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Topografia
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Gregório Carlos De Simone
225p.
ISBN XXX-XX-XXX-XXXX-X
“Graduação - EaD”.
1. Cartografia 2. Topografia 3. Mapas
CDD XXXXX
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, é com grande satisfação que apresentamos esta nova edição
do livro da disciplina de Cartografia e Topografia. Nesta obra, sintetizamos e aprimora-
mos os conteúdos fundamentais de forma alinhada com as principais obras da carto-
grafia e topografia nacional e internacional.
Esperamos que este livro seja seu companheiro nesta sua trajetória de
formação profissional.
Bons estudos!
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Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
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ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................57
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................129
TÓPICO 1 — TOPOGRAFIA...................................................................................................133
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................133
2 INTRODUÇÃO À TOPOGRAFIA.........................................................................................133
3 UNIDADES DE MEDIDA................................................................................................... 140
3.1 PRECISÃO X EXATIDÃO..................................................................................................................... 142
4 EQUIPAMENTOS E DISPOSITIVOS..................................................................................148
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................159
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................160
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 225
UNIDADE 1 -
ELEMENTOS E PROCESSOS
FUNDAMENTAIS PARA
A COMUNICAÇÃO
CARTOGRÁFICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
A CIÊNCIA CARTOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO
Esperamos que essas discussões permitam que você desenvolva uma leitura
mais ampla e integrada do papel da Cartografia em nossa sociedade, bem como dos
caminhos que essa ciência percorreu até os dias atuais.
3
O mapa, nesse sentido, também pode ser considerado um signo, ou melhor,
um complexo sistema de signos que comunica algum aspecto do espaço para outra(s)
pessoa(s) ou para nós mesmos. Vale notar que o desenvolvimento de novas técnicas
torna possível que os seres humanos criem signos mais elaborados, com mais possibi-
lidades de uso – e isso, naturalmente, é válido também para os mapas. Basta imaginar-
mos como é muito mais fácil identificarmos, hoje, a orientação geográfica de um fenô-
meno a partir do Google Maps se compararmos, por exemplo, a um mapa do século XIII.
Ao longo dos séculos XVI e XVII, a Cartografia foi desenvolvida e aprimorada por
diversas sociedades que a enxergavam como um meio necessário para o crescimento
econômico e a conquista de novas terras e mercados. Além dos portugueses, espanhóis
e italianos, os holandeses vivenciaram um período de grande destaque na Cartografia,
com destaque para Gerhard Kremer, também conhecido por seu nome latinizado,
Geraldo Mercator (1512–1594).
4
Entretanto, havia alguns problemas significativos que assolavam os mapas
desse período: em áreas com pouca informação disponível, era comum que fossem
preenchidos os espaços em branco dos mapas com informações fictícias ou exageradas,
para se tornarem mais atrativos comercialmente (RAISZ, 1969), assim como exemplifica
a Figura 1:
NOTA
A palavra “atlas”, que hoje utilizamos para designar publicações que
reúnem um conjunto de mapas, também nos foi legada por Mercator.
Como consequência de um trabalho de muitos anos, foram reunidos
vários mapas para resultar numa publicação, a qual Mercator chamou
de Atlas. Devemos lembrar, entretanto, que a edição só ocorreu em
1595, quatro meses após a morte de Mercator, por iniciativa de seu filho
Rumold. O motivo que levou a escolha da palavra atlas, entretanto, ainda
gera discussões. Para alguns, foi escolhida como uma homenagem ao rei
Atlas (da Mauritânia). Para outros, teria sido uma referência à divindade
grega Atlas, que, de acordo com a mitologia, tendo tomado o partido dos
gigantes contra os deuses e pretendendo derrubar o céu, fora condenado
por Zeus a sustentá-lo nos próprios ombros.
5
o espaço e de rápido entendimento? Essas eram questões que, durante a Segunda
Guerra Mundial, eram urgentes e desafiavam Arthur Robinson, o responsável pela
Divisão de Mapas do Escritório de Assuntos Estratégicos dos Estados Unidos da
América (MONTELLO, 2002).Robinson amadureceu um repertório de experiências muito
significativas durante a guerra, o que motivou a sintetizar suas lições apreendidas em
um livro denominado The Look of Maps: an examination of cartographic design, algo
como “A aparência dos mapas: um exame do desenho cartográfico”, publicado em 1952.
Mesmo que não fosse o primeiro a sugerir que a Cartografia deveria se aproximar
da Psicologia para compreender como os mapas, efetivamente, funcionavam, Robinson
foi o primeiro a publicar um estudo sistemático de mapas que seguiu essa estratégia
metodológica (MONTELLO, 2002). The Look of Maps foi responsável por semear um
princípio que transformaria a Cartografia nas décadas seguintes: de que os usuários de
mapas deveriam ser considerados na definição das proposições do projeto cartográfico,
pois o mapa serve como um canal de comunicação entre dois entes: o autor de mapas
e o usuário. No caso, se o mapa é um canal de comunicação, sua eficácia só poderia
ser avaliada se o destinatário final fosse considerado nessa equação. Essa “construção
de princípios” deveria estar alicerçada na pesquisa empírica, com testes laboratoriais,
o que, de certa forma, afastou a ideia da Cartografia como uma prática artística e a
aproximou de uma prática científica, sistematizada.
6
sua evolução, e não apenas impressões estéticas individuais dos seus autores. Didati-
camente, podemos dizer que a Cartografia era pensada a partir de um novo paradigma,
que denominaremos Comunicação Cartográfica.
O primeiro e principal aspecto desse paradigma foi considerar que todo mapa
é constituído por “mensagens” pré-definidas pelo seu autor, de tal modo que a grande
tarefa da Cartografia seria investigar quais são as estratégias mais otimizadas para se
transmitir essas mensagens para um usuário (MACEACHREN, 1995). Essa tentativa de
compreender o processo de comunicação entre o autor, o mapa e o usuário deram
origem a uma serie de modelos esquemáticos para tornar mais inteligível o processo de
comunicação cartográfica, sendo o principal deles aprimorado e publicado por Kolačny,
em 1969, assim como ilustra a Figura 2:
7
Basicamente, o modelo da comunicação da informação cartográfica se constitui
no reconhecimento de que a transmissão de uma informação é sempre relativa ao
universo do autor de mapas, que propõe uma mensagem a ser transmitida.
O mapa, portanto, deve ser construído tendo em vista que pontos de contato
são esses e a maneira de descobri-los, investigando o perfil do usuário para o qual
o mapa se destina. O problema é que, nesse paradigma, os usuários de mapas são
8
considerados meras “caixas pretas” que respondem ao estímulo do mapa, desconsi-
derando a criatividade, a inventividade, a influência da cultura, o contexto e a subjeti-
vidade dos seres humanos na interpretação de um produto cartográfico (KENT, 2018;
MACEACHREN, 1995).
9
Como você, caro acadêmico, pode perceber, as perguntas são diversas. Para
construirmos uma resposta satisfatória, e necessário introduzirmos novos conceitos
nesta linha do tempo da Cartografia, tratando de uma ação mental que todos nós
realizamos é que a ciência cartográfica começou a integrar em suas discussões teóricas:
a visualização.
4 A VISUALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
Assim como percebemos, a tarefa primordial do paradigma da comunicação
cartográfica foi a de encontrar mapas otimizados e funcionais para a realização de tarefas
especificas para cada tipo de usuário. Acontece que, ao longo das décadas de 1980 e
1990, a disseminação de computadores para o grande público forçou os cartógrafos a se
depararem com um cenário totalmente novo: pessoas comuns, sem qualquer formação
especializada em mapas, tinham acesso a programas computacionais cada vez mais
amigáveis, o que tornava a produção de mapas uma tarefa cada vez mais corriqueira e
não restrita a especialistas e pesquisadores das geociências.
Em termos gerais, visualizar significa tornar visível para a mente alguma coisa, o
que não necessariamente significa restringir essa “imagem mental” ao domínio da visão,
mas compreendê-las como signos especiais que facilitam um melhor entendimento da
realidade por parte dos seres humanos.
10
A questão que é posta como desafiadora é que os computadores permitiram
que fossem desenvolvidos softwares, como os Sistemas de Informação Geográfica
(SIGs), que permitem maior interação e, consequentemente, uma transformação do
produto cartográfico sempre que o usuário precisar. Por exemplo: a possibilidade de
escolher, no Google Maps, entre uma camada sombreada do relevo, das vias de circu-
lação ou da imagem de satélite permite que o usuário visualize um mesmo espaço da
maneira que mais lhe convém. Esse era um cenário inimaginável no contexto anterior a
Cartografia digital, pois os mapas eram “congelados” no papel e sua atualização poderia
ser custosa e demorada.
11
Por outro lado, usuários não especialistas, pertencentes do domínio público,
usam mapas em um nível mais elementar para a realização de tarefas mais simples
e cotidianas. Basicamente, esses usuários decodificam uma informação já explorada
e tratada por algum pesquisador, o que exige que o mapa seja pensado – inclusive,
esteticamente – para ser amigável a um número maior e menos restrito de usuários.
Nesse sentido, o paradigma da comunicação cartográfica é mais evidente nesse domínio
marcado pela comunicação visual, ao contrário do domínio privado, que é marcado pelo
pensamento visual.
É fundamental lembrarmos que essas quatro etapas e esses dois domínios não
são excludentes, mas predominantes. O que o autor de mapas deve considerar é em
qual momento no processo de investigação cientifica – de exploração, confirmação,
síntese ou de apresentação – o mapa em questão será empregado. A capacidade de
transformação e adaptação de um mapa ou de um SIG em alterar as formas com que
um fenômeno pode ser representado para que novas informações do espaço estudado
sejam exploradas ou confirmadas é denominado interatividade.
12
Esse modelo conceitual demonstra a presença de três parâmetros que carac-
terizam o mapa: o tipo de público atendido, o grau de interatividade do produto e o
tipo de função que desempenha. Os vértices opostos, formados nos polos contrários
dos três parâmetros apresentados, indicam a atividade predominante que um produto
cartográfico pode desempenhar: produtos com alta interatividade, usados por usuários
do domínio privado para explorar novos conhecimentos, priorizam a ação da visuali-
zação. Por outro lado, os usuários do domínio público, com acesso aos produtos de
baixa interatividade e que usam os mapas para decodificar informações já confirmadas
cientificamente estão inseridos nas atividades típicas da comunicação cartográfica.
13
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Em termos gerais, visualizar significa tornar visível para a mente alguma coisa, o que
não, necessariamente, significa restringir essa “imagem mental” ao domínio da visão,
mas compreendê-las como signos especiais que facilitam um melhor entendimento
da realidade por parte dos seres humanos.
14
AUTOATIVIDADE
1 Embora a Cartografia seja uma prática milenar, sua sistematização em uma ciência
autônoma aconteceu somente após a Segunda Guerra Mundial. Assinale a alternativa
que corresponde à principal característica desse reconhecimento:
15
Fonte: https://bit.ly/3dL7u9D. Acesso em: 22 ago. 2022.
4 Todo mapa cumpre uma função, isto e, não pode ser compreendido como um
produto isolado com um fim em si mesmo. Considerando o primeiro paradigma da
Cartografia, qual é o papel que o usuário de mapas passa a ter na elaboração do
projeto cartográfico?
16
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
OS PRODUTOS CARTOGRÁFICOS
BÁSICOS
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, embora os mapas estejam cada vez mais presentes em nosso dia a
dia, isso não significa que as pessoas tenham facilidade no uso e, principalmente, na sua
construção. Isso não ocorre apenas pela ausência de domínio das técnicas ou da falta
de conhecimento no manuseio de softwares de produção gráfica, mas, principalmente,
pela ausência de conhecimento das implicações que os processos e técnicas de
representação podem causar no usuário do produto.
2 MAPA E CARTA
O termo mapa, embora seja de uso comum na Cartografia, apresenta alguns
problemas de definição se o compararmos ao termo carta, pois, muitas vezes, são
tomados como sinônimos. De maneira geral, o termo mapa é reconhecido como uma
representação plana de uma grande porção do espaço, mesmo que não exista um limite
exato para definir quão grande ou pequena pode ser considerada essa porção. O IBGE
(1998), por exemplo, define que os mapas delimitam sua área de interesse com acidentes
naturais ou divisões político-administrativas, enquanto as cartas seriam divididas de
acordo com os paralelos e meridianos.
17
Ha entre nós uma tendência ao uso de mapa como designativo geral,
reservando-se carta e planta para espécies de mapas. Parece-nos
até ser o modo correto. Assim, podemos fazer, inclusive, um jogo de
palavras, dizendo que cartas e plantas são mapas, mas nem todo mapa
é carta ou planta. Mapa seria o gênero; carta e planta, as espécies.
A distinção entre mapas e cartas pode variar segundo Oliveira (1983), no entanto,
em geral a diferenciação se encontra no critério da escala cartográfica, no nível de
detalhamento e precisão dos produtos, ou seja, uma escala muito grande, normalmente,
usa a nomenclatura carta.
• Mapa cadastral: mapa com uma escala cartográfica grande (1:500 a 1:25.000),
isto é, que representa uma área geográfica pequena. Oferece um nível elevado de
detalhamento e é utilizado para demarcações precisas de lotes e edificações. De
acordo com Gaspar (2005), eles nasceram com propósitos fiscais, constituindo um
importante instrumento no ordenamento territorial. Um exemplo de mapa cadastral
pode ser visto na Figura 6:
Descrição de imagem: exemplo de mapa cadastra l. A escala cartográfica grande permite um detalhamento das
divisões dos lotes, possibilitando que a administração municipal tenha um olhar mais minucioso do território.
18
• Mapa corográfico: representa os dados estatísticos de vastas regiões, países ou
continentes (nesse caso, entende-se que a escala cartográfica sempre pequena).
O termo corográfico deriva das palavras gregas choros (lugar) e pleth (valor), assim
como pode ver visto na Figura 7.
Figura 7 – Mapa corográfico da Australia, indicando as áreas de maior densidade populacional no país e
mapa corográfico do Brasil, indicando as áreas de maior densidade de povoamento
19
• Mapa-mudo: comumente para uso escolar, não apresenta letreiros ou informações
gerais. Geralmente, é um mapa que indica apenas os limites de uma área, assim
como exemplifica a Figura 9:
20
INTERESSANTE
Existe uma grande diferença entre um mapa e uma fotografia aérea.
Em primeiro lugar, a fotografia mostra todos os objetos que o sensor
fotográfico pode captar, e somente esses; o mapa, por outro lado,
mostra uma seleção mais ou menos criteriosa de entidades naturais
e artificiais, visíveis e invisíveis, com maior ou menor detalhamento.
Em segundo lugar, essas entidades são representadas de forma
convencional, por meio de uma simbologia própria, o que não acontece
em uma fotografia aérea (GASPAR, 2005).
