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Instrumentação
Cirúrgica em
Cirurgia Vascular,
Cardíaca e
Torácica
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Emmanuella Costa de Azevedo Mello
203p.
ISBN 978-65-5466-195-9
ISBN Digital 978-65-5466-191-1
“Graduação - EaD”.
1. Procedimento 2. Cirúrgico 3. Equipamentos
CDD 617.9
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caros estudantes, bem-vindos à disciplina Técnicas de Instrumentação
Cirúrgica em Cirurgia Vascular, Cardíaca e Torácica! Neste estudo, aprenderemos
que a organização e a funcionalidade de um centro cirúrgico dependem de um bom
planejamento físico e de projetos complementares, como elétrico, hidráulico, sanitário,
fluido/mecânico, climatização, incêndio e luminotécnico.
Bons estudos!
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS........................................................................................................65
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 122
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 197
UNIDADE 1 —
CENTRO CIRÚRGICO NO
CONTEXTO HOSPITALAR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
PLANEJAMENTO FÍSICO DO
CENTRO CIRÚRGICO
1 INTRODUÇÃO
O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar na qual são executados
procedimentos anestésico-cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter
eletivo quanto emergencial. Esse ambiente, marcadamente, de intervenções invasivas e
de recursos materiais com altas precisão e eficácia, requer profissionais habilitados
para contemplar diferentes necessidades do usuário diante da elevada densidade
tecnológica e da variedade de situações que conferem uma dinâmica peculiar de
assistência à saúde (BRUNNER; SUDDARTH, 2020).
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2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O CENTRO CIRÚRGICO
O Centro Cirúrgico (CC) é o local destinado à realização de procedimentos
anestésicos cirúrgicos e recuperações pós-anestésica e operatória imediatas. Tem, como
objetivo primordial, a assistência, de forma integral, a pacientes que são submetidos a
procedimentos cirúrgicos (ROSA, 2009; POSSARI, 2004).
A literatura aponta que o CC é o local hospitalar mais asséptico possível, para isso,
a utilização das regras e das restrições é necessária para se evitarem contaminações
e danos aos pacientes. As atividades referentes ao CC vão além do ato cirúrgico em si,
envolvem procedimentos diagnósticos; estéticos; cirúrgicos, como tratamento primário
ou paliativo; e qualquer procedimento que necessite de um ambiente estéril (BRUNNER;
SUDDARTH, 2020).
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Os setores do CC abarcam um conjunto de áreas que são interdependentes,
que seguem a legislação vigente. Os profissionais que atuam nessa área têm, como
responsabilidades, o acompanhamento, o tratamento, o estabelecimento da recuperação
do paciente após um procedimento anestésico cirúrgico, com a avaliação da condição
física e dos reflexos neurológicos e motores dele (COUTINHO; LOPES, 2014).
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2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS E DO FLUXO DA UNIDADE
DE CENTRO CIRÚRGICO
A forma organizacional do CC é considerada um sistema complexo, que
reconhece a interação entre as pessoas e a tecnologia. Ela é composta por metas e
valores, que abordam desde a filosofia da instituição até a parte estrutural, como divisão
de tarefas, hierarquias, fluxogramas, normas e rotinas, assim como regulamentos
e regimentos. A parte psicossocial está, diretamente, relacionada às interações,
aspirações, expectativas e opiniões (ARRUDA, 2020).
ATENÇÃO
Vale ressaltar que o CC corresponde à área do ambiente cirúrgico
na qual um ato cirúrgico é, efetivamente, realizado, e o planejamento
físico da unidade deve ser feito por toda a equipe: arquitetos,
engenheiros, enfermeiros, médicos e administradores.
Coutinho e Lopes (2014) afirmam que o fluxo ordenado e adequado, no CC, auxilia
na contenção e na diminuição de riscos de contaminação. Arruda (2020) afirma que
áreas, como pisos, paredes e superfícies fixas, não apresentam riscos significativos para
a transmissão de infecções, mas, se, após a limpeza, essas áreas permanecem úmidas,
frias, ou, até mesmo, molhadas, podem facilitar a proliferação de microrganismos.
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A RDC n. 307 contém algumas recomendações referentes aos espaços
físicos das salas cirúrgicas. As recomendações quanto aos tamanhos das salas são
classificadas, como: pequenas (20 m2), médias (25 m2) e grandes (36 m2). Os pisos e
os tetos revestidos de material liso; as paredes com os cantos arredondados; as portas
com visor de vidro ou de plástico; os corredores com largura mínima de 2 m; os ralos
proibidos em ambientes nos quais os pacientes são operados; e lavabos cirúrgicos com
torneiras com comando para o fechamento da água. Já os acabamentos dos pisos, teto e
paredes devem ser resistentes às lavagens (ARRUDA, 2020).
• Piso: deve ser de uma cor que facilite a limpeza; de material resistente ao calor, ao
impacto, à umidade e a soluções corrosivas; não poroso; e sem rejuntes absorvíveis.
Não pode ultrapassar 4% de absorção, por exemplo, cimento sem qualquer aditivo
antiabsorvente. Deve ter uma boa condutibilidade elétrica (eletricidade estática –
aterramento) e não refletir luz.
• Rodapé: a junção entre piso, parede e rodapé deve permitir a total limpeza do canto
formado (arredondamento acentuado e de difícil execução, e, nem sempre, facilita a
limpeza). Deve estar alinhado de modo a não ter ressaltos entre o rodapé e a parede, a
fim de evitar, assim, o acúmulo de sujeira em um local de difícil limpeza.
• Paredes: devem ser lisas, planas e sem saliências; de material durável e lavável;
resistentes à umidade e a produtos desinfetantes, com uma cor que diminua a
reverberação luminosa.
• Tubulação: não pode ser aparente; embutida é o correto.
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• Forro: proibido forro falso removível; deve ser lavável, acústico (para diminuir ruídos),
contínuo e com placas fixas.
• Portas, janelas e iluminação: material lavável, durável e de boa qualidade, resistente
e não poroso.
• Portas: preferencialmente, de correr, ou do tipo vaivém, com visor, sem maçanetas,
ou com maçanetas do tipo alavanca ou similares.
• Janelas e iluminação: janelas lacradas, com sistema de persiana embutido entre
vidros ou similares. Iluminação por meio de lâmpadas fluorescentes e foco cirúrgico
(nas salas de operação). Salas de apoio podem contar com uma iluminação externa,
através de janelas (lacradas).
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Independentemente da paramentação setorial ou cirúrgica torna-se necessário
a troca da vestimenta por parte da equipe de saúde que atua no CC, pelas roupas
padronizadas utilizadas nesse setor. Dessa forma, as barreiras contra a invasão de
micro-organismos nos locais cirúrgicos estarão asseguradas bem como a proteção dos
profissionais contra a exposição de sangue, fluídos ou tecidos orgânicos presentes nos
procedimentos cirúrgicos (ARRUDA, 2020).
Do ponto de vista da flora bacteriana, a mão é a área mais nobre durante o ato
cirúrgico, nela é encontrada dois tipos de flora bacteriana: a flora bacteriana transitória
e flora bacteriana residente. A primeira é constituída por micro-organismos localizados
nas unhas, região subungueal, dobras da pele, espaço interdigitais. Essa flora é de fácil
remoção e são geralmente patogênicas. A remoção ocorre com a lavagem básica das
mãos (BRUNNER; SUDDARTH, 2020).
