Você está na página 1de 230

Práticas de

Transformadores

Profª. Andrea Acunha Martin


Prof. Andrei Borges La Rosa
Prof. Anselmo Rafael Cukla
Profª. Cíntia Arantes Silva
Prof. Delmonte Friedrich
Prof. Erick Costa Bezerra
Prof. Filipe Sousa Barbosa
Prof. Ivan Rodrigo Kaufman
Prof. Mateus José Tiburski
Prof. Murilo Fraga Da Rocha
Prof. Ruahn Fuser

Indaial – 2021
2a Edição
2021

Elaboração:
Profª. Andrea Acunha Martin
Prof. Andrei Borges La Rosa
Prof. Anselmo Rafael Cukla
Profª. Cíntia Arantes Silva
Prof. Delmonte Friedrich
Prof. Erick Costa Bezerra
Prof. Filipe Sousa Barbosa
Prof. Ivan Rodrigo Kaufman
Prof. Mateus José Tiburski
Prof. Murilo Fraga Da Rocha
Prof. Ruahn Fuser

Revisão e Diagramação:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Conteúdo produzido
Copyright © Sagah Educação S.A.

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Práticas de Transformado-
res, na qual serão apresentados conceitos, leis e teorias que o auxiliarão a identificar,
compreender e avaliar transformadores e também alguns motores elétricos.

Para um bom desempenho em seus estudos, alguns fatores são importantes,


como ter disciplina, organização e um horário de estudos pré-definido. Lembre-se que,
em sua caminhada acadêmica, você é quem faz a diferença e que o estudo é algo pri-
moroso. Como todo texto técnico, por vezes denso, você necessitará de papel, lápis,
borracha, calculadora e muita concentração. Aproveite esta motivação, para iniciar a
leitura desde livro.

Este livro está dividido em três unidades, que contemplam temas importantes
da conversão de energia elétrica que consideramos imprescindíveis para qualquer curso
de Engenharia, como as leis básicas da indução magnética, os princípios de funciona-
mento de transformadores e motores elétricos, os tipos de transformadores e motores,
e os métodos de partida de motores.

Apesar de este ser um material destinado ao estudo da conversão de energia


elétrica, é importante que ter estudado previamente alguma disciplina sobre eletricida-
de. Então, se determinado assunto causar dúvidas, indicamos a consulta aos livros das
disciplinas Eletricidade Básica ou Eletromagnetismo, ou a outros títulos indicados na
bibliografia ao final das unidades.

Na Unidade 1, estudaremos os principais conceitos envolvendo transformado-


res, como tipos, usos, métodos construtivos e suas aplicações.

Na Unidade 2, trataremos dos ensaios e dos testes de transformadores, anali-


sando também o modelo elétrico equivalente de um transformador.

Já na Unidade 3, veremos alguns aspectos práticos e teóricos de motores elé-


tricos, como princípios de funcionamento, características construtivas, vantagens e
desvantagens e métodos de partida.

Ao término deste estudo, esperamos que tenha agregado um mínimo de en-


tendimento sobre conversão eletromagnética, a fim de lidar com esse tema de forma
satisfatória tanto na área acadêmica quanto na profissional. Destacamos, ainda, a ne-
cessidade do contínuo aprimoramento, por meio de atualizações e aprofundamento dos
temas estudados.

Bons estudos!
GIO
Você sabe se lembra dos UNIs?

Os UNIS eram blocos com informações adicionais – mui-


tas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajuda-
rá você a entender melhor o que são essas informações
adicionais e o porquê você poderá se beneficiar ao fazer a
leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela
trará informações adicionais e outras fontes de conheci-
mento que complementam o assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A
partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo
visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e
facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também di-
gital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais
disponibilizados através dos QR Codes ao logo deste livro.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi
aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, apro-
veitando ao máximo o espaço da página – o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produ-
ção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI,
preocupando-se com o impacto de ações sobre o ambiente,
apresenta também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo


layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,
possa continuar os seus estudos com um material atualizado
e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta,
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa
facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é uma
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - CONHECENDO O TRANSFORMADOR............................................................... 1

TÓPICO 1 - MOTORES E TRANSFORMADORES.....................................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 CORRENTE ALTERNADA......................................................................................................3
3 COMO OS TRANSFORMADORES FUNCIONAM?.................................................................6
3.1 TENSÃO E CORRENTE EM UM TRANSFORMADOR.........................................................................8
3.2 COMO OS MOTORES ELÉTRICOS FUNCIONAM.............................................................................. 9
4 TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS (TC, TPI E TPC)............................................11
4.1 CARACTERÍSTICAS DOS TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS....................................... 11
4.1.1 Transformador de corrente (TC).............................................................................................. 13
4.1.2 Transformador de potencial (TP)............................................................................................ 13
4.1.3 Tipos de ligações dos transformadores de instrumentos............................................... 16
4.2 RELAÇÃO DOS TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS CONFORME A APLICAÇÃO.........17
5 EXPERIMENTAÇÃO PRÁTICA............................................................................................ 19
5.1 REALIZANDO OS EXPERIMENTOS.................................................................................................... 19
5.1.1 Imã em Barra.......................................................................................................................................20
5.1.2 Solenoide.............................................................................................................................................21
5.1.3 Eletroímã .............................................................................................................................................21
5.1.4 Transformador ...................................................................................................................................21
5.1.5 Gerador ................................................................................................................................................21
5.1.6 Pesquisa ..............................................................................................................................................21
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 22
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 23
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 35
2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO......................................................... 35

TÓPICO 2 - TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA E SINAL: OPERAÇÃO


EM REGIME PERMANENTE.................................................................................................. 25
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 25
2 TRANSFORMADORES....................................................................................................... 25
2.1 OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE .........................................................................................30
3 ATIVIDADE PRÁTICA PROPOSTA .................................................................................... 39
3.1 OBJETIVO...............................................................................................................................................39
3.2 ONDE UTILIZAR ESSES CONCEITOS?............................................................................................ 40
3.3 O EXPERIMENTO ................................................................................................................................ 40
3.4 SEGURANÇA ....................................................................................................................................... 40
3.5 CENÁRIO .............................................................................................................................................. 40
RESUMO DO TÓPICO 2.......................................................................................................... 41
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 42

TÓPICO 3 - NORMAS DE TRANSFORMADORES................................................................. 45


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 45
2 PRINCIPAIS NORMAS DE TRANSFORMADORES............................................................ 45
3 ENSAIOS DE ROTINA APLICADOS AOS TRANSFORMADORES...................................... 48
3.1 MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DOS ENROLAMENTOS ....................................................................49
3.2 MEDIÇÃO DA RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO, POLARIDADE E VERIFICAÇÃO DO
DESLOCAMENTO ANGULAR E DA SEQUÊNCIA DE FASES.........................................................49
3.3 MEDIÇÃO DA IMPEDÂNCIA DE CURTO-CIRCUITO E DAS PERDAS EM CARGA...................49
3.4 MEDIÇÃO DAS PERDAS EM VAZIO E DA CORRENTE DE EXCITAÇÃO......................................51
3.5 ENSAIOS DIELÉTRICOS DE ROTINA................................................................................................52
3.6 ENSAIOS DE COMUTADOR DE DERIVAÇÕES EM CARGA..........................................................52
3.7 MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO..............................................................................53
3.8 ENSAIOS DE ESTANQUEIDADE E RESISTÊNCIA À PRESSÃO...................................................53
3.9 VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DOS ACESSÓRIOS...........................................................54
3.10 ENSAIO DE ÓLEO ISOLANTE PARA TRANSFORMADORES DE TENSÃO NOMINAL ≥ 72,5
KV OU POTÊNCIA ≥ 5 MVA..................................................................................................................54
3.11 VERIFICAÇÃO DA ESPESSURA E DA ADERÊNCIA DA PINTURA DA PARTE EXTERNA DE
TRANSFORMADORES COM UM ≥ 242 KV.......................................................................................55
4 ENSAIO DE IMPULSO ATMOSFÉRICO EM TRANSFORMADORES................................... 56
4.1 VALOR DA CRISTA................................................................................................................................ 57
4.2 TEMPO DE SUBIDA..............................................................................................................................58
4.3 TEMPO DE DESCIDA...........................................................................................................................58
5 EXPERIMENTAÇÃO PRÁTICA............................................................................................59
5.1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................59
5.2 SITUAÇÃO PARA ANÁLISE................................................................................................................60
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 62
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 65
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 66
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 68

UNIDADE 2 — MODELAGEM E FUNCIONAMENTO DE TRANSFORMADORES................... 69

TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AOS TRANSFORMADORES REAIS............................................ 71


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 71
2 PARÂMETROS DE UM TRANSFORMADOR REAL.............................................................. 71
2.1 CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM TRANSFORMADOR REAL....................................................... 75
3 ENSAIOS EM TRANSFORMADORES REAIS......................................................................78
4 ANÁLISE DO TRANSFORMADOR REAL............................................................................. 81
5 TRANSFORMADORES IDEAL E REAL................................................................................ 81
6 APLICAÇÃO DO TRANSFORMADOR REAL....................................................................... 85
7 CONVENÇÃO DO PONTO E POLARIDADE DAS BOBINAS................................................ 86
8 ATIVIDADE PRÁTICA.........................................................................................................87
8.1 OBJETIVO...............................................................................................................................................87
8.2 ONDE UTILIZAR ESSES CONCEITOS?............................................................................................ 88
8.3 EXPERIMENTO..................................................................................................................................... 88
8.4 SEGURANÇA........................................................................................................................................ 88
8.5 CENÁRIO............................................................................................................................................... 88
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 89
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 90

TÓPICO 2 - MODELAGEM DE TRANSFORMADORES REAIS.............................................. 93


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 93
2 CIRCUITO EQUIVALENTE REFERIDO E SEUS PARÂMETROS......................................... 93
3 CIRCUITO EQUIVALENTE APROXIMADO..........................................................................96
4 COMPONENTES DO CIRCUITO EQUIVALENTE...............................................................100
5 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS................................................................................ 101
6 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS E BANCOS DE TRANSFORMADORES
MONOFÁSICOS.................................................................................................................... 101
7 CONEXÕES EM TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS.......................................................102
7.1 LIGAÇÃO EM Y-Y..................................................................................................................................103
7.2 LIGAÇÃO EM Y-∆................................................................................................................................105
7.3 LIGAÇÃO EM ∆-Y................................................................................................................................ 107
7.5 LIGAÇÃO EM ∆-∆................................................................................................................................109
7.6 CONEXÃO V-V......................................................................................................................................110
8 ATIVIDADE PRÁTICA....................................................................................................... 112
8.1 PROCESSO DE ENROLAMENTO DE UM TRANSFORMADOR.....................................................112
8.2 ANÁLISE E RELATÓRIO......................................................................................................................113
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 114
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 115

TÓPICO 3 - OPERAÇÃO DE TRANSFORMADORES EM PARALELO....................................117


1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................117
2 TRANSFORMADOR EM PARALELO..................................................................................117
3 CONDIÇÕES PARA A LIGAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR EM PARALELO.................. 118
3.1 NECESSIDADE DE MESMA RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO E TENSÃO...............................119
3.2 NECESSIDADE DE IGUALDADE DE DESFASAMENTO DOS DIAGRAMAS VETORIAIS........120
3.3 POLARIDADE......................................................................................................................................120
3.3.1 Método do golpe indutivo com corrente contínua...........................................................121
3.3.2 Método da corrente alternada............................................................................................. 122
3.4 VALORES DAS IMPEDÂNCIAS EQUIVALENTES.......................................................................... 122
4 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS PARALELOS..........................................................125
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................130
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................136
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 137
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................139

UNIDADE 3 — CARACTERÍSTICAS E TIPOS DE MOTORES ELÉTRICOS........................... 141

TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS DE ACIONAMENTO DE MOTORES CA E FUNCIONAMENTO DE


MOTORES DE ÍMÃS PERMANENTES..................................................................................143
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................143
2 MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS.............................................................................143
2.1 CONSTRUÇÃO.....................................................................................................................................144
2.2 FUNCIONAMENTO.............................................................................................................................146
3 ACIONAMENTO DE MOTORES SÍNCRONOS DE ÍMÃS PERMANENTES.........................149
3.1 PARTIDA DO MOTOR PELA REDUÇÃO DA FREQUÊNCIA ELÉTRICA......................................150
3.2 PARTIDA DO MOTOR COM UMA MÁQUINA MOTRIZ EXTERNA................................................151
3.3 PARTIDA DO MOTOR USANDO ENROLAMENTOS AMORTECEDORES.................................. 152
4 MODELOS DE MOTORES CA............................................................................................153
4.1 CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR DE INDUÇÃO................................................................... 153
4.2 CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR SÍNCRONO...................................................................... 155
5 MOTOR DE ÍMÃS PERMANENTES...................................................................................156
5.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS DO MOTOR DE ÍMÃ PERMANENTE............................................. 156
5.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE MOTORES DE ÍMÃ PERMANENTE..............................158
5.3 APLICAÇÕES DE MOTORES COM ÍMÃS PERMANENTES..........................................................160
5.3.1 Motores CC com ímãs permanentes....................................................................................161
5.4 MOTORES CA SÍNCRONOS DE ÍMÃS PERMANENTES............................................................... 165
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................168
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................169
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................170
TÓPICO 2 - MOTORES SÍNCRONO E DE INDUÇÃO............................................................ 173
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 173
2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE OPERAÇÃO DO MOTOR SÍNCRONO...................................... 173
2.1 OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE DE MÁQUINAS SÍNCRONAS.................................... 179
2.2 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS................................................181
3 CONTROLE DE VELOCIDADE E DE CONJUGADO...........................................................184
4 MÉTODOS DE CONTROLE DE MOTORES CC...................................................................185
4.1 TORQUE E VELOCIDADE DO MOTOR CC.......................................................................................185
4.2 CONTROLE DE VELOCIDADE PELA CORRENTE DE CAMPO...................................................186
4.3 CONTROLE DE VELOCIDADE PELA CORRENTE DE ARMADURA........................................... 187
4.4 CONTROLE DE CONJUGADO..........................................................................................................188
5 MÉTODOS DE CONTROLE DE MOTORES SÍNCRONOS...................................................188
5.1 CONTROLE DE VELOCIDADE...........................................................................................................188
5.2 CONTROLE DE CONJUGADO..........................................................................................................189
6 MÉTODOS DE CONTROLE DE MOTORES DE INDUÇÃO.................................................. 191
6.1 CONTROLE DE VELOCIDADE EM MOTORES COM POLOS VARIÁVEIS....................................191
6.2 CONTROLE DE VELOCIDADE PELO CONTROLE DA FREQUÊNCIA DE ARMADURA...........191
6.3 CONTROLE DE VELOCIDADE POR TENSÃO DE LINHA............................................................. 192
6.4 CONTROLE DE VELOCIDADE POR RESISTÊNCIA DE ROTOR.................................................. 193
6.5 CONTROLE DE CONJUGADO.......................................................................................................... 194
7 EXPERIMENTAÇÃO..........................................................................................................195
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 197
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................198

TÓPICO 3 - INSTALAÇÃO E PROTEÇÃO DE MOTORES ELÉTRICOS ................................201


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................201
2 MOTORES ELÉTRICOS.....................................................................................................201
2.1 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA........................................................................................... 202
2.2 MOTORES DE CORRENTE ALTERNADA....................................................................................... 204
3 DIMENSIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS........................................................... 205
4 PARTIDA DE MOTORES ELÉTRICOS DE INDUÇÃO........................................................ 207
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................210
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................213
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................214
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................216
UNIDADE 1 -

CONHECENDO O
TRANSFORMADOR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os circuitos ou os equipamentos que operam com corrente alternada;


• entender o funcionamento de transformadores e motores;
• identificar situações que envolvem aumento/diminuição da tensão em transforma-
dores;
• determinar as características dos transformadores de instrumentos;
• definir os tipos de ligações dos transformadores de instrumentos;
• relacionar os transformadores de instrumentos conforme sua aplicação;
• reconhecer as principais normas de transformadores;
• descrever os ensaios de rotina aplicados aos transformadores;
• entender como realizar um ensaio de impulso atmosférico em transformadores.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoa-
tividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – MOTORES E TRANSFORMADORES


TÓPICO 2 – TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA E SINAL: OPERAÇÃO EM REGIME
PERMANENTE
TÓPICO 3 – NORMAS DE TRANSFORMADORES

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

Acesse o
QR Code abaixo:

2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
MOTORES E TRANSFORMADORES

1 INTRODUÇÃO
Os motores elétricos são de grande utilidade no nosso dia a dia e podem ser en-
contrados nos mais diversos equipamentos eletrônicos, como máquina de lavar roupas,
forno de micro-ondas (que faze o prato girar), ventiladores, motores de geladeira, entre
vários outros aparelhos domésticos. Para funcionarem, esses motores precisam ser ali-
mentados com uma corrente alternada, proveniente da geração de energia.

No Brasil, grande parte da geração de energia acontece por meio de usinas


hidrelétricas, sendo essa energia transmitida em altas tensões e, posteriormente, trans-
formada em uma tensão menor, para, enfim, chegar até as nossas residências. Essa
transformação de tensão acontece por meio dos transformadores de energia elétrica.

Neste tópico, veremos o que é uma corrente alternada e como ela pode ser
transformada em valores mais altos ou baixos de tensão, por meio do uso de transfor-
madores. Também será discutida a relação de potência que existe em um transformador
e como essa corrente alternada é usada para fazer um motor elétrico funcionar.

2 CORRENTE ALTERNADA
Hoje, quase a totalidade da energia elétrica é produzida por geradores elétricos,
na forma de corrente alternada (AC, sigla do termo em inglês alternating current), que
tem uma grande vantagem quando comparada aos geradores de corrente contínua (DC,
sigla do inglês direct current). A corrente alternada varia sua tensão e corrente de ma-
neira senoidal, ou seja, ora a corrente está em uma direção, ora em outra. Dessa forma,
a energia elétrica pode ser distribuída para diferentes regiões com altos valores de ten-
sões e baixas correntes, de modo a diminuir as perdas energéticas por meio do efeito
Joule (dissipação de calor em um condutor).

A distribuição por meio de AC permite, também, que ela seja transformada, pra-
ticamente sem perdas energéticas, em valores maiores e menores de tensões. Esse
princípio é muito importante quando se gera energia a tensões relativamente baixas
(digamos em uma usina hidrelétrica), para, depois, aumentar a tensão para transmis-
são a longas distâncias e, por fim, ser novamente transformada em baixa tensão, para
uso nos equipamentos eletrodomésticos das residências. Essa mudança nos valores
de tensões é promovida por meio dos conhecidos transformadores de energia elétri-
ca, que funcionam com base nos princípios de indução da lei de Faraday-Lenz. Nesse
momento, pode surgir a seguinte dúvida: por que a corrente alternada parece ser mais
3
interessante, do ponto de vista de sua geração, distribuição e uso, quando comparada
à corrente contínua?

A resposta para essa pergunta, em parte, já foi dada anteriormente. O fato de


que, com AC, é possível transformar um valor de tensão em outro é de grande pratici-
dade, uma vez que esse efeito não é conseguido a partir de uma fonte DC. Nesta, a cor-
rente flui somente em um sentido, ou seja, se uma fonte geradora de energia DC fosse
utilizada para iluminar uma cidade, a tensão, praticada desde a sua geração até o seu
uso, permaneceria constante.

Como veremos mais adiante, a potência, dissipada na forma de calor pelos fios
condutores, quando a tensão é baixa, é maior do que quando a transmissão acontece
por meio de altas tensões. Isso ficará mais claro quando tratarmos do funcionamento
dos transformadores. Por ora, entenderemos como a corrente alternada se comporta a
partir de uma visão atômica.

É comum ouvir dizer que a energia elétrica das residências funciona com uma
frequência de 60 Hz. Isso significa que, internamente ao fio condutor, os elétrons livres
mudam de sentido 120 vezes por segundo. Isso porque o valor de 60 Hz faz jus ao movi-
mento de um ciclo completo de vai e vem dos elétrons no fio condutor. Desse modo, os
elétrons mudam de sentido duas vezes em um ciclo completo: uma vez na ida e outra,
na volta. Se fosse possível utilizar uma câmera que filmasse mais de 120 quadros por
segundos, poderíamos ver uma lâmpada incandescente brilhando e apagando numa
taxa de 120 vezes por segundos.

Essa frequência de operação AC faz com que os elétrons em um metal se mo-


vam ora em um sentido, ora em outro. Experimentalmente, sabe-se que os elétrons que
se movem em um metal têm uma velocidade típica de 4 × 10-5 m/s. Se considerarmos
que os elétrons mudam de direção a cada 1/120 segundos, descobrimos que eles se
deslocam em torno de 3 × 10-7 m em um meio ciclo. Em outras palavras, os elétrons não
se movem muito mais do que algumas centenas de átomos ao longo do fio condutor
antes de começarem a sua trajetória de volta. Isso parece estranho: como, então, os
elétrons podem chegar a algum lugar se essa frequência faz eles irem e voltarem em
torno de um ponto médio dentro de sua trajetória? Ou como podemos dizer que está
passando uma corrente elétrica em um fio condutor?

A resposta é: os elétrons não chegam a lugar algum. Quando dizemos que uma
corrente em um fio é de 1A, isso significa que cargas passam por uma secção transver-
sal em um fio em um determinado tempo. Por exemplo: 1A de corrente significa que 1
Coulomb de carga passa por uma área transversal em um período de 1 segundo. A ve-
locidade com que os elétrons se movem pouco quer dizer, podendo ela ser de algumas
cargas a uma velocidade alta ou, ainda, muitas cargas a uma velocidade menor. Além
do mais, o gerador de corrente alternada, na verdade, gera uma força eletromotriz, que,
por sua vez, é responsável por induzir uma corrente elétrica em um circuito. Essa força
eletromotriz é uma onda eletromagnética propagando-se em um fio condutor com uma

4
velocidade próxima da luz. Todos os elétrons do fio recebem sua instrução para mudar
de direção praticamente no mesmo instante.

O trabalho útil com o uso de corrente alternada é aquele referente ao desloca-


mento dos elétrons ao longo da atuação de uma força eletromotriz, que, por sua vez, é
criada a partir dos geradores de corrente alternada. Portanto, os elétrons, tanto na ida
como na volta, realizam um trabalho.

Um gerador de corrente alternada nada mais é que do que um conjunto de es-


piras girando em meio a um campo magnético uniforme, conforme ilustrado na Figura 1
(para o caso de uma espira). A força eletromotriz (fem) induzida proporcional à variação
do fluxo magnético no interior da espira. Para uma área e um campo magnético cons-
tantes, tem-se a equação para a fem induzida Vind, segundo a lei de Faraday:

Vind = BAsenθ dθ/dt (1)

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DE UM GERADOR DE CORRENTE ALTERNADA, CONSTITUÍDO DE UMA ESPI-


RA IMERSA EM UM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME E = VIND.

FONTE: Adaptada de Walker; Halliday; Resnick (2014, p. 913)

Em que θ é o ângulo que o vetor campo magnético faz com o vetor elemento de
área dA (perpendicular ao plano da espira). Como dθ/dt = ω é a velocidade angular de
rotação do gerador e θ = ωt, podemos reescrever essa equação como:

Vind = ωBAsen(ωt) (2)

Quando a espira estiver em uma posição em que ωt é π/2, 3π/2, 5π/2... (ou seja,
quando θ é múltiplo de 90°), a fem induzida é máxima e tem valor de Vm = ωBA. Assim,
podemos reescrever novamente a equação, representando a fem induzida como:

5
Vind = Vm · sen (ωt) (3)

Nota-se que a função é senoidal e tem a fem induzida máxima quando a espira
(ou o conjunto delas) está alinhada com o campo magnético (θ = 90°).

Esse é o princípio básico de funcionamento de um gerador de corrente alterna-


da. A partir daí, a fem gerada pode ser aumentada ou diminuída conforme a necessida-
de. Na geração da energia elétrica proveniente de uma usina hidrelétrica, ela é aumen-
tada para algumas dezenas de kV e, depois, diminuída, em geral, para 110 V ou 220 V.
Essa transformação acontece a partir dos transformadores.

3 COMO OS TRANSFORMADORES FUNCIONAM?


A transmissão de energia elétrica por meio de fios de alta tensão só é possível
graças aos transformadores, equipamentos que convertem uma tensão baixa em uma
alta, ou vice-versa. Por questões de segurança e eficiência, é interessante que tanto a
geração como o uso da energia elétrica aconteçam com baixas tensões de operação. Se
já é um perigo trabalhar com essas tensões relativamente baixas em sua residência (110
ou 220 V), imaginamos como seria se ela fosse alimentada por uma tensão ainda mais
alta. Ninguém gostaria de passar roupa utilizando uma tensão de 10 kV, por exemplo.

Entretanto, no caminho intermediário da fonte de geração de energia até uma


residência, a energia elétrica é transmitida com a menor corrente possível, diminuindo
as perdas por aquecimento resistivo (I2R, sendo I a corrente elétrica e R, a resistência
da linha de transmissão). Apesar da baixa corrente elétrica, na prática, tem-se um alto
valor de tensão na linha. A regra para linhas de transmissão é a seguinte: quanto maior a
tensão e menor a corrente, menor é a perda energética na linha de transmissão.

Para esclarecer melhor, digamos que a transmissão de uma usina hidrelétrica


aconteça com uma tensão gerada de 500 kV a 1000 km de distância de determinada
residência. Supomos que, pela linha de transmissão, passe uma corrente de 400. Nesse
caso, a energia fornecida na usina hidrelétrica tem uma taxa média (potência média) de
Pmédia = VI = (5 × 105. (400 A) = 200 MW (megawatts). Essa é a capacidade da usina em
produzir energia. Se os cabos da linha de transmissão têm uma resistividade em torno
de 0,3 Ω/km, a resistência total na linha é de 300 Ω. A potência média dissipada pela
linha de transmissão é de Pdissipada = I2R = 4002 . 300 = 48 MW. Portanto, 24% da energia
é dissipada na forma de aquecimento resistivo na linha.

Contudo, se supormos que a corrente na linha de transmissão seja aumentada


para 800 A, mantendo a mesma potência média de geração de energia (a produção de
energia não muda, o que muda é como essa energia é injetada nas linhas de transmis-
são), para 800 A na linha de transmissão, a potência dissipada é de Pdissipada = 192 MW.
Logo, dobrando-se a corrente elétrica, a potência dissipada corresponde a 96% da po-
tência total fornecida pela usina.
6
Esses resultados são impraticáveis na realidade, devido à imensa perda de
energia. Dessa forma, é desejável que as linhas de transmissão conduzam energia elé-
trica com a maior tensão e a menor corrente elétrica possíveis. Assim, diminuímos a
potência dissipada e aumentamos a eficiência na transmissão de energia elétrica, para
o caso de grandes distâncias.

Um transformador é constituído de um núcleo de ferro com formato igual ao


ilustrado na Figura 2A. Em um lado do núcleo de ferro, são enroladas espiras para for-
mar um indutor, enquanto, no outro, também são enroladas espiras, porém em menor
ou maior número de voltas, dependendo se é desejado aumentar ou diminuir a tensão
transmitida. O núcleo de ferro é importante porque serve como guia do fluxo magnético
de um indutor para o outro, ou seja, ele conduz o campo magnético induzido pelo indu-
tor primário (da esquerda) para o indutor secundário (da direita).

Em uma situação ideal, todo o campo magnético gerado pelo indutor primário
passa pelo interior do indutor secundário. Na Figura 2A, o indutor primário é alimentado
por uma fonte de corrente alternada (~). Enquanto essa fonte de AC varia a corrente no
indutor, este, por sua vez, induz uma fem no indutor secundário. Nota-se que isso não
seria possível com uma fonte de corrente DC, uma vez que não existiria variação no
fluxo magnético e, portanto, não induziria uma fem no indutor secundário. Um exemplo
de um transformador comumente utilizado em subestações de energia pode ser visto
na Figura 2B.

FIGURA 2 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM TRANSFORMADOR (A); SUBESTAÇÃO DE ENERGIA


ELÉTRICA, NA QUAL O TRANSFORMADOR APARECE À ESQUERDA (B)

(A) (B)

FONTE: Adaptada de Walker; Halliday; Resnick (2014, p. 931); <https://www.shutterstock.com/pt/image-


-photo/electric-power-substation-electricity-line-station-654651331>. Acesso em: 5 nov. 2021.

Como o fluxo magnético no indutor primário varia com o tempo, induz uma fem
em cada uma das voltas do indutor secundário. Como a variação do fluxo magnético é
a mesma em cada um dos indutores, a fem total induzida também deve ser a mesma
para os dois. Dessa forma, a tensão Vp no primeiro indutor é dada por Vp = Np.Vind, e por
Vs = Ns.Vind no segundo, em que Np e Ns são o número de espiras nos indutores primário
e secundário, respectivamente. Por fim, podemos igualar o Vind de ambas as equações:

7
(4)

(5)

Desse modo, obtemos a equação que relaciona a transformação da tensão em


um transformador. Um transformador pode ser utilizado tanto para aumentar uma ten-
são (Ns > Np) ou diminuí-la (Ns < Np).

3.1 TENSÃO E CORRENTE EM UM TRANSFORMADOR


A saída de um transformador é usada para ligar algum eletrodoméstico ou apa-
relho que necessite de uma tensão diferente daquela oriunda da alta tensão, para o
caso em que temos uma diminuição da tensão entre a entrada e saída do transfor-
mador. Nessa situação, uma resistência (ou um conjunto delas) é ligada com a saída
do transformador. Quando isso acontece, uma corrente Is começa a fluir pelo circuito
secundário. Essa é a situação da Figura 2A para o segundo indutor. Quando a chave S é
fechada, uma resistência R é ligada ao indutor secundário. A corrente que flui por esse
circuito é correspondente à taxa de energia dissipada pela resistência. Essa corrente,
por sua vez, produz sua própria variação do fluxo magnético no núcleo de ferro, que se
opõe à variação do fluxo magnético produzido pela fem do primeiro indutor.

Como Vp é proporcional ao número de espiras e da fem proveniente do gera-


dor, a qual permanece inalterada. O fato de a chave S ser fechada e um resistor ser
adicionado ao circuito secundário não muda a resposta da fem fornecida pelo gerador.
No entanto, o fluxo magnético produzido pelo segundo circuito, em uma primeira aná-
lise, mudaria o fluxo magnético do primeiro circuito. Para, então, manter Vp, o primeiro
circuito precisa produzir uma corrente alternada Ip, que é somada à de Imag que passa
pelo indutor, proveniente da fem produzida pelo gerador. Dessa maneira, Ip produz uma
variação no fluxo magnético, que cancela a variação deste proveniente da corrente Is,
fazendo com que Vp permaneça constante (também a variação do fluxo magnético pro-
veniente da fem do gerador).

Pelo princípio da conservação da energia, podemos notar que, quando uma re-
sistência R é adicionada ao segundo circuito, surge tanto uma corrente Is no segundo
circuito como também uma Ip no primeiro circuito. A taxa com que o gerador transfere
energia para o primeiro indutor é igual a IpVp, a mesma com que o primeiro indutor trans-
fere energia para o segundo indutor, por meio do campo magnético variado, interligando
os dois indutores. O segundo indutor transfere IsVs de energia para o circuito que con-
tém uma resistência. Logo, a potência (ou taxa de energia transferida no tempo) gerada
entre os dois indutores obedece à seguinte relação:

8
IpVp = IsVs (4)

Ou, ainda:

(7)

A última equação estabelece que a corrente Is no indutor secundário pode diferir


da corrente Ip do primário, dependendo da razão entre Np/Ns.

3.2 COMO OS MOTORES ELÉTRICOS FUNCIONAM


Os motores elétricos são muito parecidos com um gerador de energia, tipo um
rotor de uma turbina em uma usina hidrelétrica. A utilidade dos motores elétricos é
imensurável, sendo encontrados exemplos nos mais diversos equipamentos elétricos
e úteis do nosso dia a dia. O importante, nesse momento, é destacarmos o princípio de
funcionamento deles. Ao contrário dos geradores elétricos, que transformam energia
mecânica em elétrica, os motores elétricos transformam energia elétrica em mecânica.

Supondo que se dobre um fio em um formato quadrado, tipo um U, de modo que


haja dois fios paralelos que atravessam um campo magnético, se uma fonte de corrente
contínua é ligada à espira, um lado dela leva a corrente elétrica em uma direção, e o
outro a traz no sentido contrário – conforme já ilustrado na Figura 1. Como a corrente
flui em direções opostas nos fios, a regra da mão direita nos diz que os dois fios irão
se mover em direções opostas, devido à força magnética de interação entre o campo
magnético uniforme e o sentido da corrente. Podemos notar a força magnética de inte-
ração por meio da regra da mão direita, direcionando o polegar no sentido da corrente,
o indicador no sentido do campo magnético e, por fim, o dedo médio indicando a força
magnética atuante sobre cada um dos lados do fio condutor. Finalmente, teremos uma
força atuando em cada um dos fios, conforme ilustrado na Figura 3A.

No caso de uma corrente contínua, o resultado é a espira posicionando-se na


vertical. A força resultante, nessa posição, é nula. A partir de então, o movimento cessa.
Para que o movimento continue, a corrente pelo fio condutor precisa mudar de direção.
Dessa forma, novamente uma força magnética atuará em cada parte do fio, porém com
o fio posicionado na parte superior do motor – agora, com uma força magnética atuan-
do para baixo e, no fio posicionado na parte inferior, com uma força atuando para cima.
Para o caso de fontes de tensão contínua, a utilização de um comutador é requerida. O
comutador é um objeto rígido metálico, com o formato de meia-lua, ligado ao final de
cada um dos fios que compõem a espira. A Figura 3B indica a posição dos comutadores
em uma espira.

9
Assim que a espira é rotacionada na vertical, o comutador é responsável por
mudar a direção da sua corrente, mesmo que ela seja alimentada por uma fonte de cor-
rente contínua. Dessa maneira, novamente uma força magnética atua sobre cada um
dos fios que compõem o U, de modo a rotacionar a espira novamente, até que uma volta
seja completada. A partir de então, novamente a polaridade na espira é trocada por meio
do comutador, fazendo fluir corrente na direção contrária. E, assim, a espira gira, tendo
sua corrente trocada de direção a cada meia volta.

FIGURA 3 – A FORÇA MAGNÉTICA F ATUANDO SOBRE CADA LADO DO FIO DE UMA ESPIRA IMERSA EM
UM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME (A); A REPRESENTAÇÃO DA ESPIRA COM COMUTADORES LIGADOS EM
SEUS TERMINAIS (B)

FONTE: Nave (2016)

Em um motor de corrente alternada, os ímãs permanentes são substituídos por


eletroímãs. A utilização de comutadores não é mais necessária, somente os contatos
metálicos arredondados, que possibilitam o contato de cada final da espira com a fonte
AC. Nesse tipo de motor, tanto as espiras como os eletroímãs são ligados à fonte AC,
de modo que a corrente fluindo pelas espiras esteja sempre em fase com a mudança
de polaridade dos eletroímãs. Dessa maneira, uma força magnética atuando na espi-
ra sempre estará direcionada corretamente, fazendo com que as espiras do motor AC
girem sob a influência da força magnética atuante em cada um dos lados das espiras.

DICA
Motor elétrico trifásico

Quando o torque necessário para um motor elétrico realizar


uma determinada tarefa maior, os motores trifásicos são comu-
mente utilizados. Esse tipo de motor é como se fosse a soma
da força gerada por três motores elétricos monofásicos. Para
entender um pouco mais sobre esse tipo de motor, leia o artigo
apresentado no link a seguir: https://goo.gl/iFPDGu.

10
4 TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS (TC, TPI E TPC)
As linhas de média e alta tensão precisam ser monitoradas constantemente
para fins de detecção de falhas ao longo delas e dos equipamentos que as compõem.
Há como medir diretamente corrente e tensão in loco, em função de seus elevados
valores, o que seria inviável economicamente e em termos de segurança. Para isso, é
necessário baixar essa corrente e a tensão primária para valores em que possam ser
instalados instrumentos de medição para tal.

Um exemplo são os transformadores de corrente, que são equipamentos elétri-


cos projetados especialmente para alimentar instrumentos elétricos de medição, con-
trole ou proteção. Esses equipamentos transformam correntes de um alto valor para um
valor fácil de ser medido por relés e outros instrumentos. Eles proporcionam o isolamen-
to do circuito de medição primário na alta tensão do sistema e promovem a possibilida-
de de padronização dos instrumentos e relés para alguns valores de correntes.

NOTA
É um universo de conhecimento muito interessante e importan-
te para um futuro engenheiro elétrico, pois poderá direcionar a
carreira desse profissional para essa área fundamental à socie-
dade, visto que envolve geração e controle da eletricidade.

4.1 CARACTERÍSTICAS DOS TRANSFORMADORES DE


INSTRUMENTOS
A Figura 4 ilustra bem um transformador de instrumentos. A uma primeira vista,
parece uma bucha de passagem, mas não é. Pode-se ver no detalhe que há uma base
tipo uma caixa, que é onde ficam as bobinas primárias e secundárias, em que ocorre
toda a transformação de valores elevados de corrente e tensão para valores passíveis de
serem interpretados fisicamente. Nessa caixa está acoplada uma bucha de passagem,
que faz a ligação da rede com o equipamento. As Figuras 5 a 7 trazem exemplos práticos
de medições realizadas em transformadores de instrumentos.

11
FIGURA 4 – TRANSFORMADOR DE INSTRUMENTOS

FONTE: Adaptada de <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/outdoor-high-voltage-instrument-


-transformers-isolated-208857730>. Acesso em: 5 nov. 2021.

FIGURA 5 – MEDIÇÃO EM UM TRANSFORMADOR DE INSTRUMENTOS

FONTE: <http://www.atontecnologia.com.br/wp-content/uploads/2019/01/transformadores.jpg>. Acesso


em: 5 nov. 2021.

FIGURA 6 – MEDIÇÃO EM UM RELÓGIO DE MEDIÇÃO QUE É UM TRANSFORMADOR DE TENSÃO

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/watthour-meter-electricity-use-home-applian-
ce-1088177672>. Acesso em: 5 nov. 2021.

12
FIGURA 7 – MEDIÇÃO EM UM TRANSFORMADOR DE INSTRUMENTOS

FONTE: <https://www.kesir.com.tr/uploads/trafo-bakim2-2.jpg>. Acesso em: 5 nov. 2021.

DICA
Os transformadores de corrente são de grande importância no
sistema elétrico de potência, pois, sem eles, não seria possível
mensurar os valores de corrente e tensão utilizados ou proteger
os equipamentos, as linhas de transmissão e a vida humana.

4.1.1 Transformador de corrente (TC)


O TC tem por finalidade detectar ou medir a corrente elétrica que circula em um
cabo ou barra de alimentação e transformá-la em outra corrente de valor menor, para
ser transmitida a um instrumento de medição ou circuito eletrônico. O TC é muito usado
para diminuir a corrente elétrica da rede para alimentar dispositivos eletrônicos que não
suportam grandes níveis de corrente.

É o sensor que realiza a transdução da corrente do sistema de potência para


níveis apropriados para o processamento de relés de proteção e medidores e para fins
de controle e supervisão. Basicamente, um TC consiste em um núcleo de ferro, um en-
rolamento primário e um enrolamento secundário. O primário geralmente é constituído
de poucas espiras, enquanto o secundário tem número suficiente para se obter uma
corrente nominal de 5 A.

4.1.2 Transformador de potencial (TP)


O TP altera os valores de tensão que entram na bobina primária. A espira pri-
mária recebe a tensão primária e conduz uma corrente primária. Por essa corrente ser
alternada, ela gera uma variação no fluxo magnético no seu interior. Esse fluxo é ca-
nalizado pelo núcleo ferromagnético, que induz uma tensão na espira secundária. Se
13
não houver um circuito fechado ligado à espira secundária, uma corrente induzida será
estabelecida (Figura 8).

FIGURA 8 – TRANSFORMADOR PARA MEDIÇÃO DE TENSÃO

FONTE: <https://www.shutterstock.com>. Acesso em: 5 nov. 2021.

Os transformadores de potencial podem ser do tipo indutivo (TPI) ou do tipo


capacitivo (TPC).

• Transformador de potencial indutivo (TPI): é um tipo de transformador composto por


um enrolamento primário e outro secundário (Figura 9), em que existe uma relação
de transformação Kp igual a Kp = N1/N2 = U1/U2, que gera no secundário um valor
padrão de tensão, admissível para leitura e proteção.

FIGURA 9 – BOBINAS PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/physical-experiment-electricity-coil-induc-
tor-637959766>. Acesso em: 5 nov. 2021.

14
• Transformador de potencial capacitivo (TPC): é formado por dois conjuntos de capacito-
res que atuam em conjunto com um TPI, transformando tensões de até 15 kV para ten-
sões de 115 V, adequada para a aplicação em instrumentos. Um exemplo clássico são os
capacitores de computadores que transformam a tensão da rede de 110 V ou 220 V para
tensões de 12 a 19 V (Figura 10), trabalhando em conjunto com um TPI, bobina.

FIGURA 10 – TRANSFORMADOR DE POTENCIAL CAPACITIVO

FONTE: <https://uniasselvi.me/3bNwKYw>. Acesso em: 5 nov. 2021.

Para fins de especificações de projeto que envolva seleção de matéria-prima,


fabricação, controle de qualidade, definições, ensaios e inspeções dos transformadores
de instrumentos e equipamentos, devem ser adotadas as seguintes normas (COMPA-
NHIA PARANAENSE DE ENERGIA, 2011):

• ABNT NBR 6855 – Transformador de Potencial Indutivo – Especificação.


• ABNT NBR 6856 – Transformador de Corrente – Especificação.
• ABNT NBR 6820 – Transformador de Potencial Indutivo – Método de Ensaio.
• ABNT NBR 6821 – Transformador de Corrente – Método de Ensaio.
• ABNT NBR 9522 – Transformador de Corrente para Tensões Máximas até 1,2 kV, inclu-
sive Características Elétricas e Dimensões – Padronização.
• ABNT NBR 10020 – Transformador de Potencial Indutivo de Tensão Máxima de 15 kV,
24,2 kV e 36,2 kV – Características Elétricas.
• ABNT NBR 10021 – Transformador de Corrente de Tensão Máxima de 15 kV, 24,2 kV e
36,2 kV – Características Elétricas e Construtivas – Padronização.
• ABNT NBR 8125 – Transformadores para Instrumentos – Descargas Parciais – Espe-
cificação.
• ABNT NBR 5458 – Eletrotécnica e Eletrônica – Transformadores – Terminologia.
• ABNT NBR 6546 – Eletrotécnica e Eletrônica – Transformadores para Instrumentos –
Terminologia.
• ABNT NBR 6323 – Produto de aço ou ferro fundido revestido de zinco por imersão a
quente;
• Sistema Internacional de Medidas (SI).
• IEC C93.2 – Standards Requirements for Instruments Transformers.
• Standards Requirements for Power Line Coupling Capacitor Voltage Transformers.