3 PLANTA
Representação espacial que possui uma escala cartográfica muito grande,
isto é, compreende áreas muito pequenas e com um nível elevado de detalhamento.
Empregada, principalmente, na visualização de detalhes de edificações, assim como
mostra a Figura 11.
Fonte: o autor
4 CROQUI
Os croquis podem ser considerados esboços iniciais de mapas, utilizados,
principalmente, em circunstâncias nas quais a representação não precisa apresentar
elevado grau de exatidão de uma área ou como ferramenta para organização preliminar
de informações coletadas em campo. Os croquis também são denominados esboços.
21
Figura 12 – Exemplo de croqui ou esboço cartográfico
Fonte: o autor
5 GLOBO
O globo é uma representação cartográfica da superfície terrestre construída
sobre uma esfera. Trata-se de uma solução que causa menos distorções se comparada
com a projeção em superfícies planas, mas pouco prática para seu transporte e
acondicionamento. O primeiro globo que se tem conhecimento foi gerado pelo grego
Cartes (150 a.C.) e, no Renascimento, destacou-se o globo terrestre de Martin Behari,
em Nuremberg (1492) (OLIVEIRA, 1993).
22
6 MOSAICO
Denominamos mosaico um conjunto de fotos de uma determinada área,
recortado e montado, técnica e artisticamente, de forma a dar a impressão de que todo
o conjunto é uma única fotografia (IBGE, 1998). Esse tipo de produto é, particularmente,
usado no planejamento regional, pois oferece uma visão aérea de vastas áreas. Na
Figura 14, apresentamos um exemplo de mosaico de parte do rio Amazonas:
6.1 CARTA-IMAGEM
Produto que se constitui de imagens de satélite retificadas e georreferenciadas, su-
perpostas por reticulado da projeção, podendo conter símbolos e toponímias (IBGE, 1998).
23
6.2 ORTOFOTOCARTA
Uma ortofotografia é uma fotografia resultante da transformação de uma foto
original, uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um
plano, complementada por símbolos, linhas e georreferenciada, com ou sem legenda,
podendo conter informações planimétricas (IBGE, 1998), assim como mostra a Figura
16. O Conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região pode-se
chamar também de ortofotomapa (IBGE, 1998).
24
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• O termo mapa é reconhecido como uma representação plana de uma grande porção
do espaço, mesmo que não exista um limite exato para definir quão grande ou
pequena pode ser considerada essa porção.
• A distinção entre mapas e cartas pode variar segundo Oliveira (1983), no entanto,
em geral a diferenciação se encontra no critério da escala cartográfica, no nível de
detalhamento e precisão dos produtos.
25
AUTOATIVIDADE
1 O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia ensina indígenas, quilombolas e outros
grupos tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento
para produzir mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras.
A existência de um projeto como o apresentado no texto indica a importância da
cartografia como elemento promotor do quê?
I- O termo mapa é reconhecido como uma representação plana de uma grande porção
do espaço, mesmo que não exista um limite exato para definir quão grande ou
pequena pode ser considerada essa porção.
II- A distinção entre mapas e cartas pode variar segundo Oliveira (1983), no entanto,
em geral, a diferenciação se encontra no critério da escala cartográfica, no nível de
detalhamento e precisão dos produtos.
III- Os mapas e as cartas apresentam várias subcategorias, dentre as quais se destacam:
cadastral, corográfico, hipsométrico, mapa-mudo e mapa turístico.
IV- São produtos cartográficos básicos os mapas, cartas, plantas, croquis, globos,
mosaicos, cartas-imagem e ortofotocartas.
26
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
d) ( ) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
e) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.
27
28
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ESCALA E AS ETAPAS DO PROJETO
CARTOGRÁFICO
1 INTRODUÇÃO
29
• Classificação: o objetivo do procedimento de classificação é a tipificação e o
ordenamento da informação que estará presente no mapa. Seu papel é buscar a
simplicidade, mesmo que, para isso, agrupe os dados em classes maiores para realçar
o fenômeno principal (GASPAR, 2005).
Fonte: os autores
Fonte: os autores
30
Figura 19 – Exemplo da operação de realce nas principais vias de circulação
Fonte: o autor
3 ESCALAS DE MEDIDA
O mapa tem o papel primordial de indicar a localização dos fenômenos
no espaço, mas esse não é o único tipo de informação que possui. Um aspecto de
grande importância presente no mapa é a natureza e os tipos de relação que os dados
estabelecem entre si, denominados escala de medida. De acordo com Dent (1985), o
objetivo dessa escala é estruturar formas adequadas na observação da realidade,
e é organizada em uma hierarquia de quatro níveis, criando formas mais ou menos
complexas de medição. Em ordem crescente de complexidade, as quatro escalas são:
31
Figura 20 – Exemplo de aplicação da escala nominal
Figura 21 – Exemplo de mapa que utiliza uma escala de mensuração ordinal, criando uma noção de
hierarquia
32
• Escala de intervalos: destina-se a estabelecer uma sequência numérica com
origem arbitrária cujo grau zero não indica a ausência da propriedade medida. São
exemplos de escala de intervalo as escalas Celsius e Fahrenheit, bem como as escalas
para medir altitude (GASPAR, 2005). Ao contrário da escala ordinal, a escala intervalar
permite estabelecer relações numéricas relativas entre duas ou mais classes.
Figura 23 – O mapa de população dos Estados em 2010 é um exemplo de escala de mensuração absoluta
33
Na literatura cartográfica brasileira, essas quatro escalas de medida são mais
frequentemente adaptadas em três propriedades perceptivas, que são os tipos de
relações que os mapas expressam entre os fenômenos: relação de similaridade/dife-
rença (correspondente à escala nominal), relação de ordem (correspondente à escala
ordinal) e relação de quantidade (correspondente às escalas de intervalo e absoluta).
É fundamental ressaltarmos que um dado pertencente à escala absoluta ou intervalar
pode ser transformado em um dado ordinal, e este, por sua vez, em um dado nominal.
O inverso, porém, não é possível. Vejamos isso com o seguinte exemplo:
Por outro lado, podemos investigar qual é a ordem dos anos em que uma cultura
específica apresentou maior ou menor produção: no caso, estamos adotando uma
escala de mensuração ordinal. Por fim, podemos, ainda, questionar quanto exatamente
a produção de cana-de-açúcar foi maior do que a produção de soja, sendo uma
característica da escala de mensuração absoluta. Saber identificar a natureza dos dados
por meio das escalas de medida é uma habilidade fundamental para o geógrafo, pois é
por meio desse reconhecimento que serão escolhidos os símbolos para a construção
do mapa.
34
As discussões e contribuições mais significativas no campo da linguagem
cartográfica apresentam uma proximidade muito maior com o ramo da Cartografia
Temática em relação à Cartografia Sistemática. Isso ocorre por razoes históricas, já
que é uma cartografia rigorosamente técnica e normatizada pela legislação dos países,
sendo, historicamente, anterior à cartografia temática, quando os estudos científicos da
linguagem cartográfica foram desenvolvidos a partir da década de 1960 e as normativas
técnicas da cartografia de base estavam solidamente estabelecidas.
O principal autor que contribuiu com o estudo de uma linguagem dos mapas
foi Jacques Bertin (1918-2010), um cartógrafo francês que publicou, em 1967, a obra
Semiologia Gráfica. O objetivo de Bertin era desenvolver uma linguagem cartográfica
universal, monossêmica e de rápida apreensão, permitindo que os mapas fossem
interpretados corretamente por qualquer pessoa.
Para que esse objetivo fosse atingido, a chave seria a eliminação do código
no processo comunicativo e a adoção de pressupostos lógicos inerentes à percepção
visual humana. Por código, compreendemos todo tipo de regra arbitrária e convencional
estabelecida em uma comunidade de falantes, a qual organiza as regras de uso e
os significados dos signos (NETTO, 1983). Seu emprego seria descartado quando se
compreendessem as relações lógicas entre as variáveis visuais e as propriedades
perceptivas.
As variáveis visuais (ou variáveis retinianas) são os elementos gráficos que va-
riam visualmente, isto é, o aspecto visível dos símbolos que constituem os mapas. Por
outro lado, as propriedades perceptivas são os significados inerentes que as variáveis
visuais possuem. Na prática, traduzem-se como os tipos de relações que o tema repre-
sentado no mapa comunica. As três relações que os fenômenos estabelecem entre si
são de similaridade/diversidade (≠), ordem (O) e proporcionalidade (Q) (QUEIROZ, 2000).
• Tamanho
35
Figura 24 – A variável visual tamanho aplicada no mapa da população nas capitais brasileiras em 2010
• Valor
36
• Granulação
• Cor
37
Figura 27 – Aplicação da variável visual cor
38
ou uma concentração. Nesse caso, a cor mostra a localização e a extensão ocupada
pela formação vegetal representada. O observador tem a noção de diferença entre as
informações antes da leitura da legenda no mapa.
• Orientação
• Forma
39
Figura 29 – A variável visual forma
Essa variável visual pode causar erros de leitura quando a série de dados
representados for muito extensa. Recomenda-se a utilização dessa variável visual
para mapas ou cartas em que a quantidade de elementos a serem representados for
suficiente para uma leitura rápida.
INTERESSANTE
Algumas variáveis visuais apresentam a capacidade de favorecer um
agrupamento de vários símbolos formando uma única imagem ou
de favorecer a separação dos elementos do mapa. O nome dessa
propriedade de agrupar é associativa, indicada pelo símbolo ≡, como
é o caso das variáveis forma, cor, orientação e granulação. Já as
variáveis ordem e tamanho são denominadas dissociativas.
Fonte: Martinelli (2014).
40
4.1 MODOS DE IMPLANTAÇÃO DAS VARIÁVEIS VISUAIS
Além de ficarmos atentos ao tipo de relação que uma variável visual expressa,
é fundamental conhecermos os três modos de implantação que podem possuir. O
critério para a escolha de um dos modos varia de acordo com a natureza do fenômeno
representado e pode ser alterado com a mudança da escala cartográfica.
41
5 ESCALA CARTOGRÁFICA
De forma bastante direta, podemos definir escala como a relação da dimensão
de um elemento e/ou um objeto apresentado no desenho original para a dimensão real
do mesmo elemento e/ou objeto. Essa relação pode ser apresentada por meio de escala
numérica ou por escala gráfica. As escalas podem ser de: redução (1: n), em que o objeto
é representado com as dimensões reduzidas no desenho; ampliação (1: n), em que o
objeto é representado com as dimensões ampliadas no desenho; ou naturais (1:1), em
que o objeto é representado no desenho com as dimensões reais.
42
Os valores escalares são, por convenção, adimensionais, ou seja, não apre-
sentam diretamente uma dimensão (unidade) – ao se escrever 1:100, lê-se que uma
unidade no mapa (desenho) corresponde a 100 unidades no terreno real. Portanto, 1 cm
no desenho corresponde a 100 cm no terreno ou 1 milímetro do desenho corresponde
a 100 milímetros no terreno. Como os mapas, em geral, são medidos com o auxílio de
régua, adota-se o centímetro como unidade aplicável na determinação das relações
matemáticas da escala em um mapa.
43
(Equação 1)
Em uma escala de redução, o valor da distância gráfica (d) deve ser apresentado
no valor 1, e a distância real (D) deve ser equivalente a essa distância gráfica.
44
• Determinação da distância gráfica: quando se tem os valores da escala. É a
distância real entre os pontos de interesse:
Exemplo: sabendo-se que a distância real entre dois pontos é de 700 m, qual
é a distância gráfica, em centímetros, correspondente em um mapa de escala 1:5000?
Fonte: os autores
45
Essa representação escalar facilita a leitura direta da escala em um mapa, pois
basta posicionar a régua sobre a linha graduada, como demonstrado na Figura 34:
Fonte: os autores
Fonte: os autores
46
Figura 36 – Procedimento para leitura da escala gráfica
Fonte: os autores
Nesse exemplo, foi obtida a distância em linha reta entre Manaus (AM) e
Santarém (PA), sendo que, no mapa utilizado, é de 4,5 cm. Para determinar a distância
real entre as duas cidades, basta multiplicar a distância real para 1 cm gráfico, que foi
obtida anteriormente, sendo 136 km:
D= d x M
D= 4,5 x 136
D= 612 km
47
LEITURA
COMPLEMENTAR
AVALIAÇÃO DA ESCALA EFETIVA DE DOIS MAPAS DE SOLOS DA MESMA ÁREA NA
SERRA GAÚCHA
INTRODUÇÃO
A escala de publicação, por outro lado, costuma ser determinada pelo autor de
acordo com o objetivo do levantamento e o material básico usado para delimitar as uni-
dades de mapeamento, entre outros fatores. No entanto, por mais experiente que seja o
pedólogo, a delimitação dos polígonos nem sempre é coerente com normas cartográfi-
cas estritas, especialmente com relação à escala. Tratando-se de um processo manual,
manter uniformidade ao longo de todo o mapa, por exemplo, é um desafio por si só.
48
Como consequência, muitas vezes a escala nominal de publicação do mapa de
solos não é acompanhada de um detalhamento espacial correspondente. Geralmente o
critério de área mínima mapeável é atendido, mas o grau de generalização em polígonos
mais extensos tende a ser maior do que o esperado, não obstante a densidade de
observações e amostragens em campo estarem dentro dos intervalos recomendados
(HENGL; HUSNJAK, 2006). Esse aspecto assume relevância à medida que mapas
convencionais frequentemente constituem o melhor, senão o único, registro disponível
da ocorrência e distribuição dos solos em uma determinada região. Nos últimos anos,
eles têm sido usados como dados de entrada para diversos estudos, com destaque
para mapeamento digital de solos e modelagem ambiental. Em ambos os casos,
geralmente os polígonos dos mapas convencionais são convertidos para o formato
de grade, adotando-se uma determinada resolução espacial. Esta, por sua vez, tende
a ser definida em função de outros dados empregados no mesmo estudo, como o
SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) ou imagens NDVI (Normalized Difference
Vegetation Index), por exemplo. No entanto, a resolução espacial escolhida nem sempre
é compatível com o detalhe cartográfico real dos mapas convencionais de solos usados
para essa finalidade (Miller, 2012; Nussbaum et al., 2011).
MATERIAIS E MÉTODOS
49
O material utilizado compreende dois mapas convencionais de solos, um
elaborado a partir de levantamento semidetalhado e outro a partir de um levantamento
detalhado. A escala cartográfica nominal dos mapas é, respectivamente, 1:50.000
(FLORES et al., 2007) e 1:10.000 (SARMENTO et al., 2008; FLORES et al., 2012).
50
Figura 1 – Abrangência do mapa de solos da Serra Gaúcha na escala 1:50.000 (a); abrangência do mapa
de solos do Vale dos Vinhedos na escala 1:10.000 (b); limites das unidades de mapeamento de solos na
escala 1:50.000 (linhas em azul) sobre as unidades de mapeamento na escala 1:10.000 na IP Vale dos
Vinhedos (c).
