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Ensino da Arte
Indaial – 2021
2a Edição
Elaboração:
Prof. José Inacio Sperber
Prof.a Káthia Regina Bublitz
S749m
ISBN 978-65-5663-960-4
ISBN Digital 978-65-5663-961-1
CDD 372.5
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Metodologia do Ensino da
Arte. Nesta disciplina, você encontrará discussões sobre a trajetória do ensino da arte no
Brasil. Esse percurso se construiu por diversas experiências pedagógicas, que variaram
no decorrer da história dos aspectos políticos e sociais vigentes em nosso país.
Almejamos que esta seja uma leitura sensível e que mobilize em cada um
de vocês o desejo de seguir trilhando este belo caminho da arte e da educação, que
ainda precisa de muitos esforços para que seja valorizado e reconhecido, em sua total
importância para a educação.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma dis-
ciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 151
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 227
UNIDADE 1 -
HISTÓRIA DO ENSINO
DA ARTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
ENSINO DA ARTE NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
O conteúdo desta disciplina é de grande importância para a atividade docente
de todos os arte-educadores. Conhecer a história é o primeiro passo para que
possamos compreender o presente. Todavia, antes de adentrar aos tópicos da História
do ensino da arte no Brasil, vamos apresentar algumas considerações acerca da arte
e da arte na educação.
NOTA
O arte educador é o docente que se dedica a lecionar o componente
curricular de ARTE na educação básica ou nos espaços não formais e
informais de ensino. De modo geral, é o profissional que trabalha com o
ensino de arte. Nesse sentido, encontramos arte educadores nas escolas
formais, em setores educativos de museus de arte, galerias e outros
espaços de fomento à cultura e à arte, em suas mais diversas linguagens
(Artes Visuais, Dança, Teatro e Música).
3
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ARTE E A
ARTE NA EDUCAÇÃO
A arte é uma produção humana, e está presente em toda a história da
humanidade. Desde a Pré-história, as pessoas que neste período viviam, já usavam
meios para expressar-se nas paredes das cavernas, por meio do que hoje conhecemos
como pinturas rupestres. A arte é também uma possibilidade de perceber o mundo, por
meio dos sentidos, das experiências estéticas, artísticas e de um olhar sensível ao que
nos acontece.
A conceituação do que é arte nos renderia um outro livro, apenas com discussões
acerca das transformações que este conceito teve em toda a história. Porém, o fato de
não termos algo fixo e definitivo nos provoca a pensar que a arte é um elemento em
constante transformação e, por isso, não pode ser categorizada e definida por critérios
e compreensões teóricas de apenas um determinado contexto.
A partir do que nos apresenta a autora, podemos dizer que a arte, hoje, se
relaciona com as diversas áreas do conhecimento, e está presente nas múltiplas
dimensões da vida cotidiana. Para exemplificar esta discussão, convidamos você a
apreciar um painel do artista Mundano:
4
FIGURA 1 – OPERÁRIOS DE BRUMADINHO (MUNDANO)
FONTE: <https://arteforadomuseu.com.br/site/wp-content/uploads/2020/11/image_
processing20200211-16474-1pj75kx.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
FONTE: <https://arteforadomuseu.com.br/site/wp-content/uploads/2020/11/grafite-brumadinho-
mundano_2-1024x684.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
5
DICA
Para conhecer o processo de criação do artista, assista ao vídeo: https://youtu.be/
WW1x3HI4DDc.
6
NOTA
Os movimentos artísticos eram caracterizados por um grupo de artistas
que, a partir de um mesmo ideal, criavam suas obras com o intuito de
transmitir uma crítica ou romper com as lógicas dos padrões artísticos
de determinadas épocas. Estes movimentos têm grande importância no
início do século XX, com a chegada do que ficou conhecido na história
como “Arte Moderna”. Alguns exemplos de movimentos são: cubismo,
dadaísmo, surrealismo, futurismo, fauvismo etc.
Todas estas questões também nos fazem pensar sobre como tecer estas relações
no ambiente escolar. Afinal, como mediar os encontros com a arte em sala de aula?
Seja por meio de uma obra visual, sonora ou teatral, seja em uma literatura ou
em um espetáculo de dança, todas estas manifestações nos mobilizam e nos deslocam
ao ato de fruir. A fruição está relacionada aos sentidos, a forma como nosso corpo se
comporta e reage diante da obra. Nesse processo, emoções, sentimentos, memórias,
diversos elementos compõem um lugar outro de sentir, que é possibilitado por meio da
experiência com a obra de arte.
Muito bem! Agora que estamos envolvidos nesta proposta de estudos, queremos
ajudá-lo a vencer mais este desafio... Pesquisamos no Dicionário Houaiss da língua
portuguesa (2009, p. 932) o significado da palavra fruir.
NOTA
FRUIR significa:
7
É importante que os estudantes compreendam que os artistas, assim como
todos os seres humanos, sentem alegria, tristeza, raiva etc. Sentimentos que muitas
vezes fazem parte da composição das obras de arte, estando estes elementos visíveis
ou invisíveis aos nossos olhos. A partir dessa questão, apresentamos a seguir algumas
frases de grandes artistas, para que possamos também olhar para o lado humano destes
grandes personagens da história da arte.
Frida “Sinto-me mal, e ficarei pior, mas vou aprendendo a estar sozinha e isso já é uma
Kahlo vantagem e um pequeno triunfo. Eu pinto flores para que elas não morram”.
Tarsila do “Minha força vem da lembrança da infância na fazenda, de correr e subir em
Amaral árvores. E das histórias fantásticas que as empregadas negras me contavam”.
Pablo “Não devemos ter medo de inventar seja o que for. Tudo o que existe em nós
Picasso existe também na natureza, pois fazemos parte dela”.
FONTE: Os autores
Para continuar as reflexões acerca da arte e das relações que podemos tecer
com a vida, convidamos você a refletir sobre uma crônica publicada pela autora Marina
Colasanti (1937) no Jornal do Brasil, em 1972:
FONTE: <https://cultura.estadao.com.br/blogs/babel/wp-content/uploads/sites/110/2017/08/
marina.jpg>. Acesso em: 9 set. 2021.
8
EU SEI, MAS NÃO DEVIA
9
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas,
tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma
revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco
o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do
corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E
se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica
satisfeito, porque tem sempre sono atrasado.
FONTE: <https://www.culturagenial.com/eu-sei-mas-nao-devia-marina-colasanti/>.
Acesso em: 9 set. 2021.
Trouxemos esta crônica da autora para pensar em algo que nos é muito caro na
arte-educação: a experiência. Para Jorge Larrosa, a experiência “[...] é o que nos passa,
o que nos acontece, o que nos toca. Não que se passa, não o que acontece, ou o que
toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos
acontece” (LARROSA, 2016, p. 18).
Por muitas vezes podemos nos perguntar: qual é o sentido da arte na vida das
pessoas? Qual o sentido da arte para os nossos estudantes? Você já parou para se fazer
esta pergunta? Qual o sentido da arte em nossas vidas?
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A partir do que nos apresentam as autoras, podemos refletir sobre um ensino da
arte que nos apresente a sensibilidade, que provoque os estudantes e que leve à estesia,
pois na maior parte do nosso cotidiano, somos guiados a agir por meio da sensibilidade,
mesmo que não nos demos conta disso, e o ensino da arte é também um lugar para o
exercício deste saber sensível (DUARTE JÚNIOR, 2001).
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Através das artes temos a representação simbólica dos traços
espirituais, materiais, intelectuais e emocionais, que caracterizam a
sociedade ou o grupo social, seu modo de vida, seu sistema de valores,
suas tradições e crenças. A arte, como linguagem presentacional dos
sentidos, transmite significados que não podem ser transmitidos
através de nenhum outro tipo de linguagem, tais como as linguagens
discursiva e científica (BARBOSA, 1998, p. 16).
Vistas algumas das contribuições da autora Ana Mae Barbosa para as discussões
acerca do ensino da arte, cabe a nós apresentar a você, de forma mais aprofundada, a
importância desta pesquisadora para tudo o que sabemos hoje sobre a arte na educação:
FONTE: <https://www.annaramalho.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Ana-Mae-Barbosa_foto.
jpg> Acesso em: 9 set. 2021.
Ana Mae Barbosa foi uma das pioneiras da Arte/Educação no Brasil. Para a
autora:
12
de sua cultura. Aqueles que estão engajados na tarefa vital de
fundar a identificação cultural, não podem alcançar um resultado
significativo sem o conhecimento das artes. Através da poesia,
dos gestos, da imagem, as artes falam aquilo que a história, a
sociologia, a antropologia etc. não podem dizer, porque elas usam
um outro tipo de linguagem, a discursiva, a científica, que sozinhas
não são capazes de decodificar nuances culturais. Dentre as
artes, a arte visual, tendo a imagem como matéria-prima, torna
possível a visualização de quem somos, onde estamos e como
sentimos. A arte na educação como expressão pessoal e como
cultura é um importante instrumento para a identificação cultural
e o desenvolvimento. Através das artes é possível desenvolver a
percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente,
desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade
percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a
realidade que foi analisada (BARBOSA, 1998, p. 16).
3 EDUCAÇÃO JESUÍTICA
Os primeiros indícios de uma ação educativa no Brasil ocorrem entre os anos
de 1549 e 1808, e se dá por meio do processo de colonização e, consequentemente,
da vinda dos jesuítas para duas funções: 1) a catequização dos povos indígenas e 2) a
formação das elites e lideranças religiosas para a perpetuação do poder nas mãos dos
colonizadores (ZOTTI, 2002).
A ação dos jesuítas anulou a cultura nativa existente no recém invadido território
brasileiro e, por meio da catequese, impôs-se aos indígenas a cultura europeia que se
faz presente até os dias de hoje.
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FIGURA 5 – PRIMEIRA MISSA NO BRASIL (VICTOR MEIRELLES)
FONTE: <https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/09/primeira-missa.jpg>.
Acesso em: 9 set. 2021.
A obra Primeira missa no Brasil do artista Victor Meirelles pode ser lida como um
exemplo clássico de uma representação que dociliza os corpos dos indígenas e propõe
uma narrativa outra acerca dos fatos históricos.
Segundo Subtil (2011, p. 243), “os jesuítas utilizaram-se do ensino de arte com
a finalidade de evangelizar. Para prender a atenção dos indígenas, homens livres e
pouco afeitos ao trabalho intelectual usavam métodos que conquistassem os sentidos:
dramatização, música e poesia”. Vemos, neste caso, o uso da arte para a dominação.
Após este período, chega ao Brasil o que ficou conhecido como Missão Artística
Francesa, e que, na onda de uma mudança cultural e política no país, vem a transformar
também os padrões estéticos existentes.
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4 MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA
Chefiada por Joachim Lebreton, a Missão Artística Francesa chega ao Brasil em
1816, trazendo artistas franceses com um único objetivo: modificar a concepção popular
de arte e o barroco brasileiro pela arte Neoclássica, carregada de influências e modas
europeias.
15
FIGURA 8 – LARGO DA CARIOCA, 1816, DE FIGURA 9 – ESCRAVOS CARREGANDO CAFÉ,
NICOLAS TAUNAY 1826, DE JEAN-BAPTISTE DEBRET
DICA
Acadêmico, para que você aprofunde seus conhecimentos sobre Taunay e Debret,
recomendamos os seguintes livros:
16
Em 1826, a Escola de Ciências, Artes e Ofícios é transformada em Academia
Imperial de Belas Artes. Para dar aulas na academia, D. João VI, com a ajuda do Marquês
de Marialva e do naturalista Alexandre von Humboldt, contrata artistas que atuavam no
instituto da França e eram considerados vanguarda da época (BARBOSA, 1998).
FONTE: <http://docplayer.com.br/docs-images/68/58959606/images/73-0.jpg>.
Acesso em: 9 set. 2021.
IMPORTANTE
Academia Imperial de Belas Artes ou Academia Imperial das Belas Artes (18221889) é o
antigo nome da atual Escola de Belas Artes, hoje unidade da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Foi inicialmente denominada como Escola Real de Ciências,
Artes e Ofícios, quando da sua fundação por D. João VI (1816-1826), em 12 de agosto
de 1816, ao fim do período colonial brasileiro. O soberano teria sido influenciado, nesse
gesto, por António de Araújo e Azevedo, o 1.° conde da Barca. Após
a Independência do Brasil, em 1822, a escola passou a ser conhecida
como Academia Imperial das Belas Artes e, mais tarde, como Academia
Imperial de Belas Artes. A instituição foi definitivamente instalada em
5 de novembro de 1826, em edifício próprio à altura da Travessa do
Sacramento (atual Avenida Passos), inaugurada por D. Pedro I (1822-
1831). Em 1938 o seu edifício histórico foi demolido, tendo sido
preservado o portal em granito e mármore, onde se destacam os
ornamentos em terracota, de autoria de Zéphyrin Ferrez. Este, por sua
vez, foi transportado em 1940 para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
onde se encontra na atualidade.
17
Como já comentado anteriormente, a missão artística francesa chega ao Brasil
com o intuito de propagar os ideais neoclássicos da arte europeia. Segundo Barbosa
(1998, p. 31), “[...] os artistas franceses instituíram uma Escola neoclássica de linhas
retas e puras, contrastando com a abundância de movimentos do nosso barroco”. Esse
movimento de imposição teve consequências negativas para aquele contexto, pois a
partir do acontecido “[...] instalou-se um preconceito de classe baseado na categorização
estética” (BARBOSA, 1998, p. 31).
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FIGURA 12 – INDEPENDÊNCIA OU MORTE
IMPORTANTE
O ensino de História da Arte se deu após o início do ensino artístico no
Brasil. Esta não foi uma atividade fácil de ser implantada, pois não havia
profissionais com formação adequada para a atividade. O primeiro titular
desta cadeira na Academia Imperial de Belas Artes, em 1870, foi o artista
Pedro Américo.
19
maior frequência. Para os neoclássicos, o artista era o gênio, era uma
inteligência superior que, através do desenho, seria limitada, domada
pela ração, pela teoria, pelas convenções da composição para melhor
entender a tradição e a história (BARBOSA, 1998, p. 34).
Sobre essa arte aplicada à indústria, Barbosa (1998) nos diz que era vista
não apenas como uma técnica, mas como algo maior que poderia acessar a “Beleza”.
Nesse sentido, esta arte voltada à indústria foi ainda mais defendida a fazer parte dos
currículos das escolas primárias e secundárias.
IMPORTANTE
Como você pôde ler, caro acadêmico, a valorização do desenho no Ensino
da Arte era muito forte nesta época. Segundo Barbosa (2002), nas escolas
secundárias desta época predominavam o retrato e a cópia. Perguntamos a
você: a cópia não é atividade que predomina em sala de aula? Você poderá
perceber ao longo da história do Ensino da Arte que muitas técnicas ainda
utilizadas nas aulas de Arte, encontram-se enraizadas até mesmo nos
séculos passados. Aproveite esta leitura que volta às raízes do ensino da
Arte no Brasil, para refletir sobre sua prática em sala de aula.
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Neste embate de correntes teóricas, se formam também tensões na Academia
Imperial de Belas Artes, que se divide em um grupo de positivistas e liberais que fazem
as suas reinvindicações.•
POSITIVISTAS LIBERAIS
• Eliseu Visconti
• Décio Villares • França Júnior
AUTORES • Aurélio de Figueiredo • Henrique Bernadelli
• Montenegro Cordeiro • Rodolfo Amoedo
• Zeferino da Costa
Este grupo brigava pela
manutenção do modelo vigente Este grupo defendia a importância da
de educação da Escola Imperial renovação de um modelo acadêmico de
IDEOLOGIAS
de Belas Artes, como escola ensino e as Belas Artes como foco de
de aprendizado de ofícios e de atenção da escola.
Belas Artes.
5 SÉCULO XX
Nas primeiras décadas do século XX, a arte não encontrou um lugar em que
pudesse se firmar na educação brasileira, pois até este momento da história o ensino
da arte ainda não contava como componente curricular obrigatório, e nesse sentido o que
temos até aqui são práticas com o desenho, em sua maioria, voltadas à geometria e com
ênfase na preparação para o melhoramento da indústria; trabalhos manuais ou música
(canto coral ou canto orfeônico) (ROSA, 2005).
21
Anos depois entraria na pauta uma discussão mais crítica acerca deste método,
que teve suas primeiras experiências nos trabalhos do educador tcheco Franz Cizek, da
escola de Artes e Ofícios de Viena. Alguns professores levaram a liberdade de criação
dos estudantes a um extremo onde tudo era permitido e, em alguns casos, a expressão
dos alunos não poderia sofrer qualquer interferência do professor, pois alegava-se que
prejudicaria o processo de criação. É a partir desta concepção de livre expressão, de
certa forma exagerada, que se centra a crítica a este modelo experimental de criação
dos estudantes.
A exposição de Anita Malfati não foi bem recebida pela crítica e destacou-se,
na época, uma crítica feita por Monteiro Lobato a então exposição modernista da artista
brasileira. A seguir, apresentamos alguns recortes da crítica de Monteiro Lobato sobre as
obras de Anita:
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A reação da elite paulistana, que confiava cegamente nas opiniões e
gostos pessoais do autor de Urupês, é imediata: escândalo, quadros
devolvidos, uma tentativa de agressão à pintora, a mostra é fechada
antes do tempo. O artigo demolidor e as suas consequências serviram
para que os jovens "vanguardistas" brasileiros, até então dispersos,
isolados em pequenos agrupamentos, se unissem em torno de um
ideal comum: destruir as manifestações artísticas que remontavam
ao século XIX, especificamente, no caso da literatura, o parnasianismo
poético, medíocre e superado. Neste sentido, a exposição de Anita
Malfatti funciona como estopim de um movimento que explodiria na
Semana de Arte Moderna de 1922 (LIMA, 2008, s.p.).
FONTE: <https://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/011523001019.jpg>
Acesso em: 9 set. 2021.
23
É importante lembrar que antes do acontecimento propriamente dito da Semana
de 22, as inspirações modernistas já apareciam em produções artísticas brasileiras,
como: 1) As críticas literárias de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Mario de
Andrade; 2) As exposições de Lasar Segall (1913) e Anita Malfatti (1917).
FONTE: <https://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/001487019019.jpg>
Acesso em: 9 set. 2021.
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FIGURA 14 – ARTISTAS PARTICIPANTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
FONTE: Os autores
25
DICA
Caro acadêmico, sugerimos que você assista ao vídeo do Portal Toda Matéria, sobre a
semana de 1922 para compreender de forma mais profunda os acontecimentos que
levaram à realização deste grande marco da história da arte brasileira. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Zg3kd6tlB20. Acesso em: 9 set. 2021.
Uma mudança significativa ocorre com a substituição das cópias pela livre
expressão, da prática da reprodução surgiram outros movimentos de experimentação e
criação com os estudantes. Neste período, os ensinamentos do pesquisador americano
John Dewey são apropriados pelos idealizadores do movimento da escola nova e
influenciam a prática dos arte-educadores por meio do livro “Arte como experiência”, de
1980 (SUBTIL, 2011).
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No início do século XX, a arte não possuía um lugar de importância na educação.
