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Salários e
Benefícios
Indaial – 2023
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Mariane Rosineide Estefano
218p.
ISBN 978-65-5646-624-8
ISBN Digital 978-65-5646-625-5
“Graduação - EaD”.
1. Cargos 2. Salários 3. Benefícios
CDD 658.32
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a disciplina Gestão de Cargos, Salários
e Benefícios. Este livro o ajudará a entender mais esta área, apresentando temas
fundamentais da disciplina. A disciplina Gestão de Cargos, Salários e Benefícios leva
você a ter um olhar aguçado aos processos organizacionais relacionados à recompensa
de pessoal. Você será instigado a perceber as nuances da área e as atribuições da
profissão de Recursos Humanos (RH).
Após a leitura deste livro, bem como a realização das autoatividades e leitura
complementar, entende-se que você estará habilitado a discorrer a respeito do tema sob
uma ótica moderna e geradora de vantagens competitivas na área de Recursos Humanos,
em que gestores e RH alinham seus esforços rumo ao sucesso de suas tratativas. A
disciplina foi desenvolvida com o intuito de ser uma das ferramentas facilitadoras na
busca e aplicação desse conhecimento, sendo estruturada em três unidades.
Ao final deste livro, você terá uma visão mais ampla da área e descobrirá
possibilidades de atuação profissional dentro da Gestão de Cargos, Salários e Benefícios.
Esperamos que sua leitura seja proveitosa e que desperte seu interesse na área.
Bons estudos!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 75
UNIDADE 2 — BENEFÍCIOS.................................................................................... 77
REFERÊNCIAS......................................................................................................150
UNIDADE 3 — REMUNERAÇÃO VARIÁVEL.......................................................... 153
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 217
UNIDADE 1 -
CARGOS E
SALÁRIOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
CONCEPÇÕES DE CARGOS E SALÁRIOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, nesta jornada de aprendizagem você iniciará seus estudos
conhecendo os aspectos fundamentais do tema cargos e salários. Para isso, é
interessante que os conceitos principais da área sejam apresentados. Esta disciplina se
concentra na análise gerencial com foco na área de Recursos Humanos (RH), por isso
este material está dividido em dois subtemas, o primeiro traz as concepções essenciais
de cargo e o segundo, de salário.
Quando você for aplicar os conceitos estudados, ele já foi pensado na ordem
de trabalho do profissional de RH: primeiro o profissional entende as características
e complexidades do cargo, depois desenha o cargo, para então nomear e resumir na
Matriz RACI. Explorados os conteúdos de cargo, você é dirigido ao tema salários. O
estudo de salários contribui ao levantar diferentes questões que permitam entender e
motivar os colaboradores.
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2 CARGOS EMPRESARIAIS
O tema cargos e salários surge da ideia de ação e recompensa, e é disso que
falaremos. Para tanto, vamos partir da noção essencial de comportamento dos animais.
Fundamentalmente, animais se caracterizam pela ação, pela movimentação. Seja para
a colheita de frutos, para o deslocamento de lugares ou até mesmo para a aquisição
de novos itens, o emprego de sua energia para conseguir algo é uma característica
inerente aos animais.
Essencialmente, você tem uma organização quando há mais de uma pessoa que
tem objetivos comuns. Você consegue pensar em outros exemplos de organizações?
Quantas organizações você participa?
4
GIO
Falando de organização, lançamos um desafio: você consegue
descobrir qual o objetivo da organização familiar? Sabemos que
não é o lucro. Bom, no caso da organização familiar, assim como
no caso dos animais, o objetivo é fundamentalmente a sobre-
vivência. Quando uma criança nasce, ela é cuidada para que
continue viva e saudável. Naturalmente, existem outras metas
que estreitam o laço, o relacionamento entre os familiares, mas
o objetivo principal é o da sobrevivência.
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Cargo também é atrelado ao sentido de emprego público. Isso se dá especialmente
em função da exigência normativa da área pública em criar leis e regulamentos que
contemplem todo o vínculo de trabalho existente com as organizações públicas. Por
consequência, temos um grande número de instruções, atribuições e informações
legais vigentes que regulam os cargos organizacionais. Veja, por exemplo, a Prefeitura
de Sinimbu, no Rio Grande do Sul, que por meio da Lei nº 2003, de 2022, criou o cargo de
analista de recursos humanos. Já a Lei nº 1721, de 2019, estabelecida em Capanema,
no Paraná, além de criar o mesmo cargo, também define salário e carga horária.
DICAS
O eSocial é um importante sistema do Governo Federal criado para a es-
crituração digital das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, você
consegue acesso a ele por aqui: https://login.esocial.gov.br/login.aspx . No
final de 2022, o sistema sofreu grandes alterações e, dentre essas, o sistema
passou a ser parte do sistema GOV.BR. Você consegue conferir algumas das
novidades no “Manual de orientação do eSocial”, versão S-1.1 .
6
Lacombe (2004 apud MORENO, 2014) associa o conceito de cargo a atribuições
profissionais semelhantes com responsabilidades específicas. É interessante perceber
os tópicos responsabilidade e atividades (ou funções e atribuições) a que o autor
comenta diretamente relacionados ao conceito de cargo. Veja que esses aspectos são
fundamentais para compor novos cargos organizacionais. Quando os gestores, junto do
RH, virem a necessidade de criar novos cargos para a empresa, são as informações da
função e responsabilidade que irão nortear todo esse trabalho.
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NOTA
Organograma é uma representação visual da disposição dos cargos
na empresa. Nele você consegue perceber os níveis hierárquicos da
empresa, ou seja, o grau de responsabilidade e a área a que um cargo
está vinculado.
8
Veja outro exemplo: em uma universidade há profissionais com baixo nível de
supervisão, como o de professor, mas que tem alto nível de complexidade. Se um dia
um professor de Física Avançada faltar, é provável que nem o coordenador ou o diretor
da referida universidade consiga atender com qualidade as demandas dos estudantes
da área. Trata-se de trabalhos específicos, feitos por especialistas, geralmente com
experiência e habilidades na área.
9
exemplo, de desmoronamento ou de infiltração. Além da complexidade, o cargo deve
ser desenhado. Estudemos, neste momento, o desenho do cargo e suas atribuições.
Os subtemas estão organizados na ordem de indicação de processo de trabalho para
efetivamente desenhar o cargo.
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Vamos analisar: trazendo o exemplo da função de recrutar pessoas para um vaga,
você pode ter a periodicidade de realizá-la duas vezes ao dia, sendo desempenhada
pelas etapas já mencionadas (coleta dos dados, busca de locais para divulgação, pedido
de pagamento dos custos, cadastro da vaga e atendimento de candidatos). Para tanto,
é necessário o uso de pelo menos um computador com acesso à internet e um veículo
de comunicação imediato (telefone ou celular com WhatsApp, por exemplo) para trocar
informações digitalmente ou por comunicação por voz ou vídeo. O cargo cujas atividades
foram desenhadas agora pode ser o de assistente de RH, que tem a responsabilidade de
reportar os resultados ao gerente de RH, e tem autoridade sobre o estagiário e auxiliar
de RH para delegar atividades como as de solicitar o pagamento de custos e cadastrar
novas vagas.
GIO
Faça o desafio de analisar o cargo que você ocupa, ou o último
cargo que você ocupou, respondendo às perguntas anterior-
mente elencadas. Você consegue descrever esses aspectos a
partir de uma função sua?
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A fim de realizar a análise de cargo, é interessante buscar informações sobre
aspectos físicos demandados pelo cargo, tais como peso, musculatura e altura (PAIVA,
2019). São verificadas, também, as exigências do cargo relativas ao nível de concentração
visual e auditiva da pessoa que ocupará o cargo. Nesse momento são analisados
aspectos importantes como os registros ambientais e o monitoramento de potenciais
agentes nocivos à saúde e integridade do ocupante do cargo. Cargos com maior
exposição a riscos físicos costumam exigir um perfil psicográfico específico geralmente
utilizado pelo RH como requisito de seleção de pessoal. O processo de seleção de áreas
funcionais, como o de bombeiro militar, é exemplo de requisito demandado resultante
da análise do cargo, já que esse processo exige um perfil psicográfico específico.
12
Quadro 1 – Verbos para utilizar na descrição das atividades do cargo
13
[...] mental, físico, responsabilidades e condições do trabalho, nos
mais são considerados conhecimento, especialização, experiência,
complexidade das tarefas, iniciativas, esforço físico, posições
assumidas, habilidade manual, ferramentas e equipamentos, erros,
valores, segurança, decisões e dados confidenciais, além de fatores
ambientais e riscos do trabalho.
Nesse sentido, uma ferramenta de gestão que pode ser utilizada pela equipe de
RH é a Matriz de Responsabilidade, ou Matriz RACI. A Matriz RACI traz, visualmente, de
forma resumida, os papéis de cada colaborador. O acrônimo RACI vem da letra inicial de
quatro palavras em inglês e tem sua tradução relacionada, respectivamente a:
R – Responsible – Responsável.
A – Accountable – Autoridade.
C – Consulted – Consultado.
I – Informed – Informado.
Esses quatro aspectos indicam papéis diferentes para cada função ou atividade.
O responsável é aquele que vai executar as atividades. Trata-se da pessoa, ou pessoas,
que trabalhará efetivamente na função apresentada na matriz. Se está descrita a
atividade, por exemplo, de registrar novas vagas nas plataformas de divulgação, o auxiliar
de RH pode ser o responsável, geralmente indicado pela letra (R) na Matriz, pela atividade.
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O informado é aquele que tem menos impacto nos resultados do trabalho,
mas que pode ter algum interesse pela atividade ou função. O poder de decisão des-
se(s) profissional(ais) é baixo, mas ainda assim pode ser interessante ser informado.
Quando realizada a atividade de divulgação de uma vaga, os trabalhadores do setor
podem ser informados (I) sobre essa vaga ociosa, podendo sugerir, ocasionalmente,
melhorias na divulgação.
Veja que os itens para análise podem ser uma função ou uma atividade. Quando
o RH escolher fazer a Matriz RACI pelas atividades, esta será mais completa, mais bem
especificada, mas pode ser mais cansativa e custosa de produzir. Já no pessoal que será
atribuído às funções, podem ser aplicados ao cargo ou à pessoa que ocupa o cargo. Em
empresas de médio ou grande porte, é mais interessante associar a função ao cargo.
A acadêmica Sousa (2016) trouxe dois exemplos de Matriz RACI, uma que atrela
o papel de cada pessoa a sua atividade (Quadro 2) e outra que designa as atividades aos
cargos e vinculações da empresa (Quadro 3).
15
Quadro 3 – Exemplo da Matriz RACI atrelada ao cargo
16
ATENÇÃO
Você conseguiu associar o trabalho de desenho de cargo à Matriz RACI
por meio dos exemplos apontados? A descrição do cargo pode ser utiliza-
da na coluna de atividades da RACI, enquanto a avaliação do nível hierár-
quico do cargo pode ser aproveitada para posicionar os cargos nos papéis
de responsabilidade da matriz.
INTERESSANTE
Um exemplo prático da alteração de nome dos cargos pode ser visto na
empresa bancária Bradesco. Eles alteraram o cargo de “escriturário” para
“agente de negócios”. Confira a notícia completa aqui: https://bit.ly/3KMiIcz.
Analisando sob o aspecto do trabalhador, ser nomeado para o cargo pode estar
naturalmente relacionado ao currículo que ele possui, mas também pode ter relação com
as características da empresa. Uma empresa que trabalha com impressão gráfica, por
exemplo, pode nomear o profissional da gestão com o cargo de gestor tampográfico,
ao invés de gestor de produção. Esta escolha, quando intencional, permite que
o profissional tenha seu vínculo fortalecido com sindicatos e entidades de setores
direcionados exclusivamente à tampografia. Ele também atesta que a experiência que o
profissional vai construir na gestão se aplica àquela área específica de atuação.
GIO
Você já vivenciou ou conhece a história de profissionais que tive-
ram que pedir demissão para só então a empresa oferecer uma
nova posição a eles? Partindo da visão de um profissional de RH,
como você analisa essa situação? Quais ações você, enquanto RH,
tomaria em uma situação como essa?
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Feita a atividade de criar ou rever o cargo, cabe ao RH atribuir um pacote de
remuneração àquela função. O âmago desse pacote, de suma importância para os
trabalhadores, consiste na definição do valor salarial a ele atribuído. Analisemos,
portanto, a atribuição e característica do salário.
3 SALÁRIO
As organizações operam por sistemas de trabalho, é preciso o esforço humano
para que as organizações funcionem. O trabalho, natural ao homem, permite que itens
sejam transformados. Essas transformações geram resultados, que são os produtos
das organizações. As entregas mais comuns das organizações são produtos, serviços
e informações. Nos processos de negociação entre comprador (cliente) e vendedor
(empresa), as organizações empresariais adquirem capital, lucro. Na organização
empresarial, a recompensa dos participantes geralmente consiste na repartição
dos valores monetários recebidos. Perceba que há uma troca da força do trabalho
por recompensas. O salário, portanto, surge dessa ideia de recompensa das ações
depreendidas em uma organização.
INTERESSANTE
É provável que você chame a pessoa que trabalha em uma empresa de
funcionário. Este termo, no entanto, está entrando em desuso – já que a
palavra funcionário remete à ideia de “aquele que funciona”. Colaborador
desponta como a palavra vista com mais frequência na literatura, mas em-
pregado também é uma nomeação comum – pois, traz a ideia de “aquele
que emprega sua força de trabalho em troca de recompensas”.
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3.1 CONCEPÇÃO DE SALÁRIO
No estudo da palavra, salário é uma “retribuição pecuniária regular por um
serviço executado, geralmente definida por um contrato de trabalho” (SALÁRIO, 2022),
ou seja, uma retribuição em dinheiro que é paga com regularidade devido a um trabalho
realizado e que pode ser fixado em um contrato. A Figura 3 traz os aspectos monetários
e de contrato, resumindo o conceito de salário.
Veja, agora, outros tipos de salário indicados nos livros (STADLER; PAMPOLINI,
2014; MORENO, 2014) são:
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• Salário nominal: valor firmado em contrato e registrado na carteira de trabalho (se CLT).
• Salário real: valor aquisitivo, poder de compra do empregado.
• Salário complessivo: salário e valores adicionais, como hora extra.
• Salário absoluto: salário líquido recebido pelo empregado, ou seja, que já foi retirado
todos os descontos.
GIO
Você acredita que atrelar o salário ao cargo, como geralmente é
feito pelas empresas tradicionais, é uma boa opção? Você conhe-
ce alguém que trabalhou em uma organização que não tivesse
seu salário vinculado exclusivamente ao cargo, mas sim a outros
aspectos de trabalho?
Chiavenato (2008 apud VIEIRA, 2015) lembra que a remuneração fixa e estática
está mais voltada a processos tradicional de recompensa. Na abordagem tradicional
de recompensas, os acordos são generalizados, a mudança de salário está relacionada
ao tempo de trabalho e os processos são padrões. Numa abordagem moderna, os
processos de recompensa são especializados, individualizados. As estruturas modernas
de recompensa têm seus salários atrelados a metas (que visam o futuro da empresa) e
esquemas flexíveis de remuneração. Dentro da concepção de salário, portanto, é preciso
conhecer do que é composto o pacote remuneratório, e compensatório, e como o RH
pode contribuir para a gestão de salários empresariais.
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mensal, há também a remuneração variável. Pode compor a remuneração variável: a
participação nos lucros e resultados (PLR), os bônus – como o bônus de fim de ano – e
ações da empresa. Chiavenato (2010 apud MORENO, 2014) defende a concepção de que
recompensas como bônus e PLR são exemplos de incentivos salariais.
ESTUDOS FUTUROS
A terceira unidade deste livro abordará o tema remuneração variável.
Um colaborador, por sua vez, dispõe sua força de trabalho para a empresa,
mas em níveis diferentes, há uma instabilidade no desempenho do recurso humano.
A troca de esforço humano pode se tornar inviável na medida em que a qualidade
decai, a produtividade é reduzida ou os absenteísmos se tornam mais frequentes. A
isso pode ser atrelado à motivação do empregado e às remunerações não financeiras.
Stadler e Pampolini (2014, p. 34) explicam que, para além das remunerações financeiras,
o empregador pode oferecer vantagens, como:
A análise da viabilidade é uma via de mão dupla. Por tratar-se de uma troca, na
medida em que os esforço dispendidos são proporcionais às vantagens recebidas, o
colaborador mantém seu vínculo de trabalho. Do mesmo modo, a empresa permanecerá
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oferecendo as remunerações na mesma proporção com que o trabalhador se empenha
para executar seu trabalho, com qualidade e produtividade. Essa estrutura, por vezes,
é atravessada por outras questões: falta de mão de obra, pouca fiscalização e avaliação
do desempenho do pessoal, necessidades urgentes do colaborador, acomodação e
medo da mudança. Nesse ponto o RH tem papel crucial.
3.1.2 Salário e RH
Vimos que no sistema tradicional de pagamento de salário, a contraprestação
pecuniária está vinculada ao cargo e tem valor fixo, geralmente pago mensalmente. O
cargo, por sua vez, está associado ao papel do colaborador na empresa. Cargo e salário,
portanto, costumam andar lado a lado. Além das atribuições do cargo, este também
se estrutura em uma organização hierárquica. Daí o desejo comum das pessoas em
ascender hierarquicamente na empresa.
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Outra grande questão envolvendo essa mudança diz respeito aos benefícios
intrínsecos ao trabalho remoto: o colaborador não precisa gastar seu tempo para se
deslocar até a empresa, em algumas situações não há a necessidade de investir em
trajes sociais, se valendo de roupas mais confortáveis, e o benefício de poder fazer
pausas mais longas ou poder gerir seu tempo. Isso, claro, em locais que ofereçam
esse conforto às pessoas. Quando a pessoa não tem um espaço que permita focar no
trabalho, ou não se sinta confortável em trabalhar no local onde geralmente descansa,
estes não são considerados benefícios. Nesse sentido, os benefícios do home office
podem ser questionados.
GIO
Considerando o que você vivenciou e estudou sobre trabalho
home office, você entende que quando a empresa oferece esta
opção ao trabalhador, ela também está oferecendo uma vanta-
gem? Acerca do regime de teletrabalho, como o RH pode gerir
salários e benefícios? Como o RH pode avaliar para promover o
trabalhador que não está atuando no mesmo espaço que ele?
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O salário pode ser considerado um reconhecimento da empresa sobre o
trabalho executado ao longo dos anos. Nesse sentido, a remuneração pode ser vista
como um fator motivador na hierarquia das necessidades humanas, Maslow já trazia a
questão da recompensa dos esforços imputados em tarefas da organização. Para ele, o
ser humano é motivado quando as recompensas são satisfeitas em ordem crescente:
da necessidade fisiológica, passando pela demanda por segurança, de relacionamento
social, em como a pessoa tem e recebe estima para, por fim, demandar autorrealização.
A teoria de Maslow, conforme mostra a Figura 4, indica uma escala que, quando
uma necessidade é atendida, a demanda pelo próximo fator motivacional surge. Acerca
da relação entre motivação e salário, Pontes (2021, p. 29, grifos nossos) traz uma
excelente análise a partir da teria das necessidades de Maslow.
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a necessidade de autoestima. Aumentos salariais por mérito ou
promoção, demonstram para as pessoas o reconhecimento do
seu valor no trabalho, que vêm ratificar todas as demonstrações
informais de estima que o funcionário possa ter recebido. Se a pessoa
tem como objetivo alcançar um certo patamar salarial, também, a
remuneração pode estar associada à autorrealização, quando essa
pessoa alcança seu objetivo profissional.
Na necessidade social, o salário garante os custos para que, como dito por
Pontes (2021), o colaborador participar de eventos sociais. O desenho do cargo e a
hierarquia dos cargos em si, têm um forte papel na estima do trabalhador. Visto que o
cargo está atrelado ao salário, esses dois podem ser motivadores para o colaborador no
que se refere à autoestima. Com relação à autorrealização, Pontes (2021) dá o exemplo
de pessoas que ambicionam um padrão de vida que exige maior valor salarial e, quando
conseguem, podem ser motivadas pelo atendimento dessa necessidade. Outro exemplo
é a aplicação do salário para desenvolver-se ou promover um novo projeto dentro da
sua área.
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do impacto, responsabilidade e desafios enfrentados pela pessoa que ocupa o cargo,
como é o caso do engenheiro civil da obra. Você descobriu as etapas do desenho de
cargo – descrição, análise, especificação e avaliação do cargo. Conheceu o que significa
RACI e como esta matriz pode ser importante para o RH, já que dá um panorama das
responsabilidades da equipe empresarial.
