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Psicologia Geral e
Psicofarmacologia
Autoria: Fábio Roberto Tavares,
Iandra Holzmann,
Jacqueline Leire Roepke,
Kevin Daniel dos Santos Leyser e
Marcus Vinicius Pereira dos Santos Nascimento
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.° Fábio Roberto Tavares,
Prof.ª Iandra Holzmann,
Prof.ª Jacqueline Leire Roepke,
Prof.° Kevin Daniel dos Santos Leyser e
Prof.° Marcus Vinicius Pereira dos Santos Nascimento
T231f
Tavares, Fábio Roberto
Fundamentos de psicologia geral e psicofarmacologia. / Fábio
Roberto Tavares et.al. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
256 p.; il.
ISBN 978-65-5663-951-2
ISBN Digital 978-65-5663-952-9
1. Psicologia. – Brasil. I. Tavares, Fábio Roberto. II. Holzmann,
Iandra. III. Roepke, Jacqueline Leire. IV. Leyser, Kevin Daniel dos Santos.
V. Nascimento, Marcus Vinicius Pereira dos Santos. VI. Centro Universitário
Leonardo Da Vinci.
CDD 150
Impresso por:
Apresentação
O presente Livro Didático tem como objetivo sistematizar os elemen-
tos básicos da disciplina de Fundamentos de Psicologia Geral e Psicofarma-
cologia, o qual proporcionará um contato com os principais tópicos, autores,
obras, normas e regulamentações da área, além dos instrumentos necessá-
rios não apenas para acompanhar a disciplina ofertada, mas também para os
estudos autônomos posteriores.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
LEMBRETE
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 102
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 187
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 255
UNIDADE 1 —
PSICOLOGIA GERAL E OS
DOMÍNIOS DO SABER
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.
CHAMADA
1
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TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
O QUE É A PSICOLOGIA?
1 INTRODUÇÃO
O termo psicologia deriva das raízes gregas psique, que significa “alma”
ou “mente”, e logos, que significa “pensamento, razão ou palavra”. A psicologia
é, literalmente, o estudo da mente ou alma. No final de 1800 e início de 1900, a
psicologia foi definida como o estudo científico da mente. Por volta de 1920, os
psicólogos se desencantaram com a ideia de estudar a mente. Primeiro, a ciên-
cia lida com o que podemos observar e ninguém pode observar uma mente. Em
segundo lugar, falar sobre “a mente” parecia implicar que a mente era uma coi-
sa com uma existência independente. A maioria dos pesquisadores considera a
mente um processo, mais como um incêndio do que como o pedaço de madeira
que está sofrendo o fogo. De qualquer forma, até meados dos anos 1900, os psi-
cólogos definiram seu campo simplesmente como o estudo do comportamento.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Neste primeiro tópico vamos explorar alguns pontos gerais sobre a psi-
cologia, introduzir questões filosóficas centrais e descrever o que os psicólogos
fazem. Após esta primeira parte deste tópico, vamos apresentar uma visão pano-
râmica da história da psicologia e seu status atual.
Você está pronto para iniciar esta aventura de descobertas? Vamos lá!
2.1 “DEPENDE”
O termo “depende” significa aqui que poucas declarações se aplicam ao
comportamento de todas as pessoas em todos os momentos. Por exemplo, quase
qualquer declaração depende da idade. Recém-nascidos diferem drasticamente
de crianças mais velhas e crianças diferem de adultos. Quase qualquer compor-
tamento varia entre os indivíduos, dependendo de sua genética, saúde, experiên-
cias passadas e se eles estão atualmente acordados ou dormindo. Alguns aspec-
tos do comportamento diferem entre homens e mulheres ou entre uma cultura e
outra. Alguns aspectos dependem da hora do dia, da temperatura da sala, ou de
quão recentemente alimentou-se. A maneira como as pessoas respondem a uma
pergunta depende exatamente de como a pergunta é formulada, de quais outras
perguntas já́ respondeu e de quem está fazendo a pergunta.
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIAL
questão séria. O segredo é saber em que as coisas dependem. Quanto mais você
aprofundar seus estudos em psicologia, mais você vai entrar em sintonia com a
riqueza de influências sobre o nosso comportamento, algumas das quais são tão su-
tis que podem ser facilmente ignoradas. Para dar um exemplo, décadas atrás, dois
laboratórios de psicologia em diferentes partes dos Estados Unidos estavam reali-
zando estudos semelhantes sobre a aprendizagem humana, mas consistentemente
relatando resultados contraditórios. Ambos os pesquisadores tinham experiência
e eram altamente respeitados, eles pensavam que estavam seguindo os mesmos
procedimentos e não compreendiam por que os seus resultados eram diferentes.
Eventualmente, um deles viajou para a universidade do outro para ver o outro em
ação. Quase imediatamente, ele notou uma diferença fundamental no processo: as
cadeiras em que os participantes se sentaram! Seu colega na outra universidade
tinha obtido algumas cadeiras de um dentista que havia se aposentado. Assim,
os participantes da pesquisa estavam sentados em cadeiras de dentista, o que os
faziam lembrar de visitas ao dentista. Eles estavam sentados em um estado de an-
siedade elevada, o que alterou seu comportamento (KIMBLE, 1967).
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIAL
Será que isso vale para o comportamento humano? Somos, afinal, parte
do mundo físico, e nossos cérebros são feitos de substâncias químicas. De acordo
com a suposição determinista, tudo o que fazemos tem causas. Este ponto de
vista parece entrar em conflito com a impressão que todos nós temos de que "Eu
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
tomo as decisões sobre minhas ações. Às vezes, quando estou tomando uma de-
cisão, como o que vou comer no almoço ou qual camisa vou comprar, eu fico em
dúvida até o último segundo. A decisão poderia ter ocorrido de uma ou de outra
maneira. Eu não fui controlado por nada e ninguém poderia ter previsto o que
eu faria". Esta crença de que o comportamento é causado pelas decisões indepen-
dentes de uma pessoa é conhecida como livre-arbítrio.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIAL
os clientes) tem um PsyD (doutor em Psicologia), grau que geralmente exige me-
nos experiência de pesquisa do que um PhD, todavia um período semelhante
de treinamento. Alguns trabalham com mestrado (intermediário entre um grau
de bacharel e doutorado), mas as oportunidades são mais limitadas. No Brasil, a
graduação em Psicologia é mais generalista. A duração do curso é de cinco anos.
Após a graduação, o profissional poderá escolher uma formação mais específica
fazendo uma especialização, mestrado ou doutorado.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIAL
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
O motivo foi que ela tinha glândulas suprarrenais defeituosas, que se-
cretam hormônios que permitem que o corpo retenha o sal (VERREY; BERON,
1996). Ela ansiava por sal porque tinha que consumi-lo rápido o suficiente para
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIA?
repor o que ela perdeu em sua urina. Muitas vezes somos alertados para limitar
nossa ingestão de sal por razões de saúde, mas muito pouco de sal também pode
ser perigoso. Mais tarde, a investigação confirmou que os animais com defici-
ência de sal mostram imediatamente uma alta preferência por sabores salgados
(ROZIN; KALAT, 1971). Aparentemente, tornar-se deficiente em sal faz com que
os alimentos salgados tenham um gosto especialmente bom (JACOBS; MARK;
SCOTT, 1988). As pessoas frequentemente relatam ânsias por sal depois de per-
der sal por hemorragias ou transpiração.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
4.2.2 Psiquiatria
A psiquiatria é um ramo da medicina que lida com distúrbios emocionais.
Para se tornar um psiquiatra, alguém primeiro deve obter uma formação em me-
dicina e, em seguida, leva uns quatro anos adicionais de treinamento de residên-
cia em psiquiatria. Psiquiatras e psicólogos clínicos fornecem serviços similares
para a maioria dos clientes: eles escutam, fazem perguntas e tentam ajudar usan-
do diversas técnicas. Os psiquiatras, no entanto, são médicos clínicos e, portanto,
podem prescrever medicamentos, tais como tranquilizantes e antidepressivos,
enquanto que, na maioria dos lugares, os psicólogos não podem. Em alguns esta-
dos dos Estados Unidos, permitem agora que psicólogos com formação especia-
lizada adicional prescrevam medicação. Mais psiquiatras do que psicólogos clí-
nicos trabalham em hospitais psiquiátricos e os psiquiatras com mais frequência
tratam clientes com doenças graves.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Você também pode ter ouvido falar acerca de psicólogos forenses, aque-
les que prestam aconselhamento e consulta para policiais, advogados, tribunais ou
outras partes do sistema de justiça criminal. Os psicólogos forenses são, em quase
todos os casos, treinados como psicólogos clínicos ou de aconselhamento, com for-
mação adicional em questões jurídicas. Eles ajudam com decisões tais como se um
réu é mentalmente competente para ser julgado ou se alguém elegível para liberda-
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIA?
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
4.3.2 Ergonomia
Aprender a operar o nosso maquinário cada vez mais complexo é uma das
lutas perenes da vida moderna. Às vezes, as consequências podem ser graves. Ima-
gine um piloto de avião que tem a intenção de baixar o trem de pouso e, em vez dis-
so, levanta os flaps das asas. Ou um trabalhador em uma usina de energia nuclear
que não consegue perceber um sinal de alerta. Em um campo da psicologia, um er-
gonomista, ou especialista em fatores humanos, tenta facilitar o funcionamento das
máquinas para que as pessoas comuns possam usá-las de forma eficiente e segura.
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIA?
5 TIPOS DE PSICÓLOGOS
No quadro a seguir, apresentamos um resumos de algumas das principais
áreas da psicologia, incluindo várias que não foram discutidas.
Exemplo de interesse ou
Especialização Interesse Geral
tópico de pesquisa
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIA?
Por enquanto, tudo bem. Mas quais serão as perguntas que você deverá
investigar? Uma boa pergunta de pesquisa é tanto interessante quanto respondí-
vel. Se ela não pode ser as duas coisas ao mesmo tempo, ela deve pelo menos uma
ou outra. Em 1880, como é que você escolheria um tema de pesquisa? Você não
poderia obter ideias de investigação a partir de um periódico psicológico porque
a primeira edição não seria publicada até o próximo ano. Além disso, seria escrito
em alemão. Você não poderia seguir a tradição de pesquisadores anteriores por-
que não houve pesquisador anterior. Você estaria por conta própria.
DICAS
Para obter informações adicionais sobre a história da psicologia, leia o livro intitu-
lado História da Psicologia, organizado por Regina Freitas (2008), disponível on-line no seguinte
endereço: <https://bit.ly/2ZPKcZl>. Outra boa obra é a de Duane e Sydney Schultz (2009). Para
explorar a história da psicologia no Brasil, leia o livro de Antunes (1999) e o artigo de Soares (2010).
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIA?
vir algo que não é o mesmo de quando o evento de fato ocorreu. A interpretação
de Wundt era que uma pessoa precisa de cerca de 1/8 de segundo para deslocar a
atenção de um estímulo para outro.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
James tinha pouca paciência com a procura dos elementos da mente. Ele se
concentrou no que a mente faz e não no que ela é. Ou seja, em vez de tentar isolar os
elementos da consciência, ele preferiu aprender como as pessoas produzem com-
portamentos úteis. Por essa razão, chamamos sua abordagem de Funcionalismo.
Ele sugeriu os seguintes exemplos de boas perguntas psicológicas (JAMES, 1890):
James propôs respostas possíveis, mas fez pouca pesquisa de sua própria
autoria. Sua principal contribuição foi inspirar pesquisadores posteriores para
resolver as questões que ele postulou.
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIAL
No entanto, medir a inteligência animal acabou por ser mais difícil do que
parecia. Muitas vezes, uma espécie parecia obtusa em uma tarefa, mas brilhante
em outra. Por exemplo, em uma pesquisa realizada por H. D. Giebel, as zebras
são geralmente lentas para aprender a se aproximar de um padrão em vez de
um outro para o alimento, a menos que os padrões forem listras estreitas versus
listras largas e, nesse caso, elas se destacam (HANGGI, 1999). Os ratos parecem
incapazes de encontrar comida escondida sob um objeto que parece diferente dos
outros, mas eles facilmente aprendem a escolher o objeto que cheira diferente dos
outros (LANGWORTHY; JENNINGS, 1972).
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
çar luz sobre questões evolutivas (PAPINI, 2002), mas nenhuma medida se aplica
a todos. Um golfinho é nem mais nem menos inteligente do que um chimpanzé,
é simplesmente inteligente de maneiras diferentes.
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TÓPICO 1 — O QUE É A PSICOLOGIA?