51
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 – Características calculadas para mapas de solos produzidos por meio de levantamento detalhado
e semidetalhado de solos na região da Serra Gaúcha
Levantamento de solos
Característica
Semidetalhado Detalhado
Escala nominativa 1:50.000 1:10.000
Escala efetiva /1
1:227.709 1:17.550
Polígonos 32 1648
Unidades de mapeamento 16 156
Unidades simples 3 156
Classes taxonômicas 32 156
/1
calculada considerando-se a área total de cobertura de cada mapa, a fim de não reduzir a área de
polígonos devido ao recorte.
52
Do ponto de vista temático, por outro lado, as/ diferenças entre os dois
levantamentos são coerentes com a razão entre as escalas nominais dos respectivos
mapas. O número total de classes de solo identificadas, por exemplo, é cerca de cinco
vezes maior no mapa do levantamento detalhado em relação ao mapa do levantamento
semidetalhado. Obviamente, a manutenção dessa razão não constitui uma regra, uma
vez que o número de classes encontrado depende da heterogeneidade da área em
questão. No entanto uma diferença muito grande pode revelar incongruências.
Embora ambos os mapas tenham sido elaborados com o auxílio de SIG, isso não
evitou que em alguns locais ocorresse uma generalização maior do que em outros. Isso
evidencia uma eventual necessidade de criar normas específicas para a elaboração de
mapas com o apoio de geotecnologias, as quais poderiam ser incluídas nos manuais
para levantamentos de solos.
CONCLUSÕES
Fonte: SARMENTO, E.C. et al. Avaliação da escala efetiva de dois mapas de solos da mesma área na serra.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 34., 2013, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis,
UFSC, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3Te9OpS. Acesso em: 26 jul. 2022.
53
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• As variáveis visuais (ou variáveis retinianas) são os elementos gráficos que variam
visualmente, isto é, o aspecto visível dos símbolos que constituem os mapas. Por
outro lado, as propriedades perceptivas são os significados inerentes que as variáveis
visuais possuem.
• O mapa tem o papel primordial de indicar a localização dos fenômenos no espaço, mas
esse não é o único tipo de informação que possui. Um aspecto de grande importância
presente no mapa é a natureza e os tipos de relação que os dados estabelecem entre
si, denominados escala de medida.
54
AUTOATIVIDADE
1 Além da mudança das dimensões da área representada, a alteração da escala
cartográfica causa outros efeitos na representação dos fenômenos no mapa. Assinale
a alternativa CORRETA que indica o impacto da escala cartográfica na fase do projeto
cartográfico:
2 Um professor decidiu levar para sua aula uma série de mapas para ensinar escala
cartográfica para seus alunos. Em certa etapa, sua intenção era a de apresentar os
produtos cartográficos de forma a evidenciar uma diminuição de escala. Os produtos
cartográficos selecionados foram:
55
Fonte: Martinelli (204, p. 27)
4 Ao preparar uma aula sobre escala cartográfica, um professor selecionou dois mapas
da mesma área com escalas diferentes, sendo as escalas dos respectivos mapas:
1:500 e 1:10.000. Ao apresentar os mapas para os alunos, foi questionado o porquê de
o primeiro mapa possuir uma escala considerada maior do que a escala do segundo
mapa. Considerando o problema exposto, explique por que o primeiro mapa na
escala 1:500 pode ser classificado como de escala grande, quando comparado com o
segundo mapa, de escala 1:10.000.
5 Em um mapa de escala 1:25000, foi traçada uma reta entre dois pontos com uma
distância gráfica de 13 cm. Calcule a distância real dessa linha.
56
REFERÊNCIAS
ARCHELA, R. S.; GRATAO, L. H. B.; TROSTDORF, M. A. S. O lugar dos mapas mentais na
representação do lugar. Geografia, v. 13, n. 1, p. 127-141, 2004.
BERTIN, J. Sémiologie graphique. Les diagrammes. Les reseaux. Les cartes. 3. ed.
Paris: Les re-impressions, 1967.
BOARD, C. Os mapas como modelos. In: HAGGETT, P.; CHORLEY, R. J. (org.). Modelos
físicos e de informação em geografia. Rio de Janeiro: Editora da Universidade de
São Paulo, 1975, p. 139-184.
DIBIASE, D. Visualization in the Earth Sciences. Earth and Mineral Science, [s. l.], v. 59,
n. 2, p. 13-18, 1990.
57
GARBIN, E. P. Contribuições da semiótica peirceana para a caracterização da
semiose da carta topográfica. 2016. 142 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2016.
HARVEY, D. Condição pós-moderna. 18. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
KEATES, J. Cartographic design and production. 2. ed. New York: Longman Scientific
& Technical, 1989.
LIRA, E.; FRANCA, T.; LINS, T.; SATO, S. S. Visualização interativa de uma ortofotocarta
através de modelagem em 3D. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA E
EXPOSICARTA, 2017, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: SBC, 2017. p. 1561-1564.
MARTINELLI, M. Mapas, gráficos e redes: faça voce mesmo. São Paulo: Oficina de
Textos, 2014.
58
MONTELLO, D. R. Cognitive map-design research in 20th century: theoretical and
empirical approaches. Cartography and Geographic Information Science, [s. l.], v.
29, n. 3, p. 283-304, 2002.
OLIVEIRA, C. de. Curso de cartografia moderna. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993.
59
60
UNIDADE 2 —
OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA
NA REPRESENTAÇÃO DA
FORMA DA TERRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
61
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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62
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
A FORMA DA TERRA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, embora, hoje, seja fácil afirmarmos qual é a verdadeira forma
do nosso planeta, devemos ter clareza de que esse tipo de indagação motivou vários
povos antigos que não dispunham das ferramentas computacionais que temos hoje,
mas que realizaram importantes reflexões sobre essa questão. Nesta unidade, compre-
enderemos um pouco mais de como essa trajetória ocorreu. Iniciaremos nossos estu-
dos com as contribuições dos gregos, examinando os métodos empregados por eles no
estudo da forma da Terra.
2 A FORMA DA TERRA
Caro acadêmico, com o desenvolvimento tecnológico que culminou no
lançamento de satélites artificiais que imageiam o nosso planeta, a popularização dos
meios de comunicação em massa e a internet, o formato visível que a Terra possui vista
do espaço é uma imagem comum no imaginário coletivo, mas nem sempre foi assim. Até
os últimos 60 anos, a forma do nosso planeta exigia dos povos um complexo raciocínio
inferencial, baseado nos indícios que foram aprimorados de maneira relativamente lenta
ao longo da história da humanidade. Cabe, neste momento, uma pergunta para você
responder: qual é a forma da Terra?
A resposta para essa questão é: depende. Para as ciências que tratam especifi-
camente da representação do nosso planeta, existem vários modelos que são adotados
para permitir a representação. Mas fornecer esses modelos e suas principais caracte-
rísticas sem recorrer a um breve histórico das principais descobertas é deixar de lado
alguns raciocínios que complementam a nossa visão da Geografia. Vamos começar?
63
Na Unidade 1, vimos que a preocupação central da Cartografia é a represen-
tação do espaço, sendo o mapa seu objeto principal de estudo. O levantamento e
a medição do espaço, embora estejam relacionados como uma etapa antecedente
e necessária para a coleta dos dados que, posteriormente, serão representados no
mapa, é o objeto de estudo de uma outra ciência, denominada Geodésia.
64
Figura 1 – Método empregado por Erastótenes na medição da Terra
65
O francês Jean Picard (1620-1682) foi quem resgatou e aplicou o método
desenvolvido por Erastóstenes e calculou o raio da Terra a partir do arco de circunferência,
localizado entre as cidades Paris e Amiens, calculando o valor de 6.372 km.
Figura 2 – Os modelos da forma da Terra propostos por Isaac Newton e Giovanni Cassini
Fonte: o autor
66
É importante ressaltar que os dois modelos ilustrados pela Figura 2 são,
didaticamente, exagerados: na realidade, a diferença do eixo equatorial do eixo polar é
de apenas 21 quilômetros, aproximadamente. Mesmo com os resultados obtidos pelas
expedições francesas, vários esforços foram direcionados para a continuidade dos
estudos da forma da Terra em diversas partes da Europa, em que físicos e matemáticos
dedicavam-se a buscar uma informação mais precisa do assunto.
67
Por mais preciso, entretanto, que seja os valores obtidos pela superfície geoidal,
dependendo da finalidade das atividades desenvolvidas, pode-se adotar formas mais
simplificadas para a representação da Terra, nas quais destacam-se o plano, a esfera e
o elipsoide.
Fonte: o autor
68
deve-se adotar o elipsoide com as configurações mais adequadas para sua finalidade.
Para estabelecer uma fixação entre o geoide e o elipsoide para a representação mais fiel
possível, é escolhido um datum geodésico.
Por mais importante que seja a adoção de uma superfície de referência para a
representação cartográfica do planeta, essa tarefa estaria incompleta sem a articulação
com uma estratégia de orientação e localização, assunto tratado nas próximas páginas.
A forma mais simples de se orientar pelos pontos cardeais era por meio da
observação do movimento dos astros, bastando saber que o Sol, a Lua e as estrelas
nascem sempre a Leste. A rosa-dos-ventos foi criada para indicar exatamente os
sentidos dos pontos cardeais e, a partir deles, desenvolveram-se outros pontos de
precisão, intermediários entre os pontos cardeais, que são chamados de pontos
colaterais e, entre esses últimos, foram determinados os pontos subcolaterais.
Fonte: o autor
PONTOS CARDEAIS
N Norte
S Sul
E ou L Leste
W ou O Oeste
PONTOS COLATERAIS
NE Nordeste
SE Sudeste
SO Sudoeste
NO Noroeste
70
PONTOS SUBCOLATERAIS
NNE Nor-Nordeste
ENE Lés-Nordeste
ESSE Lés-Sudeste
SSE Sul-Sudeste
SSO Sul-Sudoeste
OSO Oés-Sudoeste
ONO Oés-Noroeste
NNO Nor-Noroeste
Fonte: o autor
Deve-se pontuar que o magnetismo na Terra tem seus valores alterados com o
tempo, ou seja, o norte magnético está em um permanente e discreto movimento.
71
INTERESSANTE
A distribuição do campo geomagnético sobre a superfície da Terra é
mais bem observada em cartas isomagnéticas, isto é, mapas nos quais
linhas unem pontos que correspondem a um mesmo valor de um
determinado parâmetro magnético. As linhas isomagnéticas cruzam
continentes e oceanos sem distúrbios e não mostram relações óbvias
com grandes cadeias de montanhas ou com cadeias submarinas. Esse
fato deixa claro que a origem do campo geomagnético, necessariamente,
tem de ser profunda (ERNESTO; MARQUES, 2008).
É por isso que, para trabalharmos com a orientação, temos que identificar os
diferentes Nortes que existem, pois variam a depender do critério que considerarmos.
Denominamos norte verdadeiro ou norte geográfico os pontos extremos do alinhamento
que coincidem com o eixo de rotação da Terra, sobre o qual se descreve o movimento
de rotação diária. A orientação pelo Norte verdadeiro ou geográfico é dada por uma linha
imaginária, paralela ao eixo de rotação da Terra.
Fonte: o autor
A agulha imantada da bússola, no entanto, que indica o Norte, não está orientada
em relação ao Norte Geográfico, mas ao Norte Magnético da Terra. A ponta da agulha
que marca o sentido Norte, na verdade, aponta para o Sul magnético da Terra, enquanto
a extremidade oposta aponta o norte magnético da Terra. Logo, o norte apontado pela
agulha da bússola é o norte magnético, mas que corresponde ao sul geográfico.
72
O norte magnético é obtido pelo campo magnético terrestre e apresenta uma
diferença de direção em relação ao Norte verdadeiro. Além disso, o Norte magnético não
é fixo, pois o campo magnético da Terra está sempre em movimento. Ao longo dos anos,
o polo magnético da terra sofre uma flutuação, alterando sua direção. Em mapeamentos
antigos, é necessário verificar qual foi a alteração sofrida pelo Norte magnético da Terra
no período.
3.1.1 Azimute
O azimute é o ângulo formado entre o meridiano de origem (linha paralela ao
eixo de rotação da Terra) e o alinhamento do ponto de interesse. Sua origem, tanto
magnética quanto geográfica, é o Norte, e angulação varia de 0° a 360°.
Fonte: o autor
73
3.1.2 Rumo
O rumo é o menor ângulo entre a meridiana Norte-Sul e o ponto lido. A variação
desse ângulo é de 0 a 90°, sendo contado do Norte ou do Sul para Leste ou Oeste.
Segundo Borges (2003, p. 35), “o rumo de uma linha é o ângulo horizontal entre a direção
norte-sul e a linha, medido a partir do norte ou do sul na direção da linha, porém, não
ultrapassando 90°”.
1º quadrante = NE
2º quadrante = SE
3º quadrante = SW (SO)
4º quadrante = NW (NO)
Fonte: o autor
74
50° NE – significa que a leitura teve início em Norte, e que o ponto está a 50° no sentido
Leste (E).
30° SE – significa que a leitura teve início em Sul, e que o ponto está a 30° no sentido
Leste (E).
44° NW – significa que a leitura teve início em Norte, e que o ponto está a 44° no sentido
Oeste (W).
40° SW – significa que a leitura teve início em Sul, e que o ponto está a 40° no sentido
Oeste (W).
2° quadrante (SE)
Rumo = 180° - Az
3° quadrante (SW)
Rumo = Az - 180°
4° quadrante (NW)
Rumo= 360° - Az
2° quadrante
Az = 180° - Rumo
3° quadrante
Az = 180° + Rumo
4° quadrante
Az = 360° - Rumo
75
Para representar os dados angulares obtidos a partir de um azimute em uma
carta, basta usar um transferidor. Marca-se o ponto de partida da leitura e se coloca
a base do transferidor (linha 0° – 180°) paralela ao ponto de referência sobre o ponto
a partir do qual pretendemos traçar o azimute. Logo em seguida, marca-se, na carta,
junto à marca de graduação do transferidor correspondente ao ângulo do azimute
pretendido. Finalmente, é traçada uma linha que passa pelo ponto do ângulo medido e
tem a extensão da distância já determinada.
Fonte: o autor
DICA
O link a seguir apresenta um breve vídeo que demonstra de maneira
muito simples e prática a utilização das bússolas topográfica e militar
para a tomada de dados em campo.
4 AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS
Os gregos foram os responsáveis pela elaboração dos primeiros sistemas de
coordenadas de latitudes e longitudes. Os paralelos são linhas imaginárias que têm
como origem a Linha do Equador, a qual divide a Terra nos hemisférios norte e sul. Os
paralelos circundam, horizontalmente, o planeta, partindo do 0° na linha do Equador até
90° no Polo Sul e 90° no Polo Norte. Os meridianos são linhas imaginárias que tocam os
polos da Terra. O meridiano central é denominado Greenwich (0°) – divide a Terra nos
hemisférios Leste e Oeste; a partir dele, são contados 180° para Leste e 180° para Oeste.
