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Adultez e
Velhice
Prof.ª Maria Clara Alves de Barcellos Fernandes
Prof.ª Talita Fernanda da Silva
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Maria Clara Alves de Barcellos Fernandes
Prof.ª Talita Fernanda da Silva
F363p
ISBN 978-65-5646-533-3
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Bem-vindo ao Livro Didático Psicopatologia: adultez e velhice!
Bons estudos!
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ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
TÓPICO 1 - PSICOPATOLOGIA................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 3
2 COMPREENDENDO PSICOPATOLOGIA ...............................................................4
2.1 PSICOPATOLOGIA: NORMALIDADE X ANORMALIDADE................................................5
3 COMPREENDENDO A RELAÇÃO DE PSICOPATOLOGIA COM
DESENVOLVIMENTO HUMANO................................................................................ 7
3.1 DESENVOLVIMENTO HUMANO: DA INFÂNCIA À VELHICE.........................................10
3.1.1 Relacionando desenvolvimento humano e a psicopatologia..........................14
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE.....................................................................................................17
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 51
TÓPICO 2 - ALZHEIMER......................................................................................... 67
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 67
2 ALZHEIMER: COMPREENDENDO A PATOLOGIA, DEFINIÇÃO E CAUSAS............ 67
2.1 DEFININDO E COMPREENDENDO A DOENÇA DE ALZHEIMER................................68
2.2 CAUSAS DA DOENÇA DE ALZHEIMER.......................................................................... 70
2.3 EVOLUÇÃO DO ALZHEIMER............................................................................................. 71
3 ALZHEIMER: CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS................................................ 74
4 ALZHEIMER: AVALIAÇÃO E TRATAMENTO........................................................ 76
4.1 AVALIAÇÃO DO ALZHEIMER..............................................................................................76
4.2 TRATAMENTO DA DOENÇA DE ALZHEIMER.................................................................77
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................... 79
AUTOATIVIDADE....................................................................................................80
TÓPICO 3 - PARKINSON.........................................................................................83
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................83
2 PARKINSON: COMPREENDENDO A PATOLOGIA, DEFINIÇÃO E CAUSAS........... 84
2.1 DEFININDO E COMPREENDENDO A DOENÇA DE PARKINSON ...............................84
2.2 DOENÇA DE PARKINSON: CAUSAS E EVOLUÇÃO......................................................86
3 PARKINSON: CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS................................................87
4 PARKINSON: AVALIAÇÃO E TRATAMENTO.......................................................89
RESUMO DO TÓPICO 3...........................................................................................92
AUTOATIVIDADE....................................................................................................93
REFERÊNCIAS......................................................................................................109
REFERÊNCIAS......................................................................................................154
UNIDADE 1 -
COMPREENDENDO
PSICOPATOLOGIAS E
O DESENVOLVIMENTO
HUMANO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – PSICOPATOLOGIA
TÓPICO 2 – PSICOPATOLOGIA: VIDA ADULTA
TÓPICO 3 – PSICOPATOLOGIA: VELHICE
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
PSICOPATOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Vale destacar que não importa o contexto em que o psicólogo exercerá sua
profissão. Seja no contexto educacional, clínico (representado na Figura 2), hospitalar,
organizacional, entre outros, o profissional sempre exercerá ações e intervenções
diretamente com pessoas.
3
FIGURA 2 – PSICOLOGIA CLÍNICA
ESTUDOS FUTUROS
Você estudará o desenvolvimento humano neste tópico e compreenderá
melhor a relação deste com as psicopatologias, principalmente focando na
vida adulta e velhice.
2 COMPREENDENDO PSICOPATOLOGIA
Antes de iniciarmos a discussão e reflexão a respeito de Psicopatologia e
Patologia faz-se aqui uma advertência: para estudantes de Psicologia, é comum durante
o estudo da psicopatologia e/ou patologias verem em si mesmas os sintomas ou sinais
de transtornos mentais (ATKINSON et al., 2007).
4
2.1 PSICOPATOLOGIA: NORMALIDADE X ANORMALIDADE
A psicopatologia, na essência da palavra, segundo Ceccarelli (2005, p. 471,
grifos nossos):
[...] a psychê é alada; mas a direção que ela toma lhe é dada pelo
pathos, pelas paixões. Médico é aquele – diz Platão no Banquete
– que está sempre atento ao pathos, às paixões, pois as doenças
apresentam-se como um excesso de paixões. Como tal, cuida de
Eros doente. Doente pelo excesso (pelo excesso pulsional).
Assim, este é um exemplo do quanto é necessário ficar atento com aquilo que
aparentemente é fora da norma estatisticamente, e compreender outros componentes
e características que podem ajudar a compreender a respeito da anormalidade e
normalidade. Para essa discussão e reflexão, vale mencionar aqui outros aspectos,
como: desvios das normas sociais, inadaptação de comportamento e sofrimento
pessoal (ATKINSON et al., 2007).
5
A respeito do primeiro, toda sociedade possui padrões ou normas aceitáveis
de comportamentos, assim aquele que se desviam do esperado, dentro das normas é
considerado patológico, e então “anormal”. Porém, nesse aspecto, também entram os
aspectos culturais e estilo de vida, pois o que pode ser aceitável em uma sociedade,
pode não ser aceitável em outra sociedade (ATKINSON et al., 2007).
6
FIGURA 3 – “NORMAL” OU “PATOLÓGICO”?
Até aqui foi discutido sobre anormalidade, mas também é preciso entender
e estudar a respeito da normalidade. A normalidade está relacionada com bem-estar
emocional, e existem características que estão relacionadas, como: preocupação
adequada da realidade; capacidade de exercer controle voluntário sobre o
comportamento; autoestima e aceitação; capacidade de formar relacionamentos
afetivos; e produtividade (ATKINSON et al., 2007).
7
FIGURA 4 – GESTAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO HUMANO
8
Dessa maneira, conforme a Figura 5, durante o ciclo da vida, muitas são as
mudanças que vão ocorrendo com o ser humano, como por exemplo: mudanças na fala
(tom da voz, palavras formadas, frases formadas, construção de argumentação etc.),
correr, equilibrar, altura e estatura, peso, formato do corpo. Mas, também ocorrem as
mudanças no desenvolvimento cognitivo, como por exemplo: inteligência, pensamento,
aprendizagem, percepção, atenção, motivação, entre outros aspectos que estão
relacionados à cognição, que vão se modificando ao longo do desenvolvimento.
Dessa maneira, Jean Piaget, Henri Wallon, Lev Vygotsky, que são autores
clássicos do desenvolvimento humano, buscam compreender os comportamentos
esperados em cada período do ciclo da vida, sendo que desses autores alguns se
interessam por todos os períodos e alguns tem um maior interesse na infância.
FIGURA 6 – INFÂNCIA
9
O profissional precisa entender os comportamentos, as capacidades e as
habilidades relacionadas a cada um dos períodos da vida, porque os comportamentos
que são considerados frágeis no olhar do profissional para o paciente, podem dizer muito
a respeito do que o paciente esteja vivenciando, pois muitas vezes o comportamento
sinaliza um sintoma ou característica de uma determinada psicopatologia.
IMPORTANTE
Para compreender o desenvolvimento adulto e da velhice é necessário
entender as etapas anteriores a esse desenvolvimento, como o
desenvolvimento da infância, adolescência e juventude, pois o avanço das
habilidades e capacidades estão relacionados entre as fases da vida e que
podem estar relacionadas a psicopatologia.
10
FIGURA 7 – DESENVOLVIMENTO INFANTIL
11
Posteriormente, ocorre a segunda infância, conhecido como um período de
latência, na qual está a faixa etária após aos seis anos de idade até aproximadamente dez
anos de idade, e que estão os momentos de conflito entre a criança e os responsáveis,
e aqui não seria apenas a criança e os pais, mas a criança e um professor por exemplo
(BEE; BOYD, 2009).
FIGURA 9 – ADOLESCÊNCIA
12
Na vida adulta, como demonstrado na Figura 10, os indivíduos estão com o
corpo físico mais desenvolvido, compreende-se mais a respeito do si, do que em outras
fases da vida, existe uma autonomia e maturidade frente aos aspectos de trabalho e
educacional, porém a vida adulta é uma fase que comporta diferente faixas etárias.
IMPORTANTE
Para compreender a psicopatologia no adulto, faz-se necessário
entender o desenvolvimento adulto, pois o avanço das habilidades
e capacidades estão relacionados durante toda a vida, inclusive
nessa fase.
13
Diante do exposto, você acadêmico compreenderá a seguir de maneira
aprofundada a respeito da vida adulta.
Ainda, Sroufe (1997) relata que os transtornos psicológicos tem a sua origem
a partir das relações interpessoais e dimensionais, que são complexas, assim muitas
são as características dos indivíduos que estão nas relações, como: fatores biológicos,
fatores genéticos e fatores psicológicos, e por sua vez, também se convergem com as
características ambientais (cuidado parental, relacionamentos interpessoais, exposição
a eventos estressantes) e também com fatores sociais, como por exemplo: rede de
apoio social, nível socioeconômico etc.
Para Polanczyk (2009, p. 11), “[...] cabe a cada investigador avaliar criticamente
a utilização desse modelo conceitual. A psicopatologia desenvolvimental refuta a
ideia de que fatores de risco atuam de forma isolada e não se satisfaz apenas com
a identificação de associações ou correlações”. Portanto, para compreender uma
psicopatologia, também é preciso compreender o desenvolvimento humano, como
visto aqui na perspectiva psicopatologia desenvolvimental o indivíduo é um ser que
passa por um processo de desenvolvimento contínuo, e nesse processo podem ocorrer
situações e vivências que devem ser verificadas e avaliadas, pois podem contribuir para
o desenvolvimento de psicopatologias.
14
Mas ainda, como visto nesse tópico, para um determinado comportamento
ser compreendido como patológico, muitos aspectos relacionados a normalidade e
anormalidade precisam ser avaliados e interpretados.
IMPORTANTE
A perspectiva psicopatologia desenvolvimental busca compreender e
defender que há continuidade no processo de desenvolvimento e os
transtornos mentais.
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
16
AUTOATIVIDADE
1 A psicopatologia, mais do que o estudo dos transtornos mentais, busca estudar
o discurso sobre o sofrimento psíquico, para, então, conhecer os sintomas
e características das patologias. É por meio das descrições dos sintomas e
características que o psicólogo pode realizar avaliação. A respeito da psicopatologia,
quanto aos aspectos da anormalidade, assinale a alternativa CORRETA:
17
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 Erik Erikson, psicanalista, conhecido por ser um dos estudiosos e precursor de Anna
Freud, estudou não apenas a psicanálise, mas o desenvolvimento humano, e após
isso desenvolveu uma série de obras que contribuíram para a Psicologia enquanto
ciência e profissão. Disserte sobre quais as nomenclaturas que utilizou para explicar
a respeito de vida adulta e velhice.
18
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
PSICOPATOLOGIA: VIDA ADULTA
1 INTRODUÇÃO
Como já abordado no Tópico 1, existe uma complexidade para diagnosticar e
definir um comportamento como patológico, isto porque muitos são os critérios que
devem ser investigados na busca da compreensão entre um comportamento normal e
anormal, e ainda, para além dos critérios está a relação do comportamento apresentado
com o processo de desenvolvimento daquele indivíduo.
19
FIGURA 12 – PESSOAS E A VIDA ADULTA
20
Conforme Picirilli (2018), em 1927, Anna Freud iniciou uma escola a respeito
da psicanálise, na qual realizada orientações, bem como trabalhava com crianças
e com tema da infância, então Erikson também envolvido com o ensino infantil,
passou a reconhecer a importância das brincadeiras na compreensão do ego e de seu
desenvolvimento.
