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Patrimonial e dos
Museus
Brasileiros
Prof.ª Aline Tavares da Silva
Indaial – 2021
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Aline Tavares da Silva
S586l
ISBN 978-65-5663-620-7
ISBN Digital 978-65-5663-619-1
CDD 020
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático Legislação Patrimonial e dos
Museus Brasileiros.
GIO
Olá, eu sou a Gio!
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 49
UNIDADE 2 — O INÍCIO DOS MUSEUS E SUAS POLÍTICAS................................................ 53
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................100
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 151
UNIDADE 1 -
LEIS PATRIMONIAIS
NO BRASIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o início das ações de conscientização
para importância da valorização do patrimônio cultural brasileiro e sobre quais aspectos
eram levados em consideração nessa época.
3
2.1 O INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO
NACIONAL
Não podemos deixar dar ênfase neste livro didático sobre Legislação Patrimonial
e dos Museus brasileiros, que é uma das mais importantes instituições públicas de
nosso país e a primeira dedicada à preservação do patrimônio cultural na América
Latina: o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cuja trajetória e história
se confundem com a formação cultural do patrimônio brasileiro.
Por conta desse enfoque inicial, foi promovida uma ação envolvendo a
instituição no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e nos estados que estão presentes os
maiores legados da cultura do açúcar, destacadamente, Bahia e Pernambuco. Esses
quatro estados concentram 58% dos bens tombados no país e permanecem como
maiores detentores de bens tombados individualmente: 231 no Rio de Janeiro, 209 em
Minas Gerais, 182 na Bahia e 82 no Pernambuco.
4
FIGURA 2 – CENTRO HISTÓRICO DE RECIFE/PE
5
FIGURA 5 – LARGO DO PELOURINHO – SALVADOR/BA
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As ações de intervenção e preservação levaram o IPHAN a alcançar significativo
prestígio internacional e deixaram como legado um volumoso número de bens culturais
salvos do desaparecimento. Nos anos de maior destaque, quando a Instituição foi
dirigida pelo advogado Rodrigo Melo Franco de Andrade, cabia proteger aquilo que
se entendia por patrimônio histórico e artístico nacional, numa tarefa civilizadora de
reconhecimento e afirmação de uma identidade nacional.
8
Nacional de Referência Cultural, introduzindo um viés antropológico na Instituição. É
possível afirmar que ele ampliou a noção de bens culturais, se até aquele momento o
Patrimônio Cultural era trabalhado a partir de ideias pautadas na tradição, passou, então, a
considerar as noções e diversidade cultural olhando para a comunidade e para o contexto
em que o bem está inserido.
ESTUDOS FUTUROS
Veremos, no Tópico 3, outros aspectos pertinentes à legislação brasileira e à
proteção de nosso patrimônio.
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ATENÇÃO
Caro acadêmico, a seguir, lançamos uma proposição de reflexão importante
e você deve ficar atento. O grande questionamento que fica é: estamos
protegendo o patrimônio para a sociedade ou estamos protegendo o que
julgamos ser patrimônio do acesso de toda sociedade?
Caso a resposta para essa pergunta, seja a segunda alternativa, é possível que
estejamos fazendo errado. A proteção do patrimônio cultural visa sua sobrevida, seu
resguardo para as próximas gerações. Assim sendo, não há sentido tentar deixá-lo ina-
cessível, intocável ou imexível, já que haverá transformações e transições pelas quais
o patrimônio cultural passará ao longo de sua existência. São justamente essas trans-
formações que compõem a singularidade histórica de sua trajetória, tornando-o único.
10
Para efetivar a comunicação e conexão com o patrimônio, é preciso que se crie e
se fortaleça um ambiente museal que dialogue, pondere e atenda às expectativas do visi-
tante, garantindo mais espaço e voz ativa a ele. É através dessas estratégias de inserção
coletiva que o patrimônio cultural se faz visível e se mostra relevante para a sociedade.
NOTA
Huges de Varine Bohan é um arqueólogo, historiador e museólogo francês.
Foi diretor do Conselho Internacional de Museus (ICOM) de 1965 a 1974. É o
criador do termo Ecomuseu, ideia que surgiu a partir do esforço em gerar um
novo termo para abarcar formas experimentais de museus. Um Ecomuseu
é formado quando membros de uma comunidade se reúnem e se tornam
atores protagonistas do processo de preservação do seu patrimônio cultural
(material e imaterial).
DICAS
Caro acadêmico, a Educação para o Patrimônio é um tema para outro livro didático. Caso
tenha interesse pelo assunto, sugerimos a leitura da publicação número seis do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional da série de cadernos temáticos – Educação
Patrimonial: práticas e diálogos interdisciplinares. Acesse na íntegra em: http://portal.iphan.
gov.br/uploads/publicacao/caderno_tematico_06_.pdf.
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FIGURA 8 – CAPA DO CADERNO TEMÁTICO: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/caderno_tematico_06_.pdf>.
Acesso em: 24 nov. 2020.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Para que a proteção do patrimônio cultural brasileiro fosse efetivada, foi criado o
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1937, que hoje é o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; instituição máxima de salvaguarda do
patrimônio cultural em nosso país.
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AUTOATIVIDADE
1 Foi criado pela Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937, Art. 46, o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) dentro do Ministério da Educação e da Saúde,
buscando apoio e investimento na ampliação de uma rede de proteção e valorização
do nosso patrimônio mais tarde veio a se chamar IPHAN. No que se refere a esta sigla
(IPHAN), assinale a alternativa CORRETA:
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a) ( ) Estimular a fruição, a vivência e o uso do patrimônio cultural pela sociedade.
b) ( ) Conservar, fiscalizar e proteger os bens tombados.
c) ( ) Facilitar e estimular o acesso aos acervos arquivísticos, bibliográficos e
museológicos relativos ao patrimônio cultural.
d) ( ) Contratar museólogos em número suficiente em seus quadros de equipe.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
PRESERVAÇÂO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
MATERIAL E IMATERIAL
1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 2, caro acadêmico, você conhecerá mais sobre Patrimônio e sua
referência desde etimologia da palavra, a que está ligada e de onde advém a herança.
Veremos que em uma noção mais antiga, patrimônio era interpretado como o desejo de
transmitir os bens da família, já na noção mais contemporânea, desenvolve-se a ideia
de um patrimônio a ser transmitido à posteridade.
Por fim, você conhecerá mais sobre o patrimônio imaterial brasileiro, com
enfoque nas nossas cinco manifestações culturais que são reconhecidas como
patrimônio mundial cultural imaterial da humanidade.
2 AS FORMAS DE PROTEÇÃO
No sentindo etimológico, patrimônio advém de patrimonium, uma junção de “patri”
termo designador de pai, com “monium” que exprime recebido, fazendo referência ao senti-
do de herança. Na noção mais antiga, o patrimônio era visto como o desejo de transmitir os
bens da família, já na noção mais contemporânea, desenvolve-se a ideia de um patrimônio
a ser transmitido para as futuras gerações. Sendo assim, caro acadêmico, patrimônio tem a
ver com tudo aquilo que lhe tem sentido e importância, está associado e atrelado ao desejo
e a garantia de que mais pessoas tenham contato e acesso a ele no futuro.
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Nas palavras do membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, Luiz
Phelipe Andrés (2000 apud PORTA, 2012, p. 14):
2.1 TOMBAMENTO
O tombamento é primeiro instrumento jurídico de proteção ao patrimônio,
assim, um dos mais conhecidos foi criado em 1937 pelo Decreto-Lei nº 25.
ESTUDOS FUTUROS
Caro acadêmico, no Tópico 3, conheceremos o Decreto-Lei nº 25 na íntegra.
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DICAS
Para mais informações sobre tombamento, acesse o site do Iphan na íntegra
em: http://portal.iphan.gov.br/.
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de objetos, peças e construções utilitárias: alguns setores da arquitetura, das artes
decorativas, design, artes gráficas e mobiliário, por exemplo. Desde o século XVI, as
artes aplicadas estão presentes em bens de diferentes estilos arquitetônicos. No
Brasil, as artes aplicadas se manifestam fortemente no Movimento Modernista de
1922, com pinturas, tapeçarias e objetos de vários artistas.
3.1 REGISTRO
No ano de 2000, com a aprovação do Decreto n° 3.551, institui-se o registro
com o Programa Nacional de Proteção Imaterial (PNPI). Assim, a legislação brasileira
avança naquilo que vínhamos discutindo desde o Tópico 1 deste livro: a ampliação das
noções de patrimonialização, na defesa da preservação do patrimônio.
NOTA
Patrimonialização é o termo empregado para designar todo o processo de
constituição de patrimônios na sociedade.
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4 PATRIMÔNIO IMATERIAL
O Brasil, atualmente, tem mais de 30 manifestações culturais reconhecidas
como patrimônio cultural imaterial; são saberes, fazeres, celebrações e formas de
expressões. Dessas, cinco, estão inscritas na UNESCO, órgão das Nações Unidas, como
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade:
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A 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda aprovou, em
novembro de 2014, em Paris, a Roda de Capoeira, um dos símbolos do Brasil mais
reconhecidos internacionalmente como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
4.2 FREVO
O Frevo foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 2007. Ele é
uma forma de expressão musical, coreográfica e poética densamente enraizada em Recife
e Olinda, no Estado de Pernambuco. Surgiu no final do século XIX, no Carnaval, em um
momento de transição e efervescência social, como expressão das classes populares na
configuração dos espaços públicos e das relações sociais nessas cidades. Em 2012, foi
incluído na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.
FIGURA 10 – FREVO
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compositores, engrandecem e legitimam as múltiplas identidades,
assim como a diversidade cultural do povo brasileiro. As bandas
militares e suas rivalidades, os escravos recém-libertos, os capoeiras,
a nova classe operária e os novos espaços urbanos foram elementos
definidores da configuração do Frevo (IPHAN, 2014a, s.p.).
23
escravizados e seus descendentes, que incluem o culto aos orixás e
caboclos, o jogo da capoeira e a chamada comida de azeite. A herança
negro-africana no samba de roda se mesclou de maneira singular a traços
culturais trazidos pelos portugueses (principalmente viola e pandeiro) e à
própria língua portuguesa nos elementos de suas formas poéticas. O samba
de roda é uma das joias da cultura brasileira, por suas qualidades intrínsecas
de beleza, perfeição técnica, humor e poesia, e pelo papel proeminente que
vem desempenhando nas próprias definições da identidade nacional.