No que diz respeito ao salário, você descobriu que o salário está associado ao
conceito de contraprestação e que é uma parte que compõe a remuneração. O Tema
de Aprendizagem 1, por fim, traz dicas para os profissionais relativas à gestão salarial,
tais como a implantação do PCS, a questão do trabalho home office e a importância
de se considerar os benefícios intrínsecos. Neste momento, encerramos este tema
de aprendizagem, esperamos que você tenha aproveitado o material e aprofundado
seus conhecimentos na área. Não esqueça de treinar seus conhecimentos por meio da
realização das autoatividades.
27
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
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AUTOATIVIDADE
1 Conceitualmente, o cargo dá título a um conjunto de funções similares executadas
por uma ou mais pessoas que atuam na organização. Função é um conjunto de
atividades com um objetivo comum. Acerca do conceito de cargo, assinale a
alternativa CORRETA:
29
3 Quando a empresa trabalha com cargos bem definidos, fica mais fácil, inclusive para
a área de Gestão de Pessoas, estabelecer o responsável pela função desempenhada.
Nesse sentido, uma ferramenta de gestão que pode ser utilizada pela equipe de
RH é a Matriz de Responsabilidade, ou Matriz RACI. De acordo com a Matriz RACI,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
GESTÃO DE CARGOS E SALÁRIOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, iniciaremos seus estudos dos aspectos fundamentais do Pla-
no de Cargos e Salários (PCS). Para isso, é interessante que seja apresentada a estrutura
de trabalho do PCS. Neste momento, é delineado o que compõe o PCS, seus benefícios
e as dicas dos pesquisadores da área sobre sua implantação nas empresas.
31
2 PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS
Cada vez mais as organizações se dão conta da importância de investir no
capital humano para poderem evoluir e competir com seus concorrentes. Uma empresa
não consegue sucesso profissional se não tiver uma equipe engajada e um RH com
estratégias bem delimitada. Para tanto, muitas vezes se faz necessário investimentos
no aprimoramento e evolução da equipe. Hoje, com a globalização e a divulgação de
informações relativas às responsabilidades sociais das empresas, o cenário do mercado
se transformou, se tornou mais transparente. Programas e melhorias implantadas pelo
RH, por exemplo, podem servir inclusive como estratégia de fidelização e reconhecimento
do cliente com a marca.
Uma empresa que tem grande movimentação de pessoal não é bem-vista pelo
mercado e pode sofrer penalidades, como a redução de clientes e de parceiros de negócio.
Além disso, empresas que têm alta rotatividade de profissionais também têm um alto risco
atribuído. A empresa se torna vulnerável, por exemplo, às capacidades prévias e aspectos
éticos do novo colaborador. Os custos que incorrem na movimentação de pessoal também
são altos e, por isso, devem ser evitados. Outra grande preocupação das empresas, e em
especial da área de RH, é a retenção de talentos jovens. As novas gerações têm traços
de personalidade que fazem com que o mercado se mobilize para gerar segurança e
estabilidade de um modo que o trabalhador se sinta acolhido e motivado.
32
2.1 ESTRUTURA DO PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS
Alguns autores (MORENO, 2014; PONTES, 2021; VIEIRA, 2015) apresentam
diferentes estruturas de trabalho para o Plano de Cargos e Salários (PCS). Vejamos
brevemente as estruturas.
ATENÇÃO
Cargos são estruturas organizacionais que delimitam os papéis dos pro-
fissionais dentro da empresa. Salários, por sua vez, são recompensas da-
das aos empregados pela realização das atividades em nome da empresa.
Ambos são fontes essenciais de análise da gestão de RH, deve-se estudar
com atenção esses pontos para que a área consiga agregar valor ao tra-
balho realizado pela empresa.
33
Quadro 4 – Modelo de cronograma de PCS
34
Uma fonte confiável e importante para conseguir informações dos cargos e
ocupações é a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que traz informações sobre:
INTERESSANTE
Você consegue acessar os dados da CBO em: http://www.mtecbo .gov.br/.
35
Dentre as competências pessoais apresentada na CBO, no que tange a
atividade do gerente de RH, podemos destacar as seguintes características: empatia,
habilidades de negociação, atuar como facilitador, saber se comunicar e ser assertivo
em sua comunicação, além de dominar a informática e se reciclar constantemente. Para
trabalhar nessa área, é necessário agenda e caneta, aparelhos de TV, vídeo e telefone,
calculadora, computador com impressora, dentre outros.
Na especificação de dados do cargo que exige esforço físico, este pode incluir
posições incômodas na hora do trabalho ou o carregamento de peso de maior inten-
sidade. No cargo que exige concentração visual e mental, este pode ser em função da
frequência em que é exigido maior concentração ou na intensidade desta concentração
visual ou mental. O esforço físico de maior intensidade e as posições incômodas são co-
muns em atividades operacionais, e trabalhos que exigem habilidade manual também
entram na especificação do cargo. Já o trabalho que exige maior concentração mental
visual pode estar presente tanto em cargos operacionais como cargos administrativos
técnicos de nível médio ou em cargos de profissionais de nível superior (PONTES, 2021).
36
Cargos que precisam de informações específicas, e que devem ser verificadas,
das condições de trabalho, são aqueles que devem ser analisadas as condições físicas
do ambiente em que o trabalhador, seja por estar vulnerável a ruídos, calor, sujeira,
vibrações, gases, fumaças ou outro fator do ambiente de trabalho. Já cargos específicos
que estão expostos a riscos são aqueles que têm maior chances de um acidente e deve
ser analisada a frequência de exposição a portabilidade de um acidente e a gravidade
das lesões diante dos riscos existentes. Esses riscos são mais comuns de serem
encontrados em cargos operacionais.
37
A avaliação dos cargos mede a importância do cargo na empresa por meio
de seus resultados. Ela também analisa as competências demandadas para o cargo e
da aplicação dessas competências na empresa. Questões comportamentais também
são avaliadas. Neste momento são verificadas as posturas exigidas pelo profissional
que atua naquele cargo, habilidades comportamentais e a visão gerencial exigida pelo
cargo. Naturalmente, deve-se levar em conta o setor de mercado que a empresa atua.
O cargo de cozinheiro, por exemplo, é mais importante para empresas que trabalham
na área da alimentação do que empresas que trabalham com construção civil. Vieira
(2015) sugere que, depois de avaliados os cargos por ordem de importância, eles sejam
organizados no PCS de acordo com a classe que eles recebem. este ordenamento vai
ajudar no estabelecimento da faixa salarial.
38
2.1.3 Pesquisa e política salarial
Na pesquisa salarial, Pontes (2021) orienta a escolher primeiramente os cargos
e as empresas que serão pesquisadas. Os cargos amostrais devem representar o nível
ocupacional a que ele faz parte, o seu setor e que tenha informações disponíveis no
mercado (VIEIRA, 2015). Já as empresas amostrais, geralmente entre 10 e 20 empresas,
deve-se escolher aquelas que trabalham no mesmo local, com tamanhos próximos, que
atuam no mesmo ramo e com diferentes políticas salariais.
• um passo a passo orientando de como responder às perguntas feitas pela equipe de RH;
• uma lista de empresas que estão participando e dos cargos que estão sendo
pesquisados;
• o objeto de análise: o cargo, a especificação e descrições do cargo;
• a posição que o cargo ocupa na empresa (posição no organograma);
• informações da remuneração, a base de dados utilizada e os possíveis reajustes
coletivos que a remuneração pode sofrer;
• informações dos benefícios e políticas salariais utilizados.
Paiva (2019, p. 89) chama atenção para o fato de que “manter a estrutura salarial
atualizada é uma tarefa árdua em determinadas situações, como períodos inflacionários
ou de mudanças radicais no mercado de trabalho”. Essa questão é bem atual, visto
que este livro foi escrito em 2022, período em que o mercado está se recuperando da
crise econômica gerada pela Pandemia da COVID-19. Considerando todas as mudanças
que os cargos tiveram, tais como o aumento considerável de trabalhos realizados
remotamente, ou em regime híbrido, fazer esse levantamento e atualizar a remuneração
dos colaboradores confere à empresa o equilíbrio de suas políticas de gestão de RH.
39
IMPORTANTE
A política salarial deve apresentar o salário de admissão do colabo-
rador, além das possibilidades de promoção tanto horizontal (por
mérito) quanto vertical, em relação ao cargo.
40
A avaliação de desempenho é uma etapa indicada por Moreno (2014) e Vieira
(2015) para conferir a efetividade do PCS e indicar possíveis atualizações na descrição e
análise de cargos realizadas. A avaliação visa medir o desempenho do funcionário diante
dos requisitos apresentados anteriormente. É nesse momento que são conferidas as
competências descritas no desenho do cargo, se estão sendo alcançadas ou se existe
a necessidade de treinamento ou de desenvolvimento de pessoal.
41
com a equipe do setor financeiro. Isso porque o plano deve ter previsão orçamentária
para efetivamente funcionar na empresa. A motivação originária de trabalho de PCS
deve ter argumentos convincentes indicando que aquele trabalho faz sentido. As
forças de trabalho também precisam ser mobilizadas nesse sentido. É necessária uma
união de esforços e objetivos dos líderes dos trabalhadores e dos gestores, de modo
a estabelecer uma relação propícia a instalação do PCS. A negociação deve envolver,
também, a apresentação clara e palpável daquilo que se pretende alcançar, ou seja,
construir uma visão de onde a empresa pretende ir com essas ações. Fundamental,
portanto, projetar a visão de alcance do trabalho com vistas a melhorias na gestão de
pessoal. É interessante também mostrar as estratégias e ferramentas que podem ser
utilizadas durante esse trabalho.
IMPORTANTE
O Plano de Cargos e Salários deve ser registrado internamente e preci-
sa respeitar a legislação vigente relativa aos direitos dos trabalhadores.
42
2.3 O APRIMORAMENTO DO COLABORADOR E O PLANO DE
CARGOS E SALÁRIOS
O sucesso de uma empresa depende de alguns fatores. Pode estar ligado ao pro-
pósito dos gestores, a uma liderança motivadora ou a uma equipe competente. Todos
esses fatores, porém, dependem de uma característica-chave empresarial: a inclinação
das pessoas à aprendizagem e à melhoria contínua. A aprendizagem, por sua vez, se não
for adequadamente coordenada, pode gerar resultados negativos à empresa, ou opostos
àquilo que era esperado. Quando o colaborador busca ascender à empresa, para além da
experiência profissional, conhecimentos específicos podem ser cobrados. O PCS, quando
institui o nível de escolaridade mínima ou qualificação para a área, está contribuindo para
a qualidade do trabalho e serviço oferecido pela empresa. A iniciativa e o investimento de
aprimoramento de competências podem vir do trabalhador ou do empregador. Cada vez
mais cresce o investimento das empresas na educação corporativa.
Uma empresa que tem problemas, por exemplo, com a conservação dos
produtos em função da má utilização dos materiais pelos colaboradores, pode aplicar
um treinamento corporativo nesta área. Quando se está diante de organizações, como
as de saúde, que trabalham com remédios e produtos esterilizados (que podem ser
danificados a depender do estado da embalagem), a habilidade de manusear esses
materiais adequadamente se faz de suma importância. Se aplicado um bom treinamento,
a empresa terá impactos positivos na qualidade do trabalho da equipe, na diminuição de
quebras de produtos e, consequentemente, na redução de custos empresariais. Assim,
essa mudança impactará também os clientes, que perceberão o apreço da empresa
pela qualidade dos produtos e a preparação da equipe para melhor atendê-los.
43
3 ADMINISTRAÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS
Administrar cargos e salários, assim como implantar um Plano de Cargos e
Salários (PCS), exige ações intencionais da empresa na promoção e retenção da equipe,
além de investimentos na estrutura do RH. Quando a empresa fomenta a administração
de cargos e salários, ela mostra que está considerando o RH em suas estratégias de
crescimento, que os esforços despendidos pelas pessoas estão alinhados e contribuem
para o desenvolvimento dos processos e da qualidade organizacional. Isso gera, por
consequência, um amadurecimento profissional, que deve buscar o aprimoramento de
suas especializações e o investimento em sua carreira.
Quanto ao clima e cultura da organização diante dos salários pagos a sua equi-
pe, é fundamental que o RH adote estratégias para lidar com conflitos de interesse. Isso
também se aplica à gestão dos cargos e às disputas decorrentes deles, disputas essas
relacionadas ao aumento do seu poder e influência ou para delegar responsabilidades.
Por ter a possibilidade de galgar melhores posições, a ambição para conseguir melhores
cargos e salários é uma questão corrente nessas empresas. Nesse sentido, o RH deve
direcionar essa sede de novos caminhos, aproveitando a motivação e força de vontade
do trabalhador, a favor da empresa. É um trabalho interessante, nesse sentido, além
do estabelecimento e disseminação das políticas de RH, a transparência das ações de
promoção e realocação de pessoal. Mais uma vez, o PCS pode contribuir para o RH por
meio da transparência da movimentação de pessoal, indicando os pré-requisitos para a
ascensão do cargo e salário.
44
Tanto na empresa de pequeno porte quanto nas de grande porte, é preciso que o
RH tenha uma unidade de trabalho. Normalmente nas pequenas empresas é sugerível a
elaboração de fluxogramas dos cargos para encontrar as falhas e disputas de comando,
enquanto, nas de grande porte, é interessante que o RH realize trabalhos que visem o
fortalecimento da estratégia adotada pela equipe diante dos conflitos de interesse.
GIO
Você acredita que a associação de salários fixos aos cargos em-
presariais aumenta ou reduz a motivação do colaborador em
busca de crescimento profissional?
45
Depois de instituído o PCS, a tendência é que os trabalhadores saibam quais
são as possibilidades de direcionamento naquela empresa. Ele consegue entender
onde ele está, do contexto dos cargos existentes e qual a sua importância no grupo
ocupacional, além disso, ele é instigado a unir seus objetivos pessoais aos objetivos
da empresa. Isto fomenta o sentimento de pertencimento daquele colaborador, o que
impactará positivamente na redução da rotatividade de pessoal.
46
também, o seu papel dentro da equipe que pertence. Essa nova estrutura defende
o atravessamento dos cargos que devem ser analisados a partir das atividades que
são empreendidas para entregar um produto ao cliente. A estrutura remuneratória
desvinculada do salário afixado a partir do cargo vai depender dos sistemas de trabalho
adotados pela empresa, podendo ser um sistema de gestão por competência, de gestão
por processo, por projetos ou outro.
47
Naturalmente, para fazer esse trabalho, é preciso um monitoramento constante e a
ciência, acordo, do profissional que está testando essas novas tarefas. Vale comentar
que a movimentação mais usual consiste na ampliação do cargo incluindo novas tarefas
e responsabilidades ao profissional que já trabalha naquela área.
48
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
49
AUTOATIVIDADE
1 Cada vez mais as organizações se dão conta da importância de investir no capital
humano para poderem evoluir e competir com seus concorrentes. A tendência de
uma governança que tem por base princípios transparentes e confiáveis está também
cada vez mais vigente. Acerca da transparência de movimentação de pessoal nas
organizações, assinale a alternativa CORRETA:
2 A descrição do cargo no PCS é organizada por meio de uma descrição sumária e uma
descrição detalhada. A descrição sumária é um resumo das atividades que a pessoa
que ocupa o cargo realiza (ou deveria realizar). Uma fonte confiável e importante
para conseguir informações dos cargos e ocupações é a Classificação Brasileira
de Ocupações (CBO). Com base nas orientações acerca das informações que o
profissional de RH consegue coletar na CBO, analise as sentenças a seguir:
50
3 São consideradas fases importantes no momento da análise do cargo: a coleta de
dados, a sua descrição e especificação, a atenção à titulação do cargo, a verificação
da classificação dos cargos conforme os grupos ocupacionais e a análise do
catálogo dos cargos existentes na empresa. De acordo com as orientações acerca
das informações que devem ser colhidas a depender da especificação do cargo,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Na especificação de dados do cargo que exige esforço físico, este pode incluir posições
incômodas na hora do trabalho ou o carregamento de peso de maior intensidade.
( ) A necessidade de especificação de informações para cargos de responsabilidade
do numerário, ou de valores monetários, está atrelada à necessidade do cargo de
trabalho mental.
( ) A necessidade de especificação de informações para cargos de responsabilidade do
numerário, ou de valores monetários, está atrelada à guarda e ao manuseio de dinheiro.
51
52
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
CARREIRA EMPRESARIAL
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais as empresas têm percebido o impacto das ações da gestão de
pessoas nos resultados da empresa. Fica mais claro com o tempo a necessidade de reter
talentos e de estruturar o trabalho do RH de modo que o colaborador tenha uma relação
saudável e produtiva com a empresa. A tendência nas organizações é entender que,
por exemplo, a ascensão dos colaboradores na empresa deve ser feita com intenção,
visando objetivos que vão ao encontro das estratégias empresariais. Nesse sentido,
uma atividade pertinente ao RH e que pode contribuir para a redução da rotatividade
e motivação dos esforços humanos consiste na construção de planos de carreira. Para
tanto, precisamos, inicialmente, conhecer as concepções que regem o tema carreira.
Vamos começar?
53
2 CONCEPÇÕES FUNDAMENTAIS DE CARREIRA
Uma organização oferece diferentes apoios e incentivos para as pessoas seguirem
frequentando seus espaços. A mobilização de esforços é uma máxima de atenção do
RH, sendo um trabalho muitas vezes negligenciado pelas empresas que a consideram
uma grande fonte de custos. A disputa de pensamento dos gestores corporativos sobre
a gestão de pessoal ser custo ou investimento é antiga, mas se posicionar diante de
situações vivenciadas pela empresa, tomando ações ao encontro (ou não) do envolvimento
e investimento na equipe é um exercício constante. Quando a empresa opta, por exemplo,
em criar planos de carreira, ela está passando uma mensagem para a equipe e para
as pessoas interessadas na empresa quanto a sua estratégia de trabalho. Não ter um
departamento de RH também diz muito sobre a empresa.
Vimos que a gestão de cargos e salários pode ser intencional, indicada pela
empresa por meio do Plano de Cargos e Salários. Nesse sentido, um conceito fortemente
atrelado à movimentação de cargos e de responsabilidades diz respeito à carreira
profissional. Considerado um processo natural de quem está atuando profissionalmente,
a carreira profissional diz respeito ao caminho que o trabalhador segue rumo ao
crescimento de sua ocupação, ou ao reajuste de suas competências. Bom, isso é o que
normalmente acontece.
IMPORTANTE
No sentido da palavra, carreira está atrelado ao caminho percorrido. No
ambiente de trabalho, carreira se liga a ideia de profissão ou percurso
profissional (CARREIRA, 2022). Carreira, portanto, diz respeito à trajetória
dos trabalhadores diante de suas profissões e atribuições.
54
Conceitualmente, a carreira é a sucessão de experiência que uma pessoa
vivencia no ambiente de trabalho. Dias (2022) traz a noção de carreira de forma mais
abrangente, entendendo que a carreira é a sequência de momentos dos quase a pessoa
se dedica ao trabalho. Ela está conectada ao papel que a pessoa assume na sociedade,
podendo promover sua autorrealização, a prática de sua vocação ou para atender suas
demandas. Perceba como esse conceito comprova os pressupostos iniciais de que uma
pessoa participa de diferentes organizações. É por meio dessas organizações que a
pessoa consegue assumir esse papel a que o autor fala. Além disso, o conceito também
se vincula aos aspectos motivacionais do trabalhador, rumando a autorrealização, que
podem se efetivar por meio do trabalho da pessoa. Dias (2022) entende que a carreira
está incorporada ao ciclo de vida natural de um indivíduo.
55
Vejamos com atenção os tópicos apresentados no Quadro 5. Na concepção de
London e Stumph (1982 apud VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2016), a carreira sofre influência
do ambiente em que a pessoa está inserida e das cobranças que a pessoa faz sobre seu
trabalho, eles associam carreira à ideia de movimento e de imprevisibilidade. Já Arthur,
Hall e Lawrencer (1989 apud VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2016) consideram que a carreira
vai interferir na percepção que a pessoa interage com a sociedade. Os autores inserem
o conceito de organização dentro do conceito de sociedade, cabendo à pessoa gerir seu
desenvolvimento, a competitividade na profissão e a sua carreira. Hall (2002 apud VELO-
SO; DUTRA; NAKATA, 2016) abrange o conceito de carreira a quatro sentidos:
Hall (2002 apud VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2016) indica, portanto, que ele
considera carreira como o papel que alguém assume em diferentes lugares. Esse
conceito é interessante porque dissocia a ideia tradicional de carreira ao ambiente
empresarial. Como exemplo, o autor cita o papel de dona de casa, de paciente em um
hospital ou de membro de uma associação sem fins lucrativos, ou seja, ele abrange o
conceito ao papel da pessoa na organização, e não apenas à empresa.