Assim, todos os estudos de Erikson contribuem para sua teoria, e para com-
preender o desenvolvimento humano, bem como a vida adulta e a velhice. Compreen-
deremos, a seguir, o desenvolvimento segundo Erikson, aprofundando na vida adulta.
NOTA
Para um futuro psicólogo, importante compreender a teoria de Erik
Erikson a respeito da vida adulta, pois esse é um dos autores que mais
abordam essa fase da vida, e nos contextos profissionais do psicólogo
muitas vezes terá esse público (adulto) para ser atendido.
21
2.1.1 Desenvolvimento humano: vida adulta e
psicopatologias
O estudioso Erik Erikson em sua teoria do desenvolvimento psicossocial
abordou oito fases do desenvolvimento humano. As fases mencionadas pelo autor,
são: sensorial (do nascimento até por volta de 18 meses), muscular (dos 18 meses
aos 3 anos, aproximadamente), motor (dos 3 aos 5 anos), latência (dos 5 aos 13 anos),
moratória psicossocial (dos 13 aos 21 anos), maioridade jovem (dos 21 aos 40 anos,
aproximadamente), meia-idade (40 anos até, aproximadamente, 60 anos), maturidade
(após 60 anos).
Dessa maneira, como nesse tópico o estudo é a respeito da vida adulta, faz-
se aqui o foco na compreensão de Erikson nessa fase. Portanto, a fase 6, chamada
de maioridade jovem, corresponde dos 21 anos aos 40 anos, aproximadamente. Nesse
período, a crise do adulto jovem se configura entre a intimidade e solidariedade versus
isolamento.
Para Erikson (1998), o indivíduo anseia e dispõe-se a fundir a sua identidade com
a de outros, estando preparado para a intimidade, com isso o sujeito tem a capacidade
de confiar e ser fiel, mesmo que isso implique em deixar suas próprias vontades, se
esforçar pelo outro.
Conforme destaca Boyd e Bee (2009), essa é uma fase marcada por estabelecer
relacionamentos íntimos, incluindo a vivência de casar e construir seu próprio grupo
familiar, ou seja, no início da idade adulta, o desenvolvimento bem-sucedido requer a
capacidade de renunciar suficientemente à identidade independente para comprometer-
se em uma relação verdadeiramente íntima.
22
FIGURA 14 – MEIA-IDADE
Nesse sentido, Gonçalves e Heldt (2009) relatam que, ao avaliar sintomas, carac-
terísticas e até mesmo traços de psicopatologia no adulto, é importante compreender o
histórico da infância. Por exemplo: a ansiedade é uma das mais observadas na infância,
e que pode agrava com o avanço da idade, tornando-se patológica na vida adulta.
23
Gonçalves e Heldt (2009) apresentam que no caso da ansiedade, para mini-
mizar riscos psicopatológicos na vida adulta, bem como a presença de sintomas ou
desconfortos que possam agravar para um quadro clínico é relevante que os problemas
associados à perturbação de ansiedade, na infância, sejam alvo de avaliação e interven-
ção nessa mesma fase de desenvolvimento (infância ou quando ela aparecer) ou o mais
cedo possível, com o fim de evitar consequências à vida adulta. Este aspecto de cuidado
e intervenção deve ocorrer com qualquer sintoma psicopatológico.
DICA
Para compreender a psicopatologia apresentada na vida adulta,
faz-se necessário entender a história de vida no indivíduo e o
processo de desenvolvimento até aquela determinada faixa-etária.
Ainda, é importante compreender a relação da especificidade
daquele momento do desenvolvimento com os sintomas e queixas
apresentadas pelo paciente.
24
A presença de sintomas relacionados a ansiedade no indivíduo adulto é comum,
bem como a presença de sintomas da ansiedade foram desenvolvidas ao longo da
infância, mas que não foram avaliadas ou que não teve a intervenção necessária, isto é
mencionado por Gonçalves e Heldt (2009), os quais destacam que a psicopatologia do
adulto tem sempre, ou quase sempre, a presença de sintomas de ansiedade, iniciada na
infância, que não foi devidamente, alvo de intervenção profissional, no momento da sua
origem. A complementar:
Manfro et al. (2002) destacam que, na maioria dos casos, além dos sintomas
de ansiedade, é comum que, problemas menos bem resolvidos na infância, estendam
para desenvolver, e assim a longo prazo, os sintomas ou características vão para a vida
adulta, e grande parte estão relacionados à depressão na vida adulta.
Portanto, como visto nesse tópico, é comum os autores relatarem que a maioria
das psicopatologias da vida adulta está associada a um padrão de comorbidades
desenvolvidas ainda na fase da infância do ciclo vital (MANFRO et al., 2002). A seguir,
você entenderá a respeito de ansiedade e depressão.
3.1 ANSIEDADE
A ansiedade está muito relacionada a preocupação, porém na vida adulta é
comum e até esperado que se tenha preocupação com algumas situações e vivências,
como por exemplo, preocupação em realizar todas as funções do trabalho, preocupação
que os filhos tenham saúde, porém a ansiedade quanto a psicopatologia é muito mais
do que uma preocupação do cotidiano.
Costa et al. (2019, p. 93) apontam que “[...] os transtornos de ansiedade geral-
mente prejudicam a vida diária dos indivíduos, pois muitos deixam de realizar atividades
rotineiras por medo das crises ou sintomas”. Segundo Baxter, Scott e Whiteford (2013),
por meio de uma revisão da literatura com 87 estudos, foi verificado que, em 44 países,
a prevalência atual dos transtornos de ansiedade é cerca de 7,3% (4,8%-10,9%).
25
Com isso, a sensação de ansiedade pode ser tão desconfortável que, para evitá-
la, as pessoas deixam de fazer atividades/ações do cotidiano, como por exemplo: usar o
elevador, realizar uma leitura em silêncio, ter atenção em uma orientação, isto por causa
do desconforto que sentem com a situação, ou uma agitação frente a preocupação
e medo que levam a não ter atenção, concentração e/ou uso da percepção, tudo
dependerá do caso e situação.
FIGURA 15 – ANSIEDADE
26
O tratamento com o uso de medicamentos, sempre com acompanhamento e
receita médica, normalmente envolvendo médicos psiquiatras, ou médicos especialistas
que tenham compreendido a situação, vivência e sintomas do paciente relacionados a
ansiedade; os atendimentos psicológicos.
GIO
Atualmente existem instrumentos psicológicos, como testes e escalas
psicológicos que podem auxiliar o psicólogo na investigação e
diagnóstico do transtorno de ansiedade.
3.2 DEPRESSÃO
A “[…] depressão é um transtorno multifatorial, de alta prevalência, considerada
um problema de saúde pública mundial. Diversas são as variáveis implicadas no
desenvolvimento e manutenção deste transtorno, como as psicológicas, sociais e
biológicas” (BARROSO; BAPTISTA; ZANON, 2018, p. 26).
27
autoestima, e diante desse cenário, ocorre sono e apetite alterados. Alguns indivíduos
apresentam um cansaço sem explicação, e alteração de algumas funções, como, falha
na memória, alteração na atenção e concentração.
Segundo Thorsen et al. (2013 apud BARROSO; BAPTISTA; ZANON, 2018, p. 26):
“A depressão maior se caracteriza por humor rebaixado persistente e perda de interesse
em atividades prazerosas, gerando grande prejuízo funcional e social, anos de vida
perdidos ou vividos com incapacidade, além de agravar os sintomas de outras doenças”.
A depressão é uma patologia com causas multifatoriais, que incluem aspectos de
personalidade, sociais e de relacionamentos interpessoais, não podendo ser atribuída
a uma causa única.
FIGURA 16 – DEPRESSÃO
Dessa maneira, indivíduos com depressão podem ter várias e diferentes queixas
físicas sem nenhuma causa aparente. Ainda, a depressão pode ser apresentada com
longa duração ou até mesmo algo mais breve, mas sempre acaba gerando prejuízos
em relação à execução de atividades rotineiras, do trabalho ou da escola. Importante
mencionar que em estado mais grave, a depressão pode levar ao suicídio.
28
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, [2021?], n.p.):
NOTA
O trabalho de psicólogos com médicos psiquiatras pode contribuir com
pacientes diagnosticados com depressão, no tratamento combinado com
psicoterapias (atendimentos psicológicos) e medicações específicas para
os sintomas de depressão.
3.3 ESTRESSE
A sociedade atual vivencia uma série de mudanças que impacta no cotidiano
dos indivíduos, e para conviver e enfrentar as mudanças e os seus impactos, os
indivíduos vivem o tempo todo se adaptando com as situações, pessoas, tecnologia,
entre outros aspectos. Por isso, é preciso que os indivíduos se movimentem o tempo
todo, com energia física e psíquica para se adaptar (SILVA; CARMO; OLIVEIRA, 2018).
29
Seguindo esse ponto de vista, o estresse nada mais é que uma
reação que o organismo realiza para adaptar a um evento ou uma
situação que é desconfortável e/ou inesperada, por isso é uma
reação que exige muito do organismo, e isto ocorrerá por meio de
componentes físicos, psicológicos, emocionais e fisiológicos” (SILVA;
CARMO; OLIVEIRA, 2018, n.p.).
O modelo trifásico do estresse recebe esse nome por identificar que o or-
ganismo passaria por três fases no processo do estresse, sendo pelas fases: alerta,
resistência e exaustão. A fase de alerta inicia quando o indivíduo se depara com uma
situação que gera o estresse, ou seja, uma situação que o organismo precisa se adap-
tar, podendo ocorrer uma “fuga” ou “luta” diante a situação (LIPP; MALAGRISS, 2001).
Segundo Lipp e Malagriss (2001), o estresse é uma das causas mais comuns de
doenças relacionadas ao trabalho, apresentando impactos à saúde mental e física do
trabalhador, porém cada indivíduo tem formas diferentes de reagir ao enfrentamento do
estresse e as consequências que vem dele.
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O estresse é uma reação que o organismo realiza para adaptar a um evento ou uma
situação que é desconfortável e/ou inesperada, por isso é uma reação que exige
muito do organismo, e isto ocorrerá por meio de componentes físicos, psicológicos,
emocionais e fisiológicos.
31
AUTOATIVIDADE
1 A respeito do desenvolvimento humano, um grande estudioso, por meio de sua
teoria nomeada como teoria do desenvolvimento psicossocial, abordou as fases
maioridade jovem – dos 21 aos 40 anos, aproximadamente, meia-idade – 40 anos
até, aproximadamente, 60 anos, maturidade – após 60 anos. Sobre o autor dessa
teoria, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Erik Erikson.
b) ( ) Lev Vygotsky
c) ( ) Anna Freud.
d) ( ) Sigmund Freud.
3 A depressão é uma patologia que vem sendo destaque na população adulta, atingindo
milhões de pessoas, não apenas no Brasil, mas em diferentes países do mundo. Assim,
a Psicologia tem estudos na área não apenas com pessoas que são diagnosticadas
com depressão, mas com familiares de pessoas depressivas. A respeito da depressão
em pacientes adultos, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
32
( ) A depressão pode ter múltiplas queixas físicas sem nenhuma causa aparente.
( ) No tratamento de depressão a família e amigos não podem apresentar grandes
contribuições.
( ) A depressão pode se apresentar de modo leve, moderado e grave. No modo grave
é possível o uso de medicamentos.
