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Anderson Puglia
IESDE BRASIL
2020
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Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: saicle/ 3ab2ou/EnvatoElements
Puglia, Anderson
Consultoria em segurança / Anderson Puglia. - 1. ed. - Curitiba [PR] :
IESDE, 2020.
126 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6653-7
2 Planejamento estratégico 45
2.1 Planejamento estratégico em segurança pública 45
2.2 Estratégias nas ações de polícia 51
2.3 Planejamento estratégico em segurança privada 56
2.4 Princípios da segurança privada 59
2.5 Consultoria empresarial na segurança privada 61
Gabarito 124
APRESENTAÇÃO
As transformações sociais, políticas e econômicas que o nosso país sofreu
nas últimas duas décadas, sem uma evolução significativa da legislação em
relação à criação de dispositivos mais eficazes para o combate aos infratores da
lei, favoreceram a atuação e o crescimento exponencial de grupos criminosos
devidamente organizados, os quais desenvolveram novas estratégias para
ampliar suas práticas delituosas e adquirir poderio bélico.
Com praticamente a totalidade do nosso planeta conectada à rede mundial
de computadores e a possibilidade do compartilhamento de informações em
velocidade e magnitude incomensuráveis, por meio das redes sociais, fazer
segurança se tornou um grande desafio no Brasil, contribuindo para que o
nível de profissionalismo dos atuantes nessa área seja maior.
A facilidade de acesso ao conhecimento traz muitos efeitos benéficos à
sociedade, isso é fato. No entanto, também permite a exclusão do caráter
sigiloso que existia em relação às técnicas e táticas policiais e militares, além
de algumas utilizadas por guerrilheiros e terroristas, como conhecimentos
aprofundados sobre armas e munições, proteções balísticas, manuseio
de explosivos, construção de bombas, dentre outros que, anteriormente,
só eram acessíveis em cursos especializados, restritos aos integrantes dos
órgãos estatais de segurança. Isso faz com que indivíduos mal-intencionados
aperfeiçoem seus métodos e aumentem seu potencial de perigo aos cidadãos
e às forças de segurança.
Para fazer frente às atuais ameaças, é necessário ter uma visão focada na
excelência da prestação de serviços em segurança, tratando o tema como
ciência. Nesse sentido, esta obra tem o objetivo de trazer um pouco da
experiência profissional de quem atua na área há mais de trinta anos para
assessorar aqueles que pretendem ou necessitam atuar como consultores
em segurança para empresas particulares ou instituições públicas.
Os integrantes das corporações de segurança pública – principalmente
aqueles que ocupam cargos de comando, chefia, superintendência e
outros, nos seus diversos níveis, seja operacional, tático ou estratégico – já
exercem naturalmente a função de assessoria e consultoria de seus chefes/
comandantes durante suas carreiras, considerando que as suas instituições
são prestadoras de serviço na área em que atuam. Por isso, são designados
para tais tarefas, sendo indispensável conhecerem várias ferramentas e
padrões de trabalho que lhes serão úteis nessa missão.
Para a segurança privada a atuação é um pouco diferente, pois o
profissional responsável por uma consultoria normalmente tratará do tema
com pessoas leigas no assunto, que atuam em outro ramo, mas que precisam
do serviço de segurança. Nesse aspecto, o profissional deve dominar muito
bem sua área de atuação para demonstrar a importância do seu serviço aos
consumidores e o quanto isso pode reduzir a possibilidade de riscos e perdas
na empresa-alvo, apresentando planejamentos e métodos de análise técnica
adequados, que inspirem confiança e coerência para os investimentos que
deverão ser implementados nesse setor.
Cada capítulo desta obra foi construído com as nuances intrínsecas a
ambas as áreas. Cabe ressaltar, aqui, a importância da transversalidade desses
conhecimentos pelos operadores dos dois setores, pois, invariavelmente,
um poderá precisar do outro em diversas situações. Desse modo, é preciso
dominar informações sobre as atuações de maneira recíproca.
Para essa abordagem holística de um campo tão vasto, buscamos trazer
o que entendemos ser essencial ao estudo de cada tema, mas sem ser
superficial, explorando cada um na proporção adequada ao entendimento e
indicando algumas possibilidades de aprofundamentos julgados pertinentes
e necessários.
Bons estudos!
8 Consultoria em Segurança
1
Consultoria em segurança
pública e privada
Neste capítulo, para iniciar nossa jornada, abordaremos, por
meio de alguns conceitos fundamentais, as diferenças básicas entre
as duas áreas da segurança: a pública e a privada. Posteriormente,
estudaremos as bases legais e doutrinárias que fornecerão o co-
nhecimento necessário para o desenvolvimento da profissão por
parte dos futuros consultores.
Segurança
Segurança
da
física
informação
Segurança
patrimonial
Segurança Segurança do
eletrônica trabalho
Segurança de
pessoas
10 Consultoria em Segurança
1.1.1.3 Segurança do trabalho
Para Barbosa (2011), segurança do trabalho é o conjunto de medi-
das que visa evitar acidentes de trabalho e minimizar doenças ocupa-
cionais, integrando o ambiente ao seu melhor uso pelos trabalhadores,
evitando, assim, prejuízos no empreendimento.
12 Consultoria em Segurança
2
múnus público ”. Em suma, é uma prerrogativa conferida aos agentes 2
públicos, previamente autorizada por lei, que permite a intervenção na O múnus público é uma
liberdade, propriedade e demais direitos individuais, restringindo-os obrigação imposta por lei, em
em prol do interesse coletivo, de maneira a garantir a supremacia do atendimento ao poder público,
que beneficia a coletividade, e
interesse público. não pode ser recusado, exceto
nos casos previstos em lei.
1.1.2.2 Ordem pública
Conforme o jurista francês Louis Rolland (apud LAZZARINI, 1987,
p. 19), “ordem pública é a tranquilidade pública, a segurança pública e
a salubridade pública, asseverando que ordem pública engloba as três
coisas. Em suma, ordem pública é de fato a situação oposta à desor-
dem, sendo essencialmente de natureza material e exterior”.
14 Consultoria em Segurança
Existem instâncias de julgamento e vários recursos cabíveis nas
ações penais. Porém, aqui, o intuito é apenas o entendimento de
como as coisas se encaminham, de maneira resumida.
16 Consultoria em Segurança
O profissional especialista nessa área também pode ser contratado
para prestar serviços fora das organizações estatais, principalmente
por órgãos de imprensa em geral, utilizando seus conhecimentos como
subsídio para construir raciocínios a respeito de determinados aconte-
cimentos ou fenômenos sociais.