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A procissão principal é realizada no segundo domingo de outubro, já as romarias
que a antecedem a chamada “Quadra Nazarena”, prolongam-se por 15 dias. A procissão
propriamente dita corresponde ao traslado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré da
Catedral da Sé, no bairro da Cidade Velha, local em que Belém nasceu, até a Praça San-
tuário, no bairro de Nazaré. O percurso, de cerca de cinco quilômetros, é feito nos limites
da área mais antiga e mais urbanizada da cidade de Belém, passando pela rua Padre
Champagnat, pela avenida Portugal, pelo boulevard Castilhos França, e pelas avenidas
Presidente Vargas e Nazaré (IPHAN, 2014c).
5 INVENTÁRIO
Paralelo ao instrumento do tombamento, (vinculado ao patrimônio material que,
como já vimos no Tópico 1, foi a prioridade do órgão máximo brasileiro em proteção e
preservação patrimonial), e do registro (conforme vimos neste tópico, é resultado dos
avanços e da ampliação do entendimento e das noções de patrimônio cultural, ligado
à proteção dos bens imateriais), surgem as propostas de inventário que visam superar
essa falsa dicotomia entre material e imaterial. Uma nova possibilidade de registro que
vem sendo bastante discutida e difundida atualmente é a cartografia dos sentidos que
pode ser realizada a partir dessas práticas de inventário, facultando o acesso tanto
à dimensão do tangível, dada a ver pela sua materialidade, quanto à dimensão do
intangível, aquela associada ao universo simbólico e da percepção (NOGUEIRA, 2015).
Cabe destacarmos que, nem o tombamento, nem o registro tornam o bem imexí-
vel. O patrimônio cultural material e, principalmente, imaterial é vivo, é uma construção so-
cial e resultado dessa integração com a sociedade, ele perpassa por ressignificação e isso
não é demérito algum. Aliás, pelo contrário, as transformações que ele enfrenta ao longo
de gerações fazem parte de sua historicidade, e essa carga de significados vai sendo incor-
porada a sua bagagem cultural. Os instrumentos de jurídicos de proteção não servem para
torná-lo imóvel e intacto, eles são um atestado público de relevância de determinado bem
que representa culturalmente um grupo de pessoas, povo, uma nação, uma sociedade.
O patrimônio está ligado ao direito de memória e, assim sendo, tem a ver com o
exercício da cidadania. Não podemos deixar de refletir sobre esses caminhos, sobre as
escolhas, sobre a responsabilidade de cada um de nós nessa composição. Memória é
poder, patrimônio é poder, há um jogo de disputas do que será lembrado. Toda escolha é
intencional, não podemos perder esse entendimento de vista, é importante lembrarmos
que não existe neutralidade nesse processo.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• O inventário visa superar essa falsa dicotomia entre material e imaterial. Uma
nova possibilidade de registro que vem sendo bastante discutida e difundida
atualmente, é a cartografia dos sentidos, que pode ser realizada a partir das práticas
de inventário, facultando o acesso tanto à dimensão do tangível, dada a ver pela
sua materialidade, quanto à dimensão do intangível, aquela associada ao universo
simbólico e da percepção.
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AUTOATIVIDADE
1 O Decreto-Lei nº 25 define os bens a que se destinam a proteção e conservação,
segundo a sua natureza – bens de natureza material: bens móveis, bens imóveis,
monumentos naturais, sítios e paisagens – prevendo a inscrição em um ou mais
Livros do Tombo de acordo com o valor ou valores que a eles são atribuídos (SANTOS;
TELLES, 2016). O patrimônio brasileiro tombado está inscrito em quatro diferentes
livros. Com relação a esses livros, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Samba de roda.
b) ( ) Roda de capoeira.
c) ( ) Frevo.
d) ( ) Maracatu.
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4 É destinado à salvaguarda de bens de caráter processual e dinâmico, visa proteger
as formas de expressão e os modos de vida, criar e fazer, bem como os objetos,
artefatos e lugares que lhes são associados. Acerca do excerto, assinale a alternativa
CORRETA:
a) ( ) À capoeira.
b) ( ) Ao samba de roda.
c) ( ) Ao Carnaval.
d) ( ) Ao frevo.
6 Quanto ao livro que são inscritos os bens culturais, relacionados aos vestígios da
ocupação humana pré-histórica ou histórica, englobando tanto áreas naturais
quanto lugares criados pelo homem aos quais é atribuído valor a sua configuração
paisagística, a exemplo de jardins, mas também cidades ou conjuntos arquitetônicos
que se destaquem por sua relação com o território onde estão implantados, assinale
a alternativa CORRETA:
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UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
POR DENTRO DA LEGISLAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste terceiro e último tópico da unidade, traremos as principais
diretrizes regulamentadoras no que tange à proteção do patrimônio cultural brasileiro,
para que você tenha subsídios para refletir e aprofundar outras análises referentes ao
tema. Sendo assim, abordaremos sobre o Decreto-Lei nº 25 de 1937, que versa sobre a or-
ganização da proteção do patrimônio histórico e artístico nacional; a Constituição Federal
em seu Art. 23, que versa sobre a competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e os Arts. 215 e 216 que falam sobre o direito à cultura e à valo-
rização e difusão do patrimônio cultural brasileiro, além do Decreto nº 3.551 de 2000, que
institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cul-
tural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências.
NOTA
Caro acadêmico, é importante frisar que alguns textos a seguir não tiveram
atualização com o passar dos anos e, por esse motivo, podem apresentar
denominações ou termos da época, diferentes das utilizadas atualmente.
Boa leitura!
2 DECRETOS
Neste subtópico, abordaremos dois decretos que regulam a proteção do
patrimônio cultural brasileiro. O primeiro diz respeito ao patrimônio material que é o
Decreto n° 25 de 1937, já o segundo diz respeito ao patrimônio imaterial que é o Decreto
3.551 do ano de 2000.
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2.1 DECRETO-LEI N° 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937
CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis
e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por
sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional
valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante
do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o Art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos
a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que
importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela
natureza ou agenciados pela indústria humana.
Art. 2º A presente lei se aplica a coisas pertencentes às pessoas naturais, bem como
às pessoas jurídicas de direito privado e de direito público interno.
CAPÍTULO II
DO TOMBAMENTO
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1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes
às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim
as mencionadas no § 2º do citado Art. 1º;
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte
histórica;
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou
estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das
artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.
§ 2º Os bens, que se incluem nas categorias enumeradas nas Alíneas 1, 2, 3 e 4 do
presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido
para execução da presente lei.
Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios
se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada, a fim de produzir os necessários efeitos.
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despacho que se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo;
3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista dela,
dentro de outros 15 dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do
tombamento, a fim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas,
será o processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de
60 dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.
Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o Art. 6º desta lei, será considerado
provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notifica-
ção ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.
Parágrafo único. Para todos os efeitos, salvo a disposição do Art. 13 desta lei, o
tombamento provisório se equiparará ao definitivo.
CAPÍTULO III
DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO
Art. 11. As coisas tombadas que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalie-
náveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.
Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conheci-
mento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por iniciativa
do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis
e averbado ao lado da transcrição do domínio.
§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo,
deverá o adquirente, dentro do prazo de 30 dias, sob pena de multa de 10% sobre
o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão
judicial ou causa mortis.
§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo
prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem
sido deslocados.
§ 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo
proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do
mesmo prazo e sob a mesma pena.
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Art. 14. A. coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora
do país, da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que
se encontrar.
§ 1º Apurada a responsabilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de 50%
do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do pagamento, e até
que este se faça.
§ 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao dobro.
§ 3º A pessoa que tentar a exportação de coisa tombada, além de incidir na multa a
que se referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código
Penal para o crime de contrabando.
Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas
ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de
multa de 50% do dano causado.
Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes à União, aos Estados ou aos
municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá
pessoalmente na multa.
Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder
às obras de conservação e reparação que ela requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas
obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for
avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
§ 1º Recebida a comunicação e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará executá-las, a expensas da
União, devendo elas serem iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou providenciará
para que seja feita a desapropriação da coisa.
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§ 2º A falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprie-
tário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa. (Vide Lei nº 6.292, de 1975)
§ 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou
reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União,
independentemente da comunicação a que alude este artigo, por parte do proprietário.
CAPÍTULO IV
DO DIREITO DE PREFERÊNCIA
36
Art. 27. Sempre que os agentes de leilões tiverem de vender objetos de natureza
idêntica à dos mencionados no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva
relação ao órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
sob pena de incidirem na multa de 50% sobre o valor dos objetos vendidos.
Art. 28. Nenhum objeto de natureza idêntica a dos referidos no Art. 26 desta lei poderá
ser posto a venda pelos comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha sido
previamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de 50% sobre o valor
atribuído ao objeto.
Parágrafo único. A. autenticação do mencionado objeto será feita mediante o
pagamento de uma taxa de peritagem de 5% sobre o valor da coisa, se este for
inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco mil réis por conto de réis
ou fração, que exceder.
Art. 29. O titular do direito de preferência goza de privilégio especial sobre o valor
produzido em praça por bens tombados, quanto ao pagamento de multas impostas
em virtude de infrações da presente lei.
Parágrafo único. Só terão prioridade sobre o privilégio a que se refere este artigo
os créditos inscritos no registro competente, antes do tombamento da coisa pelo
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
FONTE: Adaptado de BRASIL. Lei nº 378 de 13 janeiro de 1937. Dá nova, organização ao Ministério
da Educação e Saúde Pública. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/l0378.
htm. Acesso em: 5 maio 2021.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o Art. 84, inciso
IV, e tendo em vista o disposto no Art. 14 da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998,
DECRETA:
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§ 1º Esse registro se fará em um dos seguintes livros:
I – Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e modos de
fazer enraizados no cotidiano das comunidades.
II – Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que
marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e
de outras práticas da vida social.
III – Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas manifestações
literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas.
IV – Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos mercados, feiras, santuários,
praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais
coletivas.
§ 2º A inscrição num dos livros de registro terá sempre como referência a continuidade
histórica do bem e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação
da sociedade brasileira.
§ 3º Outros livros de registro poderão ser abertos para a inscrição de bens culturais de
natureza imaterial que constituam patrimônio cultural brasileiro e não se enquadrem
nos livros definidos no parágrafo primeiro deste artigo.
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Art. 4º O processo de registro, já instruído com as eventuais manifestações
apresentadas, será levado à decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
Art. 7º O IPHAN fará a reavaliação dos bens culturais registrados, pelo menos a cada
dez anos, e a encaminhará ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural para
decidir sobre a revalidação do título de “Patrimônio Cultural do Brasil”.