33
34
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
PSICOPATOLOGIA: VELHICE
1 INTRODUÇÃO
Portanto, nesse momento, neste tópico, você conhecerá mais a respeito da ve-
lhice, entendendo os aspectos do desenvolvimento humano nessa fase da vida, bem
como reconhecendo os aspectos saudáveis da velhice, e reconhecendo as psicopa-
tologias que podem aparecer nesse momento do desenvolvimento, como a demência.
Porém, quando se fala nos tempos atuais muito dessa imagem já mudou, como
demonstra a Figura 17, pois a velhice não é apenas uma fase em que os indivíduos estão
aposentados e com todos os sonhos realizadas, pois os idosos estão ativos, possuem
amigos, praticam esportes etc.
35
FIGURA 17 – VELHICE EM TEMPOS ATUAIS
Isto vai de encontro ao que menciona Schneider e Irigaray (2008, p. 586): “[...]
as associações negativas relacionadas à velhice atravessaram os séculos e, ainda hoje,
mesmo com tantos recursos para prevenir doenças e retardá-la, é temida por muitas
pessoas e vista como uma etapa detestável”.
NOTA
A velhice é uma fase que os indivíduos continuam ativos, muitos
trabalhando, praticando esportes, mas com uma maior maturidade.
36
2.1 DESENVOLVIMENTO HUMANO NA VELHICE
Você verificou no Tópico 2, que o estudioso Erikson em sua teoria do
desenvolvimento psicossocial abordou oito fases/períodos para compreender o
ciclo de vida, assim correspondente a fase adulta e velhice, o teórico mencionou:
maioridade jovem – dos 21 aos 40 anos, aproximadamente, meia-idade – 40 anos até,
aproximadamente, 60 anos, maturidade – após 60 anos. Assim, vamos compreender
aqui a respeito da fase maturidade.
Todavia, outros autores também abordam a respeito dessa fase, bem como
abordam conceitos e termos dessa fase da vida, como termo idosos jovens e idosos
velhos. Contudo, Picirilli (2018) aborda que a diferenciação de termos e conceitos tem
37
sua importância, mas é importante ressaltar que as experiências contam mais do que
as divisões etárias e estão relacionadas à subjetividade e ao contexto sociocultural, que
isto precisa ser compreendido nessa fase.
1. idade cronológica (são os anos de vivência de uma pessoa, ou seja, o quanto que a
aquela pessoa viveu desde quando ela nasceu);
2. idade biológica (definida pelas mudanças do corpo e do psicológico que ocorrem ao
longo da vida);
3. idade social (composta por hábitos e características esperadas socialmente por
uma idade, assim está atrelado aos papéis sociais que todo indivíduo ocupa);
4. idade psicológica (pode ser utilizada em dois sentidos, à capacidade psicológica
esperada para idade cronológica, como, percepção, memória, aprendizagem, e o
outro se refere a subjetiva de idade, sendo como o indivíduo se avalia em relação às
outras pessoas com idades igual ou próxima a pessoa).
Com isso, “[...] a pessoa mais velha, na maioria das vezes, é definida como idosa
quando chega aos 60 anos, independentemente de seu estado biológico, psicológico
e social” (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008, p. 586). Ainda, a variabilidade de cada pessoa,
como a genética e a ambiental, acaba impedindo o estabelecimento de parâmetros,
então somente do tempo, na idade cronológica, como medida, e a idade em si, também
acaba não determinando o envelhecimento, e não sendo uma referência para a avaliação
(SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008).
38
Em relação aos países, em especial o Brasil, este não é mais um país de
jovens, mas um país que está envelhecendo, então é preciso que a sociedade reveja a
compreensão a respeito de velhice e processo de envelhecimento, ainda é necessário
compreender os aspectos saudáveis da velhice e que fazem parte dessa fase da vida,
para assim mudar a visão sobre envelhecimento e seus estereótipos.
DICAS
A velhice é uma fase da vida que não vem apenas com perdas, mas com
muita sabedoria e conhecimento.
Outro aspecto comum nos idosos, é que eles são mais propensos a perderem
os dentes, porém esse e outras situações podem ser evitadas ou já possuem melhores
recursos nos tempos atuais. Assim, no aspecto perda dos dentes, é possível consultar
um dentista regularmente, bem como ter cuidados em casa, como escovar os dentes
com frequência, usar fio dental para os dentes após refeições etc.
39
Quanto aos órgãos do sentido, como, visão, audição, paladar, olfato, sofrem al-
terações, porque ocorrem alterações no paladar, então os sabores considerados azedos
e amargos são os mais afetados e sendo maior presenciados no paladar, além da dimi-
nuição do olfato; diminuição da audição, mas, nesse último podendo utilizar do recurso
do uso de aparelho auditivo, que contribui para uma melhor escuta (CARDOSO, 2009).
Em relação à pele, ela fica com a textura mais frágil, isto porque há uma
diminuição da produção de colágeno no organismo, que tem a funcionalidade de tornar
a pele menos elástica, e ainda há a diminuição da água, que torna a pele mais ressecada,
sendo mais fácil o surgimento de hematomas (CARDOSO, 2009).
Na Figura 19, a figura demonstra a diferença da pele de uma pessoa mais velha,
assim sendo perceptível as marcas de expressão, rugas, devido à falta de elasticidade,
menor produção de colágeno etc.
Assim, até aqui você teve um panorama, das mudanças físicas que vão
ocorrendo no desenvolvimento durante a velhice, consideradas esperadas, saudáveis,
porém também ocorrem mudanças mentais. Entretanto, com o avanço da idade, pode
ocorrer um declínio leve na função mental, como um esquecimento, e é considerado
esperado e dentro do envelhecimento normal (TISSER; COIMBRA, 2019).
40
Ao contrário, no entanto, do que ocorre na chamada demência, na qual o
esquecimento e a perda de memória é muito mais do que os exemplos aqui mencionados
(TISSER; COIMBRA, 2019), e você compreenderá mais adiante nesse material. Destaca-
se aqui que, o envelhecimento saudável se refere à postergação ou à redução dos
efeitos indesejáveis do envelhecimento.
NOTA
Esquecimento e falta de descrição dos detalhes de uma situação é
esperado que ocorra nessa fase, porém, se houver agravamento nos
comportamentos relacionados ao uso da memória, é preciso ficar atento.
41
3 PSICOPATOLOGIAS DA VELHICE
Na velhice, como discutido anteriormente, ocorre uma série de mudanças físicas,
mas também podem ocorrer mudanças mentais, que são esperadas. Entretanto, existem
também aquelas mudanças que não fazem parte da fase da vida, sendo assim, são
comportamentos considerados patológicos. Portanto, podem aparecer psicopatologias
na velhice – e uma delas é a chamada demência, que você compreenderá mais a seguir.
3.1 DEMÊNCIA
A demência pode ser definida como síndrome caracterizada por “[…] declínio
de memória associado a déficit de pelo menos uma outra função cognitiva (linguagem,
gnosias, praxias ou funções executivas) com intensidade suficiente para interferir no
desempenho social ou profissional do indivíduo” (CAPONI, 2014, p. 10).
Para avaliação, podem ser utilizados testes breves, de fácil e rápida aplicação
pelo clínico, como os de memória, como por exemplo, com a evocação tardia de listas de
palavras ou de figuras, ou ainda com a avaliação da fluência verbal, como o com o uso
de número de animais em um minuto, e com o recurso do desenho do relógio.
42
LEITURA
COMPLEMENTAR
PREVALÊNCIA DE ANSIEDADE E FATORES ASSOCIADOS EM ADULTOS
RESUMO
INTRODUÇÃO
43
Segundo a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV), agorafobia, transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC), fobia social, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno de
ansiedade generalizada (TAG) são alguns dos transtornos de ansiedade.
MÉTODOS
44
sistemática: o primeiro domicílio foi o da esquina preestabelecida pelo IBGE como início
do setor e o intervalo de seleção determinado por um pulo de quatro domicílios entre
os sorteados.
Para determinar o índice de massa corporal (IMC), a altura foi mensurada com
uma fita métrica e o peso com balança de bioimpedância Tanita® BC-554. O IMC
foi dividido em três grupos (peso normal, sobrepeso e obeso), em uma classificação
baseada nas Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Como peso normal, foi considerado o
IMC entre 18,5 e 24,9, sobrepeso entre 25 e 29,9 e obeso a partir de 30.
45
Para esse estudo, foi considerada para o transtorno de ansiedade atual a pre-
sença de alguns dos quadros avaliados pela MINI, seja agorafobia atual (sensibilidade ≥
0,59, especificidade ≥ 0,95), transtorno de pânico atual (sensibilidade ≥ 0,67, especifici-
dade ≥ 0,97), TOC (sensibilidade ≥ 0,62, especificidade ≥ 0,98), fobia social (sensibilidade
≥ 0,72, especificidade ≥ 0,88), TEPT (sensibilidade ≥ 0,85, especificidade ≥ 0,96) e an-
siedade generalizada (sensibilidade ≥ 0,67, especificidade ≥ 0,92), e também avaliamos
esses quadros de forma individual.
RESULTADOS
46
O TOC foi associado ao sexo feminino (p = 0,009), grupo com menos anos
de estudo (p = 0,004), grupo que relatou a presença de doença crônica (p = 0,008),
fumantes (p < 0,001) e os que abusavam de álcool (p = 0,002). A fobia social esteve
associada a sexo feminino (p < 0,001), cor de pele não branca (p = 0,008), aqueles no
menor tercil de renda (p < 0,001), grupo com doença crônica (p < 0,001), aqueles com
menos anos de estudo (p < 0,001) e fumantes (p < 0,001).
47
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Erik Erikson nomeia a maturidade como a fase 8 da sua teoria a respeito do ciclo da
vida, que corresponde a faixa etária após os 60 anos de idade.
• A velhice muitas vezes é associada aos aspectos negativos, mesmo com tantos
recursos para prevenir doenças e retardá-la.
• Existe uma diferente importante dos termos: Idade cronológica; Idade biológica;
Idade social; Idade psicológica;
• A demência pode ser definida como síndrome caracterizada por declínio de memória
associado a déficit de pelo menos uma outra função cognitiva (linguagem, gnosias,
praxias ou funções executivas) com intensidade suficiente para interferir no
desempenho social ou profissional do indivíduo.
48
AUTOATIVIDADE
1 O estudioso e pesquisador Erik Erikson, que nasceu em 1902, Frankfurt (na Alemanha),
morreu em 1994 (em Harwich), foi um psicanalista, colega de estudos da filha de
Sigmund Freud, que construiu a teoria do desenvolvimento psicossocial e abordou
fases do ciclo da vida, citando 8 fases do desenvolvimento. A respeito da velhice,
conforme o nome mencionado por ele, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Idade melhor.
b) ( ) Terceira idade.
c) ( ) Melhor idade.
d) ( ) Maturidade.
2 A velhice é muitas vezes reconhecida pelos seus aspectos negativos, como a perda
de colágeno na pele, perda de dentes, a perda da acuidade visual, perda de memória
em alguns momentos, entre outras mudanças físicas ou psicológicas, mas nem todas
deveriam ser vistas como fragilidades, mas como parte do processo de estar em vida,
vivenciando as mudanças da vida. A respeito da velhice, analise as afirmativas a seguir:
49
( ) A demência é uma psicopatologia que todos os indivíduos apresentam à medida
que chegam na fase da velhice.
( ) A demência corresponde apenas em esquecimentos, como onde o indivíduo
guardou determinado objeto.
( ) Para a avaliação da demência, não se faz necessário avaliação neuropsicológica,
com uso de testes.
50
REFERÊNCIAS
ATKINSON, R. L. et al. Introdução à Psicologia de Hilgard. 13. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2007.