Faz-se necessário ressaltar que, conforme Caetano e Sampaio (2016, Saiba mais
p. 55), qualquer organização pública tem uma finalidade pública, a qual Para conhecer melhor os
busca atender aos anseios da população. Normalmente, essa necessi- conceitos de segurança
pública e privada, leia o
dade pública a ser atingida está definida na própria lei que embasa a livro Trajetória e evolução
instituição. Nesse prisma, o consultor precisa ter o entendimento de da segurança empresarial.
como está estruturada a instituição estatal sobre a qual fará sua análi- MEIRELES, N. R. de M.; SANTOS, V. L.
dos. São Paulo: Sicurezza, 2011.
se, conhecer o contexto social anterior e atual da localidade de atua-
ção, procedimentos adequados de análise criminal, técnicas e táticas
policiais, entre outros fatores que serão tratados em capítulos específi-
cos desta obra, para somente depois construir um juízo de valor a res-
peito de qualquer questão ligada à segurança pública.
18 Consultoria em Segurança
A variabilidade está ligada ao padrão de serviço, quando se com-
pra uma caixa de leite integral, por exemplo, há a ideia de que todos
são iguais, variando apenas o preço. Contudo, quando se fala em mão
de obra, o conceito muda completamente, visto que todos querem
um prestador especializado e a fiscalização na execução é intensa.
Treinamento
20 Consultoria em Segurança
Demandas específicas de segurança
22 Consultoria em Segurança
1.3.1.2 Decreto n. 89.056, de 24 de novembro de 1983
Trata-se do regulamento da lei citada na subseção anterior. Com-
plementando os quesitos da norma, o decreto especifica quais equipa-
mentos e condições mínimas de segurança as instituições financeiras
devem ter obrigatoriamente. Além disso, regula o formato, o funciona-
mento e as avaliações obrigatórias dos cursos de segurança privada,
entre outros detalhamentos (BRASIL, 1983a).
Em suma, essa lei foi criada para dar princípios, diretrizes e objeti-
vos bem delimitados, fomentando possibilidades para que os órgãos
federais, estaduais e municipais de segurança pública possam traba-
lhar em conjunto.
24 Consultoria em Segurança
quadamente no histórico de um BO, até mesmo em uma declaração
em um inquérito policial ou auto de prisão em flagrante delito – se fez
o emprego da força para conter a resistência ou respondeu à agressão
de um meliante, por exemplo. Esses dispositivos legais se aplicam a
todos os cidadãos, porém aqueles que têm o dever legal de agir, ao se
deparar com a prática de atos delituosos, sempre estão mais sujeitos
a ter que recorrer a eles, principalmente à legítima defesa, que será o
único dispositivo a ser destacado por esta obra.
26 Consultoria em Segurança
visto que muitas eram as discussões, por exemplo, sobre a ação de um
atirador policial de precisão (sniper), quando era autorizado a efetuar
um disparo contra um tomador de refém que apontava uma arma para
a pessoa mantida no cárcere. Era uma execução sumária? Hoje não
mais. Essa ação tornou-se legal, o agente de segurança pública age em
legítima defesa de terceiros.
28 Consultoria em Segurança
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou
do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabi-
lidade civil do Estado. (BRASIL, 2008, grifos nossos)
30 Consultoria em Segurança
1.4.2.1 Ética profissional
Estudos filosóficos sobre deontologia, por Jeremy Bentham (1834 apud
VALLA, 2013, p. 6), tinham a pretensão de formular um tratado de deveres
ou noções dos deveres e direitos das pessoas na concepção de que uma
ação moralmente correta é a que produz maior prazer (bem) e/ou menor
sofrimento (mal) para a maioria. Portanto, Bentham vinculou a ética ao
utilitarismo dos atos como medida de toda a virtude.
A segunda linha
A terceira linha
1.4.2.2 Discrição
Na sabedoria popular, é comum ouvir que quem fala mal de alguém
para você, também falará mal de você a alguém. Essa máxima é um dos
exemplos de indiscrição que, com certeza, pode provocar a perda de
alguns possíveis futuros clientes aos profissionais de segurança. Ainda,
por meio de comentários dessa natureza, deixa-se transparecer a inca-
pacidade de manter sigilo de informações, já tratado no item anterior.
32 Consultoria em Segurança
dem ser estratégicas, a não ser que sua profissão seja voltada à espio-
nagem, e não à consultoria.
1.4.2.3 Lealdade
Abrir as portas de sua própria empresa e entregar nas mãos de um
profissional que não pertence a ela não é algo muito fácil, principal-
mente pelo fato de que o consultor terá acesso a questões sensíveis.
Quando discorremos sobre ética e discrição, já pontuamos várias ques-
tões que estão ligadas à lealdade. Porém, essa qualidade está ligada
à honra e probidade. É sobre ser fiel aos compromissos assumidos e
entregar o produto que prometeu. Isso faz com que o consultor seja
convidado mais vezes ao convívio daquele local e gerará sua indicação
a outras empresas.
Ser leal com seu cliente parece algo óbvio, mas existe uma caracte-
rística que pode atrapalhar essa qualidade desejável, que é a ambição.
Querer ganhar muito dinheiro em curto espaço de tempo é o principal
fator para que se ofereça uma coisa e entregue menos do que o com-
binado, ou que se assuma compromissos além do que se pode cumprir
com qualidade.
1.4.2.4 Empatia
Empatia é se colocar no lugar do outro, buscando entender sua vi-
são a respeito de determinado assunto ou problema. De acordo com
Meireles e Césare (2005), essa característica, na área de segurança, é
importante em relação ao cliente, aos colaboradores e aos infratores.
Cliente: para entender o que ele espera dos serviços que serão
prestados e dos resultados que a consultoria trará.
34 Consultoria em Segurança
1.5 O uso da força e os direitos humanos
Vídeo Historicamente, conforme Tordoro (2019), grandes conflitos no
mundo provocaram o surgimento de documentos relativos ao tema
direitos humanos, como a Declaração de Virgínia (1776), na Revolução
Norte-americana, e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
(1789), na Revolução Francesa. Contudo, merece especial destaque,
dado o contexto e a contemporaneidade, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, estabelecida em Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), em 1948.
36 Consultoria em Segurança
pelo evento conflitoso em Eldorado dos Carajás, no Pará, houve o lan-
7 7
çamento do primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH)
do Brasil. Depois desse, foram lançados mais dois, um em 2002 e outro Primeiro programa do gênero na
América Latina e o terceiro no
em 2009, com uma alteração em 2010. mundo, elaborado em parceria
Conforme Adorno (2010 apud TORDORO, 2019), o maior foco do com a sociedade civil.
38 Consultoria em Segurança
Nada é justificativa para se fazer justiça com as próprias mãos, mas
é preciso saber qual é a causa de uma doença para, então, administrar
o remédio correto, a fim de curá-la, e não simplesmente amenizar os
sintomas, pois isso pode agravar a doença, que continuará presente.