Os psicólogos hoje também ampliaram seu escopo para incluir mais da di-
versidade humana. Em seus primeiros anos, por volta de 1900, a psicologia era mais
aberta a mulheres do que a maioria das outras disciplinas acadêmicas, mas, mesmo
assim, as oportunidades para as mulheres eram limitadas (MILAR, 2000). Mary
Calkins, uma das primeiras pesquisadoras da memória, foi considerada como a
melhor aluna de pós-graduação do departamento de psicologia de Harvard, mas
foi-lhe negado um PhD porque Harvard insistia em sua tradição de concessão de
graus só para homens (SCARBOROUGH; FUROMOTO, 1987). Ela, no entanto, ser-
viu como presidente da Associação Americana de Psicologia, assim como Margaret
Washburn, outra mulher importante nos primeiros anos da psicologia.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
O que vai ser da psicologia no futuro? Nós não sabemos, é claro, mas
presumimos que irá refletir as necessidades das mudanças na humanidade. Al-
gumas tendências prováveis são previsíveis. Os avanços na medicina permitiram
que as pessoas vivam mais tempo e os avanços na tecnologia lhes permitiram
construir onde costumava haver florestas e zonas úmidas, permitiram-lhes aque-
cer e esfriar suas casas, viajar de carro ou avião para locais distantes e comprar
e descartar um número enorme de produtos. Em suma, estamos rapidamente
destruindo o nosso meio ambiente, utilizando recursos naturais e poluindo o ar
e a água. Mais cedo ou mais tarde, irá ser tornar necessário, diminuir a popula-
ção ou diminuir o uso dos recursos por uma pessoa comum (HOWARD, 2000).
Convencer as pessoas a mudarem seus comportamentos é uma tarefa tanto para
a política quanto para a psicologia.
Não podemos, é claro. Nos próximos tópicos desta unidade, assim como
das outras duas unidades deste material, você vai ler sobre a pesquisa psicológica,
especificamente sobre o fenômeno religioso. Essas pesquisas mostrarão como a
investigação cuidadosa, cautelosa, que se acumulou em muitos casos, pode ofere-
cer uma evidência forte, todavia, você sempre está convidado a entreter dúvidas.
Talvez algumas perguntas dos psicólogos não são tão simples como parecem,
talvez algumas de suas respostas não são tão sólidas. Talvez você possa pensar
em uma maneira melhor de abordar certos temas. Os psicólogos têm melhores
evidências e conclusões mais sólidas do que costumavam, mas, ainda assim, eles
não têm todas as respostas.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
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• Campos não clínicos de aplicação incluem a psicologia industrial/organiza-
cional, a ergonomia e a psicologia escolar.
• Clark Hull exerceu uma grande influência sobre a psicologia por vários anos.
Eventualmente, sua abordagem tornou-se menos popular porque os ratos em
labirintos não pareciam gerar respostas simples ou gerais para as questões
principais.
34
• Antes, eram os psiquiatras que forneciam quase todos os cuidados para as
pessoas com distúrbios psicológicos. Após a Segunda Guerra Mundial, a psi-
cologia clínica começou a assumir grande parte deste papel.
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AUTOATIVIDADE
a) ( ) Livre-arbítrio.
b) ( ) Determinismo.
c) ( ) Empirismo.
d) ( ) Relativismo.
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( ) O dualismo como explicação do problema mente-cérebro é atualmente a
melhor proposta para entendermos a relação entre estas duas dimensões da
constituição humana, pois, é coerente com a lei da conservação da matéria.
( ) O problema da natureza-criação refere-se à dificuldade de estabelecer com
precisão as causas de determinados comportamentos, características da perso-
nalidade e transtornos psicológicos como sendo da genética ou do ambiente.
( ) Podemos verificar, por meio de técnicas de imageamento, a atividade
cerebral com grande precisão, o que mostra uma relação estreita entre
eventos psicológicos e tais atividades, permitindo maior compreensão do
problema mente-cérebro.
a) ( ) F – V – F – V.
b) ( ) F – F – F – V.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) V – V – F – F.
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TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Tales de Mileto (640-548 a.C.) foi um dos primeiros filósofos gregos a susten-
tar que tudo era constituído por uma substância básica: a água. Heráclito (535- 475
a.C.), por outro lado, sustentava que todas as coisas que existem no cosmos se cons-
tituem pelo fogo e a realidade é um eterno devir. Para ele, tudo no mundo é instável
sobre transformações, processos como o psicológico. Demócrito (460-370 a.C.) sus-
tentou que o cosmos é constituído por átomos de alma e átomos de corpo (ambos
materiais), que permanecem em movimento. Os pensamentos e atos humanos, todos
os acontecimentos naturais, são determinados de forma rígida e se movem de acordo
com uma lei (materialismo, determinismo). Anaxágoras (499-428 a.C.) afirmava que
nada é permanente e fixo; tudo está sobre uma mudança relacional. Há, portanto, um
princípio ordenador no universo, semelhante à inteligência humana.
Nesse sentido, Sócrates não desprezou o corpo para valorizar a alma. Pelo
contrário, para o filósofo, a alma só podia ser melhor compreendida se olhada
juntamente ao corpo. A principal preocupação de Sócrates era levar as pessoas,
por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
NTE
INTERESSA
Essa crença passou para várias escolas filosóficas da Grécia Antiga (Pitágoras, Empédocles, Pla-
tão), todavia, a importância que alguns filólogos e filósofos dos primeiros decênios do século XX
atribuíram ao O. na determinação das características da filosofia grega não é mais reconhecida.
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TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
NTE
INTERESSA
Você sabia que o filósofo Aristóteles foi contratado para cuidar da educação
de Alexandre, o Grande?
Recentemente, a escritora Annabel Lyon (2010) lançou um livro que recria a relação entre
o filósofo e o imperador, colocando o foco na vida de Aristóteles, reconhecido como um
dos fundadores da filosofia ocidental. A narrativa tem início quando Aristóteles se vê força-
do a adiar o sonho de suceder Platão como o líder da Academia em Atenas para atender
ao pedido de Filipe, da Macedônia, tornando-se tutor de seu filho, Alexandre.
No início, o filósofo fica horrorizado com a perspectiva de ficar preso naquele lugar distante
e atrasado de sua infância, mas logo se sente atraído pelo potencial intelectual do menino e
por sua capacidade de surpreender. O que não se sabe é se suas ideias foram suficientes para
a cultura guerreira incutida em Alexandre desde menino. A obra O filósofo e o imperador in-
vestiga como o gênio de Aristóteles afetou o garoto que iria conquistar o mundo conhecido.
Nesse período, o homem era visto como criatura de Deus, como um ser
definido na relação com o transcendente. O homem é pensando sob a perspec-
tiva teológica cristã, e, portanto, toda a cultura se estrutura no entorno de uma
racionalidade bíblica, na qual a atividade filosófica deveria estar submetida aos
desígnios da fé. A antropologia patrística se desenvolveu nos dois primeiros sé-
culos da civilização ocidental, em oposição a algumas correntes filosóficas que
tinham como base o gnosticismo. O gnosticismo representava um desafio para a
antropologia patrística, pois pregava um dualismo que implicava na condenação
da matéria como um princípio do mal.
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
NTE
INTERESSA
O maniqueísmo é uma doutrina do sacerdote persa Mani, que viveu no século III e se pro-
clamou o paracleto — aquele que devia conduzir a doutrina cristã à perfeição. É uma mistura
imaginosa de elementos gnósticos, cristãos e orientais, sobre as bases do dualismo da reli-
gião de Zoroastro. Admite dois princípios: um do bem, ou princípio da luz, e outro do mal,
ou princípio das trevas. No homem, os dois princípios são representados por duas almas: a
corpórea, que é a do mal, e a luminosa, que é a do bem. Pode-se chegar ao predomínio da
alma luminosa por meio de uma ascese particular, a qual consiste em três selos: abstenção
de se alimentar de carne e de manter conversas impuras; a abstenção da propriedade e do
trabalho; e abster-se do casamento e do concubinato. Seu grande adversário foi Santo Agos-
tinho, que dedicou grande número de obras a sua refutação (ABBAGNANO, 2007).
Agostinho de Hipona afirma que o ser humano tem pela razão (inteli-
gência) uma abertura para a verdade e pela vontade uma abertura para o bem.
Nesse sentido, a dimensão interior do ser humano busca a verdade e o bem, pois
todos os homens estão abertos a esse encontro. O ser humano, por sua vez, busca
constantemente a verdade e que o bem possa dar sentido a sua existência, para
se manter em constante descoberta e desvendamento dos mundos interior e exte-
rior. Para Agostinho, quanto maior o afastamento do homem de si próprio, me-
nor será sua possibilidade de encontrar a verdade e o bem. O ser humano deve,
então, partir em busca da verdade no mais íntimo de si, pois poderá encontrar
nesta relação seu sentido.
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TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
NOTA
47
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Para realizar uma reflexão satisfatória sobre religião, o cientista da área deve
possuir cultura ampla e geral, um conhecimento básico a respeito dos diálogos das
várias ciências com a religião, isto é, uma visão abrangente. Concomitantemente,
é necessário se aprofundar na sua área. Embora pareça contraditório, o campo das
ciências da religião apresenta uma peculiaridade: não basta que o cientista domine
sua área e a relação desta com a religião. É imprescindível que todos os integrantes
das ciências da religião construam conhecimentos suficientes de filosofia, teologia,
sociologia da religião, antropologia da religião, história da religião, dentre outros
saberes relacionados à religião, como a psicologia (PINTO, 2008).
48
TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
Vianna (2014) ensina que a religião se apresenta como uma rede de símbolos,
permeando e construindo a cultura. Com o passar dos séculos, os símbolos, de tan-
to serem compartilhados, repetidos, usados com sucesso nos mais diversos grupos
humanos, nós os reificamos, passamos a tratá-los como se fossem coisas. Passaram
a constituir a realidade e não foram mais encarados como hipóteses da imaginação,
perpetuando, assim, de geração em geração, ideias de crença e de conduta.
Para Vianna (2014), questionar o que é religião ou o que significa ser religio-
so marcou trajetórias desde o princípio, perante tais estudos. A palavra latina reli-
gio significa algo realizado com atenção minuciosa ou escrupulosa para o detalhe e
desse uso passou a designar o que entendemos por religião, devido ao modo como
foram feitos os sacrifícios nos tempos antigos. O filósofo e poeta Lactâncio (240-320)
afirmava que o termo religião vem de religare, ou seja, “religar” os seres humanos a
Deus. Mais tarde, Agostinho de Hipona, em sua célebre obra A Cidade de Deus (426)
diz que religio deriva de religere, ou seja, "reeleger". Para Agostinho, por meio da
religião, a humanidade reelegia de novo a Deus, do qual se tinha separado. Bowker
(2000) assinala para o fato de que as religiões unem as pessoas em práticas e crenças
comuns, aproximando-as por meio de um objetivo de vida.
Bowker (2000) afirma que a palavra latina cultus (que significa adoração
aos deuses ou a um ser supremo) está na origem dos termos culto e cultura. Para
o autor, culto e crença constituem o fundamento da cultura. Dessa maneira, a cul-
tura é a fonte de proteção nas religiões. Com seus diferentes modelos de crenças
e práticas, as religiões seriam os mais primitivos sistemas culturais que se tem co-
nhecimento acerca da proteção e criação dos filhos, como da continuidade genéti-
ca. As religiões se constituíram de memórias cheias de significados que marcaram
a evolução humana, passando, de geração em geração, símbolos, rituais, temores
etc. Temos estabelecida uma carga histórica devido aos cultos, às divindades pra-
ticadas desde os primórdios da história humana.
49
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Por esse motivo, os cientistas desta área do saber precisam ter boas noções
de tantas disciplinas. Estudar religião é muito complexo e para que o olhar sobre
o objeto não seja reducionista, é necessário dialogar com vários campos. Acres-
centar o olhar da psicologia ao binômio “ciência e religião” favorece a compreen-
são da extensão da ciência natural e biológica para a ciência humana, e da dimen-
são psicológica que liga o cientista à religião e o religioso à ciência (PAIVA, 2002).
Por outro lado, Belzen (2006) admite que o propósito da psicologia da reli-
gião é utilizar os instrumentos psicológicos (teorias, conceitos, insights, métodos
e técnicas) para analisar e compreender a religião. Nesse sentido, a psicologia da
religião deve ser neutra diante de seu objeto. Para ele, a psicologia da religião não
pretende promover nem combater a religião, apenas analisá-la e entendê-la. Não
é uma psicologia religiosa, da mesma maneira que também a chamada psicologia
pastoral não pode ser qualificada como uma psicologia da religião.
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TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
NTE
INTERESSA
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
NOTA
Lev Vygotsky foi um psicólogo bielorrusso que realizou diversas pesquisas na área
do desenvolvimento da aprendizagem e do papel preponderante das relações sociais nesse
processo, o que originou uma corrente de pensamento denominada socioconstrutivista.
Após sua morte, suas ideias foram repudiadas pelo governo soviético e suas obras proibidas en-
tre 1936 e 1958, durante a censura do regime stalinista. Em consequência, seu livro Pensamento
e linguagem foi lançado no Brasil somente em 1962 e A formação social da mente em 1984.
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TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
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UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
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TÓPICO 2 — PSICOLOGIAS: FILOSOFIA, RELIGIÃO E ARTE
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para Sócrates, a alma é uma espécie de lugar, de morada para a areté, o que
possibilita medir o homem segundo a dimensão interior em que reside a ver-
dadeira grandeza humana.
58
• O ano de 1879 marcou o surgimento da psicologia, com a inauguração do
Laboratório de Psicologia Experimental da Universidade de Leipzig, na Ale-
manha.
• As religiões se firmam por meio das narrativas, nas quais a informação é co-
locada em palavras, liturgias, festivais e peregrinações.
