Pneumatologia,
também, é chamado de Paracletologia. Esse termo é a junção de
duas palavras gregas: paracleto (intercessor, advogado, conselheiro
de defesa, assistente legal) + logia (estudo, doutrina).
“Por personalidade do Espírito Santo, queremos dizer que Ele possui ou contém,
em si mesmo, os elementos de existência pessoal, em contraste com a existência
impessoal ou vida animal” (BANCROFT, 1992, p. 178). Por exemplo, observe algumas
características pessoais atribuídas ao Espírito Santo e os respectivos textos bíblicos
que apresentam essa ideia:
122
1- Inteligência (Rm 8:27).
2- Vontade (1 Co 12:11).
3- Amor (Rm 15:30).
4- Bondade (Ne 9:20).
5- Tristeza (Ef 4:30).
A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO
SANTO É AFIRMADA PELO USO DE
PRONOMES PESSOAIS
FONTE: O autor
123
Algumas das principais características da personalidade são: 1) Inteligência, isto
é, o poder de raciocinar, de pensar (conhecimento); 2) Emoção, isto é, as capacidades de
ter e de expressar os sentimentos, por exemplo, amar, odiar etc.; 3) Vontade Própria, isto
é, as ações de escolher e de determinar (tomar decisões). A palavra de Deus revela que
o Espírito Santo possui e manifesta esses poderes (capacidades), o que demonstra ser,
Ele, uma pessoa. Citaremos algumas referências bíblicas que atestam isso:
1 Co 2:10,11 – “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas
as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Por que qual dos homens sabe
as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também, as
coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”.
Rom 8:27 – “E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito,
porque, segundo a vontade de Deus, é que ele intercede pelos santos”.
Rom 15:30 – “Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo
amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor [...]”.
Nesse verso, destaca-se a presença do amor do Espírito, ou seja, Ele ama.
Na carta aos Efésios, Paulo mostra que o Espírito pode ser entristecido, ou seja,
Ele se entristece. Com esses dois exemplos, pode-se afirmar que o Espírito Santo possui
emoções, pois ele ama e sente tristeza. São emoções iguais às nossas, contudo, em
um grau muito mais elevado, pois as emoções dEle são perfeitas, diferentemente das
emoções do ser humano, cuja presença do pecado faz com que elas sejam, muitas
vezes, distorcidas e oscilantes.
124
3- O Espírito Santo exerce Vontade Própria.
“[...] Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu nome,
Esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”
(Jo. 14:26).
Pode-se aprender de diversas formas, por meio de pessoas ou, até mesmo, de
objetos impessoais e inanimados (por exemplo, ao colocar a mão no fogo, uma criança
aprende que o fogo queima). Entretanto, o objeto inanimado não tem, em si mesmo,
a capacidade de ensinar. A capacidade e a habilidade de ensinar são faculdades de
alguém que possui personalidade.
Observe que não é o caso que o Espírito Santo, simplesmente, emita sons, mas
Ele fala (disse) palavras e ideias inteligíveis, conforme o texto bíblico em apreço. O seu
falar é inteligente.
125
Interceder a favor de alguém exige a compreensão da situação, ou da
necessidade por quem se intercede. O Espírito Santo entende a nossa situação e a
necessidade, apresenta-se diante do trono de Deus em nosso lugar, e intercede por nós,
de acordo com a passagem das Escrituras.
“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”
(Romanos 8:14).
A capacidade de guiar uma outra pessoa, ou ser guiado pelo Espírito Santo,
somente uma pessoa pode tê-la. Conforme o versículo, o Espírito Santo escolhe o
caminho e dirige o filho de Deus para que Este possa andar nele.
“E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo
de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito
de Jesus não o permitiu” (Atos 16:6,7).
Nesses dois versos bíblicos, fica nítida a ação do Espírito conduzindo, dirigindo
a vida dos discípulos. As expressões “impedidos” e “não o permitiu” deixam evidente a
ação do Espírito Santo nesse processo de orientá-los.
126
NOTA
Referindo-se ao Espírito Santo: “São-Lhe atribuídas características de
pessoa, como inteligência, Jo 14.26; 15.26; Rm 8.16, vontade, At 16.7;
1 Co 12.11, e sentimentos, Is 63.10; Ef 4.30. Demais, Ele realiza atos
próprios de personalidade. Sonda, fala, testifica, ordena, revela, luta,
cria, faz intercessão, vivifica os mortos etc., Gn 1.2; 6.3; Lc 12.12; Jo
14.26; 15.26; 16.8; At 8.29; 13.2; Rm 8.11; 1 Co 2.10, 11. O realizador
dessas coisas não pode ser um simples poder ou influência, mas tem
que ser uma pessoa” (BERKHOF, 1990, p. 87).
“Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes
tornou em inimigo e Ele mesmo pelejou contra eles” (Is 63:10).
“Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que
mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?” (Atos 5:3).
127
2.4 A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO É AFIRMADA
PELO USO DE PRONOMES PESSOAIS
Quando se faz a tradução bíblica das línguas originais para a língua portuguesa,
ainda que seja apresentado o fato, muitas vezes, não é possível perceber todas as
nuances e a força que a língua original indica.
128
FIGURA 2 – A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO
FONTE: O autor
1- Eternidade de existência.
Hb 9:14 – “muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo,
ofereceu-se sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para
servirmos ao Deus vivo!”.
Há, nesse verso, os nomes das três pessoas da divindade, como em outros
textos, como Mt 28:19 e 2 Cor 13:13, cada uma fazendo a sua parte na obra da salvação.
Se reconhecemos Deus o Filho, e Deus o Pai, como pessoas divinas, o versículo não faz
bom senso se não houver o reconhecimento, também, da pessoa do Espírito Santo, no
mesmo pé de igualdade.
129
Outro detalhe importante a ser observado no verso é que a eternidade de
existência é, claramente, declarada no termo “Espírito eterno”. Eternidade de existência
pertence, somente, a Deus, é um dos atributos próprios dEle. Todas as demais criaturas
tiveram um início. Dessa forma, o verso atribui, ao Espírito Santo, a mesma eternidade
de existência que é atribuída a Deus, portanto, Ele só pode ser Deus.
2- Onipotência.
1 Pd 3.18 – “Porque, também, Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo
pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado
pelo Espírito”.
Deus é onipotente, ou seja, tem todo o poder. Ele é o único que tem todo o poder,
no céu e na terra. Uma das manifestações e prova do poder foi manifesto quando Jesus
foi ressuscitado dentre os mortos. Conforme Pedro, essa demonstração da onipotência
de Deus é atribuída ao Espírito Santo. Portanto, Ele é onipotente, e, sendo onipotente,
tem atributo de que é próprio de Deus.
3- Onipresença.
Sl 139:7,8 – “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também”.
4- Onisciência.