Não sendo um “componente curricular” da escola, a arte era praticada por meio do
desenho geométrico, dos trabalhos manuais e na música destacavam-se o canto coral
e o canto orfeônico (ROSA, 2005).
NOTA
Caro acadêmico, perguntamos a você: será que a reprodução de
modelos ainda existe em nossas escolas? Será que o teatro e a dança, ou
a própria figura do professor de artes ainda não recebe esta valoração
de organizador de apresentações e murais para datas comemorativas?
Sobre o ensino da música, Subtil (2011) nos destaca que “na década de 1930,
Villa-Lobos assentou as raízes de sua música na tradição folclórica e popular e idealizou
o projeto do Canto Orfeônico como ensino de canto coral (orfeão) fundamentado pela
teoria musical” (SUBTIL, 2011, p. 246). A partir desta contribuição de Villa-Lobos para
o ensino da Música, convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a vida e obra
deste artista.
FONTE:<http://s2.glbimg.com/T9L8ZD4eQrHnd5Z8ltu8Mr1OfSg=/s.glbimg.com/og/rg/f/
original/2013/10/17/villa-lobos_1_-_606x455.jpg>. Acesso em: 9 set. de 2021.
27
MAESTRO E COMPOSITOR BRASILEIRO HEITOR VILLA-LOBOS
Nessa época, já havia composto suas primeiras peças para violão “Suíte
Popular Brasileira”, peças para música de câmara, sinfonias e os bailados “Amazonas”
e “Uirapuru”. A crítica considerava seus concertos modernos demais. Mas à medida
que se apresentava no Rio e São Paulo, ganhava notoriedade.
Retornou ao Brasil em final de 1924. Em 1927, voltou a Paris com sua esposa
Lucília Guimarães, para fazer novos concertos e iniciar negociações com o editor Max
Eschig. Três anos depois, voltou ao Brasil para realizar um concerto em São Paulo.
Acabou por apresentar seu plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do
28
Estado de São Paulo. Em 1931, o maestro organizou uma concentração orfeônica
chamada “Exortação Cívica”, com 12 mil vozes. Após dois anos assumiu a direção da
Superintendência de Educação Musical e Artística. A partir de então, a maioria de
suas composições se voltou para a educação musical.
29
DICA
Com o objetivo de compreender outros aspectos que não foram
abordados neste material, deixamos como sugestão a leitura do artigo
da Professora Ana Mae Barbosa, intitulado: Arte Educação no Brasil:
do modernismo ao pós-modernismo, publicado na revista Art& em
2003. FONTE: <http://www.revista.art.br/site-numero-00/anamae.htm>.
Acesso em: 9 set. 2021.
30
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil, chefiada por Joachim Lebreton, com um
grupo de artistas importados da França no ano de 1816, encarregados de substituir
a concepção popular de arte, assim como o Barroco Brasileiro, pelo Neoclassicismo,
com enfoque nos desenhos, pintura, escultura e moda europeia.
• Foi com a vinda da Missão Artística Francesa ao Brasil que, em 1816, foi criada a
Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, que após dez anos foi
transformada em Imperial Academia e Escola de Belas Artes.
• Em 1917, junto com uma exposição de seus trabalhos em São Paulo, Anita Malfatti
expôs desenhos infantis.
• A exposição de Anita foi muito criticada na época, inclusive pelo escritor Monteiro
Lobato, que também era crítico de arte, porém toda esta crítica serviu como ponto de
partida para o Movimento da Semana de Arte Moderna de 1922.
31
AUTOATIVIDADE
1 Dentre as funções que a arte possui na escola, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A arte na escola tem por função apenas desenvolver as habilidades técnicas dos
estudantes.
b) ( ) O ensino da arte na escola tem por função desenvolver múltiplas inteligências.
c) ( ) As aulas de arte tem por função proporcionar somente aspectos relacionados
história da arte.
d) ( ) A única função do ensino da arte na escola é de promover atividades recreativas
e de divertimento aos estudantes.
2 A vinda dos jesuítas para o Brasil, entre os anos de 1549 e 1808, no período da
colonização, tinha dois objetivos principais. Sobre esses objetivos, analise as
sentenças a seguir:
3 O século XX foi marcado por disputas em torno de diversas tendências teóricas que
influenciaram o ensino da arte no Brasil. Sobre os principais autores que defendiam
o enfoque positivista para o ensino da arte na Academia Imperial de Belas Artes,
assinale a alternativa CORRETA:
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4 O século XXI nos trouxe inúmeros avanços tecnológicos, e a vida incorporou uma
nova rotina. A impressão é de que o tempo corre cada vez mais rápido e pouco nos
sobra para viver experiências que nos sensibilizam. O ensino da arte pode contribuir
com a sensibilização das pessoas diante dos acontecimentos que nos cercam. A
partir do exposto, disserte sobre a importância do ensino da arte para que tenhamos
estudantes mais sensíveis, críticos e humanos, convivendo em sociedade.
33
34
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O
ENSINO DA ARTE
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, pudemos no inteirar da trajetória que o ensino da arte teve
no Brasil, desde a chegada dos jesuítas até os ideais modernos da semana de 1922.
Discutimos a chegada dos jesuítas e seu modelo de educação; as influências da missão
artística francesa no Brasil, e os movimentos de diferentes correntes teóricas, como
o positivismo e o liberalismo, na concepção de arte-educação do século XX. Por meio
dessa discussão, compreendemos a trajetória do ensino da arte no Brasil e as influências
políticas, sociais e culturais que nos trouxeram para o atual contexto.
A proposta de educação através da Arte foi trazida ao Brasil por meio das ideias
do filósofo inglês Herbert Head (1948). Segundo Ferraz e Fusari (1991, p. 15), “a base
desse pensamento é ver a arte não apenas como uma das metas da educação, mas sim
como o seu próprio processo, que é considerado também criador”.
35
A educação artística se desenvolve nas escolas, mas percebem-se inúmeras
questões que não concretizam um verdadeiro ensino da arte que valorize o saber
artístico. Como alguns pontos a serem abordados sobre essa questão, podemos
destacar a falta de formação para os professores e também a falta de compreensão
acerca de como e qual arte é protagonista nesse ensino. Essa falta de compreensão vai
acarretar um ensino polivalente, no qual o professor leciona tudo e, ao mesmo, tempo
nada, pois não há o aprofundamento e nem o conhecimento necessário sobre cada uma
das linguagens artísticas na formação docente para que, respectivamente, se tenha o
ensino de todos estes tópicos.
36
E a Lei n° 11.769, de 2008, que trata da obrigatoriedade do conteúdo de
música. A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, no componente
curricular de arte.
Passados dois anos da aprovação da lei que trata sobre o ensino da música,
é apresentado no senado federal o projeto de Lei 7.032, que previa a obrigatoriedade
no ensino de Artes [...] a música, as artes plásticas e as artes cênicas (BRASIL, 2010,
p. 1). Com mudanças e adaptações no projeto de Lei original, a câmara dos deputados
aprova, em 2016, a Lei n° 13.278 que torna as Artes Visuais, a Dança, a Música e o Teatro
conteúdos obrigatórios do componente curricular Arte em toda a educação básica. A
lei define em seu artigo 2° que [...] O prazo para que os sistemas de ensino implantem
as mudanças decorrentes desta Lei, incluída a necessária e adequada formação dos
respectivos professores em número suficiente para atuar na educação básica, é de
cinco anos. (BRASIL, 2016, p. 1).
IMPORTANTE
É muito importante que você, acadêmico, compreenda
que a formação mínima exigida para os professores de
Ensino Fundamental e Médio é o curso de licenciatura. No
entanto, principalmente na Educação Infantil, o profissional
que trabalhará com esta área é o professor da turma,
normalmente com formação em Pedagogia. Responsável
ou não pelo desenvolvimento da aprendizagem em Arte,
você, enquanto professor, necessitará de conhecimentos
para abordar as linguagens que permeiam esta área
de conhecimento. É justamente com a preocupação
acerca desta necessidade que abordamos a trajetória do
Ensino da Arte no Brasil, para que você compreenda a
prática fundamentada, possibilitando a ampliação do seu
repertório artístico, histórico e cultural.
37
A seguir, veja todas as principais mudanças na legislação sobre o ensino da
arte. Esse esquema ajudará você a compreender de forma mais concisa os principais
movimentos em torno da inserção da arte na escola, de forma obrigatória.
FONTE: Os autores
38
DICA
Caro acadêmico, para ampliar seus conhecimentos sobre o Ensino da Arte, sugerimos que
você leia os livros:
39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A primeira lei brasileira a mencionar o ensino da Arte no Brasil foi a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional do ano de 1971 (LDB 5.692/71), que incluiu a Arte no
currículo escolar como Educação artística.
• A partir da LDB 9.394/96, o ensino da arte passa a ser obrigatório nas escolas. Com
a alteração dada pela Lei n° 12.287/2010, aborda a especificidade das expressões
regionais.
40
AUTOATIVIDADE
1 A busca pela implantação do ensino da arte teve uma grande trajetória em busca
do seu lugar dentro da escola. Sobre a Lei que inseriu o ensino da arte na educação
regular, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) 1971.
b) ( ) 2010.
c) ( ) 1996.
d) ( ) 2016.
2 No ano de 2016, foi aprovada a Lei n° 13.276/2016, que instituiu quatro linguagens
artísticas como conteúdos obrigatórios da disciplina de Artes. Com relação às
respectivas linguagens, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) 1996.
b) ( ) 1971.
c) ( ) 2008.
d) ( ) 2010.
41
42
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
(BNCC) DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO
FUNDAMENTAL
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, discutimos pontos importantes sobre a legislação que
regulamentam o ensino da arte no Brasil. Compreendemos que este debate ainda é
recente e precisamos nos engajar para valorizar e reafirmar a importância do ensino da
arte na escola.
43
Nacional (LDB, Lei n° 9.394/1996), e está orientado pelos princípios
éticos, políticos e estéticos, que visam à formação humana integral e
à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como
fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica (DCN) (BRASIL, 2017, p. 7).
44
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem
e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e
as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-
se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
IMPORTANTE
A BNCC serve como um documento base do país. Nesse sentido,
cada estado brasileiro atualizou o seu próprio documento curricular
baseado na BNCC, agregando também os aspectos culturais, sociais e
políticos de cada estado. Os municípios podem ou não ter suas próprias
diretrizes curriculares municipais. Nesse sentido, alguns municípios
apenas aderem à proposta do estado e outros, geralmente os maiores,
atualizam as suas próprias propostas. Então, fique sempre atento aos
documentos oficiais do seu estado/município para levar a sua prática
pedagógica os aspectos elaborados regionalmente pelas Secretarias
Estaduais e Municipais de Educação.
45
A Educação Infantil é um nível de ensino em que a arte está presente
quase a todo instante das aulas. As crianças cantam, desenham,
ouvem histórias – muitas lidas pelas professoras em livros de literatura
infantil –, pintam, recortam e colam, fazem teatro, enfim, praticam
diversas modalidades artísticas diariamente, permeando a maioria
das atividades que constituem o processo ensino-aprendizagem.
As professoras (flexão de gênero correspondente à maioria quase
unânime de mulheres que assumem a docência na Educação Infantil)
desse nível de ensino fazem-se presente com bastante frequência a
cursos em que é focalizada a arte, muitas vezes querendo enriquecer
seu repertório de práticas artísticas a serem propostas as suas
respectivas turmas (PINTO; RIBEIRO, 2015, p. 22).
46
Considerando os Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento, são elaborados
cinco Campos de Experiência. A definição destes campos diz que eles “[..] também
se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos saberes e conhecimentos
fundamentais a ser propiciados às crianças e associados as suas experiências” (BRASIL,
2017, p. 38).
CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS
• O eu, o outro e o nós: é na interação com os pares e com adultos que as crianças vão
constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem
outros modos de vida, e pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem
suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade),
constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se
e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo
que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua
autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio.
Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças
entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes
atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e
narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e
ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos
constituem como seres humanos.
• Corpo, gestos e movimentos: com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos
impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo,
exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-
se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e
cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das
diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta,
elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem.
As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus
gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo,
ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco a sua
integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois
ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a
emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa
promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo
espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório
de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados
modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar,
engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas; saltar, escalar,
equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.).
• Traços, sons, cores e formas: conviver com diferentes manifestações artísticas,
culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às
crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e
linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música,
o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se
expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais,
exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas,
encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de
47
recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as
crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros
e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação
das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística,
de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão
pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente,
a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas
experiências e vivências artísticas.
• Escuta, fala, pensamento e imaginação: desde o nascimento, as crianças participam de
situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras
formas de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o
sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro.
Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais
recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna,
pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante
promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua
participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas,
nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações
com as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e
pertencente a um grupo social.
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e
acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar,
comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo
diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil,
a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades
que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador,
mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela
leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o
contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros,
com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem
da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos
escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente,
em rabiscos e garatujas, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não
convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação
da língua.
48
NOTA
A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até a década de 1980, expressava
o entendimento de que a Educação Infantil era uma etapa anterior, independente
e preparatória para a escolarização, que só teria seu começo no Ensino Fundamental.
Situava-se, portanto, fora da educação formal.
49
FIGURA 17 – COMPOSIÇÃO DOS CÓDIGOS DOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
50
(EI03EO05) Demonstrar
(EI01EO05) Reconhecer valorização das
(EI02EO05) Perceber que as
seu corpo e expressar suas características de seu
pessoas têm características
sensações em momentos corpo e respeitar as
físicas diferentes, respeitando
de alimentação, higiene, características dos outros
essas diferenças.
brincadeira e descanso. (crianças e adultos) com os
quais convive.
(EI01EO06) Interagir com outras (EI03EO06) Manifestar
(EI02EO06) Respeitar regras
crianças da mesma faixa etária interesse e respeito por
básicas de convívio social nas
e adultos, adaptando-se ao diferentes culturas e modos
interações e brincadeiras.
convívio social. de vida.
(EI03EO07) Usar estratégias
(EI02EO07) Resolver conflitos
pautadas no respeito mútuo
nas interações e brincadeiras,
para lidar com conflitos nas
com a orientação de um
interações com crianças e
adulto.
adultos.
51
(EI01CG05) Utilizar os (EI03CG05) Coordenar
(EI02CG05) Desenvolver
movimentos de preensão, suas habilidades manuais
progressivamente as habilidades
encaixe e lançamento, no atendimento adequado
manuais, adquirindo controle
ampliando suas possibilidades a seus interesses e
para desenhar, pintar, rasgar,
de manuseio de diferentes necessidades em situações
folhear, entre outros.
materiais e objetos. diversas.
FONTE: Adaptado de Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil e Ensino
Fundamental (2017)
52
(EI01EF06) Comunicar- (EI03EF06) Produzir suas
(EI02EF06) Criar e contar
se com outras pessoas próprias histórias orais e
histórias oralmente, com
usando movimentos, gestos, escritas (escrita espontânea),
base em imagens ou temas
balbucios, fala e outras em situações com função social
sugeridos.
formas de expressão. significativa.
(EI03EF07) Levantar hipóteses
(EI01EF07) Conhecer e
(EI02EF07) Manusear sobre gêneros textuais
manipular materiais impressos
diferentes portadores veiculados em portadores
e audiovisuais em diferentes
textuais, demonstrando conhecidos, recorrendo a
portadores (livro, revista, gibi,
reconhecer seus usos sociais. estratégias de observação
jornal, cartaz, CD, tablet etc.).
gráfica e/ou de leitura.
(EI02EF08) Manipular textos (EI03EF08) Selecionar livros e
(EI01EF08) Participar de e participar de situações textos de gêneros conhecidos
situações de escuta de de escuta para ampliar seu para a leitura de um adulto e/
textos em diferentes gêneros contato com diferentes ou para sua própria leitura
textuais (poemas, fábulas, gêneros textuais (parlendas, (partindo de seu repertório
contos, receitas, quadrinhos, histórias de aventura, sobre esses textos, como a
anúncios etc.). tirinhas, cartazes de sala, recuperação pela memória, pela
cardápios, notícias etc.). leitura das ilustrações etc.).
(EI02EF09) Manusear (EI03EF09) Levantar hipóteses
(EI01EF09) Conhecer
diferentes instrumentos e em relação à linguagem
e manipular diferentes
suportes de escrita para escrita, realizando registros de
instrumentos e suportes de
desenhar, traçar letras e palavras e textos, por meio de
escrita.
outros sinais gráficos. escrita espontânea.
FONTE: Adaptado de Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil e Ensino
Fundamental (2017)
53
(EI03ET03)
(EI02ET03) Compartilhar, com Identificar e selecionar
(EI01ET03) Explorar o ambiente
outras crianças, situações de fontes de informações,
pela ação e observação,
cuidado de plantas e animais para responder a questões
manipulando, experimentando
nos espaços da instituição e sobre a natureza,
e fazendo descobertas.
fora dela. seus fenômenos, sua
conservação.
(EI03ET04) Registrar
(EI01ET04) Manipular, (EI02ET04) Identificar relações observações, manipulações
experimentar, arrumar e espaciais (dentro e fora, em e medidas, usando múltiplas
explorar o espaço por meio de cima, embaixo, acima, abaixo, linguagens (desenho,
experiências de deslocamentos entre e do lado) e temporais registro por números ou
de si e dos objetos. (antes, durante e depois). escrita espontânea), em
diferentes suportes.
(EI01ET05) Manipular materiais (EI02ET05) Classificar objetos, (EI03ET05) Classificar
diversos e variados para considerando determinado objetos e figuras de acordo
comparar as diferenças e atributo (tamanho, peso, cor, com suas semelhanças e
semelhanças entre eles. forma etc.). diferenças.
(EI03ET06) Relatar
(EI01ET06) Vivenciar diferentes (EI02ET06) Utilizar conceitos
fatos importantes
ritmos, velocidades e fluxos básicos de tempo (agora,
sobre seu nascimento e
nas interações e brincadeiras antes, durante, depois, ontem,
desenvolvimento, a história
(em danças, balanços, hoje, amanhã, lento, rápido,
dos seus familiares e da
escorregadores etc.). depressa, devagar).
sua comunidade.
(EI03ET07) Relacionar
números as suas
(EI02ET07) Contar oralmente
respectivas quantidades
objetos, pessoas, livros etc.,
e identificar o antes, o
em contextos diversos.
depois e o entre em uma
sequência.
(EI02ET08) Registrar com
números a quantidade de
(EI03ET08) Expressar
crianças (meninas e meninos,
medidas (peso, altura
presentes e ausentes) e a
etc.), construindo gráficos
quantidade de objetos da
básicos.
mesma natureza (bonecas,
bolas, livros etc.).
54
QUADRO 11 – SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS
55
Para o fim de nossas reflexões sobre a Educação Infantil na Base Nacional Comum
Curricular, gostaríamos de propor a você, acadêmico, que faça uma leitura cuidadosa
dos Objetivos de Desenvolvimento e Aprendizagem dispostos nas tabelas apresentadas
anteriormente e busque pelos objetivos que contemplam o que você conhece até o
momento, por meio de seus estudos sobre a arte e as diversas linguagens da arte.