59
AUTOATIVIDADE
61
62
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
63
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
NTE
INTERESSA
Metafísica ou filosofia primeira constitui a parte mais importante de toda doutrina filosó-
fica, já que investiga os princípios e causas últimas da realidade, a essência do ser ou "o
ser como ser". Seu estudo deve partir de uma análise formal e abstrata da realidade e se
denomina ontologia ou metafísica geral.
NOTA
Juntamente a Charles Sanders Peirce e John Dewey, é considerado uma das principais
figuras associadas à escola filosófica conhecida como pragmatismo; também é citado
como um dos fundadores da psicologia funcional.
65
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Para Abib (2009, p. 205), sob essa ótica, pode-se afirmar que “a elucidação
do projeto científico da psicologia se faz à luz de sua constituição histórica. O
projeto científico da psicologia é constituído por tensões no âmbito da epistemo-
logia da ciência, da metafísica, da visão de mundo, da ideologia, dos interesses
intelectuais, dos contextos acadêmicos”.
67
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Nos estudos sobre a histeria, Freud não levou em consideração que por
detrás das neuroses não atuam excitações efetivas de natureza genérica, mas
somente de caráter sexual, tratando-se de conflitos sexuais atuais ou passados.
Assim, o hipnotismo revelava a Freud a existência de certas forças até então des-
conhecidas, conseguindo ele observar um mundo diferente, de modo a ampliar
suas pesquisas.
68
TÓPICO 3 — PSICOLOGIAS, PSICANÁLISES, PSIQUIATRIAS: ENTRE O ORGÂNICO E O PSÍQUICO
Por meio das livres associações à técnica analítica de Freud, foi possível
identificar o que estava oculto nos sonhos. Logo, foi possível descobrir nas raí-
zes ocultas dos sonhos impulsos reprimidos que, devido à reduzida vigilância
exercida pelo ego consciente durante o sono, o sonho procura satisfazer: o sonho
constitui a realização de um desejo, de desejo que a consciência reputa criticá-
vel ou talvez vergonhoso e que tende a repudiar com indignação. Contudo, a
ação repressora do ego não cessa inteiramente durante o sono. Uma parte dela
permanece ativa, como censura onírica (censura do sonho), proibindo ao desejo
69
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
70
TÓPICO 3 — PSICOLOGIAS, PSICANÁLISES, PSIQUIATRIAS: ENTRE O ORGÂNICO E O PSÍQUICO
71
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Sendo assim, Freud concebe o ser humano como biopsicossocial. Seus estu-
dos e pesquisas fizeram surgir uma nova compreensão do ser humano, como um
animal dotado de razão imperfeita e influenciado por seus desejos e sentimentos.
Em sua concepção, a contradição entre os impulsos e a vida em sociedade gera no
ser humano um tormento psíquico. Suas teorias e seus tratamentos foram contro-
versos à época e continuam sendo exaustivamente debatidos. A teoria desse pes-
quisador é de enorme importância para a atual psicologia e segue se desenvolven-
do por meio de estudos e práticas clínicas, com psicanalistas que o sucederam.
4 A PSIQUIATRIA E A CIÊNCIA
A etiologia orgânica e a utilização de drogas químicas constituem o campo
de atuação e o discurso da psiquiatria atual. Há diferentes abordagens, como a psi-
canalítica e os estudos psicopatológicos, que apontam outros caminhos e explicações
para os distúrbios psíquicos. Os meios de comunicação e de divulgação insistem em
publicar as descobertas médicas que prometem alívio para qualquer tipo de sofri-
mento psíquico. As notícias afirmam como verdade que tais sofrimentos psíquicos
são doenças orgânicas e suas causas foram recentemente descobertas, assim como os
medicamentos que as curam. Para tanto, a psicopatologia é vista como uma área de
conhecimento que pertence naturalmente ao campo epistêmico da medicina.
Mais do que no terreno da teorização, no entanto, é no cotidiano
da prática médica que a abordagem do fenômeno psicopatologia
como doença tem sido grandemente reforçada pelas recentes e bem
sucedidas descobertas de drogas que atuam de forma eficiente na
eliminação ou abrandamento de muitos dos sintomas das chamadas
doenças mentais. Esse inegável ganho prático obscurece e até mesmo
exclui da discussão especializada o objetivo inaugural da investigação
psicopatológica, cuja ambição é a de alcançar o esclarecimento sobre
a origem, natureza e diferenciações entre as muitas expressões dessas
doenças. O tratamento a ser dado ao sofrimento psíquico fica então
reduzido aos limites da busca de alívio imediato; ou, pior ainda,
condenado à conclusão de que "isso não é nada": nada que possa ser
explicado por uma causa orgânica (SCHWARTZMAN, 1997, p. 33).
72
TÓPICO 3 — PSICOLOGIAS, PSICANÁLISES, PSIQUIATRIAS: ENTRE O ORGÂNICO E O PSÍQUICO
FIGURA 11 – PSIQUIATRIA
73
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Esses autores destacam que tanto a psiquiatria como a psicologia são le-
gítimas e necessárias como práticas humanas para atender ao sofrimento mental
do homem. Todavia, a questão são os pressupostos teóricos e metodológicos que
sustentam suas práticas. Afirmam, ainda, que é preciso uma mudança de para-
digma para uma experiência “puramente empírica em uma abordagem pragmá-
tica e teleológica, que observa o homem por meio de um olhar sensível e criativo,
em que a experiência se constrói conforme o referencial fenomenológico: o senti-
do da realidade é perceptual, é o lugar para onde nossas consciências se dirigem”
(ABRAMOV; JÚNIOR, 2016, p. 555).
74
TÓPICO 3 — PSICOLOGIAS, PSICANÁLISES, PSIQUIATRIAS: ENTRE O ORGÂNICO E O PSÍQUICO
NOTA
A psiquiatria forense é o ramo da psiquiatria que lida com esta área em relação à lei. O profissional
atua em tribunais, nos casos em que há dúvida sobre a integridade mental dos indivíduos. Seu
trabalho é o de avaliar a capacidade do suspeito para atos da vida civil e se podem ser responsabi-
lizados criminalmente, de acordo com o seu estado mental. Para isso, o profissional necessita de
um treinamento específico, o qual deve ser reconhecido pela Associação Brasileira de Psiquiatria.
75
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A psicologia foi proposta como ciência, no final do século XIX, por Wilhelm
Wundt e William James.
• Wundt defende a tese de que a psicologia científica não deve se envolver com
a metafísica.
76
• O psicanalista é, também, um intérprete de sonhos, ou seja, deve atuar refazen-
do o caminho em direção ao conteúdo latente dos sonhos, cheio de significados,
a partir do conteúdo manifesto que se apresenta muitas vezes insensato.
• Freud concebe o ser humano como biopsicossocial e afirma que a psiquiatria bus-
ca causas orgânicas, enquanto a psicanálise postula a historicidade do corpo.
77
AUTOATIVIDADE
79
80
TÓPICO 4 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Contudo, a psyche não possui uma lógica concreta — não é um corpo orgânico,
nem é vista objetivamente. Por conta disso, na medida em que o século XX se aproxi-
mou, a psicologia foi severamente criticada por ser área do conhecimento com falta de
objetividade. É importante salientarmos que, naquela época, os laboratórios estavam
em alta e o possível de ser constatado em laboratório era considerado verdadeiro.
81
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
82
TÓPICO 4 — OS OBJETOS DE ESTUDO E OS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PSI
ATENCAO
DICAS
Para saber mais sobre esse assunto, que tal ler O novo espírito científico, de
Gaston Bachelard (1978)? Está disponível em: <bit.ly/3a4GnyR>.
83
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
84
TÓPICO 4 — OS OBJETOS DE ESTUDO E OS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PSI
85
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
PROFISSÃO E TEMPO EM
NOME LEGADO CARACTERÍSTICAS
ORIGEM QUE VIVEU
Relacionada com os
Um fundador daconceitos de
Alfred Psicólogo psicologia do subjetividade, alma e
De 1870 a 1937
Adler austríaco desenvolvimento
introspecção.
individual. Apresenta prática
clínica.
Relacionada com os
conceitos de
Carl Psiquiatra e
Fundou a psicolo- subjetividade, alma e
Gustav psicoterapeuta De 1875 a 1961
gia analítica. introspecção.
Jung suíço
Apresenta prática
clínica.
86
TÓPICO 4 — OS OBJETOS DE ESTUDO E OS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PSI
Elaborou estudos
sobre fenômenos Relacionada com os
Médico,
psicossomáticos. conceitos de
psicanalista e
Wilhelm Prestava atenção subjetividade, alma e
cientista De 1897 a 1957
Reich aos processos introspecção.
natural
orgânicos e Apresenta prática
austriaco
energéticos do clínica.
corpo humano.
Contribuiu para a
Relacionada com os
Psicanalista, elaboração de uma
conceitos de
escritor, psicoterapia foca-
subjetividade, alma e
Otto Rank professor e De 1884 a 1939 da no "aqui e ago-
introspecção.
terapeuta ra", que dá ênfase
Apresenta prática
austriaco à mente conscien-
clínica.
te e à vontade.
Relacionada com os
Desenvolveu a
conceitos de
Friederich Psicoterapeuta abordagem
subjetividade, alma e
Salomon e psiquiatra De 1893 a 1970 chamada de
introspecção.
Perls alemão psicoterapia
Apresenta prática
Gestalt-terapia.
clínica.
Relacionada com os
conceitos de
Jacques Criou novos
Psicanalista subjetividade, alma e
-Marie De 1901 a 1981 conceitos, técnicas
francês introspecção.
Emile Lacan e metodologias.
Apresenta prática
clínica.
FONTE: Adaptado de Serbena e Raffaelli (2003)
Acadêmico, você notou que a última coluna ficou idêntica em todos eles?
Por mais que estes pensadores do campo psi divergissem das proposições de
Freud, as abordagens elaboradas mantiveram características similares. Alguns
deles eram judeus, portanto, supostamente exista relação entre a concepção que
possuíam da subjetividade/alma aos conteúdos que os textos considerados sagra-
dos do judaísmo apresentam.
Durante a leitura desse material, você percebeu o vai e vem dos objetos de
estudo? Até aqui, parece que numerosas psicologias foram elaboradas, tornando-
se adversárias ou concorrentes. Não podemos dizer que a psicologia possui uma
unidade; parece uma área sinuosa, hesitante, discrepante e diversa. Será que esta
área busca uma unificação?
Serbena e Raffaelli (2003) acrescentam que Freud não parecia muito aber-
to a modificações em seu modo de pensar. Doravante tudo indica que este não
era o único pensador da área psi apresentando resistências. Muitas teorias foram
constituídas como um discurso fechado em si, não admitindo a apreciação crítica.
Se Freud fosse o único inflexível entre os pensadores psi, teríamos a psicanálise e
a psicologia, no entanto, temos psicanálises e psicologias.
Até faz sentido que as psicologias sejam plurais, pois o ser humano é com-
plexo e apresenta diversidade! A existência humana é composta por inúmeras
contradições, tensões e conflitos.
89
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Como você conseguiu notar, a psicologia está engatinhando, pois é uma área
recente e em expansão. Além disso, ainda há muitas pessoas que consideram psico-
logia coisa para “doidos”, ou que psicólogo é médico de “loucos”. Muitos se recusam
a ir ao psicólogo por acreditarem que ir ao consultório é admitir ser uma pessoa de-
siquilibrada, ou com sérios problemas. Na realidade, a psicologia é para todos, pois
possui por intuito promover a saúde e/ou propiciar o desenvolvimento psicossocial.
Como se não bastasse esse dilema entre ser ciência ou não, a psicologia se
debateu entre os modos de prática científica ou acadêmica e a clínica (SERBENA;
RAFFAELLI, 2003).
Ainda atualmente, os psicólogos trabalham para "[...] sua afirmação como pro-
fissão, a construção do conhecimento científico e técnico nas diversas áreas de atuação
e a busca por espaço no mercado de trabalho" (MAZER; MELO- SILVA, 2010, p. 293).
4 SUBJETIVIDADE
A noção de subjetividade chega à psicologia por intermédio da psicanáli-
se. Inicialmente, a subjetividade era caracterizada como algo interior, particular e
subjetivo de uma pessoa. No entanto, ultrapassa a noção de identidade, pois esta
está atrelada a ser idêntico, ao passo que a subjetividade se distingue por sua co-
notação de diversidade, de ser diferente. Com o passar do tempo, foi considerada
uma instância, influenciada por aspectos históricos, sociais e políticos (PRADO
FILHO; MARTINS, 2007).
90
TÓPICO 4 — OS OBJETOS DE ESTUDO E OS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PSI
FONTE: A autora
Não pode ser algo que não possui um núcleo, um centro? Será que a sub-
jetividade paira em torno da pessoa ou é simplesmente uma condição histórica e,
portanto, inconclusa e inconstante? A subjetividade precisa mesmo ter uma forma
material, natural, biológica e genética, ou a subjetividade pode ser um movimento,
algo que não é concreto? Ela poderia ser algo virtual, similar a um efeito holográfico?