15
EXEMPLO

Ao especificar um TP para medição de energia com finalidade de fatura-


mento em um consumidor alimentado em 13,8 kV e subestação abrigada, preci-
samos considerar as informações apresentadas no quadro a seguir:

QUADRO – EXEMPLO DE TP PARA MEDIÇÃO DE ENERGIA

Instrumentos P (W) Q (VAR)


Medidor de kWh (bobina de potencial) 1,4 7,6
Motor conjunto de demanda máxima 2,1 2,4
Medidor de kVAR (bobina de potencial) 2,4 7,5
Total 5,9 17,5
FONTE: Os autores

A potência aparente (S) será:

Assim, considerando 120 V no secundário, que é o que atende à necessi-


dade do consumidor, a carga nominal do TP deve ser 25 VA, que é o valor padro-
nizado imediatamente superior aos 18,47 VA calculados.

4.1.3 Tipos de ligações dos transformadores de instrumentos


O tipo de ligação básica que representa os transformadores de instrumentos
está representado na Figura 11, na qual é possível verificar que toda as quantidades são
pertinentes ao circuito secundário.

FIGURA 11 – ESQUEMA DE UM TRANSFORMADOR DE INSTRUMENTOS

FONTE: Adaptada de UFPR (2018)

16
Existem três tipos de ligações dos transformadores de instrumentos, que inter-
ferem diretamente nas suas construções:

• Grupo 1: TP projetado para ligação entre fases.


• Grupo 2: TP projetado para ligação entre fase e terra, quando há garantias da quali-
dade e eficácia do aterramento.
• Grupo 3: TP projetado para ligação entre fase e terra, quando não há garantias da
qualidade e eficácia do aterramento.

ATENÇÃO
Para o engenheiro que está começando na profissão e irá atuar
em redes de distribuição de energia, é muito importante reava-
liar todos os parâmetros de projetos de redes e instalações mais
antigas, pois não foram dimensionadas para atender às condi-
ções climáticas de hoje, em que há chuvas intensas em curto
espaço de tempo, temperaturas que oscilam drasticamente ao
longo do dia e poluição tão acentuada. Portanto, o nível de iso-
lação mudou.

4.2 RELAÇÃO DOS TRANSFORMADORES DE


INSTRUMENTOS CONFORME A APLICAÇÃO
Os transformadores de instrumentos podem ser aplicados em medição, contro-
le ou proteção de linhas de transmissão. Para o uso na proteção, os principais parâme-
tros são:

• corrente nominal primária;


• relação de transformação de corrente;
• fator de sobre corrente;
• classe de exatidão e erros;
• nível de isolamento;
• cargas nominais;
• fator térmico;
• corrente dinâmica;
• corrente de magnetização.

Os TCs podem ser de diferentes tipos quanto à aplicação (UFPR, 2018).

• TC tipo barra: consiste em uma barra metálica que atravessa o núcleo de ferro de
ponta a ponta, sendo muito utilizado em subestações de média e alta tensão para
proteção e controle, bem como em painéis de comando de baixa tensão, com a mes-
ma finalidade (Figura 12).

17
FIGURA 12 – TC TIPO BARRA

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/three-phase-oil-immersed-transformer-un-
der-1084071359>. Acesso em: 5 nov. 2021.

• TC tipo enrolado: o enrolamento primário desse tipo de transformador de instrumen-


tos é composto por um núcleo envolvido por uma ou mais espiras. Em função de sua
baixa isolação, deve ser limitado a aplicações de até 15 kV, sendo utilizado principal-
mente para medição e como relé.
• TC tipo janela: um condutor passa pelo seu núcleo, formando o circuito primário. É
utilizado em painéis de comando de tensão.
• TC tipo bucha: é do tipo barra, porém é instalado nas buchas de equipamentos como
transformadores e disjuntores, funcionando como enrolamento primário. São empre-
gados em transformadores de potência como proteção diferencial (Figura 13).

FIGURA 13 – TC TIPO BUCHA

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/transformer-electrical-technology-on-white-ba-
ckground-609479375>. Acesso em: 5 nov. 2021.

18
• TC tipo núcleo dividido: tem como objetivo facilitar o envolvimento do condutor pri-
mário. É conhecido como alicate amperimétrico e é utilizado na medição manual de
corrente e potência.
• TC com vários enrolamentos primários: é uma derivação dos demais e é constituído
para aplicações específicas, como controle e medição, simultaneamente.
• TC com vários enrolamentos secundários: assim como o TC com vários enrolamentos
primários, é concebido e constituído para atender a demandas específicas de contro-
le e medição, de acordo com a necessidade.
• TC com vários núcleos secundários: igualmente aos descritos anteriormente, é feito
para atender a demandas específicas.

5 EXPERIMENTAÇÃO PRÁTICA
Nesse momento, realizaremos um experimento prático, por meio do simulador
virtual intitulado “Laboratório de Eletromagnetismo de Faraday”.

DICAS
Acadêmico, acesse esse laboratório virtual em: https://phet.colo-
rado.edu/pt_BR/simulation/faraday.
É importante notar que esse ambiente de simulação pode rodar
diretamente pelo seu navegador de internet ou ser baixado e
utilizado em modo off-line – recomendamos a segunda opção,
pois apresenta melhor desempenho. É importante notar que a
versão off-line do simulador necessita que o sistema operacio-
nal tenha instalado o pacote Java.

5.1 REALIZANDO OS EXPERIMENTOS


Ao abrir o simulador do Laboratório de Eletromagnetismo de Faraday, será apre-
sentada a seguinte tela (Figura 14):

19
FIGURA 14 – TELA INICIAL DO LABORATÓRIO DE ELETROMAGNETISMO DE FARADAY

FONTE: Os autores

Na parte superior da tela, podem ser observadas cinco abas, que correspondem
a diferentes experimentos propostos nesse laboratório:

• Ímã em barra.
• Solenoide.
• Eletroímã.
• Transformador.
• Gerador.

Cada experimento aborda um aspecto diferente envolvendo campos magnéti-


cos e indução magnética. Para cada experimento, podemos utilizar as instruções des-
critas a seguir.

5.1.1 Imã em Barra


• Identifique qual cor representa o polo norte da bússola.
• Movimente a bússola no sentido sul norte observe e descreva o que acontece com a
parte vermelha da bússola.
• Inverta a polarização do imã, observe e escreva o que acontecera.
• Preveja o que pode acontecer com as linhas de campo ao aumentar a intensidade do
imã.
• Escreva o modulo do campo elétrico.

20
5.1.2 Solenoide
• Escreva o que é o solenoide.
• Movimente o imã e escreva o que você observou.
• Relate com base nos seus conhecimentos científicos o que está acontecendo.
• Aumente a área da espira, movimente o imã e escreva o que você observou.
• Inverta o imã, movimente-o e escreva o que acontece.
• Reflita sobre quais fatores são responsáveis por aumentar o brilho da luz.

5.1.3 Eletroímã
• Caracterize um eletroímã (pesquise a respeito na internet).
• Quantas espiras temos nesse eletroímã?
• Preveja pela regra da mão direita qual o sentido do campo magnético esse eletroímã
produz. Faça o desenho.
• Coloque a bússola e verifique se o seu desenho anterior está correto. Pode-se afirmar
que o polo norte da bússola aponta sempre para?
• Coloque corrente alternada AC observe e descreva o que você verificou.
• O que se pode dizer sobre o valor numérico e o sentido do campo ao modificar a ddp da pilha?

5.1.4 Transformador
• Descreva o que é um transformador.
• O que você deve fazer para acender a lâmpada?
• Observe e escreva o que acontece quando você aumenta a área das espiras.
• Se você aumentar o número de espiras o que acontece?
• Relacione o brilho da lâmpada com as possíveis variáveis.
• Identifique as diferenças entre usar uma pilha e uma corrente alternada AC.

5.1.5 Gerador
• Como funciona este gerador?
• Qual a influência da medida em RPM no brilho da lâmpada?
• Justifique a alternância dos ponteiros da bússola.
• Aumente a área das espiras observe e justifique o que você observou.
• Aumente o número de espiras observe e justifique o que você observou.
• Escreve sobre as aplicações dos geradores.

5.1.6 Pesquisa
Pesquise algum aparelho ou dispositivo eletrônico que está relacionado com
alguns dos fenômenos observados. Escreva sobre o seu funcionamento, sua aplicação
e sua importância na sociedade.
21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O principal fator que levou à utilização generalizada de tensão corrente alternada


(AC) na distribuição e na transmissão de energia está relacionado com a possibili-
dade de utilização de transformadores.

• O princípio básico de funcionamento de um gerador de AC é a variação do campo


magnético através de um conjunto de espiras condutoras.

• Um transformador elementar possui dois enrolamentos: o primário e o secundário.


Quando uma corrente alternada circula no enrolamento primário, uma tensão (ou
corrente) é induzida no secundário.

• Os transformadores de instrumentos são o transformador de corrente (TC) e o


transformador de potencial (TP) ou de tensão.

• Os transformadores de corrente são equipamentos elétricos projetados especial-


mente para alimentar instrumentos elétricos de medição, controle ou proteção. Es-
ses equipamentos transformam correntes de um alto valor para um valor fácil de
ser medido por relés e outros instrumentos.

• Os transformadores de corrente têm por finalidade diminuir a tensão aplicada ao


seu primário, de forma que ela possa ser devidamente medida por algum instru-
mento.

22
AUTOATIVIDADE
1 A corrente alternada (AC) parece ser mais interessante, do ponto de vista de sua
geração, distribuição e uso, quando comparada à corrente contínua. Considerando
que um transformador não pode funcionar com corrente contínua (DC), assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) A corrente contínua não gera campo magnético.


b) ( ) Não existe variação temporal da corrente elétrica por meio do núcleo de ferro.
c) ( ) Não existe variação temporal da força eletromotriz por meio do núcleo de ferro.
d) ( ) Não existe variação temporal do fluxo magnético por meio do núcleo de ferro.
e) ( ) A potência em um transformador de corrente contínua seria muito alta e imprati-
cável.

2 Um transformador é constituído de um núcleo de ferro. Qual a função do núcleo de ferro


de um transformador?

a) ( ) Transmitir a variação da força eletromotriz através do seu núcleo.


b) ( ) Transmitir a variação do fluxo magnético através do seu núcleo.
c) ( ) Transmitir a variação da corrente elétrica através do seu núcleo.
d) ( ) Fazer o contato elétrico íntimo entre a primeira bobina e a segunda.
e) ( ) Nenhuma em específico, podendo ser qualquer material metálico.

3 A usina hidrelétrica de Itaipu, localizada em Foz do Iguaçu/PR, gera energia elétrica e


a transmite com uma tensão de 765 kV. Quando chega à cidade de São Paulo/SP, ela
é diminuída nas subestações para uma tensão 110 V. Qual é a razão entre o número de
espiras de entrada e de saída de um transformador para ser possível essa diminuição na
tensão?

4 Uma força eletromotriz induzida em uma bobina secundária de um transformador tem


valor de 110 V, este é ligado a um circuito que tem um chuveiro com 10 Ohms de resis-
tência. Qual é a potência que um gerador de energia elétrica de 100 kV, ligado à primeira
bobina do transformador, deve fornecer quando o chuveiro estiver ligado?

5 A distância do Oiapoque/AP ao Chuí/RS (as duas cidades do extremo latitudinal do Bra-


sil), em linha reta, é de 4.180 km. Se fosse necessário projetar uma linha de transmissão
elétrica que interligasse essas duas cidades, qual seria a alta tensão que um transfor-
mador deveria proporcionar à linha de transmissão para que somente 10% da energia
pudesse ser dissipada na forma de calor? Considere que a geração de energia ocorre a
uma potência média de 96 MW, e que as linhas de transmissão tenham uma resistividade
de 0,25 Ohms/km.

23
6 Com base na finalidade dos transformadores de instrumentos, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Mostrar, em um visor, correntes e tensões existentes na linha de transmissão.


b) ( ) Transformar correntes e tensões para valores ainda mais elevados, a fim de gerar
mais energia.
c) ( ) Reduzir valores de corrente e tensão para valores adequados, para serem captados
por instrumentos de medição.
d) ( ) Igualar diferenças de potencial entre equipamentos.
e) ( ) Anular possíveis descargas elétricas em equipamentos de medição.

7 Por que motivo os TCs do tipo enrolado devem ser limitados a aplicações de até 15 kV?

24
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
TRANSFORMADORES DE
POTÊNCIA E SINAL: OPERAÇÃO
EM REGIME PERMANENTE
1 Introdução
Normalmente, quando se pensa em máquina elétrica, imagina-se uma máquina
que permite a conversão de energia elétrica em mecânica, e vice-versa. Na verdade,
dentro dessa categoria, encontram-se os transformadores, que, mesmo sem estar den-
tro desse conceito, também acabam realizando o processo de conversão de energia,
seguindo os mesmos princípios, mas tendo como resultado a conversão de potência
elétrica em potência elétrica.

Neste tópico, você vai estudar o princípio de funcionamento dessas máquinas,
vai ver como ela se comporta em regime permanente e suas aplicações, que podem ir
de faixas de trabalho que vão de milhares de megawatts até faixas mínimas de potência,
como, por exemplo, os transformadores de sinal.

2 Transformadores

Transformadores são máquinas elétricas estáticas; portanto, diferentemente
das máquinas rotativas, não utilizam entreferro, que contém circuitos elétricos isolados
entre si por um campo magnético. Esse campo magnético é responsável pela indução
de tensão nos contatos de saída (TAP) do transformador. Seu princípio de funciona-
mento é baseado nas leis desenvolvidas para análise de circuitos magnéticos. A lei de
Faraday declara que quando um circuito elétrico é atravessado por um fluxo magnético
variável, surge uma força eletromotriz (FEM) (tensão) induzida atuando sobre o circuito.

A lei de Faraday também declara que a força eletromotriz (tensão) induzida no
circuito é numericamente igual à variação do fluxo que o atravessa.

(8)

Sendo N o número de espiras de um enrolamento, φ é o fluxo magnético que


atravessa essas espiras, e λ é o fluxo concatenado (Wb.e) do enrolamento, definido
como:

λ = Nφ (9)

25
ATENÇÃO
Note que, para se obter uma tensão induzida, se-
gundo a lei de Faraday, é necessário que exista movimento
relativo entre o campo magnético e o circuito que ele atra-
vessa. Podemos ter, então, as seguintes possibilidades:

• um campo magnético estacionário e o condutor em


movimento;
• um campo magnético estacionário em movimento e o
condutor fixo;
• um campo magnético variante no tempo e o condutor fixo.

Lenz notou que a tensão induzida em um circuito fechado por um fluxo magné-
tico variável produzirá uma corrente de forma a se opor à variação do fluxo que a criou.

Então, na verdade, a tensão induzida torna-se:

(10)

Transformadores operam sob indução mútua entre N bobinas, onde N∈ Z | N ≥2.
Uma pequena corrente em regime estacionário (iφ), chamada de corrente de excitação,
flui no primário e estabelece um fluxo alternado no circuito magnético. Esse fluxo induz
uma fem no primário igual a:

(11)

Onde φ é o fluxo no núcleo enlaçando ambos os enrolamentos, e N1 é o número
de espiras do enrolamento primário. A Figura 15 mostra um transformador com dois en-
rolamentos, em que um deles é alimentado por uma tensão variante no tempo v1.

26
FIGURA 15 – TRANSFORMADOR DE DOIS ENROLAMENTOS A VAZIO

FONTE: Umans (2014, p. 70)

Algumas das simplificações consideradas para a análise desse circuito são:

• A FEM induzida (e1) é praticamente igual à tensão aplicada (v1).


• As ondas de tensão e fluxo são consideradas senoidais.
• As resistências dos enrolamentos são desprezíveis.
• A permeabilidade do núcleo (μ1) é infinita.
• Não há dispersão de fluxo.
• Não há perdas no núcleo.
• O circuito ao lado será utilizado para as análises.
• i2 é definida como positiva quando sai do enrolamento.
• i2 produz uma FMM de sentido oposto ao criado por i1.

A relação entre a tensão induzida depende do número de espiras utilizadas,


e podemos criar uma relação entre essas duas espiras. Como o equipamento é ideal,
podemos concluir que a tensão fornecida pela fonte (v1) é igual à tensão induzida no
enrolamento do transformador (e1).

(12)

Novamente, como o equipamento se trata de um transformador ideal (sem per-
das), o fluxo (φ) que passa por N1 passa por N2. Temos, então:

(13)

Isolando o fluxo, temos:

(14)

(15)

27
Se isolarmos tensão em um lado da igualdade e o número de enrolamentos do
outro, obteremos a relação de transformação (a):

(16)

DICA
Para saber mais sobre a relação de transformação e as outras
variáveis do transformador (i e z), consulte Chapman, Stephen
J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3EUchOx. Acesso em:
5 nov. 2021.

Até agora, nos referimos a um equipamento em que as perdas são ignoradas,


mas, na prática, isso não existe, e a representação do circuito elétrico do transformador
fica conforme mostra Figura 16. Modelos mais completos que o do transformador ideal
devem levar em consideração os efeitos das resistências nos enrolamentos, os fluxos
dispersos e as correntes de excitação (permeabilidade finita do núcleo).

O equipamento estudado até agora é representado apenas pelos enrolamentos
N1 e N2 com uma seta (ideal). A impedância Z1 representa todas as impedâncias do lado 1
do transformador (primário), X1 é a reatância de dispersão do primário e R1 é a resistência
dos enrolamentos. A impedância Zφ é representada pelo ramo em derivação, conhecido
como ramo de excitação, e resume as características do núcleo do equipamento, Xm é
a reatância de magnetização e Rc é a resistência do núcleo. Por fim, Z2 representa todas
as impedâncias do lado 2 do transformador (secundário), X2 é a reatância de dispersão
do primário e R2 é a resistência dos enrolamentos. Dessa forma, v1 ≠ e1 e v2 ≠ e2.

FIGURA 16 – CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE DE UM TRANSFORMADOR

FONTE: Umans (2014, p. 75)

28
Para diferentes níveis de análise, temos diferentes simplificações e, consequen-
temente, diferentes circuitos equivalentes. A Figura 17 apresenta o circuito equivalente
T – referindo todas as grandezas ao primário ou ao secundário, o transformador ideal
pode ser deslocado, respectivamente, à direita ou à esquerda do circuito equivalente.

FIGURA 17 – CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE T DE UM TRANSFORMADOR

FONTE: Umans (2014, p. 75)

No caso específico desse circuito, temos:

(17)

DICA
Para saber mais sobre deslocamentos de impedância do pri-
mário para o secundário, ou vice-versa, consulte Chapman,
Stephen J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Por-
to Alegre: AMGH, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3EUchOx.
Acesso em: 5 nov. 2021.

Na prática, o circuito equivalente T ainda é considerado um circuito completo,


sendo menos usado do que as aproximações. A aproximação adotada depende do obje-
tivo do estudo. Uma simplificação comum é o circuito L, no qual existe o deslocamento
do ramo em derivação para o primário (Figura 18a) ou para o secundário (Figura 18b).

Note que essa simplificação é possível pelas diferenças de dimensão entre as
≫impedâncias≫ em série (Z1 e Z2) e a impedância em derivação (Zφ). Como Zφ Z1 e Z φ Z2,
o ramo de excitação pode ser considerado, para esse nível de análise, como um circuito

29
aberto, de modo que pode ser deslocado para qualquer um dos lados. Por isso, as impe-
dâncias Z1 e Z2 podem ser somadas, levando à impedância equivalente Zeq.

FIGURA 18 – CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE L DE UM TRANSFORMADOR: (A) PRIMÁRIO; (B) SECUNDÁRIO

FONTE: Umans (2014, p. 79)

Quando a análise é feita para níveis de potência ainda mais elevados, você pode
considerar, ainda, que transformadores de grande porte têm elevada impedância de ex-
citação (Zφ); consequentemente, Îφ é bem pequena, de modo que se pode desconsiderar
a corrente de excitação, resultando apenas a impedância equivalente em série (Req e
Xeq) e obtendo-se o circuito apresentado na Figura 19a. A Figura 19b considera, ainda,
que para transformadores de grande porte Req é muito pequena comparada a Xeq, sendo,
então, desconsiderada.

FIGURA 19 – CIRCUITOS ELÉTRICOS EQUIVALENTES PARA TRANSFORMADOR DE GRANDE PORTE

FONTE: Umans (2014, p. 79)

2.1 OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE



Uma operação em regime permanente ou estacionário significa que esse siste-
ma já passou por uma fase de adaptação (transitório) e agora opera com algumas ca-
racterísticas que não se alteram em um dado intervalo de tempo (RAMOS; DIAS, 1982).

Essa análise é de extrema importância tanto para o equipamento, no caso de
apenas um transformador, quanto para a rede com a qual esse equipamento está co-
nectado. Dessa análise, é possível determinar um modo de operação em que todos os

30
equipamentos trabalhem dentro de mesmos limites de tensão, frequência, entre outras
características, de maneira “ótima”.

Para a análise de transformadores em regime permanente, duas considerações
são feitas: o equipamento está ligado a uma fonte de tensão alternada (senoidal) e,
caso alimente uma carga, ela será linear; o transformador pode operar com carga e sem
carga — nesse último, podendo estar com os seus terminais em aberto (a vazio) ou em
curto-circuito. Normalmente, o transformador opera com carga, os casos de circuito
aberto e a vazio geralmente são utilizados como ensaio e, durante operação normal, são
considerados anomalias.

Para condições de trabalho, temos uma tensão de:

v(t)=Vmsenωt (18)

Que é aplicada ao enrolamento primário (N1) do transformador, tendo como re-
sultado um fluxo de magnetização:

(19)


Da equação anterior, você observa uma relação inversamente proporcional en-
tre tensão e frequência do transformador caso se deseje manter um fluxo determina-
do constante. Se, por exemplo, for um transformador que opere com uma frequência
menor que a sua nominal, será necessário reduzir sua tensão, diminuindo, assim, a sua
potência aparente, evitando o superaquecimento dos enrolamentos.

Os transformadores indicam potência aparente nominal (Sn) junto à corrente
nominal para que o usuário limite o valor de corrente que passa pelos enrolamentos do
transformador, controlando, assim, as perdas térmicas (ri2) presentes no transformador,
que, normalmente, são responsáveis pela redução da vida útil da isolação do equipa-
mento (CHAPMAN, 2013).

O diagrama fasorial da Figura 20 é utilizado para analisar as quedas de tensão
no interior do transformador quando conectado a uma carga com fator de potência uni-
tário. Para isso, considere o circuito equivalente apresentado na mesma figura; assim, a
impedância do ramo de excitação pode ser desprezada. A queda de tensão VS sempre
será a referência e, por isso, está no ângulo 0°. Aplicando a lei das tensões de Kirchhoff
ao circuito equivalente, temos:

31
(20)

Note que o diagrama fasorial torna possível visualizar que a tensão no secundá-
rio é menor que a tensão no primário do transformador, sendo necessária uma regula-
ção de tensão maior que zero.

FIGURA 20 – CIRCUITO EQUIVALENTE L DO TRANSFORMADOR E SEU DIAGRAMA FASORIAL


PARA UMA CARGA COM FATOR DE POTÊNCIA UNITÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 100-102)


Antes de chegar ao regime permanente, o transformador passa por um regime
transitório, que pode gerar uma corrente que venha causar problemas ao equipamento.
Quando a tensão é aplicada no momento que o transformador é energizado pela rede,
no primeiro semiciclo da tensão aplicada, o valor máximo alcançado pelo fluxo depende
da fase da tensão nesse instante (CHAPMAN, 2013). Tomando como exemplo a tensão:

v(t) = Vm.sen (ωt + 90o) = Vm.cos ωt (21)

Considerando o fluxo inicial no núcleo zero, o fluxo máximo durante esse pri-
meiro semiciclo será igual ao fluxo máximo no regime permanente:

32
(22)

Como dito anteriormente, esse nível de fluxo é o nominal da máquina, não ge-
rando nenhum problema; no entanto, caso a tensão aplicada seja

v(t) =Vm sen(ωt) (23)



O fluxo máximo será

(24)


Note que o valor do fluxo máximo dobrou em relação ao fluxo do regime perma-
nente; consequentemente, a corrente de magnetização também aumentou. Normal-
mente, o ângulo de fase aplicado da tensão não é controlado na partida, de modo que
pode haver correntes transitórias iniciais muito grandes, sendo de extrema importância
o dimensionamento do equipamento durante o seu projeto para suportar essas varia-
ções (CHAPMAN, 2013). A Figura 21 apresenta o valor de corrente causado pela corrente
de magnetização.

FIGURA 21 – CIRCUITOS EQUIVALENTE L DO TRANSFORMADOR E SEU DIAGRAMA FASORIAL PARA UMA


CARGA COM FATOR DE POTÊNCIA UNITÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 140)


33
Os ensaios citados (circuito aberto e curto-circuito) são utilizados para determi-
nar os valores das indutâncias e resistências do transformador de maneira experimen-
tal. No ensaio de circuito aberto, um dos lados é deixado em aberto e o outro, alimen-
tado com a tensão nominal. Como a impedância em série do primário (R1 + Xl1) é muito
menor quando comparada à impedância do ramo de excitação (RC + Xm), toda a queda de
tensão desse circuito será considerada apenas no ramo de excitação. Com as conexões
mostradas na Figura 21, você faz todas as medições necessárias para calcular a impe-
dância equivalente do ramo de excitação (Zφ).

FIGURA 22 – LIGAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR PARA A REALIZAÇÃO DO ENSAIO A VAZIO

FONTE: Chapman (2013, p. 90)

Com as conexões mostradas na Figura 22, você faz todas as medições neces-
sárias para calcular a impedância equivalente em série (Zeq). A escolha do enrolamento
a ser curto-circuitado é arbitrária. Note que, ao contrário do que ocorria no ensaio de
circuito aberto, agora, o ramo de excitação é desprezado.

FIGURA 23 – LIGAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR PARA A REALIZAÇÃO DO ENSAIO DE CURTO-CIRCUITO

FONTE: Chapman (2013, p. 92)


34
2.2 APLICAÇÃO DOS TRANSFORMADORES

Os transformadores são utilizados para transferir energia elétrica entre diferen-
tes circuitos elétricos por meio de um campo magnético, usualmente com diferentes
níveis de tensão. Os transformadores permitem a transmissão a grandes distâncias
usando altos níveis de tensão e reduzindo as perdas elétricas dos sistemas. Lembre-se
que uma das principais causas de perdas são as perdas térmicas no equipamento – se
o valor da corrente for baixo, consequentemente, teremos uma redução da quantidade
de perdas, já que:

ATENÇÃO
Como a impedância equivalente em série é muito baixa, uma
tensão próxima de 10% a 15% da tensão nominal é suficiente
para que a corrente nominal do transformador circule. Caso es-
ses valores sejam ultrapassados, corre-se o risco de queimar o
equipamento.

Pperdida = RL.i² (24)



Onde i é o valor da corrente que passa pelo condutor, RL é a resistência do con-
dutor, que depende basicamente das características físicas dele, l seu comprimento, A
é a área da seção do condutor e ρ é a resistividade do material.

(25)

Ainda no sistema de potência, transformadores podem ser utilizados para reali-
zar medições. O transformador de potencial apresenta sempre um enrolamento primá-
rio de alta tensão, e o secundário, de baixa — sua potência nominal baixa e tem o único
objetivo de amostrar o nível de tensão do sistema. Já o transformador de corrente tem o
enrolamento secundário envolto em um anel ferromagnético, e a própria linha de trans-
missão ou distribuição é usada como o “primário”; assim, por indução, o equipamento
fornece uma amostragem da corrente que flui por esse cabo.

O transformador de sinal converte potências baixas e baixíssimas, sendo nor-


malmente utilizado em aplicações de áudio. Para qualquer aplicação relacionada (entra-
da de microfone ou de linha, saída de linha ou microfone), diversos parâmetros impor-
tantes podem influenciar a performance e as interações com os circuitos adjacentes.

35
A distorção nas aplicações de transformadores em áudio é decorrente da cor-
rente de excitação do enrolamento primário, sendo proporcional à voltagem presente
nesse enrolamento. Imagine o caso ideal em que um transformador não tem perdas e
sua resistência é nula. Nesse cenário, a tensão V1 criaria um curto-circuito na espira do
primário, resultando em uma distorção nula. Você já aprendeu que os casos real e ideal
são diferentes e que, portanto, não é possível que a aplicação do transformador cause
a distorção nula.

Dessa forma, os níveis de operação máxima, distorção máxima e impedância de
entrada, de forma geral, devem definir o material que será utilizado para a construção do
transformador de sinal e, também, seu tamanho. É nesse momento que os parâmetros
de custo começam a se tornar relevantes, pois as composições que tornam a qualidade
melhor também são mais caras. O transformador de sinal mais utilizado possui o núcleo
em aço M6, contendo 6% de silício e 49% ou 84% de níquel.

O transformador ainda pode ter algumas outras funções mais específicas, como
quando são utilizados para dissipação de corrente, mas o importante a ser observado
é que, independentemente do tipo da aplicação ou do nível de potência aplicado, o seu
funcionamento é o mesmo.

EXEMPLO: um transformador de 1,1 kVA, 440/110 V, 60 Hz tem os seguintes


parâmetros referidos ao primário: R1,eq = 1,5 Ω, X1,eq = 2,5 Ω, RC = 3.000 Ω e Xm = 2.500
Ω. O transformador, quando em plena carga, opera à tensão nominal, alimentando uma
carga com um fator de potência de 0,707 atrasado. Determine para valores de base
iguais aos nominais de Sb = 1,1 kVA e V2b = 110 V:

• Os parâmetros em p.u., R1,eq, X1,eq, RC e Xm;


• A regulação de tensão.
• A eficiência do transformador.

A tensão de base no primário:

Cálculo das outras grandezas:

Ou, ainda:

36
Os parâmetros pedidos em p.u.:

Note que todas as impedâncias do transformador, quando expressas em p.u., in-


dependem do lado do transformador. A impedância em p.u. no secundário será a mesma.

Como a tensão e a corrente nominais são valores de base, a tensão e a corrente
de carga em p.u. refletidas para o primário são:

V2' = 1 ∠ 0º
I2' = 1 ∠ -45º

Note que corresponde a um fator de potência de 0,707 indutivo.

A corrente de excitação I0 é dada pela componente de corrente através do re-
sistor somada à da reatância de magnetização.

37
E, finalmente, a corrente de excitação I0

I0 = IC + jIm = (58,67 - j70,40) × 10-3 = 91,64 × 10-3 ∠-50,19º



A corrente I1 é dada por:

I1 = I2 + jI0 = 1∠- 45º + 91,64×10-3∠-50,19º


I1 = 1,09∠-45,41º

A tensão aplicada é dada por:

V1 = V2' + (R1,eq + jX1,eq)I1


V1 = 1∠0º + (0,0085 + j0,0142) (1,09 ∠ -45,41º) = 1,02 ∠ 0,24º

A tensão no primário é 2% maior que a tensão nominal do primário para que
seja mantida no secundário o seu nível de tensão nominal (110 V). Para achar o valor de
V1 em tensão:

V1 = V1,b V1
V1 = 440 × 1,02 ∠ 0,24º = 448,8 ∠ 0,24º

A regulação de tensão:


Em plena carga, a tensão no secundário é de 110 V; para tanto, a tensão no pri-
mário deve ser mantida em 448,8 V. A vazio, para uma tensão no primário de 448,8 V, a
tensão correspondente no secundário é de 112,2 V. Temos, então:

O cálculo pode ser feito, também, com os níveis de tensão referidos ao primário,
obtendo o mesmo valor de regulação.

A eficiência do transformador:

A eficiência do transformador é calculada pela relação entre perdas e a potência
de entrada:


A potência útil é dada por:

Pin = V1I1cos θ

38
Pin = 1,02 × 1,09 cos(0,24o + 45,41o) = 0,78

Perdas ativas no núcleo:

PC = RC.IC2
PC = 17,0455 × (58,67 × 10-3)2 = 0,059

As perdas ativas do enrolamento representadas pela resistência equivalente no
primário:

Penr = R1I21
Penr = 0,0085 × (1,09)2 = 0,010
PT = PC + Penr = 0,069

3 ATIVIDADE PRÁTICA PROPOSTA



Acesse seu AVA e procure pelo laboratório virtual Algetc de “Indução Mútua
Entre Duas Bobinas”.

3.1 OBJETIVO

O experimento apresenta um equipamento elétrico conhecido como transfor-
mador que funciona utilizando o princípio da indução mútua. Serão utilizados um núcleo
ferromagnético e um conjunto de bobinas a ele associado, possibilitando uma conver-
são do valor de tensão nos terminais dessas bobinas quando, uma delas (designada
como primária), é alimentada por corrente alternada. Ao final desse experimento, você
deverá ser capaz de:

• descrever o funcionamento de um transformador de tensão;


• utilizar as equações matemáticas que relacionam as tensões, número de espiras,
potência e corrente num transformador;
• avaliar a influência, no funcionamento de um transformador, de características físi-
cas como o número de espiras no primário e secundário;
• analisar as características que distinguem um transformador ideal do comportamen-
to que de fato observamos;
• identificar a aplicabilidade de indutores elétricos em circuitos.

39
3.2 ONDE UTILIZAR ESSES CONCEITOS?
Os transformadores são de fundamental importância no uso da energia elétrica
cotidiana. Seja para converter a tensão gerada nas hidrelétricas para um valor adequado
ao uso dos aparelhos domésticos, seja para conversões de tensões nominais de 220V
para 110V (ou vice-versa), em ajuste de tensão nos carregadores de celulares, tablets,
notebooks, ou até mesmo para a eliminação de ruídos no interior de circuitos de apare-
lhos eletrônicos.

3.3 O EXPERIMENTO
Neste experimento duas bobinas são conectadas em uma armadura ferromag-
nética, uma em cada extremidade, e ao alimentar uma das bobinas (a qual damos o
nome de primária) com corrente alternada, a variação no fluxo magnético no interior
dela é transmitida pela armadura, produzindo corrente também na bobina secundária.
A essas correntes, temos uma tensão associada segundo a lei de Ohm. Os valores de
tensão nos terminais das bobinas podem diferir, e por isso damos o nome de transfor-
mador a esse dispositivo.

3.4 SEGURANÇA

O experimento foi pensado para não trazer riscos físicos, então você irá utilizar
objetos pouco nocivos e leves, mas mesmo com essas precauções pensadas e defi-
nidas, o uso de equipamentos de proteção individual é de extrema importância para a
segurança durante a realização de experimentos.

3.5 CENÁRIO
Na bancada do laboratório é disponibilizado um kit didático onde duas são co-
nectadas em uma armadura ferromagnética para que seja acompanhado o fenômeno
de indução mútua entre duas bobinas. Uma carga pode ser conectada no secundário
do transformador e um multímetro está disponível para que sejam realizadas medidas
de tensão e corrente em diferentes pontos do sistema.

40
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O principal fator que levou à utilização generalizada de tensão corrente alternada


(AC) na distribuição e na transmissão de energia está relacionado com a possibili-
dade de utilização de transformadores.

• O princípio básico de funcionamento de um gerador de AC é a variação do campo


magnético através de um conjunto de espiras condutoras.

• Um transformador elementar possui dois enrolamentos: o primário e o secundário.


Quando uma corrente alternada circula no enrolamento primário, uma tensão (ou
corrente) é induzida no secundário.

• Os transformadores de instrumentos são o transformador de corrente (TC) e o


transformador de potencial (TP) ou de tensão.

• Os transformadores de corrente são equipamentos elétricos projetados especial-


mente para alimentar instrumentos elétricos de medição, controle ou proteção. Es-
ses equipamentos transformam correntes de um alto valor para um valor fácil de
ser medido por relés e outros instrumentos.

• Os transformadores de corrente têm por finalidade diminuir a tensão aplicada ao


seu primário, de forma que ela possa ser devidamente medida por algum instru-
mento.

41
AUTOATIVIDADE
1 Quanto aos transformadores e seu princípio de conversão, assinale a alterna-
tiva CORRETA:

a) ( ) O entreferro do transformador deve ser sempre com dimensões proporcionais à


potência nominal do equipamento.
b) ( ) A Lei de Faraday declara que a força eletromotriz induzida no circuito é numerica-
mente igual à variação do fluxo que o atravessa.
c) ( ) Segundo a Lei de Faraday, para se obter a tensão induzida, é necessário que o
enrolamento seja estático.
d) ( ) Segundo a Lei de Faraday, um campo magnético oriundo de um imã natural fixo,
ao permear o enrolamento do transformador. irá induzir uma tensão.
e) ( ) Segundo a Lei de Faraday, um campo variante magnético, ao permear um enro-
lamento que gira na mesma velocidade do campo magnético, irá produzir uma tensão
induzida.

2 Quanto às leis que regem o funcionamento dos transformadores, assinale a


alternativa CORRETA:

a) ( ) A Lei de Faraday diz que a tensão induzida em um circuito fechado por um fluxo
magnético variável produzirá uma corrente de forma a se opor à variação do fluxo que a
criou.
b) ( ) A Lei de Lenz diz que a tensão induzida no circuito é numericamente igual à va-
riação do fluxo que o atravessa.
c) ( ) A Lei de Ampère permite calcular o campo elétrico a partir de uma distribuição de
densidade de corrente elétrica (J) ou de uma corrente elétrica (I), ambas estacionárias
(independentes do tempo).
d) ( ) A Lei de Lenz diz que a tensão induzida em um circuito fechado por um fluxo
magnético variável produzirá uma corrente de forma a se opor à variação de fluxo que a
criou.
e) ( ) O ponto onde o produto energético é máximo é extremamente importante porque
dimensiona a permeabilidade do material necessário para produzir esta densidade de
fluxo em um entreferro.

3 Para o estudo dos transformadores ideais, algumas simplificações são consi-


deradas. Quanto a isso, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A FEM induzida no primário é diferente da tensão aplicada nele.


b) ( ) A permeabilidade do núcleo torna a passagem do fluxo mais difícil após sua satu-
ração.
c) ( ) As resistências dos enrolamentos são desprezíveis.

42
d) ( ) A corrente produzida no secundário tem um sentido no qual a FMM produzida
será somada com a FMM do primário.
e) ( ) As perdas no núcleo são as perdas por histerese e correntes de fuga.

4 Assinale a alternativa CORRETA quanto à operação dos transformadores em


regime permanente:

a) ( ) O regime permanente é aquele que antecede o regime estacionário.


b) ( ) A análise do regime permanente determina um modo de operação em que todos
os equipamentos trabalhem dentro dos mesmos limites de tensão, frequência, entre
outras características.
c) ( ) Para a análise de transformadores em regime permanente, deve ser considerado
o fato de que o equipamento está ligado a uma fonte de tensão contínua.
d) ( ) Para a análise de transformadores em regime permanente, deve ser considerado
o fato de que o equipamento está ligado a uma carga não linear.
e) ( ) Operações a vazio ou em curto-circuito são utilizadas para a manutenção dos
equipamentos.

5 Quanto às aplicações dos transformadores, assinale a alternativa correta:

a) ( ) Os transformadores de potência são utilizados para converter potência mecânica


em potência elétrica.
b) ( ) Os transformadores permitem a transmissão de grandes distâncias, utilizando
baixos níveis de tensão.
c) ( ) As perdas térmicas de um equipamento são diretamente proporcionais ao qua-
drado do módulo da corrente que o percorre.
d) ( ) Os transformadores de sinais têm uma estrutura única, e seu princípio de funcio-
namento é diferente do princípio de funcionamento dos transformadores de potência
e) ( ) Como os níveis de trabalho do transformador de sinais é muito alto, os ruídos,
apesar de importantes, são insignificantes.

43
44
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
NORMAS DE TRANSFORMADORES

1 INTRODUÇÃO

Os transformadores de potência são equipamentos eletromecânicos, geral-
mente, utilizados nas etapas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
O transformador é um dos equipamentos essenciais para o transporte e a distribuição
de energia elétrica em corrente alternada. Os transformadores apresentam reduzidas
perdas por efeito Joule e um custo relativo baixo em relação às linhas de transmissão de
energia, o que viabiliza a instalação de usinas geradoras de energia a longas distâncias
dos centros de consumo. Os transformadores de potência são utilizados, principalmen-
te, em grandes indústrias ou centros de geração e distribuição, nos quais a demanda de
energia é elevada.

Como os transformadores são equipamentos muito importantes, as atividades de


verificação e de comissionamento são essenciais para garantir o bom funcionamento deles.
Essas atividades incluem a supervisão e a proteção dos transformadores em relação aos
acessórios, e a verificação das condições de instalação e de funcionamento desses equi-
pamentos. Os procedimentos relativos a essas atividades são estabelecidos por normas.

Você estudará as principais normas e legislações nacionais e internacionais


aplicadas aos transformadores de potência. Também, conhecerá os procedimentos de
rotina realizados nos transformadores em funcionamento. Por fim, verá como são re-
alizados os ensaios de impulso atmosférico aplicados a transformadores de potência.

2 PRINCIPAIS NORMAS DE TRANSFORMADORES


Um transformador é um equipamento elétrico que funciona mediante a indução
eletromagnética, por meio da utilização de dois ou de mais enrolamentos. A finalidade
dele é a de transformar a tensão e as correntes da entrada e da saída, mantendo, pra-
ticamente, a mesma potência, e não alterando a frequência de trabalho. Essa definição
consta na norma ABNT NBR 5356-1:2007.

Por sua vez, a IEC 60076-1:2011, da International Electrotechnical Commission


(IEC), define um transformador de potência como um equipamento estático com dois
ou mais enrolamentos dedicados à conversão da tensão e da corrente de um sistema
de corrente alternada. Geralmente, os valores de saída de tensão e corrente diferem
daqueles do sistema original, mas a frequência de trabalho é, sempre, a mesma. Esses
equipamentos visam transmitir uma mesma quantidade de potência elétrica de um sis-
tema de potência para outro.
45
Os transformadores fabricados e comercializados, hoje em dia, no âmbito na-
cional, devem, necessariamente, estar submetidos à norma ABNT NBR 5356-1:2007.
Todavia, se o equipamento for comercializado fora do país, precisa atender, ainda, às
normas internacionais e às exigidas pelo cliente.