ÁREAS DE CONHECIMENTO
BASE NACIONAL COMUM CURRÍCULAR – ENSINO FUNDAMENTAL
ÁREA COMPONENTES CURRÍCULARES
Língua Portuguesa, Arte, Educação Física
Linguagens
e Língua Inglesa
Matemática Matemática
Ciências da Natureza Ciências
Ciências Humanas História e Geografia
Ensino religioso Ensino Religioso
Cada área possui as suas próprias competências gerais de área, que definem
aspectos que interrelacionam saberes e dispõem de possibilidades para que os professores
de cada componente curricular possam realizar aulas integradas e interdisciplinares,
conectando os conhecimentos e proporcionando práticas educativas que corroborem
para o desenvolvimento integral dos estudantes. A saber, as competências gerais da
área de Linguagens, ao qual se integra o componente curricular de Arte, são:
56
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL
FONTE: Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil e Ensino Fundamental (2017)
A Base ainda diz que as linguagens devem ser abordadas a partir da articulação
de seis dimensões do conhecimento. Estas dimensões podem ser trabalhadas por toda
e qualquer linguagem artística e estas não seguem uma hierarquia, nesse sentido,
podem fazer parte das práticas pedagógicas em arte nas mais diversas possibilidades
metodológicas de ensino. A saber, as dimensões elencadas pela BNCC, são:
DIMENSÕES DO CONHECIMENTO
58
FRUIÇÃO: refere-se ao deleite, ao prazer, ao estranhamento e à abertura
para se sensibilizar durante a participação em práticas artísticas e culturais. Essa
dimensão implica disponibilidade dos sujeitos para a relação continuada com
produções artísticas e culturais oriundas das mais diversas épocas, lugares e
grupos sociais.
FONTE: Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil e Ensino Fundamental (2017)
Agora, vejamos como a BNCC compreende cada uma das quatro linguagens
que integram o componente curricular Arte: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro:
59
A MÚSICA é a expressão artística que se materializa por meio dos sons,
que ganham forma, sentido e significado no âmbito tanto da sensibilidade subjetiva
quanto das interações sociais, como resultado de saberes e valores diversos
estabelecidos no domínio de cada cultura.
FONTE: Base Nacional Comum Curricular do Ensino Fundamental e Educação Infantil (2017)
60
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE PARA O
ENSINO FUNDAMENTAL
FONTE: Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil e Ensino Fundamental (2017)
61
A BNCC apresenta ainda um quadro composto de Unidades temáticas, Objetos
de conhecimento e Habilidades a serem desenvolvidas no componente curricular arte,
no ensino fundamental.
62
QUADRO 13 – ARTE NA BNCC (1° A 5° ANO)
ARTE – 1° AO 5° ANO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF15AR01) Identificar e apreciar formas distintas das
Contextos e artes visuais tradicionais e contemporâneas, cultivando
práticas a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e
o repertório imagético.
(EF15AR02) Explorar e reconhecer elementos
Elementos da
constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, cor,
linguagem
espaço, movimento etc.).
(EF15AR03) Reconhecer e analisar a influência de
Matrizes estéticas distintas matrizes estéticas e culturais das artes
e culturais visuais nas manifestações artísticas das culturas
locais, regionais e nacionais.
(EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão
ARTES artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos,
VISUAIS dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo,
Materialidades
fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais,
instrumentos, recursos e técnicas convencionais e não
convencionais.
(EF15AR05) Experimentar a criação em artes visuais
de modo individual, coletivo e colaborativo, explorando
Processos de
diferentes espaços da escola e da comunidade.
criação
(EF15AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos
colegas, para alcançar sentidos plurais.
(EF15AR07) Reconhecer algumas categorias do sistema
Sistemas da
das artes visuais (museus, galerias, instituições, artistas,
linguagem
artesãos, curadores etc.).
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF15AR08) Experimentar e apreciar formas distintas
Contextos e de manifestações da dança presentes em diferentes
práticas contextos, cultivando a percepção, o imaginário, a
capacidade de simbolizar e o repertório corporal.
(EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do
corpo e destas com o todo corporal na construção do
movimento dançado.
Elementos da
(EF15AR10) Experimentar diferentes formas de
linguagem
orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções,
caminhos etc.) e ritmos de movimento (lento, moderado
DANÇA e rápido) na construção do movimento dançado.
(EF15AR11) Criar e improvisar movimentos dançados de
modo individual, coletivo e colaborativo, considerando
os aspectos estruturais, dinâmicos e expressivos dos
elementos constitutivos do movimento, com base nos
Processos de
códigos de dança.
criação
(EF15AR12) Discutir, com respeito e sem preconceito,
as experiências pessoais e coletivas em dança
vivenciadas na escola, como fonte para a construção de
vocabulários e repertórios próprios.
63
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente
diversas formas e gêneros de expressão musical,
Contextos e
reconhecendo e analisando os usos e as funções
práticas
da música em diversos contextos de circulação, em
especial, aqueles da vida cotidiana.
(EF15AR14) Perceber e explorar os elementos
constitutivos da música (altura, intensidade, timbre,
Elementos da
melodia, ritmo etc.), por meio de jogos, brincadeiras,
linguagem
canções e práticas diversas de composição/criação,
execução e apreciação musical.
(EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as
existentes no próprio corpo (palmas, voz e percussão
Materialidades corporal), na natureza e em objetos cotidianos,
MÚSICA
reconhecendo os elementos constitutivos da música e
as características de instrumentos musicais variados.
(EF15AR16) Explorar diferentes formas de registro musical
não convencional (representação gráfica de sons,
Notação e
partituras criativas etc.), bem como procedimentos e
Registro Musical
técnicas de registro em áudio e audiovisual, e reconhecer a
notação musical convencional.
(EF15AR17) Experimentar improvisações, composições
e sonorização de histórias, entre outros, utilizando
Processos de
vozes, sons corporais e/ou instrumentos musicais
criação
convencionais ou não convencionais, de modo
individual, coletivo e colaborativo.
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF15AR18) Reconhecer e apreciar formas distintas
de manifestações do teatro presentes em diferentes
Contextos e
contextos, aprendendo a ver e a ouvir histórias
práticas
dramatizadas e cultivando a percepção, o imaginário, a
capacidade de simbolizar e o repertório ficcional.
(EF15AR19) Descobrir teatralidades na vida cotidiana,
Elementos da identificando elementos teatrais (variadas entonações
linguagem de voz, diferentes fisicalidades, diversidade de
personagens e narrativas etc.).
(EF15AR20) Experimentar o trabalho colaborativo,
coletivo e autoral em improvisações teatrais e processos
TEATRO
narrativos criativos em teatro, explorando desde a
teatralidade dos gestos e das ações do cotidiano até
elementos de diferentes matrizes estéticas e culturais.
(EF15AR21) Exercitar a imitação e o faz de conta,
Processos de
ressignificando objetos e fatos e experimentando-se no
criação
lugar do outro, ao compor e encenar acontecimentos
cênicos, por meio de músicas, imagens, textos ou outros
pontos de partida, de forma intencional e reflexiva.
(EF15AR22) Experimentar possibilidades criativas de
movimento e de voz na criação de um personagem
teatral, discutindo estereótipos.
64
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos
Processos de
temáticos, as relações processuais entre diversas
criação
linguagens artísticas.
(EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos,
Matrizes estéticas
brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de
e culturais
diferentes matrizes estéticas e culturais.
(EF15AR25) Conhecer e valorizar o patrimônio cultural,
ARTES material e imaterial, de culturas diversas, em especial a
INTEGRADAS Patrimônio brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas
Cultural e europeias, de diferentes épocas, favorecendo a
construção de vocabulário e repertório relativos às
diferentes linguagens artísticas.
(EF15AR26) Explorar diferentes tecnologias e recursos
digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos,
Arte e tecnologia
gravações em áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.)
nos processos de criação artística.
65
QUADRO 14 – ARTE NA BNCC (6° ANO 9° ANO)
ARTE – 6° AO 9° ANO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar
formas distintas das artes visuais tradicionais e
contemporâneas, em obras de artistas brasileiros
e estrangeiros, de diferentes épocas e em
diferentes matrizes estéticas e culturais, de
modo a ampliar a experiência com diferentes
contextos e práticas artístico-visuais e cultivar
a percepção, o imaginário, a capacidade de
Contextos e práticas
simbolizar e o repertório imagético. (EF69AR02)
Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais,
contextualizando-os no tempo e no espaço.
(EF69AR03) Analisar situações nas quais as
linguagens das artes visuais se integram às linguagens
audiovisuais (cinema, animações, vídeos etc.), gráficas
(capas de livros, ilustrações de textos diversos etc.),
cenográficas, coreográficas, musicais etc.
(EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos
Elementos da das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor,
linguagem tom, escala, dimensão, espaço, movimento etc.) na
ARTES VISUAIS apreciação de diferentes produções artísticas.
(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes
formas de expressão artística (desenho, pintura,
Materialidades colagem, quadrinhos, dobradura, escultura,
modelagem, instalação, vídeo, fotografia,
performance etc.).
(EF69AR06) Desenvolver processos de criação
em artes visuais, com base em temas ou
interesses artísticos, de modo individual, coletivo
e colaborativo, fazendo uso de materiais,
Processos de criação instrumentos e recursos convencionais,
alternativos e digitais.
(EF69AR07) Dialogar com princípios conceituais,
proposições temáticas, repertórios imagéticos e
processos de criação nas suas produções visuais.
(EF69AR08) Diferenciar as categorias de artista,
Sistemas da artesão, produtor cultural, curador, designer,
linguagem entre outras, estabelecendo relações entre os
profissionais do sistema das artes visuais.
66
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas
de expressão, representação e encenação da
Contextos e práticas dança, reconhecendo e apreciando composições
de dança de artistas e grupos brasileiros e
estrangeiros de diferentes épocas.
(EF69AR10) Explorar elementos constitutivos do
movimento cotidiano e do movimento dançado,
abordando, criticamente, o desenvolvimento das
formas da dança em sua história tradicional e
Elementos da
contemporânea.
linguagem
(EF69AR11) Experimentar e analisar os fatores de
movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como
elementos que, combinados, geram as ações
corporais e o movimento dançado.
(EF69AR12) Investigar e experimentar
DANÇA procedimentos de improvisação e criação do
movimento como fonte para a construção de
vocabulários e repertórios próprios. (EF69AR13)
Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e
outras práticas de dança de diferentes matrizes
estéticas e culturais, como referência para a
criação e a composição de danças autorais,
Processos de criação individualmente e em grupo. (EF69AR14) Analisar
e experimentar diferentes elementos (figurino,
iluminação, cenário, trilha sonora etc.) e espaços
(convencionais e não convencionais) para
composição cênica e apresentação coreográfica.
(EF69AR15) Discutir as experiências pessoais e
coletivas em dança vivenciadas na escola e em
outros contextos, problematizando estereótipos e
preconceitos.
67
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF69AR16) Analisar criticamente, por meio da
apreciação musical, usos e funções da música
em seus contextos de produção e circulação,
relacionando as práticas musicais às diferentes
dimensões da vida social, cultural, política,
histórica, econômica, estética e ética. (EF69AR17)
Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e
equipamentos culturais de circulação da música e
Contextos e práticas
do conhecimento musical. (EF69AR18) Reconhecer
e apreciar o papel de músicos e grupos de música
brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o
desenvolvimento de formas e gêneros musicais.
(EF69AR19) Identificar e analisar diferentes estilos
musicais, contextualizando-os no tempo e no
espaço, de modo a aprimorar a capacidade de
apreciação da estética musical.
(EF69AR20) Explorar e analisar elementos
constitutivos da música (altura, intensidade,
Elementos da timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos
linguagem tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos,
MÚSICA canções e práticas diversas de composição/
criação, execução e apreciação musicais.
(EF69AR21) Explorar e analisar fontes e materiais
sonoros em práticas de composição/criação,
Materialidades execução e apreciação musical, reconhecendo
timbres e características de instrumentos musicais
diversos.
(EF69AR22) Explorar e identificar diferentes formas
de registro musical (notação musical tradicional,
Notação e Registro
partituras criativas e procedimentos da música
Musical
contemporânea), bem como procedimentos e
técnicas de registro em áudio e audiovisual.
(EF69AR23) Explorar e criar improvisações,
composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras,
entre outros, utilizando vozes, sons corporais
Processos de criação e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos,
convencionais ou não convencionais, expressando
ideias musicais, de maneira individual, coletiva e
colaborativa.
68
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e
grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de
diferentes épocas, investigando os modos de
criação, produção, divulgação, circulação e
Contextos e práticas organização da atuação profissional em teatro.
(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos
cênicos, contextualizando-os no tempo e no
espaço, de modo a aprimorar a capacidade de
apreciação da estética teatral.
(EF69AR26) Explorar diferentes elementos
Elementos da envolvidos na composição dos acontecimentos
linguagem cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e
sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.
69
4 CONSTRUINDO UM PLANO DE AULA COM A BNCC
O plano de aula e o planejamento, organizados pelos professores, são
documentos dinâmicos que podem ser organizados de acordo com a preferência de
cada docente. A intenção deste tópico é apresentar um modelo de plano de aula que
pode ajudar você, acadêmico, a organizar as suas propostas educativas na relação com
as habilidades propostas pela BNCC no componente curricular de arte.
Para este plano, vamos dividir o quadro em alguns tópicos importantes para a
organização da aula:
A avaliação pode ser definida de acordo com os processos realizados nas aulas.
Podem ser avaliadas a participação e o engajamento nas discussões, as produções
escritas e criações artísticas, assim como a capacidade de trabalhar em equipe.
70
QUADRO 15 – MODELO DE PLANO DE AULA ADEQUADO À BNCC
71
1° Cada estudante
apresentará
o seu artista
rapidamente.
2° Colar na parede,
com fita, as
impressões
trazidas pelos
estudantes.
3° Alinhado
(EF69AR04) com os ideais
Analisar os dos artistas
elementos modernos, vistos
constitutivos na última aula, A aula correu
das artes visuais discutiremos os bem. Lembrete:
- Pôster
(ponto, linha, aspectos visuais trazer materiais
Books ou
forma, direção, e temáticos diversos para
impressões
AULA 3 cor, tom, escala, presentes nas criação em sala
com obras
dimensão, obras trazidas (folhas, papéis
dos artistas
espaço, pelos estudantes. diferenciados,
plásticos.
movimento etc.) 4° TAREFA: divididos lápis de cor e
na apreciação em grupos de argila).
de diferentes cinco estudantes,
produções cada um deverá
artísticas. pensar em
uma linguagem
MODERNISMO artística presente
NO BRASIL na semana de
22 e desenvolver
uma criação com
aspectos que
se relacionem
com os ideais da
semana de arte
moderna.
(EF69AR06)
Desenvolver
processos de
criação em artes
visuais, com
- Folhas A4.
base em temas
- Papeis
ou interesses Os estudantes
1° Aula dedicada diferenciados.
artísticos, de que não
para que os - Revistas para
modo individual, finalizarem
AULA 4 estudantes recorte e
coletivo e a produção,
possam fazer colagem.
colaborativo, devem terminar
suas criações. - Argila
fazendo uso em casa.
- Tintas.
de materiais,
instrumentos
e recursos
convencionais,
alternativos e
digitais.
72
1° Montagem de
uma exposição,
no pátio coberto
da escola, com
as produções
dos estudantes.
2° Cada grupo
representará
(EF69AR07)
um coletivo - Fita.
Dialogar com
modernista: - Grampeador. Os resultados
princípios
os estudantes - Biombos foram muito
conceituais,
devem fazer para expor satisfatórios e
proposições
um cartaz de os desenhos, os estudantes
MODERNISMO temáticas,
AULA 5 apresentação colagens e relataram
NO BRASIL repertórios
da exposição do pinturas. muito
imagéticos e
grupo. - Carteiras entusiasmo
processos de
3° Ao final, para expor as na produção
criação nas
conversamos esculturas de das obras.
suas produções
sobre o argila.
visuais.
processo de
criação de cada
grupo e abrimos
a exposição
para que a
comunidade
escolar possa
visitar.
FONTE: Os autores
73
LEITURA
COMPLEMENTAR
A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
INTRODUÇÃO
74
Observar a realidade, analisá-la e agir sobre ela: essa é a grande premissa
do materialismo histórico dialético. Para Marx e seus seguidores, os fatos sociais não
existiam por si só, pois não existe uma linearidade, uma homogeneidade na sociedade.
Uma pesquisa que tem como base o método dialético assume seu caráter filosófico,
pautado na totalidade, na contradição e na práxis. Assim, o presente trabalho utilizou a
abordagem sócio-histórica, na qual vê “a reciprocidade sujeito/objeto eminentemente
como uma interação social que vai se formando ao longo do tempo histórico”
(SEVERINO, 2007, p. 116), numa duplicidade de relações, que levam a compreender
os comportamentos dos sujeitos, as crianças e suas interpretações, sentimentos e
emoções com o objeto pesquisado, no caso a experiência estética.
OBJETIVO GERAL
METODOLOGIA
75
REFERENCIAL TEÓRICO
A experiência estética nos desperta para o belo dentro de nós. É uma experiência
de profunda percepção e, de certa forma, nos lembra de que somos seres humanos, pois
desde quando nascemos, experimentamos cheiros, gostos, sensações, emoções, sons,
temperaturas, texturas, imagens. Também faz com que transcendamos a realidade,
de forma íntima, em que cada indivíduo vai construindo um universo de experiências.
Sobre isso, Barbieri (2013, p. 38) explica:
76
nas crianças sensações diferentes, relacionadas ao sentido atribuído dentro do
contexto histórico social do objeto, que estariam fora da realidade delas, levando-
as a campos desconhecidos; distanciando de práticas pedagógicas estereotipadas,
pautadas no produto final, sem se preocupar com o desenvolvimento do potencial
criador de cada sujeito.
CONCLUSÃO
77
e emoções expostas pelas crianças, pudemos compreender a importância da arte
como possibilidade de transgressão do que nos foi imposto, de construção de um
conhecimento novo, de perpetuação dos sentidos. O contato com diferentes materiais
e suportes levou as crianças a experimentarem e experienciarem sentimentos
variados, desenvolvendo a capacidade de se expressarem ao mesmo tempo em que
ampliavam seu repertório imagético.
FONTE: <http://cepedgoias.com.br/edipe/viedipe/PDF/GT3%20Arte%20pdf/GT3%20A%20
EXPERIENCIA%20ESTETICA%20NA%20EDUCACAO%20INFANTIL.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2021.
78
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi apresentada em 2017, após a elaboração
de três versões que contaram com a participação de entidades, profissionais e
associações educacionais.
• A arte no Ensino Fundamental é composta pelas linguagens das Artes Visuais, Dança,
Música e Teatro.
• Você também teve acesso a um exemplo de plano de aula para auxiliar e inspirar a
elaboração dos seus próprios planos de aula.a
79
AUTOATIVIDADE
1 Sabemos que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi um documento de
grande valia para a educação brasileira. Com relação aos Direitos de Aprendizagem
e Desenvolvimento para a Educação Infantil dispostos na BNCC, assinale a
alternativa CORRETA:
2 Vimos que os planos de aula alinhados à BNCC não têm mais objetivos que norteiam
as práticas educativas. Sobre os termos utilizados no texto da BNCC para se referir
aos objetivos que envolvem a aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes,
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Habilidades e Inteligências.
b) ( ) Competências e Inteligências.
c) ( ) Práticas e Competências.
d) ( ) Habilidades e Competências.