Talvez, nesta altura dos estudos você esteja intrigado com a seguinte
questão: qual é a origem da subjetividade? Afinal, de modo aparente, não é trans-
mitida hereditariamente. De acordo com Prado Filho e Martins (2007), a subjetivi-
dade se produz no movimento, nas interações que o sujeito vai vivenciando com
as pessoas, com os objetos, com as circunstâncias.
91
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
TUROS
ESTUDOS FU
Ao final desta unidade, você encontrará um artigo que aborda o conceito de sub-
jetividade. Recomendamos a leitura, pois ele cita a abordagem fenomenológica e resgata outras
teorias que vimos ao longo dos estudos, como a psicanálise e a comportamental (behaviorismo).
Além disso, o artigo retoma aspectos de articulação entre psicologias e filosofia. Boa leitura!
92
TÓPICO 4 — OS OBJETOS DE ESTUDO E OS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PSI
DICAS
93
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA GERAL E OS DOMÍNIOS DO SABER
Mazer e Melo-Silva (2010) propõem que a área psi passe por reflexões
para além de seu objeto de estudo. A sociedade demanda alterações por parte
da psicologia enquanto profissão. A quantidade de pessoas que procuram pelos
profissionais da área psi requer intervenções que sejam mais dirigidas ao coleti-
vo, em conformidade com a realidade brasileira. Assim, é necessário refletirmos
sobre a perpetuação de paradigmas tradicionais, voltados ao indivíduo. Há a ne-
cessidade das perspectivas sociais se sobrelevarem.
94
TÓPICO 4 — OS OBJETOS DE ESTUDO E OS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PSI
LEITURA COMPLEMENTAR
RESUMO
Pretende-se aqui discutir como os fundamentos da metafísica da subjeti-
vidade (como a concepção do eu nuclear e a dicotomização entre interioridade e
totalidade) foram hegemônicos na constituição de boa parte das teorias e práticas
psicológicas. Apontando para as contradições e para o consequente esvaziamen-
to que a premissa da subjetividade e a dicotomização da totalidade impuseram
à Psicologia, lançaremos as bases de uma psicologia fenomenológico-existencial
voltada para o social que, embasando-se na Fenomenologia e na Filosofia da Exis-
tência, possa romper com a posição substancialista e dicotômica assumida pelos
diferentes modelos em Psicologia. Para tanto, tomar-se-á a proposta fenomeno-
lógica inaugurada por Husserl e levada adiante por Heidegger, para pensar o eu
como um fluxo de vivências intencionais fundadas na imanência de uma cons-
ciência já sempre projetada para além de si ou como um campo existencial de
sentido e significados compartilhados assentado na temporalidade do ser.
A própria filosofia vem anunciando, desde o final do século XIX, uma cri-
se com relação às filosofias da subjetividade, que se mostraram a partir de certo
momento como insuficientes diante da complexidade da existência humana. Tal
crítica foi absorvida pela psicologia existencial-humanista. Como a crítica filosófi-
ca à subjetividade, as psicologias existencial-humanistas também se opunham ao
pressuposto do sujeito, seja como aparato psíquico, seja como unidade compor-
tamental, passando a denominá-lo de pessoa, a fim de, desta forma, devolver-lhe
a dignidade. Constata-se, por outro lado, que estas correntes, mesmo apontando
para uma tentativa de se articular de modo diferenciado das demais, acabaram
por recair na mesma noção de sujeito que criticavam e por manter os mesmos
referenciais idealizados pelas psicologias primeiras (Behaviorismo e Psicanálise),
as quais, com suas respectivas técnicas, visavam a produzir um maior conheci-
mento de si e estabeleciam um ideal psíquico a ser atingido. Ao mesmo tempo,
a perspectiva existencial-humanista ainda mantém a Psicologia como disciplina
cujo interesse se encontra no âmbito meramente privado.
96
TÓPICO 4 — OS OBJETOS DE ESTUDO E OS MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PSI
sentidos ao encontro da verdade e supere ao mesmo tempo de uma vez por todas
o movimento inicial da dúvida. Chega a afirmar que o homem pode conhecer o
real de modo verdadeiro e definitivo: basta que se desenvolvam as diretrizes de
um método seguro para se chegar à verdade. Busca uma certeza como base de
toda a construção do conhecimento. Passa a considerar a supremacia do sujeito
com relação à verdade e ao seu papel de fundamentação da certeza. Este sujeito,
como uma consciência encapsulada em si mesma que se relaciona com o mundo
exterior, é a gênese da moderna dicotomia entre sujeito e objeto.
99
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• A psicologia foi criticada por ter um objeto de estudo pouco preciso e subjetivo.
CHAMADA
100
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Estudo da alma.
b) ( ) Estudo do comportamento.
c) ( ) Estudo da mente.
d) ( ) Estudo da subjetividade.
a) ( ) Behaviorista.
b) ( ) Fenomenológica.
c) ( ) Gestalt.
d) ( ) Psicanálise.
3 No século XX, para alguns, o objeto da psicologia era a mente, porque a pa-
lavra alma parecia estar mais vinculada à religião. Já a palavra mente estava
associada à ideia de ânimo do corpo e pensamentos. Já Freud estava mais
interessado em ter como objeto de estudo o:
a) ( ) Percepção.
b) ( ) Comportamento.
c) ( ) Consciente.
d) ( ) Inconsciente.
4 Por volta do século XX, os psicólogos recebiam muitas críticas sobre a psi-
cologia, sobretudo em virtude das características do objeto de estudo. A
partir de então, o que os psicólogos fizeram para transformar a psicologia
em uma ciência?
101
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108
UNIDADE 2 —
AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO
PROFISSIONAL NO BRASIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
109
110
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
2 A PSICOLOGIA NO BRASIL
Ainda que a psicologia clínica seja uma das mais famosas no Brasil — e
muitos dos acadêmicos da área tenham por objetivo abrir um consultório —, não
foi ela a área pioneira no país. Podemos dizer, resumidamente, que a evolução
da psicologia enquanto profissão, no Brasil, iniciou na década de 1920, por meio
da pedagogia escolar, na medida em que conhecimentos desta ciência passaram
a ser direcionados para as demandas das escolas.
A década de 1950 teve muitos marcos para a psicologia, pois a carreira foi
institucionalizada com o início do ensino de psicologia propriamente dito. O pri-
meiro curso de psicologia foi no Rio de Janeiro e estava vinculado à área médica.
111
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
DICAS
Se você possui curiosidade em saber mais sobre a psicologia nas décadas passadas,
sugerimos a leitura da obra Psicologias do Século XX, de Edna Heidbreder (1975). Boa leitura!
112
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
113
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
DICAS
Triar casos.
Entrevistar pessoas.
Levantar dados pertinentes.
Observar pessoas e situações.
Avaliar Elaborar diagnósticos.
comportamentos Dar devolutiva.
psiquicos Investigar pessoas, situações e problemas.
Escolher o instrumento de avaliação.
Aplicar instrumentos e métodos de avaliação.
Mensurar resultados de instrumentos de avaliação.
Analisar resultados de instrumentos de avaliação.
Propiciar espaço para acolhimento de vivências emocionais
(setting terapêutico).
Prover suporte emocional.
Tornar consciente o inconsciente.
Analisar - tratar
Propiciar criação de vínculo paciente-terapeuta.
indivíduos, grupos
Interpretar conflitos e questões.
e instituições
Elucidar conflitos e questões.
Promover integração psíquica.
Promover desenvolvimento das relações interpessoais.
Promover desenvolvimento da percepção interna (insight).
114
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
Mediar conflitos.
Reabilitar aspectos corporais.
Facilitar grupos.
Elaborar processo de alta.
Propor intervenções.
Informar sobre desenvolvimento do psiquismo humano.
Orientar Orientar mudança de comportamento.
individuos, Aconselhar pessoas, grupos e famílias.
grupos e Realizar orientação vocacional.
instituições Orientar sobre programas de saúde pública.
Auxiliar na formulação de políticas públicas.
Realizar encaminhamento.
Acompanhar impactos de intervenções.
Acompanhar a evolução da intervenção.
Acompanhar a evolução do caso.
Acompanhar o desenvolvimento de profissionais em for-
Acompanhar mação e especialização.
individuos, grupos Acompanhar resultados de projetos.
e instituições
Visitar instituições e equipamentos sociais.
Visitar domicílios.
Participar de plantão técnico.
Realizar acompanhamento terapêutico.
Estudar casos.
Apresentar estudos de caso.
Ministrar aulas, cursos e palestras.
Supervisionar profissionais da área e áreas afins.
Supervisionar estagiários da área e áreas afins.
Educar individuos, Coordenar grupos de estudo.
grupos e Formar especialistas da área.
instituições Capacitar profissionais.
Desenvolver cursos para grupos específicos.
Elaborar manuais.
Propiciar recursos para o desenvolvimento de aspectos
cognitivos.
Avaliar resultados.
Investigar o psiquismo humano.
Investigar o comportamento individual, grupal e institucional.
Investigar comportamento animal.
Desenvolver
Definir problema e objetivos.
pesquisas
experimentais, Pesquisar bibliografia.
teóricas e clínicas Definir metodologias de ação.
Estabelecer parâmetros de pesquisa.
Construir instrumentos de pesquisa.
Padronizar testes.
115
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
Coletar dados.
Organizar dados.
Analisar dados.
Planejar as atividades da equipe.
Programar atividades.
Distribuir tarefas à equipe.
Trabalhar a dinâmica da equipe.
Coordenar equipes Coordenar reuniões.
e atividades Organizar eventos.
Identificar recursos da comunidade.
Avaliar propostas e projetos.
Avaliar a execução das ações.
Prestar consultoria/assessoria.
Participar de palestras, debates e entrevistas.
Participar de reuniões científicas (congressos, seminários
e simpósios).
Participar de
Participar de comissões técnicas.
atividades para
Participar de conselhos municipais, estaduais e federais.
divulgação
Participar de entidades de classe.
profissional
Fornecer subsídios a estratégias e políticas organizacionais.
Fornecer subsídios à elaboração de legislação.
Publicar artigos, ensaios, livros científicos e notas técnicas.
Elaborar pareceres, laudos e pericias.
Agendar atendimentos.
Convocar pessoas.
Organizar prontuários.
Realizar tarefas Preencher formulários e cadastro.
administrativas Elaborar projetos.
Elaborar instrumentos de avaliação administrativa.
Fazer levantamentos estatísticos.
Providenciar aquisição de material técnico.
Sistematizar informações.
Manter sigilo profissional.
Trabalhar em equipe.
Demonstrar capacidade de manter imparcialidade.
Respeitar os limites de atuação.
Demonstrar Demonstrar interesse pela pessoa/ser humano.
competências Ouvir ativamente (saber ouvir).
pessoais Demonstrar capacidade de contornar situações adversas.
Respeitar valores e crenças dos clientes.
Demonstrar capacidade de observação.
Demonstrar habilidade de questionar.
Demonstrar capacidade de raciocínio abstrato.
FONTE: Adaptado de Brasil (2002)
116
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
Agora que você possui noção de como a psicologia se constituiu no Brasil, va-
mos aprender sobre as áreas tradicionais da psicologia. Começaremos com a psicologia
clínica; na sequência, veremos a psicologia escolar/educacional; por fim, a organizacio-
nal — também conhecida como empresarial, ou psicologia do trabalho. Vamos lá?
3 PSICOLOGIA CLÍNICA
De acordo com Bastos e Gomide (1989), mais de 40% dos psicólogos brasi-
leiros trabalhavam na área de atuação clínica no final dos anos 1980. Portanto, era
a área que mais empregava profissionais da psicologia. Naquela época, também
era relativamente frequente o trabalho do psicólogo em duas áreas, sendo a clí-
nica uma delas. 60% dos psicólogos brasileiros tinham, no mínimo, um emprego
em clínica. "Esta área, certamente, deve continuar definindo a profissão para o
público externo e se constituir em forte polo de atração para os que buscam a
profissão (algo compatível com o conjunto de valores expressos nos motivos de
escolha da Psicologia) [...]” (BASTOS; GOMIDE, 1989, p. 9).
Além disso, a maior parte dos psicólogos trabalhava com psicoterapia indi-
vidual. Clínicas e consultórios consistiam em locais nos quais a maioria dos psicó-
logos brasileiros trabalhava. De mais a mais, na época, a psicologia era vista como
uma profissão liberal, mas, inclusive na área clínica, somente metade dos psicólo-
gos, nos anos 1980, trabalhavam como autônomo (BASTOS; GOMIDE, 1989).
117
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
118
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
A realidade brasileira urge para que a atuação clínica se torne uma das
propostas interventivas realizadas pelos psicólogos. Contudo, as circunstâncias
atuais não são mais compatíveis para que a maioria massiva de demandas seja
atendida pelos profissionais que atendem nos consultórios, no modelo clássico,
com viés individual. Muitos pacientes que viviam internados em hospitais psi-
quiátricos nas décadas anteriores, não recebem, atualmente, tratamentos com in-
ternação tão longa. Eles precisam ocasionalmente se deslocar aos estabelecimen-
tos de saúde e/ou aos consultórios dos profissionais que os atendem.