Além disso, essa é uma doutrina que deve ser estendida à popu-
lação em geral. Crianças que são educadas com valores cívicos bási-
cos serão, provavelmente, adultos bem preparados para um excelente
convívio em sociedade.
Força
É importante o entendimento de
que, apesar de os níveis serem es-
calonados da maneira como foram
40 Consultoria em Segurança
to referenciado pelo FBI (Federal Bureau Investigation) para fins de
interpretação didática e técnica dos fatores indispensáveis, com o in-
tuito de que o agente de segurança pública ou privada possa perceber
em que momento deverá fazer uso de força letal.
O paradoxo
Sempre é prudente ressaltar que existe uma linha tênue que divide
a questão de ser brando demais ou incisivo demais na aplicação da
força. No primeiro caso, o profissional pode ser morto em ação; no se-
gundo, pode ser processado pelo excesso. Encontrar o equilíbrio é a
parte mais difícil para quem trabalha com segurança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As vigas mestras da atividade de segurança pública ou privada são: o
conhecimento da doutrina (técnica e tática) e o amparo legal para uma
Glossário atuação proba. Por não ser um assunto de fácil síntese, este capítu-
Proba: aquilo que é casto, lo é bastante pesado para a leitura, porém seu peso se iguala em nível
direito, imaculado. de importância. Por isso, faz-se necessário que cada norma citada seja
dissecada e que você faça as analogias necessárias para possíveis fatos
que possa enfrentar ou que já tenha enfrentado.
Pela exposição, também, é possível entender as dificuldades que se
enfrenta nessa área, uma vez que o fato de lidar com resolução de con-
flitos o tempo todo, sem respaldo adequado, não é para qualquer um!
É necessário perceber se as características demonstradas se encaixam
em seu perfil e se você está disposto a se submeter a esse mercado. As
pautas até aqui abordadas foram direcionadas para esse embasamento
inicial, de modo a poder formar um arcabouço de conhecimentos e intro-
duzir os estudantes nos temas vindouros.
42 Consultoria em Segurança
ATIVIDADES
1. Quais são as principais diferenças entre segurança pública e segurança
privada?
REFERÊNCIAS
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Geneva: UN, 2010. Disponível em:
https://www.refworld.org/docid/4c0767ff2.html. Acesso em: 27 maio 2020.
ÁVILA, F. B. de. Pequena enciclopédia de moral e civismo. Rio de Janeiro: Fename, 1975.
BARBOSA, J. Princípios da segurança privada: conceitos para gestores em segurança. São
Paulo: Globus, 2011.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Decreto n. 89.056, de 24 de novembro de 1983. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 25 nov. 1983a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/Antigos/D89056.htm. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 21 jun. 1983b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L7102.htm. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Lei n. 13.675, de 11 de junho de 2018. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 12 jun. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2018/Lei/L13675.htm. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Lei n. 13.869, de 5 de setembro de 2019. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 05 set. 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/lei/L13869.htm. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Ministério da Justiça. Gabinete do Ministro. Portaria n. 4.226, de 31 de dezembro de
2010. Estabelece diretrizes sobre o uso da força pelos agentes de segurança pública. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 3 jan. 2011. Disponível em: https://normas.gov.br/materia/-/
asset_publisher/NebW5rLVWyej/content/id/34637403. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Resolução ONU n. 34/169, de 17 de dezembro de 1979. Brasília: Assembléia Geral
das Nações Unidas, 1979. Disponível em: https://www.mpma.mp.br/arquivos/COCOM/
arquivos/centros_de_apoio/cao_direitos_humanos/direitos_humanos/trabalho_e_
emprego/codConduta.htm. Acesso em: 27 maio 2020.
BRASIL. Serviço Público Federal. Departamento de Polícia Federal. Portaria n. 3.233/2012-
DG/DPF, de 10 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as normas relacionadas às atividades
de Segurança Privada. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 dez. 2012. Disponível em:
http://www.pf.gov.br/servicos-pf/seguranca-privada/legislacao-normas-e-orientacoes/
portarias/portaria-3233-2012-2.pdf/view. Acesso em: 27 maio 2020.
44 Consultoria em Segurança
2
Planejamento estratégico
O planejamento estratégico das áreas pública e privada possui
muitas semelhanças, mas são as diferenças entre eles que serão
destacadas neste capítulo, pois são os fatores mais importantes
para que o consultor em segurança possa pensar suas ações de
planejamento estratégico em relação a cada tipo de cliente.
Nosso objetivo é a conscientização do que é mais efetivo e do
que é mais nocivo nessa questão, principalmente na área de segu-
rança pública, pelo fato de ser uma área mais complexa em nível
de planejamento. As empresas privadas com domínio de seus or-
çamentos têm melhores condições para arquitetar ações futuras.
Corporações públicas sem autonomia financeira encontram muitas
dificuldades nesse aspecto, porém as boas práticas que serão apre-
sentadas estão pautadas em superar dificuldades e desenhar uma
segurança pública melhor para os cidadãos.
Planejamento estratégico 45
e europeias precisaram se diversificar, adotando técnicas mais sofisti-
cadas para gerenciar seus recursos e se solidificarem no mercado.
46 Consultoria em Segurança
e depois vice-versa. O raciocínio estratégico pressupõe todo um
sexto sentido para se diferenciar dos gestores com pensamento
estratégico comum.
Planejamento estratégico 47
Um dos principais empecilhos aos planejamentos não prosperarem
é a falta de continuidade nos projetos após as trocas de comandos/che-
fias. Então, há a necessidade de criar padrões doutrinários e mecanis-
mos legais que minimizem esse efeito, pois as substituições em funções
são uma característica presente e comum no serviço público.
48 Consultoria em Segurança
sentes. Assim sendo, cada ator precisa desenvolver uma parte espe-
cífica, de acordo com o nível que ocupa na instituição, conforme a
figura a seguir.
Figura 1
Níveis de planejamento
COMANDOS/
Visão compartimentada
TÁTICO CHEFIAS
Projetos em médio prazo
REGIONAIS
Ações para consecução do plano
Planejamento estratégico 49
2.1.2.2 Nível tático
É responsável pela busca de resultados em médio prazo, com o de-
ver de trabalhar em determinadas partes dos objetivos que foram de-
compostos, atendendo áreas específicas da corporação, e não o todo.
Na administração pública, refere-se aos níveis regionais de atuação
(Comandos Regionais de Polícia Militar, Delegacias Regionais etc.), que
agrupam várias unidades operacionais (Batalhões de Polícia Militar, De-
legacias de Polícia Civil etc.). Incumbe-se de convergir os meios disponí-
veis para a consecução das metas que lhe cabem, buscando manter o
direcionamento determinado no nível estratégico.
