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Legislação

Patrimonial e dos
Museus
Brasileiros
Prof.ª Aline Tavares da Silva

Indaial – 2021
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Aline Tavares da Silva

Copyright © UNIASSELVI 2021

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

S586l

Silva, Aline Tavares da

Legislação patrimonial e dos museus brasileiros. / Aline Tavares da


Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

153 p.; il.

ISBN 978-65-5663-620-7
ISBN Digital 978-65-5663-619-1

1. Instituições museológicas. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo


da Vinci.

CDD 020

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático Legislação Patrimonial e dos
Museus Brasileiros.

Na Unidade 1, veremos aspectos importantes a respeito da constituição do


patrimônio cultural brasileiro. Entenderemos como se deu a constituição do órgão
máximo de proteção do patrimônio nacional e as transformações pelas quais o conceito
de patrimônio cultural material e imaterial perpassou nos últimos anos.

Também serão abordadas as formas de proteção, preservação e salvaguarda


patrimoniais previstas em nossa legislação atual, tais como: tombamento, registro e
inventário, traçando assim um panorama entre o passado, os avanços que tivemos
e a situação atual. Veremos, ainda, algumas leis do campo patrimonial que estão em
vigência e que lhe darão suporte para o entendimento em contexto mais amplo.

Em seguida, na Unidade 2, abordaremos o início das instituições de memória


em contexto geral, até chegarmos à realidade brasileira. Falaremos sobre o nascimento
dos museus brasileiros e sobre suas especificidades. Mencionaremos a necessidade de
serem constituídos legalmente, ou seja, criados através de uma legislação específica
e também veremos mais sobre o início dos cursos de Museus e Museologia em nosso
país. Ao final do tópico, compreenderemos os avanços das políticas culturais brasileiras
nos últimos anos, com a redemocratização e a forte atuação do Ministério da Cultura
que impulsionou o setor museológico com políticas museais alinhadas às necessidades
dos museus brasileiros e do patrimônio cultural presente neles.

Por fim, na Unidade 3, abordaremos a Lei nº 11.904 de 2009, que instituiu o


Estatuto de Museus. Estudaremos a definição de museu que está vigente, tanto no
estatuto quanto nas demais leis, programas, projetos, portarias e demais documentos
oficiais da área museológica. Veremos os princípios fundamentais da lei e outros
aspectos importantes que lhe darão subsídios para dominar o tema, comentaremos sobre
a importância da gestão de riscos para as instituições museológicas e quais os fatores
ameaçam os museus e seus acervos. Entenderemos para que servem os sistemas de
museus, assim o como as finalidades do Sistema Brasileiro de Museus. Estudaremos o
Plano Museológico, que é uma ferramenta de planejamento estratégico, trazida como
um documento de responsabilidade obrigatória que deve ser confeccionado por todas
as instituições museológicas, conforme o estabelecido no Estatuto de Museus.
Conheceremos, ainda, o que diz a legislação quanto ao exercício da profissão,
sobre seu caráter privativo, sobre as necessidades de formação e também de registro
no Conselho Regional de Museologia. Veremos quais são as atribuições do profissional
museólogo e quais as finalidades e funções do Conselho Federal de Museologia e dos
Conselhos Regionais de Museologia.

Ao final deste livro didático, mostraremos aspectos do curso de Museologia e


da profissão de Museólogo, a fim de que você tenha a certeza de que está cursando
a graduação certa, que vai ao encontro de suas vocações, gostos e aspirações no
mercado de trabalho.

GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.

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Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


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suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - TITULO DA UNIDADE 1...................................................................................... 1

TÓPICO 1 - PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO...............................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 O INÍCIO DAS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO...........................................................................3
2.1 O INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL......................................... 4
2.2 AS ATRIBUIÇÕES DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO NACIONAL...........................................................................................................................7
3 AS TRANSFORMAÇÕES NO CAMPO PATRIMONIAL BRASILEIRO.....................................8
3.1 O PATRIMÔNIO CULTURAL NOS MUSEUS........................................................................................ 9
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................14

TÓPICO 2 - PRESERVAÇÂO DO PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL


E IMATERIAL...................................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 17
2 AS FORMAS DE PROTEÇÃO............................................................................................... 17
2.1 TOMBAMENTO....................................................................................................................................... 18
2.2 LIVRO TOMBO....................................................................................................................................... 19
3 OUTRAS FORMAS DE PROTEÇÃO.................................................................................... 20
3.1 REGISTRO ..............................................................................................................................................20
4 PATRIMÔNIO IMATERIAL................................................................................................... 21
4.1 RODA DE CAPOEIRA.............................................................................................................................21
4.2 FREVO....................................................................................................................................................22
4.3 SAMBA DE RODA.................................................................................................................................23
4.4 CÍRIO DE NAZARÉ................................................................................................................................24
4.5 ARTE KUSIWA.......................................................................................................................................25
5 INVENTÁRIO...................................................................................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 2..........................................................................................................27
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 28

TÓPICO 3 - POR DENTRO DA LEGISLAÇÃO......................................................................... 31


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 31
2 DECRETOS.......................................................................................................................... 31
2.1 DECRETO-LEI N° 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937..................................................................32
2.2 DECRETO N° 3.551, DE 4 DE AGOSTO DE 2000........................................................................... 37
3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................ 40
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 43
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 46
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................47

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 49
UNIDADE 2 — O INÍCIO DOS MUSEUS E SUAS POLÍTICAS................................................ 53

TÓPICO 1 — O SURGIMENTO DOS MUSEUS E O CONTEXTO BRASILEIRO........................ 55


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 55
2 O NASCER DOS MUSEUS.................................................................................................. 55
2.1 O CONTEXTO BRASILEIRO..................................................................................................................56
2.2 OS CURSOS DE MUSEUS...................................................................................................................62
3 OS MUSEUS NA ATUALIDADE.......................................................................................... 63
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 64
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 65

TÓPICO 2 - POLÍTICAS DO SETOR MUSEAL........................................................................67


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................67
2 POLÍTICA NACIONAL DE MUSEUS....................................................................................67
2.1 FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS.......................................................................................................69
3 PLANO NACIONAL DE CULTURA.......................................................................................75
4 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO MUSEAL................................................................76
4.1 REDE DE EDUCADORES EM MUSEUS............................................................................................. 77
RESUMO DO TÓPICO 2..........................................................................................................79
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 80

TÓPICO 3 - A ARTICULAÇÃO DO CAMPO MUSEAL............................................................ 83


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 83
2 O SISTEMA BRASILEIRO DE MUSEUS............................................................................. 83
3 A CRIAÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS ................................................... 84
3.1 PLANO NACIONAL SETORIAL DE MUSEUS................................................................................... 88
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 90
RESUMO DO TÓPICO 3..........................................................................................................97
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 98

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................100

UNIDADE 3 — OS MUSEUS E O PROFISSIONAL MUSEÓLOGO..........................................103

TÓPICO 1 — O ESTATUTO DE MUSEUS...............................................................................105


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................105
2 A INSTITUIÇÃO DO ESTATUTO........................................................................................105
2.1 DEFINIÇÃO DE MUSEU......................................................................................................................105
2.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E DISPOSIÇÕES GERAIS............................................................106
2.3 OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES DA LEI................................................................................ 107
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................ 121
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................122

TÓPICO 2 - PLANO MUSEOLÓGICO....................................................................................125


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................125
2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ...................................................................................125
2.1 CONHECENDO A LEGISLAÇÃO ....................................................................................................... 125
3 EM QUE CONSISTE O PLANO MUSEOLÓGICO................................................................128
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................133
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................134
TÓPICO 3 - O PROFISSIONAL MUSEÓLOGO...................................................................... 137
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 137
2 LEI Nº 7. 287/1984 .......................................................................................................... 137
2.1 O QUE É PRECISO PARA SER UM MUSEÓLOGO......................................................................... 142
2.2 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO ........................................................................................................143
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................... 144
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................146
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 147

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 151
UNIDADE 1 -

LEIS PATRIMONIAIS
NO BRASIL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender em que contexto iniciou o Brasil, regulamentações para a proteção do


patrimônio brasileiro;

• refletir sobre a necessidade de salvaguadar o patrimônio;

• conhecer os avanços pelos quais o conceito de patrimônio cultural passou ao longo


dos anos;

• saber mais sobre o órgão máximo de proteção do patrimônio cultural brasileiro;

• conhecer alguns instrumentos legais de preservação do patrimônio cultural do


Brasil.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO


TÓPICO 2 – PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL E IMATERIAL
TÓPICO 3 – POR DENTRO DA LEGISLAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
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1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o início das ações de conscientização
para importância da valorização do patrimônio cultural brasileiro e sobre quais aspectos
eram levados em consideração nessa época.

Falaremos sobre a criação do antigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional (SPHAN), hoje conhecido como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), cujas ações na defesa do nosso patrimônio e identidade nacional
levaram a instituição a atingir um patamar de reconhecimento mundial. Abordaremos
também as devidas atribuições e responsabilidades deste, que é o órgão máximo de
proteção do patrimônio cultural brasileiro.

Por fim, traçaremos um panorama das transformações e avanços pelas quais


a noção de patrimônio passou ao longo dos últimos anos. Já que, através desses
avanços, o enfoque que antes era dado somente à proteção da materialidade, amplia-
se valorizando também o patrimônio cultural imaterial.

2 O INÍCIO DAS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO


A palavra patrimônio descende do termo em latim pater, que significa pai. Nesse
sentido, o conceito de patrimônio liga-se a ideia de herança, adquirindo conotação coletiva
com a Revolução Francesa no século XVIII. O patrimônio cultural, segundo o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é constituído pelo conjunto dos saberes,
fazeres, expressões, práticas e seus produtos que remetem à história, à memória e à
identidade de um povo.

Em nosso país, durante o período do Estado Novo (1937-1945) vivenciou-se a


reconstrução de um passado nacional com objetivo de angariar ares de modernidade para a
construção de uma identidade da nação. Nesse contexto, é criado pela Lei nº 378, de 13 de
janeiro de 1937, Art. 46, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) dentro
do Ministério da Educação e da Saúde, buscando apoio e investimento na ampliação de uma
rede de proteção e valorização do nosso patrimônio, que mais tarde viria se chamar Instituto
do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN).

3
2.1 O INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO
NACIONAL
Não podemos deixar dar ênfase neste livro didático sobre Legislação Patrimonial
e dos Museus brasileiros, que é uma das mais importantes instituições públicas de
nosso país e a primeira dedicada à preservação do patrimônio cultural na América
Latina: o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cuja trajetória e história
se confundem com a formação cultural do patrimônio brasileiro.

Em seus primeiros anos, teve suas atenções voltadas à sensibilização da


população, quanto ao valor e à importância do acervo cultural brasileiro representado pelos
edifícios que compunham os núcleos tombados e pelos bens móveis neles existentes,
com o desejo de proteger o que fosse possível. A ênfase foi dada, principalmente, aos
bens conhecidos como de pedra e cal, ou seja, a arquitetura grandiosa e as chamadas
cidades históricas, tombando igrejas, fontes, chafarizes, prédios e conjuntos urbanos.

Segundo informações contidas na publicação: Política de Preservação do


Patrimônio Cultural no Brasil (PORTA, 2012, p. 11), “por muito tempo, a atenção e as
energias do principal órgão de preservação do país, que moldou a constituição de
órgãos estaduais, estiveram estritamente voltadas à proteção do legado material da
colonização portuguesa e do período imperial”.

FIGURA 1 – CAPA DO PRIMEIRO NÚMERO DA REVISTA DO SPHAN

FONTE: <http://memorialdademocracia.com.br/publico/thumb/11389/640>. Acesso em: 5 maio 2021.

Por conta desse enfoque inicial, foi promovida uma ação envolvendo a
instituição no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e nos estados que estão presentes os
maiores legados da cultura do açúcar, destacadamente, Bahia e Pernambuco. Esses
quatro estados concentram 58% dos bens tombados no país e permanecem como
maiores detentores de bens tombados individualmente: 231 no Rio de Janeiro, 209 em
Minas Gerais, 182 na Bahia e 82 no Pernambuco.

4
FIGURA 2 – CENTRO HISTÓRICO DE RECIFE/PE

FONTE: <https://bit.ly/2QXekxF>. Acesso em: 24 nov. 2020.

FIGURA 3 – CENTRO HISTÓRICO DE PARATY/RJ

FONTE: <https://bit.ly/3uUoPk1>. Acesso em: 25 nov. 2020.

FIGURA 4 – CENTRO HISTÓRICO DE OURO PRETO/MG

FONTE: <https://bit.ly/3wcGcgp>. Acesso em: 24 nov. 2020.

5
FIGURA 5 – LARGO DO PELOURINHO – SALVADOR/BA

FONTE: <https://bit.ly/3fmjHPn>. Acesso em: 24 nov. 2020.

O processo de escolha do que vem a constituir o grande mosaico do patrimônio


cultural de um povo está intimamente ligado à cultura e a alguns outros conceitos. Freire
(1974, p. 41 apud MIZUKAMI, 1986, p. 41), diz que se considera cultura “todo o resultado
da atividade humana, do esforço criador e recriador do homem, de seu trabalho por
transformar e por estabelecer relações dialogais com outros homens”.

A produção cultural é incessante, onde e enquanto houver vida humana e rela-


ções interpessoais haverá cultura. Sendo assim, a memória tem papel imprescindível na
manutenção de determinados hábitos, costumes, tradições gerando elos de conexão
entre as pessoas. Segundo Santos (2003, p. 145-146), “por memória podemos compre-
ender reminiscências, através das quais nos encontramos com o passado, repetição
de atitudes e sentimentos dos quais raramente nos damos conta, construções e re-
construção de novas identidades ao longo de nossas vidas, e até mesmo o inexplicável
saber”. Assim sendo, a memória tem um papel fundamental nas escolhas que norteiam
a construção do nosso patrimônio cultural coletivo, na busca por deixarmos um legado
aos que virão depois de nós.

A memória rema contra a maré, o meio urbano afasta as pessoas


que já não se visitam, faltam os companheiros que sustentavam as
lembranças e já se dispersavam. Daí a importância da coletividade
no suporte da memória. Quando as vozes das testemunhas se
dispersaram, se apagaram, nós ficamos sem guia para percorrer os
caminhos da nossa história mais recente: quem nos conduzirá em
suas bifurcações e atalhos? Fica-nos a história oficial: em vez da
envolvente trama tecida a nossa frente só nos resta virar a página de
um livro, único testemunho do passado (BOSI, 1992, p. 45).

6
As ações de intervenção e preservação levaram o IPHAN a alcançar significativo
prestígio internacional e deixaram como legado um volumoso número de bens culturais
salvos do desaparecimento. Nos anos de maior destaque, quando a Instituição foi
dirigida pelo advogado Rodrigo Melo Franco de Andrade, cabia proteger aquilo que
se entendia por patrimônio histórico e artístico nacional, numa tarefa civilizadora de
reconhecimento e afirmação de uma identidade nacional.

FIGURA 6 – RODRIGO MELO FRANCO DE ANDRADE

FONTE: <https://bit.ly/2SWhwuh>. Acesso em: 5 maio 2021.

FIGURA 7 – SEDE DO IPHAN EM RECIFE/PE

FONTE: <https://bit.ly/3vKk10I>. Acesso em: 5 maio 2021.

2.2 AS ATRIBUIÇÕES DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO


HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
O IPHAN é o órgão federal defensor da diversidade cultural brasileira, essa
diversidade se constitui e se manifesta em seus tesouros edificados, na criatividade
aplicada na arte, nos ofícios que se perpetuam, nos costumes e tradições e na história.
Para que as ações desse órgão cumpram com seus objetivos, é necessário que se
compreenda o seu papel.
7
São atribuições do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
estabelecidas pela Política de Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil (PORTA,
2012, p. 27):

• Elaborar e implantar a política nacional de patrimônio cultural,


buscando a ação articulada entre os entes públicos e a participação
da sociedade civil.
• Identificar e documentar o patrimônio cultural brasileiro.
• Reconhecer, valorizar e proteger o patrimônio cultural através do
cadastro, tombamento, registro ou chancela.
• Instruir os processos de tombamento, registro e chancela.
• Conservar, fiscalizar e proteger os bens tombados.
• Estabelecer normas de proteção, conservação e intervenção em
bens culturais.
• Promover a salvaguarda do patrimônio imaterial através de ações
que estimulem a continuidade dessas manifestações culturais.
• Promover a formação de técnicos e de mão de obra especializada
para a preservação do patrimônio cultural.
• Promover e divulgar o patrimônio cultural.
• Estimular a fruição, a vivência e o uso do patrimônio cultural pela
sociedade.
• Facilitar e estimular o acesso aos acervos arquivísticos,
bibliográficos e museológicos relativos ao patrimônio cultural.
• Analisar, aprovar e acompanhar qualquer projeto de intervenção
em bens tombados.
• Acompanhar e participar da formulação e implantação de planos
de salvaguarda de bens registrados.
• Emitir parecer técnico sobre todos os projetos relativos ao
patrimônio cultural, apresentados ao Programa Nacional de Apoio
à Cultura (Lei de Incentivo à Cultura e Fundo Nacional de Cultura).
• Adotar medidas legais em caso de furto ou dano de bens
tombados.
• Autorizar a saída de bens culturais no país, bem como sua
comercialização.
• Fornecer suporte técnico à preparação dos processos de candida-
tura de bens culturais brasileiros ao Patrimônio Mundial e às Listas
da Convenção para a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial.
• Emitir laudos técnicos relativos ao patrimônio cultural solicitado
por instâncias de governo ou pelo judiciário.
• Analisar projetos de pesquisa, de intervenção ou de salvamento
relativos a sítios e bens arqueológicos.
• Elaborar relatórios de impacto de empreendimentos capazes de
afetar o patrimônio cultural e de empreendimentos em áreas de
proteção e entorno de bens tombados.

3 AS TRANSFORMAÇÕES NO CAMPO PATRIMONIAL


BRASILEIRO
O processo de construção do conceito de Patrimônio Cultural sofreu inúmeras
transformações e também grandes avanços nos últimos anos em nosso país. Ainda, na
década de 1970, deu-se início à discussão sobre a relação entre o turismo e patrimônio
e, em 1980, quando o designer Aloísio Magalhães assumiu a direção da Fundação Pró-
Memória, houve um grande desvio conceitual. Aloísio usou sua experiência no Centro

8
Nacional de Referência Cultural, introduzindo um viés antropológico na Instituição. É
possível afirmar que ele ampliou a noção de bens culturais, se até aquele momento o
Patrimônio Cultural era trabalhado a partir de ideias pautadas na tradição, passou, então, a
considerar as noções e diversidade cultural olhando para a comunidade e para o contexto
em que o bem está inserido.

[...] o patrimônio de cada um de nós e da comunidade à qual


pertencemos: do mais modesto ao mais notável, tudo o que tem
um sentido para nós, o que herdamos, criamos, transformamos e
transmitimos é o patrimônio tecido de nossa vida, um componente
de nossa personalidade (VARINE, 2013, p. 43).

Um dos instrumentos legais dessas transformações e avanços com relação


ao Patrimônio Cultural brasileiro é a Constituição Federal de 1988. As definições do
Patrimônio Cultural na legislação compreendem à dimensão material e imaterial, sendo
assim, é importante que você, acadêmico e futuro museólogo, possa refletir também
sobre o patrimônio cultural presente nos museus. É possível constatar e se observar
que ao longo do tempo, até os dias atuais, o acervo é, ainda, o elemento que recebe o
maior enfoque dentro desses espaços.

ESTUDOS FUTUROS
Veremos, no Tópico 3, outros aspectos pertinentes à legislação brasileira e à
proteção de nosso patrimônio.

3.1 O PATRIMÔNIO CULTURAL NOS MUSEUS


Não podemos deixar de falar das instituições museológicas e da importância da
preservação do patrimônio presente nesses lugares de memória. O patrimônio cultural
das instituições museológicas deve ser protegido, resguardado e salvaguardado. No en-
tanto, por falta de preparo ou de entendimento equivocado por parte de alguns profis-
sionais de museus, esse patrimônio acaba sendo, por muitas vezes, mais restringido e
o acesso ao patrimônio que é de todos acaba virando um privilégio para poucos. Sendo
assim, não se cumpre algumas das suas principais funções da área patrimonial e muse-
ológica: comunicar, dialogar, refletir, incentivar o pensamento crítico, contribuindo para
a transformação e alteração na forma de diálogo e conexão com o patrimônio cultural
na vida de uma pessoa, uma comunidade ou uma sociedade.

9
ATENÇÃO
Caro acadêmico, a seguir, lançamos uma proposição de reflexão importante
e você deve ficar atento. O grande questionamento que fica é: estamos
protegendo o patrimônio para a sociedade ou estamos protegendo o que
julgamos ser patrimônio do acesso de toda sociedade?

Caso a resposta para essa pergunta, seja a segunda alternativa, é possível que
estejamos fazendo errado. A proteção do patrimônio cultural visa sua sobrevida, seu
resguardo para as próximas gerações. Assim sendo, não há sentido tentar deixá-lo ina-
cessível, intocável ou imexível, já que haverá transformações e transições pelas quais
o patrimônio cultural passará ao longo de sua existência. São justamente essas trans-
formações que compõem a singularidade histórica de sua trajetória, tornando-o único.

A impossibilidade prática de preservar tudo nos coloca permanente-


mente diante da necessidade de realizar opções. Essas opções reve-
lam o caráter político da preservação e precisam, para manutenção da
coerência, do amparo de determinados critérios. São esses critérios,
explícitos ou não, que permitem estabelecer maior precisão na identi-
ficação do bem cultural a ser preservado e maior controle em relação à
arbitrariedade preservacionista (CHAGAS, 2015, p. 112).

Apesar de serem conhecidos como espaços de guarda e proteção do patrimônio


coletivo, os museus têm, em sua gênese, também o esquecimento. O patrimônio cultural
material e imaterial, dentro e fora dos museus, é resultado de processos de escolhas,
não há neutralidade em preferir algo em detrimento de outro, a sociedade precisa se
sentir representada nos espaços museais, ela deve ser consultada ou inserida durante
o processo de escolha daquilo que será preservado.

Os museus, tanto os de ontem quanto os de hoje, são um espaço


privilegiado de poder e de memória. Onde há museus, há poder, e onde
há poder, há a construção da memória, ou seja, há esquecimento e
lembrança – operações que, como se sabe, são complementares
(OLIVEIRA, 2008, p. 146).

Horta, Grunberg e Monteiro (1999) nos fazem compreender que patrimônio é


uma construção de sentidos. Para que as instituições de memória e seus acervos façam
sentido na vida da comunidade em que estão inseridos, é necessário um trabalho bem
articulado, pois pouco adianta profissionais de museus continuarem a abrir as portas
físicas das instituições enquanto as barreiras sociais impostas não possibilitam uma
conexão entre museu e sociedade.

A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural”


que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia,
levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória
histórico-temporal em que está inserido. Este processo leva ao
reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização
da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural (HORTA;
GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 4).

10
Para efetivar a comunicação e conexão com o patrimônio, é preciso que se crie e
se fortaleça um ambiente museal que dialogue, pondere e atenda às expectativas do visi-
tante, garantindo mais espaço e voz ativa a ele. É através dessas estratégias de inserção
coletiva que o patrimônio cultural se faz visível e se mostra relevante para a sociedade.

A educação patrimonial é, para mim, uma ação de caráter global, diri-


gida a uma população e a seu território, utilizando instituições como a
escola ou o museu, mas sem se identificar com qualquer uma delas em
particular. [...] A proposta visa levar o maior número possível de mem-
bros da comunidade. [...] Essa educação não é do tipo escolar, mas se
utiliza muitas vezes o sistema escolar como passo inicial (geralmente,
é mais fácil passar pelas crianças para tocar os pais e o resto da po-
pulação, e de toda maneira, como vimos, é preciso formar as futuras
gerações na utilização dos recursos a sua disposição). Na classificação
de Paulo Freire, ela não é “bancária”, mas libertadora, uma vez que par-
ticipa da emergência da confiança em si, da capacidade de iniciativa,
do reforço da identidade social e cultural, da coesão social pelo com-
partilhamento de um patrimônio comum (VARINE, 2013, p. 137-138).

NOTA
Huges de Varine Bohan é um arqueólogo, historiador e museólogo francês.
Foi diretor do Conselho Internacional de Museus (ICOM) de 1965 a 1974. É o
criador do termo Ecomuseu, ideia que surgiu a partir do esforço em gerar um
novo termo para abarcar formas experimentais de museus. Um Ecomuseu
é formado quando membros de uma comunidade se reúnem e se tornam
atores protagonistas do processo de preservação do seu patrimônio cultural
(material e imaterial).

DICAS
Caro acadêmico, a Educação para o Patrimônio é um tema para outro livro didático. Caso
tenha interesse pelo assunto, sugerimos a leitura da publicação número seis do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional da série de cadernos temáticos – Educação
Patrimonial: práticas e diálogos interdisciplinares. Acesse na íntegra em: http://portal.iphan.
gov.br/uploads/publicacao/caderno_tematico_06_.pdf.

11
FIGURA 8 – CAPA DO CADERNO TEMÁTICO: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/caderno_tematico_06_.pdf>.
Acesso em: 24 nov. 2020.

12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• A proteção do patrimônio cultural brasileiro nasce do desejo pela criação e


fortalecimento de uma identidade nacional. Inicialmente, as ações estavam
pautadas na proteção do chamado pedra e cal, ou seja, bens imóveis tais como
edificações, monumentos, esculturas etc.

• Para que a proteção do patrimônio cultural brasileiro fosse efetivada, foi criado o
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1937, que hoje é o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; instituição máxima de salvaguarda do
patrimônio cultural em nosso país.

• As mudanças ao longo dos anos na atuação dos órgãos fiscalizadores da


proteção do patrimônio reafirmaram a necessidade de se preservar a memória.
Houve importantes avanços no conceito de patrimônio cultural e, através desses
avanços, foi tirado o enfoque somente na proteção materialidade, valorizando-se
também o patrimônio cultural imaterial.

• Há necessidade de o patrimônio dialogar e estar cada vez mais próximo da


comunidade local, entendendo a urgência de que a população conheça e se
reconheça na diversidade do patrimônio cultural brasileiro, fortalecendo assim o
desejo de preservação coletivo.

13
AUTOATIVIDADE
1 Foi criado pela Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937, Art. 46, o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) dentro do Ministério da Educação e da Saúde,
buscando apoio e investimento na ampliação de uma rede de proteção e valorização
do nosso patrimônio mais tarde veio a se chamar IPHAN. No que se refere a esta sigla
(IPHAN), assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Instituto Permanente da História e da Arte Nacional.


b) ( ) Instituição de Proteção Histórica e Artística Nacional.
c) ( ) Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
d) ( ) Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Nação.

2 A produção cultural é incessante, onde e enquanto houver vida humana e relações


interpessoais haverá cultura. Sendo assim, a memória tem papel imprescindível na
manutenção de determinados hábitos, costumes, tradições gerando elos de conexão
entre as pessoas. Diante do exposto, tomando por base a definição de Santos (2003)
sobre memória, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Por memória podemos compreender atividades ligadas ao passado, repetição de


atitudes e sentimentos dos quais raramente nos damos conta, construções e
reconstruções de novas identidades ao longo de nossas vidas, e até mesmo o
inexplicável saber.
b) ( ) Por memória podemos compreender reminiscências, através das quais nos
encontramos com o passado, repetição de atitudes e sentimentos dos quais
raramente nos damos conta, construções e reconstruções de novas identidades
ao longo de nossas vidas, e até mesmo o inexplicável saber.
c) ( ) Por memória podemos compreender sentimentos dos quais raramente nos
damos conta, já que memória não está a ações de consciência.
d) ( ) Por memória podemos compreende as construções e reconstruções de novas
identidades, qualidades e estéticas ao longo de nossas vidas, e até mesmo ações
inexplicáveis.

3 O IPHAN é o órgão federal defensor da diversidade cultural brasileira, essa diversidade


se constitui e se manifesta em seus tesouros edificados, na criatividade aplicada na
arte, nos ofícios que se perpetuam, nos costumes e tradições e na história. Para que
as ações deste órgão cumpram com seus objetivos, é necessário que se compreenda
o seu papel. No entanto, são atribuições do IPHAN, EXCETO:

14
a) ( ) Estimular a fruição, a vivência e o uso do patrimônio cultural pela sociedade.
b) ( ) Conservar, fiscalizar e proteger os bens tombados.
c) ( ) Facilitar e estimular o acesso aos acervos arquivísticos, bibliográficos e
museológicos relativos ao patrimônio cultural.
d) ( ) Contratar museólogos em número suficiente em seus quadros de equipe.

4 Segundo informações contidas na publicação: Política de Preservação do Patrimônio


Cultural no Brasil (PORTA, 2012, p. 11), “por muito tempo, a atenção e as energias
do principal órgão de preservação do país, que moldou a constituição de órgãos
estaduais, estiveram estritamente voltadas à proteção do legado material da
colonização portuguesa e do período imperial”. Com relação aos quatro estados da
federação que concentram o maior número de bens tombados no país, assinale a
alternativa CORRETA:

FONTE: PORTA, P. Política de preservação do patrimônio


cultural no Brasil: diretrizes, linhas de ação e resultados:
2000/2010. Brasília: IPHAN; Ministério da Cultura, 2012.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/
PubDivCol_PoliticaPreservacaoPatrimonioCulturalBrasil_m.
pdf. Acesso em: 5 maio 2021.

a) ( ) Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.


b) ( ) São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
c) ( ) São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.
d) ( ) Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul.

5 O processo de construção do conceito de Patrimônio Cultural sofreu inúmeras


transformações, além de grandes avanços nos últimos anos em nosso país. Na
década de 1970, deu-se início à discussão sobre a relação entre o turismo e patrimônio
e, em 1980, quando o designer Aloísio Magalhães assumiu a direção da Fundação
Pró-Memória, houve um grande desvio conceitual. Disserte sobre essas diferenças e
alterações.

6 Conforme Horta, Grunberg e Monteiro (1999), patrimônio é uma construção de


sentidos. A partir dessa reflexão e das leituras feitas nesta unidade, disserte sobre a
necessidade ou não de incluir a comunidade local no processo de escolha do conjunto
patrimonial presente nos museus.

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16
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
PRESERVAÇÂO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
MATERIAL E IMATERIAL

1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 2, caro acadêmico, você conhecerá mais sobre Patrimônio e sua
referência desde etimologia da palavra, a que está ligada e de onde advém a herança.
Veremos que em uma noção mais antiga, patrimônio era interpretado como o desejo de
transmitir os bens da família, já na noção mais contemporânea, desenvolve-se a ideia
de um patrimônio a ser transmitido à posteridade.

Iremos conhecer e entender os instrumentos legais, ligados à intenção


de preservar, que formalizam a proteção do patrimônio cultural coletivo. Veremos,
primeiramente, o tombamento, que tem como objetivo a manutenção das características
do patrimônio material das quais se podem reconhecer o valor cultural que lhe é
atribuído. Depois, conheceremos o registro, que surge a partir da aprovação do Decreto
nº 3.551, de 4 agosto de 2000, instituído com o Programa Nacional de Proteção Imaterial.
Corroborando algo que dialogamos no Tópico 1 deste livro, que é a ampliação das noções
de patrimonialização na defesa da preservação do patrimônio, incluindo patrimônio
cultural imaterial. Veremos, ainda, o inventário que é uma tentativa de superar a falsa
dicotomia entre material e imaterial.

Por fim, você conhecerá mais sobre o patrimônio imaterial brasileiro, com
enfoque nas nossas cinco manifestações culturais que são reconhecidas como
patrimônio mundial cultural imaterial da humanidade.

2 AS FORMAS DE PROTEÇÃO
No sentindo etimológico, patrimônio advém de patrimonium, uma junção de “patri”
termo designador de pai, com “monium” que exprime recebido, fazendo referência ao senti-
do de herança. Na noção mais antiga, o patrimônio era visto como o desejo de transmitir os
bens da família, já na noção mais contemporânea, desenvolve-se a ideia de um patrimônio
a ser transmitido para as futuras gerações. Sendo assim, caro acadêmico, patrimônio tem a
ver com tudo aquilo que lhe tem sentido e importância, está associado e atrelado ao desejo
e a garantia de que mais pessoas tenham contato e acesso a ele no futuro.