A desconstrução institucional do sistema hospitalocêntrico implica a
descentralização dos serviços de saúde mental e a inclusão do "social"
na pauta do cotidiano profissional, indicando modificações significa-
tivas no papel do psicólogo clínico. Questiona-se o modelo unidimen-
sional da psicoterapia individual de consultório e propõe-se um outro
119
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
DICAS
O filme intitulado Um limite entre nós é uma produção que pode ajudar em
sua reflexão sobre o sistema hospitalocêntrico. Procure assisti-lo prestando atenção em
Gabe e nas opiniões que os demais personagens emitem a respeito do que a sociedade
deve fazer com ele. Gabe, em combate na guerra, teve sua mente prejudicada e voltou
com comportamentos geradores de muita polêmica.
DICAS
121
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
122
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
DICAS
A seguir, apresentaremos duas sugestões de filmes para que você possa refle-
tir a respeito da atuação do psicólogo no contexto escolar e educacional. Perceba que a
figura do psicólogo escolar não aparece nas tramas, mas há a figura de educadores dedi-
cados e interessados nas questões psi.
123
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Taare Zameen Par mostra o caso de um menino que, aparentemente, não consegue
aprender na escola. Note o que acontece com ele quando o novo professor começa a
trabalhar na sala de aula.
Já o filme Meu nome é Rádio mostra como era a vida de um rapaz com suposta defi-
ciência intelectual antes de conhecer o professor que mudaria sua vida. É um filme que
trata do racismo, do preconceito, da persistência de um professor, da resistência de uma
turma de alunos frente ao diferente e da educação inclusiva.
124
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
DICAS
São essas críticas cabíveis? Antes de formar sua opinião sobre o assunto,
veja quais são alguns dos temas que interessam aos psicólogos do trabalho: ques-
tões subjetivas que emergem nas empresas; o trabalho — composto por sistemas
125
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
DICAS
Para inspirar suas reflexões sobre o papel da psicologia nas organizações, nas
empresas, recomendamos que você assista ao filme Beleza oculta. Preste atenção no com-
portamento do personagem interpretado por Will Smith e na mobilização que integrantes
da organização fizeram para ajudá-lo.
126
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
127
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
128
TÓPICO 1 — CAMPOS TRADICIONAIS DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
Essas competências são apresentadas nesta parte deste material para que,
desde o princípio de seus estudos sobre psicologia, você possa identificá-las e de-
senvolver sua reflexão. Sinta-se incentivado a lê-las novamente e destaque quais
devem ser fortalecidas. Pense sobre elas e no que pode fazer para desenvolvê-las
antes de passar para o próximo tópico.
Lembre-se de que o psicólogo não se forma apenas com leituras. Ele pre-
cisa pensar, refletir, buscar leituras complementares, assistir a filmes e articular
todo o conteúdo aos conhecimentos desempenhados.
129
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Via de regra, o psicólogo clínico é procurado por pessoas que estão em sofri-
mento psíquico ou confusas, angustiadas.
130
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I, II e IV.
b) ( ) I, II e V.
c) ( ) I, III e V.
d) ( ) III, IV e V.
131
Considere uma situação em que uma psicóloga é chamada pela direção de uma
escola de Ensino Médio para tratar de questões relacionadas ao preconceito e
a situações de violência a ele atreladas.
FONTE: <https://bit.ly/2YfIVKN>. Acesso em: 14 abr. 2020.
Com base nessa situação, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
PORQUE
I- Década de 1930.
II- Década de 1950.
III- Década de 1960.
132
( ) A industrialização estava em franco desenvolvimento e implantação. No
entanto, as indústrias foram se deparando com casos de "doença mental"
apresentados pelos trabalhadores. Assim, as indústrias começaram a soli-
citar o auxílio dos psicólogos no contexto profissional, marcando o início
da clínica industrial.
( ) Teve muitos marcos para a psicologia, pois a carreira foi institucionalizada
com o início do ensino de psicologia propriamente dito. O primeiro curso
de psicologia foi no Rio de Janeiro e estava vinculado à área médica.
( ) Ocorreu a regulamentação da profissão. O ensino de psicologia foi sendo
expandido. Os cursos eram voltados para o ensino de psicologia nas três
áreas: educacional, industrial e clínica.
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) III – I – II.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) I – III – II.
133
134
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
2 PSICOLOGIA DA SAÚDE
A atuação do psicólogo em ambientes de saúde é voltada aos pacientes e
se estende aos familiares. O profissional acompanha as pessoas antes que sejam
submetidas a cirurgias, também após os procedimentos, preparando o paciente
para a alta. Ele atua muitas vezes em equipe interdisciplinar, disponibilizando
cuidados aos pacientes e familiares (SILVA et al., 2019).
DICAS
Talvez você esteja curioso para descobrir o que mais o psicólogo faz nos hos-
pitais ou em outros estabelecimentos de saúde. Para que sua curiosidade comece a ser
sanada, recomendamos que assista aos filmes apresentados a seguir.
135
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
O segundo filme também é com Robin Williams e intitulado Patch Adams. Nele é demons-
trada uma nova proposta de intervenção com pessoas hospitalizadas. Trata-se da atuação
irreverente de um médico norte-americano que procurou oferecer acalento às pessoas
internadas, com doses de humor e ternura.
Ainda que esses filmes não apresentem a figura do psicólogo hospitalar em si, apresentam um
pouco da realidade hospitalar e demonstram que não há somente um modo de tratar os pacientes.
136
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
137
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
UNI
Considerando os contextos sociais e culturais nos quais se insere, estabelece estratégias de in-
tervenção com populações e grupos específicos, contribuindo para a melhoria das condições
de vida dos indivíduos, famílias e coletividades. Desenvolve ações de promoção da saúde, pre-
venção de doenças e vigilância em saúde junto a usuários, profissionais de saúde e ambiente
institucional, colaborando em processos de negociação e fomento à participação social e de
articulação de redes de atenção à saúde. Pode ainda desenvolver ações de gestão dos vários
serviços de saúde e de formação de trabalhadores, dominando conhecimento sobre a reforma
sanitária brasileira e as políticas de saúde no Brasil, a legislação e o funcionamento do SUS, ges-
tão do trabalho e Educação Permanente em Saúde, financiamento, avaliação e monitoramento
de serviços de saúde, podendo exercer funções em instâncias municipais, estaduais ou nacional.
138
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
Carvalho (2013) destaca que não há uma única psicologia da saúde. Até 1990,
a verdade da psicologia da saúde em destaque era pautada no modelo biopsicosso-
cial. A partir dos anos 1990 emergiu a psicologia da saúde crítica. Para ela, o psicólogo
é um agente social cuja pesquisa (ciência) e intervenção (profissão) é direcionada aos
aspectos éticos e políticos. Portanto, é uma perspectiva que prioriza a ética, o respeito,
a solidariedade e está atenta com as estruturas de poder da sociedade, as quais ecoam
nos estabelecimentos de saúde. Logo, além das competências pessoais apresentadas,
o psicólogo deve refletir sobre práticas em psicologia de maneira crítica.
DICAS
3 PSICOLOGIA JURÍDICA
A psicologia jurídica está relacionada ao campo do direito. Quando a área de atu-
ação do psicólogo está voltada ao fórum ou ao tribunal, é denominada psicologia forense.
É um tanto evidente que o psicólogo jurídico trabalha articulado com a legislação.
O psicólogo jurídico também pode auxiliar para que ocorra uma melhoria
dos conflitos no âmbito legal. Também há situações em que o psicólogo é nomea-
do para apresentar avaliação psicológica de uma pessoa que tenha cometido um
crime. Ele pode ser questionado sobre diversos aspectos, como se a pessoa estava
dentro de suas faculdades mentais quando cometeu o delito, se há chance de co-
meter novos crimes, se é indicada a prisão ou o hospital de custódia.
139
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
DICAS
140
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
141
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Para França (2004), a maior parte dos psicólogos jurídicos se concentra nos
campos tradicionais da área, como psicologia penitenciária, questões da infância e ju-
ventude e nas questões da família. Todavia, para a autora, são dos campos mais emer-
gentes da psicologia jurídica: a psicologia do testemunho, a psicologia policial/militar,
a psicologia jurídica e o direito cível, a proteção de testemunhas, a psicologia jurídica e
os magistrados, a psicologia jurídica e os direitos humanos e a autópsia psíquica.
DICAS
4 PSICOLOGIA DO ESPORTE
O psicólogo do esporte visa compreender como os fatores psicológicos
interferem no desempenho físico e como a participação nestas atividades afeta o
desenvolvimento emocional, a saúde e o bem-estar de uma pessoa.
142
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
DICAS
143
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
144
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
DICAS
5 PSICÓLOGO DO TRÂNSITO
O psicólogo atua no contexto do trânsito a partir de uma investigação dos
processos externos e internos que ocorrem em seu contexto. Ele realiza perícias e
laudos, formações sobre condutas e verificação de habilidades cognitivas, emo-
cionais e comportamentais.
145
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Por fim, cabe expor que há iniciativas da área que devem ser aprimoradas.
Analisemos quais Silva (2012) aponta: políticas públicas de mobilidade urbana, com
maior discussão e aprofundamento durante a graduação e a pós-graduação; par-
ticipação ativa de psicólogos (individual e coletiva) nos movimentos sociais sobre
o tema; e reflexões sobre formas de atuação profissional do psicólogo do trânsito.
DICAS
146
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
DICAS
147
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Como foi possível notar, o profissional da psicologia social lida com questões
subjetivas e simbólicas, mas também, com questões objetivas e concretas. Certamen-
te, o deslocamento de psicólogos para as comunidades gerou inovações para a profis-
são, como impulso para construir novas práticas (GONÇALVES; PORTUGAL, 2016).
DICAS
148
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
Salientamos que há mais de um filme com esse título. Nossa sugestão é o estrelado por
Gerard Butler, Michael Shannon e Michelle Monaghan. Trata-se da luta pela abertura de
um abrigo para crianças em um lugar tomado por milícias.
149
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
DICAS
Se você deseja saber mais sobre a evolução da psicologia social no Brasil, leia
o artigo intitulado Alguns apontamentos sobre a trajetória da Psicologia social comunitária
no Brasil, de Mariana Alves Gonçalves e Francisco Teixeira Portugal.
O texto está disponível em: <bit.ly/3eEzaZN>.
Além do mais, não pode chegar ao local sem ter objetivos do que deve fa-
zer. O trabalho do psicólogo, nessa situação, não pode ser apenas intuitivo; preci-
sa ter conhecimentos específicos para realizar intervenções adequadas. Paranhos
e Werlang (2015) recomendam que o psicólogo busque construir conhecimentos
na teoria da crise e na intervenção em crise, articulando as premissas às ideias da
psicologia positiva. Para tanto, as autoras recomendam que o psicólogo procure
pertencer a uma organização humanitária.
DICAS
• A Onda que mostra uma equipe de profissionais que monitoravam a situação de mon-
tanhas diante de indícios de possíveis deslizamentos que gerariam um desastre natu-
ral, dependendo da proporção.
150
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
• Titanic que retrata um dos naufrágios mais famosos da história. Você pode imaginar
de que maneira contribuiria com as pessoas, caso fosse um psicólogo voluntário.
• 1898: Los últimos de Filipinas que ilustra um conflito armado que durou meses e
dizimou muitas pessoas, incluindo habitantes da localidade. Assista à produção imagi-
nando suas atribuições como psicólogo nessas circunstâncias.
151
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
152
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
DICAS
Ficou curioso para conhecer a íntegra dessa Nota Técnica? O documento está
disponível em: <bit.ly/2RTmggE>.
Para Tavanti e Spink (2014), o psicólogo pode estar presente nas ações
preventivas, com pessoas que vivem em áreas de risco socioambiental, ou seja, o
psicólogo não precisa se apresentar apenas após o desastre. Vasconcelos e Cury
(2017) enfatizam os sentimentos de gratificação, autorrealização, que os psicólo-
gos expressam após a participação em situações de emergências e desastres. Boa
parte relata que almeja continuar trabalhando em ocorrências similares.
Por fim, vale lembrar que muitos psicólogos escolhem a profissão no in-
tento de ajudar pessoas — a área de atuação deixa isso evidente. O cuidado com
outrem se torna mais perceptível ao psicólogo e, possivelmente, alguns sintam
certo heroísmo ao participar ativamente dos acontecimentos.
153
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
• Psicologia clínica.
• Psicologia escolar/educacional.
• Psicologia organizacional e do trabalho.
• Psicologia hospitalar.
• Psicologia em saúde.
• Psicologia jurídica.
• Psicologia do esporte.
• Psicologia de trânsito.
• Psicologia social.
• Avaliação psicológica.
• Psicopedagogia.
• Psicomotricidade.
• Neuropsicologia.
E
IMPORTANT
A Resolução CFP 13/2007, em seu artigo 3°, não menciona a psicologia em saúde
e a avaliação psicológica. No entanto, consideramos melhor apresentá-las nesta parte dos
seus estudos, de forma a ampliar seu conhecimento sobre a diversidade de especialidades.
É provável que, ao ler essa lista de especialidades, você tenha se dado con-
ta de que quatro delas ainda não foram apresentadas neste livro. Agora, veremos
o que o Conselho Regional de Psicologia da 9ª Região apresenta sobre três delas.