1 Cor 2.10:11 – “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Por que, qual dos homens
sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim, também,
ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
Somente Deus é ciente de todas as coisas, isto é, conhece todas as coisas. Todas
as criaturas que possuem intelecto são limitadas ao conhecimento. A mente humana,
por exemplo, não pode atingir as profundezas de Deus, contudo, pode desfrutar de
algum conhecimento dEle. As profundezas de Deus são as extremidades de “todas as
coisas” nas quais, conforme o versículo diz, o Espírito penetra.
130
Somente Deus pode sondar a sabedoria dEle mesmo, e, nessa passagem bíblica,
é declarado que a sabedoria do Espírito abrange tudo o que pertence a Deus. Portanto,
a conclusão que se chega é a de que o Espírito Santo é onisciente, Ele sabe todas as
cousas, assim, é Deus.
Esses são alguns dos atributos pertencentes somente a Deus que, claramente,
são atribuídos ao Espírito Santo. Há outros que podem ser, também, averiguados. No
entanto, esses que foram citados já dão o embasamento necessário para aquilo que foi
proposto.
“No princípio, criou, Deus, o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e
trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”
(Gn 1:1,2).
“[...] não por obras de justiça praticadas por nós, mas, segundo a sua misericórdia,
Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3:5).
131
3- O Espírito Santo gerou a humanidade de Jesus Cristo.
“E, respondendo o anjo, disse-lhe: descerá, sobre ti, o Espírito Santo, e a virtude
do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso, também, o Santo, que, de ti, há de
nascer, será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35).
Conforme Lucas apresenta, o agente para efetuar essa união foi o Espírito
Santo. Cabe ressaltar que nenhuma pessoa inferior a Deus teria o poder e a sabedoria
para tal coisa. É uma obra divina, o que, também, corrobora para o fato de que o Espírito
Santo seja divino.
“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os
homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pd 1:21).
Sem dúvida alguma, há outras ações do Espírito Santo que poderiam ser
destacadas, por exemplo, convencimento, iluminação, consolação, testemunha,
intercessão etc. Entretanto, essas que foram mostradas já alicerçam esse aspecto.
132
3.3 A LIGAÇÃO DO NOME DO ESPÍRITO SANTO AO NOME DE
DEUS APONTA PARA A SUA DIVINDADE
Algumas vezes, na Bíblia, encontra-se o vínculo do nome do Espírito Santo ao
nome de Deus. Dois textos são muito claros nesse aspecto.
O segundo texto está na segunda carta de Paulo aos Coríntios 13:14: “A graça
do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com
todas vós. Amém”. Novamente, as três pessoas da Trindade estão presentes – Pai, Filho
e Espírito Santo. Seria uma blasfêmia ligar o nome do Espírito Santo ao nome de Deus,
dessa maneira, se Ele não fosse mesmo Deus.
133
As palavras do teólogo Chafer (2003, p. 366) explanam, de forma bem
interessante, o tema da divindade do Espírito Santo:
NOME REFERÊNCIA
O Espírito 1 Co 2:10
Espírito Santo Lc 11:23
Espírito Eterno Hb 9:14
Espírito do Senhor Jeová Is 61:1
Espírito do Deus vivo 2 Co 3:3
Espírito de Deus 1 Co 3:16
O Espírito de Jesus At 16:6,7
Espírito da Vida Rm 8:1-2
O Espírito de Cristo Rm 8:9
O Espírito Santo da Promessa Ef 1:13
Espírito Purificador Is 4:4
Espírito da verdade Jo 15:26
O Consolador Jo 14:26
O Espírito da Graça Hb 10:29
O Espírito da Glória 1 Pe 4:13,14
O Espírito de Jesus Cristo Fp 1:19
FONTE: O autor
134
O interessante de se observar, nessa lista, é que os nomes de Deus não eram
simples designações ou identificações, eles revelavam algo da natureza, dos atributos
ou das obras de Deus. Da mesma forma, o mesmo raciocínio se aplica aos nomes que
são conferidos ao Espírito Santo, os quais nos revelam muita coisa a respeito de quem
Ele é. Algumas vezes, o Espírito de Deus é mencionado de um modo que enfatiza
a personalidade e o caráter (o Santo Espírito), outras vezes, de modo que evidencia o
trabalho e o poder (o Espírito da Verdade), porém, Ele nunca é mencionado como uma
força despersonalizada (INTERSABERES, 2014).
NOTA
O Espírito de Deus é mencionado de um modo que enfatiza a
personalidade e o caráter (o Santo Espírito), outras vezes, de modo
que evidencia o trabalho e o poder (o Espírito da Verdade), porém,
Ele nunca é mencionado como uma força despersonalizada.
135
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O Espírito Santo é uma pessoa divina, pois possui os atributos da divindade, os atos
atestam isso. A ligação do nome dEle ao nome de Deus aponta para um ser divino, e
pelo fato de ser chamado pelo nome de Deus.
136
AUTOATIVIDADE
1 A Pneumatologia é o tratamento científico de qualquer ou de todos os fatos
relacionados ao espírito. O estudo da Pneumatologia, também, é chamado de
Paracletologia. Este termo é a junção de duas palavras gregas: paracleto (intercessor,
advogado, conselheiro de defesa, assistente legal) + logia (estudo, doutrina). Disserte,
agora, acerca dos dois argumentos que mostram que o Espírito Santo é uma pessoa.
2 No decorrer da história da Igreja, e nos tempos atuais, tem surgido uma variedade
de seitas que, dizendo-se cristãs, negam e atacam essa verdade fundamental do
cristianismo. Muitos o veem como uma influência, um poder, uma energia, uma
manifestação ou uma emanação da natureza divina, sugerindo que o Espírito Santo
seja, simplesmente, uma influência, e não uma pessoa. Quais são algumas das
principais características da personalidade?
137
4 Nas Escrituras Sagradas, são encontrados muitos nomes atribuídos ao Espírito Santo.
“Nas Escrituras, existem cerca de 350 passagens que mencionam o Espírito Santo,
nas quais mais de 50 nomes ou títulos podem ser discernidos” (INTERSABERES, 2014,
p. 218). Acerca dos nomes atribuídos ao Espírito Santo, leia e analise as sentenças a
seguir:
5 Conforme temos estudado até aqui, as Escrituras Sagradas apontam para o fato de
que o Espírito Santo é uma pessoa. Contudo, Ele não é, simplesmente, uma pessoa,
mas uma pessoa divina, a terceira pessoa da Trindade. Assim, exponha os argumentos
que mostram que o Espírito Santo é uma pessoa divina.
138
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
O ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS
1 INTRODUÇÃO
O Espírito Santo sempre esteve e trabalhou para a realização dos propósitos
divinos desde o princípio. Ele agiu no Antigo e no Novo Testamento, e continua agindo
no decorrer da história da Igreja.