BARROSO, S. M.; BAPTISTA, M. N.; ZANON, C. Solidão como variável preditora na depressão
em adultos. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 9, n. 3, p. 26-37, 2018.
BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
51
MANFRO, G. G. et al. Estudo retrospectivo da associação entre transtorno de
pânico em adultos e transtorno de ansiedade na infância. Revista Brasileira de
Psiquiatria, n. 24, v. 1, p. 26-29, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-
44462002000100008. Acesso em: 7 jan. 2022.
ORESKOVIC, S. Breaking down the Silo Mentality in Global Mental Health: The New Role
for the Schools of Public Health. Psychiatr Danub, Zagreb, n. 28, v. 4, p. 318-320, 2016.
52
UNIDADE 2 —
TRANSTORNOS
PSICOPATOLÓGICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
53
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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54
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS: CID
11 E DSM-V
1 INTRODUÇÃO
Quando se trata de psicopatologia muitas são as vertentes teóricas que
buscam compreender o desenvolvimento das patologias dos indivíduos. Por isso,
Dalgalarrondo (2018) expõe que enquanto área do conhecimento, a psicopatologia,
possui uma série de variedade teórica, e que isto é uma das principais características
positivas da área, porém este também é um aspecto alvo de críticas.
55
Na Figura 1, por exemplo, verifica-se uma consulta entre psicólogo e paciente,
em que está ocorrendo uma entrevista semiestruturada, na qual as perguntas são pré-
elaboradas pelo profissional, podendo, no momento da entrevista, outras perguntas
serem acrescentadas ao roteiro, que tem por objetivo levantar informações iniciais do
paciente para conhecimento de queixa inicial, sintomas, características, ainda, uma
entrevista inicial pode se perguntas a respeito de categorias como: queixa inicial,
explicação sobre o papel do psicólogo, estrutura familiar, membros familiares, rotina
pessoal, rotina de trabalho, saúde física, saúde mental, entre outras categorias que o
profissional pode elaborar perguntas.
56
FIGURA 2 – COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE
DICA
Após o estudo do Tópico 1, da Unidade 2, sobre os manuais de
classificação das patologias, é importante que você, acadêmico, busque
na biblioteca virtual do seu curso manusear pelo menos um dos manuais
aqui mencionados, porque na prática profissional, por diversas vezes,
você poderá consultar, assim como é importante para esta disciplina você
ter o conhecimento prático dos manuais. Assim, busque, manuseie, entre
em contato prático com os manuais!
57
[...] identificar populações de risco/vulneráveis; auxiliar na
monitorização de epidemias/ameaças à saúde pública/carga de
doença; definir as obrigações dos membros da OMS de prestar
cuidados de saúde gratuitos ou subsidiados para suas populações
(DIEHL; VIEIRA, MARI, 2014, p. 23).
A complementar, Galvão e Ricarte (2021, p. 105) relatam que: “[...] pode-se afirmar
que a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID)
foi revisada e publicada com alguma periodicidade para refletir os avanços da saúde, da
ciência e da sociedade”.
Para que essas revisões ocorram de maneira periódica – e que atenda uma
necessidade mundial – há princípios que devem ser seguidos; por isso, o material é
considerado multidisciplinar, porque envolve as diferentes partes interessadas, não
apenas diversos profissionais da saúde, mas também os usuários. Além disso, é um
material global e considerado multilíngue (GALVÃO; RICARTE, 2021, LAURENTI, 1991).
Vale destacar que a 11ª edição da CID, chamada CID-11, entrou em vigor nos
países que são membros da Organização Mundial da Saúde a partir de janeiro de 2022.
Assim, a CID é utilizada por profissionais da saúde, pesquisadores, profissionais que
gerenciam contextos de saúde (hospitais e clínicas públicos e privados), trabalhadores
58
da área de tecnologia da informação de contextos de saúde, analistas, formuladores de
políticas, seguradoras de saúde, organizações de pacientes, empresas e instituições
públicas e privadas.
Nesse sentido, pode-se dizer que a CID é um manual, que tem a finalidade de
nortear os profissionais da saúde. Por isso, ela é considerada com ferramenta que tem
caráter classificatório, além disso é organizada e estruturada em classes e subclasses
de doenças, conforme condições relacionadas à saúde, bem como as causas externas
de doença ou morte (GALVÃO; RICARTE, 2021; OMS, 1994).
59
DICA
O artigo científico chamado “Classificação internacional de doenças e
problemas relacionados à saúde (CID-11)” descreve a CID 11, que chegou
no Brasil em janeiro de 2022. Assim, o artigo aborda as novidades dessa
estrutura e comparação com a CID 10, ainda vigente no país, sendo um
artigo científico de publicação e conteúdo recente, interessante e gratuito.
FONTE: A autora
60
Conforme pode-se verificar na Figura 3, a 1ª edição surgiu em 1952, com 106
categorias de patologias. Na 2ª edição, em 1968, ocorreu um aumento das categorias,
existindo naquele momento uma revisão que o manual passou a apresentar 182
categorias, já na 3ª edição, em 1980, teve-se um grande aumento das categorias
existindo 265. Em 1987, a 3ª edição sofreu uma revisão de atualizações e contou com
292 categorias, já em 1994, não teve tantas mudanças, passando para 297 categorias.
A última, 13ª edição, foi em 2013, sendo assim, a história demonstra que, com o tempo,
fez-se necessário uma revisão e atualização das patologias e de suas classificações.
Portanto, o DSM está em sua quinta edição, conforme Caponi (2014, p. 75) “[...]
no dia 18 de maio de 2013, foi editada a última versão revisada do Manual de Diagnóstico
e Estatística de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders), conhecida como DSM-V”. Conforme First (2014), o manual está organizado
em três capítulos, sendo o primeiro capítulo nomeado como “Diagnóstico Diferencial
Passo a Passo”, que explora as questões do diagnóstico diferencial que devem ser
consideradas para todo paciente em avaliação, então é possível verificar seis passos para
a realização do diagnóstico, contribuindo para essa atividade do profissional, elaboração
do diagnóstico; o segundo capítulo, chamado “Diagnóstico Diferencial por Meio de
Algoritmos”, apresenta informações para melhorar a maneira do profissional formular o
diagnóstico diferencial; e o terceiro capítulo, chamado “Diagnóstico Diferencial por Meio
de Tabelas” contém tabelas com informações que podem contribuir com o diagnóstico.
61
profissionais especialista da área da saúde mental, reconhecido em todo mundo, ou
seja, órgãos de extrema relevância, mas com diferentes propostas.
• A respeito das versões que estão sendo utilizadas no Brasil, do DSM-5, é a 5ª edição,
publicada em 2013, e da CID-11 é a 11ª edição, publicada em 2022 no país.
• O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-V) tem uma
proposta de uso clínico, e deixa claro em sua descrição, porém a Classificação
Internacional das Doenças (CID-11) tem um caráter também de formação.
• O DSM-5 é um dos manuais e sistemas de classificação dos distúrbios e distúrbios
psíquicos mais conhecidos e relevantes, a CID-10 e CID-11 é outro manual que faz parte
dos grandes manuais e sistemas de classificação que existem, porém não analisa
somente transtornos mentais, mas um conjunto de todas as doenças, distúrbios e
alterações existentes. Assim, neste manual, os transtornos mentais ocupam apenas
um capítulo, sendo o chamado capítulo F.
• O DSM é manual de referência quando se trata de transtornos mentais, já o CID é
um manual da Classificação Internacional de Doenças, então inclui não apenas as
alterações psicológicas, mas o conjunto de distúrbios e doenças médicas, para além
das psicológicas, que podem aparecer num indivíduo.
• No manual todo do DSM-5 será encontrado problemas e transtornos mentais,
enquanto que na CID-10 e CID-11 serão encontrados em apenas um dos capítulos
ou seções.
• O DSM-5 é um sistema de classificação conhecido e bastante utilizado nos Estados
Unidos. Ele também é referência para a maioria de profissionais da área de psiquiatria
e psicologia da Europa, ainda é conhecido e utilizado em outras partes do mundo,
porém a CID é reconhecida no mundo todo, por tratar de um manual desenvolvido
pela organização mundial da saúde, e ser referência para todos os profissionais da
saúde, de diferentes áreas do conhecimento.
• Quanto ao conteúdo, e em especial a classificação dos diferentes transtornos
mentais, a CID-10 possuí um total de 10 seções diferenciadas no capítulo dedicado
aos transtornos psicológicos, já no DSM encontra-se um total de 21 grandes
categorias de diagnóstico, devido a essa diferença de estrutura alguns transtornos
psicológicos aparecem iguais dos dois manuais, e tem transtornos que aparecem
com classificações diferentes, bem como outros não aparecem.
DICA
O CID e DSM são manuais importantes para profissionais da saúde, o
CID-10 ainda está em vigência no Brasil e é utilizado pelo Sistema Único
de Saúde.
62
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
63
AUTOATIVIDADE
1 Compreender a queixa e os sintomas apresentados por um paciente não é uma
tarefa fácil, pois requer uma investigação dos comportamentos apresentados e das
falas verbalizadas, isto se o profissional estiver diante de pacientes jovens, adultos e
idosos. Sendo assim, assinale a alternativa CORRETA:
64
( ) O DSM originalmente chamado de Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders foi construído pela American Psychiatric Association e pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
65
66
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
ALZHEIMER
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, você pôde conhecer o manual CID-11 (definição, estru-
tura e organização) e o manual DSM-V (definição, estrutura e organização). Além disso,
você também pôde reconhecer e refletir a respeito das diferenças entre os manuais, en-
tão, nesse momento, no Tópico 2, você estudará a respeito da psicopatologia Alzheimer.
67
Portanto, a Unidade 2 iniciou o Tópico 1 com o estudo dos manuais de classifi-
cação, entendendo a respeito do CID-11, DSM-V, a organização das doenças quanto aos
seus sintomas e características, e no Tópico 2, você acadêmico conhecerá a respeito da
Doença de Alzheimer.
68
Abraz (c2019) relata que a Doença de Alzheimer é uma enfermidade que não tem
cura, porém há tratamento; e recomenda-se que seja tratada, visto que com o tempo
ela vai se agravando, e a maioria das vítimas são pessoas idosas. Segundo Avila e Miotto
(2003) à medida que um indivíduo envelhece, ocorre o processo de envelhecimento, no
qual algumas alterações vão ocorrer, isto em diferentes áreas do corpo, físico e mental.
Sendo assim, tanto na cognição quanto no comportamento, porém essas alterações
sofrem uma ordem temporal, sendo primeiramente alterações em atividades viso-
espaciais, posteriormente, viso-construtivas, do que em atividades verbais.
Quanto à incidência Harman (1996 apud SMITH, 1999, p. 3) destaca que a “[...]
DA de acometimento tardio, de incidência, ao redor de 60 anos de idade, ocorre de
forma esporádica, enquanto a DA de acometimento precoce, de incidência ao redor
de 40 anos, mostra recorrência familiar”. Diante do exposto, e, assim, a compreensão
da definição e incidência do Alzheimer, a seguir compreenda a respeito das caudas do
Alzheimer.
69
2.2 CAUSAS DA DOENÇA DE ALZHEIMER
A Doença de Alzheimer sempre foi tema de interesse de pesquisas de várias
áreas do conhecimento, não apenas da medicina, mas também da psicologia, biologia,
genética, entre outras, assim a causa da Doença de Alzheimer sempre foi um dos
temas mais estudados. Em estudos genéticos, Almeida (1997) destacou que a Doença
de Alzheimer como uma doença de herança autossômica dominante, sendo assim,
genética, mas a maioria dos casos parece ser esporádica ou multifatorial, ainda relatou
que alguns genes já foram mapeados e relacionados à doença de Alzheimer, como
aqueles localizados nos cromossomos 1, 14, 19 e 21.