50 Consultoria em Segurança
cando atender às demandas mais comuns que surgem nos relatórios
de análise criminal e estatística, aquelas voltadas ao segundo, terceiro, Livro
quarto e quinto esforços, que responderão a situações inesperadas, Para uma comparação
inicial das principais
ocasionadas pela ação de quadrilhas organizadas, criminalidade vio- diferenças entre o plane-
lenta, eventos especiais etc., que deverão estar distribuídos no terreno jamento estratégico nos
setores privado e público,
ou em sobreaviso para pronto acionamento. leia as obras Liderança do
gestor de segurança: visão
Sem o estabelecimento de um padrão de avaliação de indicadores de
estratégica dos processos
qualidade, é impossível saber se a corporação está ou não fazendo um de segurança, de Nino
Meireles, e Planejamento
bom trabalho. Um padrão representa um nível de desempenho que se
estratégico e administração
pretende tomar como referência e depende dos objetivos, fornecendo os em segurança de Cris-
tiano Caetano e Pedro
parâmetros que deverão balizar o funcionamento do sistema. Tais parâ-
Sampaio.
metros podem ser tangíveis ou intangíveis, mas devem ter como unidade
MEIRELES, N. R. M. São Paulo:
representativa a quantidade (redução criminal, vidas preservadas, redu- Sicurezza, 2012.
CAETANO, C. I.; SAMPAIO, P. P. P.
ção de acidentes de trânsito etc.) e a qualidade (sensação de segurança
Curitiba: Intersaberes, 2016.
pela população, credibilidade no órgão, proximidade da população etc.).
Planejamento estratégico 51
e seus profissionais atualizados, visando apoiar as demais polícias na
elucidação dos crimes.
52 Consultoria em Segurança
Essa é uma dimensão controversa do
trabalho policial porque, ao contrário
Diminuir a sensação do que se entende no senso comum,
de medo e melhorar a a redução da sensação de medo não é
segurança pessoal consequência direta da diminuição dos
índices reais de criminalidade. O medo
do crime em determinada área, ainda
de acordo com Maslov, é influenciado
não apenas pelas taxas de crimes, mas
também por questões como desordem
social, embriaguez pública, presença de
pontos de prostituição e de tráfico etc.
Imagens propagadas pela mídia também
impactam as impressões dos cidadãos
sobre a segurança da região em que vivem.
Planejamento estratégico 53
De acordo com o pesquisador, essa
dimensão refere-se à cortesia dos policiais
Prestar serviços de no atendimento ao público. O tratamento
qualidade dado pelos policiais aos cidadãos tem
impactos na legitimidade que os civis
atribuem à atuação dos militares. Maslov
considera que uma das dificuldades
para a mensuração do trabalho policial
diz respeito à natureza múltipla de suas
atribuições e ao fato de as instituições
policiais serem organizações complexas,
que lidam com problemas complexos.
Ele afirmou que examinar taxas de
criminalidade e de prisões são modos
simples de mensurar a efetividade das
polícias. No entanto, não são os únicos
aspectos relevantes, pois indicadores
indiretos, como pesquisas de satisfação
do público, observação direta da atuação
policial e testes independentes também
são úteis para examinar e validar o
desempenho das forças de segurança.
54 Consultoria em Segurança
para o autor, indica uma estratégia policial de desencorajamento e
uma caracterização do sistema policial como democrático formal. Isso
tende a afastar a comunidade da polícia. Ainda temos uma subcultura
impregnada nas polícias: a ideia de que precisam fazer justiça com as
próprias mãos. Talvez quebrar esse paradigma e fazer uma polícia mais
humana e mais próxima dos cidadãos seja o maior desafio do gestor de
segurança brasileiro. É possível afirmar que os nossos profissionais de
polícia fazem muito com o pouco que têm e que são por vezes injusti-
çados, porém é necessário investir nessas mudanças, pois facilitarão o
serviço dos operadores, tornando-os muito mais eficientes.
Planejamento estratégico 55
Nos horários comerciais, em que há maior possibilidade de assal-
tos, ou nos horários em que crimes mais graves realizados por quadri-
lhas organizadas são verificados com maior frequência, caso coincidam
com os horários de menor efetivo de radiopatrulha previsto (horário
com menos chamadas 190), as tropas táticas (3º esforço) devem estar
nas ruas para o devido apoio. Em conjunto, devem ser desencadeadas
operações específicas, oriundas de levantamentos de inteligência, para
tirar de circulação esses indivíduos e proteger os policiais que atuam
em equipes com menor capacidade de reação.
56 Consultoria em Segurança
2.3.1 Diagnóstico e avaliação estratégica
Construir um diagnóstico, definindo o cenário existente e os pro-
blemas advindos de cada ambiente da empresa, é o ponto inicial de
um planejamento estratégico. Segundo Chiavenato (2003 apud CAE-
TANO; SAMPAIO, 2016, p. 118), a análise de ambiente é fundamental,
uma vez que os cenários afetam a estrutura e o funcionamento pre-
sente e futuro das organizações. O exame detalhado dos ambientes
interno e externo da empresa é essencial na prospecção de aconteci-
mentos futuros e na definição dos objetivos para adaptá-los a possí-
veis acontecimentos.
Planejamento estratégico 57
A avaliação estratégica é o momento de avaliar se a estratégia esco-
lhida está alcançando os objetivos propostos e se está trazendo os re-
sultados esperados. É o processo pelo qual se comparam os objetivos
pretendidos com os resultados alcançados.
Forças Fraquezas
Devem ser avaliados: Devem ser avaliados:
• As experiências e as competências das • A falta de recursos financeiros ou de bens
pessoas que integram a organização. materiais.
• Os recursos financeiros de que a • A indisponibilidade do quantitativo necessário
organização dispõe para suas demandas. ou de pessoas com determinada competência
• Os atrativos e o portfólio de serviços ou para a realização das missões da organização.
de produtos que a organização tem a • A falta de método ou os problemas
oferecer. operacionais internos.
• A imagem e a liderança da instituição ou • A deficiência na definição do foco ou dos
de seus membros perante os clientes e principais produtos e serviços oferecidos.
concorrentes. • Os problemas mais severos de imagem da
organização diante de seu público-alvo.
MATRIZ
SWOT
Oportunidades Ameaças
Devem ser avaliados: Devem ser avaliadas:
• A proximidade dos colaboradores do • As “subculturas” organizacionais arraigadas,
público-alvo, tornando mais fácil o principalmente quanto à necessidade de
reconhecimento de sua demanda. mudanças.
• O desenvolvimento de novos serviços, • A imprevisibilidade de fatores externos,
mediante a implementação de novas principalmente no que tange aos cenários
estruturas ou da rearticulação das já econômico e social.
existentes. • A diversificação do crime em relação
• As parcerias estabelecidas com outras específica ao cliente que se está
empresas. atendendo.