As normativas vigentes, atualmente, permitem a padronização dos equipamen-


tos disponíveis no mercado. Além disso, elas facilitam a troca de informações entre os
compradores e os vendedores. A legislação, ou as normativas para a fabricação e a
inspeção dos transformadores, possibilitam, ainda, contemplar os requisitos técnicos
mínimos que garantam a segurança e a confiabilidade desses equipamentos, incluindo
a ausência de riscos ao meio ambiente.

Acompanhe algumas das principais normativas vigentes e utilizadas pelos fa-


bricantes e pelas empresas que comercializam transformadores atualmente.

QUADRO 1 – PRINCIPAIS NORMATIVAS VIGENTES APLICADAS AOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Nome e ano da norma Descrição da norma


ABNT NBR 5356-1:2007 Transformadores de potência
Parte 1: generalidades
ABNT NBR 5356-2:2007 Transformadores de potência
Parte 2: aquecimento
ABNT NBR 5356-3:2007 Transformadores de potência
Parte 3: níveis de isolamento, ensaios dielétricos e espaça-
mentos externos em ar
ABNT NBR 5356-4:2007 Transformadores de potência
Parte 4: guia de ensaio impulsivo atmosférico e de mano-
bra para transformadores e reatores
ABNT NBR 5356-5:2015 Transformadores de potência
Parte 5: capacidade de resistir a curtos-circuitos
ABNT NBR 5356-6:2012 Transformadores de potência
Parte 6: reatores
ABNT NBR 5356-7:2017 Transformadores de potência
Parte 7: guia de carregamento para transformadores imer-
sos em líquido isolante
ABNT NBR 5356-8:2017 Transformadores de potência
Parte 8: guia de aplicação
ABNT NBR 5356-9:2016 Transformadores de potência
Parte 9: recebimento, armazenagem, instalação e manu-
tenção de transformadores e reatores de potência imersos
em líquido isolante

46
ABNT NBR 5356-11:2016 Transformadores de potência
Parte 11: transformadores do tipo seco – especificação
ABNT NBR 5356-16:2018 Transformadores de potência
Parte 16: transformadores para aplicação em geradores eó-
licos
ABNT NBR 12454:1990 Transformadores de potência de tensões máximas
até 36,2 kV e potência de 225 kVA até 3.750 kVA
— padronização
IEC 60076-1:2011 Transformadores de potência
Parte 1: geral
EEE C57.12.00:2015 Requisitos gerais para distribuição imersa em líquido, po-
tência e transformadores reguladores
ABNT NBR 5458:2010 Transformador de potência — terminologia
ABNT NBR 7036:1990 Recebimento, instalação e manutenção de transformado-
res de potência para distribuição, imersos em líquidos iso-
lantes
ABNT NBR 9368:2011 Transformadores de potência de tensões máximas até 145
kV — características elétricas e mecânicas
FONTE: Os autores

Tenha em mente que as normas podem ser atualizadas. Um exemplo disso é a


ABNT NBR 10295:1988, que foi substituída pela ABNT NBR 10295:2011, que, por sua vez,
foi substituída pela ABNT NBR 5356-11:2016. Essa norma trata dos transformadores de
potência secos.

É muito importante que você se atente às normativas vigentes. Elas devem ser
consideradas para as corretas instalação e utilização de transformadores de potência.
Os profissionais que trabalham com fabricação, venda, distribuição, instalação e ma-
nutenção de transformadores podem, eventualmente, precisar de outras normas, além
das mencionadas no quadro anterior. Isso depende do local de instalação do transfor-
mador e das exigências do cliente.

Nesta seção, você conheceu as principais normas vigentes que devem ser con-
sideradas pelos profissionais que trabalham, de forma direta ou indireta, com projeto,
comercialização ou manutenção de transformadores de potência. A seguir, você lerá a
respeito dos ensaios de rotina aplicados a transformadores de potência.

47
ATENÇÃO
Sempre verifique se uma norma está vigente antes de aplicá-
-la. Para consultar a vigência das normas da ABNT e de outras
normas, inclusive, internacionais, acesse o site ABNT Catálogo.

3 ENSAIOS DE ROTINA APLICADOS AOS


TRANSFORMADORES
Os ensaios são um conjunto de medições que devem ser realizadas em trans-
formadores de potência. Eles ocorrem na fábrica de transformadores. Já os testes con-
sistem em ensaios realizados em campo, quando o transformador já está em operação
(MILASCH, 1984).

Os ensaios devem seguir, estritamente, as especificações da ABNT NBR 5356-


1:2007. Caso o transformador tenha sido fabricado no exterior, é importante verificar
que normas foram utilizadas para a fabricação dele. Os ensaios podem ser de rotina
ou especiais, dependendo das exigências do cliente. Nesta seção, você estudará, bre-
vemente, os ensaios de rotina sugeridos pela ABNT NBR 5356-1:2007. Para obter mais
detalhes, você pode consultar o texto completo dessa norma.

Os fabricantes de transformadores de potência devem seguir as especificações


de ensaios de rotina sugeridas pela ABNT NBR 5356-1:2007, atendendo, inicialmente, às
condições de temperatura do ambiente e do óleo especificadas na norma. A seguir, veja
os procedimentos que compõem os ensaios de rotina:

• medição da resistência dos enrolamentos;


• medição da relação de transformação, de polaridade, de verificação do deslocamento
angular e da sequência de fases;
• medição da impedância de curto-circuito e das perdas em carga;
• medição das perdas em vazio e da corrente de excitação;
• ensaios dielétricos de rotina;
• ensaios de comutador de derivações em carga, quando aplicáveis;
• medição da resistência de isolamento;
• ensaios de estanqueidade e resistência à pressão;
• verificação do funcionamento dos acessórios;
• ensaio de óleo isolante para transformadores de tensão nominal ≥ 72,5 kV ou potên-
cia ≥ 5 MVA;
• verificação da espessura e da aderência da pintura da parte externa de transforma-
dores com Um ≥ 242 kV.
48
3.1 MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DOS ENROLAMENTOS

De acordo com a ABNT NBR 5356-1:2007, deve-se registrar a resistência exis-
tente entre os terminais de cada enrolamento do transformador, incluindo a tempera-
tura sob a qual ela foi medida. Ademais, a medição deve ser em corrente contínua, e
a medição da resistência elétrica deve ser efetuada na derivação que corresponde à
tensão mais elevada.

É importante tomar os cuidados necessários para reduzir, ao mínimo, os efei-


tos de autoindutância. Para transformadores a seco, as medições da temperatura e da
resistência devem ser realizadas simultaneamente. Já em transformadores a óleo, é
necessário determinar a temperatura média do óleo, dessa forma, considera-se que a
temperatura do enrolamento é igual à temperatura média do óleo.

3.2 MEDIÇÃO DA RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO,


POLARIDADE E VERIFICAÇÃO DO DESLOCAMENTO
ANGULAR E DA SEQUÊNCIA DE FASES
A norma exige que sejam realizadas medições da relação de transformação em
cada derivação do transformador. É importante verificar, sempre, a polaridade e os es-
quemas de ligação quando estão em jogo transformadores monofásicos.

3.3 MEDIÇÃO DA IMPEDÂNCIA DE CURTO-CIRCUITO E DAS


PERDAS EM CARGA
As perdas em carga e a impedância de um par de enrolamentos de um transfor-
mador de potência devem ser medidas à frequência nominal de trabalho. A tensão apli-
cada nos terminais de um dos enrolamentos deve ser do tipo senoidal, enquanto o ou-
tro enrolamento deve permanecer curto-circuitado. Caso o transformador possua mais
enrolamentos, eles devem permanecer em circuito aberto. A corrente de alimentação
deve ser igual ou superior a 50% da corrente nominal do transformador, de forma que
as medições sejam realizadas rapidamente, evitando aquecimento e erros nas medidas.

Veja um esquema de conexão do ensaio:

49
FIGURA 24 – LIGAÇÃO TÍPICA PARA ENSAIO DE TRANSFORMADOR EM CURTO-CIRCUITO

FONTE: Os autores

Note que, na figura anterior, o i1 representa o valor da corrente de entrada da


fonte de alimentação aplicado ao enrolamento 1, cuja corrente é o valor nominal. O v1
é a tensão da fonte de alimentação (tensão menor do que a tensão nominal). Por sua
vez, N1 é o número de espiras do enrolamento 1, enquanto N2 é o número de espiras do
enrolamento 2, e i2 é a corrente de curto-circuito sobre o enrolamento 2. Ainda, é apre-
sentada a medição da potência fornecida pela fonte de alimentação com o enrolamento
do secundário N2 em curto-circuito Pcc.

A partir dessas medidas das variáveis, você pode calcular a resistência, a impe-
dância e a reatância do transformador em curto-circuito. Para isso, utilize as Equações
1, 2 e 3:


Observe que os valores de i1, v1 e Pcc podem ser medidos diretamente. Já o valor
da impedância deve ser calculado. No entanto, se o ensaio é realizado quando o lado de
baixa tensão do transformador está curto-circuitado, a tensão de alimentação, neces-
sária para gerar valores de correntes nominais muito inferiores ao correspondente valor
nominal, pode alcançar valores próximos a 10% da tensão nominal. Nessas condições,
as perdas por histerese e correntes parasitas, no núcleo do transformador, são, prati-
camente, nulas. Assume-se, assim, que a potência Pcc medida corresponde, apenas, às
perdas nos enrolamentos do transformador.

50
DICA
Para saber o que fazer quando o transformador possui mais de
dois enrolamentos, e para conferir considerações dos fatores de
temperatura do dispositivo, você pode verificar o texto da norma.

3.4 MEDIÇÃO DAS PERDAS EM VAZIO E DA CORRENTE DE


EXCITAÇÃO

Assim como no caso anterior, as perdas em vazio e a corrente de excitação de-
vem ser medidas em um dos enrolamentos à frequência nominal, e com a aplicação da
tensão nominal do transformador quando for realizado o ensaio na derivação principal.
Os enrolamentos restantes devem estar em circuito aberto. A seguir, atente-se a um
circuito de ensaio de medição em vazio de um transformador.

FIGURA 25 – LIGAÇÃO TÍPICA PARA ENSAIO DE TRANSFORMADOR EM VAZIO

FONTE: Os autores


Na figura anterior, v2 é a tensão sobre o enrolamento N2 enquanto N2 está em
circuito aberto. Nesse ensaio, é possível medir a potência a vazio (Po) do transformador
e a corrente de excitação (i1) de forma direta. A tensão v1 corresponde à tensão nominal
que alimenta o transformador. Esse ensaio, normalmente, realiza-se com a alimentação
do lado de baixa tensão do transformador, e o lado de alta tensão fica em aberto.

É possível verificar que, no ensaio de transformador em vazio da figura anterior, o


valor da tensão v1 do transformador corresponde ao valor de tensão nominal de alimen-
tação, mantendo, assim, N2 em aberto. i1 é bem pequena, então, é possível desprezar as
perdas no cobre, produzidas por essa corrente. Assim, o valor de Po representa as perdas
do núcleo do transformador, isto é, perdas por histerese e correntes parasitas. Essas per-
das são constantes independentes da carga sempre que o valor de v1 é constante.

51
DICA
A ABNT NBR 5356-1:2007 admite um valor máximo de 10%
de variação das perdas em vazio para qualquer tipo de trans-
formador (com base nos dados fornecidos pelo fabricante). A
norma, ainda, permite uma variação máxima de 3% da tensão
de alimentação. É recomendado verificar a norma ABNT NBR
5356-1:2007 quando existir uma variação no valor eficaz da
tensão de alimentação.

3.5 ENSAIOS DIELÉTRICOS DE ROTINA



De acordo com a ABNT NBR 5356-1:2007, os ensaios listados a seguir devem ser
realizados em sequência.

• Impulso de manobra para terminal de linha: verifica a suportabilidade a impulso


de manobra dos terminais da linha, dos terminais dos enrolamentos e de outros ter-
minais que possam estar conectados à terra ou a outros enrolamentos.
• Impulso atmosférico nos terminais de linha: verifica a capacidade de suportar
impulsos atmosféricos do transformador quando dado impulso é aplicado aos termi-
nais de linha.
• Impulso atmosférico no terminal de neutro: verifica a capacidade do neutro e dos
enrolamentos que, nele, encontram-se conectados (sejam eles a terra ou outros enro-
lamentos), a fim de suportar o valor de tensão de impulso atmosférico no terminal.
• Ensaio de tensão de trabalho à frequência industrial: verifica a capacidade de
suportar as tensões alternadas para a terra e para os demais enrolamentos conectados.
• Tensão induzida de curta duração: verifica se o transformador suporta as tensões
alternadas induzidas, seja para a terra ou para os outros enrolamentos conectados ao
dispositivo.
• Tensão induzida de longa duração: objetiva o controle de qualidade; são verifica-
das as sobretensões temporárias e as solicitações contínuas durante o serviço. Esse
ensaio garante que o transformador não apresente descargas parciais durante as
condições de operação.

3.6 ENSAIOS DE COMUTADOR DE DERIVAÇÕES EM


CARGA
De acordo com a ABNT NBR 5356-1:2007, esse tipo de ensaio deve ser realizado
quando o comutador de derivações estiver, devidamente, montado no transformador.
Assim, as seguintes sequências de operações devem ser realizadas sem anomalias:

• oito ciclos completos de funcionamento com o transformador desenergizado;


• um ciclo completo de funcionamento com o transformador desenergizado e com
85% da tensão nominal de alimentação dos auxiliares;

52
• um ciclo completo de funcionamento com o transformador energizado, em vazio,
com tensão e frequência nominais;
• um ciclo completo de funcionamento com um enrolamento em curto-circuito e com
a corrente próxima da corrente nominal no enrolamento com derivações, e 10 opera-
ções de mudança de derivações entre dois degraus de cada lado da posição onde o
seletor de reversão de derivações está operando.

3.7 MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO


De acordo com as especificações da ABNT NBR 5356-1:2007, a medição da re-
sistência de isolamento do transformador deve ser realizada antes dos ensaios dielétri-
cos, embora o resultado desse ensaio não constitua critério para aprovar ou rejeitar o
transformador de potência.

3.8 ENSAIOS DE ESTANQUEIDADE E RESISTÊNCIA À PRESSÃO



As medições dos ensaios devem ser realizadas após a finalização dos ensaios
dielétricos ou antes do início desses ensaios. O ensaio de estanqueidade verifica pos-
síveis vazamentos de óleo. Já os testes de resistência à pressão são ensaios que ve-
rificam se os transformadores suportam pressões manométricas de ensaio específicas
durante um tempo determinado. No quadro a seguir, visualize esses valores, de acordo
com a ABNT NBR 5356-1:2007.

QUADRO 2 – VALORES DE ENSAIOS DE ESTANQUEIDADE E RESISTÊNCIA À PRESSÃO

Pressão Tempo de
Tipo de transformador
manométrica (Mpa) aplicação (h)
Selado com colchão de gás 0,07 1
Selado de enchimento integral 0,01 1
Não selado com tensão máxima de equipa-
mento superior a 72,5 kV ou potência nominal 0,05 24
superior a 10 MVA
Não selado com tensão máxima de equipa-
mento superior a 72,5 kV ou potência nominal 0,03 24
inferior a 10 MVA
FONTE: Adaptado de ABNT (2007)

53
DICA
Para se informar a respeito da resistência à pressão a quente
de transformadores subterrâneos, consulte a ABNT NBR 5356-
1:2007.

3.9 VERIFICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DOS ACESSÓRIOS


A ABNT NBR 5356-1:2007 recomenda a verificação dos seguintes acessórios de
um transformador de potência: medidor externo de nível do óleo, medidor de tempera-
tura do óleo, relé detector de gás, medidores de temperatura do enrolamento, comuta-
dor sem tensão, ventilador, bomba de óleo, indicador de circulação de óleo e dispositivo
para alívio de pressão.

Quando se tratam de transformadores de potência secos, a norma estabelece


que devem ser verificados os seguintes acessórios: comutador de derivações sem ten-
são, sistema de proteção térmica e ventilador. Ademais, podem ser necessários outros
ensaios de verificação em acessórios que o transformador, eventualmente, possua.

3.10 ENSAIO DE ÓLEO ISOLANTE PARA TRANSFORMADORES


DE TENSÃO NOMINAL ≥ 72,5 KV OU POTÊNCIA ≥ 5 MVA
Esse ensaio permite a verificação dos seguintes parâmetros: rigidez dielétrica,
teor da água, fator de perdas dielétricas ou fator de dissipação e tensão interfacial. Os
critérios de validação do óleo isolante, após o contato com o equipamento, serão apre-
sentados a seguir.

54
QUADRO 3 – CARACTERÍSTICAS DO ÓLEO MINERAL ISOLANTE APÓS CONTATO COM EQUIPAMENTO

FONTE: Adaptado de ABNT (2007)

3.11 VERIFICAÇÃO DA ESPESSURA E DA ADERÊNCIA DA


PINTURA DA PARTE EXTERNA DE TRANSFORMADORES
COM UM ≥ 242 KV

Para essa verificação, a ABNT NBR 5356-1:2007 menciona o uso da ABNT NBR
11388:1990. Dessa forma, para transformadores com Um ≥ 242 kV, a espessura da pintura
deve ser medida em, pelo menos, três pontos do tanque principal e um ponto da tampa
do transformador. Já a aderência da pintura deve ser verificada pelo método do corte em
grade, ou pelo método do corte em X, considerando a NBR 11003. Caso sejam utilizadas
pinturas especiais, deve-se utilizar o método de corte em X. No caso de transformadores
que possuem Um ≥ 242 kV, os ensaios devem ser realizados por amostragem.

Nesta seção, você conheceu os ensaios de rotina necessários para a validação


e para a aprovação de transformadores de potência. Tais ensaios devem ser adotados

55
pelos fabricantes dessas máquinas. Eles são descritos, com mais detalhes, na ABNT
NBR 5356-1:2007.

4 ENSAIO DE IMPULSO ATMOSFÉRICO EM


TRANSFORMADORES

Os transformadores de potência devem ser robustos o suficiente para suportar
qualquer dano (que não deve ultrapassar determinado tempo) de um valor de sobreten-
são compatível com a sua classe de tensão. Esse ensaio, também, é conhecido como
“ensaio de impulso”. De acordo com Oliveira, Cogo e Abreu (2018), e com a ABNT NBR
5356-1:2007, esse ensaio verifica o nível de isolamento de um transformador de potên-
cia quando submetido a descargas ou a sobretensões de origem atmosférica.

Nesse tipo de ensaio, os enrolamentos do transformador são submetidos a pi-


cos de sobretensões. A finalidade disso é detectar problemas de fabricação do trans-
formador ou de outras origens que possam comprometer a efetividade do isolamento.
Um valor de tensão elevado pode ocasionar o rompimento do isolamento entre espiras
de uma bobina, entre bobinas diferentes, ou, ainda, entre espiras dos lados de alta e de
baixa tensões. Tal rompimento entre espiras pode acontecer caso dois enrolamentos
estejam montados sobre um mesmo núcleo de um transformador.

De acordo com Oliveira, Cogo e Abreu (2018), e com a ABNT NBR 5356-1:2007,
para o ensaio experimental, é necessário gerar uma onda de descarga similar à apre-
sentada a seguir.

FIGURA 26 – FORMA DE ONDA NORMALIZADA PARA ENSAIOS DE IMPULSOS EM TRANSFORMADORES

FONTE: Oliveira, Cogo e Abreu (2018, p. 105)


56
Como você pode ver, existem três parâmetros importantes a serem considera-
dos na forma de onda: o valor de tempo de subida (T1), o valor máximo da crista e o valor
de tempo de descida (T2). Essa forma de onda é padronizada pela ABNT; ela pode ser
uma onda de valores positivos ou negativos em relação aos eixos de referência.

A seguir, veja uma descarga atmosférica incidindo em uma linha elétrica.

FIGURA 27 – SENTIDO DE PROPAGAÇÃO DE UMA ONDA IMPULSIVA EM TRANSFORMADORES

FONTE: Oliveira, Cogo e Abreu (2018, p. 105)

Observe que a descarga atmosférica que incide na linha é dividida em duas partes,
dando origem a duas frentes de ondas que se propagam em sentidos opostos. O que o
ensaio impulsivo tenta reproduzir é o sentido da onda sobre o transformador de potência.

4.1 VALOR DA CRISTA


O valor máximo da onda para o ensaio impulsivo já é um valor padronizado, e os
valores máximos para a classe de tensão de isolamento dos transformadores podem ser
visualizados na segunda e na quarta colunas do quadro elencado a seguir; eles depen-
dem de a crista ser plena ou cortada.

QUADRO 4 – VALORES DE ENSAIOS DIELÉTRICOS EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA QUE


POSSUEM LÍQUIDO ISOLANTE

Classe de tensão Ensaios de impulso (valor de crista)


de isolamento Com onda cortada Com plena onda
nominal (kV) kV Tempo mínimo de corte (µs) kV
0,6 – – –
1,2 36 1 30
5 69 1,5 60
8,7 88 1,6 75
57
15–B 110 1,8 95
15 130 2 110
25 175 3 150
34,5 230 3 200
46 200 3 250
69 400 3 350
92 520 3 450
138–B 630 3 550
138 750 3 650
161–B 750 3 650
161 865 3 750
230–B2 950 3 825
230–B1 1.035 3 900
230 1.210 3 1.050
345–B2 1.350 3 1.175
345–B1 1.500 3 1.300
345 1.600 3 1.425
440–B2 1.640 3 1.425
440–B1 1.785 3 1.550
440 1.925 3 1.675
FONTE: Adaptado de Oliveira, Cogo e Abreu (2018)

Repare que os valores de tensão para cristas cortadas são maiores do que
aqueles para a onda plena. Isso ocorre porque o tempo de atuação de uma onda corta-
da é menor, como mostra a terceira coluna. Além disso, na primeira coluna, a letra “B”
especifica um nível de isolamento baixo em transformadores de potência, aplicado a
determinadas especificações de transformadores.

4.2 TEMPO DE SUBIDA


Esse valor é calculado a partir da Figura 3, mediante a interseção de 30% e 90%
do valor da onda, gerando uma reta (segmento AB). O ponto A é a interseção dessa reta
com a abscissa (tempo), e o ponto B é calculado mediante uma paralela ao eixo horizon-
tal do tempo, que intercepta o valor máximo da crista e o segmento da reta AB. Dessa
forma, o valor de tempo de subida (T1) é o valor de tempo do segmento AC.

4.3 TEMPO DE DESCIDA


De acordo com Oliveira, Cogo e Abreu (2018), o tempo de descida é calculado
mediante uma linha horizontal que intercepta o valor de 50% da tensão máxima da cris-
ta, já na descida da onda. Esse valor de tempo corresponde ao valor de descida T2, que,
por sua vez, corresponde ao segmento AD da Figura 3.

58
Os valores de T1 e T2, definidos anteriormente, são padronizados (OLIVEIRA;
COGO; ABREU, 2018). Esses valores são 1,2 µs e 50 µs, respectivamente, com um erro
admissível de até 30%. Tais valores de tempo, também, são, comumente, apresentados
como uma relação. Veja:

Nesta seção, você conheceu as características das ondas impulsivas a serem


ensaiadas em transformadores de potência. A finalidade dessas ondas é a de simular
descargas atmosféricas do tipo impulsivas. Para conferir uma abordagem mais apro-
fundada, que envolva os procedimentos de circuitos e métodos de medição, consulte a
ABNT NBR 5356-1:2007.

Ao longo deste tópico, você estudou as normas vigentes aplicadas a transfor-


madores de potência, e verificou quais são os ensaios de rotina exigidos pela ABNT NBR
5356-1:2007. Por fim, leu a respeito das ondas impulsivas utilizadas para a realização de
ensaios de impulso em transformadores de potência.

5 EXPERIMENTAÇÃO PRÁTICA

Caso você preste serviços de manutenção, instalação, conserto ou revitaliza-
ção, ou, mesmo, de fabricação de transformadores de potência, é importante realizar,
efetivamente, os testes e ensaios sugeridos pelas normas técnicas da ABNT NBR 5356.
Os procedimentos de ensaios, se realizados corretamente, trazem resultados, indican-
do as condições elétricas sob as quais se encontra o transformador após a execução
desses serviços.

Nesta seção, você verá um exemplo de inspeção de um transformador de po-


tência, com base nos dados técnicos fornecidos pelo fabricante, assim, será certificado,
ou não, se os resultados, no ensaio, estão dentro dos valores sugeridos pelas normas
técnicas da ABNT. Além disso, você verá um exemplo de inspeção de um transformador
real, obtendo resultados e verificando, nas normas, se os valores são adequados para a
aprovação.

5.1 INTRODUÇÃO
A fabricação de transformadores segue uma série de normas nacionais e in-
ternacionais, dependendo do destino da unidade, quando for o caso. Contudo, alguns
transformadores seguem especificações padronizadas, sendo produzidos em larga es-
cala. Assim, eles não são projetos de um cliente específico, e, em geral, não são do

59
grupo de altos valores de potência. Contudo, comercialmente, existem transformadores
com certos valores de potência, tensão com lados de alta e de baixa, corrente com lados
de alta e de baixa, frequência de trabalho etc. Exemplos disso são os transformadores
de baixa tensão a óleo, que são fabricados tendo em vista certo grau de precisão nas
medidas especificadas.

5.2 SITUAÇÃO PARA ANÁLISE


Pedro trabalha em uma empresa que certifica transformadores de potência.
Como uma das tarefas dele, precisava realizar a inspeção de um transformador a
óleo de 30,0kVA 13,8/0,22kV da WEG, verificando se as perdas em vazio desse dispo-
sitivo estavam dentro das normas.

FIGURA 28 – ALGUMAS DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO EQUIPAMENTO

FONTE: Os autores

• Inspeção de um transformador a óleo

Pedro, então, realizou os ensaios pertinentes às perdas em vazio, e obteve, na


leitura do wattímetro, um valor de 141W. Considerando o exposto, Pedro deve
aceitar ou rejeitar essa máquina?

Pedro verificou que a tolerância máxima admitida para as perdas em vazio de


um transformador é de 10%, com base nas especificações da NBR 5356. Dessa forma,
as medidas de Pedro indicam que o transformador está dentro da tolerância admitida:

P0 = (130 ± 13) W → P0max < 141 P0min

Essa tolerância é especificada na NBR 5356, conforme o exposto a seguir:

60
QUADRO 5 – TOLERÂNCIA

Item Características especificações Tolerância


2 Perdas em vazio (para qualquer tipo de transformador) + 10%
3 Perdas totais (para qualquer tipo de transformador) + 6%
5 Corrente de excitação + 20%
FONTE: Os autores

Considerando as especificações do fabricante e as medidas realizadas no trans-


formador, Pedro aceitou e certificou esse ensaio de rotina do transformador.

61
LEITURA
COMPLEMENTAR
O QUE SÃO E COMO FUNCIONAM OS CARREGADORES INDUTIVOS PARA
CELULARES?

Pense na seguinte situação: você foi acampar e a bateria do seu celular acabou,
e, obviamente, não se encontra uma tomada por perto. Normalmente, você esperaria
até o retorno para recarregar o seu aparelho para, então, poder usá-lo novamente. Con-
tudo, se você possuísse um carregador indutivo para o seu telefone móvel, o problema
seria, facilmente, resolvido, mesmo sem nenhuma tomada por perto. Isso porque car-
regadores indutivos são providos de um sistema que, quando acoplado ao dispositivo
a ser carregado, cria um campo magnético e o transforma em energia elétrica. Assim,
sem nenhuma fonte de energia elétrica tradicional e sem nenhum fio, seu celular pode
ser carregado eficientemente, como se estivesse passado algumas horas plugado no
carregador, ligado em uma tomada.

Como funcionam os carregadores indutivos?

Apesar de parecer algo complicado, esses aparelhos têm um funcionamento,


relativamente, simples. Quando o celular fica sem bateria, ele é acoplado ao carregador
indutivo. Dentro do carregador, localizam-se algumas bobinas que começam a se mo-
vimentar. Essa movimentação gera um breve campo magnético que servirá como fonte
de energia para o seu celular.

O carregador indutivo capta a energia do campo magnético e as placas internas


se convertem em energia elétrica. A partir de então, a energia gerada pela conversão
do carregador é transmitida, sem fio, para o seu celular, que volta a ter carga e pode ser
utilizado normalmente.

62
Carregador indutivo com fio

Contudo, existem outros modelos de carregadores indutivos que necessitam


ser conectados aos dispositivos para carregá-los. É o caso do iYo, outro carregador para
iPhone, criado pelo sueco Peter Thuvande, um usuário que utiliza, somente, a energia
solar para carregar seu aparelho, e que gostaria de aproveitar a noite para dar uma nova
carga ao seu dispositivo.

O iYo é um ioiô, e faz uso da indução magnética para gerar energia elétrica. Ele
funciona assim: o magnetismo gerado pela movimentação do ioiô é convertido, pelo
aparelho, em energia elétrica. Essa energia é armazenada em uma bateria de lítio exis-
tente no iYo, e transferida ao iPhone, quando ambos os dispositivos estão plugados.

63
Vantagens

Sem a menor sombra de dúvidas, carregadores indutivos possuem vantagens.


A principal dela, talvez, seja o fato de não consumir nenhum recurso natural para produ-
zir energia elétrica, afinal, a indução magnética é a fonte da energia que carrega celula-
res, MP3 players, controles de videogames, aparelhos de barba, escovas de dente etc.
Além disso, como não se manipula nenhuma fonte com energia elétrica, nem tomadas
ou fios, a possibilidade de choque elétrico cai a zero, tornando esse tipo de dispositivo,
além de ecológico, muito mais seguro do que os carregadores convencionais.

Desvantagens

Alguns apontam, como desvantagens para esse sistema, o fato de sua baixa
eficiência, o que impede que funcione em equipamentos que demandem mais energia,
porém, para celulares e outros dispositivos pequenos, ele é suficiente. Outro problema
é a possibilidade de superaquecimento quando do carregamento de dispositivos mais
antigos.

Grande problema: poucas fabricantes

Apesar de propor algo diferente, com energia limpa e sem consumo de recur-
sos naturais, os carregadores indutivos, ainda, estão longe de ser uma realidade para a
enorme maioria dos dispositivos eletrônicos. Tanto é que, por enquanto, nenhuma em-
presa brasileira disponibiliza os aparelhos, e, até mesmo, lá fora, o mercado é bastante
restrito.

De qualquer forma, é uma ótima iniciativa e que merecia um pouco mais de


atenção das fabricantes de telefones celulares, dispositivos de reprodução multimídia,
controles de videogame e quaisquer outros aparelhos portáteis, afinal, carregadores in-
dutivos significam economia de recursos para você e para o planeta Terra.

FONTE: TECMUNDO. O que são e como funcionam os carregadores indutivos para celula-
res? 2010. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/celular/3447-o-que-sao-e-como-funcionam-os-
-carregadores-indutivos-para-celulares-.htm. Acesso em: 24 abr. 2021.

64
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A norma ABNT NBR 5356-1:2007 define um transformador como um equipamento


elétrico que funciona mediante a indução eletromagnética, por meio da utilização de
dois ou mais enrolamentos. A finalidade dele é a de transformar a tensão e a corrente
da entrada e da saída, mantendo, praticamente, a mesma potência, e não alterando
a frequência de trabalho.

• A IEC 60076-1:2011 define um transformador de potência como um equipamento es-


tático com dois ou mais enrolamentos dedicados à conversão da tensão e da corren-
te de um sistema de corrente alternada.

• Os ensaios são um conjunto de medições que devem ser realizadas em transforma-


dores de potência, ainda, na fábrica. Já os testes consistem em ensaios realizados
em campo, quando o transformador já está em operação.

• Os seguintes testes compõem um ensaio de rotina em um transformador: medição


da resistência dos enrolamentos; medição da relação de transformação, da polari-
dade, da verificação do deslocamento angular e da sequência de fases; medição da
impedância de curto-circuito e das perdas em carga; medição das perdas em vazio
e da corrente de excitação; ensaios dielétricos de rotina; ensaios de comutador de
derivações em carga, quando aplicáveis; medição da resistência de isolamento; en-
saios de estanqueidade e resistência à pressão; verificação do funcionamento dos
acessórios; ensaio de óleo isolante para transformadores de tensão nominal ≥ 72,5
kV ou potência ≥ 5 MVA; verificação da espessura e da aderência da pintura da parte
externa de transformadores com Um ≥ 242 kV.

• As medições das perdas em vazio e da corrente de excitação permitem definir os


parâmetros "em paralelo" do modelo real de transformador.

• Nos ensaios de impulsos atmosféricos, os enrolamentos do transformador são sub-


metidos a picos de sobretensões. A finalidade disso é detectar problemas de fabrica-
ção do transformador ou de outras origens que possam comprometer a efetividade
do isolamento.

65
AUTOATIVIDADE
1 Você pretende realizará um projeto de pesquisa de um transformador de po-
tência para distribuição de energia e precisa apresentar os conceitos e os ter-
mos adequados ou padronizados nos históricos da pesquisa, caso contrário, o
seu superior recusará o seu trabalho. Para garantir a correta utilização dos ter-
mos referidos aos conceitos de transformador, que norma da ABNT você deverá
utilizar como referência?

a) NBR 5356-2.
b) IEEE C57.12.00.
c) NBR 5356-11.
d) NBR 5458.
e) IEC 60076.

2 Você é contratado para instalar e para fazer a manutenção de uma usina eóli-
ca para a geração de energia elétrica, e, dentre os seus trabalhos, deve verificar
os transformadores de cada gerador eólico. Para essa operação em particular,
que norma é necessária e específica para a sua consulta durante o seu trabalho
profissional?

a) NBR 5356-1.
b) NBR 7036.
c) NBR 5356-16
d) NBR 5356-11.
e) IEC 60076.

3 A ABNT NBR 5356 trata dos ensaios de rotina necessários que devem ser re-
alizados em transformadores de potência. Dentre os itens de ensaios de rotina
recomendados pela norma, qual deles não está listado nos itens da NBR 5356?

4 A NBR 5356 aborda, de maneira geral, os ensaios de rotina que devem ser re-
alizados em transformadores de potência, sendo eles: medição de resistência
dos enrolamentos; medição de relação de transformação, de polaridade, de ve-
rificação do deslocamento angular e de sequência de fases; medição da impe-
dância de curto-circuito e das perdas em carga; medição das perdas em vazio e
corrente de excitação; ensaios dielétricos de rotina; ensaios de comutador de
derivações em carga, quando aplicáveis; medição da resistência de isolamen-
to; estanqueidade e resistência à pressão; verificação do funcionamento dos
acessórios; ensaio de óleo isolante para transformadores de tensão nominal ≥
72,5kV, ou potência ≥ 5MVA; e verificação da espessura e da aderência da pintu-

66
ra da parte externa. Veja que, em nenhum dos ensaios, é abordada a medição da
intensidade do fluxo magnético do entreferro do transformador.

FONTE: Os autores

Os valores conhecidos são os seguintes: i1 = 1A; i2 = 80A; v1 = 22V; Pcc = 15W. Qual é
o valor do módulo da impedância do transformador do lado de alta tensão e qual
é o valor do fator de potência nessas condições?

5 Você monta uma bancada para realizar o ensaio de impulsos de descargas at-
mosféricas em plena onda, em um transformador trifásico de 150 kVA de potên-
cia, e com uma classe de tensão de isolamento nominal de 46.000 V. Durante os
testes, os tempos desejados na curva impulsiva são de T1 = 1,1µs e T2 = 45µs. Qual
é o valor de pico da cresta recomendado para esse ensaio?

67
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Por-
to Alegre: AMGH, 2013.

ALMEIDA, A. T. L.; PAULINO, M. Manutenção de transformadores de potência.


Itajubá: Unifei, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5356-1:2007. Transfor-


madores de potência. Parte 1: Generalidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11388:1990. Sistemas de


pintura para equipamentos e instalações de subestações elétricas – Especifi-
cação. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

ATHOSELECTRONICS.COM. Como funcionam os motores elétricos trifásicos. s.d.


Disponível em: https://athoselectronics.com/motores-eletricos-trifasicos/. Acesso em:
25 fev. 2018.

BAUER, W.; WESTFALL, G.; DIAS, H. Física para universitários: eletricidade e magne-
tismo. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2012.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2012.

CARVALHO, G. Máquinas elétricas: teoria e ensaios. 4. ed. São Paulo: Érica, 2011.

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH,


2013.

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL). ETC 1.01: especificação técnica para


transformadores para instrumentos 0,6 kV, 15 kV e 36,2 kV. Curitiba, 2011.

DEL TORO, V. Fundamentos de máquinas elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 1994.

FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY JUNIOR, C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas: com intro-
dução à eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

FREITAS JUNIOR, L. C.; SILVA, R. S. Máquinas elétricas. 2. ed. Londrina: Editora e Dis-
tribuidora Educacional, 2018.

HAND, A. Motores elétricos: manutenção e solução de problemas. 2. ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2015.

68
JORDÃO, R. G. Transformadores. São Paulo: Blucher, 2002.

KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 2005.

KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. Porto Alegre: Globo, 1982.

MILASCH, M. Manutenção de transformadores em líquido isolante. São Paulo:


Edgard Blucher, 1984.

NASCIMENTO JUNIOR, G. C. Máquinas elétricas: teorias e ensaios. 4. ed. São Paulo:


Erica, 2011.

NAVE, R. How does an electric motor work? 2016. Disponível em: http://hyperphysi-
cs.phy-astr.gsu.edu/hbase/magnetic/mothow.html. Acesso em: 3 mar. 2018.

OLIVEIRA, J. C.; COGO, J. R.; ABREU, J. P. G. Transformadores: teoria e ensaios. 2. ed.


São Paulo: Blucher, 2018.

OLIVEIRA, J. C.; COGO, J. R.; ABREU, J. P. G. Transformadores: teoria e ensaios. São


Paulo: Edgard Blucher, 1984.

PAULINO, M. Polaridade e relação em transformadores de potência. 2014. Dispo-


nível em: https://www.osetoreletrico.com.br/wp-content/uploads/2014/06/ed-100_Fas-
ci-culo_Cap-V-Manutencao-de-transformadores.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020.

PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH, 2013.

PINHEIRO, H. H. C. Geradores de corrente alternada. Mossoró: Centro Federal de


Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, 2010. Disponível em: https://docente.
ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos-eletricos/apostila-de-
--maquinas-de-cc-1/view. Acesso em: 9 fev. 2020.

RAMOS, D. S.; DIAS, E. M. Sistemas elétricos de potência: regime permanente. Rio


de Janeiro: Guanabara Dois, 1982.

SIMÕES, M. A. Campos magnéticos produzidos por correntes. 2019. Disponível em:


http://masimoes.pro.br/fisica_el/campos-magneticos-produzido.html. Acesso em: 9 fev. 2020.

UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2014.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. TE 131 Proteção de sistemas elétricos:


transformadores de corrente e potencial, fusíveis, disjuntores e para-raios. Curitiba:
UFPR, 2018. Disponível em: http://www.eletrica.ufpr.br/p/_media/professores:mateus:-
te_131_-_capitulo_2.pdf. Acesso em: 9 jul. 2018.

69
VILLAR, G. J. V. Geradores e motores CC: máquinas de corrente contínua. Mossoró:
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, 2006. Disponível em:
https://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos--eletri-
cos/apostila-de-maquinas-de-cc/view. Acesso em: 9 fev. 2020.

WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentals of physics. New Jersey: Wiley,
2014.

WEG. W22 magnet drive system: catálogo técnico mercado Brasil. 2019. Disponível
em: https://static.weg.net/medias/downloadcenter/hf3/he1/WEG-w22-magnet-drive-
--system-50015189-brochure-portuguese-web.pdf. Acesso em: 3 fev. 2020.

70
UNIDADE 2 —

MODELAGEM E
FUNCIONAMENTO DE
TRANSFORMADORES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• especificar os parâmetros que compõem um transformador real;

• reconhecer os métodos de determinação dos parâmetros do transformador real;

• observar as diferenças entre o transformador ideal e o transformador real;

• ​​definir a convenção do ponto e a polaridade das bobinas;

• estudar o circuito equivalente referido e os respectivos parâmetros;

• compreender os transformadores trifásicos e os bancos de transformadores


monofásicos;

• descrever as conexões em transformadores trifásicos;

• indicar as condições para a ligação do transformador em paralelo.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AOS TRANSFORMADORES REAIS


TÓPICO 2 – MODELAGEM DE TRANSFORMADORES REAIS
TÓPICO 3 – OPERAÇÃO DE TRANSFORMADORES EM PARALELO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

69
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

70
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
INTRODUÇÃO AOS TRANSFORMADORES
REAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você estudará os transformadores reais e a modelagem deles por
meio do circuito equivalente, destacando os elementos que compõem esse circuito, além
de reconhecer os métodos de determinação desses parâmetros.

Em um transformador real, a potência obtida no secundário é menor do que


a potência aplicada no primário, devido à existência de perdas. As principais perdas
existentes nesses transformadores ocorrem nos enrolamentos e no núcleo, e elas podem
ser modeladas para obter um circuito equivalente. Contudo, antes de determinar o circuito
equivalente que modela os transformadores reais, é necessário dar início ao estudo a
partir das especificações dos parâmetros que compõem esse circuito.

2 PARÂMETROS DE UM TRANSFORMADOR REAL


Um transformador é um equipamento elétrico estático que, por indução
eletromagnética, transforma tensão e corrente alternadas entre duas ou mais bobinas
de fio, fisicamente, enroladas em torno de um núcleo ferromagnético, sem mudança de
frequência e defasagem. Para distinguir os enrolamentos, adota-se, por convenção, que
o enrolamento no qual a fonte é aplicada é denominado de primário, e o enrolamento
no qual a carga é conectada é o secundário, conforme a figura que segue. O uso dos
transformadores permite a transferência de energia em tensões adequadas para cada
dispositivo, executando funções, como casamento de impedância, de forma a maximizar
a transferência de potência e adequações dos níveis de tensão e isolação em circuitos de
potência e de partes de um circuito elétrico.

71
FIGURA 1 – ESQUEMÁTICO DE UM TRANSFORMADOR REAL DE NÚCLEO DE FERRO

FONTE: Adaptada de Boylestad (2012)

A diferença entre os transformadores ideais e os reais é que os ideais desprezam as perdas decorrentes da
operação, enquanto os transformadores reais enunciam que a potência obtida no secundário do transfor-
mador é menor do que a potência aplicada no primário, devido à consideração das perdas existentes. Isso
significa que um modelo mais completo deve levar em consideração os efeitos das resistências dos enrola-
mentos, os fluxos dispersos e as perdas relativas às correntes de magnetização do núcleo (UMANS, 2014).