70
FIGURA 6 – DIFERENÇA CEREBRAL NA DOENÇA DE ALZHEIMER
FONTE: A autora
DICA
A leitura do artigo científico “Biologia Molecular da Doença de Alzheimer:
uma Luz no Fim do Túnel?” é agradável, pois traz explicações genéticas
de maneira clara e com o uso de gráficos apresentando informações de
extrema relevância.
71
Ainda, existe várias maneiras da DA ser classificada, na CID-10 ela está na
classificação F00 — F09, que aborda os transtornos mentais orgânicos, incluindo
sintomáticos, então são organizados em: F00 Demência na doença de Alzheimer,
F00.0 Demência na doença de Alzheimer de início precoce, F00.1 Demência na doença
de Alzheimer de início tardio, F00.2 Demência na doença de Alzheimer, tipo misto ou
atípica, e F00.9 Demência na doença de Alzheimer, não especificada (OMS, 1994).
Fase leve:
Fase moderada:
72
• são comuns dificuldades mais evidentes com atividades do dia a dia, com prejuízo de
memória, com esquecimento de fatos mais importantes;
• esquecimento dos nomes de pessoas próximas;
• incapacidade de viver sozinho;
• incapacidade de cozinhar e de cuidar da casa, de fazer compras;
• dependência importante de outras pessoas para atividades diárias, como demonstra
a Figura 8;
• necessidade de ajuda com a higiene pessoal e autocuidados;
• maior dificuldade para falar e se expressar com clareza;
• alterações de comportamento (agressividade, irritabilidade, inquietação);
• ideias sem sentido (desconfiança, ciúmes);
• alucinações (ver pessoas, ouvir vozes de pessoas que não estão presentes).
Fase grave:
73
FIGURA 9 – AUXÍLIO PARA SE ALIMENTAR
Portanto, a evolução que ocorre no Alzheimer acontece por meio de fases, nas
quais os pacientes possuem sintomas e comportamentos que vão se agravando com o
passar do tempo, porém embora existam as fases leve, moderada e grave, não significa
que isso ocorre de maneira fixa em todos os pacientes com esse diagnóstico, pois vai
depender da individualidade de cada paciente, bem como do momento do diagnóstico,
história de vida e da rede de apoio (familiares e amigos) do paciente.
INTERESSANTE
Para compreender as fases do Alzheimer fica a indicação do filme
chamado “Meu pai”, que trata da história de um homem no processo de
envelhecimento, mas que apresenta características de Alzheimer, que vai
com o tempo se agravando. O filme foi ganhador no Oscar 2021, e conta
com o ator Anthony Hopkins para interpretação do personagem principal.
74
A característica apresentada por Dalgalarrondo (2018) é fase inicial, na qual
é demarcada a dificuldade da fluência verbal; e, assim, das capacidades linguísticas,
então pode-se apresentar falha nas habilidades verbais, apresentando repetição de
palavras, dificuldade na articulação das palavras. Ainda, vale destacar que nessa fase
inicial, o indivíduo pode apresentar termos inespecíficos, ou seja, termos vagos para os
locais, pessoas e objetos, por exemplo, verbalizar “o homem”, “a mulher”, “o menino”, “o
hospital”, “aquela casa”, assim pode tentar se lembrar e apontar.
DICA
Para compreender os sintomas e características da Doença de
Alzheimer, indicamos o filme “Longe Dela”, que trata de uma
personagem com diagnóstico de Alzheimer. Por meio de filmes como
esse é possível vivenciar situações reais da doença; e, assim, observar
os sintomas e características, que auxiliam no momento de relacionar
teoria e prática.
75
4 ALZHEIMER: AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Na Doença de Alzheimer, como visto até aqui, o paciente apresentará uma série
de sintomas e comportamentos que até ocorrer o diagnóstico precisam ser investigados.
Na área da saúde, a forma de investigação de sintomas e comportamentos é por meio da
avaliação. Na avaliação do Alzheimer muitos são os profissionais que podem contribuir,
mas o médico é essencial para o diagnóstico.
Após a avaliação iniciará o tratamento, que pode ser realizado de maneira mul-
tiprofissional, ou seja, por meio de diferentes profissionais da saúde, como médicos, psi-
cológico, fisioterapeuta, acompanhante terapêutico, fonoaudiólogo. Portanto, a seguir,
você acadêmico compreenderá mais a respeito de avaliação e tratamento do Alzheimer.
76
Dessa maneira, a investigação avaliativa não contribuirá apenas para o profis-
sional obter um diagnóstico clínico, mas também para identificar e mapear fortalezas e
fragilidades, e com esses dados também possível compreender habilidades e capacida-
des que estão ou não preservadas, e com isso conseguir realizar um plano de interven-
ção, ou seja, dados que podem contribuir para o início do tratamento (ABRAZ, c2019).
ATENÇÃO
A Doença de Alzheimer é uma doença que não tem cura, porém tem
tratamentos eficazes, os quais podem contribuir com a qualidade de vida
do paciente após diagnosticado.
77
O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem,
orientação e a utilização de estratégias compensatórias são benéficas e contribuem
para a qualidade de vida dos pacientes. Assim as intervenções relacionadas com os
tratamentos não farmacológicos são: estimulação cognitiva; estimulação social;
estimulação física.
DICA
Para aprofundar o conhecimento a respeito do Alzheimer, a sugestão
que fazemos para leitura é o artigo científico nomeado como “Critérios
para o Diagnóstico de Doença de Alzheimer”, que discute a patologia
relacionada as classificações do DSM-V, assim aborda dois dos
assuntos tratados nesse material didático.
78
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
79
AUTOATIVIDADE
1 Existe uma doença que acomete idosos, que está relacionada com a degeneração
de neurônicos e que se torna progressiva, ao mesmo tempo que também se
torna irreversível, e que o indivíduo que apresenta a perda da memória também
tem prejuízos em outras funções cognitivas. Quanto à doença descrita, assinale a
alternativa CORRETA:
a) ( ) Parkinson.
b) ( ) Doença de Alzheimer.
c) ( ) Memória recente.
d) ( ) Derrame cerebral.
3 A Doença de Alzheimer foi descoberta por Alois Alzheimer, que estudou e publicou
o caso de uma de suas pacientes, Auguste Deter, a qual era saudável, e com seus
51 anos desenvolveu um quadro patológico que perdia de maneira progressiva a
memória, também apresentava comportamentos desorientativos. De acordo com
seu aprendizado sobre a Doença de Alzheimer, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
80
( ) A Doença de Alzheimer pode ser apresentada em três fases, sendo: leve, moderada
e grave.
( ) O paciente com Doença de Alzheimer pode apresentar na fase inicial o esquecimento
de palavras, como se as palavras não encontrassem uma forma de ser verbalizada.
( ) A Doença de Alzheimer tem cura a medida que o paciente iniciar um tratamento
farmacológico.
( ) A Doença de Alzheimer não tem cura, e possui apenas tratamento não farmacológico.
81
82
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
PARKINSON
1 INTRODUÇÃO
Segundo Hospital Albert Einstein, que tem interesse na temática, “[…] no Brasil
existem poucos números sobre a doença de Parkinson e esta não é uma doença
de notificação compulsória. Números não oficiais apontam para pelo menos 250 mil
portadores” (PARKINSON, [c2022]). Assim, esse dado indica que muitas pessoas
carregam a patologia, o que justifica a necessidade de acompanhantes terapêuticos,
bem como profissionais da saúde obterem conhecimento a respeito.
DICA
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a doença de Parkinson
no Brasil, indicamos a leitura de um artigo científico chamado “Doença
de Parkinson: Revisão de Literatura”, que apresenta um levantamento
bibliográfico com os estudos brasileiros, o que possibilita ao leitor
compreender, ao longo dos anos, o que vem sendo realizado no país.
83
2 PARKINSON: COMPREENDENDO A PATOLOGIA,
DEFINIÇÃO E CAUSAS
A Doença de Parkinson é uma doença que pode aparecer durante o desen-
volvimento humano, mais precisamente, os primeiros sintomas aparecem no final da
vida adulta ou no início na velhice, então a Doença de Parkinson, assim como a Doença
de Alzheimer precisa ser bastante compreendida pelos profissionais da saúde, uma
vez que o diagnóstico também é clínico e requer cuidados. O diagnóstico requer uma
investigação da história de vida do paciente, compreensão das características e dos
comportamentos apresentados nos últimos meses, pois estes também podem contri-
buir para o entendimento do profissional a respeito do paciente.
Para a coleta de informações, não apenas o paciente pode ser escutado e fonte
desses dados, como também um membro familiar bastante próximo, que pode relatar
comportamentos observados, assim esses e outros recursos, quando agrupados, podem
contribuir com a coleta de informação sobre o paciente, e assim, de fato contribuir com
o diagnóstico, e por meio desse dar andamento ao tratamento do paciente. A seguir,
você, acadêmico, compreenderá a respeito da definição da Doença de Parkinson.
84
A doença “Mal” de Parkinson ficou bastante popular e sempre foi reconhecida
pelos profissionais e pessoas da sociedade. Dessa maneira, porém, devido ao estigma
social que esse termo gerava, bem como o preconceito, tanto os médicos como as
pessoas na sociedade, foram deixando de usar, e passando a usar a nomeação Doença
de Parkinson (DP). Assim, a DP é caracterizada pelas alterações das funções motoras
e não motoras, atingindo mais homens do que mulheres, e normalmente os sintomas
iniciais começam por volta dos 45 anos, mas estarão mais evidentes por volta dos 60 a
65 anos de idade (WHO, 2020).
Na Figura 10, pode-se verificar uma situação bastante clássica do início dos
sintomas da DP, que é o tremor das mãos, que acaba interferindo nas atividades do
cotidiano, como se alimentar, escrever, segurar algum objeto.
Muitas vezes os idosos que apresentam tremores nas mãos acabam não
verbalizando no início para os membros familiares, assim articulando saídas para
executar a ação necessária, como se alimentar segurando a mão que apresenta tremor.
Assim, os sintomas apenas são descobertos quando estão mais evoluídos. Portanto, a
DP é uma doença neurodegenerativa, que vai afetar principalmente as funções motoras,
desde a coordenação fina (movimentos de pinça), como movimentos locomotores,
assim, portanto, é importante compreender as causas e a evolução dessa doença. A
seguir, você poderá estudar esses aspectos.
ATENÇÃO
A Doença de Parkinson é bastante confundida com a Doença de Alzheimer,
embora sejam doenças neurodegenerativas, são bastante diferentes em
relação às causas, sintomas e comprometimentos.
85
2.2 DOENÇA DE PARKINSON: CAUSAS E EVOLUÇÃO
No processo de envelhecimento, que é esperado e natural que ocorra, todos
os indivíduos saudáveis, como na Figura 11, vão apresentar morte das células nervosas,
responsáveis por produzir dopamina. No entanto, algumas pesquisas já verificaram que
há pessoas que perdem essas células num ritmo muito acelerado, assim as explicações
para isto seria que mais de um fator desencadeia essa situação.