As ampliações no conceito de patrimônio trazem consigo a necessidade de


criação de instrumentos legais que possibilitem e formalizem a proteção do patrimônio
cultural coletivo.

17
Nas palavras do membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, Luiz
Phelipe Andrés (2000 apud PORTA, 2012, p. 14):

O ato de proteção, que está implícito na figura do tombamento, vai


muito além do que sugere a materialidade da questão, ele incide
também sobre a autoestima das pessoas diretamente envolvidas,
bem como da comunidade envoltória, ele não atribui apenas o poder
de coerção, de vigilância, de fiscalização, mas também confere valor.
E como valoriza, ele eleva e estabelece uma aura de respeito sobre o
bem que se pretende preservar.

2.1 TOMBAMENTO
O tombamento é primeiro instrumento jurídico de proteção ao patrimônio,
assim, um dos mais conhecidos foi criado em 1937 pelo Decreto-Lei nº 25.

Conforme apontado por Françoise Choay (2001), o entendimento do termo


tombar tem acepção de inventariar e registar. No contexto da Revolução Francesa, em
1790, foi criada uma comissão nomeada dos Monumentos, com o objetivo de proteger
as diferentes categorias de bens recuperados da destruição (livros, manuscritos, selos,
medalhas, pedras gravadas, estátuas, bustos, baixos-relevos, armas, mausoléus etc.) e
inventariar cada uma delas, descrevendo o estado de conservação em que se encontrava
cada um dos bens.

ESTUDOS FUTUROS
Caro acadêmico, no Tópico 3, conheceremos o Decreto-Lei nº 25 na íntegra.

O Tombamento visa à manutenção das características do patrimônio material


das quais se podem reconhecer o valor cultural que lhe é atribuído, devendo ser
motivado pelo interesse coletivo de preservar. Ele é um ato administrativo realizado pelo
poder público, visando à preservação e à manutenção da integridade das características
materiais e simbólicas dos bens culturais. O tombamento salvaguarda os elementos que
permitem reconhecer o valor que é atribuído a um bem cultural, possibilitando, assim,
a leitura e a interpretação do contexto sociocultural onde está inserido essa ação que
deve envolver a comunidade.

18
DICAS
Para mais informações sobre tombamento, acesse o site do Iphan na íntegra
em: http://portal.iphan.gov.br/.

2.2 LIVRO TOMBO


O Decreto-Lei nº 25 define os bens a que se destinam a proteção e conservação,
segundo a sua natureza – bens de natureza material: bens móveis, bens imóveis, monu-
mentos naturais, sítios e paisagens – prevendo a inscrição em um ou mais Livros do Tom-
bo de acordo com o valor ou valores que a eles são atribuídos (SANTOS; TELLES, 2016).
Por consequência, o patrimônio brasileiro tombado é inscrito em quatro diferentes Livros:

• Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: nele são inscritos os


bens culturais em função do valor arqueológico relacionado aos vestígios da ocupação
humana pré-histórica ou histórica; de valor etnográfico ou de referência para
determinados grupos sociais; e de valor paisagístico, englobando tanto áreas naturais,
quanto lugares criados pelo homem aos quais é atribuído valor a sua configuração
paisagística, a exemplo de jardins, bem como cidades ou conjuntos arquitetônicos
que se destaquem por sua relação com o território onde estão implantados.
• Livro do Tombo Histórico: neste livro, são inscritos os bens culturais em função
do valor histórico. É formado pelo conjunto dos bens móveis e imóveis existentes
no Brasil, cuja conservação seja de interesse público por sua vinculação a fatos
memoráveis da história do Brasil. Este livro, para melhor condução das ações do
Iphan, reúne, especificamente, os bens culturais em função do seu valor histórico
que se dividem em bens imóveis (edificações, fazendas, marcos, chafarizes,
pontes, centros históricos, por exemplo) e móveis (imagens, mobiliário, quadros e
xilogravuras, entre outras peças).
• Livro do Tombo das Belas Artes: reúne as inscrições dos bens culturais em função do
valor artístico. O termo belas-artes é aplicado às artes de caráter não utilitário, opostas
às artes aplicadas e às artes decorativas. Para a História da Arte, imitam a beleza
natural e são consideradas diferentes daquelas que combinam beleza e utilidade. O
surgimento das academias de arte, na Europa, a partir do século XVI, foi decisivo na
alteração do status do artista, personificado por Michelangelo Buonarroti (1475-1564).
Nesse período, o termo belas-artes entrou na ordem do dia como sinônimo de arte
acadêmica, separando arte e artesanato, artistas e mestres de ofícios.
• Livro do Tombo das Artes Aplicadas: aqui, são inscritos os bens culturais em
função do valor artístico, associado à função utilitária. Essa denominação (em
oposição às belas artes) se refere à produção artística que orientada para a criação

19
de objetos, peças e construções utilitárias: alguns setores da arquitetura, das artes
decorativas, design, artes gráficas e mobiliário, por exemplo. Desde o século XVI, as
artes aplicadas estão presentes em bens de diferentes estilos arquitetônicos. No
Brasil, as artes aplicadas se manifestam fortemente no Movimento Modernista de
1922, com pinturas, tapeçarias e objetos de vários artistas.

3 OUTRAS FORMAS DE PROTEÇÃO


A Constituição Federal de 1988 ampliou o conceito de patrimônio cultural o
qual recepcionou o tombamento como uma forma de proteção dentre outras do gênero
preservação.

A nossa Constituição Federal, no Art. 216, define o patrimônio cultural brasileiro


como “[...] bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira” (BRASIL, 1988).

3.1 REGISTRO
No ano de 2000, com a aprovação do Decreto n° 3.551, institui-se o registro
com o Programa Nacional de Proteção Imaterial (PNPI). Assim, a legislação brasileira
avança naquilo que vínhamos discutindo desde o Tópico 1 deste livro: a ampliação das
noções de patrimonialização, na defesa da preservação do patrimônio.

NOTA
Patrimonialização é o termo empregado para designar todo o processo de
constituição de patrimônios na sociedade.

A patrimonialização de bens culturais é elaborada nas interações sociais que


exibem categorias de tempo e espaço, como memória, história, identidade, passado,
cultura, cidade em nome de uma determinada coletividade (REIS, 2015).

Segundo Fonseca (2005), o registro de bens culturais de natureza imaterial é


destinado à salvaguarda de bens de caráter processual e dinâmico, ele visa proteger as
formas de expressão e os modos de vida, criar e fazer, bem como os objetos, artefatos
e lugares que lhes são associados.

20
4 PATRIMÔNIO IMATERIAL
O Brasil, atualmente, tem mais de 30 manifestações culturais reconhecidas
como patrimônio cultural imaterial; são saberes, fazeres, celebrações e formas de
expressões. Dessas, cinco, estão inscritas na UNESCO, órgão das Nações Unidas, como
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade:

4.1 RODA DE CAPOEIRA


Com a mistura de dança e luta, a capoeira desenvolveu-se como rito social e de
solidariedade entre os escravos. A estratégia para lidarem com o controle e a violência é
uma manifestação cultural que reúne canto, toque dos instrumentos, dança, golpes, jogo,
brincadeira, símbolos e rituais africanos. Na roda de capoeira, os mestres, formados na
tradição, transmitem o saber aos demais. Hoje, um dos símbolos da identidade brasileira é
praticado em mais de 160 países (GURGEL, 2016).

A Roda de Capoeira, inscrita no Livro de Registro das Formas de Ex-


pressão, em 2008, é um elemento estruturante de uma manifestação
cultural, espaço e tempo, em que se expressam simultaneamente o
canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a brin-
cadeira, os símbolos e rituais de herança africana. Profundamente
ritualizada, a roda de capoeira congrega cantigas e movimentos que
expressam uma visão de mundo, uma hierarquia e um código de éti-
ca que são compartilhados pelo grupo (IPHAN, 2014e, s.p.).

FIGURA 9 – RODA DE CAPOEIRA

FONTE: <https://bit.ly/3eTGu5V>. Acesso em: 3 mar. 2021.

Segundo o IPHAN (2014f), o registro da Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres


de Capoeira tem amplitude nacional, e foi realizado com base nas pesquisas desenvol-
vidas durante a fase de inventário nos estados da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.

21
A 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda aprovou, em
novembro de 2014, em Paris, a Roda de Capoeira, um dos símbolos do Brasil mais
reconhecidos internacionalmente como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

O reconhecimento da Roda de Capoeira pela Unesco é uma conquista muito


importante para a cultura brasileira e expressa a história de resistência negra no Brasil,
durante e após a escravidão. Originada no século XVII, em pleno período escravista,
desenvolveu-se como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos
escravizados, estratégia para lidarem com o controle e a violência. Hoje, é um dos
maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo território nacional,
além de praticada em mais de 160 países, em todos os continentes.

4.2 FREVO
O Frevo foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 2007. Ele é
uma forma de expressão musical, coreográfica e poética densamente enraizada em Recife
e Olinda, no Estado de Pernambuco. Surgiu no final do século XIX, no Carnaval, em um
momento de transição e efervescência social, como expressão das classes populares na
configuração dos espaços públicos e das relações sociais nessas cidades. Em 2012, foi
incluído na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.

FIGURA 10 – FREVO

FONTE: <https://bit.ly/3uYJLqf>. Acesso em: 3 mar. 2021.

A história do frevo está registrada na memória coletiva do povo


pernambucano, nos modos como essas pessoas povoam a vida
sociocultural do Recife, sua forma de organização; participação da
população na festa, no cotidiano, nas intenções políticas e sentidos
por elas atribuídos. Manifestação artística da cultura pernambucana
desempenha importante papel na formação da música brasileira,
sendo uma das suas raízes. Com sua riqueza melódica, criatividade
e originalidade proveniente da grande mescla com gêneros
diversos, somadas à inventividade e capacidade criadora dos seus

22
compositores, engrandecem e legitimam as múltiplas identidades,
assim como a diversidade cultural do povo brasileiro. As bandas
militares e suas rivalidades, os escravos recém-libertos, os capoeiras,
a nova classe operária e os novos espaços urbanos foram elementos
definidores da configuração do Frevo (IPHAN, 2014a, s.p.).

Simultaneamente à música, foi-se inventando o passo, isto é, a dança frenética ca-


racterística do frevo. Improvisada na rua, liberta e vigorosa, criada e recriada por passistas, a
dança de jogo de braços e de pernas é atribuída à ginga dos capoeiristas, que assumiam a
defesa de bandas e blocos, ao mesmo tempo em que criavam a coreografia. Produto do con-
texto sócio-histórico singular, o Frevo expressa um protesto político e uma crítica social em
forma de música, de dança e de poesia, constituindo-se em símbolo de resistência da cultura
pernambucana e em expressão significativa da diversidade cultural brasileira (IPHAN, 2014a).

4.3 SAMBA DE RODA


No Recôncavo Baiano, o samba de roda é uma expressão musical, coreográfica,
poética e festiva das mais importantes da cultura brasileira. Exerceu influência no
samba carioca e, até hoje, é uma das referências do samba nacional. Está presente
em toda a Bahia, principalmente no Recôncavo, o entorno da Baía de Todos os Santos.
A herança negro-africana no samba de roda se mesclou de maneira singular a traços
culturais trazidos pelos portugueses (principalmente viola e pandeiro) e à própria língua
portuguesa nos elementos de suas formas poéticas (GURGEL, 2016).

FIGURA 11 – SAMBA DE RODA

FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/galeria/detalhes/98>. Acesso em: 24 nov. 2020.

Segundo o IPHAN (2014b, s.p.):

Seus primeiros registros do samba de roda com esse nome e com


muitas características, que ainda hoje o identificam, datam dos anos
1860. Atualmente, reúne as tradições culturais transmitidas por africanos

23
escravizados e seus descendentes, que incluem o culto aos orixás e
caboclos, o jogo da capoeira e a chamada comida de azeite. A herança
negro-africana no samba de roda se mesclou de maneira singular a traços
culturais trazidos pelos portugueses (principalmente viola e pandeiro) e à
própria língua portuguesa nos elementos de suas formas poéticas. O samba
de roda é uma das joias da cultura brasileira, por suas qualidades intrínsecas
de beleza, perfeição técnica, humor e poesia, e pelo papel proeminente que
vem desempenhando nas próprias definições da identidade nacional.

4.4 CÍRIO DE NAZARÉ


É uma celebração religiosa que ocorre em Belém (PA), inscrita no Livro das
Celebrações, em 2004. A festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré envolve vários
rituais de devoção religiosa e expressões culturais, ela reúne devotos, turistas e curiosos
de todas as partes do Brasil e de países estrangeiros. Cultua-se a festividade de Nossa
Senhora de Nazaré em vários municípios paraense – Acará, Curuçá, Parauapebas, São
João entre outros. Foi Instituída em 1793, é uma celebração que, além de constituída
por vários rituais de devoção religiosa, emana expressões culturais. O desfecho da festa
ocorre na procissão do Círio, no segundo domingo de outubro (IPHAN, 2014c).

FIGURA 12 – CÍRIO DE NAZARÉ

FONTE: <https://bit.ly/33NPtPF>. Acesso em: 5 maio 2021.

No Pará, o Círio anualmente é o ápice de demonstração da devoção e


solidariedade, de reiteração de laços familiares, bem como de manifes-
tação social e política. O seu cerimonial religioso remonta a lenda que
envolve o achado, em 1700, da imagem de Nossa Senhora de Nazaré
por um caboclo de nome Plácido. Festa multifacetada, evidenciada por
seus elementos sagrados e profanos, a que estão associadas diferen-
tes significações decorrentes da diversidade das formas de inserção
no evento, da apropriação simbólica e da diferenciação social dos par-
ticipantes. A importância do Círio de Nazaré como manifestação cul-
tural pode ser reconhecida no longo e dinâmico processo que reitera
e constrói essa celebração há mais de 200 anos (IPHAN, 2014c, s.p.).

24
A procissão principal é realizada no segundo domingo de outubro, já as romarias
que a antecedem a chamada “Quadra Nazarena”, prolongam-se por 15 dias. A procissão
propriamente dita corresponde ao traslado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré da
Catedral da Sé, no bairro da Cidade Velha, local em que Belém nasceu, até a Praça San-
tuário, no bairro de Nazaré. O percurso, de cerca de cinco quilômetros, é feito nos limites
da área mais antiga e mais urbanizada da cidade de Belém, passando pela rua Padre
Champagnat, pela avenida Portugal, pelo boulevard Castilhos França, e pelas avenidas
Presidente Vargas e Nazaré (IPHAN, 2014c).

Essa celebração foi inscrita na Lista Representativa do Patrimônio Cul-


tural da Humanidade da Unesco, em dezembro de 2013, durante a 8ª
seção do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio
Imaterial, realizada em Baku (capital do Azerbaijão). Considerado uma
das maiores concentrações religiosas do mundo, o Círio tem como
ponto alto a procissão da qual participam mais de dois milhões de pes-
soas do Estado e de diversas partes do Brasil (IPHAN, 2014c, s.p.).

4.5 ARTE KUSIWA


A Arte Kusiwa é um sistema de representação gráfica (Pintura Corporal e Arte Grá-
fica Wajãpi), própria dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá, essa arte sintetiza seu modo
particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo. Como patrimônio imaterial, a Arte
Kusiwa foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 2002. Recebeu da
Unesco o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade em 2003 (IPHAN, 2014d).

FIGURA 13 – ARTE KUSIWA

FONTE: <https://bit.ly/3yjQ3Ty>. Acesso em: 5 maio 2021.

A Terra Indígena Wajãpi, demarcada e homologada em 1996, é uma área muito


preservada, lá vivem cerca de 1,1 mil indígenas, divididos em 48 aldeias. Essa arte
está ligada à organização social, o uso adequado da terra indígena e o conhecimento
tradicional. Os Wajãpis usam composições de padrões Kusiwa nas costas, no rosto e
nos braços. A pintura é para todos os dias e, enquanto os adultos se pintam, os jovens
aprendem a fazer composições de kusiwarã (IPHAN, 2014d).
25
Os Wajãpi do Amapá constituem um grupo remanescente de um povo, outrora,
muito mais numeroso, subdividido em vários grupos independentes e cuja população
total foi estimada em cerca de seis mil pessoas no começo do século XIX. Esta etnia
tem origem em um complexo cultural maior, de tradição e língua tupi-guarani, hoje
representados por diversos povos distribuídos entre vários estados do Brasil e países
adjacentes. Até o século XVII, os Wajãpi viviam ao sul do rio Amazonas, numa região
próxima da área até hoje ocupada pelos Asurini, Araweté e outros, todos falantes de
variantes dessa mesma família linguística (IPHAN, 2014d).

5 INVENTÁRIO
Paralelo ao instrumento do tombamento, (vinculado ao patrimônio material que,
como já vimos no Tópico 1, foi a prioridade do órgão máximo brasileiro em proteção e
preservação patrimonial), e do registro (conforme vimos neste tópico, é resultado dos
avanços e da ampliação do entendimento e das noções de patrimônio cultural, ligado
à proteção dos bens imateriais), surgem as propostas de inventário que visam superar
essa falsa dicotomia entre material e imaterial. Uma nova possibilidade de registro que
vem sendo bastante discutida e difundida atualmente é a cartografia dos sentidos que
pode ser realizada a partir dessas práticas de inventário, facultando o acesso tanto
à dimensão do tangível, dada a ver pela sua materialidade, quanto à dimensão do
intangível, aquela associada ao universo simbólico e da percepção (NOGUEIRA, 2015).

Cabe destacarmos que, nem o tombamento, nem o registro tornam o bem imexí-
vel. O patrimônio cultural material e, principalmente, imaterial é vivo, é uma construção so-
cial e resultado dessa integração com a sociedade, ele perpassa por ressignificação e isso
não é demérito algum. Aliás, pelo contrário, as transformações que ele enfrenta ao longo
de gerações fazem parte de sua historicidade, e essa carga de significados vai sendo incor-
porada a sua bagagem cultural. Os instrumentos de jurídicos de proteção não servem para
torná-lo imóvel e intacto, eles são um atestado público de relevância de determinado bem
que representa culturalmente um grupo de pessoas, povo, uma nação, uma sociedade.

O patrimônio está ligado ao direito de memória e, assim sendo, tem a ver com o
exercício da cidadania. Não podemos deixar de refletir sobre esses caminhos, sobre as
escolhas, sobre a responsabilidade de cada um de nós nessa composição. Memória é
poder, patrimônio é poder, há um jogo de disputas do que será lembrado. Toda escolha é
intencional, não podemos perder esse entendimento de vista, é importante lembrarmos
que não existe neutralidade nesse processo.

A interpretação do patrimônio cultural deve ser feita com e para a população


local, num diálogo, com contato, na ausculta dessas diversas vozes e opiniões. Chauí
(2006) usou a denominação: cidadania cultural, para considerar tanto as perdas quanto
as conquistas nas perspectivas de seus habitantes, para elaboração de políticas públicas
no campo patrimonial que garantam amplos direitos aos cidadãos.

26
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Patrimônio advém de patrimonium, fazendo referência à herança. Em uma noção


mais antiga, ele era visto como o desejo de transmitir os bens da família, já a noção
mais contemporânea, desenvolve-se a ideia de um patrimônio a ser transmitido
para as futuras gerações.

• As ampliações no conceito de patrimônio trazem consigo a necessidade de criação


de instrumentos legais que possibilitem e formalizem a proteção do patrimônio
cultural coletivo.

• O tombamento é o primeiro instrumento jurídico de proteção ao patrimônio, criado


em 1937 pelo Decreto-Lei nº 25. Visa à manutenção das características do patrimônio
material das quais se podem reconhecer o valor cultural que lhe é atribuído. É um ato
administrativo realizado pelo poder público, visando à preservação e a manutenção
da integridade das características materiais e simbólicas dos bens culturais.

• O registro com a aprovação do Decreto n° 3.551/2000 é instituído com o Programa


Nacional de Proteção Imaterial. É destinado à salvaguarda de bens de caráter
processual e dinâmico, ele visa proteger as formas de expressão e os modos de
vida, criar e fazer, bem como os objetos, artefatos e lugares que lhes são associados.

• A legislação brasileira avança na ampliação das noções de patrimonialização, na


defesa da preservação do patrimônio.

• O inventário visa superar essa falsa dicotomia entre material e imaterial. Uma
nova possibilidade de registro que vem sendo bastante discutida e difundida
atualmente, é a cartografia dos sentidos, que pode ser realizada a partir das práticas
de inventário, facultando o acesso tanto à dimensão do tangível, dada a ver pela
sua materialidade, quanto à dimensão do intangível, aquela associada ao universo
simbólico e da percepção.

• O patrimônio imaterial foi apresentado com enfoque nas cinco manifestações


culturais brasileiras, que já são reconhecidas como patrimônio mundial cultural
imaterial da humanidade: roda de capoeira, samba de roda, frevo, círio de Nazaré e
arte Kusiwa.

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AUTOATIVIDADE
1 O Decreto-Lei nº 25 define os bens a que se destinam a proteção e conservação,
segundo a sua natureza – bens de natureza material: bens móveis, bens imóveis,
monumentos naturais, sítios e paisagens – prevendo a inscrição em um ou mais
Livros do Tombo de acordo com o valor ou valores que a eles são atribuídos (SANTOS;
TELLES, 2016). O patrimônio brasileiro tombado está inscrito em quatro diferentes
livros. Com relação a esses livros, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Livro do tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico; Livro do tombo histórico;


Livro do tombo das belas artes; e Livro do tombo das artes aplicadas.
b) ( ) Livro do tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico; Livro do tombo histórico;
Livro do tombo das belas artes; e Livro do tombo de artesanato.
c) ( ) Livro da natureza; Livro do tombo histórico; Livro do tombo das belas artes; e
Livro do tombo das artes aplicadas.
d) ( ) Livro do tombo arqueológico, etnográfico e paisagístico; Livro da literatura; Livro
do tombo das belas artes; e Livro do tombo das artes aplicadas.

2 O Brasil, atualmente, tem mais de 30 manifestações culturais reconhecidas


como patrimônio cultural imaterial; são saberes, fazeres, celebrações e formas de
expressões. Cinco delas estão inscritas na UNESCO, órgão das Nações Unidas, como
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Sobre as cinco manifestações, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) Roda de capoeira, roda de samba, frevo, arte Kusiwa e Círio de Nazaré.


b) ( ) Carnaval, frevo, roda de capoeira, Círio de Nazaré e maracatu.
c) ( ) Roda de capoeira, samba de roda, Círio de Nazaré, arte Kusiwa e frevo.
d) ( ) Maracatu, frevo, carnaval, roda de samba e forró.

3 É um elemento estruturante de uma manifestação cultural, espaço e tempo, em


que se expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os
golpes, o jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana. Com base no
exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Samba de roda.
b) ( ) Roda de capoeira.
c) ( ) Frevo.
d) ( ) Maracatu.

28
4 É destinado à salvaguarda de bens de caráter processual e dinâmico, visa proteger
as formas de expressão e os modos de vida, criar e fazer, bem como os objetos,
artefatos e lugares que lhes são associados. Acerca do excerto, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Inventário de bens móveis.


b) ( ) Tombamento de bens.
c) ( ) Registro de bens culturais de natureza imaterial.
d) ( ) Registro de bens culturais de natureza material.

5 Atualmente, reúne as tradições culturais transmitidas por africanos escravizados e


seus descendentes, que incluem o culto aos orixás e caboclos. A herança negro-
africana se mesclou de maneira singular a traços culturais trazidos pelos portugueses
e seus primeiros registros datam de 1860. A que estamos nos referindo?

a) ( ) À capoeira.
b) ( ) Ao samba de roda.
c) ( ) Ao Carnaval.
d) ( ) Ao frevo.

6 Quanto ao livro que são inscritos os bens culturais, relacionados aos vestígios da
ocupação humana pré-histórica ou histórica, englobando tanto áreas naturais
quanto lugares criados pelo homem aos quais é atribuído valor a sua configuração
paisagística, a exemplo de jardins, mas também cidades ou conjuntos arquitetônicos
que se destaquem por sua relação com o território onde estão implantados, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.


b) ( ) Livro do Tombo Histórico.
c) ( ) Livro do Tombo Cultural.
d) ( ) Livro do Tombo das Artes.

7 O registro de bens culturais de natureza imaterial é destinado à salvaguarda de bens


de caráter processual e dinâmico, ele visa proteger as formas de expressão e os
modos de vida, criar e fazer, bem como os objetos, artefatos e lugares que lhes são
associados. Nesse sentido, disserte sobre o que é Patrimonialização:

8 As formas e instrumentos legais visam à preservação do bem, tornando-se, a partir


de então, irretocável, imexível. Esta afirmação é verdadeira? Comente:

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30
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
POR DENTRO DA LEGISLAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste terceiro e último tópico da unidade, traremos as principais
diretrizes regulamentadoras no que tange à proteção do patrimônio cultural brasileiro,
para que você tenha subsídios para refletir e aprofundar outras análises referentes ao
tema. Sendo assim, abordaremos sobre o Decreto-Lei nº 25 de 1937, que versa sobre a or-
ganização da proteção do patrimônio histórico e artístico nacional; a Constituição Federal
em seu Art. 23, que versa sobre a competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e os Arts. 215 e 216 que falam sobre o direito à cultura e à valo-
rização e difusão do patrimônio cultural brasileiro, além do Decreto nº 3.551 de 2000, que
institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cul-
tural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências.

NOTA
Caro acadêmico, é importante frisar que alguns textos a seguir não tiveram
atualização com o passar dos anos e, por esse motivo, podem apresentar
denominações ou termos da época, diferentes das utilizadas atualmente.
Boa leitura!

2 DECRETOS
Neste subtópico, abordaremos dois decretos que regulam a proteção do
patrimônio cultural brasileiro. O primeiro diz respeito ao patrimônio material que é o
Decreto n° 25 de 1937, já o segundo diz respeito ao patrimônio imaterial que é o Decreto
3.551 do ano de 2000.

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2.1 DECRETO-LEI N° 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937

O presente decreto organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL

Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis
e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por
sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional
valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante
do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o Art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos
a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que
importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela
natureza ou agenciados pela indústria humana.

Art. 2º A presente lei se aplica a coisas pertencentes às pessoas naturais, bem como
às pessoas jurídicas de direito privado e de direito público interno.

Art. 3º Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de origem


estrangeira:
1) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país;
2) que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que
façam carreira no país;
3) que se incluam entre os bens referidos no Art. 10 da Introdução do Código Civil, e
que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário;
4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos;
5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais:
6) que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno
dos respectivos estabelecimentos.
Parágrafo único. As obras mencionadas nas Alíneas 4 e 5 terão guia de licença para
livre trânsito, fornecida pelo Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

CAPÍTULO II
DO TOMBAMENTO

Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do


Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o Art. 1º desta lei, a saber:

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1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes
às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim
as mencionadas no § 2º do citado Art. 1º;
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte
histórica;
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou
estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das
artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.
§ 2º Os bens, que se incluem nas categorias enumeradas nas Alíneas 1, 2, 3 e 4 do
presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido
para execução da presente lei.

Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios
se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada, a fim de produzir os necessários efeitos.

Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica de


direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente.

Art. 7º Proceder-se-á ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir,


e a coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do
patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário
anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer
dos Livros do Tombo.

Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar


a anuir à inscrição da coisa.

Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acordo com o seguinte processo:


1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente,
notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias,
a contar do recebimento da notificação, ou para, se o quiser impugnar, oferecer
dentro do mesmo prazo as razões de sua impugnação;
2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado, que é fatal, o diretor
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por simples

33
despacho que se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo;
3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista dela,
dentro de outros 15 dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do
tombamento, a fim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas,
será o processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de
60 dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.

Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o Art. 6º desta lei, será considerado
provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notifica-
ção ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.
Parágrafo único. Para todos os efeitos, salvo a disposição do Art. 13 desta lei, o
tombamento provisório se equiparará ao definitivo.

CAPÍTULO III
DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO

Art. 11. As coisas tombadas que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalie-
náveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.
Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conheci-
mento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade


de pessoas naturais ou jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes
da presente lei.

Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por iniciativa
do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis
e averbado ao lado da transcrição do domínio.
§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo,
deverá o adquirente, dentro do prazo de 30 dias, sob pena de multa de 10% sobre
o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão
judicial ou causa mortis.
§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo
prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem
sido deslocados.
§ 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo
proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do
mesmo prazo e sob a mesma pena.

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Art. 14. A. coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora
do país, da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que
se encontrar.
§ 1º Apurada a responsabilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de 50%
do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do pagamento, e até
que este se faça.
§ 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao dobro.
§ 3º A pessoa que tentar a exportação de coisa tombada, além de incidir na multa a
que se referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código
Penal para o crime de contrabando.

Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objeto tombado, o respectivo


proprietário deverá dar conhecimento do fato ao Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de 10% sobre o
valor da coisa.

Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas
ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de
multa de 50% do dano causado.
Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes à União, aos Estados ou aos
municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá
pessoalmente na multa.

Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe
impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de
ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de
cinquenta por cento do valor do mesmo objeto.

Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder
às obras de conservação e reparação que ela requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas
obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for
avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
§ 1º Recebida a comunicação e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará executá-las, a expensas da
União, devendo elas serem iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou providenciará
para que seja feita a desapropriação da coisa.

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§ 2º A falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprie-
tário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa. (Vide Lei nº 6.292, de 1975)
§ 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou
reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União,
independentemente da comunicação a que alude este artigo, por parte do proprietário.

Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que
for julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis
criarem obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dobro
em caso de reincidência.
Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o Art. 1º desta lei são
equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.

CAPÍTULO IV
DO DIREITO DE PREFERÊNCIA

(Revogado pela Lei nº 13.105, de 2015)


CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 23. O Poder Executivo providenciará a realização de acordos entre a União e


os Estados, para melhor coordenação e desenvolvimento das atividades relativas
à proteção do patrimônio histórico e artístico nacional e para a uniformização da
legislação estadual complementar sobre o mesmo assunto.

Art. 24. A União manterá, para a conservação e a exposição de obras históricas e


artísticas de sua propriedade, além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional
de Belas Artes, tantos outros museus nacionais quantos se tornarem necessários,
devendo, outrossim, providenciar no sentido de favorecer a instituição de museus
estaduais e municipais, com finalidades similares.

Art. 25. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional procurará entendimentos


com as autoridades eclesiásticas, instituições científicas, históricas ou artísticas
e pessoas naturais ou jurídicas, com o objetivo de obter a cooperação delas em
benefício do patrimônio histórico e artístico nacional.

Art. 26. Os negociantes de antiguidades, de obras de arte de qualquer natureza, de ma-


nuscritos e livros antigos ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes, outrossim, apresentar semes-
tralmente a eles relações completas das coisas históricas e artísticas que possuírem.

36
Art. 27. Sempre que os agentes de leilões tiverem de vender objetos de natureza
idêntica à dos mencionados no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva
relação ao órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
sob pena de incidirem na multa de 50% sobre o valor dos objetos vendidos.

Art. 28. Nenhum objeto de natureza idêntica a dos referidos no Art. 26 desta lei poderá
ser posto a venda pelos comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha sido
previamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de 50% sobre o valor
atribuído ao objeto.
Parágrafo único. A. autenticação do mencionado objeto será feita mediante o
pagamento de uma taxa de peritagem de 5% sobre o valor da coisa, se este for
inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco mil réis por conto de réis
ou fração, que exceder.

Art. 29. O titular do direito de preferência goza de privilégio especial sobre o valor
produzido em praça por bens tombados, quanto ao pagamento de multas impostas
em virtude de infrações da presente lei.
Parágrafo único. Só terão prioridade sobre o privilégio a que se refere este artigo
os créditos inscritos no registro competente, antes do tombamento da coisa pelo
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 30. Revogam-se as disposições em contrário.