Vimos que a gestão de carreira pode ser vista sob o viés da empresa e da pes-
soa, ambas têm papéis e responsabilidades sobre a carreira empresarial. Vamos analisar
com atenção essas responsabilidades no próximo subtópico.
Você já ouviu dizer que existem empresas que preferem contratar pessoas
sem experiência profissional? Ao fazer isso, algumas empresas querem evitar que o
profissional tenha “vícios de comportamento”. Isso porque quando algum profissional
vem com um vasto currículo, ele descobre alguns truques e maneiras de lidar com as
situações que o cargo demanda, mas a empresa, ao preferir pessoas sem experiência,
56
demonstra que quer investir em um novo jeito de lidar com essas situações. Além disso,
fica mais fácil orientar uma nova cultura e carreira empresarial, que pode ser oferecida
pela organização, quando o trabalhador não está aprendendo o ofício. Naturalmente, ao
introduzir um novo colaborador sem experiência à empresa, há um risco grande de erros
e aprendizagens que serão acumulados. Custos com melhorias e aperfeiçoamentos
podem ser necessários.
Vieira (2015) afirma que a base do plano de carreiras está na gestão dos cargos
e salários estabelecidos na organização. Quando, por exemplo, a empresa adota o Plano
de Cargos e Salários, ela tem bem definido os papéis das organizações, as faixas salariais
de cada cargo e função, a hierarquia e cargos-chave na empresa, o que contribui para
planejar as carreiras de sua equipe. A carreira acontece a partir do estabelecimento e
alcance de requisitos e metas pessoais e profissionais, por isso ela geralmente vem
acompanhada de um plano.
A hierarquia está, sim, presente na maioria das carreiras, mas é preciso analisar
o que pode destoar da estrutura de capacidades das pessoas. O que pode acontecer é
de trabalhadores buscarem o caminho mais curto para ascender hierarquicamente. Para
esses casos, um plano de carreiras bem definido e claro para a equipe pode contribuir para
entender a posição em que a pessoa está e oferecer segurança e respeito à senioridade
e acúmulo de conhecimentos agregados aos demais profissionais da equipe.
57
oportunidades em função de características pessoais, tais como gênero e parentesco
familiar, com a alta direção, se a cultura for favorável ao respeito e a prática da gestão
de carreiras, tendem a diminuir. Nesse sentido, é interessante para o RH entender as
nuances da área, especialmente a percepção geracional sobre carreira profissional
e a gestão de carreira de pessoas talentosas. Vamos analisá-los com atenção nos
próximos subtemas.
Veloso, Dutra e Nakata (2016) comprovam isso por meio da pesquisa realizada
com 123.445 pessoas de 491 empresas brasileiras. Antes de estudarmos a pesquisa, é
importante definirmos alguns conceitos relacionados ao grupo de geração das pessoas
utilizados nesta pesquisa. Na pesquisa, pessoas que nasceram entre 1946 e 1964 são
chamadas de baby boomers. Pessoas que nasceram entre 1965 e 1977 são consideradas
da geração X e não há distinção entre as gerações Y e Z, já que eles associam essas
gerações às pessoas que nasceram de 1978 em diante.
NOTA
O uso dos termos geração X, Y, Z, baby boomers e millenials se tornou po-
pular nos últimos anos. Não há um consenso dos pesquisadores quanto a
data exata em que uma termina e a outra inicia. O que é comum encontrar
nos estudos é que: a geração baby boomer é composta de pessoas que nas-
ceram antes dos anos 1960, a geração X é aquela que nasceu entre os anos
1960 e 1980, a geração Y, ou geração millenials, é aquela que nasceu após
1980 até nos anos 2000 e geração Z aquelas pessoas que nasceram entre
os anos 2000 até 2010. Quem nasceu a partir de 2010 é considerado como
geração alpha.
58
percebe o trabalho como uma oportunidade de conseguir segurança e tranquilidade
para manter sua família e suas necessidades. Essa percepção não está relacionada à
possibilidade de crescimento e desenvolvimento de sua carreira profissional (VELOSO;
DUTRA; NAKATA, 2016).
59
jovens buscam projetos específicos de aprimoramento e querem ter seu propósito atre-
lado ao trabalho que executa. Enquanto as gerações anteriores muitas vezes poderiam
desvincular sua satisfação pessoal com o trabalho, as novas gerações acreditam que
o trabalho é uma extensão de suas características particulares. Eis outro motivo do
porquê os RH estão cada vez mais colocando informações da missão e propósito da
empresa e menos dos requisitos do cargo nas divulgações das vagas.
Visto que as novas gerações não têm um vínculo tão forte com apenas uma
empresa, cabe ao RH apontar novos desafios e transparecer as possibilidades de
carreira e autonomia que esse pode alcançar. As novas gerações são mais dinâmicas,
questionadoras e complexas, por isso criar uma carreira que aproveite essas
características pode ser uma boa opção para a gestão de pessoas. Além das variações
da geração, a disparidade de resultados por pessoas talentosas deve ser considerada na
gestão da carreira. Analisemos, no próximo subtema, esse aspecto.
GIO
Sabe aquele trabalhador que está no RH sempre reclamando que
não é valorizado, que precisa receber mais? Bom, é provável que
ele não seja um talento. Pessoas talentosas, quando sabem do
seu potencial, acham mais fácil procurar uma oportunidade fora
dessa empresa na qual possa evoluir na sua carreira do que insis-
tir na empresa que não a valoriza. Por isso, a necessidade de o RH
encontrar e reter esses talentos, mostrando seu valor para a em-
presa de diferentes maneiras (por premiações, bônus, aceleração
de carreia, entre outros).
60
Outra opção de retenção de talentos consiste em investir em mentorias e em
programas de educação profissional. É preciso que haja espaço para inovar e aprender,
por isso a mentoria e desenvolvimento de talentos pode ser uma boa opção para a
manutenção do talento e o crescimento desse na carreira em voga na empresa. Stadler e
Pampolini (2014, p. 117) explicam que “[...] a dinâmica de identificação e da disseminação
das competências entre os talentos, a partir das necessidades organizacionais, cria um
círculo virtuoso e desejado, que culminará na gestão e na retenção de talentos”, ou
seja, uma organização de alta performance desenvolve competências que passa a reter
talentos (pessoas engajadas e comprometidas).
61
normal que a equipe de RH tenha dificuldades para se estruturar em busca de uma
negociação entre empregador e empregado. Visando otimizar a motivação, a gestão dos
processos e a produtividade da equipe, o gestor de RH pode organizar um trabalho de
plano de carreiras.
Nos casos em que a empresa não investe em programas como planos de car-
reira ou plano de cargos e salários, fica como responsabilidade do empregado estruturar
sua carreira para além daquela empresa. Há pouca negociação de interesses, o que faz
com que o mercado e as oportunidades externas decidam sobre sua permanência. Ain-
da que ela possa ser considerada na decisão do colaborador que estrutura sua carreira,
a empresa tem maior chance de perder seus trabalhadores.
Outra vantagem reside no fato de que a empresa pode gerar vantagem competitiva
por meio de ações do RH que priorizem as promoções internas, o que ocorre com mais
frequência com empresas que implantam o plano de carreira (STADLER; PAMPOLINI,
2014). Isso porque a promoção que é feita com o auxílio do plano de carreira indica que
62
o colaborador conquistou experiência e conhecimentos na nova função, o que melhora
a qualidade do trabalho e, ao ser reconhecido, estreita os laços entre empregador e
empregado. Nesse sentido, cabe à equipe de RH divulgar aos colaboradores os planos
de carreira oferecidos e estimulá-los a se desenvolver dentro da organização.
63
3.2 CARREIRA EM Y
A carreira em Y, ou carreira paralela, leva o trabalhador para duas direções: para
o aperfeiçoamento de uma área específica ou para a gestão da área. O trabalhador que
for promovido vai ser direcionado para o trabalho de natureza especializada ou de cará-
ter gerencial (OLIVEIRA, 2021). Esses dois caminhos são interessantes porque permitem
que o profissional possa seguir seus interesses e aperfeiçoar seus talentos na área em
que atua, ou que pretende atuar.
64
Figura 6 – Carreira em Y
Caminho Caminho
"Administrativo" "Técnico"
Diretor de
Pesquisador
Organização e
coordenador
Métodos
Gerente de
Pesquisador
Organização e
sênior
Métodos
Supervisor de equipe Pesquisador pleno de
de Organização e assuntos administrativos
Métodos ou técnicos
Analista sênior de
Organização e Métodos
Analista pleno de
Organização e Métodos
Analista júnior de
Organização e Métodos
Técnico auxiliar de
Organização e Métodos
65
3.3 CARREIRA EM W
Enquanto a carreira em Y é conhecida como carreira paralela, por seguir dois
caminhos, a carreira em W é conhecida como um tipo de plano de carreira de múltiplos
caminhos. A carreira em W traz uma nova ramificação da carreira em Y. Quando
o profissional não se encaixa nas funções de gestão ou de técnico, a carreira em W
estrutura sua promoção para outra possibilidade de atuação. Essa terceira via une as
funções de técnico com as de coordenação.
Figura 6 – Carreira em Y
Diretor Diretor de
projetos Especialistas
Coordenador de Supervisor
Gerente
projetos Técnico
Analista Técnico
66
No primeiro nível, o exemplo apresenta como cargo de entrada as funções de
operador, assistente e estagiário. Por serem cargos iniciais da carreira, não há uma
ramificação das funções. Posteriormente o trabalhador pode ascender ao cargo de
analista, esse voltado a área de gestão, ou de técnico.
67
cargos e demanda de competências mudam constantemente? O plano de carreira visa
a trajetória do colaborador a longo prazo, mas como institui-lo se o ambiente atual é
de incertezas e de rápidas e inesperadas mudanças? A empresa Great Place To Work
(GPTW) elaborou uma matéria, em 2020, afirmando que o conceito de plano de carreira
é ultrapassado, já que as transformações digitais eliminaram a estabilidade de cargos e
profissões, eles defendem que os cargos estão ficando cada vez mais voláteis, mudando
seus requisitos e papéis na empresa com frequência (GPTW, 2020).
68
Exploramos, também, neste tema de aprendizagem, os modelos de carreira
em linha, em Y e em W. Por meio desses estudos, descobrimos que há uma conexão
entre eles, e o modelo em linha é a base cujo modelo em Y ascende para além da área
administrativa, e a técnica e o modelo em W ascendem para uma terceira via, usualmente
para a gestão de projetos. Por meio do estudo deste material, entendemos tendências
como a elaboração do PDI dos trabalhadores em conjunto com o RH, a pesquisa pela
empresa GPTW e a tendência de autogerenciamento de carreiras.
69
LEITURA
COMPLEMENTAR
O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES PARA DESENVOLVER OS TALENTOS DO FUTURO
Valdirene Soares
70
A consolidação desses fatores como fenômenos globais no mundo do
trabalho ficou clara no último relatório do ‘Fórum Econômico Mundial’. A Organização
divulgou uma série de habilidades em alta e colocou aprendizagem ativa e estratégia
de aprendizado como destaque. Nesse caso, o desenvolvimento de habilidades como
resiliência, liderança, protagonismo, agilidade, capacidade cognitiva e inteligência
emocional se mostram tão importantes quanto a mentalidade digital e o conhecimento
em tecnologia. Cabe às organizações capacitar e criar oportunidades e mecanismos
para que esses profissionais se desenvolvam nesse aspecto.
No Grupo Bradesco Seguros, por exemplo, temos investido nesse processo des-
de o início da pandemia. Disponibilizamos diversas ferramentas e iniciativas, como tri-
lhas de capacitação corporativas, com foco no aprimoramento de competências. Reali-
zadas também para as lideranças, envolvendo vertentes de cultura e arte. Mesmo com
a distância física imposta, a seguradora manteve o contato próximo com funcionários
e parceiros comerciais, foram cerca de 500 mil participações em ações de capacita-
ção apenas em 2021. Temos também uma série de outros treinamentos que focam em
bem-estar e autoconhecimento, como o treinamento de mindfulness e conteúdos para
gestão de emoções.
Fonte: SOARES, V. O papel das organizações para desenvolver os talentos do futuro. ABRH
Brasil, São Paulo, c2022. Disponível em: https://www.abrhbrasil.org.br/cms/o-papel-das-organi-
zacoes-para-desenvolver-os-talentos-do-futuro/. Acesso em: 28 dez. 2022.
71
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• As concepções de carreira.
72
AUTOATIVIDADE
1 Conceitualmente, a carreira é a sucessão de experiência que uma pessoa vivencia
no ambiente de trabalho. Ela está conectada ao papel que a pessoa assume na
sociedade, podendo promover sua autorrealização, a prática de sua vocação ou
para atender suas demandas. Com relação às concepções de carreira, assinale a
alternativa CORRETA:
2 O RH precisa estar atento aos potenciais talentos que estão interessados na empresa.
Para isso, investir na educação corporativa dos líderes, para identificar talentos,
pode ser uma ótima tática. Com base no que foi visto acerca da carreira de pessoas
talentosas, analise as sentenças a seguir:
I- Uma opção que o RH pode adotar para a retenção de talentos consiste na aceleração
da carreira de líderes.
II- É preciso que haja espaço para inovar e aprender, por isso a mentoria e
desenvolvimento de talentos pode ser uma boa opção.
III- Toda ação de preparação dos gestores e líderes para identificar talentos deve ser
descartada. Este é um trabalho exclusivo do RH.
73
3 O plano de carreiras, quando instituído, é um material rico para a organização que
quer se estruturar e que visa seu crescimento exponencial. Enquanto a carreira é
a trajetória do colaborador, o plano de carreira é a definição dessa trajetória dentro
das possibilidades da empresa. De acordo com o que foi visto sobre os benefícios do
plano de carreira, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
74
REFERÊNCIAS
CAPANEMA. Lei nº 1.721, de 21, de novembro de 2019. Autoriza o Poder Executivo
a criar cargos no quadro efetivo e alterar atribuições de cargos já existentes, dentro
da estrutura administrativa do Município de Capanema/Pr. Capanema, PR: Prefeitura
Municipal, [2019]. Disponível em: https://bit.ly/3IxgXx6. Acesso em: 28 dez. 2022.
DIAS, E. W. Carreira: a essência sobre a forma. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2022.
GPTW. Plano de carreira: ainda faz sentido no mundo da transformação digital? Great Place
to Work, [s. l.], 2020. Disponível em: https://bit.ly/3ZsDTUV. Acesso em: 28 dez. 2022.
ROBBINS, S. P. A verdade sobre gerenciar pessoas. São Paulo: Pearson Education, 2003.
75
SOUSA, K. R. dos S. Ferramentas e técnicas de comunicação no projeto. 2016. 60
f. Relatório de trabalho de conclusão de curso (Graduação em Ciência da Computação)
- Universidade Federal do Maranhão: São Luiz, 2016. Disponível em: https://bit.
ly/3mf6IWO. Acesso em: 28 dez. 2022.
76
UNIDADE 2 —
BENEFÍCIOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
77
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
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78
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CONCEPÇÕES FUNDAMENTAIS
DE BENEFÍCIOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao nosso primeiro tema de aprendizagem
sobre a temática benefícios. Neste tema de aprendizagem, você conhecerá a definição
de benefício e outros conceitos associados a ele. Para isso, você acompanhará as
diferentes abordagens sobre benefício, generosidade e incentivo. A associação também
se dá aos tipos de salário e ao sistema remuneratório.
2 BENEFÍCIO
Antes de começarmos os estudos conceituais de benefício, é importante
estabelecer o nível de abrangência daquilo que se entende por remuneração.
Remuneração é uma recompensa, também definida como contraprestação, dos
trabalhos realizados para outra pessoa, podendo ser uma pessoa física ou jurídica. A
remuneração é por definição composta de salário, incentivos e benefícios. Na Unidade
1, falamos sobre salários, nesta unidade vamos nos ater aos benefícios organizacionais.
Dito isso, vamos ao conceito de benefício.
80
O salário direto e o indireto constituem a remuneração, que é percebido pelas
pessoas como resultado do empenho do seu esforço, enquanto para a empresa é visto
como custo para a realização do produto. Segundo Salício (2015, p. 22), “O pagamento de
um trabalho é o centro das relações entre as pessoas e as organizações, representando
um intercâmbio entre direitos e responsabilidades recíprocos entre empregador e
empregado". Considerando a importância de ajustar adequadamente o sistema de
remuneração, evidenciada por Salício (2015), faz-se essencial estudar as variáveis e
tendências da área.
ATENÇÃO
É fundamental que você tome ciência e entenda sobre as questões rela-
tivas à concepção de benefício e incentivo. Benefício e incentivo são van-
tagens que fazem parte do pacote remuneratório e podem ser conside-
radas sinônimo, mas, analisando com atenção, alguns autores relacionam
o plano de incentivos à remuneração estratégica, ao contrário de Orsi
(2015), que defende que o benefício é uma parte constituinte da remu-
neração fixa.
81
2.1 PRINCÍPIOS DO PLANO DE BENEFÍCIOS
À medida que as empresas vão se acostumando a trabalhar com o programa
de benefícios, e considerando a concorrência e desafios da gestão de RH para atrair,
motivar e cativar o colaborador ao mesmo tempo que atende as expectativas da
empresa, alguns estudiosos elaboraram técnicas e princípios para planejar o pacote de
benefícios. Salício (2015), por exemplo, traz alguns princípios relacionados ao plano de
benefícios. Ao todo são dois princípios: princípio do retorno do investimento e princípio
da mútua responsabilidade. Vamos conhecê-los?
INTERESSANTE
Existe uma ideia, um pré-julgamento, de que as pessoas que buscam estu-
dar e atuar na área de RH, como a gestão de RH ou a gestão de pessoas,
acreditam que não trabalharão, ou terão pouca atuação, com questões vol-
tadas a cálculos e estimativas. Nesse momento, você já deve ter percebido
que a demanda pela produção e análise de estimativas e retornos de inves-
timento são grandes. Afinal, ainda que seja essencial as ações da área volta-
das a aspectos comportamentais, também há a necessidade de se trabalhar
com situações que exigem expertise com cálculo e raciocínio analítico.
82
Na visão do RH, essa divisão de responsabilidades pode contribuir, inclusive,
para o atendimento do princípio anterior, ou seja, que o retorno do investimento seja
viável, mas também pode ser um aspecto desmotivador ou de perda de vantagem
competitiva na corrida por profissionais no mercado. Salício (2015, p. 124) defende que:
O pacote de benefícios, por sua vez, depende de uma gama de fatores. É preciso
considerar a atividade da empresa, as demandas dos indivíduos nas regiões onde atua,
as especificações do trabalho que executa, as realidades ambientais e de mercado a
que a empresa está inserida. A seguir, vamos examinar esses tópicos com atenção.
83
Vejamos o exemplo de uma organização que comercializa roupas. Para esse
setor empresarial é mais interessante que a empresa invista em benefícios recreativos,
como bônus para atividades comunitárias ou festas, de modo que a equipe consiga
se relacionar e se atualizar sobre aspectos dos vestuários que estão na moda, do que
investir, por exemplo, em um refeitório na empresa. Perceba, o refeitório é importante
e, se houver capital para implantá-lo deve ser aplicado, mas para o ramo da empresa,
é mais interessante que se fomente a interação e atenção às novidades do que os
benefícios que o refeitório pode proporcionar. Nesse sentido, o gestor de RH deve estar
atento aos benefícios prioritários e que podem contribuir à organização, ao mesmo
tempo que estimule a motivação dos trabalhadores.
84
Para tanto, é fundamental que a equipe de gestão de pessoas conheça as
atividades a que o trabalhador está realizando, ou sujeito a realizar (se a posição estiver
vaga na empresa). Investigar as atividades da equipe é essencial já que permite ajustar
os benefícios em favor das funções e objetivos de trabalho do cargo ocupado.
Veja como é fácil perceber o impacto dessa relação direta: se não há clientes,
a empresa fecha, certo? Sem clientes, sem receita (dinheiro), o que vai ocasionar em
uma grande ameaça para a continuação da empresa. Um outro exemplo de ameaça é o
de que, se a organização decide explorar uma área que é de cuidado e preservação da
comunidade local, sua imagem será prejudicada e a comunidade local se voltará contra
a empresa.
85
NOTA
Há alguns anos, os profissionais da área administrativa utilizavam com frequ-
ência o termo stakeholders, referindo-se a pessoas interessadas na empresa.