58 Consultoria em Segurança
2.3.1.2 Ciclo PDCA
O ciclo PDCA é outra ferramenta de gestão composta de quatro
fases: planejar, executar, controlar e agir. Na fase de planejamento, é
realizado o diagnóstico da empresa (por meio da matriz SWOT), após
isso deverão ser definidas as metas e as medidas a serem adotadas
para alcançá-las, e, finalmente, os planos de ação para a adoção de
tais medidas.
Planejamento estratégico 59
com certa experiência. Isso nos remete à teoria das janelas quebradas,
um experimento estadunidense em que um grupo de psicólogos da
Universidade de Stanford, em 1982, selecionou um bairro de classe
baixa e outro de classe alta, nos quais deixaram um veículo abandona-
do sem placas e com o capô aberto. No bairro mais pobre, o carro foi
“depenado” após menos de dez minutos. No de classe alta, ficou sem
ser tocado por uma semana. Um dos pesquisadores resolveu quebrar
uma janela do veículo com um martelo e poucas horas depois foi igual-
mente “depenado”. O questionamento feito aos pesquisadores sobre
o motivo do resultado foi respondido afirmando que o ato não está
ligado a menor ou maior poder aquisitivo, mas ao aspecto psicológico.
Com isso, chegou-se à conclusão que, em relação à segurança, quando
detalhes preventivos não são observados, ou pequenos delitos não re-
sultam em punição, criminosos maiores se sentem mais seguros para
atuar (WILSON; KELLING apud CAETANO; SAMPAIO, 2016, p. 135).
60 Consultoria em Segurança
tivessem o mesmo nível de segurança, mas sempre haverá pondera-
ções sobre limitações financeiras.
Planejamento estratégico 61
2.5.1 Identificação de perdas
De acordo com Meireles (2010), existem causas geradoras de per-
das em todos os setores das empresas, porém em algumas áreas,
como estoque, financeiro, administrativo, comercial e produtividade,
as perdas se potencializam.
2.5.1.1 Estoque
Principalmente na área de varejo, o consultor deverá atentar às
causas mais comuns de perdas nesse setor, que são os furtos inter-
nos e externos, falhas em processos operacionais e administrativos
que geram diferenças nas conferências e fraudes de fornecedores e
transportadoras.
62 Consultoria em Segurança
punir o funcionário que, propositadamente, gasta mais do que deveria
ou faz mal uso de ferramenta ou máquina, a ponto de gerar prejuízo,
existem alguns programas que podem prevenir esses acontecimentos,
além de criar uma cultura de zelo e apoio ao empresário.
•• Endomarketing
Essa denominação vem das iniciais das cinco palavras que com-
põem o programa escritas em japonês: Seiri (organização), Seiton (orde-
nação), Seiso (limpeza), Seiketsu (educação) e Shitsuke (disciplina).
Planejamento estratégico 63
A limpeza torna o local mais saudável, e a criação de regras para que
cada etapa torne a ser executada constantemente e o treinamento espe-
cífico do pessoal, nesse sentido, configuram a educação. A disciplina é a
última etapa e se refere ao cumprimento das regras, o que consolida o 5S.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma empresa ou instituição que não sabe aonde quer chegar e,
mesmo que tenha metas claras, não conhece a si mesma o suficiente
para atingi-las, está fadada ao fracasso. Além disso, quando tratamos
de uma das áreas mais sensíveis, como é o caso da área de segurança,
essas afirmações se potencializam. O padrão técnico descrito no pre-
sente capítulo para a construção de um planejamento adequado deve
ser seguido sistematicamente para um resultado satisfatório.
ATIVIDADES
1. Qual é a principal diferença a ser considerada na construção de
um planejamento estratégico para as áreas de segurança pública e
segurança privada?
64 Consultoria em Segurança
REFERÊNCIAS
CAETANO, I. C.; SAMPAIO, P. P. P. Planejamento estratégico e administração em segurança.
Curitiba: Intersaberes, 2016.
MEIRELES, N. R. M. Processos e métodos em: prevenção de perdas e segurança patrimonial.
São Paulo: Sicurezza, 2010.
MEIRELES, N. R. M. Gestão estratégica do sistema de segurança: conceitos, teorias, processos
e prática. São Paulo: Sicurezza, 2011.
MEIRELES, N. R. M. Liderança do gestor de segurança: visão estratégica dos processos de
segurança. São Paulo: Sicurezza, 2012.
LANGEANI, B. et al. Segurança pública e gestão da atividade policial. São Paulo: Biografia,
2019.
VIEIRA, T. A.; VENDRAMINI, P. Polícia de proximidade: governança pública na prática.
Florianópolis: Papa-livro, 2018.
Planejamento estratégico 65
3
Análise de riscos em segurança
e análise criminal
Conhecer métodos e técnicas para identificar, mensurar e pre-
venir riscos na área empresarial ou atividades criminosas de modo
geral deve ser um objetivo primordial na composição dos conheci-
mentos de um bom consultor.
Trabalhando com as ferramentas corretas, eliminamos o em-
pirismo. Desse modo, a atuação irá atingir metas palpáveis, am-
paradas em estudos e sistemas que poderão apontar, de maneira
objetiva, as ameaças para a potencialização dos meios disponíveis.
Portanto, neste capítulo, veremos alguns exemplos de métodos de
análise de riscos e procedimentos adequados para a implementa-
ção de análise criminal, tanto para aferição de dados quanto para
a aplicação judiciosa dos meios de maneira proativa.
66 Consultoria em Segurança
o futuro era um espelho do passado ou o domínio obscuro
de oráculos e adivinhos que detinham o monopólio sobre o
conhecimento dos eventos previstos.
NicoElNino/NikWB/Shutterstock
recebimento de
dentre outros. Aqui fica técnicas, ou seja, as negociações
valores contratados,
tácita a necessidade à incapacidade de passíveis de falhas
caracterizados,
de que o consultor em a empresa resistir documentais e
principalmente pela
segurança também explore ou identificar contratuais, podendo
possibilidade de
campos da administração matematicamente até mesmo acarretar
inadimplência.
de empresas para a sua seus gargalos e ilegalidades.
atuação. intercorrências.
Fir
e o
fh
ear
t/S
hu
tt
e rs
toc
k
Descrição de processos Avaliação de
Identificação de e recursos críticos processos
processos e recursos Após identificados os Depois de identificar e
críticos processos e recursos, é descrever os processos,
Primeiro, é preciso necessário responder é necessário compará-
percorrer toda a a algumas perguntas a los com processos
cadeia gerencial e respeito deles, tais como: de outras empresas
contatar todos os Qual é o papel desse de sucesso ou novas
chefes operacionais processo dentro da doutrinas apresentadas,
responsáveis pelos empresa? para tentar identificar
principais processos possíveis causas de
Quais fatores críticos para
que influenciam os problemas, estabelecer
o sucesso ele influencia?
fatores mais críticos metas para melhoria,
para o sucesso. Isso Quais recursos serão treinar a equipe com as
pode demandar necessários? novas decisões, colocar
muitas reuniões e até Quais pessoas são em prática o que foi
desmembramentos de necessárias? estabelecido e fazer
macroprocessos. Quanto tempo levará sem análises de resultados
atrapalhar a produção? constantemente.