FONTE: Adaptado de BRASIL. Lei nº 378 de 13 janeiro de 1937. Dá nova, organização ao Ministério
da Educação e Saúde Pública. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/l0378.
htm. Acesso em: 5 maio 2021.

2.2 DECRETO N° 3.551, DE 4 DE AGOSTO DE 2000


O presente decreto institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial
que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio
Imaterial e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o Art. 84, inciso
IV, e tendo em vista o disposto no Art. 14 da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituído o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que


constituem patrimônio cultural brasileiro.

37
§ 1º Esse registro se fará em um dos seguintes livros:
I – Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e modos de
fazer enraizados no cotidiano das comunidades.
II – Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que
marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e
de outras práticas da vida social.
III – Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas manifestações
literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas.
IV – Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos mercados, feiras, santuários,
praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais
coletivas.
§ 2º A inscrição num dos livros de registro terá sempre como referência a continuidade
histórica do bem e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação
da sociedade brasileira.
§ 3º Outros livros de registro poderão ser abertos para a inscrição de bens culturais de
natureza imaterial que constituam patrimônio cultural brasileiro e não se enquadrem
nos livros definidos no parágrafo primeiro deste artigo.

Art. 2º São partes legítimas para provocar a instauração do processo de registro:


I – O Ministro de Estado da Cultura.
II – Instituições vinculadas ao Ministério da Cultura.
III – Secretarias de Estado, de Município e do Distrito Federal.
IV – Sociedades ou associações civis.

Art. 3º As propostas para registro, acompanhadas de sua documentação técnica,


serão dirigidas ao Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
– IPHAN, que as submeterá ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
§ 1º A instrução dos processos de registro será supervisionada pelo IPHAN.
§ 2º A instrução constará de descrição pormenorizada do bem a ser registrado,
acompanhada da documentação correspondente, e deverá mencionar todos os
elementos que lhe sejam culturalmente relevantes.
§ 3º A instrução dos processos poderá ser feita por outros órgãos do Ministério da
Cultura, pelas unidades do IPHAN ou por entidade, pública ou privada, que detenha
conhecimentos específicos sobre a matéria, nos termos do regulamento a ser
expedido pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
§ 4º Ultimada a instrução, o IPHAN emitirá parecer acerca da proposta de registro e
enviará o processo ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, para deliberação.
§ 5º O parecer de que trata o parágrafo anterior será publicado no Diário Oficial da
União, para eventuais manifestações sobre o registro, que deverão ser apresentadas
ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural no prazo de até 30 dias, contados da
data de publicação do parecer.

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Art. 4º O processo de registro, já instruído com as eventuais manifestações
apresentadas, será levado à decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.

Art. 5º Em caso de decisão favorável do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural,


o bem será inscrito no livro correspondente e receberá o título de “Patrimônio Cultural
do Brasil”.
Parágrafo único. Caberá ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural determinar a
abertura, quando for o caso, de novo Livro de Registro, em atendimento ao disposto
nos termos do § 3º do Art. 1º deste Decreto.

Art. 6º Ao Ministério da Cultura cabe assegurar ao bem registrado:


I – documentação por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao IPHAN manter
banco de dados com o material produzido durante a instrução do processo;
II – ampla divulgação e promoção.

Art. 7º O IPHAN fará a reavaliação dos bens culturais registrados, pelo menos a cada
dez anos, e a encaminhará ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural para
decidir sobre a revalidação do título de “Patrimônio Cultural do Brasil”.
Parágrafo único. Negada a revalidação, será mantido apenas o registro, como
referência cultural de seu tempo.

Art. 8º Fica instituído, no âmbito do Ministério da Cultura, o “Programa Nacional do


Patrimônio Imaterial”, visando à implementação de política específica de inventário,
referenciamento e valorização desse patrimônio.
Parágrafo único. O Ministério da Cultura estabelecerá, no prazo de noventa dias, as
bases para o desenvolvimento do Programa de que trata este artigo.

Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

FONTE: Adaptado de BRASIL. Decreto 3.551, de 4 de agosto de 2000. Institui o Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do
Patrimônio Imaterial e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-
to/d3551.htm#:~:text=Institui%20o%20Registro%20de%20Bens,Imaterial%20e%20d%C3%A1%20
outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 5 maio 2021.

39
3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Conforme a Carta Magna em seu Art. 23:

É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios:
I - Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
democráticas e conservar o patrimônio público.
III - Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
naturais notáveis e os sítios arqueológicos.
IV - Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras
de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural
(BRASIL, 1988).

Desta forma, os estados da federação e os municípios também podem legislar


suplementarmente sobre o assunto, desde que observadas as normas gerais, federal
e estadual.

DICAS
Caro acadêmico, o Artigo 23 da Constituição Federal, possui outros incisos,
mostramos aqui somente os que tangem ao conteúdo que estamos
estudando. Caso queira conhecer os demais, assim como o texto da
Constituição na íntegra, acesse: https://bit.ly/3bKce9w.

Título VIII
Da Ordem Social

Capítulo III
Da Educação, da Cultura e do Desporto

Seção II
Da Cultura
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso
às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-
brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os
diferentes segmentos étnicos nacionais.

40
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando
ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que
conduzem à:
I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II – produção, promoção e difusão de bens culturais;
III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas
dimensões;
IV – democratização do acesso aos bens de cultura;
V – valorização da diversidade étnica e regional.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material


e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá
o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e
valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos.
§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de
fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida,
para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de:
I – despesas com pessoal e encargos sociais;
II – serviço da dívida;
III – qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos
ou ações apoiados.

Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração,


de forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e
promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes,

41
pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover
o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos
culturais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012).
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura
e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos
seguintes princípios:
I – diversidade das expressões culturais;
II – universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
III – fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;
IV – cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes
na área cultural;
V – integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações
desenvolvidas;
VI – complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
VII – transversalidade das políticas culturais;
VIII – autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;
IX – transparência e compartilhamento das informações;
X – democratização dos processos decisórios com participação e controle social;
XI – descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;
XII – ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a
cultura.
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas
da Federação:
I – órgãos gestores da cultura;
II – conselhos de política cultural;
III – conferências de cultura;
IV – comissões intergestores;
V – planos de cultura;
VI – sistemas de financiamento à cultura;
VII – sistemas de informações e indicadores culturais;
VIII – programas de formação na área da cultura; e
IX – sistemas setoriais de cultura.
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema Nacional de Cultura, bem
como de sua articulação com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de
governo.
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão seus respectivos
sistemas de cultura em leis próprias.

FONTE: Adaptado de BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 5 maio 2021. Da
Ordem Social

42
LEITURA
COMPLEMENTAR
CARTA DE FORTALEZA

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Em comemoração aos seus 60 anos de criação, o IPHAN promoveu em Fortaleza, de


10 a 14 de novembro de 1997, o Seminário “Patrimônio Imaterial: Estratégias e Formas de Pro-
teção”, para o qual foram convidados, e estiveram presentes, representantes de diversas ins-
tituições públicas e privadas, da UNESCO e da sociedade, todos signatários deste documento.

O objetivo do Seminário foi recolher subsídios que permitissem a elaboração de


diretrizes e a criação de instrumentos legais e administrativos visando a identificar, pro-
teger, promover e fomentar os processos e bens “portadores de referência à identidade, à
ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Art. 216 da
Constituição), considerados em toda a sua complexidade, diversidade e dinâmica, parti-
cularmente, “as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científi-
cas, artísticas e tecnológicas”, com especial atenção àquelas referentes à cultura popular.

O PLENÁRIO, CONSIDERANDO:

• A crescente demanda pelo reconhecimento e preservação do amplo e diversificado patri-


mônio cultural brasileiro, encaminhada pelos poderes públicos e pelos sociais organizados.
• Que, em nível nacional, cabe ao IPHAN identificar, documentar, proteger, fiscalizar,
preservar e promover o patrimônio cultural brasileiro.
• Que o patrimônio cultural brasileiro é constituído por bens de natureza material e
imaterial, conforme determina a Constituição Federal.
• Que os bens de natureza imaterial devem ser objeto de proteção específica.
• Que os institutos de proteção legal em vigor no âmbito federal não se têm mostrado
adequados à proteção do patrimônio cultural de natureza imaterial;

PROPÕE E RECOMENDA

• Que o IPHAN promova o aprofundamento da reflexão sobre o conceito de bem cultural


de natureza imaterial, com a colaboração de consultores do meio universitário e
instituições de pesquisa.
• Que o IPHAN, através de seu Departamento de Identificação e Documentação,
promova, juntamente com outras unidades vinculadas ao Ministério da Cultura, a
realização do inventário desses bens culturais em âmbito nacional, em parceria
com instituições estaduais e municipais de cultura, órgãos de pesquisa, meios de
comunicação e outros.

43
• Que o Ministério da Cultura viabilize a integração do referido inventário ao Sistema
Nacional de Informações Culturais.
• Que seja criado um grupo de trabalho no Ministério da Cultura, sob a coordenação
do IPHAN, com a participação de suas entidades vinculadas e de eventuais
colaboradores externos, com o objetivo de desenvolver os estudos necessários
para propor a edição de instrumento legal, dispondo sobre a criação do instituto
jurídico denominado registro, voltado especificamente para a preservação dos bens
culturais de natureza imaterial.
• Que o grupo de trabalho estabeleça as necessárias interfaces para que sejam
estudadas medidas voltadas para a promoção e o fomento dessas manifestações
culturais, entendidas como iniciativas complementares indispensáveis à proteção
legal propiciada pelo instituto do registro. Essas medidas serão formuladas tendo
em vista as especificidades das diferentes manifestações culturais, e com a
participação de outros agentes do poder público e da sociedade.

O PLENÁRIO AINDA RECOMENDA:

• Que a preservação do patrimônio cultural seja abordada de maneira global, buscando


valorizar as formas de produção simbólica e cognitiva.
• Que seja constituído um banco de dados acerca das manifestações culturais passí-
veis de proteção, tornando a difusão e o intercâmbio das informações ágil e acessível.
• Que sejam buscadas parcerias com entidades públicas e privadas com o objetivo de
conhecer as manifestações culturais de natureza imaterial sobre as quais já existam
informações disponíveis.
• Que, relativamente aos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Relatórios de Impacto
Ambiental (RIMA), o IPHAN encaminhe ao Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) proposta de regulamentação do item relativo ao patrimônio cultural, de
modo a contemplá-lo em toda a sua amplitude.
• Que seja desenvolvido um Programa Nacional de Educação Patrimonial, a partir da
experiência do IPHAN, considerando sua importância no processo de preservação
do patrimônio cultural brasileiro.
• Que seja estabelecida uma Política Nacional de Preservação do Patrimônio Cultural
com objetivos e metas claramente definidos.
• Que o Ministério da Cultura procure influir no processo de elaboração das políticas
públicas, no sentido de que sejam levados em consideração os valores culturais na
sua formulação e implementação.

O PLENÁRIO ENCAMINHOU AS SEGUINTES MOÇÕES:

MOÇÃO DE DEFESA DA LEGISLAÇÃO DE PRESERVAÇÃO

Em defesa do reconhecimento, eficácia, atualidade e excelência jurídica do


Decreto-Lei nº 25/1937, em vigor, que organiza a proteção do patrimônio histórico e
artístico nacional, cujas disposições foram recepcionadas pela Constituição Federal de

44
1988. Em defesa da criação de instrumentos legais complementares com o objetivo
de regulamentar as outras formas de acautelamento e preservação mencionadas no
parágrafo primeiro do Art. 216 da Constituição Federal.

MOÇÃO DE APOIO AO IPHAN

Pelo repúdio a qualquer tipo de medida que venha a reduzir a capacidade


operacional do IPHAN, já bastante defasada em relação às suas atribuições legais e
administrativas, inclusive no que concerne à extinção de cargos efetivos, comissionados
e funções, e o consequente desligamento de servidores não estáveis. Pela garantia
de sobrevivência do IPHAN e de todas as suas conquistas nas áreas de identificação,
documentação, proteção, preservação e promoção do patrimônio cultural brasileiro. Pelo
reconhecimento das atividades exercidas pelo IPHAN como função típica de Estado,
através da criação de uma carreira especial.

MOÇÃO DE APOIO AO MINISTÉRIO DA CULTURA

Pelo repúdio a qualquer tipo de medida que venha a reduzir a capacidade


operacional do Ministério da Cultura e demais entidades vinculadas, de modo a não
comprometer suas atribuições institucionais, inclusive no que concerne à extinção de
cargos efetivos e o consequente desligamento de servidores não estáveis.

MOÇÃO DE DEFESA À LEI DE INCENTIVO À CULTURA

Pela manutenção dos benefícios previstos na Lei de Incentivo à Cultura, que


estimulam a parceria entre Estado e sociedade na tarefa de preservar e promover o
patrimônio cultural brasileiro.

MOÇÃO DE APOIO ÀS EXPRESSÕES CULTURAIS DOS POVOS AMERÍNDIOS

Pelo reconhecimento da cultura indígena como integrante do patrimônio


nacional brasileiro, devendo, a exemplo de outras etnias, ser objeto de atenção dos
órgãos do Ministério da Cultura.

MOÇÃO DE CONGRATULAÇÕES À 4ª COORDENAÇÃO REGIONAL DO IPHAN

Pelo reconhecimento da importância de realização do Seminário “Patrimônio


Imaterial: estratégias e formas de proteção” e da excelência de sua organização.

FONTE: Adaptado de <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Fortale-


za%201997.pdf>. Acesso em: 5 maio 2021.

45
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• O primeiro marco regulatório da legislação brasileira pertinente à proteção e


preservação do patrimônio nacional é o Decreto-Lei n° 25 de 1937, que institui o
Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural
brasileiro.

• O Decreto n° 3.551 do ano de 2000, institui o Registro de Bens Culturais de Natureza


Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do
Patrimônio Imaterial e dá outras providências.

• O Art. 215 da Constituição Federal de 1988 versa que: “o Estado garantirá a todos
o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.

• O Art. 216 da Constituição Federal de 1988 – “Constituem patrimônio cultural


brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira”.

• A carta de Fortaleza de 1997, cujo texto foi resultado do Seminário “Patrimônio


Imaterial: Estratégias e Formas de Proteção” realizado em comemoração aos 60
anos do Instituto de Proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

• O objetivo do Seminário “Patrimônio Imaterial: Estratégias e Formas de Proteção”


foi recolher subsídios que permitissem a elaboração de diretrizes e a criação de
instrumentos legais e administrativos visando a identificar, proteger, promover e
fomentar os processos e bens “portadores de referência à identidade, à ação e à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”

46
AUTOATIVIDADE
1 O primeiro instrumento jurídico de proteção ao patrimônio criado em 1937 pelo
Decreto-Lei nº 25, tem como objetivo a manutenção das características do patrimônio
material, das quais se podem reconhecer o valor cultural que lhe é atribuído. Com
relação ao exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Inventário.
b) ( ) Registro.
c) ( ) Catálogo.
d) ( ) Tombamento.

2 Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,


tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Com base
no excerto, assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) As formas de expressão.
b) ( ) A musicalidade do Mercosul.
c) ( ) Os modos de criar, fazer e viver.
d) ( ) As criações científicas, artísticas e tecnológicas.

3 A lei estabelece o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao


desenvolvimento cultural do país e à integração das ações do poder público. Sobre a
condução desta lei, assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas


dimensões.
b) ( ) Democratização do acesso aos bens de cultura.
c) ( ) Investimento em equipamentos tecnológicos para o setor cultural.
d) ( ) Valorização da diversidade étnica e regional.

4 É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,


EXCETO:

a) ( ) Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e


conservar o patrimônio público.
b) ( ) Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.
c) ( ) Aprovar a destruição do patrimônio cultural brasileiro.
d) ( ) Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros
bens de valor histórico, artístico e cultural.

47
5 A Constituição Federal, em seu Art. 216, versa sobre o patrimônio cultural brasileiro.
Escreva sobre o assunto.

6 Documentos como a Carta de Fortaleza, cuja escrita aconteceu durante o Seminário


“Patrimônio Imaterial: Estratégias e Formas de Proteção” são resultado de importantes
discussões geradas ao longo de um encontro que envolve diversos profissionais e
estudiosos do campo patrimonial. Documentos como esse, são potencialmente
capazes de articular avanços, discussões, norteando políticas públicas e alterações
na legislação vigente. Disserte sobre o objetivo desse Seminário.

48
REFERÊNCIAS
BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1983.

BRASIL. Decreto 3.551, de 4 de agosto de 2000. Institui o Registro de Bens


Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o
Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências. Disponível em:
https://bit.ly/3yjABqf. Acesso em: 5 maio 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 5
maio 2021.

BRASIL. Decreto-Lei n° 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do


patrimônio histórico e artístico nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm. Acesso em: 5 maio 2021.

BRASIL. Lei nº 378 de 13 janeiro de 1937. Dá nova, organização ao Ministério da


Educação e Saúde Pública. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/1930-1949/l0378.htm. Acesso em: 3 abr. 2021.

CHAGAS, M. S. Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de


Mário de Andrade. Chapecó: Argos, 2015.

CHAUÍ, M. Cidadania cultural: o direito à cultura. São Paulo: Perseu Abramo, 2006.

CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade/UNESP, 2001.

FONSECA, M. C. L. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de


preservação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.

GURGEL, G. Conheça os 5 patrimônios culturais imateriais da humanidade no


Brasil. Brasília: Ministério do Turismo, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3orXcwC.
Acesso em: 3 maio 2021.

HORTA, M. L. P.; GRUNBERG, E.; MONTEIRO, A. Q. Guia básico de Educação


Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/Museu
Imperial, 1999.

INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Educação


Patrimonial: práticas e diálogos interdisciplinares. João Pessoa: Casa do Patrimônio
da Paraíba, 2017. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br//uploads/publicacao/
caderno_tematico_06_.pdf. Acesso em: 5 maio 2021.

49
INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Frevo. Brasília:
IPHAN, 2014a. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/62. Acesso
em: 5 maio 2021.

INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Samba de


roda do Recôncavo Baiano. Brasília: IPHAN, 2014b. Disponível em: http://portal.
iphan.gov.br/pagina/detalhes/56. Acesso em: 3 mar. 2021.

INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Círio de


Nossa Senhora de Nazaré – Belém (PA). Brasília: IPHAN, 2014c. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/55. Acesso em: 24 nov. 2020.

INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Arte Kusiwa:


pintura corporal e arte gráfica Wajâpi. Brasília: IPHAN, 2014d. Disponível em: http://
portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/54. Acesso em: 5 maio 2021.

INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Roda de


capoeira. Brasília: IPHAN, 2014e. Disponível em: https://bit.ly/3eTPpV1. Acesso em: 5
maio 2021.

INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Ofício dos


mestres de capoeira. Brasília: IPHAN, 2014f. Disponível em: https://bit.ly/2Qo9Rnu.
Acesso em: 5 maio 2021.

INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Carta de


Fortaleza. Brasília: IPHAN, 1997. Disponível em: https://bit.ly/3tTv1aV. Acesso em: 5
maio 2021.

MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

NOGUEIRA, A. G. R. Inventários, memória, espaços e sensibilidades urbanas. Educar


em Revista, Curitiba, n. 58 p. 37-53, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S0104-40602015000400037&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 4 abr.
2021.

OLIVEIRA, L. L. Cultura é patrimônio: um guia. Rio de Janeiro: FGV, 2008.

PORTA, P. Política de preservação do patrimônio cultural no Brasil: diretrizes,


linhas de ação e resultados: 2000/2010. Brasília: IPHAN; Ministério da Cultura,
2012. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/PubDivCol_
PoliticaPreservacaoPatrimonioCulturalBrasil_m.pdf. Acesso em: 5 maio 2021.

REIS, D. Cidade (i)material: museografias do patrimônio cultural no espaço urbano.


Rio de Janeiro: Mauad/FAPERJ, 2015.

50
SANTOS, H. M.; TELLES, M. F. P. Livros do Tombo. In: GRIECO, B.; TEIXEIRA, L.;
THOMPSON, A. (Orgs.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. Rio de Janeiro,
Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3eTZHV5. Acesso em:
4 abr. 2021.

SANTOS, M. S. Memória coletiva e teoria social. São Paulo: Annablume, 2003.

VARINE, H. As raízes do futuro: o patrimônio a serviço do desenvolvimento local.


Porto Alegre: Medianiz, 2013.

51
52
UNIDADE 2 —

O INÍCIO DOS MUSEUS E


SUAS POLÍTICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o contexto do surgimento das instituições museológicas brasileiras;

• refletir sobre os museus na atualidade e sobre os cursos de Museologia;

• conhecer a Política Nacional de Museus (PNM), o Plano Nacional de Cultura (PNC) e


a Política Nacional de Educação Museal (PNEM);

• Saber mais sobre o sistema Brasileiro de Museus (SBM), sobre o Instituto Brasileiro
de Museus (IBRAM) e sobre o Plano Nacional Setorial de Museus (PNSM).

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O SURGIMENTO DOS MUSEUS E O CONTEXTO BRASILEIRO


TÓPICO 2 – POLÍTICAS DO SETOR MUSEAL
TÓPICO 3 – A ARTICULAÇÃO DO CAMPO MUSEAL

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

53
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

54
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
O SURGIMENTO DOS MUSEUS E O CONTEXTO
BRASILEIRO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 1 desta unidade, abordaremos o início das instituições
de memória em contexto geral até chegarmos à realidade brasileira.

Falaremos sobre o nascimento dos museus brasileiros e sobre suas especifi-


cidades. Mencionaremos, ainda, a necessidade de serem constituídos legalmente, ou
seja, criados através de uma legislação específica, veremos, também, o início dos cursos
de Museus e Museologia em nosso país.

Por fim, começaremos a tratar e compreender os avanços das políticas culturais


brasileiras nos últimos anos, com a redemocratização e a forte atuação do Ministério
da Cultura, que impulsionou o setor museológico com políticas museais alinhadas às
necessidades dos museus brasileiros e do patrimônio cultural presente neles.

2 O NASCER DOS MUSEUS


O termo grego Museion era usado para designar os santuários consagrados às
musas e também às escolas filosóficas e de investigação científica lideradas pelas musas,
protetoras das Ciências e das Artes. Em Alexandria, por volta de 285 a.C., Museion passa
a designar pela primeira vez uma instituição, onde se encontravam artistas e sábios, um
local com salas de reunião, observatório, laboratório, jardim zoológico, jardim botânico e
uma grande biblioteca (CÂNDIDO, 2013).

FIGURA 1 – AS NOVE MUSAS DA MITOLOGIA GREGA

FONTE: <https://terradamusicablog.com.br/musas-origem-do-nome-musica/>. Acesso em: 3 maio 2021.


55
Nos países da América do Sul, o surgimento dos museus, enquanto instituições,
começou a acontecer a partir do século XIX.

2.1 O CONTEXTO BRASILEIRO


Em nosso país, percebe-se que algumas experiências museológicas não
tinham a concepção de museu como se conhece hoje. Podemos considerar a iniciativa
de Maurício de Nassau como uma dessas experiências. No período da dominação
holandesa em Pernambuco (século XVII), ele construiu um palácio conhecido como
Palácio de Vrijburg ou Palácio das Torres, onde ficavam expostas amostras da fauna e
flora da região, além de algumas pinturas.

Com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, o cenário para a criação de


instituições de memória torna-se mais favorável. Em 1816, é criada a Escola Real de Ciências,
Artes e Ofícios, que deu origem ao que hoje é o Museu Nacional de Belas Artes. Em 1818,
foi criado o primeiro museu brasileiro, o Museu Real, atualmente conhecido como Museu
Nacional, ligado à estrutura acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Museu Real tem seu nascimento atrelado ao desejo da coroa portuguesa


de constituir uma instituição destinada ao cientificismo, sob grande influência do
pensamento inglês que predominava na época. Esta é a razão pela qual ele foi concebido
como um museu de história natural. O acervo do Museu era composto por exemplares
de objetos coletados por naturalistas durante suas viagens, instrumentos e coleções
mineralógicas, artefatos indígenas e objetos doados pela Família Real. A imperatriz
Leopoldina teve grande influência na formação do Museu Real, ela colecionava minerais
e exemplares de fauna e flora desde muito jovem.

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DA FACHADA DO MUSEU IMPERIAL

FONTE: <https://bit.ly/3yktkqv>. Acesso em: 3 maio 2021.


56
FIGURA 3 – FACHADA DO MUSEU NACIONAL E SEU ENTORNO

FONTE: <https://bit.ly/3uaNErI>. Acesso: 3 maio 2021.

O Museu Real só veio a ser aberto ao público, uma vez por semana, depois do
despacho de uma portaria em 1819. A partir de 1822, o museu recebeu em suas insta-
lações a Academia de Belas Artes, com o seu acervo exposto no local. Mais tarde, essa
coleção daria origem ao Museu Nacional de Belas Artes, fundado em 1937. O nome do
Museu Real teve seu nome alterado algumas vezes: foi chamado de Museu Imperial e,
por fim, Museu Nacional. Também passou por mudanças de instalações: em 1892, sua
sede foi transferida do Campo de Santana para o Paço de São Cristóvão, que já tinha
sido residência da Família Real e da Família Imperial. Em 1946, o Museu Nacional seria
incorporado à estrutura da Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio
de Janeiro). Segundo o Museu Nacional UFRJ (2021, s.p.), sua missão é "Descobrir e
interpretar fenômenos do mundo natural e as culturas humanas, difundindo o seu co-
nhecimento com base na realização de pesquisas, organização de coleções, formação
de recursos humanos e educação científica, assim como atuar na preservação do patri-
mônio científico, histórico, natural e cultural em benefício da sociedade".

Não podemos seguir este livro sem deixar de mencionar um triste capítulo para
a história dos museus brasileiros: o incêndio de grandes proporções que destruiu o
Museu Nacional, a nossa maior e mais importante instituição museológica. O incêndio
aconteceu no dia 2 de setembro de 2018 e causou comoção em trabalhadores de
museus, pesquisadores e agentes culturais nacionais e internacionais. O maior museu
de história natural do Brasil tinha um acervo de mais de 20 milhões de itens, com
fósseis, múmias, peças indígenas, livros raros etc. Existe um projeto para reconstrução
do museu que possivelmente deve acontecer nos próximos anos.

57
FIGURA 4 – VISTA AÉREA DO MUSEUS NACIONAL, APÓS O INCÊNDIO

FONTE: <https://bit.ly/3ebLvX5>. Acesso em: 3 maio 2021.

Com o decorrer dos anos, foram surgindo outras experiências de caráter museo-
lógico com o apoio de recursos particulares. As coleções científicas e culturais aos poucos
foram se tornando museus, como aconteceu no Rio de Janeiro, em 1838, no Instituto Histó-
rico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Segundo a própria instituição, seus objetivos estabeleci-
dos no Art. 1º do Estatuto de 1838, são mantidos até a atualidade, adaptados às conjunturas
nacionais e internacionais, de que é o primordial: "coligir, metodizar, publicar ou arquivar os
documentos necessários para a História e a Geografia do Brasil" (IHGB, 2021, s.p.).

FIGURA 5 – FACHADA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO

FONTE: <https://www.ihgb.org.br/images/fpss/fpss-00.jpg>. Acesso em: 3 maio 2021.

No Pará, no ano de 1866, foi criada a Associação Philomática (Amigos da Ciência)


e, em1871, a Associação passou a ser conhecida como Museu Paraense. Em 1900, o
museu recebeu o nome de Museu Goeldi, em homenagem ao zoólogo suíço Emilio
Goeldi, responsável pela consolidação da instituição a partir de sua chegada como
diretor. Trinta anos depois, já com a instauração do Estado Novo, o museu passou por
reformas estruturais e por uma nova alteração de nome, passando a se chamar Museu

58
Paraense Emilio Goeldi, como é hoje conhecido. Inicialmente, administrado pelo governo
do Pará, mais tarde passou a ser unidade autônoma integrante do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), passando a ser administrado pela
União. Segundo o Museu paraense Emílio Goeldi (c2021, s.p.), a missão do Museu é:
“Gerar e comunicar conhecimentos e tecnologias sobre a biodiversidade, os sistemas
naturais e os processos socioculturais relacionados à Amazônia”.

FIGURA 6 – MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI

FONTE: <https://www.museu-goeldi.br/imagens_portal/rocinha.png>. Acesso em: 3 maio 2021.

Ainda, no século XIX, registrou-se o surgimento de outros museus: Museu


do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco, em 1862; Museu do
Exército, em 1864; Museu da Marinha, em 1868; Museu Paranaense, inaugurado em
1876; e Museu do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, em 1894.

FIGURA 7 – FOTO DIVULGAÇÃO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

FONTE: <https://bit.ly/3fn3ucJ>. Acesso em: 3 maio 2021.

59
No período republicano, iniciado com a proclamação da República em 15 de novem-
bro de 1889, houve crescimento do número de instituições museológicas nas províncias
brasileiras. Em 7 de setembro de 1895, foi criado o Museu Paulista, em São Paulo. Inicial-
mente, voltado à História Natural, a partir das comemorações do centenário da independên-
cia do Brasil, em 1922, seu principal objetivo passou a ser a abordagem da história do Brasil
com a criação de novos núcleos temáticos. Em 1989, parte de sua coleção foi transferida
para o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP).

FIGURA 8 – FACHADA DO MUSEU PAULISTA E ENTORNO DO PARQUE

FONTE: <https://bit.ly/3uX0B8P>. Acesso em: 3 maio 2021.

Em um cenário de inúmeras mudanças culturais, voltar-se à nacionalidade se


mostra relevante e necessário, assim nasce o Museu Histórico Nacional (MHN), criado a
partir do Decreto-Lei nº 15.596 de 2 de agosto de 1922. A ideia era construir um museu
que contasse a história nacional na capital do país, naquela época, o Rio de Janeiro. O
discurso exposto no museu tinha como base objetos que simbolizavam “um passado
nacional”: estandartes, espadas, bandeiras, uniformes, entre outros. O papel do MHN
e de Gustavo Barroso na formação museológica brasileira é relevante, uma vez que
asseguraram mecanismos de preservação do patrimônio brasileiro (SANTOS, 2006).

A Inspetoria dos Monumentos Nacionais, criada pelo Decreto nº 24.735, de


14 de julho de 1934, como um departamento do MHN, iniciou seus trabalhos fazendo
restaurações no Estado de Minas Gerais, com destaque para a cidade de Ouro Preto,
onde foram restaurados prédios, construídas pontes, entre outras intervenções. Gustavo
Barroso foi designado Inspetor de Monumentos e responsável pelo acompanhamento
dessas obras. Em 1936, o ministro da Educação e Saúde Pública, Gustavo Capanema,
solicitou ao poeta Mario de Andrade que elaborasse um anteprojeto para a criação de um
órgão voltado à preservação do patrimônio, substituindo a Inspetoria dos Monumentos
Nacionais. A inspetoria seria depois extinta e substituída pelo projeto de preservação
dos modernistas, com a criação pela Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937, do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (IPHAN), conforme já vimos na Unidade 1 deste livro didático.

60
Além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional de Belas Artes, outros
museus foram surgindo a partir da década de 1930 do século XX. Fruto da idealização
e da parceria do empresário e jornalista Assis Chateaubriand e do também jornalista e
crítico de arte Pietro Maria Bardi, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) nasce já com
uma vasta coleção, que inclui artistas renomados de dentro e de fora do país. As peças
começaram a ser adquiridas logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, já que houve
uma queda nos valores de mercado, o que proporcionou a criação de várias coleções,
que mais tarde originariam vários museus. Essas obras foram expostas inicialmente
no prédio dos Diários Associados, que pertencia também a Assis Chateaubriand. Sua
sede, inaugurada em 1968, é fruto do projeto arquitetônico da italiana Lina Bo Bardi,
figura ícone da arquitetura modernista brasileira. A edificação, assim como a coleção do
MASP tombada em 1969, recebeu proteção federal pelo Iphan em 2003, devido a sua
importância histórica, artística e cultural.