Hoje, é mais comum encontrarmos na literatura da área o termo traduzido,
ou seja, pessoas interessadas, ou partes interessadas. Portanto, se você en-
contrar esses termos saberá que se trata de pessoas que tem algum inte-
resse na empresa, podendo ser consumidores que estão interessados nos
produtos ou serviços oferecidos, os fornecedores interessados na venda de
seus materiais para essa empresa ou a comunidade local, que tem diferentes
interesses na empresa sediada na região, podendo ter interesse em traba-
lhar nessa empresa ou em fazer parcerias com ela.
O macroambiente, por sua vez, diz respeito aos elementos não tão próximos
da empresa, mas que tem impacto sobre ela. A economia, por exemplo, é um fator de
influência sobre a empresa. As condições da natureza, a tecnologia e a situação política
também são elementos de cuidado que podem produzir uma ameaça à empresa, ou
uma oportunidade de crescimento e melhoria. No viés do RH, por exemplo, o avanço
e o acesso a recursos tecnológicos que permitam reduzir a demanda de trabalhos
burocráticos para a sua equipe, ou facilitar esses processos, pode ser um bom exemplo
de oportunidade do macroambiente empresarial.
No caso da pandemia da COVID-19, por exemplo, que foi uma ameaça macro
ambiental advinda de fatores biológicos, investir em benefícios que amparassem
assistencialmente os trabalhadores e seus familiares é um exemplo da importância do
gestor de RH conhecer, atualizar e alinhar os benefícios instituídos na empresa com as
demandas do macro e microambiente.
86
2.2.2 Posicionamento Estratégico do RH
Uma das situações problemáticas percebidas pela área de RH é o acúmulo de
atividades operacionais ou de atividades situacionais na sua rotina diária. Você consegue
perceber essa problemática para a gestão do RH? Vejamos: enquanto algumas gestões
ocupam mais de 70% do seu tempo com trabalhos burocráticos, como o preenchimento
de dados para recrutar e admitir o colaborador, outras passam a sua maior parte do
tempo “apagando fogo”, ou seja, atendendo situações conflituosas e resolvendo
impasses recebidos ao longo do dia.
Nos dois casos, o RH está agindo de forma reativa, não se posicionando frente
ao mercado nem se estruturando estrategicamente de modo a conseguir vantagem
competitiva. Por isso, é interessante realizar, por exemplo, a análise macro e microambiente.
Essa análise permite situar a gestão de RH no seu valor competitivo, que pode utilizar isso
para tomar decisões mais assertivas e harmonizadas com a realidade externa.
87
Quando se vai definir e avaliar os benefícios que vão compor o programa de
benefícios da empresa, é indicado, de acordo com Salício (2015), que se discuta sobre
as seguintes questões:
88
2.3 BENEFÍCIOS NÃO REMUNERATÓRIOS
Ainda que seja mais comum encontrarmos informações sobre os benefícios
remuneratórios, o RH deve estar atento também aos benefícios e incentivos não
remuneratórios, ou seja, aqueles que não geram custos à empresa, mas que afetam o
desempenho do trabalhador e só são possíveis devido à participação dessa na empresa.
DICAS
Uma leitura leve e que apresenta estudos empíricos voltados à importância
da felicidade no ambiente de trabalho, você encontra no livro “O jeito Har-
vard de ser feliz”, de Shawn Achor. O livro associa o nível de desempenho
e resultado dos trabalhadores, de diferentes níveis hierárquicos e setores
empresariais, à felicidade que ele carrega. Vale a pena conferir.
89
Fica claro entender a concepção de clima empresarial, e como isso pode
ser considerado um benefício, se você vivenciou ou esteve próximo de pessoas que
passaram por trabalhos cujos gestores eram incompetentes para o cargo. Nessas
situações, é muito comum encontrar, por parte do gestor, situações de abuso de poder,
assédio moral ou retrabalho. Imagine que você chega no seu departamento e encontra
um colega de trabalho chorando. Ao questionar o motivo da sua infelicidade, ele
informa que se deve a forma como o gestor o repreendeu sobre um erro que cometeu.
Se a equipe é unida, parceira e entende a posição desse trabalhador, é natural que
seus sentimentos sejam afetados e a quantidade e qualidade de desempenho do seu
trabalho seja reduzida. Nesse cenário, o programa de benefícios terá um peso menor
para a decisão de desligamento ou de insatisfação dos trabalhadores.
90
Uma cultura problemática, como já dito, pode reduzir os impactos ou até invalidar
um benefício. Agora vamos ao exemplo: quando, por exemplo, o RH decide implantar o
benefício auxílio educação, mas está cristalizado na cultura a ideia de que a educação
não é necessária para a pessoa ou para a empresa, esse benefício não atenderá seu
objetivo. Além de o benefício ter pouca adesão, aqueles que decidirem fazer uso desse
benefício serão desacreditados e possivelmente confrontados para desistir de usá-lo.
Nesse sentido, pode-se perceber outra questão, muitas vezes anterior à implantação/
modificação do benefício.
NOTA
Mindset diz respeito as características de pensamento, da mentalidade,
das pessoas que o induz a tipos diferentes de comportamento. Dizer
que o RH deve incentivar o trabalho de aprimoramento da cultura em-
presarial rumo ao mindset empreendedor significa dizer que ele deve
trabalhar a resiliência, criatividade, comprometimento e disposição
para inovar regularmente entre a equipe.
Diante de uma nova equipe, quando instalado em uma nova unidade ou empresa,
o RH inicialmente deve conhecer a cultura empresarial. Algumas pistas indicam o que
é esperado da personalidade das pessoas na equipe, enquanto grupo profissional. Os
artefatos e comportamentos podem denunciar essas preferências e ajudar a tomar
decisões concisas, pautadas no contexto social. Isso contribui fortemente para balizar
os benefícios escolhidos, porque, ainda que se monte um comitê que implante e revise
o pacote de benefícios, é preciso reiterar o atendimento dos questionamentos de Salício
(2015), acerca da abrangência deles, ou seja, se eles não estão atendendo apenas às
demandas dos liderados.
91
Conhecida a cultura e revistos os valores da empresa, o gestor de RH pode
promover ações que são percebidas como benefícios da empresa não pagos em espécie
ou em benefícios tradicionais, mas que são vivenciados e positivados pela equipe. Assim,
por meio desses benefícios e incentivos, a estima do empregado pelo seu trabalho e pela
empresa passa a aumentar, o que traz também vantagens no viés do RH. Afinal, quando
o trabalhador está satisfeito com a cultura, clima e valor da empresa, impulsionada
com benefícios não remunerados, os índices de reclamações são reduzidos, o seu
desempenho é aumentado, a rotatividade reduzida e esses profissionais passam a ser
divulgadores das vantagens recebidas naquela empresa. Vale dizer que é função do RH
promover os benefícios e vantagens oferecidas pela empresa. Desse modo, o processo
de atração e recrutamento amplia e facilita as ações de seleção de pessoal.
Assim, a empresa não fica sujeita a processos trabalhistas, que podem ser
custosas e consideradas riscos para o financeiro e para a reputação da empresa. Ainda
que possa ser percebido como vantagem pelo trabalhador, o benefício cuja implantação
é obrigatória por lei, para Orsi (2015), não é considerado no aspecto competitivo, de
atração e de retenção das pessoas. Ora, se ele é obrigatório, vai ser ofertado por todas
as organizações, o que não faz esse um diferencial da empresa e do RH dela.
93
Há alguns benefícios obrigatórios, que são pagos pela empresa por meio de
encargos sociais, que visam a proteção do trabalhador. São exemplos desses benefícios
aqueles que visam sua proteção em caso de acidente, morte ou doença. É indicado
que o gestor de RH, junto de sua equipe, à medida que as suas atividades exigirem,
capacite-se e recicle seu conhecimento regularmente sobre os aspectos legais voltados
ao pacote remuneratório.
Considerando que estamos estudando a área de RH, é importante ter isso bem
estabelecido, já que é comum que o trabalhador muitas vezes faça queixas sobre as
recompensas que recebe no seu trabalho. Naturalmente, toda reclamação deve ser
acolhida e analisada com cautela, mas é importante observar que é errônea a ideia
de que um benefício sozinho vai trazer motivação por muitos anos a um empregado.
Ele pode atuar como um fator motivador, mas aspectos como o clima organizacional,
a rotatividade e a centralização da gestão podem ser fatores mais relevantes do que
apenas a remuneração.
95
O benefício seguro por invalidez, por sua vez, de acordo com o exemplo de aná-
lise de custo e valorização apontado em Orsi (2015), é pouco valorizado pelos trabalha-
dores e com alto custo para a empresa. A academia, por sua vez, pode ser considerado
um benefício de baixo custo para a empresa, mas também de pouca importância para
os empregados. Orsi (2015) também chama atenção sobre os valores a serem repas-
sados para o colaborador a depender do seu salário-base. Ele explica que o benefício,
quando ofertado pela empresa, e gerido pelo RH, deve considerar o impacto dos des-
contos na remuneração do empregado. Desse modo, quando a gestão do RH estruturar
seu plano de carreira, por exemplo, ele deve considerar as faixas de desconto possíveis
dentro das promoções e progressões delineadas.
INTERESSANTE
Você já observou que a divulgação das vagas estão cada vez mais falando
sobre sua estrutura, seus princípios e valores do que sobre aspectos téc-
nicos da vaga?
96
Esse benefício pode se dar em função do cargo ou não, afinal, é de conhecimento
do RH a existência do organograma formal e da estrutura de relacionamentos informal.
É nesse benefício que o RH pode verificar a pessoa que tem autoridade, ou seja, o
líder, aquele que influencia em algum aspecto da cultura empresarial, e a pessoa que
tem poder, ou seja, aquele que tem um cargo na estrutura formal com capacidade de
decisão sobre seus subordinados.
ESTUDOS FUTUROS
No terceiro tema de aprendizagem desta unidade, nomeado “liderar ao
gerir benefícios”, aprofundaremos os estudos sobre o trabalho do ges-
tor de pessoas diante dos benefícios.
97
Através dos conceitos de benefício, você deve ter percebido a relação do
benefício com o salário e o pacote remuneratório, sendo o benefício considerado pelos
autores um salário indireto que faz parte do sistema de remuneração da empresa.
Você conheceu os princípios do plano de benefícios de retorno do investimento e da
mútua responsabilidade. Deparou-se com ao menos cinco aspectos que devem ser
considerados quando o RH for implantar ou renovar um benefício, ou o pacote de
benefícios. Ele deve considerar o que a empresa faz a região e realidade do trabalhador,
além das especificidades do cargo ou trabalho ocupado.
Por fim, o quinto aspecto diz respeito aos benefícios não remuneratórios, ou
seja, aqueles que não tem custo efetivo para a empresa, mas que tem valor para a
equipe. Nesse sentido, foi analisado a questão do clima e a importância da felicidade
para o melhor andamento dos trabalhos, além da análise da cultura empresarial.
98
Este tema, portanto, trouxe análises e reflexões sobre o plano, o pacote e a
gestão de benefícios nas empresas. Ele deu enfoque a diferentes percepções de
análise: do trabalhador, do RH e da empresa, buscando ampliar seus conhecimentos
sobre as concepções de benefício. No próximo tema de aprendizagem, você estudará
com profundidade os tipos de benefícios oferecidos pelo mercado. Até lá!
99
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• O pacote de benefícios também pode ser benéfico para a organização quando afeta
positivamente a questão motivacional da equipe. Já está consagrado na literatura
que a remuneração sozinha não motiva os trabalhadores a longo prazo.
100
AUTOATIVIDADE
1 Voltando-nos ao sentido da palavra, benefício pode ser considerado um bem realizado
generosamente a outra pessoa, um rendimento do cargo ou uma beneficiação. É
costumeiro perceber o benefício como uma vantagem oferecida, um adicional ao
salário dos trabalhadores de uma organização. Sobre a concepção que algumas
pessoas têm de que o benefício é uma ação generosa, assinale a alternativa CORRETA:
101
3 O pacote de benefícios depende de uma gama de fatores. É preciso considerar a
atividade da empresa, as demandas dos indivíduos nas regiões onde atua, as
especificações do trabalho que executa, as realidades ambientais e de mercado a
que a empresa está inserida. De acordo com os fatores a considerar na gestão de
benefícios, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
102
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
TIPOS DE BENEFÍCIO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, parabenizo pela sua jornada firmada até aqui, vamos iniciar
agora o segundo tema de aprendizagem sobre a temática benefícios. Neste tema de
aprendizagem, você conhecerá os benefícios em voga no mercado e as melhorias no
âmbito do pacote de benefícios. Para isso, você acompanhará o resultado de estudos
de casos e levantamentos feitos por estudiosos do assunto. Ao todo são ofertados pelo
menos cinco estudos de mercado. O material traz novidades acerca do plano de saúde
e do benefício da alimentação. No que se refere à análise de benefícios específicos,
você explorará com profundidade os estudos nos benefícios mais preteridos pela
empresa e pelo trabalhador: alimentação, transporte e plano de saúde. Dentro desse
aspecto, você descobrirá as ponderações que o gestor de RH deve ter na hora de gerir
os benefícios, as exigências e previsões legais e os fatores que podem diferenciar o
seu RH quando ofertá-los.
103
A fim de trazer um panorama plural de benefícios, neste tema, serão
apresentados mais de 13 tipos diferentes de benefício. Seja em resultados de pesquisas,
em indicações ou definições e características dos benefícios, você, acadêmico, terá a
sua disposição um rol de benefícios que serão explicados e analisados individualmente.
Para contribuir com essas informações, você descobrirá diferentes classificações dos
tipos de benefício. As classificações são segregadas em três categorias. É interessante
conhecê-las e avaliar como as organizações que você participa estão diversificando seu
pacote de benefícios entre essas categorias, para que não sobrecarregue uma categoria
de benefício e se esqueça da outra. Isso pode indicar problemas na gestão estratégica
do plano de benefícios.
Na pesquisa de Rosa et al. (2022), realizada com 233 trabalhadores que atuam
em Santa Catarina, observou-se que os benefícios mais ofertados são: plano de saúde,
vale alimentação/refeição e seguro de vida. Nesta pesquisa percebeu-se que os
benefícios menos concedidos aos trabalhadores são a ginástica laboral e a cesta básica.
104
É notável a importância que os benefícios relacionados à saúde do trabalhador
são apresentados no levantamento como os mais concedidos a eles. Essa informação é
potencializada e talvez até justificada pelo fato de que, nos últimos anos, desde 2020, a
população mundial teve um grande risco de sua saúde ser afetada devido à pandemia
do COVID-19. É natural, também, que a empresa se resguarde e previna seus trabalha-
dores de situações que possam causar riscos a sua saúde, como é o caso do investi-
mento em seguro de vida.
Outra pesquisa de mercado relativa a benefícios foi feita por Oliveira, Leal e Melo
(2018). Os autores constataram, através de entrevistas com 210 pessoas escolhidas
aleatoriamente, que os benefícios mais ofertados são, na ordem decrescente de
oferecimento: vale transporte (82% dos entrevistados), plano de saúde (75%), vale
refeição (61%) e assistência odontológica (56%). É importante dizer que a legislação e
alguns acordos coletivos exigem a oferta do vale transporte, demandada especialmente
necessária se o trabalhador o solicitar.
105
INTERESSANTE
Caro acadêmico, vamos fazer um exercício de análise: confira o que os
dois estudos, de Oliveira, Leal e Melo (2018) e de Rosa et al. (2022), tem em
comum até o momento? Você consegue perceber como o plano de saúde
é um dos mais oferecidos nos dois estudos?
Isso pode indicar uma pressão do mercado em tê-lo, pode ser que ele ofer-
te uma vantagem para a empresa ou pode ser por outros motivos. Você
consegue dizer quais são os motivos para o plano de saúde despontar nas
pesquisas de oferta de benefício?
Nesse estudo de Oliveira; Leal e Melo (2018), foi identificado que, apesar de
a bolsa de estudos ser ofertada para 29% dos trabalhadores respondentes, o auxílio
educação 2x ao ano é raramente oferecido (0,5%). O investimento em auxílio educação
pode ser polêmico e envolver uma gama de variáveis. Os colaboradores desejam esses
benefícios, ou seja, está alinhado à cultura da empresa? A empresa oferta um plano
de carreiras abrangente e que permita utilizados os conhecimentos adquiridos nos
estudos do colaborador em sua lide diária? A região oferece oportunidades de estudo
de qualidade? Veja, há vários questionamentos que podem ser feitos em relação a esse
benefício e que devem ser analisados na hora de o gestor de RH, junto da equipe (ou
comitê de benefícios) decidir implantá-lo no pacote de benefícios.
106
que, apesar da não obrigatoriedade na lei da CLT, o vale-refeição, é constantemente
exigido nas convenções coletivas. Considerando os benefícios mais ofertados pelas
empresas e mais valorizados pelos trabalhadores, vamos analisar com atenção, nos
próximos subtópicos, o benefício isolado, ou seja, estudaremos as características de
cada benefício e o que os específica. Comecemos pelo benefício da alimentação.
2.1 ALIMENTAÇÃO
O auxílio alimentação ou vale refeição são tipos de benefício amplamente
utilizados pelas organizações, que procuram, entre outros motivos, atrair candidatos e
reter talentos. Há uma diferença fundamental entre esses: o auxílio alimentação permite
a compra, por parte do empregado, de produtos alimentícios, como feijão e leite. Já
o vale-refeição, pode ser utilizado apenas em estabelecimentos que transformam
esses produtos alimentícios para o pronto consumo, geralmente restaurantes
e estabelecimentos de alimentação. O vale-alimentação é melhor aproveitado,
naturalmente, no caso de empregos que são exercidos fora da sua residência,
especialmente se a pessoa mora distante da residência. Já no caso de empregos que
são executados majoritariamente na residência do empregado ou quando a empresa
possui um refeitório instalado na empresa, o benefício do auxílio alimentação costuma
ser mais importante.
Hoje, as maiores empresas do ramo que fazem a gestão desses benefícios são a
Alelo, Sodexo, Ticket e a VR. Fizemos um levantamento em janeiro de 2023 para ver as
ofertas vigentes por essas empresas. Comecemos pela Alelo.
107
ATENÇÃO
O serviço de aluguel de bicicletas é um modelo importado de outro pa-
íses, mas, em função da grandeza do Brasil e das variedades de oferta
nas regiões, pode ser que você não conheça. Ele consiste em você pagar
pelo tempo que precisar usar a bicicleta. São bicicletas de uma empresa
que gerencia esse serviço e geralmente são padronizadas, como o modelo
apresentado na figura 1. Com o cartão mobilidade, no exemplo de utiliza-
ção do benefício do vale-transporte, é possível comprar essas horas de
uso pelo aplicativo da empresa fornecedora desse recurso.
Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/mature-dating-couple-laughing-whilst-pushing-hire-
--U6KJZUS. Acesso em: 30 jan. 2022.
108
o vale-alimentação, que libera a compra em mercados, açougues e hortifrutis e o
auxílio-alimentação, que permite fazer a refeição e a compra de produtos do gênero
alimentício. O cartão auxílio-alimentação oferece ao trabalhador a possibilidade de gerir
seu saldo, transferindo-o, conforme sua necessidade, de alimentação para refeição e
vice-versa. Ele também oferece serviços relacionados a incentivos e reconhecimentos
do colaborador, assim como relacionados ao bem-estar e à saúde dele.
ATENÇÃO
Há novidades relacionadas a regulamentação do vale alimentação e vale-
-refeição. De acordo com a InfoMoney (2023), o Banco Central retirou do
Sistema de Pagamentos Brasileiro esses benefícios. A partir do dia primei-
ro de março de 2023, empresas que fornecem serviços de vale alimenta-
ção e vale refeição não precisam seguir regras específicas exigidas nessa
regulamentação. Leia a matéria completa aqui: https://www.infomoney.
com.br/consumo/banco-central-deixa-de-regular-vale-alimentacao-e-re-
feicao-entenda-o-porque/.
A pesquisa dos autores revela que, dos 595 profissionais entrevistados, quase
todos preferem se alimentar no local de trabalho. Analisando sob a percepção do
colaborador acerca das vantagens relacionadas à alimentação no trabalho, o estudo
109
Silva e Bezerra (2019) revelou que a distância de casa até o trabalho é um fator relevante
para os trabalhadores que atuam em empresa não tem refeitório. Isso chama atenção
quando contrastado com a realidade do mercado apontada por Oliveira, Leal e Melo
(2018), já que esse é um benefício raramente oferecido no Brasil.
O RH, por sua vez, nem sempre vai encontrar equipes que não gostam (ou não
conseguem) se alimentar nas instalações do trabalho. Em alguns casos, como quando
estamos diante de uma empresa de pequeno porte, ou uma organização que tem uma
cultura que rejeita a adoção de refeitório no trabalho, além do restaurante instalado na
empresa, outra melhoria que pode ser realizada nesse sentido é a oferta de convênio
com restaurantes e pequenas empresas que produzem marmita nas proximidades e
convênio com mercados. Silva e Bezerra (2019) apontam outra questão relevante que
deve ser levada em conta quando se decide por implantar, ou não, um refeitório no local
do trabalho.