• abrir a torneira e realizar uma lavagem básica das mãos, antebraços e cotovelos com
antisséptico degermante adotado pelo serviço de centro cirúrgico;
• abrir, cuidadosamente, a embalagem do pacote de escovas e retirar uma escova,
atentar para não tocar com a escova na torneira, sensores, paredes do lavabo ou
similares, deve-se segurar a escova em uma das extremidades;
• molhar as cerdas com antisséptico, caso a escova não venha com o produto químico;
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• elencar uma das mãos e iniciar a degermação (escovação) pelas pontas dos dedos
(unhas juntas) no sentido de vai e vem, admite-se escovar primeiramente a mão de
maior domínio;
• sequenciar a degermação espalmando a mão escolhida, colocando-a o mais vertical
possível na altura do seu queixo; iniciar a escovação pela face ventral da mão, pelo
dedo mínimo e em cada espaço interdigitais, sequenciando os demais dedos;
• degermar a face dorsal da mão seguindo a mesma sequência estabelecida para a
degermação da face ventral da mão, citada anteriormente;
• friccionar a esponja da escova em todo o antebraço porção anteroposterior e de forma
circular ou helicoidal, considerando no processo as dobras ungueais do cotovelo
(pregas do cotovelo);
• passar a escova para a outra mão e realizar o procedimento da mesma forma utilizada
no primeiro membro;
• desprezar a escova dentro do lavabo, na mesma altura que ocorreu a degermação,
permanecendo com as mãos erguidas ao nível da cintura, para evitar respingos nas
áreas degermadas;
• proceder ao enxágue de cada membro, iniciando pelas mãos, depois o antebraço e
cotovelos, as mãos deverão estar em forma de concha;
• fechar a torneira do lavabo com o cotovelo, em caso de sensores utilizá-los, sem tocar
as mãos nesse equipamento, por fim, aplicar por mais uma vez, de forma opcional, a
solução degermante nas mãos, antebraços e cotovelos, pois os poros foram dilatados
e a solução química (antisséptico) atuará nesse local;
• manter os antebraços afastados dos braços e as mãos fechadas, distanciar esses
membros da paramentação setorial (farda do centro cirúrgico), pois essa encontra-
se contaminada, os cotovelos deverão permanecer ao nível da cintura após a
degermação;
• entrar de costas na sala de cirurgia para evitar contaminação, caso ocorra algum tipo
de contato acidental com qualquer profissional que encontrar-se saindo da sala.
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Figura 3 – Passo a passo da antissepsia pré-operatória das mãos
Existem ainda capotes descartáveis, porém o uso ainda não é indicado para
procedimentos cirúrgicos prolongados em consequência da porosidade do tecido.
Tecidos de brim ou algodão são os preferidos, pois dificultam a passagem de sangue,
secreções e/ou fluidos. Esses tecidos são mais quentes e causam desconforto na
equipe cirúrgica.
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3.1.1 Técnica de uso de luvas estéreis
Para calçar as luvas cirúrgicas, deve-se respeitar a técnica correta, evitando
dessa forma a contaminação durante o procedimento. As luvas promovem uma barreira
para a contaminação e devem ser calçadas logo após vestir o capote. Vejamos o seguinte
passo a passo da técnica para calçar luvas:
NOTA
Passo a passo da técnica para descalçar as luvas: retirar a primeira
luva com a mão dominante pegando a face externa da luva da
mão oposta; Retirar a luva da outra mão, com a mão dominante
já desenluvada, pegando pela porção interna sem, contudo, tocar
a mão desenluvada na área externa da luva, deslocar puxando a
luva pela porção externa; Retirar a segunda luva colocando a mão
desenluvada por dentro (na porção interna).
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3.2 LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS
E EMBALAGENS
Sendo a primeira etapa nos processos de desinfecção e esterilização, o
processo de limpeza é crucial, pois reduz consideravelmente a carga microbiana de
artigos, equipamentos, superfícies etc. Dependendo do material, é nesta etapa que são
extraídos os contaminantes orgânicos como fluídos biológicos (sangue e endotoxinas)
e resíduos inorgânicos.
Coutinho e Lopes (2014) explicam que é necessário que após a cirurgia remover
toda sujidade, resíduos de sangue, secreção, tecido ou ossos, não se pode deixar os
instrumentais secar sobre a superfície. Para os instrumentos que são compostos de várias
peças é importante que sejam feitos os desmontes, retirando toda a sujidade, sempre
utilizando produtos adequados e seguindo as orientações do fabricante. Na manipulação
para limpeza e esterilização dos instrumentais cirúrgicos é preciso utilizar os equipamentos
de proteção individual para evitar acidentes e contaminação do profissional.
IMPORTANTE
É necessário a implantação de um programa de educação
permanente em saúde para assegurar o correto manuseio dos
artigos. O principal intuito é a segurança do paciente, abrangendo
todos os profissionais que atuam na área e buscando mudanças
no fluxo de trabalho por meio do reconhecimento, participação,
compartilhamento e aplicação do conhecimento científico na
prática profissional, como fator essencial no reconhecimento e
valorização dos profissionais e no combate à infecção.
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A limpeza consiste em mergulhar em uma solução detergente em água quente
imediatamente após o instrumento não estar mais em uso. O limpador deve ser usado
na concentração e tempo especificados pelo fabricante. A temperatura da água deve ser
mantida entre 35°C e 45°C, pois acima desta temperatura as enzimas dos detergentes
podem não funcionar de forma adequada. O processo tem como principal objetivo a
remoção dos resíduos orgânico ou químicos que ficam nos instrumentais (BRUNNER;
SUDDARTH, 2020).
Arruda (2020) afirma, que apesar do método de limpeza utilizado, ele precisa
ser iniciado o mais rápido possível, pois o passar do tempo pode dificultar a remoção da
sujidade que se encontra no instrumental.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar onde são executados procedimentos
anestésico-cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter eletivo quanto
emergencial.
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AUTOATIVIDADE
1 O Centro Cirúrgico (C.C.) pode ser considerado uma das unidades mais complexas
do hospital pela sua especialidade, presença constante de estresse e a possibilidade
de risco à saúde aos quais os pacientes estão sujeitos ao serem submetidos à
intervenção cirúrgica e à recuperação anestésica. É considerado local de grande
necessidade de organização complexa devido às suas características e assistência
especializadas. Portanto, o CC é constituído de um conjunto de áreas e instalações
que permite efetuar a cirurgia nas melhores condições de segurança para o paciente
e de conforto para equipe que o assiste. Entre as finalidades do CC, podemos citar:
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IV- A sala cirúrgica de grande porte é geralmente destinada às cirurgias cardíacas,
ortopédicas e neurológicas.
V- As paredes de um centro cirúrgico devem ser laváveis, de cor clara, com cantos
arredondados.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
PREPARO E FUNÇÃO DO
INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO
1 INTRODUÇÃO
É importante que o cirurgião conheça de forma integral a anatomia e a fisiologia
da região que será realizada o procedimento cirúrgico, assim como todas as manobras,
instrumentais que serão utilizados, e as possíveis intercorrências. Para o sucesso da
cirurgia é necessário fazer manobras manuais ou instrumentais, denominadas técnicas
cirúrgicas, além de envolver os cuidados com a esterilização do material, a harmonia da
equipe cirúrgica e a prevenção de infecção do sítio cirúrgico (MARQUES, 2005).
2 MESAS CIRÚRGICAS
A preparação da mesa envolve a disposição dos instrumentos cirúrgicos de
forma lógica para racionalizar e ser eficaz no trabalho da equipe cirúrgica. Todos os
instrumentos de mesa servirão para todo o procedimento e devem ser organizados e
dispostos de forma compatível com a duração do procedimento e possíveis complicações.
Para montar a mesa cirúrgica, a instrumentadora, já vestida, escolhe a sala menos
movimentada da sala e começa sistematicamente a organizar a mesa cirúrgica. Um
local comum encontrado em alguns centros cirúrgicos é a mesa do instrumentador
abaixo do paciente, eliminando assim a presença do instrumentador (ARRUDA, 2020).