O Museu de Arte Moderna (MAM/SP) foi fundado em 1948. Sua sede só foi
inaugurada em 1958, no Parque do Ibirapuera. A partir de 1969, com o programa Panorama
da Arte Brasileira, o MAM/SP, tornou-se um museu difusor de arte contemporânea.
Segundo a própria instituição (MAM/SP, c2021, s.p.), “o museu é uma sociedade civil
de interesse público, sem fins lucrativos, fundada em 1948”. Sua coleção possui mais
de cinco mil obras produzidas pelos nomes mais representativos da arte moderna
e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto a coleção como as exposições
privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística
mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

FIGURA 9 – FACHADA DO MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO

FONTE: <https://mam.org.br/wp-content/uploads/2018/02/Sobre-o-MAM.jpg>. Acesso em: 3 maio 2021.

Como as instituições inauguradas em São Paulo, o Museu de Arte Moderna (MAM/


RJ) também teve o incentivo da iniciativa privada, por meio do apoio e da presidência do
industrial Raymundo Ottoni de Castro Maya. A assinatura da ata inaugural foi em 1948,
porém sua instituição como entidade civil só aconteceu em 1951. Em seus três andares
destinados a exposições, pode abrigar, simultaneamente, até sete mostras.

61
Em Florianópolis, o Museu de Arte Moderna surgiu após uma mostra de arte que
aconteceu na cidade, a “Exposição de Arte Contemporânea”, levada pelo escritor carioca
Marques Rebelo em 1948. Essa exposição foi acompanhada por palestras e atividades em
diversos locais da cidade, o que acabou despertando o desejo de criar uma instituição que
mostrasse a renovação das artes plásticas no estado de Santa Catarina. Em 18 de março de
1949, por meio de um Decreto Estadual, o museu foi instituído. Hoje com o nome de Museu
de Arte de Santa Catarina (MASC), está vinculado à Fundação Catarinense de Cultura.

É importante deixar claro que, ainda que no passado, a criação jurídica dos
museus brasileiros nem sempre coincidia com sua abertura ao público, hoje em dia
é preciso seguir a legislação à risca. De acordo com a legislação brasileira atual, caro
acadêmico, todo museu precisa ser criado através de uma normativa legal, ou seja,
através de uma lei específica de criação.

2.2 OS CURSOS DE MUSEUS


A preocupação de Gustavo Barroso com a preservação do patrimônio ganha
maior reconhecimento com a criação do Curso de Museus (1932) e da Inspetoria de
Monumentos Nacionais (1934), funcionando nas dependências do Museu Histórico
Nacional, apesar de o Curso de Museus ter sido criado no período em que ele estava
afastado do museu, por questões políticas.

O Curso de Museus no Brasil é o mais antigo das Américas, o que mostra a


intenção do país em formar e qualificar profissionais para atuar nesse campo. O curso tinha
o objetivo de qualificar os profissionais que trabalhavam nas instituições museológicas.
Em 1944, devido ao seu crescimento e qualificação, o Curso de Museus equiparou-se a
uma formação universitária e percebeu-se a necessidade de vinculá-lo à Universidade.
Assim, em 1977, o curso passou a integrar a Federação das Escolas Federais Isoladas do
Estado do Rio de Janeiro (FEFIERJ), embora continuasse funcionando nas instalações
do MHN. Dois anos depois, a FEFIERJ assumiu a denominação de Universidade do Rio
de Janeiro (UNIRIO) e, em agosto do mesmo ano, o curso foi transferido do MHN para as
dependências da universidade, hoje Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1969, foi fundado o segundo curso de Museologia do país, vinculado à


Universidade Federal da Bahia (UFBA), pela iniciativa do professor, arqueólogo e historiador
Valentin Calderón de La Vara. O curso da Bahia teve uma formação diferenciada em
relação ao já citado Curso de Museus de 1932. No início do seu funcionamento, em 1970,
o curso propunha uma grade curricular com aulas transdisciplinares com envolvimento
das áreas de Sociologia, Filosofia, História e Antropologia e com algumas disciplinas
específicas na formação do museólogo.

Atualmente, existem cursos de Museologia espalhados por muitos estados da


Federação, o país conta também com a implementação e oferta de cursos na modalidade
EAD, como este da UNIASSELVI.

62
3 OS MUSEUS NA ATUALIDADE
Os museus chegam ao século XXI motivados pelas grandes transformações
sociais, econômicas, políticas e, consequentemente, culturais ocorridas no período.
No âmbito das políticas públicas, iniciamos o século com algumas reflexões, fruto de
algumas medidas articuladas ainda no século XX. O Ministério da Cultura (MINC) foi
criado em 15 de março de 1985, pelo Decreto nº 91.144. Anteriormente, no período
compreendido entre 1953 a 1985, as atribuições desta pasta eram de autoridade do
extinto Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A autonomia da pasta da Cultura demonstrou a necessidade de implantação


de políticas públicas exclusivas para a área, aliadas ao processo de redemocratização
brasileira. Em 1991, foi criado o Programa Nacional de Apoio à Cultura, por meio da Lei
Rouanet (Lei nº 8.313), voltada ao incentivo fiscal para o patrocínio de projetos culturais.
Em 2003, com o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a nomeação
de Gilberto Passos Gil Moreira para o cargo de Ministro de Estado da Cultura, o MINC
passou por uma grande reestruturação. O Ministério voltou-se então, naquele momento,
para a inclusão social e a democratização da Cultura no país. É nesse contexto que
foi lançada a Política Nacional de Museus (PNM) em maio de 2003 e que nasceu, na
estrutura do Iphan, o Departamento de Museus e Centros Culturais (DEMU), responsável
pela gerência e condução da PNM.

63
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Com a intenção de proteger a memória, nascem os museus. Isso se deu em contexto


geral até chegarmos à realidade brasileira.

• Para um museu ser criado, ele necessita ser constituído legalmente, ou seja, criado
através de uma legislação específica.

• Os avanços das políticas culturais brasileiras nos últimos anos, com a redemocra-
tização e a forte atuação do Ministério da Cultura, impulsionaram o setor museoló-
gico com políticas museais alinhadas às necessidades dos museus brasileiros, do
patrimônio cultural presente neles e também da sociedade.

64
AUTOATIVIDADE
1 Com base nas leituras feitas neste tópico, a primeira instituição museológica brasileira
foi criada no ano de:

a) ( ) 1808.
b) ( ) 1818.
c) ( ) 1828.
d) ( ) 1838.

2 Qual o único nome que a primeira instituição museológica brasileira não teve:

a) ( ) Museu Nacional.
b) ( ) Museu Real.
c) ( ) Museu do Brasil.
d) ( ) Museu Imperial.

3 A criação do Curso de Museus acontece no ano de:

a) ( ) 1922.
b) ( ) 1932.
c) ( ) 1942.
d) ( ) 1952.

4 Os museus podem ser criados a qualquer tempo sem necessidade de medidas


específicas para validação desse ato. Essa afirmação é verdadeira ou falsa? Explique.

5 O Brasil foi o último país da América Latina a ter o curso de Museus, o que mostra sua
falta de interesse na qualificação e formação nessa área específica. Tal afirmação é
verdadeira ou falsa? Comente a respeito.

65
66
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
POLÍTICAS DO SETOR MUSEAL

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 2 desta unidade, abordaremos as políticas do setor
museal brasileiro para que entendamos os avanços que tivemos nos últimos anos no
âmbito cultural de maneira mais amplificada.

Conheceremos a Política Nacional de Museus (PNM) e seus principais objetivos


para a consolidação do campo museológico brasileiro. Entenderemos também um
pouco mais sobre o contexto que levou a iniciativa de promoção do Fórum Nacional de
Museus, qual sua importância para os profissionais de museus, com qual periodicidade o
evento é programado para acontecer e quais são as contribuições e principais enfoques
dados nas edições já realizadas.

Abordaremos a Lei n° 12.343 de 2010, que institui o Plano Nacional de Cultura


(PNC) e conheceremos seus princípios. Por fim, apreciaremos a Política Nacional de
Educação Museal (PNEM), que reúne princípios, diretrizes e objetivos definidos de
forma colaborativa após amplo processo de participação da comunidade museológica,
contando com a realização de 23 encontros regionais e a aprovação da Carta de
Petrópolis (2012) e Carta de Belém (2014) nas respectivas edições do Fórum Nacional de
Museus. Neste tópico, conheceremos também os princípios da PNEM.

2 POLÍTICA NACIONAL DE MUSEUS


A Política Nacional de Museus (PNM) foi construída de forma participativa,
planejada e implantada por meio de uma rede de interação, o que possibilitou o diálogo
e o intercâmbio entre profissionais de diferentes áreas de atuação, das várias regiões
brasileiras, de instituições privadas e públicas, nas esferas federal, estadual e municipal,
entre atores sociais comprometidos com a construção de uma política pública específica
para o setor museológico.

Ao propor a sistematização de uma política pública voltada para os museus


brasileiros, a preocupação inicial do Ministério da Cultura foi estabelecer o debate
necessário sobre a questão com os diversos segmentos culturais que tratam do assunto,
buscando travar um diálogo com pessoas e entidades vinculadas à museologia, meio
universitário, profissionais da área e secretarias estaduais e municipais de cultura.

67
A Política Nacional de Museus (PNM) foi lançada pelo Ministério da Cultura em
16 de maio de 2003 em meio às comemorações do Dia Internacional de Museus, que é
dia 18 de maio. O lançamento aconteceu no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro.
Os documentos básicos, após debate com a comunidade museológica, culminaram no
lançamento do caderno: Política nacional de museus: memória e cidadania. Logo na
introdução da PNM, deixa-se claro o destaque para a função social do museu:

Numa sociedade complexa como a brasileira, rica em manifestações


culturais diversificadas, o papel dos museus, no âmbito de políticas
públicas de caráter mais amplo, é de fundamental importância à
valorização do patrimônio cultural como dispositivo estratégico de
aprimoramento dos processos democráticos. A noção de patrimônio
cultural do ponto de vista museológico, implica a abertura para o
trato com o tangível e intangível, a dimensão cultural pressuposta
na relação dos diferentes grupos sociais e étnicos com os diversos
elementos da natureza, bem como o respeito às culturas indígenas e
afrodescendentes (BRASIL, 2003, p. 8).

Ainda, de acordo com o caderno Política nacional de museus: memória e


cidadania:

Para cumprir esse papel, os museus devem ter processos e estar a


serviço da sociedade e do seu desenvolvimento. Comprometidos com
a gestão democrática e participativa, eles devem ser também unida-
des de investigação e interpretação, de mapeamento, documentação
e preservação cultural, de comunicação e exposição dos testemunhos
do homem e da natureza, com o objetivo de propiciar a ampliação do
campo das possibilidades de construção identitária e a percepção crí-
tica acerca da realidade cultural brasileira (BRASIL, 2003, p. 8).

Atualmente, com esse conceito ampliado, vemos os museus como práticas e


processos sociais a favor da diversidade cultural, do direito à memória, da preservação
do patrimônio cultural e da universalidade do acesso, configurando-se como um espaço
dinâmico, de negociação e construção de narrativas capazes de atender à diversidade
dos públicos. O objetivo da política, conforme disposto no caderno Política nacional de
museus: memória e cidadania é:

Promover a valorização, a preservação e a fruição do patrimônio


cultural brasileiro, considerado como um dos dispositivos de inclusão
social e cidadania, por meio do desenvolvimento e da revitalização das
instituições museológicas existentes e pelo fomento à criação de novos
processos de produção e institucionalização de memórias constitutivas
da diversidade social, étnica e cultural do país (BRASIL, 2003, p. 8).

Para alcançar esse objetivo, a Política Nacional de Museus foi sistematizada em


sete eixos:

1. Gestão e configuração do campo museológico.


2. Democratização de acesso aos bens culturais.
3. Formação e capacitação de recursos humanos.
4. Informatização de museus.

68
5. Modernização de infraestruturas museológicas.
6. Financiamento e fomento para museus.
7. Aquisição e gerenciamento de acervos culturais (BRASIL, 2003).

Tais eixos contribuíram para o fortalecimento das instituições museais


brasileiras, a valorização da memória social e do patrimônio cultural musealizado, por
meio da realização de capacitação para profissionais dos museus, foram importantes
para a criação do Sistema Brasileiro de Museus (SBM) e também para o lançamento de
editais de incentivo à modernização e criação de museus, entre outras ações.

O cenário de efervescência na área cultural nesse início dos anos 2000 está
ligado à excelente gestão do Ministério da Cultura e um olhar mais atento a fim de
proporcionar o melhoramento das políticas e das legislações para gerar crescimento
e avanços. O Ministério da Cultura não só incentivou a Política Nacional de Museus
como criou o Departamento de Museus e Centros Culturais do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (DEMU/IPHAN). Pelo estímulo do MINC, vários estados da
federação realizaram fóruns estaduais, contribuindo, assim, para a criação, manutenção
e fortalecimento de sistemas estaduais e municipais de museus.

2.1 FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS


O Fórum Nacional de Museus é um evento bienal, de abrangência nacional, com o
objetivo de refletir, avaliar e delinear diretrizes para a Política Nacional de Museus e consoli-
dar as bases para a implantação de um modelo de gestão integrada dos museus brasileiros.

O 1º Fórum Nacional de Museus (FNM) aconteceu na cidade de Salvador (BA)


entre os dias 13 a 17 de dezembro de 2004, no Centro de Convenções da cidade. Ainda
sob a égide do Departamento de Museus e Centros Culturais/IPHAN, o evento inédito
alcançou um público de cerca de 450 trabalhadores de museus entre museólogos,
gestores, pesquisadores, estudantes e demais interessados na área de museus
e memória no Brasil. O tema do evento foi A imaginação museal: os caminhos da
democracia, a abertura do 1º FNM contou com a presença do então Ministro Gilberto Gil
e teve como principal discussão O rumo da Política Nacional de Museus, estabelecida
de forma participativa, um ano antes (2003). Ademais, a primeira edição do Fórum,
também contou com o 1º Encontro Nacional dos Estudantes de Museologia (ENEMU).

69
FIGURA 10 – 1° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS

FONTE: Adaptada de <https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2018/11/Relatorio-


-1-FNM-20041.pdf>. Acesso em: 3 maio 2021.

O 2º Fórum Nacional de Museus aconteceu na cidade de Ouro Preto (MG), de


22 a 26 de agosto de 2006, com o tema: O futuro se constrói hoje. A realização do 2º
FNM aconteceu no mesmo período em que houve a entrega das obras de restauração
e modernização do Museu da Inconfidência/Ibram. Na segunda edição do Fórum, o
número de participantes mais que dobrou, recebendo um público de cerca de 1.000
pessoas, além da presença do Ministro Gilberto Gil, trabalhadores de museus entre
museólogos, gestores, pesquisadores, estudantes e demais interessados na área
de museus e memória no Brasil. A programação do evento foi ampla e diversificada
e contou com duas palestras, cinco painéis, duas mesas redondas, 14 comunicações
coordenadas e sete minicursos, além de ter sediado o 2º Encontro Nacional dos
Estudantes de Museologia (ENEMU).

FIGURA 11 – 2° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS

FONTE: <http://fnm.museus.gov.br/wp-content/uploads/2014/11/2FNM_OP_2006-300x225.jpg>.
Acesso em: 3 maio 2021.

70
O 3º Fórum Nacional de Museus aconteceu entre 7 e 11 de julho em Florianópolis
(SC), com o tema: Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento. O
evento teve como objetivo refletir, avaliar e estabelecer diretrizes para a Política Nacional
de Museus (PNM) e para o Sistema Brasileiro e Museus (SBM). A proposta foi delinear
diretrizes não apenas para democratizar o acesso aos museus instituídos, mas também
para democratizar o próprio museu compreendido como tecnologia e ferramenta de
trabalho adequada para uma relação nova, criativa e participativa com o passado, o
presente e o futuro. Durante o fórum, foram oferecidos minicursos de capacitação em
diversas áreas de atuação do campo museológico.

FIGURA 12 – 3° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS

FONTE: <https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/09/3FNM_-Floripa2008_Ibram-
-300x225.jpg>. Acesso em: 3 maio 2021.

FIGURA 13 – ESTANDES DO 3° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS, NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA


CATARINA (UFSC)

FONTE: <https://bit.ly/3tODjRm>. Acesso em: 3 maio 2021.

71
O 4° Fórum Nacional de Museus ocorreu de 12 a 17 de julho de 2010, em
Brasília (DF), com o tema: Direito à memória, direito a museus. Durante o evento, foram
ministrados minicursos e discutidas ações de política pública para a área de museus em
painéis e comunicações coordenadas.

FIGURA 14 – 4° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS

FONTE: <https://bit.ly/3eUGD9j>. Acesso em: 3 maio 2021.

O 5° Fórum Nacional de Museus aconteceu na cidade de Petrópolis (RJ), entre


os dias 19 e 23 de novembro de 2012, com o tema: 40 anos da mesa de Santiago do
Chile: entre o idealismo e a contemporaneidade, o evento bienal propôs voltar-se ao
debate da Mesa Redonda de Santiago do Chile. A mesa foi realizada pela Unesco em
1972, é considerada um marco de profundas transformações ocorridas no campo da
museologia com repercussões sobre o papel dos museus como agentes de inclusão
cultural, de afirmação da identidade de grupos sociais, de reconhecimento da diversidade
e de desenvolvimento econômico.

FIGURA 15 – 5° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS

FONTE: <https://bit.ly/3yigJnD>. Acesso em: 3 maio 2021.

72
O evento teve como metas:

• Realização de Conferências internacionais.


• Realização de oito painéis, com a participação de profissionais do
Brasil e do Exterior.
• Organização de oito grupos de trabalho para discussão de temas
relevantes ao setor museal e a estruturação de redes de museus.
• Realização de oito minicursos sobre temas relevantes para o setor
museal.
• Apresentação oral de 24 trabalhos ou pesquisas, acadêmicos ou
não, sobre o setor museal e exposição de 40 trabalhos na forma de
pôster afixados em área expositiva do evento.
• Realização do Encontro nacional dos pontos de memória.
• Reuniões de segmentos do campo museal: Rede de Museus e Acer-
vos Arqueológicos (REMAAE); Rede de Professores de Museologia;
Reunião dos Sistemas e Redes Estaduais; Reunião da Rede de Edu-
cadores em Museus (REM); e Reunião de representantes do ICOM.
• Realização de processo seletivo para indicação de representantes
das entidades da área de museus e memória para compor o
Plenário do Conselho Nacional de Políticas Culturais – CNPC.
• Valorização da cultura local por meio da exposição de artistas e
artesãos da cidade de Petrópolis (IBRAM, 2012, s,p.).

E alcançou os seguintes resultados:

• Apresentação e discussão dos principais temas do setor durante


os cinco dias que constituem o referido evento.
• Intercâmbio de experiências entre a comunidade museológica,
sociedade civil, museus e órgãos de gestão museológica federais,
estaduais e municipais.
• Contribuição para o delineamento de diretrizes para a Política
Nacional de Museus.
• Estímulo à criação de redes de museus brasileiros e entre
profissionais desses museus, a fim de facilitar a pesquisa, o
desenvolvimento profissional e divulgar o conhecimento produzido.
• Formação e a capacitação de recursos humanos por meio das
programações e espaços de discussão.
• Divulgação da produção de conhecimento da área dos museus, da
memória social, do patrimônio cultural e da Museologia.
• Visibilidade e valorização do tema Museus pela sociedade.
• Valorização do patrimônio brasileiro.
• Preservação da memória da diversidade cultural do País e a
afirmação de suas diferentes identidades.
• Inclusão social.
• Incentivo à cidadania (IBRAM, 2012, s,p.).

O 6º Fórum Nacional de Museus aconteceu na cidade de Belém (PA), entre os


dias 24 e 28 de novembro, com o tema: Museus Criativos, escolhido para o FNM 2014,
retoma a discussão sobre os desafios da atuação interdisciplinar dos museus para sua
efetiva comunicação com as comunidades em que estão inseridos. Em sua sexta edição,
a programação do encontro incluiu conferências, painéis, minicursos, apresentações
de comunicações coordenadas, grupos de trabalho temáticos, reuniões de redes e de
sistemas de museus, além de programação paralela que visou valorizar a cultura local. O

73
FNM 2014 ainda realizou a Teia da Memória, encontro nacional dos Pontos de Memória e
iniciativas de memória e museologia social do Brasil, a revisão do Plano Nacional Setorial
de Museus (PNSM) e o encontro do Programa Nacional de Educação Museal (PNEM).

FIGURA 16 – 6° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS

FONTE: <https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2014/08/6FNM_Belem2014.jpg>.
Acesso em: 3 maio 2021.

O 7º Fórum Nacional de Museus aconteceu na cidade de Porto Alegre (RS),


entre os dias 30 de maio e 4 de junho de 2017, no Centro de Eventos da PUC-RS,
com o tema: A recomendação da Unesco sobre a proteção e promoção de museus
e coleções, aprovada em 2015. Museólogos, gestores, pesquisadores, estudantes e
demais interessados na área de museus e memória no Brasil puderam refletir sobre os
rumos dos museus brasileiros e da Política Nacional de Museus, tendo como base as
Recomendação da Unesco. Considerado como referência para as políticas públicas nas
próximas décadas, o documento destaca o papel dos museus e suas coleções em um
processo de desenvolvimento que se quer cada vez mais sustentável.

ESTUDOS FUTUROS
Caro acadêmico, na Leitura Complementar desta unidade, você terá acesso
ao documento mencionado no texto anterior da Organização das Nações
Unidas para a educação, a ciência e a cultura, que diz respeito à proteção e
à promoção dos museus.

Em sua sétima edição, o 7° FNM teve três conferências internacionais, nove


painéis, com 27 convidados nacionais e estrangeiros, oito minicursos, apresentação de
39 trabalhos de pesquisa, além de grupos de trabalho, reuniões paralelas, atividades
culturais e feira temática fizeram a programação do fórum. A programação ainda trouxe

74
reuniões específicas – como as de Pontos de Memória e da Rede de Educadores de
Museus – além de atividades culturais, como exposição de artesanato, lançamento de
publicações e visitas a museus da capital gaúcha. Durante todo o evento, houve espaço
com estandes com produtos e relacionados à cadeia produtiva dos museus.

FIGURA 17 – 7° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS

FONTE: <https://bit.ly/3bzziK7>. Acesso em: 3 maio 2021.

3 PLANO NACIONAL DE CULTURA


A Lei n° 12.343, de 2 de dezembro de 2010, institui o Plano Nacional de Cultura
(PNC), cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC) e dá outras
providências. O Plano Nacional de Cultura tem os seguintes princípios:

Art. 1°
I - liberdade de expressão, criação e fruição;
II - diversidade cultural;
III - respeito aos direitos humanos;
IV - direito de todos à arte e à cultura;
V - direito à informação, à comunicação e à crítica cultural;
VI - direito à memória e às tradições;
VII - responsabilidade socioambiental;
VIII - valorização da cultura como vetor do desenvolvimento
sustentável;
IX - democratização das instâncias de formulação das políticas
culturais;
X - responsabilidade dos agentes públicos pela implementação
das políticas culturais;
XI - colaboração entre agentes públicos e privados para o
desenvolvimento da economia da cultura;
XII - participação e controle social na formulação e
acompanhamento das políticas culturais.
Art. 2º São objetivos do Plano Nacional de Cultura:
I - reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional
brasileira;
II - proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material
e imaterial;

75
III - valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais;
IV - promover o direito à memória por meio dos museus, arquivos e
coleções;
V - universalizar o acesso à arte e à cultura;
VI - estimular a presença da arte e da cultura no ambiente
educacional;
VII - estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores
simbólicos;
VIII - estimular a sustentabilidade socioambiental;
IX - desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, o consumo
cultural e a exportação de bens, serviços e conteúdos culturais;
X - reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões tradicio-
nais e os direitos de seus detentores;
XI - qualificar a gestão na área cultural nos setores público e privado;
XII - profissionalizar e especializar os agentes e gestores culturais;
XIII - descentralizar a implementação das políticas públicas de cultura;
XIV - consolidar processos de consulta e participação da sociedade
na formulação das políticas culturais;
XV - ampliar a presença e o intercâmbio da cultura brasileira no
mundo contemporâneo;
XVI - articular e integrar sistemas de gestão cultural (BRASIL, 2010, s.p.).

DICAS
Caro acadêmico, aconselhamos a leitura da lei na íntegra. Para isso acesse:
Planalto. Gov.br. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2010/Lei/L12343.htm>. Acesso em: 27 dez. 2020.

4 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO MUSEAL


A Política Nacional de Educação Museal (PNEM) é uma orientação dirigida ao cam-
po para a realização de ações que fortaleçam o campo profissional e garantam condições
mínimas para a realização das práticas educacionais nos museus e processos museais.
A PNEM reúne princípios, diretrizes e objetivos que foram definidos de forma colaborativa
após amplo processo de participação que incluiu consulta pública através de plataforma
on-line própria, a realização de 23 encontros regionais e a aprovação da Carta de Petrópo-
lis (2012) e Carta de Belém (2014) nas respectivas edições do Fórum Nacional de Museus.
O documento final foi aprovado na 7º FNM, realizado em 2017 em Porto Alegre (RS). Todas
essas discussões foram organizadas em torno do alinhamento de marcos estruturantes
e legais dos campos cultural e museal brasileiro, como a Política Nacional de Museus
(conforme vimos no início deste tópico), o Plano Nacional de Cultura, conforme vimos no
subtópico anterior, o Plano Nacional Setorial de Museus e o Estatuto de Museus – Lei nº
11.904/2009 (conforme veremos na Unidade 3 deste livro didático).

76
O texto foi instituído pela Portaria nº 422, de 30 de novembro de 2017 e inte-
gra o Caderno da PNEM, publicação que traz um breve histórico da educação museal
no Brasil, um resumo do processo de construção participativa da PNEM e conceitos-
-chave que devem guiar o trabalho nesta área. São princípios da Política Nacional de
Educação Museal:

I - estabelecer a educação museal como função dos museus,


reconhecida nas leis e explicitada nos documentos norteadores,
com a preservação, comunicação e pesquisa;
II - a educação museal compreende um processo de múltiplas
dimensões de ordem teórica, prática e de planejamento, em
permanente diálogo com o museu e a sociedade;
III - garantir que cada instituição possua setor de educação museal,
composto por uma equipe qualificada e multidisciplinar, com a
mesma equivalência apontada no organograma para os demais
setores técnicos do museu, prevendo dotação orçamentária e
participação nas esferas decisórias do museu;
IV - cada museu deverá construir e atualizar sistematicamente o
Programa Educativo e Cultural, entendido como uma Política
Educacional, em consonância ao Plano Museológico, levando
em consideração as características institucionais e dos seus
diferentes públicos, explicitando os conceitos e referenciais
teóricos e metodológicos que embasam o desenvolvimento das
ações educativas;
V - assegurar, a partir do conceito de Patrimônio Integral, que os
museus sejam espaços de educação, de promoção da cidadania,
e colaborem para o desenvolvimento regional e local, de forma
integrada com seus diversos setores (BRASIL, 2017, s.p.).

4.1 REDE DE EDUCADORES EM MUSEUS


A Rede de Educadores em Museus, teve início no Rio de Janeiro em 2003. Atu-
almente, muitos estados brasileiros têm suas redes em pleno funcionamento ganhando
cada vez mais membros. As redes elaboram, implementam, acompanham, avaliam e rei-
vindicam ações e políticas específicas para o campo, além de atuarem como espaço políti-
co e de formação para os educadores. Desta forma, representam a capacidade de organi-
zação, de pressão e de trabalho coletivo em colaboração, apontando lacunas nas políticas
públicas no setor da Educação Museal e propondo coletivamente soluções para elas.

Conforme o Caderno da Política Nacional de Educação Museal (BRASIL, 2018,


p. 37) as Redes de Educadores em Museus:

Têm funcionamento, composição e organização diferentes em cada


região do país. Algumas realizam visitas técnicas, encontros temá-
ticos, seminários anuais, palestras, oficinas, viagens exploratórias
etc. As instituições museais são, em geral, parceiras muito próximas
e ótimas anfitriãs e partilham em comum a responsabilidade e o
compromisso com a luta por uma Educação Museal consolidada,
emancipadora e para todos.

77
FIGURA 18 – CAPA DO CADERNO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO MUSEAL

FONTE: <https://www.museus.gov.br/caderno-da-politica-nacional-de-educacao-museal/>.
Acesso em: 3 maio 2021.

DICAS
Caro estudante, caso tenha interesse de ler o caderno na íntegra, acesse
o link a seguir: https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2019/07/
Caderno-da-PNEM.pdf.

78
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• As políticas do setor museal brasileiro precisam ser observadas em conjunto e não


de maneira isolada, para que compreendamos os avanços que tivemos nos últimos
anos no âmbito cultural de maneira mais amplificada.

• A Política Nacional de Museus (PNM) foi um importante marco para a consolidação


do campo museológico brasileiro, bem como seus princípios.

• O contexto que levou a iniciativa de promoção do Fórum Nacional de Museus, qual a


sua importância para os profissionais de museus, sua periodicidade e suas principais
contribuições e enfoques nas edições realizadas até então.

• A Lei n° 12.343 de 2010, que institui o Plano Nacional de Cultura (PNC) e seus
princípios, encerrou este tópico entendendo a relevância da Política Nacional de
Educação Museal (PNEM) e seus princípios.

79
AUTOATIVIDADE
1 Os sete eixos da Política Nacional de Museus são:

a) ( ) Gestão e configuração do campo museológico; democratização de acesso aos


bens culturais; formação e capacitação de recursos humanos; informatização
de museus; modernização de infraestruturas museológicas; financiamento e
fomento para museus; aquisição e gerenciamento de acervos culturais.
b) ( ) Gestão e formatação do campo museológico; democratização de acesso aos
bens culturais; formação e capacitação de recursos humanos; informatização
de museus; modernização de infraestruturas museológicas; financiamento e
fomento para museus; aquisição e gerenciamento de acervos culturais.
c) ( ) Gestão e configuração do campo museológico; democratização de acesso aos
bens culturais; formação e capacitação de recursos humanos; informatização
de museus; modernização dos acervos museológicos; financiamento e fomento
para museus; aquisição e gerenciamento de acervos culturais.
d) ( ) Gestão e configuração do campo museológico; democratização de acesso aos
bens culturais; formação e capacitação de recursos humanos; informatização
de museus; modernização de infraestruturas museológicas; financiamento e
fomento para museólogos; aquisição e gerenciamento de acervos culturais.

2 O Plano Nacional de Cultura tem os seguintes princípios, EXCETO:

a) ( ) Liberdade de expressão, criação e fruição.


b) ( ) Diversidade cultural.
c) ( ) Respeito aos servidores públicos.
d) ( ) Direito de todos à arte e à cultura.

3 São princípios da Política Nacional de Educação Museal, EXCETO:

a) ( ) Estabelecer a educação museal como função dos museus, reconhecida nas leis
e explicitada nos documentos norteadores com a preservação, comunicação e
pesquisa.
b) ( ) A educação museal compreende um processo simples e de poucas dimensões
de ordem teórica, prática e de planejamento, com diálogo pontual entre o museu
e a sociedade.
c) ( ) Garantir que cada instituição possua setor de educação museal, composto por
uma equipe qualificada e multidisciplinar, com a mesma equivalência apontada
no organograma para os demais setores técnicos do museu, prevendo dotação
orçamentária e participação nas esferas decisórias do museu.

80
d) ( ) Cada museu deverá construir e atualizar sistematicamente o Programa Educativo
e Cultural, entendido como uma Política Educacional, em consonância ao Plano
Museológico, levando em consideração as características institucionais e dos
seus diferentes públicos, explicitando os conceitos e referenciais teóricos e
metodológicos que embasam o desenvolvimento das ações educativas.

4 Em que ano, cidade e estado aconteceu o 1° Fórum Nacional de Museus:

a) ( ) 2004 em Salvador/Bahia.
b) ( ) 2005 em Florianópolis/Santa Catarina.
c) ( ) 2006 em Porto Alegre/Rio Grande do Sul.
d) ( ) 2007 em Ouro Preto/Minas Gerais.