Parágrafo único. Negada a revalidação, será mantido apenas o registro, como
referência cultural de seu tempo.
FONTE: Adaptado de BRASIL. Decreto 3.551, de 4 de agosto de 2000. Institui o Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do
Patrimônio Imaterial e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-
to/d3551.htm#:~:text=Institui%20o%20Registro%20de%20Bens,Imaterial%20e%20d%C3%A1%20
outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 5 maio 2021.
39
3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Conforme a Carta Magna em seu Art. 23:
DICAS
Caro acadêmico, o Artigo 23 da Constituição Federal, possui outros incisos,
mostramos aqui somente os que tangem ao conteúdo que estamos
estudando. Caso queira conhecer os demais, assim como o texto da
Constituição na íntegra, acesse: https://bit.ly/3bKce9w.
Título VIII
Da Ordem Social
Capítulo III
Da Educação, da Cultura e do Desporto
Seção II
Da Cultura
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso
às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-
brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os
diferentes segmentos étnicos nacionais.
40
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando
ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que
conduzem à:
I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II – produção, promoção e difusão de bens culturais;
III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas
dimensões;
IV – democratização do acesso aos bens de cultura;
V – valorização da diversidade étnica e regional.
41
pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover
o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos
culturais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012).
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura
e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos
seguintes princípios:
I – diversidade das expressões culturais;
II – universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
III – fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;
IV – cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes
na área cultural;
V – integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações
desenvolvidas;
VI – complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
VII – transversalidade das políticas culturais;
VIII – autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;
IX – transparência e compartilhamento das informações;
X – democratização dos processos decisórios com participação e controle social;
XI – descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;
XII – ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a
cultura.
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas
da Federação:
I – órgãos gestores da cultura;
II – conselhos de política cultural;
III – conferências de cultura;
IV – comissões intergestores;
V – planos de cultura;
VI – sistemas de financiamento à cultura;
VII – sistemas de informações e indicadores culturais;
VIII – programas de formação na área da cultura; e
IX – sistemas setoriais de cultura.
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema Nacional de Cultura, bem
como de sua articulação com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de
governo.
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão seus respectivos
sistemas de cultura em leis próprias.
42
LEITURA
COMPLEMENTAR
CARTA DE FORTALEZA
O PLENÁRIO, CONSIDERANDO:
PROPÕE E RECOMENDA
43
• Que o Ministério da Cultura viabilize a integração do referido inventário ao Sistema
Nacional de Informações Culturais.
• Que seja criado um grupo de trabalho no Ministério da Cultura, sob a coordenação
do IPHAN, com a participação de suas entidades vinculadas e de eventuais
colaboradores externos, com o objetivo de desenvolver os estudos necessários
para propor a edição de instrumento legal, dispondo sobre a criação do instituto
jurídico denominado registro, voltado especificamente para a preservação dos bens
culturais de natureza imaterial.
• Que o grupo de trabalho estabeleça as necessárias interfaces para que sejam
estudadas medidas voltadas para a promoção e o fomento dessas manifestações
culturais, entendidas como iniciativas complementares indispensáveis à proteção
legal propiciada pelo instituto do registro. Essas medidas serão formuladas tendo
em vista as especificidades das diferentes manifestações culturais, e com a
participação de outros agentes do poder público e da sociedade.
44
1988. Em defesa da criação de instrumentos legais complementares com o objetivo
de regulamentar as outras formas de acautelamento e preservação mencionadas no
parágrafo primeiro do Art. 216 da Constituição Federal.
45
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• O Art. 215 da Constituição Federal de 1988 versa que: “o Estado garantirá a todos
o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.
46
AUTOATIVIDADE
1 O primeiro instrumento jurídico de proteção ao patrimônio criado em 1937 pelo
Decreto-Lei nº 25, tem como objetivo a manutenção das características do patrimônio
material, das quais se podem reconhecer o valor cultural que lhe é atribuído. Com
relação ao exposto, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Inventário.
b) ( ) Registro.
c) ( ) Catálogo.
d) ( ) Tombamento.
a) ( ) As formas de expressão.
b) ( ) A musicalidade do Mercosul.
c) ( ) Os modos de criar, fazer e viver.
d) ( ) As criações científicas, artísticas e tecnológicas.
47
5 A Constituição Federal, em seu Art. 216, versa sobre o patrimônio cultural brasileiro.
Escreva sobre o assunto.
48
REFERÊNCIAS
BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1983.
CHAUÍ, M. Cidadania cultural: o direito à cultura. São Paulo: Perseu Abramo, 2006.
49
INTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Frevo. Brasília:
IPHAN, 2014a. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/62. Acesso
em: 5 maio 2021.
50
SANTOS, H. M.; TELLES, M. F. P. Livros do Tombo. In: GRIECO, B.; TEIXEIRA, L.;
THOMPSON, A. (Orgs.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. Rio de Janeiro,
Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3eTZHV5. Acesso em:
4 abr. 2021.
51
52
UNIDADE 2 —
• Saber mais sobre o sistema Brasileiro de Museus (SBM), sobre o Instituto Brasileiro
de Museus (IBRAM) e sobre o Plano Nacional Setorial de Museus (PNSM).
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
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53
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A TRILHA DA
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54
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
O SURGIMENTO DOS MUSEUS E O CONTEXTO
BRASILEIRO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 1 desta unidade, abordaremos o início das instituições
de memória em contexto geral até chegarmos à realidade brasileira.
O Museu Real só veio a ser aberto ao público, uma vez por semana, depois do
despacho de uma portaria em 1819. A partir de 1822, o museu recebeu em suas insta-
lações a Academia de Belas Artes, com o seu acervo exposto no local. Mais tarde, essa
coleção daria origem ao Museu Nacional de Belas Artes, fundado em 1937. O nome do
Museu Real teve seu nome alterado algumas vezes: foi chamado de Museu Imperial e,
por fim, Museu Nacional. Também passou por mudanças de instalações: em 1892, sua
sede foi transferida do Campo de Santana para o Paço de São Cristóvão, que já tinha
sido residência da Família Real e da Família Imperial. Em 1946, o Museu Nacional seria
incorporado à estrutura da Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio
de Janeiro). Segundo o Museu Nacional UFRJ (2021, s.p.), sua missão é "Descobrir e
interpretar fenômenos do mundo natural e as culturas humanas, difundindo o seu co-
nhecimento com base na realização de pesquisas, organização de coleções, formação
de recursos humanos e educação científica, assim como atuar na preservação do patri-
mônio científico, histórico, natural e cultural em benefício da sociedade".
Não podemos seguir este livro sem deixar de mencionar um triste capítulo para
a história dos museus brasileiros: o incêndio de grandes proporções que destruiu o
Museu Nacional, a nossa maior e mais importante instituição museológica. O incêndio
aconteceu no dia 2 de setembro de 2018 e causou comoção em trabalhadores de
museus, pesquisadores e agentes culturais nacionais e internacionais. O maior museu
de história natural do Brasil tinha um acervo de mais de 20 milhões de itens, com
fósseis, múmias, peças indígenas, livros raros etc. Existe um projeto para reconstrução
do museu que possivelmente deve acontecer nos próximos anos.
57
FIGURA 4 – VISTA AÉREA DO MUSEUS NACIONAL, APÓS O INCÊNDIO
Com o decorrer dos anos, foram surgindo outras experiências de caráter museo-
lógico com o apoio de recursos particulares. As coleções científicas e culturais aos poucos
foram se tornando museus, como aconteceu no Rio de Janeiro, em 1838, no Instituto Histó-
rico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Segundo a própria instituição, seus objetivos estabeleci-
dos no Art. 1º do Estatuto de 1838, são mantidos até a atualidade, adaptados às conjunturas
nacionais e internacionais, de que é o primordial: "coligir, metodizar, publicar ou arquivar os
documentos necessários para a História e a Geografia do Brasil" (IHGB, 2021, s.p.).
58
Paraense Emilio Goeldi, como é hoje conhecido. Inicialmente, administrado pelo governo
do Pará, mais tarde passou a ser unidade autônoma integrante do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), passando a ser administrado pela
União. Segundo o Museu paraense Emílio Goeldi (c2021, s.p.), a missão do Museu é:
“Gerar e comunicar conhecimentos e tecnologias sobre a biodiversidade, os sistemas
naturais e os processos socioculturais relacionados à Amazônia”.
59
No período republicano, iniciado com a proclamação da República em 15 de novem-
bro de 1889, houve crescimento do número de instituições museológicas nas províncias
brasileiras. Em 7 de setembro de 1895, foi criado o Museu Paulista, em São Paulo. Inicial-
mente, voltado à História Natural, a partir das comemorações do centenário da independên-
cia do Brasil, em 1922, seu principal objetivo passou a ser a abordagem da história do Brasil
com a criação de novos núcleos temáticos. Em 1989, parte de sua coleção foi transferida
para o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP).
60
Além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional de Belas Artes, outros
museus foram surgindo a partir da década de 1930 do século XX. Fruto da idealização
e da parceria do empresário e jornalista Assis Chateaubriand e do também jornalista e
crítico de arte Pietro Maria Bardi, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) nasce já com
uma vasta coleção, que inclui artistas renomados de dentro e de fora do país. As peças
começaram a ser adquiridas logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, já que houve
uma queda nos valores de mercado, o que proporcionou a criação de várias coleções,
que mais tarde originariam vários museus. Essas obras foram expostas inicialmente
no prédio dos Diários Associados, que pertencia também a Assis Chateaubriand. Sua
sede, inaugurada em 1968, é fruto do projeto arquitetônico da italiana Lina Bo Bardi,
figura ícone da arquitetura modernista brasileira. A edificação, assim como a coleção do
MASP tombada em 1969, recebeu proteção federal pelo Iphan em 2003, devido a sua
importância histórica, artística e cultural.
O Museu de Arte Moderna (MAM/SP) foi fundado em 1948. Sua sede só foi
inaugurada em 1958, no Parque do Ibirapuera. A partir de 1969, com o programa Panorama
da Arte Brasileira, o MAM/SP, tornou-se um museu difusor de arte contemporânea.
Segundo a própria instituição (MAM/SP, c2021, s.p.), “o museu é uma sociedade civil
de interesse público, sem fins lucrativos, fundada em 1948”. Sua coleção possui mais
de cinco mil obras produzidas pelos nomes mais representativos da arte moderna
e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto a coleção como as exposições
privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística
mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.