Para Bancroft (1992, p. 177), “o Espírito Santo preexistia como a terceira pessoa
da divindade, e, nessa qualidade, esteve, sempre, ativo, mas o período que antecedeu ao
dia de Pentecoste não foi a época da atividade especial dEle”. Para esse autor e outros
teólogos, “durante esse período pré-pentecostal, o Espírito descia sobre os homens,
apenas, temporariamente, a fim de inspirá-los para algum serviço especial, e os deixava
quando essa tarefa ficava terminada. Ele não permanecia, geralmente, com os homens,
nem neles habitava”. Observe a seguinte citação, que retrata bem esse aspecto, além de
retratar a diferença entre a ação do Espírito do Antigo e do Novo Testamento:
139
No Antigo Testamento, as atividades e as manifestações do Espírito
Santo eram esporádicas, específicas e em tempos distintos, visando
a um fim especial – libertação do povo de Deus em tempos de crise
(Juízes, 7:14; 11:29; 14:19; 15:14). Já na dispensação da graça, no
Novo Testamento, as atividades se concretizam de maneira direta e
continua através da Igreja. No Antigo Testamento, Ele se manifestava
em circunstâncias especiais; no Novo Testamento, veio para
fazer morada nos corações dos crentes e enchê-los do Seu poder
(INTERSABERES, 2014, p. 213).
NOTA
No Antigo Testamento, as atividades e as manifestações do Espírito
Santo eram esporádicas, específicas e em tempos distintos, visando
a um fim especial – libertação do povo de Deus em tempos de crise
(Juízes, 7:14; 11:29; 14:19; 15:14). Já na dispensação da graça, no
Novo Testamento, as atividades se concretizam de maneira direta e
continua através da Igreja (INTERSABERES, 2014).
2.1 NA CRIAÇÃO
As Escrituras atribuem as obras de Deus, em um sentido absoluto, a cada uma
das três pessoas da Trindade, individual e coletivamente. Cada uma delas tem uma
função específica, agindo em perfeita harmonia e cooperação mútua em todo tempo. A
criação é um exemplo perfeito disso. João Calvino tem sido chamado de “o teólogo do
Espírito Santo”. Observe o que Calvino escreveu a respeito dele:
140
No livro de Gênesis, é dito a respeito do Espírito Santo, que “[...] o Espírito de Deus
pairava sobre as águas” (Gn 1:2). Isso mostra o papel ativo do Espírito Santo na criação,
como um pássaro que paira (choca), sustenta os filhotes e os protege. Nesse sentido,
o verbo “pairava” seria melhor traduzido como “se movia”. Isso mostra, claramente, que
Ele estava envolvido no planejamento geral do universo, participando da criação da Terra
(Gn 1:2), das estrelas (Sl 33:6), dos animais (Sl 104:30) e do homem (LIMA, 2009).
Os profetas eram pessoas que o Espírito Santo capacitava e guiava para trazer
a mensagem para o povo de Deus, naquele momento da história bíblica, da parte do
Senhor. Certas expressões eram utilizadas por eles, como “assim diz o Senhor” (Je 45:2),
141
o que denotava a instrumentalidade deles por parte do Espírito de Deus. Nas Escrituras,
os profetas são mencionados, inicialmente, nos livros do Pentateuco, mas ganham forte
evidência nos livros históricos, e, principalmente, nos períodos pré-exílico e durante o
exílio da história de Israel.
Os profetas falaram pelo poder divino, eram, dessa forma, porta-vozes do Senhor,
permanecendo, a mensagem deles, registrada em forma escrita ou não. O profeta era o
mensageiro de Deus ao povo, e as declarações, se designadas por Deus, eram cumpridas
pelo poder do Espírito Santo, e, de fato, isso é importante de ser ressaltado. Assim, o fato
da revelação pelo Espírito e a doutrina semelhante de inspiração estão incluídos na lista
das obras do Espírito Santo na relação com o povo judaico e, consequentemente, a
Igreja (CHAFER, 2003).
NOTA
“A palavra ‘nabi’, o termo bíblico para profeta, não indica uma
pessoa que recebe alguma coisa de Deus, mas alguém que traz
alguma coisa ao povo” (CHAFER, 2003, p. 415).
142
3.1 NOS EVANGELHOS
Nos Evangelhos, a atuação do Espírito Santo aparece, especialmente,
relacionada à vida e ao ministério de Jesus. O Espírito Santo gerou Jesus no útero da
virgem Maria, o que gerou a encarnação (Lc 1:35). O Espírito Santo ungiu Jesus com
poder, relacionamento este que Jesus desfrutou por toda vida, no exercício do ministério
dEle, especialmente, na pregação das boas novas do Reino de Deus e na realização de
milagres (Lc 4:18-19) (SEVERA, 1999).
Apesar de, nos evangelhos, haver uma preeminência do agir do Espírito na vida
de Jesus, o agir dEle não fica restrito a Cristo. É notável, por exemplo, a ação sobre a vida
de João Batista, o qual, conforme as Escrituras, era “cheio do Espírito desde o ventre
de sua mãe” (Lc 1:15). Dessa forma, a ação era bem mais abrangente do que a vida de
Jesus, e perceptível nos evangelhos.
143
NOTA
Pentecostes era a segunda maior e mais importante festa anual do
calendário judaico, conhecida, também, como festa das semanas,
observada cinquenta dias depois da Páscoa (LEVÍTICO 23:5-10). As
primícias da colheita eram apresentadas ao Senhor (LIMA, 2009).
NOTA
No Antigo Testamento, a presença de Deus, muitas vezes, foi
manifestada na glória de Deus e nas teofanias; nos evangelhos, o
próprio Jesus manifestou a presença de Deus entre os homens.
No entanto, depois que Jesus subiu ao céu, e, de contínuo,
através de toda a era da Igreja, o Espírito Santo é, agora, a
principal manifestação da presença da Trindade entre nós. Ele
é o que está presente, de modo mais proeminente, entre nós
agora (GRUDEM, 1999).
144
4 TIPOS E SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO NAS
ESCRITURAS
O estudo dos tipos e dos símbolos do Espírito Santo, nas Escrituras, contribui
em diversos aspectos, dentre eles, como uma forma de ilustrar e de elucidar a pessoa
e a obra dEle. Vários símbolos são usados, nas Escrituras, para revelar as características
do Espírito Santo:
Não faremos, aqui, uma exposição exaustiva, mas abordaremos aqueles símbolos
que mais aparecem nas Escrituras. Tomaremos, como base, a exposição do teólogo Chafer
(2003), para apresentar esses tipos e símbolos. Segundo Chafer (2003, p. 393):
• Óleo
• Pomba
• Água
• Penhor
• Fogo
• Selo
• Vento
FONTE: O autor
4.1 ÓLEO
O óleo era usado nos tempos antigos com diversos propósitos: iluminação, cura
(remédio), conforto, unção. Fazendo uma comparação com a ação do Espírito Santo,
ele também ilumina, cura, conforta e consagra (unge). O Dr. John F. Walvoord, ao tratar
dessa questão, ressalta:
145
Nos dois testamentos, o Espírito Santo é frequentemente encontrado neste
tipo. No Tabernáculo, o puro óleo de oliva que mantinha a lâmpada a queimar
continuamente no lugar santo fala eloquentemente do ministério do Espírito
Santo em revelação e iluminação, sem o que o pão exposto no ritual judaico
(Cristo) seria invisível nas trevas, e o caminho para o mais santo de todos
não seria tornado claro (Êx 27.20,21). O óleo teve uma parte importante nos
sacrifícios (Lv 1-7). Ele era usado na unção dos sacerdotes e na consagração
do Tabernáculo (Lv 8). Era usado para introduzir os reis no seu ofício (1 Sm 10.1;
16.13; 1 Rs 1.39 etc.). Além disso, para esses usos sagrados, ele era usado como
comida (Ap 6.6), como remédio (Mc 6.13), e mesmo como um meio de bens
de troca (1 Rs 5.11) [...] dos vários usos do óleo na Bíblia, podemos concluir que
o óleo fala de santidade, santidade, revelação, iluminação, dedicação e cura
(WALVOORD apud CHAFER, 2003, p. 395-396).