80
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. M. T. B. Arte-educação no Brasil. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
81
PINTO, D. de O.; RIBEIRO, J. R. V. O professor de arte na educação infantil: analisando
aspectos de uma prática docente em construção. Teatro: criação e construção de
conhecimento, Palmas, v. 3, n. 4, p. 22-29, jan. 2015. Disponível em: https://sistemas.uft.
edu.br/periodicos/index.php/teatro3c/article/view/1396/8363. Acesso em: 10 set. 2021.
ZOTTI, S. Sociedade, Educação e Currículo no Brasil: dos jesuítas aos anos 80.
Quaestio: Revista de Estudos de Educação, Sorocaba, n. 04, p. 65-81, nov.
2002. Disponível em: http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/quaestio/article/
view/1384/1367. Acesso em: 10 set. 2021.
82
UNIDADE 2 —
METODOLOGIAS E
CURRÍCULO DE ARTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
83
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
84
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
PROPOSTA TRIANGULAR DO ENSINO
DA ARTE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, na unidade anterior, nós desvendamos juntos a história do ensino
da arte no Brasil, a partir dos marcos históricos, políticos e sociais que contribuíram para
que a arte fosse inserida como componente curricular obrigatório da educação básica.
Porém, alguns desdobramentos aconteceram no final do século XX, e agora vamos
discutir alguns destes aspectos, a partir das metodologias que foram sendo utilizadas
pelos professores de arte, neste início da trajetória da arte na escola.
Neste tópico, abordaremos a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa, uma das
maiores referências no ensino e pesquisa no campo da arte-educação do Brasil. Na
unidade anterior, você pôde conhecer um pouco da trajetória desta importante-arte
educadora; e, neste tópico, vamos aprofundar nossas reflexões em torno das discussões
teóricas propostas pela autora.
Convidamos você a mergulhar neste importante tópico para conhecer uma das
primeiras proposições metodológicas para o ensino da arte no Brasil. Vamos nessa?
85
FIGURA 1 – ESTRUTURA DO DBAE
FONTE: Os autores
A partir das ideias vindas do contexto internacional, “[...] no Brasil, Ana Mae
Barbosa desenvolve um conjunto de ideias que, calcadas nesta formulação matricial,
geram a Metodologia Triangular. É o que muitos pensadores denominam de pós-
modernismo na arte-educação (BERG, 2002, p. 14).
86
NOTA
O período chamado de Pós-moderno se constitui a partir de mudanças
políticas profundas no cenário mundial, em meados dos anos 1980. A
queda da União Soviética e do muro de Berlim, a abertura econômica
da China e o início do processo de redemocratização no Brasil marcam
algumas destas mudanças (CANTON, 2001).
FONTE: Os autores
Barbosa (1998) tem por justificativa o que a autora chama em seu livro de
“anemia teórica”. Esta é uma referência ao fato de que a arte-educação, em meio a tantas
questões legislativas e políticas, não foi organizada para promover o conhecimento nas
e com as artes visuais. Para a autora, as relações entre o fazer artístico com arte, a leitura
de imagem e as informações históricas são essenciais para o pleno desenvolvimento do
conhecimento no ensino das artes visuais.
Partindo deste aspecto, cabe relembrar aqui a importância que Barbosa (1998)
dá ao ensino da arte para o desenvolvimento humano e cultural dos sujeitos:
87
Agora, voltemos a discutir os tópicos que estruturam a proposta triangular.
Vamos descrever individualmente os significados e os aspectos conceituais e teóricos
atribuídos a cada uma das três etapas.
No que diz respeito à leitura da obra de arte, Barbosa (1998) propõe uma
fruição que venha repleta de questionamentos, de provocações, de curiosidade e
vontade de tecer o encontro com arte. A autora ainda ressalta que a leitura de imagem
“[...] é busca, é descoberta, é o despertar da capacidade crítica, nunca a redução dos
alunos a receptáculos das informações do professor, por mais inteligentes que eles
sejam” (BARBOSA, 1998, p. 40).
88
DICA
Caso você tenha interesse em se aprofundar nos estudos sobre a história do ensino da
arte e da proposta triangular, deixaremos aqui três sugestões de livros:
89
Inúmeros artistas discutem a temática do Meio Ambiente em suas obras, mas
poderíamos abordar, nesta proposta, as obras do artista brasileiro Eduardo Srur, artista
que pauta as questões relacionadas ao meio ambiente em suas intervenções urbanas,
como no exemplo da obra Caiaques, de 2005:
FONTE: <https://uploads-ssl.webflow.
com/5779d7331a78df73570927ce/57ae47902a4ca7f058f4a1a5_FOTOGRAFIAS_9-p-800x534.
jpeg>. Acesso em: 10 set. 2021.
NOTA
Eduardo Srur vive e trabalha em São Paulo. Estudou na Faculdade de
Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde teve
aulas com o artista Nelson Leirner e o fotógrafo Eduardo Brandão. Inicia a
carreira com a linguagem de pintura nos anos 1990, recebendo o Prêmio
Michelângelo de Pintura Contemporânea no Centro Cultural de São Paulo
(1996), Prêmio Bolsa de Estudo na Anual de Artes da FAAP (1997), Prêmio
Salão de Arte Contemporânea de São Bernardo do Campo (2002), Prêmio
na 9ª Bienal de Santos (2004) e Prêmio Revelação de Artes Plásticas no
Museu de Arte Contemporânea de Americana (2003).
90
Para completar, como proposta para o fazer artístico, poderia ser pensada para
este tema, na relação com as obras do artista, alguma intervenção no espaço da escola,
seja uma performance ou uma instalação com materiais recicláveis. Nesse caso, a arte
contemporânea é repleta de possibilidades, que podem ser exploradas na relação com
os espaços de ensino.
DICA
Sugerimos que você faça a leitura da entrevista: “DIALOGANDO COM
ANA MAE BARBOSA SOBRE ARTE”, publicada na Revista Atos de Pesquisa
em Educação, no ano de 2016, com o intuito de aprofundar algumas
questões acerca do ensino e da prática do ensino da arte. A entrevista
está disponível on-line e você pode acessá-la, digitando o link da fonte
na URL do seu buscador.
FONTE: <https://proxy.furb.br/ojs/index.php/atosdepesquisa/article/
view/4680/3287> Acesso em: 10 set. 2021.
91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
92
AUTOATIVIDADE
1 Com base na estrutura da Proposta Triangular criada por Ana Mae Barbosa, e os três
eixos que compõem a proposição da autora, assinale a alternativa CORRETA:
93
4 Quando a Proposta Triangular se populariza no Brasil, a proposição de Ana Mae
Barbosa recebe a nomenclatura de “Metodologia Triangular”. Anos depois, a autora
desculpa-se por este termo e propõe que seja usado no lugar do anterior a expressão:
“Proposta Triangular”. Disserte sobre o motivo que levou a autora a sugerir esta troca.
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
PESQUISA E NO ENSINO DA ARTE
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, discutiremos duas metodologias de pesquisa que podem ser
utilizadas também para o ensino de arte, são elas: a Cartografia e a A/r/tografia. A escolha
destes métodos serve para aproximar a nossa concepção de ensino e de pesquisa no
âmbito da escola.
Paulo Freire (1996) nos afirma em seu livro Pedagogia da Autonomia que não
existe ensino sem pesquisa. Nesse sentido, sabemos que a prática de pesquisar está
intrínseca na atividade docente. O professor pesquisa para planejar, para preparar suas
aulas, para tirar dúvidas dos estudantes. O professor pesquisa porque ser professor é
estar em constante desejo de conhecer mais, saber mais... para poder partilhar mais.
Como relata Freire “ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago.
Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.
Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”
(FREIRE, 1996, p. 29).
2 A/R/TOGRAFIA
A Artografia é uma das tendências de um conjunto de métodos que são
sistematizados dentro da perspectiva da Pesquisa Educacional Baseada nas Artes
(PEBA). E como um dos princípios que permeia este conjunto de métodos, a educação
será, de forma natural, um dos percursos discutidos pelos pesquisadores que se
permitirem seguir por uma das perspectivas metodológicas da PEBA (OLIVEIRA;
CHARREU, 2016, p. 367). Ou seja, esta é uma metodologia que se destina ao contexto
da arte educação.
95
Outra questão fundamental da Artografia é a concepção de “pesquisa viva”
advinda das identidades assumidas pelo A/r/tógrafo neste percurso, pois essa dinâmica
de identidades assegura ao método Artográfico um lugar de reflexão que compreende
todo o processo da pesquisa, seus fluxos contínuos e suas curvas de um movimento
intenso que se desdobram nas relações entre o fazer artístico, a prática investigativa da
pesquisa e as percepções acerca da docência.
E nesse sentido, talvez haja a dúvida sobre como esse percurso acontece. Como
três identidades podem dar origem a um único movimento, que integre e relacione as
práticas distintas do artista, do pesquisador e do professor? Para Oliveira e Charreu
(2016, p. 376), na “a/r/tografia, saber, fazer e realizar se fundem e se dispersam, criando
uma linguagem mestiça, híbrida”. E é a partir desta linguagem mestiça e híbrida que esta
metodologia se apresenta como uma nova tendência para a pesquisa em arte e educação,
rompendo com os padrões hegemônicos de se fazer pesquisa. A “[...] a/r/tografia traz
uma abordagem dinâmica à pesquisa qualitativa, que desafia as noções naturalizadas
e conservadoras de fazer pesquisa; parte da perspectiva crítica comprometida com o
desenvolvimento de formas de conhecimento transdisciplinar (OLIVEIRA; CHARREU,
2016, p. 376).
Agora que temos alguma base teórica para pensar a Artografia, voltemos ao
nosso pensamento para o campo do ensino de arte. Sabemos que esta metodologia
exige do professor uma tripla atuação: a docência, a pesquisa e a atividade como
artista. No processo artográfico, essas três facetas se fazem muito importantes para o
desenvolvimento da prática educativa.
Assim como na Proposta Triangular, não existe receita ou modelo pronto dizendo
um passo a passo de como deve ser feito, ou um guia que ensine como usar o método. A
metodologia acontece na prática da sala de aula, quando você se percebe participante
do processo de construção de conhecimento junto dos seus estudantes.
Outra questão importante é que você, caso seja alguém que desenvolva um
trabalho em alguma linguagem artística, traga para a sala de aula, apresente suas obras,
converse com os estudantes como é o seu processo de criação, suas escolhas temáticas,
fale sobre os aspectos de forma e conteúdo que fazem parte da sua obra. As crianças
precisam desmistificar a ideia de que os artistas estão distantes. O professor é artista,
o tio pode ser pintor, a vizinha pode ser uma ceramista e todos os nossos estudantes
podem vir a se desenvolver artisticamente e se dedicar à arte, mas precisamos estar
dispostos a fazer com que estes acreditem nessa possibilidade.
96
DICA
Caro acadêmico, deixamos como sugestão de leitura o livro Pesquisa Educacional Baseada
Em Arte: A/r/tografia de Belidson Dias e Rita Irwin.
Este livro, ao enfatizar A/r/tografia como Pesquisa Educacional Baseada em Arte, possibilita
ao leitor explorar a ação da Pesquisa Educacional Baseada em Arte, algumas metodologias
tradicionais e outras abordagens emergentes que empregam as artes no processo da
pesquisa qualitativa. Mais ainda: apresentar um amplo espectro dos tipos de pesquisas
e investigações utilizadas pelos pesquisadores, incluindo formas literárias, performance,
poesia, artes visuais, vários tipos de mídia, narrativa, arte popular, artefatos, visualidades e
muito mais. Constitui-se, assim, um recurso essencial para qualquer estudioso interessado
em pesquisa qualitativa, bem como um recurso crítico para bibliotecas acadêmicas
e públicas, proporcionando informações e saberes para alunos de Pós-Graduação,
Graduação da área de Humanas e, mais especificamente, a educadores, professores de
artes, arte-educadores e artistas/professores.
Para finalizar nossas discussões sobre a Artografia, sugerimos que você faça
o exercício mental de pensar possibilidades de aula com a Artografia. Quais processos
podem ser pensados para que você crie junto de seus estudantes? É importante
que você desconstrua a ideia de que o professor é o detentor do conhecimento e
que os alunos receberão o conhecimento através de suas palavras. Na Artografia, o
conhecimento em Arte se constrói junto, no dia a dia da sala de aula.
97
3 CARTOGRAFIA
Iniciamos nossa discussão sobre a Cartografia dizendo que esta, assim como
a Artografia, é uma metodologia de pesquisa. Nosso exercício aqui é pensar em como
praticá-la no ensino da arte. Dito isto, vamos iniciar nossa conversa sobre esta metodologia.
NOTA
Cartografia: técnica do traçado de cartas geográficas e seu estudo.
98
FIGURA 4 – RIZOMA
FONTE: <https://guaja.cc/wp-content/uploads/2018/03/rizoma-path-300x213.png/>
Acesso em: 13 set. 2021.
[...] uma forma de desenhar o mundo, por meio do uso de linhas para
demarcar, interpretar e reinterpretar seus territórios [...]. Ela também
pode ser aplicada como: [...] método de acompanhamento para traçar
percursos poéticos, sendo aquilo que força a pensar e ver o todo do
processo do artista pesquisador, dando-se como possibilidade de
caminho a ser traçado no trabalho, como uma atenção voltada ao
processo em curso (URIARTE, 2017, p. 40).
99
QUADRO 1 – EXEMPLO DE PLANO DE AULA
PLANO DE AULA 1
ASSUNTO/ TEMA DA AULA I
Tema: Mestre Vitalino e a representação da realidade nordestina: Olhares para o cotidiano e a
cultura do lugar onde vivemos através da arte figurativa em cerâmica.
Carga Horária: 02 horas
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Pensar a cultura local no contexto em que vivemos, repleta de influências de outras cidades,
estados e países, é uma tarefa difícil na contemporaneidade, visto que as informações
chegam de forma mais rápida e adentram nosso modo de viver, de tal forma, que novidades
se transformam em tendências da noite para o dia. A partir desta questão, este plano de aula
visa propiciar às crianças um momento para refletirem e olharem para o lugar no qual vivem
e a cultura que permeia seu cotidiano através da arte, utilizando como exemplo o artesanato
figurativo de Mestre Vitalino e toda a representação cultural que o artesão trouxe em suas obras.
Primeiro momento: nessa aula, apresentaremos a vida de mestre Vitalino, seu contato com
o barro, a tradição do artesanato figurativo do Nordeste, passado de geração em geração, bem
como a linguagem da cerâmica.
Segundo momento: após o vídeo, faremos uma conversa buscando compreender quais
aspectos da cultura Nordestina as crianças reconhecem no vídeo e a relação da cultura
presente nas obras de Vitalino. Essas informações serão inseridas num mapa que será elaborado
juntamente com as crianças, registrando nosso percurso e processo durante a aula.
Terceiro momento: dialogar com as crianças e pensar no que cada uma gostaria de fazer com
a argila (representação de algo que faça parte da cultura local).
Quinto momento: tirar fotos das produções das crianças e, posteriormente, produzir uma
matéria para o projeto do jornal.
100
AVALIAÇÃO
Instrumento: a cartografia produzida com o registro dos processos que foram desenvolvidos
durante a aula.
RECURSOS E MATERIAIS
• Argila.
• Talheres.
• Palitos sem ponta.
• Oleados para colocar nas mesas (pode ser papel E.V.A).
• Recurso tecnológico para apresentação das obras e do vídeo.
FONTE: Os autores
FONTE: Os autores
101
Nenhum plano de aula poderá ser tão rígido ao ponto de não reconhecer que
nem sempre (e, na maioria das vezes) nossos planejamentos não se concluem ou
mudamos a rota para poder adequar a proposta ao tempo, as demandas dos estudantes
e da escola. A verdade é que o percurso em sala de aula está em constante movimento
e transformação. Ao encontro desse território instável que é a escola, a Cartografia vem
a contribuir com um registro desse percurso, destes movimentos, dos imprevistos e das
boas surpresas que aparecem pelo caminho, pois o objetivo da Cartografia é acompanhar
os processos, como nos apontam Souza e Francisco (2016):
DICA
Caro acadêmico, deixamos como sugestão de leitura do livro Pistas do método da
cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade organizado por Eduardo
Passos, Virgínia Kastrup e Liliana Da Escóssia.
102
Neste tópico, pudemos aprender que a atividade docente é também uma
atividade de pesquisa. Nesse sentido, temos diversas metodologias que se conectam
com as práticas de ensino e nos proporcionam formas diversas de investigar e refletir
sobre nossas propostas em sala de aula. Além disso, conhecemos duas destas
metodologias: a Artografia e a Cartografia.
103
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
104
AUTOATIVIDADE
1 Sobre os autores que foram os responsáveis pela criação do método Cartográfico,
assinale a alternativa CORRETA:
2 A partir das discussões feitas sobre a Artografia e as três dimensões do sujeito que se
propõe a usar esta metodologia, analise as opções a seguir:
I- Artista.
II- Pesquisador.
III- Estudante.
IV- Observador.
V- Professor.
3 Com relação à Artografia e à grande área da pesquisa em Educação e Arte em que ela
está inserida, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Pesquisa em Arte.
b) ( ) Pesquisa Educacional em Arte e Educação.
c) ( ) Pesquisa Educacional Baseada em Arte.
d) ( ) Pesquisa artística em Educação.
5 Observamos que a Artografia é composta por três dimensões de ação. Com relação
ao ser artista, como a teoria compreende o ser artista na relação entre a pesquisa e à
docência? Reflita e disserte sobre o que é ser artista na proposta Artográfica.
105
106
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
O DESENHO INFANTIL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no tópico anterior nós conhecemos juntos outros métodos possíveis
para o ensino da arte. Neste tópico, focaremos nossas discussões em uma questão
muito importante para o desenvolvimento criativo e cognitivo da criança: os primeiros
registros gráficos, ou seja, o desenho!
2 O DESENHO DA CRIANÇA
Antes de adentrarmos as nossas discussões teóricas sobre o desenho infantil,
gostaríamos que você pudesse apreciar uma música que se relaciona com o tema em
discussão: Aquarela, do compositor e cantor brasileiro, Toquinho.
107
INTERESSANTE
Aquarela
Touquinho
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante, imagino
Uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
108
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente, a esperar
Pela gente, o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda nossa vida
E depois, convida
A rir ou chorar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela que, um dia, enfim
Descolorirá
Tenhamos em mente, para este nosso início de conversa, a poesia com que
Toquinho nos canta em sua música. A criança tem a simplicidade e, ao mesmo tempo, a
riqueza afetiva desta canção. Para compreender o desenho infantil é preciso se livrar de
pré-julgamentos e da buscar pela técnica perfeita. A criança desenha na relação com as
outras crianças, na relação com sua família e na relação com o mundo. O desenho infantil
carrega a potência da descoberta das coisas e, ao mesmo tempo, a representação de
tudo o que compõem a “aquarela da infância”!