154
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
155
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
156
TÓPICO 2 — CAMPOS EMERGENTES DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS DA ATUAÇÃO E PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
Por fim, vamos observar o que o Conselho Federal de Psicologia nos apresenta
acerca da avaliação psicológica diante da edição da Resolução CFP 18, de 2019:
157
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
UNI
A especialidade foi aprovada durante a Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças
(Apaf), que aconteceu em dezembro de 2018, em Brasília, e reúne representantes do CFP e de
todos os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs). A especialidade em Avaliação Psicológica
será contemplada na próxima Prova de Títulos do CFP, que terá edital publicado em breve.
158
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A área de emergências e desastres é uma das mais novas em nosso país, exis-
tindo diretrizes para a atividade voluntária em psicologia.
159
AUTOATIVIDADE
1 "Ora, a emergência de uma nova área de atuação do psicólogo (e, vale di-
zer, de qualquer outro profissional) depende em grande parte do trabalho
de pioneiros. Ou seja, é na medida em que psicólogos, solicitados a de-
senvolver determinada atividade, mostram competência nesta atividade e
mesmo a sua viabilidade, é que se abrem possibilidades a novos colegas.
Estas possibilidades ampliam-se no movimento de vaivém entre oferta e
demanda, típico do mercado de trabalho" (CARVALHO; SAMPAIO, 1997,
p. 14). Tendo em vista as áreas emergentes da psicologia, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) F – V – V.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) V – F – F.
d) ( ) F – V – F.
160
III- De acordo com o disposto no ECA, a aplicação de medidas socioeduca-
tivas pelo juiz deve levar em consideração a gravidade do ato, o nível de
compreensão do adolescente e a sua condição socioeconômica.
IV- Uma mudança instituída pelo ECA foi a imposição da medida socioedu-
cativa de internação a adolescentes em situação de vulnerabilidade social
como forma de proporcionar-lhes uma nova possibilidade de socialização
e acesso aos direitos fundamentais.
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e IV.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) I, II e III.
161
É CORRETO apenas o que se afirma em:
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e IV.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) I, II e III.
I- Psicologia Social.
II- Psicologia Jurídica.
III- Psicologia do Esporte.
FONTE: BOBATO, Sueli Terezinha; STOCK, Claudia Meriane; PINOTTI, Luciane Kaiser. Forma-
ção, Inserção e Atuação Profissional na Perspectiva dos Egressos de um Curso de Psicologia.
Psicol. Ensino & Form., São Paulo, v. 7, n. 2, p. 18-33, 2016.
a) ( ) II – I – III.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – I – II.
162
FONTE: CARVALHO, Maria Teresa de Melo; SAMPAIO, Jáder dos Reis. A formação do psicólo-
go e as áreas emergentes. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 17, n. 1, p. 14-19, 1997.
163
164
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
165
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Com a vinda da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, entre 1807 e 1808, ocor-
reram importantes mudanças sociais em uma cidade que se organizava sem con-
dições básicas de sobrevivência. Havia muitas doenças infecciosas, as quais se pro-
liferavam, e campanhas de higienização da sociedade começaram a ganhar força.
NOTA
166
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
NOTA
Segundo a autora, o órgão também foi responsável pela formação dos primeiros especialistas
na área da psicologia. Em 1981, sua denominação foi alterada para Instituto Superior de Estu-
dos e Pesquisas Psicossociais, mantendo-se, contudo, a sigla ISOP, sendo extinto em 1990.
167
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
168
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
E
IMPORTANT
169
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Com o passar dos anos, a profissão foi construída e forjada pelos profissio-
nais da área. Após a década de 1990, em diversos espaços, foram sendo inauguradas
práticas e novos campos, tornando a psicologia uma profissão de interesse social.
170
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
171
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Nesse sentido, o espaço público fica vazio e a segregação se torna cada vez
maior. Alguns espaços públicos passam a ser ocupados apenas por determinados
grupos sociais. A maioria das pessoas é excluída da condição de cidadão e, como
consequência, são retiradas dos processos de construção e das decisões políticas
do país. Em outras palavras, as pessoas “não construirão as condições de vida
a que estarão submetidas; não construirão soluções para as suas necessidades;
serão usuários dos serviços, das decisões, dos restos [...]” (BOCK, 2008, p. 3-4).
172
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
NOTA
Vygotski se propôs a construir uma psicologia guiada pelos princípios e métodos do materialis-
mo dialético, destinando sua produção à descrição e explicação da construção e desenvolvi-
mento do psiquismo e comportamento humano, a partir das funções psicológicas superiores
(pensamento, linguagem e consciência). A produção de Vygotski teve continuidade, na União
Soviética, com trabalhos de Luria e Leontiev e, posteriormente, passou a ser estudada em
outros países. No Brasil, sua obra ganhou espaço e se incorporou à área de psicologia social.
Atualmente, estes conhecimentos expressam diferentes leituras da obra de Vygotsky dentre
os diversos grupos que se ocupam da elaboração e construção da proposta (VALENTE, 2010).
173
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIB
174
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
LEITURA COMPLEMENTAR
176
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
Até pouco tempo atrás, para que uma revista científica fosse valorizada,
bastava estar indexada em uma boa base de dados. Atualmente, além de estar
indexada, a revista precisa ser citada por outras revistas. As revistas de uma área
formam uma rede de comunicação e ter seus artigos referendados pela comu-
nidade representa o reconhecimento do valor dos trabalhos ali publicados. No
texto científico, a literatura é a base do argumento (premissas). A literatura é ci-
tada para que o leitor possa ter acesso aos textos originais que fundamentaram
a discussão. Ao citar, o autor reconhece a obra do citado como contribuição que
177
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
embasa o novo saber explicitado e oferece o registro das obras originais, guiando
o leitor ao conhecimento anterior. Ao publicar um texto, desejamos que muitas
pessoas consultem nossa obra e aprendam com ela para que a ciência avance. A
citação é a prova que nosso texto cumpriu seu objetivo. “O fator de impacto refle-
te o uso que a comunidade científica está fazendo de certa revista” (VOLPATO,
2003, p. 58). Mesmo que seja para criticar (o que não é comum), a citação prova
que o trabalho foi importante naquela discussão.
A PCP foi uma das primeiras revistas a fazer parte dessa rede de publica-
ções. Como um exercício sobre o impacto da revista na comunidade, apresenta-
mos, a seguir, uma breve discussão dos seus indicadores de citações de PCP, de
acordo com o módulo de bibliometria do PePSIC.
178
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
179
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
Nos seis primeiros lugares do ranking das revistas mais citadas por PCP
estão revistas brasileiras reconhecidas pela comunidade. Na sétima posição, apa-
rece um título altamente especializado. Ao analisar tais citações, observamos que
apenas dois artigos, publicados no fascículo 1 do volume 29, concentram as 30
citações à revista Journal of Autism and Developmental Disorders. A observação nos
leva a alertar que estudos de citações devem ser vistos com muita cautela, pois
determinados artigos podem influenciar o número de citações e dar uma visão
distorcida do impacto da publicação. Destacamos as 17 citações no jornal Folha de
São Paulo e as 9 no Estado de São Paulo. Não temos revista de Psicologia publicada
em outro país da América Latina nas 20 posições do ranking.
180
TÓPICO 3 — O COMPROMISSO SOCIAL DA PSICOLOGIA NO BRASIL: HISTÓRIAS, DESAFIOS E CONQUISTAS
Considerações finais
O rápido exercício de análise da PCP nos últimos cinco anos permite afir-
mar que a revista vem alcançando critérios que a qualificam como revista científi-
ca de forte relevância para a área. Ao completar 30 anos, a proposta da revista é o
comprometimento com a psicologia voltada para o alívio do sofrimento humano,
mas também dedicada ao avanço da ciência psicológica.
181
UNIDADE 2 — AS PSICOLOGIAS E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
FONTE: SAMPAIO, M. I. C.; SERRADAS, A.; SANTOS, A. A. A. dos. Psicologia: Ciência e Profissão: 30
anos registrando o avanço da Psicologia Brasileira. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 30,
dez. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3iykNK5. Acesso em: 14 set. 2021.
182
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Brasil foi o primeiro país no mundo a regulamentar, por meio de lei, esta-
belecendo a psicologia como profissão e formação, por meio da Lei federal nº
4.119, de 1962.
183
• O surgimento da psicologia comunitária e a inserção e desenvolvimento da
prática dos psicólogos na saúde pública podem ser considerados aspectos im-
portantes do projeto de compromisso social.
CHAMADA
184
AUTOATIVIDADE
1 Nas primeiras décadas do século XX, havia no Brasil uma efervescência de lu-
tas políticas em prol da modernização da sociedade brasileira. Nesse cenário,
existia também um forte movimento de saída da produção agrária para o in-
gresso na modernidade, por meio da industrialização. A defesa da educação,
a difusão do ensino e das ideias da Escola Nova embasam as produções da
época e a psicologia passa a fornecer fundamentos para o desenvolvimento
das novas ideias educacionais. Sobre a relação da psicologia com a educação
na primeira metade do século XX, analise as seguintes afirmativas:
185
c) ( ) A Lei federal nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, é a responsável pela
descrição básica dos cursos de formação em psicologia, não habilitando
para o exercício profissional.
d) ( ) O Brasil é o segundo país a regulamentar a psicologia como profissão e
formação, por meio da Lei federal nº 4.119, de 27 de agosto de 1962.
186
REFERÊNCIAS
ABADE, F. L. Orientação profissional no Brasil: uma revisão histórica da produ-
ção científica. Revista brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v. 6, n. 1,
jun. 2005. Disponível em: https://bit.ly/3Fk4M48. Acesso em: 29 ago. 2021.
187
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA — CFP. Nota técnica sobre atuação de
psicóloga(o)s em situações de emergências e desastres, relacionadas com a po-
lítica de defesa civil [documento on-line]. 2013. Disponível em: bit.ly/2VqF49c.
Acesso em: 14 ago. 2021.
GORAYEB, R. Psicologia da saúde no Brasil. Psic.: Teor. e Pesq. v. 26, n. spe, 2010.
Disponível em: bit.ly/2XUi6cj. Acesso em: 02 set. 2021.
188
SAMPAIO, M. I. C.; SERRADAS, A.; SANTOS, A. A. A. dos. Psicologia: Ciência e
Profissão: 30 anos registrando o avanço da Psicologia Brasileira. Psicologia: Ciên-
cia e Profissão, Brasília, v. 30, dez. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3iykNK5.
Acesso em: 14 set. 2021.
189
VIEIRA FILHO, N. G. A prática complexa do psicólogo clínico: cotidiano e cul-
tura na atuação em circuito de rede institucional. Estudos da psicologia (Cam-
pinas), Campinas, v. 22, n. 3, set. 2005. Disponível em: https://bit.ly/2WJ9NlA.
Acesso em: 22 ago. 2021.
190
UNIDADE 3 —
PSICOFARMACOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
191
192
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Quando você sente fome, é o SNA avisando para ir comer, mas a atitude de
se levantar do sofá para buscar comida é obra do seu SNS (voluntário). Na figura a se-
guir, você conseguirá decifrar melhor como ocorrem as divisões do sistema nervoso.
193
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
FONTE: A autora
194
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Vamos citar um exemplo para você nunca mais esquecer. Digamos que
você abriu a geladeira e não havia nada para comer, você resolve então fazer
um empadão de frango (hum, deu água na boca só de imaginar, né?), pois bem,
o empadão fica pronto e no momento em que você vai abrir o forno, esquece de
colocar a luva de proteção e retira a forma com suas próprias mãos em uma tem-
peratura de 180 graus. Você dá um grito e imediatamente retira a mão que fica
levemente queimada. Agradeça aos seus neurônios aferentes, que a partir do es-
tímulo quente na pele transportaram a mensagem de queimadura até o seu SNC
que, por sua vez, deu o comando aos neurônios eferentes para você retirar a mão
imediatamente, isso tudo em uma fração de segundos.
195
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
NTE
INTERESSA
196
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
197
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
198
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
6 COMUNICAÇÃO NEURONAL
Acadêmico, a partir de agora vamos estudar como ocorre a sinalização quí-
mica, ou seja, a comunicação dos neurônios e tecido periféricos no SNA, vamos lá?
199
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
Uma dica para você se familiarizar com os termos é usar alguns esquemas
de memorização, os tais “mnemônicos”: quando você ler sobre acetilcolina na
placa motora, junção neuromuscular, sistema somático, lembre-se da musculação
da academia, ok? Pois estes termos envolvem a contração muscular voluntária e
você não vai à academia de forma involuntária, vai?
200
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
E
IMPORTANT
NOTA
202
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Edrofônio:
203
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
Pralidoxima:
Betanecol:
Antídoto dos
Usado no tratamento da
organofosforados, pois
retenção urinária.
Fisostigmina: é capaz de reativar a
Liga-se
acetilcolinesterase (AchE)
preferencialmente aos
Aumenta a motilidade inibida.
receptores muscarinicos;
intestinal e da bexiga. Incapaz de ultrapassar a
Inibe os efeitos dos barreira hematoencefácila,
Carbacol:
antidepressivos tricíclicos não é útil no tratamento
no coração e no SNC. dos efeitos dos
Usado para produzir
Inibe os efeitos da organofosforados no SNC.
miose durante a cirurgias
atropina no SNC. Se for administrada
oculares.