110
desse benefício nas negociações. De acordo com o levantamento, o valor mediano do
vale alimentação mudou de R$ 255,00 para R$ 263,00. Vale dizer que em 2020 iniciou-
se a pandemia do COVID-19, o que pode ter gerado mudanças nas negociações entre
sindicatos e empresas.
O auxílio- alimentação, por sua vez, não entra como remuneração. De acordo
com a CLT, mesmo que fornecida habitualmente ao empregado, o auxílio alimentação
que não for pago em dinheiro não se caracteriza como salário. Esse benefício, portanto,
não gera encargo trabalhista nem deve ser incorporado ao contrato de trabalho. É
importante comentar que a Lei nº 14.442, de 3 de agosto de 2022, orienta que o auxílio-
alimentação deve ser utilizado para pagar refeições ou produtos do gênero alimentício
em restaurantes (ou similares) e em estabelecimentos comerciais. Caso o empregador
ou a empresa contratada para este serviço não utilize o valor para este objetivo, eles
estão sujeitos a multa. O mesmo ocorre com a empresa que forneceu os produtos não
alimentícios ao empregado e a empresa que o credenciou.
Ainda no que se refere à CLT, Decreto-Lei nº 5.452 (1943), a Lei estabelece que todo
trabalho contínuo que dure mais de seis horas deve ter no mínimo uma hora para descanso
e alimentação e no máximo duas horas (a exceção de haver acordo escrito ou contrato
coletivo que preveja mais de duas horas de intervalo). O tempo de uma hora intervalo para
o trabalhador repousar ou se alimentar pode ser reduzido por ato do Ministério do Trabalho
e quando a empresa tiver refeitórios adequados às especificações legais e não estiver sob
regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. Quando não ofertado esse tempo
de repouso e alimentação, a empresa deve indenizar com pagamento acrescido de 50%
do valor da remuneração da hora normal de trabalho do empregado.
Siqueira et al. (2021) investigam o potencial do PAT em uma empresa que foca
na alimentação sustentável. A empresa, nomeada Papayas, iniciou seus trabalhos em
2019 no Rio Grande do Sul e oferece as organizações um vale alimentação sustentável,
ou seja, que trabalha apenas com fornecedores locais e alimentações sustentáveis.
112
O caso estudado mostrou a importância de aprofundar os conhecimentos sobre esse
programa. A empresa analisada aponta essa preocupação quando conecta demanda
dos trabalhadores às feiras, vendendo direto do produtor, e disponibilizando em sua
rede de parceiros empresas locais que fornecem alimentos.
O estudo levanta uma questão que deve ser analisada pelo RH e empresa que
estão preocupados com a saúde do trabalhador: o vale-alimentação traz o benefício de
processamento do produto in natura. Afinal, ao comprar produtos do gênero alimentício em
uma rede como a Papayas, que foca nos produtos saudáveis, a alimentação terá poucas
modificações. Usualmente, sem tantos conservantes, ao oferecer o vale-alimentação,
a empresa está reduzindo a possibilidade de o profissional consumir em grandes
quantidades produtos ultra processados. Já quando é ofertado apenas o vale-refeição, o
trabalhador fica sujeito ao que lhe é oferecido nos estabelecimentos de produtos prontos
para o consumo. Por esse motivo, Siqueira et al. (2021) trazem um alerta:
2.2 VALE-TRANSPORTE
O vale-transporte, assim como o vale-refeição, é um benefício altamente
oferecido pelas empresas brasileiras. Esse benefício é instituído pela Lei nº 7.418, de
1985, que deve ser antecipada pelo trabalhador de modo que ele consiga arcar com
as despesas de locomoção do caminho de sua casa até o trabalho e vice-versa. A Lei
também informa que o valor fornecido para esse benefício não tem natureza salarial, o
que faz com que não haja vantagens financeiras, por parte do empregado, relativas a
contribuições previdenciários ou tributários no valor investido nesse benefício.
113
lício (2015). Naturalmente, por ser uma coparticipação obrigatória, esse princípio não tem
tanto peso, ou seja, o colaborador ter descontado seis por cento do seu salário para obter
o vale transporte pode não instigar o sentimento de pertencimento e responsabilidade
sobre ele. Isso porque, como dito pelo autor, o benefício com obrigação legal que exige
contribuição do empregado não impacta de sobremaneira a motivação dele.
O vale-transporte muitas vezes é visto como uma fonte de alto custo de pessoal
para a empresa. É usual vermos vagas de emprego que deem preferência para pessoas
que residem próximo das instalações da empresa. Isso faz com que pessoas que residem
longe de polos empresariais muitas vezes tenham suas oportunidades reduzidas. Nesse
sentido, a questão de transporte é um fator determinante para tal dificuldade. Além
dos altos custos que a empresa precisa investir para transportar essa mão-de-obra,
há o tempo gasto no trajeto, a maior probabilidade de acidentes ou outros problemas
até a chegada desse trabalhador e desmotivação dele, considerando os fatores já
mencionado. Para balizar essas questões, o trabalho 100% remoto mostrou-se uma
opção vantajosa.
114
NOTA
Não dá para desconsiderar a desigualdade social que existe no Brasil
quando analisamos as possibilidades de trabalho remoto, especial-
mente se considerarmos regiões distantes dos centros urbanos. Isso
porque o trabalho remoto depende de recursos mínimos para a sua
execução e, se a empresa não a fornece, pode ser um impeditivo para
esses profissionais.
DICAS
Caro profissional de RH, a ANS oferece o “Programa de Qualificação de Ope-
radoras” que avalia o desempenho das operadoras de planos de saúde pri-
vado. Ao final da avaliação, o programa divulga o índice de desempenho
de cada operadora que permite comparar qual melhor atuou naquele ano
considerando as dimensões:
115
*Qualidade em atender as necessidades de saúde dos beneficiários;
*Rede de assistência;
*Sustentabilidade no mercado e;
*Cumprimento das obrigações técnicas e legais.
116
Nesse momento, é válido resgatar a importância e as vantagens que o princípio
da responsabilidade mútua pode proporcionar para o benefício plano de saúde.
Quando diante desse benefício, é usual que as empresas trabalhem com o sistema de
coparticipação, que divide os valores percentual entre empregador e empregado. Ao
funcionar desse modo, as empresas evitam que surjam problemas, como o excesso de
idas a consultas médicas sem necessidade e a fraude nos serviços.
• Assistência Odontológica: descoberta por Oliveira, Leal e Melo (2018) como sendo um
dos benefícios mais oferecidos para os trabalhadores, esse benefício costuma ter baixo
custo e pode ser percebido como vantajoso para alguns grupos de trabalhadores.
• Auxílio Creche: pouco utilizado pelas empresas, esse benefício não tem como
consumidor final o trabalhador, mas é de seu interesse. Trata-se de um serviço
que também é ofertado pelo sistema público educacional, mas que, por ter suas
limitações em algumas regiões, pode ser interessante ser agregado ao pacote de
benefícios. Fundamental que o RH analise as possibilidades e realidade da região em
que o trabalhador mora.
• Convênio Farmácia: geralmente tem baixo custo, já que se trata de um trabalho
de parceria no qual, normalmente, o trabalhador paga integralmente os custos
com remédios e outros produtos de farmácia. Esse benefício dá a vantagem para
o trabalhador de não desembolsar na hora os produtos comprados em farmácias,
descontando-os posteriormente em sua folha de pagamentos.
• Cesta Básica: benefício que oferece produtos alimentícios para o trabalhador. É comum
encontrar empresas que condicionam o recebimento desse benefício à assiduidade do
trabalhador. Esse é um benefício que foi relevante na pandemia do COVID-19.
• Vale Cultura: permite ao trabalhador comprar produtos e serviços voltados à cultura.
Normalmente tem um limite e são oferecidos por empresas de gestão de benefícios,
como Alelo e Sodexo.
• Seguro de Vida: como visto, esse benefício está se modificando e sendo cada vez mais
procurado pelas empresas (ROSA et al., 2022). Esse e outros motivos fazem, portanto,
com que esse seja uma pauta de negociação presente em 26% das negociações
trabalhistas (ZYLBERSTAJN, 2021). É importante, nesse sentido, que o RH fique atento
e analise com cautela as cláusulas e coberturas dos seguros que contrata.
• Empréstimo: pouco presente nas empresas, esse benefício possibilita ao trabalhador
fazer empréstimos a menores taxas. Assim como o convênio farmácia, esse benefício
geralmente é construído a partir de parceria entre empresas. Desse modo, a empresa
garante que não haja uma queda na produtividade do colaborador endividado em
função de seus problemas financeiros.
117
• Bolsa de estudos: é um benefício percebido pelos trabalhadores como de grande
importância e que tem uma boa adesão pelas empresas, 29% das empresas dos
trabalhadores que responderam à pesquisa oferecem bolsa de estudos (OLIVEIRA;
LEAL; MELO, 2018). Esse benefício geralmente é ofertado ao trabalhador, mas pode
ser estendido aos seus dependentes. Pode ser considerado um benefício que
tem poder de impactar positivamente a permanência do trabalhador na empresa,
especialmente se ele realizar cursos de longa duração, com mais de dois anos.
• Previdência Complementar: assim como o plano de saúde, é ofertado por operadoras
de seguro. Esse benefício fornece a sensação de segurança aos trabalhadores,
especialmente aqueles em idades próximas da aposentadoria.
• Home Office: pode ser considerado um benefício se atendido algumas características,
como o fornecimento (ou reembolso) de recursos tecnológicos e a ajuda de custo
em outras questões demandadas por essa modalidade de trabalho. Nos últimos anos
passou a crescer o número de adeptos, estando na pauta de negociações em 2020
em 5.164 acordos coletivos (ZYLBERSTAJN, 2021).
Os benefícios que têm exigência legal são aqueles que a empresa tem a
obrigação de oferecer a todos os trabalhadores, da organização ou da classe ocupacional.
Quando o benefício está previsto na legislação trabalhista e previdenciária, ou, ainda,
quando conquistado através de acordos ou dissídios coletivos, estamos diante de um
benefício de exigência legal. São exemplos desses benefícios as férias, o adicional
noturno e o 13º salário.
118
NOTA
Dissídio coletivo é uma ação realizada através da Justiça do Trabalho
que, nesse caso, pode culminar na modificação da empresa no seu
pacote de benefícios.
Os benefícios de exigência espontânea, por sua vez, são aqueles que não
são exigidos por lei, mas que a organização prefere oferece aos trabalhadores, como é
o caso de assistência médica e prêmio assiduidade. É curioso, nesse sentido, pensar
que, diante da concorrência cada vez mais acirrada entre as empresas, oferecer alguns
benefício que seriam considerados como diferenciais, pode ser visto pelo mercado
como pré-requisito para a gestão de recursos humanos.
4 HOME OFFICE
A partir do período pandêmico despontou nas redes sociais e em conversas
sobre trabalho a discussão sobre o home office ser um benefício. Vamos estudar essa
questão. O home office, de acordo com Haubrich e Froehlich (2020), iniciou-se nos anos
70 por haver problemas de locomoção em função da crise do petróleo.
IMPORTANTE
Por definição, o home office é uma metodologia de trabalho que se
vale de recursos tecnológicos para executá-lo em locais para além
da estrutura física empresarial.
120
As modificações nessa modalidade de trabalho foram percebidas ao longo dos
anos, à medida que a Internet foi expandindo e sendo disponibilizada para novos locais.
Para Trope (1999 apud HAUBRICH; FROEHLICH, 2020) existem diferentes tipos de home
office. Vamos conhecê-los:
DICAS
Você conhece a SOBRATT? A Sobratt é a Sociedade Brasileira de Teletra-
balho e Teleatividades, ela nasceu em 1999 e tem o objetivo de divulgar
informações de confiança sobre o trabalho a distância. Obtenha mais infor-
mações no site oficial: https://www.sobratt.org.br/.
121
O que se observa é uma resistência dos gestores, especialmente da alta gestão
(direção, sócios), em adotar esta modalidade de trabalho, tendo em vista a necessidade
de revisão de toda a estrutura de gestão, especialmente no que tange a supervisão do
trabalho. É visto como um desafio, ou um problema que pode gerar improdutividade,
a flexibilidade dos espaços e períodos de trabalho da equipe organizacional, o que
dificultaria a coordenação e supervisão dos processos de trabalho.
IMPORTANTE
Imaginemos que você trabalha no RH de uma empresa e recebeu o comunicado de um
acidente de trabalho ocorrido com um empregado que atua home office. Quando foi ques-
tionar como o acidente aconteceu, a pessoa explica que estava trabalhando quando escor-
regou no tapete de casa. E então, como você agiria nesse caso? Você concorda que foi um
acidente de trabalho?
122
postura inadequada a que os trabalhadores possam ter consequências em sua saúde
no futuro. Esses hábitos ruins podem trazer, para a empresa, custos relacionados a
baixas e afastamento para tratamento de saúde. Nesse sentido, a ginástica laboral
mostra-se como benefício que possa trazer melhorias para o trabalhador e previne
custos futuros com pessoa para a empresa.
Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/stumbling-upon-some-great-websites-shot-of-a-young-
-6YQAJQF. Acesso em: 30 jan. 2023.
123
vale-transporte e o plano de saúde. Você descobriu que o vale-refeição é geralmente
associado a ideia da concessão de benefícios para consumir alimentos prontos para
consumo em locais como restaurantes enquanto o auxílio alimentação, de acordo com
a CLT, faz parte do salário do trabalhador e é orientado para a compra de produtos do
gênero alimentício que ainda não foram transformados. A transformação a que se refere
esse texto diz respeito ao processo, por exemplo, de cozimento de vegetais, o que inclui
o corte dos vegetais, a preparação e o posterior cozimento.
Uma mudança recente que você pode ter descoberto ineditamente através
deste material é a informação de que o regulamento do Banco Central vai extinguir,
a partir de março de 2023, as exigências que regiam o Sistema de Pagamento acerca
do benefício alimentação. No que se refere a esse benefício, você estudou um novo
estudo de caso que analisa os benefícios do PAT e o resultado de uma grande pesquisa,
feita com quase 600 pessoas, que analisava os impactos, a importância e as vantagens
de ter um refeitório na empresa. Esse levantamento descobriu que os trabalhadores
preferem que a empresa forneça essa vantagem e identificou algumas atividades que
eles realizam durante o horário de intervalor reservado para a alimentação. A pesquisa
ponderou que essas atividades podem trazer vantagens, mas que podem também
afetar negativamente o clima e produtividade da equipe.
124
Ainda no que se refere ao benefício da alimentação, você conheceu o PAT,
percebendo que esse benefício pode isentar encargos sociais por parte das empresas,
o que “cai por terra” a concepção de que a empresa oferece benefícios ao trabalhador
apenas por generosidade. Você também analisou alguns resultados do estudo de caso
da aplicação do PAT na alimentação saudável dos trabalhadores por meio da jovem
empresa gerenciadora desse benefício, a Papaya.
125
Ao correr dos estudos sobre benefícios, foi citado recorrentemente os impactos
que a pandemia do COVID-19 trouxe para eles. Por isso, incluímos como tipo de
benefício a análise sobre o trabalho home office. A temática é introduzida como um
questionamento, já que há diversas discussões correntes sobre ele ser considerado um
benefício ou não. Para tanto, levantamos algumas questões que devem ser consideradas
nessa análise, especialmente sob o viés do RH. Você conheceu, por meio dessa análise,
a SOBRATT, uma importante organização da área.
126
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
127
AUTOATIVIDADE
1 Benefícios são gratificações, vantagens oferecidas aos trabalhadores por organiza-
ções que tem diferentes interesses ao ofertá-lo. É notável a importância dada os be-
nefícios relacionados a saúde dos trabalhadores, especialmente porque nos últimos
anos, desde 2020, a população mundial teve um grande risco de sua saúde ser afeta-
da devido a pandemia do COVID-19. É natural, também, que a empresa se resguarde
e previna seus trabalhadores de situações que possam causar riscos a sua saúde,
como é o caso do investimento em seguro de vida. Sobre as mudanças ocorridas na
área de seguro de vida, assinale a alternativa CORRETA:
I- Hoje as maiores empresas do ramo que fazem a gestão desses benefícios são a
Alelo, Sodexo, Ticket e a VR.
II- A partir do dia primeiro de março de 2023, empresas que fornecem serviços de vale
alimentação e vale refeição devem seguir as regras do Banco Central.
III- Em uma pesquisa, descobriu-se que as atividades mais realizadas pelos traba-
lhadores nas empresas que não possuem refeitório ficam entre pagar contas e
realizar compras.
128
3 O plano de saúde é um serviço que atende as necessidades dos trabalhadores e
familiares, chamados de beneficiários, quando diante da necessidade de atendimento
médico, hospitalar ou laboratorial. A abrangência dos serviços ofertados através
desse benefício depende das coberturas previstas no contrato. De acordo com o que
foi estudado sobre plano de saúde, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:
4 Seja para atrair candidatos em potencial ou para motivar as pessoas, é usual que
organizações ofereçam diferentes benefícios. Vale lembrar que normalmente a
empresa oferece ao trabalhador não apenas um benefício, mas sim um pacote de
benefícios, já que há alguns benefícios que são obrigados por lei e outros escolhidos
para serem oferecidos ao trabalhador. Disserte sobre as exigências legais relativas
aos benefícios empresariais.
129
130
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
LIDERAR AO GERIR BENEFÍCIOS
1 INTRODUÇÃO
Querido acadêmico, seja bem-vindo ao nosso último tema de aprendizagem
desta unidade que tem como temática benefícios. Neste tema de aprendizagem você
conhecerá as possibilidades de atuação do RH na gestão dos benefícios. A fim de
evidenciar as possibilidades de o RH agregar valor à empresa, você acompanhará os
resultados de um estudo de caso e de uma pesquisa de satisfação dos trabalhadores.
131
Este tema de aprendizagem é direcionado ao departamento de RH, mas,
considerando que todo gestor é gestor de pessoas, e a transversalidade do assunto,
esse material se faz importante para todos que estudam técnicas e levantamentos de
gestão de benefícios. A proposta é trazer uma nova análise, propostas de solução e
indicação de ações que o RH pode executar a fim de que o seu setor se torne referência
na área. A estrutura desse material se dá na apresentação de informações retiradas de
artigos científicos e a posterior investigação e possibilidades de atuação profissional.
Esperamos que você o aproveite, ele foi produzido com apreço. Bons estudos!
Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/business-revenue-concept-businessman-holding-us-
-do-A9ATTKJ. Acesso em: 31 jan. 2023.
Na análise dos autores Boog e Boog (2013), essa balança (esforço versus
recompensa) pode resultar em quatro tipos de percepção do colaborador:
→ Injustiça, quando ele percebe que mais colabora do que recebe.
→ Acomodação, quando ele colabora pouco para a empresa e recebe proporcional-
mente ao seu esforço, ou seja, tem pouca recompensa.
→ Aproveitador, quando ele recebe mais do que colabora para a empresa.
→ Motivação, quando há um equilíbrio entre sua colaboração com a percepção sobre
a recompensa.
Para Boog e Boog (2013), a percepção motivada é a que deve ser fomentada
pelos gestores, já que é nesse momento que o trabalhador efetivamente agrega valor
à organização, produzindo mais e tendo maior satisfação pessoal. Afinal, como dito
133
por Salício (2015), o pagamento do trabalho é o que une, o centro das relações, entre
empregador e empregado. Há aí uma troca entre direito e responsabilidade: a empresa
tem o direito de cobrar resultados e o trabalhador, sua recompensa. Já a empresa tem
a responsabilidade de entregar essas recompensas e o trabalhador de entregar seu
tempo e esforço nas tarefas do trabalho.
IMPORTANTE
É possível reter talentos reduzindo os custos financeiros?
134
Divulgar e incluir na percepção dos trabalhadores as recompensas intrínsecas
da equipe é competência chave para otimizar a produtividade e o resultado da empresa,
mas ela deve ser feita com cautela. A atuação do gestor deve se dar tanto na avaliação
da recompensa monetária, quanto na psicológica. A questão central está relacionada a
qualidade da gestão empresarial (BOOG; BOOG, 2013). O RH pode conseguir pontificar essa
questão se investir em capacitações e aperfeiçoamentos dos gestores. Os treinamentos
nesse sentido devem ser intensificados a depender da situação vivenciada na empresa.
IMPORTANTE
Como está a sua percepção sobre o trabalho que desempenha?
Nessa análise, você considerou também os aspectos que agregam
valor à organização, para além do nível do seu esforço e tempo
dispendido na organização?