76
Figura 10 – Paralelos e Meridianos
Fonte: o autor
Existem alguns paralelos especiais que têm nome próprio, devido à sua
importância para outras áreas de estudos, como a astronomia e a climatologia. São
os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, localizados, respectivamente, a 23°27’30”N e
23°2730”’S, e os círculos polares Árticos e Antártico, localizados, respectivamente, a
66°33’N e 66°33’S.
77
Quando os paralelos e os meridianos se cruzam, forma-se o que é denominado
coordenada geográfica: cada ponto da superfície terrestre tem a sua coordenada
geográfica, formada por uma latitude (φ), que poderá ser Norte ou Sul – com grau,
minuto e segundo de arco – e uma longitude (λ), que pode ser Leste ou Oeste.
A 50° N 100° W
B 40° N 80° E
C 20° S 40° W
D 10° S 20° E
Fonte: o autor
Um dado importante que pode ser calculado entre dois pontos a partir de suas
coordenadas geográficas é a diferença de latitude e longitude. Para efeitos de cálculo,
considera-se que as latitudes do hemisfério Norte apresentam um valor positivo, e as
do Sul, negativo. No caso das longitudes, utilizam-se valores positivos para Leste e
negativos para Oeste do meridiano de Greenwich. Para tanto, empregam-se as fórmulas
matemáticas a seguir para se obter essa informação:
78
Na qual:
∆ϕ =diferença de latitude
ϕ A = diferença do ponto A
ϕ B = diferença do ponto B
Na qual:
∆ϕ = diferença de longitude
ϕ A = longitude do ponto A
ϕ B = longitude do ponto B
79
Nesse exemplo em específico, é válido lembrar que os sinais de positivo e
negativo que acompanham os pontos A e B dependem do hemisfério no qual se
encontram. Quando dois pontos se encontram com uma diferença de longitude de 180°,
como foi o caso dos pontos A e B, dizemos que A se encontra no antimeridiano de B.
INTERESSANTE
A orientação com mapa e bússola tornou-se um esporte em franco crescimento na última
década. Atualmente, existem vários grupos que são adeptos dessa modalidade ainda pouco
divulgada. A orientação consiste em um desafio de se utilizar uma bússola e uma carta
planialtimétrica para se chegar a lugares específicos sem nenhuma referência adicional.
O mais comum é a orientação na selva, onde alguns alvos são colocados dentro de uma
extensa área de mata com orientações (azimute/rumo e distâncias). Com essas informações,
o atleta precisa se deslocar até os alvos. A seguir, a breve história dessa modalidade:
Nos primórdios da existência humana, a orientação e a localização espacial eram habilidades
necessárias para a sobrevivência, principalmente nos deslocamentos terrestres para a
busca de refúgios e de alimentos.
Ao longo dos séculos, com o conhecimento dos astros, com
a invenção da bússola e com o uso dos mapas, a localização
e a orientação se tornaram mais precisas, permitindo nortear
o deslocamento de exploradores e navegadores de terras e
mares, além de orientar-se em qualquer momento ou condição
do ambiente.
Atualmente, temos uma gama de informação sobre qualquer
lugar, à disposição de muitas pessoas, por meio do SIG, da rede
ciberespacial e do GPS.
Entretanto, no meio dessa trajetória, surge uma atividade – a
Orientação. A Orientação é uma prática muito antiga na Europa e
teve início nos países nórdicos há mais de um século. Em meados
do século XIX, militares escandinavos realizavam exercícios de
orientação com suas tropas, em meio às paisagens naturais, com
o objetivo de treinar e de entreter.
O Major Ernst Killander, um sueco e líder de escoteiros, conseguiu
divulgar e popularizar o esporte. A princípio, constatou que os
jovens se afastavam cada vez mais das atividades esportivas de
corrida e do atletismo e decidiu explorar a paisagem sueca para
atrair os jovens corredores. Fixou pontos no meio das florestas,
entregou um mapa e uma bússola para os participantes,
estabelecendo, assim, uma corrida. A prática da atividade se
tornou um grande sucesso e ele foi incentivado a ampliar a
orientação para outras pessoas.
80
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
81
AUTOATIVIDADE
1 Considerando as diferenças entre o rumo e o azimute, analise as proposições
listadas a seguir:
2 Um professor realizou uma aula prática de orientação com bússola. Para essa aula,
ele utilizou um mapa confeccionado com a orientação feita pelo Norte verdadeiro da
Terra. Durante a prática, os alunos constataram que alguns pontos no terreno não
estavam na mesma orientação marcada no mapa. Identifique a fonte de erro que
apareceu durante a aula prática.
82
a) ( ) F – F – V – V – F.
b) ( ) V – V – F – V – V.
c) ( ) F – V – V – F – V.
d) ( ) V – F – F – F – V.
e) ( ) V – V – F – V – F.
4 Durante um trabalho de campo, aos alunos do curso de Geografia foi solicitado deter-
minarem as coordenadas geográficas do ponto A (23°14’25”N; 12°24’12“W). Ao realizar
as correções dos resultados, o professor verificou que, embora as coordenadas fos-
sem idênticas, a posição entre os pontos não coincidia, como mostra a figura a seguir:
Fonte: o autor
5 Os gregos foram responsáveis por uma série de inovações que até hoje
estão presentes nas práticas de representação do espaço. Com base nessas
contribuições estudadas nesta unidade, analise as asserções a seguir e a relação
proposta entre elas:
I- Uma das maiores descobertas do povo grego foi a utilização dos astros celestes para
o desenvolvimento de um sistema de coordenadas geográficas universais.
PORQUE
II- O uso das toponímias tornava os pontos de referência restritos ao nível local.
83
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é justificativa correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa correta da I.
c) ( ) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa.
d) ( ) A asserção I é proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
84
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E
REPRESENTAÇÃO DO RELEVO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico, estudaremos quais as implicações da transforma-
ção de uma superfície curva em uma superfície plana nas representações cartográficas.
2 AS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
Um dos maiores desafios decorrentes do conhecimento e da medição da
curvatura terrestre é a sua transposição para uma superfície plana, como em uma folha
de papel, causando as menores deformações possíveis.
85
Figura 13 – Um tipo de solução para a transformação de um objeto em duas superfícies distintas
Fonte: o autor
86
• Projeções conformes
Figura 14 – Efeito de uma projeção conforme na forma de quatro pontos em latitudes distintas
• Projeções equivalentes
Figura 15 – Transformação de um objeto em diferentes latitudes em uma projeção azimutal equivalente polar
87
Um exemplo de projeção equivalente é a projeção de Mollweide, onde os
meridianos são apresentados como linhas curvas, enquanto os paralelos são traçados
em linha reta. A área do desenho corresponde à mesma proporção da área terrestre. As
regiões localizadas na área central do mapa possuem menor distorção que as regiões
das extremidades (Figura 16).
• Projeções equidistantes
• Projeções azimutais
• Projeções afiláticas
88
Figura 17 – Transformações causadas pelas projeções em um determinado objeto
Figura 18 – Classificação das projeções de acordo com a superfície de projeção e sua posição
89
No que se refere ao tipo de superfície de projeção, podemos classificar as
projeções cartográficas em:
• Projeção cilíndrica
90
• Projeção de Mercator
Por ser uma projeção conforme, que representa o mundo sob uma perspectiva
europeia, centralizou o continente europeu aparentando dimensões maiores no
desenho, por isso é denominada de projeção eurocêntrica (Figura 20).
91
Figura 21 – Projeção cilíndrica de Peters
• Projeção cônica
92
• Projeção Azimutal
• Projeção ortográfica
• Projeções interrompidas
93
A projeção interrompida ou descontinuada de Goode, por exemplo, é uma
projeção que mostra a equivalência das massas continentais, para isso, descarta
algumas áreas onde predominam as massas oceânicas. Para obter maior precisão,
é realizado o alinhamento dos meridianos centrais da projeção aos meridianos dos
continentes (Figura 24).
DICA
O site “Map Projection Transition” apresenta de forma fácil e prática como
diferentes projeções cartográficas transformam a representação da
superfície terrestre, acesse em: https://bit.ly/3CAZVwz.
94
O levantamento de campo conta com técnicas e instrumentos da geotecnolo-
gia para a obtenção da localização plana (X; Y) e altimétrica dos pontos a serem carto-
grafados. É uma parte da Geociência que procura realizar estudo local sem considerar a
curvatura da Terra, trabalhando em um plano tangente à sua superfície, de dimensões
de, em média, 50 km x 50 km, buscando representar de forma detalhada o que acontece
na área estudada, apresentando seu relevo, estradas, construções de divisas, cursos
d'água e elementos antrópicos.
• Levantamento planimétrico
De acordo com Borges (2003, p. 13), “na planimetria, são medidas as grandezas
sobre um plano horizontal. Essas grandezas são as distâncias e os ângulos, portanto, as
distâncias horizontais e os ângulos horizontais”.
95
• Levantamento altimétrico
Fonte: o autor
96
Pela altimetria fazemos as medições das distâncias e dos ângulos
verticais que, na planta, não podem ser representados. Por essa
razão, a altimetria usa como representação a vista lateral ou perfil, ou
corte, ou elevação; os detalhes da altimetria são representados sobre
um plano vertical.
• Levantamento planialtimétrico
97
Fonte: Imhof (2007, p. 55)
98
Figura 27 – Representação das feições de diferentes relevos pelas curvas de nível
Uma mesma carta topográfica pode apresentar curvas de nível com espessuras
diferentes: isso significa a presença de curvas mestras e ordinárias. As primeiras
aparecem em intervalos maiores, com diferenças de altitudes de 50 em 50 metros ou
de 100 em 100 metros. As curvas de menor espessura com espaçamentos menores são
denominadas ordinárias (SANCHEZ, 1975).
99
Figura 28 – Cortes longitudinais expressos em perfis topográficos
100
Figura 29 – Determinação da linha em que será realizado o perfil
Fonte: o autor
DICA
Você pode realizar o download de diversas cartas topográficas,
gratuitamente, no site do IBGE, basta acessar o link disponível a seguir:
https://bit.ly/3CEPfNv.
101
No caso do exemplo adotado, em que existe uma amplitude de altitude de 100
metros, podemos escolher representar essa amplitude em um espaço de 0,5 cm para
cada valor de altitude da curva de nível, isto é, cada 20 metros de diferença expressam-
se em meio centímetro, verticalmente, no papel entre um ponto e outro.
Para achar o valor desta escala vertical, basta utilizar a fórmula de determinação
da escala cartográfica, já estudada anteriormente.
Muito cuidado nesse momento, caro acadêmico, pois os pontos devem ser
distribuídos verticalmente, na altitude correspondente.
102
Figura 30 – Transposição dos pontos para o papel milimetrado
Fonte: o autor
Fonte: o autor
103
Além de indicar a presença de um curso d’água, o perfil topográfico também
pode conter informações complementares, como o uso do solo, a indicação dos limites
administrativos ou, ainda, o tipo de vegetação existente. Nesse caso, não podemos
esquecer de indicar, por meio da legenda, os seus respectivos significados.
IMPORTANTE
As diferentes e múltiplas Tecnologias de Comunicação e Informação (TCIs) que permeiam
o dia a dia dos educandos, como computador, celular, câmera fotográfica e internet, são
tecnologias usadas pelos adolescentes em idade escolar para brincar, jogar, trocar e receber
mensagens dos amigos, o que possibilita outras lógicas de compreensão do mundo.
A Cartografia ensinada nas escolas deve ultrapassar a localização dos fenômenos geográ-
ficos, tornando-se uma linguagem que desperta interesse e motivação aos alunos para
além da sala de aula. A facilidade e o entusiasmo dos alunos em manusear tecnologias
digitais possibilita ao professor utilizar geotecnologias, como imagem de satélite, GPS e
SIG e, ainda, recursos de multimídia aplicados à Cartografia para facilitar a identificação,
como também relacionar elementos naturais e socioeconômicos presentes na superfície
terrestre, o que melhora o entendimento da realidade, da complexidade e do dinamismo
do espaço geográfico.
É preciso que as metodologias no ensino básico sejam repensadas, de modo que
contemplem recursos digitais associados à representação espacial em meio analógico
e, com isso, favoreçam a leitura e a construção de representações espaciais a partir da
legenda, orientação, coordenadas geográficas, escala, que são elementos fundamentais
para o uso da linguagem gráfica; soma-se a necessidade de proporcionar aos professores
oportunidades, tanto em termos de cursos de capacitação como infraestrutura nas escolas
para trabalhar com essas novas ferramentas.
A disponibilidade gratuita na internet de geotecnologias, somada à facilidade, por exemplo,
do educando, para obter foto ou registrar vídeo e som de uma dada área da superfície
terrestre, por meio de seus smartphones, contribuem para desenvolver a Educação
Ambiental, considerando o aluno como protagonista do processo de ensino-aprendizagem,
sob a mediação do professor, por meio de atividades que contribuam para a formação de
cidadãos conscientes das suas ações e atitudes em meio a degradação e a exaustão dos
recursos naturais.
O uso da linguagem cartográfica na Educação Ambiental, com a utilização de dados e
informações obtidas em formato multimídia, observações levantadas em campo, também
com o uso do GPS, juntamente com o SIG Web, possibilitam ao aluno representar
cartograficamente o meio ambiente a partir do contato físico com o meio que se vivencia
e experimenta. A integração entre meio ambiente e Cartografia oferece aos alunos
possibilidades para representar fenômenos geográficos
concomitantemente em seus aspectos físicos e sociais desde a
percepção socioambiental do seu cotidiano até a correlação com
outras escalas espaciais e temporais.
104
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• A curva de nível é o recurso mais moderno para a representação do relevo, pois per-
mite uma visualização mais exata da superfície terrestre. A partir dela, aprendemos
quais são os seus tipos de traçados e como transportá-las para os perfis topográficos
a fim de compreendermos em uma visão vertical como a altitude e a declividade se
comportam.
105
AUTOATIVIDADE
1 Com relação às projeções cartográficas e suas propriedades, analise as afirmativas a
seguir:
a) ( ) Escala horizontal.
b) ( ) Escala de mensuração.
c) ( ) Escala numérica.
d) ( ) Escala vertical.
e) ( ) Escala altimétrica.
106
Fonte: o autor
107
108
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO
2 FUSOS HORÁRIOS
Acadêmico, como vimos ao longo das unidades anteriores, a Cartografia é um
saber que interfere diretamente no nosso dia a dia. Um dos reflexos do seu uso, que
percebemos claramente ao nos deslocarmos pelo espaço em grandes distâncias, é a
adoção de um sistema de fusos horários, isto é, de parcelas dos territórios brasileiro e
mundial que adotam um mesmo horário legal para a organização das atividades diárias.