110
No século XIX, ainda predominava na mentalidade das pessoas a ideia de
que a criança precisava copiar os desenhos dos adultos para chegar ao nível maior
de desenvolvimento da técnica. Já no século XX, observamos uma mudança nessa
compreensão com a entrada da livre-expressão no cenário da arte educação. É nesse
período que esta concepção aparece na criação das escolinhas de arte. Podemos
relembrar também da exposição de desenhos infantis junto à exposição de Anita Malfati,
na Semana de Arte moderna de 1922.
111
QUADRO 2 – DESENHO DE AÇÃO
112
QUADRO 3 – DESENHO DE IMAGINAÇÃO I
DESENHO DE IMAGINAÇÃO I É o que mostra imagens com significados
simbólicos, lidos pela criança, feitos de
Figura – Desenho de imaginação I da criança: maneira não aleatória, mas dando sequência
vemos formas justapostas nas figuras maiores; as suas aprendizagens. O desenhista segue
figura composta de retângulo, círculo e linha; pensando que o desenho é ação sobre
figura de forma fechada com linha denteada superfície que produz algo para ser visto, mas
no interior, com linha, trapézio e retângulo acredita também que algumas coisas podem
acoplados. aparecer nos desenhos – poucas coisas, que
enumera e nomeia. As formas são nomeadas
porque agora a criança reconhece elementos
do mundo real e imaginário: moradias, figuras
humanas, animais, objetos e elementos da
natureza. Essas formas são desenhadas
separadamente no papel; são apenas
justapostas, mas a criança pode falar sobre
elas, pois já estabelece uma relação simbólica
(IAVELBERG, 2013, p. 25).
113
QUADRO 4 – DESENHO DE IMAGINAÇÃO II
114
FIGURA 9 – EXEMPLO DE DESENHO DE APROPRIAÇÃO
115
É importante salientar que a autora não aborda o processo do desenho infantil
a partir de uma compreensão por faixas etárias ou por desenvolvimento da cognição.
Esses cinco movimentos se inter-relacionam e são sucessivos. Compreendemos
em que estágio está cada criança pela observação das possibilidades expressivas e
construtivas que podemos ter a partir do desenho. (IAVELBERG, 2013).
116
DICA
Muito se fala sobre as GARATUJAS! Como a autora Rosa Iavelberg não
utiliza este conceito em suas pesquisas, deixamos como dica a leitura
do texto Entendendo o grafismo infantil e o desenvolvimento da criança,
disponível no Portal Educação, pelo link da fonte. Neste texto, você
poderá conhecer um pouco da teoria de Victor Lowenfeld, autor que se
debruça, como vimos no quadro anterior, sobre a pesquisa do desenho
infantil usando a teoria das Garatujas.
Ainda sobre as interferências que o professor tem sobre a criação das crianças,
a autora nos dá um outro exemplo muito comum para quem não compreende a forma
como a criança se relaciona com o seu próprio processo de criação. Iavelberg (2013)
nos diz que no lugar de perguntar à criança “o que é isso?”, sugere-se que o docente
peça para que a criança comente o seu desenho. Estes equívocos são resolvidos com
atenção e acompanhamento dos percursos e processos da criança.
117
O desenho infantil acontecerá no tempo de cada criança e na relação que esta
possui com os outros, consigo e com o mundo. A nós caberá mediar o encontro com
a arte e com a cultura, para que esse processo seja saudável e rico em aprendizados,
prezando sempre pelo pleno desenvolvimento das crianças.
3 ESTEREÓTIPOS
Não existem receitas ou modelos prontos para o ensino da arte. A docência
é o lugar de mediação, de possibilidade e de encontro dos estudantes com a arte.
Quando, ao invés do processo de mediação, busca-se uma padronização, um ensino
engessado em moldes, cópias e exemplos a serem seguidos, nós temos o surgimento
de estereótipos no processo de criação dos estudantes.
Para ilustrar melhor esse processo, pedimos que você faça a leitura do conto
popular das flores vermelhas de caule verde.
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-ljF1XyNLRe4/VAtuHT8VifI/AAAAAAAAEd4/DqalcGOU1fg/
s1600/flor.jpg> Acesso em: 13 set. 2021.
118
DICA
CONTO POPULAR
Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... Pegou a sua caixa de
lápis de cor e começou a desenhar. A professora então disse:
E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.
A professora disse:
– Esperem! Vou mostrar como fazer – a flor era vermelha com caule verde.
– Agora – disse a professora – vocês podem começar. O menininho olhou para a flor da
professora, e então olhou para a sua flor.
Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso... Virou o papel e desenhou uma flor igual
à flor da professora. Era vermelha com caule verde. Num outro dia, quando o menininho
estava em aula ao ar livre, a professora disse:
– "Que bom!” – pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com
ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a
juntar e amassar a sua bola de barro.
– Esperem! Não é hora de começar! Ela esperou até que todos estivessem prontos.
– Esperem! Vou mostrar como se faz. Agora vocês podem começar. E o prato era um
prato fundo.
119
O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais
do seu, mas ele não podia dizer isso. Amassou seu barro numa grande bola novamente e
fez um prato fundo, igual ao da professora. E muito cedo o menininho aprendeu a esperar
e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais
coisas por si próprio. Então aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Essa
escola era ainda maior que a primeira. Um dia a professora disse:
"Que bom!” – pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer.
Ela não disse. Apenas andava pela sala. Então veio até o menininho e disse:
– E de que cor?
– Eu não sei.
E então o menininho começou a desenhar uma flor vermelha com o
caule verde...
120
Fatores como insegurança do desenhista, exigência equivocada de
adultos, irmãos mais velhos tomados como modelo, colegas julgados
como melhores desenhistas por professores e crianças, professores
que propõem cópias de desenhos e preenchimento de desenhos
com cores determinadas, falta de incentivo adequado em casa e
orientação equivocada na escola são algumas ocorrências que levam
à estereotipia (IAVELBERG, 2013, p. 39).
Infelizmente, não existe uma receita ou fórmula mágica que acabe com os
estereótipos no desenho das crianças. Sabemos que o incentivo à criação é um
importante exercício que deve ser proposto, independentemente da existência de
estereótipos no desenho dos estudantes ou não. São os processos criativos que
permitem às crianças o uso da imaginação, de pensar fora do padrão e de serem
autoras do seu próprio trabalho. Sobre essa questão, a autora também sinaliza a
importância de que o:
121
FIGURA 12 – ÁRVORE (ESTEREÓTIPO)
FONTE: <https://amordepapeis.com.br/wp-content/uploads/2020/03/arvore-para-colorir-com-
rosto-sorindo.jpg> Acesso em: 13 set. 2021.
FONTE: <http://www.comoaprenderdesenhar.com.br/wp-content/uploads/2019/10/sol-para-
colorir-normal.jpg> Acesso em: 13 set. 2021.
FONTE: <https://prints.ultracoloringpages.com/9cb9cf6e58ece6f03b242a4f340fd43d.png>
Acesso em: 13 set. 2021.
122
FIGURA 15 – PESSOA (ESTEREÓTIPO)
FONTE: <https://prints.ultracoloringpages.com/b7adfabc9c4fe6692bbd2652755b1def.png>
Acesso em: 13 set. 2021.
Algum dos seus desenhos ou de suas memórias parecem com estes moldes? Se
a resposta for sim, certamente, em sua trajetória escolar, você passou por processos que
levaram o seu desenho a figurar dentro das imagens estereotipadas.
Todas essas questões nos fazem pensar sobre o lugar da arte na escola.
Infelizmente, não é comum encontrar pessoas que tenham uma concepção de arte
como “decoração”. A arte na escola tem uma função social. A arte contribui para o
desenvolvimento da cognição, do intelecto, do pensamento crítico e de inúmeros outros
fatores que interferem diretamente na visão de mundo e na compreensão de que seres
humanos queremos para o futuro.
NOTA
Vejamos o significado da palavra ESTEREÓTIPO no dicionário:
123
Que se adapta ao padrão de uma normalidade já fixada.
124
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• No século XIX, existiu uma concepção de que a criança deveria copiar os desenhos
dos adultos para chegar ao mesmo nível. No século XX, essa concepção é substituída
pela ideia de livre expressão, muito difundida nas escolinhas de arte e na Semana de
Arte Moderna de 1922.
• Autores como Lucket (1913), Lowenfeld (1947) e Kellogg (1989) também desenvolveram
teorias sobre o desenho infantil.
125
AUTOATIVIDADE
1 Sabemos que o termo GARATUJA não é mais utilizado nas discussões sobre o desenho
infantil. Porém, compreendemos a importância de todas as pesquisas existentes no
mundo, para a compreensão que temos hoje acerca do desenho da criança. Sobre o
autor que discutia em suas pesquisas a ideia de Garatuja no desenho infantil, assinale
a alternativa CORRETA:
a) ( ) Iavelberg (1993).
b) ( ) Kellogg (1989).
c) ( ) Lucket (1913).
d) ( ) Lowenfeld (1947).
I- Insegurança do desenhista.
II- Irmãos mais velhos tomados como modelos.
III- Exigência equivocada de adultos.
IV- Colegas julgados como melhores desenhistas por professores e crianças.
V- Professores que propõem cópias de desenhos e preenchimento de desenhos com
cores determinadas.
126
a) ( ) Desenho de imaginação I.
b) ( ) Desenho de proposição.
c) ( ) Desenho de imaginação II.
d) ( ) Desenho de ação.
5 A partir das pesquisas realizadas pela Professora Rosa Iavelberg, podemos discutir
algumas questões que já foram superadas nas pesquisas sobre o desenho infantil.
Levando em consideração as questões abordadas pela autora, disserte sobre as três
principais ideias que regem o ensino da arte na contemporaneidade.
127
128
UNIDADE 2 TÓPICO 4 -
OLHARES A PARTIR DA CULTURA
1 INTRODUÇÃO
Chegamos ao nosso Tópico 3: olhares a partir da cultura. Escolhemos este nome
para o bloco de discussão, pois existe um movimento muito importante de metodologias
que discutem outras formas de pensar a relação com a arte, na relação com a cultura,
com o cotidiano e com as outras formas de estar no mundo.
Essa discussão nos leva a pensar que as culturas que aparecem nos planos de
aula, nas propostas pedagógicas e nos planejamentos não estão ali por acaso, mas
porque existe uma relação de poder que permite com que determinados conhecimentos
estejam no currículo e outros não. Pensemos no exemplo de cultura, que é o nosso foco
de discussão. Quantas aulas sobre cultura indígena você teve na sua passagem pela
educação básica? E cultura negra? Quilombola?
129
Pois bem, se a sua resposta para as questões anteriores foi “não tive nenhuma
aula” ou “tive apenas uma”, ou também: “pintamos desenhos para colorir”, todas
essas questões nos evidenciam a falta de diversidade cultural que ainda temos em
nossos currículos e práticas pedagógicas. Ao encontro dessa discussão, Richter
(2008) nos explica que vivemos em um país multicultural, no qual diversas culturas
existem. Porém, a autora nos evidencia que a educação deverá ser voltada para uma
proposta intercultural, que promova não apenas o convívio forçado entre todas essas
culturas, mas que propõem a inter-relação entre elas. Nas palavras da autora, o termo
multiculturalismo:
Nós sabemos que são atribuídas às obras de arte valores estéticos distintos,
afinal, a Monalisa de Leonardo da Vinci é hoje uma das obras de arte mais conhecidas
do mundo. Enquanto a obra A Boba, de Anita Malfatti, se limita a certo prestígio apenas
no Brasil.
130
FIGURA 16 – MONALISA (LEONARDO DA VINCI)
Essa legitimidade dada a determinadas obras é feita por um sistema da arte, que
define quais obras e quais artistas estarão no topo. A arte não está separada do sistema
capitalista, portanto, esse sistema é também estruturado com base não apenas em
valores estéticos, mas também econômicos. A proposta de uma estética do cotidiano
nos desloca a pensar outros conceitos de arte, pois nesta teoria objetos comuns do dia
a dia passam a ter valor estético, mas não comercial. Richter explica essa ampliação do
conceito de arte da seguinte forma:
131
Trabalhar com a estética do cotidiano no ensino das artes visuais
supõe ampliar o conceito de arte, de um sentido mais restrito e
excludente, para um sentido mais amplo, de experiência estética.
Somente dessa forma é possível combater os conceitos de arte
oriundos da visão das artes visuais como “belas-artes”, “arte erudita”
ou “arte maior”, em contraposição à ideia de “artes menores” ou
“artes populares”. A própria denominação de folclore e artesanato
já vem carregada de preconceito. O termo folklore foi utilizado
para representar a arte “do outro”, daquele que não tinha acesso
às camadas mais eruditas da sociedade; e o termo artesanato tem
sido vinculado à ideia de reprodução sem criação, ou sem uma maior
perfeição técnica (RICHTER, 2008, p. 24).
Quando nos propomos a fazer esse exercício de olhar para a cultura e para
o multiculturalismo, constituímos também uma prática de Educação multicultural.
Afinal, nossos estudantes são reflexo do que é nosso país, extremamente rico em sua
diversidade de culturas. É importante fazer um adendo nessa questão. Richter (2008)
nos provoca a discutir não apenas os pontos positivos dessa riqueza cultural, mas
também os reflexos das relações de poder existentes em nossa sociedade, que colocam
a vida dos nossos povos indígenas, dos quilombolas e de outros grupos minoritários em
situação de precariedade e vulnerabilidade social.
A autora nos lembra também que ao trazer um objeto ou artefato cultural para
a sala de aula, é importante que nosso olhar parta do contexto cultural no qual aquele
objeto está inserido. Se é um objeto indígena, contextualiza-se a sua história o seu
132
lugar e a sua importância naquela cultura, e essa indicação serve para todos os demais
objetos, sejam estes alemães, ingleses ou japoneses. Afinal, “a melhor forma de perceber
o componente cultural de um objeto é recolocá-lo na sua cultura concreta, na qual ele
readquire uma presença viva, a sua relevância estética” (RICHTER, 2008, p. 40).
Todos esses fazeres podem não ser concebidos por nós como arte, mas colocados
na sua cultura, estes adquirem um valor estético inestimável, que o desloca de objeto
cotidiano, para objeto com valor estético. Sobre essa questão a autora nos adverte:
Mesmo a arte que hoje habita os museus também foi uma arte do cotidiano. Muitos
dos povos antigos, principalmente os que pertenceram ao período que conhecemos
como pré-história, não tinham um conceito de arte. O exercício que fazemos hoje, ao
olhar para o passado, é de interpretar o porquê de aquelas pessoas fazerem pinturas
e desenhos nas paredes das cavernas, esculturas com representações femininas etc.
Para isso, Richter afirma que:
133
É preciso pensar que a arte é uma necessidade primeira do ser
humano, e como tal presente desde sempre na humanidade, expressa
por uma infinidade de manifestações, mas sempre presente. Ela não
está distante das pessoas, somente isolada em museus ou locais
inacessíveis, mas está presente no cotidiano de cada ser humano,
justamente por sua condição de ser humano (RICHTER, 2008, p. 122).
DICA
Como estamos falando de museus, deixamos aqui a dica para visitação dos
museus da sua cidade ou pelos sites institucionais dos museus brasileiros
e internacionais. Muitos destes sites possuem ferramentas 3D para
visualização das exposições e mostras. O ensino sempre fica mais cativante
quando viajamos para outros lugares, mesmo que de forma virtual!
3 CULTURA VISUAL
Assim como a Estética do cotidiano, a Cultura Visual é uma teoria e método que
nos propõe a olhar para o conceito de arte e, consequentemente, para a forma como
pensamos o ensino de arte, de outra forma.
Para iniciar nossa conversa, Nascimento (2009, p. 45) relata que: “a cultura visual
representa um questionamento contínuo ao passado que atravessa o presente, via
as interpretações desencadeadas pelas imagens circundantes, com a finalidade de
construir um outro ’hoje’, incitando-o a ser diferente do que é”.
As práticas com a Cultura Visual devem ser pensadas de forma a romper com a
ideia engessada de apresentação de biografias ou de formas lineares de compreender a
história da arte. Nesse sentido, a Cultura Visual, enquanto proposição de ensino:
134
Não tem a pretensão de enaltecer a arte e os artistas, mas questionar
como as imagens fixam, disseminam e interferem nas interpretações
sobre nós, sobre os outros e sobre o contexto no qual estamos
inseridos. Defende a análise de imagens do passado com o propósito,
não de buscar as origens, mas de questionar a maneira como são
interpretadas no passado e no presente. Desloca o foco do campo
das fontes, dos objetos ou produtos visuais para o da visualidade
(NASCIMENTO, 2009, p. 46).
FONTE: <https://omunicipioblumenau.com.br/desfile-de-abertura-da-35a-oktoberfest-e-
cancelado-em-blumenau/> Acesso em: 13 set. 2021.
135
NOTA
Em 1984, o poder público, empresários e entidades de classe de
Blumenau se uniram para idealizar um evento para celebrar a cultura
alemã, sempre viva na cidade desde a colonização. Inspirada na festa
homônima alemã, em Munique, no seu primeiro ano a Oktoberfest
Blumenau reuniu mais de 100 mil pessoas nos dez dias de celebrações.
Desde lá, a festa vem crescendo a cada ano e consolidou-se como a
segunda maior Oktoberfest do mundo, além de um dos maiores eventos
turísticos do país, recebendo mais de 500 mil visitantes, anualmente.
Todo o festejo às tradições regado a muita música, dança, gastronomia
típica e, claro, um bom chope.
FONTE: <https://www.oktoberfestblumenau.com.br/a-festa>.
Acesso em: 13 set. 2021.
FONTE: <https://www.visiteobrasil.com.br/galerias/carac2-santa-catarina-boi-de-mamao/194-
115728-boi-de-mamao-foto-blog-da-marejadagr.jpg > Acesso em: 13 set. 2021.
NOTA
No Brasil, de norte a sul, encontramos a brincadeira de boi (boi fingido).
Conforme a região, estes possuem características e nomes distintos como
o Boi-Bumbá, Bumba meu Boi, Boi-pintadinho, Boi-Matraca, sendo que,
entre nós, ele é conhecido como Boi-de-Mamão.
136
O folguedo do Boi-de-mamão é uma das manifestações mais significativas da cultura
popular catarinense. Está presente nos municípios do litoral e principalmente em
Florianópolis, Capital de Santa Catarina, na qual concentra o maior número de grupos.
O elemento principal como o próprio nome indica é o boi; de armação de madeira e bambu,
coberta com papel e pano. A brincadeira aborda um tema épico (a morte e ressurreição
do boi). Apresenta a pantomima das investidas do boi, a sua morte, a encenação da cura,
envolvendo os personagens do Mateus, Vaqueiro, Doutor, Urubu e finalmente, culmina
com a ressurreição do boi. Os outros bichos (cavalinho e cabrinha) são confeccionados
à semelhança do boi, junto com o Vaqueiro, Mestre Mateus, Doutor, Bernunça, Maricota,
Cachorro, Urso-branco, Urso-preto e o Macaco, que são figuras obrigatórias no ritual do
folguedo popular. A "cantoria" acompanha toda a apresentação, cantando versos alusivos
às figuras e à dramatização.