Rosa (2009) afirma que a posição da mesa pode também estar a 90º da mesa
cirúrgica, ao lado do cirurgião, nesses casos não há a necessidade do instrumentador.
Na intenção de amortecer choques e também criar uma barreira antibacteriana, coloca-
se sobre a mesa um campo impermeável e estéril.
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Figura 4 - Mesa cirúrgica auxiliar
NOTA
Uma disposição básica do instrumental sobre a mesa seria dividi-la
em quatro quadrantes. O quadrante proximal inferior o mais próximo
do instrumentador e o distal superior mais afastado deste.
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Seguindo a lógica do tempo operatório, os instrumentos de diálise são colocados
no quadrante inferior proximal; hemostático distal inferior; sintético proximal superior,
principalmente distal superior. Gazes, compressas e instrumentos maiores podem ser
dispostos entre os quadrantes (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). É importante ressaltar que
esta é uma recomendação básica de montagem, não uma regra para instrumentação.
Este deve ser livre para se montar. É importante facilitar e agilizar o trabalho de
instrumentação. Recomenda-se que os instrumentos mais delicados e menores sejam
colocados mais próximos do instrumento. Por exemplo, as pinças Halsted devem vir
primeiro sobre as pinças Allis.
NOTA
Quanto à bandeja para este tipo de mesa, ela possui em média 0,51m
x 0,35m, sendo de aço inoxidável. Possui um tripé regulável, que facilita
sua colocação por cima do paciente quando o caso requer.
Cada profissional adotará uma conduta própria para o desempenho dessa função de
instrumentador cirúrgico. Portanto, não há modelo intransigente, cada profissional escolherá
a montagem de sua mesa, desde que respeite os tempos cirúrgicos e possua o domínio dos
nomes dos instrumentos, bem como sua localização na mesa (ARRUDA, 2020).
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2.2 DISPOSIÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA
O centro cirúrgico precisa de uma organização e é necessário que nele atuem
pessoas que canalizem o alcance de objetivos, por meio do trabalho em equipe. O objetivo
principal deve ser fornecer o melhor atendimento possível para todos os pacientes que
necessitam de anestesia. O trabalho em equipe deve ser harmonioso e baseado no
respeito entre cada membro e todos os pacientes, com o objetivo de garantir a segurança
do paciente e a eficácia dos procedimentos anestésicos (CARVALHO; BIANCHINI, 2016).
Existem três equipes principais que atuam no CC: a equipe cirúrgica, a equipe
do anestesista e a equipe de enfermagem. Além desses funcionários, em outras
instituições, também trabalham nesta unidade técnicos de raio X e de laboratório,
cirurgiões, médicos e todos os que fazem trabalho de apoio. No entanto, neste capítulo,
serão explicadas as atribuições dos três grupos já destacados (ARRUDA, 2020).
NOTA
O instrumentador cirúrgico deve chegar à sala operatória com
pelo menos trinta minutos de antecedência em relação ao horário
marcado para a cirurgia que vai instrumentar. Assim, poderá separar,
com calma, com a circulante, todo o material a ser utilizado durante
o ato cirúrgico.
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Se a distribuição de determinada área for aceita entre os objetos do grupo, ela
não será alterada. Normalmente, a auxiliar de enfermagem e o auxiliar ficam na frente
do cirurgião, do outro lado da mesa de operação. Costuma-se dizer que o cirurgião tem
a melhor visão da operação, pois está em uma posição onde lhe é permitido ver todos
os detalhes do procedimento, para que possa realizá-lo com rapidez e eficiência. É claro
que, dependendo do tipo de cirurgia, o cirurgião optará por ser colocado de um lado
ou do outro da mesa de operação. Cabe ao instrumentista perguntar-lhe onde vai se
instalar e onde prefere montar a mesa de instrumentos. É também uma oportunidade
para nos lembrar que qualquer dúvida que o cirurgião possa ter deve ser esclarecida
imediatamente pelo cirurgião ou outro membro da equipe, a menos que isso revele uma
verdade constrangedora ao especialista. O anestesista e todos os seus equipamentos
não estéreis ficam do lado que não será usado levianamente pela equipe, limitando seu
espaço com a colocação de campos cirúrgicos (ARRUDA, 2020).
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Os campos são considerados estéreis apenas em sua parte superior. Quaisquer
materiais que ultrapassem os limites estabelecidos pelos campos são considerados
contaminados e não devem ser trazidos para o campo estéril. A definição de áreas
estéreis e não estéreis é resultado do cuidado e bom senso durante a cirurgia por parte
de todos os profissionais. Ao final da operação, os campos não devem ser sacudidos ou
jogados, pois podem espalhar pequenos insetos e sujeira (ARRUDA, 2020).
25
3.1 SINALIZAÇÃO E TRÂNSITO DOS INSTRUMENTOS
CIRÚRGICOS
A harmonia completa da execução das manobras e procedimentos é essencial,
visando à eficiência, à rapidez e à beleza da ação cirúrgica. Portanto, devem existir
compreensão e conhecimento mútuos entre os membros da equipe. Caso contrário,
acidentes com a passagem errada do bisturi ou agulhas de sutura, por exemplo, podem
causar sérios danos ao sítio cirúrgico. Nesse contexto, é importante estudar os principais
sinais comuns adotados no campo cirúrgico para diminuir o número de movimentos
desnecessários, o tempo da cirurgia e proporcionar um aspecto de beleza e organização
do conjunto (ARRUDA, 2020).
As pinças são pedidas com a mão fechada, com o dedo indicador acima do
polegar, como um sinal de figo. Para evitar danificar as luvas, é recomendável pegar a
ferramenta com a mão direita, suas pontas afiadas saem no meio do dedo anelar.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Uma disposição básica do instrumental sobre a mesa seria dividir está em quatro
quadrantes. O quadrante proximal inferior o mais próximo do instrumentador e o
distal superior mais afastado deste.
28
• O ato cirúrgico de sucesso depende de um conjunto de processos e habilidades;
dentre eles, instrumentos cirúrgicos adequados em uma disposição que traga
facilidade e agilidade ao procedimento são parte importante do ato cirúrgico.
29
AUTOATIVIDADE
1 A distribuição dos instrumentais na mesa cirúrgica para melhor acompanhamento
dos tempos cirúrgicos e facilitar a instrumentação é aquela em que:
30
4 Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com sua função, quais são os
tempos cirúrgicos?
31
32
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA
CARDIOVASCULAR E DOS SISTEMA
RESPIRATÓRIO E MUSCULATURA
ACESSÓRIA DO TÓRAX
1 INTRODUÇÃO
O sistema cardiovascular é composto por vasos sanguíneos, vasos sanguíneos,
veias, capilares e coração. É responsável pela circulação sanguínea, ou seja, transporta
nutrientes e oxigênio por todo o corpo, além de remover o dióxido de carbono e
metabólitos. As estruturas do corpo humano são divididas em níveis: química dos
tecidos, celular, órgão, sistema e organismo.
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O coração está disposto de forma curva, de modo que sua base é medial e seu
ápice é lateral. O eixo principal do coração, o eixo longitudinal, da base ao ápice é oblíquo
e traça um ângulo de aproximadamente 40° com o plano horizontal e o plano central
do corpo.
36
O mesmo acontece à esquerda, com o óstio atrioventricular esquerdo, sua
conexão e fluxo é a válvula atrioventricular esquerda (mitral). O ventrículo direito é
separado do ventrículo esquerdo pelos septos interatrial e interventricular. A câmara
esquerda (ventrículo) fornece a energia necessária para circular o sangue para todos os
tecidos do corpo. A sua função é importante porque para sobreviver os tecidos precisam
de acesso constante a oxigênio e nutrientes. O coração de um adulto normalmente
bombeia cerca de cinco litros de sangue por minuto durante a vida, em média o órgão
tem entre 13 e 15 cm de altura, 9 cm de largura e 6 cm de espessura. Para os homens,
pesa entre 280 e 340 e para as mulheres entre 230 e 280 g (DANGELO; FATINNI, 2011).