5 Em qual dia e mês é comemorado o Dia Internacional dos Museus:

a) ( ) 15 de março.
b) ( ) 18 de março.
c) ( ) 15 de maio.
d) ( ) 18 de maio.

6 Conforme o Caderno da Política Nacional de Educação Museal, as redes de educadores


em museus:

a) ( ) Têm funcionamento regulado pelo Instituto Brasileiro de Museus.


b) ( ) Têm funcionamento, composição e organização diferentes em cada região do
país. Algumas realizam visitas técnicas, encontros temáticos, seminários anuais,
palestras, oficinas, viagens exploratórias etc.
c) ( ) Têm funcionamento igual, seguido um padrão organizado independente da região
do país. Algumas realizam visitas técnicas, encontros temáticos, seminários
anuais, palestras, oficinas, viagens exploratórias etc.
d) ( ) Têm o funcionamento e a articulação vinculados à estrutura do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

7 A Política Nacional de Museus (PNM) dá um destaque à função social do museu,


com a noção de que patrimônio Cultural somente abriga o tangível. Essa afirmação é
verdadeira ou falsa? Comente sobre:

8 Disserte sobre a Política Nacional de Museus (PNM), explique seu contexto colaborativo
e quais cuidados o Ministério da Cultura precisou ter para efetivar a sua criação.

81
82
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
A ARTICULAÇÃO DO CAMPO MUSEAL

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 3 desta unidade, abordaremos importantes políticas
públicas e criações que elevaram e qualificaram a articulação do setor museal brasileiro.

Conheceremos o Sistema Brasileiro de Museus (SBM) criado por meio do Decreto


n° 5.264, 2004, sendo reconhecido como um grande marco nas políticas públicas
voltadas ao setor museológico brasileiro. A finalidade do SBM era promover a interação
entre os museus, instituições afins e profissionais ligados ao setor, visando ao constante
aperfeiçoamento da utilização dos recursos materiais e culturais, anos mais tarde, sua
coordenação passa a ser do Instituto Brasileiro de Museus.

Sendo assim, veremos também como e com qual finalidade foi criado o
Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), através Lei nº 11.906 de 2009. O IBRAM é uma
autarquia federal, dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia
administrativa e financeira, com sede e foro na Capital Federal, podendo estabelecer
escritórios ou dependências em outras unidades da Federação.

Por fim, conheceremos o Plano Nacional Setorial de Museus (PNSM), que


representa um marco na história do desenvolvimento do campo museal brasileiro.
Tivemos, pela primeira vez, um planejamento e uma agenda política da área museológica.
Neste tópico, você terá a oportunidade de ler os principais assuntos e tópicos de cada
uma dessas legislações, além de receber as indicações de leitura complementar desses
textos na íntegra.

2 O SISTEMA BRASILEIRO DE MUSEUS


O Sistema Brasileiro de Museus (SBM) foi criado, por meio do Decreto n°
5.264, de 5 de novembro de 2004, foi um marco nas políticas públicas voltadas ao
setor museológico brasileiro. Anos mais tarde, o Decreto n° 5.264 foi revogado pelo
Decreto n° 8.124, de 17 de outubro de 2013, atribuindo ao Instituto Brasileiro de Museus
a coordenação do Sistema Brasileiro de Museus, cujo contexto de criação e mais
informações veremos a seguir.

83
3 A CRIAÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS
A Lei nº 11.906 de 20 de janeiro de 2009 cria o Instituto Brasileiro de Museus
(IBRAM), autarquia federal, dotada de personalidade jurídica de direito público, com
autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério da Cultura, com sede e
foro na Capital Federal, podendo estabelecer escritórios ou dependências em outras
unidades da Federação.

Art. 2º Para os fins desta Lei, são consideradas:


I – as instituições museológicas: os centros culturais e de práticas sociais, colocadas
a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, que possuem acervos e
exposições abertas ao público, com o objetivo de propiciar a ampliação do campo
de possibilidades de construção identitária, a percepção crítica da realidade
cultural brasileira, o estímulo à produção do conhecimento e à produção de
novas oportunidades de lazer, tendo ainda as seguintes características básicas:
a) a vocação para a comunicação, investigação, interpretação, documentação e
preservação de testemunhos culturais e naturais;
b) o trabalho permanente com o patrimônio cultural;
c) o desenvolvimento de programas, projetos e ações que utilizem o patrimônio
cultural como recurso educacional e de inclusão social; e
d) o compromisso com a gestão democrática e participativa;
II – bens culturais musealizados: o conjunto de testemunhos culturais e naturais
que se encontram sob a proteção de instituições museológicas; e
III – atividades museológicas: os procedimentos de seleção, aquisição, documentação,
preservação, conservação, restauração, investigação, comunicação, valorização,
exposição, organização e gestão de bens culturais musealizados.

Art 3º O Ibram tem as seguintes finalidades:


I – promover e assegurar a implementação de políticas públicas para o setor
museológico, com vistas em contribuir para a organização, gestão e
desenvolvimento de instituições museológicas e seus acervos;
II – estimular a participação de instituições museológicas e centros culturais
nas políticas públicas para o setor museológico e nas ações de preservação,
investigação e gestão do patrimônio cultural musealizado;
III – incentivar programas e ações que viabilizem a preservação, a promoção e a
sustentabilidade do patrimônio museológico brasileiro;
IV – estimular e apoiar a criação e o fortalecimento de instituições museológicas;
V – promover o estudo, a preservação, a valorização e a divulgação do patrimônio
cultural sob a guarda das instituições museológicas, como fundamento de
memória e identidade social, fonte de investigação científica e de fruição
estética e simbólica;
VI – contribuir para a divulgação e difusão, em âmbito nacional e internacional, dos
acervos museológicos brasileiros;

84
VII – promover a permanente qualificação e a valorização de recursos humanos do setor;
VIII – desenvolver processos de comunicação, educação e ação cultural, relativos
ao patrimônio cultural sob a guarda das instituições museológicas para o
reconhecimento dos diferentes processos identitários, sejam eles de caráter
nacional, regional ou local, e o respeito à diferença e à diversidade cultural do
povo brasileiro; e
IX – garantir os direitos das comunidades organizadas de opinar sobre os processos
de identificação e definição do patrimônio a ser musealizado.

Art. 4º compete ao Ibram:


I – propor e implementar projetos, programas e ações para o setor museológico,
bem como coordenar, acompanhar e avaliar as atividades deles decorrentes;
II – estabelecer e divulgar normas, padrões e procedimentos, com vistas em
aperfeiçoar o desempenho das instituições museológicas no País e promover
seu desenvolvimento;
III – fiscalizar e gerir técnica e normativamente os bens culturais musealizados ou
em processo de musealização;
IV – promover o fortalecimento das instituições museológicas como espaços de
produção e disseminação de conhecimento e de comunicação;
V – desenvolver e apoiar programas de financiamento para o setor museológico;
VI – estimular, subsidiar e acompanhar o desenvolvimento de programas e
projetos relativos à atividades museológicas que respeitem e valorizem o
patrimônio cultural de comunidades populares e tradicionais de acordo com
suas especificidades;
VII – estimular o desenvolvimento de programas, projetos e atividades educativas
e culturais das instituições museológicas;
VIII – promover o inventário sistemático dos bens culturais musealizados, visando a
sua difusão, proteção e preservação, por meio de mecanismos de cooperação
com entidades públicas e privadas;
IX – implantar e manter atualizado cadastro nacional de museus visando à
produção de conhecimentos e informações sistematizadas sobre o campo
museológico brasileiro;
X – Promover e apoiar atividades e projetos de pesquisa sobre o patrimônio cultural
musealizado, em articulação com universidades e centros de investigação
científica, com vistas na sua preservação e difusão;
XI – propor medidas de segurança e proteção de acervos, instalações e edificações
das instituições museológicas, visando manter a integridade dos bens culturais
musealizados;
XII – propor medidas que visem a impedir a evasão e a dispersão de bens culturais
musealizados, bem como se pronunciar acerca de requerimentos ou
solicitações de sua movimentação no Brasil ou no exterior;
XIII – desenvolver e estimular ações de circulação, intercâmbio e gestão de acervos
e coleções;

85
XIV – estimular e apoiar os programas e projetos de qualificação profissional de
equipes que atuam em instituições museológicas;
XV – coordenar o Sistema Brasileiro de Museus, fixar diretrizes, estabelecer orientação
normativa e supervisão técnica para o exercício de suas atividades sistematizadas;
XVI – promover e assegurar a divulgação no exterior do patrimônio cultural brasileiro
musealizado, em articulação com o Ministério das Relações Exteriores; e
XVII – exercer, em nome da União, o direito de preferência na aquisição de bens
culturais móveis, prevista no Art. 22 do Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro
de 1937, respeitada a precedência pelo órgão federal de preservação do
patrimônio histórico e artístico.

FONTE: BRASIL. Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009. Cria o Instituto Brasileiro de Museus –
IBRAM, cria 425 (quatrocentos e vinte e cinco) cargos efetivos do Plano Especial de Cargos da Cultura,
cria Cargos em Comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS e Funções Gratificadas,
no âmbito do Poder Executivo Federal, e dá outras providências. 2009b. Disponível em: https://bit.ly/3u-
VpOjX. Acesso em: 3 maio 2021.

IMPORTANTE
Caro acadêmico, o Decreto n° 25 de 30 de novembro de 1937 encontra-
se disponível no Tópico 3 da Unidade 1 deste livro didático, caso precise
retome a leitura.

Conforme o Decreto n° 8.124 de 17 de outubro de 2013, que regulamenta a Lei nº


11.906 e a Lei nº 11. 904, que veremos na Unidade 3 deste livro didático, compete ao IBRAM:

Art. 3º Compete ao IBRAM:


I - regular, fomentar e fiscalizar o setor museológico;
II - coordenar e monitorar a elaboração e implementação do Plano Nacional Setorial
de Museus – PNSM;
III - coordenar o Sistema Brasileiro de Museus – SBM;
IV - regular, coordenar e manter atualizado para consulta:
a) o Registro de Museus;
b) o Cadastro Nacional de Museus – CNM;
c) o Inventário Nacional dos Bens Culturais Musealizados; e
d) o Cadastro Nacional de Bens Culturais Musealizados Desaparecidos;
V - elaborar, divulgar e manter atualizado material com recomendações técnicas
relacionadas a:

86
a) preservação, conservação, documentação, restauração e segurança dos bens
culturais musealizados e declarados de interesse público;
b) estudos de público, diagnóstico de participação e avaliações periódicas a serem
realizados pelos museus, para melhorar progressivamente a qualidade do
funcionamento e o atendimento às necessidades de visitantes e usuários;
c) condições de segurança das instalações dos museus;
d) restrições à entrada de objetos e de pessoas, que deverão ser justificadas e
expostas em local de fácil visualização para visitantes e usuários;
e) formas de colaboração com entidades de segurança pública no combate aos
crimes contra a propriedade e tráfico de bens culturais;
f) acessibilidade nos museus; e
g) elaboração do plano museológico.

Art. 4º Compete aos museus, públicos e privados:


I - registrar os atos de criação, fusão, incorporação, cisão ou extinção dos museus
no órgão municipal, estadual, distrital, ou, na sua ausência, no IBRAM;
II - inserir e manter atualizados informações:
a) no Cadastro Nacional de Museus, quando cadastrados;
b) no Cadastro Nacional de Bens Culturais Musealizados Desaparecidos;
c) no Inventário Nacional dos Bens Culturais Musealizados;
III - manter atualizada documentação sobre os bens culturais que integram seus
acervos, na forma de registros e inventários em consonância com o Inventário
Nacional dos Bens Culturais Musealizados;
IV - garantir a conservação e segurança do seu acervo;
V - garantir a acessibilidade universal;
VI - formular, aprovar ou, quando for o caso, propor para aprovação da entidade a
que se vincule, sua política de aquisições e descartes de bens culturais que
integrem os seus acervos;
VII - disponibilizar livro de sugestões e reclamações em local visível e de fácil acesso
a visitantes, sem prejuízo de outros instrumentos a serem disponibilizados com
a mesma finalidade, inclusive por meio eletrônico; e
VIII - enviar ao IBRAM dados e informações relativas às visitações anuais, de acordo
com ato normativo do Instituto.

FONTE: BRASIL. Decreto nº 8.124, de 17 de outubro de 2013. Regulamenta dispositivos da Lei nº


11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da Lei nº 11.906, de 20 de janeiro
de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8124.htm. Acesso em: 3 maio 2021.

DICAS
Caro acadêmico, sugerimos como Leitura Complementar o texto da Lei nº
11.906. Na íntegra em: https://bit.ly/2RqqvTw..

87
3.1 PLANO NACIONAL SETORIAL DE MUSEUS
A elaboração do Plano Nacional Setorial de Museus (PNSM) representa um marco
na história do desenvolvimento do campo museal brasileiro. Pela primeira vez na história
de nosso país, na esfera cultural, teve-se um planejamento e uma agenda política da área
museológica construídos de forma conjunta. O PNSM é decorrência do Plano Nacional de
Cultura e da II Conferência Nacional de Cultura – II CNC, bem como do seu conjunto de
reuniões setoriais, particularmente, a primeira Pré-Conferência de Museus e Memórias.

O Plano Nacional Setorial de Museus foi se moldando ao longo dos anos e teve
suas diretrizes elaboradas e aprovadas na quarta edição do Fórum Nacional de Museus,
que aconteceu em Brasília, entre os dias 12 e 17 de julho de 2010. Antes dessa data, foram
realizadas plenárias estaduais que mobilizaram representantes da área museológica, da
sociedade civil e do poder público. O Plano Nacional Setorial de Museus aponta para a
consolidação de uma política pública específica para o setor, a qual vem proporcionando
uma profunda mudança no panorama museal do Brasil nos últimos oito anos.

A instituição da Política Nacional de Museus, ainda no ano de 2003, conforme


vimos no Tópico 2 desta unidade, possibilitou novas formas de fomento para o setor
cultural e museológico. Dando os subsídios necessários que oportunizaram a criação
do Sistema Brasileiro de Museus (SBM), do Cadastro Nacional de Museus (CNM), a
aprovação do Estatuto de Museus e a criação do próprio Instituto Brasileiro de Museus
(IBRAM) culminando na elaboração do Plano Setorial de Museus.

O Plano Nacional Setorial de Museus foi um instrumento de planejamento


estratégico que teve grande importância no cenário da cultura brasileira. Momento
em que os museus vinham ganhando destaque na vida cultural e social, sendo
reconhecidos como agentes de transformação da sociedade e espaços de encontro
e diálogo entre os mais diversos grupos sociais. O Plano Nacional Setorial de Museus
foi fruto da construção coletiva da comunidade museológica, ansiosa por cumprir seu
papel atuante e participativo na configuração do futuro da área.

O Plano Nacional Setorial de Museus possui cinco eixos, e em cada eixo


encontramos uma diretriz traçada na Segunda Conferência Nacional de Cultura,
conforme veremos a seguir:

• Eixo I – Produção simbólica e diversidade cultural.


o Diretriz: assegurar o registro e a valorização da memória dos diferentes grupos
sociais, fortalecendo e garantindo a manutenção dos museus, espaços e centros
culturais, com ênfase em comunidades menos favorecidas.
• Eixo II – Cultura, cidade e cidadania.
o Diretriz: ampliar, qualificar e melhorar o investimento nos quadros de profissionais
da ação educativa e do serviço sociocultural dos museus e demais espaços de
memória.

88
• Eixo III – Cultura e desenvolvimento sustentável.
o Diretriz: promover políticas públicas que garantam a gestão museal e o acesso
a mecanismos de fomento e financiamento direcionados para a diversidade e o
patrimônio cultural, os direitos humanos e a cidadania, integrando a economia, a
museologia, a educação, a arte, o turismo e a ciência e tecnologia, visando ao de-
senvolvimento local e regional, bem como à sustentabilidade cultural e ambiental.
• Eixo IV – Cultura e economia criativa.
o Diretriz: fomentar a relação museu-comunidade, considerando a função social
dos museus, produzindo novas perspectivas de geração de renda pautadas em
produtos e serviços que aproveitem potencialidades, saberes e fazeres. Nesse
sentido, criando o Fundo Setorial de Museus em âmbito Federal, Estadual,
Municipal e Distrital voltado para entidades governamentais e não governamentais,
a fim de garantir a sustentabilidade de seus planos museológicos, plurianuais e
destacando a manutenção dessas instituições.
• Eixo V – Gestão e Institucionalidade da Cultura.
o Diretriz: garantir a continuidade da Política Nacional de Museus e a implantação
do Estatuto de Museus, respeitando a diversidade regional, com a ampliação dos
investimentos na área.

NOTA
Caro acadêmico, é importante ficar atento nesse detalhe: no 4° Fórum
Nacional de Museus, foram traçadas diretrizes prioritárias para a Política
Nacional Setorial de Museus, além das traçadas na II Conferência Nacional
de Cultura e apresentadas anteriormente. Para conhecer as diretrizes e
outras informações, sugerimos a leitura desse texto na íntegra em: https://
www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/PSNM-Versao-Web.pdf.

89
LEITURA
COMPLEMENTAR
RECOMENDAÇÃO REFERENTE À PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DOS MUSEUS E
COLEÇÕES, SUA DIVERSIDADE E SEU PAPEL NA SOCIEDADE

Paris, 20 de novembro de 2015


Organização das Nações Unidas para educação, a Ciência e a Cultura

A Conferência Geral recomenda que os Estados Membros apliquem as seguintes


disposições, tomando quaisquer medidas legislativas ou outras que possam ser
necessárias para implementar, dentro dos respectivos territórios sob sua jurisdição, os
princípios e normas estabelecidos nesta Recomendação.

INTRODUÇÃO

1. A proteção e promoção da diversidade cultural e natural são desafios centrais do


século XXI. Nesse sentido, museus e coleções constituem meios primários pelos quais
testemunhos tangíveis e intangíveis da natureza e da cultura humanas são salvaguardados.

2. Museus, como espaços para a transmissão cultural, diálogo intercultural, aprendiza-


do, discussão e treinamento, desempenham também um importante papel na educação
(formal, informal e continuada), na promoção da coesão social e do desenvolvimento sus-
tentável. Os museus têm grande potencial para sensibilizar a opinião pública sobre o valor
do patrimônio cultural e natural e sobre a responsabilidade de todos os cidadãos para
contribuir com sua guarda e transmissão. Os museus apoiam também o desenvolvimento
econômico, notadamente por meio das indústrias culturais e criativas e do turismo.

3. Esta Recomendação chama a atenção dos Estados-membros para a importância


da proteção e promoção dos museus e coleções, de modo a serem parceiros no
desenvolvimento sustentável por meio da preservação e proteção do patrimônio, da
proteção e promoção da diversidade cultural, da transmissão do conhecimento científico,
do desenvolvimento de políticas educacionais, educação continuada e coesão social e
do desenvolvimento das indústrias criativas e da economia do turismo.

DEFINIÇÃO E DIVERSIDADE DOS MUSEUS

4. Nesta Recomendação, o termo museu é definido como uma “instituição permanente,


sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao
público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe o patrimônio material e
imaterial da humanidade e de seu ambiente para os propósitos de educação, estudo

90
e entretenimento”. Como tal, museus são instituições que buscam representar a
diversidade cultural e natural da humanidade, assumindo um papel essencial na
proteção, preservação e transmissão do patrimônio.

5. Na presente Recomendação, o termo coleção é definido como “um conjunto de


propriedades culturais e naturais, tangíveis e intangíveis, passadas e presentes”. Cada
Estado Membro deve definir o escopo do que entende por coleção nos termos de seu
próprio quadro normativo, para os propósitos desta Recomendação.

6. Na presente Recomendação, o termo patrimônio é definido como um conjunto de valores


tangíveis e intangíveis, e expressões que pessoas selecionam e identificam, independen-
temente do direito de propriedade, como reflexo e expressão de suas identidades, crenças,
conhecimento e tradições, e ambientes que demandem proteção e melhoramento pelas
gerações contemporâneas e transmissão para as gerações futuras. O termo patrimônio
também se refere às definições de patrimônio cultural e natural, tangível e intangível, bens
culturais e objetos culturais, conforme incluídos nas Convenções de Cultura da UNESCO.

FUNÇÕES PRIMÁRIAS DOS MUSEUS

Preservação

7. A preservação do patrimônio compreende atividades relacionadas à aquisição e


gestão de coleções, incluindo análise de risco e o desenvolvimento de capacidades
de prevenção e de planos de emergência, além de segurança, conservação preventiva
e curativa, e a restauração de objetos musealizados, garantindo a integridade das
coleções quando usadas e armazenadas.

8. Um componente chave da gestão de coleções em museus é a criação e manutenção


de um inventário profissional e o controle regular das coleções. Um inventário é uma
ferramenta essencial para proteger os museus, prevenir e combater o tráfico ilícito e para
ajudá-los a cumprir seu papel na sociedade. Ele também facilita a gestão apropriada da
mobilidade dos acervos.

Pesquisa

9. Pesquisa, incluindo o estudo das coleções, é outra função primária dos museus. A pes-
quisa pode ser conduzida por museus em colaboração com outros. Apenas por meio do
conhecimento obtido de tais pesquisas, o completo potencial dos museus pode ser alcan-
çado e oferecido ao público. A pesquisa é de extrema importância para os museus para
que se ofereçam oportunidades de reflexão sobre a história em um contexto contempo-
râneo, assim como para a interpretação, representação e apresentação de coleções.

91
Comunicação

10. A comunicação é outra função primária dos museus. Estados Membros devem
encorajar museus a interpretar e disseminar ativamente o conhecimento sobre coleções,
monumentos e sítios dentro de suas áreas específicas de expertise e a organizar
exposições, conforme apropriado. Ademais, os museus devem ser encorajados a utilizar
todos os meios de comunicação para desempenhar um papel ativo na sociedade, por
exemplo, organizando eventos públicos, tomando parte em atividades culturais relevantes
e em outras interações com o público tanto em formatos físicos quanto digitais.

11. Políticas de comunicação devem levar em consideração a integração, o acesso e


a inclusão social, e devem ser conduzidas em colaboração com o público, incluindo
grupos que normalmente não visitam museus. Ações de museus deveriam também ser
fortalecidas pelas ações do público e das comunidades em favor dos museus.

Educação

12. A educação é outra função primária dos museus. Os museus atuam na educação formal
e informal e na formação continuada, por meio do desenvolvimento e da transmissão
do conhecimento, programas educacionais e pedagógicos, em parceria com outras
instituições, especialmente escolas. Programas educacionais em museus contribuem
primariamente para educar diversos públicos acerca dos tópicos de suas coleções e sobre
vida cívica, bem como ajudam a gerar consciência sobre a importância de se preservar o
patrimônio e impulsionam a criatividade. Os museus podem ainda promover conhecimento
e experiências que contribuam à compreensão de temas sociais relacionados.

QUESTÕES PARA OS MUSEUS EM SOCIEDADE

Globalização

13. A globalização permitiu maior mobilidade de coleções, de profissionais, visitantes e


ideias, com resultados e impactos tanto positivos quanto negativos para os museus,
refletidos em maior acessibilidade e homogeneização. Os Estados-membros devem
promover a salvaguarda da diversidade e identidade que caracterizam os museus e
coleções, sem diminuir o papel dos museus no mundo globalizado.

Relações dos museus com a economia e a qualidade de vida

14. Os Estados-membros devem reconhecer que os museus podem ser atores


econômicos na sociedade e contribuir com atividades geradoras de renda. Ademais,
eles participam da economia do turismo e de projetos produtivos que contribuem à
qualidade de vida das comunidades e regiões onde se localizam. De modo mais amplo,
eles também podem ampliar a inclusão social de populações vulneráveis.

92
15. De modo a diversificar suas fontes de renda e aumentar sua autossustentabilidade,
muitos museus têm ampliado, por escolha ou necessidade, suas atividades geradoras
de renda. Os Estados-membros não devem conferir prioridade elevada à geração de
receita em detrimento das funções primárias dos museus. Os Estados-membros devem
reconhecer que aquelas funções primárias, por serem de extrema importância para a
sociedade, não podem ser expressas em termos puramente financeiros.

Função social

16. Os Estados-membros são encorajados a apoiar a função social dos museus, destacado
pela Declaração de Santiago do Chile, de 1972. Os museus são cada vez mais vistos, em
todos os países, como tendo um papel-chave na sociedade e como fator de promoção
à integração e coesão social. Neste sentido, podem ajudar as comunidades a enfrentar
mudanças profundas na sociedade, incluindo aquelas que levam ao crescimento da
desigualdade e à quebra de laços sociais.

17. Museus são espaços públicos vitais que devem abordar o conjunto da sociedade e
podem, portanto, desempenhar importante papel no desenvolvimento de laços sociais
e de coesão social na construção da cidadania e na reflexão sobre identidades coletivas.
Os museus devem ser lugares abertos a todos e comprometidos com o acesso físico e o
acesso à cultura para todos, incluindo grupos vulneráveis. Eles podem constituir espaços
para reflexão e debate sobre temas históricos, sociais, culturais e científicos. Os museus
devem também promover o respeito aos direitos humanos e à igualdade de gênero. Os
Estados-membros devem encorajar os museus a cumprir todos estes papéis.

18. Nos casos em que o patrimônio cultural de povos indígenas esteja representado
em coleções de museus, os Estados-membros devem tomar as medidas apropriadas
para encorajar e facilitar o diálogo e o estabelecimento de relações construtivas entre
estes museus e os povos indígenas com respeito à gestão destas coleções e, onde
apropriado, ao retorno ou restituição de acordo com as leis e políticas aplicáveis.

Museus e Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)

19. As mudanças trazidas pela ascensão das tecnologias da informação e comunicação


(TICs) oferecem oportunidades para os museus em termos de preservação, estudo,
criação e transmissão do patrimônio e do conhecimento relacionado. Os Estados-
membros devem apoiar os museus a compartilhar e disseminar o conhecimento e
garantir que os museus tenham os meios para ter acesso a essas tecnologias quando
consideradas necessárias para aprimorar suas funções primárias.

93
POLÍTICAS

Políticas gerais

20. Instrumentos internacionais existentes relativos ao patrimônio cultural e natural reco-


nhecem a importância e a função social dos museus na sua proteção e promoção e na
acessibilidade deste patrimônio ao público. Nesse sentido, os Estados-membros devem
tomar medidas apropriadas de maneira que os museus e coleções nos territórios sob sua
jurisdição ou controle se beneficiem das medidas protetivas e promocionais garantidas por
esses instrumentos. Os Estados-membros devem ainda tomar as medidas apropriadas para
fortalecer as capacidades dos museus para sua proteção em todas as circunstâncias.

21. Os Estados-membros devem assegurar que os museus implementem princípios dos


instrumentos internacionais aplicáveis. Os museus estão comprometidos a observar os
princípios dos instrumentos internacionais para a proteção e promoção do patrimônio
cultural e natural, tanto tangível quanto intangível. Eles devem também aderir aos princípios
dos instrumentos internacionais para a luta contra o tráfico ilícito de bens culturais e devem
coordenar seus esforços nesta matéria. Os museus devem também levar em consideração
os padrões éticos e profissionais estabelecidos pela comunidade de profissionais de museus.
Os Estados-membros devem garantir que o papel dos museus na sociedade seja exercido
de acordo com padrões legais e profissionais nos territórios sob sua jurisdição.

22. Os Estados-membros devem adotar políticas e tomar as medidas apropriadas para


garantir a proteção e promoção dos museus localizados nos territórios sob sua jurisdição
ou controle, apoiando e desenvolvendo estas instituições de acordo com suas funções
primárias e, nesse sentido, desenvolvendo os recursos humanos, físicos e financeiros
necessários para o seu funcionamento apropriado.

23. A diversidade dos museus e do patrimônio do qual são guardiões constitui o seu
maior valor. Solicita-se aos Estados-membros proteger e promover esta diversidade e,
ao mesmo tempo, encorajar os museus a basear-se nos critérios de excelência definidos
e promovidos pelas comunidades de museus nacionais e internacionais.

Políticas funcionais

24. Os Estados-membros são convidados a apoiar políticas ativas de preservação,


pesquisa, educação e comunicação, adaptadas aos contextos sociais e culturais locais,
para permitir aos museus proteger e transmitir o patrimônio às futuras gerações. Nesta
perspectiva, esforços colaborativos e participativos entre museus, comunidades,
sociedade civil e o público devem ser fortemente encorajados.

25. Os Estados-membros devem tomar medidas apropriadas para garantir que a


compilação de inventários baseada nos padrões internacionais seja uma prioridade
nos museus estabelecidos sob sua jurisdição. A digitalização de coleções de museus é

94
altamente importante nesse sentido, mas não deve ser considerada como um substituto
para a conservação de coleções.

26. Boas práticas para o funcionamento, proteção e promoção dos museus e de sua
diversidade e papel na sociedade foram reconhecidas por redes nacionais e internacionais
de museus. Essas boas práticas são continuamente atualizadas para refletir inovações
no campo. A este respeito, o Código de Ética para Museus adotado pelo Conselho
Internacional de Museus (ICOM) constitui a referência mais amplamente compartilhada.
Os Estados-membros são encorajados a promover a adoção e disseminação deste e de
outros códigos de ética e boas práticas e a usá-los para subsidiar o desenvolvimento de
padrões, de políticas de museus e da legislação nacional.

27. Os Estados-membros devem tomar as medidas apropriadas para facilitar o emprego


de pessoal qualificado por museus nos territórios sob sua jurisdição com a expertise
necessária. Oportunidades adequadas para a educação continuada e o desenvolvimento
profissional de todo os trabalhadores de museus devem ser oferecidas, para manter
uma força de trabalho efetiva.

28. O funcionamento efetivo dos museus é diretamente influenciado pelo financiamento


público e privado e parcerias adequadas. Os Estados-membros devem empenhar-se
para garantir uma visão clara, planejamento e financiamento adequados para museus
e um equilíbrio harmonioso entre os diferentes mecanismos de financiamento, para
permitir-lhes realizar suas missões em benefício da sociedade respeitando inteiramente
suas funções primárias.

29. As funções dos museus são também influenciadas pelas novas tecnologias e por
seu papel crescente na vida cotidiana. Estas tecnologias têm grande potencial para
promover os museus por todo o mundo, mas também constituem barreiras potenciais
para pessoas e museus que não têm acesso a elas ou o conhecimento e habilidades
para usá-las de forma efetiva. Os Estados-membros devem se esforçar para fornecer
acesso a estas tecnologias para os museus nos territórios sob sua jurisdição ou controle.

30. A função social dos museus, junto à preservação do patrimônio, constitui seu
propósito fundamental. O espírito da Recomendação sobre os Meios mais efetivos
de tornar os museus acessíveis a todos, de 1960, permanece importante na criação
de um lugar duradouro para os museus na sociedade. Os Estados-membros devem se
empenhar para incluir esses princípios nas leis concernentes aos museus estabelecidos
nos territórios sob sua jurisdição.

31. A cooperação dentro dos setores de museus e instituições responsáveis por cultura,
patrimônio e educação é uma das formas mais efetivas e sustentáveis de proteger e
promover os museus, sua diversidade e seu papel na sociedade. Os Estados-membros
devem, portanto, encorajar a cooperação e parcerias entre museus e instituições culturais

95
e científicas em todos os níveis, incluindo sua participação em redes profissionais e
associações que promovem tal cooperação e exposições internacionais, intercâmbios e
mobilidade de coleções.

32. As coleções definidas no parágrafo 5, quando abrigadas em instituições que não são
museus, devem ser protegidas e promovidas a fim de preservar a coerência e melhor
representar a diversidade cultural do patrimônio daqueles países. Os Estados-membros
são convidados a cooperar na proteção, pesquisa e promoção dessas coleções, assim
como na promoção do acesso a elas.

33. Os Estados-membros devem tomar medidas legislativas, técnicas e financeiras apro-


priadas, a fim de desenhar planos e políticas públicas permitindo o desenvolvimento e im-
plementação destas recomendações em museus situados nos territórios sob sua jurisdição.