FONTE: <https://www.cultura.sc.gov.br/espacos/tac?mod=pagina&id=7649&grupo=>
Acesso em: 13 set. 2021.
137
FIGURA 20 – IGREJA SÃO FRANCISCO DE ASSIS (OURO PRETO – MG)
FONTE: <https://spguia.melhoresdestinos.com.br/system/fotos_local/fotos/34177/show/igreja-
de-sao-francisco-de-assis.jpg> Acesso em: 13 set. 2021.
FONTE: <https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/barroco-mineiro.htm>
Acesso em: 13 set. 2021.
138
Para nossa proposição de comparação, vamos nos direcionar para a capital de
Minas, Belo Horizonte, e apreciar a também Igreja de São Francisco de Assis, parte do
Conjunto Arquitetônico da Pampulha e criada pelo arquiteto Oscar Niemayer.
FONTE: <http://www.iepha.mg.gov.br/images/com_osgallery/gal-126/original/fachada-lateral-da-igreja-
de-sao-francisco-de-assis8271BF21-92D2-99E9-A16E-F57CDE3E14D7.jpg> Acesso em: 13 set. 2021.
FONTE: <http://www.iepha.mg.gov.br/images/com_osgallery/gal-126/original/1-fachada-da-
igreja07687A6C-53EF-BF96-DCA0-C0108CFF4051.jpg> Acesso em: 13 set. 2021.
139
NOTA
O conjunto arquitetônico da Pampulha foi um projeto elaborado pelo
arquiteto Oscar Niemeyer, a convite do prefeito Juscelino Kubitschek, que
visava a modernização arquitetônica de Belo Horizonte. Construído nos
primeiros anos da década de 1940 e inaugurado em 1943, o Conjunto
arquitetônico e paisagístico da Pampulha foi tombado em 1984 e inscrito
no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; no Livro do
Tombo de Belas Artes; no Livro do Tombo Histórico, das obras de Artes
Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos; e no Livro
do Tombo das Artes Aplicadas.
Voltemos nossa atenção agora para pensar questões que podem ser abordadas
em sala de aula, numa comparação entre as duas construções apresentadas até aqui: a
Igreja de São Francisco de Assis, localizada em Ouro Preto; e a Igreja de mesmo nome,
localizada em Belo Horizonte, no Conjunto Arquitetônico da Pampulha:
Todas as perguntas que fizemos nos dois exemplos, remetem a questões que
discutem as relações entre passado e presente. Para a Cultura Visual, a comparação de
imagens “trata-se de uma maneira de questionar, por contraste ou por diferenciação,
as narrativas persistentes e renitentes do passado e no presente” (NASCIMENTO,
2009, p. 50).
Ainda sobre essa questão, podemos dizer que a Cultura Visual usa do
multiculturalismo, já comentado no bloco que trata da Estética do Cotidiano, para pensar
as diferenças presentes na imagem. E a partir do diferente “[...] questionar ou estranhar o
que nos parece comum ou familiar. É uma maneira de confrontar narrativas com lógicas
e valores contrastantes para fazer pensar sobre as possibilidades de empreendermos
mudanças ou oscilações no presente” (NASCIMENTO, 2009, p. 50).
140
É importante destacar que a Cultural Visual é focada na discussão de uma
aprendizagem relacional. Nesse sentido, “[...] o interesse da cultura visual está mais
focado nas relações que temos com a produção de imagens e artefatos culturais e com
os colegas (interpessoais) do que com os artefatos em si” (NUNES, 2015, p. 118).
Essa discussão feita pela autora nos lembra de que é importante, enquanto
docentes, estarmos atentos às manifestações culturais e publicitárias que permeiam
a vida dos estudantes. Pois se é nosso objetivo pensar um ensino de arte que leve em
consideração as bagagens que nossos alunos trazem consigo, é nosso dever estarmos
atento ao que se passa nas mídias, mesmo que isso evidencie um conflito geracional
entre professores e estudantes.
141
No ano de 2020, com a Pandemia da COVID-19, foi criada uma página na
plataforma de mídia social Instagram para serem postadas artes feitas por todo o
mundo sobre a relação das pessoas com o isolamento social e as problemáticas da
convivência diária com uma situação de calamidade pública. A página foi intitulada
de Covid Art Museum. Este movimento nos mostra que para além das novas formas
de fazer arte, o encontro com o objeto artístico se dá de inúmeras outras formas na
contemporaneidade.
142
FIGURA 26 – OBRA EXPOSTA NO COVID ART MUSEUM (ON-LINE) (3)
O Covid Art Museum é um dos exemplos que evidenciam que nossa relação
com as imagens mudou radicalmente, seja nas formas de acesso ou nas formas de
criação. Para além dessa discussão, é importante lembrarmos que a arte reflete o seu
tempo, as condições políticas do seu contexto, a diversidade cultural do seu povo e
a visão do artista sobre o mundo. Nesse sentido, “[...] a educação da cultura visual
entende que a experiência social é afetada por imagens e artefatos que configuram
práticas do mostrar, do ver e do ser visto, sendo um campo crítico/político que pensa
e problematiza nossas experiências visuais” (NUNES, 2015. p. 124).
143
DICA
Coleção: Cultura Visual e Educação
Por fim, exercite o seu olhar para a Cultura Visual, tente encontrar, nas imagens
do cotidiano, outras possibilidades criativas e visuais. A arte está, de forma implícita
ou explícita, em todos os lugares, basta olharmos com atenção e cuidado para poder
reconhecê-la!
144
LEITURA
COMPLEMENTAR
TEM ARTE CONTEMPORÂNEA NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA?
ESTUDOS DA CULTURA VISUAL E O ENSINO DE ARTE
CONTEMPORÂNEA NA ESCOLA
Introdução
Diante das modificações artísticas que ocorreram entre 1960 e 1970, destacadas
por Archer (2012) e Santaella (2012), voltamo-nos para as práticas educativas
contemporâneas, tendo como foco a Educação Infantil - para verificar como e se as
crianças têm acesso às expressões da Arte Contemporânea. Durante nossas experiências
com o Estágio Supervisionado em Artes Visuais, em um Centro de Educação Infantil
Municipal de Maringá – PR, verificamos que as intervenções educativas que envolvem
técnicas, habilidades e referências consideradas “artísticas” pelos docentes, ainda são
orientadas por pensamentos e métodos pautados em vertentes da Arte Clássica e Arte
Moderna. As características e visualidades das vertentes Clássica e Moderna de Arte
valorizam gestos de reverência, distanciamento e preservação daquilo que é visto,
de modo que o que está em destaque nesses estilos artísticos são os resultados, os
padrões estéticos, as técnicas e o uso de determinados materiais, tais como: tela, tinta
a óleo e cavalete.
145
Materiais e Métodos
Resultados e Discussão
146
Tendo concluído as etapas da pesquisa, ressaltamos a importância da atuação
de arte-educadores nessa etapa tão importante para o desenvolvimento humano,
considerando que as crianças aprendem a partir do que veem e das experiências
que vivem. Reafirmada a importância da presença de profissionais com formação
específica na área e que possam realizar propostas pedagógicas que valorizem a Arte
e, sobretudo, a Arte Contemporânea, tendo em vista que essa expressão artística
abordará e problematizará temas atuais, como os relacionados ao ambiente, à natureza,
à sociedade, aos corpos, às relações culturais e identitárias. Além disso, notamos que as
estéticas das produções contemporâneas coincidem, muitas vezes, com as habilidades
que são próximas das crianças e que elas podem reproduzir e experimentar com certa
facilidade, como o rasgar, o sujar, o movimentar(-se), o agrupar e o riscar. Tais habilidades
podem ser percebidas em produções artísticas contemporâneas.
Conclusões
147
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A Cultura Visual é uma teoria e metodologia que discute a relação das imagens com
a história, as questões políticas e sociais do nosso tempo e do passado, buscando
um aprendizado que leve em consideração as manifestações visuais que permeiam
a sociedade contemporânea.
148
AUTOATIVIDADE
1 Sabemos que existem metodologias de ensino da arte que levam em consideração as
questões acerca da cultura e da imagem. Com relação a essas metodologias e as duas
teorias que foram abordadas em nossos estudos, assinale a alternativa CORRETA:
149
4 Em nossos estudos, vimos as questões que estruturam a teoria e metodologia da
Cultura Visual. Com base no que discutimos junto dos autores e dos exemplos que
utilizamos no tópico, disserte sobre o conceito de Cultura Visual e suas possibilidades
de implementação no ensino de Artes Visuais.
150
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. M. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: Editora C/ Arte, 1998.
CANTON, K. Novíssima arte brasileira: um guia de tendências. São Paulo: Iluminuras, 2001.
151
152
UNIDADE 3 —
MÉTODOS E TÉCNICAS DO
ENSINO DE ARTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
153
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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154
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
AS LINGUAGENS DA ARTE: ARTES
VISUAIS, MÚSICA, DANÇA E TEATRO
1 INTRODUÇÃO
No decorrer de nossas conversas em nosso livro didático, você poderá apre-
ciar diversas obras de arte, visualidades e poesias que fazem parte do que nós cha-
mamos de arte. A arte está presente no cotidiano da criança, desde os primeiros anos
de vida. A criança rabisca, a criança se movimenta, a criança explora sons, texturas,
cores e imagens.
Vamos falar sobre o ensino da arte na prática? Esperamos que você possa
aprofundar seus conhecimentos nas mais diversas linguagens da arte e em suas
possibilidades pedagógicas e educativas. Vamos nessa?
155
[...] articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos
e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar
e refletir sobre formas artísticas. A sensibilidade, a intuição, o
pensamento, as emoções e as subjetividades se manifestam como
formas de expressão no processo de aprendizagem em Arte (BRASIL,
2017, p. 191).
Você conhece artistas de todas estas linguagens? Já viu obras com estas
diversas materialidades? Vamos conhecer juntos!
156
2.1.1 Pintura
A pintura tem uma relação direta com o uso da tinta, seja ela de qual materialidade
for. Como suportes mais clássicos da pintura, temos as telas, que são estruturas de
madeira revestidas por um tecido que absorve a tinta e serve como base para a criação
artística. Uma das pinturas mais famosas da história da arte é a obra “Noite estrelada”,
do artista holandês Vincent Van Gogh.
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ea/Van_Gogh_-_Starry_
Night_-_Google_Art_Project.jpg/1200px-Van_Gogh_-_Starry_Night_-_Google_Art_Project.jpg>.
Acesso em: 13 set. 2021.
NOTA
A Noite Estrelada é uma pintura de Vincent van Gogh feita em 1889 com
a utilização da técnica óleo sobre tela e que tem dimensões de 73,66 x
92,08 centímetros. O artista de origem holandesa fazia parte da escola
pós-impressionista e criou a obra quando tinha 37 anos, época em que se
encontrava em um asilo localizado em Saint-Rémy-de-Provence (comuna
francesa), onde produziu mais de 150 quadros. A tela pode ser vista no
Museu de Arte Moderna de Nova York (EUA).
FONTE: <https://www.infoescola.com/pintura/a-noite-estrelada/>.
Acesso em: 13 set. 2021.
157
Você vai perceber que todas as linguagens artísticas sofrem mudanças de acordo
com o período histórico em que são concebidas. Hoje nós podemos comprar materiais
para pintura em papelarias, lojas de material de construção e até em supermercados.
Em períodos mais antigos, nos quais as novas tecnologias ainda não haviam surgido, os
artistas faziam suas próprias tintas.
INTERESSANTE
A HISTÓRIA DA TINTA A ÓLEO
Apesar de ter sua origem atribuída aos irmãos Van Eyck, na Europa do século XV, estudos
mostraram que a tinta a óleo já era utilizada por chineses e indianos, em pinturas budistas,
durante os séculos V e X.
Durante esse período, mais especificamente no século VIII, alguns povos do Afeganistão
também utilizavam a tinta a óleo para realizar desenhos rupestres. A mistura era feita à
base de nozes e sementes de plantas.
Naquele tempo, os artistas eram responsáveis por fabricar seus próprios materiais, como
vernizes, seladores, pigmentos etc. As “fórmulas” exigiam um certo conhecimento em
assuntos considerados hoje áreas da química moderna.
FONTE: <https://blog.grafittiartes.com.br/tudo-que-voce-precisa-
saber-sobre-tinta-oleo/> Acesso em: 13 set. 2021.
No Brasil, temos muitas obras em pintura famosas que todos vocês já devem
ter visto nas suas aulas de arte da educação básica ou até mesmo em livros de história
ou língua portuguesa. Traremos como exemplo aqui a obra “Abaporu”, da artista Tarsila do
Amaral, e a obra “Os retirantes”, de Cândido Portinari.
158
FIGURA 2 – “ABAPORU” (TARSILA DO AMARAL)
FONTE: <https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/03/abaporu_tarsila-do-amaral.jpg.
jpg?quality=70&strip=info>. Acesso em: 13 set. 2021.
NOTA
Tarsila do Amaral (Capivari, São Paulo, 1886 – São Paulo, São Paulo, 1973).
Pintora e desenhista. Influenciada por vanguardas europeias, especialmen-
te pelo cubismo, cria um estilo próprio, explorando formas, temáticas e
cores na busca por uma pintura de caráter tipicamente brasileiro.
FONTE: <https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa824/tarsila-do-amaral>.
Acesso em 13 set. 2021.
159
2.2 TÍTULO DO SUBTÓPICO
Mesmo conhecendo o Abaporu, talvez você nunca tenha visto uma imagem da
artista que criou a obra. Essa é uma questão muito importante a ser levada e consideração
na hora de apreciar as obras de arte. Apresentar a obra apenas por “obrigação” não
contribui para o entendimento do contexto histórico e social em que ela foi produzida.
Nesse sentido, se faz necessário que você, acadêmico, traga para a sua mediação
informações da obra, da artista, vídeos e outras possibilidades que contribuam para o
entendimento da forma (cores utilizadas, traços, formas de representação do real ou do
abstrato) e também do conteúdo (conceito, informações históricas e sociais, ideologias
do artista).
FONTE: <https://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2020/06/824_001.jpg>.
Acesso em: 13 set. 2021.
160
FIGURA 4 – “OS RETIRANTES” (CÂNDIDO PORTINARI)
161
FIGURA 5 – “RETIRANTES” DE RODRIGO CARVALHO
FONTE: <https://agencia.fiocruz.br/sites/agencia.fiocruz.br/files/publique/retirantes2.jpg>.
Acesso em: 13 set. 2021.
162
É importante dizer que, não necessariamente, a releitura deve ser feita na
linguagem da obra original. Uma releitura de uma pintura pode ser feita na linguagem
da escultura ou da fotografia. O importante é que se mantenha a ideia de que o
objetivo desta prática não é a cópia, mas sim, a recriação a partir de uma interpretação
subjetiva e pessoal.
Sobre a pintura em sala de aula, é importante salientar que nem todas as escolas
conseguem fornecer materiais diversos para a criação dos estudantes. Nesse sentido,
reconhecemos a importância de que as linguagens sejam trabalhadas a partir de
diversas materialidades, para que o estudante possa experimentar as diversas técnicas
e possibilidades que a pintura poderá oferecer.
Com relação às tintas, é importante que se usem possibilidades que vão além
da comum tinta guache. Tintas de tecido podem ser uma boa opção, até mesmo para
a pintura em tela ou em diferentes tipos de pano. A tinta acrílica é uma boa opção para
possibilidades de criação em outros suportes, como o papelão. Caso você desejar usar,
como suporte, telhas ou objetos de cerâmica, recomendamos o uso de tintas verniz
vitral, que imitam o processo de verificação da cerâmica e dão ótimo resultados.
O uso das tintas pode ser um bom contexto para o ensino da teoria das
cores, então não hesite em relembrar as cores primárias, secundárias, terciárias e
complementares. Essas misturas e combinações possibilitam ao estudante outras
vivências criativas.
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_NgqJFJRFPos/TLDxkCyD1WI/AAAAAAAAGqM/DpuPFb1pHoA/
s1600/cores.png>. Acesso em: 13 set. 2021.
163
Caso seja possível, faça com que os estudantes criem o seu disco cromático
ou disponibilize uma impressão. Este é um importante recurso para compreensão do
elemento visual cor, que pode ser utilizado em práticas artísticas com outras linguagens,
para além da pintura.
2.2.1 Escultura
A escultura também é considerada uma linguagem das Artes Visuais mais
clássica. Esta técnica está presente na história da arte, desde os primórdios da
humanidade. Um exemplo claro desta questão é a Vênus de Willendorf. Datada de 22 a 24
mil anos antes de Cristo, esta é uma das esculturas mais discutidas por pesquisadores
da história da arte.
FONTE: <https://cdn.kastatic.org/ka-perseus-images/
bf529d52b9b565bc264ae949634bbc14e4fb9f1f.jpg>. Acesso em: 13 set. 2021.
164
FIGURA 9 – ESCULTURA EM ARGILA (TÉCNICA DA ADIÇÃO)
FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-OcJQVemVBSQ/VcVNY9xRcQI/AAAAAAAA5pg/T0l5K4th2TM/
s640/Captura_de_tela-8.png>. Acesso em: 13 set. 2021.
FONTE: <https://i2.wp.com/arteref.com/wp-content/uploads/2019/06/Julio-Gonza%CC%81lez-
Torso-c.-1936.jpg?resize=575%2C900>. Acesso em: 13 set. 2021.
165
Na técnica de talha, temos o que mais comumente as pessoas associam à
prática da escultura. As mais famosas esculturas da História da Arte foram elaboradas
a partir desta técnica. A prática com a talha é também chamada de entalhe, pois nesta
prática são retirados pedaços com a talha do bloco de material original (mármore, pedra
sabão, bronze etc.) até chegar-se no resultado esperado pelo artista.
FONTE: <http://s2.glbimg.com/J7O3T3eMIFCHBHcZ3uNGgKxQO0g=/620x465/top/s.glbimg.com/
jo/g1/f/original/2016/03/02/italy_michelangelos__fran.jpg>. Acesso em: 13 set. 2021.
166
FIGURA 12 – ESCULTURA FEITA COM MOLDE (MOLDAGEM)
FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/-aAQvPD3z7G4/Vg0tAjLFbaI/AAAAAAAAAYk/Wrcdgbl9KxE/
s1600/molde.jpg>. Acesso em: 13 set. 2021.
Caso opte por trabalhar com a pedra sabão, é importante usar colheres para
que as crianças possam retirar a matéria e formar a figura que desejam. Essa é uma
técnica de talha, por isso, é importante prezar pela segurança da criança durante o
processo de execução.
Caso trabalhe com a argila, use pedaços de toalha de mesa usados (de
preferência aquelas feitas de silicone), para que a criança modele o barro em cima,
assim você não correrá o risco de sujar as mesas ou de deixar barro grudado nos
ambientes. Para a prática da modelagem é importante que tenham potes de água perto
do local de trabalho, pois a argila não poderá ressecar durante o processo. Em todas
as práticas, peça para que as crianças tragam uma roupa mais desgastada de casa ou
tente conseguir aventais para o trabalho com os materiais.
Nas práticas com sabão, recomendamos que você faça o material com as
crianças. A seguir, deixaremos uma receita que poderá auxiliar nesse processo. Como
o sabão disponível nos mercados geralmente vem em barras com tamanhos menores,
o ponto positivo de se fazer o sabão é que tamanhos diversos podem ser pensados,
usando como recipientes potes de margarina ou de requeijão, para esculturas menores.