68 Consultoria em Segurança
Conhecendo as características dos principais tipos de riscos e dos ca-
minhos mais adequados para identificá-los, juntamente com os processos
e recursos definidos como críticos para a empresa, os próximos passos
para estabelecer os procedimentos proativos a serem executados visando
à prevenção se tornarão mais naturais e sem maiores demandas.
RISCO
Falha de
Desvio interno
qualidade Grande circulação
Comercialização
Atividade de pessoas
do produto
RCTR Mercado paralelo Falha de
Sabotagem Equipamentos equipamento
Situação do
crime no Brasil ligados 24h
Figura 2
Estrutura de árvore de falhas mais complexa
Perdas inesperadas e
catastróficas nos negócios
ou
Riscos
assumidos
Lapsos e
omissões
ou ou
Sistema de
Barreiras e
Políticas Implementação avaliação de Aperfeiçoamentos
controles
risco
Livro
Para ampliar seus conhe- Fonte: Brasiliano, 2003a, p. 40.
cimentos sobre gestão de
No momento em que se aferem os fatores de risco, o consultor deve
riscos, leia a obra Manual
de Análise de Risco: para investigar suas origens e produzir uma tabela com esses dados. A ori-
segurança empresarial,
gem vai depender do ramo da empresa, do que é produzido, da sua
de Antonio Celso Ribeiro
Brasiliano, que também é localização e, se tratando do ponto a ser visto pelo consultor em segu-
autor criador de sistemas
rança, o nível de segurança preexistente, o perfil dos colaboradores e
próprios de gestão de
risco, já utilizados em o controle interno.
algumas empresas.
Como exemplos, podemos citar: roubos, em que a origem pode ser
BRASILIANO, A. C. R. São Paulo:
Sicurezza, 2003. a presença de grande quantidade de dinheiro em espécie no local, ín-
70 Consultoria em Segurança
dice de criminalidade muito alto na região onde a empresa está ins-
talada, procedimentos precários de segurança interna, despreparo da
equipe de segurança, dentre outros; o vazamento de informações de-
vido ao lançamento de novos produtos em um mercado muito compe-
titivo, nesse caso em que o fator humano é preponderante; e, por fim,
incêndios e outros acidentes que podem ser causados por imprudência
ou negligência de colaboradores, sabotagem, equipamentos com ma-
nutenção inadequada etc.
P = N/T
Em que:
Exemplo
Em uma cidade com 20 lojas e uma média de roubos de 12 por
mês, qual é a probabilidade do risco de cada loja?
P = N/T
Temos:
P = 12/20
Logo, P = 0,60
Ou seja, P = 60%.
X = média
X = Xi/n
72 Consultoria em Segurança
A partir da média aritmética, podemos calcular o desvio padrão (re-
presentado por “S”) para entender o grau percentual de probabilidade
de o resultado diferir do padrão real, conforme explicado a seguir:
Exemplo
ANO Nº de ROUBOS
2015 08
2016 12
2017 10
2018 07
2019 13
Portanto:
X = 8+12+10+7+13 = 10
5 anos
S = √ 26 = √ 5,2 = 2,28
5
Assim, o desvio padrão é 2,28 roubos para mais ou para me-
nos em relação à média, obtendo uma referência de 7 a 12 roubos
por ano, aproximadamente.
(Continua)
CV = 22,8%
Tabela 1
Função
ESCALA PONTUAÇÃO
MUITO GRAVEMENTE 5
GRAVEMENTE 4
MEDIANAMENTE 3
LEVEMENTE 2
MUITO LEVEMENTE 1
74 Consultoria em Segurança
O segundo critério é a substituição (S), que se refere ao prejuízo
em bens e da facilidade ou não em substituí-los. A aferição pode feita
da seguinte maneira:
Tabela 2
Substituição
ESCALA PONTUAÇÃO
MUITO DIFICILMENTE 5
DIFICILMENTE 4
SEM DIFICULDADES 3
FACILMENTE 2
MUITO FACILMENTE 1
Tabela 3
Profundidade
ESCALA PONTUAÇÃO
MUITO GRAVES 5
GRAVES 4
LIMITADAS 3
LEVES 2
MUITO LEVES 1
Tabela 4
Extensão
ESCALA PONTUAÇÃO
DE CARÁTER INTERNACIONAL 5
DE CARÁTER NACIONAL 4
REGIONAL 3
LOCAL 2
DE CARÁTER INDIVIDUAL 1
Tabela 5
Probabilidade
ESCALA PONTUAÇÃO
MUITO ALTA 5
ALTA 4
NORMAL 3
BAIXA 2
MUITO BAIXA 1
ER = M x Pe
M=I+D
76 Consultoria em Segurança
A classe do risco é a quarta fase do Método de Mosler e tem a fina-
lidade de comparar os resultados atingidos nas fases anteriores para
determinar essa classificação, conforme a tabela a seguir:
Tabela 6
Classe do risco
78 Consultoria em Segurança
ções. Não há muito consenso nos estudos criminológicos, mas em
todas as correntes de pensamento podemos identificar uma una-
nimidade: o crime tem muitas causas, naturezas diversas e não se
reduz à criminalidade sem atacar, simultânea e eficazmente, todas
essas causas.
80 Consultoria em Segurança
3.4 Operacionalização da análise criminal
Vídeo As estratégias tradicionais de aplicação de policiamento, normal-
mente, são pautadas em aumento de efetivo, diminuição do tempo de
atendimento e aumento no número de prisões. A aplicação de méto-
dos corretos de análise criminal para nortear os planejamentos induz a
respostas pautadas em patrulhamentos preventivos nas áreas corre-
tas, onde há uma maior concentração de crimes. Além da prevenção,
também direciona cirurgicamente a aplicação dos esforços voltados à
repressão direta das ações delituosas, executada por tropas especiali-
zadas, agindo pontualmente no combate a crimes específicos, ou seja,
estamos nos referindo à correta alocação de recursos e à otimização
dos investimentos financeiros que cada instituição possui.
82 Consultoria em Segurança
3.4.1.1 Fontes de dados
As indicações da fonte dos dados publicados e do ano da con-
sulta ou da edição são informações indispensáveis em análise cri-
minal para credibilidade.