61
Em Florianópolis, o Museu de Arte Moderna surgiu após uma mostra de arte que
aconteceu na cidade, a “Exposição de Arte Contemporânea”, levada pelo escritor carioca
Marques Rebelo em 1948. Essa exposição foi acompanhada por palestras e atividades em
diversos locais da cidade, o que acabou despertando o desejo de criar uma instituição que
mostrasse a renovação das artes plásticas no estado de Santa Catarina. Em 18 de março de
1949, por meio de um Decreto Estadual, o museu foi instituído. Hoje com o nome de Museu
de Arte de Santa Catarina (MASC), está vinculado à Fundação Catarinense de Cultura.
É importante deixar claro que, ainda que no passado, a criação jurídica dos
museus brasileiros nem sempre coincidia com sua abertura ao público, hoje em dia
é preciso seguir a legislação à risca. De acordo com a legislação brasileira atual, caro
acadêmico, todo museu precisa ser criado através de uma normativa legal, ou seja,
através de uma lei específica de criação.
62
3 OS MUSEUS NA ATUALIDADE
Os museus chegam ao século XXI motivados pelas grandes transformações
sociais, econômicas, políticas e, consequentemente, culturais ocorridas no período.
No âmbito das políticas públicas, iniciamos o século com algumas reflexões, fruto de
algumas medidas articuladas ainda no século XX. O Ministério da Cultura (MINC) foi
criado em 15 de março de 1985, pelo Decreto nº 91.144. Anteriormente, no período
compreendido entre 1953 a 1985, as atribuições desta pasta eram de autoridade do
extinto Ministério da Educação e Cultura (MEC).
63
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Para um museu ser criado, ele necessita ser constituído legalmente, ou seja, criado
através de uma legislação específica.
• Os avanços das políticas culturais brasileiras nos últimos anos, com a redemocra-
tização e a forte atuação do Ministério da Cultura, impulsionaram o setor museoló-
gico com políticas museais alinhadas às necessidades dos museus brasileiros, do
patrimônio cultural presente neles e também da sociedade.
64
AUTOATIVIDADE
1 Com base nas leituras feitas neste tópico, a primeira instituição museológica brasileira
foi criada no ano de:
a) ( ) 1808.
b) ( ) 1818.
c) ( ) 1828.
d) ( ) 1838.
2 Qual o único nome que a primeira instituição museológica brasileira não teve:
a) ( ) Museu Nacional.
b) ( ) Museu Real.
c) ( ) Museu do Brasil.
d) ( ) Museu Imperial.
a) ( ) 1922.
b) ( ) 1932.
c) ( ) 1942.
d) ( ) 1952.
5 O Brasil foi o último país da América Latina a ter o curso de Museus, o que mostra sua
falta de interesse na qualificação e formação nessa área específica. Tal afirmação é
verdadeira ou falsa? Comente a respeito.
65
66
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
POLÍTICAS DO SETOR MUSEAL
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 2 desta unidade, abordaremos as políticas do setor
museal brasileiro para que entendamos os avanços que tivemos nos últimos anos no
âmbito cultural de maneira mais amplificada.
67
A Política Nacional de Museus (PNM) foi lançada pelo Ministério da Cultura em
16 de maio de 2003 em meio às comemorações do Dia Internacional de Museus, que é
dia 18 de maio. O lançamento aconteceu no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro.
Os documentos básicos, após debate com a comunidade museológica, culminaram no
lançamento do caderno: Política nacional de museus: memória e cidadania. Logo na
introdução da PNM, deixa-se claro o destaque para a função social do museu:
68
5. Modernização de infraestruturas museológicas.
6. Financiamento e fomento para museus.
7. Aquisição e gerenciamento de acervos culturais (BRASIL, 2003).
O cenário de efervescência na área cultural nesse início dos anos 2000 está
ligado à excelente gestão do Ministério da Cultura e um olhar mais atento a fim de
proporcionar o melhoramento das políticas e das legislações para gerar crescimento
e avanços. O Ministério da Cultura não só incentivou a Política Nacional de Museus
como criou o Departamento de Museus e Centros Culturais do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (DEMU/IPHAN). Pelo estímulo do MINC, vários estados da
federação realizaram fóruns estaduais, contribuindo, assim, para a criação, manutenção
e fortalecimento de sistemas estaduais e municipais de museus.
69
FIGURA 10 – 1° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS
FONTE: <http://fnm.museus.gov.br/wp-content/uploads/2014/11/2FNM_OP_2006-300x225.jpg>.
Acesso em: 3 maio 2021.
70
O 3º Fórum Nacional de Museus aconteceu entre 7 e 11 de julho em Florianópolis
(SC), com o tema: Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento. O
evento teve como objetivo refletir, avaliar e estabelecer diretrizes para a Política Nacional
de Museus (PNM) e para o Sistema Brasileiro e Museus (SBM). A proposta foi delinear
diretrizes não apenas para democratizar o acesso aos museus instituídos, mas também
para democratizar o próprio museu compreendido como tecnologia e ferramenta de
trabalho adequada para uma relação nova, criativa e participativa com o passado, o
presente e o futuro. Durante o fórum, foram oferecidos minicursos de capacitação em
diversas áreas de atuação do campo museológico.
FONTE: <https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/09/3FNM_-Floripa2008_Ibram-
-300x225.jpg>. Acesso em: 3 maio 2021.
71
O 4° Fórum Nacional de Museus ocorreu de 12 a 17 de julho de 2010, em
Brasília (DF), com o tema: Direito à memória, direito a museus. Durante o evento, foram
ministrados minicursos e discutidas ações de política pública para a área de museus em
painéis e comunicações coordenadas.
72
O evento teve como metas:
73
FNM 2014 ainda realizou a Teia da Memória, encontro nacional dos Pontos de Memória e
iniciativas de memória e museologia social do Brasil, a revisão do Plano Nacional Setorial
de Museus (PNSM) e o encontro do Programa Nacional de Educação Museal (PNEM).
FONTE: <https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2014/08/6FNM_Belem2014.jpg>.
Acesso em: 3 maio 2021.
ESTUDOS FUTUROS
Caro acadêmico, na Leitura Complementar desta unidade, você terá acesso
ao documento mencionado no texto anterior da Organização das Nações
Unidas para a educação, a ciência e a cultura, que diz respeito à proteção e
à promoção dos museus.
74
reuniões específicas – como as de Pontos de Memória e da Rede de Educadores de
Museus – além de atividades culturais, como exposição de artesanato, lançamento de
publicações e visitas a museus da capital gaúcha. Durante todo o evento, houve espaço
com estandes com produtos e relacionados à cadeia produtiva dos museus.
Art. 1°
I - liberdade de expressão, criação e fruição;
II - diversidade cultural;
III - respeito aos direitos humanos;
IV - direito de todos à arte e à cultura;
V - direito à informação, à comunicação e à crítica cultural;
VI - direito à memória e às tradições;
VII - responsabilidade socioambiental;
VIII - valorização da cultura como vetor do desenvolvimento
sustentável;
IX - democratização das instâncias de formulação das políticas
culturais;
X - responsabilidade dos agentes públicos pela implementação
das políticas culturais;
XI - colaboração entre agentes públicos e privados para o
desenvolvimento da economia da cultura;
XII - participação e controle social na formulação e
acompanhamento das políticas culturais.
Art. 2º São objetivos do Plano Nacional de Cultura:
I - reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional
brasileira;
II - proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material
e imaterial;
75
III - valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais;
IV - promover o direito à memória por meio dos museus, arquivos e
coleções;
V - universalizar o acesso à arte e à cultura;
VI - estimular a presença da arte e da cultura no ambiente
educacional;
VII - estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores
simbólicos;
VIII - estimular a sustentabilidade socioambiental;
IX - desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, o consumo
cultural e a exportação de bens, serviços e conteúdos culturais;
X - reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões tradicio-
nais e os direitos de seus detentores;
XI - qualificar a gestão na área cultural nos setores público e privado;
XII - profissionalizar e especializar os agentes e gestores culturais;
XIII - descentralizar a implementação das políticas públicas de cultura;
XIV - consolidar processos de consulta e participação da sociedade
na formulação das políticas culturais;
XV - ampliar a presença e o intercâmbio da cultura brasileira no
mundo contemporâneo;
XVI - articular e integrar sistemas de gestão cultural (BRASIL, 2010, s.p.).
DICAS
Caro acadêmico, aconselhamos a leitura da lei na íntegra. Para isso acesse:
Planalto. Gov.br. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2010/Lei/L12343.htm>. Acesso em: 27 dez. 2020.
76
O texto foi instituído pela Portaria nº 422, de 30 de novembro de 2017 e inte-
gra o Caderno da PNEM, publicação que traz um breve histórico da educação museal
no Brasil, um resumo do processo de construção participativa da PNEM e conceitos-
-chave que devem guiar o trabalho nesta área. São princípios da Política Nacional de
Educação Museal:
77
FIGURA 18 – CAPA DO CADERNO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO MUSEAL
FONTE: <https://www.museus.gov.br/caderno-da-politica-nacional-de-educacao-museal/>.
Acesso em: 3 maio 2021.
DICAS
Caro estudante, caso tenha interesse de ler o caderno na íntegra, acesse
o link a seguir: https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2019/07/
Caderno-da-PNEM.pdf.
78
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• A Lei n° 12.343 de 2010, que institui o Plano Nacional de Cultura (PNC) e seus
princípios, encerrou este tópico entendendo a relevância da Política Nacional de
Educação Museal (PNEM) e seus princípios.
79
AUTOATIVIDADE
1 Os sete eixos da Política Nacional de Museus são:
a) ( ) Estabelecer a educação museal como função dos museus, reconhecida nas leis
e explicitada nos documentos norteadores com a preservação, comunicação e
pesquisa.
b) ( ) A educação museal compreende um processo simples e de poucas dimensões
de ordem teórica, prática e de planejamento, com diálogo pontual entre o museu
e a sociedade.
c) ( ) Garantir que cada instituição possua setor de educação museal, composto por
uma equipe qualificada e multidisciplinar, com a mesma equivalência apontada
no organograma para os demais setores técnicos do museu, prevendo dotação
orçamentária e participação nas esferas decisórias do museu.
80
d) ( ) Cada museu deverá construir e atualizar sistematicamente o Programa Educativo
e Cultural, entendido como uma Política Educacional, em consonância ao Plano
Museológico, levando em consideração as características institucionais e dos
seus diferentes públicos, explicitando os conceitos e referenciais teóricos e
metodológicos que embasam o desenvolvimento das ações educativas.
a) ( ) 2004 em Salvador/Bahia.
b) ( ) 2005 em Florianópolis/Santa Catarina.
c) ( ) 2006 em Porto Alegre/Rio Grande do Sul.
d) ( ) 2007 em Ouro Preto/Minas Gerais.
a) ( ) 15 de março.
b) ( ) 18 de março.
c) ( ) 15 de maio.
d) ( ) 18 de maio.