109
O princípio que justifica a existência de fusos horários é simples: dada a
esfericidade da Terra, sua superfície recebe a luz solar de forma desigual e em tempos
diferentes ao longo do seu processo de rotação diária. Como nossas sociedades se
organizam para aproveitar ao máximo a luz solar no desenvolvimento das atividades
cotidianas, e considerando a crescente interação das atividades econômicas, buscou-
se organizar um sistema de fusos horários para que seja possível calcular o horário legal
entre duas regiões distantes ao mesmo tempo.
Como você pode perceber, caro acadêmico, os fusos horários não são
estabelecidos de maneira absolutamente linear, sobretudo quando passam por áreas
continentais. Isso acontece para facilitar a organização e a sincronicidade dos horários
em um mesmo país ou região, pois a divisão de um território nacional, por exemplo, com
mais de um horário legal, pode dificultar a dinâmica econômica, espacialmente.
110
INTERESSANTE
Quando realizamos viagens de longas distâncias, percorrendo mais
de dois fusos horários, é comum sentirmos insônia, falta de apetite e
irritabilidade. Esses são alguns dos sintomas do jet lag, condição causada
pelo descompasso do nosso relógio biológico com a hora local.
111
Figura 33 – Distribuição dos fusos horários brasileiros
O Brasil faz parte do grupo de países que alteram seus fusos horários para maior
aproveitamento da luz solar, durante os meses do verão. Atualmente, o Horário Brasileiro
de Verão pode ser adotado pelos Estados e, onde é adotado, tem início no terceiro
domingo de outubro e encerra-se no terceiro domingo de fevereiro, exceto quando o
terceiro domingo de fevereiro coincide com o domingo de Carnaval, transferindo-o para
o domingo seguinte. Nesse período, os relógios devem ser adiantados em uma hora.
112
• caso a Linha Internacional da Data seja atravessada de Leste para Oeste, deve-se
diminuir um dia; caso seja atravessada de Oeste para Leste, deve-se acrescentar um
dia para a determinação da data.
113
c) Determinar o horário entre duas localidades, considerando a realização de
uma viagem que atravessa a Linha Internacional de Mudança de Data
O terceiro e último tipo de exercício mais comum sobre fusos horários envolve
a travessia da LID, considerando, ou não, o tempo gasto de viagem. Os procedimentos
iniciais são idênticos aos anteriores, com a diferença que, caso a LID seja atravessada
no sentido Leste-Oeste, deve-se diminuir 1 dia no cálculo da data, ao passo que se for
atravessada no sentido Oeste-Leste, deve-se acrescentar 1 dia no cálculo da data. Mas
atenção: lembre-se de que a posição Leste e Oeste não é organizada entre o ponto
de origem e de destino, mas em relação ao Meridiano de Greenwich e hemisférios
que variam 180° para Leste e 180° para Oeste. Por exemplo: observe as localidades A
(GMT+12) e B (GMT-12) indicadas no mapa a seguir. Considerando que na localidade A
são 8:00 do dia 30 de outubro, qual o horário e a data local do ponto B?
114
O primeiro passo é reconhecer que os pontos A e B estão em hemisférios
distintos, logo, deve-se somar a diferença dos fusos entre as duas localidades (GMT+12 e
GMT-12). O resultado será 24 horas de diferença, pois os valores devem estar em módulo.
O segundo procedimento é determinar se a localidade B está a Leste ou Oeste de A para
verificar se a diferença de 24 horas deve ser acrescida ou diminuída da hora local do
ponto A. Como você deve se lembrar, a LID marca o limite dos hemisférios organizados
a partir do Meridiano de Greenwich, logo, o ponto A está com um fuso horário mais
adiantado em relação ao ponto B. Nesse caso, deve-se subtrair 24 horas do horário local
de A para determinar o horário correspondente em B. Assim, quando na localidade A for
08:00 do dia 30 de outubro, na localidade B será 08:00 do dia 29 de outubro.
115
De forma resumida, podemos dizer que um SIG é um:
4.3 REDES
O conceito de “rede” está relacionado às informações associadas à
interligação de elementos que se comportam de maneira integrada, interdependente
e continuamente sobre a superfície terrestre. Podemos verificar esses tipos de
informações no mapeamento das redes de distribuição de energia e água, nas redes
de drenagens, como rios e córregos, nos sistemas de transporte, dentre outros. Nesse
tipo de dado, cada objeto geográfico (cabo telefônico, transformador de rede elétrica,
cano de água, rios) possui uma localização geográfica exata e está sempre associado a
atributos descritivos presentes no banco de dados.
118
Fonte: https://cutt.ly/GVbSwVx. Acesso em: 31 ago. 2022.
4.4 IMAGEM
Obtidas por satélites, fotografias aéreas ou outros sensores aerotransportados,
as imagens representam formas de captura indireta de informação espacial. A imagem
orbital fornece uma grande quantidade de informações da superfície, como relevo,
hidrografia, vegetação, áreas urbanas, áreas agrícolas, dentre outras. Porém essas
informações só se tornam cartográficas após um processo de interpretação, análise e
desenho, quando as informações que estavam representadas no conjunto da imagem
são separadas em camadas distintas.
119
4.5 MODELO NUMÉRICO DO TERRENO (MNT)
É utilizado para denotar a representação quantitativa de uma grandeza que
varia, continuamente, no espaço. Dentre os usos de modelos numéricos do terreno,
pode-se citar:
120
LEITURA
COMPLEMENTAR
“ACERTANDO AS HORAS”: JOGO CARTOGRÁFICO COMO RECURSO DIDÁTICO
GEOGRÁFICO NO ENSINO DE FUSOS HORÁRIOS
INTRODUÇÃO
121
Costa (2005), mais especificamente sua utilização no ensino de Geografia utilizando as
reflexões de Breda (2013), Castellar e Vilhena (2011), Silva (2014) e Callai (2011). Dessa
forma, no uso de diferentes recursos didáticos mais especificamente do jogo, é relevante
destacar as práticas construídas pelos docentes ao longo de sua trajetória.
Assim, dialoga-se com Libâneo (2001; 2008) Oliveira (2015) e Lopes (2015) a
respeito da didática e do desenvolvimento dos saberes que conduzem a uma didática
da Geografia. O trabalho aqui apresentado compõe-se de cinco momentos: no primeiro
discute-se a utilização dos jogos como um material lúdico no ensino de Geografia; no
segundo empreende-se uma breve reflexão sobre o conteúdo fuso horário no currículo
escolar; no terceiro discute-se aspectos relacionados à didática e à didática da Geografia;
no quarto momento são apresentadas as orientações metodológicas adotadas para
a realização do trabalho; e no quinto momento discorrem-se acerca das discussões
referentes ao jogo “Acertando as Horas”.
[...]
OS FUSOS HORÁRIOS
Sabe-se que a definição das horas, há séculos, era realizada pela observação
do Sol e seu “movimento” diário no céu; os viajantes de terra e de mar acertavam as
horas a cada parada. Com os avanços marítimos e as necessidades que surgiram em
consequência do avanço da navegação, somados aos interesses políticos, ao longo do
processo histórico foi necessário estabelecer os fusos horários para que os relógios
de uma mesma localidade marcassem a mesma hora. Muitos países utilizavam seus
próprios meridianos para marcar a hora local.
122
A escolha do Meridiano de Greenwich, passando pelo Observatório de
Greenwich no Reino Unido, se deu a partir de 1 de outubro de 1884,
na Conferência Internacional do Meridiano, em Washington – D.C., nos
Estados Unidos da América, ocasião em que tal decisão foi apoiada
por representantes de 26 países, contrariando as pretensões dos
franceses em restabelecer o Meridiano Inicial no Observatório de Paris,
o que demonstra ter sido esta uma deliberação meramente política.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
123
Defende-se, desse modo, que ao trabalhar o conteúdo fusos horários em sala
de aula, o professor precisa, para além do livro texto, utilizar materiais que estimulem
os alunos a avançar no domínio desse conhecimento e construir os conceitos de forma
conjunta, pois nem sempre o livro didático traz de forma satisfatória discussão completa
do assunto.
124
Na implementação do jogo, identificou-se que, para ser jogado em todas as
suas fases, necessita de um tempo maior do que o tempo previsto em uma hora aula.
Aponta-se, também, certa dificuldade da utilização do material em turmas com elevado
número de alunos.
FONTE: OLIVEIRA, T. P.; LOPES, C. S. Acertando as horas: jogo cartográfico como recurso didático geográfico
no ensino de fusos horários. Rev. Tamoios, São Gonçalo, ano 12, n. 2, p. 171-189, jul./dez. 2016.
Disponível em: https://bit.ly/3RmSI7L. Acesso em: 11 ago. 2022.
125
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
126
AUTOATIVIDADE
1 Para um trabalho de planejamento urbano, foram levantados os dados das quadras
de uma cidade, o que gerou um mapa temático de “quadras”. Posteriormente, foram
coletados os dados de número de residências, número de moradores e a área construída
de cada quadra. A tabela com esses dados foi anexada aos dados temáticos, gerando
uma carta cadastral das “quadras”. Diferencie os tipos de informações representadas
nas cartas temáticas das informações representadas nas cartas cadastrais.
3 Um viajante saiu às 9h de Brasília (GMT -3) com destino à cidade de Pequim, na China
(GMT +8). Sabendo que o voo terá 16 horas de duração, o viajante deverá ajustar seu
relógio para qual horário local no destino?
a) ( ) 11:00.
b) ( ) 12:00.
c) ( ) 00:00.
d) ( ) 10:00.
e) ( ) 01:00.
4 Um turista brasileiro saiu do Rio de Janeiro às 12h do dia 7 de dezembro com destino
à cidade de Rio Branco, no Acre. Sabendo que a cidade de origem adota o horário de
verão, e a viagem durou seis horas, qual foi o horário do desembarque do turista no
destino?
a) ( ) 17:00.
b) ( ) 16:00.
c) ( ) 18:00.
d) ( ) 19:00.
e) ( ) 13:00.
5 Os fusos horários têm como objetivo organizar o sistema do tempo civil e surgiu a
partir do desenvolvimento dos meios de transporte oriundos da Revolução Industrial.
Sobre sua organização, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
127
( ) Os fusos horários variam latitudinalmente.
( ) A Linha Internacional de Mudança da Data corresponde ao antimeridiano de
Greenwich.
( ) O Brasil está todo a Oeste de Greenwich, isto é, seu horário está sempre atrasado
em relação aos países orientais.
( ) Os fusos horários correspondem a uma convenção humana sem qualquer relação
com os movimentos da Terra.
( ) Atravessando a LID no sentido Oeste-Leste, subtrai-se um dia na data.
a) ( ) V – F – V – F – V.
b) ( ) F – V – F – V – F.
c) ( ) V – V – F – F – F.
d) ( ) F – F – F – V – V.
e) ( ) F – V – V – F – F.
128
REFERÊNCIAS
BORGES, A. C. Topografia aplicada à engenharia civil. São Paulo: Blucher, 2003. v. 1.
CÂMARA, G.; DAVIS, C. Introdução. In: CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. (eds.).
Introdução à ciência da geoinformação. São José dos Campos: INPE, 2001, p. 1-5.
DIBIASE, D. Visualization in the Earth sciences. Earth and Mineral Science, [s. l.], v. 59,
n. 2, p. 13-18, 1990.
KEATES, J. Cartographic design and production. 2. ed. New York: Longman, 1989.
129
SCHERMA, E. P.; FERREIRA, E. R. Ler, analisar e interpretar mapas através das
práticas da orientação. Imaginação e Inovação: desafios para a Cartografia Escolar.
In: COLÓQUIO DE CARTOGRAFIA PARA CRIANÇAS E ESCOLARES, 7., 26-28 out. 2011,
Vitória–ES. Anais [...]. Vitória, 2011. p. 230-255. Disponível em: https://bit.ly/3Q2IPux.
Acesso em: 14 jun. 2019.
130
UNIDADE 3 —
A VISÃO TOPOGRÁFICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – TOPOGRAFIA
TÓPICO 2 – SISTEMAS DE REFERÊNCIA
TÓPICO 3 – O TRABALHO TOPOGRÁFICO
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
131
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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132
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TOPOGRAFIA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste primeiro ciclo de aprendizagem, você terá a oportunida-
de de entender o significado de termos importantes e utilizados dentro da Topografia.
Falaremos do papel da Topografia e sua importância dentro da Engenharia Civil. Re-
lembraremos, de forma sucinta, algumas operações matemáticas envolvendo ângulos,
unidade de medida que será muito utilizada por você no decorrer da ciência topográfica.
2 INTRODUÇÃO À TOPOGRAFIA
Para que possamos ampliar nossa compreensão da importância da Topografia,
retomaremos a história. Podemos considerar que os homens e as mulheres passaram
por um número considerável de processos evolutivos, quer fosse por questões de
sobrevivência, segurança, conflitos, orientação, quer fosse, até mesmo, pela navegação.
133
Nesse período primitivo, a delimitação do espaço habitado baseava-se na ob-
servação e na descrição do meio. O interessante, então, é que o homem passou a
utilizar a Topografia sem nem mesmo saber o que ela era e que a havia descoberto.
Sabe-se que o surgimento de mapas, por exemplo, é estimado em períodos anterio-
res, até mesmo no início da escrita. Vivendo de forma coletiva, os indivíduos dessas
sociedades primitivas necessitavam demarcar qual área pertencia a quem. Correto?
Sim, correto! Veja que, nessa necessidade intrínseca, a busca por equipamentos, mes-
mo que rudimentares, balizou o surgimento dos primeiros equipamentos topográficos.
Coelho Junior, Rolim Neto e Andrade (2014) descrevem que os patriarcas na utilização
desses equipamentos foram os povos egípcios e mesopotâmicos. De fato, esses equi-
pamentos tinham baixa exatidão e precisão em comparação ao que há de mais moder-
no atualmente. No entanto, é de se impressionar os resultados que foram obtidos com
a utilização dessas ferramentas, como a pirâmide de Quéops (Figura 1). Estima-se que
o erro entre as bases da pirâmide em relação ao que foi projetado e o que realmente
fizeram foi de apenas 20 centímetros.
134
Dentro da Engenharia Civil, especificamente, a Topografia está dentro da grande
área Geotecnia. Aliás, consideramos quatro grandes áreas na Engenharia Civil: Hidráuli-
ca e Saneamento, Estruturas, Geotecnia e Construção Civil (Figura 2). Ao longo dos pró-
ximos módulos, provavelmente, você estudará disciplinas de cada uma dessas áreas.
Fonte: o autor
É a partir da Topografia que, por meio de plantas com curvas de nível, conseguimos
representar o relevo do solo com todas as suas elevações e suas depressões. Com ela,
é possível, também, conhecer a diferença de nível entre dois pontos, seja qual for a
distância entre eles.