135
de especificidade na composição e alcance de alguns objetivos. Um trabalhador, por
exemplo, que questiona por que o promotor de vendas recebe auxílio-combustível e ele
não, deve ter claro as especificidades desses, o impacto desse benefício para o promotor
e os resultados que a empresa recebe que permitem ofertar tal benefício a eles. Esses
parâmetros interferem, inclusive, na hora de desligar o colaborador, que terá, a pessoa
desligada e os ex-colegas de trabalho, a ciência dos requisitos que o levou a demissão.
Imaginemos, por exemplo, que a alta gestão decida ampliar seu espaço físico
daqui três anos. Sabendo dessa informação através do plano estratégico empresarial,
o que você considera que o RH deve fazer? É interessante que a área se estruture para
conservar as características de processo atual ou é necessário tomar hoje novas atitudes
para conseguir bons resultados no futuro, quando a empresa estiver em expansão?
Quando se sabe o que a empresa aspira para seu futuro o RH deve se organizar
em plano a longo, médio e curto prazo, a fim de concretizar esses objetivos. No caso da
expansão da empresa, a empresa pode, por exemplo, construir regulamentos internos e
procedimentos admissionais robustos de modo a integrar e orientar da melhor maneira
a nova equipe que virá. Mas, perceba, o plano do RH não deve ser fazer esses regimentos
ou criar procedimentos de integração daqui três anos, quando a construção da empresa
estiver em andamento. A ideia é trabalhar nos próximos dias, ou no próximo ano, para
que esses regimentos e procedimentos estejam firmados, ou ao menos em teste de
execução, para que daqui a três anos o RH consiga agregar a expansão e contribuir para
a liderança da área.
136
O mesmo ocorre para os benefícios. Sabendo que a empresa quer expandir,
deve-se avaliar as potencialidades de oferta dos benefícios. A empresa ganha ao ter
um RH com ações alinhadas aos seus objetivos e a comunidade pode ser favorecida
ao receber investimento nas empresas locais, por exemplo, ou a incluir dependentes no
usufruto dos benefícios. A comunidade local, especialmente as pessoas interessadas
em trabalhar na empresa, ganham também ao ter ciência da estruturação dos
processos, à facilitação percebida na transparência sobre as regras dos benefícios e
as oportunidades que podem conseguir nele. Quando divulgada a informação sobre os
objetivos da empresa, se os diretores estiverem de acordo, a sociedade costuma tomar
maior interesse. As pessoas pensam: essa parece ser uma boa empresa para trabalhar,
e o benefício reforça esse pensamento, já que traz vantagens aos trabalhadores e, em
alguns casos, a seus dependentes. Nesse sentido, faz-se interessante analisar essas
perspectivas a partir de um caso contrato.
• Plano de saúde (assistência médica), com subsídio de 60% pela empresa e 40%
pelo trabalhador.
• Assistência odontológica.
• Vale transporte, com desconto de 6% do salário base do trabalhador.
• Vale refeição, com desconto de R$ 33,20 por mês do trabalhador, ofertado por um
refeitório instalado na empresa, que conta com a inspeção de uma nutricionista.
• Cesta básica, paga em dinheiro por um cartão que só permite a compra em mercados.
• Convênio farmácia, com o grupo Sesi, que desconta os custos da compra no salário
base mensal do trabalhador.
• Associação, que oferece um espaço para realizar eventos, uma lanchonete e um
campo de futebol.
• Participação dos Lucros e Resultados, pago anualmente.
137
Esse tipo de resultado denota a deficiência em planejar os processos de
integração do trabalhador, mas também a importância de o pacote de benefícios estar
presente nas informações instrucionais da empresa. Por isso, é indicado que o RH
analise as possibilidades de canais de comunicação entre os colaboradores e o setor.
Mais que isso: é sugerível que o gestor de RH estude maneiras de alcançar o maior
número de pessoas, gerindo as comunicações internas e externas. Deve, também,
manter um espaço digital que fixe as informações contratuais, regimentos, e outros
dados que possam ser compartilhados e que, por serem extensos, fica à disposição
do trabalhador para lê-los quando tiver tempo e disposição para isso. Afinal, é função
do RH cativar as pessoas interessadas na empresa e, nada melhor para isso, do que
divulgar o pacote de benefícios. As ações do RH e os diferenciais percebidos a partir das
possibilidades e melhorias no pacote remuneratório são questões que devem permear
seu planejamento.
Ainda que o trabalhador tenha tido ciência sobre os benefícios que seriam
ofertados pela empresa na divulgação da vaga, ele precisa entender as regras e
características que se estruturam nela. Por exemplo, nessa empresa o vale refeição é
dado com um desconto de 20% das refeições com um valor limitado. A cesta básica, por
sua vez, só é fornecida se o trabalhador não tiver falta injustificada ou com mais de 15
dias de atestado. Essas especificações e instruções devem ser fornecidas de modo que
o benefício não gere uma possível frustração ou indignação do trabalhador por não o
conseguir, ou por receber um desconto em seu salário base e não saber a que benefício
está atrelado.
138
pelos respondentes que afirmam, através das entrevistas, que esse distanciamento se
deve a insatisfação dos trabalhadores sobre o tempo de espera de atendimento. Na
entrevista, conseguiu-se descobrir a seguinte informação: de acordo com a resposta
dos entrevistados, apesar de a empresa administradora do plano de saúde atender bem,
os trabalhadores não utilizam com mais frequência o plano porque precisam esperar
muito tempo para ter seus atendimentos médicos.
Ao todo, 22% dos respondentes nunca o utilizaram, o que pode ser alarmante.
Considerando o que já estudamos, que o plano de saúde é o benefício mais importante
para o trabalhador, saber que esse tanto de pessoas não o utiliza, é um sinal de que o
RH deve tomar uma atitude para melhorar esse serviço, na medida do possível. Ainda
assim, 52% dos 100 respondentes dizem que o plano de saúde atende satisfatoriamente
as suas necessidades (sua e de sua família).
139
Quando questionado aos trabalhadores da empresa de cerâmica analisada na
pesquisa, (MACHADO, 2016) sobre os benefícios que gostariam que entrasse no pacote
de benefícios, eles sugerem com frequência um vale refeição que possa ser utilizado
para se alimentar fora das instalações da empresa. Outros benefícios sugeridos pelos
trabalhadores do caso estudado (Ibidem) são: plano de saúde familiar mais acessível,
bolsa de estudos, vale cultura, auxílio combustível, creche e ginástica laboral. Ainda,
59% dos trabalhadores que responderam à pesquisa dizem que não há outro benefício
que precise ser incluído no pacote de benefícios.
140
responsabilidade, já que os custos da assistência médica são divididos entre a empresa
e o trabalhador. O único benefício com objetivo recreativo ofertado pela empresa é a
associação. Foi solicitada a expansão de benefícios nesse sentido ao ser solicitado o
vale cultura. Não há diretamente um benefício supletivo, mas pode-se considerar que
o refeitório no local é um benefício com objetivo supletivo. Esse benefício pode ser
questionado considerando as reclamações. Afinal, o benefício supletivo deveria oferecer
facilidades, mas ao que parece o refeitório instalado nas empresas pode não atender a
essa característica.
141
Sabemos que o RH balanceia demandas, mas a importância dele acontece
especialmente se considerarmos que todo gestor é gestor de pessoas e tem como um
dos maiores desafio, ouso dizer, o maior, a gestão de equipes. Uma empresa, por sua vez,
busca resultados e isso só é possível através das pessoas. Você consegue perceber como
o RH atravessa e tem poder de atuação em toda a organização, se assim a alta gestão
possibilitar? Isso porque os diretores e sócios precisam apoiar, inclusive financeiramente,
investimento no pessoal para que os trabalhos tenham resultados. Daí a importância em
se fazer a análise do esforço do trabalhador versus a recompensa da empresa.
142
• O RH falhou ao não comunicar adequadamente o pacote de benefícios, o que resultou
na baixa adesão dos trabalhadores ao plano odontológico.
• Ainda que poucas pessoas utilizem o plano de saúde, os serviços da operadora do
plano é bem-quisto pela maioria.
• Houve muitas reclamações sobre o benefício vale refeição, agravada pelo fato de que
a alimentação é servida nas instalações da empresa.
• Apenas metade dos entrevistados tem a oferta da cesta básica. Essa informação
pode indicar problemas com assiduidade, já que o benefício está atrelado a faltas
injustificadas e afastamentos.
143
LEITURA
COMPLEMENTAR
GOVERNO REGULAMENTA HOME OFFICE PARA CONTROLE DE JORNADA E
MAIS BENEFÍCIOS
Murilo Tunholi
144
• adoção do trabalho híbrido, de modo que, mesmo que o empregado compareça em
dias determinados à empresa, isso não descaracterizaria o modelo do trabalho remoto.
Lembrando que essa condição — do teletrabalho — deve constar expressamente no
contrato individual de trabalho;
• controle de jornada para profissionais sob o regime de teletrabalho (desde que não
sejam remunerados por produção ou tarefa);
• acordo entre as partes para dispor sobre os horários e os meios de comunicação
entre empregados e empregadores, assegurando repousos legais;
• inclusão de estagiários e aprendizes em regime de home office;
• prioridade das vagas de teletrabalho para trabalhadores com deficiência ou com filhos
até quatro anos de idade;
• utilização de acordos ou convenções coletivas relativos à base territorial do
estabelecimento de lotação do empregado (local do registro do eSocial, por exemplo);
• regras de aplicação da legislação trabalhista para empregados admitidos no Brasil,
mas que optaram por trabalhar remotamente no exterior;
• Auxílio-alimentação para usar somente em comida
145
infraestrutura para o trabalho remoto devem ser estabelecidas no contrato de trabalho
entre as partes. Dessa forma, a empresa é obrigada a auxiliar seus empregados no que
tange ao maquinário, softwares, entre outros equipamentos necessários para exercício
da atividade, ressaltando que os produtos fornecidos devem estar em bom estado para
o desempenho das funções.
Fonte: https://tecnoblog.net/noticias/2022/04/06/governo-regulamenta-home-office-para-con-
trole-de-jornada-e-mais-beneficios/. Acesso em: 31 jan. 2023.
146
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
147
AUTOATIVIDADE
1 A percepção do trabalhador sobre a sua recompensa na organização influencia
no seu nível de colaboração, sendo prejudicial se estiver desequilibrada. Nesse
sentido, os autores apontam que o profissional pode oferecer à empresa:
engajamento, experiência, competências, serviços, tempo, esforços, motivação e
empenho enquanto ele recebe da empresa recompensas, que podem ser: salários,
benefícios, bônus, participações, prestígio, reconhecimento, promoções, status ou
oportunidades. Sobre a percepção do trabalhador acerca dos esforços realizados e
recompensas recebidas, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O trabalhador pode ter o sentimento de justiça, quando ele percebe que mais
colabora do que recebe.
b) ( ) O trabalhador pode sentir que é aproveitador, quando ele colabora pouco para a em-
presa e recebe proporcionalmente ao seu esforço, ou seja, tem pouca recompensa.
c) ( ) trabalhador pode ter se sentir motivado, quando há um equilíbrio entre sua
colaboração com a percepção sobre a recompensa.
d) ( ) trabalhador pode ter o sentimento de injustiça, quando ele recebe mais do que
colabora para a empresa.
148
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 Quando se sabe o que a empresa aspira para seu futuro o RH deve se organizar em
plano a longo, médio e curto prazo, a fim de concretizar esses objetivos. No caso
da expansão da empresa, a empresa pode, por exemplo, construir regulamentos
internos e procedimentos admissionais robustos de modo a integrar e orientar da
melhor maneira a nova equipe que virá. De acordo com as possibilidades de atuação
do RH estudadas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Deve-se trabalhar nos próximos dias, ou no próximo ano para que esses regimen-
tos e procedimentos estejam firmados, ou ao menos em teste de execução, para
que daqui a três anos o RH consiga agregar a expansão e contribuir para a liderança
da área.
( ) A empresa ganha ao ter um RH com ações desvinculadas dos seus objetivos e a
comunidade pode ser favorecida ao receber investimento nas empresas locais, por
exemplo, ou a incluir dependentes no usufruto dos benefícios
( ) A comunidade local, especialmente as pessoas interessadas em trabalhar na
empresa, ganham também ao ter ciência da estruturação dos processos, à facilitação
percebida na transparência sobre as regras dos benefícios e as oportunidades que
podem conseguir nele.
4 Através dos estudos descobriu-se que, num geral, as pessoas gostam de ter o
refeitório no local de trabalho, mas é preciso atenção a esses serviços ou, do
contrário, se torna um fator negativo para o pacote de benefícios. O benefício da
alimentação é o benefício mais presente nas negociações coletivas, mas que podem
trazer descontentamentos na equipe. Disserte sobre as possibilidades de atuação do
RH diante de problemas na satisfação dos trabalhadores no benefício alimentação.
149
REFERÊNCIAS
ALELO. Página Inicial, c2023. Disponível em: https://www.alelo.com.br/. Acesso em:
23 jan. 2023.
150
CASTRO, S.A. de. Responsabilidade do empregador pelo acidente de trabalho
sofrido pelo empregado em regime home office. 2021. Trabalho de Conclusão de
Curso (Bacharel em Direito) - Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos
Santos, 2020. Disponível em: https://dspace.uniceplac.edu.br/handle/123456789/974.
Acesso em: 31 jan. 2023.
PAIVA, Kely César Martins de. Gestão de Recursos Humanos: teorias e reflexões.
Curitiba: Intersaberes, 2019.
151
SILVA, C.; BEZERRA, B. S. Uma abordagem sobre os refeitórios no ambiente de trabalho:
um estudo de caso múltiplo do ponto de vista da qualidade de vida dos trabalhadores.
Gestão & Produção, v. 26, n. 2, p. 23-47, 2019. Disponível em https://www.scielo.br/j/
gp/a/H3PTzhCbWzzNDxNJY5RDt9v/abstract/?lang=pt. Acesso em: 30 jan. 2023.
SIQUEIRA, A. C.; HENDLER, V. M.; SCALON, L.; MOURA, C, F.; DA CRUZ, F. T. O Prato do
Trabalhador: Conectando Urbano e Rural por meio do Vale-Alimentação da Papayas.
Desenvolvimento em Questão, v. 20, n. 58, p. e11834-e11834, 2022. Disponível
em: https://revistas.unijui.edu.br/index.php/desenvolvimentoemquestao/article/
view/11834. Acesso em: 31 jan. 2023.
152
UNIDADE 3 —
REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
153
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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154
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
REMUNERAR ESTRATEGICAMENTE
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao nosso primeiro tema de aprendizagem sobre
a temática remuneração variável. Neste tema de aprendizagem, você conhecerá três
tipos de remuneração: a fixa, a variável e a estratégica. Para isso, você conhecerá as duas
principais formas de remuneração, a fixa e a variável. Através da leitura deste material
você descobrirá a que a remuneração fixa está associada e as vantagens e limitações da
remuneração tradicional. Por meio dele, você também encontrará informações acerca
dos aspectos a que a remuneração variável está condicionada, tanto em relação a causa
quanto em relação a forma de variação.
155
2 FORMAS DE REMUNERAÇÃO
O RH é uma área que se atenta a diferentes questões empresariais voltadas
ao aspecto humano. Essa área analisa o bem-estar do trabalhador, os direitos dos
empregados, o desempenho do capital humano da empresa e os fatores humanos
atrelados ao resultado da empresa. Essas situações são atravessadas por aspectos que
os une, sendo a recompensa um fator-chave de decisão para os atores organizacionais.
156
salarial acontece apenas quando o trabalhador é promovido, horizontal ou verticalmente.
É interessante definir aqui a diferença desses tipos de promoção. O empregado ascende
horizontalmente quando tem um reconhecimento por destaque ou pelo seu tempo
de empresa, mas o cargo permanece o mesmo. Já a promoção vertical diz respeito à
inclusão de responsabilidades, na qual se é alterado o cargo ocupacional do trabalhado,
inclusive para registro legal. As modificações contratuais, como a alteração de cargo e
salário, devem ser registradas na Carteira de Trabalho Pessoa Física (CTPS) e no eSocial.
Tanto na promoção vertical quanto horizontal, o salário costuma ser alterado.
Essa forma de remuneração tem algumas vantagens que podem ser percebidas
nos dias de hoje, mas também são percebidas limitações nesse sistema, sendo a
estrutura empresarial e as demandas do mercado fatores primordiais na escolha de sua
implantação. Vamos, portanto, conhecer as vantagens de aplicar a remuneração fixa
nas empresas.
157
Na perspectiva do trabalhador, a remuneração fixa ele oferece a ele certa
estabilidade e previsibilidade financeira, que o permite ter segurança sobre o que receberá
no fim do período e fazer planos de gastos a longo prazo. Assim que o salário é definido e
acordado previamente entre o empregador e o empregado, o trabalhador costuma sentir
que tem certa estabilidade de recebimento de salário. Isso lhe proporciona uma maior
sensação de estabilidade financeira e pode reduzir o estresse financeiro do empregado.
158
Atentando-nos a questão da equidade interna, o sistema de remuneração fixa
por si só fornece condições de pagar igualmente as pessoas sem distingui-las. Ainda que
seja obrigatório, por força da Constituição, a equiparação de direitos entre as pessoas,
independente de suas características individuais, esse sistema é um reforçador desse
direito. Ele propõe pacotes remuneratórios similares com o mercado ao passo que
oferta faixas salariais equivalentes a todos que estão na mesma posição hierárquica,
sem beneficiar ou prejudicar determinadas pessoas.
A remuneração fixa, em sua estrutura, pode ser entendida como uma forma
de remuneração que não premia ou recompensa, de maneira justa, os esforços
humanos. Isso porque ela recompensa monetariamente de modo igual às pessoas em
cargos similares, e induzem o trabalhador, por consequência, a imobilizar seus esforços
(considerando que eles não serão recompensados na mesma medida). Diante disso, é
comum vermos empresas que adotam essa remuneração engessada com equipes que
não se motivam a buscar melhorar seu trabalho para além das possibilidades do plano
de carreira.
159
ATENÇÃO
Veja, considerando que a mão de obra humana está em constante mu-
danças e sabendo que aspectos como aprimoramento ou deficiência de
competências e o clima organizacional interferem no desempenho do
trabalho, remunerar as pessoas da mesma maneira pode ser um grande
limitador de potenciais, você concorda?
160
Figura 1 - Resolução de problemas
Atualmente, uma empresa precisa ter claro quais metas pretende atingir, afinal,
se ela não sabe para onde vai, qualquer caminho serve, não é mesmo? Fixar metas,
horizontes e vislumbrar o futuro da empresa é uma tarefa natural para os gestores,
assim como precisamos definir o que vamos almoçar hoje e quais ingredientes são
necessários para produzi-lo. O RH, do mesmo modo, precisa saber para onde os
diretores/sócios e equipe da alta gestão pretendem guiar seus esforços. Um problema,
no entanto, percebido no sistema de remuneração fixa é a limitação da gestão humana
quando busca fundamento para alinhar os esforços pessoais com os empresariais.
O RH pode se ver diante de pensamentos e falas como essa: “Por que devo
mudar algo no meu trabalho para a empresa conseguir alcançar essa meta? O meu
objetivo aqui é receber meu salário no final do mês e ele não muda se a empresa alcançar
161
a meta ou não. Não estou recebendo nada para querer o mesmo que a empresa.” Ainda
que o RH consiga flexibilizar algumas dessas questões, trazendo a ideia de unidade,
responsabilidade e acolhimento, esse pensamento é comum e um grande limitador
desse sistema de remuneração. Não há um alinhamento da vantagem recebida pelo
colaborador com o atingimento de metas e visões de futuro da alta gestão.
162
Os fatores de variabilidade desse tipo de remuneração podem girar em torno de
metas estabelecidas previamente, objetivos escolhidos pela gestão direta do trabalhador
ou indicadores de desempenho individual e/ou da equipe. Alguns exemplos comuns de
remuneração variável: comissão, bônus e participação nos lucros e resultados. Através
desses exemplos, podemos refletir sobre suas possibilidades de variação: ela pode variar
seu valor, mas também sua periodicidade de pagamento.
163
2.3 REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA
Toda mudança requer esforços. Não se pode dizer que modificar a forma de
remuneração seja uma função simples, especialmente para o RH. Será necessário
estudos, investimento e um trabalho constante das pessoas para se orientar e atualizar-
se diante das novas configurações de recompensa. Ela também dificilmente será
unilateral. A origem da ideia de aprimorar o sistema de remuneração pode vir do RH,
já que, sendo o seu gestor aquele que trabalha diretamente com essa função, a nível
gerencial, claro, ele costuma ter maior entendimento do assunto. Por isso, você estuda
esse tema com afinco neste material.