4.2 ÁGUA
A água também é um símbolo do Espírito Santo. Assim como a água, é de grande
importância para a vida, tanto no sentido de nutri-la como de purificá-la e revitalizá-la,
assim o Espírito Santo é essencial na vida de todo cristão.
O aspecto da purificação que a água traz pode ser observado pelo banho dos
sacerdotes em conexão com a introdução deles no ofício sacerdotal. Um outro aspecto
refere-se ao Espírito no interior da pessoa (Jo 4:14 “aquele, porém, que beber da água
que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma
fonte a jorrar para a vida eterna”). O Espírito Santo, ao habitar no cristão, é uma realidade
e sua presença uma benção sem medida. Conforme o texto de João, ele é “a fonte a
jorrar” para a vida eterna.
4.3 FOGO
O fogo representa várias coisas nas Escrituras, isto é comum acontecer na Bíblia.
Por exemplo, o leão é usado para representar Jesus Cristo, mas também é usado para
representar Satanás (vide Ap 5:5, e 1 Pe 5:8, respectivamente). Por isso, é importante
ressaltar a importância de uma boa hermenêutica e interpretação do texto quando se
estuda os textos bíblicos.
146
Nas diversas representações de fogo nas Escrituras (na Bíblia, o fogo aparece
como representação da aprovação de Deus; está associado com a presença e proteção
do Senhor; é um símile da disciplina e provação; é também um emblema da Palavra de
Deus, que acende e aquece; e fala do julgamento de Deus), uma delas é o emblema do
Espírito Santo. “O fogo fala do ‘poder’ e da ‘purificação’ que o Espírito Santo opera na
vida do cristão, corrigindo sua natureza decaída e conduzindo-o a perfeição” (Mt 5:48)
(INTERSABERES, 2014, p. 225). Em apocalipse, o Espírito é comparado a “sete tochas
de fogo, que são os sete Espíritos de Deus” (Ap 4:5). Os seus dons que aparecem dia de
Pentecostes em Atos dos Apóstolos Capítulo 2 são mencionados como “línguas como
que de fogo” (At 2:3) (CHAFER, 2003).
4.4 VENTO
Além da semelhança do significado da palavra “espírito” (pneuma), que quer
dizer “vento, respiração, sopro”, vento também é mais um símbolo do Espírito Santo nas
Escrituras.
Desde o livro de Gênesis, quando o ser humano foi criado, Deus soprou nele
o fôlego da vida, e ele veio a ser alma vivente. A palavra soprar faz relação ao Espírito,
neste caso. No Novo Testamento, Jesus comparou a obra do Espírito a ação do vento.
Quando ele conversou com Nicodemos, note o que disse: “O vento sopra onde quer,
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é tudo o que é
nascido do Espírito” (Jo 3:8). A comparação que Jesus utiliza neste caso para referir
também ao Espírito é o vento. “O vento é invisível, porém é real, penetrando em todo
lugar da terra. Não podemos tocar o vento nem o compreender, mas podemos senti-
lo. A sua ação independe da atuação humana, ninguém pode monopolizá-lo. Assim,
também, é o Espírito Santo” (INTERSABERES, 2014, p. 225).
Quando Pedro fala sobre o processo de inspiração das Escrituras utiliza a seguinte
expressão para se referir aos homens que escreveram o texto bíblico “falaram movidos
pelo Espírito Santo”. O “mover” vem pela ação do vento. Por fim, somos informados que o
Espírito veio no Pentecostes como “vento impetuoso”, e assim ele vem como um poder
despertador e revivificador para salvar os perdidos.
147
4.5 POMBA
No evangelho de João temos o testemunho de João Batista (Jo 1:30-34) a
respeito do batismo de Jesus (Mt 3:16). Nele João Batista destaca que “Eu vi o Espírito
descer do céu como pomba, e repousar sobre ele” (Jo 1:32). Há muitos detalhes em que
o Espírito Santo pode ser assemelhado a uma pomba. Alguns simbolismos da pomba
estão relacionados a pureza, mansidão, amor, inocência, beleza. Não se pode confundir
o símbolo com o real. Segundo Silva, a expressão usada no texto:
4.6 PENHOR
No texto bíblico da carta aos Efésios 1:13, Paulo menciona o agir do Espírito
Santo na vida de uma pessoa e diz que, uma vez que ela ouviu a palavra e creu em
Jesus Cristo, foi selada com o Espírito Santo. Na sequência, o apóstolo, referindo-se
ao Espírito Santo diz “o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão
adquirida, para louvor da sua glória” (Ef 1:14). No exato momento em que a pessoa
deposita sua fé em Cristo e recebe a vida eterna o Espírito Santo é dado como garantia
de que aquela obra que foi começada será completada até o dia final.
148
4.7 SELO
A presença do Espírito Santo dentro da pessoa que crê em Cristo, se torna
a identificação distintiva, não observável ou útil como tal nas esferas humanas, mas
antes uma marca da distinção que Deus vê. O selo fala de um empreendimento total.
Selar indica segurança. Aquele que sela se torna responsável pelo objeto sobre o qual o
objeto foi colocado (CHAFER, 2003).
DICA
O livro Na Dinâmica do Espírito, de J. I. Packer, apresenta-se
uma análise sólida e imparcial das várias linhas e tendências
dos movimentos que enfatizam a Pessoa e a obra do Espírito
Santo. O autor procura estabelecer um juízo equilibrado.
149
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O livro de Atos registra a ida de Jesus ao céu, e logo em seguida (Atos 2), a vinda
do Espírito Santo no dia de Pentecostes sobre os discípulos. Daquele momento em
diante eles receberam dons espirituais, bem como capacitação espiritual para o
ministério (At 2:22,36; 5:4-53), e orientação para o serviço cristão (At 16:6-7).
• Vimos sete símbolos do Espírito Santo nas Escrituras: óleo, água, fogo, vento, pomba,
penhor, selo.