8 Disserte sobre a Política Nacional de Museus (PNM), explique seu contexto colaborativo
e quais cuidados o Ministério da Cultura precisou ter para efetivar a sua criação.
81
82
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
A ARTICULAÇÃO DO CAMPO MUSEAL
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 3 desta unidade, abordaremos importantes políticas
públicas e criações que elevaram e qualificaram a articulação do setor museal brasileiro.
Sendo assim, veremos também como e com qual finalidade foi criado o
Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), através Lei nº 11.906 de 2009. O IBRAM é uma
autarquia federal, dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia
administrativa e financeira, com sede e foro na Capital Federal, podendo estabelecer
escritórios ou dependências em outras unidades da Federação.
83
3 A CRIAÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS
A Lei nº 11.906 de 20 de janeiro de 2009 cria o Instituto Brasileiro de Museus
(IBRAM), autarquia federal, dotada de personalidade jurídica de direito público, com
autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério da Cultura, com sede e
foro na Capital Federal, podendo estabelecer escritórios ou dependências em outras
unidades da Federação.
84
VII – promover a permanente qualificação e a valorização de recursos humanos do setor;
VIII – desenvolver processos de comunicação, educação e ação cultural, relativos
ao patrimônio cultural sob a guarda das instituições museológicas para o
reconhecimento dos diferentes processos identitários, sejam eles de caráter
nacional, regional ou local, e o respeito à diferença e à diversidade cultural do
povo brasileiro; e
IX – garantir os direitos das comunidades organizadas de opinar sobre os processos
de identificação e definição do patrimônio a ser musealizado.
85
XIV – estimular e apoiar os programas e projetos de qualificação profissional de
equipes que atuam em instituições museológicas;
XV – coordenar o Sistema Brasileiro de Museus, fixar diretrizes, estabelecer orientação
normativa e supervisão técnica para o exercício de suas atividades sistematizadas;
XVI – promover e assegurar a divulgação no exterior do patrimônio cultural brasileiro
musealizado, em articulação com o Ministério das Relações Exteriores; e
XVII – exercer, em nome da União, o direito de preferência na aquisição de bens
culturais móveis, prevista no Art. 22 do Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro
de 1937, respeitada a precedência pelo órgão federal de preservação do
patrimônio histórico e artístico.
FONTE: BRASIL. Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009. Cria o Instituto Brasileiro de Museus –
IBRAM, cria 425 (quatrocentos e vinte e cinco) cargos efetivos do Plano Especial de Cargos da Cultura,
cria Cargos em Comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS e Funções Gratificadas,
no âmbito do Poder Executivo Federal, e dá outras providências. 2009b. Disponível em: https://bit.ly/3u-
VpOjX. Acesso em: 3 maio 2021.
IMPORTANTE
Caro acadêmico, o Decreto n° 25 de 30 de novembro de 1937 encontra-
se disponível no Tópico 3 da Unidade 1 deste livro didático, caso precise
retome a leitura.
86
a) preservação, conservação, documentação, restauração e segurança dos bens
culturais musealizados e declarados de interesse público;
b) estudos de público, diagnóstico de participação e avaliações periódicas a serem
realizados pelos museus, para melhorar progressivamente a qualidade do
funcionamento e o atendimento às necessidades de visitantes e usuários;
c) condições de segurança das instalações dos museus;
d) restrições à entrada de objetos e de pessoas, que deverão ser justificadas e
expostas em local de fácil visualização para visitantes e usuários;
e) formas de colaboração com entidades de segurança pública no combate aos
crimes contra a propriedade e tráfico de bens culturais;
f) acessibilidade nos museus; e
g) elaboração do plano museológico.
DICAS
Caro acadêmico, sugerimos como Leitura Complementar o texto da Lei nº
11.906. Na íntegra em: https://bit.ly/2RqqvTw..
87
3.1 PLANO NACIONAL SETORIAL DE MUSEUS
A elaboração do Plano Nacional Setorial de Museus (PNSM) representa um marco
na história do desenvolvimento do campo museal brasileiro. Pela primeira vez na história
de nosso país, na esfera cultural, teve-se um planejamento e uma agenda política da área
museológica construídos de forma conjunta. O PNSM é decorrência do Plano Nacional de
Cultura e da II Conferência Nacional de Cultura – II CNC, bem como do seu conjunto de
reuniões setoriais, particularmente, a primeira Pré-Conferência de Museus e Memórias.
O Plano Nacional Setorial de Museus foi se moldando ao longo dos anos e teve
suas diretrizes elaboradas e aprovadas na quarta edição do Fórum Nacional de Museus,
que aconteceu em Brasília, entre os dias 12 e 17 de julho de 2010. Antes dessa data, foram
realizadas plenárias estaduais que mobilizaram representantes da área museológica, da
sociedade civil e do poder público. O Plano Nacional Setorial de Museus aponta para a
consolidação de uma política pública específica para o setor, a qual vem proporcionando
uma profunda mudança no panorama museal do Brasil nos últimos oito anos.
88
• Eixo III – Cultura e desenvolvimento sustentável.
o Diretriz: promover políticas públicas que garantam a gestão museal e o acesso
a mecanismos de fomento e financiamento direcionados para a diversidade e o
patrimônio cultural, os direitos humanos e a cidadania, integrando a economia, a
museologia, a educação, a arte, o turismo e a ciência e tecnologia, visando ao de-
senvolvimento local e regional, bem como à sustentabilidade cultural e ambiental.
• Eixo IV – Cultura e economia criativa.
o Diretriz: fomentar a relação museu-comunidade, considerando a função social
dos museus, produzindo novas perspectivas de geração de renda pautadas em
produtos e serviços que aproveitem potencialidades, saberes e fazeres. Nesse
sentido, criando o Fundo Setorial de Museus em âmbito Federal, Estadual,
Municipal e Distrital voltado para entidades governamentais e não governamentais,
a fim de garantir a sustentabilidade de seus planos museológicos, plurianuais e
destacando a manutenção dessas instituições.
• Eixo V – Gestão e Institucionalidade da Cultura.
o Diretriz: garantir a continuidade da Política Nacional de Museus e a implantação
do Estatuto de Museus, respeitando a diversidade regional, com a ampliação dos
investimentos na área.
NOTA
Caro acadêmico, é importante ficar atento nesse detalhe: no 4° Fórum
Nacional de Museus, foram traçadas diretrizes prioritárias para a Política
Nacional Setorial de Museus, além das traçadas na II Conferência Nacional
de Cultura e apresentadas anteriormente. Para conhecer as diretrizes e
outras informações, sugerimos a leitura desse texto na íntegra em: https://
www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/PSNM-Versao-Web.pdf.
89
LEITURA
COMPLEMENTAR
RECOMENDAÇÃO REFERENTE À PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DOS MUSEUS E
COLEÇÕES, SUA DIVERSIDADE E SEU PAPEL NA SOCIEDADE
INTRODUÇÃO
90
e entretenimento”. Como tal, museus são instituições que buscam representar a
diversidade cultural e natural da humanidade, assumindo um papel essencial na
proteção, preservação e transmissão do patrimônio.
Preservação
Pesquisa
9. Pesquisa, incluindo o estudo das coleções, é outra função primária dos museus. A pes-
quisa pode ser conduzida por museus em colaboração com outros. Apenas por meio do
conhecimento obtido de tais pesquisas, o completo potencial dos museus pode ser alcan-
çado e oferecido ao público. A pesquisa é de extrema importância para os museus para
que se ofereçam oportunidades de reflexão sobre a história em um contexto contempo-
râneo, assim como para a interpretação, representação e apresentação de coleções.
91
Comunicação
10. A comunicação é outra função primária dos museus. Estados Membros devem
encorajar museus a interpretar e disseminar ativamente o conhecimento sobre coleções,
monumentos e sítios dentro de suas áreas específicas de expertise e a organizar
exposições, conforme apropriado. Ademais, os museus devem ser encorajados a utilizar
todos os meios de comunicação para desempenhar um papel ativo na sociedade, por
exemplo, organizando eventos públicos, tomando parte em atividades culturais relevantes
e em outras interações com o público tanto em formatos físicos quanto digitais.
Educação
12. A educação é outra função primária dos museus. Os museus atuam na educação formal
e informal e na formação continuada, por meio do desenvolvimento e da transmissão
do conhecimento, programas educacionais e pedagógicos, em parceria com outras
instituições, especialmente escolas. Programas educacionais em museus contribuem
primariamente para educar diversos públicos acerca dos tópicos de suas coleções e sobre
vida cívica, bem como ajudam a gerar consciência sobre a importância de se preservar o
patrimônio e impulsionam a criatividade. Os museus podem ainda promover conhecimento
e experiências que contribuam à compreensão de temas sociais relacionados.
Globalização
92
15. De modo a diversificar suas fontes de renda e aumentar sua autossustentabilidade,
muitos museus têm ampliado, por escolha ou necessidade, suas atividades geradoras
de renda. Os Estados-membros não devem conferir prioridade elevada à geração de
receita em detrimento das funções primárias dos museus. Os Estados-membros devem
reconhecer que aquelas funções primárias, por serem de extrema importância para a
sociedade, não podem ser expressas em termos puramente financeiros.
Função social
16. Os Estados-membros são encorajados a apoiar a função social dos museus, destacado
pela Declaração de Santiago do Chile, de 1972. Os museus são cada vez mais vistos, em
todos os países, como tendo um papel-chave na sociedade e como fator de promoção
à integração e coesão social. Neste sentido, podem ajudar as comunidades a enfrentar
mudanças profundas na sociedade, incluindo aquelas que levam ao crescimento da
desigualdade e à quebra de laços sociais.
17. Museus são espaços públicos vitais que devem abordar o conjunto da sociedade e
podem, portanto, desempenhar importante papel no desenvolvimento de laços sociais
e de coesão social na construção da cidadania e na reflexão sobre identidades coletivas.
Os museus devem ser lugares abertos a todos e comprometidos com o acesso físico e o
acesso à cultura para todos, incluindo grupos vulneráveis. Eles podem constituir espaços
para reflexão e debate sobre temas históricos, sociais, culturais e científicos. Os museus
devem também promover o respeito aos direitos humanos e à igualdade de gênero. Os
Estados-membros devem encorajar os museus a cumprir todos estes papéis.