84 Consultoria em Segurança
Além das coordenadas geográficas, os sistemas podem ser ali-
mentados com endereços normais, nomes de ruas e números de resi-
4 4
dências, porém, nesse caso, a corretude na alimentação do sistema
é essencial. Por exemplo, nos sistemas que utilizam os boletins de Estado ou maneira de fazer ou
ser correto(a).
ocorrência da polícia como fonte de dados, o endereço deverá estar
completo, pois, no casos em que não consta o número da casa ou o
cruzamento com outra rua, o sistema selecionará a metade da exten-
são da rua como sendo o local da ocorrência. No caso de ruas muito
extensas, esse ponto onde, teoricamente, teria ocorrido uma situação,
ficará muito distante do local real do acontecimento.
ATIVIDADES
1. O que é benchmarking e quando pode ser utilizado?
REFERÊNCIAS
BRASILIANO, A. C. R. Manual de análise de risco: para segurança empresarial. São Paulo:
Sicurezza, 2003a.
BRASILIANO, A. C. R. Manual de Planejamento: gestão de riscos corporativos. São Paulo:
Sicurezza, 2003b.
SANTOS, A. M. Criminalidade: causas e soluções. Curitiba: Juruá, 2009.
SOARES, P. Alerta geral: violência, criminalidade e segurança pública no Brasil. Curitiba:
Livraria do Chain Editora, 2003.
DIMENSTEIN, G. O complexo de Itamar. Folha de São Paulo. São Paulo, 8 ago. 1994.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/8/08/opiniao/5.html. Acesso em:
10 ago. 2020.
86 Consultoria em Segurança
4
Gestão de recursos humanos
para a área de segurança
Por ser essencialmente prestador de serviço, o segmento da
segurança acaba vinculando a qualidade dos seus produtos di-
retamente ao que seus integrantes são capazes de desenvolver.
Apesar da grande evolução dos equipamentos eletrônicos na pre-
venção de crimes, sempre haverá alguém operando e analisando
um sistema.
Observando o alto grau de importância que é conferido às
pessoas envolvidas nos processos desempenhados por esse setor
do mercado, faz-se necessário um estudo específico para o aper-
feiçoamento de todos os detalhes de gestão dos seus recursos
humanos, incluindo seleção, treinamento, ensino continuado e
controle do desempenho dos colaboradores, bem como a análise
dos limites que a lei impõe no que diz respeito às exigências míni-
mas para a contratação de novos funcionários.
88 Consultoria em Segurança
Livro
Essa realidade nos mostra que o consultor em segurança deve
Recursos humanos no
focar sua atenção nos efetivos dedicados a esse ofício. Quando se setor da segurança: o que
analisa a situação em que se encontra o desempenho dos setores você precisa saber é um
dos livros mais completos
de segurança de uma empresa ou os resultados de uma corporação sobre recursos humanos
de segurança pública, é necessário considerar o perfil dos colabo- na área de segurança.
Escrito por profissionais
radores existentes e criar mecanismos para a leitura desse desem- atuantes no setor, essa
penho, principalmente no setor privado. Enquanto a legislação não obra pode colaborar com
os seus estudos, pois
é aperfeiçoada no sentido de ampliar as exigências mínimas para trata especificamente do
inclusão, podem-se verificar necessidades de treinamentos extras, tema e traz ricos detalhes
a respeito de cada um
atualizações profissionais em relação a procedimentos novos, estí- dos tópicos aqui apresen-
mulo ao estudo para melhorar a capacidade intelectual de alguns tados.
colaboradores que não tiveram oportunidades anteriores, entre ou- MEIRELES, N. R.; CÉSARE, F. Rio de
Janeiro: Taba Cultural, 2005.
tros procedimentos.
90 Consultoria em Segurança
provas de conhecimento ou capacidade, testes psicométricos, testes de Glossário
personalidade e técnicas de simulação (dinâmica de grupo).
testes psicométricos:
No setor público, existem planos de carreira que contemplam as testes que aferem características
psicológicas específicas para
possibilidades de progressão. No setor privado, pode haver seleções uma profissão.
internas nas empresas, seguindo os mesmos princípios daqueles uti-
lizados na contratação, porém, no caso de funcionários com tempo
considerável de serviço disputando cargos de maior responsabilidade
e remuneração, devem-se levar em conta as avaliações de desempe-
nho dos concorrentes atribuindo-se a elas peso mais elevado que os
demais critérios.
rança, gestores de empresas e corporações públicas encontram gran- FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
des dificuldades para adequar os tempos necessários às instruções e
92 Consultoria em Segurança
as tomadas de decisão. Como ensina Meireles (2012), no caso de
indicadores de desempenho do sistema de segurança, grande parte
dos dados necessários é proveniente de sistemas de informações.
Portanto, deve-se atentar à acuracidade dos dados fornecidos pelo
sistema a fim de se garantir que os indicadores representem o real
desempenho das atividades de segurança.
94 Consultoria em Segurança
as chefias para possíveis ações ou respostas a demandas políticas
e da imprensa.
96 Consultoria em Segurança
a necessidade de diretrizes organizacionais muito claras e objetivas,
ditando as normas sobre quem, como e quando se deve inspecionar
o fluxo de informações, bem como manter a segurança desses dados
restringindo o acesso de pessoas não autorizadas a determinados lo-
cais e documentos, controlando senhas etc. Para tanto, esses colabora-
dores necessitam do apoio dos dispositivos técnicos, que completam
o sistema e correspondem aos aparelhos de vigilância eletrônica, como
câmeras de boa qualidade e HDs com capacidade suficiente de arma-
zenamento, controles de acesso eletrônico por meio de cartões, senhas
ou digitais, portas blindadas, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste capítulo foi enfatizar que cabe ao consultor em segu-
rança a importante tarefa de aperfeiçoamento dos processos de gestão
de recursos humanos nas empresas e nas instituições públicas. Também
demonstramos que o profissional que opera nessa área é, certamente, a
principal engrenagem de todo esse sistema.
A valorização do indivíduo, a melhoria no treinamento e o ensino con-
tinuado são as vigas mestras para sustentar o desempenho dos colabo-
radores, possibilitando que se atinja o que é esperado pelos clientes, e
sempre será o melhor de cartão de visita.
Mantendo essas características, o resultado será, indubitavelmente, o
engrandecimento do nome das corporações prestadoras do serviço de
segurança.
98 Consultoria em Segurança
ATIVIDADES
1. Qual é o principal gargalo da segurança privada na questão de recursos
humanos?
REFERÊNCIAS
BRASILIANO, A. C. R. A (in)segurança nas redes empresariais: a inteligência competitiva e a
fuga involuntária das informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.
CAETANO, C. I.; SAMPAIO, P. P. P. Planejamento estratégico e administração em segurança.
Curitiba: Intersaberes, 2016.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000.
MEIRELES, N. R. Liderança do gestor de segurança: visão estratégica dos processos de
segurança. São Paulo: Sicurezza, 2012.