34. A fim de contribuir ao melhoramento das atividades e serviços dos museus, os


Estados-membros são encorajados a apoiar o desenvolvimento de políticas inclusivas
para o desenvolvimento de públicos.

35. Os Estados-membros devem promover a cooperação internacional em capacitação e


treinamento profissional, por meio de mecanismos bilaterais e multilaterais, inclusive por
meio da UNESCO, a fim de melhor implementar estas recomendações e especialmente
para beneficiar os museus e coleções dos países em desenvolvimento.

FONTE: Adaptado de <http://www.icom.org.br/wp-content/uploads/2017/05/RecomendacaoProtecaoMu-


seuseColecoes.pdf>. Acesso em: 4 maio 2021.

96
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• As atuais políticas públicas elevaram e qualificaram a articulação do setor museal


brasileiro.

• O Sistema Brasileiro de Museus (SBM) foi criado por meio do Decreto n° 5.264/2004,
sendo reconhecido como um grande marco nas políticas públicas voltadas ao setor
museológico brasileiro.

• Sua finalidade era promover a interação entre os museus, instituições afins e


profissionais ligados ao setor, visando ao constante aperfeiçoamento da utilização
dos recursos materiais e culturais. Anos mais tarde, a coordenação do Sistema
passa a ser do Instituto Brasileiro de Museus.

• O Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) é uma autarquia federal, dotada de


personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e financeira,
com sede e foro na Capital Federal, que pode estabelecer escritórios ou dependências
em outras unidades da Federação.

• O Plano Nacional Setorial de Museus (PNSM) representa um marco na história do


desenvolvimento do campo museal brasileiro. Pela primeira vez na história, o país
teve um planejamento e uma agenda política da área museológica.

97
AUTOATIVIDADE
1 O Sistema Brasileiro de Museus tinha como finalidade, EXCETO:

a) ( ) Promover a interação entre os museus, instituições afins e profissionais ligados


ao setor, visando ao constante aperfeiçoamento da utilização dos recursos
materiais e culturais.
b) ( ) A valorização, registro e disseminação de conhecimento específicos no campo
museológico.
c) ( ) Instituir e criar museus por todo território nacional.
d) ( ) A gestão integrada e o desenvolvimento das instituições, acervos e processos
museológicos e o desenvolvimento das ações voltadas para as áreas de
aquisição de bens, capacitação de recursos humanos, documentação, pesquisa,
conservação, restauração, comunicação e difusão entre os órgãos e entidades
públicas, entidades privadas e unidades museológicas que integrem o sistema.

2 O Sistema Brasileiro de Museus criado por meio do Decreto n° 5.264, de 5 de novembro


de 2004, foi um marco nas políticas públicas voltadas ao setor museológico brasileiro.
Quanto ao Sistema Brasileiro de Museus, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Foi alterado pelo Decreto n° 8.124/2013, tornando o Sistema Brasileiro de Museus


responsável pelo Instituto Brasileiro de Museus.
b) ( ) Foi revogado pelo Decreto n° 8.124/2013, atribuindo ao Instituto Brasileiro de
Museus a coordenação do Sistema Brasileiro de Museus.
c) ( ) Foi revogado pelo Decreto n° 8.124/2013, atribuindo ao Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional a coordenação do Sistema Brasileiro de Museus.
d) ( ) Foi corroborado pelo Decreto 8.124/2013, sem fazer nenhuma alteração na
criação do Sistema Brasileiro de Museus.

3 Segundo a Lei nº 11.906, o Instituto Brasileiro de Museus tem as seguintes finalidades,


EXCETO:

a) ( ) Promover e assegurar a implementação de políticas públicas para o setor


museológico, com vistas em contribuir para a organização, gestão e
desenvolvimento de instituições museológicas e seus acervos.
b) ( ) Estimular a participação de instituições museológicas e centros culturais
nas políticas públicas para o setor museológico e nas ações de preservação,
investigação e gestão do patrimônio cultural musealizado.
c) ( ) Incentivar programas e ações que viabilizem a preservação, a promoção e a
sustentabilidade do patrimônio museológico brasileiro.
d) ( ) Estimular e apoiar os museólogos brasileiros.

98
4 O Plano Nacional Setorial de Museus foi um instrumento de planejamento estratégico
que teve grande importância no cenário da cultura brasileira. Possui cinco eixos e em
cada eixo encontramos uma diretriz traçada na Segunda Conferência Nacional de
Cultura. Com relação aos referidos eixos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Produção simbólica e diversidade de gênero; cultura, cidade e cidadania; cultura


e desenvolvimento sustentável; economia criativa; gestão e institucionalidade da
cultura.
b) ( ) Produção simbólica e diversidade cultural; cultura, cidade e cidadania; cultura
e desenvolvimento do meio ambiente; cultura e economia criativa; gestão e
institucionalidade da cultura.
c) ( ) Produção simbólica e diversidade cultural; cultura, cidade e cidadania; cultura e
desenvolvimento sustentável; economia criativa; gestão e institucionalidade da
cultura.
d) ( ) Produção simbólica e diversidade cultural; cultura, cidade e cidadania;
cultura e desenvolvimento sustentável; cultura e economia criativa; gestão e
institucionalidade da cultura.

5 Quanto à recomendação referente à proteção e promoção dos museus e coleções,


sua diversidade e seu papel na sociedade, da Organização das Nações Unidas para
educação, a Ciência e a Cultura, assinada em Paris. Escreva sobre a definição de
Museu trazida pelo documento.

6 Disserte sobre a elaboração do Plano Nacional Setorial de Museus.

99
REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria nº 422, de 30 de novembro de 2017. Dispõe sobre a Política
Nacional de Educação Museal – PNEM e dá outras providências. Brasília, 13 dez. 2017.
Disponível em: http://rubi.casaruibarbosa.gov.br/bitstream/20.500.11997/12232/1/
Portaria-422-2017-PNEM.pdf. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Decreto nº 8.124, de 17 de outubro de 2013. Regulamenta dispositivos da


Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da Lei nº
11.906, de 20 de janeiro de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM.
Brasília, 1º out. 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Decreto/D8124.htm. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Lei n° 12.343, de 2 de dezembro de 2010. Institui o Plano Nacional de


Cultura – PNC, cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC
e dá outras providências. Brasília, 2 dez. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3eivpex.
Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de Museus e dá


outras providências. 2009a. Brasília, 14 jan. 2009. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11904.htm. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009. Cria o Instituto Brasileiro de


Museus – IBRAM, cria 425 (quatrocentos e vinte e cinco) cargos efetivos do Plano
Especial de Cargos da Cultura, cria Cargos em Comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores – DAS e Funções Gratificadas, no âmbito do Poder
Executivo Federal, e dá outras providências. 2009b. Brasília, 20 jan 2009. Disponível
em: https://bit.ly/2RqwPdI. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Política Nacional de museus. Brasília: MINC, 2007. Disponível em: https://
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BRASIL. Política nacional de museus: memória e cidadania. 2003. Disponível


em: https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2010/02/politica_nacional_
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CÂNDIDO, M. M. D. Gestão de museus, um desafio contemporâneo: diagnóstico


museológico e planejamento. Porto Alegre: Medianiz, 2014.

100
G1. Instituto Geográfico e histórico da Bahia comemora 121 anos. 2015.
Disponível em: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2015/08/instituto-geografico-e-
historico-da-bahia-celebra-121-anos-de-fundacao.html. Acesso em: 3 maio 2021.

G1. O que se sabe sobre o incêndio do Museu Nacional, no Rio. 2018. Disponível
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sobre-o-incendio-no-museu-nacional-no-rio.ghtml. Acesso em: 3 maio 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). 7º Fórum Nacional de Museus: a


recomendação da Unesco sobre a proteção e promoção de museus e coleções. Porto
Alegre: IBRAM, 2017. Disponível em: http://fnm.museus.gov.br/. Acesso em: 4 maio
2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). 6º Fórum Nacional de Museus: museus


criativos. Belém: IBRAM, 2014. Disponível em: http://fnm.museus.gov.br/wp-content/
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40 anos da mesa de Santiago do Chile: entre o idealismo e a contemporaneidade.
Petrópolis: IBRAM, 2012. Disponível em: https://www.museus.gov.br/wp-content/
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à memória, direito a museus. Brasília: IBRAM, 2010. Disponível em: https://www.
museus.gov.br/wp-content/uploads/2010/11/Relatorio_4FNM_2010.pdf. Acesso em:
4 maio 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). Política Nacional Setorial de Museus.


Brasília: IBRAM, 2010. Disponível em: https://www.museus.gov.br/wp-content/
uploads/2012/03/PSNM-Versao-Web.pdf. Acesso em: 3 maio 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). 3º Fórum Nacional de Museus: museus


como agentes de mudança social e desenvolvimento. Florianópolis: IBRAM, 2008.
Disponível em: https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2018/11/Relatorio-
do-3-Forum-Nacional-de-Museus.pdf. Acesso em: 4 maio 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). 2º Fórum Nacional de Museu: o futuro


se constrói hoje. Ouro Preto: IBRAM, 2006. Disponível em: https://www.museus.gov.br/
wp-content/uploads/2018/11/Relatorio-do-2-Forum-Nacional-de-Museus.pdf. Acesso
em: 4 maio 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). 1º Fórum Nacional de Museus: a


imaginação museal e os caminhos da democracia. Salvador: IBRAM, 2004. Disponível
em: https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2018/11/Relatorio-1-
FNM-20041.pdf. Acesso em: 4 maio 2021.

101
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (IHGB). Objetivos. c2021.
Disponível em: https://www.ihgb.org.br/ihgb/objetivos.html. Acesso em: 3 maio 2021.

MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO (MAM). Sobre o MAM. c2021.Disponível


em: https://mam.org.br/institucional/. Acesso em: 3 maio 2021.

MUSEU DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE PERNAMBUCO


(IAHGP). Site institucional. c2021.Disponível em: https://www.iahgp.com.br/index.
php. Acesso em: 3 maio 2021.

MUSEU NACIONAL. Seção de assistência ao ensino. c2021. Disponível em: https://


saemuseunacional.wordpress.com/category/museu-de-curiosidades/. Acesso em: 3
maio 2021.

MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI. Apresentação. c2021. Disponível em: https://


www.museu-goeldi.br/assuntos/o-museu/apresentacao. Acesso em: 3 maio 2021.

MUSEU PAULISTA DA USP. Museu do Ipiranga. c2021. Disponível em: http://www.


mp.usp.br/museu-do-ipiranga. Acesso em: 3 maio 2021.

SANTOS, M. C. T. M. A escrita do passado em museus históricos. Rio de Janeiro:


Garamond, MINC; IPHAN; DEMU, 2006.

SARDINHA, V. Música e Filosofia: a origem do nome música. Blog Terra da Música, 12


mar. 2017. Disponível em: https://terradamusicablog.com.br/musas-origem-do-nome-
musica/. Acesso em: 3 maio 2021.

102
UNIDADE 3 —

OS MUSEUS E O
PROFISSIONAL MUSEÓLOGO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender como a legislação da área de museus pode contribuir para o fortalecimento


das instituições e dos profissionais museólogos;

• refletir sobre a importância da aprovação do Estatuto de Museus;

• conhecer as interfaces de um plano museológico;

• saber mais sobre a profissão de museólogo e sua regulamentação.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS


TÓPICO 2 – O PLANO MUSEOLÓGICO
TÓPICO 3 – O PROFISSIONAL MUSEÓLOGO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

103
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

Acesse o
QR Code abaixo:

104
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
O ESTATUTO DE MUSEUS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 1 desta unidade, abordaremos a Lei nº 11.904 do ano
de 2009, que instituiu o Estatuto de Museus.

Nesse tópico, você entenderá mais sobre a definição de museu que está vigente
tanto no estatuto quanto nas demais leis, programas, projetos, portarias e documentos
oficiais da área museológica.

Veremos os princípios fundamentais da lei e outros aspectos importantes que


lhe darão subsídios para dominar o tema. Comentaremos sobre a importância da gestão
de riscos para as instituições museológicas e quais os fatores ameaçam os museus e
seus acervos. Por fim, encerraremos o tópico abordando para que servem os sistemas
de museus, assim como as finalidades do Sistema Brasileiro de Museus.

2 A INSTITUIÇÃO DO ESTATUTO
O Estatuto de Museus foi instituído pela Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009,
em um cenário de grande progresso no campo museal brasileiro. O contexto desses
avanços na área museológica já foi visto por você, caro acadêmico, na Unidade 2 deste
livro didático. Caso surgirem dúvidas, aconselhamos que retome a leitura sempre que
achar necessário.

2.1 DEFINIÇÃO DE MUSEU


Um dos principais enfoques da Lei nº 11.904 é definir o que é museu, tal definição
é usada em todo país em âmbito nacional, estadual e, também, municipal. A definição
que veremos a seguir, embasa outras leis, documentos, normativas, portarias, decretos
etc. Segundo o Estatuto de Museus (BRASIL, 2009), em seu Art. 1º:

Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem


fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam
e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação,
contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico,
artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural,
abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.

105
É importante frisarmos também o que se diz no parágrafo único: “Enquadrar-se-
ão nesta Lei as instituições e os processos museológicos voltados para o trabalho com o
patrimônio cultural e o território visando ao desenvolvimento cultural e socioeconômico
e à participação das comunidades” (BRASIL, 2009).

2.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E DISPOSIÇÕES GERAIS


O Estatuto de Museus apresenta os seis princípios fundamentais dos museus,
sendo eles:

I – a valorização da dignidade humana;


II – a promoção da cidadania;
III – o cumprimento da função social;
IV – a valorização e preservação do patrimônio cultural e ambiental;
V – a universalidade do acesso, o respeito e a valorização à
diversidade cultural;
VI – o intercâmbio institucional (BRASIL, 2009).

A lei apresenta ainda, em seu Art. 3º, o entendimento de que:

Conforme as características e o desenvolvimento de cada museu,


poderão existir filiais, seccionais e núcleos ou anexos das instituições.
Para tanto ficam definidos:
I – como filial os museus dependentes de outros quanto a sua
direção e gestão, inclusive financeira, mas que possuem plano
museológico autônomo;
II – como seccional a parte diferenciada de um museu que, com a
finalidade de executar seu plano museológico, ocupa um imóvel
independente da sede principal;
III – como núcleo ou anexo os espaços móveis ou imóveis que,
por orientações museológicas específicas, fazem parte de um
projeto de museu (BRASIL, 2009).

A criação de museus por qualquer entidade é livre, independentemente do


regime jurídico, devendo ser criado por uma lei específica. Tanto a criação quanto a
fusão e a extinção de museus, deve ser efetivada por meio de documento público. Já
no que tange à elaboração de planos, programas e projetos museológicos, visando à
criação, à fusão ou à manutenção dos museus, deve estar em consonância com a Lei no
7.287, de 18 de dezembro de 1984. Essa é a lei que regulamenta a profissão museólogo
em nosso país e que veremos a seguir, no Tópico 3, desta unidade do livro didático.

O Estatuto prevê que os museus poderão estimular a constituição de associações


de amigos dos museus, grupos de interesse especializado, voluntariado ou outras
formas de colaboração e participação sistemática da comunidade e do público. As
instituições museológicas, na medida das suas possibilidades, facultarão espaços para
a instalação de estruturas associativas ou de voluntariado que tenham por finalidade
a contribuição para o desempenho das funções dos museus. Além disso, o Estatuto

106
prevê que os museus poderão criar um serviço de acolhimento, formação e gestão de
voluntariado, dotando-se de um regulamento específico, assegurando e estabelecendo
o benefício mútuo da instituição e dos voluntários.

IMPORTANTE
Caro acadêmico, não se esqueça de que o Estatuto de Museus tem como
foco as instituições museológicas e processos museológicos voltados para o
trabalho com o patrimônio cultural e o território, visando o desenvolvimento
cultural e socioeconômico e a participação das comunidades. Esta lei não
se aplica às bibliotecas, aos arquivos, aos centros de documentação e às
coleções visitáveis. Lembramos, ainda, que são consideradas coleções
visitáveis os conjuntos de bens culturais conservados por uma pessoa
física ou jurídica, que não apresentem as características previstas no artigo
primeiro do Estatuto de Museus e que sejam abertos à visitação, ainda que
esporadicamente.

2.3 OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES DA LEI


Quanto à preservação, conservação, restauração e segurança, os museus devem
garantir a conservação e a segurança de seus acervos. Os programas, as normas e os
procedimentos de preservação, conservação e restauração serão elaborados por cada
museu em conformidade com a legislação vigente. Dessa forma, aplicar-se-á o regime
de responsabilidade solidária às ações de preservação, conservação ou restauração que
impliquem dano irreparável ou destruição de bens culturais dos museus, sendo punível
a negligência. As instituições mantenedoras de cada museu devem responsabilizar-
se por seus bens e por sua preservação, seja ela na esfera privada ou pública, sendo
municipal, estadual ou federal.

FIGURA 1 – RESERVA TÉCNICA DO MUSEU PARANAENSE

FONTE: <https://bit.ly/3ykHCqU>. Acesso em: 4 maio 2021.


107
FIGURA 2 – TRAINÉIS NA RESERVA TÉCNICA DO MUSEU DE ARTE DE JOINVILLE ACONDICIONANDO
QUADROS

FONTE: <https://bit.ly/3waHgBq>. Acesso em: 4 maio 2021.

Já no que se refere à segurança, o Estatuto de Museus diz que as instituições


museológicas:

Art. 23. Devem dispor das condições de segurança indispensáveis para


garantir a proteção e a integridade dos bens culturais sob sua guarda,
bem como dos usuários, dos respectivos funcionários e das instalações.
Parágrafo único. Cada museu deve dispor de um Programa de
Segurança periodicamente testado para prevenir e neutralizar perigos.
Art. 24. É facultado aos museus estabelecer restrições à entrada de objetos
e, excepcionalmente, pessoas, desde que devidamente justificadas
Art. 25. As entidades de segurança pública poderão cooperar com os
museus, por meio da definição conjunta do Programa de Segurança e da
aprovação dos equipamentos de prevenção e neutralização de perigos.
Art. 26. Os museus colaborarão com as entidades de segurança
pública no combate aos crimes contra a propriedade e tráfico de
bens culturais.
Art. 27. O Programa e as regras de segurança de cada museu têm
natureza confidencial (BRASIL, 2009).

FIGURA 3 – EXTINTORES PRÓXIMOS ÀS OBRAS EXPOSTAS NO MUSEU DO AÇUDE

FONTE: <https://bit.ly/33OtKY0>. Acesso em: 4 maio 2021.


108
Em uma situação de incêndio, é imprescindível que existam extintores
espalhados por todas as salas e corredores do museu, evitando, assim, que seja preciso
deslocar-se em grandes distâncias até achar algum extintor, já que em casos de fogo,
sabemos que alguns minutos podem fazer toda a diferença entre perder ou salvar uma
vida ou um patrimônio museológico.

FIGURA 4 – RESERVA TÉCNICA DO MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES COM PORTA CORTA FOGO

FONTE: <https://bit.ly/3hyAjGq>. Acesso em: 4 maio 2021.

A porta corta-fogo é confeccionada com uma combinação de vários materiais,


como aço e fibra de lã cerâmica. Dependendo da especificidade da porta, ela pode ter
dispositivos automáticos de fechamento, rolamento e travamento. A porta corta-fogo,
também conhecida como porta corta-chamas, é um grande investimento para as insti-
tuições de memória. Normalmente, a porta é colocada na entrada da Reserva Técnica dos
museus. Dessa forma, caso haja um incêndio iniciado fora do espaço de Reserva Técnica
a porta faz uma barreira que impede que o fogo chegue e se alastre por esse espaço onde
fica acondicionado todo acervo da instituição que não está em exposição, inclusive e,
principalmente, suas obras mais raras, importantes e que merecem cuidado redobrado.

FIGURA 5 – CLAVICULÁRIO

FONTE: <http://boletim.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/02/claviculario-300x249.jpg>.
Acesso em: 4 maio 2021.
109
O claviculário é um equipamento de segurança utilizado para guardar um
volume grande de chaves. Em uma situação de sinistro, é imprescindível a organização,
é necessário saber onde estão as chaves de cada sala sem ter que ficar procurando ou
indo sala por sala, armário por armário, gaveta por gaveta na tentativa de achar, já que
todo minuto desperdiçado pode ser decisivo no salvamento ou na perda de acervo;
informações, pesquisas, materiais e, principalmente, da vida humana.

Esses são alguns exemplos de itens a constar nos programas de segurança das
instituições museológicas, a fim de dirimir os riscos para os museus, seu acervo e seu
público.

Segundo a Cartilha Programa Gestão de Risco ao Patrimônio Musealizado


(IBRAM, 2017, p. 13):

Risco é a probabilidade de algo acontecer causando diversas


gradações de perigos ou efeitos negativos. O risco em museus é a
chance de que algo aconteça causando danos e perda de valor para
acervos musealizados, por meio da ação de um ou mais agentes de
risco. Estando ligados a fatores relacionados ao edifício, ao território
(características geográficas e/ou climáticas) e a fatores socioculturais,
políticos e econômicos de uma determinada região.

A Gestão de riscos é a utilização integrada dos recursos e conhecimentos dis-


poníveis com o objetivo de prevenir riscos, minimizar seus efeitos e responder às emer-
gências. Ela não pode ser negligenciada, é preciso que o museu faça suas normativas e
a mantenha em constante atualização, conforme as especificidades de cada instituição.
Exemplos de alguns fatores de risco que ameaçam museus e seus acervos:

• forças físicas;
• furto, roubo e vandalismo;
• fogo;
• água;
• pragas;
• poluentes;
• luz e radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV);
• temperatura incorreta;
• umidade incorreta;
• dissociação.

110
FIGURA 6 – FACHADA DE MUSEU É ALVO DE VANDALISMO

FONTE: <https://bit.ly/3tTSHfj>. Acesso em: 4 maio 2021.

FIGURA 7 – INCÊNDIO NO MUSEU NACIONAL

FONTE: <https://bit.ly/3uUUlyz>. Acesso em: 4 maio 2021.

FIGURA 8 – MUSEU CASA DO PONTAL, COM MAIOR ACERVO DE ARTE POPULAR DO PAÍS INUNDADO

FONTE: <https://bit.ly/3fmzxJS>. Acesso em: 4 maio 2021.

111
DICAS
Caro acadêmico, caso se interesse e queira ler mais sobre o tema gestão de
risco, aconselhamos a leitura da Cartilha 2017: gestão de riscos ao patrimônio
musealizado brasileiro lançada pelo Instituto Brasileiro de Museus no ano de
2017. Acesse na íntegra em: https://www.museus.gov.br/cartilha-programa-
de-gestao-de-riscos-ao-patrimonio-musealizado-brasileiro/.

FIGURA 9 – CAPA CARTILHA 2017 GESTÃO DE RISCOS AO PATRIMÔNIO MUSEALIZADO BRASILEIRO

FONTE: <https://bit.ly/2RoZ4dj>. Acesso em: 4 maio 2021.

Quanto ao estudo e à pesquisa, a legislação deixa claro que eles devem funda-
mentar as ações desenvolvidas em todas as áreas dos museus, propiciando o cumpri-
mento das suas múltiplas competências. O estudo e a pesquisa nortearão a política de
aquisições e descartes, a identificação e caracterização dos bens culturais incorporados
ou incorporáveis e as atividades com fins de documentação, de conservação, de inter-
pretação e exposição e de educação.

A Lei nº 11.904 deixa claro que os museus deverão promover estudos de público,
o diagnóstico de participação e as avaliações periódicas objetivando a progressiva
melhoria da qualidade de seu funcionamento e o atendimento às necessidades dos
visitantes.

Quanto às ações educativas, o Estatuto diz que as instituições museológicas


deverão promovê-las fundamentadas no respeito à diversidade cultural e na participação
comunitária, contribuindo para ampliar o acesso da sociedade às manifestações
culturais e ao patrimônio material e imaterial da Nação. Os museus deverão ainda,
disponibilizar oportunidades de prática profissional aos estabelecimentos de ensino
que ministrem cursos de museologia e afins, nos campos disciplinares relacionados às
funções museológicas e a sua vocação.

112
FIGURA 10 – AÇÃO EDUCATIVA “MINHA CIDADE SUSTENTÁVEL” NO MUSEU WEG DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA

FONTE: <https://museuweg.net/blog/wp-content/uploads/2015/05/blog-museu2.jpg>.
Acesso em: 4 maio 2021.

No que tange à difusão cultural e o acesso aos Museus, podemos entender que
as ações de comunicação constituem formas de se fazer conhecer os bens culturais
incorporados ou depositados no museu, de forma a propiciar o acesso público. O museu
regulamentará o acesso público aos bens culturais, levando em consideração as condições
de conservação e segurança. Cada museu deverá elaborar e implementar programas de
exposições adequados a sua vocação e tipologia, com a finalidade de promover acesso
aos bens culturais e estimular a reflexão e o reconhecimento do seu valor simbólico.

FIGURA 11 – TRABALHO DE MEDIAÇÃO REALIZADO PELO NÚCLEO DE AÇÃO EDUCATIVA DO MUSEU DE


ARTE DE SANTA CATARINA

FONTE: <https://bit.ly/3hymIP6>. Acesso em: 4 maio 2021.

Segundo o Art. 33 do Estatuto de Museus (BRASIL, 2009), as instituições


museológicas têm autonomia para autorizar ou produzir publicações sobre temas
vinculados a seus bens culturais e peças publicitárias, sobre seu acervo e suas atividades.
E dessa forma, serão garantidos a qualidade, a fidelidade e os propósitos científicos e

113
educativos do material produzido, sem prejuízo dos direitos de autor e conexos. Todas
as réplicas e demais cópias serão assinaladas como tais, de modo a evitar que sejam
confundidas com os objetos ou espécimes originais.

A política de gratuidade ou onerosidade do ingresso ao museu será estabelecida


por ele ou pela entidade de que dependa, para diferentes públicos, conforme
dispositivos abrigados pelo sistema legislativo nacional. Os museus caracterizar-se-ão
pela acessibilidade universal dos diferentes públicos, na forma da legislação vigente.

As estatísticas de visitantes dos museus serão enviadas ao órgão ou entidade


competente do poder público, na forma fixada pela respectiva entidade, quando
solicitadas. Os museus deverão disponibilizar um livro de sugestões e reclamações
disposto de forma visível na área de acolhimento dos visitantes.

IMPORTANTE
Caro acadêmico, cabe destacar que o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM)
deu início em 2014 a uma pesquisa destinada a colher dados seguros e
abrangentes sobre a visitação do público aos museus no Brasil.

Em um modelo bastante simplificado, o formulário de Visitação Anual (FVA)


pede que sejam informados apenas o total de visitantes no ano referência e a técnica
de contagem de público utilizada, além de informações básicas sobre a instituição e o
responsável pelo preenchimento. A coleta e o envio ao Ibram de dados anuais sobre
visitação são considerados estratégicos para o desenvolvimento do setor de museus.
Segundo o próprio Instituto Brasileiro de Museus (2015a, s.p.):

Mais do que somente aferir o fluxo de visitação, a contagem de pú-


blico pode indicar a necessidade de adequação dos serviços ofereci-
dos e a ampliação da ação educativa, entre outras possibilidades. A
contagem de público é também essencial para o acompanhamento e
o monitoramento de diretrizes, estratégias, ações e metas estabele-
cidas em políticas públicas, como as que constam no Plano Nacional
de Cultura, Estatuto dos Museus e Plano Nacional Setorial de Museus.

114
FIGURA 12 – IDENTIDADE VISUAL FORMULÁRIO DE VISITAÇÃO ANUAL

FONTE: <https://bit.ly/3uXlq3Z>. Acesso em 26 jan. 2021.

No que tange aos acervos dos museus brasileiros, cabe destacarmos alguns
aspectos do Estatuto:

Art. 38. Os museus deverão formular, aprovar ou, quando cabível,


propor, para aprovação da entidade de que dependa, uma política de
aquisições e descartes de bens culturais, atualizada periodicamente.
Parágrafo único. Os museus vinculados ao poder público darão
publicidade aos termos de descartes a serem efetuados pela
instituição, por meio de publicação no respectivo Diário Oficial.
Art. 39. É obrigação dos museus manter documentação sistematicamente
atualizada sobre os bens culturais que integram seus acervos, na forma
de registros e inventários.
§ 1º O registro e o inventário dos bens culturais dos museus devem
estruturar-se de forma a assegurar a compatibilização com o
inventário nacional dos bens culturais.
§ 2º Os bens inventariados ou registrados gozam de proteção com
vistas em evitar o seu perecimento ou degradação, a promover sua
preservação e segurança e a divulgar a respectiva existência.
Art. 40. Os inventários museológicos e outros registros que
identifiquem bens culturais, elaborados por museus públicos e
privados, são considerados patrimônio arquivístico de interesse
nacional e devem ser conservados nas respectivas instalações dos
museus, de modo a evitar destruição, perda ou deterioração.
Parágrafo único. No caso de extinção dos museus, os seus inventários
e registros serão conservados pelo órgão ou entidade sucessora.
Art. 41. A proteção dos bens culturais dos museus se completa pelo
inventário nacional, sem prejuízo de outras formas de proteção
concorrentes.
§ 1º Entende-se por inventário nacional a inserção de dados siste-
matizada e atualizada periodicamente sobre os bens culturais exis-
tentes em cada museu, objetivando a sua identificação e proteção.
§ 2º O inventário nacional dos bens dos museus não terá implicações
na propriedade, posse ou outro direito real.
§ 3º O inventário nacional dos bens culturais dos museus será
coordenado pela União.

115
§ 4º Para efeito da integridade do inventário nacional, os museus
responsabilizar-se-ão pela inserção dos dados sobre seus bens
culturais (BRASIL, 2009).

Quanto ao uso das imagens e reproduções dos bens culturais dos Museus, as
instituições deverão facilitar:

Art. 42. O acesso à imagem e à reprodução de seus bens culturais e


documentos conforme os procedimentos estabelecidos na legislação
vigente e nos regimentos internos de cada museu.
Parágrafo único. A disponibilização de que trata este artigo será
fundamentada nos princípios da conservação dos bens culturais, do
interesse público, da não interferência na atividade dos museus e da
garantia dos direitos de propriedade intelectual, inclusive imagem, na
forma da legislação vigente.
Art. 43. Os museus garantirão a proteção dos bens culturais que
constituem seus acervos, tanto em relação à qualidade das imagens
e reproduções quanto à fidelidade aos sentidos educacional e de
divulgação que lhes são próprios, na forma da legislação vigente
(BRASIL, 2009).

A lei também versa sobre as associações de amigos, trazendo:

Art. 50. Serão entendidas como associações de amigos de museus


as sociedades civis, sem fins lucrativos, constituídas na forma da lei
civil, que preencham, ao menos, os seguintes requisitos:
I – constar em seu instrumento criador, como finalidade exclusiva,
o apoio, a manutenção e o incentivo às atividades dos museus a
que se refiram, especialmente aquelas destinadas ao público em
geral;
II – não restringir a adesão de novos membros, sejam pessoas
físicas ou jurídicas;
III – ser vedada a remuneração da diretoria.
Parágrafo único. O reconhecimento da associação de amigos dos
museus será realizado em ficha cadastral elaborada pelo órgão
mantenedor ou entidade competente (BRASIL, 2009).

Ainda, de acordo com Brasil (2009):

Art. 52. As associações de amigos deverão tornar públicos seus


balanços periodicamente.
Parágrafo único. As associações de amigos e museus deverão
permitir quaisquer verificações determinadas pelos órgãos de
controle competentes, prestando os esclarecimentos que lhes forem
solicitados, além de serem obrigadas a remeter-lhes anualmente
cópias de balanços e dos relatórios do exercício social.
Art. 53. As associações de amigos, no exercício de suas funções,
submeter-se-ão à aprovação prévia e expressa da instituição a que
se vinculem, dos planos, dos projetos e das ações.
Art. 54. As associações poderão reservar até dez por cento da
totalidade dos recursos por elas recebidos e gerados para a sua
própria administração e manutenção, sendo o restante revertido para
a instituição museológica.