18. Nos casos em que o patrimônio cultural de povos indígenas esteja representado
em coleções de museus, os Estados-membros devem tomar as medidas apropriadas
para encorajar e facilitar o diálogo e o estabelecimento de relações construtivas entre
estes museus e os povos indígenas com respeito à gestão destas coleções e, onde
apropriado, ao retorno ou restituição de acordo com as leis e políticas aplicáveis.
93
POLÍTICAS
Políticas gerais
23. A diversidade dos museus e do patrimônio do qual são guardiões constitui o seu
maior valor. Solicita-se aos Estados-membros proteger e promover esta diversidade e,
ao mesmo tempo, encorajar os museus a basear-se nos critérios de excelência definidos
e promovidos pelas comunidades de museus nacionais e internacionais.
Políticas funcionais
94
altamente importante nesse sentido, mas não deve ser considerada como um substituto
para a conservação de coleções.
26. Boas práticas para o funcionamento, proteção e promoção dos museus e de sua
diversidade e papel na sociedade foram reconhecidas por redes nacionais e internacionais
de museus. Essas boas práticas são continuamente atualizadas para refletir inovações
no campo. A este respeito, o Código de Ética para Museus adotado pelo Conselho
Internacional de Museus (ICOM) constitui a referência mais amplamente compartilhada.
Os Estados-membros são encorajados a promover a adoção e disseminação deste e de
outros códigos de ética e boas práticas e a usá-los para subsidiar o desenvolvimento de
padrões, de políticas de museus e da legislação nacional.
29. As funções dos museus são também influenciadas pelas novas tecnologias e por
seu papel crescente na vida cotidiana. Estas tecnologias têm grande potencial para
promover os museus por todo o mundo, mas também constituem barreiras potenciais
para pessoas e museus que não têm acesso a elas ou o conhecimento e habilidades
para usá-las de forma efetiva. Os Estados-membros devem se esforçar para fornecer
acesso a estas tecnologias para os museus nos territórios sob sua jurisdição ou controle.
30. A função social dos museus, junto à preservação do patrimônio, constitui seu
propósito fundamental. O espírito da Recomendação sobre os Meios mais efetivos
de tornar os museus acessíveis a todos, de 1960, permanece importante na criação
de um lugar duradouro para os museus na sociedade. Os Estados-membros devem se
empenhar para incluir esses princípios nas leis concernentes aos museus estabelecidos
nos territórios sob sua jurisdição.
31. A cooperação dentro dos setores de museus e instituições responsáveis por cultura,
patrimônio e educação é uma das formas mais efetivas e sustentáveis de proteger e
promover os museus, sua diversidade e seu papel na sociedade. Os Estados-membros
devem, portanto, encorajar a cooperação e parcerias entre museus e instituições culturais
95
e científicas em todos os níveis, incluindo sua participação em redes profissionais e
associações que promovem tal cooperação e exposições internacionais, intercâmbios e
mobilidade de coleções.
32. As coleções definidas no parágrafo 5, quando abrigadas em instituições que não são
museus, devem ser protegidas e promovidas a fim de preservar a coerência e melhor
representar a diversidade cultural do patrimônio daqueles países. Os Estados-membros
são convidados a cooperar na proteção, pesquisa e promoção dessas coleções, assim
como na promoção do acesso a elas.
96
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• O Sistema Brasileiro de Museus (SBM) foi criado por meio do Decreto n° 5.264/2004,
sendo reconhecido como um grande marco nas políticas públicas voltadas ao setor
museológico brasileiro.
97
AUTOATIVIDADE
1 O Sistema Brasileiro de Museus tinha como finalidade, EXCETO:
98
4 O Plano Nacional Setorial de Museus foi um instrumento de planejamento estratégico
que teve grande importância no cenário da cultura brasileira. Possui cinco eixos e em
cada eixo encontramos uma diretriz traçada na Segunda Conferência Nacional de
Cultura. Com relação aos referidos eixos, assinale a alternativa CORRETA:
99
REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria nº 422, de 30 de novembro de 2017. Dispõe sobre a Política
Nacional de Educação Museal – PNEM e dá outras providências. Brasília, 13 dez. 2017.
Disponível em: http://rubi.casaruibarbosa.gov.br/bitstream/20.500.11997/12232/1/
Portaria-422-2017-PNEM.pdf. Acesso em: 3 maio 2021.
BRASIL. Política Nacional de museus. Brasília: MINC, 2007. Disponível em: https://
www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2010/01/politica_nacional_museus.pdf.
Acesso em: 3 maio 2021.
100
G1. Instituto Geográfico e histórico da Bahia comemora 121 anos. 2015.
Disponível em: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2015/08/instituto-geografico-e-
historico-da-bahia-celebra-121-anos-de-fundacao.html. Acesso em: 3 maio 2021.
G1. O que se sabe sobre o incêndio do Museu Nacional, no Rio. 2018. Disponível
em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/09/04/o-que-se-sabe-
sobre-o-incendio-no-museu-nacional-no-rio.ghtml. Acesso em: 3 maio 2021.
101
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (IHGB). Objetivos. c2021.
Disponível em: https://www.ihgb.org.br/ihgb/objetivos.html. Acesso em: 3 maio 2021.
102
UNIDADE 3 —
OS MUSEUS E O
PROFISSIONAL MUSEÓLOGO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
103
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
104
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
O ESTATUTO DE MUSEUS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 1 desta unidade, abordaremos a Lei nº 11.904 do ano
de 2009, que instituiu o Estatuto de Museus.
Nesse tópico, você entenderá mais sobre a definição de museu que está vigente
tanto no estatuto quanto nas demais leis, programas, projetos, portarias e documentos
oficiais da área museológica.
2 A INSTITUIÇÃO DO ESTATUTO
O Estatuto de Museus foi instituído pela Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009,
em um cenário de grande progresso no campo museal brasileiro. O contexto desses
avanços na área museológica já foi visto por você, caro acadêmico, na Unidade 2 deste
livro didático. Caso surgirem dúvidas, aconselhamos que retome a leitura sempre que
achar necessário.
105
É importante frisarmos também o que se diz no parágrafo único: “Enquadrar-se-
ão nesta Lei as instituições e os processos museológicos voltados para o trabalho com o
patrimônio cultural e o território visando ao desenvolvimento cultural e socioeconômico
e à participação das comunidades” (BRASIL, 2009).
106
prevê que os museus poderão criar um serviço de acolhimento, formação e gestão de
voluntariado, dotando-se de um regulamento específico, assegurando e estabelecendo
o benefício mútuo da instituição e dos voluntários.
IMPORTANTE
Caro acadêmico, não se esqueça de que o Estatuto de Museus tem como
foco as instituições museológicas e processos museológicos voltados para o
trabalho com o patrimônio cultural e o território, visando o desenvolvimento
cultural e socioeconômico e a participação das comunidades. Esta lei não
se aplica às bibliotecas, aos arquivos, aos centros de documentação e às
coleções visitáveis. Lembramos, ainda, que são consideradas coleções
visitáveis os conjuntos de bens culturais conservados por uma pessoa
física ou jurídica, que não apresentem as características previstas no artigo
primeiro do Estatuto de Museus e que sejam abertos à visitação, ainda que
esporadicamente.
FIGURA 4 – RESERVA TÉCNICA DO MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES COM PORTA CORTA FOGO
FIGURA 5 – CLAVICULÁRIO
FONTE: <http://boletim.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/02/claviculario-300x249.jpg>.
Acesso em: 4 maio 2021.
109
O claviculário é um equipamento de segurança utilizado para guardar um
volume grande de chaves. Em uma situação de sinistro, é imprescindível a organização,
é necessário saber onde estão as chaves de cada sala sem ter que ficar procurando ou
indo sala por sala, armário por armário, gaveta por gaveta na tentativa de achar, já que
todo minuto desperdiçado pode ser decisivo no salvamento ou na perda de acervo;
informações, pesquisas, materiais e, principalmente, da vida humana.
Esses são alguns exemplos de itens a constar nos programas de segurança das
instituições museológicas, a fim de dirimir os riscos para os museus, seu acervo e seu
público.
• forças físicas;
• furto, roubo e vandalismo;
• fogo;
• água;
• pragas;
• poluentes;
• luz e radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV);
• temperatura incorreta;
• umidade incorreta;
• dissociação.
110
FIGURA 6 – FACHADA DE MUSEU É ALVO DE VANDALISMO
FIGURA 8 – MUSEU CASA DO PONTAL, COM MAIOR ACERVO DE ARTE POPULAR DO PAÍS INUNDADO
111
DICAS
Caro acadêmico, caso se interesse e queira ler mais sobre o tema gestão de
risco, aconselhamos a leitura da Cartilha 2017: gestão de riscos ao patrimônio
musealizado brasileiro lançada pelo Instituto Brasileiro de Museus no ano de
2017. Acesse na íntegra em: https://www.museus.gov.br/cartilha-programa-
de-gestao-de-riscos-ao-patrimonio-musealizado-brasileiro/.
Quanto ao estudo e à pesquisa, a legislação deixa claro que eles devem funda-
mentar as ações desenvolvidas em todas as áreas dos museus, propiciando o cumpri-
mento das suas múltiplas competências. O estudo e a pesquisa nortearão a política de
aquisições e descartes, a identificação e caracterização dos bens culturais incorporados
ou incorporáveis e as atividades com fins de documentação, de conservação, de inter-
pretação e exposição e de educação.
A Lei nº 11.904 deixa claro que os museus deverão promover estudos de público,
o diagnóstico de participação e as avaliações periódicas objetivando a progressiva
melhoria da qualidade de seu funcionamento e o atendimento às necessidades dos
visitantes.
112
FIGURA 10 – AÇÃO EDUCATIVA “MINHA CIDADE SUSTENTÁVEL” NO MUSEU WEG DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
FONTE: <https://museuweg.net/blog/wp-content/uploads/2015/05/blog-museu2.jpg>.
Acesso em: 4 maio 2021.
No que tange à difusão cultural e o acesso aos Museus, podemos entender que
as ações de comunicação constituem formas de se fazer conhecer os bens culturais
incorporados ou depositados no museu, de forma a propiciar o acesso público. O museu
regulamentará o acesso público aos bens culturais, levando em consideração as condições
de conservação e segurança. Cada museu deverá elaborar e implementar programas de
exposições adequados a sua vocação e tipologia, com a finalidade de promover acesso
aos bens culturais e estimular a reflexão e o reconhecimento do seu valor simbólico.
113
educativos do material produzido, sem prejuízo dos direitos de autor e conexos. Todas
as réplicas e demais cópias serão assinaladas como tais, de modo a evitar que sejam
confundidas com os objetos ou espécimes originais.