• “A simbologia relativa ao Espírito Santo reflete todas as ações que Ele realiza e não
compromete sua personalidade e divindade. Para cada símbolo, um sentido, dessa
forma a pessoa que acredita consegue identificar aspectos da pessoa do Espírito
Santo e sua importância” (INTERSABERES, 2014, p. 224).
150
AUTOATIVIDADE
1 Segundo Chafer (2003, p. 324), “o Espírito Santo, assim como Jesus Cristo, pode ser
visto com mais clareza no Novo Testamento, porém, quando olhamos com cuidado no
Antigo Testamento, vamos ver a sua presença e ação”. Disserte sobre três aspectos
que a ação do Espírito Santo pode ser vista no Antigo Testamento.
3 O estudo dos tipos e símbolos do Espírito Santo nas Escrituras contribui em diversos
aspectos, até mesmo como uma forma de ilustrar e elucidar a pessoa e obra dele.
Vários símbolos são usados nas Escrituras para revelar as características do Espírito
Santo. Sobre eles, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) O selo, o penhor, a pomba, o vento e a água são alguns dos símbolos do Espírito
Santo encontrados nas Escrituras.
( ) Há muitos detalhes em que o Espírito Santo pode ser assemelhado a uma pomba.
Alguns simbolismos da pomba estão relacionados a pureza, mansidão, amor,
inocência, beleza.
151
( ) O selo é um dos símbolos e ressalta o aspecto da segurança, possessão, propriedade.
( ) O penhor, o arco-íris , a pomba, o céu e a água são alguns dos símbolos do Espírito
Santo encontrados nas Escrituras.
4 A simbologia relativa ao Espírito Santo reflete todas as ações que Ele realiza e não
compromete sua personalidade e divindade. Para cada símbolo, um sentido. Dessa
forma, a pessoa que acredita consegue identificar aspectos da pessoa do Espírito
Santo e sua importância. Sobre os símbolos do Espírito Santo, associe os itens,
utilizando o código a seguir:
I- Fogo.
II- Penhor.
III- Pomba.
IV- Selo.
5 Vários símbolos são usados nas Escrituras para revelar as características do Espírito
Santo. O estudo dos tipos e símbolos do Espírito Santo nas Escrituras contribui em
diversos aspectos, dentre eles como uma forma de ilustrar e elucidar a pessoa e obra
dele. Disserte sobre alguns dos símbolos do Espírito Santo nas Escrituras.
152
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
1 INTRODUÇÃO
Depois de termos estudado a pessoa divina do Espírito Santo, e perpassado um
pouco sobre como ele aparece nas Escrituras, chegamos ao ponto de nos voltarmos
para a sua obra, de maneira mais específica. Sem dúvida, o seu agir é insondável e
imensurável em palavras humanas, entretanto, as Escrituras Sagradas dão o Norte para
compreender um pouco da sua obra e ministério. Portanto, baseado nos textos bíblicos,
percorreremos neste tópico buscando observar algumas das obras que Ele realiza.
153
2.1 A CRIAÇÃO
Em Gênesis 1:1,2, o Espírito Santo estava presente na obra da criação. O escritor
de Gênesis diz “pois o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”. É evidente pelo
texto bíblico sua presença no momento da criação, assim como seu agir. Conforme
apresentado nos textos que descrevem o ato criador do Senhor, no princípio, estava
Deus criando todas as coisas, e a ação do Espírito é visivelmente presente. C. H.
Mackintosh afirma:
O Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. Ele pairava sobre o cenário
de suas futuras operações. Um cenário escuro, verdadeiramente; e um cenário em que
havia um amplo lugar para o Deus de luz e vida agir. Ele somente poderia iluminar as
trevas, causar o surgimento da vida, substituir o caos pela ordem, abrir e expandir entre
as águas, onde a vida poderia mostrar-se sem medo da morte. Estas foram operações
dignas de Deus (MACKINTOSH apud CHAFER, 2003, p. 413).
154
do Espírito inclui as seguintes ações na esfera natural: (1) A geração
da vida. Como o ser provém do Pai, e o pensamento vem mediante
o Filho, assim a vida é mediada pelo Espírito, Gn 1.3; Jó 26.13; Sl
33.6 (?); Sl 104.30. Com relação a isso, Ele dá o toque final à obra da
criação. (2) A inspiração geral e a qualificação dos homens. O Espírito
Santo inspira e qualifica os homens para as suas tarefas oficiais, para
trabalho na ciência e nas artes etc. (BERKHOF, 1990, p. 89).
NOTA
Em Gen 1:1,2, o Espírito Santo estava presente na obra da criação.
O escritor de Genesis diz “pois o Espírito de Deus pairava sobre a
face das águas”. É evidente a presença no momento da criação, assim
como o agir dEle.
3.1 TESTIFICA
João 15.26 – “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte
do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”.
O Espírito Santo testifica aos que não creem por meio da verdade concernente
a Jesus Cristo. Tanto no versículo de João, como em Atos 5.30-32 encontramos esta
obra presente. Em João, havia a promessa da vinda do Consolador por parte de Jesus.
Nesta mesma promessa, Jesus menciona uma das obras que o Espírito realizaria “dará
testemunho de mim”. Em Atos, Jesus já havia ascendido aos céus, e o Espírito Santo já
havia descido sobre os discípulos (Atos 2), e então, ele é mencionado como testemunha,
assim como os discípulos eram testemunhas, isto é, todos (discípulos e Espírito Santo)
confirmavam a mensagem da vida, morte e ressurreição de Jesus. Note que eles faziam
isto em relação às pessoas que não criam em Jesus.
155
3.2 CONVENCE
João 16.8-11 – “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e
do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não
me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado”.
Nessa obra que envolve estes três aspectos, o Espírito Santo glorifica a Cristo. Ele
mostra que é pecado não confiar em Cristo, revela a justiça de Cristo e a obra vitoriosa
de Cristo em relação a Satanás.
NOTA
“O Espírito Santo convence ao mesmo tempo que faz surgir um raio de luz,
revelando uma solução e um meio de escape” (BANCROF, 1992, p. 192).
156
4 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AOS QUE
CREEM
A obra do Espírito Santo iniciada no coração daqueles que não creem prossegue.
Uma vez que a pessoa é convencida pelo Espírito e chega ao arrependimento, várias
“obras” do Espírito Santo são realizadas na sua vida. Vamos ver algumas, com destaque
especial para a habitação do Espírito, tendo em vista sua importância.
FONTE: O autor
4.1 REGENERA
A regeneração “gerar de novo”, também conhecido como “novo nascimento”, é
a concessão da natureza divina ao ser humano (2 Pe 1:4). O Espírito Santo é o agente
da transmissão dessa nova natureza, nova vida. Chafer (2003, p. 451) acentua que “ao
menos 85 passagens no Novo Testamento asseveram que um cristão é uma pessoa
mudada, em virtude do fato de que ele recebeu a verdadeira vida de Deus”.