86
Com relação à evolução, normalmente ela tem um início unilateral, então os
sintomas vão afetar primeiramente um dos lados do corpo e tendem a evoluir. Nesse
sentido, com a evolução, os sintomas acabam comprometendo o outro lado do paciente
e a região axial, assim acaba gerando prejuízos ao equilíbrio, a postura e a marcha
(locomoção). Quando afeta o acometimento axial, o paciente passa a apresentar
sintomas de comprometimento da voz, fala e deglutição, porém esses sintomas
considerados axiais ocorrem de maneira mais tardia.
87
Segundo Martins (2008), a DP apresenta sintomas e características que são
básicas e consideradas de investigação clínica. Assim, Silva e Carvalho (2019) e Rieder
et al. (2018) apresentam que os principais sintomas da Doença de Parkinson são:
tremor em repouso, rigidez, déficits no equilíbrio e na marcha, bradicinesia e redução na
amplitude dos movimentos.
• tremor, que afeta geralmente as mãos, podendo também se apresentar tremores nas
pernas e no queixo, isto quando a pessoa está em repouso, aumentando quando o
indivíduo passar por situações estressantes;
• lentidão dos movimentos;
• rigidez muscular e a bradicinesia, que é a lentidão dos movimentos, devido à
dificuldade em realizá-los;
• desequilíbrio, gerado a chamada instabilidade postural;
• alteração na fala;
• alteração na escrita, devido as dificuldades nos movimentos de coordenação fina, por
conta dos tremores;
• perda de movimentos como piscar e/ou expressões faciais.
88
DICA
Para compreender os sintomas e as características da Doença de
Parkinson é interesse assistir e analisar o filme “Never Steady, Never Still”
traduzido para o português como “Nunca firme, nunca quieto”, que trata
da história de uma mãe que luta para ter o controle de sua vida, mesmo
estando em um estágio avançado da doença de Parkinson.
89
Quanto ao tratamento, para a DP existem vários tratamentos eficazes, porém
não existe a cura. Os tratamentos normalmente são para diminuir a presença dos sinais
e sintomas, de modo que retarda o progresso da doença, e assim também pode melhorar
a qualidade de vida dos pacientes, para que esses possam exercer suas atividades do
cotidiano. De tal modo, os tratamentos estão divididos em três grandes grupos, que
são: tratamento farmacológico, tratamento por meio de cirurgia e tratamento não
farmacológico (RIEDER et al., 2018; ORTIZ, 2010).
A respeito das cirurgias, essas também podem ser uma forma de tratamento
para alguns casos de DP. As cirurgias normalmente são realizadas quando há lesões
no núcleo pálido interno (Palidotomia) ou do tálamo ventro-lateral (Talamotomia).
Estes locais são responsáveis por provocar mecanismo da rigidez e tremor. A cirurgia
normalmente é indicada para os pacientes que tem mais a presença desses sintomas,
e a indicação é realizada pelo médico (DALGALARRONDO, 2018).
E, por fim, os tratamentos não farmacológicos são aqueles que podem ser
realizados com psicólogo, fisioterapia, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, educador
físico, entre outros. Assim, o psicólogo pode oferecer o suporte psicológico, em
atendimentos individual, ou em grupo, para pessoas que compartilham da mesma
situação, já o fisioterapeuta pode trabalhar a reeducação e a manutenção da educação
física, pode ainda, como demonstra na Figura 15 trabalhar com os movimentos,
flexibilidade articular, rigidez (ORTIZ, 2010).
FIGURA 15 – FISIOTERAPEUTA E O DP
90
O terapeuta ocupacional “[...] é o profissional que melhor poderá orientar
o paciente com o objetivo de facilitar as atividades da vida diária, bem como indicar
condutas que propiciem independência para a higiene pessoal e sua reinserção em sua
atividade profissional” (DALGALARRONDO, 2018, s.p.). Esse trabalho pode ser visto na
Figura 16, e ainda, a o fonoaudiólogo pode trabalhar com a reabilitação da comunicação,
ou até mesmo das palavras, isto em terapia voltada a estimular à fala e à voz, para que o
paciente consiga ter uma fala compreensível (DALGALARRONDO, 2018).
91
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
92
AUTOATIVIDADE
1 A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa, que ficou muito conhecida
pelas pessoas por “Mal” de Parkinson, mas devido ao nome estigmatizar as pessoas
e tratar com preconceito, com o tempo os médicos foram deixando de utilizar essa
nomenclatura. A respeito dos sintomas, assinale a alternativa CORRETA:
93
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
94
UNIDADE 2 TÓPICO 4 -
OUTROS TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS
DA VIDA ADULTA E VELHICE
1 INTRODUÇÃO
95
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destaca que, em 2012 a
população com 60 anos de idade ou mais era de 25,4 milhões, em 2017 cresceu para
30,2 milhões, assim em cinco anos teve um aumento de 18% desse grupo etário, que
tem se tornado cada vez mais representativo no Brasil (PARADELLA, 2018). Assim,
até 2030 é previsto que ocorra uma mudança bastante considerável no aumento da
população idoso no Brasil, e assim os brasileiros com 60 anos ou mais irão ultrapassar
o número de crianças de 0 a 14 anos de idades, porém, com esse avanço, será maior o
número de indivíduos com depressão.
Argimon (2006) coloca que, uma vez a população idosa aumentando faz-se
necessário os profissionais da saúde compreenderem as necessidades dessa faixa
etária. Assim, o mesmo autor destaca que, em relação à:
96
O segundo, cognição, está relacionada a comportamentos voltados para desesperança,
culpa, e até mesmo sentimento de inutilidade, ideias de morte. O terceiro, somáticos,
está relacionada a falta de energia, dores, sono e diminuição da libido.
97
IMPORTANTE
Na velhice é necessário estar atento às mudanças de comportamento,
pois muitos dos comportamentos do processo de envelhecimento
acabam se confundindo com os sintomas de depressão.
98
Também é importante relatar que a família é essencial no tratamento da
depressão de idosos, pois a família pode acompanhar o tratamento, fornecer suporte as
necessidades físicas e emocionais do idoso. Os profissionais podem realizar orientações
a familiares dos idosos depressivos, de modo a informar a respeito da doença, sintomas,
tratamentos, bem como assessorar e orientar frente ao tratamento.
99
Diante disso, faz-se necessário que os profissionais da saúde exerçam sus
atividades com idosos compreendam as psicopatologias, principalmente aquelas que
mais afetam os idosos, como a Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson, Depressão,
mas também importante compreender as patologias físicas que mais acarretam idosos
e podem aparecer como comorbidades em idosos, como hipertensão arterial, diabetes
tipo 2, colesterol, osteoporose etc.
DICA
Para trabalhar com idosos, independente da especialidade dentro da
área da saúde é necessário compreender as mudanças dessa fase do
desenvolvimento, conhecer a história de vida do paciente, bem como
ter conhecimento das pessoas que convive com ele, e dos tipos de
relações e interações sociais do idoso, pois tudo pode contribuir para
o acompanhamento.
100
LEITURA
COMPLEMENTAR
RESILIÊNCIA FAMILIAR DIANTE DO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE PARKINSON
NA VELHICE
101
Com a etapa da velhice cada vez mais extensa, as doenças crônicas têm se
tornado cada vez mais frequentes. Dentre elas, as que são próprias do processo de
envelhecimento cerebral, como Mal de Alzheimer e Doença de Parkinson (DP), colocam o
sistema familiar do idoso diante de um diagnóstico que traz consigo temores, mudanças
e um prognóstico angustiante. No presente artigo, articularemos as mudanças próprias
do envelhecimento com os desafios impostos pela DP.
102
também, ligada à percepção do próprio corpo, uma vez que o corpo reflete tanto
a forma como o indivíduo se vê como a maneira que ele se apresenta ao mundo.
A imagem corporal compõe a identidade do sujeito e sofre modificações em todas
as fases da vida (LIMA; VIANA, 2015). Todavia, é na velhice que sua mudança é
vivenciada como mais angustiante, seja por aproximar o sujeito da morte, seja por
ser socialmente desvalorizada e evitada. Conforme Debert (2012), houve, ao longo da
história do mundo ocidental, uma mudança na percepção do desenvolvimento e do
envelhecimento durante a vida. A idade torna-se cada vez mais irrelevante para os
ritos de passagem de cada etapa, como casamento, maternidade/paternidade. Com
isso, o mercado de consumo tem como núcleo o enaltecimento da juventude. Instala-
se a possibilidade para o sujeito ser um “jovem jovem”, como também ser um “velho
jovem”. Nesse imaginário social, o processo de envelhecimento e a própria fase da
velhice são percebidos como algo negativo, caracterizados apenas pelos desgastes,
limitações, perdas físicas e de papéis sociais. Uma das perdas mais significantes é a
do trabalho, ligada ao papel social do indivíduo.
103
A dependência cognitiva relaciona-se à perda de autonomia, ou seja, quando
o idoso necessita de alguém para ajudá-lo a compreender o mundo ao seu redor. A
dependência física apresenta-se quando há incapacidade de realização de atividades
de vida diárias (AVDs) sem ajuda, como arrumar a casa, fazer compras, preparar
refeições, entre outros. Já a dependência comportamental relaciona-se ao desamparo
aprendido, no qual o idoso tem baixa responsividade acreditando não ser apto para
realizar determinada tarefa.
Ainda sobre a dependência, Baltes (1996), em estudo acerca das várias expressões
da dependência na velhice, afirma que ela: a) é multifacetada, podendo ser estrutural,
emocional, cognitiva, real ou pseudodependência; b) é multifuncional devido ao fato de
ela ser necessária em alguns momentos, como nos primeiros anos de vida, quando dá
respaldo à construção de um alto nível de saúde mais à frente no desenvolvimento; c)
está presente em todos os estágios da vida, podendo representar a transição entre as
fases do desenvolvimento ou estar associada ao contexto socioambiental do indivíduo
(dependência aprendida). Esse último caso se assemelha à terceira dependência tratada
por Torres, Sé e Queroz (2006). Tendo em vista essas características, percebe-se que a
dependência do idoso pode aumentar quando há a presença de uma doença crônica e
alterar a dinâmica de toda a família.
104
significativas. No envelhecimento, essa desilusão pode ser representada pela perda do
vigor físico e também pela morte de coetâneos. Retomando a discrepância presente
no idoso, o indivíduo velho tem a tarefa de lidar com perdas progressivas da função
mental e física, e submetê-las a um processo de elaboração interna que pode abalar
sua autoestima e seu sentimento de competência pessoal [...].
105
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
106
AUTOATIVIDADE
1 Qual patologia é caracterizada por uma tristeza persistente, que impede que o
indivíduo realize as suas atividades do cotidiano, apresentando mudanças de humor,
e mudanças de comportamento?
a) ( ) Depressão
b) ( ) Doença de Parkinson
c) ( ) Alzheimer
d) ( ) Transtorno de humor
107
4 A população mundial de pessoas idosos vem aumentando, e os cuidados com o
corpo e mente também vem aumentando, porém muito se observa de diagnóstico
de depressão em idosos. Há décadas não se estudava a população idosa em relação
a construtos tão importante como depressão. Disserte a respeito de depressão em
idosos, e cite os principais riscos.
108
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, O. P. Biologia molecular da doença de Alzheimer: uma luz no fim do túnel?
Revista da Associação Médica Brasileira, [s. l.], v. 43, n. 1, p. 77-81, 1997. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ramb/a/cbPZ85WL6bxQyRg9RpyvFmC/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 21 fev. 2022.
CAPONI, S. O DSM-V como dispositivo de segurança. Physis, [s. l.], v. 24, p. 741-763,
2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/3JKXPsyrDFSZqcMx4dcT94y/?f
ormat=pdf&lang=pt. Acesso em: 30 jan. 2022.