Podemos utilizar a Topografia, por exemplo, para estimar o volume de terra que
deveremos retirar de uma obra (corte), ou inserir (aterro), a depender da demanda do
projeto. Perceba que, seja o recurso topográfico simples ou complexo, a Topografia
permeia a Engenharia Civil nas diversas etapas, desde a concepção até a implantação
de um projeto.
135
Na Topografia, trabalhamos com medidas lineares e angulares realizadas sobre
a superfície da Terra e, a partir dessas medidas, calculamos coordenadas, áreas, volu-
mes (VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012). Em termos de classificação, podemos dividir a
Topografia em dois ramos: Topologia e Topometria (BORGES, 2013). Mais uma vez, re-
correndo à análise etimológica das palavras: do grego, topos (lugar), metron (medida)
e logos (estudo). Dessa forma, rudimentarmente, a Topologia é o ramo da Topografia
que se preocupa com o estudo da forma exterior da superfície terrestre e os modelos
que regem suas caraterísticas. Já a Topometria é o ramo da Topografia que objetiva
medições em determinada área avaliada. Na Topometria, subdividimo-la em Planime-
tria, Altimetria e Planialtimetria (composição dos dois sub-ramos anteriores), conforme
ilustrado pela Figura 3.
Fonte: o autor
136
Figura 4 – Pirâmide no espaço (A) sendo representada planimétrica (B), altimétrica (C) e planimetricamente (D)
IMPORTANTE
Brinker e Wolf (1977) apontam que o trabalho prático de Topografia
pode ser dividido em cinco partes:
• tomada de decisão: escolha de métodos de levantamento,
equipamentos, posições ou pontos a serem levantados etc.;
• trabalho de campo ou aquisição de dados: medições e gravação
de dados;
• cálculos ou processamento: elaboração dos cálculos baseados
nas medidas (lineares e/ou angulares) para determinação de
coordenadas, áreas, volumes;
• mapeamento ou representação: produção do mapa ou carta a
partir dos dados medidas e calculados; e
• locação: alocação das obras civis e/ou outros projetos, em geral, no
local levantado.
138
Figura 6 – Aplicações da Topografia na Engenharia
Fonte: o autor
139
É importante salientar que, em relação à responsabilidade técnica, os profissio-
nais de nível técnico possuem limitações e, a depender do porte e das características
do trabalho de Topografia, apenas os profissionais regulamentados nos conselhos pro-
fissionais têm a legalidade para atuar e assinar. Ainda, reitera-se que a amplitude de
atuação do profissional e as diversas frentes da Topografia em que este pode trabalhar
dependerá de quão profundo é o embasamento adquirido na academia (graduação)
com relação à Topografia, a ser comprovado nos conselhos de classe mediante a com-
paração das ementas curriculares.
3 UNIDADES DE MEDIDA
Agora, falaremos da matemática utilizada em Topografia e, também, das uni-
dades de medidas bastante comuns nessa área. Pode parecer algo trivial ou repetitivo,
mas saber bem quais os tipos de dados utilizados em Topografia, bem como suas di-
mensões e suas unidades, pode ajudar, por exemplo, com o problema que foi proposto
no início deste ciclo.
140
Quadro 1 – Prefixos para unidades de medidas
Múltiplos Submúltiplos
Valor Valor
Nome Símbolo Nome Símbolo
numérico numérico
Fonte: o autor
Fonte: o autor
Exemplo 1
141
Exemplo 2
Para transformarmos 12,52m em mm, basta que multipliquemos o valor por 103. Então:
12,52 m = 12.520 mm
Para transformarmos 12,52m em km, basta que multipliquemos o valor por 10-3. Então:
12,52 m = 0,01252 km
Normalmente, utiliza-se, em Topografia, múltiplos de medida que vão de milí-
metros e centímetros (em gráficos e mapas) até hectômetros e quilômetros (medidas do
terreno). Outros múltiplos menores ou maiores são incomuns.
Além da medida padrão para comprimento do SI, outras unidades de medida
não convencionais existem e são ainda bastante utilizadas, especialmente em países
como Estados Unidos e Inglaterra. A mais comum delas talvez seja a polegada, que
equivale a 25,4 milímetros. Outras unidades de medidas lineares não convencionais são
apresentadas no Quadro 2.
1 palmo = 8 polegadas =
1 corrente = 22 jardas = 20,117 m 1 milha (bras.) = 2.200 m
0,22 m
Fonte: o autor
142
forma, precisamos também da acurácia ou exatidão, que é o grau de proximidade dos
dados em relação ao valor real, verdadeiro ou esperado. A Figura 8 ilustra, de maneira
bem simples, a diferença visual desses dois conceitos.
De forma simplificada, o erro em nossa medição se relacionará à acurácia no
levantamento, que pode ser modificada em função das características metodológicas
do levantamento, da capacidade do instrumento de medição e, também, de falhas de
procedimento durante a avaliação.
Provavelmente, você já deve ter ouvido este termo: alqueire. Talvez você já
até sabia que ele remete a determinada medida de área. O fato é que poucas são as
pessoas que sabem o quanto essa unidade de medida de área realmente vale. No Brasil,
algumas variações de alqueire existem, historicamente, dadas para determinadas
regiões (TULER; SARAIVA, 2014).
143
Exemplo 3
1 ha = 10.000 m²
125 ha = 125 x 10.000 m² = 1.250.000 m²
2,42 ha = 1 alqueire paulista
125 ha = 51,65 alqueire paulista
Outras unidades de medida não convencionais para áreas são utilizadas em
algumas regiões do Brasil e em outros países. As apresentadas a seguir são, em especial,
bastante utilizadas nos Estados Unidos até hoje:
Exemplo 4
144
É possível determinar o valor aproximado de 1 radiano em graus fazendo a
simples equivalência:
2πR - 360°
R = θ (raio = arco)
θ ≈ 57,2958°
Segundo Tuler e Saraiva (2014), o sistema centígrado já foi empregado na
Topografia, mas já não é tão comum hoje em dia. Nesse sistema, o círculo trigonométrico
é dividido em 400 partes, e a unidade básica é nomeada de grado, que equivale a 1/400
do arco da circunferência, conforme ilustra a Figura 10.
Obs.: veja que, por exemplo, na medida de ângulo 312,5235gr, lê-se trezentos e
doze grados, cinquenta e dois centígrados e trinta e cinco decimiligrados.
Por fim, conforme já supracitado, o sistema sexagesimal, também sistema
padrão no Sistema Internacional de Unidades, divide o círculo trigonométrico em 360
partes, sendo a unidade básica nomeada de grau, que equivale a 1/360 do arco da
circunferência, conforme ilustra a Figura 11.
145
De forma resumida, no sistema sexagesimal, temos:
• Círculo = 360°
• Unidade básica = 1°
• Minuto: 60’ = 1°
• Segundo: 60’’ = 1’ ou 3.600’’ = 1°
Obs.: veja que, por exemplo, na medida de ângulo 312,52’35’’, lê-se trezentos e
doze graus, cinquenta e dois minutos e trinta e cinco segundos.
Exemplo 5
Exemplo 6
Exemplo 7
146
Algumas observações importantes: não se deve multiplicar ângulos por
ângulos, e sim um ângulo por um número adimensional, como no exemplo apresentado.
Ainda, na multiplicação, fazemo-la por partes (graus, minutos e segundos) para depois
ajustarmos o resultado na forma-base.
Exemplo 8
• Aqui, ao oposto das outras operações, começamos o cálculo pelo grau, depois
minutos e segundos na sequência.
• Primeiro, dividindo 25° por 4, ficamos com 6°, sobrando 1°.
• Passando este 1° grau para minutos e adicionando aos 30’, ficamos com 90’.
• Dividindo 90’ por 4, ficamos com 22’, sobrando 2’.
• Passando estes 2’ para segundos e adicionando aos 33’’, ficamos com 153’’.
• Dividindo estes 153’’ por 4, ficamos, finalmente, com 38,25’’.
Nesse caso, para a forma correta do cálculo, ou você deveria considerar 45,5°
ou predefinir a calculadora para a forma tradicional do sistema sexagesimal e calcular o
seno de 45°30’.
147
ATENÇÃO
Procure verificar como sua calculadora científica está predefinida
e gaste um tempinho aprendendo a como fazer essas operações
matemáticas anteriormente apresentadas em sua máquina. Outro
detalhe é sempre verificar em sua calculadora, antes de fazer qualquer
cálculo, se a forma de leitura e de apresentação dos ângulos está
predefinida em grados, radianos ou graus.
4 EQUIPAMENTOS E DISPOSITIVOS
Agora, sairemos um pouco da Matemática e falaremos de alguns dos
equipamentos e dos dispositivos utilizados em Topografia. Como vimos, desde o
momento em que o homem precisou descrever a sua localização, mensurar áreas e
distâncias e projetar, viu-se a necessidade de instrumentos e equipamentos capazes
de auxiliá-lo nessa tarefa.
148
um corte na parte superior, virado para o lado inverso de onde se encontra o piquete
para se diferenciar de outros possíveis pedaços de madeira que estejam, previamente,
colocados no terreno e, também, para facilitar a localização dos piquetes em espaços
muito grande. É comum posicioná-las a, no mínimo, 40 a 50 cm dos piquetes.
149
Figura 13 – Representação de cinco leituras de fios estadimétricos na mira
Figura 14 - (A) Baliza utilizada para auxiliar em medição do ângulo horizontal; (B) baliza posicionada
corretamente sobre o piquete; (C) baliza utilizada na medição de distância horizontal com auxílio de trenas
150
A coloração vermelha e branca da baliza é proposital para contraste com a
vegetação, o que facilita a identificação no campo (COELHO JUNIOR; ROLIM NETO;
ANDRADE, 2014). Possui 2 m de comprimento, dividida em quatro segmentos e é feita,
geralmente, de alumínio ou ferro. O nível de cantoneira é um pequeno, mas muito
prático, acessório utilizado em medições. É acoplado às balizas, às miras e aos bastões,
com o intuito de promover a verticalização desses acessórios (Figura 15). O processo de
nivelamento desse acessório é similar àquele das famosas réguas de nível.
O tripé, com suas três pernas, possui duas partes unidas por uma borboleta, o
que possibilita diminuir ou aumentar o tamanho de cada perna. Ainda, possui uma base
nivelante, chamada prato, onde, de fato, são posicionados os instrumentos básicos de
medição, conforme ilustra a Figura 16.
Fonte: o autor
151
Quanto às trenas, são acessórios muito versáteis, e não só para topógrafos
e engenheiros. Procure aí, em sua casa e, com certeza, você encontrará uma à sua
disposição. Em levantamentos topográficos, a trena tem grande utilidade para medições
expeditas de distâncias horizontais. Como, normalmente, em levantamentos, falamos
de grandes áreas, é comum a utilização de trenas de grandes comprimentos, como a
da Figura 17.
Fonte: o autor
ESTUDOS FUTUROS
Falaremos mais à frente, em nosso livro, dos erros em Topografia, e um dos tipos de erros é
o de medição ou procedimentos. Com relação ao uso de trenas, ao realizar o levantamento,
é necessário se atentar aos seguintes erros clássicos:
• Erro de catenária (Figura 18): em função do peso da trena, a tendência é que se forme
uma parábola convexa, e quanto maior for a distância, maior é essa deformação da trena.
Esse erro ocasiona a medida do comprimento do arco da curva em vez do comprimento
horizontal, de fato. Para se evitar este tipo de problema, deve-se evitar medições de grandes
distâncias com a trena, subdivindo-as o máximo possível. É recomendada, também, a
aplicação de força adicional por quem segura a trena, em ambas as extremidades, para
tracionar ao máximo o acessório.
• Falta de horizontalidade da trena (Figura 19): em locais que não são planos, a
tendência de quem faz a medição é segurar a trena bem próxima do chão. Dessa forma,
as distâncias ficam maiores do que o valor real. Nessas situações, recomenda-se o uso de
balizas para auxílio da correta horizontalidade da trena.
Um último ponto é que se deve evitar utilizar trenas velhas e desgastadas, uma vez que
elas podem estar com o material dilatado, o que gerará desvios e erros na correta leitura
das distâncias.
152
Figura 18 – Erro de catenária
153
Agora, deixaremos de falar dos instrumentos auxiliares e falaremos, então, dos
instrumentos básicos de Topografia.
Fonte: o autor
154
Quadro 3 – Classificação de teodolitos
Desvio-padrão
Classes de teodolitos
Precisão angular
155
Figura 22 – Estação total, bastão e prisma
Fonte: o autor
156
Figura 23 – Primeira estação ocupada, com a amarração do levantamento por coordenadas na ré
Caso seja necessária a troca do ponto ocupado pela estação durante o mesmo
levantamento por coordenadas, fazem-se necessários dados de dois pontos que já
foram previamente medidos: o ponto com a estação total, com as coordenadas daquele
ponto na estação ocupada, e outro ponto com o prisma, informando aqueles dados,
fazendo, agora, esse segundo ponto ser a ré da segunda estação ocupada (Figura
24). Um detalhe importante é você se lembrar sempre: estação total é o equipamento;
estação ocupada é o ponto, e os valores das coordenadas respectivas, o local em que
se aloca o equipamento.
Figura 24 – Segunda estação ocupada, com a amarração do levantamento por coordenadas na segunda ré
157
Quadro 4 – Classificação de estações totais
158
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
159
AUTOATIVIDADE
1 Etimologicamente, a palavra topos, em grego significa lugar, e graphen, descrição.
Assim, de uma forma simplificada, podemos entender Topografia como a descrição
de um lugar (VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012). A Topografia, como área do
conhecimento, relaciona-se com boa parte das Engenharias, em especial com
Arquitetura e Engenharia Civil, pois demandam a locação e as características
topográficas do terreno da obra ou do trabalho de engenharia a ser executado. Com
relação à Topografia, analise as afirmativas a seguir:
160
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
b) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
e) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
161
162
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
SISTEMAS DE REFERÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 2, você terá a oportunidade de conhecer mais os sis-
temas de referências existentes atualmente e entenderá a diferença entre os sistemas
de coordenadas astronômicas, geodésicas e topográficas.
Também abordaremos aquilo com que estamos mais familiarizados no que tan-
ge ao mapeamento de pontos da superfície terrestre: as projeções cartográficas. Você
terá a possibilidade de entender como são classificadas as projeções planas, especifi-
camente as mais conhecidas: Gauss-Kruger e a projeção UTM (Universal Transversa de
Mercator), que é uma ramificação da projeção de Gauss-Kruger.
De acordo com Tuler e Saraiva (2014, p. 23) “[...] geodésia é a ciência das me-
didas e mapeamento da superfície da Terra”. Em uma visão moderna, percebe-se uma
evolução na acurácia das observações, demandando novos estudos relativos a sistemas
de referência, principalmente voltados à precisão, busca de padrões e transformações
entre os vários sistemas. Para estabelecer um sistema de referência de coordenadas
global, algumas etapas devem ser concebidas:
163
• Concepção do sistema de referência
◦ Eixo terrestre: eixo ao redor do qual a Terra faz seu movimento de rotação.