É uma amina terciária antes da estabilização
Usado topicamente
não ionizada capaz de da enzima AChE
para diminuir a
entrar no SNC. alquilada, ela é capaz
pressão intraocular no
de reverter os efeitos
glaucoma em pacientes.
periféricos muscarinicos
que desenvolveram
e nicotinicos, mas não os
tolerância à pilocarpina.
efeitos no SNC.
Neostigmina:
Pilocarpina:
Rivastigmina, Previne a distenção
Reduz a pressão
galantamina, abdominal pós-cirúrgica
intraocular no glaucoma.
Donepezila: e a retenção urinária.
Liga-se
Usada no tratamento da
preferencialmente nos
Usadas como tratamento miastenia gravis.
receptores muscarinicos.
paliativo na doença de Usada como antagonista
É uma amina terciária
Alzheimer. dos bloqueadores
não ionizada capaz de
neuromusculares
entrar no SNC.
competitivos.
FONTE: A autora
E
IMPORTANT
204
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
• Antimuscarínicos
• Bloqueadores ganglionares
• Bloqueadores neuromusculares
205
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
206
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
NTE
INTERESSA
Atropina
207
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
α1 α2 β1 β2
Diminuição da
Inibição da liberação Aumento da
Vasoconstrição. resistência vascular
de insulina. lipólise.
periférica.
209
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
210
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
211
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
Receptores
α -bloqueador Usos terapêuticos Efeitos adversos
bloqueados
Usada no tratamento do
feocromocitoma (tumor
da suprarrenal que pro- Pode causar hipo-
duz altas concentrações tensão postural,
de catecolaminas). congestão nasal,
Bloqueador
Fenoxibenza- Geralmente é administrada náuseas e êmese.
não seletivo
mina antes da remoção cirúrgica Também pode
α1 e α2
do tumor para prevenir causar taquicardia
crise hipertensiva. reflexa e inibir a
Também é útil no trata- ejaculação.
mento crônico de tumo-
res não operáveis.
212
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Util no tratamento da
crise hipertensiva aguda
Pode causar
pós-retirada abrupta de
Bloqueador arritmias, dor
clonidina e na ingestão de
Fentolamina competitivo anginosa e
alimentos contendo
α1 e α2 hipotensão
tiramina em pacientes sob
postural.
uso de inibidores da
monoaminoxidase.
Prazosina São usados principal- Tontura, falta de
Terazosina Bloqueador mente como alternativa energia, congestão
Doxazosina competitivo para a cirurgia em pa- nasal, cefaleia, sono-
Tansulosina seletivo α1 cientes com hiperplasia lência e hipotensão
Alfuzosina prostática benigna. ortostática.
FONTE: A autora
DICAS
213
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
Receptores
β-bloqueadores Usos terapêuticos Efeitos adversos
bloqueados
Broncoconstrição que
contraindica o uso na
asma e doenças obstru-
Hipertensão
tivas das vias aéreas.
Enxaqueca
Hipoglicemia acentu-
Propranolol β1, β2 Hipertireoidismo
ada em pacientes que
Angina
usam insulina.
Infarto do miocárdio.
Atenuação da resposta
fisiológica normal à
hipoglicemia.
Irritação ocular,
contraindicado em
pacientes com asma,
Usado principalmente
Timolol β1, β2 doenças obstrutivas das
no glaucoma.
vias aéreas, bradicardía
e insuficiência cardiaca
congestiva.
Os β-bloqueadores
cardiosseletivos são
úteis em hipertensos
com função respiratória
Atenolol comprometida
Bisoprolol β1 Também são primeira
Metoprolol escolha contra a angina
crônica estável e muito
usados no manejo da
insuficiência cardíaca
crônica.
Hipertensão
Em adição a sua
ação β-bloqueadora
cardiosseletiva, o
Nebivolol β1
nebivolol libera óxido
nítrico das células
endoteliais e causa
vasodilatação.
214
TÓPICO 1 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Hipertensão
Insuficiência cardíaca
Hipotensão ortostática
crônica estável. Além
e tonturas que estão,
da ação β-bloqueadora,
Carvedilol relacionadas
α1, β1, β2 também são
Labetalol com o bloqueio
albloqueadores
dos receptores
que promovem
α-adrenérgicos.
vasodilatação
periférica.
FONTE: A autora
NTE
INTERESSA
215
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
216
AUTOATIVIDADE
217
c) ( ) Fármacos que aumentam as concentrações de ACh na JNM como os
anticolinesterásicos agravam os sintomas da miastenia grave.
d) ( ) Um homem tentou se suicidar com a ingestão de um líquido misterioso
encontrado no seu banheiro. Ele chegou ao hospital com diarreia, con-
vulsões, dificuldade respiratória, midríase e salivação excessiva. Após
exames toxicológicos, os médicos concluíram que a intoxicação foi cau-
sada por um organofosforado.
218
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
219
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
2 ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS
Em algum momento de sua vida, você já deve ter sentido medo ou an-
siedade. No mínimo, você deve conhecer alguém ansioso. Segundo a American
Psychology Association (APA, 2014), o medo é uma emoção desencadeada pela de-
tecção de uma ameaça iminente, que promove uma reação imediata de alarme,
ocorrem alterações fisiológicas como taquicardia, redirecionamento do fluxo san-
guíneo para o intestino, tensão muscular, sudorese e mobilização do organismo
para lutar ou fugir.
220
TÓPICO 2 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL I
221
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
E
IMPORTANT
Além dos BDZs, fármacos de outras classes são usados para o tratamento
de ansiedade e insônia, que estão resumidos no quadro a seguir.
Bloqueia os
Agitação, confu-
Antagonista de Atuam bloqueando efeitos dos BDZs
Tratamento de são, possíveis sin-
BDZs: os sitios de ligação e do zolpidem,
intoxicações por tomas de abstinên-
dos BDZs no recep- mas não de
BDZS. cia na dependência
Flumazenil. tor GABA. outros sedativos
de BDZs.
hipnóticos.
222
TÓPICO 2 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL I
FONTE: A autora
3 ANTIEPILÉPTICOS
Agora que você já tem uma base sobre o tratamento para os distúrbios de
insônia e ansiedade, vamos começar a estudar o tratamento da epilepsia. Atual-
mente, a epilepsia é o terceiro distúrbio neurológico mais prevalente no mundo,
atrás apenas da doença cerebrovascular e da doença de Alzheimer. Os distúrbios
epilépticos são caracterizados por convulsões provenientes de vários mecanismos
que têm em comum uma atividade elétrica anormal com descargas excessivas e
sincronizadas dos neurônios cerebrais. A descarga neuronal resulta do disparo de
um grupo de neurônios em determinada área do cérebro denominada foco primá-
rio. As consequências desses prejuízos nos neurônios podem incluir perda de cons-
ciência, fortes contrações musculares, movimentos anormais, percepção distorcida
do tempo, alucinações visuais, auditivas e olfatórias (KATZUNG; TREVOR, 2017).
camentos para otimizar os resultados. Você deve se perguntar, mas o que causa
a epilepsia, afinal? Na maioria dos casos, a causa da epilepsia é desconhecida,
sabe-se que alguns casos são provenientes de alterações genéticas, estruturais ou
metabólicas (BROWNE; HOLMES, 2008; FISHER et al., 2014; KATZUNG; TRE-
VOR, 2017). As crises epilépticas são classificadas em dois grupos:
Ausências: Mioclônicas:
Envolvem Episódios cur-
Tônicoclônicas: uma perda tos de contra-
Ocorre perda breve e auto- ção muscular Atônicas:
Clônicas:
da consciên- limitada da que podem Ocorre perda
Se diferenciam Tônicas:
cia, seguida consciência. durar vários súbita de tô-
das crises mio- Envolvem
das fases Normalmente minutos. nus muscular.
clônicas pelo aumento do
tônica (contra- acometem Geralmente, Também são
maior compro- tônus
ção continua) crianças, as ocorrem após denominadas
metimento da muscular.
e clônica quais perma- o despertar de ataques de
consciência.
(contração e necem com com breves queda.
relaxamento). o olhar fixo contrações
com piscadas espasmódicas
rápidas. dos membros.
FONTE: A autora
224
TÓPICO 2 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL I
225
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
Sonolência, hipera-
tividade, náuseas,
Reduz a distúrbios gastroin-
propagação da É usada no testinais, aumento
Bloqueio dos
Etossuximida atividade elétrica tratamento de de peso, letargia,
canais de cálcio.
anormal no crises de ausência. erupções cutâne-
cérebro. as. A interrupção
abrupta pode cau-
sar convulsões.
Apresenta múlti-
plosmecanismos:
bloqueio de canais O amplo espectro Usado apenas
Insônia, tonturas,
de sódio e de cál- de ação é devido em epilepsias
cefaléia, ataxia,
cio, competem com aos diferentes refratárias
aumento de peso
o local de ligação efeitos inibitórios (particularmente a
Felbamato e irritabilidade.
daglicina no recep- mediados síndrome Lennox-
Anemia aplástica
tor de glutamato pelos múltiplos Gastaut) devido
e insuficiência
N-metil-D-aspar- mecanismos de aos graves efeitos
hepática.
tato (NMDA), ação. adversos.
potencializam a
ação do GABA.
Hiperplasia gen-
É eficaz no gival, hirsutismo,
tratamento confusão mental,
Inibem os das crises visão dupla, ataxia,
Bloqueio dos
Fenitoína potenciais de focais e crises sedação, tonturas.
canais de sódio.
ação repetitivos. tônico-clônicas Raramente pode
generalizadas e no ocorrer síndrome de
estado epilético. Stevens Johnson, po-
tencialmente fatal.
É um análogo Sonolência branda,
do GABA, Atua como tonturas, ataxia,
mas não atua auxiliar nas aumento de
O mecanismo
nos receptores crises focais e peso e diarreia.
Gabapentina de ação exato é
gabaérgicos. Os no tratamento Tem a vantagem
desconhecido.
efeitos causados da neuralgiapós de apresentar
não foram herpética. poucas interações
elucidados. medicamentosas.
É eficaz em vários
tipos de crises, Sonolência,
incluindo focais, tonturas, náusea,
Bloqueio dos Amplo espectro generalizadas, cefaleia e diplopia.
Lamotrigina canais de sódio e de efeitos anti- de ausência e de Síndrome de
de cálcio. convulsivantes. Lennox Gestaut. Stevens-Johnson,
Também eficaz potencialmente
no transtorno fatal.
bipolar.
Previne o Hiponatremia,
É usada em
alastramento náuseas, urticária,
Bloqueio dos adultos e crianças
Oxcarbazepina das descargas cefaleia, diplopia,
canais de sódio. com crises de
elétricas sedação, tonturas,
ataque focal
anormais. vertigens, ataxia.
226
TÓPICO 2 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL I
Apresenta eficácia
em crises de início
Se liga a uma focal, neuropatia Aumento de
Inibe a neuro-
subunidade periférica peso, sonolência,
Pregabalina transmissão
específica nos diabética, tonturas, cefaleia,
excitatória.
canais de cálcio. neuralgia pós- diplopia e ataxia.
-herpética e
fibromialgia.
Bloqueio dos
canaisde sódio,
Eficaz em Sonolência,
redução das
Múltiplos me- epilepsias parciais perda de peso,
correntes de
canismos que e primárias parestesias,
cálcio, inibe
Topiramato reduzem a neuro- generalizadas. cálculos renais,
a anidrase
transmissão Também usada glaucoma,
carbônica e pode
excitatória. no tratamento da sudorese reduzida,
atuar em locais
enxaqueca. hipertermia.
do glutamato
(NMDA).
Inibe de forma Causa perda leve
Aumenta a
irreversível a GA- ou moderada do
neurotransmis- Praticamente não
Vigabatrina BAtransaminase campo visual em
são inibitória é usada.
(enzima que meta- cerca de 30% dos
gabaérgica.
boliza o GABA) pacientes.
FONTE: A autora
4 ANTIDEPRESSIVOS
Em depressão, você já deve ter ouvido falar. Quem nunca sentiu uma tris-
teza profunda que atire a primeira pedra. Mas, cuidado, tristeza passageira não é
depressão, mas tristeza profunda contínua pode ser. A depressão é uma doença
que inclui sintomas de desesperança, incapacidade de sentir prazer em situações
que normalmente eram prazerosas, alterações de sono e apetite, fadiga, ideias
suicidas e a tal da tristeza intensa e contínua. Por outro lado, a mania é caracte-
rizada por um comportamento de entusiasmo, raiva, pensamentos acelerados e
autoconfiança exacerbada (APA, 2014; RANG et al., 2016).
teoria não explica por que os efeitos farmacológicos dos fármacos na neurotrans-
missão ocorrem imediatamente, ao passo que a resposta terapêutica observada
no paciente só é vista após semanas. Vários estudos sugerem que a inibição da
captação dos neurotransmissores é apenas o primeiro passo para a obtenção dos
efeitos antidepressivos. Em geral, os efeitos na melhora do humor só são observa-
dos após duas semanas do início do uso e o benefício máximo pode demorar até
12 semanas ou mais (KATZUNG; TREVOR, 2017; RANG et al., 2016).