116
IMPORTANTE
A Seção II do estatuto versa especificamente sobre o Sistema Brasileiro
de Museus. Como você deve lembrar, caro acadêmico, nós vimos alguns
aspectos na Unidade 2 deste livro didático e iremos retomar e aprofundar
a seguir.

Segundo o Estatuto de Museus (BRASIL, 2009):

Art. 55. O Sistema Brasileiro de Museus é uma rede organizada de instituições


museológicas, baseado na adesão voluntária, configurado de forma progressiva e
que visa à coordenação, articulação, à mediação, à qualificação e à cooperação entre
os museus.

Art. 56. Os entes federados estabelecerão em lei, denominada Estatuto Estadual,


Regional, Municipal ou Distrital dos Museus, normas específicas de organização,
articulação e atribuições das instituições museológicas em sistemas de museus, de
acordo com os princípios dispostos neste Estatuto.
§ 1º A instalação dos sistemas estaduais ou regionais, distritais e municipais de
museus será feita de forma gradativa, sempre visando à qualificação dos respectivos
museus.
§ 2º Os sistemas de museus têm por finalidade:
I – apoiar tecnicamente os museus da área disciplinar e temática ou geográfica
com eles relacionada;
II – promover a cooperação e a articulação entre os museus da área disciplinar
e temática ou geográfica com eles relacionada, em especial com os museus
municipais;
III – contribuir para a vitalidade e o dinamismo cultural dos locais de instalação dos
museus;
IV – elaborar pareceres e relatórios sobre questões relativas à museologia no
contexto de atuação a eles adstrito;
V – colaborar com o órgão ou entidade do poder público competente no tocante à
apreciação das candidaturas ao Sistema Brasileiro de Museus, na promoção de
programas e de atividade e no acompanhamento da respectiva execução.

Art. 57. O Sistema Brasileiro de Museus disporá de um Comitê Gestor, com a finalidade
de propor diretrizes e ações, bem como apoiar e acompanhar o desenvolvimento do
setor museológico brasileiro.
Parágrafo único. O Comitê Gestor do Sistema Brasileiro de Museus será composto
por representantes de órgãos e entidades com representatividade na área da
museologia nacional.

117
Art. 58. O Sistema Brasileiro de Museus tem a finalidade de promover:
I – a interação entre os museus, instituições afins e profissionais ligados ao setor,
visando ao constante aperfeiçoamento da utilização de recursos materiais e
culturais;
II – a valorização, registro e disseminação de conhecimentos específicos no campo
museológico;
III – a gestão integrada e o desenvolvimento das instituições, acervos e processos
museológicos;
IV – o desenvolvimento das ações voltadas para as áreas de aquisição de bens,
capacitação de recursos humanos, documentação, pesquisa, conservação,
restauração, comunicação e difusão entre os órgãos e entidades públicas,
entidades privadas e unidades museológicas que integrem o Sistema;
V – a promoção da qualidade do desempenho dos museus por meio da
implementação de procedimentos de avaliação.

Art. 59. Constituem objetivos específicos do Sistema Brasileiro de Museus:


I – promover a articulação entre as instituições museológicas, respeitando sua
autonomia jurídico-administrativa, cultural e técnico-científica;
II – estimular o desenvolvimento de programas, projetos e atividades museológicas
que respeitem e valorizem o patrimônio cultural de comunidades populares e
tradicionais, de acordo com as suas especificidades;
III – divulgar padrões e procedimentos técnico-científicos que orientem as
atividades desenvolvidas nas instituições museológicas;
IV – estimular e apoiar os programas e projetos de incremento e qualificação
profissional de equipes que atuem em instituições museológicas;
V – estimular a participação e o interesse dos diversos segmentos da sociedade no
setor museológico;
VI – estimular o desenvolvimento de programas, projetos e atividades educativas e
culturais nas instituições museológicas;
VII – incentivar e promover a criação e a articulação de redes e sistemas estaduais,
municipais e internacionais de museus, bem como seu intercâmbio e integração
ao Sistema Brasileiro de Museus;
VIII – contribuir para a implementação, manutenção e atualização de um Cadastro
Nacional de Museus;
IX – propor a criação e aperfeiçoamento de instrumentos legais para o melhor
desempenho e desenvolvimento das instituições museológicas no País;
X – propor medidas para a política de segurança e proteção de acervos, instalações
e edificações;
XI – incentivar a formação, a atualização e a valorização dos profissionais de
instituições museológicas; e
XII – estimular práticas voltadas para permuta, aquisição, documentação,
investigação, preservação, conservação, restauração e difusão de acervos
museológicos.

118
Art. 60. Poderão fazer parte do Sistema Brasileiro de Museus, mediante a formalização
de instrumento hábil a ser firmado com o órgão competente, os museus públicos e
privados, instituições educacionais relacionadas à área da museologia e as entidades
afins, na forma da legislação específica.

Art. 61. Terão prioridade, quanto ao beneficiamento por políticas especificamente


desenvolvidas, os museus integrantes do Sistema Brasileiro de Museus.
Parágrafo único. Os museus em processo de adesão podem ser beneficiados por
políticas de qualificação específicas.

Art. 62. Os museus integrantes do Sistema Brasileiro de Museus colaboram entre


si e articulam os respectivos recursos com vistas em melhorar e potencializar a
prestação de serviços ao público.
Parágrafo único. A colaboração traduz-se no estabelecimento de contratos, acordos,
convênios e protocolos de cooperação entre museus ou com entidades públicas ou
privadas.

Art. 63. Os museus integrados ao Sistema Brasileiro de Museus gozam do direito


de preferência em caso de venda judicial ou leilão de bens culturais, respeitada a
legislação em vigor.
§ 1º O prazo para o exercício do direito de preferência é de quinze dias, e, em caso de
concorrência entre os museus do Sistema, cabe ao Comitê Gestor determinar qual o
museu a que se dará primazia.
§ 2º A preferência só poderá ser exercida se o bem cultural, objeto da preferência, se
integrar na política de aquisições dos museus, sob pena de nulidade do ato.

Quanto ao cumprimento da lei e suas penalidades, o estatuto diz:

Art. 66. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, em especial os artigos 62, 63 e 64 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção
dos inconvenientes e danos causados pela degradação, inutilização e destruição de
bens dos museus sujeitará os transgressores:
I – à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a dez e,
no máximo, a mil dias-multa, agravada em casos de reincidência, conforme
regulamentação específica, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido
aplicada pelo Estado, pelo Distrito Federal, pelos Territórios ou pelos Municípios;
II – à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo poder
público, pelo prazo de cinco anos;
III – à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito, pelo prazo de cinco anos;
IV – ao impedimento de contratar com o poder público, pelo prazo de cinco anos;
V – à suspensão parcial de sua atividade.

119
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o transgressor
obrigado a indenizar ou reparar os danos causados aos bens musealizados e a
terceiros prejudicados.
§ 2º No caso de omissão da autoridade, caberá à entidade competente, em âmbito
federal, a aplicação das penalidades pecuniárias previstas neste artigo.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos II e III, o ato declaratório da perda, restrição ou
suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que concedeu
os benefícios, incentivos ou financiamento.
§ 4º Verificada a reincidência, a pena de multa será agravada.

FONTE: Adaptado de BRASIL. Lei nº 11.904 de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de


Museus e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l11904.htm. Acesso em: 4 maio 2021.

120
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• O Estatuto de Museus instituído pela Lei nº 11.904 do ano de 2009, trouxe importantes
contribuições para o campo museológico brasileiro.

• Com o Estatuto tivemos a definição clara de museu, definição esta que vigente
norteia as demais leis, programas, projetos, portarias e demais documentos oficiais
da área museológica.

• São os princípios fundamentais da Lei nº 11.904 e outros aspectos importantes que


lhe deram subsídios para refletir melhor sobre o tema neste momento e em futuras
discussões.

• No que se refere à segurança, o Estatuto de Museus traz que instituições


museológicas devem dispor das condições de segurança indispensáveis para
garantir a proteção e a integridade dos bens culturais sob sua guarda, bem como
dos usuários, dos respectivos funcionários e das instalações. Cada instituição
museológica, deve dispor de um Programa de Segurança periodicamente testado
para prevenir e neutralizar perigos.

• A Gestão de riscos é a utilização integrada dos recursos e conhecimentos disponíveis


com o objetivo de prevenir riscos, minimizar seus efeitos e responder a situações
de emergência.

• São exemplos de alguns fatores de risco que ameaçam museus e seus acervos:
forças físicas; furto, roubo e vandalismo; fogo; água; pragas; poluentes; luz e
radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV); temperatura incorreta; umidade
incorreta; dissociação.

121
AUTOATIVIDADE
1 Segundo o Estatuto de Museus (BRASIL, 2009), consideram-se museus:

a) ( ) As instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, inter-


pretam e expõem, para fim exclusivo de contemplação e turismo, conjuntos e co-
leções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza
cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.
b) ( ) As instituições com fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam,
interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação,
contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico,
científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a
serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.
c) ( ) As instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam,
interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação,
contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico,
científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a
serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.
d) ( ) As instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam,
interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação,
contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico,
científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público em
horário comercial, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.

2 No que tange ao processo museológico que visa desenvolvimento cultural e socioe-


conômico e a participação das comunidades, o Estatuto dos Museus dispõe de seis
princípios fundamentais. Quanto a esses princípios, assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) A valorização da dignidade humana.


b) ( ) A promoção da cidadania.
c) ( ) O cumprimento da função social.
d) ( ) O intercâmbio internacional.

3 A Lei nº 11. 904 diz que conforme as características e o desenvolvimento de cada


museu, poderão existir filiais, seccionais e núcleos ou anexos das instituições. Sobre
o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Como filial, os museus são dependentes de outros quanto a sua direção e gestão,
inclusive financeira, mas que possuem plano museológico autônomo.
( ) Como seccional, a parte diferenciada de um museu que, com a finalidade de
executar seu plano museológico, ocupa um imóvel independente da sede principal.

122
( ) Como filial, a parte diferenciada de um museu que, com a finalidade de executar
seu plano museológico, ocupa um imóvel independente da sede principal.
( ) Como seccional ou anexo, os espaços móveis ou imóveis que, por orientações
museológicas específicas, fazem parte de um projeto de museu.
( ) Como núcleo ou anexo, os espaços móveis ou imóveis que, por orientações
museológicas específicas, fazem parte de um projeto de museu.

Assinale alternativa que a presenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – F – F.
b) ( ) V – V – F – F – V.
c) ( ) V – V – V – F – V.
d) ( ) F – V – F – V – F.

4 Segundo a Lei nº 11.944, os Sistemas de Museus têm por finalidade, EXCETO:

a) ( ) Apoiar os técnicos em museus em suas atividades.


b) ( ) Promover a cooperação e a articulação entre os museus da área disciplinar e temá-
tica ou geográfica com eles relacionada, em especial com os museus municipais.
c) ( ) Contribuir para a vitalidade e o dinamismo cultural dos locais de instalação dos
museus.
d) ( ) Elaborar pareceres e relatórios sobre questões relativas à museologia no contexto
de atuação a eles adstrito.

5 A Gestão de riscos é a utilização integrada dos recursos e conhecimentos disponíveis


com o objetivo de prevenir riscos, minimizar seus efeitos e responder às emergências.
Ela não pode ser negligenciada, é preciso que o museu faça suas normativas e a
mantenha em constante atualização conforme as especificidades de cada instituição.
Tratando deste assunto, podemos apontar como exemplos de fatores de risco que
ameaçam os museus e seus acervos:

a) ( ) Forças físicas, furto, roubo e vandalismo, água, pragas, poluentes, luz e radiação
ultravioleta (UV) e infravermelha (IV), temperatura baixa, umidade incorreta,
dissociação.
b) ( ) Forças físicas, furto, roubo, vandalismo, fogo, água, pragas, poluentes, luz e
radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV), temperatura incorreta, umidade
incorreta, dissociação.
c) ( ) Forças físicas, furto, roubo, vandalismo, brigas em equipe, pragas, poluentes, luz
e radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV), temperatura incorreta, umidade
incorreta, dissociação.
d) ( ) Forças físicas, pouca visitação, pragas, poluentes, luz e radiação ultravioleta (UV)
e infravermelha (IV), temperatura incorreta, umidade incorreta, dissociação.

123
6 Quando um museu expõe uma réplica, a instituição, por questões de segurança, não
precisa anunciar ao público que não se trata de uma obra original. Tal afirmação é
verdadeira ou falsa? Justifique sua resposta!

7 Disserte sobre a criação de museus.

124
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
PLANO MUSEOLÓGICO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 2 desta unidade, abordaremos o Plano Museológico,
uma ferramenta de planejamento estratégico, trazida como um documento de respon-
sabilidade obrigatória que deve ser confeccionado por todas as instituições museológi-
cas, conforme o estabelecido no Estatuto de Museus.

Neste tópico, você verá os programas e projetos que a lei sugere que os museus
abordem em seus referidos planos museológicos que são: programa institucional; pro-
grama de gestão de pessoas; programa de acervos; programa de exposições; programa
educativo e cultural; Programa de pesquisa; programa arquitetônico; programa de se-
gurança; programa de financiamento e fomento; programa de comunicação; programa
socioambiental; programa de acessibilidade a todas as pessoas.

Veremos também a Portaria Normativa nº 1, de 5 de julho de 2006, que dispõe


sobre a elaboração do Plano Museológico dos museus do Instituto do Patrimônio Histó-
rico e Artístico Nacional, para que você tenha subsídios de comparação das equivalên-
cias e diferenças com os aspectos trazidos pelo estatuto de museus em relação ao Pla-
no Museológico. Por fim, abordaremos outros aspectos que consideramos importantes
referentes ao assunto de plano museológico, planejamento e gestão de museus.

2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Segundo o Estatuto de Museus (BRASIL, 2009), é dever das instituições muse-
ais elaborar e implementar o Plano Museológico. O Plano Museológico é compreendido
como ferramenta básica de planejamento estratégico, de sentido global e integrador,
indispensável para a identificação da vocação da instituição museológica para a defi-
nição, o ordenamento e a priorização dos objetivos e das ações de cada uma de suas
áreas de funcionamento, bem como fundamenta a criação ou a fusão de museus, cons-
tituindo instrumento fundamental para a sistematização do trabalho interno e para a
atuação dos museus na sociedade.

2.1 CONHECENDO A LEGISLAÇÃO


Segundo a Portaria Normativa nº 1/2006, publicada no diário oficial da União em
11 de julho do mesmo ano, temos o seguinte:

125
O Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, no uso
de suas atribuições legais e regimentais, especialmente no disposto no Inciso V do
Art. 21 do Anexo I do Decreto n° 5.040, de 7 de abril de 2004, e na Portaria IPHAN nº
302, de 7 de julho de 2004, e considerando a necessidade de organização da gestão
dos museus do IPHAN, capaz de propiciar o estabelecimento de maior racionalidade
e eficiência do fazer museal; resolve:

Art. 1º. Instituir parâmetros gerais de organização da gestão das instituições


museológicas do IPHAN, compreendendo o Plano Museológico como ferramenta
básica de planejamento estratégico, de sentido global e integrador, indispensável para
a identificação da missão da instituição museal e para a definição, o ordenamento e a
priorização dos objetivos e das ações de cada uma de suas áreas de funcionamento.
Parágrafo único. Por seu caráter político, técnico e administrativo, o Plano
Museológico é instrumento fundamental para a sistematização do trabalho interno e
para a atuação do museu na sociedade.

Art. 2°. O Plano Museológico trata de estabelecer a missão e os programas do


museu, as suas diretrizes de funcionamento e as orientações necessárias para o
desenvolvimento de projetos e atividades específicos.

Art. 3°. A elaboração do Plano Museológico baseia-se em diagnóstico completo da


instituição, levando em conta os pontos fortes e frágeis, as ameaças e oportunidades,
os aspectos socioculturais, políticos, técnicos, administrativos e econômicos
pertinentes à atuação do museu.
Parágrafo único. O diagnóstico, de caráter participativo, é parte integrante do Plano
Museológico, que deve ser apresentado de forma clara e precisa, contando na sua
elaboração com a atuação direta da equipe do museu, além de colaboradores externos.

Art. 4°. Os projetos que compõem os programas do Plano Museológico têm como
características:
I – A exequibilidade e a adequação às especificações dos programas distintos,
inclusive o cronograma de execução.
II – A explicitação da metodologia adotada.
III – A descrição das ações planejadas.
IV – A indicação de um sistema de avaliação permanente.

Art. 5°. O Plano Museológico adotado para os museus do IPHAN é composto pelas
seguintes partes:
I – Identificação da Instituição:
a) Definição operacional, com apresentação das características gerais da instituição,
destacando sua trajetória e histórico de suas coleções e de seu território.
b) Identificação da missão, com apresentação da missão, do campo de atuação, da
função social, das metas e objetivos da instituição.

126
II – Programas:
a) Programa institucional.
b) Programa de gestão de pessoas.
c) Programa de acervos.
d) Programa de exposições.
e) Programa educativo e cultural.
f) Programa de pesquisa.
g) Programa arquitetônico.
h) Programa de segurança.
i) Programa de financiamento e fomento.
j) Programa de difusão e divulgação.
Parágrafo único. Na consolidação do Plano Museológico deve-se considerar o caráter
transversal dos Programas.

Art. 6°. O Plano Museológico, por seu caráter interdisciplinar, será elaborado de forma
participativa, envolvendo o conjunto dos servidores do museu e de outras áreas do
IPHAN, além de especialistas e consultores externos.

Art. 7°. O Plano Museológico deverá ser avaliado permanentemente e revisado com
um intervalo mínimo de três e máximo de cinco anos.

Art. 8°. A elaboração e revisão do Plano Museológico devem estar em consonância


com as diretrizes da Política Nacional de Museus, instituída pelo Ministério da Cultura.

Art. 9°. O Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN supervisionará a


elaboração e a execução dos Planos Museológicos.

Art. 10. Os museus do IPHAN elaborarão ou adaptarão seus Planos Museológicos no


prazo máximo de 1 (um) ano, a contar da data de publicação desta Portaria.

Art. 11. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

FONTE: Adaptado de BRASIL. Portaria Normativa n° 1, de 5 de julho de 2006. Dispõe sobre a


elaboração do Plano Museológico dos museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
e dá outras providências. Disponível em: https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2010/09/por-
taria_normativa_n_1_de_5_de_julho_de_2006_DOU_de_11_07.pdf. Acesso em: 4 maio 2021.

127
3 EM QUE CONSISTE O PLANO MUSEOLÓGICO
Na consolidação do Plano Museológico, é imprescindível levar em conta
o caráter interdisciplinar dos programas. O plano deve ser elaborado de forma
participativa e coletiva, envolvendo o conjunto dos funcionários dos museus, além
de especialistas, parceiros sociais, comunidade e consultores externos, levadas em
conta as especificidades de cada instituição. O Plano Museológico é uma ferramenta
de planejamento estratégico e gestão e deve ser avaliado e revisado permanentemente
pela instituição com periodicidade definida em seu regimento.

Quanto aos Programas o Estatuto de Museus, é mais específico e foi atualizado


ao longo dos anos, diferente da Portaria nº 1 de 2006, que tinha por objetivo reger os
museus ligados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, conforme
vimos anteriormente. Segundo o Estatuto dos Museus (BRASIL, 2009), os Programas
e Projetos que os Museus podem contemplar em seus Planos Museológicos, têm as
seguintes especificações:

a) institucional – abrange o desenvolvimento e a gestão técnica e


administrativa do museu, além dos processos de articulação e
cooperação entre a instituição e os diferentes agentes;
b) de gestão de pessoas – abrange as ações destinadas à valorização,
capacitação e bem-estar do conjunto de servidores, empregados,
prestadores de serviço e demais colaboradores do museu, o
diagnóstico da situação funcional existente e necessidades de
readequação;
c) de acervos – abrange o processamento técnico e o gerenciamento
dos diferentes tipos de acervos da instituição, incluídos os de
origem arquivística e bibliográfica.

FIGURA 13 – EQUIPE DO SETOR DE ACERVOS DO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PARANÁ

FONTE: <https://bit.ly/3bykThq>. Acesso em: 4 maio 2021.

d) Exposições – visa dar conta da “organização e utilização de todos os espaços


e processos de exposição do museu, intra ou extramuros, de longa ou curta duração”
(BRASIL, 2009).

128
FIGURA 14 – EXPOSIÇÃO NO MUSEU FLORESTAL

FONTE: <https://www.saopaulo.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/12/exposicao-madeira.jpg>.
Acesso em: 4 maio 2021.

e) Educativo e cultural – engloba “os projetos e as atividades educativo-


culturais desenvolvidos pelo museu, destinados a diferentes públicos e articulados com
diferentes instituições” (BRASIL, 2009).

FIGURA 15 – PROGRAMA EDUCATIVO NO MUSEU DO FUTEBOL

FONTE: <https://museudofutebol.org.br/educativo/>. Acesso em: 4 maio 2021.

f) de pesquisa – abrange o processamento e a disseminação de


informações, destacando-se as linhas de pesquisa institucionais e
os projetos voltados para estudos de público, patrimônio cultural,
museologia, história institucional e outro (BRASIL, 2009).
g) arquitetônico-urbanístico – envolve a identificação, a conservação
e a adequação de todos os espaços da edificação e seu entorno
com a descrição das instalações adequadas ao cumprimento de
suas funções e ao bem-estar do público visitante, dos trabalhado-
res, empregados, servidores, colaboradores, toda equipe envolven-
do ainda a identificação dos aspectos de conforto ambiental, circu-
lação, identidade visual, possibilidades de expansão, acessibilidade
física e em linguagem expositiva voltada à pessoa com deficiência.

129
h) de segurança – abrange os aspectos relacionados à segurança do
museu, do prédio, dos seus acervos, do público visitante, da equipe
de funcionários. Integra sistemas, equipamentos e instalações, com
a definição de rotinas de segurança e estratégias de emergência.
i) de financiamento e fomento – abarca o planejamento de estratégias
de captação, aplicação e gerenciamento dos recursos econômicos.
j) de comunicação – abrange ações de divulgação de projetos e ativida-
des da instituição, e de disseminação, difusão e consolidação da ima-
gem institucional nos âmbitos local, regional, nacional e internacional.
k) socioambiental – abarca um conjunto de ações que acontecem
de forma articulada, a fim de reafirmar o comprometimento com o
meio ambiente e áreas sociais, que promovam o desenvolvimento
dos museus e de suas práticas, a partir da incorporação de
princípios e critérios de gestão ambiental (BRASIL, 2009).

FIGURA 16 – ATIVIDADE EDUCATIVA SOCIOAMBIENTAL DO MUSEU DO MEIO AMBIENTE

FONTE: <https://bit.ly/3eUjW55>. Acesso em: 4 maio 2021.

Acessibilidade a todas as pessoas – diz respeito a projetos e ações relativas


à acessibilidade a todas as pessoas nos museus, que deverão ser explicitados em
todos os programas integrantes em programa específico, resultado de agrupamento ou
desmembramento (BRASIL, 2009).

FIGURA 17 – MAPA TÁTIL NO MUSEU DA ENERGIA DE SÃO PAULO

FONTE: <https://bit.ly/2Qr4Evj>. Acesso em: 4 maio 2021.

130
Os projetos componentes dos programas do Plano Museológico devem ser
exequíveis, adequando-se às especificações dos diferentes Programas, na apresentação
de cronograma de execução, na explicitação da metodologia adotada, na descrição
das ações planejadas e na implantação de um sistema de avaliação permanente.
Não adianta a instituição que tem inúmeros problemas querer colocar todas as suas
demandas nos programas sem o devido cuidado de apresentar projetos com viabilidade
de serem executados, seja por ausência ou falta de recursos financeiros e/ou humanos.

É importante esclarecermos que a legislação aponta caminhos, lista os


programas, mas em nenhum momento declara a obrigatoriedade de que todos eles
estejam presentes em um plano museológico. A legislação deixa claro que os museus
devem adequar os programas de acordo com sua realidade e suas necessidades, não
adianta um Museu em seu primeiro Plano Museológico, por exemplo, colocar 12 programas
e 12 projetos no documento se não tiver condições para executar. A exequibilidade é fator
decisivo no planejamento estratégico, não quer dizer que as instituições museológicas
devam sonhar baixo ou se conformar com as inúmeras dificuldades que enfrentam,
porém, traçar metas sem nenhuma perspectiva de cumprimento só prejudica o museu.
Dessa forma, fica claro que não é necessário que o museu contemple todos os programas
e tenha projetos em todos eles, cabe destacar ainda que a lei deixa claro que os museus
podem sugerir outros programas conforme sua realidade, se assim julgar necessário.

O setor museológico tem características específicas se diferenciando do res-


tante do cenário cultural. Cada museu é único, cada instituição museológica, ainda que
trate do mesmo tema, com acervos parecidos, tem uma vivência específica, enfrenta
um cenário social exclusivo, sendo assim um Plano Museológico de sucesso não pode
ser considerado padrão para nenhum outro museu, não existe receita de bolo. Dessa
maneira, os museus devem buscar ter uma visão crítica que auxilie a construção de
planos museológicos adequados às diferentes realidades, uma vez que cada instituição
possui sua forma de organização e construção de sua identidade, cada instituição en-
frenta um contexto, podendo estar em funcionamento ou em fase de criação, pertencer
ao setor público ou privado e ter ou não experiência de planejamento estratégico.

DICAS
Caro acadêmico, a gestão de museus é algo bastante complexo que envolve uma gama
enorme de conhecimentos e muitos outros aspectos que estão para além do Plano
Museológico. Caso tenha interesse pelo assunto, sugerimos a leitura do livro Gestão de
projetos de museus e de exposições. Nesta obra, a autora Ana Cecília Rocha Veiga disserta
sobre a formação do profissional de projetos, com ênfase em arquitetura de museus e
expografia. Trazendo conhecimentos imprescindíveis a todos que atuam em museus,
abrangendo aportes teóricos, conservação preventiva, estudos de caso contemporâneos,

131
aspectos técnicos, dentre outros percursos formativos essenciais.
Recomendamos também a leitura do livro Gestão de museus, diagnóstico
museológico e planejamento um desafio contemporâneo, nele, a autora
Manuelina Maria Duarte Cândido reafirma o diagnóstico museológico como
uma etapa imprescindível do planejamento museal e gestão do processo
de musealização, chamando a atenção para a necessidade de se pensar a
museologia em todos esses processos.

FIGURA 18 – CAPA DO LIVRO: GESTÃO DE PROJETOS DE MUSEUS E DE EXPOSIÇÕES

FONTE: <https://bit.ly/3wedw6F>. Acesso em: 4 maio 2021.

FIGURA 19 – CAPA DO LIVRO: GESTÃO DE MUSEUS, DIAGNÓSTICO MUSEOLÓGICO E PLANEJAMENTO UM


DESAFIO CONTEMPORÂNEO

FONTE: <https://bit.ly/3yihxJ9>. Acesso em: 4 maio 2021.

132
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• O Plano Museológico é uma ferramenta de planejamento estratégico. O documento é


de confecção obrigatória, devendo ser feito por todas as instituições museológicas,
conforme o estabelecido no Estatuto de Museus.

• Os programas e projetos que a lei sugere que os museus abordem em seus referidos
planos museológicos são: programa institucional; programa de gestão de pessoas;
programa de acervos; programa de exposições; programa educativo e cultural;
programa de pesquisa; programa arquitetônico; programa de segurança; programa
de financiamento e fomento; programa de comunicação; programa socioambiental;
e programa de acessibilidade a todas as pessoas.

• A Portaria Normativa nº 1, de 5 de julho de 2006, dispõe sobre a elaboração do Plano


Museológico dos museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
que tem subsídios de comparação das equivalências e diferenças com os aspectos
trazidos pelo estatuto de museus com relação ao Plano Museológico.

133
AUTOATIVIDADE
1 No que diz respeito ao Plano Museológico, quanto ao Programa de Gestão de Pessoas,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Abrange as ações destinadas à valorização, capacitação e bem-estar do


conjunto de usuários e visitantes do museu, o diagnóstico da situação existente
e necessidades de readequação.
b) ( ) Abrange as ações destinadas à valorização, capacitação e bem-estar do conjunto
de servidores, empregados, prestadores de serviço e demais colaboradores
do museu, o diagnóstico da situação funcional existente e necessidades de
readequação.
c) ( ) Abrange o desenvolvimento e a gestão técnica e administrativa do museu, além
dos processos de articulação e cooperação entre a instituição e os diferentes
agentes.
d) ( ) Abrange o desenvolvimento e a gestão puramente administrativa do museu.

2 Os programas trazidos como possibilidade para constar no Plano Museológico,


segundo o Estatuto de Museus são:

a) ( ) Programa institucional; programa de gestão de pessoas; programa de acervos;


programa de exposições; programa educativo e cultural; programa de pesquisa;
programa arquitetônico; programa de segurança; programa de financiamento e
fomento; e programa de difusão e divulgação.
b) ( ) Programa institucional; programa de gestão de pessoas; programa de acervos;
programa de exposições; programa educativo e cultural; programa arquitetônico;
programa de segurança; programa de financiamento e fomento; programa
socioambiental; e programa de acessibilidade a todas as pessoas.
c) ( ) Programa institucional; programa de gestão de pessoas; programa de acervos;
programa de exposições; programa educativo e cultural; programa de pesquisa;
programa arquitetônico; programa de segurança; programa de financiamento e
fomento; programa de comunicação; programa socioambiental; e programa de
acessibilidade a todas as pessoas.
d) ( ) Programa institucional; programa de gestão de público; programa de acervos;
programa de exposições; programa educativo e cultural; programa de pesquisa;
programa arquitetônico; programa de segurança; programa de financiamento
e fomento; programa socioambiental; e programa de acessibilidade a todas as
pessoas.

134
3 O Plano Museológico é uma ferramenta de planejamento estratégico e gestão.
Na consolidação do Plano Museológico, é imprescindível levar em conta o caráter
interdisciplinar dos programas. Quanto ao Plano Museológico, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O plano museológico deve ser elaborado de forma participativa e coletiva,


envolvendo o conjunto dos funcionários dos museus, além de especialistas,
parceiros sociais, comunidade e consultores externos, levando em conta as
especificidades de cada instituição.
( ) O Plano Museológico por se tratar de um documento técnico é construído única e
exclusivamente por um museólogo.
( ) O Plano Museológico é uma ferramenta de planejamento estratégico que tem
validade vitalícia.
( ) O Plano Museológico é uma ferramenta de planejamento estratégico e gestão,
assim, depois de feito e aprovado é incontestável e imexível.
( ) O Plano Museológico é uma ferramenta de planejamento estratégico e gestão e
deve ser avaliado e revisado permanentemente pela instituição com periodicidade
definida em seu regimento.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F – F – V.
b) ( ) F – F – F – F – F.
c) ( ) V – F – F – F – V.
d) ( ) F – F – F – F – V

4 Comente sobre como devem ser os programas e projetos do Plano Museológico no


que tange à exequibilidade, conforme o que vimos neste tópico.

5 Os museus devem contemplar todos os programas apontados no Estatuto de Museus,


já que a lista não é uma sugestão e sim uma obrigação que deve ser cumprida pelas
instituições independente de seu tamanho e tipologia. Com base em tudo que
estudamos neste tópico, você considera tal afirmação verdadeira? Justifique sua
resposta!

135
136
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
O PROFISSIONAL MUSEÓLOGO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 3 desta unidade, abordaremos a Lei nº 7.287, de
18 de dezembro de 1984. Neste último tópico da Unidade 3 deste livro didático, você
compreenderá sobre a profissão de Museólogo. Conheceremos o que diz a legislação
quanto ao exercício da profissão, sobre seu caráter privativo, sobre as necessidades de
formação e também de registro no Conselho Regional de Museologia. Veremos, ainda,
quais são as atribuições do profissional museólogo e quais as finalidades e funções do
Conselho Federal de Museologia e dos Conselhos Regionais de Museologia.