O coração está localizado no diafragma perto da linha média do tórax, uma área
chamada mediastino, entre o revestimento dos pulmões (pleura). Cerca de dois terços da
massa do coração estão localizados à esquerda da linha média do corpo. Uma extremidade
do coração é o ápice, para frente, para baixo e para a esquerda, no nível do quinto espaço
intercostal. A parte mais larga do coração, voltada para o ápice, base, costas, topo e direita.
Está próximo aos grandes vasos sanguíneos, sua parte superior está ao nível da segunda
costela, em direção ao pulmão direito e da parte inferior à base; a borda esquerda, também
chamada de borda pulmonar, está voltada para o pulmão esquerdo e se estende da base
até o topo do pulmão. A extremidade superior são as grandes artérias coronárias, seguidas
pela traqueia, esôfago e aorta descendente (TORTORA, 2019).
Sua função é conferida pelo sangue anaeróbio que entra no átrio direito através
da veia cava superior (que recebe sangue da parte superior do coração) e da veia cava
inferior, que recebe sangue dos órgãos inferiores. Logo, o sangue sai do átrio direito e
entra no ventrículo direito, que imediatamente bombeia o sangue para o tronco pulmonar,
ramificando-se nas artérias pulmonares (esquerda e direita), até chegar aos capilares que
irrigam os pulmões. Uma vez que o sangue é oxigenado, ele retorna ao átrio esquerdo
através das veias pulmonares e depois volta ao ventrículo esquerdo, bombeando sangue
rico em oxigênio para a aorta ascendente para distribuição por todo o corpo.
NOTA
Em repouso, o coração bate de 60 a 100 bpm (batimentos por minuto),
em adultos e adolescentes sob condições fisiologicamente normais.
Cada átrio tem um apêndice, que, na parte externa do coração, lembra a orelha
de um animal e, portanto, é chamado de aurícula (do latim auris, orelha). Quando as
paredes do coração estão abertas, considera-se que a cavidade do coração possui
septos, divididos em quatro cavidades. Um septo horizontal, o septo atrioventricular,
divide o coração em duas partes: superior e inferior.
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A parte superior possui um septo sagital, o septo interatrial, pequeno e
musculoso, que o divide em duas cavidades: o átrio direito e o átrio esquerdo. Anomalia
congênita do septo interatrial, geralmente devido ao fechamento incompleto do forame
oval, leva a um defeito do septo atrial (DANGELO; FATINNI, 2011).
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As artérias coronárias são responsáveis pela irrigação e oxigenação do coração,
percorrem os sulcos da superfície cardíaca e recebem o nome de artérias coronárias
epicárdicas. A maior artéria do organismo, a aorta apresenta 3 centímetros de diâmetro,
sendo o tronco arterial central subdividido nos seguintes segmentos:
• aorta ascendente: parte ascendente da aorta que se estende desde a valva aórtica até a
emergência do tronco braquiocefálico;
• arco da aorta: situado entre a emergência do tronco braquiocefálico e da artéria
subclávia esquerda;
• aorta descendente: parte descendente da aorta que segue como parte torácica da
aorta (aorta torácica) até a sua passagem pelo diafragma. Sua continuação inferior é
chamada de parte abdominal da aorta (ou aorta abdominal).
A artéria carótida comum esquerda, segundo ramo do arco aórtico, surge atrás
do manúbrio, ligeiramente atrás e à esquerda do tronco braquiocefálico. Ela ascende
anteriormente para a veia subclávia esquerda e primeiro para a frente da traqueia e
depois para a esquerda. Fornece sangue para o lado esquerdo do pescoço e da cabeça.
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A artéria subclávia esquerda, terceiro ramo do arco aórtico, origina-se da parte
posterior do arco aórtico, imediatamente atrás da artéria carótida comum esquerda.
Ascende lateralmente na traqueia e sai da artéria carótida comum através do mediastino
superior, não deixando ramos no mediastino. Nutre o ombro esquerdo e o membro superior.
Da artéria subclávia de cada lado, a artéria torácica interna surge como um dos primeiros
ramos. Essa veia continua com as veias de mesmo nome, a cerca de 2 centímetros da
borda lateral do esterno, próximo à parte posterior da parede torácica anterior; inicialmente
no mediastino anterior e superior e depois no mediastino interno inferior.
O plexo aórtico torácico, uma rede nervosa autônoma, a circunda. Esse vaso
grande provê ramos aos órgãos e músculos da região torácica. Todos os ramos dessa
região são pequenos e incluem:
Outros ramos pares são: as veias suprarrenais superiores, que suprem a glândula
suprarrenal e as quatro veias lombares, que suprem a parede abdominal, os músculos
do dorso e o canal medular.
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Os três principais troncos viscerais, que se originam da aorta abdominal, são: o
tronco celíaco; artéria mesentérica superior; e a artéria mesentérica inferior.
A pele do nariz segue o contorno do nariz e continua na cavidade nasal por uma
curta distância para formar uma junção com a membrana nasal. Uma rede de pelos
curtos e grossos, vibrissas, emergem da pele, que é rica em glândulas sebáceas cuja
finalidade é conter partículas suspensas no ar inalado.
A função do nariz é limpar, movimentar e aquecer o ar, receber fluido dos seios
paranasais e do ducto lacrimonasal e drenar o fluido. Existem vários tipos de perfis
nasais relacionados às diferenças anatômicas nos principais grupos étnicos. Os brancos
costumam ter o nariz pontudo, são leptorrinos; os pretos apresentam um apartamento,
são camerrinos; as amarelas são mesorrinas (TORTORA, 2019).
Além dos ossos do nariz e partes das duas maxilas, muitas cartilagens nasais
fazem parte do esqueleto do nariz, como: cartilagem do septo nasal, cartilagens alares
grandes e pequenas, vomeronasal e cartilagens acessórias.
Algumas vezes o desvio é tão pronunciado que o septo nasal fica em contato
com a parede posterior do nariz, e repetidamente causa obstrução da respiração, ou
acentua o ronco, porém essa condição pode ser corrigida por cirurgia (HALL, 2011).
42
Figura 6 – Morfologia externa do sistema respiratório
A parede média é formada pelo septo nasal mediano. Muitas vezes, o septo
nasal se desvia para um lado, limitando o tamanho da cavidade nasal para um lado. Os
principais ossos do septo nasal são: osso nasal, etmoide, vômer, esfenoide, palatino
e maxila. Os principais ossos da parede posterior da cavidade nasal são: maxila, osso
nasal, etmoide, concha nasal inferior, palatino e esfenoide.
43
NOTA
As sete cavidades se comunicam com a faringe, a saber: as duas
cavidades timpânicas e nasais, a boca, a laringe e o esôfago. A cavidade
da faringe pode ser subdividida em três partes: nasal, oral e laríngea.
A parte nasal da faringe, ou nasofaringe, fica atrás do nariz e mais alta que o
palato mole; a parte oral da faringe, ou orofaringe, fica atrás da boca; A parte laríngea da
faringe, ou laringofaringe, está atrás da laringe.
A laringe ou órgão vocal é a parte da via aérea superior que conecta a faringe
e a traqueia. Uma estrutura cartilaginosa resistente onde a cartilagem se articula nas
articulações sinoviais. Produz uma grande protuberância na linha média do pescoço
chamada pomo de Adão (TORTORA, 2019).