As principais perdas existentes em um transformador real ocorrem nos enrolamentos e no núcleo. As per-
das nos enrolamentos primário e secundário ocorrem por causa das resistências ôhmicas dos fios, represen-
tadas por (RP) e (RS), respectivamente, sendo que parte da energia é convertida em calor por efeito Joule,
causando perdas denominadas de perdas no cobre. Entretanto, para as perdas no núcleo, têm-se as perdas
por dispersão de linhas de campo magnético, por histerese do material e pelas correntes parasitas de Fou-
cault, que, ao serem induzidas no núcleo, aquecem-no, reduzindo o fluxo magnético. A seguir, analisaremos
cada uma dessas perdas.

Analisando a Figura 1, pode-se observar que, ao aplicar a tensão vp(t) nas espiras do primário do transfor-
mador, devido ao fluxo produzido pela passagem da corrente, é induzida uma tensão no enrolamento (eind),
enunciada pela lei de Faraday, dada pela Equação 1 (CHAPMAN, 2013):

(1)

72
Isolando o fluxo médio presente no enrolamento primário do transformador, obtém-se a Equação 2, que de-
monstra que esse fluxo médio no enrolamento é proporcional à integral da tensão aplicada ao enrolamen-
to, e que a constante de proporcionalidade é equivalente ao número de espiras do enrolamento primário
(CHAPMAN, 2013).

(2)

Ao analisarmos o efeito que esse fluxo tem sobre o enrolamento secundário do mesmo transformador,
observa-se que, para os transformadores reais, uma parte do fluxo produzido na bobina primária não passa
pela bobina secundária. Isso se deve ao fato de que algumas linhas de fluxo deixam o núcleo de ferro,
passando através do ar, caracterizado como fluxo de dispersão, como mostrará a figura a seguir. Assim, o
fluxo na bobina primária do transformador pode ser dividido em duas componentes: um fluxo mútuo, que
permanece no núcleo e concatena (enlaça) ambos os enrolamentos, e um pequeno fluxo de dispersão
(CHAPMAN, 2013).

FIGURA 2 – FLUXOS CONCATENADOS E MÚTUO EM UM NÚCLEO DE TRANSFORMADOR

FONTE: Chapman (2013, p. 79)

No enrolamento primário, o fluxo disperso induz uma tensão que se soma àquela
produzida pelo fluxo mútuo. Como a maior parte do caminho do fluxo disperso está no ar, esse
fluxo e a tensão induzida por ele variam, linearmente, com a corrente primária iP(t), podendo,
assim, ser representado por uma indutância de dispersão do primário. A correspondente
reatância de dispersão do primário (XP) é dada pela Equação 3 (UMANS, 2014):

(3)

Esse mesmo fenômeno ocorre no enrolamento secundário (XS). Quanto menores


forem os fluxos de dispersão de um transformador, mais próxima estará a razão entre as
tensões totais desse transformador em comparação ao transformador ideal.

73
Para quantificar as demais perdas no núcleo, iniciaremos a análise pela fonte
de tensão CA conectada ao enrolamento primário vp(t), como demonstrado na Figura
1. Uma corrente flui no circuito primário iP(t) e é responsável por produzir o fluxo em
um núcleo ferromagnético real. Contudo, essa corrente pode ser decomposta em duas
componentes:

• Corrente de magnetização (Im): necessária para a produção do fluxo no núcleo do


transformador.
• Corrente de perdas no núcleo (IC): responsável pelas perdas por histerese e pela
corrente parasita no núcleo.

A corrente de excitação do transformador pode ser tratada como uma corrente


senoidal Iφ,. É, simplesmente, a soma da corrente de magnetização e da corrente de
perdas no núcleo, como ilustra a Equação 4:

(4)

Essas perdas do núcleo são representadas por meio de um ramo em derivação,


conectado à fonte de tensão, chamado de ramo de excitação, a partir do qual as
perdas caracterizadas por histerese e por corrente de Foucault são modeladas por uma
resistência RC, chamada de resistência de magnetização. Em paralelo à (RC), representa-
se a indutância de magnetização (LM), cuja reatância, conhecida como reatância de
magnetização (Xm), é dada pela Equação 5 (UMANS, 2014):

(5)

Diante do exposto, qualquer modelo que represente o comportamento de um


transformador real deve ser capaz de levar em consideração as perdas existentes.
Assim, os parâmetros que devem ser incluídos na construção desse modelo são os
seguintes (CHAPMAN, 2013):

• Perdas no cobre (RI2): são as perdas ocorridas por causa do aquecimento resistivo
nos enrolamentos primário e secundário do transformador. Elas são proporcionais
ao quadrado da corrente nos enrolamentos.
• Perdas por corrente parasita: são as perdas presentes devido ao aquecimento
resistivo no núcleo do transformador. Elas são proporcionais ao quadrado da tensão
aplicada ao transformador.
• Perdas por histerese: são as perdas associadas à alteração da configuração dos
domínios magnéticos no núcleo durante cada semiciclo. Elas são uma função não
linear, complexa, da tensão aplicada ao transformador.
• Fluxo de dispersão: os fluxos ∅DP e ∅DS, os quais escapam do núcleo e passam por
meio de, apenas, um dos enrolamentos do transformador, são fluxos de dispersão,
que se dispersaram e produzem uma indutância de dispersão nas bobinas primária
e secundária. Seus efeitos devem ser levados em consideração.

74
Uma vez apresentados os parâmetros responsáveis pelas perdas dentro do
transformador real, a seguir, você verá os principais modelos de transformadores:
circuito equivalente, circuito equivalente referenciado (aos lados do transformador) e
circuito equivalente aproximado.

2.1 CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM TRANSFORMADOR REAL


As perdas existentes em um transformador podem ser modeladas para obter
um circuito equivalente capaz de representar um transformador real. Essas perdas
serão analisadas uma de cada vez, e os efeitos delas serão representados no modelo do
transformador.

Iniciaremos pelas perdas de cobre, que são perdas resistivas que ocorrem nos
enrolamentos primário e secundário do núcleo do transformador, e modeladas por meio de
uma resistência (RP) no circuito primário e por uma resistência (RS) no circuito secundário.
Modelam-se as perdas por dispersão de fluxo, representadas por reatâncias no primário
(XP) e no secundário (XS), ambas em série, com as respectivas perdas resistivas.

Em paralelo ao ramo primário, cria-se o ramo de magnetização do transformador,


responsável pelo modelamento das perdas de magnetização do núcleo. Esse ramo é
composto pela resistência, a qual quantifica as perdas por histerese e as perdas no núcleo,
dadas, por (RC), em paralelo à reatância de magnetização (XM), resultante da corrente de
magnetização. O circuito equivalente resultante será mostrado na Figura 3, sendo:

RP e RS: resistências que representam as perdas ôhmicas nos enrolamentos


primários e secundários.
XP e XS: reatâncias que representam a dispersão de fluxo nos enrolamentos
primários e secundários.
RC: resistência que representa as perdas no núcleo (perdas por histerese e por
correntes parasitas (Foucault)).
XM: reatância que representa as perdas de correntes de magnetização do núcleo.
VP: tensão aplicada ao enrolamento primário.
VS: tensão aplicada ao enrolamento secundário.
IP: corrente circulando no enrolamento primário.
IS: corrente circulando no enrolamento secundário.
NP: número de espiras no enrolamento primário.
NS: número de espiras no enrolamento secundário.
E1: tensão induzida no primário pelo fluxo mútuo resultante.
E2: tensão induzida no secundário pelo fluxo mútuo resultante.

75
FIGURA 3 – MODELO DE UM TRANSFORMADOR REAL.

FONTE: Chapman (2013, p. 88)

Observe que a tensão nos terminais do primário (VP) consiste em três


componentes: a queda (RPIP) na resistência, a queda oriunda do fluxo disperso (jX PIP)
e a tensão induzida pelo fluxo mútuo resultante. Percebe-se que os elementos que
formam o ramo de magnetização são modelados do lado primário do circuito, e isso se
deve ao fato de a tensão aplicada ao núcleo ser a tensão de entrada, menos as quedas
de tensão internas do enrolamento (CHAPMAN, 2013).

Embora o circuito equivalente da Figura 3 represente um transformador real,


ele não é muito efetivo para análises matemáticas. Assim, para a análise de circuitos
na prática, contendo transformadores, normalmente, é necessário converter o circuito
inteiro em um circuito equivalente, com um único nível de tensão. Portanto, o circuito
equivalente deve ser referido para o lado primário, como ilustrará a Figura 4, ou para
o lado secundário, conforme a Figura 5, utilizando, sempre, as mesmas relações de
transformação dos transformadores ideais.

FIGURA 4 – MODELO DE UM TRANSFORMADOR REAL REFERIDO AO NÍVEL DE TENSÃO DO PRIMÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 88)

76
FIGURA 5 – MODELO DE UM TRANSFORMADOR REAL REFERIDO AO NÍVEL DE TENSÃO DO SECUNDÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 88)

Contudo, esses modelos de circuitos equivalentes referidos ao primário e


ao secundário são, frequentemente, complexos para a obtenção de resultados em
aplicações práticas de engenharia. Uma das principais reclamações é que o ramo de
magnetização gera mais de um nó ao circuito, tornando a solução mais complexa.
Devido ao fato de esse ramo apresentar uma corrente muito pequena em comparação à
corrente de carga dos transformadores (cerca de 2 a 3% da corrente para plena carga),
pode-se elaborar um circuito equivalente simplificado que atende e modela o circuito
original. Assim, para essa simplificação, o ramo de excitação é deslocado para frente
do transformador, e as impedâncias primária e secundária são deixadas em série.
Essas impedâncias são, simplesmente, somadas, criando os circuitos equivalentes
aproximados da Figura 6 (CHAPMAN, 2013):

FIGURA 6 – MODELOS EQUIVALENTES APROXIMADOS DO TRANSFORMADOR REAL - (A) REFERIDO AO


LADO PRIMÁRIO; (B) REFERIDO AO LADO SECUNDÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 89)

77
Além disso, em algumas aplicações, o ramo de excitação pode ser, totalmente,
desconsiderado, sem impactar na análise. Para essas situações, o circuito equivalente
do transformador se reduz a circuitos simples da Figura 7.

FIGURA 7 – MODELOS EQUIVALENTES APROXIMADOS DO TRANSFORMADOR REAL - (A) SEM RAMO DE


MAGNETIZAÇÃO, REFERIDO AO LADO PRIMÁRIO; (B) SEM RAMO DE MAGNETIZAÇÃO, REFERIDO AO LADO
SECUNDÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 89)

Após as especificações dos parâmetros e dos circuitos equivalentes de um


transformador real, identificaremos os métodos de determinação desses parâmetros.

3 ENSAIOS EM TRANSFORMADORES REAIS


A determinação das resistências e das reatâncias do circuito equivalente do
transformador real pode ser obtida a partir da aproximação satisfatória por meio de
ensaios de curto-circuito e de circuito aberto. Os elementos da impedância em série
equivalente são obtidos a partir de um ensaio de curto-circuito, que consiste na
aplicação de uma tensão a um dos enrolamentos do transformador (normalmente, o
de maior tensão) com o outro enrolamento curto-circuitado (normalmente, o de baixa
tensão), como mostrará a Figura 8. É ajustado o valor da tensão aplicada até que a
corrente, nesse enrolamento, seja igual à corrente nominal.

NOTA
O ensaio de curto-circuito é feito do lado de alta tensão, pois ele exige que seja
aplicada uma tensão em um dos enrolamentos, de modo que circule uma corrente
nominal IN. Como o lado de alta tensão tem uma corrente nominal menor (porque
tem alta tensão), por segurança, utiliza-se esse enrolamento para a alimentação,
sendo mais fácil de ser manipulado. Consequentemente, ocorre um curto-circuito
no enrolamento de baixa tensão, visto que ele apresenta uma corrente maior IN.

78
FIGURA 8 – LIGAÇÕES PARA ENSAIO DE TRANSFORMADOR EM CURTO-CIRCUITO

FONTE: Chapman (2013, p. 92)

Assim, a tensão (Vcc), a corrente (Icc) e a potência de entrada (Pcc) são medidas,
e, com esses valores, é possível calcular a impedância-série do circuito equivalente,
conforme as Equações 6 a 10:

(6)

(7)
(8)

(9)

(10)

Entretanto, os elementos da impedância em paralelo (ramo de magnetização)


são obtidos a partir do ensaio de circuito aberto, que consiste na aplicação da tensão
nominal a um dos enrolamentos (normalmente, o de menor tensão) com o outro
enrolamento aberto, como ilustrará a Figura 9.

NOTA
O ensaio de circuito aberto, normalmente, é feito do lado de menor tensão,
pois, em ensaios a vazio, deve-se aplicar a tensão em um dos enrolamentos,
sendo mais fácil e mais seguro utilizar o enrolamento de menor tensão. Diante
disso, o enrolamento de alta tensão fica sem carga, o que gera uma corrente
nula no secundário. Assim, apesar de a corrente, no primário, ser mínima, ela é
suficiente para magnetizar o núcleo.

79
FIGURA 9 – LIGAÇÕES PARA ENSAIO DE TRANSFORMADOR EM CIRCUITO ABERTO

FONTE: Chapman (2013, p. 90)

Assim, com os valores de tensão (V0), corrente (I0) e potência (P0), é possível
calcular a impedância paralela do circuito equivalente, conforme as Equações 11 a 15:

(11)

(12)
(13)

(14)

(15)

Outra forma de obter esses parâmetros é utilizando as Equações 16 a 19:

(16)

(17)

(18)

(19)

Pode-se observar que o ensaio de curto-circuito é, normalmente, realizado no


lado de alta tensão do transformador, e o ensaio a vazio, frequentemente, no lado de
baixa tensão. Assim, os valores de Rc e Xm são encontrados do lado de baixa tensão,

80
sendo referidos a esse lado, e os valores de Req e Xeq são obtidos e referidos no lado de
alta tensão. É importante lembrar que, para a representação do circuito equivalente
final, todos os elementos devem ser referidos para o mesmo lado (alta ou baixa tensão).

4 ANÁLISE DO TRANSFORMADOR REAL


O transformador tem a função de converter energia elétrica de corrente alternada
(CA) de um nível de tensão para outro, por meio da geração de um campo magnético — a
energia elétrica CA, com certa frequência e certo nível de tensão, em energia elétrica
CA com a mesma frequência, porém, com um nível de tensão diferente. Quando se
desprezam as perdas existentes durante o funcionamento dos transformadores, eles
são considerados transformadores ideais, porém, na prática, os que usamos não são
ideais, isto é, são transformadores que apresentam perdas durante o funcionamento,
chamados de reais.

Os transformadores se tornaram muito importantes no nosso dia a dia, pois,


sem eles, não seria possível usar energia elétrica em muitas atividades. Podemos
tomar, como exemplo, um sistema moderno de energia elétrica que gera energia com
níveis de tensão bem altos (normalmente, de 12 kV a 25 kV), porém, a transmissão
de energia a uma longa distância é feita com um nível de tensão entre 110 kV a 1000
kV, para minimizar as perdas. Quem faz essa elevação nos níveis de tensão são os
transformadores (CHAPMAN, 2013).

Você será capaz de apontar as diferenças entre os transformadores ideal e


real, descrever a aplicação de transformadores reais e definir a convenção do ponto e a
polaridade das bobinas.

5 TRANSFORMADORES IDEAL E REAL


Um transformador é composto por duas ou mais bobinas, nas quais um
fluxo magnético, que é comum a elas, faz o acoplamento. O enrolamento primário
do transformador, quando ligado a uma fonte de tensão alternada, gera um campo
magnético alternado, cuja amplitude depende da tensão do primário, da frequência da
tensão aplicada e do número de espiras. Uma parcela desse fluxo, chamado de fluxo
mútuo, liga um segundo enrolamento, o secundário, o qual induz uma tensão cujo valor
depende do número de espiras do secundário, com frequência e magnitude do fluxo
comum (UMANS, 2014).

Quando falamos do transformador ideal, consideramos que o núcleo que faz


o acoplamento das bobinas tem, sempre, permeabilidade magnética infinita, e que
essas bobinas do transformador e o núcleo não apresentam resistência elétrica alguma,
definindo um acoplamento magnético sem perdas entre as bobinas. Há um material
construtivo, no núcleo, sem histerese e sem perdas (CHAPMAN, 2013).

81
Com um transformador ideal, quando se estabelece uma relação de proporção
adequada entre as espiras dos enrolamentos, é possível obter qualquer relação entre
entrada e saída, pois não há perdas durante o processo. Então, segue o seguinte
equacionamento nessas relações de transformação: a tensão, nas bobinas de um
transformador, é, diretamente, proporcional ao número de espiras dessas bobinas.

(20)

Sendo:

• Vp = tensão na bobina do primário;


• Vs = tensão na bobina do secundário;
• Np = número de espiras da bobina do primário;
• Ns = número de espiras da bobina do secundário.

Razão ou relação de espiras:

(21)

Razão ou relação de tensão:

(22)

Logo:

RT = RE (23)

A corrente que passa pelas bobinas de um transformador é, inversamente,


proporcional à tensão nessas bobinas:

(24)

Sendo:

• Ip = corrente na bobina do primário;


• Is = corrente na bobina do secundário.

82
Logo:

(25)

Esses transformadores ideais, obviamente, não podem ser construídos na


prática. O que temos são os transformadores reais, os quais apresentam duas ou
mais bobinas constituídas por um fio enrolado em torno de um núcleo composto por
material ferromagnético. Ali, o núcleo, que faz o acoplamento das bobinas, não tem
permeabilidade magnética infinita. As bobinas do transformador e o núcleo apresentam,
sempre, alguma resistência elétrica, gerando um acoplamento magnético com perdas.
O material construtivo do núcleo tem a presença de histerese, além de perdas.

Os transformadores reais têm características semelhantes às dos ideais


até certo ponto. A Figura 10, a seguir, apresentará um diagrama esquemático de um
transformador real.

FIGURA 10 –TRANSFORMADOR REAL

FONTE: Chapman (2013, p. 77)

Podemos observar um transformador real com duas bobinas de fio enroladas


em torno de um núcleo. O enrolamento da bobina primária está ligado a uma fonte de
tensão CA, enquanto o enrolamento da bobina secundária está em aberto.

A lei de Faraday caracteriza o equacionamento do funcionamento do


transformador da seguinte forma:

(26)

Sendo:

• é o fluxo concatenado na bobina em que a tensão está sendo induzida.

83
O fluxo concatenado pode ser equacionado pela soma do fluxo que flui por cada
espira da bobina, incluindo o fluxo de todas as outras espiras da mesma bobina.

(27)

É importante ressaltar que o fluxo concatenado total de uma bobina não é,


apenas, o somatório dos fluxos das espiras da bobina. Isso porque o fluxo que passa por
cada uma das espiras é, sensivelmente, diferente dos das outras espiras, dependendo
da posição de cada uma dentro da bobina. Por isso, é relevante utilizarmos, sempre, um
fluxo médio por espiras em uma bobina.

(28)

Sendo:

• λ é o fluxo concatenado de todas as espiras da bobina;


• N é o número de espiras.

Assim, podemos escrever a lei de Faraday da seguinte forma:

(29)

Enfim, poderemos observar, na Figura 11, a seguir, a curva de histerese para um


transformador real.

FIGURA 11 – CURVA DE HISTERESE DE UM TRANSFORMADOR REAL

FONTE: Chapman (2013, p. 78)

84
6 APLICAÇÃO DO TRANSFORMADOR REAL
A utilização de transformadores, na prática, ocorre, apenas, com os reais, e
a operação deles demonstra algumas características que não são apresentadas no
modelo do transformador ideal. Quando aplicamos uma tensão no enrolamento da
bobina primária de um transformador ideal, será induzida uma tensão no enrolamento
da bobina secundária, porém, estando, o secundário, em aberto, sem carga conectada
a ele, não existirá corrente circulando nele. Nesse caso, devido à relação entre as
correntes do primário e do secundário ser, inversamente, proporcional ao número de
espiras, pode-se afirmar que, também, não haverá corrente circulando na bobina do
enrolamento primário. Contudo, na prática, com a aplicação de um transformador real,
é constatada a presença de uma corrente no primário desse transformador, pois ele é
uma bobina que tem uma impedância com uma corrente no primário, quando recebe
uma tensão, até mesmo, quando o secundário não tem carga conectada a ele.

Os transformadores reais, quando em operação, apresentam aquecimento nos


enrolamentos, nas bobinas primária e secundária. Além disso, o núcleo aquece, dissipando
um percentual da potência de entrada no próprio transformador, o que faz com que os
transformadores reais, na prática, nunca tenham uma eficiência de cem por cento.

Com relação à tensão no enrolamento secundário do transformador real,


quanto maior a carga aplicada, menor será a tensão, e, maior, a corrente, mesmo não
variando a tensão aplicada ao primário. Assim, no transformador real, as tensões do
primário e do secundário variam, de acordo com a carga aplicada no secundário, e não
só pela relação de espiras.

A transmissão e a distribuição de energia elétrica são aplicações de extrema


importância para o uso dos transformadores reais. A transmissão de energia elétrica,
por exemplo, é feita em alta tensão, com o uso de transformadores nas subestações
elevadoras (Figura 12), utilizados para elevar a magnitude das tensões geradas nas usinas.

FIGURA 12 – SUBESTAÇÃO ELEVADORA

FONTE: <shutterstock.com>. Acesso em: 24 abr. 2021.

85
Para ser utilizada nas residências, a energia deve ser, novamente, reduzida.
Essa redução de tensão é feita pelo transformador de distribuição, como o mostrado na
Figura 13, a seguir, comumente, encontrado em instalações em postes.

FIGURA 13 – TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO

FONTE: Umans (2014, p. 65)

7 CONVENÇÃO DO PONTO E POLARIDADE DAS BOBINAS


A Figura 14, a seguir, apresentará um transformador real com uma carga conectada
ao enrolamento da bobinada secundária. São mostrados os pontos nos enrolamentos do
transformador, por meio dos quais é possível determinar a polaridade das correntes e
tensões no núcleo, sem a necessidade de observar, fisicamente, os enrolamentos.

FIGURA 14 – TRANSFORMADOR REAL

FONTE: Chapman (2013, p. 84)

86
Como significado físico da convenção, uma corrente entrando pelo terminal
de um enrolamento com ponto produz uma força magnetomotriz positiva . Por
sua vez, no caso de uma corrente entrando pelo terminal-ponto, é gerada uma força
magnetomotriz negativa (UMANS, 2014).

Duas correntes, ou mais correntes entrando nos terminais dos enrolamentos


com ponto, produzem forças magnetomotrizes que se complementam, ou seja, que
podem ser somadas. Por outo lado, se uma corrente sair por um terminal com ponto
quando outra estiver entrando por outro terminal, também, com ponto, elas se
suprimem, ou seja, as forças magnetomotrizes geradas podem ser subtraídas uma da
outra, mantendo o sentido daquela de maior nível (CHAPMAN, 2013).

Ainda, analisando a Figura 14, podemos afirmar que a corrente do enrolamento


da bobina primária gera uma força magnetomotriz positiva , e a corrente do
enrolamento da bobina secundária gera uma força magnetomotriz negativa .
Assim, é possível calcular a força líquida por meio da aplicação da seguinte Equação:

(6)

8 ATIVIDADE PRÁTICA
Para a realização deste experimento, acesse, pelo seu AVA, o Laboratório
Algetec “Indução Mútua entre Duas Bobinas”.

8.1 OBJETIVO
O experimento apresenta um equipamento elétrico conhecido como
transformador, o qual funciona utilizando o princípio da indução mútua. Serão utilizados
um núcleo ferromagnético e um conjunto de bobinas a ele associado, possibilitando
uma conversão do valor de tensão nos terminais dessas bobinas quando uma delas
(designada como primária) é alimentada por corrente alternada.

Ao fim deste experimento, você deverá ser capaz de:

• descrever o funcionamento de um transformador de tensão;


• utilizar as equações matemáticas que relacionam as tensões, o número de espiras,
a potência e a corrente em um transformador;
• avaliar a influência de características físicas, como o número de espiras no primário
e no secundário de um transformador durante o funcionamento;
• analisar as características que distinguem um transformador ideal do comportamento
que, de fato, observamos;
• identificar a aplicabilidade de indutores elétricos em circuitos.

87
8.2 ONDE UTILIZAR ESSES CONCEITOS?
Os transformadores são de fundamental importância para o uso da energia
elétrica cotidiana, seja para converter a tensão gerada nas hidrelétricas para um valor
adequado ao uso dos aparelhos domésticos; alterar as tensões nominais de 220V para
110V, ou vice-versa; ajustar a tensão nos carregadores de celulares, tablets, notebooks;
ou, até mesmo, eliminar ruídos no interior de circuitos de aparelhos eletrônicos.

8.3 EXPERIMENTO
Neste experimento, duas bobinas são conectadas a uma armadura
ferromagnética, uma em cada extremidade, e, ao alimentar uma das bobinas (a qual
damos o nome de primária) com corrente alternada, a variação do fluxo magnético, no
interior dela, é transmitida pela armadura, produzindo corrente, também, na bobina
secundária. Nessas correntes, há uma tensão associada, segundo a lei de Ohm. Os
valores de tensão nos terminais das bobinas podem diferir, por isso, damos o nome de
transformador a esse dispositivo.

8.4 SEGURANÇA
O experimento foi pensado para não trazer riscos físicos, então, você utilizará
objetos pouco nocivos e leves, mas, mesmo com essas precauções pensadas e
definidas, o uso de equipamentos de proteção individual é de extrema importância para
a segurança durante a realização de experimentos.

8.5 CENÁRIO
Na bancada do laboratório, é disponibilizado um kit didático, sendo que duas são
conectadas em uma armadura ferromagnética para que seja acompanhado o fenômeno
de indução mútua entre duas bobinas. Uma carga pode ser conectada no secundário do
transformador, e um multímetro está disponível para que sejam realizadas medidas de
tensão e corrente em diferentes pontos do sistema.

88
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A diferença entre os transformadores ideais e os reais é que os ideais desprezam


as perdas decorrentes da operação, enquanto os transformadores reais enunciam
que a potência obtida no secundário do transformador é menor do que a potência
aplicada no primário, devido à consideração das perdas existentes.

• As perdas, em um transformador real, podem ser divididas em duas categorias:


perdas no cobre e perdas no ferro.

• Os modelos equivalentes de um transformador real podem ser muito complexos


para a maioria das análises práticas. Por esse motivo, costumam ser utilizadas
versões simplificadas desses modelos, geralmente, referidas a, apenas, um dos
lados do transformador.

• Os ensaios de circuito aberto e de curto-circuito podem ser utilizados para


determinar os parâmetros do circuito equivalente de um transformador real.

• A curva de histerese representa as características magnéticas do núcleo de um


transformador, e é útil para avaliar o comportamento e as respectivas perdas.

• A convenção do ponto tem, como objetivo, indicar a polaridade das bobinas de um


transformador para a representação gráfica.

89
AUTOATIVIDADE
1 As perdas de um transformador real podem ser modeladas e representadas
por um circuito elétrico equivalente, conforme a figura a seguir:

FONTE: <https://lrq.sagah.com.br/uasdinamicas/uploads/layouts/1361591258_16104839168153bc-
546d167a9066dc8fe020767beb6a823c1f.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.

Com base no circuito equivalente de um transformador real, analise as


afirmativas I, II e III:

I- R1  e jX1  representam as perdas, pela resistência elétrica, do enrolamento primário.


II- R2’ e jX2’ representam as perdas, pela resistência elétrica, do enrolamento secundário.
III- Rm representa perdas que ocorrem no núcleo do transformador, como as que são
decorrentes de correntes de Foucault.

Está CORRETO o que se afirma em:

a) ( ) II, apenas.
b) ( ) III, apenas.
c) ( ) I e III, apenas.
d) ( ) I e II, apenas.
e) ( ) I, II e III.

2 Com base nas perdas existentes em um transformador, analise as afirmativas


I, II e III:

I- Apesar da alta permeabilidade do material do núcleo de um transformador, parte


do fluxo magnético circula ao redor dos enrolamentos, o que ocasiona as perdas
denominadas perdas por dispersão.
90
II- As perdas por histerese magnética são provocadas pela saturação do núcleo, ou seja,
chega-se a um ponto em que o núcleo não consegue mais conduzir linhas de fluxo
magnético.
III- As perdas por Foucault ocorrem pelo fato de o material do núcleo ser bom condutor
de corrente elétrica. Desse modo, o campo magnético, que atravessa o núcleo, induz
correntes parasitas que ocasionam perdas devido ao seu aquecimento.

Está CORRETO o que se afirma em:


a) ( ) II, apenas.
b) ( ) III, apenas.
c) ( ) I e II, apenas
d) ( ) I e III, apenas
e) ( ) I, II e III.

3 A figura a seguir mostra o circuito equivalente de um transformador monofásico,


indicando numericamente os componentes e os valores eficazes das correntes.
​​​​​​​

FONTE: <https://lrq.sagah.com.br/uasdinamicas/uploads/layouts/123018501_16104839165c97bf-
438c1180e73158a5d2d6fb11970df28fc2.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021.

Calcule o valor das perdas do núcleo do transformador, em W.​​​​​​​

4 Um transformador de 110kVA e 1.100/220V alimenta uma carga nominal com


fator de potência unitário  em 220V. As reatâncias de dispersão dos lados de
alta e baixa tensões valem, respectivamente, 0,3Ω e 0,012Ω. Desprezando-se a
corrente de magnetização e as perdas ôhmicas, o módulo da tensão, em volts,
nos terminais do lado de alta tensão, vale, aproximadamente:

5 Os ensaios em vazio e de curto-circuito são realizados nos transformadores,


com o objetivo de levantar os parâmetros, permitindo que seja montado o circuito
equivalente. Considere um transformador monofásico de 10kVA, 1.000V/100V,
que foi submetido aos dois ensaios, cujos resultados são apresentados a seguir:

91
Ensaio em vazio:

Vo = 100V, Io = 2A, Po = 10W

Ensaio em curto:

Vcc = 20V, Icc = 100A, Pcc = 1.000W

Diante do exposto, a reatância de magnetização do transformador, referida do


lado de alta tensão, em ohms, é igual a, aproximadamente:

92
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
MODELAGEM DE TRANSFORMADORES
REAIS

1 INTRODUÇÃO
Os transformadores podem ser representados por circuitos equivalentes, quando
são consideradas as resistências dos enrolamentos, a dispersão dos fluxos e as correntes
de excitação. Para conhecer a equivalência de circuitos ao transformador, precisamos
analisar as circunstâncias em que o transformador será aplicado. Em alguns casos,
devemos levar em conta as capacitâncias dos enrolamentos, como em transformadores
que trabalham em alta frequência.

Os transformadores reais podem ser representados por circuitos equivalentes


que consideram todas suas características, gerando um circuito complexo, ou somente o
que é de interesse de cada aplicação, tendo como resultado um circuito mais simplificado.

Neste tópico, descreveremos o circuito equivalente referido e seus parâmetros, o


circuito equivalente aproximado e os componentes do circuito equivalente.

2 CIRCUITO EQUIVALENTE REFERIDO E SEUS


PARÂMETROS
Na análise de um transformador, devemos observar as diferenças entre o real e
o ideal, que existem em maior ou menor complexidade, dependendo do desempenho do
transformador em análise. Se considerarmos um modelo mais fiel a um transformador
real, devemos levar em conta não só as resistências existentes nos enrolamentos
(primário e secundário), mas também a permeabilidade no núcleo, assim como a
presença de dispersão dos fluxos (CHAPMAN, 2013).

Para descrever o circuito equivalente aproximado do transformador, inicialmente,


analisaremos o enrolamento primário, sendo que podemos dividir o fluxo total que
concatena o enrolamento em duas componentes: fluxo mútuo e fluxo disperso.

O fluxo mútuo resultante que aparece nos núcleos de ferro é gerado a partir
da combinação das correntes que circulam nos enrolamentos primários e secundários.
Já o disperso do primário concatena somente o próprio enrolamento primário. Essas
correntes podem ser observadas na Figura 15.

93
FIGURA 15 – FLUXOS DO TRANSFORMADOR

FONTE: Umans (2014, p. 74)

A presença do fluxo disperso induz, no enrolamento primário, uma tensão


que é somada àquela gerada pelo fluxo mútuo, o qual, junto de sua tensão induzida, é
linear e diretamente proporcional à corrente no primário. Dessa forma, considerando a
resistência do primário, é possível equacionar a reatância de dispersão no primário por
meio da seguinte expressão:

Em que: Ll1 é a indutância de dispersão no primário e Xl1 é a reatância de


dispersão no primário.

Podemos descrever a tensão no primário dividindo-a em três: queda na


resistência do primário, queda devido ao fluxo disperso do primário e força eletromotriz
induzida pelo fluxo mútuo resultante no primário. Na Figura 16, podemos observar um
circuito equivalente do enrolamento primário com essas tensões.

FIGURA 16 – CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: Umans (2014, p. 75)

94
Levando-se em conta a corrente de excitação equivalente, devemos ter em
mente a resistência de perdas do núcleo e a indutância de magnetização Lm. Assim,
temos, na Equação a seguir, o equacionamento da reatância de magnetização e, na
Figura 17, o circuito equivalente.

FIGURA 17 – CIRCUITO EQUIVALENTE COM CORRENTE DE EXCITAÇÃO

FONTE: Umans (2014, p. 75)

Em suma, podemos considerar que um transformador real é equivalente a


um transformador ideal com a presença de impedâncias externas, podendo, assim,
referenciar todas as grandezas ao primário ou ao secundário (Figura 18).

FIGURA 18 – CIRCUITO EQUIVALENTE COM REPRESENTAÇÃO DAS GRANDEZAS

FONTE: Umans (2014, p. 75)

O transformador ideal, no circuito equivalente, pode ser deslocado tanto à


direita quanto à esquerda. Desse modo, podemos representar um circuito equivalente
geral sem a representação do transformador ideal e com todas as tensões, correntes e
impedâncias referenciadas, conforme mostra a Figura 19.

95
FIGURA 19 – CIRCUITO EQUIVALENTE GERAL

FONTE: Umans (2014, p. 75)

3 CIRCUITO EQUIVALENTE APROXIMADO


Os transformadores, basicamente, têm a função de converter a energia elétrica
alternada (CA) de um nível de tensão para outro, por meio da geração de um campo
magnético, a energia elétrica CA de certa frequência e nível de tensão em energia
elétrica CA com a mesma frequência, porém com nível de tensão diferente. No entanto,
eles podem ser utilizados em diferentes aplicações. Na prática, são transformadores que
apresentam perdas durante o seu funcionamento, resistências e capacitância em suas
bobinas, dispersão no fluxo mútuo, entre outras diferenças dos circuitos considerados
ideais (UMANS, 2014).

Os modelos dos transformadores podem ser, muitas vezes, mais complexos


do que o necessário para atingir resultados suficientemente bons a quase todas as
aplicações práticas. Se considerarmos as correntes de carga dos transformadores, a
de excitação do transformador é extremamente pequena – por volta de 2% a 3% da
corrente de carga quando o transformador está à plena carga. Por esse motivo, podemos
utilizar um circuito equivalente que funcione praticamente igual ao do modelo original
do transformador, porém muito mais simplificado (CHAPMAN, 2013).

Para alguns modelos, podemos deslocar o ramo de excitação para a frente


do transformador e colocar a impedância do enrolamento primário em série com a
impedância do enrolamento secundário. Dessa maneira, podemos somar as impedâncias,
criando um circuito equivalente bem próximo do modelo original do transformador, em
que RC modela aproximadamente a corrente de perdas no núcleo do transformador. As
perdas no cobre dos enrolamentos são modeladas com Rp, para as perdas no cobre do
primário, e RS, para as perdas no cobre do secundário; a reatância, devido à indutância
da dispersão do primário, é modelada no XP, assim como XS modela a reatância, em
função da indutância da dispersão do secundário. Isso pode ser visto na Figura 20,
quando se relaciona ao lado primário, e na Figura 21, quanto ao lado secundário.

96
FIGURA 20 – MODELO DO TRANSFORMADOR REFERIDO AO LADO PRIMÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 89)

FIGURA 21 – MODELO DO TRANSFORMADOR REFERIDO AO LADO SECUNDÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 89)

Já para muitas aplicações utilizadas na prática, podemos desconsiderar


totalmente o ramo de excitação e, mesmo assim, manter o modelo muito próximo do
original em aplicação, como pode ser visto na Figura 22, quando se relaciona ao lado
primário, e na Figura 23, quanto ao lado secundário.

97
FIGURA 22 – MODELO SEM RAMOS DE EXCITAÇÃO REFERIDO AO LADO PRIMÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 89)

FIGURA 23 – MODELO SEM RAMOS DE EXCITAÇÃO REFERIDO AO LADO SECUNDÁRIO

FONTE: Chapman (2013, p. 89)

Para calcular os valores da resistência RC e da reatância XM, é necessário analisar


a admitância do ramo de excitação, em que a condutância da resistência das perdas no
núcleo pode ser calculada pela Equação 7 a seguir:

(7)

A susceptância do indutor de magnetização pode ser calculada pela Equação 8:

(8)

98
Em circuito aberto ou ensaio a vazio (VZ), o módulo da admitância de excitação,
referida ao lado do transformador usado para a medida, pode ser calculado pela Equação 9:

(9)

Com o fator de potência (FP) a vazio, podemos obter o ângulo da admitância, no


qual o FP e o ângulo do FP podem ser calculados pelas Equações 4 e 5:

(4)

(5)

O ângulo da corrente, em um transformador real, sempre está atrasado


em relação à tensão em θ graus, devido ao FP estar sempre atrasado. Nesse caso, a
admitância pode ser calculada pelas Equações 6 e 7:

(6)

(7)

Utilizando o transformador com o secundário em curto-circuito, podemos


desprezar a corrente no ramo de excitação, por ela ser muito baixa. Assim, podemos
calcular o módulo das impedâncias em série, referidas ao lado primário do transformador,
com a Equação 10:

(10)

A corrente do FP, que está atrasada, pode ser calculada com a Equação 11:

99
(11)

O ângulo da corrente, nesse caso, será negativo, e o ângulo θ de impedância


total é positivo. Podemos calculá-lo por meio da Equação 12:

(12)

Com isso, é possível calcular a impedância em série ZSE utilizando as Equações


12 e 13:

(13)

(12)

4 COMPONENTES DO CIRCUITO EQUIVALENTE


Tomando como base o circuito equivalente da Figura 3, identificaremos os
componentes dele como equivalentes ao de um transformador real.

Em relação ao enrolamento primário, existe um fluxo disperso, responsável


por induzir uma tensão que é somada à produzida pelo fluxo mútuo. Essa tensão varia
linearmente com a corrente I1, chamada de corrente de primário. Assim, o fluxo de
dispersão concatenado no primário pode ser representado por uma indutância Ll1 e Xl1 é
a reatância de dispersão de primário.

A tensão nos terminais do enrolamento primário é representada por V1, enquanto


Iφ é a componente de excitação necessária para induzir o fluxo mútuo resultante,
sendo: I2 a corrente do secundário, IC a corrente de perdas no núcleo, Im a corrente de
magnetização, Xm a reatância de magnetização e RC a resistência de magnetização.

No modelo da Figura 5, também está representada a componente R1, que


equivale à resistência do primário. Por fim, podemos observar a componente E1, que
representa a força eletromotriz gerada.

100
5 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS
Os transformadores permitem adequar o nível de tensão elétrica à necessidade
de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia. Por questões de segurança
e para amenizar as perdas elétricas do sistema, cada uma dessas etapas apresenta um
nível diferente de tensão.

Os transformadores trifásicos são necessários, pois quase toda energia gerada


no Brasil é proveniente de geradores trifásicos. Outro fator determinante é que a potência
em sistemas trifásicos nunca é nula, enquanto sua transmissão é mais econômica, pois,
segundo Alexander e Sadiku (2013), a quantidade de cabos utilizada é menor. Soma-se
ainda o fato de os motores trifásicos serem menores que os monofásicos de mesma
potência, sendo o sistema trifásico essencial ao funcionamento do sistema elétrico.

6 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS E BANCOS DE


TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS
Para Chapman (2013), um dos principais sistemas de geração e distribuição de
energia elétrica no mundo são sistemas trifásicos. Considerando que eles desempenham
esse papel tão importante, é necessário compreender como os transformadores são
utilizados neles.

Após gerado, o nível de tensão é elevado e, depois disso, as tensões de


transmissão são baixadas várias vezes antes de chegarem ao consumidor final. Essas
transformações são realizadas utilizando transformadores trifásicos que, segundo
Petruzella (2013), ajustam a tensão de saída de um estágio do sistema à de entrada do
estágio seguinte.

Os transformadores trifásicos são normalmente construídos em banco de trans-


formadores monofásicos ou em um único transformador trifásico mononuclear, com seis
enrolamentos num núcleo comum de ferro. Ambas as formas são amplamente utilizadas.

Um transformador trifásico mononuclear é mais leve, menor, de custo mais


baixo e ligeiramente mais eficiente que um banco com três monofásicos. Em contra-
partida, o uso de três transformadores monofásicos separados tem, segundo Chapman
(2013), a vantagem de que cada unidade do banco pode ser substituída individualmen-
te no caso de ocorrer algum problema. Por exemplo, uma concessionária de energia
elétrica precisa de um único transformador monofásico em estoque para dar suporte
às três fases, garantindo maior mobilidade nas manutenções.

O banco trifásico deve ser formado por três transformadores monofásicos


semelhantes, o que significa que as características construtivas, o número de espiras, a
seção dos condutores, a potência e a impedância percentual devem ser iguais para os
três. Em conjunto, eles formam um único transformador trifásico.

101
A escolha da configuração adequada do transformador trifásico é definida por
alguns parâmetros, como:

• acesso a neutro;
• bitola dos condutores por fase;
• sistema de aterramento;
• nível de isolamento;
• defasagem angular requerida.

Para calcular a potência de uma unidade trifásica formada por três


transformadores, utilizamos a seguinte equação:

Em que: S3∅ é potência trifásica do banco de transformadores e S1∅, potência


monofásica de cada transformador.

Para identificar os terminais do primário dos transformadores, utiliza-se a letra


H, seguida do número do terminal, e, para os terminais secundários, a letra X, também
seguida do número do terminal. Em transformadores de alta e média tensões, os bornes
de ligação são sustentados por isoladores, que os mantêm a uma distância de isolação
da carcaça do transformador.