164
IMPORTANTE
Conceitualmente, a remuneração estratégica é uma junção de dife-
rentes tipos de remunerações que tem como “[...] princípio funda-
mental não fixar um valor para a remuneração do profissional de
forma genérica, mas utilizar métodos estratégicos de construir a re-
muneração com base na contribuição efetiva do colaborador com a
realização do planejamento estratégico da organização” (SCHMID-
MEIER, 2020, p. 9).
2.3.1 Estratégia
Não é possível firmar uma estratégia sem antes planejar. Ações de planejamento
são elaboradas com cada vez mais frequência e rapidez pelos gestores cujas organizações
têm um forte posicionamento competitivo. Faz parte da estratégia, portanto, a produção e
vivência de aplicações de planos de ação que visam alcançar os objetivos das organizações.
Em se tratando das estratégias organizacionais, visando diferencial competitivo e susten-
tável, algumas práticas são mais adotadas atualmente. As mais usuais são: estratégia de
custo, de diferenciação e de expansão. Analisemos essas estratégias com atenção.
166
Com relação a gestão de RH nas organizações que adotam a estratégia de
expansão, ela deve ter consolidada suas políticas de funcionamento, mas também
deve prepará-las de modo que, posteriormente, seja possível atualizá-las e ajustá-las
as complexidades locais. Fundamental também que o RH conheça os planos futuros
da alta gestão de expansão, para que, assim, consiga trabalhar com treinamento e
desenvolvimento, com vistas a preparar os gestores e a equipe para a nova unidade
que será implantada. É importante, inclusive, para que o RH consiga estudar as novas
culturas e regulamentações do local onde a nova unidade será instalada. Vale dizer que,
para que essa estratégia funcione efetivamente, é preciso que os processos estejam
estruturados, adequados as mudanças, o que vai exigir da gestão do RH uma grande
maturidade e organização. A gestão do RH deverá preparar a organização para trabalhar
em diferentes culturas e contextos.
167
Vejamos um exemplo: se a empresa que você trabalha adota a estratégia de
diferenciação, você provavelmente será impulsionado a ter ideias criativas. É provável,
também, que a empresa esteja propensa a aceitar riscos e a oferecer espaços de
inovação. Você, empregado dela há quatro anos, decide criar um protótipo que visa à
melhoria de um produto já existente no mercado. Isso vai demandar tempo, esforço e,
talvez, um custo adicional para produzi-lo. Você precisará, como apresentado na Figura
2, dos detalhes do projeto.
168
de remuneração. Tem a função de tirar os funcionários para fora do casulo”. Essa ideia
vai ao encontro da noção de que a remuneração pode ter, embora não sozinha, um
aspecto motivador e de que o RH pode promover a melhoria por meio das mudanças das
políticas de gestão de pessoas, como é o caso da política remuneratória.
169
DICAS
Para se manter atualizado, você pode conhecer novos temas através das re-
des sociais de organizações e sociedades que estudam a área. É interessan-
te também que você se atualize formalmente, com fontes confiáveis, como
a busca de novidades em artigos científicos e livros didáticos, como este.
170
Momentos de grande ruptura, como o que ocorreu em 2020, mostram como fa-
tores externos impactam nas organizações e, por consequência, como o mercado de tra-
balho tem poder sobre as políticas de remuneração. A locomoção, por exemplo, não foi
possível nesse período, portanto, ofertar o benefício vale-transporte não fazia sentido. O
vale-refeição, do mesmo modo, torna-se mais vantajoso se ofertado na forma de alimen-
tação, para compra de itens de consumo em mercado. Benefícios como vale-transporte
foram substituídos por outros como o auxílio ao pagamento da conta de luz do traba-
lhador ou para a aquisição de equipamentos de tecnologia, já que, assim, o empregado
consegue manter suas atividades de modo remoto ou não presencial. A remuneração,
portanto, é modificada ao passo que o mercado sofre alterações. Vamos explorar, portan-
to, essas modificações e investigar a relação trabalho versus remuneração.
171
Essas mudanças impactaram a forma de pensar a remuneração. Hoje se
discute com mais atenção a transparência das políticas de remuneração e recompensa.
Observa-se um movimento das empresas em procurar forma a garantir a equidade e a
justiça no processo de remuneração. Wood Jr e Picarelli Filho (2004, p. 45) nos lembra
que “mudar é inevitável, mas não é fácil ou indolor. É importante estar preparado para
enfrentar as barreiras e as dificuldades do processo”.
172
Além da remuneração fixa, falamos neste livro sobre a remuneração variável.
Por meio dela, você deve ter notado que essa remuneração pode variar a depender das
metas e desempenho alcançados. Ela também pode variar em função da periodicidade de
pagamento e do valor pago. Você aprendeu, por meio da sua leitura, que a remuneração
variável tem uma relação direta e pode ser vista como um incentivo.
Você conheceu, por meio deste livro, três tipos de estratégia e o impacto dessas
para o RH. A estratégia por custo, muito adotada no mercado, tem como vantagem
a redução de desperdício de processos, mas pode aumentar o estresse devido à alta
preocupação com a produtividade operacional.
Ainda que o tema versasse sobre remuneração, foi preciso ainda ressaltar
a importância das mudanças do mercado para essa, por isso você estudou as
transformações do mercado e as características desse diante da remuneração.
173
Este tema, portanto, trouxe análises e reflexões sobre os tipos de remuneração e
explorou questões voltadas a mudança de mercado. Ele foi construído pensando numa
evolução de mudanças, do tradicional para a variável e o estratégico, dando enfoque à
questão da estratégia e da remuneração estratégica como opção de diferenciação e
melhoria do pacote remuneratório. No próximo tema de aprendizagem, você conhecerá
novos modelos de remuneração. Até lá!
174
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
175
AUTOATIVIDADE
1 Quando se pensa em remuneração, usualmente vem a nossa mente a forma
mais conhecida dela, a remuneração fixa. A remuneração fixa, também conhecida
como remuneração tradicional, é aquela que institui um valor fixo para o salário do
trabalhador, assim como afixa os benefícios a ele ofertados. Sobre a remuneração
fixa, assinale a alternativa CORRETA:
I- A remuneração fixa, em sua estrutura, pode ser entendida como uma forma de
remuneração que não premia ou recompensa de maneira justa os esforços humanos.
II- Considerando que a remuneração será fixa e atrelada ao cargo que o empregado
ocupar na admissão e/ou movimentação, a pesquisa por práticas de mercado se
torna mais trabalhosa.
III- Considerando o elevado custo do pagamento regular e fixo de salários, o compromisso
em honrá-los pode não condizer com a instabilidade do mercado.
176
3 A remuneração estratégica parte da ideia de remunerar o empregado a partir das
estratégias de atuação do empregador, ou seja, é uma proposta que visa instigar a
equipe a rumar seus esforços ao alcance das metas empresariais. De acordo com as
concepções de remuneração estratégica, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:
4 A estratégia de expansão geográfica busca fazer com que a empresa esteja presente nas
regiões locais, nacionais ou internacionais das quais tem interesse. Para isso, é comum
que a empresa invista em novas filiais e/ou franquias. Empresas que adotam essa
estratégia precisam considerar as opções dos fornecedores locais e as possibilidades
de rota de transpote e outras voltadas à gestão da cadeia de suprimentos. Disserte
sobre o impacto da estratégia de expansão para a remuneração de pessoal.
177
178
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
NOVOS MODELOS DE REMUNERAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, parabenizo você pela sua jornada firmada até aqui, vamos
iniciar agora o segundo tema de aprendizagem sobre a temática remuneração variável.
Neste tema de aprendizagem, você conhecerá quatro novos modelos de remuneração
não contemplados neste material até o momento. Você deve entender como as
remunerações variáveis podem se estruturar no ambiente empresarial. Além dos quatro
modelos de remuneração, você conhecerá dois tipos diferentes de benefício.
179
Conhecidos os quatro tipos de remuneração variáveis, você conheceu dois tipos
de benefício variável: os benefícios flexíveis e a participação nos lucros e resultados.
Você conhecerá os prós e contras em adotar o benefício flexível e como ele pode ser
desafiador para o RH. Por isso, querido acadêmico, trouxemos dicas de como gerir
benefícios flexíveis, inclusive na ordem das etapas de processo. No que diz respeito à
participação nos lucros e resultados, traremos pontos relevantes acerca da lei que rege
esse benefício variável e as vantagens e desvantagens de se implantar a participação
nos lucros e resultados.
2 MODELOS DE REMUNERAÇÃO
Sabemos que a remuneração pode ser fixa ou variável. Acontece que, dentro da
remuneração variável, que pode ser aplicada junto da remuneração fixa, há diferentes
métodos de recompensa. Como aplicar a remuneração variável? Quais as opções de
aplicação da remuneração variável e estratégica que estão atualmente no mercado?
180
A remuneração por habilidade tem por foco o conhecimento individual do tra-
balhador e é mais aplicada em cargos operacionais. Em vez de remunerar o empregado
considerando os títulos ou tempo de experiência que ele tem na área, a remuneração
por habilidades se concentra nos conhecimentos e habilidades únicas que ele traz para
a organização. De acordo com Paiva (2019), esse tipo de remuneração tem o alinhamen-
to com as concepções de cargo e carreira, assim como treinamento e desenvolvimento.
Cada nível de habilidade tem um salário associado, que é geralmente mais alto
do que o nível anterior. Stadler e Pampolini (2014) explicam que há diferentes níveis de
habilidades, que vão de blocos de habilidades simples até habilidades individuais, únicas
e que demandam alta complexidade. Naturalmente, a agregação de habilidades vai
produzir à empresa um aumento nos custos com pagamento de pessoal, mas também
deve indicar melhoras nas receitas, produtividade e eficácia operacional. Nesse sentido,
o RH deve ter, junto da gestão contábil e financeira, um controle das possibilidades de
progressão de habilidades e o quanto essa está agregando valor ao produto da empresa.
A remuneração por habilidades tem por base habilidades específicas que a pessoa
detém e que são necessários para desempenhar suas funções. Ela pode ser medida
através de uma avaliação, a avaliação das habilidades técnicas ou de conhecimentos
especializados. As avaliações devem ser feitas também depois de encerrado os cursos de
treinamento e programas de desenvolvimento da equipe. Isso porque essas avaliações
podem servir de referência para a certificação de tais habilidades conquistadas.
No que diz respeito à gestão do RH, para que seja possível a implementação da
remuneração por habilidades, é preciso rever os pré-requisitos do processo de seleção
e admissão de pessoal. Quando se adota a remuneração por habilidades, a organização
deve buscar um perfil de profissional específico, aquele que quer se desenvolver
continuadamente. Trata-se de um perfil que não se acomoda com blocos de habilidades
simples e que vê, na vaga, a oportunidade de aplicar as habilidades que possui e de
conquistar novas (SCHMIDMEIER, 2020).
181
empresa, visto que demanda alto investimento em T&D. Além disso, há a dificuldade
em equiparar os valores adotados pela empresa com as práticas de mercado, já que
os métodos de avaliação e de recompensa dependem do contexto e da estratégia da
empresa, e a dificuldade em estabelecer faixas de valor para cargos de gestão, já que
esses se veem diante de desafios e questões que vão requerer diferentes habilidades.
Vê-se como vantagem para a empresa que adota a remuneração por habilidades,
entre outras, os ganhos a seguir:
182
Figura 3 – Conflito no restaurante
INTERESSANTE
No exemplo do conflito no restaurante, quais competências você acredita
que o gerente precisa ter para solucioná-lo?
Perceba que não é uma tarefa fácil, que vai demandar não apenas habilida-
des técnicas e específicas, mas uma noção geral do negócio e da importân-
cia da clientela para o estabelecimento. Diante desse desafio, não atendido
pela remuneração por habilidade, surge a remuneração por competências.
183
Vale dizer algumas que empresas adotam os dois sistemas juntos, é o que
Salicio (2015, p. 60) chama de “Plano de Remuneração por Habilidades e Competências
(PRHC)”. De acordo com Salicio (2015, p. 63), utilizar os dois tipos de remuneração juntas
oferece as seguintes vantagens: “facilita a identificação dos pontos fracos e fortes de
cada colaborador, por ter objetivos bem alinhados, o treinamento torna-se útil para
cada trabalhador, os colaboradores sentem-se mais motivados e há mais chance de
colaboradores com potencial inexplorado crescerem na empresa”.
A remuneração por competências que tem por foco nas equipes é aquela que,
ao contrário da anterior, avalia o desempenho da equipe como um todo. Nesse caso,
as metas e objetivos são coletivos, ou seja, compartilhados com o grupo. Nesse caso,
as competências e habilidades são medidas considerando a média de desempenho
da equipe. Esse sistema é interessante já que pode contribuir para a união dos
trabalhadores em busca do alcance dessas metas. Com isso, grupos que tem forte o
espírito de trabalho em equipe e a cooperação podem se beneficiar com esse modelo
de remuneração.
184
Já a remuneração por competências tem por foco o desenvolvimento avaliado
a partir do potencial do trabalhador, ou seja, da capacidade de ele aprender e adquirir
novas habilidades, competências e conhecimentos. Sua progressão, portanto, prevê
o desenvolvimento contínuo do trabalhador, exigindo do RH a instrução sobre os
resultados esperados para os empregados e programas de incentivo à aprendizagem
contínua e à melhoria do desempenho.
ATENÇÃO
“A remuneração por resultados é considerada a remuneração mais aplica-
da atualmente nas organizações e tem por objetivo bonificar o funcionário
quando este atinge as metas que lhe foram propostas” (SCHMIDMEIER,
2020, p. 46).
185
Em contrapartida, a remuneração por resultados pode gerar um descontrole
sobre as informações compartilhadas acerca da posição financeira da empresa, pode
resultar em disputas e problemas departamentais, ocasionando intimidação e conflitos
sobre o papel e responsabilidade dos mesmos sobre esses resultados, além dos gastos
que a empresa tem com a partilha desse capital. Alguns dos desafios também podem
ocorrer na produção e implantação de uma avaliação rigorosa do desempenho e
habilidades dos trabalhadores, bem como na oferta de treinamento e desenvolvimento
para ajudá-los a melhorar. Para que a remuneração por resultado seja efetivamente
implantada, é necessário que a empresa, em parceria com o RH, tenha um sistema
de avaliação justo e objetivo, evitando, assim, qualquer preconceito ou favoritismo na
avaliação dos trabalhadores.
186
mas metas. As unidades de estoque restritas são semelhantes às ações restritas, exceto
se os funcionários receberem um pagamento em dinheiro com base no valor das ações
em vez de receber as próprias ações. Os direitos sobre a valorização de ações consistem
na oferta de dinheiro no período em que as ações da empresa estão em alta.
ATENÇÃO
A remuneração acionária pode ser particularmente atraente para tra-
balhadores que acreditam no sucesso da empresa e estão dispostos a
fomentar a coordenação dos trabalhos, buscando aumentar o valor do
negócio. Para as empresas, a remuneração acionária pode ajudar a reter
e motivar pessoas talentosas, além de alinhar os interesses delas com os
da empresa.
Para que isso ocorra, no entanto, é preciso que as empresas que utilizam esse
tipo de remuneração comuniquem claramente as regras e restrições sobre transferência
de ações, assim como deve fornecer informações regulares sobre o desempenho da
empresa e do mercado de ações. A transparência e o respeito a legislação são fatores-
chave na remuneração acionária. Mudanças na legislação trabalhista e do mercado
devem ser monitoradas e consideradas nesse tipo de remuneração. A desvalorização
das ações pode também trazer percepções opostas aos das vantagens apresentadas e
a proatividade dos executivos pode levar a conflitos de interesse.
No que compete ao RH, ele deve, junto da área jurídica, elucidar questões
relacionadas aos requisitos legais e fiscais associados à distribuição de ações e garantir
que estejam cumprindo as leis e regulamentações aplicáveis. Afinal, a remuneração
acionária também comporta riscos para a remuneração dos empregados, como a questão
da volatilidade dos preços das ações e a possibilidade de perder valor rapidamente.
3 BENEFÍCIOS VARIÁVEIS
Além das diferentes formas de se aplicar a remuneração variável, a empresa
também pode variar seus benefícios e vantagens. Vamos conhecer com afinco dois
benefícios variáveis.
187
3.1 BENEFÍCIOS FLEXÍVEIS
Benefícios flexíveis são pacotes de benefícios que a empresa oferta para o traba-
lhador. Através da disponibilização de um rol de opções de escolha que a empresa fornece,
cabe ao empregado decidir quais são os mais adequados a ele. Sabemos que um pacote
de benefícios padrão para todos pode não contemplar necessidades específicas, por isso o
pacote de benefícios de flexível pode ser uma boa oportunidade para ambos. É interessante
para a empresa, porque isso reduz os custos que teria com o investimento em todos os
benefícios que compõem o pacote para toda a equipe e é interessante para o trabalhador,
já que ele tem a sua disposição apenas aquilo que lhe interessa e pode se sentir mais valo-
rizado, já que algumas de suas necessidades estão sendo atendidas por esses benefícios.
No que diz respeito a um limite de valor dos benefícios flexíveis, eles podem ter li-
mites de valor, dependendo das políticas e práticas da empresa. Normalmente, eles definem
um orçamento máximo para cada trabalhador ou para cada categoria de benefícios, sendo
que a empresa deve estabelecer limites claros e oferecer orientação e recursos para ajudar
os trabalhadores a fazer escolhas informadas e conscientes sobre seus benefícios flexíveis.
É importante lembrar que a gestão de benefícios flexíveis é uma responsabilidade compar-
tilhada entre a empresa e seus funcionários.
O RH deve tomar atenção, nesse tipo de pacote de benefício, acerca dos descon-
tos e modificações escolhidas pelos trabalhadores. Se um empregado decide não rece-
ber mais o vale-cultura e passar a receber o auxílio-educação, os gestores, junto do RH,
devem ter claro os parâmetros e valores descontados para que possa instruir adequada-
mente os trabalhadores que estão fazendo essa solicitação. Os empregados devem ter
ciência sobre o nível de vantagem de cada benefício e os possíveis descontos que serão
aplicados a seu salário.
A gestão de benefícios flexíveis pode ser um desafio para a área de Recursos Hu-
manos de uma empresa, já que essa costuma trazer novos desafios e processos de gestão
específicos para esse tipo de benefício. Ela, no entanto, é interessante já que traz bene-
fícios significativos para o empregador e para o empregado. Não há uma fórmula pronta
sobre como proceder diante da gestão de benefícios flexíveis, mas você conhecerá agora
algumas dicas de como aplicá-la. Para gerir benefícios flexíveis é necessário, primeiramen-
te, que o RH pesquise e avalie as demandas reais dos trabalhadores. Com o resultado em
mãos, o RH vai filtrar aquelas que estão alinhadas com o objetivo estratégico da empresa.
Conferido o levantamento das necessidades, essas opções de benefícios devem ser con-
frontadas com as possibilidades financeiras disponíveis para esse investimento.
188
Vale lembrar que é fundamental que o gestor do RH tenha, em todas as
etapas, o apoio moral e financeiro da alta gestão, pois só assim essa estrutura se
efetiva e se sustenta a longo prazo. A análise das reservas financeiras, muitas vezes,
envolve uma negociação com a pessoa que faz a gestão financeira da empresa, por
isso, sugerimos que você tenha claro o impacto desses para a receita da empresa
ou para a redução de custo. É interessante, especialmente nesse caso, que o gestor
de RH faça uma apresentação, com valores e resumo de pesquisas anteriores que
mostram a experiência de outras empresas que adotam esse sistema remuneratório,
como o apresentado na Figura 4.
189
Além de reduzir custos com gastos excessivos com benefício para todos os
trabalhadores, o benefício flexível tem a vantagem de atrair e reter talentos e melhorar
a produtividade e engajamento no trabalho. É possível, também, que quando a
comunidade local conhecer a oferta dessa modalidade de benefício, passe a integrar
e motivar outras pessoas, aumentando a diversidade de sua equipe. Se a empresa, por
exemplo, passa a incluir no rol de opções dos benefícios o auxílio-creche, é provável que
essa atraia pessoas que tem filhos para trabalharem nessa empresa, ou que ao menos
essa oferta seja um fator de decisão para o aceite da oferta de emprego.
IMPORTANTE
A PLR deve ser distribuída de forma proporcional ao salário do
empregado e não pode substituir outras formas de remuneração,
como salário, gratificações e benefícios (BRASIL, 2000).