167
DICA
SABONETE ARTESANAL
Ingredientes:
Passo a passo:
FONTE: <https://www.sonholilas.com.br/sabonete-artesanal-receita-
basica/>. Acesse em: 14 set. 2021.
168
DICA
MASSINHA CASEIRA
Ingredientes:
Modo de preparo:
FONTE: Os autores
DICA
MASSINHA DE BISCUIT
Ingredientes:
Modo de preparo:
FONTE: Os autores
Para trabalhar com o isopor em sala, você poderá utilizar lixas de diferentes
gramaturas para que as crianças façam o trabalho. Na medida em que vai lixando o material,
a criança vai criando a forma que deseja para sua escultura de Isopor.
169
É sempre bom fazer trabalhos nos quais a reutilização de materiais seja possível.
A construção de esculturas com materiais recicláveis é uma ótima ideia de criação com
arte tridimensional e de preservação do meio ambiente. Nesta prática, você proporcionará
a conscientização acerca das questões ambientais e ainda possibilitará o contato das
crianças com diferentes materiais e processos de criação.
2.2.2 Desenho
O desenho é a linguagem mais acessível das Artes Visuais. Podemos usar como
exemplo dessa disponibilidade o fato de que muitas ideias de criação iniciam pelo
desenho, no formato de esboços. Esculturas, Gravuras, Pinturas, muitas dessas outras
produções de suas origens em um desenho no qual o artista deposita a sua ideia inicial
da criação.
NOTA
Significado de Esboço
substantivo masculino
Primeiros traços que dão origem a uma obra de arte, um desenho etc.
Representação sumária de; resumo; síntese: esboço das notícias. Aquilo
que se apresenta de maneira breve e provisória: esboço do trabalho.
[Figurado] As ideias iniciais acerca de alguma coisa; começo.
170
FIGURA 13 – ESBOÇO DA OBRA “GUERNICA” DE PABLO PICASSO
FONTE: <https://artrianon.files.wordpress.com/2020/01/de00050_0.jpg?w=720&h=326>.
Acesso em: 14 set. 2021.
171
INTERESSANTE
Guernica foi pintada em 1937, mais especificamente entre 1° de maio e 4 de junho, após o
bombardeio da pequena cidade basca que nomeia a pintura – Gernika, no idioma basco
–, em 26 de abril pelos nazistas apoiadores do General Franco, no contexto da Guerra
Civil Espanhola.
No início do mesmo ano, o governo espanhol havia encomendado ao artista uma obra que
seria exposta no pavilhão do país na Exposição Internacional em Paris, entretanto, o artista
estava em uma fase turbulenta, na qual não conseguia produzir.
FONTE: <https://artrianon.com/2020/01/28/obra-de-arte-da-
semana-guernica-de-picasso/> Acesso em: 14 set. 2021.
Geralmente, o desenho prevalece como prática nas aulas de Arte. E isso acontece
por diversos motivos: a facilidade de acesso aos materiais; a falta de diversidade nos
planejamentos dos professores para o uso de outras materialidades ou até mesmo
a própria formação dos professores que não contemplou a discussão de métodos
voltados para o ensino do desenho na escola. Nesse sentido, é importante que você,
acadêmico, não se limite apenas ao uso de folhas A4 em papel sulfite e ao uso do lápis
grafite comum. Ainda sobre essa questão, é importante que você, acadêmico, busque
outras materialidades para a prática do desenho: giz de cera, carvão, caneta nanquim,
giz pastel seco e oleoso etc.
Existe uma diversidade de lápis para desenho que podem ser trabalhos com os
estudantes. Você já deve ter ouvido falar e até mesmo deve ter comprado um lápis 6B
ou 8B para a sua lista de materiais da escola, certo? Todavia, você sabe como explorar
os usos destes lápis na prática do desenho? Pois bem, existem dois tipos de grafites.
os grafites do grupo H e do grupo B. A Figura 15 ilustra como cabe um funciona na
prática: quanto maior for a numeração do lápis do grupo B, mais macio é o grafite e,
consequentemente, esses lápis são melhores para a prática de luz e sombra. Com
relação ao grupo H, quanto maior foi a numeração, mais rígido o grafite do lápis.
172
FIGURA 15 – LÁPIS HB (FORMAS DE USO)
FONTE: <https://desenhosrealistas.com.br/wp-content/uploads/2018/04/lapish-1024x504.png>
Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://www.amopintar.com/wp-content/uploads/luz-e-sombra-para-produzir-volume.jpg>
Acesso em: 14 set. 2021.
173
FIGURA 17 – DESENHO DE PERSPECTIVA
FONTE: <https://artedosquadrinhos.com.br/linhadohorizonteepontodefuga/>.
Acesso em: 14 set. 2021.
174
FIGURA 18 – IMAGEM COM PONTO DE VISTA E LINHA DO HORIZONTE LOCALIZADAS
FONTE: <http://www.sobrearte.com.br/desenho/perspectiva/perspectiva_imagens/
elementos002.gif>. Acesso em: 14 set. 2021.
Todas as técnicas que apresentamos aqui são possibilidades que podem ser
utilizadas no ensino da arte. E na medida em que a faixa etária dos estudantes vai
aumentando, o professor poderá aprofundar os estudos com a técnica. Com as crianças
pequenas, recomendamos, como já dito anteriormente, que sejam pensadas práticas
mais lúdicas, como a experimentação livre com os diversos tipos de lápis; a observação
de prédios e paisagens e possibilidades de registro com o desenho. Cada docente tem a
criatividade e a liberdade de adaptar as técnicas à realidade de suas turmas, por isso, o
mais importante nesse sentido não é o domínio da técnica, mas sim a conexão com os
estudantes e a vontade de aprender junto das crianças.
2.2.4 Gravura
A gravura é a linguagem da arte que tem em sua técnica a criação de uma
matriz, que poderá gerar cópias do trabalho artístico realizado. Vejamos os diversos
tipos de gravura.
175
FIGURA 19 – XILOGRAVURA
FONTE: <https://www.guiachapadadiamantina.com.br/wp-content/uploads/2017/12/guia-
chapada-diamatina-projetos-quilombolas-xilogravura.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <http://manualdoartista.com.br/wp-content/uploads/2016/03/gravura-em-metal-
charbonnel.png>. Acesso em: 14 set. 2021.
176
FIGURA 21 – GRAVURA EM METAL
FONTE: <http://www.gravuraemmetal.com.br/img/thumbs/impressao_gravuraemmetal_galeria_
de_gravura.jpg/>. Acesso em: 14 set. 2021.
FIGURA 22 – LITOGRAVURA
FONTE: <https://blog.leiloesbr.com.br/wp-content/uploads/2017/11/litogravura1.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2021.
177
DICA
Para que você possa ver exemplos e compreender as técnicas de gravura
de forma mais efetiva, deixamos como sugestão o vídeo do canal “O mundo
da Arte”, sobre a artista Maria Bonome, grande expoente da gravura no
cenário das Artes Visuais.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=HFAByQ6dmbg
Temos diversos artistas que trabalham com a arte da Gravura. Para inserir
esta prática na sala de aula, precisaremos fazer algumas adaptações e pensar outras
materialidades, pois os materiais clássicos utilizados, nestas técnicas, são inviáveis para
o ensino da sala de aula.
Um material que poderá ser utilizado como matriz é o isopor. E para fazer os
sulcos, pode-se usar um garfo ou um palito de churrasco. Outras possibilidades é utilizar
legumes para fazer carimbos, que imitam a técnica da gravura. Como alguns legumes
(como a batata) são fáceis de manusear, com um garfo podemos fazer as formas e
imagens que queremos e depois passar tinta no legume. Ao aplicar o legume sobre o
papel, teremos o efeito de um carimbo.
178
Na contemporaneidade, com a evolução industrial, os equipamentos evoluíram
e as técnicas de captação por meio da Fotografia se modernizaram. Artistas do mundo
inteiro se utilizam desta técnica para se expressarem e registrarem suas percepções de
mundo. Para apresentar um exemplo brasileiro, podemos falar de Sebastião Salgado,
fotógrafo formado em economia que se dedicou a retratar os indígenas brasileiros e a
luta pela defesa dos nossos povos originários.
FONTE: <https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2020/05/Sebasti%C3%A3o-
Salgado-2.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
2.3 MÚSICA
A música faz parte do nosso cotidiano: antigamente, em formato de CDs ou
Vitrolas; nos tempos de hoje, plataformas de Streaming, de vídeo e outras, que são
locais nos quais conseguimos escutar os mais variados estilos de música.
179
É importante que o trabalho com a música não se resuma apenas a cantigas
de roda em sala de aula. A música depende do contato, da criação e do improviso das
crianças. Existem diversos instrumentos musicais que possuem sons e possibilidades
diversas para a criação em arte.
Assim como as artes visuais, a música possui uma história, possui metodologias
de ensino específicas e deve também ser apreciada na escola. É importante que, neste
movimento, o professor se atente aos estereótipos musicais, afinal, nem tudo que está
na mídia possui o valor artístico e estético que nos possibilitará refletir e experenciar a
arte musical. E essa é uma das discussões a serem feitas com os estudantes.
INTERESSANTE
O LEÃOZINHO
Caetano Veloso
180
Gosto de te ver ao Sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Esta é uma das grandes obras da música popular brasileira. Sempre que possível,
busque por referências atuais e antigas da nossa música, é muito importante que os
estudantes conheçam os artistas que fazem parte da nossa cultura e que cantam sobre
a realidade e vida no nosso país.
Assim como na obra visual, busque saber a origem da música e sua história.
É muito importante que se conheça o contexto que a obra de arte é produzida, pois,
muitas vezes, o artista reflete em sua produção os acontecimentos do seu tempo.
181
DICA
Deixamos algumas dicas de álbuns que poderão servir de referência para as suas práticas
com a música na escola:
182
A arquitetura é a linguagem que lida com a apropriação dos espaços e lugares.
Ao longo da história, o ser humano sentiu a necessidade de moradia, de conforto, de
um lugar no qual pudesse sentir-se seguro e desenvolver a sua vida. Nas aulas em
que for trabalhada a arquitetura, é importante que se faça o contraste entre passado e
presente, pois as cidades geralmente nos provocam estas experiências de perceber uma
paisagem urbana marcada pela arquitetura moderna que contrasta com a arquitetura
da antiguidade e da colonização.
Dois dos arquitetos mais famosos e discutidos no Brasil são Oscar Niemeyer e
Roberto Burle Marx.
FONTE: <https://cdn.jornaldebrasilia.com.br/wp-content/uploads/2020/09/jpg.jpeg>.
Acesso em: 14 set. 2021.
NOTA
Localizado na cabeceira do plano piloto de Lúcio Costa, e como o único
edifício sobre o canteiro central da asa leste do Eixo Monumental, o
palácio do Congresso Nacional conta com uma localização privilegiada
entre os edifícios públicos de Oscar Niemeyer em Brasília. O mais sóbrio
dos palácios da Praça dos Três Poderes, o Congresso Nacional reflete a
forte influência de Le Corbusier, ao mesmo tempo em que insinua as
formas mais românticas e caprichosas que caracterizam o modernismo
brasileiro de Niemeyer.
183
O conceito de uma cidade-capital projetada no interior do país remonta à independência do
Brasil de Portugal, após as Guerras Napoleônicas, e foi até mesmo consagrada na primeira
Constituição Republicana do Brasil em 1891. Foi quando o amigo de Niemeyer, Juscelino
Kubitschek, se elegeu presidente em 1956 que a transformação começou a ocorrer.
Nomeado diretor das obras de Brasília, "Niemeyer desfrutou de carta branca sobre a tomada
de decisão artística na criação dos principais monumentos da cidade". Para acalmar a crítica
de que Kubitschek havia descumprido uma lei que exigia concursos públicos para edifícios
públicos, o projeto para o plano piloto de Brasília foi aberto a um concurso nacional.
Niemeyer era membro do júri, e o projeto foi concedido ao seu mentor Lúcio Costa, em
1957. Como parte do plano de Kubitschek dos "Cinquenta anos em cinco", a nova capital
foi projetada e construída com velocidade aparentemente impossível, e inaugurada em 21
de abril de 1960.
FONTE: <https://www.archdaily.com.br/br/803043/classicos-da-arquitetura-congresso-
nacional-oscar-niemeyer>. Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://imagens-revista-pro.vivadecora.com.br/uploads/2017/07/Roberto-Burle-Marx-
Museu-de-Arte-Moderna-1.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
184
FIGURA 26 – PRODUÇÃO DE YVES SAINT LAURENT
FONTE: <https://beminparisblog.com/wp-content/uploads/2019/03/Homepage-affiche-2a.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://beminparisblog.com/wp-content/uploads/2019/03/composition-tt-width-653-
height-654-fill-0-crop-0-bgcolor-eeeeee.jpg> Acesso em: 14 set. 2021.
185
FIGURA 28 – MODA CONCEITUAL
FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/-ROX38XMmstM/Vy0K_I8zsoI/
AAAAAAAAN7A/ALzWcPxsBZk3qMzBL5du0zt-D32xHc2-QCLcB/s1600/
moda%2Bconceitual%2Bx%2Bmoda%2Bcomercial.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
2.5 DANÇA
Trabalhar com a Dança é trabalhar com o movimento. Todavia, para além disso,
a dança como arte é manifestação artística, é forma de integração, de expressão e
comunicação. Por meio da dança, as crianças podem desenvolver a criatividade,
a experimentação com novas formas de experimentação com o corpo e trabalhar o
improviso e a espontaneidade.
O trabalho com a dança na escola não deve ser voltado apenas à criação
de coreografias, mas sim por meio de um projeto que leve em consideração as
especificidades de cada criança, as condições do ambiente escolar e as possibilidades
de pensar a dança na relação com individualidades e questões coletivas dos estudantes.
186
A dança também existe desde os tempos antigos e, ao longo da história, foi
se desenvolvendo na relação com a cultura de cada lugar. Nas Artes Visuais, temos
diversos artistas que usaram da dança como tema e como representação em suas obras.
Nas figuras a seguir, apresentaremos alguns trabalhos que retratam as diversas danças
que existem no nosso país.
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/54/Dan%C3%A7a_dos_
Tapuias.jpg/800px-Dan%C3%A7a_dos_Tapuias.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://www.meisterdrucke.pt/kunstwerke/1200w/Pedro%20Figari%20-%20Gaucho%20
Dance%20%20-%20%28MeisterDrucke-244656%29.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
187
FIGURA 31 – PAU DE FITA
FONTE: <https://www.artmajeur.com/medias/standard/s/a/salvatoriartista/artwork/11072560_
im06-dansa-pau-de-fitas.jpg>. Acesso: 14 set. 2021.
FONTE: <https://i2.wp.com/www.forquilhinhanoticias.com.br/wp-content/uploads/2018/03/
z2.jpg?resize=390%2C348&ssl=1>. Acesso em: 14 set. 2021.
188
FIGURA 33 – DANÇA DO BATUQUE
FONTE: <https://www.mgquilombo.com.br/wp-content/uploads/1999/11/Dan%C3%A7a-do-
batuque-Copia.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
FIGURA 34 – FREVO
FONTE: <https://www.artmajeur.com/medias/standard/r/i/ricardocarvalheira/
artwork/9905503_17670967-979708425465814-1982739962-n.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
189
Estas são apenas algumas das diversas danças que compõem o nosso cenário
multicultural no Brasil. A arte pode e deve ser mobilizadora de discussões acerca da
cultura, assim como a dança pode ser um ótimo meio de relacionar as diferentes
vertentes que temos no Brasil. Elas auxiliam para que entendamos como se formou
esse contexto tão diverso e rico em culturas, sem esquecer de sempre discutir essas
questões sob um viés crítico, pois muitos tentam apagar dessa discussão os processos
danosos da colonização no Brasil.
2.6 TEATRO
A linguagem do Teatro nos remete à idade antiga no fazer teatral realizado pelos
gregos, precursores desta arte. A BNCC concebe que o fazer teatral “[...] possibilita
a intensa troca de experiências entre os alunos e aprimora a percepção estética,
a imaginação, a consciência corporal, a intuição, a memória, a reflexão e a emoção”
(BRASIL, 2017, p. 194).
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a2/Shakespeare.jpg/300px-
Shakespeare.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
190
NOTA
William Shakespeare
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/57/8d/578d1e277dfa3-romeu-e-julieta.jpg>
Acesso em: 14 set. 2021.
191
O ensino da arte contribui com o desenvolvimento e a formação integral dos
sujeitos, por isso, é assegurado como componente curricular obrigatório na escola.
Porém, salientamos que a arte pode e deve tecer relações com todas as áreas do
conhecimento. Sendo assim, use das ferramentas de pesquisa, livros e indicações que
fizemos nestes materiais, para aprofundar seus conhecimentos e proporcionar aos seus
estudantes uma experiência significativa de encontro com a arte.
192
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As Artes Visuais são aquelas que possibilitam aos espectadores a apreciação artística
visual ao longo do tempo. São exemplos dessa área a pintura, a gravura, a escultura,
o desenho, a fotografia e as diferentes linguagens tecnológicas.
• A Música é a linguagem que se apresenta por meio dos sons e dos silêncios. Está
presente em nosso cotidiano e faz parte da história da humanidade, modificando-se
ao longo do tempo por meio dos formatos de acesso, desde os Vinis, CDs e, até hoje,
com as plataformas de Streaming.
193
AUTOATIVIDADE
1 Com base em nossos estudos e as linguagens que compõem o ensino das Artes
Visuais na escola, assinale a alternativa CORRETA:
2 Sabemos que existem outras áreas que são influenciadas pelos movimentos artísticos
e pelas teorias da arte. Com relação às áreas que sofrem influência da arte em sua
constituição, analise as sentenças a seguir:
I- Moda.
II- Arquitetura.
III- Engenharia de Produção.
IV- Biologia.
V- Design.
3 Com base nas discussões sobre o ensino de Música e o que está disposto na BNCC,
assinale a alternativa CORRETA:
194
4 Com relação ao ensino de Escultura na escola, sabemos que as materialidades
clássicas, como o mármore ou o bronze, são inviáveis para a prática com as crianças.
Nesse sentido, disserte sobre quais outras possibilidades podem ser pensadas para o
ensino de escultura.
5 Durante os nossos estudos, podemos observar que a arte não é mera decoração ou
insignificante para a formação dos nossos estudantes. Baseado nas reflexões que
fizemos, disserte sobre a importância do ensino da arte na escola e sobre as relações
que podemos tecer com os outros componentes curriculares.
195
196
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
REGISTRO E AVALIAÇÃO EM ARTE
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, nós conhecemos as diversas linguagens artísticas que
compõem esse vasto e diverso campo que é a arte. Também foi possível compreender
e pensar algumas possibilidades pedagógicas para o ensino com arte. Neste tópico,
vamos nos debruçar sobre dois pontos específicos deste processo de ensino.
Esperamos que este tópico contribua para que você possa refletir e propor
formas de registro e avaliação de forma processual e coerente com as suas proposições
educativas.