Sendo, então, os transformadores trifásicos um conjunto de três transformado-


res monofásicos, composto de três bobinas primárias e, ao menos, três bobinas secun-
dárias, que devem trabalhar juntas, podemos estabelecer alguns padrões de ligações
para o transformador trifásico.

7 CONEXÕES EM TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS


Um transformador trifásico é constituído de, pelo menos, três enrolamentos
no primário e três no secundário, os quais podem estar conectados em Y (estrela)
ou em ∆ (triângulo ou delta). Essas formas de conexão dão origem a vários tipos de
ligação dos transformadores trifásicos. Cada um desses tipos apresenta propriedades
diferentes, que determinam o uso mais adequado conforme a aplicação.

As tensões e as correntes do sistema trifásico apresentam-se por meio da


análise de circuitos para as conexões desejadas, sendo:

• Estrela: VL = √3×VF e IL = IF.


• Delta: VL = VF e IL = √3×IF.

102
DICA
Sugerimos a leitura do livro Fundamentos de circuitos elétricos, de Alexander e
Sadiku (2013), que explica mais sobre o sistema trifásico e analisa esse circuito.

Para Oliveira, Cogo e Abreu (1984), a escolha do tipo de conexão de um


transformador trifásico deve levar em consideração alguns fatores, normalmente
conflitantes – embora essa escolha não seja tão fácil como se supõe à primeira vista.

Apresentam-se, a seguir, alguns tipos de combinações possíveis, com suas


vantagens, suas desvantagens e suas aplicações.

7.1 LIGAÇÃO EM Y-Y


Normalmente utilizada para alimentar cargas de menor potência, devido
à corrente elétrica que circula em seus enrolamentos, a ligação estrela-estrela é
estabelecida por meio da conexão dos seus terminais, conforme mostra a Figura 24.
Destacamos que, para o fechamento em estrela, é necessário que todas as bobinas
sejam conectadas com um ponto em comum entre elas. Um fator importante a ser
observado é a questão das polaridades das bobinas, que, em caso de ligação indevida,
podem ocasionar tensões maiores que as nominais. Podemos ressaltar, também, que
as tensões de fase estão representadas como VAN, VBN e VCN para o primário e Van, Vbn e
Vcn para o secundário, e as tensões de linha são representadas por VCA, VAB e VBC para o
primário e Vab, Vbc e Vca para o secundário.

FIGURA 24 – LIGAÇÃO ESTRELA-ESTRELA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

FONTE: Os autores

Algumas vantagens da instalação estrela-estrela são:

103
• conexão mais econômica para transformadores de pequenas potências e altas
tensões;
• ambos os neutros são disponíveis para aterramento ou para fornecer uma alimentação
equilibrada a quatro fios;
• uma das conexões mais fáceis de se trabalhar, quando da colocação em paralelo;
• se faltar uma fase em qualquer dos dois lados, as duas remanescentes poderão
operar, de forma a permitir uma transformação monofásica, com 57,7% de potência
de quando operava com as três fases.

Já algumas desvantagens dessa forma de ligação são:

• os neutros são flutuantes, a menos que sejam solidamente aterrados;


• se as cargas no circuito do transformador estiverem desequilibradas, as tensões nas
fases do transformador podem se tornar gravemente desequilibradas;
• as tensões das terceiras harmônicas podem ser elevadas;
• uma falta em uma fase torna o transformador incapaz de fornecer uma alimentação
trifásica;
• dificuldade de construção das bobinas maiores e custos mais altos, à medida que as
correntes de linha se tornam muito grandes.

Para Umans (2014), a conexão estrela-estrela é raramente utilizada, devido a


dificuldades oriundas de fenômenos associados à corrente de excitação, pois, como
não há conexão de neutro para conduzir as harmônicas da corrente de excitação, as
tensões de harmônicas são produzidas distorcendo, de modo significativo, as tensões
do transformador.

Chapman (2013) ressalta que, para que os problemas de desequilíbrio e de


terceira harmônica sejam resolvidos, realiza-se o sólido aterramento dos neutros dos
transformadores – especialmente o neutro do enrolamento primário – ou acrescenta-se
um terceiro enrolamento ligado em delta ao banco de transformadores, causando um
fluxo de corrente harmônica que circula dentro desse enrolamento.

A relação de transformação do transformador trifásico ligado em estrela-estrela


é a razão entre a tensão de linha do primário e a tensão de linha do secundário, sendo:

(14)

Em que: RT é a relação de transformação do transformador trifásico ligado em


estrela-estrela; VL1Y é a tensão de linha do primário fechado em estrela; e VL2Y é a tensão
de linha do secundário fechado em estrela.

104
A Figura 25 apresenta as relações das tensões e das correntes para uma
ligação estrela-estrela do transformador trifásico. Observamos que as correntes de
fase e de linha nas ligações estrela são iguais, enquanto as tensões de linha são √3
vezes maiores que as de fase.

FIGURA 25 – LIGAÇÃO ESTRELA-ESTRELA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO COM AS INDICAÇÕES


DAS CORRENTES E DAS TENSÕES

FONTE: Adaptada de Umans (2014)

7.2 LIGAÇÃO EM Y-∆


Sua principal aplicação é a do abaixamento de tensão de sistema usando
grandes transformadores, devido às altas tensões e baixas correntes do sistema primário
e às baixas tensões e altas correntes do sistema secundário. A ligação estrela-delta é
estabelecida por meio da conexão dos seus terminais (Figura 26). Notamos que, para o
fechamento em delta, é importante observar as polaridades das bobinas, pois esse tipo
de ligação requer que os terminais das bobinas de polaridades instantâneas opostas
sejam conectados através da malha para formar um caminho fechado. Podemos
observar, também, que as tensões de linha são representadas por VCA, VAB e VBC para o
primário e Vab, Vbc e Vca para o secundário, e as tensões de fase são as mesmas de linha
na ligação delta do secundário.

FIGURA 26 – LIGAÇÃO ESTRELA-DELTA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

FONTE: Os autores

105
Algumas vantagens da instalação estrela-delta são:

• as tensões de terceiro harmônico são eliminadas pela circulação das correntes de


terceiro harmônico no secundário em delta;
• é mais estável em relação a cargas desequilibradas, porque o lado delta redistribui
parcialmente qualquer desequilíbrio que possa ocorrer;
• o neutro do primário pode ser aterrado;
• a melhor combinação para transformadores abaixadores, pois a conexão estrela é
apropriada para altas tensões e a delta, para altas correntes.

Algumas desvantagens dessa forma de ligação são:

• não há neutro no secundário disponível para aterramento ou para uma possível


alimentação a quatro fios;
• a falta de uma fase torna o transformador inoperante;
• a tensão secundária é deslocada de 30° em relação à tensão primária do transformador,
exigindo maior atenção ao realizar a conexão em paralelo entre os secundários de
transformadores.

Chapman (2013) afirma que, quando esses enrolamentos secundários forem


colocados em paralelo, os ângulos de fase devem ser iguais. Isso significa que devemos
prestar atenção na determinação de qual é o sentido desse deslocamento de fase de
30° nos secundários de cada um dos bancos de transformadores que são colocados
em paralelo. Ele ainda orienta que as instalações mais antigas devem ser examinadas
cuidadosamente antes que um novo transformador seja colocado em paralelo,
assegurando que seus ângulos de fase sejam compatíveis.

A relação de transformação do transformador trifásico ligado em estrela-delta é


a razão entre a tensão de linha do primário e a de linha do secundário, sendo:

(15)

Em que: RT é a relação de transformação do transformador trifásico ligado em


estrela-delta; VL1Y é a tensão de linha do primário fechado em estrela; e VL2∆ é a tensão
de linha do secundário fechado em delta.

A Figura 27 apresenta as relações das tensões e das correntes para uma ligação
estrela-delta do transformador trifásico. Observamos que as correntes de fase e de
linha são iguais na ligação estrela, enquanto, na ligação delta, a corrente de linha é √3
vezes maior que a corrente de fase. Entretanto, a tensão de linha é √3 vezes maior que
a tensão de fase na ligação estrela e, na ligação delta, as tensões têm o mesmo valor.

106
FIGURA 27 – LIGAÇÃO ESTRELA-DELTA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO COM INDICAÇÃO DAS
CORRENTES E DAS TENSÕES

FONTE: Adaptada de Umans (2014)

7.3 LIGAÇÃO EM ∆-Y


Sua principal aplicação é na alimentação com quatro condutores de cargas,
que podem ser equilibradas ou desequilibradas. É também utilizada para a elevação
de tensão para a alimentação de uma linha de alta tensão. A ligação delta-estrela é
estabelecida por meio da conexão dos seus terminais, conforme mostra a Figura 28.
Observamos que as tensões de linha são representadas por VCA, VAB e VBC para o primário
e Vab, Vbc e Vca para o secundário.

FIGURA 28 – LIGAÇÃO DELTA-ESTRELA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

FONTE: Os autores

Algumas vantagens da instalação delta-estrela são:

• as tensões de terceiro harmônico são eliminadas pela circulação das correntes de


terceiro harmônico no primário em delta;
• o neutro do secundário pode ser aterrado ou utilizado para uma alimentação a quatro
condutores;
• cargas equilibradas e desequilibradas podem ser alimentadas simultaneamente.

107
Algumas desvantagens dessa forma de ligação são:

• a falta de uma fase leva à inoperância do transformador;


• o enrolamento em delta pode ser mecanicamente fraco no caso de transformadores
abaixadores com uma tensão primária muito alta ou no caso de pequenas potências
de saída.

Segundo Petruzella (2013), quando o secundário do transformador alimenta


grandes cargas não equilibradas, o enrolamento primário em triângulo fornece um
melhor equilíbrio de corrente para a fonte primária.

A relação de transformação do transformador trifásico ligado em delta-estrela é


a razão entre a tensão de linha do primário e a de linha do secundário, sendo:

(16)

Em que: RT é a relação de transformação do transformador trifásico ligado em


delta-estrela; VL1∆ é a tensão de linha do primário fechado em delta; e VL2Y é a tensão de
linha do secundário fechado em estrela.

A Figura 29 apresenta as relações das tensões e das correntes para uma ligação
delta-estrela do transformador trifásico. Observamos que as correntes de fase e de
linha são iguais na ligação estrela, enquanto, na ligação delta, a corrente de linha é √3
vezes maior que a corrente de fase. Entretanto, a tensão de linha é √3 vezes maior que
a tensão de fase na ligação estrela e, na ligação delta, as tensões têm o mesmo valor.

FIGURA 29 – LIGAÇÃO DELTA-ESTRELA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO COM INDICAÇÃO DAS


CORRENTES E DAS TENSÕES

FONTE: Adaptada de Umans (2014)

108
7.5 LIGAÇÃO EM ∆-∆
Sua principal aplicação é em sistemas em que uma falta fase-terra é muito
provável e pode ser perigosa. A ligação delta-delta é estabelecida por meio da conexão
dos seus terminais, conforme mostra a Figura 30. Podemos observar que as tensões
de linha são representadas por VCA, VAB e VBC para o primário e Vab, Vbc e Vca para o
secundário.

FIGURA 30 – LIGAÇÃO DELTA-DELTA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

FONTE: Os autores

Algumas vantagens da instalação delta-delta são:

• se faltar uma fase em qualquer um dos lados, as duas remanescentes poderão ser
operadas em delta aberto para dar saída trifásica com 1/√3 da potência anterior;
• é a combinação mais econômica para transformadores de baixa tensão e altas
correntes;
• as tensões de terceiro harmônico são eliminadas pela circulação de corrente de
terceiro harmônico nos enrolamentos em delta;
• uma das mais fáceis combinações para colocação em paralelo;
• com tensões de linha simétricas, nenhuma parte dos enrolamentos pode estar
normalmente a um potencial excessivo em relação à terra, a não ser devido a cargas
estáticas.

Já algumas desvantagens dessa forma de ligação são:

• não há neutros disponíveis;


• não pode haver suprimento de energia com quatro condutores;
• as dificuldades de construção das bobinas são maiores, e os custos mais altos com
altas tensões de linha;
• sob condições normais de operação, a máxima tensão à terra em cada fase é l/√3 da
tensão de linha, enquanto a mínima tensão é de l/2√3 – as solicitações do isolamento
são, portanto, maiores que em conexão estrela.

109
Segundo Chapman (2013), esse transformador não apresenta nenhum
deslocamento de fase e não tem problemas de cargas desequilibradas ou harmônicas.

A relação de transformação do transformador trifásico ligado em delta-delta é


a razão entre a tensão de linha do primário e a tensão de linha do secundário, sendo:

(17)

Em que: RT é a relação de transformação do transformador trifásico ligado em


delta-delta; VL1∆ é a tensão de linha do primário fechado em delta; e VL2∆ é a tensão de
linha do secundário fechado em delta.

A Figura 31 demonstra as relações das tensões e das correntes para uma ligação
delta-delta do transformador trifásico. Observamos que, na ligação delta, a corrente de
linha é √3 vezes maior que a corrente de fase. Entretanto, as tensões de fase e de linha
têm o mesmo valor.

FIGURA 31 – LIGAÇÃO DELTA-DELTA DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO COM INDICAÇÃO DAS


CORRENTES E DAS TENSÕES

FONTE: Adaptada de Umans (2014)

A conexão delta-delta, entre suas vantagens, apresenta uma bem peculiar,


pois, em caso de manutenção ou falha de um transformador, ele pode ser removido,
enquanto os dois restantes continuam funcionando como um banco trifásico, com
o valor nominal reduzido a 58% do banco original. Essa vantagem é conhecida como
conexão V-V ou delta aberto.

7.6 CONEXÃO V-V


Se o primário de um transformador de um sistema delta-delta for acidentalmente
aberto, o sistema continuará a entregar energia a uma carga trifásica. Se for o caso de
um transformador monofásico defeituoso e, por isso, desligado e removido, a bancada
resultante chama-se delta aberto ou sistema V-V. O sistema continuará a suprir potência
110
trifásica às cargas ligadas em delta ou triângulo, sem alteração nas tensões. Na Figura
32, podemos observar as tensões e as correntes do transformador trifásico após o
desligamento de um dos transformadores monofásicos.

FIGURA 32 – LIGAÇÃO DELTA ABERTO DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO COM INDICAÇÃO DAS


CORRENTES E DAS TENSÕES

FONTE: Os autores

É possível observar que as tensões de fase e linha são as mesmas. Vab é a tensão
induzida na bobina secundária “a” do transformador; Vbc, por sua vez, corresponde à
bobina “b”; e a soma fasorial (Vab+ Vbc) produz Vca. Dessa maneira, o sistema V-V ainda
produz três tensões de linha defasadas de 120°.

A potência suprida por transformador num sistema V-V corresponde a 57,7% da


potência total, desde que cada transformador num sistema V-V continue entregando
a corrente de linha. Assim, a potência suprida por transformador num delta aberto,
comparada à potência total trifásica, é:

(18)

Na equação, também é possível ver que, se três transformadores em delta-


delta estão suprindo carga nominal e um é removido, a sobrecarga em cada um dos
transformadores que permanecem seria de 173%.

EXEMPLO

Cada um dos transformadores de um banco trifásico delta-delta tem capacidade


nominal de 30 kVA, e a carga suprida trifásica é de 60 kVA. Se um transformador
defeituoso for removido para reparos, calcule, para a conexão V-V, a porcentagem de
carga nominal e o aumento percentual de carga em cada um remanescente.

111
A partir do exemplo, é possível notar que a carga de cada transformador
aumentou de 173%, como resultado da remoção de um transformador da bancada delta-
delta. Os dois transformadores em V-V estão sobrecarregados de 15,5% cada um. Essa
sobrecarga deve ser mantida enquanto o terceiro transformador não for substituído.

Kosow (1982) comenta que as concessionárias aproveitam a relação anterior, ao


iniciarem um sistema trifásico pela ligação V-V, e acrescentam um terceiro transformador
quando as condições de aumento de carga exigirem.

8 ATIVIDADE PRÁTICA
Nesta atividade prática, analisaremos a construção de um pequeno
transformador para eletrônica, com o objetivo de comprovar os principais conceitos
sobre transformadores vistos anteriormente e para verificar aspectos práticos que não
são considerados no estudo teórico.

8.1 PROCESSO DE ENROLAMENTO DE UM


TRANSFORMADOR
Para muitas aplicações, o isolamento do transformador deve ser muito bom para
não correr o risco de danificar tanto o transformador quanto o equipamento nele ligado.

DICA
Veja, no vídeo a seguir, como se produz um transformador com enrolamentos
em camadas isoladas, utilizado para alimentação de um amplificador valvulado:
https://youtu.be/YRI4s2bCUQI.

112
8.2 ANÁLISE E RELATÓRIO
Agora é hora de elaborar um relatório, descrevendo o que foi possível verificar.
Devem constar nesse relatório:

• o número de bobinas e suas respectivas tensões;


• as características de tensão dos enrolamentos;
• a bitola dos fios utilizados;
• o esquema elétrico do transformador.

Considere que esse transformador seja utilizado num local cuja tensão de
alimentação é de 127 volts (AC). Quais são as possíveis tensões obtidas na saída desse
transformador (considere todas as possibilidades de interconexão dos secundários)?

Socialize seu relatório com seus colegas.

113
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Podemos descrever bem a tensão no primário dividindo-a em três: queda na resis-


tência do primário, queda devido ao fluxo disperso do primário e força eletromotriz
induzida pelo fluxo mútuo resultante no primário.

• Em relação ao enrolamento primário de um transformador, existe um fluxo disperso,


responsável por induzir uma tensão que é somada à produzida pelo fluxo mútuo. Essa
tensão varia linearmente com a corrente I1, chamada de corrente de primário.

• A existência de transformadores trifásicos é justificada por fatores técnicos e


econômicos, pois a transmissão num sistema trifásico é mais econômica e os motores
trifásicos são menores e mais eficientes do que monofásicos de mesma potência.

• Os transformadores trifásicos são normalmente construídos em banco de transfor-


madores monofásicos ou em um único transformador trifásico mononuclear.

• Os transformadores trifásicos podem ter seus enrolamentos de entrada e saída conec-


tados em delta ou em estrela, num total de quatro possibilidades combinadas. Cada
uma dessas possibilidades apresenta vantagens e desvantagens técnicas específicas.

114
AUTOATIVIDADE
1 O ângulo da corrente em um transformador real, quando aplicado a uma carga,
sempre está atrasado em relação à tensão, devido ao fator de potência estar sempre
atrasado. Em relação às correntes do transformador real, além desse atraso, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) A corrente de excitação do transformador é extremamente pequena se comparada


à corrente de carga quando o transformador está a plena carga.
b) ( ) A corrente de excitação do transformador é exatamente a mesma se comparada à
corrente de carga quando o transformador está a plena carga.
c) ( ) A corrente de excitação do transformador é exatamente a metade se comparada à
corrente de carga quando o transformador está a plena carga.
d) ( ) A corrente de excitação do transformador é extremamente grande se comparada à
corrente de carga quando o transformador está a plena carga.
e) ( ) A corrente de excitação do transformador é exatamente o dobro se comparada à
corrente de carga quando o transformador está a plena carga.

2 Os modelos dos transformadores são usados para representar, em forma de circuitos,


o funcionamento do transformador. Com base na principal característica de um
modelo fiel de um transformador, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O surgimento de mais uma corrente no circuito que está em análise, devido ao


ramo de excitação do modelo.
b) ( ) O surgimento de mais uma tensão no circuito que está em análise, devido ao ramo
de excitação do modelo.
c) ( ) O surgimento de mais um campo magnético no circuito que está em análise, devido
ao ramo de excitação do modelo.
d) ( ) O surgimento de mais uma malha no circuito que está em análise, devido ao ramo
de depleção do modelo.
e) ( ) O surgimento de mais um nó no circuito que está em análise, devido ao ramo de
excitação do modelo.

3 Ao comparar transformadores, devem ser observadas as diferenças entre eles, as quais


sempre existem em maior ou menor complexidade, dependendo do desempenho do
transformador em análise. Ao comparar um modelo de transformador ideal com um
de transformador real, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) No modelo real, o núcleo desacopla as bobinas com permeabilidade magnética


zerada. No modelo de transformador ideal, uma permeabilidade magnética no seu
núcleo é apresentada de forma finita.

115
b) ( ) No modelo ideal, a permeabilidade magnética do núcleo que faz o acoplamento das
bobinas é infinita. No modelo de transformador real, a permeabilidade magnética no
seu núcleo é finita.
c) ( ) No modelo de transformador real, o núcleo permanente converge com as bobinas
e suas permeabilidades magnéticas. Já no modelo de transformador ideal, o núcleo
permanente diverge com elas.
d) ( ) No modelo de transformador real, a permeabilidade magnética do núcleo que faz
o acoplamento das bobinas é constante. No modelo de transformador ideal, a
permeabilidade magnética no seu núcleo é infinita.
e) ( ) No modelo real, a permeabilidade magnética do núcleo que faz o acoplamento das
bobinas é infinita. No modelo de transformador ideal, a permeabilidade magnética
no seu núcleo é finita.

4 Considere que, em um ensaio a vazio de um transformador, foram obtidos os


seguintes valores: VV2 = 100V, IVZ = 2 A e PVZ = 150W. Qual o fator de potência desse
transformador?

5 É possível calcular o valor da reatância de magnetização para um transformador. Ao


considerar um transformador que tenha um modelo equivalente ao circuito a seguir,
calcule o valor da reatância de magnetização se a indutância de magnetização for de 1H
em um período de 16 ms. O resultado encontrado será:

FONTE: <https://bit.ly/30f85tJ> Acesso em: 28 mar. 2021

116
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
OPERAÇÃO DE TRANSFORMADORES EM
PARALELO
1 INTRODUÇÃO

Dois transformadores em paralelo recebem energia de um mesmo barramento,


entregando-a em um barramento comum. Algumas vantagens da operação em
paralelismo são: custo inicial menor, operação próxima do máximo rendimento, facilidade
de manutenção e maior confiabilidade no abastecimento de energia.

Neste capítulo, você vai estudar o funcionamento de transformadores em
paralelo e verificar como ocorre a ligação desses transformadores. Para isso, algumas
condições são necessárias, como você também vai ver. Ao final do capítulo, você vai
conhecer o funcionamento dos transformadores trifásicos ligados em paralelo.

2 TRANSFORMADOR EM PARALELO

Uma das operações mais importantes realizadas com os transformadores é a
ligação em paralelo. Ela é utilizada para aumentar a potência e/ou obter mais confiabilidade
de um sistema elétrico. Na Figura 33, veja a ligação de dois transformadores em paralelo
em uma subestação típica.

FIGURA 33 – SUBESTAÇÃO TÍPICA COM TRANSFORMADORES EM PARALELO

FONTE: Oliveira, Cogo e Abreu (2018, p. 77)

A operação em paralelo de transformadores é muito importante em algumas


situações. A seguir, veja quais são elas:

117
• Necessidade de ampliação das instalações: nessa situação, quando se quer, por
exemplo, aumentar a potência de uma subestação, a solução é acrescentar mais
um transformador ao banco de transformadores em paralelo (em vez de substituir o
transformador existente por outro maior).
• Limitação das potências unitárias: nesse caso, há potências muito altas por
imposições de projeto, ocasionadas por dificuldades com perda de calor
(arrefecimento), assim como por problemas relativos ao transporte de carga com
peso e dimensões acima de determinados limites.
• Confiabilidade e reserva mais econômica: caso ocorram avarias, quando se tem
dois ou mais transformadores em paralelo, o problema em um deles não impede
a continuidade do fornecimento de energia, porém a potência é reduzida. No caso
de falhas, também há a possibilidade de se ter um transformador de reserva; nesse
caso, a potência é mantida.
• Operações sob condições mais adequadas de carga: dependendo da região, as cargas
estão sujeitas a variações 24 horas por dia. Assim, os transformadores de potência
que estão em atividade em uma subestação operam sob condições próximas
as de rendimento máximo, retirando ou colocando unidades para manter as que
permanecem em atividade sob condições próximas à substação de plena carga.

A ligação em paralelo dos transformadores tem algumas vantagens. Veja a seguir:

• Maior confiabilidade do sistema: se um dos transformadores ficar com algum defeito,


o outro pode continuar a alimentar a carga.
• Possibilidade de manutenção sem cortes de alimentação: a manutenção de um dos
transformadores pode ocorrer sem que seja necessário desligar a alimentação da
carga (se a potência disponível no outro transformador for suficiente para alimentar
a carga restante).
• Expansão do sistema: possibilidade de aumento da capacidade do sistema.
Acrescenta-se um transformador para aliviar outro que esteja com sobrecarga, ou
simplesmente para aumentar a potência disponível para alimentar a carga.
• Operação sob condições mais favoráveis de carga: com as variações de carga
que ocorrem ao longo do dia, é vantajoso que os transformadores funcionem em
condições próximas as de máximo rendimento. Isso significa introduzir ou retirar
unidades, para que se mantenham ligadas às que funcionam próximo do seu regime
nominal.

3 CONDIÇÕES PARA A LIGAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR


EM PARALELO

Para a adequação da operação em paralelo dos transformadores, alguns
requisitos são necessários. A seguir, você vai conhecê-los melhor.

118
3.1 NECESSIDADE DE MESMA RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO
E TENSÃO
As relações de transformação dos transformadores devem ser iguais ou muito
próximas, mas isso não é o suficiente. As tensões também devem ser as mesmas.
Observe a Figura 34, o transformador 1 (T1) e o transformador 2 (T2) possuem a mesma
tensão entre fases na alimentação. Para que os dois transformadores sejam ligados em
paralelo, as leituras nos voltímetros devem ser iguais ou muito similares.

FIGURA 34 – RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO

FONTE: Oliveira, Cogo e Abreu (2018, p. 78)

Suponha que o T1 tem 2.000 V/200 V e que o T2 tem 200 V/20 V. Ambos possuem
a mesma relação, porém não é possível ligar um primário de 2.000 V a outro de 200 V.

ATENÇÃO
O fato de as tensões primária e secundária dos transformadores
serem iguais implica uma relação de transformação igual, mas
relação de transformação igual não implica tensões primárias e
secundárias iguais.

Se a condição de tensão igual não for respeitada, em vazio, surgirá uma corrente
de circulação alta entre os transformadores. A corrente de circulação, por gerar uma
potência de compensação, tem como principal efeito aumentar a carga no transformador
com maior tensão secundária, podendo sobrecarregá-lo e sobreaquecê-lo. A corrente de
circulação não deve atingir mais de 10% das correntes nominais.

119
A corrente de circulação é dada pela equação a seguir (OLIVEIRA; COGO; ABREU,
2018):

Onde:

• é a variação da relação de transformação, em que K1 é a relação de


transformação do T1 e K2 é a relação de transformação do T2;
• S’n é a potência nominal do T1;
• S”n é a potência nominal do T2;
• Z’% é a impedância do T1;
• Z”% é a impedância do T2.

3.2 NECESSIDADE DE IGUALDADE DE DESFASAMENTO DOS


DIAGRAMAS VETORIAIS

Quando há dois transformadores em paralelo, uma das condições é que os
terminais se encontrem todos no mesmo potencial. Dois ou mais transformadores
poderão ser ligados em paralelo quando seus deslocamentos de fase forem iguais. Caso
isso não aconteça, surgirá a corrente de circulação, que é indesejada.

O problema de defasagem relativo às tensões dos terminais de ligação (estrela,
triângulo e ziguezague) acontece em transformadores polifásicos, em particular no
trifásico.

3.3 POLARIDADE
Quando dois ou mais transformadores estão em paralelo, as conexões dos
secundários desses transformadores formam uma malha. Se possuem a mesma
polaridade, as forças eletromotrizes (FEMs) se anulam e a tensão resultante é igual a
zero. Contudo, se essa tensão resultante tem um valor diferente de zero, aparece uma
corrente de circulação alta.

A polaridade é definida como a marcação nos terminais dos enrolamentos
dos transformadores. Essa marcação é uma referência determinada pelo fabricante, o
projetista ou o usuário. Ela indica o sentido da circulação da corrente em dado instante em
razão do sentido do fluxo produzido, ou seja, a relação entre os sentidos momentâneos
das FEMs nos enrolamentos primário e secundário. A polaridade depende do modo
como são enroladas as espiras que formam os enrolamentos primário e secundário.

120
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2007) convencionou marcar
os terminais do lado de alta tensão com a letra H, e os de baixa tensão, com a letra
X. A Figura 35 representa duas situações distintas para as tensões induzidas em um
transformador monofásico. Na Figura 35a, observe que as tensões induzidas U1 e U2
apontam para os bornes adjacentes H1 e X1 e que as tensões estão em fase (mesmo
sentido), isto é, possuem a mesma polaridade instantânea. Já na Figura 35b, ocorre o
inverso, com as tensões induzidas dirigidas para os bornes invertidos; as tensões estão
defasadas em 180°, então as polaridades são opostas.

FIGURA 35 – TENSÕES INDUZIDAS NO TRANSFORMADOR MONOFÁSICO: (A) POLARIDADE NEGATIVA E (B)


POLARIDADE POSITIVA.

FONTE: Adaptada de Paulino (2014)

Existem alguns métodos de ensaio que são usados para determinar a


polaridade de um transformador monofásico: método do golpe indutivo com corrente
contínua, método da corrente alternada, método do transformador padrão e método
do transformador de referência variável (ALMEIDA; PAULINO, 2012). A seguir, você vai
conhecer melhor os dois principais: o método do golpe indutivo com corrente contínua
e o método da corrente alternada.

3.3.1 Método do golpe indutivo com corrente contínua


Nesse método, o transformador é ligado a uma fonte de tensão contínua entre
os enrolamentos de alta tensão. Também é instalado um voltímetro de corrente contínua
entre os terminais de alta tensão. Isso serve para que se obtenha uma deflexão positiva
quando se liga uma fonte de Corrente Contínua (CC). Nesse caso, a polaridade positiva
do voltímetro é ligada ao positivo da fonte, e esse, em H1.

Após, coloca-se o positivo do voltímetro em X1 e o negativo em X2. Em seguida,
fecha-se a chave, observando o sentido de deflexão do voltímetro. Assim, se as duas
deflexões possuírem o mesmo sentido, haverá uma polaridade subtrativa, porém, se os
sentidos forem opostos, haverá uma polaridade aditiva. Na Figura 36, veja um esquema
do método do golpe indutivo.

121
FIGURA 36 – MÉTODO DO GOLPE INDUTIVO

FONTE: Adaptada de Paulino (2014)

3.3.2 Método da corrente alternada


O método da corrente alternada é muito utilizado devido a sua facilidade e sua
versatilidade. Na Figura 37, veja como é feita a montagem. O primeiro passo é aplicar
uma tensão alternada de valor baixo (relativamente ao valor nominal) em um dos
enrolamentos do transformador.

FIGURA 37 – MÉTODO DA CORRENTE ALTERNADA

FONTE: Adaptada de Paulino (2014)

Se V for igual à soma V1 + V2, haverá uma polaridade aditiva. Contudo, se V for
a diferença V1 – V2, haverá uma polaridade subtrativa. As tensões podem ser medidas
com um voltímetro ou por meio de um osciloscópio.

3.4 VALORES DAS IMPEDÂNCIAS EQUIVALENTES


A condição ideal para dois transformadores em paralelo é que os seus
argumentos sejam iguais e que os módulos das suas impedâncias complexas sejam
equivalentes. Isso significa que eles devem ter tensões de curto-circuito iguais.

122
Ignore as componentes em vazio das correntes primárias dos transformadores.
Assim, é possível representar os dois transformadores ligados em paralelo, como mostra
a Figura 38. Os parâmetros e as variáveis são referentes ao secundário. Observando a
Figura 38, note que a corrente I é a soma das correntes Iα e Iβ, que são a contribuição de
cada transformador.

Pode-se definir Iα e Iβ da seguinte forma:

FIGURA 38 – TRANSFORMADOR LIGADO EM PARALELO

FONTE: Adaptada de Jordão (2002)

EXEMPLO

Agora você vai ver um exemplo que ilustra os conceitos estudados até aqui.
Para começar, considere dois transformadores monofásicos com as especificações
apresentadas a seguir.

• Transformador 1: 300 KVA; 12.500/220; R' = 1,5 × 10-3 Ω; X' = 8,5 × 10-3 Ω.
• Transformador 2: 600 KVA; 12.500/220; R' = 0,75 × 10-3 Ω; X' = 4 × 10-3 Ω.

As resistências e as reatâncias são referentes ao lado de baixa tensão do


transformador. Calcule as contribuições S1 e S2 de cada um dos transformadores
quando é suprida uma carga S de 700 KVA. Considere que o fator de potência
indutivo é 0,8. Veja o cálculo a seguir.

123
124
ATENÇÃO
Pequenas correntes de circulação sempre vão existir em transformadores
ligados em paralelo, porém sem prejuízos ao seu funcionamento. É
estabelecido por norma que o valor máximo de correntes de circulação
que podem passar pelo circuito, medidas em bancos de transformadores
em vazio, corresponde a 15% da corrente nominal do transformador de
menor potência.

4 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS PARALELOS



Para ligar dois transformadores trifásicos em paralelo, é preciso garantir as
condições já apresentadas para transformadores monofásicos: a mesma tensão de entrada,
a mesma relação de transformação e a mesma polaridade. Contudo, há uma condição
a mais: pertencimento a um mesmo grupo de deslocamento angular, ou seja, deve-se
garantir que os deslocamentos de fase das tensões secundárias sejam os mesmos.

A igualdade das fases nos transformadores trifásicos está relacionada com
a maneira como se ligam os seus enrolamentos. Essa ligação pode ser em triângulo
ou delta (D ou d), estrela (Y ou y) ou ziguezague (z). Portanto, ela depende do desvio
angular dos transformadores.

O desvio angular é o desfasamento entre os fasores das tensões que estão
entre o ponto neutro e os terminais equivalentes de dois enrolamentos quando os
enrolamentos de tensão mais elevada estão ligados a um sistema de tensões trifásico.
O desvio angular é o desfasamento, em atraso, entre as tensões dos enrolamentos do
primário, ou seja, as de mais alta tensão, e as do secundário, as reais, da mesma fase. A
condição fundamental para que os transformadores se conectem em paralelo é que os
terminais fiquem o tempo todo no mesmo potencial.

Os transformadores nos quais a sequência de fases está oposta (os diagramas
vetoriais têm um sentido de rotação inverso) não podem se ligar em paralelo. Sabe-se
que em determinado momento os vetores de tensão secundária vão coincidir, porém no
instante seguinte os vetores vão se deslocar e vão surgir diferenças de potencial entre
as fases homólogas. Dessa forma, para que os transformadores possam ser ligados em
paralelo, os diagramas vetoriais devem ter o mesmo sentido.

Na Figura 39, veja a marcação dos terminais de transformadores, bem como os
diagramas vetoriais de tensão para ligações de transformadores trifásicos (OLIVEIRA;
COGO; ABREU, 2018).

125
FIGURA 39 – LIGAÇÕES DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

FONTE: Oliveira, Cogo e Abreu (2018, p. 78)

126
ATIVIDADE
PARTE PRÁTICA: UM ESTUDO DE CASO

Nesta atividade prática vamos analisar uma situação hipotética muito
comum em indústrias diversas, que é o aumento da capacidade de
transformação de uma subestação pela adição de um transformador
extra a ser conectado em paralelo com o transformador existente.

Para fins de simplificação da análise, consideraremos a análise de apenas
uma fase, porém o estudo é perfeitamente válido para um sistema trifásico.
O modelo elétrico dos transformadores será o da reatância série. Ainda,
consideraremos que os transformadores conseguem entregar a mesma
tensão de saída, nas mesmas polaridades e defasamentos. Apesar de
todas essas simplificações, esta análise será perfeitamente válida.

Esta análise pode ser realizada através de cálculos de análise de circuitos
ou pela simulação do sistema num programa próprio para este fim.

APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO

Uma empresa possui uma subestação com um transformador com


capacidade de 250 kVA, tensões nominais de 15kV/220V e reatância série
de 0,029 ohms. Por questões de ampliação do parque fabril, essa empresa
necessita de mais 100 kVA de potência na subestação de energia.

O setor comercial da empresa encontrou dois transformadores
que, a princípio, podem atender a esse aumento. Os dados desses
equipamentos são mostrados a seguir:

DADOS DE PLACA DOS TRANSFORMADORES PROPOSTOS PARA AQUISIÇÃO

Potência Reatância Tensões


Nominal (kVA) série (Ω) Nominais

Transformador A 150 0,025 15kV/220V

Transformador B 100 0,075 15kV/220V


FONTE: O autor

Você, como engenheiro eletricista responsável pela instalação elétrica


desta empresa deverá indicar o transformador que melhor vai atender
a essa demanda.

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE

Para verificar o comportamento do transformador antigo e novo (a ser


escolhido) funcionando em paralelo, vamos proceder com a análise de
circuitos do sistema equivalente dessa ligação.

Para o modelo do transformador, vamos considerar uma fonte de
tensão senoidal ideal de 220 volts ligada em série com uma reatância,
cujo valor é indicado no Quadro 1. Para a carga da empresa será
adotada uma impedância de valor Zc = 0,125 + j0,040 Ω, que consome,

127
aproximadamente, 350 kVA (250 kVA da potência existente em adição
a 100 kVA da potência a ser instalada na empresa), vamos utilizar uma
impedância Zc = 0,125 +j0,040 Ω.

Assim, o circuito elétrico equivalente da instalação da empresa é mostrado
na figura a seguir.

O procedimento de avaliação consistirá em realizar duas análises


distintas: uma análise do transformador existente em paralelo com o
transformador “A” e outra análise feita com o transformador existente
funcionando junto com o transformador “B”.

Para cada análise, deve-se medir/calcular a corrente que circulará em
cada transformador e, também, determinar a potência fornecida por
cada transformador (potência entregue pela fonte de tensão ideal do
modelo). Preencher os dados solicitados nos Quadros 2 e 3:

RESULTADOS DA ANÁLISE COM O TRANSFORMADOR A

Potência Corrente Potência


Nominal (kVA) (A) Entregue (kVA)

Transformador
250
existente
Transformador A 150

RESULTADOS DA ANÁLISE COM O TRANSFORMADOR B

Potência Corrente Potência


Nominal (kVA) (A) Entregue (kVA)

Transformador
250
existente
Transformador B 100

128
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com base nos dados levantados justifique a escolha do novo transformador


a ser utilizado para funcionar em paralelo com o transformador existente.

Socialize seus resultados com os demais colegas da turma.

Resposta esperada:
O transformador A, apesar de possuir maior potência nominal, não
poderá ser utilizado pois a corrente que circulará por ele ficará acima
de sua capacidade. A potência entregue por este transformador
será de, aproximadamente, 191 kVA.
O transformador B vai operar dentro da sua capacidade máxima de
potência e corrente e, portanto, ser utilizado. Este transformador
entregará uma potência de 97 kVA nas condições propostas.
O que determina os diferentes valores de correntes pelos transfor-
madores A e B é o valor de suas reatâncias série.

DICA
Em termos práticos, existem procedimentos padronizados mais simples
do que o método apresentado para se determinar a possibilidade de
dois ou mais transformadores funcionarem em paralelo. No entanto, o
método utilizado neste experimento permite uma melhor compreensão
do comportamento dos equipamentos em cada situação

129
LEITURA
COMPLEMENTAR
O AUTOTRANSFORMADOR

Os enrolamentos primários e secundários de um autotransformador estão


ligados tanto eletricamente quanto magneticamente reduzindo o custo sobre
transformadores convencionais.

Ao contrário do transformador de tensão anterior, que tem dois enrolamentos


eletricamente isolados chamados: o primário e o secundário, um Autotransformador
tem apenas um único enrolamento de tensão que é comum em ambos os lados. Esse
único enrolamento é “derivado” em vários pontos ao longo de seu comprimento para
fornecer uma porcentagem da fonte de tensão primária através de sua carga secundária.
Em seguida, o autotransformador tem o núcleo magnético usual, mas só tem um
enrolamento, que é comum tanto para os circuitos primários quanto secundários.

Portanto, em um autotransformador, os enrolamentos primários e secundários
estão ligados tanto eletricamente quanto magneticamente. A principal vantagem
desse tipo de arranjo de transformador é que ele pode ser muito mais barato para um
mesmo o valor de potência, mas a maior desvantagem de um autotransformador é que
ele não tem o isolamento de enrolamento primário/secundário de um transformador
convencional de duplo enrolamento.

A seção do enrolamento designada como a parte primária está conectada à
fonte de energia CA, sendo o secundário uma parte desse enrolamento primário. Um
autotransformador também pode ser usado para alterar a tensão de alimentação para
cima ou para baixo, invertendo-se as conexões. Se o principal é o enrolamento total e
está conectado a uma fonte, e o circuito secundário é conectado através de apenas
uma parte do enrolamento, então a tensão secundária é "diminuída" como mostrado na
figura a seguir.

130
ESQUEMA DO AUTOTRANSFORMADOR

Quando a corrente primária IP está fluindo através do único enrolamento


na direção da seta como mostrado, a corrente secundária, IS, flui na direção oposta.
Portanto, na porção do enrolamento que gera a tensão secundária, VS a corrente que
flui para fora do enrolamento é a diferença de IP e IS.

O Autotransformador também pode ser construído com mais de um único
ponto de derivação. Os transformadores automáticos podem ser usados para fornecer
diferentes valores de tensão ao longo de seu enrolamento ou aumentar sua tensão de
alimentação em relação a sua tensão de alimentação VP, como mostrado na figura a seguir.

AUTOTRANSFORMADOR COM VÁRIAS DERIVAÇÕES

O método padrão para identificar os enrolamentos de transformador automático


é rotulá-lo com letras maiúsculas. Então, por exemplo, A, B, Z etc. para identificar a
extremidade do fornecimento. Geralmente, a conexão neutra comum é marcada
como N ou n. Para as derivações secundárias, os números de sufixo são usados para
identificação. Esses números geralmente começam no número "1" e continuam em
ordem crescente para todos os pontos de derivação, como mostrado na figura a seguir.

131
MARCAS DE TERMINAIS DO AUTOTRANSFORMADOR

Um autotransformador é usado principalmente para os ajustes das tensões


de linha para alterar seu valor ou mantê-lo constante. Se o ajuste de tensão for por
uma pequena quantidade, para cima ou para baixo, então a relação do transformador
é pequena, pois VP e VS são quase iguais. As correntes IP e IS também são quase iguais.

Portanto, a porção do enrolamento que carrega a diferença entre as duas
correntes pode ser feita a partir de um tamanho condutor muito menor, uma vez que
as correntes são uma economia muito menor no custo de um transformador de duplo
enrolamento equivalente.