190
A empresa que adota o PLR objetiva valorizar o trabalho e incentivar a
produtividade, ao mesmo tempo que recebe benefícios fiscais para elas. Entre os
benefícios fiscais que podem ser recebidos, estão a isenção de encargos sociais sobre
o valor desse benefício, como a isenção de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e
FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) sobre esse valor, e a dedução do imposto
de renda, sendo esse limitado a cinco por cento do lucro líquido da empresa.
Salicio (2015) traz a teoria de que a empresa pode adotar dois posicionamentos
diante da imposição da adoção desse benefício: ou vê-lo e operá-lo como se fosse uma
obrigação apenas, e que, por isso, não vai trabalhar para a percepção de ser esse um
benefício motivador, ou entender que esse pode incentivar a participação da equipe
e trazer mais a noção de responsabilidades sobre os resultados coletivos. Veja como,
nessa teoria, a atuação da gestão de RH é essencial. O ato de motivar e de instigar a
noção de responsabilidade vem especialmente de ações do RH. Através desses dois
caminhos, fica claro como o RH está impulsionando (ou não) as melhorias na empresa.
191
de funções. Viu que, nesse tipo de remuneração, o RH deve se atentar a busca de perfis
profissionais que queira se desenvolver continuadamente, que é necessário investir em
T&D e que, ainda que a remuneração por habilidade traga a vantagem de aumento da
produtividade, ela também pode gerar problemas na equiparação salarial.
192
desafiadora para o RH. Trouxemos, para ajudar a elucidar e, caso queira, praticar ações
de gestão de benefícios flexíveis, dicas e etapas de como proceder diante de sua gestão.
Uma das dicas, inclusive, envolvia a elaboração do gestor de RH de uma apresentação
a ser exibida na reunião com a equipe de gestão financeira, lembra?
Além do benefício flexível, você estudou sobre a participação nos lucros e resul-
tados. Trouxemos pontos relevantes acerca da lei que rege esse benefício variável, tais
como: a demanda por metas preestabelecidas para seu pagamento e a possível previsão
em sindicatos e acordos coletivos. Vimos que as vantagens de se implantar a participação
nos lucros e resultados consiste na isenção fiscal por parte da empresa e o aumento do
comprometimento da equipe. Entre as desvantagens, vimos que essa pode ocorrer em
função da noção coletiva de resultado, ou seja, sobre o resultado desse não provir do
esforço individual do trabalhador, estando mais relacionado a gestão geral da empresa.
193
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
194
AUTOATIVIDADE
1 A remuneração por habilidade tem por foco o conhecimento individual do trabalhador
e é mais aplicada em cargos operacionais. Em vez de remunerar o empregado consi-
derando os títulos ou tempo de experiência que ele tem na área, a remuneração por
habilidades se concentra nos conhecimentos e habilidades únicas que ele traz para a
organização. Sobre a remuneração por habilidade, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Cada nível de habilidade tem um salário associado, sendo o nível de análise com
salário geralmente maior do que os níveis hierarquicamente inferiores.
b) ( ) A agregação de habilidades vai produzir à empresa uma diminuição nos custos
com pagamento de pessoal.
c) ( ) O RH deve fazer sozinho um controle das possibilidades de progressão de
habilidades e o quanto essa está agregando valor ao produto final da empresa.
d) ( ) A remuneração por habilidades tem por base habilidades gerais que a pessoa
detém e que são necessários para desempenhar suas funções.
195
3 A remuneração acionária, também conhecida como Stock Ownership, é um tipo de
remuneração que recompensa o trabalhador com concessões e ações da empresa.
Essa remuneração é inserida no pacote remuneratório do empregado. Esse sistema
de remuneração é interessante para remunerar profissionais estratégicos na empresa
e que são talentosos e motivados. De acordo com os estudos sobre remuneração
acionária, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Organizações que tem ações na bolsa de valores pode ofertar essa remuneração
para as pessoas que considera essencial e que podem trazer grandes melhorias
para a empresa.
( ) A remuneração acionária pode ser oferecida de apenas um modo, o que se mostra
como uma desvantagem para a empresa.
( ) A transparência e o respeito a legislação são fatores-chave na remuneração
acionária. Mudanças na legislação trabalhista e do mercado devem ser monitoradas
e consideradas nesse tipo de remuneração.
196
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
A PRÁTICA DA REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
1 INTRODUÇÃO
Querido acadêmico, seja bem-vindo ao nosso último tema de aprendizagem,
que tem como temática a remuneração variável. Até aqui, você já deve ter se
familiarizado com a concepção da remuneração variável, seus aspectos diferenciadores
e alguns diferentes modelos de configuração da remuneração variável. Neste tema de
aprendizagem, você descobrirá a prática da remuneração variável em diferentes tipos de
empresa. Analisaremos a aplicação dessa remuneração sob diferentes aspectos, tendo
por base de estudo dados de dois artigos científicos e uma dissertação. Esperamos que,
através deles, você seja convencido de que é possível pensar novas possibilidades de
remuneração para além da remuneração tradicional.
197
Este material foi construído com base em artigos científicos e dissertação, pois,
assim, você terá o respaldo científico para embasar a tomada de decisão dos gestores de
RH. O estudo dos casos traz um vislumbre daquilo que pode ser destacado nas práticas
estudadas, mas você pode complementar seus estudos trazendo outros pontos de vista
sobre esses elementos e outros aspectos que achar relevantes. Esperamos que você o
aproveite, ele foi produzido com apreço.
2 CASOS EMPRESARIAIS
Na gestão de RH é importante que o profissional se eduque, pesquise e entenda
como os novos modelos de recompensa acontecem em outras empresas. Assim, ele
estará preparado para buscar novas e melhores formas de gerir cargos, salários e
benefícios. A fim de conhecer a prática das empresas no que diz respeito à remuneração
variável, você vai conhecer três casos empresariais.
198
INTERESSANTE
No Brasil, um CEO fica em média quatro anos nesse cargo, enquanto a mé-
dia global de permanência em outros países é de mais de cinco anos, com
destaque para os países norte-americanos, no qual os CEO ficam em média
mais de sete anos no cargo de CEO (MAGRO; DANI; KLANN, 2019).
Não foi localizada essa manipulação dos resultados nos executivos que tem um
longo mandato no estudo, mas isso não significa que esse risco é zero, já que, como os
autores explicam, existe a chance de que a gestão dos resultados seja alterada por meio
de atividades operacionais diárias. Vale dizer que a pesquisa foi feita com resultados das
183 empresas ao correr de seis anos, de 2009 até 2015.
Outra questão que eles descobriram foi a tendência, a partir dos dados
levantados, de pessoas “com idade superior” (MAGRO; DANI; KLANN, 2019, p. 88) no
cargo de CEO fazerem esse aproveitamento para benefício próprio, mais por meio
de escolhas contábeis do que através do gerenciamento de resultados por decisões
operacionais. Vale dizer que a prática da remuneração variável não está diretamente
ligada aos fatos descobertos, ou seja, “a remuneração variável por si só não tem sido
associada às práticas oportunistas que envolvem a manipulação das informações
contábeis” (MAGRO; DANI; KLANN, 2019, p. 88). Ela, porém, foi associada à possibilidade
de gerenciamento de resultados operacionais, com a oportunidade da existência de
despesas discricionárias anormais em executivos que tem um longo mandato, o que
não acontece (ou tem menor chance de acontecer) com empresas que investem mais
em remuneração variável.
199
NOTA
Despesas discricionárias são despesas de execução que tem a aprovação do
executivo para a sua realização.
Os autores acreditam que: “Em termos práticos, os resultados podem ser úteis
[…] ao indicar que os CEOs com longo mandato e alta remuneração possuem interesses
que convergem aos dos acionistas, minimizando a assimetria de informação e os
conflitos de agência” (MAGRO; DANI; KLANN, 2019, p. 89). Essas informações também
são relevantes para o RH, porque mostram a necessidade de se tomar ações para evitar
a repetição de tais situações.
Além disso, cada vez mais vimos práticas do mercado voltados a ação de com-
pliance. Compliance é um sistema de práticas, políticas e procedimentos que visa conferir
a conformidade, ou seja, se as condutas dos trabalhadores estão adequadas e conforme
o que se espera deles, sem manipulação, roubo ou outro problema comportamental.
200
DICAS
Você conhece a ACFE? A ACFE (Association of Certified Fraud Examiners) é uma
organização internacional que certifica examinadores antifraude. Eles também
realizam pesquisas e as disponibilizam em seu site: https://www.acfe.com/. Por
ser uma organização internacional, seus recursos estão em língua inglesa.
O interessante é que o RH faça uma parceria com a compliance para unirem seus
esforços e planejarem ações que permitam modificar a cultura da empresa. Quando está
cristalizada na cultura o respeito ético e idôneo, ações como a do caso estudado podem
ser reduzidas. Nesse sentido, vale dizer que o erro pode vir de uma falha intencional,
mas também pode ser resultado da falta de habilidade do trabalhador. Trabalhar em
conjunto, RH e compliance, pode atenuar questões como despreparo do profissional
para evitar falhas ou incentivar a equipe a denunciar fraudes e desvio, praticando ações
de tolerância zero para essas condutas fraudulentas.
NOTA
A concepção de virtuosidade organizacional vem da psicologia da per-
sonalidade e abrange um conjunto de virtudes fomentadas nas orga-
nizações. Ele traz, ao todo, seis virtudes essenciais: sabedoria e conhe-
cimento, coragem, humanidade, justiça, temperança e transcendência.
Dos mais de três mil empregados, Machado Filho (2018), obteve respostas de
513 trabalhadores. Essa amostra foi suficiente para trazer dados gerais da empresa. As
informações dos respondentes indicaram que a maioria dos empregados tem entre 36 e
50 anos, sendo que há mais pessoas entre 36 e 45 anos. A maioria desses empregados
tem mais de seis anos de empresa, com tempo médio de 12 anos de trabalho nela.
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Isso é interessante porque mostra que o estudo se baseou numa empresa com baixa
rotatividade. Nessa empresa financeira, a maioria dos trabalhadores permanece em
média de 2 a 4 anos no mesmo cargo. A grande maioria (69%) é do sexo masculino e
possui escolaridade na pós-graduação (65%).
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Pode-se perceber, de maneira geral, que a maior parte dos
colaboradores é favorável ao sistema de remuneração estratégica,
cumprindo um dos objetivos específicos. [...]
As afirmações que tiveram médias mais baixas de respostas foram,
principalmente, “Contribui para melhorar o relacionamento com os
colegas”, “Facilita mais o trabalho em equipe” e “Existe mais visão
de longo prazo”. Essas afirmações estão em consonância com os
efeitos perversos apontados por Hipólito e Dutra (2012), como o
comportamento para resultados de curso prazo e de rompimento de
relações (MACHADO FILHO, 2018, p. 81).
Veja, que curioso, a conclusão que o autor chega com a análise estatística dos
resultados da pesquisa:
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Dessa forma, considera-se que a hipótese “Existe correlação signi-
ficativa e positiva entre a remuneração estratégica e a virtuosidade
organizacional” não se confirmou. Para a população estudada apenas
a dimensão confiança da virtuosidade organizacional apresenta uma
correlação significativa com a remuneração estratégica, explicando
10,8% (MACHADO FILHO, 2018, p. 82).
Machado Filho (2018) explica que essa conclusão foi obtida a partir de um
método de regressão linear múltipla, cujo resultado da percepção dos trabalhadores
sobre remuneração estratégica foi comparado com as cinco dimensões da virtuosidade
organizacional (confiança, compaixão, integridade, perdão e otimismo). Destas, conforme
reforça o autor, apenas a confiança teve uma correlação positiva média significativa.
Machado Filho (2018) acredita que o estudo mostra a demanda de se fomentar alguns
aspectos como: um ambiente mais virtuoso nas organizações, a preferência pelos
trabalhadores na remuneração estratégica e a necessidade de se trabalhar nos desafios
e limitações que a remuneração estratégica traz quando aplicada às organizações.
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NOTA
Stakeholder é um termo usado para expressar todas as pessoas que
estão interessadas na empresa. No caso estudado (CERIBELO; ALMEI-
DA, 2015, p. 124) são considerados stakeholders os colaboradores, co-
munidades, acionistas, fornecedores, autoridades e outros.
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Esse mapeamento foi composto de 24 questões e o resultado é utilizado na
composição da remuneração do trabalhador. Assim, além do resultado do mapeamento,
o RH usa o resultado das avaliações das competências adquiridas no seu cotidiano e o
nível de entrega do empregado. Veja que interessante o que a pesquisa concluiu sobre
esse caso:
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é revelante ter uma transparência nas ações e parâmetros adotados na remuneração
variável. Os casos evidenciam o cuidado que o RH deve ter especialmente em relação
aos aspectos política de remuneração variável, comunicação, monitoramento das
atividades, seleção e desenvolvimento de pessoal e trabalho em equipe. Vejamos com
atenção cada um desses aspectos.
• Comunicação
Outra ação que o RH pode tomar é, caso ainda não possua, criar canais de
diálogo com os trabalhadores para ouvir suas opiniões e sugestões sobre o sistema
de remuneração e outros aspectos da empresa. A comunicação transparente evita
descontentamentos e disputas salariais entre trabalhadores que ocupam o mesmo
cargo. Essa ação é importante para todos, mas especialmente para os casos em que
a competência ou a habilidade, ou seja, questões individuais sejam as decisórias nas
definições de valores de pagamento. Nesse canal de diálogo o RH pode enfatizar os
benefícios da remuneração variável e esclarecer quaisquer preocupações e mal-
entendidos que os trabalhadores possam ter. Isso porque sabemos que os trabalhadores
costumam discutir e apresentar suas recompensas uns aos outros, seja através de falas
ou por meio de ações e aquisições. Nesse sentido, o RH também pode trabalhar na
capacitação e treinamento dos gestores, visando a ele terem condições para fornecerem
feedback construtivo e justo aos seus colaboradores. Desse modo a comunicação
transparente das remunerações e políticas salariais pode contribuir para a motivação e
integração da equipe.
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junto da área de auditoria interna para implementar controles mais rigorosos de
auditoria, verificando as informações financeiras da empresa para identificar possíveis
discrepâncias e inconsistências. Isso pode reduzir a oportunidade de os executivos
manipularem resultados financeiros em busca de benefícios pessoais.
• Trabalho em equipe
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Ações podem ser planejadas nesse sentido para garantir que a remuneração
estratégica não prejudique as relações entre os colaboradores e a cultura da empresa.
O mesmo ocorre com o caso da indústria siderúrgica (CERIBELO; ALMEIDA, 2015). Para
tanto, o RH pode, por exemplo, investir em programas de incentivo ao trabalho em equipe
e na criação de metas coletivas, em vez de apenas individuais. Ademais, é importante
que o RH faça uma comunicação clara e transparente sobre o sistema de remuneração
estratégica, explicando como ele funciona e garantindo que todos os colaboradores
entendam os critérios de avaliação e premiação.
Além dos aspectos já mencionados, pode haver outras questões que podem
ser concluídas a partir dos casos e que estão ligadas ao trabalho do RH. Você consegue
pensar em uma que ainda não foi comentada? A análise depende do campo de visão
do autor, com isso esperamos que esses casos tenham ajudado você a consolidar os
conhecimentos sobre remuneração variável. A proposta, aqui, é instigá-lo a aprofundar
o assunto e trazer novas perspectivas sobre a gestão da remuneração.
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Por meio do artigo científico produzido por Ceribelo e Almeida (2015),
descobrimos como funciona na prática o sistema de remuneração por competências.
Você viu, inclusive, como são os processos de implantação desse sistema em uma
grande corporação e como acontece o mapeamento de competência.
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LEITURA
COMPLEMENTAR
A PERIGOSA RELAÇÃO ENTRE METAS E REMUNERAÇÃO
Faz sentido que ganhem a mesma coisa? Agora vamos adicionar um grau de
complexidade à decisão: Hermes cobre o setor de construção civil, e Renato, o de
agronegócio. Em 2016, aproximadamente 5 mil construtoras e incorporadoras fecharam
suas portas em meio à grave crise impulsionada por desemprego e juros altíssimos.
No mesmo ano, o setor de agronegócio passou bem pela crise: o real desvalorizado
tornou os produtos agrícolas brasileiros mais baratos no mercado estrangeiro, o que
potencializou as exportações aos países desenvolvidos. Dado esse cenário, Hermes
teve um ano dificílimo e, mesmo assim, bateu 90% da sua meta. Virou incontáveis noites,
procurou novos clientes no interior do Brasil. Renato, por sua vez, teve um ano bastante
típico: vendeu para sua carteira tradicional de clientes, sem grandes acrobacias.
E agora, faz sentido que ganhem a mesma coisa? Mais do que isso: se pagarmos
a mesma coisa aos dois, estamos sendo meritocráticos? Meu ponto aqui é que tentar
medir performance com base em uma simples continha matemática, raramente, produz
resultados justos.
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O “modelo matemático” de performance é daqueles multivariados, impossíveis
de se prever. Ademais, avaliar performance é o trabalho do gestor de pessoas. Se você
concordou comigo que o exemplo anterior, do Hermes e do Renato, é longe do trivial,
você também concorda que se queremos ligar diretamente % de batimento de metas e
remuneração teremos que ser muito mais precisos na “contratação” das metas. Talvez, se
tivéssemos previsto que o ano do Hermes seria muito mais difícil do que o ano do Renato,
poderíamos ter dado ao primeiro uma meta mais baixa, para tornar a conta mais justa.
Assim, Hermes com a sua meta de vender R$ 60 mil e Renato com a sua meta de
R$ 100 mil estariam jogando um jogo justo e equilibrado. E como podemos chegar a essa
conta? Para esse caso, a empresa pode contratar uma consultoria econômica e pedir
a ela que faça projeções sobre as perspectivas de cada setor (crescimento, margens
de lucro entre outros indicadores para o ano) e, a partir deles, ser feita uma estimativa.
A empresa deve fazer uma série de reuniões e validações das metas contratadas, e
melhor ainda, criar uma área interna de “performance”, cuja principal responsabilidade
será ter certeza de que todos possuam metas “justas”, que levem em conta todas as
nuances de cada função. Assim, com as metas corretas, minimizamos a chance de
termos um bônus relacionado às metas injusto.
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Ora, mas ele terá a nova função para bater metas nos meses restantes do ano,
certo? Mais ou menos: os três meses do ano são muito fracos na área de Operações,
pois o ano fiscal já acabou para a matriz, e nenhum projeto sai do forno na época. O que
fazemos? Ajustamos a fórmula no caso a caso? Deixamos o Hermes com as metas da
função passada (se sim, qual a “linha de corte” a partir da qual isso acontece?). E se a
mudança fosse em abril, o que aconteceria?
Assim, Toninho pensa: “eu não vou me esforçar para melhorar o resultado nessa
meta já que não vou ganhar bônus mesmo. Vou correr atrás da meta para bater 75%
dela e ficar a ver navios? Prefiro ficar tranquilo”. Ou seja, metas diretamente associadas
a bônus criam um contrato implícito, que diz que a decisão de bater ou não meta é do
funcionário: quem perde é ele e, ganha, quem batê-la.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
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AUTOATIVIDADE
1 No Brasil um CEO fica em média quatro anos nesse cargo enquanto a média global
de permanência em outros países é de mais de cinco anos, com destaque para os
países norte-americanos no qual os CEO ficam em média mais de sete anos no cargo
de CEO. Nesse sentido, Magro, Dani e Klann (2019) trazem a problemática da má
utilização da remuneração variável por diretores executivos (CEO) que podem estar se
aproveitando das vantagens fornecidas por esse sistema para conseguir benefícios
pessoais. Sobre o caso das empresas de capital aberto de Magro, Dani e Klann (2019),
assinale a alternativa CORRETA:
2 O mestrando Machado Filho fez uma pesquisa, publicada em 2018, com uma grande
empresa do setor financeiro do Paraná. Ele estudou a percepção dos trabalhadores
acerca da utilização da remuneração estratégica. Dos mais de três mil empregados,
o acadêmico conseguiu o resultado de 513 trabalhadores. Com base na pesquisa de
Machado Filho (2018), analise as sentenças a seguir:
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3 O caso de uma indústria siderúrgica de grande porte de Minas Gerais analisa a
aplicação da gestão por competências por meio do estudo de registros do RH e
entrevistas realizadas por Ceribelo e Almeida (2015) junto dos profissionais que
trabalham no RH da empresa. Ao todo são 10 profissionais: 5 analistas, 4 consultores
e o gerente da área. De acordo o estudo de Ceribelo e Almeida (2015), classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
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REFERÊNCIAS
ABRH. Página Inicial, c2022. Disponível em: https://www.abrhbrasil.org.br/. Acesso em:
26 fev. 2023.
MARRAS, J., P., NETO, N., P. Remuneração estratégica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
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SCHMIDMEIER, J. Remuneração estratégica. Curitiba: Contentus, 2020.
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