157
Em relação à natureza do homem, ela inclui as várias expressões
usadas para a vida eterna como nova vida, novo nascimento,
ressurreição espiritual, nova criação, novamente “tornados vivos”,
filhos de Deus e transporte o reino. Em linguagem simples, a
regeneração consiste em tudo que é representado pela vida eterna
não ser humano [...]. A regeneração, por sua natureza, é unicamente
uma obra de Deus. [...] A obra da regeneração pode ser atribuída ao
Espírito Santo, tão definitivamente quanto a obra da salvação pode
ser atribuída a Cristo (WALVOORD apud CHAFER, 2003, p. 457).
4.2 HABITA
Há diversas passagens bíblicas que, tratando da habitação do Espírito, revelam
que ele seja recebido no momento que uma pessoa crê em Jesus Cristo como Salvador.
A habitação do Espírito Santo é a base de todos os demais ministérios na vida daquele
que crê. Vamos observar alguns pontos importantes sobre esta questão. Observe alguns
versículos bíblicos que apresentam a habitação do Espírito Santo na vida da pessoa que crê:
Ef 1:13; Rm 8:9. Note, por exemplo, o texto da carta aos Efésios “Em quem
também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”.
O texto de Efésios fala que os que ouvem o evangelho e creem são “selados” com o
Espírito Santo da promessa. Os crentes de Éfeso podiam compreender perfeitamente
a ilustração do selo, pois Éfeso era porto do mar, com ativo negócio de madeiras. O
comerciante em madeiras vinha a Éfeso, selecionava e comprava sua madeira, e
selava-a com a marca reconhecida de que ela lhe pertencia. O Espírito Santo é o selo de
propriedade que Deus põe sobre uma vida humana; é o carimbo divino e a garantia da
herança eterna. Além destas passagens bíblicas, destacamos na sequência outras que
corroboram para isto:
João 14.16,17 – “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de
que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós”. Jesus se dirigindo aos discípulos fala que não os deixaria desamparados,
sozinhos, mas enviaria o “Consolador” – Espírito Santo. Observe que Jesus diz que ele
(Espírito Santo) não mais simplesmente habitaria com eles e sim estaria neles. Note a
diferença de habitar com e estar em. Aqui está uma verdade que distingue o ministério
do Espírito Santo na época presente (chamada de época da graça, ou da Igreja, ou
ainda do Espírito Santo) com a do passado, isto é, do Antigo Testamento. Naquela época
ele “apoderava-se” de qualquer pessoa (que cria ou não), para usá-la na realização da
sua vontade, e depois a deixava. Sua habitação não era permanente, como é na época
presente.
158
João 7.38,39 – “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que
nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não
havia sido ainda glorificado”. Jesus disse estas palavras antes do Espírito Santo vir para
iniciar o referido ministério. Podemos notar que a condição para receber o Espírito Santo
é “crer em Jesus”. A habitação do Espírito Santo estava na dependência da glorificação
de Jesus no céu. Jesus morreu, foi sepultado, ressuscitou e foi para o céu. Cinquenta
dias depois o Espírito Santo veio sobre os discípulos para habitar neles e em todos
aqueles que creriam em Jesus Cristo a partir daquele momento.
Como mencionado nessas versões anteriores, o Espírito Santo habita naqueles que
creem. É de se notar que não se faz menção de nenhuma condição para a permanência
do Espírito Santo na pessoa que crê. A Bíblia diz que o Espírito Santo pode ser resistido,
entristecido, apagado, porém isto não anula a promessa da sua habitação para sempre.
Esta habitação do Espírito é descrita nas Escrituras por meio do penhor, do selo
e da unção: Penhor: Aos Coríntios, Paulo escreveu “[...] que, também, nos selou e nos
deu o penhor do Espírito em nossos corações” (2 Cor 5:5). Um penhor é uma garantia
(sinal certo, prova, segurança) de que o pagamento será efetuado; um sinal que alguém
dá para assegurar um compra. Aquele que crê é possessão de Deus, comprado pelo
precioso sangue de Jesus (1 Co 6:19,20). Contudo, tem sido do agrado de Deus deixar
a sua propriedade no mundo por algum tempo. No entanto, não há perigo de perder o
que ele adquiriu por preço tão alto – seu próprio Filho. Sua propriedade está assegurada
pelo penhor do Espírito.
159
Unção: por fim, João na sua primeira carta, 1 João 2.20-27 salienta que o
Espírito, mesmo, é a unção. No Antigo Testamento os sacerdotes, profetas e reis eram
ungidos com óleo (conforme já mencionado no tópico anterior), símbolo do Espírito
Santo, significando a consagração da pessoa para a obra de Deus e o ministério do
Espírito Santo por meio de sua vida. O cristão da época presente é chamado por Pedro
de sacerdote (1 Pe 2:9), ministrando sob a direção do Sumo Sacerdote, Cristo (Hb 4:14).
Portanto, há necessidade duma unção para o desempenho do seu ministério. O Espírito
Santo é sua unção, por isso, ele pode servir no poder do Espírito que habita nele.
NOTA
A habitação do Espírito é descrita, nas Escrituras, por meio do penhor,
do selo e da unção.
4.4 ENCHE
Também chamada de “plenitude do Espírito”, a obra do Espírito Santo de encher
o cristão está baseada especialmente na passagem bíblica de Paulo aos Efésios, Ef.
5:18-20 “e não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do
Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor,
com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças pôr tudo a nosso Deus e Pai, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.
160
palavras, uma pessoa que foi regenerada, o Espírito Santo habita na sua vida, sendo
assim ela já está batizada no corpo de Cristo, ou seja, ações completas e que não tem
necessidade de se repetir. Não obstante, tendo agora o Espírito Santo na sua vida a
pessoa pode experimentar o enchimento – domínio, controle – várias vezes em sua
vida, aliás a orientação bíblica é para que ela viva agora sempre cheia do Espírito e ande
controlada pelo Espírito e não mais pela sua carne. De acordo com Bancroft (1992, p.
196), “há duas condições necessárias a sua realização: primeira, completa submissão de
vida; segunda, uma apropriação definida, por meio da fé”.
Há três passagens clássicas na Bíblia que tratam da questão dos dons: Rm 12:3-
7; 1 Cor 12; e Ef 4:11-13. Há outras passagens bíblicas que fazem referência aos dons, mas
estas primeiras são as mais utilizadas. Nenhuma das listas de dons é completa. Não é o
proposito aqui examinar minuciosamente cada um destes dons, somente fazer menção de
como é o Espírito Santo quem concede e equipa os cristãos para o serviço cristão.