◦ Plano meridiano: plano que contém o eixo terrestre e intercepta a superfície da
Terra. Este define os meridianos, que são linhas de intersecção entre o plano
meridiano e a superfície da Terra.
◦ Plano paralelo: plano normal ao plano meridiano. Este define os paralelos, que são
linhas de intersecção entre o plano paralelo e a superfície da Terra, sendo o maior
deles o equador.
◦ Vertical de um ponto: trajetória percorrida por um ponto no espaço, no qual partindo
do estado de repouso, cai sobre si mesmo pela ação da gravidade, com sentido ao
centro de massas da Terra.
164
A latitude astronômica é definida como o ângulo que uma vertical do ponto
em relação ao geoide forma com a sua projeção equatorial. Varia de 0° a 90° para
Norte ou sul, com origem no plano da linha do equador (TULER; SARAIVA, 2014). A
longitude astronômica é definida como o ângulo formado pelo meridiano astronômico
de Greenwich e pelo meridiano astronômico do ponto. Varia de 0° a 180° para Leste
ou Oeste, com origem no meridiano astronômico de Greenwich. A Figura 25 ilustra a
concepção de um geoide, delimitando longitude e latitude de um ponto.
Fonte: o autor
165
As coordenadas geodésicas (latitude geodésica φg e longitude geodésica
λg ) são determinadas por procedimentos de levantamento geodésicos. A Figura 27
ilustra esse tipo de sistema de coordenadas. Nele, a altura é dada pela altitude elipsoidal
( H ). Esta pode ser simplificada, indiretamente, pela soma da altura ortométrica ea
ondulação geoidal ( N ) .
166
h≅ N+H
h= N + H
Figura 28 – Relação entre superfícies da Geodésia
3 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
A Terra, enquanto um corpo celestial, tem um formato esférico com oscilações
compondo sua superfície. Portanto, o problema de sua representação em uma superfície
plana é direcionado à aplicação de projeções cartográficas. Por isso, uma projeção
cartográfica é a possibilidade matematicamente determinada para a representação da
área de um elipsoide-geoide em um plano.
x = f1 (ϕ , λ ) e y = f 2 (ϕ , λ )
167
Desse modo, uma malha cartográfica é formada por cada conteúdo que é apli-
cada em mapas. Projeções cartográficas são, basicamente, classificadas por (IBGE, 1999):
• Características de distorções
◦ Angulação igual ou conforme (ortomórfica)
◦ Área igual ou equivalente (homolográfica)
◦ Projeções provisórias
• Maneira de uso
◦ Isolada
◦ Multizonal
◦ Multiramificada
◦ Projeções partidas
• Normais
• Transversais
• Inclinadas
168
Fonte: Markoski (2018, p. 33)
Figura 30 – Projeções normal, transversal e inclinada para os formatos azimutal (A), cilíndrico (C) e cônico (K)
169
ATENÇÃO
Abordaremos, agora, a base histórica de projeções cartográficas. A
projeção Gauss-Krüger é um trabalho dos famosos cientistas alemães,
o matemático Carl Friedrich Gauss (1777-1855) e o geodésico Louis
Krüger (1857-1923). Krüger analisou as teorias de Gauss (mapeamento
direto da área de um elipsoide em um plano) e o trabalho “Konformne
Abbildung des Erdellipsids in der Ebene” apresentou uma formulação para
esse tipo de mapeamento. Como um resultado da contribuição dos
dois cientistas, essa projeção foi nomeada como projeção Gauss-Krüger
(MARKOSKI, 2018).
170
Fonte: Markoski (2018, p. 36)
171
Por suas características, a projeção Gauss-Krüger é adequada para o desenvol-
vimento em grande escala de mapas e, portanto, é usada em muitos países no mundo.
O conjunto de condições é que distorções de distância não excedam 1 dm por 1 km. Para
que se encontre as condições que o território mapeado, o comprimento longitudinal é
projetado em cilindros ou dividido em fusos para que cada um desses cubram um ter-
ritório de 3° ou 6° de longitude. Por exemplo, o território da República da Macedônia é
coberto pelo fuso do 21º meridiano, ou, ainda, pertence ao chamado 7º fuso. O número
do fuso é obtido quando o meridiano adotado com médio é dividido por três, que é o
comprimento do fuso dado.
Cada fuso meridional tem um sistema de coordenada retangular específico, a
origem coordenada da qual é posicionada na intersecção da Linha do Equador e da Linha
do Meridiano Central do respectivo fuso. Tem sido adotado que o eixo das abscissas Y
é a projeção do Meridiano Central e o eixo das ordenadas Y é a projeção da Linha do
Equador. Ao Norte do Equador, a abscissa Y tem um valor positivo, e, ao sul, um valor
negativo, enquanto ao Leste da ordenada Y tem-se um valor positivo, e, ao Oeste, um
valor negativo. No entanto, para evitar valores negativos nos cálculos, o meridiano central
foi adotado como possuindo, convencionalmente, o valor da coordenada ordenada Y =
500.000, 00 m.
172
Figura 34 – Relação entre coordenadas retangulares e geográficas em fusos meridianos projeção Gauss-Krüger
4 PROJEÇÃO UTM
A projeção UTM (em inglês, Universal Transverse Mercator) é uma projeção
conforme, transversal e cilíndrica dos fusos meridianos onde o elipsoide terrestre é ma-
peado em cilindros secantes (MARKOSKI, 2018), conforme demonstrado pela Figura 35.
173
A princípio, a projeção UTM é baseada na projeção Gauss-Krüger, em que certos
critérios para se atender a essa projeção são colocados de início. A saber, é requerido que:
• Distorções de comprimento nas projeções sejam menores que 1:2.500 (40 cm/km).
• Convergência de meridianos é, no máximo, 5°.
• Há um único sistema de coordenada retangular para cada fuso e uma formulação
para transformações uniformes de coordenadas retangulares de um fuso para outro.
1 / 2500 = 0, 0004
174
Dessa forma, não há nenhum ponto mapeado por esse sistema com a mesma
coordenada tanto no eixo das abscissas quanto das ordenadas.
Figura 36 – (a) Mapeamento dos meridianos e paralelos relativos ao Meridiano Central e Equador; (b) área
do mapeamento em projeção UTM de linhas com zero distorções
IMPORTANTE
As principais características da projeção UTM podem ser apresentadas no quadro a seguir.
175
Coeficiente de redução de K D = 0,9996
escala
Fronteiras do sistema De ϕ N = 84 ° a ϕ S = 80 °
ϕmin = 0º N − ϕmax = 8º N
176
O meridiano central deste fuso é: λcentral = 165º W
177
• Para fusos UTM pares, as linhas nos quadrados de 100 km de lado são descritas por
letras do alfabeto indo de E a, e depois de 500 km (5 quadrados), a descrição se dá
pelas letras indo de V a.
• O conjunto de letras repete a cada 2000 km, e o Equador tem um valor de 10.000.000 m.
179
O Quadro 5 resume os passos adotados para encontrarmos as descrições nesse
exemplo.
180
É claro, existem também problemas na utilização deste tipo de projeção, que
são (FITZ, 2008):
DICA
Apesar de recente, essa padronização cartográfica com as projeções,
mapas são produzidos pela humanidade há milhares de anos. Além de
terem sido fundamentais para grandes expedições marítimas e para
representar o conhecimento do homem em relação ao que ele imaginava
que era a Terra ao longo dos séculos, os mapas carregavam consigo
um lado artístico e cultural muito interessante. Esta playlist do Youtube
de uma série da BBC Four chamada “The Beauty of Maps - A beleza dos
mapas” retrata, com muitos detalhes, esse lado belo dos mapas que
foram criados pelo homem ao longo dos séculos. Obs.: A série está com
o áudio em inglês, mas é possível selecionar, nas legendas geradas pelo
próprio Youtube, a tradução simultânea para português.
Disponível em: https://www.youtube.com/
playlist?list=PL8418C0F0EB1AF70D. Acesso em: 6 set. 2022.
181
Geralmente, esse sistema tem origem arbitrária, ou seja, são sugeridas coorde-
nadas para o primeiro vértice da poligonal (X, Y e cota), de forma que os demais pontos
tenham este como referência para o levantamento. Deve-se evitar os demais pontos
no qual ocorram coordenadas negativas para os vértices da poligonal e irradiações. As
coordenadas topográficas serão calculadas em função das medidas de campo, ou seja,
pela avaliação dos ângulos e distâncias entre os pontos topográficos. As coordenadas
também deverão ser calculadas para locação de um projeto.
INTERESSANTE
A vantagem de padronizarmos algo é que podemos utilizar esse
parâmetro para as diversas situações. No caso de sistemas de referência
de coordenadas, os mesmos princípios são adotados para mapear
outros planetas e até inusitados corpos celestes. Sabia disso?
182
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Como a superfície da Terra possui uma enorme área, quanto mais subdivisões
fazemos em nossa análise para localizar uma coordenada UTM, mais precisamente
localizamos nosso ponto.
183
AUTOATIVIDADE
1 A projeção UTM (Universal Transversa de Mercator) foi baseada nos estudos do belga
Gerardus Mercator (1512-1594), conhecido como o pai das projeções cilíndricas e um
dos pioneiros na confecção de mapas de navegação e atlas. Sobre esse tipo peculiar
de projeção cartográfica, assinale a alternativa CORRETA:
184
3 Sistemas de referenciamento de coordenadas são a base para o sistema que muito
conhecemos hoje, o GPS (Global Positioning System). De forma conceitual, quatro
são os tipos de sistema de referência atualmente conhecidos na Topografia e Geodé-
sia: Sistema de Coordenadas Astronômicas, Sistemas de Coordenadas Geodésicas,
Sistemas de Projeção Cartográfica e Sistemas de Coordenadas Topográficas. Sobre
os sistemas de referência, assinale a alternativa CORRETA:
4 A projeção UTM (em inglês, Universal Transverse Mercator) é uma projeção con-
forme, transversal e cilíndrica dos fusos meridianos, na qual o elipsoide terrestre é
mapeado em cilindros secantes. A respeito dessa projeção, explique a distribuição
dos seus meridianos e paralelos.
5 De acordo com Tuler e Saraiva (2014, p. 23), “Geodésia é a ciência das medidas e ma-
peamento da superfície da Terra”. Em uma visão moderna, percebe-se uma evolução
na acurácia das observações, demandando novos estudos relativos a sistemas de
referência, principalmente voltados à precisão, busca de padrões e transformações
entre os vários sistemas. Para estabelecer um sistema de referência de coordenadas
global, algumas etapas devem ser concebidas. Cite-as e explique-as sucintamente.
185
186
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
O TRABALHO TOPOGRÁFICO
1 INTRODUÇÃO
2 ALTIMETRIA OU HIPSOMETRIA
Vamos agora, de forma conceitual, aprofundar nossos conhecimentos em
Altimetria, ou Hipsometria, um ramo da Topografia que trata, de forma geral, dos
métodos e dos instrumentos topográficos empregados na representação do relevo de
um terreno, por meio da obtenção das distâncias verticais (COELHO JUNIOR; ROLIM
NETO; ANDRADE, 2014). Somados aos levantamentos planimétrico e altimétrico, o
produto final é um trabalho topográfico planialtimétrico, que representa o terreno de
forma tridimensional.
Observe, caro acadêmico, a Figura 42, que ilustra três estacas (E0, E1 e E2). A
estaca E0 apresenta uma cota negativa em relação ao PRQ, ao contrário das estacas E1
e E2, que possuem cotas positivas em relação ao PRQ.
187
Figura 42 – Cotas das estacas E0, E1 e E2 em relação ao PRQ
INTERESSANTE
Hoje, com a tecnologia das imagens por satélites, temos a possibilidade
de perceber a profundidade ou a depressão de determinado terreno
pelo relevo da imagem. Isso, todavia, não tira a importância das
representações gráficas de relevo da Altimetria (perfis e curvas de
nível) que, para projetos de Engenharia, são fundamentais para o
entendimento tridimensional do terreno.
188
Como exemplificação, a altitude média da cidade de Maringá/PR é de 555 m.
Já a altitude média da cidade de São Paulo/SP é de 760 m. Você sabia que uma das
cidades mais temidas pelos atletas para jogos desportivos, La Paz, na Bolívia, tem uma
altitude de 3.640 m, o que demanda de jogadores de futebol, muitas vezes, por exemplo,
a utilização de respiradores durante as partidas? Ademais, sabendo a altitude ou a cota
de dois pontos, determina-se o desnível ou a diferença de nível entre ambos por meio
da seguinte equação:
HB − HA =
DN A− B
DN
i (%)
= ⋅100
DH
Em que:
Caso não seja multiplicada por 100, a declividade será expressa na unidade m/m.
Exemplo 1 – Calcule:
a) A declividade de um trecho
Dados:
• Cota A = 120,000 m
• Cota B = 150,000 m
• DNA-B = 100,000 m
Solução:
189
DN ( C − C A ) ⋅100 =
i (%) A− B = A− B ⋅100 =B
(150, 000 − 120, 000 ) ⋅100 =
+30% ou 0,30 m m
DH A− B DH A− B 100, 000
b) A cota de um ponto
Dados:
• Cota A = 101,550 m
• Cota B = ?
• DHA-B = 545,605 m
• i (%) = - 3,8% (ou -0,038 m/m)
Solução:
i (%)
=
DN A− B
⋅100 ∴−
= 3,8
( CB − 101,550 ) ⋅100
A− B
DH A− B 545, 605
190
No Brasil, as informações de altitudes são determinadas e catalogadas a partir
da Rede Altimétrica Brasileira, mantida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística:
o IBGE (TULER; SARAIVA, 2014). A Rede Altimétrica Nacional pode ser definida como um
conjunto de pontos materializados no terreno e identificados por uma coordenada (X
e Y) e uma altitude em relação ao datum de referência. A esses pontos materializados
chamamos de Referências de Nível (RN) ou marcos geodésicos, que são marcos de
metal cravados em pequenos pilares de concreto, normalmente estabelecidos em
pontos notáveis (monumentos, estações ferroviárias ou rodoviárias). A Figura 45 ilustra
uma Referência de Nível.
191
O nivelamento barométrico consiste em correlacionar a altitude com determi-
nada pressão ou carga de pressão lida em um dispositivo de leitura de pressão do tipo
coluna de fluido ou do tipo aneroide (manômetro de Bourdon).
Figura 46 – Manômetro com fluido manométrico mercúrio utilizado para estimar desníveis pela pressão
interna do ar
192
Em que:
Talvez, agora, você tenha entendido, claramente, por que o nome desse
nivelamento é trigonométrico, pois, de fato, envolve a estimativa de diferenças de nível,
por meio da resolução de um triângulo retângulo. A distância horizontal é estimada por
meio dos procedimentos que já vimos anteriormente. A altura do instrumento (i) e a
altura da visada (a) devem ser medidas também (normalmente, são medidas com uso
da trena de aço).