IMPORTANTE
Caro acadêmico, cabe destacar que o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM)
deu início em 2014 a uma pesquisa destinada a colher dados seguros e
abrangentes sobre a visitação do público aos museus no Brasil.
114
FIGURA 12 – IDENTIDADE VISUAL FORMULÁRIO DE VISITAÇÃO ANUAL
No que tange aos acervos dos museus brasileiros, cabe destacarmos alguns
aspectos do Estatuto:
115
§ 4º Para efeito da integridade do inventário nacional, os museus
responsabilizar-se-ão pela inserção dos dados sobre seus bens
culturais (BRASIL, 2009).
Quanto ao uso das imagens e reproduções dos bens culturais dos Museus, as
instituições deverão facilitar:
116
IMPORTANTE
A Seção II do estatuto versa especificamente sobre o Sistema Brasileiro
de Museus. Como você deve lembrar, caro acadêmico, nós vimos alguns
aspectos na Unidade 2 deste livro didático e iremos retomar e aprofundar
a seguir.
Art. 57. O Sistema Brasileiro de Museus disporá de um Comitê Gestor, com a finalidade
de propor diretrizes e ações, bem como apoiar e acompanhar o desenvolvimento do
setor museológico brasileiro.
Parágrafo único. O Comitê Gestor do Sistema Brasileiro de Museus será composto
por representantes de órgãos e entidades com representatividade na área da
museologia nacional.
117
Art. 58. O Sistema Brasileiro de Museus tem a finalidade de promover:
I – a interação entre os museus, instituições afins e profissionais ligados ao setor,
visando ao constante aperfeiçoamento da utilização de recursos materiais e
culturais;
II – a valorização, registro e disseminação de conhecimentos específicos no campo
museológico;
III – a gestão integrada e o desenvolvimento das instituições, acervos e processos
museológicos;
IV – o desenvolvimento das ações voltadas para as áreas de aquisição de bens,
capacitação de recursos humanos, documentação, pesquisa, conservação,
restauração, comunicação e difusão entre os órgãos e entidades públicas,
entidades privadas e unidades museológicas que integrem o Sistema;
V – a promoção da qualidade do desempenho dos museus por meio da
implementação de procedimentos de avaliação.
118
Art. 60. Poderão fazer parte do Sistema Brasileiro de Museus, mediante a formalização
de instrumento hábil a ser firmado com o órgão competente, os museus públicos e
privados, instituições educacionais relacionadas à área da museologia e as entidades
afins, na forma da legislação específica.
Art. 66. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, em especial os artigos 62, 63 e 64 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção
dos inconvenientes e danos causados pela degradação, inutilização e destruição de
bens dos museus sujeitará os transgressores:
I – à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a dez e,
no máximo, a mil dias-multa, agravada em casos de reincidência, conforme
regulamentação específica, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido
aplicada pelo Estado, pelo Distrito Federal, pelos Territórios ou pelos Municípios;
II – à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo poder
público, pelo prazo de cinco anos;
III – à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito, pelo prazo de cinco anos;
IV – ao impedimento de contratar com o poder público, pelo prazo de cinco anos;
V – à suspensão parcial de sua atividade.
119
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o transgressor
obrigado a indenizar ou reparar os danos causados aos bens musealizados e a
terceiros prejudicados.
§ 2º No caso de omissão da autoridade, caberá à entidade competente, em âmbito
federal, a aplicação das penalidades pecuniárias previstas neste artigo.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos II e III, o ato declaratório da perda, restrição ou
suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que concedeu
os benefícios, incentivos ou financiamento.
§ 4º Verificada a reincidência, a pena de multa será agravada.
120
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• O Estatuto de Museus instituído pela Lei nº 11.904 do ano de 2009, trouxe importantes
contribuições para o campo museológico brasileiro.
• Com o Estatuto tivemos a definição clara de museu, definição esta que vigente
norteia as demais leis, programas, projetos, portarias e demais documentos oficiais
da área museológica.
• São exemplos de alguns fatores de risco que ameaçam museus e seus acervos:
forças físicas; furto, roubo e vandalismo; fogo; água; pragas; poluentes; luz e
radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV); temperatura incorreta; umidade
incorreta; dissociação.
121
AUTOATIVIDADE
1 Segundo o Estatuto de Museus (BRASIL, 2009), consideram-se museus:
( ) Como filial, os museus são dependentes de outros quanto a sua direção e gestão,
inclusive financeira, mas que possuem plano museológico autônomo.
( ) Como seccional, a parte diferenciada de um museu que, com a finalidade de
executar seu plano museológico, ocupa um imóvel independente da sede principal.
122
( ) Como filial, a parte diferenciada de um museu que, com a finalidade de executar
seu plano museológico, ocupa um imóvel independente da sede principal.
( ) Como seccional ou anexo, os espaços móveis ou imóveis que, por orientações
museológicas específicas, fazem parte de um projeto de museu.
( ) Como núcleo ou anexo, os espaços móveis ou imóveis que, por orientações
museológicas específicas, fazem parte de um projeto de museu.
a) ( ) V – V – F – F – F.
b) ( ) V – V – F – F – V.
c) ( ) V – V – V – F – V.
d) ( ) F – V – F – V – F.
a) ( ) Forças físicas, furto, roubo e vandalismo, água, pragas, poluentes, luz e radiação
ultravioleta (UV) e infravermelha (IV), temperatura baixa, umidade incorreta,
dissociação.
b) ( ) Forças físicas, furto, roubo, vandalismo, fogo, água, pragas, poluentes, luz e
radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV), temperatura incorreta, umidade
incorreta, dissociação.
c) ( ) Forças físicas, furto, roubo, vandalismo, brigas em equipe, pragas, poluentes, luz
e radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV), temperatura incorreta, umidade
incorreta, dissociação.
d) ( ) Forças físicas, pouca visitação, pragas, poluentes, luz e radiação ultravioleta (UV)
e infravermelha (IV), temperatura incorreta, umidade incorreta, dissociação.
123
6 Quando um museu expõe uma réplica, a instituição, por questões de segurança, não
precisa anunciar ao público que não se trata de uma obra original. Tal afirmação é
verdadeira ou falsa? Justifique sua resposta!
124
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
PLANO MUSEOLÓGICO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 2 desta unidade, abordaremos o Plano Museológico,
uma ferramenta de planejamento estratégico, trazida como um documento de respon-
sabilidade obrigatória que deve ser confeccionado por todas as instituições museológi-
cas, conforme o estabelecido no Estatuto de Museus.
Neste tópico, você verá os programas e projetos que a lei sugere que os museus
abordem em seus referidos planos museológicos que são: programa institucional; pro-
grama de gestão de pessoas; programa de acervos; programa de exposições; programa
educativo e cultural; Programa de pesquisa; programa arquitetônico; programa de se-
gurança; programa de financiamento e fomento; programa de comunicação; programa
socioambiental; programa de acessibilidade a todas as pessoas.
2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Segundo o Estatuto de Museus (BRASIL, 2009), é dever das instituições muse-
ais elaborar e implementar o Plano Museológico. O Plano Museológico é compreendido
como ferramenta básica de planejamento estratégico, de sentido global e integrador,
indispensável para a identificação da vocação da instituição museológica para a defi-
nição, o ordenamento e a priorização dos objetivos e das ações de cada uma de suas
áreas de funcionamento, bem como fundamenta a criação ou a fusão de museus, cons-
tituindo instrumento fundamental para a sistematização do trabalho interno e para a
atuação dos museus na sociedade.
125
O Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, no uso
de suas atribuições legais e regimentais, especialmente no disposto no Inciso V do
Art. 21 do Anexo I do Decreto n° 5.040, de 7 de abril de 2004, e na Portaria IPHAN nº
302, de 7 de julho de 2004, e considerando a necessidade de organização da gestão
dos museus do IPHAN, capaz de propiciar o estabelecimento de maior racionalidade
e eficiência do fazer museal; resolve:
Art. 4°. Os projetos que compõem os programas do Plano Museológico têm como
características:
I – A exequibilidade e a adequação às especificações dos programas distintos,
inclusive o cronograma de execução.
II – A explicitação da metodologia adotada.
III – A descrição das ações planejadas.
IV – A indicação de um sistema de avaliação permanente.
Art. 5°. O Plano Museológico adotado para os museus do IPHAN é composto pelas
seguintes partes:
I – Identificação da Instituição:
a) Definição operacional, com apresentação das características gerais da instituição,
destacando sua trajetória e histórico de suas coleções e de seu território.
b) Identificação da missão, com apresentação da missão, do campo de atuação, da
função social, das metas e objetivos da instituição.
126
II – Programas:
a) Programa institucional.
b) Programa de gestão de pessoas.
c) Programa de acervos.
d) Programa de exposições.
e) Programa educativo e cultural.
f) Programa de pesquisa.
g) Programa arquitetônico.
h) Programa de segurança.
i) Programa de financiamento e fomento.
j) Programa de difusão e divulgação.
Parágrafo único. Na consolidação do Plano Museológico deve-se considerar o caráter
transversal dos Programas.
Art. 6°. O Plano Museológico, por seu caráter interdisciplinar, será elaborado de forma
participativa, envolvendo o conjunto dos servidores do museu e de outras áreas do
IPHAN, além de especialistas e consultores externos.
Art. 7°. O Plano Museológico deverá ser avaliado permanentemente e revisado com
um intervalo mínimo de três e máximo de cinco anos.
127
3 EM QUE CONSISTE O PLANO MUSEOLÓGICO
Na consolidação do Plano Museológico, é imprescindível levar em conta
o caráter interdisciplinar dos programas. O plano deve ser elaborado de forma
participativa e coletiva, envolvendo o conjunto dos funcionários dos museus, além
de especialistas, parceiros sociais, comunidade e consultores externos, levadas em
conta as especificidades de cada instituição. O Plano Museológico é uma ferramenta
de planejamento estratégico e gestão e deve ser avaliado e revisado permanentemente
pela instituição com periodicidade definida em seu regimento.
128
FIGURA 14 – EXPOSIÇÃO NO MUSEU FLORESTAL
FONTE: <https://www.saopaulo.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/12/exposicao-madeira.jpg>.
Acesso em: 4 maio 2021.