44
Os brônquios principais direito e esquerdo diferem entre si em direção,
comprimento e tamanho. O brônquio principal direito é sempre mais largo (14 milímetros)
que o esquerdo (12 milímetros). O brônquio direito é firme, enquanto o esquerdo é
pequeno, e o comprimento do esquerdo é quase o dobro, 4 a 5 centímetros, o direito, 1
a 2,5 centímetros (TORTORA, 2019).
O pulmão direito é mais curto que o esquerdo, pois a cúpula diafragmática é mais
alta à direita. É largo porque o coração vai para a esquerda e possui grande capacidade,
cerca de 2 litros de ar, enquanto à esquerda, cerca de 1,6 litros de ar.
NOTA
O pulmão direito nos homens pesa, em média, 700 gramas e nas
mulheres, em média, 550 gramas; o pulmão esquerdo nos homens
pesa, em média, 600 gramas e nas mulheres, em média, 450 gramas.
45
O pulmão direito é dividido por fissuras oblíquas e horizontais em três lobos:
superior, médio e inferior; à esquerda é dividido pela fissura oblíqua em dois lobos:
superior e inferior. Tem um entalhe, o entalhe do coração, onde está o coração. O
lobo superior do pulmão esquerdo tem uma ponta logo abaixo da incisura do coração,
chamada de lingla, que pode corresponder ao lobo médio. As rachaduras geralmente
estão ausentes ou incompletas, especialmente as horizontais. Às vezes há uma fissura
adicional (fissura supranumerária), que inclui o lobo supranumerário (TORTORA, 2019).
Fonte: O autor
46
3.3 MUSCULATURA ACESSÓRIA DO TÓRAX
Os músculos respiratórios são divididos em músculos inspiratórios e expiratórios
e fornecem a força necessária para mover os gases entre os pulmões e o ambiente.
Os músculos da inspiração são o diafragma, os intercostais externos e a parte
intercartilaginosa dos intercostais internos (DANGELO; FATINNI, 2011).
47
A inervação do diafragma é fornecida pelo nervo frênico, que se origina em C4, e
pode ter contribuições de C3 e C5. Devido à importante contribuição desses músculos para
a respiração, a paralisia frênica, independente da causa, bloqueio patológico, cirúrgico
ou anestésico, principalmente se for bilateral, pode causar insuficiência respiratória. Os
músculos acessórios da inspiração trabalham apenas durante a inspiração forçada para
levantar e proteger as primeiras costelas e o esterno. Geralmente são ativados quando
o volume respiratório minuto excede 40 L/min (HALL, 2011).
48
LEITURA
COMPLEMENTAR
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA E FATORES QUE INTERFEREM NA
PRÁTICA DOS GRADUANDOS DE ENFERMAGEM
RESUMO
Objetivo: identificar os fatores que interferem na prática de instrumentação cirúrgica
dos graduandos em enfermagem. Método: estudo descritivo com abordagem
qualitativa desenvolvido com 10 alunos do Curso de Graduação em Enfermagem de
uma universidade pública federal que cursaram a disciplina Enfermagem Cirúrgica. Os
dados foram produzidos por meio de entrevista entre os meses de junho a julho de 2014, e
em seguida, analisados pela Técnica de Análise Temática. A pesquisa teve aprovado o
projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE 30656214.8.0000.5188. Resultados:
foram identificados que fatores relacionados ao campo de estágio, ao relacionamento
interpessoal, à habilidade motora e aos fatores emocionais contribuem negativamente
para a prática da instrumentação cirúrgica. Conclusão: os graduandos buscaram
equilíbrio emocional, superando os obstáculos encontrados durante a instrumentação
cirúrgica. Os mesmos referiram que curso extracurricular nesta área oferece maior
segurança para o desempenho da instrumentação cirúrgica.
INTRODUÇÃO
O Centro Cirúrgico é visto como uma unidade complexa, tanto pela sua
especialidade; presença constante de experiências estressantes, bem como pelo alto
risco de comprometimento no estado de saúde. Deste modo, o mesmo é considerado
um ambiente altamente estressante tanto para a equipe que trabalha no local, quanto
para o paciente. Toda esta situação reflete no processo de ensino-aprendizagem dos
estudantes de enfermagem inseridos neste meio.
50
É fundamental que este profissional tenha conhecimentos sobre
esterilização, assepsia, cuidados e conservação de instrumentais
cirúrgicos, fios de sutura, posições cirúrgicas, organização do
instrumental cirúrgico conforme os tempos operatórios, conceitos
de planos cirúrgicos e anatômicos, tempos cirúrgicos, equipamentos
e acessório.
51
quais os fatores que integrem na prática de instrumentação cirúrgica dos graduandos
de enfermagem? Para dar resposta a esse questionamento foi elaborado o seguinte
objetivo: Identificar os fatores que interferem na prática de instrumentação cirúrgica dos
graduandos em enfermagem.
MÉTODO
O estudo foi efetuado entre os meses de abril a junho de 2014, durante os quais
foram coletados os dados independentemente do sexo, idade, condições socioeconômicas
e culturais. Para citação das instituições hospitalares relativa ao campo de estágio dos
alunos da graduação utilizaremos a sigla HFe para o Hospital Federal e HFi para o Hospital
Filantrópico ambos situados em João Pessoa – Paraíba.
52
A produção de dados ocorreu nos meses de junho a julho de 2014, a técnica que
foi adotada para coleta de dados foi a entrevista utilizando um roteiro semiestruturado.
A técnica de entrevista orienta um diálogo com um determinado propósito, que se
caracteriza como promotora da abertura e do aprofundamento em uma comunicação.
A entrevista semiestruturada combina perguntas fechadas e abertas, possibilitando ao
entrevistado expor suas opiniões sem uma determinada condição pré-estabelecida pelo
pesquisador, a entrevista é uma conversa a dois, feita por iniciativa do entrevistador, a fim
de fornecer informações a respeito de um determinado assunto utilizado na investigação
social para coleta de dados.
RESULTADOS
53
A pesquisa também levou em consideração o período que estes alunos estavam
cursando durante a coleta de dados e observou-se que 100% encontravam-se no nono
período do curso de graduação de enfermagem.
Tabela 1. Distribuição das variáveis de acordo com a idade, sexo, estado civil e pro-
fissão. Graduandos de graduação de enfermagem. UFPB. João Pessoa- PB, jun./ jul.
2014.
Variáveis N=10 %
Idade
18 a 22 anos 03 30
22 a 26 anos 05 50
26 a 30 anos 01 10
>30 anos 01 10
Sexo
Feminino 09 90
Masculino 01 10
Estado Civil
Solteiro 08 80
Casado 01 10
Divorciado 01 10
Profissão
Estudante de Enfermagem 09 90
Técnico de Enfermagem 01 10
54
A instrumentação como parte das atividades da enfermagem em Centro
Cirúrgico requer por parte do enfermeiro o conhecimento técnico científico para que
este possa desenvolver esta atividade não como fazendo parte do seu cotidiano e sim
para que este possa treinar seu pessoal no ato da admissão setorial, bem como com
periodicidade, garantindo desta forma a qualidade dos serviços em sala de cirurgia.
55
Observou-se que a cadeira de Enfermagem Cirúrgica I dispõe de dois campos
de estágios, o bloco cirúrgico do HFe e do HFi, em que a turma se divide para um melhor
aproveitamento da pratica. Dos entrevistados, 50% desenvolveram suas atividades
práticas no HFe o restante, equivalente a mesma proporção, no HFi.Em virtude disso,
observam-se opiniões distintas dos entrevistados ao serem abordados sobre o campo
de estágio.