109
LAURENTI, R. Análise da informação em saúde: 1893-1993, cem anos da Classificação
Internacional de Doenças. Rev. Saúde Pública, v. 25, p. 407-417, 1991.
PARKINSON. Hospital Albert Einstein, [s. l.], [c2022]. Disponível em: https://www.
einstein.br/doencas-sintomas/parkinson. Acesso em: 21 fev. 2022.
PEARSON, J. L.; BROWN, G.K. Suicide prevention in late life: directions of suicide for
science and practice. Clinical and Psychological Review, n. 6, v. 20, p. 685-705, 2000.
110
VICENTINI, B. L.; MACHADO, R. R.; MARQUES, L. G. A. Doença de Parkinson: mapeamento
da produção científica e tecnológica desenvolvida no mundo. Conhecimento em Ação,
v. 6, n. 1, p. 122-136, 2021.
111
112
UNIDADE 3 —
ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO: AVALIAÇÃO,
ANAMNESE, ENTREVISTA
CLÍNICA, MODELOS DE
INTERVENÇÃO E TÉCNICAS
DE TRATAMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
113
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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114
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E INTERVENÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A Avaliação Psicológica é uma metodologia de avaliação do psicólogo. Ela faz
uso de um conjunto de ferramentas testadas previamente que possibilitam ao psicólogo
realizar a caracterização de diferentes elementos do indivíduo por meio da observação
de seu comportamento em ocasiões padronizadas e pré-definidas.
115
IMPORTANTE
A Avaliação Psicológica é considerada, por especialistas que operam,
estudam e investigam essa ferramenta, como a base da atividade do
profissional de psicologia, posto que a criação de práticas de intervenção
em psicologia seja em qualquer área desse saber e funciona como
norte para a prática daqueles que trabalham em saúde, pois passa pelo
domínio dos fenômenos e eventos psicológicos relativos àquele objeto
que se pretende trabalhar (seja o funcionamento do comportamento
em psicoterapia ou o funcionamento dos mecanismos inconscientes
do sujeito).
116
A credibilidade da apuração e conclusões em um processo de avaliação está
atrelado à necessidade de embasamento teórico/técnico qualificado, que dê suporte as
análises de acordo com a hipótese do determinismo psíquico do avaliado. A bagagem
prática do psicólogo, a aposta de que as informações analisadas serem advindas da
qualificação técnica deste profissional que é capaz de aglutinar a sua análise clínica do
evento psíquico ao dado fornecido, são requisitos básicos para assegurar a credibilidade
das conclusões que serão investigadas a partir da consistência teórica do profissional
(CUNHA, 2000).
117
Para o cumprimento de uma boa avaliação psicológica é preciso seguir algumas
etapas, tais como:
ATENÇÃO
Testes psicológicos e avaliações psicológicas não são a mesma coisa. Os
testes fazem parte do processo de avaliação psicológica. Avaliar vai muito
além de aplicar testes. Avaliar é um procedimento dinâmico.
Avaliar não pode ser superficial, nem veloz e nem banal. Por esta razão, relativo
ao aspecto técnico, é preciso que se tenha um conhecimento aprofundado das técnicas
que serão utilizadas, bem como capacidade crítica para questionar os instrumentos que
usa (sejam eles testem psicológicos, dinâmicas, entrevista entre outros). É primordial
que o profissional domine a junção das informações coletadas, que realize análises
atenciosas destas informações, formule hipóteses a partir deles, posto que estas
dimensões são integrantes de toda avaliação psicológica.
118
Desta forma, é interessante, para fazer um bom trabalho de avaliação, que
o psicólogo possa complementar a sua graduação com cursos de atualização e
experimentação específica da avaliação psicológica.
Outro aspecto a ser considerado é a ética que necessita sempre guiar qualquer
prática. Faz parte do trabalho do profissional de saúde (seja ele qual for) o respeito ao
outro, ao seu sofrimento, a aposta de produzir a menor falha possível com a nossa
intervenção e bancar os resultados das avaliações, ainda que elas desagradem terceiros
(pais, chefes e outros).
Deste modo, a avaliação psicológica nunca pode ser corriqueira, nunca é neutra
com relação aos efeitos que as práticas irresponsáveis podem acarretar ao avaliado e
para a imagem da classe dos psicólogos. Seja trabalhando em uma instituição ou de
modo privado, o profissional precisa agir com cuidado ao aplicar e corrigir testes e a
forma de transmitir seus resultados.
119
3.1 A ESPECIFICIDADE DO TRABALHO DE AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA COM ADULTOS E IDOSOS
Quando tratamos da Avaliação Psicológica pensando no público adulto e idoso
precisamos estabelecer uma configuração cuidadosa e pensar em uma organização
adequada ao objetivo/ pedido. O adulto apenas passará pela avaliação após as
explicações necessárias das etapas e os objetivos que compõem a avaliação psicológica
e a partir do entendimento advir o seu consentimento e cooperação com a realização.
• entrevista clínica (uma a duas sessões): é composto de uma conversa para coleta
de dados sobre o objetivo/pedido da avaliação psicológica, as informações signifi-
cativas da história de vida para o procedimento de avaliação (vida amorosa, familiar,
profissional etc.) e conhecimento do histórico psicológico e médico se for importante;
• escolha e aplicação de instrumentos (três a quatro sessões): por meio da
entrevista clínica será possível selecionar os instrumentos a serem aplicados;
• análise e interpretação dos resultados: é o momento em que o psicólogo avalia
os resultados oferecidos pelas diferentes formas de coletas de dados (entrevista,
somado a dinâmica e aos testes psicológicos, por exemplo) e constrói as conclusões
compondo o relatório de avaliação psicológica. Esta etapa não necessita da presença
física do adulto, e tem a duração mínima de duas semanas;
• entrega do relatório (uma sessão): existe uma sessão que o psicólogo deve
destinar para a entrega e devolutiva do relatório, esclarecendo as resoluções da
avaliação psicológica e tirando as dúvidas que emergem. O propósito do relatório de
avaliação psicológica é transmitir de modo claro, coerente e sistêmica, atendendo
objetivamente ao que ele foi demandando, não pesando na linguagem técnica,
diminuindo a probabilidade de compreensões errôneas.
120
4 ÉTICA EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Quando falamos sobre a ética na Avaliação Psicológica é crucial que antes
possamos entender o que de fato significa o conceito de ética. Toda civilização necessita
de normas de convivência humana. Por exemplo, é sabido que precisamos nos vestir
para sair de casa, que matar viola as regras, que não devemos jogar lixo nas ruas etc.
Estes exemplos configuram aquilo que chamamos de moral, isto é, uma reunião de
normas que direcionam o comportamento dos homens na sociedade. Cada civilização
cria os seus princípios morais de acordo com a sua configuração e elementos históricos.
121
• respeito, liberdade, dignidade, igualdade e integridade;
• estimular o acesso à saúde e à qualidade de vida;
• responsabilidade social;
• atualização profissional continuada;
• promover a circulação do conhecimento científico;
• postura autorreflexiva e crítica.
Para além, é preciso compreender que as pessoas têm autonomia sobre suas
ações; elemento importante para considerar em suas intervenções. Outra questão
trazida, mas não menos importante é a responsabilidade social do trabalho, ou seja,
a promoção da democratização do conhecimento científico para a comunidade a qual
está inserido e de uma forma mais ampla. O profissional de saúde precisa também ter o
compromisso na elaboração de leis e políticas que autonomizem a sociedade sem que
incorram em vantagens profissionais e na compreensão de que os sujeitos têm direitos.
122
observar, perceber, formular hipóteses, correlacionar e, desse modo, compreender o
fenômeno psicológico e, deste modo, fazer uso da Avaliação Psicológica como um pilar
importante para a intervenção posterior.
DICA
Para se aprofundar mais nas possibilidades, manejos e discussão ética
da Avaliação Psicológica, o Conselho Regional de Psicologia de Curitiba
fez uma coletânea importante de artigos que tratam das especificidades
e pesquisas da avaliação psicológica em “Avaliação Psicológica:
Dimensões, Campos de Atuação e Pesquisa”. Acesse o documento em:
https://bit.ly/3vcmi6g.
123
Com relação ao público idoso, as maiores requisições de intervenção são na
direção da avaliação das dificuldades cognitivas, em particular, prejuízos na atenção/
concentração, memória, lentificação no processamento das informações, questões
emocionais relacionadas ao envelhecimento, perdas, ansiedade e depressão. A avaliação
destes tópicos geralmente pode ser feita em complementaridade com os familiares
(entrevistas), observação clínica do idoso e aplicação de testes psicológicos (TISSER;
COIMBRA, 2019).
124
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
125
AUTOATIVIDADE
1 A Avaliação Psicológica é uma das ferramentas importantes de trabalho do psicólogo.
Este instrumento de trabalho por vezes está envolto por algumas discordâncias
dentro do campo PSI: seus críticos acreditam que ela pode se tornar excessivamente
patologizante, quando foca no enquadramento de uma determinada concepção do
que seria normal. Sobre a avaliação psicológica, assinale a alternativa CORRETA:
2 A prática do psicólogo deve estar sempre permeada e ter como objetivo geral a
emancipação humana, conferindo a pessoa que o procura respeito a sua dignidade,
integridade e liberdade. Para tanto, esse profissional deve trabalhar a partir de alguns
norteadores. Sobre a dimensão ética no trabalho de avaliação psicológica, analise as
afirmativas a seguir:
126
3 Ao utilizar o recurso da Avaliação Psicológica com o público adulto e idoso, o
psicólogo necessita traçar um caminho cuidadoso, pensar nos procedimentos que
irá realizar para obtenção do resultado, mas antes precisa não só explicar todos os
passos e objetivos para o analisado, como também obter seu consentimento. Sobre a
especificidade do trabalho de avaliação psicológica com adultos e idosos, classifique
V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
127
128
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: INSTRUMENTOS
E TÉCNICAS
1 INTRODUÇÃO
Quando falamos em Avaliação Psicológica, é comum que algumas pessoas
identifiquem esse processo a unicamente aplicação dos testes psicológicos. No en-
tanto, a avaliação psicológica é composta por alguns outros instrumentos e técnicas,
além de ter as suas especificidades com relação ao público a ser avaliado (criança,
adolescente, adultos).
129
atual do avaliado se encontra. Por exemplo, se o cliente se queixa de episódios de
ansiedade é importante que o profissional estabeleça um marco referencial em que a
queixa atual se enquadra e ganha significação.
IMPORTANTE
O teste psicológico é um dos instrumentos para se atingir um
dado sobre o sujeito. Estes estão sujeitos, algumas vezes, a serem
mal utilizados, ação que restringe ou retira a sua possibilidade
de ser útil para a avaliação. A responsabilidade última pelo uso e
interpretação apropriados dos testes é do psicólogo.
130
• idade, escolaridade, nível socioeconômico etc. do avaliado: perfil do sujeito a ser
analisado;
• conhecimento da ferramenta: ter habilidade prévia dos instrumentos antes de ser
aplicado;
• qualidade da ferramenta: credibilidade do instrumento a partir da validação do CFP;
• materiais originais: uso dos testes psicológicos da editora e nunca fotocópias.
NOTA
Todos os testes psicológicos precisam passar pelo crivo do SATEPSI.
O SATEPSI é o sistema de avaliação de testes psicológicos elaborado
pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) para trazer dados
informativos a respeito dos testes psicológicos à comunidade e às/os
psicólogas/os. No site do SATEPSI são disponibilizados, em duas abas,
os testes psicológicos e instrumentos. Neste site é possível encontrar
as avaliações científicas realizadas com os testes, os caracterizando se
são favoráveis ou desfavoráveis para a utilização do teste na avaliação
psicológica, assim como a informação de instrumentos privativos e não
privativos do psicólogo.