FONTE: O autor
161
Além de conceder dons, o Espírito também dá poder aos discípulos de Cristo para
testemunhar (At 1:8). Não há testemunho eficaz do evangelho sem poder e não há poder
sem a operação do Espírito Santo. Conforme as Escrituras, a obra de Deus não é feita
na força do braço da carne, mas na virtude e no poder do Espírito Santo. Ele capacita a
igreja a romper barreiras culturais, étnicas e religiosas, a fim de que o evangelho chegue
até aos confins da terra. Ele concede poder aos cristãos para perdoarem seus inimigos e
amarem até aqueles que os perseguem. Ele dá poder aos que creem para pregar a toda
criatura e fazer discípulos de todas as nações. Sem o poder do Espírito Santo a igreja
não cumpre a grande comissão. Sem o poder do Espírito Santo a igreja não vive em
santidade nem caminha sua jornada rumo à glória.
A pessoa que crê, por intermédio de Jesus Cristo – que está a destra do Pai
–, chega à presença do altar ou do trono de Deus sob a direção e ação do Espírito
Santo e pode, por exemplo: orar, adorar, louvar e agradecer. Através da oração a pessoa
desfruta dessa experiência maravilhosa que, conforme Jesus é se dirigir ao “nosso Pai”
(Pai nosso) e como um filho expressar-se na mais intima e profunda comunhão, pois “é
a mediação de Cristo, perante o Pai, e a mediação do Espírito Santo, perante nós, que dá
esse alto privilégio de orarmos em nome de Jesus [...]” (GORDON apud BANCROFT, 1992,
p. 199). No entanto, além de orar, a pessoa pode adorar e louvar o Criador. “A adoração
é a veneração e a contemplação da criatura a seu Criador, Deus. Deve ser levada a
efeito em completa dependência da orientação do Espírito [...]” (BANCROFT, 1992, p.
199). Conforme Paulo “porque Dele (Deus), por Ele, e para Ele são todas as coisas! A Ele
seja a glória para sempre! Amém!” (Rm 11:36). Na adoração o foco está plenamente em
Deus. E, ainda, uma das formas de desfrutar da comunhão com Deus é expressando
gratidão. Paulo lembra que uma pessoa cheia do Espírito é agradecida “dando sempre
graças pôr tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:20). “A
vida cheia do Espírito é uma vida de ações de graças e de ações motivadas pela graça”
(BANCROFT, 1992, p. 200).
NOTA
A pessoa que crê, por intermédio de Jesus Cristo – que está a
destra do Pai –, chega à presença do altar ou do trono de Deus
sob a direção e a ação do Espírito Santo, e pode, por exemplo, orar,
adorar, louvar e agradecer.
162
4.7 PRODUZ O FRUTO DAS GRAÇAS CRISTÃS
Gal 5:22,23 – “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não
há lei”.
Esse fruto refere-se ao caráter cristão, não está relacionado com o serviço
cristão propriamente dito. Enquanto os dons estão relacionados ao serviço (capacitação
para o ministério), o fruto está relacionado com o caráter da pessoa. Pode-se dizer que
o fruto tem a ver com o caráter de Cristo na vida do cristão. Usando a expressão do
apóstolo Paulo, é “Cristo em nós”, ou “Cristo vive em mim”. Portanto, é o caráter de
Cristo transformando e moldando o caráter do cristão. Para Bancroft (1992, p. 199),
“toda verdadeira beleza de caráter, toda semelhança com Cristo em nós, é operação do
Espírito Santo. Ele é para o cristão o que a seiva é para a árvore – a fonte da vida e do
poder produtivos”.
NOTA
“A ressurreição é atribuída ao Espírito Santo, como, também, às
demais pessoas da Trindade. Ele faz retornarem, à vida, os nossos
corpos, depois da morte física” (BANCROFT, 1992, p. 200).
163
5 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO A JESUS
CRISTO E ÀS ESCRITURAS
A obra do Espírito Santo na vida de Jesus começa desde o seu nascimento. A
seguir, veremos de forma mais aprofundada a obra do Espírito Santo em relação a Jesus
e às escrituras.
164
Pela preparação de um corpo santo, me capacitaste a ser um sacrifício
pelo pecado. Em seu batismo Cristo foi ungido com o Espírito Santo
Lc 3.22, e recebeu do Espírito Santo dons habilitadores sem medida,
Jo 3.24 (BERKHOF, 1990, p. 89).
A morte não pôs fim ao plano redentor de Deus, e, novamente temos a ação do
Espírito Santo. De acordo com Bancroft “Jesus Cristo foi ressuscitado dentre os mortos
pelo poder coordenado do Deus Trino. Portanto, o Espírito Santo teve participação
proeminente em sua ressurreição” (BANCROFT, 1992, 202).
165
É importante destacar que, a obra da inspiração não era realizada por uma
força impessoal, por uma lei da natureza, ou pela providencia unicamente; mas o
Espirito imanente, que trabalhava nos corações e nos afazeres humanos, não somente
revelava a verdade de Deus, mas fez com que o Antigo Testamento fosse escrito, o
mais espantoso e importante documento que já foi produzido, a fim de portar em suas
páginas evidências inconfundíveis de que as mãos que o inscreveram foram guiadas
pelo resoluto, infinitamente sábio e infalível Espírito Santo (CHAFER, 2003). Conforme
Bancroft (1992, p. 203), ao se referir à inspiração das Escrituras, ele afirma que “quanto
às Escrituras do Antigo Testamento, temos declarações terminantes nesse sentido, e é
claramente subentendido e afirmado no tocante ao Novo Testamento”.
166
LEITURA
COMPLEMENTAR
O RELACIONAMENTO ENTRE PALAVRA, FÉ E ESPÍRITO
Ezequiel Hanke
Deus vem ao mundo e traz à humanidade a salvação por meio do Cristo, que
continua com os crentes, e os crentes com Ele por meio do Evangelho, testemunho
tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Nas palavras de Lutero é “was Christum
treibet”, aquilo que promove a Cristo.
Tanto a palavra que consta escrita (nas Escrituras) quanto a palavra falada (culto,
pregação) são palavras externas, e assim formam uma espécie de comunicação mística
entre o Espírito de Deus e o espírito do crente, ou seja, da mesma forma como Cristo se
tornou humano, assim ele vem à humanidade por meios humanos, ou seja, pela palavra
externa e pela palavra interna. Althaus resume Lutero e aponta “1) O Espírito não fala
sem a palavra; 2) o Espírito fala através da e na palavra”.
[...] Mas Deus sozinho, por meio de seu Espírito, opera em nós tanto
o mérito quanto o prêmio; contudo, indica e dá a conhecer ambos ao
mundo todo por meio de sua palavra externa, de sorte que também
junto aos ímpios, aos incrédulos e aos ignorantes se anunciam sua
potência e glória e nossa impotência e ignomínia, ainda que apenas
os piedosos percebam isso em seu coração e somente os fiéis o
compreendam, ao passo que os restantes o desprezam (OSel. 4, p.
11-216, à p. 113).