No HFe, foi conturbado no início, pois tivemos que dividir o campo prático com alunos
do técnico que estavam em uma extensão e que no princípio tiveram resistência em
instrumentar junto com a gente, tipo eles não davam abertura(E6).
Fiz o estágio no HFe e apesar de ser um hospital escola ainda há uma certa dificuldade
na inserção dos alunos, principalmente com relação à instrumentação (E3).
Meu estágio foi no HFi. Ótimo campo de estágio, onde é possível colocar em
prática os conhecimentos adquiridos em sala. É um local que oferece bastantes
oportunidades, visto que apresenta um grande número de cirurgias. Lembrando
também que os profissionais foram muito receptivos e dispostos a ensinar (E7).
Mediante a isso, imagina-se que no HFi, por ser uma instituição filantrópica e
os profissionais não esperarem tanto o feedback da academia como os profissionais do
HFe, os mesmos se encontram mais dispostos a acolher os alunos.
56
• Expectativas dos alunos no contexto prático da instrumentação cirúrgica
57
[...] nervosismo interferia, porque eu estando nervosa na hora de passar o instrumento,
na hora de ter agilidade de pensar qual era o que ele tava pedindo, colocar na posição
certa e passar eu estando nervosa, realmente atrapalhava[...] (E9).
[...] eu tinha medo de instrumentar, de não fazer o certo, de errar, mas no final deu tudo
certo (E3).
Figura 1. Opinião dos participantes acerca das dificuldades encontradas durante a prática de
instrumentação cirúrgica. Graduandos de graduação de enfermagem. HFe. João Pessoa- PB, abr./jun. 2014.
58
Acredita-se que as dificuldades encontradas pelos alunos refletem o fato de o
mesmo está desenvolvendo estágio em um ambiente diferente do que está acostumada,
sua inexperiência acrescentada de uma atitude impessoal dos profissionais de saúde.
Estudo afirma que a destreza manual como habilidade pelo enfermeiro representa
uma das características mais valorizadas e requer aprendizagem e a coordenação
voluntária dos membros para atingir as metas da tarefa. Dessa forma, compreende-se
a importância do treinamento prévio dessa habilidade em laboratório de aula prática.
[...] alguns profissionais eles não são tão receptivos, não são tão colaborativos e nem
aceitam tanto a nossa presença, mas assim de 90% da equipe é maravilhosa, facilita
demais a desenvoltura da gente, o andamento do estágio pra que a gente aprenda. (E9).
A ansiedade poder ser definida como uma resposta psicológica e física à ameaça
do autoconceito, caracterizada por um sentimento subjetivo de apreensão, percebido
pela consciência, e grande atividade do sistema nervoso autônomo.
59
CONCLUSÃO
60
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• O miocárdio é a camada mais espessa do coração, sendo formado por fibras musculares
e tecido conjuntivo fibroso, responsável pela sustentação da musculatura cardíaca.
Esse tipo de músculo permite que o coração se contraia e, portanto, impulsione
sangue ou o force para o interior dos vasos sanguíneos.
• Os vasos sanguíneos são compostos por três túnicas (exceto os capilares), sendo túnica
íntima, que é camada interna, composta por um revestimento endotelial e formando
uma superfície lisa. Camada do meio (túnica média) é composta por tecido elástico e
músculo liso, apresentando-se mais espessa nas artérias do que nas veias. A camada
externa, túnica adventícia é composta por tecido conjuntivo e bastante resistente.
61
• O nariz é a saliência mediana da face, composto por arcabouço ósseo e cartilagíneo,
revestido de pele e com o formato de uma pirâmide triangular. A extremidade superior
corresponde ao vértice da pirâmide, chamado de raiz e a extremidade inferior,
chamada de base. Entre a raiz e a base encontra-se de dorso.
• O pulmão direito é mais curto que o esquerdo, pois a cúpula diafragmática está
mais elevada à direita. É mais largo porque o coração se desloca para a esquerda.
Possui um volume maior, aproximadamente 2 litros de ar, enquanto o esquerdo,
aproximadamente 1,6 litros de ar.
62
AUTOATIVIDADE
1 O coração é uma bomba dupla que contém quatro câmaras, duas câmaras superiores
ou receptoras, denominadas átrios, e duas câmaras inferiores ou de bombeamento,
denominadas ventrículos. Sendo assim, assinale qual é a câmara do coração que
envia o sangue para os pulmões a fim de realizar as trocas gasosas:
a) ( ) Átrio direito.
b) ( ) Átrio esquerdo.
c) ( ) Ventrículo direito.
d) ( ) Ventrículo esquerdo.
a) ( ) Pleura.
b) ( ) Pericárdio.
c) ( ) Miocárdio.
d) ( ) Endocárdio.
e) ( ) Mediastino.
I- A faringe é um órgão tubular que se inicia nas coanas, com prolongação para baixo no
pescoço, com a forma de um funil.
II- A equipe da Estratégia Saúde da Família é proibida de realizar o encaminhamento das
urgências identificadas.
63
64
REFERÊNCIAS
ALBURQUERQUE, E. G. S. de. Centro cirúrgico: avaliação orientadora de um
estabelecimento assistencial de saúde pública do município de Fortaleza, Ceará.
Ceará: Escola de Saúde Pública do Ceará, 2008.
CIRINO, L. M. I. Manual de técnica cirúrgica para graduação. São Paulo: Sarvier, 2003.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana básica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
65
INGRANCIO, A. R. Técnica cirúrgica. Caxias do Sul: Educs, 2017.
MARGARIDO, N. F.; TOLOSA, E. M. C. Técnica cirúrgica prática. São Paulo: Atheneu, 2001.
TUDURY, E. A.; POTIER, G. M. A. Tratado de Técnica Cirúrgica. São Paulo: MedVet, 2009.
66
UNIDADE 2 —
TÉCNICAS DE
INSTRUMENTAÇÃO
CIRÚRGICA EM CIRURGIA
CARDIOVASCULAR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
67
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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68
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
PATOLOGIAS QUE GERAM CIRURGIA
CARDIOVASCULAR
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardíacas, sabidamente, estão entre as que mais matam em todo o
mundo. Dentre elas, as patologias das valvas do coração são as que mais preocupam e
requerem cuidados e tratamentos específicos mais ativos. Dentre os principais fatores de
risco para o desenvolvimento dessas patologias estão os maus hábitos de vida, como o
fumo, a alimentação desregrada e a falta de rotina de exercícios físicos, além de fatores
genéticos e comorbidades. Para o correto manejo, é preciso conhecer a fisiopatologia,
como diagnosticá-la e tratar dos fatores de risco e do adoecimento, com os intuitos de
prevenir desfechos ruins e evitar mortes desnecessárias. No caso de patologias genéticas,
descobrir qual é o gene envolvido, no caso, e como tratá-lo é uma forma importante de
manter a doença controlada e desvendar novas formas de tratamento.
As cirurgias são o último meio para os pacientes acometidos pelas patologias, uma
vez que possuem um alto custo com materiais e equipamentos e precisam ser executadas
por profissionais preparados e que entendam dos funcionamentos delas. A realização não
ocorre em pequenos centros, com quaisquer tipos de material e equipamento, mas em
centros especializados, com recursos necessários à especificidade demandada.
69
2.1 DOENÇAS VALVARES
As doenças valvares são o grupo de deficiências ou anomalias nas valvas do
coração – aórtica, mitral, pulmonar e tricúspide. Elas podem ocorrer por conta de distúrbios
congênitos ou em decorrência de patologias adquiridas.
Figura 1 – Fluxograma - Passos para diagnósticos anatômico, etiológico, funcional e definição de conduta
Fonte: O autor
Mesmo com o protocolo estabelecido pelas diretrizes e com uma maior difusão
dos exames de imagem, ainda, são mantidas a recomendação de uma avaliação clínica
detalhada, imprescindível para o diagnóstico; a tomada de decisão da melhor conduta;
e a manutenção do relacionamento médico-paciente.