193
Então, de forma resumida, o nivelamento taqueométrico utiliza o princípio dos
fios estadimétricos para a determinação do desnível entre dois pontos. Considerando a
47 e o conceito de fios estadimétricos (fs – fio superior e fi – fio inferior), podemos deter-
minar o desnível como sendo:
sen ( 2α )
DN = 100 ⋅ ( fs − fi ) ⋅ +i−a
2
De acordo com Tuler e Saraiva (2014), esse método foi muito utilizado até pouco
tempo atrás, sendo substituído por grande parte dos profissionais pelo nivelamento
trigonométrico, utilizando estações totais. O principal motivo da substituição é a
limitação do nivelamento taqueométrico quanto a sua média precisão (ordem de
centímetros a decímetros) para as diferenças de nível. O levantamento geométrico
é, também, chamado de nivelamento direto, pois se faz a leitura direta do desnível.
Segundo a ABNT NBR 13.133:1994, é o “nivelamento que realiza a medida da diferença
de nível entre pontos do terreno por intermédio de leituras correspondentes a visadas
horizontais, obtidas com um nível, em miras colocadas verticalmente nos referidos
pontos” (ABNT, 1994, p. 3).
Segundo Coelho Junior, Rolim Neto e Andrade (2014), esse é o método mais
preciso para a determinação das diferenças de nível, altitudes de cotas. O procedimento
consiste em, com o uso do nível de luneta, realizar visadas horizontais sucessivas nas
miras verticais. Pela diferença entre os valores encontrados, chega-se às diferenças de
nível, conforme ilustra a Figura 48.
194
Para a determinação das cotas dos pontos A, B, C e D, é necessário relacioná-
los a um plano de referência qualquer (PRQ). Considerando que este PRQ esteja a 10,00
metros abaixo do ponto A, as cotas relativas dos pontos são:
Por sua boa precisão e pela vasta utilização atualmente, falaremos mais
especificamente desse método de nivelamento nas próximas páginas. Já o último
método de nivelamento acontece por meio de receptores de satélites. Por meio dos
Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS), torna-se possível a obtenção de
valores de altitude para determinado ponto.
195
O método de nivelamento trigonométrico para lances longos, pelas grandes dis-
tâncias horizontais, relaciona-se a uma triangulação que leva em consideração a influ-
ência da curvatura da Terra e a refração atmosférica. Podemos determinar o desnível,
nesse caso, que é o mesmo para o caso de lances curtos. No entanto há a adição de um
termo para correção relativa à curvatura da Terra e refração atmosférica, expresso por:
Dh 2
2 R ⋅ (1 − k )
Em que:
Dh Dh 2
DN = + i - a + ⋅ (1 − k )
tgZ 2R
Exemplo 2
• Dh = 135,24 m
• Z = 70°30’26’’
• i = 1,65 m
• a = 2,18 m
• Dh = 215,55 m
• Z = 72°22’49’’
• i = 1,65 m
• a = 2,55 m
196
Solução:
Para a primeira via, por ser um nivelamento de um lance curto (< 150 m), podemos
considerar o desnível como:
Dh 135, 24
DN1 = = + i - a 1, 65 − 2,18 47,342 m
+=
tgZ tg ( 70°30 '26 '')
Para a segunda via, por ser um nivelamento de um lance longo (> 150 m), podemos
considerar o desnível como:
Dh Dh 2
DN 2 = + i - a + ⋅ (1 − k )
tgZ 2R
215,55 215,552
DN 2 = + 1, 65 − 2,55 + ⋅ (1 − 0,13) =67,561 m
tg ( 72°22 '49 '') 2 ⋅ 6.400.000
197
Feita a apresentação dos diferentes métodos de nivelamento, agora, aprofun-
daremos nossa análise no nivelamento geométrico que, como já dito, é o método mais
preciso para determinação de desníveis e o mais utilizado na prática da Topografia.
198
Como já vimos até esse momento, em qualquer levantamento topográfico, a
leitura, ou visada de ré, é a primeira leitura que se faz em uma estação. Aliás, o nome ré
deriva de referencial, pois essa leitura, inicialmente, é feita sob um ponto de coordenadas
conhecidas. Por isso, cada estação tem apenas uma única ré. Já a leitura ou visada de
vante é a leitura posterior à de ré, e podemos ter uma ou mais leituras de vante para uma
mesma estação (COELHO JÚNIOR; ROLIM NETO; ANDRADE, 2014).
Ci − Visada de vante =
Cota de vante
199
Tabela 1 – Caderneta de campo – Nivelamento geométrico simples com uma estação e uma Vante
Já para o caso de uma única estação com mais de uma vante, podemos ter algo
similar ao demonstrado na Figura 53.
Tabela 2 – Caderneta de campo – Nivelamento geométrico simples com uma estação e mais de uma vante
P2 900 10100
I P3 200 10800
P4 400 10600
P5 1100 9900
200
No nivelamento geométrico composto, como já vimos, a característica é a
presença de duas ou mais estações. A Figura 54 ilustra um nivelamento geométrico
composto.
Leituras [mm]
Pontos
Estação Ci [mm] Cota [mm]
visados Ré Vante
ATENÇÃO
Chamo a sua atenção, caro acadêmico, para um detalhe no Ponto 2
da Figura 54. Como esse ponto é comum a ambas as estações, neste
caso, o P2 é chamado de ponto de mudança, pois faz a ligação entre
a Estação I e II.
201
Continuando o assunto, um procedimento da prática de Topografia importante
para nivelamentos geométricos é o contranivelamento, que tem como função a
conferência das cotas dos pontos observados do terreno para averiguação de possíveis
erros de nivelamento.
Figura 55 – Contranivelamento
Leituras [mm]
Pontos
Estação Ci [mm] Cota [mm]
visados Ré Vante
202
É importante ser dito que todo levantamento topográfico possui determinada
tolerância em relação aos erros detectados nas medições. Para o caso do nivelamento,
a tolerância é calculada em função do perímetro percorrido, em km (sem contar com
o perímetro do contranivelamento), e de um fator n, em mm, em função do tipo de
levantamento.
T= n ⋅ k
Classe I N (geométrico) =T 12 mm ⋅ k
Classe II N (geométrico) =T 20 mm ⋅ k
203
Tabela 5 – Caderneta de campo – Correção de nivelamento geométrico
=E C final − Cinicial
Exemplo 3
204
Tabela 6 – Exemplo 3 – Caderneta de campo
P0 200
I
P1 117
P1 300
II
P2 366
P2 100
III
P3 200
P3 202 11000
III’
P2 105
P2 368
II’
P1 301
P1 114
I’
P0 201
Fonte: o autor
Perceba que o que foi informado foi a cota do instrumento na estação III’ (con-
tranivelamento). Assim, começaremos preenchendo as cotas do contranivelamento.
A cota no ponto P2 para a estação II’ é a mesma que a cota com a estação III’.
Agora, precisamos determinar a cota do instrumento na estação II’, então:
CotaP 2' = CiII ' − RéP 2' → CiII ' = CotaP 2' + RéP 2' = 10895 + 368 = 11263
A cota no ponto P1 para a estação I’ é a mesma que a cota com a estação II’.
Agora, precisamos determinar a cota do instrumento na estação I’, então:
205
CotaP1' = CiI ' − RéP1' → CiI ' = CotaP1' + RéP1' = 10962 + 114 = 11076
A cota no ponto P3 para a estação III’ é a mesma que a cota com a estação III.
Precisamos, então, determinar a cota do instrumento na estação III:
CotaP 3' = CotaP 3 = CiIII − VanteP 3 → CiIII = CotaP 3 + VanteP 3 = 10798 + 200 = 10998
A cota no ponto P2 para a estação III é a mesma que a cota com a estação II.
Agora, precisamos determinar a cota do instrumento na estação II, então:
206
Dessa forma, o nivelamento atende à tolerância de fechamento para a classe I N.
Fonte: o autor
207
Você deve, inclusive, ter feito um corte similar a esse quando foi representar
seus desenhos na disciplina de Desenho Técnico.
Agora, observe, caro acadêmico, a Figura 56, e perceba que, para o eixo vertical,
foi aplicada uma escala de 1:100 em relação às dimensões reais, enquanto para o eixo
horizontal, foi aplicada uma escala de 1:1000. Isto é, para detalhamento gráfico, foi
aplicada uma escala vertical 10 vezes maior que a escala horizontal. Normalmente, essa
proporção de escala vertical em relação à escala horizontal é utilizada.
208
Figura 57 – Estaqueamento padronizado de 20 metros
Podemos ter como exemplo uma seção transversal de um rio (Figura 59).
209
Podemos ter como exemplo, também, o estaqueamento de uma rodovia, com a
demonstração das diversas seções transversais e perfil longitudinal (Figura 60).
210
Figura 62 – Exemplo de curva de nível
Fonte: o autor
211
Quadro 7 – Equidistância das curvas de nível em função da classe planialtimétrica
Classe Planimétrica V P
I PA 1: 5.000 5m
Classe altimétrica IV N
Classe Planimétrica IV P
II PA 1: 2.000 2m
Classe altimétrica II N
Classe Planimétrica II P
IV PA 1:500 1m
Classe altimétrica II N
Figura 64 – (A) Curvas se interceptando e (B) Curvas se unindo e seguindo como uma
Outra característica das curvas de nível é que, em terrenos naturais, são isentas
de curvas bruscas e ângulos vivos (Figura 65).
212
Figura 65 – Na esquerda, curva suave, no meio, curva brusca e na direta, ângulo vivo
DN AB 2m
i (%) AB= ⋅100= ⋅100= 2%
DH AB 100 m
DN BC 2m
i (%) BC= ⋅100= ⋅100= 0, 67%
DH BC 300 m
213
acontece por conta da escala e da região do relevo detalhada, mas, se a escala fosse
menor ou a região de análise ampliada, seria percebida a continuidade das curvas de
nível e o seu fechamento.
214
Ademais, existem duas formas básicas de diferenciar curvas mestras de inter-
mediárias em um desenho. Caso esse desenho seja colorido, as cores de curvas mestras
e intermediárias são diferentes; caso o desenho seja monocromático, a espessura das
linhas mestras é maior do que das linhas intermediárias, conforme você pode observar
na Figura 69.
Exemplo 4
215
Figura 71 – Exemplo 4 – curvas de nível
Fonte: o autor
Solução:
DN ⋅ d ' 5 m ⋅ 2,0 cm
dn '
= = = 2,22 m
D 4,5 cm
DICA
Um livro essencial para estudantes de Engenharia, Agrimensura, Arquitetura e Urbanismo
e áreas afins para o estudo ou desenvolvimento de trabalhos altimétricos é o livro de José
Anibal Comastri e José Cláudio Tuler. Com nove capítulos, o livro se aprofunda nos aspectos
principais de determinação de informações do relevo bem como, de modo prático, de
realizar os diferentes tipos de nivelamento.
216
LEITURA
COMPLEMENTAR
O USO DA TOPOGRAFIA PARA AUXÍLIO DE RECUPERAÇÃO DE UMA ÁREA
DEGRADADA
1 INTRODUÇÃO
Segundo Reis, Zambonin e Nakazono (1999), uma determinada área que sofreu
impacto de forma a impedir ou diminuir drasticamente sua capacidade de retornar ao
estado original, por intermédio de seus meios naturais, é denominado área degradada.
A capacidade de regeneração natural chama-se resiliência ambiental. Por outro lado,
Kageyama e Reis (1994) consideram área degradada àquela que, após distúrbio, teve
eliminado seus meios de regeneração natural, não sendo, portanto, capaz de se
regenerar sem a interferência antrópica.
218
Stodulski (2006) classifica os levantamentos topográficos para cada finalidade,
método de levantamento e característica de terreno existindo uma forma mais apropriada
de se realizar a coleta dos dados, sendo o levantamento topográfico planimétrico (ou
Perimétrico); levantamento topográfico altimétrico (ou Nivelamento); levantamento
topográfico planialtimétrico.
2 DESENVOLVIMENTO
Da mesma forma, fica claro que a propriedade educacional não possui uma área
passível de averbação de Reserva Florestal Legal (20%), necessária ao uso sustentável
dos recursos naturais, à conservação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas.
219
A planta topográfica é a primeira e insubstituível peça de estudo um primórdio
no campo da engenharia. Baseando-se nas plantas topográficas que estudam os terre-
nos e se criam projetos, essa ferramenta topográfica torna-se excelência em interpre-
tação das áreas de estudo, indicando características dos danos ambientais causados e
os efeitos que estes trazem ao ambiente.
É importante ressaltar que essa ferramenta de trabalho não deve ser descartada,
pois é uma exigência da Legislação Florestal vigente, e de supra necessidade quando
da elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas, e não da recuperação
da área propriamente dita.
3 CONCLUSÃO
Fonte: WALDEMAR DE OLIVEIRA, L.; GONÇALVES VIEIRA, A.; MIRANDA DE OLIVEIRA, M. W. O uso da
topografia para auxílio de recuperação de uma área degradada. Periódico Eletrônico Fórum Ambiental
da Alta Paulista, v. 10, n. 2, 2014.
https://doi.org/10.17271/198008271022014881
220
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
221
AUTOATIVIDADE
1 Esta primeira atividade terá um único enunciado que servirá para a execução de
quatro subatividades expostas na sequência. O nivelamento geométrico é, talvez, o
método de nivelamento mais utilizado na prática da Topografia, não somente por seus
bons resultados na precisão de leituras de desníveis, mas, também, pela praticidade
de se obter esse tipo de dado de forma direta. Considere o seguinte esquema para
nivelamento dos vértices de uma área e a respectiva caderneta de campo.
Dados:
222
Com essas informações:
I- Nivelamento barométrico.
II- Nivelamento geométrico.
III- Nivelamento taqueométrico.
IV- Nivelamento trigonométrico.
223
II- O perfil ou seção transversal representa a característica transversal de determina-
do ponto ao longo do estaqueamento. Normalmente, pelas informações de seção
transversal, conseguimos obter informações sobre corte e aterro, bem como incli-
nações de talude.
III- A união de um desenho planimétrico com as curvas de nível de um terreno nos
informa a sua planimetria. Uma característica bastante peculiar das curvas de nível
é que elas podem se interceptar, em função das características do relevo.
IV- A fim de se obter mais clareza em um projeto, normalmente, as curvas de nível são
representadas por curvas mestras e intermediárias.
224
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.133: execução de
levantamento topográfico. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
BRINKER, R. C.; WOLF, P. R. Elementary surveying. 6. ed. New York: Harper & Row, 1977.
HIRSCH, A. Brasil: fusos e zonas UTM. [S. l.: s. n.], 2008. 1 mapa, color. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/319423368_Brasil_fusos_e_zonas_UTM.
Acesso em: 20 out. 2020.
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