No entanto, a regulação, a indutância de fuga e o tamanho físico (uma vez que
não há um segundo enrolamento) de um autotransformador para um determinado valor
de VA ou KVA são menores do que para um transformador de enrolamento duplo.

Os autotransformadores são claramente muito mais baratos do que
transformadores convencionais de duplo enrolamento de mesma potência. Ao se decidir
usar um autotransformador é comum comparar seu custo com o de um tipo equivalente
de duplo enrolamento.

Isso é feito comparando a quantidade de cobre economizada no enrolamento.
Se a razão "n" for definida como a razão da tensão menor em relação à tensão mais alta,
então pode-se mostrar que a economia em cobre é: n*100%. Por exemplo, a economia
em cobre para os dois autotransformadores seria:

132
Exemplo de autotransformador Nº1

Um autotransformador é necessário para aumentar uma tensão de 220 volts
para 250 volts. O número total de enrolamentos da bobina no transformador principal
é de 2000. Determine a posição da derivação do primário, as correntes primárias e
secundárias quando a saída for avaliada em 10KVA e a economia de cobre conseguida.

N1/N2 = V1/V2 → N1 = N2.V1/V2 = 2000.220/250 = 1760 voltas


I2 = VA/V2 = 10000/250 = 40 A
P1 = P2 → V1.I1 = V2.I2
I1 = V2.I2/V1 = 250.40/220 = 45,5 A
Economia = 220/250 x 100% = 88%

Assim, a corrente primária é de 45,4 amperes, a corrente secundária consumida
pela carga é de 40 amperes e 5,4 amperes fluem através do enrolamento comum. A
economia do cobre é de 88%.

Desvantagens de um Autotransformador

• A principal desvantagem de um autotransformador é que ele não tem o isolamento


do primário para o secundário que um transformador convencional de duplo
enrolamento possui. Como consequência, um autotransformador não pode ser usado
com segurança para diminuir tensões mais altas para tensões muito mais baixas
adequadas para cargas menores.
• Se o enrolamento secundário se tornar aberto, a corrente de carga para de fluir
através do enrolamento primário interrompendo a ação do transformador, resultando
na aplicação da tensão primária total nos terminais secundários.
• Se o circuito secundário sofrer uma condição de curto-circuito, a corrente primária
resultante seria muito maior do que um transformador de duplo enrolamento
equivalente devido ao aumento da ligação de fluxo, danificando o autotransformador.
• Uma vez que a conexão neutra é comum tanto aos enrolamentos primários quanto
secundários, aterrar o secundário automaticamente vai aterrar também o primário, pelo
fato de não haver isolamento elétrico entre os dois enrolamentos. Transformadores de
duplo enrolamento às vezes são usados para isolar equipamentos da Terra.

133
O autotransformador tem muitos usos e aplicações, incluindo a partida de
motores de indução, usados para regular a tensão das linhas de transmissão, e pode
ser usado para transformar tensões quando a relação primária para secundária está
próxima da unidade.

Um autotransformador também pode ser feito a partir de transformadores
convencionais de dois enrolamentos conectando os enrolamentos primários e
secundários em série e dependendo de como a conexão é feita, a tensão secundária
pode adicionar ou subtrair a tensão primária.

O Autotransformador Variável

Além de ter um secundário fixo ou derivado que produz uma saída de tensão em
um nível específico, há outra aplicação útil do tipo de arranjo do transformador
automático que pode ser usado para produzir uma tensão CA variável a partir de uma
fonte AC de tensão fixa. Esse tipo de Autotransformador Variável é geralmente usado
em laboratórios, em escolas e faculdades e é mais conhecido como o Variac.

A construção de um autotransformador variável ou Varivolt é a mesma do


tipo fixo. Um único enrolamento primário enrolado em torno de um núcleo magnético
laminado é usado como no transformador automático, mas em vez de ser fixado em
algum ponto de derivação predeterminado, a tensão secundária é tomada através de
escovas de carbono.

Essa escova de carbono é girada ou deslizada ao longo de uma seção exposta
do enrolamento primário, fazendo contato com ele, à medida que se move, forneça o
nível de tensão necessário.

Então, um autotransformador variável contém uma derivação variável na forma


de uma escova de carbono que desliza para cima e para baixo do enrolamento primário
que controla o comprimento de enrolamento secundário e, portanto, a tensão de saída
secundária é totalmente variável do valor de tensão de alimentação primária a zero volts.

134
O autotransformador variável é geralmente projetado com um número
significativo de enrolamentos primários para produzir uma tensão secundária que
pode ser ajustada de alguns volts para frações de um volt por volta. Isso é conseguido
porque a escova de carbono ou controle deslizante está sempre em contato com uma
ou mais curvas do enrolamento primário. À medida que as curvas da bobina primária
são espaçadas uniformemente ao longo de seu comprimento. Então, a tensão de saída
torna-se proporcional à rotação angular.

Autotransformador variável


Podemos ver que o Variac pode ajustar a tensão à carga sem problemas de zero
à tensão de alimentação nominal. Se a tensão de alimentação foi derivada em algum
momento ao longo do enrolamento primário, então potencialmente a tensão secundária
de saída poderia ser maior do que a tensão de alimentação real. Os autotransformadores
variáveis também podem ser usados para o controle de luminosidade de alguns tipos de
lâmpadas, quando usados nesse tipo de aplicação, às vezes são chamados de dimmers.

Os variacs também são muito úteis em oficinas elétricas e eletrônicas e em
laboratórios, pois podem ser usados para fornecer uma fonte de CA variável. Contudo, é
preciso ter cuidado com a proteção adequada do fusível para garantir que a maior tensão
de alimentação não esteja presente nos terminais secundários em condições de falha.

O Autotransformador tem muitas vantagens sobre transformadores
convencionais de enrolamento duplo. Eles são geralmente mais eficientes para a mesma
classificação VA, são menores em tamanho, e como eles exigem menos cobre em sua
construção, seu custo é menor em comparação com transformadores de ferida dupla
da mesma classificação VA. Além disso, suas perdas de núcleo e cobre, I2R são menores
devido à menor resistência e reatâncias de dispersão dando uma regulação de tensão
superior se comparado ao transformador de dois enrolamentos equivalente.

FONTE: Adaptada de <https://www.electronics-tutorials.ws/transformer/auto-transformer.html>. Acesso em:


28 mar. 2021.

135
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Dois ou mais transformadores podem ser ligados em paralelo a fim de fornecer maior
potência a uma determinada instalação ou sistema.

• Para que dois transformadores possam ser ligados em paralelo é necessário que
ambos tenham a mesma relação de transformação, o mesmo defasamento fasorial,
a mesma polaridade e impedâncias equivalentes de valores próximos.

• Se os transformadores ligados em paralelo não tiverem uma tensão nominal igual,


surgirá uma corrente de circulação que aumentará a carga no equipamento de maior
tensão. Essa tensão de circulação não deverá ser maior que 10% das correntes nominais.

• A polaridade dos transformadores depende do modo como são enroladas as espiras


que formam os enrolamentos primário e secundário.

• Os transformadores terem impedâncias equivalentes iguais implica no fato de


possuírem as mesmas tensões de curto-circuito.

136
AUTOATIVIDADE
1 Para ligar dois transformadores em paralelo, algumas condições devem ser
estabelecidas, como a necessidade de relações de transformações muito próximas.
Considere dois transformadores monofásicos com as seguintes especificações:

FONTE: <https://bit.ly/3nVOFSs> Acesso em: 28 mar. 2021.

As resistências e as reatâncias são referidas ao lado de baixa tensão do transformador.


Calcule os valores da contribuição de Sα e Sβ de cada um dos transformadores quando
suprindo carga S de 1.200KVA e fator de potência indutivo de 0,8.

2 Uma das operações mais importantes que utiliza os transformadores é a ligação


de vários deles em paralelo com a finalidade de aumentar a potência e/ou obter
confiabilidade maior de um sistema elétrico. Nesse contexto, dois transformadores
devem ser ligados em paralelo, só que um deles tem sequência de fase positiva, e
o outro, sequência de fase negativa. Os transformadores têm amplitude de tensão
igual a 40V. Suponha que você conecte um voltímetro entre as fases A e B dos dois
transformadores. Calcule corretamente o valor medido nos voltímetros:

3 A ligação em paralelo dos transformadores tem algumas vantagens, como maior


fiabilidade do sistema, possibilidade de manutenção sem cortes de alimentação,
expansão do sistema e operação sob condições mais favoráveis de carga. A tabela
apresenta os valores nominais e os dados de curto-circuito de cinco transformadores
monofásicos.

137
FONTE: <https://bit.ly/3bRYkDX> Acesso em: 28 mar. 2021.

Qual o melhor par de transformadores para funcionar em paralelo?

4 Algumas vantagens de se colocar transformadores em paralelo são: custo inicial


menor, operação próximo do máximo rendimento, facilidade de manutenção e maior
confiabilidade no abastecimento de energia. Para o paralelismo acontecer, algumas
condições são necessárias. Considerando o contexto, analise as seguintes afirmativas:

I- A relação de transformação dos dois transformadores deve ser igual ou muito próxima.
II- Há necessidade de igualdade de desfasamento dos diagramas vetoriais.
III- Transformadores trifásicos não podem operar em paralelo.

Assinale a alternativa CORRETA e justifique:


a) ( ) II e III, apenas.
b) ( ) I e III, apenas.
c) ( ) I, II e III.
d) ( ) I e II, apenas.
e) ( ) Somente I.

5 A igualdade das fases nos transformadores trifásicos está relacionada com a maneira
como se ligam os seus enrolamentos. Essa ligação pode ser estrela, triângulo
ou ziguezague; portanto, depende do desvio angular dos transformadores. Dois
transformadores, T1 e T2, serão ligados em paralelo na alimentação de uma fábrica.
Com relação ao modo como devem ser conectadas as bobinas para que seja possível
o paralelismo entre T1 e T2, assinale a alternativa CORRETA e justifique a seguir.

a) ( ) Estrela – triângulo e triângulo – estrela.


b) ( ) Triângulo – ziguezague e triângulo – estrela.
c) ( ) Estrela – estrela e estrela – zigue-zague.
d) ( ) Triângulo – triângulo e triângulo – estrela.
e) ( ) Estrela – estrela e triângulo – estrela.

138
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2013.

ALMEIDA, A. T. L.; PAULINO, M. Manutenção de transformadores de potência.


Itajubá: Unifei, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5356-1:2007.


Transformadores de potência. Parte 1: Generalidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS(ABNT). NBR 11388:1990. Sistemas


de pintura para equipamentos e instalações de subestações elétricas – Especificação.
Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

ATHOSELECTRONICS.COM. Como funcionam os motores elétricos trifásicos. s.d.


Disponível em: https://athoselectronics.com/motores-eletricos-trifasicos/. Acesso em:
25 fev. 2018.

BAUER, W.; WESTFALL, G.; DIAS, H. Física para universitários: eletricidade e


magnetismo. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2012.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2012.

CARVALHO, G. Máquinas elétricas: teoria e ensaios. 4. ed. São Paulo: Érica, 2011.

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL). ETC 1.01: especificação técnica para


transformadores para instrumentos 0,6 kV, 15 kV e 36,2 kV. Curitiba, 2011.

DEL TORO, V. Fundamentos de máquinas elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 1994.

FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY JUNIOR, C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas: com


introdução à eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

FREITAS JUNIOR, L. C.; SILVA, R. S. Máquinas elétricas. 2. ed. Londrina: Editora e


Distribuidora Educacional, 2018.

HAND, A. Motores elétricos: manutenção e solução de problemas. 2. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2015.

JORDÃO, R. G. Transformadores. São Paulo: Blucher, 2002.

KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 2005.

KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. Porto Alegre: Globo, 1982.

139
MILASCH, M. Manutenção de transformadores em líquido isolante. São Paulo:
Edgard Blucher, 1984.

NASCIMENTO JUNIOR, G. C. Máquinas elétricas: teorias e ensaios. 4. ed. São Paulo:


Erica, 2011.

NAVE, R. How does an electric motor work? 2016. Disponível em: http://hyperphysics.
phy-astr.gsu.edu/hbase/magnetic/mothow.html. Acesso em: 3 mar. 2018.

OLIVEIRA, J. C.; COGO, J. R.; ABREU, J. P. G. Transformadores: teoria e ensaios. 2. ed.


São Paulo: Blucher, 2018.

OLIVEIRA, J. C.; COGO, J. R.; ABREU, J. P. G. Transformadores: teoria e ensaios. São


Paulo: Edgard Blucher, 1984.

PAULINO, M. Polaridade e relação em transformadores de potência. 2014.


Disponível em: https://www.osetoreletrico.com.br/wp-content/uploads/2014/06/ed-
100_Fasci-culo_Cap-V-Manutencao-de-transformadores.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020.

PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH, 2013.

PINHEIRO, H. H. C. Geradores de corrente alternada. Mossoró: Centro Federal de


Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, 2010. Disponível em: https://docente.
ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos-eletricos/apostila-de--
maquinas-de-cc-1/view. Acesso em: 9 fev. 2020.

RAMOS, D. S.; DIAS, E. M. Sistemas elétricos de potência: regime permanente. Rio


de Janeiro: Guanabara Dois, 1982.

SIMÕES, M. A. Campos magnéticos produzidos por correntes. 2019. Disponível em:


http://masimoes.pro.br/fisica_el/campos-magneticos-produzido.html. Acesso em: 9 fev.
2020.

UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2014.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. TE 131 Proteção de sistemas elétricos:


transformadores de corrente e potencial, fusíveis, disjuntores e para-raios.
Curitiba: UFPR, 2018. Disponível em: http://www.eletrica.ufpr.br/p/_media/
professores:mateus:te_131_-_capitulo_2.pdf. Acesso em: 9 jul. 2018.

VILLAR, G. J. V. Geradores e motores CC: máquinas de corrente contínua. Mossoró:


Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, 2006. Disponível
em: https://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos--
eletricos/apostila-de-maquinas-de-cc/view. Acesso em: 9 fev. 2020.

WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentals of physics. New Jersey: Wiley,
2014.

WEG. W22 magnet drive system: catálogo técnico mercado Brasil. 2019. Disponível
em: https://static.weg.net/medias/downloadcenter/hf3/he1/WEG-w22-magnet-drive-
-system-50015189-brochure-portuguese-web.pdf. Acesso em: 3 fev. 2020.

140
UNIDADE 3 —

CARACTERÍSTICAS E TIPOS
DE MOTORES ELÉTRICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reconhecer os princípios básicos e a força magnetomotriz no motor síncrono;

• descrever a operação do motor síncrono em regime permanente;

• definir os parâmetros do circuito equivalente do motor síncrono;

• definir aspectos construtivos e princípio de funcionamento do motor de ímã


permanente;

• explicar o princípio de funcionamento e construção de motores de indução trifásicos;

• descrever o acionamento de motores síncronos de ímãs permanentes;

• reconhecer o funcionamento da partida de motores elétricos de indução;

• analisar os métodos de controle de velocidade de motores CC;

• verificar os métodos de controle de motores síncronos e de indução;

• descrever os métodos de controle de motores de indução.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS DE ACIONAMENTO DE MOTORES CA E FUNCIONAMENTO DE


MOTORES DE ÍMÃS PERMANENTES

TÓPICO 2 – MOTORES SÍNCRONO E DE INDUÇÃO

TÓPICO 3 – INSTALAÇÃO E PROTEÇÃO DE MOTORES ELÉTRICOS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

141
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

Acesse o
QR Code abaixo:

142
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
PRINCÍPIOS DE ACIONAMENTO DE
MOTORES CA E FUNCIONAMENTO
DE MOTORES DE ÍMÃS
PERMANENTES

1 INTRODUÇÃO
A energia elétrica gerada é utilizada pelos consumidores para diversas
necessidades, sendo convertida em diferentes formas, como a iluminação, o
aquecimento, as fontes de alimentação de dispositivos eletrônicos. Até mesmo em
potência mecânica por motores, nos quais o consumo de energia é bastante expressivo,
a faixa de potência varia até centenas de cavalos (CVs). Os motores são classificados em
duas categorias distintas: motores CA (monofásicos, trifásicos síncronos e assíncronos)
e motores em corrente contínua (paralelo, série, composto, de ímã permanente com ou
sem escova e universais).

Neste tópico, você vai aprender um pouco mais sobre motores elétricos CA:
o funcionamento e a construção de motores de indução trifásicos, o acionamento de
motores de ímãs permanentes e, também, os modelos desse tipo de motor.

2 MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS



Os motores de indução são denominados assíncronos, pois sua velocidade de
rotação não é proporcional à sua frequência de alimentação, ou seja, a velocidade do rotor
é menor que a do campo girante (estator), devido ao escorregamento. Particularmente,
os motores de indução com gaiola de esquilo são amplamente utilizados em aplicações
elétricas e industriais, pois apresentam maior robustez e menor custo.

No motor de indução, a energia é fornecida ao rotor por meio de indução
eletromagnética, daí a razão do seu nome. Esse motor elétrico gira por causa da força
magnética exercida entre um eletroímã estacionário, chamado estator, e um eletroímã
rotativo, chamado rotor.

Segundo Umans (2014), a corrente no lado do estator cria um campo
eletromagnético que interage com o secundário, produzindo um torque resultante e
transformando energia elétrica em mecânica. Assim, o estator da máquina torna-se
a parte fixa, alimentada pela rede elétrica que transfere para o rotor, resultando no
movimento e fazendo surgir a potência no eixo do rotor.

143
A Figura 1 ilustra a vista em seção transversal do motor de indução e suas
várias partes.

FIGURA 1 – VISTA LATERAL DO MOTOR DE INDUÇÃO COM ROTOR GAIOLA DE ESQUILO

FONTE: Chapman (2013, p. 309)

2.1 CONSTRUÇÃO
Chapman (2013) diz que um motor de indução trifásico (MIT) é constituído
basicamente por duas partes: estator e rotor. O estator é a parte estacionária, enquanto
o rotor é a parte rotativa do motor. Ambos são separados por um pequeno espaço de
ar, dependendo da classificação do motor. O rotor é montado no eixo do motor, onde
qualquer carga pode ser conectada.

Com base na construção do rotor, os motores de indução são classificados em
duas categorias: motores de gaiola de esquilo e motores de anéis deslizantes. Entretanto,
a construção do estator é a mesma nos dois rotores (CHAPMAN, 2013). Na Figura 2, são
mostrados os dois tipos de rotor. Notamos os anéis deslizantes e as barras de conexão
dos enrolamentos do rotor a esses anéis.

FIGURA 2 – ROTOR GAIOLA DE ESQUILO (A) E ROTOR DE ANÉIS DESLIZANTES (B)

(A) (B)

FONTE: Adaptada de Chapman (2013)

144
No motor de anéis deslizantes, os enrolamentos no rotor são delimitados em
três anéis deslizantes isolados, montados no eixo com as escovas apoiadas neles.
Esses motores têm um custo maior que os de indução de gaiola de esquilo, pois
demandam maior manutenção devido ao desgaste associado a suas escovas e seus
anéis deslizantes (DEL TORO, 1994).

O estator é uma armação de aço que envolve o rotor, composto por lâminas
finas de aço silício para reduzir a corrente de Foucault e a perda por histerese.

Os condutores do estator são colocados em fendas, isolados um do outro e
conectados em estrela trifásica ou delta. Os enrolamentos são envolvidos em um
número definido de polos, dependendo da exigência de velocidade: quanto menor,
maior é o número de polos, e vice-versa. A relação da velocidade síncrona (ns) com o
número de polos (P) e a frequência (f) é dada por:

(1)

ATENÇÃO
O MIT deve operar sempre abaixo da velocidade síncrona, e sua
velocidade será tanto menor quanto maior for a carga acoplada ao
seu eixo. A energia é levada do estator para o rotor de forma indutiva,
sem contato elétrico. Por essas razões, o motor é conhecido como
motor de indução ou assíncrono (UMANS, 2014, p. 345).

De acordo com Del Toro (1994), no MIT, o estator é composto por três enrolamentos
monofásicos, defasados 120° um do outro. A velocidade do fluxo girante produzido nos
enrolamentos do estator depende da frequência da fonte de alimentação. A Figura 3
ilustra um estator do MIT.

145
FIGURA 3 – ESTATOR DE UM MOTOR DE INDUÇÃO

FONTE: Chapman (2013, p. 308)

ATENÇÃO
As fases do MIT são idênticas, exceto por uma defasagem de 120° no
ângulo de fase. Portanto, é possível analisar um circuito constituído
de uma fase e um neutro, sendo que esses resultados serão válidos
também para as outras duas fases, desde que a defasagem de 120°
seja incluída (DEL TORO, 1994).

2.2 FUNCIONAMENTO

O MIT opera com o princípio de um campo magnético rotativo. Os enrolamentos
do estator podem ser conectados a uma entrada CA trifásica e ter um campo magnético
resultante que gira. A Figura 4 mostra como as três fases estão ligadas em um estator
conectado em Y. Podemos observar que os enrolamentos de fase individuais estão
igualmente espaçados ao redor do estator, o que os coloca separados por 120°.

FIGURA 4 – ESTATOR DE UM MOTOR TRIFÁSICO COM AS FASES CONECTADAS EM Y

FONTE: Os autores

146
Como apresentado em Del Toro (1994), quando uma fonte trifásica fornece
uma tensão ao enrolamento do estator trifásico, um campo magnético de magnitude
constante e que gira à velocidade síncrona é produzido. Esse campo magnético rotativo
varre os condutores do rotor, e, portanto, uma força eletromagnética (FEM) é induzida
nos condutores do rotor. Como esses são curtos-circuitados, a FEM induzida estabelece
uma corrente neles em uma direção que produz torque, que gira o rotor na mesma
direção do campo magnético. A tensão de entrada trifásica para o estator da Figura 4
é mostrada no gráfico da Figura 5, com a criação do campo girante do motor, com os
pontos de corrente um a seis.

No ponto 1, o campo magnético nas bobinas é máximo com polaridades. Ao
mesmo tempo, tensões negativas estão sendo sentidas nos demais enrolamentos (fase
B e C), o que cria campos magnéticos mais fracos, que tendem a auxiliar o campo da
fase A. No ponto 2, a tensão máxima negativa está sendo sentida nos enrolamentos da
fase C, criando um forte campo magnético que, por sua vez, é auxiliado pelos campos
mais fracos das fases B e C.

À medida que cada ponto no gráfico de tensão é analisado, pode-se observar que
o campo magnético resultante está girando no sentido horário. Quando a tensão trifásica
completa um ciclo completo (novamente o ponto um), o campo magnético gira 360°.

Assim, a partir do princípio de funcionamento do MIT, pode-se observar que
a velocidade do rotor não deve atingir a velocidade síncrona produzida pelo estator.
Se as velocidades se tornarem iguais, não haveria essa velocidade relativa e, portanto,
nenhuma força eletromotriz induzida no rotor e nenhuma corrente estaria fluindo,
consequentemente, nenhum torque seria gerado.

FIGURA 5 – POLARIDADES DE CAMPO ROTATIVO TRIFÁSICO E TENSÕES DE ENTRADA

147
FONTE: Os autores

Desse modo, o rotor não pode atingir a velocidade síncrona. Assim, a


diferença entre as velocidades do estator (velocidade síncrona) e do rotor é chamada
de escorregamento. A rotação do campo magnético em um motor de indução tem a
vantagem de que nenhuma conexão elétrica precisa ser feita ao rotor. O escorregamento
é calculado por:

(2)

ATENÇÃO
De acordo com Freitas Junior e Silva (2018), o enrolamento do estator
é conectado a uma fonte de alimentação trifásica. Assim, o circuito
do rotor é fechado, as correntes induzidas no rotor produzirão um
campo magnético que interagirá com o campo magnético girante no
entreferro, dando origem a um torque. O rotor iniciará o movimento
de rotação. De acordo com o princípio da lei de Lenz, o rotor gira
na direção do campo magnético girante, de tal maneira que a
velocidade relativa entre este e o enrolamento do rotor diminua. O
rotor atingirá uma velocidade de rotação n que é inferior à velocidade
de rotação síncrona dada por ns. A velocidade do rotor n não pode

148
ser igual à síncrona, pois nenhuma corrente seria induzida no enrolamento do rotor e,
consequentemente, nenhum torque seria produzido. A diferença entre a velocidade síncrona
do campo magnético girante e a velocidade do rotor é denominada escorregamento (s).

Mediante os conceitos abordados, é possível compreender melhor os princípios


de funcionamento e a construção dos motores de indução trifásicos, que podem ser
chamados de motores assíncronos, pois sua velocidade de rotação não é proporcional
à sua frequência de alimentação (a velocidade do estator é maior que a velocidade do
rotor). Essa diferença recebe o nome de escorregamento (s), fazendo com que se crie
uma força eletromotriz induzida no rotor, fluindo uma corrente e gerando um torque.
Além dos aspectos construtivos que detalham os componentes básicos usados na
sua fabricação, motores de indução trifásicos são, basicamente, compostos por duas
partes: um estator e um rotor. O estator constitui a parte estática de um motor, e o rotor
sua parte móvel.

As fases da máquina de indução são idênticas, exceto por uma defasagem de
120° no ângulo de fase. Portanto, é possível analisar um circuito constituído de uma fase
e um neutro, e os resultados dessa análise são válidos, também, para as outras duas
fases, desde que a defasagem de 120° seja incluída (UMANS, 2014, p. 346).

A seguir, será apresentado o acionamento de motores síncronos de ímãs


permanentes, mostrando sua importância e os detalhes do porquê necessitam de
métodos de acionamento.

3 ACIONAMENTO DE MOTORES SÍNCRONOS DE ÍMÃS


PERMANENTES

No processo de acionamento de motores síncronos de ímãs permanentes
(MSIP), o rotor da máquina precisa estar em uma velocidade próxima da síncrona
para se acoplar magneticamente com seu campo girante e entrar em sincronismo,
produzindo torque. Para isso, necessita-se de algum dispositivo que faça o rotor girar
até a velocidade síncrona, geralmente uma fonte de corrente contínua para alimentar
o enrolamento de campo. Assim, o motor síncrono funcionará à velocidade síncrona ou
não funcionará. A Figura 6 representa um MSIP.

Chapman (2013) apresenta, para o acionamento de motores síncronos, o
uso de três técnicas básicas. A primeira delas consiste em reduzir a velocidade de
campo magnético do estator a um valor baixo, para que o rotor possa aproximar-se
da velocidade do campo, entrando em sincronismo durante um semiciclo do campo
magnético. A segunda é usar uma máquina motriz externa para levar o motor síncrono

149
até a velocidade síncrona, entrando em paralelo e conectando a máquina à linha como
um gerador. No entanto, na sequência, ao desconectar a máquina motriz, a síncrona se
torna um motor. Já a última técnica usa enrolamentos amortecedores que têm a função
de aumentar a velocidade do rotor por meio da produção de campo magnético.

FIGURA 6 – VISTA LATERAL DO MSIP

FONTE: Adaptada de Weg (2019)

3.1 PARTIDA DO MOTOR PELA REDUÇÃO DA FREQUÊNCIA


ELÉTRICA
Segundo Chapman (2013), o avanço da eletrônica de potência possibilitou o
desenvolvimento dos pacotes de acionamento de frequência elétrica aplicada aos
motores, percorrendo desde a fração de Hertz até acima da frequência nominal total.
Para uma unidade de acionamento de frequência variável que estiver incluída em um
circuito de controle do motor, para se ter controle da velocidade, a partida do motor
síncrono torna-se simplesmente o ajuste da frequência para um valor muito baixo
de partida. Assim, pode-se elevar até a frequência de operação desejada para um
funcionamento normal.

Quando um motor síncrono opera em uma velocidade inferior à nominal, sua
tensão gerada interna será menor do que a normal. Se o valor de sua tensão interna
gerada for reduzido, a tensão de terminal aplicada ao motor também deverá ser reduzida
para manter a corrente do estator em níveis seguros.

A tensão em qualquer acionador ou circuito de partida de frequência variável
deve variar de forma aproximadamente linear com a frequência aplicada (DEL TORO,
1994). Desse modo, na partida, reduzindo a velocidade de campo do estator através da
frequência, pode-se citar um inversor de frequência, conforme a Figura 7, onde o motor
parte com uma frequência baixa de maneira que o rotor consiga acompanhar o campo
magnético girante.

150
FIGURA 7 – PARTIDA REDUZINDO A VELOCIDADE DE CAMPO DO ESTATOR

FONTE: Os autores

3.2 PARTIDA DO MOTOR COM UMA MÁQUINA MOTRIZ EXTERNA


O segundo modo de partida de um motor síncrono é acoplando um motor de
partida externo, seja ele CA ou CC, até a velocidade plena. Depois, a máquina síncrona
é colocada em paralelo com o sistema de potência como gerador, e o motor de partida
pode ser desacoplado. O motor de partida pode ter capacidade nominal muito menor do
que a do motor síncrono, usado para dar partida, pois precisa apenas superar a inércia da
máquina síncrona a vazio (UMANS, 2014). Conforme a Figura 8, o eixo do motor síncrono
é acoplado a uma máquina auxiliar (no caso, um motor CC), a fim de que a velocidade do
eixo fique próxima à do estator.

FIGURA 8 – PARTIDA DO MOTOR SÍNCRONO USANDO UMA MÁQUINA AUXILIAR ACOPLADA AO EIXO

FONTE: Os autores

Como motores síncronos de grande porte têm sistemas de excitação sem


escovas montadas em seus eixos, frequentemente, é possível usar essas excitatrizes
como motores de partida. Em muitos motores síncronos, desde médio até de grande
porte, um motor externo de partida ou o uso da excitatriz podem ser as únicas soluções
possíveis. Isso porque os sistemas de potência aos quais eles estão ligados não são
capazes de lidar com as correntes de partida necessárias para que enrolamentos
amortecedores possam ser usados (CHAPMAN, 2013).

151
3.3 PARTIDA DO MOTOR USANDO ENROLAMENTOS
AMORTECEDORES

Para a partida de motores síncronos, é mais popular o emprego de enrolamentos
amortecedores, que são barras especiais colocadas em ranhuras abertas na face do
rotor de um motor síncrono e, em seguida, em curto-circuito em cada extremidade, por
um grande anel de curto-circuito (CHAPMAN, 2013). Assim, o enrolamento amortecedor
atua tanto na partida quanto na estabilidade de velocidade perante a variações bruscas
de carga. Além disso, ele amortece as oscilações e coopera para manter o sincronismo
com a rede elétrica. O enrolamento amortecedor está localizado nas ranhuras das
sapatas polares do rotor de polos salientes ou na superfície do rotor em polos lisos. Um
polo saliente e uma face polar com um conjunto de enrolamentos amortecedores são
mostrados na Figura 9.

FIGURA 9 – POLO DE CAMPO DE ROTOR DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA


MOSTRANDO ENROLAMENTO AMORTECEDOR

FONTE: Chapman (2013, p. 293)

A Figura 10 apresenta uma partida com enrolamento amortecedor.

FIGURA 10 – DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DE UM MOTOR SÍNCRONO COM ENROLAMENTO AMORTECEDOR

FONTE: Os autores

152
A seguir, serão apresentados modelos de motores CA, possibilitando conhecer
as equações que descrevem as máquinas matematicamente, tanto o motor de indução
quanto o síncrono. Esses modelos partem do circuito elétrico equivalente de cada
máquina, equacionando os elementos passivos de cada circuito.

4 MODELOS DE MOTORES CA

Para modelos de motores CA, tem-se tanto exemplos para motores de indução
quanto para os síncronos. Dessa forma, serão descritos, como modelo de motores CA,
seus respectivos circuitos equivalentes, que caracterizam um modelo matemático,
representando o comportamento de cada uma das máquinas de forma singular.

4.1 CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR DE INDUÇÃO



O motor de indução baseia-se na indução transferida pelo circuito do estator
de tensões no circuito do rotor. Como as tensões e correntes no circuito do rotor de um
motor de indução são basicamente o resultado de uma ação de transformador, o circuito
equivalente de um motor de indução é semelhante ao de um transformador ideal. De
acordo com Umans (2014), pode-se deduzir o circuito equivalente para uma fase, ficando
subentendido que as tensões e correntes nas demais fases podem ser obtidas pelo
deslocamento da fase (±120°, no caso de uma máquina trifásica). Analisando o circuito
equivalente do ponto de vista do estator, na Figura 11, a tensão terminal dele difere da
força contraeletromotriz (FCEM) pela queda de tensão da impedância de dispersão do
estator Z1 = R1 + jX1.

(3)

Em que é tensão de fase de terminal do estator, Ê2 é a FCEM (de fase) gerada
pelo fluxo de entreferro resultante, Î1 é a corrente do estator, R1 é a resistência efetiva do
estator, e jX1 é a reatância de dispersão do estator. Umans (2014) decompõe a corrente
do estator em duas componentes: uma de carga e uma de excitação (magnetização).
A componente de carga Î2 produz uma força magnetomotriz (FMM) que corresponde à
FMM da corrente do rotor; a de excitação Îф é a corrente de estator adicional, necessária
para criar o fluxo de entreferro resultante e uma função da força eletromotriz (FEM) Ê2. A
corrente de excitação torna-se uma componente de perdas no núcleo Îc, em fase com
Ê2, e uma componente de magnetização Îm, atrasada em relação a Êc de 90º. No circuito
equivalente, a corrente de excitação pode ser levada em consideração, incluindo-se um
ramo em derivação, formado por uma resistência de perdas no núcleo Rc em paralelo
com uma reatância de magnetização Xm, ligado a Ê2.

153
FIGURA 11 – CIRCUITO EQUIVALENTE DO ESTATOR DE UM MIT

FONTE: Umans (2014, p. 351)

No entanto, levando-se em consideração o circuito final equivalente deduzido


(Figura 11), faz-se necessário adicionar a parte do rotor no modelo em que seja referida ao
lado do estator, de acordo com a Figura 12, apresentando o circuito do rotor, resultando
no circuito equivalente final. Princípios de acionamento de motores CA.

FIGURA 12 – CIRCUITO EQUIVALENTE DO ROTOR (A);


CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR DE INDUÇÃO (B)

(a)

(b)

FONTE: Adaptada de Chapman (2013)

154
IMPORTANTE
Um dos fatos notáveis que afetam as aplicações do motor de indução
é que o escorregamento, para o qual ocorre o conjugado máximo,
pode ser controlado variando a resistência do rotor. Uma elevada
resistência de rotor proporciona ótimas condições de partida, mas
um pobre desempenho de funcionamento. Entretanto, uma baixa
resistência de rotor pode resultar em condições de partida não
satisfatórias. De qualquer modo, portanto, é bem provável que o
projeto de um motor de indução seja o resultado do encontro de um
meio-termo entre todas as exigências (UMANS, 2014, p. 390).

4.2 CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR SÍNCRONO


Sob os aspectos construtivos, um motor síncrono é similar a um gerador
síncrono. O que o torna diferente é o sentido invertido do fluxo de potência. Dessa forma,
o circuito equivalente de ambas as máquinas é exatamente igual, mudando apenas o
sentido da corrente, conforme Figura 13.

FIGURA 13 – CIRCUITO EQUIVALENTE DA MÁQUINA SÍNCRONA: SENTIDO DE REFERÊNCIA DO


TIPO MOTOR (A); SENTIDO DE REFERÊNCIA DO TIPO GERADOR (B)

FONTE: Umans (2014, p. 270)

Da mesma maneira, alterando o sentido da corrente Ia, modifica-se, também, a


equação que define o comportamento do motor para o circuito. Essa equação para o
circuito equivalente de uma máquina síncrona é expressa por:

(4)

(5)

Sendo Xs a reatância síncrona, Ra a resistência da armadura, Eaf a tensão induzida


no enrolamento de campo e Ia a corrente de armadura.

155
Tendo em vista os conteúdos abordados, a finalidade é de melhorar a compreensão
sobre as máquinas CA, tanto para motores de indução trifásicos, contemplando seus
aspectos construtivos e seu princípio de funcionamento, quanto para o acionamento
de MSIP, os quais têm ímãs geralmente de neodímio inseridos no interior ou no exterior
do rotor, que aumentam seu rendimento. Os MSIP ainda apresentam a necessidade de
métodos de excitação externa para seu funcionamento, pois dependem de a velocidade
do rotor elevar a velocidade síncrona, para que funcionem. Já os motores de indução
trifásicos têm a velocidade do rotor inferior à do estator – essa diferença relativa
denomina-se escorregamento (s).

Além disso, cada máquina tem um modelo de CA que representa, através de


um circuito equivalente, um modelo matemático que descreve o funcionamento. Esses
modelos CA podem ser interpretados com base no equacionamento de cada elemento
que compõe o circuito elétrico real da máquina, onde se leva em consideração os
parâmetros reais para que possam ser calculados, por exemplo, as perdas de potência.
Isso tanto para máquinas de indução quanto para MSIP.

5 MOTOR DE ÍMÃS PERMANENTES



O ímã permanente é um elemento, natural ou artificial, capaz de produzir campo
magnético por si próprio. Ele é comumente utilizado em motores elétricos para produzir o
campo magnético das máquinas de forma constante e, principalmente, encontrado em
motores CC e CA síncronos. Os ímãs permanentes possibilitam um motor de estrutura
mais simples e reduzida.

Nesse momento, estudaremos os aspectos construtivos do motor de ímã


permanente, compreenderá seu princípio de funcionamento e verá suas aplicações.

5.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS DO MOTOR DE ÍMÃ


PERMANENTE

Construtivamente, os motores elétricos possuem duas partes principais: o
campo, também chamado de indutor, e armadura, também conhecida por induzido. O
campo (indutor) é a parte do motor que cria o campo magnético principal, composta
pelos polos da máquina, basicamente eletroímãs ou ímãs permanentes. A armadura
(induzido) é o conjunto de enrolamentos alimentados por tensões CC ou CA, que geram
os campos magnéticos que interagem com o campo dos polos da máquina. Existem
duas principais estruturas para motores elétricos com armadura e campo:

156
FIGURA 14 – MÁQUINA ELÉTRICA COM ARMADURA ROTATIVA E CAMPO ESTACIONÁRIO

FONTE: Adaptada de Pinheiro (2010)

A segunda estrutura de armadura fixa e campo rotativo, por sua vez, tem a
armadura posicionada no estator da máquina, enquanto o campo é posicionado no
rotor. A Figura 15 ilustra essa configuração.

As duas formas têm aplicações bastante conhecidas. Comumente, a estrutura
com armadura rotativa e campo fixo é utilizada em motores CC, enquanto a estrutura
com armadura fixa e campo rotativo é bastante utilizada em motores CA síncronos.

FIGURA 15 – MÁQUINA ELÉTRICA COM ARMADURA FIXA E CAMPO ROTATIVO

FONTE: Adaptada de Pinheiro (2010)

157
As Figuras 16 e 17 demonstram a estrutura de um motor CC e de um CA com
corte transversal em sua carcaça para uma visualização interna dos componentes,
respectivamente. Ambos os motores contêm ímãs permanentes.

FIGURA 16 – MOTOR CC COM ÍMÃ PERMANENTE

FONTE: Adaptada de Umans (2014)

FIGURA 17 – MOTOR CA SÍNCRONO COM ÍMÃ PERMANENTE

FONTE: Umans (2014, p. 320)

5.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE MOTORES DE ÍMÃ


PERMANENTE
O principal princípio físico para o funcionamento de motores elétricos é a
produção de fluxo magnético pelas partes componentes dos motores. Um componente
eletromagnético capaz de produzir de forma fixa o fluxo magnético é o ímã permanente,
que pode ser natural ou artificial.

Esses elementos apresentam um campo magnético próprio e são capazes de
atrair materiais, como ferro e aço. A Figura 18 apresenta um ímã permanente em barra
produzindo linhas de fluxo magnético devido ao seu campo magnético próprio.

158
FIGURA 18 – LINHAS DE FLUXO MAGNÉTICO GERADAS POR UM ÍMÃ PERMANENTE

FONTE: Petruzella (2013, p. 111)

Embora as linhas de fluxo sejam um fenômeno invisível, elas sempre ocorrem


do polo magnético norte para o sul do ímã. E quanto maior for o campo magnético do
ímã, maior será o número de linhas de fluxo magnético.

DICA
No vídeo a seguir, é possível observar como é formado o campo
magnético através de ímãs permanentes. Embora as linhas em si
não sejam visíveis, com o auxílio de um material magnetizável em
pequenos pedaços, é possível observar sua distribuição. Acesse:
https://qrgo.page.link/17V1w.

Além dos ímãs permanentes, os eletroímãs são uma forma semelhante para
produção de campo magnético. Para entender o eletroímã, devemos lembrar-nos
de alguns conceitos de eletromagnetismo. Um condutor percorrido por corrente (I)
produz um campo magnético circular (B) ao seu redor. Uma vez que uma bobina seja
enrolada e percorrida por corrente, o campo magnético produzido em cada segmento
do fio condutor agrupa-se de forma que o campo magnético seja somado no interior
da bobina. Logo, o campo magnético gerado por uma bobina é mais forte que o gerado
somente por um fio. Em uma bobina, o fluxo magnético propaga-se pelo ar concentrado
no interior dela e assemelha-se às características de um ímã permanente, podendo
ser identificado um polo norte, de onde o fluxo magnético sai da bobina, e um polo
sul, do qual o fluxo magnético entra. Uma forma de melhorar ainda mais esse fluxo
magnético é reduzir a resistência à passagem de fluxo magnético no interior da bobina.
Isso pode ser feito inserindo um núcleo de ferro em seu interior (PETRUZELLA, 2013).

159
Essa estrutura com um núcleo de material magnetizante no interior das bobinas, muitas
vezes, é utilizada para gerar polaridades em máquinas elétricas. Esses componentes
são conhecidos por eletroímãs.

A Figura 19 apresenta um exemplo de interação entre campos magnéticos de


um eletroímã e um ímã, sendo esse posicionado no estator e o eletroímã, no rotor.

FIGURA 19 – INTERAÇÃO ENTRE CAMPOS MAGNÉTICOS DE ÍMÃ E ELETROÍMÃ

FONTE: Petruzella (2013, p. 112)

Observa-se que, quando os polos magnéticos de mesma polaridade estão


próximos geram uma força de repulsão. Dessa forma, o polo norte da armadura é
empurrado para cima, e o polo sul para baixo. Isso ocorre até que o polo sul do eletroímã
seja atraído pelo polo norte do ímã, e vice-versa. Nessa configuração, a estrutura tende
a permanecer parada, uma vez que os polos estão se atraindo. Como a armadura é
configurada por um eletroímã, imagine se invertermos os terminais de alimentação e,
consequentemente, os polos do eletroímã. Dessa forma, a ação de repulsão repetirá,
e isso poderá ocorrer repetidamente. Essa configuração é o princípio básico de
funcionamento de um motor com polos permanentes.