129
h) de segurança – abrange os aspectos relacionados à segurança do
museu, do prédio, dos seus acervos, do público visitante, da equipe
de funcionários. Integra sistemas, equipamentos e instalações, com
a definição de rotinas de segurança e estratégias de emergência.
i) de financiamento e fomento – abarca o planejamento de estratégias
de captação, aplicação e gerenciamento dos recursos econômicos.
j) de comunicação – abrange ações de divulgação de projetos e ativida-
des da instituição, e de disseminação, difusão e consolidação da ima-
gem institucional nos âmbitos local, regional, nacional e internacional.
k) socioambiental – abarca um conjunto de ações que acontecem
de forma articulada, a fim de reafirmar o comprometimento com o
meio ambiente e áreas sociais, que promovam o desenvolvimento
dos museus e de suas práticas, a partir da incorporação de
princípios e critérios de gestão ambiental (BRASIL, 2009).
130
Os projetos componentes dos programas do Plano Museológico devem ser
exequíveis, adequando-se às especificações dos diferentes Programas, na apresentação
de cronograma de execução, na explicitação da metodologia adotada, na descrição
das ações planejadas e na implantação de um sistema de avaliação permanente.
Não adianta a instituição que tem inúmeros problemas querer colocar todas as suas
demandas nos programas sem o devido cuidado de apresentar projetos com viabilidade
de serem executados, seja por ausência ou falta de recursos financeiros e/ou humanos.
DICAS
Caro acadêmico, a gestão de museus é algo bastante complexo que envolve uma gama
enorme de conhecimentos e muitos outros aspectos que estão para além do Plano
Museológico. Caso tenha interesse pelo assunto, sugerimos a leitura do livro Gestão de
projetos de museus e de exposições. Nesta obra, a autora Ana Cecília Rocha Veiga disserta
sobre a formação do profissional de projetos, com ênfase em arquitetura de museus e
expografia. Trazendo conhecimentos imprescindíveis a todos que atuam em museus,
abrangendo aportes teóricos, conservação preventiva, estudos de caso contemporâneos,
131
aspectos técnicos, dentre outros percursos formativos essenciais.
Recomendamos também a leitura do livro Gestão de museus, diagnóstico
museológico e planejamento um desafio contemporâneo, nele, a autora
Manuelina Maria Duarte Cândido reafirma o diagnóstico museológico como
uma etapa imprescindível do planejamento museal e gestão do processo
de musealização, chamando a atenção para a necessidade de se pensar a
museologia em todos esses processos.
132
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Os programas e projetos que a lei sugere que os museus abordem em seus referidos
planos museológicos são: programa institucional; programa de gestão de pessoas;
programa de acervos; programa de exposições; programa educativo e cultural;
programa de pesquisa; programa arquitetônico; programa de segurança; programa
de financiamento e fomento; programa de comunicação; programa socioambiental;
e programa de acessibilidade a todas as pessoas.
133
AUTOATIVIDADE
1 No que diz respeito ao Plano Museológico, quanto ao Programa de Gestão de Pessoas,
assinale a alternativa CORRETA:
134
3 O Plano Museológico é uma ferramenta de planejamento estratégico e gestão.
Na consolidação do Plano Museológico, é imprescindível levar em conta o caráter
interdisciplinar dos programas. Quanto ao Plano Museológico, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F – F – V.
b) ( ) F – F – F – F – F.
c) ( ) V – F – F – F – V.
d) ( ) F – F – F – F – V
135
136
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
O PROFISSIONAL MUSEÓLOGO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 3 desta unidade, abordaremos a Lei nº 7.287, de
18 de dezembro de 1984. Neste último tópico da Unidade 3 deste livro didático, você
compreenderá sobre a profissão de Museólogo. Conheceremos o que diz a legislação
quanto ao exercício da profissão, sobre seu caráter privativo, sobre as necessidades de
formação e também de registro no Conselho Regional de Museologia. Veremos, ainda,
quais são as atribuições do profissional museólogo e quais as finalidades e funções do
Conselho Federal de Museologia e dos Conselhos Regionais de Museologia.
2 LEI Nº 7. 287/1984
A Lei nº 7.287 é um marco para os profissionais museólogos, a lei aprovada em
18 de dezembro de 1984 dispõe sobre a regulamentação da profissão de museólogo.
Conheceremos a lei na íntegra a seguir:
137
IV – dos diplomados em outros cursos de nível superior que, na data desta
Lei, contem pelo menos cinco anos de exercício de atividades técnicas de
Museologia, devidamente comprovados.
Parágrafo único. A comprovação a que se refere o Inciso IV deverá ser feita no prazo
de três anos a contar da vigência desta Lei, perante os Conselhos Regionais de
Museologia, aos quais compete decidir sobre a sua validade.
138
Art. 5º – Será exigida, igualmente, a comprovação da condição de Museólogo na
prática dos atos de assinatura de contrato, termo de posse, inscrição em concurso,
pagamento de tributos exigidos para o exercício da profissão e desempenho de
quaisquer funções a ela inerentes.
Art. 6º – Fica autorizada a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais
de Museologia, como órgãos de registro profissional e de fiscalização do exercício da
profissão dentre outras atribuições cabíveis.
139
e) organizar o regimento interno, submetendo-o à aprovação do Conselho Federal
de Museologia;
f) apresentar sugestões ao Conselho Federal de Museologia;
g) admitir a colaboração das Associações de Museologia, nos casos das matérias
mencionadas nas alíneas anteriores deste artigo;
h) julgar a concessão dos títulos para enquadramento na categoria profissional de
Museólogo.
140
d) subvenções e auxílios dos Governos Federal, Estaduais e Municipais e de empresas
e instituições privadas;
e) provimento das multas aplicadas;
f) rendas eventuais.
Art. 13 – Os mandatos dos membros do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais
de Museologia serão de 3 (três) anos, permitida a reeleição.
§ 1º – Anualmente, far-se-á a renovação de 1/3 (um terço) dos membros do Conselho
Federal e dos Conselhos Regionais.
§ 2º – Para fins do parágrafo anterior, na primeira eleição dos membros dos Conselhos
Federal e Regionais, dois deles terão mandatos de um ano, dois de dois anos e dois
de três anos.
Art. 16 – As penalidades pela infração das disposições desta Lei serão disciplinadas
no Regimento Interno dos Conselhos.
Art. 19 – Esta Lei será regulamentada dentro de 90 dias a contar da data de sua
publicação.
FONTE: Adaptado de BRASIL. Lei nº 7.287 de 18 de dezembro de 1984. Dispõe sobre a regula-
mentação da profissão de Museólogo. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7287.
htm. Acesso em: 4 maio 2021.
141
Após a leitura da lei que regulamenta a profissão que você, acadêmico, pretende
seguir, precisamos conversar e esclarecer alguns pontos importantes para que não lhe
reste dúvidas sobre o assunto. Vamos a alguns pontos.
Num primeiro momento, você pode achar estranho e até ruim, entendendo isso
como mais um empecilho ou burocracia, no entanto, o registro nos Conselhos Regionais
é feito de forma bastante simplificada e rápida. Nossa profissão é regulamentada por lei,
e isso é um grande avanço e uma enorme conquista. Nosso país, dividiu em cinco as
regiões museológicas, conforme o Conselho Federal de Museologia, e cada profissional
deve registrar-se na região em que atua. São elas:
• COREM 1° Região, que compreende os estados: AL, AM, AP, BA, CE, MA, PA, PB, PE,
PI, RN, RR, SE.
• COREM 2° Região, que compreende os estados: RJ, MG, ES.
• COREM 3° Região, estado do RS.
• COREM 4°Região, que compreende os estados: AC, DF, GO, MT, MS, SP, RO, TO.
• COREM 5° Região, que compreende os estados: PR, SC.
DICAS
Em caso de dúvida enquanto acadêmico e depois de formato, entre em
contato com o Conselho Regional de Museologia do seu estado ou com o
Conselho Federal de Museologia através do site: http://cofem.org.br/.
142
2.2 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO
A Lei nº 7.287/1984 traz que o exercício da profissão museólogo é privativo aos
profissionais que cumprem os requisitos dispostos nos incisos do Art. 2º. Quando se fala
que a profissão só pode ser exercida por esses profissionais, reafirma-se a defesa da
nossa classe, das especificidades e qualificações técnicas que estudamos tanto para ter
e que já foram reconhecidas pela lei. Não quer dizer que os museus só devam contratar
o museólogo e que este deva ser o único profissional no quadro técnico das instituições
museológicas, aliás muito pelo contrário.
143
LEITURA
COMPLEMENTAR
VOCÊ É APAIXONADO POR HISTÓRIA, CULTURA E ARTE?
TALVEZ A CARREIRA DE MUSEOLOGIA SEJA PARA VOCÊ!
144
O que cursar?
Você é apaixonado por história, cultura e arte? Acha que é importante preservá-
las? Talvez a carreira de Museologia seja para você!
145
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
146
AUTOATIVIDADE
1 No que diz respeito à regulamentação da profissão de Museólogo, assinale a alternativa
CORRETA:
147
2 Conforme o que foi visto sobre a Lei nº 7.287 neste tópico, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) F – F – F – F – V.
b) ( ) V – V – V – V – F.
c) ( ) V – V – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – V – V
148
d) ( ) Ensinar a matéria Arqueologia, nos seus diversos conteúdos, em todos os graus
e níveis, obedecidas as prescrições legais; planejar, organizar, administrar, dirigir
e supervisionar os museus, as exposições de caráter educativo e cultural, os
serviços educativos e atividades culturais dos museus e de instituições afins.
149
relatórios anuais dos seus trabalhos e, periodicamente, relação dos profissionais
registrados; organizar o regimento interno, submetendo-o à aprovação do
Conselho Federal de Museologia; apresentar sugestões ao Conselho Federal de
Museologia; admitir a colaboração das Associações de Museologia, nos casos das
matérias mencionadas nas alíneas anteriores deste artigo; julgar a concessão
dos títulos para enquadramento na categoria profissional de Antropólogo.
150
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARANÁ. Acervo do Museu Paranaense é higienizado
e organizado. Curitiba, 2014. Disponível em: http://www.aen.pr.gov.br/modules/
noticias/article.php?storyid=80004&tit=Acervo-do-Museu-Paranaense-e-
higienizado-e-organizado. Acesso em: 4 maio 2021.
151
NO RIO, maior acervo de arte popular do país tem sua pior inundação. Folha
de São Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/
cotidiano/2019/04/no-rio-maior-acervo-de-arte-popular-do-pais-tem-sua-pior-
inundacao.shtml. Acesso em: 4 maio 2021.
152
NÚCLEO de ação-educativa do MASC completa 30 anos com encontro sobre história.
Revista Museu. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://www.revistamuseu.com.
br/site/br/noticias/nacionais/3206-22-07-2017-nucleo-de-acao-educativa-do-masc-
completa-30-anos-com-encontro-sobre-sua-historia.html. Acesso em: 4 maio 2021.
153