131
• pensamento: habilidade de criar, conectar e refletir ideias. Diz da capacidade de
formular conceitos, relacioná-los em avaliações e fabricar racionalizações de forma
a criar soluções;
• linguagem: grupo de sinais estabelecidos usados para se expressar;
• afetividade: habilidade de ter sentimentos e emoções;
• conduta: tendência psicomotora da atividade psíquica.
• aparência geral: higiene, zelos corporais e adequação das roupas (ex: se veste
roupa de frio no calor etc.);
• aspecto físico e de saúde: comportamento e noção de morbidade;
• área sensorial e motora: visão, audição, movimento corporal.
IMPORTANTE
A entrevista é empregada em diversos contextos e para diferentes
objetivos, não é ferramenta exclusiva da psicologia. No entanto,
inserido em um processo de Avaliação Psicológica, essa técnica precisa,
também, estar vinculada a finalidade dessa avaliação, permitindo uma
compreensão mais ampla sobre a história de vida do indivíduo e da
relação com o ambiente externo que o circunda.
132
De modo mais específico, Alchieri e Bandeira (2002) apostam na necessidade
de o profissional coletar nas entrevistas:
• dados de identificação;
• dados socioculturais;
• história familiar;
• história escolar;
• história e dados profissionais;
• história e indicadores de saúde/doença;
• aspectos da conduta social;
• visão e valores associados a temática investigada;
• características pessoais;
• projeções de futuro.
133
A avaliação das funções cognitivas pode ser efetuada a partir da utilização de
testes, técnicas, entrevistas e observações clínicas. Esses auxiliam na localização das
competências cognitivas individuais, identificar se existe algum prejuízo ou transtorno
em algum funcionamento cognitivo. Os déficits em adultos e idosos podem estar contidos
na parte de recepção de informações, na memória, capacidade de aprendizagem,
pensamento e nas funções executivas.
ATENÇÃO
É importante ressaltar que nenhum instrumento detém a competência
de fincar um diagnóstico. Estes instrumentos apenas contribuem com o
trabalho do profissional na realização de hipóteses diagnósticas.
134
Colabora para a promoção do conhecimento por meio da observação, descrição e
análise dos processos de desenvolvimento, inteligência, aprendizagem, personalidade
e outros componentes do comportamento humano.
135
ATENÇÃO
Lembrando que, em alguns casos, a família deve participar tanto da
avaliação psicológica, trazendo elementos que sejam importantes para
a configuração diagnóstica e do momento da intervenção propriamente
dita (seja o encaminhamento para tratamento psiquiátrico, psicológico
ou para o começo de um tratamento com o psicólogo que realizou a
avaliação).
136
Sendo assim, na avaliação da dinâmica familiar, o uso dos instrumentos técnicos
das entrevistas estruturadas com a família são interessantes para avaliar regras, valores,
hierarquias, conflitos, o papel que aquele paciente exerce dentro da família, além da
estruturação de um projeto terapêutico que contribua para a melhora do paciente.
É necessário, também, desenvolver uma caracterização coesa do aspecto que será
avaliado, posto que não se tem uma padronização de regras que circunscrevem a
pesquisa com famílias (PRIMI; MUNIZ; NUNES, 2009).
137
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
138
AUTOATIVIDADE
1 A avaliação Psicológica é um dos modos que o psicólogo tem a sua disposição para
atuar e conduzir sua prática. A Avaliação Psicológica se sustenta a partir de requisitos
científicos que compõem o entendimento de um fenômeno em que a realidade é
compreendida a partir do uso de conceitos, noções e de teorias científicas. Sobre os
instrumentos que compõem a Avaliação Psicológica, assinale a alternativa CORRETA:
139
3 O desenvolvimento humano não se circunscreve somente por uma fase específica
que é a infância e a adolescência. Para o adulto também é requerido que alcance
marcos do desenvolvimento vinculados ao progresso dos anos nas esferas sexual,
familiar, social, física, e de trabalho. Acerca das características avaliadas e dos
instrumentos utilizados na avaliação psicológica do público adulto e idoso, classifique
V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
140
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E A NECESSIDADE
DE OUTROS TIPOS DE AVALIAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A avaliação psicológica pode ser trabalhada em muitos contextos, em contexto
privativo, hospitalar, dentre outros. Além disso, em alguns casos é demandado que
existam análises complementares de outras áreas do conhecimento. Sendo assim, em
ambos os casos, esse é o momento em se é exigido dos profissionais de saúde um
trabalho em equipe multiprofissional.
IMPORTANTE
Através do seu acompanhamento, o acompanhante terapêutico pode
oferecer elementos para a elaboração diagnóstica do paciente, ajudar na
direção do tratamento de transtornos psicológicos, neuropsicológicos,
psicossociais e interpessoais, além de oferecer orientações para os
pacientes e seus familiares.
DICA
Para saber mais sobre as possibilidades de trabalho do acompanhante
terapêutico, o Conselho Federal de Psicologia elaborou um livro que traz
diferentes pesquisas sobre a prática do acompanhamento terapêutico
como estratégia de cuidado em saúde mental. Acesse o documento
na íntegra em: https://site.cfp.org.br/artigo-da-psicologia-ciencia-e-
profissao-aborda-acompanhamento-terapeutico/.
142
O papel do acompanhante terapêutico, em uma equipe multiprofissional,
constitui-se pelo ato de apresentar o "dentro" para o "fora" e o "fora" para o "dentro",
ou seja, trabalhar na intercessão entre o paciente e a instituição e, mais do que isso,
diminuir a distância entre eles. Nesse sentido, o papel desse profissional, ao acompanhar
o sujeito em suas atividades cotidianas, contribui para o acompanhamento mais detido
da evolução do quadro do paciente, resgatando a sua singularidade (sua história de
vida, suas vontades, seus gostos e seus desejos), tanto na interface com instituição
quanto na interface com a cidade.
ATENÇÃO
Ao focar sua área de pesquisa na dinâmica intelectual, cognitiva e
emocional dos sujeitos, a neuropsicologia pode instrumentalizar
diversos profissionais, entre eles psicólogos, médicos (neurologistas,
neuropediatras, geriatras, psiquiatras), fonoaudiólogos, terapeutas
ocupacionais, psicopedagogos, entre outros, propiciando um tratamento
mais eficaz. Pela profundidade e diferentes atravessamentos que
compõem a Neuropsicologia não se encontram métodos exatamente
padronizados que sejam capazes de ser empregues a todos os sujeitos,
principalmente pela multiplicidade de quadros clínicos que podem ser
destinados ao neuropsicólogo (MADER-JOAQUIM, 2010).
143
A avaliação neuropsicológica de cada sujeito é um procedimento investigativo
particularizado, que parte primeiro pela elaboração de hipóteses depois da aplicação da
anamnese, considerando as demandas individuais de cada sujeito e as peculiaridades do
caso. Desta etapa parte-se para a identificação de quais instrumentos e técnicas podem
ser usados, fato que em alguns casos, exige muita atenção e preparo do profissional.
• perda de memória;
• déficit das funções executivas como planejamento e organização;
• dificuldade para se concentrar;
• déficit de atenção;
• déficit de raciocínio;
• dificuldades de aprendizagem;
• dificuldade com resolução de problemas;
• déficit das habilidades perceptivas e motora.
144
• doença de Alzheimer;
• doença de Parkinson;
• traumatismo craniano;
• acidente vascular cerebral (AVC);
• epilepsia;
• depressão.
145
Os históricos pessoais clínicos (doenças pré-existentes, traumatismos, cirur-
gias), bem como os hábitos (principalmente uso de drogas), precisam ser questionados
com intuito de pesquisar as interrelações existentes entre o aparecimento dos sintomas
e determinados comportamentos. Para o final é questionado acerca da história familiar,
com o foco no histórico de doenças psiquiátricas e dependência de drogas entre os
membros da família (BOTEGA, 2006).
146
comportamentos a serem modificados atuam; mas, em outros momentos, como aquele
que coopera com a atuação de um psicólogo, de um psiquiatra ou de uma equipe
multidisciplinar (METZGER, 2021).
147
LEITURA
COMPLEMENTAR
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM IDOSOS
Nos dicionários o termo velho é definido como pessoa com muita idade. Não
obstante, o envelhecimento é apresentado de forma vaga, visto ser um fenômeno
fisiológico, psicológico e social complexo, que implica mudanças. Este fenómeno,
universal, gradual, irreversível e peculiar gera mudanças no envelhecimento normal e/
ou patológico (demência) (LIMA, 2010).
Até aos anos setenta, os autores defendiam que, na vida adulta, o declínio é
inevitável. No entanto, autores como Levinson e Baltes advogam que o envelhecimento é
acompanhado de perdas, mas também de ganhos, tais como a maturidade e a sabedoria
(LIMA, 2010). O ser humano é uma multiplicidade interdinâmica multifatorial, como bem
queria Morin e, nesse sentido, ao estudarmos o psíquico, direta ou mais indiretamente,
avaliamos também as outras componentes do ser humano (MORIN, 1983).
148
Se é verdade que a saúde mental de uma pessoa é determinante para que ela
saiba viver com a idade que têm, reconhecer as suas possibilidades e incapacidades
e não ficar molestado com elas, recusando-se a viver num contínuo mecanismo de
defesa com recurso à regressão, vivendo de memórias em que era o herói que agora
já não pode ser, não é menos verdade que essa saúde psicológica é influenciada por
outras vertentes da dinâmica do ser humano.
Isto não impede, antes estimula, o seu estudo enquanto objeto de uma ciência
como a Psicologia.
149
É comum associar-se o processo de envelhecimento ao declínio da memória.
Estudos revelam que se, com o avançar da idade, se registam grandes diferenças ao
nível da memória de trabalho e da memória episódica, por sua vez, em relação à memória
procedimental e semântica são poucos os seus efeitos (LIMA, 2010).
150
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O dever ético do psicólogo que compõe uma equipe multiprofissional é realizar apenas
atividades que sejam fundamentadas nos conhecimentos técnicos legitimados
e embasados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional. Logo,
estes psicólogos precisam ser cuidadosos ao serem requisitados a ajudarem outros
profissionais, levando sempre em consideração que não devem incumbir-se de
práticas que sejam próprias de outra profissão.
151
AUTOATIVIDADE
1 A avaliação psicológica pode ser aplicada em diferentes situações. Algumas destas,
por exemplo, podem ter seu emprego em instituições. O contexto de uma instituição
demanda por um trabalho de uma equipe multiprofissional na leitura de um mesmo
caso. Sobre o trabalho de avaliação psicológica em equipe multiprofissional, assinale
a alternativa CORRETA:
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3 A avaliação psiquiátrica se define como instrumento importante para identificar
a situação psicológica do paciente, isto é, se o paciente possui a noção e sabe se
situar na realidade em que habita. Sobre a avaliação psiquiátrica, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
153
REFERÊNCIAS
ALCHIERI, J. C.; BANDEIRA, D. R. Ensino da Avaliação Psicológica no Brasil. In: PRIMI,
R. Temas em Avaliação Psicológica. Campinas: Impressão Digital do Brasil, 2002, p.
35-39.
HUTZ, C. S. Questões éticas na avaliação psicológica. In: HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.;
TRENTINI, C. M. Psicometria. Porto Alegre: Artmed, 2015.
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LINS, M. R. C.; BORSA, J. C. Avaliação psicológica: aspectos teóricos e práticos.
Petrópolis: Vozes, 2017.
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