Os motores com ímãs permanentes são usados tanto para excitação do tipo
CC como do CA.

5.3 APLICAÇÕES DE MOTORES COM ÍMÃS PERMANENTES



Os motores com ímãs permanentes têm algumas vantagens construtivas
como: maior simplicidade e sem a necessidade de excitação para geração do campo da
máquina. No caso de máquinas com polos gerados por eletroímãs, o consumo chega a
7% do total da máquina. Além disso, esse tipo de motor necessita de um menor espaço
físico, uma vez que o espaço das bobinas de campo é suprimido.

Existem duas principais aplicações de motores com ímãs permanentes: o motor
CC e o motor CA síncrono.

160
5.3.1 Motores CC com ímãs permanentes

Os motores CC são construtivamente compostos por campo fixo e armadura
rotativa. O campo magnético principal é gerado por ímãs permanentes posicionados
no estator do motor, enquanto a armadura é composta por eletroímã posicionado no
rotor. Seu princípio de funcionamento é muito similar ao geral de uma máquina com
ímãs permanentes, necessitando de um sistema de comutação, de forma a gerar a
alteração de polaridade na armadura e proporcionar a atividade de giro do motor de
forma contínua.

A máquina CC com ímãs permanentes pode ter sua estrutura detalhada em
três partes: circuito magnético, circuito de armadura e conjunto de escovas. No caso do
uso de eletroímãs para gerar o campo, outra parte pode ser mencionada: o circuito de
excitação.

O circuito magnético é composto pelo polo formado por: ímã permanente;
carcaça (que, além de representar a estrutura de sustentação mecânica da máquina, tem
responsabilidade magnética, pois serve de contenção das linhas de fluxo da máquina);
entreferro (a fresta de ar presente entre o rotor e o estator da máquina, permitindo a
rotação livre do rotor); e núcleo da armadura (um cilindro, comumente de aço-laminado
com ranhuras, responsável por acomodar os enrolamentos da armadura.

O circuito da armadura é composto pelos enrolamentos de fio de cobre alojados
nas ranhuras do rotor e pelo comutador, que é a parte da máquina que recebe a tensão de
excitação, formada por duas placas de cobre côncavas isoladas por mica, fixada no eixo
do motor e que faz a interface entre as escovas de alimentação e os enrolamentos das
ranhuras. Os enrolamentos das ranhuras são excitados, gerando um campo magnético
que interage com o campo principal da máquina de forma a gerar a rotação.

O conjunto de escovas faz a conexão entre a fonte de alimentação e a parte
rotativa da máquina. É formado por diversos materiais, entre eles, o que mais se destaca
é o carvão. Esse conjunto possui certa liberdade mecânica controlada por molas que
pressionam o carvão de forma a conduzir eletricidade para o comutador, de forma
deslizante. A Figura 20 ilustra o porta-escovas e sua ligação com o comutador.

161
FIGURA 20 – SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO ROTATIVO POR ESCOVA

FONTE: Adaptada de Pinheiro (2010)

A Figura 21 apresenta o funcionamento do motor CC com ímãs permanentes.


Como você pode observar, uma alimentação CC inserida por meio da conexão rotativa
ao comutador excita o enrolamento de armadura. A tensão inserida no ângulo zero gera
uma corrente entrando na parte superior do enrolamento (Figura 21A) e saindo na parte
inferior do enrolamento (Figura 21B). Usando a regra da mão direita, pode-se identificar
que o campo magnético gerado está no sentido ilustrado pela flecha em vermelho, com
polo Norte em sua ponta. Por meio da lei de atração e repulsão dos campos magnéticos,
é gerada uma rotação do motor no sentido horário, apontada por r. No instante em que
os campos magnéticos se alinharam com polaridades opostas, as placas do comutador
colocam a fonte de tensão em curto por um pequeno instante de tempo, fazendo com
que os enrolamentos não sejam excitados e não ocorra a geração de campo magnético.
Esse instante dura enquanto o movimento existente no rotor realiza seu movimento
voluntário, pela inércia, fazendo com que as placas do comutador entrem em contato
com a polaridade oposta da fonte de alimentação – esse ato é chamado de comutação –
como é ilustrado na posição de 90°. Após a realização da comutação, a parte superior do
enrolamento agora é b, e a corrente está entrando e saindo em a. O campo magnético
gerado na armadura faz com que o motor siga seu sentido de rotação horário. Esse
funcionamento é repetido até o motor atingir a volta completa e quantas voltas forem
realizadas pelo motor.

162
ATENÇÃO
Um condutor percorrido por corrente gera um campo magnético ao
seu redor. O sentido desse campo pode ser determinado pela regra
da mão direita de condutores, em que o dedo polegar indica o sentido
da corrente e os demais quatro dedos apontam o sentido do campo
magnético, conforme demonstrado na figura a seguir (SIMÕES, 2019).
Uma vez que um condutor é enrolado na forma de uma bobina, o
campo magnético é acumulado em seu interior. O sentido de rotação
do campo magnético também pode ser determinado pela regra
da mão direita, com algumas adaptações. Para bobinas, os quatro
dedos indicam o sentido da corrente que circula nas bobinas, e o
dedo polegar indica o sentido do campo magnético, assim como
demonstrado a seguir (SIMÕES, 2019).

FONTE: Simões (2019)

FIGURA 21 – FUNCIONAMENTO DE UM MOTOR CC COM IMÃS PERMANENTES

FONTE: Adaptada de Geradores (2014)

Quanto maior a tensão aplicada na armadura, maior será seu campo magnético,
mais forte será a atração entre os polos e, consequentemente, maior será a velocidade do
motor. A inversão de rotação pode ser realizada pela inversão dos terminais de excitação
da fonte de tensão. A Figura 22 mostra um sistema de chaveamento – conhecido como
ponte H – utilizado para inverter o sentido de rotação dos motores.

163
FIGURA 22 – SISTEMA DE EXCITAÇÃO DE MOTOR CC COM MODO DE INVERSÃO

FONTE: Adaptada de Geradores (2014)

Uma vez que o motor CC de ímãs permanentes contém fluxo de campo fixo,
o circuito equivalente pode ser obtido assim como mostra a Figura 23. A Equação 6
descreve que a tensão de armadura (Ea) é proporcional a uma constante geométrica
construtiva do motor (Ka), ao fluxo magnético (ɸ) que é constante no caso dos motores
de ímãs permanentes e à velocidade do motor (ωm) (UMANS, 2014).

(6)

FIGURA 23 – CIRCUITO EQUIVALENTE A UM MOTOR CC DE ÍMÃS PERMANENTES

FONTE: Umans (2014, p. 440)

Além disso, o torque da máquina é diretamente proporcional à tensão de


armadura (Ea) e à corrente de armadura (Ia), e inversamente proporcional à velocidade
de rotação da máquina (ωm), como mostra a Equação 7 (UMANS, 2014).

(7)

Esses motores são comumente utilizados em aplicações de potência fracionária


e subfracionária. Atualmente, com o crescimento da tecnologia, já são encontrados
esses motores em aplicações de potência integral, chegando até 100 HP.

164
Embora os motores CC apresentem vantagens de simplicidade construtiva,
eles também estão sujeitos a limitações. O mais preocupante é a possibilidade de
desmagnetização de seus polos por excesso de excitação no enrolamento da armadura
ou por sobreaquecimento. Além disso, a intensidade de fluxo magnético no entreferro
é inferior ao que é possível obter com eletroímãs. Todavia, com o desenvolvimento de
novos materiais, essa limitação está sendo minimizada (UMANS, 2014).

5.4 MOTORES CA SÍNCRONOS DE ÍMÃS PERMANENTES



Os motores CA de ímãs permanentes, exceto raras exceções, apresentam
sua estrutura de campo rotativo e armadura fixa. A Figura 24 ilustra um motor bipolar
monofásico síncrono, cujo princípio de funcionamento é o mesmo que do motor de ímã
permanente elementar. No entanto, neste cenário, o campo está posicionado no rotor.

Assim como no motor CC, o campo magnético gerado pela armadura gera uma
força de atração e repulsão de forma a forçar o campo magnético existente no rotor a
se alinhar. De acordo com a regra da mão direita para bobinas, na Figura 6, pode ser
observado um exemplo em que o polo norte gerado pelos enrolamentos da armadura
está na parte superior da máquina, e o polo sul, na parte inferior, causando a rotação no
sentido anti-horário. Na máquina CC, quando os polos da armadura e do campo tendem
a se alinhar, ocorre a comutação por meio do comutador. O fenômeno que acontece
na máquina CA é semelhante, porém não há necessidade de um comutador, uma vez
que a natureza da fonte é alternada. Assim, quando o ímã se alinha verticalmente com
polo sul para cima, a tensão alternada vai a zero, sem a passagem de corrente pelos
enrolamentos da armadura e sem a geração de campo magnético. O rotor segue seu
movimento por sua inércia, e, consequentemente, a alimentação é invertida: na posição
a ocorre uma corrente entrando e –a saindo, fazendo com que o motor siga com o
mesmo sentido de funcionamento, anti-horário.

FIGURA 24 – MOTOR CA SÍNCRONO DE ÍMÃS PERMANENTES

FONTE: Adaptada de Umans (2014)

165
Uma vez que o rotor gira alinhado com a rotação do campo magnético da
armadura, fica claro porque esse tipo de motor é chamado de síncrono. Para variação de
velocidade desse tipo de motor, basta variar a frequência de sua excitação. Para que o
motor síncrono tenha partida própria, é importante dar a partida no motor em uma baixa
velocidade e ir acelerando. Embora existam outras formas, uma comumente utilizada é
o uso de um inversor para aumentar a frequência de alimentação de maneira gradativa.

O motor síncrono apresenta sua maior aplicação industrial em motores trifásicos.
A Figura 25 mostra um exemplo do funcionamento deles. A fonte de excitação trifásica
desse motor pode ser descrita pela Equação 8.

(8)

FIGURA 25 – MOTOR CA SÍNCRONO DE ÍMÃS PERMANENTES

FONTE: Adaptada de Geradores (2014)

166
A primeira configuração apresentada nessa figura demonstra o motor pela
alimentação apontada pela primeira seta do gráfico, onde eA apresenta polaridade
positiva e as demais, eB e eC, negativa. Convencionalmente, polaridades positivas
apresentam-se entrando nas bobinas pela menor numeração definida e saindo pela
maior. De acordo com as correntes dos enrolamentos, conforme a regra da mão direita,
é gerado um polo Norte à esquerda da figura e um polo sul à direita, de forma a produzir
um sentido de rotação anti-horário. Seguindo essa metodologia, é possível observar
que, nas demais posições indicadas pelas setas do gráfico, o sentido segue anti-horário
durante todo o funcionamento da máquina. A rotação pode ser invertida, trocando duas
das três fases do motor entre si. O número de bobinas por fase aumenta de acordo com
o aumento do número de polos.

A velocidade de rotação do campo girante (velocidade síncrona – ns) diretamente


proporcional à frequência de excitação (f) e inversamente proporcional ao número de
pares de polos do motor (p) (Tabela 1). Você pode calcular a velocidade síncrona do
motor em RPM de acordo com a Equação 9.

(9)

EXEMPLO: conhecendo as características elétricas de excitação e a quantidade


de par de polos de um motor síncrono, pode-se facilmente determinar sua velocidade de
giro. Por exemplo, se a fonte de excitação for uma tensão convencional de 60 Hz, você
pode criar uma tabela para identificação de velocidade de acordo com o número de par
de polos de motor.

TABELA 1 – VELOCIDADE DE MOTORES SÍNCRONOS COM EXCITAÇÃO COM FREQUÊNCIA DE 60 HZ

FONTE: Os autores

167
Esses tipos de motores são utilizados em diversas aplicações, sendo que o
destaque está na indústria automobilística: nas bombas de combustíveis, nos limpadores
de para-brisas, no acionamento de vidros elétricos, entre outras aplicações. Entretanto,
um inconveniente no uso de ímãs permanentes é o fato de terem um campo magnético
fixo, aumentando o desafio no controle e na proteção (UMANS, 2014).

AUTOATIVIDADE
EXPERIMENTAÇÃO PRÁTICA

Nesta atividade-experimento, analisaremos o funcionamento de um motor
CC elementar. Para isso, acesse a página https://ophysics.com/em10.html. Espere o
simulador virtual carregar e clique no botão “Run” (rodar). Altere os seguintes controles
e observe sua influência no funcionamento do motor:

• Magnetic field (1 – 2T): campo magnético.


• Battery voltage (1 – 5V): tensão da bateria.
• Number os loops (1 – 3): número de voltas.

Após realizar a experimentação, responda a cada uma das perguntas a seguir.

1 Por que o número de espiras interfere na velocidade de rotação?

2 Por que a tensão da bateria interfere na velocidade de rotação?

3 Por que a intensidade do campo magnético interfere na velocidade de rotação?

4 Por que existe um anel de comutação para realizar o contato da espira com a bateria?

5 Se a bateria tivesse a polaridade invertida, haveria alteração no funcionamento do motor?

Socialize os resultados com os colegas.

168
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os motores elétricos possuem duas partes principais: o campo, também chamado de


indutor, e a armadura, também conhecida por induzido. O campo (indutor) é a parte
do motor que cria o campo magnético principal, composta pelos polos da máquina,
basicamente eletroímãs ou ímãs permanentes. A armadura (induzido) é o conjunto de
enrolamentos alimentados por tensões CC ou CA, que geram os campos magnéticos
que interagem com o campo dos polos da máquina.

• Os motores de indução são denominados assíncronos, pois sua velocidade de rotação


não é proporcional a sua frequência de alimentação, ou seja, a velocidade do rotor é
menor que a do campo girante (estator) devido ao escorregamento.

• O motor de indução baseia-se na indução transferida pelo circuito do estator de


tensões no circuito do rotor. Como as tensões e correntes no circuito do rotor de um
motor de indução são basicamente o resultado de uma ação de transformador, o
circuito equivalente de um motor de indução é semelhante ao de um transformador
ideal

• O motor de indução trifásico deve operar sempre abaixo da velocidade síncrona, e


sua velocidade será tanto menor quanto maior for a carga acoplada ao seu eixo.

• O principal princípio físico para o funcionamento de motores elétricos é a produção


de fluxo magnético pelas partes componentes dos motores. Um componente
eletromagnético capaz de produzir de forma fixa o fluxo magnético é o ímã
permanente, que pode ser natural ou artificial.

169
AUTOATIVIDADE
1 Os motores síncronos são confeccionados para atender as necessidades de
determinadas aplicações. Suas características construtivas de operação, com
alto rendimento, fazem com que eles sejam utilizados em praticamente todos
os segmentos industriais. No entanto, os motores síncronos de ímã permanente
não podem ser acionados de maneira direta, necessitando de artifícios em sua
partida. Com relação à necessidade desses métodos de acionamento, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) O torque produzido na partida é constante. Assim, o acionamento faz com que o


motor não consiga sair da inércia ou rotacionar o eixo.
b) ( ) O torque produzido no rotor é pulsante, movimentando o eixo no sentido anti-
horário e horário. Com isso, a média do conjugado induzido no rotor é zero. Como
resultado, o motor vibra intensamente e sobreaquece, causando-lhe dano.
c) ( ) A velocidade síncrona produzida pelo rotor não é igual à produzida pelo
estator. Logo, o motor permanece em repouso até que a velocidade dos dois
campos seja igual.
d) ( ) A interação entre o campo do motor síncrono girante, produzido pelas correntes
do estator, e o campo constante, produzido pela corrente do rotor, produz um
conjugado na partida, rotacionando o eixo.
e) ( ) Os motores síncronos, igualmente aos motores de indução, não possuem torque
de partida, assim, necessitam de métodos de acionamento.

2 Os motores trifásicos estão disponíveis nas configurações de 2, 4, 6, 8 e polos


superiores. O número de polos nos enrolamentos define a velocidade ideal do motor.
Um motor com um número maior de polos terá velocidade nominal mais lenta, mas
torque nominal mais alto. Por isso, os motores de polo alto são, às vezes, chamados
de motores de torque, podendo ser usados para substituir um motor que usa uma
caixa de engrenagens. Considere que, em uma serraria, há um motor de indução
trifásico para corte de madeira com seis polos e com escorregamento em condições
nominais de carga de 5%. Esse motor é alimentado pela frequência e tensão nominais
da rede elétrica (60 Hz). Diante desse cenário, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Esse motor operando a vazio (sem nenhuma carga mecânica conectada em seu
eixo) gira a uma velocidade síncrona de 3.600 rpm.
b) ( ) Ao inserir uma carga mecânica no eixo desse motor com valor nominal, seu eixo
gira com velocidade de 1.190 rpm.
c) ( ) A frequência das correntes que circulam nos enrolamentos do rotor, na condição
de operação nominal, é, aproximadamente, igual a 3 Hz.
d) ( ) Esse motor operando a plena carga gira a uma velocidade síncrona de
1.800 rpm e 6 Hz.

170
e) ( ) A frequência das correntes que circulam nos enrolamentos do rotor, na condição
de operação nominal, é, aproximadamente, igual a 1 Hz.

3 Para alcançar o torque no eixo do motor é necessário aplicar uma corrente no estator.
Isso cria um campo magnético rotativo que, por sua vez, induz uma corrente no
rotor. Devido a essa corrente induzida, o rotor também cria um campo magnético
e começa a seguir o estator devido à atração magnética. O rotor ficará mais lento
que o campo do estator e isso é chamado de escorregamento. Se o rotor girasse
na mesma velocidade que o estator, nenhuma corrente seria induzida, portanto,
não haveria torque. A diferença de velocidade varia de 0,5 a 5%, dependendo do
enrolamento do motor. Considerando um motor de indução trifásico, que apresenta
velocidade nominal de 1.764 rpm a 60 Hz, determine o valor do número de polos e o
escorregamento percentual da máquina, respectivamente.

4 Em uma indústria do ramo siderúrgico, há um motor de indução trifásico de 380 V, 60


Hz e 10 HP, que está usando 15 A com FP 0,82 atrasado. As perdas no cobre do estator
são 500 W e no cobre do rotor são 110 W. As perdas por atrito e ventilação são 70 W,
as perdas no núcleo são 200 W e as perdas suplementares são desprezíveis. Diante
desse cenário, determine, respectivamente, a potência de entreferro e a eficiência do
motor.

5 Um motor de indução trifásico de 7 HP, fator de potência de 0,85 e escorregamento


de 2%, possui uma corrente induzida no rotor de 10 A e uma resistência no rotor de
0,3 Ohms. Determine, respectivamente, as perdas no cobre do rotor e a potência
convertida.

171
172
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
MOTORES SÍNCRONO E DE INDUÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Máquina elétrica é aquela cuja concepção permite a conversão de energia elétrica
em mecânica, e vice-versa. Uma dessas máquinas é a síncrona, que, quando utilizada na
conversão de energia elétrica em mecânica, é conhecida como motor síncrono.

Neste tópico, você estudará os princípios básicos e a operação em regime


permanente dessa máquina, e, por fim, calculará os parâmetros necessários para a
definição do circuito equivalente desse equipamento.

2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE OPERAÇÃO DO MOTOR


SÍNCRONO
Quando um campo magnético varia no tempo, e um condutor é exposto a esse
campo, é produzido um campo elétrico no espaço, de acordo com a lei de Faraday:

(10)

Se o material do condutor for de alta condutividade elétrica, o campo E é muito


pequeno e desprezado. Dessa forma, o primeiro termo da equação se reduz ao negativo
da tensão induzida (UMANS, 2014). Outra consideração é que, no segundo membro
da equação, predomina-se o fluxo do núcleo, e, como o enrolamento tem N espiras
concatenadas, a equação se reduz a:

(11)

Notamos que λ é o fluxo concatenado (Wb.e) do enrolamento, definido como:

λ = N.φ (12)

Outra simplificação comum é que, em um circuito magnético, no qual a


permeabilidade do material (μ) é elevada (fluxo magnético confinado) e constante,
a relação entre o fluxo (φ), que passa pela área da seção transversal do núcleo (A), e a
corrente (i), será linear, e a indutância (L) será dada por:

173
(13)

l = lc + lg é o caminho médio do circuito magnético, lc representa a soma dos


caminhos médios do núcleo, e lg é a soma dos caminhos médios dos entreferros.
Ainda, se for considerada a relutância do núcleo (RC), desprezível em comparação à do
entreferro (Rg):

(14)

Com o uso de materiais magnéticos, obtêm-se densidades elevadas de fluxo


magnético com níveis baixos de força magnetomotriz (FMM). Os materiais magnéticos
podem ser usados para delimitar e direcionar os campos magnéticos dentro de caminhos
bem definidos.

Até aqui, você estudou que um condutor energizado, com corrente circulando,
produzirá um campo magnético. Se esse campo for variante no tempo e passar por uma
bobina, uma tensão será induzida nela. Agora, se for aplicada uma carga, no circuito da
bobina, com a tensão induzida, surgirá uma corrente que, na presença de um campo
magnético, gerará uma força no condutor. Esse fenômeno é modelado pela lei da força
de Lorentz:

F = q(E + v × B) (15)

F é a força de uma partícula de carga q com velocidade v na presença de


um campo elétrico E e magnético; e F atua na direção do E e independe de qualquer
movimento da partícula – esse é o fundamento da ação da máquina elétrica como motor
(CHAPMAN, 2013).

NOTA
Para a indução de tensão, foi descrito um campo magnético variante no tempo, e um
circuito elétrico seria utilizado. Todavia, na verdade, o necessário, para a indução de
tensão, é o movimento relativo entre o campo magnético e o circuito elétrico. Podemos,
então, ter outras duas possibilidades:
• rotacionar a bobina em um campo magnético constante (ímã natural);
• rotacionar o campo magnético constante (ímã natural) e manter a bobina fixa.
Em ambos os casos, também, existirá o movimento relativo entre campo e enrolamentos,
sendo, a tensão, induzida.

174
Com essa introdução, você é capaz de entender como ocorre a interação entre
campos magnéticos e elétricos em uma máquina. Como consequência, caso exista um
entreferro, será possível o deslocamento de partes dessa máquina.

A estrutura das máquinas CA é dada por uma parte estática (estator) e uma
parte rotativa (rotor). A Figura 26A apresentará um estator com o núcleo. Notamos que,
para reduzir perdas nesse núcleo, ele é laminado (Figura 26B). A composição do estator
e do rotor é de aço, e os enrolamentos (grupo de bobinas) são instalados em ranhuras
dessas estruturas, conhecidas como enrolamento de armadura, ou enrolamento de
estator.

FIGURA 26 – ESTATOR DE UMA MÁQUINA ELÉTRICA (A); LÂMINAS QUE COMPÕEM O NÚCLEO DO ESTATOR
(B)

FONTE: Os autores

Os motores CA se dividem em dois grandes grupos: motores síncronos e


assíncronos. A diferença entre eles é como os campos interagem entre o estator e o
rotor. O funcionamento do motor assíncrono é baseado na alimentação do enrolamento
do estator, gerando uma corrente alternada nesses condutores, e, consequentemente,
um campo magnético rotativo. A velocidade de rotação desse campo magnético é
chamada de velocidade síncrona (ηS).

fe é a frequência elétrica aplicada ao estator (Hz), e os polos são o número de


polos magnéticos gerados pelos enrolamentos da máquina. A velocidade de rotação do
rotor (ηn) é dada por:

ηn = (1 – s)ηS (16)

s é o escorregamento que é usado para descrever o movimento relativo do rotor


e dos campos magnéticos. O escorregamento, também, pode ser visto como perdas de
um sistema. Nesse caso, pode-se citar, como exemplo, o acoplamento de uma carga
ao eixo do motor, que adicionará uma resistência à rotação natural, causando uma
diferença ainda maior entre as velocidades síncrona e de rotação do rotor. Outras perdas

175
são intrínsecas ao equipamento. Componentes, como rolamentos, também, adicionam
pontos de atrito mecânico ao eixo do motor, ou seja, são todas as perdas no eixo do
motor.

NOTA
Se a velocidade de rotação do rotor for igual à de rotação do campo magnético,
o escorregamento será igual a zero, ou seja, não existe movimento relativo entre
o campo magnético e o rotor. Portanto, não existirá tensão induzida – se não há
tensão induzida, não existirá torque, fazendo com que o motor diminua a velocidade.

A Figura 27 elencará um motor síncrono, que trabalha com velocidade constante,


resultado da interação entre campos magnéticos rotativos e estáticos. No motor de
indução, o estator do motor síncrono produz um campo magnético rotativo. O rotor, ao
invés de ter um campo induzido, como acontece no motor de indução, é alimentado por
uma fonte CC, que produzirá um campo magnético estacionário. Observe a interação
entre esses campos magnéticos:

FIGURA 27 – CAMPOS MAGNÉTICOS DO MOTOR SÍNCRONO

FONTE: Os autores

Notamos que o campo magnético do estator do motor síncrono gira com a


velocidade síncrona (ηS), e o campo magnético do rotor está parado. Como a velocidade
de um é bem maior do que a do outro, os campos magnéticos não conseguirão alinhar
os polos, e, assim, o motor não conseguirá girar. A Figura 28 apresentará a solução para
esse problema: a inserção de uma gaiola de esquilo no rotor da máquina faz o mesmo
trabalho realizado no motor de indução, tornando possível a partida do motor.

176
FIGURA 28 – GAIOLA DE ESQUILO SENDO INSERIDA NO ROTOR DO MOTOR SÍNCRONO

FONTE: Os autores

Durante a partida do motor síncrono, ele funcionará igual ao motor de indução,


mas, assim que ele chega à velocidade “nominal” dele, essa velocidade se torna suficiente
para que os polos do estator e do rotor se acoplem, deixando a velocidade do rotor igual
à síncrona. Quando isso acontecer, não existirá mais movimento relativo entre o campo
magnético do estator e os enrolamentos do rotor, não havendo mais indução de tensão
na gaiola de esquilo do rotor e deixando, apenas, o motor com o intertravamento dos
polos, conforme Figura 29.

FIGURA 29 – CAMPOS MAGNÉTICOS DO ESTATOR E ROTOR DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA ACOPLADOS

FONTE: Os autores

O circuito equivalente da máquina síncrona é encontrado ao se fazer uma


análise do equipamento com ação geradora. A tensão gerada (EA) por uma máquina
síncrona nunca será entregue à carga (V∅), devido às perdas intrínsecas do sistema:

V∅ = EA – jXSIA – RAIA (17)

Os fatores que geram perdas podem ser listados a seguir:

177
• A distorção do campo magnético do entreferro, pela corrente que flui no estator,
denominada de reação de armadura, representada pela queda de tensão na
reatância X.
• A autoindutância das bobinas da armadura representada pela autoindutância do
estator (LA) e sua respectiva reatância (XA). Com os efeitos da autoindutância e
da reação de armadura representados por reatâncias, combinados em uma única
reatância: a reatância síncrona (XS).
• A resistência das bobinas da armadura (RA).
• O efeito do formato dos polos salientes do rotor.

As máquinas síncronas podem trabalhar como motor – normalmente, motores


de grande potência – e como gerador, que é a aplicação mais comum delas. Elas são
a mais importante fonte de geração de energia elétrica, responsáveis por quase 99%
de toda a potência gerada. A Figura 30 abarcará o circuito equivalente de uma fase de
um gerador síncrono. Note que, além da representação do estator, há as componentes
do rotor, uma fonte A (VF), a corrente de campo (IF), e o circuito de campo do rotor
representado pela indutância (LF) e pela resistência em série (RF).

FIGURA 30 – CIRCUITO EQUIVALENTE GERADOR SÍNCRONO

FONTE: Chapman (2013, p. 213)

Segundo a Figura 31, o circuito equivalente, para o motor síncrono, será o


mesmo do gerador síncrono, sendo que a única diferença será o fluxo de potência, o
qual terá sentido contrário.

EA = V∅ – jXsIA – RAIA (18)

178
FIGURA 31 – CIRCUITO EQUIVALENTE MOTOR SÍNCRONO

NOTA
Os circuitos equivalentes anteriores apresentam uma versão simplificada do
circuito de campo. A resistência em série, da bobina de campo, na verdade, é uma
composição entre a própria resistência e uma resistência variável (Raj), a qual
controla o fluxo da corrente de campo.

2.1 OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE DE MÁQUINAS


SÍNCRONAS
As relações entre a tensão de terminal, as correntes de campo e de armadura,
o fator de potência e o rendimento descrevem o funcionamento do motor síncrono em
regime permanente. Normalmente, os valores nominais de uma máquina síncrona são
dados baseados em uma carga (kVA ou MVA), a qual pode ser fornecida continuamente,
sem superaquecimento, com valores específicos de tensão e fator de potência. Quando
a potência ativa da carga e a tensão são definidas, o que limita a operação é o limite
de aquecimento dos enrolamentos de armadura e de campo. A região de operação é
apresentada através da curva de capacidade, cuja construção será observada na Figura
32, a seguir. A área de operação nominal da máquina fica, então, na interseção entre as
curvas de limite de aquecimento de campo e armadura (UMANS, 2014).

179
FIGURA 32 – CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CAPACIDADE DE UM GERADOR SÍNCRONO

FONTE: Umans (2014, p. 295)

Em condições de regime permanente, os motores são ligados a sistemas muito


maiores em comparação a eles próprios. Desse modo, podemos considerar que o sistema
de potência atua como um barramento infinito para os motores. Isso significa que a
tensão de terminal e a frequência do sistema serão constantes, independentemente da
quantidade de potência solicitada pelo motor.

A velocidade de rotação mecânica do motor (nm) está sincronizada com a taxa


de rotação dos campos magnéticos, que, por consequência, está sincronizada com a
frequência elétrica aplicada ao estator (fse), de modo que a velocidade do motor síncrono
será constante, independentemente da carga.

(19)

P é o número de polos magnéticos do motor.

Assim, a curva que representa a relação entre o conjugado do motor síncrono


e a velocidade se resume a uma reta, como a desenhada na Figura 33. A velocidade
será a mesma, independentemente de o motor estar operando a vazio ou com a carga
máxima. Por isso, a regulação de velocidade (SR) é zero.

180
Caso a carga máxima seja ultrapassada, o rotor pode perder o sincronismo com
o estator e o campo magnético resultante do sistema. Com a velocidade da rede elétrica
mais rápida do que a velocidade mecânica do rotor, o sentido do conjugado do rotor é
invertido a cada passagem do campo magnético do rotor, gerando uma grande vibração
(polos deslizantes) (UMANS, 2014).

FIGURA 33 – CARACTERÍSTICA DO CONJUGADO VERSUS VELOCIDADE DE UM MOTOR SÍNCRONO

FONTE: Chapman (2013, p. 276)

2.2 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DAS MÁQUINAS


SÍNCRONAS
Ensaios são utilizados para definir os parâmetros encontrados no circuito
equivalente da máquina. Assim, estudaremos o ensaio a vazio (circuito aberto) e o
ensaio de curto-circuito. Note que é o mesmo ensaio, independentemente do tipo de
rotor (cilíndrico ou polos salientes).

O ensaio a vazio, também, conhecido como curva de saturação de circuito


aberto, consiste na medição da tensão dos terminais de armadura (V∅) a vazio em função
da corrente de campo (IF) com rotação nominal (síncrona). Com o circuito de armadura
em aberto, a tensão do terminal (V∅) será igual à tensão gerada (EA), criando, também,
uma relação direta entre a corrente de campo e a tensão gerada. Com essas medições,
é possível realizar o cálculo da indutância mútua (LAF) entre o campo e a armadura.

181
Essa medição gera a curva da Figura 34. Os efeitos da saturação magnética
podem ser vistos, claramente, na curva: à medida que a corrente de campo aumenta,
ocorre a saturação do material, aumentando, assim, a relutância. A linha de entreferro
seria o “caminho linear percorrido” caso o material não sofresse saturação.

FIGURA 34 – CARACTERÍSTICA A VAZIO DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA

FONTE: Chapman (2013, p. 209)

DICA
O vídeo disponível no link a seguir mostrará um gerador síncrono com detalhes.
Podemos notar que a máquina elétrica que funciona como gerador tem a mesma
estrutura como motor: https://qrgo.page.link/9qZL.

182
NOTA
O ensaio a vazio de uma máquina síncrona trifásica (60 Hz) mostra uma tensão
nominal de 13,8 kV, produzida por uma corrente de campo de 318 A. Partindo
de medições feitas na máquina para 13,8 kV, teríamos uma corrente de 263 A.
Calcularemos os valores das indutâncias mútuas saturada e não saturada.

Note que:
a) Indutância mútua com saturação:

b) Indutância mútua sem saturação:

Isso significa que, como o material sofreu saturação, foi necessária uma corrente
maior para gerar o mesmo nível de tensão, com uma indutância mútua menor,
aproximadamente, 18%.

O ensaio de curto-circuito consiste na medição da variação da corrente de


campo e da corrente de armadura, com o circuito de armadura em curto-circuito (V∅ =
0).

V∅ = Ea – jXsIa – RaIa
Ea = Ia(Ra + jXs)

Outra observação: como Ra <<Xs, a corrente de armadura está atrasada em


relação à tensão de excitação, praticamente, 90º. A reatância de dispersão varia,
normalmente, entre 0,1 e 0,2 p.u. Considerando que a reatância vale 0,15 p.u., temos que,
para uma corrente nominal de armadura, a queda de tensão na reatância de dispersão
será de, aproximadamente, 0,15 por unidade (15%). A reatância síncrona não saturada
pode ser encontrada com as informações obtidas nos dois ensaios:

Note que Ea é obtida no ensaio a vazio, e, Ia, no de curto-circuito.

183
NOTA
Existe um problema no cálculo de Xs. A tensão gerada interna (Ea) é obtida quando
a máquina está, parcialmente, saturada para correntes de campo elevadas. Por
outro lado, a corrente Ia é obtida quando a máquina não está saturada para todas
as correntes de campo. Essa diferença faz com que o valor resultante de Xs seja,
apenas, aproximado. Entretanto, a resposta dada por essa abordagem é exata até
o ponto de saturação.

Na Figura 35, acompanharemos o comportamento entre a corrente de campo


e a de armadura durante o ensaio de curto-circuito. A linearidade encontrada indica
que o sistema está trabalhando em uma região fora da zona de saturação. Podemos
considerar, então, uma relação linear entre a corrente de campo e o fluxo magnético e
a tensão de terminal.

FIGURA 35 – CARACTERÍSTICA DE CURTO-CIRCUITO DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA

FONTE: Chapman (2013, p. 209)

3 CONTROLE DE VELOCIDADE E DE CONJUGADO


Os motores elétricos fazem parte de todo o processo industrial moderno. Essa
gama de aplicações trouxe consigo a necessidade de variar a velocidade e o torque
de operação desses equipamentos, além das características nominais. Dessa forma,
faz-se necessário compreender quais grandezas devem ser manipuladas, a fim de se
obter o comportamento desejado de tais máquinas. Também, é preciso conhecer os
dispositivos usados para essa tarefa e quais cuidados devem ser tomados.

Você estudará os métodos de controle de velocidade de motores CC. Além


disso, aprenderá a respeito dos métodos de controle de motores síncronos e de motores
de indução.

184
4 MÉTODOS DE CONTROLE DE MOTORES CC
Os motores CC utilizam correntes contínuas como fonte de alimentação. Essas
máquinas são utilizadas em diversas aplicações na indústria e em aparelhos da vida
cotidiana.

Antes do desenvolvimento de dispositivos eletrônicos de controle e partida de


motores CA, os motores CC eram, amplamente, utilizados em situações que demandavam
controle de velocidade, sem abrir mão do torque. Assim, a principal utilização do motor
CC se relaciona ao controle de velocidade em situações que exigem conjugado elevado.

4.1 TORQUE E VELOCIDADE DO MOTOR CC


Segundo Carvalho (2011), as bobinas de campo, presentes no estator de um
motor CC, produzem um campo magnético cujas linhas cortaram a armadura. Assim,
se houver uma força eletromotriz (FEM) na armadura, esta gira, e as bobinas dela
atravessam as linhas de campo do estator, criando uma força contraeletromotriz. Esse
pode ser entendido como o princípio de funcionamento de um motor CC.

Antes de abordar os métodos de controle de velocidade de motores CC, deve-


se relembrar da relação entre potência mecânica, velocidade, corrente e tensões de
campo e de armadura.

Há quatro tipos de ligações em motores CC, a partir da Figura 36.

FIGURA 36 – LIGAÇÕES DO CIRCUITO DE CAMPO EM MÁQUINAS CC: EXCITAÇÃO INDEPENDENTE (A); EM


SÉRIE (B); EM DERIVAÇÃO (C); COMPOSTA (D)

FONTE: Fitzgerald, Kingsley Junior e Umans (2006, p. 407)

185
Considerando uma carga com conjugado constante sendo acionada por um
motor CC, o conjugado eletromagnético é dado por:

(20)

Para motores de ímã permanente, ela se torna:

(21)

Sendo Kf e Km constantes que dependem de aspectos construtivos do motor.


Para motores em derivação ou de excitação independente, If representa a corrente de
campo média; em ambos os casos, Ia corresponde à corrente de armadura, definida
como:

(22)

Considerando o conjugado do motor igual ao da carga, a velocidade angular é


obtida por:

(23)

Dessa forma, nota-se que a velocidade é sensível às variações das correntes de


campo e de armadura.

4.2 CONTROLE DE VELOCIDADE PELA CORRENTE DE CAMPO


O controle de velocidade pela corrente de campo é utilizado para motores com
enrolamento de campo independentes, em derivação ou composto. Alterações na
corrente de campo causam alterações na velocidade do motor. Nesse caso, If é definida
como:

(24)

Podemos inferir que o controle da corrente If pode ser realizado pela alteração
da resistência no enrolamento de campo. Na prática, isso implica na inserção de uma
resistência variável em série com o campo em derivação. Dessa forma, a equação se
torna:

186
(25)

Outra maneira de alterar a corrente If é utilizar o método da modulação por


largura de pulso (PWM). Nesse método, a tensão média, entregue por uma fonte de
alimentação a uma carga, varia, de acordo com o ciclo de trabalho escolhido.

Considere um circuito, com uma chave de liga/desliga (on/off), conectado a


uma carga durante determinado período. Se, durante todo o período, esse circuito ficar
ligado, 100% da tensão será entregue; por outro lado, se esse circuito ficar desligado,
a tensão será nula. Nos demais casos, o nível médio de tensão entregue à carga será
definido pelo ciclo de trabalho (Dc):

(26)

TON é igual ao tempo em que a chave está ligada, e, TOFF, ao tempo com a chave
desligada. Dessa forma, a tensão média sobre o enrolamento de campo é dada por:

(27)

Considerando Vcc a tensão fornecida por uma fonte de alimentação genérica, a


corrente de campo será:

(28)

Poderá ser controlada a partir da variação do ciclo de trabalho.

4.3 CONTROLE DE VELOCIDADE PELA CORRENTE DE


ARMADURA
Observando as Equações 22 e 23, pode-se notar que a inserção de uma
resistência externa ao circuito de armadura é uma forma, possivelmente, utilizada para
controlar a velocidade de motores CC. De fato, essa é uma maneira comum e de baixo
custo de implantação.

Na Equação 22, observa-se que o aumento da resistência Ra implica a diminuição


da corrente Ia. Seguindo para a Equação 23, pode-se deduzir que a redução de Ia tem,
como consequência, a redução da velocidade do motor.

187
A perda elevada de potência na resistência externa torna os custos operacionais
elevados, além de reduzir, proporcionalmente, a potência entregue à carga, de acordo
com a redução da velocidade. Por esse motivo, é indicado, apenas, em operações de
curta duração.

Seguindo o mesmo raciocínio empregado no controle por corrente de campo,


o controle da corrente de armadura pode ser feito pelo manejo do nível de tensão
que chega aos terminais de armadura. Para isso, pode ser utilizado qualquer método
eletrônico de controle de tensão, inclusive, o método PWM, citado anteriormente. Nesse
caso, a tensão de armadura será:

(29)

4.4 CONTROLE DE CONJUGADO


Conforme apresentado nas Equações 10 e 11, o conjugado eletromagnético de
um motor CC varia, proporcionalmente, com a corrente de armadura.

Devido à configuração de enrolamentos de campo e de armadura em um motor


CC, pode-se realizar vários métodos de controle de velocidade que possuam diferentes
características. Essa configuração de enrolamentos de campo e de armadura se mantém
nos motores síncronos, mas com algumas diferenças, como veremos a seguir.

5 MÉTODOS DE CONTROLE DE MOTORES SÍNCRONOS


Segundo Chapman (2013), quando uma carga é acoplada ao eixo de um motor
síncrono, este desenvolverá conjugado suficiente para manter essa carga girando
na velocidade síncrona. Por possuir essas importantes propriedades, como manter a
velocidade constante, atuando a vazio e com plena carga; e corrigir o fator de potência,
os altos torques e as baixas correntes de partida, os motores síncronos são, amplamente,
utilizados para o acionamento de diversos tipos de cargas.

O conjunto de correntes, nos enrolamentos de armadura do motor, produz um


campo magnético girante no estator. O campo magnético do rotor tentará se alinhar ao
campo girante do estator, e, dessa forma, o próprio rotor entrará em movimento.

5.1 CONTROLE DE VELOCIDADE


A velocidade de rotação do motor síncrono está relacionada à velocidade de
rotação dos campos magnéticos, que, por sua vez, estão, diretamente, relacionados à
frequência elétrica aplicada. A velocidade do motor síncrono pode ser expressa por:

188
(30)

ns é a velocidade síncrona, e, f, a frequência aplicada ao estator. Assim, fica claro


que a melhor maneira de controlar a velocidade de um motor síncrono é pelo controle da
frequência elétrica aplicada ao estator, como a frequência elétrica proveniente da rede
se mantém entre 50 e 60 Hz. Dependendo da região, é necessário utilizar dispositivos
eletrônicos capazes de converter a frequência fixa da rede em uma frequência desejada.
Com esse controle de frequência, deve haver o controle da amplitude da tensão aplicada:

Vn e f n são, respectivamente, a velocidade e a frequência nominais para o


planejamento do motor.

5.2 CONTROLE DE CONJUGADO


O conjugado eletromagnético de um motor síncrono é descrito por:

Laf é a indutância mútua entre estator e rotor; iF, a corrente de campo; e, iQ, a
corrente do eixo de quadratura. Assim, o conjugado é controlado pelo componente do
eixo de quadratura da corrente de armadura.

Para fins de projeto, quando um conjugado é especificado, deverão, também, ser


especificadas as restrições relacionadas ao fluxo concatenado e à corrente de terminal,
que satisfaçam às seguintes equações:

A Figura 37 demonstrará a planta de um sistema de controle de conjugado por


campo orientado.