Para realizar o diagnóstico, de forma mais clara e eficaz, das valvopatias, alguns
passos são recomendados, e, se seguidos, mantém-se a taxa de efetividade acima dos 90%.
70
O primeiro passo é se certificar de que a valvopatia é importante do ponto de
vista anatômico, e, se confirmada, é preciso progredir para segundo passo. Caso não
se confirme a realidade anatômica, buscam-se diagnósticos diferenciais em pacientes
sintomáticos, aliados à monitorização da evolução em assintomáticos.
71
A indicação de intervenção, em pacientes valvares, deve ser, sempre, baseada
na comparação do benefício com o provável risco do procedimento proposto. Para isso,
alguns escores são utilizados, como o EuroSCORE II e o Society of Thoracic Surgeons
(STS), no português, Sociedade de Cirurgiões Torácicos, validados em diferentes populações,
com capacidade preditiva de mortalidade em 30 dias.
Com relação ao escore EuroSCORE II, ao nos depararmos com valores menores
de 4%, consideramos o paciente de baixo risco, e, quando o escore engloba mais de
4%, há um paciente de risco aumentado. Em caso de discrepância entre os escores,
recomenda-se utilizar aquele cujo risco estimado é maior entre os escores.
72
O exercício físico leve a moderado, realizado regularmente, é recomendado para
a manutenção da saúde e prevenção de inúmeras doenças, redução da produção de
oxidantes e ocorrência de danos oxidativos, o que melhora, e muito, o sistema de defesa
antioxidante e aumenta a resistência dos órgãos e dos tecidos contra a ação deletéria
dos RL (PINHO et al., 2010).
73
Geralmente, o tratamento é iniciado com o intuito de reduzir a sobrecarga
cardíaca, assim, diminui-se a demanda de oxigênio e se melhora o fluxo sanguíneo na
artéria coronária, o que interrompe e reverte o processo de aterosclerose.
74
NOTA
As doenças das valvas do coração são responsáveis por uma alta
mortalidade no nosso país. Devem ser tratadas de forma imediata,
e se pode realizar uma cirurgia corretiva para melhorar a sobrevida
dos pacientes.
75
A fisiopatologia é observada logo que o bebê nasce, pois a resistência vascular
pulmonar é mais elevada e o fluxo de sangue, nessa comunicação, pode ser menor ou
bidirecional nas primeiras 24h até 48h de vida. A resistência tende a cair, e à medida que o
sangue flui em um curso natural, da esquerda para a direita, o lado direito aumenta o
fluxo sanguíneo pulmonar e a pressão da artéria pulmonar em diferentes níveis. Quanto
maior o aumento, mais graves são os sintomas. Geralmente, uma pequena derivação da
esquerda para a direita não causa sinais ou sintomas.
76
Dentre as malformações, a doença cardíaca congênita é a patologia mais comum.
São malformações importantes que comprometem a sobrevida e a qualidade de vida do
paciente. Há uma pequena ocorrência entre os nascidos vivos e prevalência semelhante
em todo o mundo, sendo a principal causa de mortalidade desde o nascimento. Ainda, a
incidência é considerada alta diante da gravidade.
A forma crítica costuma ser letal quando não tratada, mas o diagnóstico preciso
e o tratamento eficaz são viáveis, mesmo diante de lesões cardíacas congênitas mais
complexas. As terapias cirúrgicas eficazes aumentaram a expectativa de vida.
Os neonatos cuja triagem universal seja positiva devem ser avaliados pela
busca por cardiopatias congênitas e outras causas de hipoxemia, com a realização de
radiografia de tórax, eletrocardiograma, ecocardiografia e exame de sangue.
2.4 ARRITMIAS
Uma arritmia cardíaca é um distúrbio de geração ou condução do impulso
elétrico do coração, o que provoca alterações no ritmo. Podem ser benignas ou malignas
e atingem, em especial, pacientes com doenças cardíacas, como infarto e insuficiência
cardíaca congestiva.
78
2.5 ENDOCARDITES
A patologia conhecida como endocardite corresponde a um conjunto de agentes
infecciosos invasores das superfícies internas do coração, o que provoca um processo
inflamatório, com estruturas com plaquetas, fibrina e microrganismos infecciosos.
Um dos fatores de risco mais elevados é a baixa higiene bucal, incluindo o uso
de agulhas e de seringas compartilhadas, ou durante algum procedimento odontológico
com sangramento. Os sintomas, geralmente, aparecem imediatamente, ou em alguns
dias após a contaminação, e incluem dores musculares e nas articulações, fadiga,
disúria e hematúria, febre, tosse persistente e até sudorese noturna.
79
Dentre as urgências cardíacas que necessitam de cirurgia imediata, a oclusão
arterial aguda, ou isquemia aguda de extremidade, é considerada quando ocorre uma
redução súbita ou piora da perfusão sanguínea nas extremidades, o que causa uma
ameaça à viabilidade dos membros. As causas mais descritas englobam a trombose, a
embolia, o trauma vascular, as oclusões nas intervenções diagnósticas e terapêuticas,
as revascularizações arteriais com pontes e a endarterectomia. Embora os sinais e os
sintomas pareçam, é necessário entender a causa antes de estabelecer a conduta
adequada.
É preciso palpar os pulsos femoral, poplíteo, dorsal do pé, tibial posterior nos
membros inferiores, incluindo braquial, radial e ulnar nos superiores, com a avaliação da
presença de fluxo no lado sintomático, com o uso de doppler de ondas contínuas. No caso
de um fluxo audível, deve-se medir a pressão de perfusão com um esfigmomanômetro
acima do tornozelo ou o mais próximo possível da região a partir da qual o fluxo é audível.
80
O tratamento visa às salvações da vida e do membro comprometido. Para os
pacientes com perda de tecidos moles e lesão vascular, deve-se realizar a exploração
vascular de emergência, e aqueles com uma menor perda desses tecidos moles, com
algum sinal de lesão vascular, devem ser, rapidamente, levados a um centro cirúrgico.
81
Os sinais e os sintomas incluem dor do tipo queimação, pontadas, paresia,
parestesia, dor leve à forte, sensação de frio, cãibras, atrofia muscular do pé, dedos
em martelo ou em garra, hálux valgo, úlcera plantar, ressecamento da pele, fissuras,
hipertermia, edema e alterações ungueais.
A inspeção deve ser feita todos os dias para procurar cortes, bolhas, vermelhidão,
inchaço, calos e outros problemas. Acrescentam-se medidas para se evitar a ulceração,
cuidados com a marcha e com o tipo de calçado, bons hábitos de higiene, corte de
unhas e uso de lixa, quando necessário.
O paciente diabético é capaz de conviver vários anos com uma úlcera neuropática
enquanto não apresenta isquemia. Contudo, em associação com uma infecção, pode
evoluir para gangrena de parte do pé ou de toda a perna, até a amputação do membro
na porção distal ou proximal.
O diagnóstico passa por uma anamnese bem feita e por um exame físico.
Qualquer profissional com formação mínima é capaz de diagnosticar ou de suspeitar de
uma isquemia no pé em um paciente diabético, realizados uma boa história clínica e um
exame adequado dos pés.
82
O controle metabólico rigoroso de diabetes é fundamental para a prevenção e
o tratamento, além da remoção de calos, do controle de infecções, da redução de peso,
do alívio dos pontos de pressão sobre a lesão e da redistribuição da pressão no pé. A
maioria das recomendações não inclui a prescrição de analgésicos para o controle da dor
neuropática, por serem ineficazes e os mais potentes trazerem o risco de desenvolver
dependência.