Mecanismo Efeitos
Fármaco Usos clínicos Efeitos adversos
de ação esperados
São eficazes na de-
Visão turva, xeros-
pressão moderada
Bloqueiam a tomia, retenção uri-
Antidepressivos a grave. Podem ser
captação de nária, taquicardia
triciclicos usados em alguns
norepinefrina sinusal, constipa-
(ADTs): pacientes com
e serotonina no Aumentam as ção, agravamento
transtorno de pâni-
neurônio pré-si- concentrações do glaucoma,
Imipramina; co. A imipramina
náptico, tam- serotonérgicas e arritmias; hipoten-
Amitriptilina; parece controlar a
bém bloqueiam noradrenérgicas são ortostática, ton-
Clomipramina; enurese em crian-
receptores nas sinapses turas e taquicardia
Doxepina; ças. A amitriptilina
serotoninérgicos, neuronais. reflexa. A sedação
Trimipramina; tem sido utilizada
α-adrenérgicos, pode ser signifi-
Desipramina; como prevenção
histamínicos e cativa, também
Nortriptilina. de crises de enxa-
muscarínicos. apresentam estreita
queca e dorneuro-
janela terapêutica.
pática.
O acúmulo de
tiramina causado
pelos IMAOS,
São indicados para além do aumento
pacientes que não de catecolaminas
A MAO é a enzi-
respondem a anti- circulantes, pode
ma que degrada Aumento dos
Inibidores depressivos mais causar grave "crise
os excessos de estoques de nore-
da Mono- seguros. hipertensiva".
neurotransmis- pinefrina, seroto-
aminoxidade Os IMAOs são os Outros potenciais
sores no SNC nina e dopamina
(IMAOS): fármacos de última efeitos adversos
e substâncias no interior dos
escolha devido incluem sonolên-
tóxicas como neurônios com
Fenelzina; aos graves efeitos cia, hipotensão
a tiramina no subsequente di-
Tranilcipromina; adversos e ao ortostática, visão
intestino. fusão do excesso
Isocarboxazida; risco de interações turva, xerostomia e
Os IMAOs ina- destes para a
Selegilina. medicamentosas e constipação.
tivam a enzima fenda sináptica.
alimentares (com Devido ao risco
MAO.
alimentos que con- de síndrome de
têm tiramina). serotonina, o uso de
IMAO com outros
antidepressivos é
contraindicado.
Geralmente, os
A primeira indi-
ISCSs apresentam
Inibem de forma cação dos ISCSs é
efeitos adversos
seletiva a capta- para a depressão.
Inibidores de menor gravi-
ção de serotonina Outros transtornos
seletivos da dade que outros
pelo bloqueio psiquiátricos que
captação de se- antidepressivos
do seu transpor- respondem bem
rotonina (ISCS): (ADTs e IMAOs),
tador, apre- Aumentam a aos ISCSs, incluem
mas não são isentos
sentam uma concentração de o transtorno
Fluoxetina; de efeitos adver-
seletividade até 3 serotonina na obsessivo com-
Citalopram; sos, pode ocorrer
mil vezes fenda sináptica. pulsivo, pânico,
Escitalopram; cefaléia, sudorese,
maior para o ansiedade gene-
Fluvoxamina; ansiedade, agitação,
transportador ralizada, estresse
Paroxetina; náuseas, êmese,
de serotonina do pós-traumático,
Sertralina. diarreia, disfunções
que para o de transtorno disfóri-
sexuais, alterações
norepinefrina. co pré menstrual e
de peso e distúrbios
bulimia.
do sono.
229
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
Inibem a
captação tanto de Podem ser eficazes
serotonina como na depressão em
Inibidores da
de norepinefrina pacientes que não
captação de Os efeitos adversos
pelo bloqueio dos responderam aos
serotonina e Aumentam a são parecidos aos
transportadores. ISCS. Algumas
norepinefrina concentração ISCSs. Incluem
Ao contrário vezes podem
(ICSN): tanto de cefaleia, mal
dos ADTS, não aliviar a dor
serotonina como estar, sintomas de
bloqueiam neuropática
Venlafaxina; de norepinefrina gripe, agitação,
receptores diabética
Desvenlafaxina; na fenda irritabilidade,
serotoninérgicos, periférica, a
Duloxetina. sináptica. nervosismo,
α-adrenérgicos, neuralgia pós-
alterações no sono.
histamínicos e herpética, a
muscarínicos fibromialgia e a
(causando menos dor lombar.
efeitos adversos).
FONTE: A autora
230
TÓPICO 2 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL I
231
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O sistema nervoso central (SNC) é formado pelo encéfalo e pela medula es-
pinal, que comanda infinitas funções dentro de um imenso circuito regulató-
rio de transmissão de informações. A comunicação entre os neurônios ocorre
pela liberação de um neurotransmissor no neurônio pré-sináptico que se di-
funde na fenda sináptica até se ligar a um receptor no neurônio pós-sináptico.
232
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – I – II – III – IV.
b) ( ) I – II – III – IV – V.
c) ( ) III – V – IV – II – I.
d) ( ) V – IV – I – III – II.
5 A ansiedade ocasional é uma parte esperada da vida. Você pode ficar ansioso
ao se deparar com um problema no trabalho, antes de fazer um teste ou antes
de tomar uma decisão importante. Todavia, os transtornos de ansiedade en-
volvem mais do que preocupação ou medo temporários. Para uma pessoa com
transtorno de ansiedade, a ansiedade não vai embora e pode piorar com o tem-
po. Os sintomas podem interferir nas atividades diárias, como desempenho no
trabalho, trabalho escolar e relacionamentos. Disserte sobre o mecanismo de
ação dos benzodiazepínicos e dos barbitúricos e o que os diferencia.
234
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no tópico anterior você aprendeu sobre os neurotrans-
missores e sobre o vasto universo dos psicofármacos, os ansiolíticos e hipnóticos,
os antidepressivos e agora vamos adentrar em mais uma classe muito importante
da farmacologia, os antipsicóticos.
2 ANTIPSICÓTICOS
Uma expressão muita usada na nossa sociedade é: “Fulano está louco;
Fulano é maluco”. Precisamos entender que a loucura não é um termo científico
e não é sinônimo de esquizofrenia. O significado da loucura depende muito de
interesses pessoais. Quando não concordamos com alguém, sobretudo, quando a
ideia nos prejudica, logo exclamamos um: “Você está louco?”
235
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
FONTE: A autora
236
TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
237
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
NOTA
Antipsicóticos
Mecanismo de
de primeira Uso clínico Efeitos adversos
ação
geração
Moderado a alto ris-
Clorpromazina co em causar sinto-
Alívio dos sintomas
mas extrapiramidais.
positivos na esquizo-
Flufenazina Bloqueio dos
frenia, fase maníaca
receptores D2. Aumento de peso, or-
do transtorno bipolar.
Tioridazina tostasia, sedação, efei-
Efeitos antieméticos.
tos antimuscarínicos,
hiperprolactinemia.
238
TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
3 DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS
Você sabe qual é a principal característica das doenças neurodegenerati-
vas? São doenças graves caracterizadas pela morte progressiva de neurônios em
áreas específicas, resultando em diversos distúrbios.
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UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
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TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
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UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
A DA não tem uma causa bem definida, mas apresenta três características
diferenciais no cérebro dos pacientes:
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TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
DICAS
Para quem deseja assistir a um bom filme e aprender mais sobre a DA, recomen-
damos “Para Sempre Alice”. É uma história emocionante que conta a vida de Alice, uma mu-
lher jovem e ativa de 50 anos que inicia com os primeiros sintomas do Alzheimer. O filme faz
com que o espectador sinta a dificuldade que a doença causa para o paciente e para a família.
4 FÁRMACOS OPIOIDES
Qual é o desafio mais difícil para a medicina? Entre diversos exemplos que
podemos citar, alcançar o controle da dor é um dos principais. A dor pode ser agu-
da, crônica, inflamatória, neuropática, pós-operatória, entre outras, caracterizadas
por uma sensação desagradável que é consequência de alterações neuroquímicas
complexas no SNC e periférico. Por ser um sintoma subjetivo, isto é, a intensidade
varia em cada indivíduo, o tratamento deve basear-se na percepção e descrição de
intensidade de cada paciente. A dor é dividida em dois tipos principais: Nocicep-
tiva e neuropática. A dor neuropática (como a neuralgia pós-herpética, diabética
ou causada por HIV), pode ser tratada com opioides, mas muitas vezes respondem
melhor a anticonvulsivantes e antidepressivos. Para o tratamento da dor crônica
(como a dor causada pelo câncer), os opioides constituem o tratamento terapêutico
em alguns pacientes. Na dor nociceptiva, que é causada por doenças como a artrite
reumatoide, por exemplo, o uso de analgésicos não opioides, como os anti-infla-
matórios não esteroides (AINEs), em geral apresentam boas respostas (ALCOCK,
2017; KATZUNG; TREVOR, 2017; RANG et al., 2016).
NTE
INTERESSA
Caro acadêmico! Você sabia que a morfina é o protótipo dos agonistas opioi-
des? Ela é conhecida há mais de 200 anos por sua capacidade promissora em aliviar a dores
intensas. A planta papoula é a fonte do ópio. Em 1803, o estudioso Serturner isolou um alca-
loide puro da papoula que recebeu o nome de morfina em homenagem ao Deus grego dos
sonhos, Morfeu. Mais de dois séculos se passaram e a morfina continua sendo o padrão ouro
a partir do qual todos os fármacos com acentuada ação analgésica são comparados.
243
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
• Receptores opioides
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TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
Mecanismo de
Fármaco Efeitos Usos clínicos Efeitos adversos
ação
Dor intensa.
Agonistas
Adjuvante na Depressão
opioides: Agonistas for- Analgesia; alívio
anestesia (fenta- respiratória.
tes em recepto- da ansiedade
nila, morfina) Constipação
Morfina; res μ. Afinida- e sedação.
Edemapulmonar intestinal grave.
Codeína; de variável em Redução da
(morfina). Tendência
Fentanila; recep-toresk motilidade
Reabilitação de à adição.
Meperidina; e δ. intestinal.
usuários adictos Convulsões.
Metadona
(metadona).
245
UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
Semelhantes aos
Codeína; São agonistas Dor leve a Semelhantes aos
agonistas fortes.
mais fracos do moderada; Tosse dos agonistas
Efeitos menos
Hidrocodona. que a morfina. (codeína). fortes.
intensos.
Semelhante aos
Agonista agonistas fortes,
Agonistasan-
parcial em mas podem
tagonistas Podem precipitar
receptor μ. antagonizar os
opioides Dor moderada. síndrome de
efeitos destes.
abstinência.
Antagonista Reduz o desejo
Buprenorfina.
em receptor к. compulsivo por
álcool.
Reduz o reflexo
Antitussigenos
da tosse. Efeitos adversos
Mecanismo Dextrometor- mínimos quando
Dextrometor- Tosse debilitante
pouco fano e levopro- administrados
fano; aguda.
elucidado. poxifeno não corretamente.
Levopropoxi-
atuam como
feno.
analgésicos.
Intoxicação por
opioides.
É usada no
Antagonistas Podem precipitar
Atuam Antagoniza tratamento da
Opioides síndrome de
bloqueando os rapidamente dependência de
abstinência
receptores μ, todos os efeitos álcool e nicotina e
Naloxona; em usuários
к e δ. opioides. quando associada
Naltrexona. dependentes.
a bupropiona,
pode ser efetiva
na perda de peso.
Efeitos mistos:
Agonista fraco
em receptores
μ, inibidor
Outros Crises convulsivas.
moderado do Dor moderada.
analgésicos
transportador Adjuvante dos
centrais Analgesia. Risco de causar
de recaptação opioides nas
síndrome seroto-
de serotonina, dores crônicas.
Tramadol ninérgica.
inibidor fraco do
transportador
de recaptação de
norepinefrina.
FONTE: A autora
246
TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
LEITURA COMPLEMENTAR
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TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
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UNIDADE 3 — PSICOFARMACOLOGIA
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TÓPICO 3 — FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL II
251
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
252
AUTOATIVIDADE
254
REFERÊNCIAS
AGUIAR, M. P.; ORTEGA, F. J. G. Psiquiatria biológica e psicofarmacologia: a forma-
ção de uma rede tecnocientífica. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.
27, n. 4, p. 889-910, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3A6Vl4o. Acesso em: 06 set. 2021.
ALCOCK M. M. Defining pain: past, present, and future. PAIN, abr. 2017. Dis-
ponível em: https://bit.ly/2WM5eqG. Acesso em: 7 set. 2021.
CORBETT, A. D. et al. 75 years of opioid research: the exciting but vain search for
the holy grail. Brasil Journal of Pharmacology, 2006. Disponível em: https://bit.
ly/3l7tahr. Acesso em: 7 set. 2020.
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JACOB, T. C. et al. Benzodiazepine treatment induces subtypespecific changes
in GABAA receptor trafficking and decreases synaptic inhibition. Proc. Natl
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PHIEL, C. J.; KLEIN, P. S. Molecular targets of lithium action. Annu. Rev. Pharma-
col. Toxicol. 2001. Disponível em: https://bit.ly/2ZOULM6. Acesso em: 7 set. 2021.
RANG, H. P. et al. Rang & Dale: farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
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