189
FIGURA 37 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM SISTEMA DE CONTROLE DE CONJUGADO POR CAMPO
ORIENTADO PARA UM MOTOR SÍNCRONO (A); DIAGRAMA DE BLOCOS DE UMA MALHA DE CONTROLE DE
VELOCIDADE PARA MOTOR SÍNCRONO (B), CONSTRUÍDA EM TORNO DE UM SISTEMA DE CONTROLE DE
CONJUGADO POR CAMPO ORIENTADO

FONTE: Fitzgerald, Kingsley Junior e Umans (2006, p. 581)

Os motores síncronos possuem um enrolamento de campo controlado


por corrente contínua o que permite o controle das características. No entanto, o
funcionamento ocorre por uma alimentação de corrente alternada. É importante
compreender que vários motores síncronos possuem artifícios retificadores acoplados,
para que não sejam necessárias duas fontes de alimentação para um mesmo motor
(uma CA e uma CC). A seguir, estudaremos o controle de motores de indução, os quais
são, puramente, CA, mas que possuem semelhanças com os motores síncronos na
metodologia de controle de velocidade e conjugado.

190
6 MÉTODOS DE CONTROLE DE MOTORES DE INDUÇÃO
O motor de indução é a máquina elétrica mais utilizada pela humanidade.
Esse motor não necessita de corrente de campo para funcionar, considerando que
as correntes do estator induzem correntes nos enrolamentos do rotor. A tendência ao
alinhamento desses dois campos magnéticos gera a rotação, e a velocidade é descrita
pela Equação 19.

6.1 CONTROLE DE VELOCIDADE EM MOTORES COM POLOS


VARIÁVEIS
Alguns motores de indução são projetados de forma que seja possível variar
o número de polos do estator, de acordo com a forma de ligação das bobinas. Essa
alteração tem razão de 2:1.

O rotor do tipo “gaiola de esquilo” produz um campo de rotor indutivo com o


mesmo número de polos do estator. Dessa forma, pode-se configurar o motor para
trabalhar com uma a quatro velocidades síncronas possíveis, simplesmente, variando
as ligações, e, consequentemente, o número de polos.

6.2 CONTROLE DE VELOCIDADE PELO CONTROLE DA


FREQUÊNCIA DE ARMADURA
O método de controle de velocidade pela variação da frequência de alimentação
do motor de indução é idêntico ao aplicado a motores síncronos. Os mesmos dispositivos,
circuitos e proporcionalidades devem ser respeitados.

A relação entre conjugado e velocidade de um motor de indução, de acordo com


a variação da frequência, é descrita pela equação:

A representação gráfica dessa propriedade mostra que o aumento da frequência


não altera.

191
FIGURA 38 – CURVA VELOCIDADE × CONJUGADO DE UM MOTOR DE INDUÇÃO DE QUATRO POLOS COM O
AUMENTO DA FREQUÊNCIA ELÉTRICA DE ALIMENTAÇÃO

FONTE: Fitzgerald, Kingsley Junior e Umans (2006, p. 601)

6.3 CONTROLE DE VELOCIDADE POR TENSÃO DE LINHA


O conjugado desenvolvido por um motor de indução é proporcional ao quadrado
da tensão aplicada aos terminais. Esse método possui baixo rendimento, podendo ser
tolerado, caso o escorregamento seja elevado. Na Figura 39, visualizaremos a curva
conjugado × velocidade em relação à carga e à tensão aplicada.

FIGURA 39 – CONTROLE DE VELOCIDADE POR MEIO DA TENSÃO DE LINHA

FONTE: Fitzgerald, Kingsley Junior e Umans (2006, p. 605)

192
6.4 CONTROLE DE VELOCIDADE POR RESISTÊNCIA DE ROTOR
A curva da Figura 40 é obtida pela utilização de uma resistência variável,
conectada ao rotor do motor.

FIGURA 40 – CURVAS DE CONJUGADO × ESCORREGAMENTO DE UM MOTOR DE INDUÇÃO MOSTRANDO O


EFEITO DA VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO CIRCUITO DO ROTOR

FONTE: Fitzgerald, Kingsley Junior e Umans (2006, p. 366)

Com um valor adequado para a resistência, pode-se definir com que velocidade
ocorrerá o conjugado máximo. Conforme a velocidade aumenta, a resistência variável
pode ser diminuída, tornando o conjugado máximo disponível em todo o intervalo.

Continue para ver a variação da velocidade para três valores distintos de


resistência de rotor.

193
FIGURA 41 – CONTROLE DE VELOCIDADE POR MEIO DA RESISTÊNCIA DE ROTOR

FONTE: Fitzgerald, Kingsley Junior e Umans (2006, p. 605)

6.5 CONTROLE DE CONJUGADO


Utilizando-se o mesmo tipo de análise feito para o controle de conjugado
em motores síncronos, é necessário desenvolver o conceito de controle por campo
orientado. A partir desse conceito, chega-se à seguinte equação de conjugado:

O subscrito 0 descreve valores na frequência nominal. D, Q, DR e QR são as


componentes diretas e em quadratura dos eixos das grandezas do rotor e do estator.

Outras grandezas importantes para a análise são:

Dessa forma, a análise de controle por campo orientado mostra que a corrente
de armadura de eixo direto determina os fluxos de rotor e de armadura de eixo direto. A
Figura 42 mostrará a planta de um sistema de controle conjugado por campo, orientado
para motores de indução. Na prática, as correntes de quadratura e de eixo direto devem
ser convertidas para as tensões de fase do motor ia, ib, ic.

194
Por mais que existam diferentes metodologias de controle de velocidade e
conjugado em motores de indução, a mais utilizada é o controle por meio de um inversor
de frequência. Outras metodologias são de pouca eficiência e acabam não produzindo
bons resultados na prática.

Para que seja realizada a correta decisão a respeito de como controlar um motor
em uma aplicação prática, é importante conhecer os detalhes comportamentais e as
características de cada topologia de controle de velocidade e conjugado das máquinas
apresentadas neste estudo. As máquinas se diferenciam a partir das características
construtivas delas, e, dessa forma, identificam-se em aplicações específicas. Possui,
cada uma, a própria maneira de ser controlada.

FIGURA 42 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM SISTEMA DE CONTROLE DE CONJUGADO POR CAMPO


ORIENTADO PARA UM MOTOR DE INDUÇÃO (A); DIAGRAMA DE BLOCOS DE UMA MALHA DE CONTROLE DE
VELOCIDADE PARA MOTOR DE INDUÇÃO CONSTRUÍDA (B) EM TORNO DE UM SISTEMA DE CONTROLE DE
CONJUGADO POR CAMPO ORIENTADO

FONTE: Fitzgerald, Kingsley Junior e Umans (2006, p. 609)

7 EXPERIMENTAÇÃO
O campo magnético girante é o princípio de funcionamento dos motores de
indução. Motores de indução monofásicos e trifásicos se baseiam na existência desse
fenômeno para produzir o torque sobre um eixo, devidamente, construído e posicionado.

195
DICA
Para compreender melhor como se produz um campo girante a partir de um
sistema elétrico trifásico, acesse a página https://people.ucalgary.ca/~aknigh/
electrical_machines/fundamentals/f_ac_rotation.html.

Clique no botão Fase A, B ou C, abaixo da animação, para observar o


comportamento do campo eletromagnético produzido por cada fase. O campo
resultante, mostrado em verde, é o somatório vetorial dos campos das três fases.

DICA
Caso você não esteja à vontade com o idioma inglês, pode traduzir a página
para o português, clicando com o botão direito em qualquer local e escolhendo
a opção “Traduzir” no menu que surgir. Essa dica funciona para os navegadores
Google Chrome e Microsoft Edge.

DICA
Após interagir com a simulação virtual, realize uma pesquisa para responder às
seguintes perguntas:
a) Como pode ser feita a inversão do sentido de giro do campo girante em
um motor de indução trifásico?
b) Como é criado um campo girante em um motor de indução monofásico?
Socialize as respostas e as suas descobertas com os seus colegas.
Exemplos:
a) Para inverter o sentido de giro do campo, basta trocar a posição de duas
fases do motor.
b) Em um motor de indução monofásico, a princípio, só é possível produzir
um campo eletromagnético pulsante. Para se conseguir o efeito de giro,
é necessário utilizar um segundo enrolamento com a tensão defasada
em relação ao enrolamento principal. Desse modo, existirão dois campos
magnéticos pulsando com certa defasagem de tempo. A soma vetorial
desses dois campos produzirá um campo girante. Existem diversos
métodos para produzir esse segundo campo defasado do primeiro.

196
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os motores CA se dividem em dois grandes grupos: motores síncronos e assíncronos.


A diferença entre eles é como os campos interagem entre o estator e o rotor.

• O funcionamento do motor assíncrono é baseado na alimentação do enrolamento do


estator, gerando uma corrente alternada nesses condutores, e, consequentemente,
um campo magnético rotativo. A velocidade de rotação desse campo magnético é
chamada de velocidade síncrona.

• As máquinas síncronas podem trabalhar como motor – normalmente, motores de


grande potência – e como gerador, que é a aplicação mais comum delas. Elas são a
mais importante fonte de geração de energia elétrica, responsáveis por quase 99%
de toda a potência gerada.

• Os motores CC utilizam correntes contínuas como fonte de alimentação. Essas


máquinas são utilizadas em diversas aplicações na indústria e em aparelhos da vida
cotidiana.

• Há quatro tipos de ligações em motores CC: excitação independente, em série, em


derivação, e composta.

• A velocidade de rotação do motor síncrono está relacionada à velocidade de rotação


dos campos magnéticos, os quais, por sua vez, estão, diretamente, relacionados à
frequência elétrica aplicada.

197
AUTOATIVIDADE
1 A máquina elétrica é completamente isolada eletricamente, baseada em um
circuito magnético, o qual é alimentado pela rede. Sobre as simplificações e outras
características relacionadas aos circuitos magnéticos das máquinas elétricas,
selecione a alternativa CORRETA:

a) ( ) O fluxo concatenado representa a resultante de todos os fluxos gerados por cada


bobina de um enrolamento.
b) ( ) A Lei de Faraday diz que um condutor exposto a um campo elétrico variante no
tempo irá induzir uma corrente alternada nesse condutor.
c) ( ) Uma forma de confinar o fluxo magnético é a utilização de materiais com a
permeabilidade baixa.
d) ( ) A relutância da maioria dos materiais que compõem núcleos é bem maior que o
do entreferro.
e) ( ) A utilização de materiais magnéticos é feita para se obter o maior fluxo magnético
possível com a menor força eletromotriz possível.

2 O estator é a parte fixa do motor, protegido pela carcaça, e o rotor a parte interna,
a qual sofre movimento angular. Sobre as características construtivas do estator e
rotor da máquina CA e sua classificação, marque a alternativa CORRETA:

a) ( ) A função do entreferro é possibilitar o funcionamento das partes móveis da


máquina elétrica.
b) ( ) O núcleo da parte estática da máquina (rotor) é laminado para reduzir perdas.
c) ( ) As ranhuras nos núcleos são utilizadas para acomodar as bobinas (grupo de
enrolamentos).
d) ( ) As máquinas CA são divididas em dois grandes grupos: as máquinas síncronas
(indutivas) e as máquinas assíncronas.
e) ( ) O funcionamento do motor síncrono é baseado na alimentação do enrolamento do
rotor, gerando uma corrente alternada nesses condutores e, consequentemente,
um campo magnético rotativo.

3 Os circuitos equivalentes das máquinas elétricas são de grande importância, desde a


concepção do seu projeto até simulações de operação. Quando o equipamento está
operando e não há dados sobre ele, são realizados ensaios para coletar informações.
Sobre a definição dos principais parâmetros do circuito equivalente dos motores
síncronos, marque a alternativa CORRETA:

a) ( ) Dependendo do tipo de rotor utilizado (cilíndrico ou polos salientes), o ensaio de


curto-circuito não poderá ser realizado.

198
b) ( ) Os ensaios a vazio (circuito aberto) e de curto-circuito são utilizados para
encontrar estes parâmetros.
c) ( ) O ensaio a vazio consiste na medição da tensão dos terminais de campo (V∅) a
vazio em função da corrente de campo (IF) com rotação nominal.
d) ( ) Com o circuito de campo em aberto, a tensão do terminal (V∅) será igual à tensão
gerada (EA).
e) ( ) A linha de entreferro seria o caminho não linear percorrido pela corrente, caso o
material não sofresse saturação.

4 Em uma fábrica de colchões, foi elaborado um método para testar a densidade do


colchão utilizando-se uma esteira rolante. Para a esteira rolante se movimentar, é
necessário utilizar um motor de ímã permanente de 24V e 350W e com os seguintes
parâmetros: resistência de armadura = 97mΩ; velocidade a vazio = 3580rpm; e
corrente a vazio = 0,47A. Qual será a constante de conjugado Km desse motor?

5 Um elevador de carga é utilizado em uma obra para transportar material para o topo
de um edifício. Um engenheiro, com o auxílio de um tacômetro, mediu a velocidade do
motor com o elevador sem carga e teve o valor de 995rpm. Em seguida, o engenheiro
fez uma nova medição de velocidade, mas agora com o motor conectado ao sistema
do elevador com carga máxima, e obteve o valor de 975rpm. Sabendo que esse motor
é de 50Hz, qual é o valor de escorregamento do motor a plena carga?​​​​​​​​​​​​

6 É comum encontrar, nos dias atuais, dispositivos que fazem controle de conjugado
e torque em máquinas elétricas por meio de um método de controle definido como
tensão/frequência. Indique a estratégia de controle e o motor adequado à metodologia
de controle tensão/frequência.

a) ( ) Excitação paralela em motor bobinado


b) ( ) Excitação independente em motor gaiola de esquilo.
c) ( ) Excitação composta em motor CC.
d) ( ) Excitação independente em motor CC.
e) ( ) Inversor de frequência com motor de indução

7 Para acionar um braço mecânico, um engenheiro utiliza um motor de indução trifásico


de 5,5kW – 380V – 50Hz – 11,5A – 1466r/min, que apresenta rendimento nominal de
87% e a característica mecânica que relaciona o torque com seu escorregamento
pela seguinte equação:

T= (518,573*s)/(14,814*s² +0,292s +0,315)


​​​​​
Qual é o conjugado máximo dessa máquina?

199
8 Em uma usina hidrelétrica, foi solicitado um motor para abrir as comportas para o
vertedouro. Para isso, um engenheiro utiliza um motor de indução trifásico de 8,6kW
– 460V – 60Hz – 15A – 3509r/min, que apresenta rendimento nominal de 80% e
a característica mecânica que relaciona o torque com seu escorregamento pela
seguinte equação:

T= (300,51*s)/(12,15*s² + 0,102s + 0,452)


​​​​​​​
Qual é o conjugado de partida desse motor?​​​​​​​​​​​​

200
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
INSTALAÇÃO E PROTEÇÃO DE
MOTORES ELÉTRICOS
1 INTRODUÇÃO

Devido à facilidade com que a energia elétrica pode ser transmitida e


controlada, é natural que o motor elétrico seja o tipo mais encontrado em aplicações
tanto industriais quanto residenciais. Os motores elétricos transformam a energia
elétrica em movimento, e isso permite o seu uso nas mais diversas aplicações.

Contudo, não basta apenas adotar um motor elétrico para a sua aplicação. É
necessário o entendimento correto do trabalho que será desempenhado pelo motor e
do tipo de alimentação disponível, para que seja adotado o motor ideal para a instalação.

Neste tópico, identificaremos os principais tipos de motores elétricos e as


aplicações para cada tipo de motor. Também veremos o cálculo para as potências e
velocidades presentes em motores elétricos. Por fim, compreenderemos o funcionamento
da partida dos motores elétricos de indução.

2 MOTORES ELÉTRICOS
O motor elétrico é uma máquina que converte a energia elétrica em
energia mecânica. Esse motor apresenta diversas vantagens, devido à facilidade
de transmissão da energia elétrica. Assim, ele apresenta baixos custos, controle de
velocidade mais simples, adaptação em relação a diferentes cargas, entre outros
aspectos. Devido a esse conjunto de vantagens, o consumo de energia associado
aos motores elétricos representa uma boa parte do consumo energético de um país
industrializado. No Brasil, o valor do consumo de motores elétricos industriais chega a
26%, o que demonstra o papel que os motores elétricos assumem nos mais variados
projetos e instalações (WEG, 2019).

Antes de conhecer os diferentes tipos de motores elétricos, é necessário


entender o princípio de funcionamento desses motores. Motores elétricos funcionam
por meio da interação entre o campo magnético presente no estator (parte fixa
externa do motor) e a corrente elétrica que está sendo conduzida no rotor (parte
interna girante do motor). Esse conceito está representado na Figura 43. O rotor gira,
pois o arranjo do condutor e do campo magnético é feito de tal modo que uma força é
exercida perpendicularmente em relação ao condutor e ao campo magnético. Com a
alteração do sentido da corrente, esse processo se torna contínuo e exerce um torque
na saída rotor.

201
FIGURA 43 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM MOTOR ELÉTRICO

FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/simple-electric-motor-power-
vector-1391908655>. Acesso em: 8 ago. 2021.

Existem diversos tipos de motores elétricos voltados para inúmeras aplicações


distintas. No entanto, podemos dividir os motores em dois grandes grupos: os motores
de corrente contínua (CC) e os motores de corrente alternada (CA).

2.1 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA


Esses motores, como o nome sugere, são alimentados por CC. São muito
utilizados em veículos, aeronaves e manipuladores robóticos, devido à facilidade com
que podemos controlar a sua velocidade (NOROUZI; KOCH, 2019; WANG et al., 2019). Os
motores CC apresentam em seu interior o comutador, responsável pelo processo de
comutação, que converte a tensão e a CA do rotor em tensão e CC em seus terminais
(CHAPMAN, 2013). Na Figura 44, estão representados os componentes do motor CC.

FIGURA 44 – ESTRUTURA DE UM MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA

FONTE: Adaptada de Hughes; Drury (2019)

202
Entre os motores CC mais comumente encontrados na prática, temos:

• Motor CC em série: apresenta enrolamentos de campo ligados em série com


os enrolamentos de armadura. Uma vez que a ligação está em série, o fluxo no
enrolamento em série é proporcional à corrente de armadura. Quanto maior o fluxo no
motor, maior é o conjugado e menor será a velocidade do motor. Dessa forma, esse
motor apresenta um maior conjugado por ampere que os demais motores CC, sendo
usado em aplicações que necessitam de grandes torques.
• Motor CC em derivação: apresenta enrolamento de campo ligado em paralelo com o
enrolamento de armadura. Essa ligação em paralelo permite ao motor manter velocidade
constante mesmo com mudanças no valor da carga. Encontra maior utilização em
aplicações que necessitam de um maior controle de velocidade e torque.
• Motor CC composto: apresenta dois enrolamentos, um sendo ligado em série
e outro em paralelo. Esses enrolamentos permitem que esse motor combine as
características tanto do motor CC em série quanto do motor CC em derivação, ou
seja, esse motor é utilizado em aplicações que necessitam de maior torque e de um
controle mais refinado para velocidade.

Na Figura 45, é apresentado o circuito equivalente para os diferentes tipos


de motores CC apresentados anteriormente, em que EA é a tensão de armadura, R A
é a resistência de armadura, Ls e Rs representam o enrolamento em série, e Lf e Rf
representam a bobina de campo responsável por produzir o fluxo magnético do motor.

FIGURA 45 – MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA: EM SÉRIE (A); EM DERIVAÇÃO (B); COMPOSTO (C)

FONTE: Adaptada de Chapman (2013)

203
2.2 MOTORES DE CORRENTE ALTERNADA
Em grande parte das aplicações industriais, o profissional pode se deparar com
esse tipo de motor. Os motores CA são aqueles elétricos, alimentados por uma fonte
de CA; eles podem ser divididos em aplicações alimentadas por redes trifásicas ou
monofásicas. Os motores trifásicos são aqueles alimentados por um sistema a três fios,
em que as tensões estão defasadas entre si com um ângulo de 120°. Já os motores
monofásicos são alimentados por CA, porém, não são capazes de produzir um campo
magnético rotativo. Assim, é necessário um segundo enrolamento defasado 90°, o que
vai permitir a partida do motor monofásico (MAMEDE FILHO, 2000).

O motor mais utilizado industrialmente é o motor de indução trifásico (MIT),


também conhecido como motor assíncrono trifásico. Esse motor apresenta uma
velocidade no rotor sempre inferior à velocidade do campo magnético girante do
estator, que é chamada de velocidade síncrona. Na Figura 46, é apresentado o circuito
equivalente por fase para um motor de indução.

FIGURA 46 – CIRCUITO EQUIVALENTE POR FASE DE UM MOTOR DE INDUÇÃO

FONTE: Adaptada de Chapman (2013)

Esse motor apresenta grande uso industrial, devido à sua maior longevidade,
à simplicidade tanto de construção como de manutenção e aos menores custos em
relação aos demais motores, tanto para a compra como para a manutenção.

204
3 DIMENSIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS
Para a escolha de um motor elétrico, é necessário obter o maior número de
informações a respeito da aplicação e do ambiente onde a aplicação está situada. A
tensão de alimentação, a potência e o torque necessários à aplicação e se ela será
uma aplicação contínua ou intercalada são pontos importantes na escolha de um
motor elétrico.

Para dimensionar corretamente motores para as aplicações na prática, é


preciso conhecer alguns dos fundamentos físicos presentes em motores elétricos.
Começaremos pelo conceito de velocidade de rotação. Como foi abordado anteriormente,
o rotor gira de modo a acompanhar a rotação do campo magnético girante do estator,
de maneira que a velocidade com que o campo magnético está girando é determinada
pela frequência de alimentação da rede e dada pela seguinte equação:

Em que: f é a frequência da rede em Hz e p é o número de polos presentes no


motor. Percebemos que essa é a velocidade síncrona, e não a velocidade com a qual o
rotor está girando.

Para motores assíncronos, a diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade


do rotor dá origem ao conceito de escorregamento, que é dado pela expressão a seguir:

Em que: ω é a velocidade de rotação do rotor. Como podemos perceber, se o


escorregamento for de s = 0, temos um motor síncrono, cuja velocidade do rotor é igual
à velocidade síncrona.

EXEMPLO

Considere um motor de quatro polos que está recebendo uma alimentação da


rede de 220 V e 50 Hz e no qual a velocidade do rotor é de 1.300 rpm. Calcule o
escorregamento presente nesse motor.

Solução:
Para iniciar a resolução do problema, devemos calcular a velocidade de rotação
síncrona, dada pela seguinte expressão:

205
Como sabemos que a velocidade angular do rotor é de 1.300 rpm, calculamos o
escorregamento da seguinte maneira:

Outra medida importante em motores elétricos é o seu rendimento. O


rendimento nada mais é do que a taxa em que a energia elétrica é convertida em
energia mecânica. O processo de conversão apresenta perdas de potência ao longo do
caminho. Podemos estimar essas perdas por meio do rendimento dado a seguir:

Conhecendo a potência de saída (potência mecânica) e a potência de entrada


(potência elétrica), podemos obter o rendimento do motor. O cálculo da potência
mecânica em um motor é dado pela multiplicação entre o torque e a velocidade angular
no rotor em rad/s:

Já o cálculo da potência de entrada depende do tipo de motor com o qual


estamos trabalhando. Para motores CC, temos:

Em que: V é a tensão em volts e I é a corrente em amperes.

Para motores CA, o cálculo da potência é dado por:

Em que VL e IL são, respectivamente, a tensão e a corrente de linha, cos θ é


o fator de potência, e θ é a defasagem entre tensão e corrente de fase (ALEXANDER;
SADIKU, 2013).

206
EXEMPLO

Considere um motor CC alimentado por uma tensão de 220 V e que usa uma corrente
de 30 A. Esse motor apresenta em sua saída um torque de 23,9 Nm e uma velocidade
no rotor de 2.000 rpm. Calcule o rendimento desse motor.

Solução:
Para resolver esse exercício, utilizamos a fórmula para a potência de entrada em
motores CC, de modo que obtemos a seguinte potência na entrada do motor:

Para a obtenção da potência mecânica, é necessário converter o valor da velocidade


de rotação de rpm para rad/s, o que pode ser obtido por meio da seguinte relação:

Dessa forma, podemos calcular a potência de saída como:

Com isso, é possível obter o rendimento do motor na ordem de:

A potência e a velocidade de rotor de um motor elétrico são características


essenciais na escolha adequada de um motor para aplicação industrial. Assim, estar
atento às necessidades de cada aplicação é determinante para a escolha do motor.

4 PARTIDA DE MOTORES ELÉTRICOS DE INDUÇÃO


Durante a partida de motores elétricos, é demandado da rede elétrica um grande
valor de corrente. Isso pode comprometer a integridade da instalação, causando queda
de tensão, prejudicar o funcionamento de equipamentos tanto de comando quanto de
proteção e pôr em risco a segurança da instalação. Motores de grande porte podem,
sozinhos, causar quedas de tensão que poderiam danificar equipamentos. Entretanto, é
comum a partida de diversos motores simultaneamente.

207
Para contornar esses problemas e aumentar a vida útil tanto dos motores
quantos dos equipamentos presentes na instalação elétrica, é comum adotar circuitos
que permitem um determinado nível de controle sobre a demanda de corrente durante a
partida dos motores. A seguir, serão apresentados os principais tipos de partida para MITs.

• Partida direta: método mais simples para o acionamento do motor, em que o motor é
simplesmente alimentado pela rede. Como é de se imaginar, para empregar esse tipo
de partida, é necessário que o motor apresente valores baixos de potência, inferiores
a 5 cv, de modo que a corrente de partida não cause nenhum dano ao sistema. Outro
ponto importante a observar na partida direta é que ela não é indicada para aplicações
que exigem um acionamento progressivo.
• Partida por meio de chave estrela-triângulo: esse método só pode ser empregado
em motores que apresentem no mínimo seis terminais e apresentem dupla tensão
nominal. A partida é constituída pelo acionamento do motor em uma ligação estrela,
de modo que a corrente de partida e o torque ficam reduzidos em 1/3. Após um breve
período, a ligação é substituída pela ligação em triângulo, de forma a normalizar a
tensão de trabalho do motor. Essa técnica apresenta baixo custo e garante menores
correntes de partida, o que faz com que as quedas de tensão também diminuam. A
maior desvantagem está relacionada com a estrutura do motor. Ainda, o tempo entre
a troca de ligação estrela para triângulo só poderá ocorrer quando atingido no mínimo
90% da velocidade de regime, de maneira a não elevar a corrente na partida.
• Partida por meio de chave compensadora: nesse método, é empregado um
autotransformador ligado ao estator, de forma a controlar a partida do motor.
• Partida por meio de chaves estáticas: esse método emprega um circuito controlado
por um microprocessador, de modo a aplicar diferentes níveis de tensão aos terminais
do motor. Isso implica um controle mais refinado tanto dos valores de torque quanto
da corrente de partida. Além disso, é possível realizar o acionamento em rampa, o que
é ideal para aplicações que necessitam de acionamento gradual.

Os circuitos de partidas são construídos de maneira a contemplar também


proteção do motor, como proteção contra curto-circuito, proteção contra sobrecarga,
proteção contra subtensão etc. A Figura 47 apresenta um exemplo de um circuito de
partida, no qual foram adicionados diferentes componentes para a proteção do motor.
Em azul, estão representados os fusíveis, que trabalham como proteção contra curtos-
circuitos. Isso porque, durante um curto-circuito, a corrente aumenta muitas vezes em
relação à corrente nominal; isso causará a queima dos fusíveis e o desligamento da
alimentação do motor. Em verde, está a proteção contra subtensão, que se dá pela
utilização de um relé, que está sendo energizado pela rede de alimentação, assim
como o motor representado pela letra R. Caso a tensão de alimentação diminua, o relé
deixará de estar energizado e abrirá os contatos apresentados em verde na figura, o
que interrompe a alimentação do motor. Por fim, em vermelho, está representada
uma proteção contra sobrecargas, dada por relés térmicos, que irão interromper a
alimentação caso exista um aquecimento excessivo do motor.

208
FIGURA 47 – EXEMPLO DE CIRCUITO DE PARTIDA PARA MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS

FONTE: Adaptada de Chapman (2013)

DICA
Uma maneira bastante eficiente para aprender e compreender os métodos de
partida de motores é pela execução de diagramas de partida. Um programa
bastante útil e prático nessa área é o Cade Simu 3.0, um aplicativo gratuito pode
ser baixado acessando: https://www.mediafire.com/file/azzgy9b98trrzt4/CADe_
SIMU_3.0_%5BBR%5D.rar/file.

Sugerimos que explore esse aplicativo para se inteirar de seu funcionamento.


Ele roda sem a necessidade de instalação.

Aproveite para aprender a trabalhar com ele, pois será útil em diversas
disciplinas futuras.

209
LEITURA
COMPLEMENTAR
MOTORES ELÉTRICOS E O CONSUMO SETORIAL DE ENERGIA

Recentemente, a exemplo dos anos anteriores, foram divulgados os dados


do relatório BIG da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), informando que a
capacidade instalada no Brasil, em 2014, chegou a 132 mil megawatts (MW) provenientes
de 3.907 usinas hidrelétricas, termelétricas, eólicas, nucleares, pequenas centrais
hidrelétricas, centrais geradoras hidrelétricas e solares. Em complemento, o relatório
divulga que o Brasil dobrará sua capacidade instalada em 15 anos.

Tais informações, analisadas do ponto de vista do balanço energético da nação,


devem considerar dois parâmetros que se inter-relacionam: de um lado, a capacidade
instalada derivada, no caso do Brasil, de diversas fontes de geração energética,
renováveis ou não; de outro, as unidades consumidoras setorizadas em industriais,
residenciais, comerciais e outros setores.

No setor industrial, com merecido destaque, os motores são responsáveis


por cerca de 30% do consumo de toda a energia produzida no país. Diante dessa
constatação, o Brasil, a exemplo de outras nações, estabeleceu legislações e programas
específicos, de modo a regular e incentivar ações que promovam o aumento de eficiência
de processos, motores, máquinas e equipamentos.

Tal atitude traduz a percepção global de que caminhamos a passos largos


para o colapso de nossa principal fonte energética institucionalizada: o petróleo. E
que, por nossa omissão, ainda colheremos por décadas as nefastas consequências
socioeconômicas ambientais, derivadas do outrora denominado ouro negro.

O breve diagnóstico mencionado, de conhecimento de qualquer estudante


secundarista ou profissional palestrante de eficiência energética, descreve, em poucas
linhas, a caótica situação energética de nosso planeta. É provável ainda que o mesmo
estudante liste com clareza os programas governamentais para a regulação do esforço
em pesquisas tecnológicas e de novos materiais para a melhoria dos motores e o
desenvolvimento de novas fontes energéticas renováveis.

Por fim, ambos afirmarão que, dessa forma, minimizaremos os impactos e


estaremos no caminho correto do crescimento sustentável.

210
Conscientização

Para instigar o leitor a conscientizar e desafiar as limitações da informação


institucionalizada, proponho uma reflexão a partir dos dados a seguir.

No setor industrial, prevalece o uso de motores trifásicos de indução


com potências a partir de 1 CV (cavalo-vapor) e índices de eficiência elevados. Os
denominados AR Plus de 1 CV, por exemplo, têm índices em torno de 82%, enquanto os
de maior potência atingem expressivos valores de 96%. Historicamente, as melhorias
tecnológicas, principalmente após a descoberta dos transistores e o advento dos
circuitos controladores e, mais recentemente, com a implementação dos programas de
eficiência energética, permitem visualizar, por meio da relação peso-potência, a eficácia
desses esforços na evolução de um mesmo motor: dos 88 kg/KW, em 1891, chegamos
a índices em torno de 6 kg/KW, em 2011.

A face escura do consumo de energia

De outro lado, em nossas residências, comércios, edifícios públicos e outros


setores, prevalecem os motores abaixo de 1 CV, com destaque para os motores
universais e, especialmente, os monofásicos de indução. Estes últimos, ignorados pelo
público e responsáveis técnicos, são verdadeiros “vampiros” de energia, com eficiências
inferiores a 40%.

Esse desconhecimento nos leva, como consequência, a desconsiderar o fato


de que esses pequenos e, aparentemente, utilíssimos motores são responsáveis por
consumir cerca de 28% de toda a energia produzida no país. Portanto, muito próximo
dos 30% consumidos pelos grandes motores industriais, foco incontestável dos planos
e programas oficiais de conservação de energia em âmbito mundial.

Enquanto isso, batalhões de “motores vampiros de energia”, conduzidos por


rédeas frouxas, continuam promovendo verdadeiros estragos no meio ambiente e na
economia mundial.

A revolução da nova física e a conservação de energia dos motores até 1 CV

Os princípios da nova física, desenvolvidos pelo cientista Norberto Keppe,


proporcionaram o desenvolvimento de uma nova tecnologia aplicada a motores
elétricos, denominada Keppe Motor, com patente já reconhecida nos Estados Unidos,
China, Rússia, México e HK. Apesar de não ter limites de potência e aplicações que
exigem alto torque ou velocidade, essa tecnologia já está disponível ao mercado
mundial para motores elétricos de até 1 CV, com eficiências equivalentes às dos
motores trifásicos de indução.

211
Trata-se de uma solução, até então, impensável para essa faixa de potência,
presente em mais de 40 bilhões de unidades em todo o mundo.

Para ter uma ordem dos valores envolvidos, os impactos econômicos e


socioambientais no Brasil – a partir de uma substituição programada dos atuais motores
presentes em eletrodomésticos, bombas, entre outros, pela tecnologia Keppe Motor
– resultaria em uma economia de cerca de 70% da energia consumida pelos setores
usuários destes produtos.

Essa economia seria o equivalente à produção energética de uma usina de


12.000 MW de capacidade instalada que custaria R$ 36 bilhões para os cofres públicos.
Para se ter uma ideia, Itaipu Binacional tem capacidade instalada de 14.000 MW.

Some-se a esses dados o fato de que a elevada eficiência e a expressiva


economia resultantes da tecnologia Keppe Motor viabilizariam economicamente projetos
de microusinas e instalações de sistemas autônomos de geração de energia.

A relação custo-benefício estende-se para as distribuidoras de energia,


sensíveis a esses índices, por meio da otimização e da ampliação, imediatas, de sua
rede de atendimento de consumidores finais.

FONTE: Adaptada de AGARELLI, C. Motores elétricos e o consumo setorial de energia. Revista O Setor
Elétrico, ed. 112, 2015. Disponível em: https://www.osetoreletrico.com.br/motores-eletricos-e-o-
consumo-setorial-de-energia/. Acesso em: 30 mar. 2021

212
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os motores CC apresentam em seu interior o comutador, responsável pelo processo de


comutação, que converte a tensão e a CA do rotor em tensão e CC em seus terminais.

• Algumas características importantes para a escolha de um motor elétrico para


determinada aplicação são: tensão de alimentação, rendimento e potência mecânica.

• Durante a partida de motores elétricos, é demandado da rede elétrica um grande


valor de corrente. Por esse motivo, normalmente são empregados métodos que
minimizam as correntes de partida nesses equipamentos.

• Alguns tipos de partida de motores são: partida direta, por chave estrela-triângulo,
por chave compensadora e por chave estática.

213
AUTOATIVIDADE
1 O setor industrial utiliza, em sua maioria, motores de indução trifásicos e isso se deve às
vantagens desse tipo de motor em relação aos demais. Com relação às vantagens que
tornam esse motor tão popular no ambiente industrial, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O motor de indução apresenta grande uso, devido a seu baixo custo de


manutenção, apesar da instalação complexa.
b) ( ) O motor de indução apresenta grande uso, devido a seu baixo custo de
manutenção, fácil instalação e alto rendimento.
c) ( ) O motor de indução apresenta grande uso, devido a seu alto valor de revenda,
apesar da baixa vida útil.
d) ( ) O motor de indução apresenta grande uso, devido a suas altas potências de
trabalho, apesar de o custo ser mais elevado.
e) ( ) O motor de indução apresenta grande uso, devido ao fato de sua alimentação ser
por CA ou CC.

2 Motores de CC apresentam características construtivas diferentes daquelas


presentes em motores de CA. Um dos principais componentes é o comutador. Com
base nesse componente, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Componente responsável pelo campo magnético girante, que permite a


rotação do rotor.
b) ( ) Componente responsável pela transmissão da potência mecânica, gerada pelo motor.
c) ( ) Componente responsável pela remoção do calor acumulado na carcaça.
d) ( ) Componente metálico que recebe os condutores de alimentação do motor.
e) ( ) Componente responsável por transformar as tensões de CA em tensões contínuas.

3 Durante a partida de motores de indução, uma grande corrente é solicitada, o que,


por vezes, pode ser problemático para a rede de alimentação. Para contornar isso, é
possível adotar estratégias como a partida por meio de chave estrela-triângulo. Sobre
o funcionamento dessa estratégia, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A partida do motor é iniciada com uma ligação em triângulo e, após atingir uma
velocidade próxima à de regime, é substituída pela ligação em estrela.
b) ( ) A partida do motor se dá pela troca de configuração, e não pela escolha de
determinada configuração inicial. Com isso, pode ser iniciada em estrela ou
triângulo.
c) ( ) A partida do motor é iniciada com uma ligação em estrela e, após atingir uma
velocidade próxima à de regime, é substituída pela ligação em triângulo.

214
d) ( ) A partida do motor é iniciada rapidamente com uma ligação em estrela e, então,
é substituída pela ligação em triângulo. Essa troca rápida de ligação faz com que
a corrente diminua.
e) ( ) A partida do motor deve trocar entre a ligação estrela e triângulo, de modo que,
quando a corrente começa a atingir valores elevados, a ligação é trocada.

4 Para aumentar a eficiência de máquinas elétricas na linha de produção, é necessário


o conhecimento dos cálculos das principais grandezas envolvendo os motores
elétricos. Considerando um motor trifásico de 6 polos que apresenta um torque de
40 Nm em regime de trabalho e que está sendo alimentado por uma rede de 380 V e
60 Hz, calcule a potência que será demandada por esse motor.

5 Quando se adiciona uma carga mecânica ao eixo de um motor de indução, passa a


existir uma diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade do rotor conhecida
como escorregamento. Considerando um motor de indução de 4 polos, alimentado ​​​​​​​
por uma rede de 60 Hz, sendo que a velocidade do rotor é de 1.700 rpm, calcule o
escorregamento desse motor.

215
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2013.

ALMEIDA, A. T. L.; PAULINO, M. Manutenção de transformadores de potência.


Itajubá: Unifei, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5356-1:2007.


Transformadores de potência. Parte 1: Generalidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11388:1990. Sistemas


de pintura para equipamentos e instalações de subestações elétricas –
Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

ATHOSELECTRONICS.COM. Como funcionam os motores elétricos trifásicos. s.d.


Disponível em: https://athoselectronics.com/motores-eletricos-trifasicos/. Acesso em:
25 fev. 2018.

BAUER, W.; WESTFALL, G.; DIAS, H. Física para universitários: eletricidade e


magnetismo. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2012.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2012.

CARVALHO, G. Máquinas elétricas: teoria e ensaios. 4. ed. São Paulo: Érica, 2011.

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL). ETC 1.01: especificação técnica para


transformadores para instrumentos 0,6 kV, 15 kV e 36,2 kV. Curitiba, 2011.

DEL TORO, V. Fundamentos de máquinas elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 1994.

FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY JUNIOR, C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas: com


introdução à eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

FREITAS JUNIOR, L. C.; SILVA, R. S. Máquinas elétricas. 2. ed. Londrina: Editora e


Distribuidora Educacional, 2018.

HAND, A. Motores elétricos: manutenção e solução de problemas. 2. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2015.

216
JORDÃO, R. G. Transformadores. São Paulo: Blucher, 2002.

KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 2005.

KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. Porto Alegre: Globo, 1982.

MILASCH, M. Manutenção de transformadores em líquido isolante. São Paulo:


Edgard Blucher, 1984.

NASCIMENTO JUNIOR, G. C. Máquinas elétricas: teorias e ensaios. 4. ed. São Paulo:


Erica, 2011.

NAVE, R. How does an electric motor work? 2016. Disponível em: http://hyperphysics.
phy-astr.gsu.edu/hbase/magnetic/mothow.html. Acesso em: 3 mar. 2018.

OLIVEIRA, J. C.; COGO, J. R.; ABREU, J. P. G. Transformadores: teoria e ensaios. São


Paulo: Edgard Blucher, 1984.

OLIVEIRA, J. C.; COGO, J. R.; ABREU, J. P. G. Transformadores: teoria e ensaios. 2. ed.


São Paulo: Blucher, 2018.

PAULINO, M. Polaridade e relação em transformadores de potência. 2014.


Disponível em: https://www.osetoreletrico.com.br/wp-content/uploads/2014/06/ed-
100_Fasci-culo_Cap-V-Manutencao-de-transformadores.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020.

PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH, 2013.

PINHEIRO, H. H. C. Geradores de corrente alternada. Mossoró: Centro Federal de


Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, 2010. Disponível em: https://docente.
ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos-eletricos/apostila-de--
maquinas-de-cc-1/view. Acesso em: 9 fev. 2020.

RAMOS, D. S.; DIAS, E. M. Sistemas elétricos de potência: regime permanente. Rio


de Janeiro: Guanabara Dois, 1982.

SIMÕES, M. A. Campos magnéticos produzidos por correntes. 2019. Disponível em:


http://masimoes.pro.br/fisica_el/campos-magneticos-produzido.html. Acesso em: 9
fev. 2020.

UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2014.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. TE 131 Proteção de sistemas elétricos:


transformadores de corrente e potencial, fusíveis, disjuntores e para-raios.

217
Curitiba: UFPR, 2018. Disponível em: http://www.eletrica.ufpr.br/p/_media/
professores:mateus:te_131_-_capitulo_2.pdf. Acesso em: 9 jul. 2018.

VILLAR, G. J. V. Geradores e motores CC: máquinas de corrente contínua. Mossoró:


Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, 2006. Disponível
em: https://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos--
eletricos/apostila-de-maquinas-de-cc/view. Acesso em: 9 fev. 2020.

WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentals of physics. New Jersey: Wiley, 2014.

WEG. W22 magnet drive system: catálogo técnico mercado Brasil. 2019. Disponível
em: https://static.weg.net/medias/downloadcenter/hf3/he1/WEG-w22-magnet-drive-
-system-50015189-brochure-portuguese-web.pdf. Acesso em: 3 fev. 2020.

218

Você também pode gostar