197
É importante que você perceba, acadêmico, que a forma de avaliação e registro
está diretamente ligada às metodologias que selecionamos para nossas proposições.
Por exemplo, se propomos uma aula com a Proposta Triangular da Professora Ana Mae
Barbosa, nosso foco deverá ser dividido entre os três eixos da proposta: 1) Leitura de
imagem e fruição, 2) Contextualização e 3) Fazer artístico. Não existe a possibilidade
de uma avaliação pensada apenas no resultado, pois a percepção acerca do
desenvolvimento da criança somente é perceptível se acompanharmos o seu processo.
Ou seja, como a criança se comportou, interagiu, perguntou e criou, nestas etapas.
A autora salienta que, ao fazer a datação dos trabalhos (parte muito importante
para a avaliação), o professor não deverá interferir no trabalho da criança. Nesse sentido,
é importante perguntar em qual lugar ela deseja que seja inserida a datação ou que o
docente escolha uma parte da folha, ou seja, qual for o suporte da atividade, e faça a
datação sem interferir na proposta da criança.
198
Seguindo nesta mesma linha sobre a questão da coletividade, é importante que
as crianças possam fazer trabalhos e propostas coletivas. Esses momentos enriquecem
o processo de aprendizagem e proporcionam momentos de interação e trocas nos
processos criativos. Além disso, no momento da socialização dos resultados, todas as
crianças podem contribuir com a apresentação.
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f0/VanGogh-self-portrait-with_
bandaged_ear.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
199
Algumas possíveis perguntas que poderíamos fazer no percurso de mediação
com esta obra de Vincent Van Gogh seriam:
FONTE: <https://santhatela.com.br/wp-content/uploads/2017/05/van-gogh-auto-retrato-1887-d.jpg>
Acesso em: 14 set. 2021.
200
Caso você utilize o método da Cartografia, discutido na Unidade 2, os mapas
também são ótimos registros dos processos realizados em sala de aula. Também podem
ser feitos de maneira coletiva ao final de cada etapa, proporcionando um momento de
reflexão sobre a própria prática individual e coletivas das crianças.
DICA
Para não deixar você curioso, acadêmico, deixamos aqui, como
sugestão de leitura, uma notícia que fala sobre uma pesquisa que
revelou os motivos pelos quais o artista Vincent Van Gogh teria cortado
a própria orelha. Entretanto, lembre-se: na escola, é importante que a
ênfase às discussões das obras de arte seja colocada na centralidade
da discussão, e não as “fofocas de artista”.
3 CURADORIA EDUCATIVA
Curadoria é uma palavra que “[...] tem origem epistemológica na expressão que
vem do latim curator, que significa tutor, ou seja, aquele que tem uma administração a
seu cuidado, sob sua responsabilidade” (MARTINS, 2006, p. 4). Ao pensar uma proposição
com imagens no ensino da arte, o professor é também um curador. O cuidado do qual
nos remetemos, ao olhar para o significado etimológico da palavra curadoria, é aquele
que nos levar a pensar, com cuidado, observação e cautela, os materiais que levamos
para a sala de aula.
201
Nesse sentido, o professor e mediador precisa estar atento a todo o processo de
relação dos estudantes com as obras. Por vezes, um silêncio nos diz coisas sobre como
um estudante está aberto ou não a relacionar-se com a obra de arte. Ao pensar este
encontro com a obra de arte e ao fazer esta Curadoria Educativa, a autora nos provoca
a pensar em algumas questões:
202
FIGURA 39 – “SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA” (ARTEMISIA GENTILESCHI - 1619)
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/76/Artemisia_Gentileschi_-_St_
Catherine_of_Alexandria_-_WGA8560.jpg >. Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://lh3.googleusercontent.com/qsnUEr7hsJYjUclvpOuK1YsAT7tNUdBoiYy7CLfe-hJQ8
vUI2QtAAswn8nXqBiFHMw=s1200>. Acesso em: 14 set. 2021.
203
FIGURA 41 – “RETRATO DE MARIE-THÉRÈSE WALTER” (PABLO PICASSO - 1937)
FONTE: <https://artsdot.com/ADC/Art-ImgScreen-3.nsf/O/A-8EWNHR/$FILE/Pablo-picasso-
portrait-of-marie-therese-walter-1.Jpg>. Acesso: 14 set. 2021.
Reforçamos que a arte não está apartada da realidade, das questões da vida
e do cotidiano. Nesse sentido, sabemos que artistas trazem para suas obras questões
relacionadas aos contextos em que vivem. Nossa curadoria educativa deverá ser
pensada levando em consideração questões relativas à forma e ao conteúdo das obras.
Se os temas conversarem entre si, se tivermos possibilidades de estabelecer conexões
entre as obras, o debate fluirá e a mediação será produtiva para todos.
Para finalizar este tópico, esperamos ter contribuído com o seu processo de
reflexão acerca dos processos, dos registros e das avaliações no ensino da arte. Que
nossas discussões ajudem você, acadêmico, a proporcionar encontros e experiências
com a arte.
204
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
205
AUTOATIVIDADE
1 Sabemos que os registros são importantes para o processo de avaliação em arte.
Sobre o que mais se aproxima de uma forma correta de fazer os registros dos
processos em sala de aula, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Apenas imagens são suficientes para fazer a avaliação; deve-se focar nos
resultados e não nos processos.
b) ( ) Os registros devem ser feitos apenas com textos descritivos.
c) ( ) Vídeos são as melhores opções para se fazerem os registros dos processos de
ensino, pois permitem reviver os momentos de aprendizagem.
d) ( ) Os registros poderão ser feitos em formato de imagem, de textos ou de vídeos.
Assim como o percurso deverá ser avaliado pelos processos da criança, e não
apenas em resultados.
2 A partir dos nossos estudos sobre as formas de registro e avaliação em arte, analise
as opções a seguir:
I- Provas e questionários.
II- Portfólio de atividades.
III- Avaliações apenas descritivas.
3 Pode ser um caminho interessante para provocar a interação e o debate a partir das
visualidades, dos contextos e das visões de mundo de cada estudante. Sobre essa
forma de acompanhamento de processos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Curadoria Educativa.
b) ( ) Leitura de Imagem.
c) ( ) Portfólio de atividades.
d) ( ) Avaliações descritivas.
5 Pensando nas questões trazidas por Iavelberg (2013) acerca do Portfólio como
ferramenta de ensino e avaliação, disserta sobre o que seria um Portfólio na visão
da autora.
206
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
OUTRAS RELAÇÕES ENTRE ARTE
E EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Chegamos ao último tópico do nosso material. Para finalizar nossas conversas
sobre a arte e seu ensino, vamos discutir neste último espaço duas questões
importantes para o ensino da arte: as categorias do conhecimento sensível na relação
com a educação estética e possibilidades de trabalho com a temática das brincadeiras,
pensando nas indicações trazidas pela BNCC para a educação infantil.
Desejamos que este último tópico possa contribuir para a sua formação estética
e pedagógica, apresentando outras possibilidades de relação entre Arte e Educação!
207
[...] cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e
tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e
diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos,
sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais,
corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais
(BRASIL, 2017, p. 36).
FONTE: <https://santhatela.com.br/wp-content/uploads/2020/01/bruegel-jogos-infantis-d.jpg>
Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://cdn.culturagenial.com/imagens/brincadeira-de-roda-ivancruz.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2021.
209
NOTA
Ivan Cruz nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e teve uma infância muito
rica do ponto de vista lúdico. Se formou em direito em 1970, mas sempre
esteve envolvido com o universo das artes. Assim, em 1986 passa a se
dedicar à pintura, quando já estava morando em Cabo Frio.
FONTE: <https://www.culturagenial.com/ivan-cruz-obras-sobre-a-infancia/>.
Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/fu/te/futebolembrodoski-0-cke.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2021.
210
FIGURA 46 – MENINOS BRINCANDO (CÂNDIDO PORTINARI)
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/me/ni/meninosbrincandoportinari1-cke.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2021.
NOTA
Ele nasceu no comecinho do século passado, em 1903. O lugar onde Portinari nasceu era
uma fazenda de café numa cidade com um nome bem diferente: Brodósqui.
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/portinari-kids/>.
Acesso em: 14 set. 2021.
211
FIGURA 47 – MENINO DO PNEU (RICARDO FERRARI)
FONTE: <https://www.revistaprosaversoearte.com/content/uploads/2017/10/Ricardo-Ferrari-
Menino-no-pneu-696x690.jpg>. Acesso em: 14 set. 2021.
FONTE: <https://www.revistaprosaversoearte.com/content/uploads/2017/10/Ricardo-Ferrari-
Pensando-na-vida-696x691.jpg> Acesso em: 14 set. 2021.
212
NOTA
Pintor autodidata, Ricardo Ferrari nasceu e se criou em Belo Horizonte numa época em
que segundo ele, a cidade ainda era uma roça. Pintou seu primeiro quadro aos nove anos
de idade. Seus quadros retratam geralmente a infância a simples.
Pintou diversos temas durante sua jornada, mas uma situação vivida em
família o influenciou de tal maneira que é hoje referência em suas obras.
Ele morava em uma casa alugada com a mulher e os filhos. Ao lado, vivia
a irmã e, em uma segunda residência, um amigo. Certo dia, decidiram
derrubar os muros que separavam as casas, formando, assim, um grande
quintal. E, diariamente, os filhos, primos, amigos e vizinhos se reuniam ali,
em brincadeiras infinitas.
FONTE: <https://www.guiadasartes.com.br/ricardo-ferrari/obras-e-biografia>.
Acesso em: 14 set. 2021.
Outra proposta muito interessante, é uma tarefa que envolva as famílias. Após
apresentar as obras dos artistas, você poderá solicitar que as crianças perguntem aos
familiares quais as brincadeiras que estes praticavam na infância, assim, a integração
com a comunidade poderá se fazer de forma efetiva, partilhando com as crianças
experiências e memórias de sua própria família.
213
3 EDUCAÇÃO ESTÉTICA E SENSÍVEL
Manoel de Barros, através de sua Poesia, nos faz olhar para o mundo de outras
formas. Com leveza, com ternura... É nessa relação que podemos iniciar nosso diálogo
sobre a educação estética. Você já se perguntou por que ensinar arte? Ou talvez, qual o
lugar da arte na formação das crianças? No decorrer deste caderno nós apresentamos
a você diversas possibilidades de responder estas perguntas, mas talvez uma das mais
importantes seja a relação entre arte e sensibilidade.
O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS
Manoel de Barros
214
Quando falamos em sensibilidade, estamos falando da forma como nosso
corpo percebe os acontecimentos e as experiências no mundo. A educação estética
é o processo de sensibilização do outro para essa percepção de mundo a qual nos
referimos. Uma percepção humana, que compreenda a realidade a partir daquilo que
ela é e não de uma idealização. Nesse sentido, Uriarte, Neitzel e Carvalho (2016, p. 190),
ao falarem sobre os benefícios da educação estética para a formação dos sujeitos,
nos dizem que “o sujeito que desenvolve seus sentidos amplia sua sensibilidade,
domina o conhecimento e está mais apto a perceber o outro, suas necessidades e
suas potencialidades” (URIARTE; NEITZEL; CARVALHO, 2016, p. 190).
NOTA
Estética
es·té·ti·ca
FONTE: <https://michaelis.uol.com.br/busca?id=Ex3k>.
Acesso em: 14 set. 2021.
215
Sobre estes conceitos, também podemos discutir a forma como ele transforma
nossas percepções e nossas ações diante do mundo. Quando temos os nossos sentidos
(Visão, Audição, Tato e Paladar) ESTESIADOS, nosso olhar para as questões que nos
cercam muda e, neste processo, adquirimos autonomia, como nos dizem Uriarte, Neitzel
e Carvalho (2016, p. 191) “não é, portanto, um sentir espontâneo ou involuntário, mas um
ato contemplativo, reflexivo e, por isso, de empoderamento de sua própria posição no
mundo. Essa tomada de consciência promove sua autonomia”.
Vamos usar as obras do artista Banski para analisar este processo de educação
dos sentidos.
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/so/ld/soldierthrowingflowersbanksy-cke.jpg>.
Acesso em 14 set. 2021.
Ao olhar para esta intervenção urbana, perceba que a imagem nos remete à
figura de um militante que poderia estar atirando um explosivo ou algo do gênero, mas
o artista substitui o explosivo por flores. O simbolismo da flor, de delicadeza, de paz,
transforma totalmente o sentido que atribuímos à obra de arte. É neste processo de
reflexão sobre o que olhamos, escutamos, sentimos, que a educação estética se efetiva
em nossa percepção.
216
FIGURA 50 – COMPRE ATÉ CAIR
FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/sh/op/shopuntilyoudropbanksy.jpg>.
Acesso em: 14 set. 2021.
NOTA
Banksy é o pseudônimo de um artista pintor de graffiti, pintor de telas, ativista político e
diretor de cinema britânico. A sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e
graffiti feito com uma distinta técnica de estêncil. Seus trabalhos de comentários sociais e
políticos podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades
por todo o mundo. O trabalho de Banksy nasceu da cena alternativa
de Bristol, e envolveu colaborações com outros artistas e músicos. De
acordo com o designer gráfico e autor Tristan Manco, Banksy nasceu
em 1974 em Bristol (Inglaterra), onde também foi criado. Filho de
um técnico de fotocopiadora, começou como açougueiro, mas se
envolveu com graffiti durante o grande boom de aerossol em Bristol
no fim da década de 1980. Observadores notaram que seu estilo é
muito similar à Blek le Rat, que começou a trabalhar com estênceis
em 1981 em Paris, e à campanha de graffiti feita pela banda anarco-
217
punk Crass no sistema de metrô de Londres no fim da década de 1970. Conhecido pelo
seu desprezo pelo governo que rotula graffiti como vandalismo, Banksy expõe sua arte
em locais públicos como paredes e ruas, e chega a usar objetos para expô-la. Banksy não
vende seus trabalhos diretamente, mas sabe-se que leiloeiros de arte tentaram vender
alguns de seus graffitis nos locais em que foram feitos e deixaram o problema de como
remover o desenho nas mãos dos compradores. O primeiro filme de Banksy, ‘Exit Through
the Gift Shop’, teve sua estreia no Festival de Filmes de Sundance, foi oficialmente lançado
no Reino Unido no dia 5 de março de 2010, e em janeiro de 2011 foi nomeado para o Oscar
de Melhor Documentário.
218
LEITURA
COMPLEMENTAR
A ARTE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
219
CONCEITUANDO ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A Arte como uma área do conhecimento que é entendido e usada como meio
de expressão de ideias e emoções, se tornando a partir disso mais maleável o seu
trabalho em diferentes contextos é o saber mais utilizado como instrumento mediador
em atividades e ações educativas que buscam a interdisciplinaridade. Nesse sentindo,
a interdisciplinaridade da arte, se faz de suma importância para a construção do saber,
do conhecimento e do aprendizado em diferentes ensinos, seja ele na educação infantil,
ensino fundamental ou médio.
No que diz respeito ao ensino fundamental é sabido que ela já não é tão
trabalhada como acontece na educação infantil, contudo, seu uso como mediador
para construção de diferentes conhecimentos é frequentemente utilizado. No tópico
seguinte, iremos dissertar sobre o uso dela no processo de ensino-aprendizagem da
alfabetização e letramento.
221
ARTES VISUAIS E A MÚSICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Já as artes visuais, de acordo com Ana Mae Barbosa, são capazes de desenvolver
a capacidade de percepção visual, importante desde a alfabetização até a solução de
grandes conflitos da adolescência. Para se fazer entender, a estudiosa dá um exemplo
com as palavras “bola” e “bota”, as quais têm a mesma composição, o que, durante a
leitura, poderá dificultar a diferenciação entre elas. É neste momento que o ensino da
arte se faz importante, pois contribui, assim como também estimula o aluno a exercitar
essa percepção e fazer diferenciação (MORRONE, 2018).
Neste sentido, as artes visuais refinam a leitura e a escrita dos alunos a partir
da leitura de obras de arte e da produção artística, ampliando o domínio social do uso
da escrita e leitura. De acordo com Botton (2007), frequentes experiências com a
leitura de obras de arte e de imagens da cultura visual propicia um desenvolvimento
integral do ser humano, formando, através disso, alguém mais sensível, com mais
repertório que será posteriormente uma pessoa mais letrada. Salienta, ainda, que
estes aprendizados se fortalecem quando as imagens e obras lidas são frutos da
construção dos próprios alunos.
222
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no que foi discorrido até agora, tendo como norteador nosso objetivo
de pesquisa, o qual pretendia compreender como acontecia a inclusão da arte no
processo de ensino-aprendizagem da alfabetização e letramento, inferimos que o uso
da arte no processo de ensino-aprendizagem da alfabetização e letramento possibilita
ao professor diversas possibilidades de usar a interdisciplinaridade no planejamento das
aulas. Dessa forma, será enriquecido com a utilização de diversos recursos pedagógicos,
transformando um conteúdo muitas vezes difícil, em um aprendizado prazeroso,
trabalhando diversos gêneros textuais de forma oral e escrita.
Segundo Silva (2009), é importante considerar que nem todas as pessoas têm
os mesmos interesses ou habilidades, nem aprendem da mesma maneira, o que exige
uma atenção especial por parte da equipe escolar, para que todos possam se integrar
no processo de aprender. Portanto, o uso da arte como mediadora para o ensino-
aprendizagem da alfabetização e letramento viabiliza outras formas de aprender o
conteúdo abordado, de modo dinâmico.
FONTE: <https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD4_
SA8_ID10356_08092019145947.pdf>. Acesso em: 14 set. 2021.
223
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A infância é uma construção social e nem sempre as crianças foram vistas como são
hoje. Nos anos de 1500 elas eram vistas como adultos em miniatura, sendo retratadas
assim em diversas obras de arte.
224
AUTOATIVIDADE
1 Durante os nossos estudos, vimos que a infância é uma construção social, ou seja, é
compreendida de diferentes formas no decorrer da história. Na arte dos anos 1500, as
crianças deste período são retratadas nas Artes Visuais de acordo com a concepção
de criança da época. Sobre esta concepção, assinale a alternativa CORRETA:
2 Sabemos que vários artistas pintaram o período da infância, trazendo para as obras
suas memórias e lembranças deste período. Com relação aos artistas que pintaram o
tema da infância, analise as sentenças a seguir:
I- Banski.
II- Cândido Portinari.
III- Vicente do Rego Monteiro.
IV- Ivan Cruz.
V- Ricardo Ferraz.
225
3 Sobre o conceito de ESTESIA apresentado na Base Nacional Comum Curricular e a
definição correta disposta no documento, assinale a alternativa CORRETA:
4 Vimos que outras relações são possíveis entre a arte e a educação. A partir dos nossos
estudos, disserte sobre o conceito de Educação Estética.
5 Percebemos, a partir da análise das obras do artista Banski, que a educação estética
também é responsável pelo desenvolvimento de um pensamento e um olhar mais
crítico sobre o mundo. A partir dos nossos estudos, disserte sobre a relação entre a
educação estética e o ilhar crítico sobre a realidade.
226
REFERÊNCIAS
BRASIL, M. E. C. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC, Secretaria de
Educação Básica, 2017.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 35. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
227
ANOTAÇÕES
228
229