MEIRELES, N. R.; CÉSARE, F. Recursos humanos no setor de segurança: o que você precisa
saber. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2005.
YusufOzluk/Shutterstock
optar por um padrão específico devido a algum
risco preexistente. Por exemplo, se comparar-
mos um muro de concreto com um alambrado,
temos a resistência do muro contra a
fragilidade do alambrado, no entanto o
Cerca de um
muro não permite visualização externa alambrado.
do perímetro, ao contrário do alambra-
do. Além de questões técnicas, como a
citada no exemplo, também deve ser
considerada a diferença de custo entre
FotoAndalucia/Shutterstock
as duas barreiras. Para definir o que
é mais adequado, temos que analisar
as variáveis de cada local para saber o
que melhor se ajusta e atinge um bom
custo/benefício. Muro de uma penitenciaria.
ACESSO DE
SEGURANÇA
CLAUSURA
OU ECLUSA
PORTÃO 1
hu
tte
rstoc
k
Simplicidade Flexibilidade Dinamismo Adequação Precisão
de resgate,
rtoc
regime político
ii/S
ou social.
sov
segurança. pessoais.
rew
And
Mosca: é um dos
principais integrantes
da equipe por ser o
Precursor ou
Agentes de Motorista: integrante agente que ficará mais
agente avançado:
segurança: aqueles especialista da próximo à pessoa
são os operadores
que constituem a equipe, que deve protegida e tem
que fazem o
unidade básica da deter conhecimentos a missão de
reconhecimento
equipe e trabalham sobre direção protegê-la com
antecipado de
em números variados, defensiva, ofensiva e o próprio corpo
ock
itinerários e locais que
de acordo com a evasiva, mecânica e se necessário
tert
serão visitados ou
hut
formação prevista pelo formação de escoltas for, além da
ii/S
servirão de instalação
itck
chefe da segurança. motorizadas. incumbência de retirar
para o VIP.
sov
o VIP do cenário de
Kra
rew
ameaça o mais rápido
And
possível.
Figura 2
Formação solo
Arcady/Shutterstock
MOSCA
VIP
Figura 3
Formação
homem-ponta
Arcady/Shutterstock
MOSCA
VIP
PONTA
Arcady/Shutterstock
a possibilidade de movimentações do ponta
e do mosca para a direita ou esquerda do
VIP, mas sempre se posicionando à sua volta,
lembrando uma letra L. Essa formação oferece RETAGUARDA
Figura 5
Formação linear PONTA
Arcady/Shutterstock
Figura 6
MOSCA Formação diamante
Arcady/Shutterstock
VIP
MOSCA
PONTA
2 VIP 3
Figura 7
Formação quadrado
Arcady/Shutterstock
4 3
MOSCA
VIP
2 1
Figura 8
Formação em “V”
Arcady/Shutterstock
MOSCA
VIP
2 1
Fonte: Elaborada pelo autor.
Segurança patrimonial e segurança pessoal 113
As escoltas veiculares podem ter muitas formatações,
considerando o tipo de autoridade em questão. Comboios podem
contar com cinco veículos ou mais; batedores possuem motocicletas
que fazem fechamentos de ruas para que não seja necessário parar em
cruzamentos; além de possíveis ambulâncias para socorro imediato
da autoridade, caso necessário. Porém, a indicação mínima é de dois
veículos, sendo o da frente responsável pela condução do VIP, que
se posiciona no banco traseiro do lado direito, com o motorista e
o mosca nos bancos dianteiros, e o veículo de trás, composto de
quatro agentes de segurança. Conforme se aumenta o número de
veículos, é possível elevar o nível de segurança alocando mais um
à frente do veículo principal, fazendo a ponta do deslocamento, e
assim sucessivamente. Destaca-se que veículos blindados aumentam
consideravelmente a segurança e a possibilidade de sobrevivência
em uma situação de ataque.
Quadro 1
Grupos de risco
•• Campo 4:
•• Campo 5:
•• Campo 6:
•• Campo 7:
Figura 9
Plano de segurança É o campo que traz informações sobre o que foi obser-
vado, e a parte em que serão consignadas todas
as observações e recomendações para cada
Controles item checado, dividindo-os por área,
de acesso como perímetro, segurança física, equi-
Prevenção de
pamentos, procedimentos etc.
incêndio Comunicação
Documentação
SIGILOSO
RAZÃO SOCIAL:
Objetivos gerais e específicos: deve ser descrito o que se
PLANO DE SEGURANÇA n.
pretende atingir ao serem implementadas as medidas que
serão desenvolvidas pela equipe de segurança.
DADOS DA EMPRESA:
1. SITUAÇÃO
2. OBJETIVOS GERAIS
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Recursos físicos: descrição de equipamentos e reformas
necessárias para tornar a segurança adequada.
4. RECURSOS FÍSICOS
5. RECURSOS HUMANOS E TREINAMENTO
6. EXECUÇÃO
7. INVESTIMENTO Recursos humanos e treinamento: estabelecer o número
8. PRESCRIÇÕES DIVERSAS necessário de colaboradores e os treinamentos, tanto para
quem for contratado como para aqueles que já façam parte
DATA E ASSINATURA do quadro de funcionários.
•• Puxa-fila
•• Fecha-fila
•• Vistoriador
•• Sinalizador
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atenção constante aos detalhes, a manutenção das medidas
preventivas e a utilização dos equipamentos adequados são as
premissas mais enfatizadas neste capítulo. Todos os ataques a
instalações e pessoas, salvo raras exceções, não foram executados com
aviso prévio e não foram detectados com a antecedência necessária a
uma reação tempestiva. Aqueles que puderam ser evitados foram frutos
do cumprimento rígido das normas de segurança e dos protocolos.
ATIVIDADES
1. O que abrange o perímetro de uma instalação?
REFERÊNCIAS
BARBOSA, J. Gestão de segurança patrimonial: como avaliar e preparar um plano de
segurança. São Paulo: Globus, 2012.
MEIRELES, N. R. M.; SANTOS, V. L. Trajetória e evolução da segurança empresarial. São Paulo:
Sicurezza, 2011.
2 Planejamento estratégico
1. A principal diferença é a gestão da própria verba. Na segurança
pública, algumas instituições não possuem independência financeira e
dependem das previsões dos governadores, decisões das secretarias
das quais fazem parte, além de enfrentar restrições legais para poder
adquirir bens e contratar serviços. Na área privada, os empresários
podem fazer previsões mais precisas do que poderão realizar, o que
facilita o atingimento de seus objetivos.
Gabarito 125
5 Segurança patrimonial e segurança pessoal
1. O perímetro de uma instalação é a área externa localizada em todo o
seu entorno, as barreiras físicas e o espaço livre da parte interna do
terreno até a edificação.