Assim sendo, podemos constatar que, para Lutero o Espírito não fala sem a
palavra, fala justamente na palavra e através dela. Isto significa que Deus não dá a sua
palavra ao crente de forma direta, mas sim, por meios externos:
[...] Diremos que foi desta maneira que agradou a Deus conceder
o Espírito: não sem a palavra, mas por meio da palavra, a fim de
que nos tenha como seus cooperadores [Cf. 1 Co 3.9] contanto
que proclamamos exteriormente o que apenas ele mesmo inspira
interiormente onde quer que lhe aprouve – coisas que, apesar disso,
poderia fazer sem a palavra, porém não quer [...] (OSel. 4, p. 11-216,
à p. 112).
167
Dado isso, podemos também constatar nestas palavras uma afirmação contra
osentusiastas, e não por último, em relação ao próprio papado. Dessa forma, já vamos
também nos encaminhando para o próximo ponto onde iremos tratar da fé do crente,
que vem somente pela obra do Espírito Santo – que atua pela palavra externa, e, por
isso, justifica-se a importância da palavra de Deus. Caso o Espírito estivesse livre da
palavra, isto significaria a admissão de outro caminho para a salvação, fora do Evangelho,
mas o fato de que o Espírito age por meio da palavra, quer enfatizar e deixar claro uma
vida ligada à de Jesus Cristo e significa a comunicação de Deus em lei e evangelho, já
o contrário pode significar uma infinidade de coisas. É também preciso afirmar que a
palavra não é algo exterior, no entanto, permanece enquanto tal. Muito pelo contrário,
a palavra penetra no coração do crente, mas chega ao coração através da palavra,
trazendo Cristo consigo. A essa interdependência, novamente Lutero pretende afirmar
que não é possível receber o Espírito sem receber a palavra de Deus, sendo que assim
Deus fala ao coração humano. A tarefa da pessoa que prega é garantir a proclamação
da tensão entre lei e evangelho.
Lutero sabia que o Espírito pode trabalhar “sem meios”, mas dava ênfase na
palavra para evitar as técnicas entusiastas de preparo da alma para receber o Espírito de
modo a insistir sempre que “Deus vem a mim sem qualquer preparo ou ajuda de minha
parte.” Foi dessa forma que o reformador procurava preservar o fato de que o Espírito
possui plena liberdade e ao mesmo tempo está Deus amarrado a si na palavra.
Portanto, a pergunta pela obra e ação do Espírito está clara: Palavra – pela Palavra
o Espírito age no ser humano. No entanto, permanece a pergunta pelo relacionamento
entre Espírito e Palavra. Estariam intimamente ligadas da forma que, onde está a palavra
ali está o Espírito? Ou pode a palavra ser sem o Espírito e o Espírito agir sem a palavra?
Uma vez isso, queremos, também, esclarecer o que Lutero entende por palavra e como
se dá esse relacionamento.
168
dialética: letra – espírito, e, lei – evangelho, é fundamental quando se trata da Palavra,
já que, como um todo, Lutero visava à palavra com seu pensar teológico, desenvolvido
na forma de dois princípios hermenêuticos.
Para Lutero, o crente não deveria se contentar apenas com a letra e a palavra
ouvida, mas antes procurar escutar o próprio Espírito Santo. Assim sendo, não é
exatamente a palavra externa que concede a ação interna. A palavra enquanto letra
anunciada é instrumento do Espírito que escreve palavras vivas no coração humano (viva
vox Evangelii). Aquilo, pois, que a voz expressa de forma falada (vocaliter) é compreendido
de forma vivencial (vitaliter) pelo coração humano, sendo o Espírito aquele que está
oculto na própria letra.
Dessa forma, devemos compreender que a letra é antes a lei que representa a
ira de Deus e o Espírito é a boa nova que revela a graça divina. Assim, o Espírito Santo é
a presença que torna viva (viva vox) a palavra, ao contrário da letra morta. Para Ebeling,
a compreensão das Escrituras tem a ver com a ideia de progressão constante, e dessa
forma a letra morta se torna Espírito vivo e atuante no crente.
É justamente por isso que o teólogo Oswald Bayer afirma que viver no Espírito
significa viver pela fé, sendo que Espírito e fé são a mesma coisa. Assim, confirma-se a
compreensão do Espírito, que é ligado ao Cristo – e então nasce a relação entre palavra e fé.
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indicar uma impressão superficial [...]”. Em decorrência desse embate, o reformador
de Wittenberg rejeitou a compreensão da possibilidade de uma recepção mística do
Espírito por parte do crente antes da palavra externa, e rejeitou a concepção de que o
Espírito precede a palavra externa. Para Lutero, Deus age “[...] pelo exterior que deve
e necessita preceder. O que é interior vem depois, através do exterior”. Dessa forma,
entende-se que Deus não quer dar o Espírito e a fé sem a palavra.
Lutero procura enfatizar que a vinda da fé acontece por meio das letras, pelo
sentido simples das palavras – opondo-se à alegoria, pois a palavra é clara e dá a certeza
da fé ao crente, sendo que a função da letra é servir o Espírito e a fé. Existe, no entanto,
uma relação entre o Espírito vivo e a letra da Escritura, e nisto consiste a autoridade do
Deus vivo. Foi essa simultaneidade que Lutero teve em mente ao pensar a relação entre
Espírito e letra.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O Espírito Santo convence ao mesmo tempo que faz surgir um raio de luz, revelando
uma solução e um meio de escape.
• A pessoa que crê, por intermédio de Jesus Cristo – que está a destra do Pai –, chega,
à presença do altar ou do trono de Deus, sob a direção e a ação do Espírito Santo, e
pode, por exemplo, orar, adorar, louvar e agradecer.
• Com relação à obra do Espírito, vimos que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo,
guiado e depois ressuscitado por sua ação.
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AUTOATIVIDADE
1 Deus é um ser triúno. Precisamos ressaltar que em cada manifestação das obras de
Deus, a Trindade se mostra ativa: o Pai é o autor, o Filho é o executor e o Espírito é o
ativador de cada ato. Por conseguinte, o Espírito Santo é aquele que ativa e leva a
término os atos iniciados. Qual das obras a seguir refere-se à ação do Espírito Santo
no mundo? Assinale a alternativa CORRETA:
2 A obra do Espírito Santo é feita conjuntamente. Com relação à obra do Espírito aos
que creem, leia as sentenças a seguir:
4 A obra do Espírito Santo abrange vários aspectos. Entre eles encontra-se a sua ação
sobre a vida de Jesus Cristo enquanto esteve aqui no mundo. Tendo isso em mente,
disserte, agora, sobre como o Espírito agiu na vida de Jesus Cristo.
5 A obra do Espírito Santo iniciada no coração daqueles que não creem prossegue.
Uma vez que a pessoa é convencida pelo Espírito e chega ao arrependimento várias
“obras” do Espírito Santo são realizadas na sua vida. Disserte sobre as obras do
Espírito Santo na vida daqueles que creem.
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REFERÊNCIAS
A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Editora
Hagnos, 2002.
LUTERO, M. Da vontade cativa. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1993.
p. 11-216.
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TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento grego. 8. ed. Rio de Janeiro: Juerp,
1986.
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