Ao final, traremos como Leitura Complementar um texto que aborda, de maneira


bem simples e de fácil compreensão, aspectos do curso de Museologia e da profissão de
Museólogo, a fim de que você tenha a certeza de que está cursando a graduação certa,
que vai ao encontro de suas vocações, gostos e aspirações no mercado de trabalho.

2 LEI Nº 7. 287/1984
A Lei nº 7.287 é um marco para os profissionais museólogos, a lei aprovada em
18 de dezembro de 1984 dispõe sobre a regulamentação da profissão de museólogo.
Conheceremos a lei na íntegra a seguir:

Art. 1º – O desempenho das atividades de Museólogo, em qualquer de suas


modalidades, constitui objeto da profissão de Museólogo, regulamentada por esta
Lei.

Art. 2º – O exercício da profissão de Museólogo é privativo:


I – dos diplomados em Bacharelado ou Licenciatura Plena em Museologia, por
cursos ou escolas reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura;
II – dos diplomados em Mestrado e Doutorado em Museologia, por cursos ou escolas
devidamente reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura;
III – dos diplomados em Museologia por escolas estrangeiras reconhecidas pelas leis
do país de origem, cujos títulos tenham sido revalidados no Brasil, na forma da
legislação;

137
IV – dos diplomados em outros cursos de nível superior que, na data desta
Lei, contem pelo menos cinco anos de exercício de atividades técnicas de
Museologia, devidamente comprovados.
Parágrafo único. A comprovação a que se refere o Inciso IV deverá ser feita no prazo
de três anos a contar da vigência desta Lei, perante os Conselhos Regionais de
Museologia, aos quais compete decidir sobre a sua validade.

Art. 3º – São atribuições da profissão de Museólogo:


I – ensinar a matéria Museologia, nos seus diversos conteúdos, em todos os graus
e níveis, obedecidas as prescrições legais;
II – planejar, organizar, administrar, dirigir e supervisionar os museus, as exposições
de caráter educativo e cultural, os serviços educativos e atividades culturais
dos museus e de instituições afins;
III – executar todas as atividades concernentes ao funcionamento dos museus;
IV– solicitar o tombamento de bens culturais e o seu registro em instrumento,
específico;
V – coletar, conservar, preservar e divulgar o acervo museológico;
VI – planejar e executar serviços de identificação, classificação e cadastramento de
bens culturais;
VII – promover estudos e pesquisas sobre acervos museológicos;
VIII – definir o espaço museológico adequado a apresentação e guarda das coleções;
IX – informar os órgãos competentes sobre o deslocamento irregular de bens
culturais, dentro do País ou para o exterior;
X – dirigir, chefiar e administrar os setores técnicos de museologia nas instituições
governamentais da Administração Direta e Indireta, bem como em órgãos
particulares de idêntica finalidade;
XI – prestar serviços de consultoria e assessoria na área de museologia;
XII – realizar perícias destinadas a apurar o valor histórico, artístico ou científico de
bens museológicos, bem como sua autenticidade;
XIII – orientar, supervisionar e executar programas de treinamento, aperfeiçoamento
e especialização de pessoas das áreas de Museologia e Museografia, como
atividades de extensão;
XIV – orientar a realização de seminários, colóquios, concursos, exposições de âmbito
nacional ou internacional, e de outras atividades de caráter museológico, bem
como nelas fazer-se representar.

Art. 4º – Para o provimento e exercício de cargos e funções técnicas de Museologia


na Administração Pública Direta e Indireta e nas empresas privadas, é obrigatória a
condição de Museólogo, nos termos definidos na presente Lei.
Parágrafo único. A condição de Museólogo não dispensa a prestação de concurso,
quando exigido para provimento do cargo ou função.

138
Art. 5º – Será exigida, igualmente, a comprovação da condição de Museólogo na
prática dos atos de assinatura de contrato, termo de posse, inscrição em concurso,
pagamento de tributos exigidos para o exercício da profissão e desempenho de
quaisquer funções a ela inerentes.
Art. 6º – Fica autorizada a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais
de Museologia, como órgãos de registro profissional e de fiscalização do exercício da
profissão dentre outras atribuições cabíveis.

Art. 7º – O Conselho Federal de Museologia, com sede em Brasília-DF, terá por


finalidade:
a) organizar o seu regimento interno;
b) aprovar os regimentos internos organizados pelos Conselhos Regionais;
c) deliberar sobre quaisquer dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais, adotando
as providências necessárias à homogeneidade de orientação dos serviços de
Museologia;
d) julgar, em última instância, os recursos sobre as deliberações dos Conselhos
Regionais;
e) publicar o relatório anual dos seus trabalhos e, periodicamente, a relação dos
profissionais registrados;
f) expedir as resoluções que se tornem necessárias para a fiel interpretação e
execução da presente Lei;
g) propor modificação da regulamentação do exercício da profissão de Museólogo,
quando necessária;
h) deliberar sobre o exercício de atividades afins à especialidade do Museólogo, nos
casos de conflito de competência;
i) convocar e realizar, periodicamente, congressos para estudar, debater e orientar
assuntos referentes à profissão;
j) estabelecer critérios para o funcionamento dos museus, dando ênfase à sua
dimensão pedagógica;
l) propugnar para que os museus adotem as técnicas museológicas e museográficas
sugeridas pelo ICOM e/ou reconhecidas pelo próprio Conselho Federal de
Museologia.
Parágrafo único. Cabe ao Conselho Federal de Museologia fixar o número e a jurisdição
dos Conselhos Regionais de Museologia.

Art. 8º – Os Conselhos Regionais de Museologia terão as seguintes atribuições:


a) efetuar o registro dos profissionais e expedir carteira profissional;
b) julgar reclamações e representações escritas acerca dos serviços de registro e
das infrações desta Lei;
c) fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei, bem
como enviando às autoridades competentes relatórios documentados sobre fatos
que apurem e cuja solução não seja de sua competência para decidir;
d) publicar relatórios anuais dos seus trabalhos e, periodicamente, relação dos
profissionais registrados;

139
e) organizar o regimento interno, submetendo-o à aprovação do Conselho Federal
de Museologia;
f) apresentar sugestões ao Conselho Federal de Museologia;
g) admitir a colaboração das Associações de Museologia, nos casos das matérias
mencionadas nas alíneas anteriores deste artigo;
h) julgar a concessão dos títulos para enquadramento na categoria profissional de
Museólogo.

Art. 9º – O Conselho Federal de Museologia compor-se-á de brasileiros natos ou


naturalizados que satisfaçam às exigências desta Lei e terá a seguinte constituição:
a) seis membros efetivos, eleitos em assembleia constituída por delegados eleitorais
de cada Conselho Regional, que elegerão um deles como seu Presidente;
b) seis suplentes, eleitos juntamente com os membros efetivos.
§ 1º – 2/3 (dois terços), pelo menos, dos membros efetivos, assim como dos membros
suplentes, serão necessariamente bacharéis em Museologia, salvo nos casos em
que não houver, profissionais habilitados em número suficiente.
§ 2º – O número de Conselheiros Federais poderá ser ampliado de mais 3 (três),
mediante resolução do próprio Conselho.

Art. 10 – Constitui receita do Conselho Federal de Museologia:


a) 25% da renda bruta dos Conselhos Regionais de Museologia, exceto as doações,
legados ou subvenções;
b) doações e legados;
c) subvenção dos Governos Federal, estaduais e Municipais, ou de empresas e
instituições privadas;
d) rendimentos patrimoniais;
e) rendas eventuais.

Art. 11 – Os Conselhos Regionais de Museologia serão constituídos de seis membros


efetivos e de seis suplentes, escolhidos por eleições diretas entre os profissionais
regularmente registrados.
§ 1º – Os componentes do primeiro Conselho a ser organizado serão escolhidos por
delegados das escolas e cursos e pelas Associações de Museologia.
§ 2º – A escolha do Presidente far-se-á da mesma forma estabelecida para o órgão
federal.

Art. 12 – A receita dos Conselhos Regionais de Museologia será constituída de:


a) 75% da anuidade estabelecida pelo Conselho Federal de Museologia, revalidada
trienalmente;
b) rendimentos patrimoniais;
c) doações e legados;

140
d) subvenções e auxílios dos Governos Federal, Estaduais e Municipais e de empresas
e instituições privadas;
e) provimento das multas aplicadas;
f) rendas eventuais.
Art. 13 – Os mandatos dos membros do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais
de Museologia serão de 3 (três) anos, permitida a reeleição.
§ 1º – Anualmente, far-se-á a renovação de 1/3 (um terço) dos membros do Conselho
Federal e dos Conselhos Regionais.
§ 2º – Para fins do parágrafo anterior, na primeira eleição dos membros dos Conselhos
Federal e Regionais, dois deles terão mandatos de um ano, dois de dois anos e dois
de três anos.

Art. 14 – A carteira de registro servirá de prova para fins de exercício profissional e de


documento de identidade e terá fé pública em todo o Território Nacional.

Art. 15 – Serão obrigatoriamente registrados nos Conselhos Regionais de Museologia


as empresas, entidades e escritórios técnicos que explorem, sob qualquer forma,
atividades técnicas de Museologia, nos termos desta Lei.

Art. 16 – As penalidades pela infração das disposições desta Lei serão disciplinadas
no Regimento Interno dos Conselhos.

Art. 17 – Os Sindicatos e Associações Profissionais de Museólogos cooperarão com


os Conselhos em todas as atividades concernentes à divulgação e aprimoramento
da profissão de Museólogo.

Art. 18 – Até que sejam instalados os Conselhos Federal e Regionail de Museologia, o


registro profissional será feito em órgão competente do Ministério do Trabalho.
Parágrafo único. Após o início do funcionamento dos Conselhos, neles deverão
inscrever-se todos os Museólogos, mesmo aqueles já registrados na forma deste
artigo.

Art. 19 – Esta Lei será regulamentada dentro de 90 dias a contar da data de sua
publicação.

Art. 20 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 21 – Revogam-se as disposições em contrário.

FONTE: Adaptado de BRASIL. Lei nº 7.287 de 18 de dezembro de 1984. Dispõe sobre a regula-
mentação da profissão de Museólogo. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7287.
htm. Acesso em: 4 maio 2021.

141
Após a leitura da lei que regulamenta a profissão que você, acadêmico, pretende
seguir, precisamos conversar e esclarecer alguns pontos importantes para que não lhe
reste dúvidas sobre o assunto. Vamos a alguns pontos.

2.1 O QUE É PRECISO PARA SER UM MUSEÓLOGO


Para ser museólogo não basta somente a titulação e a formação em Museologia,
é preciso que o profissional tenha registro no Conselho de Museologia da região em que
irá atuar. Quando o acadêmico de Museologia se formar e colar grau, ele receberá um
diploma de Bacharel em Museologia, isso por si só não lhe torna automaticamente um
Museólogo. Assim como outras profissões, por exemplo, o advogado, esse profissional só
adquire essa titulação após ser aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e cumprir com todas as suas obrigações no Conselho que fiscaliza a profissão tais
como registro e pagamento de anuidade. Com o Museólogo acontece algo parecido,
com a diferença que nós não precisamos fazer um teste ou uma prova para comprovar
estar apto a exercer a profissão, o diploma em Museologia confere ao profissional a
validação teórica de que ele precisa para atuar desde que esteja devidamente registrado
no Conselho Regional de Museologia e quite com suas obrigações.

Num primeiro momento, você pode achar estranho e até ruim, entendendo isso
como mais um empecilho ou burocracia, no entanto, o registro nos Conselhos Regionais
é feito de forma bastante simplificada e rápida. Nossa profissão é regulamentada por lei,
e isso é um grande avanço e uma enorme conquista. Nosso país, dividiu em cinco as
regiões museológicas, conforme o Conselho Federal de Museologia, e cada profissional
deve registrar-se na região em que atua. São elas:

• COREM 1° Região, que compreende os estados: AL, AM, AP, BA, CE, MA, PA, PB, PE,
PI, RN, RR, SE.
• COREM 2° Região, que compreende os estados: RJ, MG, ES.
• COREM 3° Região, estado do RS.
• COREM 4°Região, que compreende os estados: AC, DF, GO, MT, MS, SP, RO, TO.
• COREM 5° Região, que compreende os estados: PR, SC.

DICAS
Em caso de dúvida enquanto acadêmico e depois de formato, entre em
contato com o Conselho Regional de Museologia do seu estado ou com o
Conselho Federal de Museologia através do site: http://cofem.org.br/.

142
2.2 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO
A Lei nº 7.287/1984 traz que o exercício da profissão museólogo é privativo aos
profissionais que cumprem os requisitos dispostos nos incisos do Art. 2º. Quando se fala
que a profissão só pode ser exercida por esses profissionais, reafirma-se a defesa da
nossa classe, das especificidades e qualificações técnicas que estudamos tanto para ter
e que já foram reconhecidas pela lei. Não quer dizer que os museus só devam contratar
o museólogo e que este deva ser o único profissional no quadro técnico das instituições
museológicas, aliás muito pelo contrário.

É imprescindível que o corpo técnico de um museu seja interdisciplinar. Os


museus não só podem como devem contratar profissionais das mais diversas áreas
e qualificações tais como: historiadores, antropólogos, educadores, arte educadores,
pedagogos, biólogos, arqueólogos, conservadores, restauradores, arquitetos etc. No
entanto, quando pessoas sem a formação em Museologia desempenham atividades
que são do profissional museólogo elas estão incorrendo em exercício ilegal da profissão,
atitude que é passível de denúncia ao Conselho Federal de Museologia e Conselhos
Regionais de Museologia.

A valorização e o reconhecimento das mais variadas profissões e áreas técnicas


perpassam pelo maior e melhor entendimento de suas funções e atribuições, e na nossa
profissão não é diferente. Ainda há um longo caminho para uma maior valorização do
profissional Museólogo dentro e fora dos museus. Neste sentido, entendemos a importân-
cia da consolidação de todo campo museal que segue em constante construção. Sendo
assim, caro acadêmico, esperamos que essa leitura e o aprendizado proporcionado aqui,
tenha lhe ajudado e seja importante em sua trajetória como futuro museólogo. Faça sua
parte para que tenhamos um campo museal cada vez mais frutífero e sólido.

143
LEITURA
COMPLEMENTAR
VOCÊ É APAIXONADO POR HISTÓRIA, CULTURA E ARTE?
TALVEZ A CARREIRA DE MUSEOLOGIA SEJA PARA VOCÊ!

Museu WEG de Ciência e Tecnologia


Ministério da Cidadania

Uma área fascinante, a Museologia é uma profissão multidisciplinar que


estuda as relações entre a sociedade e seu patrimônio. É a ciência que se ocupa da
conservação, organização e promoção de acervos artísticos, históricos, científicos e
culturais. Continue lendo para conhecer mais sobre a profissão de museólogo, como se
tornar um e qual suas diversas áreas de atuação.

Entenda: O que faz um museólogo?

O profissional de Museologia é conhecido como museólogo. Seu papel é


investigar, classificar, conservar e expor artigos que possuam valor histórico. Valor
que pode ser de cunho histórico, artístico, científico e cultural, sejam eles materiais
(pinturas, esculturas ou construções) ou imateriais (como tradições e folclore). É como
se a atividade mais importante do museólogo fosse manter viva a memória coletiva de
uma comunidade. Para fazer isso, o profissional reúne peças que contém uma história e
que nos mostre como o homem evoluiu em diversos campos de conhecimento.

Entretanto, não se engane, a atividade do museólogo pode ser bastante distinta.


Embora lidar com documentos seja uma parte fundamental da sua profissão, ele também
pode se encarregar de coleções artísticas, administrar bens públicos do patrimônio
cultural, coordenar equipes de pesquisa, bem como ser curador de exposições sobre
diversos temas e técnicas.

Além de atuar em museus de diversos tipos, o museólogo pode atuar junto


a diversos órgãos culturais e educacionais, como por exemplo: centros de memória,
fundações culturais, galerias de arte, universidades, planetários, institutos de pesquisa,
centros de documentação e informação, antiquários, parques e reservas ambientais,
bibliotecas, coleções públicas e particulares, sítios históricos e arqueológicos.

Já imaginou trabalhar em um dos museus mais estranhos do mundo?

Para conhecê-los acesse este link: https://museuweg.net/blog/conheca-


alguns-dos-museus-mais-estranhos-do-mundo/#content.

144
O que cursar?

São poucas instituições de ensino no Brasil que oferecem graduação em Mu-


seologia, assim como é pequena a quantidade de profissionais formados por ano nesta
área. A formação de nível superior em Museologia prepara profissionais com uma boa
base de conhecimento em História da Arte e História Geral, sociologia e antropologia. A
grade também traz informações sobre gestão de museus, conservação de acervos, do-
cumentação museológica, catalogação de peças e muito mais. Além da graduação ou
pós-graduação em Museologia, também é possível ingressar nesta carreira através de
um curso técnico, oferecido por instituições de ensino públicas e privadas de todo país.

Perfil do profissional após a formação

Um profissional especializado em Museologia deve ter interesse por história,


cultura e artes, ser meticuloso e organizado. Ao se formar, o museólogo terá as
competências que o farão exitoso nas diversas áreas da profissão. Estará apto a debater
e falar sobre a História da Arte para um público diverso. Além disso, poderá organizar
acervos, organizar laudos técnicos, ser responsável pela entrada e saída de peças
históricas em centros culturais e atuar em diversos órgãos culturais e educacionais
como já falamos anteriormente. A área de atuação também inclui museus de Ciência e
Tecnologia, por exemplo. Caso não opte por uma carreira no mercado, o museólogo pode
seguir sua vida acadêmica, aprofundando-se em estudos no campo da Museologia.

Outra informação importante é que a profissão de museólogo é regulamentada,


e para exercer suas atividades o profissional deve se cadastrar no Conselho Regional de
Museologia (COREM) do estado onde trabalha.

Você é apaixonado por história, cultura e arte? Acha que é importante preservá-
las? Talvez a carreira de Museologia seja para você!

FONTE: Adaptado de <https://museuweg.net/blog/o-que-faz-um-museologo/>. Acesso em: 5 maio 2021.

145
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• A Lei nº 7.287 de dezembro de 1984, regulamenta a profissão de Museólogo no Brasil.

• Quanto ao exercício da profissão, a legislação aborda seu caráter privativo, as


necessidades de formação e também o registro no Conselho Regional de Museologia.
Quais são as atribuições do profissional museólogo e quais as finalidades e funções
do Conselho Federal de Museologia e dos Conselhos Regionais de Museologia.

• Para ser museólogo não basta somente a titulação e a formação em Museologia, é


preciso que o profissional tenha registro no Conselho de Museologia da região em
que irá atuar.

• Nosso país, dividiu em cinco as regiões museológicas, conforme o Conselho Federal


de Museologia, e cada profissional deve registrar-se na região em que atua. São
elas:
o COREM 1° Região, que compreende os estados: AL, AM, AP, BA, CE, MA, PA, PB,
PE, PI, RN, RR, SE.
o COREM 2° Região, que compreende os estados: RJ, MG, ES.
o COREM 3° Região, estado do RS.
o COREM 4°Região, que compreende os estados: AC, DF, GO, MT, MS, SP, RO, TO.
o COREM 5° Região, que compreende os estados: PR, SC.

146
AUTOATIVIDADE
1 No que diz respeito à regulamentação da profissão de Museólogo, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) I - Dos diplomados em Bacharelado ou Licenciatura Plena em Museologia, por


cursos ou escolas reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura; II - Dos
diplomados em Mestrado e Doutorado em Museologia ou História, por cursos ou
escolas devidamente reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura; III -
Dos diplomados em Museologia por escolas estrangeiras reconhecidas pelas leis
do país de origem, cujos títulos tenham sido revalidados no Brasil, na forma da
legislação; IV – Dos diplomados em outros cursos de nível superior que, na data
desta Lei, contem pelo menos cinco anos de exercício de atividades técnicas de
Museologia, devidamente comprovados.
b) ( ) I - Dos diplomados em Bacharelado ou Licenciatura Plena em Museologia,
por cursos ou escolas reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura;
II - Dos diplomados em Mestrado e Doutorado em Museologia, por cursos ou
escolas devidamente reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura; III -
Dos diplomados em Museologia por escolas estrangeiras sem necessidade de
reconhecimento pelas leis do país de origem, cujos títulos tenham sido revalidados
no Brasil, na forma da legislação; IV – Dos diplomados em outros cursos de nível
superior que, na data desta Lei, contem pelo menos cinco anos de exercício de
atividades técnicas de Museologia, devidamente comprovados.
c) ( ) I - Dos diplomados em Bacharelado ou Licenciatura Plena em Museologia, por
cursos ou escolas reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura; II - Dos
diplomados em Mestrado e Doutorado em Museologia, por cursos ou escolas
devidamente reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura; III - Dos
diplomados em Museologia por escolas estrangeiras reconhecidas pelas leis do
país de origem, sem necessidade de reconhecimento ou revalidação no Brasil,
na forma da legislação; IV – Dos diplomados em outros cursos de nível superior
que, na data desta Lei, contem pelo menos cinco anos de exercício de atividades
técnicas de Museologia, devidamente comprovados.
d) ( ) I - Dos diplomados em Bacharelado ou Licenciatura Plena em Museologia, por
cursos ou escolas reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura; II - Dos
diplomados em Mestrado e Doutorado em Museologia, por cursos ou escolas
devidamente reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura; III - Dos
diplomados em Museologia por escolas estrangeiras reconhecidas pelas leis
do país de origem, cujos títulos tenham sido revalidados no Brasil, na forma da
legislação; IV – Dos diplomados em outros cursos de nível superior que, na data
desta Lei, contem pelo menos cinco anos de exercício de atividades técnicas de
Museologia, devidamente comprovados.

147
2 Conforme o que foi visto sobre a Lei nº 7.287 neste tópico, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Para o provimento e exercício de cargos e funções técnicas de Museologia na


Administração Pública Direta e Indireta e nas empresas privadas, é obrigatória a
condição de Museólogo, nos termos definidos na presente Lei.
( ) Para ser museólogo não basta somente a titulação e a formação em Museologia é
preciso que o profissional tenha registro no Conselho de Museologia da região em
que irá atuar.
( ) A condição de Museólogo dispensa a prestação de concurso, para provimento do
cargo ou função.
( ) Será exigida, igualmente, a comprovação da condição de Museólogo na prática dos
atos de assinatura de contrato, termo de posse, inscrição em concurso, pagamento
de tributos exigidos para o exercício da profissão e desempenho de quaisquer
funções a ela inerentes.
( ) Fica autorizada a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de
Museologia, como órgãos de registro profissional e de fiscalização do exercício da
profissão dentre outras atribuições cabíveis.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – F – F – F – V.
b) ( ) V – V – V – V – F.
c) ( ) V – V – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – V – V

3 Segundo o Art. 3° da Lei nº 7.287/1984, são atribuições da profissão de Museólogo,


EXCETO:

a) ( ) Executar todas as atividades concernentes ao funcionamento dos museus; soli-


citar o tombamento de bens culturais e o seu registro em instrumento, específico;
coletar, conservar, preservar e divulgar o acervo museológico; planejar e executar
serviços de identificação, classificação e cadastramento de bens culturais.
b) ( ) Promover estudos e pesquisas sobre acervos museológicos; dirigir, chefiar e admi-
nistrar os setores técnicos de museologia nas instituições governamentais da Admi-
nistração Direta e Indireta, bem como em órgãos particulares de idêntica finalidade.
c) ( ) Prestar serviços de consultoria e assessoria na área de museologia; realizar perícias
destinadas a apurar o valor histórico, artístico ou científico de bens museológicos,
bem como sua autenticidade; orientar, supervisionar e executar programas de trei-
namento, aperfeiçoamento e especialização de pessoa das áreas de museologia
e museografia, como atividades de extensão; orientar a realização de seminários,
colóquios, concursos, exposições de âmbito nacional ou internacional, e de outras
atividades de caráter museológico, bem como nelas fazer-se representar.

148
d) ( ) Ensinar a matéria Arqueologia, nos seus diversos conteúdos, em todos os graus
e níveis, obedecidas as prescrições legais; planejar, organizar, administrar, dirigir
e supervisionar os museus, as exposições de caráter educativo e cultural, os
serviços educativos e atividades culturais dos museus e de instituições afins.

4 Quanto às atribuições dos Conselhos Regionais de Museologia, assinale a alternativa


CORRETA:

a) ( ) Efetuar o registro dos profissionais e expedir carteira profissional; julgar reclamações


e representações escritas acerca dos serviços de registro e das infrações desta
Lei; fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei, bem
como enviando às autoridades competentes relatórios documentados sobre fatos
que apurem e cuja solução não seja de sua competência para decidir; publicar
dados pessoais de seus registrados; organizar o regimento interno, submetendo-o
à aprovação do Conselho Federal de Museologia; apresentar sugestões ao Conselho
Federal de Museologia; admitir a colaboração das Associações de Museologia,
nos casos das matérias mencionadas nas alíneas anteriores deste artigo; julgar a
concessão dos títulos para enquadramento na categoria profissional de Museólogo.
b) ( ) Efetuar o registro dos profissionais e expedir CPF; julgar reclamações e
representações escritas acerca dos serviços de registro e das infrações desta
Lei; fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei, bem
como enviando às autoridades competentes relatórios documentados sobre fatos
que apurem e cuja solução não seja de sua competência para decidir; publicar
relatórios anuais dos seus trabalhos e, periodicamente, relação dos profissionais
registrados; organizar o regimento interno, submetendo-o à aprovação do
Conselho Federal de Museologia; apresentar sugestões ao Conselho Federal de
Museologia; admitir a colaboração das Associações de Museologia, nos casos das
matérias mencionadas nas alíneas anteriores deste artigo; julgar a concessão
dos títulos para enquadramento na categoria profissional de Museólogo.
c) ( ) Efetuar o registro dos profissionais e expedir carteira profissional; julgar reclamações
e representações escritas acerca dos serviços de registro e das infrações desta
Lei; fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei, bem
como enviando às autoridades competentes relatórios documentados sobre fatos
que apurem e cuja solução não seja de sua competência para decidir; publicar
relatórios anuais dos seus trabalhos e, periodicamente, relação dos profissionais
registrados; organizar o regimento interno, submetendo-o à aprovação do
Conselho Federal de Museologia; apresentar sugestões ao Conselho Federal de
Museologia; admitir a colaboração das Associações de Museologia, nos casos das
matérias mencionadas nas alíneas anteriores deste artigo; julgar a concessão
dos títulos para enquadramento na categoria profissional de Museólogo.
d) ( ) Efetuar o registro dos profissionais e expedir carteira profissional; julgar reclamações
e representações escritas acerca dos serviços de registro e das infrações desta
Lei; fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei, bem
como enviando às autoridades competentes relatórios documentados sobre fatos
que apurem e cuja solução não seja de sua competência para decidir; publicar

149
relatórios anuais dos seus trabalhos e, periodicamente, relação dos profissionais
registrados; organizar o regimento interno, submetendo-o à aprovação do
Conselho Federal de Museologia; apresentar sugestões ao Conselho Federal de
Museologia; admitir a colaboração das Associações de Museologia, nos casos das
matérias mencionadas nas alíneas anteriores deste artigo; julgar a concessão
dos títulos para enquadramento na categoria profissional de Antropólogo.

5 Quando o acadêmico em Museologia se forma, ele recebe a titulação de Bacharel em


Museologia e não de Museólogo. Com base na leitura deste tópico, você considera
essa afirmação verdadeira ou falsa? Comente sobre.

6 Os museus não precisam de quadro técnico diversificado, a contratação de um


museólogo dá conta de todas as demandas que a instituição precisa cumprir. Com
base em tudo que aprendeu neste tópico, você considera essa afirmação verdadeira
ou falsa. Comente sobre.

150
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARANÁ. Acervo do Museu Paranaense é higienizado
e organizado. Curitiba, 2014. Disponível em: http://www.aen.pr.gov.br/modules/
noticias/article.php?storyid=80004&tit=Acervo-do-Museu-Paranaense-e-
higienizado-e-organizado. Acesso em: 4 maio 2021.

ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO JARDIM BOTÂNICO (AAJB). AAJB é proponente do


educativo do Museu do Meio Ambiente. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://
www.amigosjb.org.br/noticias-aajb/aajb-e-proponente-do-educativo-do-museu-do-
meio-ambiente/. Acesso em: 4 maio 2021.

BEM PARANÁ. Como funcionam os setores de acervo e de pesquisa de um


museu. [s.l], 2019. Disponível em: https://www.bemparana.com.br/noticia/como-
funcionam-os-setores-de-acervo-e-pesquisa-de-um-museu#.YBWbKuhKg2w.
Acesso em: 4 maio 2021.

BRASIL. Decreto nº 8.124 de 17 de outubro de 2013. Regulamenta dispositivos da


Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da Lei nº
11.906, de 20 de janeiro de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus. Brasília,
DF, 17 out. 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Decreto/D8124.htm. Acesso em: 4 maio 2021.

BRASIL. Lei nº 11.904 de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de Museus e dá


outras providências. Brasília, DF, 14 jan. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11904.htm. Acesso em: 4 maio 2021.

BRASIL. Portaria Normativa n° 1, de 5 de julho de 2006. Dispõe sobre a elaboração


do Plano Museológico dos museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, e dá outras providências. Brasília, DF, 5 jul. 2006. Disponível em: https://
www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2010/09/portaria_normativa_n_1_de_5_
de_julho_de_2006_DOU_de_11_07.pdf. Acesso em: 4 maio 2021.

BRASIL. Lei nº 7.287 de 18 de dezembro de 1984. Dispõe sobre a regulamentação da


profissão de Museólogo. Brasília, DF, 19 dez. 1984. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L7287.htm. Acesso em: 4 maio 2021.

DEREVECKI, R. Fachada de Museu em Curitiba é pichada com frase contra a


intervenção militar. Gazeta do povo, Curitiba, 1º out. 2018. Disponível em: https://bit.
ly/3bCk86X. Acesso em: 4 maio 2021.

151
NO RIO, maior acervo de arte popular do país tem sua pior inundação. Folha
de São Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/
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INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). Cartilha 2017: gestão de riscos ao


patrimônio musealizado brasileiro. Brasília: IBRAM, 2017. Disponível em: https://www.
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gov.br/museus-ja-podem-enviar-dados-de-visitacao-ao-ibram/. Acesso em: 4 maio 2021.

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Brasília: IBRAM, 2015b. Disponível em: https://www.museus.gov.br/museus-ja-
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INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). Subsídios para a elaboração de


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adequada em Joinville. 2012. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/
museu-de-arte-e-galeria-municipal-ganham-reserva-tecnica-adequada-em-joinville.
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PERMUY, P. Pesquisadores capixabas lamentam incêndio do Museu Nacional. A


gazeta, Vitória, ES, 2018. Disponível em: https://www.agazeta.com.br/entretenimento/
cultura/pesquisadores-capixabas-lamentam-incendio-do-museu-nacional-0918.
Acesso em: 4 maio 2021.

152
NÚCLEO de ação-educativa do MASC completa 30 anos com encontro sobre história.
Revista Museu. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://www.revistamuseu.com.
br/site/br/noticias/nacionais/3206-22-07-2017-nucleo-de-acao-educativa-do-masc-
completa-30-anos-com-encontro-sobre-sua-historia.html. Acesso em: 4 maio 2021.

SÃO PAULO. Exposição em cartaz no Museu Florestal une Ciência, meio


ambiente e Arte. 2019. Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-
noticias/exposicao-em-cartaz-no-museu-florestal-une-ciencia-meio-ambiente-e-
arte/. Acesso em: 4 maio 2021.

SÃO PAULO. Programa educativo. c2020.Disponível em: https://museudofutebol.org.


br/educativo/. Acesso em: 4 maio 2021.

VIAGEM ACESSÍVEL. Museu da energia oferece visita em Libras. 2019. Disponível


em: https://viagemacessivel.com.br/museu-da-energia-oferece-visita-em-libras/.
Acesso em: 4 maio 2021.

153

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