83
As lesões cutâneas são reconhecidas por uma faixa eritematosa com edema e
brilho, bordos elevados e contornos delimitados, com a pele adjacente, que avançam
de forma centrípeta à progressão da infecção e podem atingir as linfonodos regionais,
parecidas com uma lista eritematosa em forma de estrias.
84
A maioria dos aneurismas é assintomática, e a descoberta é incidental durante
exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada, ou ressonância
magnética para investigação de outras patologias. A dor abdominal, ou nas costas, bem
atípica, pode estar presente, mas não se deve esperar essa ocorrência para se fazer
o diagnóstico. A palpação sistemática do abdome, durante o exame vascular, pode
detectar uma massa abdominal pulsátil, mas a sensibilidade é pobre. A dor abdominal
aguda e o choque estão, usualmente, presentes no caso de ruptura, algumas vezes,
precedidos de dor abdominal menos intensa em caso de ruptura contida.
É indicado que a unidade hospitalar possua uma sala híbrida, na qual se possa
fazer a correção por reparo de aneurisma aórtico por via endovascular e por cirurgia
aberta (SILVA, 2015). Esse tratamento deve ser encarado por um time multidisciplinar,
que envolva socorrista, cirurgião vascular, anestesista, radiologista, enfermeiros,
técnicos de radiologia e enfermagem, pessoal do banco de sangue e intensivista.
NOTA
As emergências cirúrgicas cardíacas devem ser tratadas com prioridade
em serviços de saúde, e o profissional precisa estar capacitado para
identificar e diferenciar sinais e sintomas diversos de outras patologias.
É a diferença entre manter a vida e a perder um paciente.
85
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
86
AUTOATIVIDADE
1 Doenças cardíacas acometem boa parte da população mundial. O pé diabético é a
que mais preocupa as autoridades de saúde e a que mais atinge os pacientes com
diabetes em qualquer estágio e traz sequelas se não tratada em tempo. A respeito do
pé diabético, analise as afirmativas a seguir:
87
3 Um dos cuidados essenciais no pós-cirúrgico de uma cirurgia cardíaca é a
necessidade de prevenção de infecções, e alguns fatores são considerados preditores
desses distúrbios, principalmente, por alterações no equilíbrio orgânico e no cuidado
intensivo. A respeito desses fatores, analise as afirmativas a seguir:
( ) Obesidade.
( ) Hemodiálise prévia ao procedimento.
( ) Pacientes com idade abaixo de 60 anos.
( ) Tratamento com imunossupressores.
( ) Sistema imunológico comprometido.
( ) Tempo de circulação extracorpórea acima de 100 minutos.
a) ( ) V - V - V - V - V - V.
b) ( ) F - V - F - V - V - F.
c) ( ) V - V - F - V - V - F.
d) ( ) F - F - V - V - F - F.
88
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
PRINCIPAIS CIRURGIAS
CARDIOVASCULARES
1 INTRODUÇÃO
Denomina-se, como cirurgia cardíaca, todo e qualquer procedimento realizado
para tratar de lesões, deformidades e doenças que possam afetar o coração e o sistema
circulatório. Costuma ser muito delicada, uma vez que visa tratar de uma das áreas mais
importantes e essenciais para o funcionamento do corpo humano.
89
2.1 FECHAMENTO PERCUTÂNEO DE FORAME OVAL
PATENTE (FOP)
O forame oval patente ocorre quando há uma anormalidade no septo interatrial,
ainda, durante a vida intrauterina, o que permite que o sangue oxigenado passe pelo
septo interatrial, diretamente, para a circulação sistêmica, a fim de se evitarem os
pulmões, ainda, em desenvolvimento.
Um fio flexível de poliéster trançado passa pelo centro das âncoras direita e
esquerda, mantém as duas estrelas unidas e permite que sejam ajustadas, de acordo
com o comprimento do túnel do forame oval patente. O lado esquerdo da prótese não é
recoberto por nenhum tipo de tecido, sendo formado, apenas, pelos braços metálicos.
90
Figura 2 – Prótese para fop premeret
A avaliação com Doppler colorido, também, pode ser realizada nessas incidências
para detectar derivações residuais, retorno do seio coronário e retornos venosos sistêmico
e pulmonar, além de avaliar a competência das valvas atrioventriculares.
91
2.2 REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO
O procedimento cirúrgico é considerado para os pacientes com insuficiência
mitral moderada à severa, diagnosticada por meio de ecocardiograma ou ventriculografia
esquerda, sendo mais frequente nos idosos do sexo masculino.
Os principais fatores de risco presentes pela insuficiência mitral isquêmica e que têm,
com desfecho, a cirurgia pela última diretriz da American Heart Association, de 2021
(LAWTON et al., 2021), são a ruptura aguda do músculo papilar, o choque cardiogênico,
a hipertensão pulmonar, a idade avançada, a insuficiência cardíaca congestiva e a
quantidade de vasos coronarianos afetados em todos os casos.
92
O implante transcateter se destaca por ser realizado em diferentes vias de acesso,
assim, varia, de acordo com a anatomia de cada paciente e os dispositivos disponíveis.
Os principais métodos de inserção são: transfemoral, transapical, transubclávia,
transcarotídea, transaórtica e transeptal. Outra técnica muito difundida é a inserção da
válvula Melody, confeccionada de um retalho jugular bovino, que é montada e suturada
no interior do stent.
93
Figura 4 – À esquerda, válvula Melody aberta, o que evidencia o arranjo da veia jugular
bovina suturada no interior do stent - À direita, sistema ensemble já com a
prótese montada em diversos estágios para o implante
94
2.4 CORREÇÃO ENDOVASCULAR DO ANEURISMA DA AORTA
A correção endovascular do aneurisma da aorta (EVAR) demonstra reduzir
a perda sanguínea, o tempo operatório, a permanência hospitalar, a mortalidade e a
morbidade em comparação com o reparo cirúrgico aberto de aneurismas da aorta
abdominal infrarrenal (ALMEIDA et al., 2017).
As endopróteses fenestradas e ramificadas têm sido cada vez mais usadas para
tratar de aneurismas complexos. A endoprótese fenestrada Zenith foi aprovada para
o tratamento de pacientes com AAAs de colo curto, os quais não atendem aos critérios
anatômicos propostos para o uso de endopróteses infrarrenais e têm comprimento do
colo infrarrenal >4 mm e <15 mm.
95
o alinhamento entre o cateter e a respectiva fenestração. O dispositivo deve ser
implantado, ligeiramente, mais alto do que o previsto, com os cateteres correspondendo
ao menor dos quatro marcadores radiopacos na fenestração. O fio redutor de diâmetro
permite os movimentos rotacional e cranial-caudal da endoprótese principal para
otimizar o alinhamento.
Figura 6 – Configuração do sistema de endoprótese fenestrada zenith com componente fenestrado proxi-
mal, componente universal bifurcado distal e extensão do membro ilíaco contralateral.
O componente fenestrado é feito sob medida, com um máximo de três fenestrações, incluindo
fenestrações em vieira, grandes ou pequenas (a) - O acesso femoral multibainha é obtido com o uso
de uma bainha check flo de 20 a 22 f (cook medical) - A válvula da bainha é perfurada para permitir a
colocação de várias bainhas pequenas (5-7 f) - (b) Cateteres e cateteres-guia são utilizados
para a cateterização seletiva das artérias-alvo antes da implantação do dispositivo (c)
Esse tipo de cirurgia é indicado para pacientes com alto risco cirúrgico, idosos
e casos nos quais existe uma dificuldade anatômica à abordagem cirúrgica aberta,
sendo realizado no Laboratório de Hemodinâmica, no qual os pacientes são tratados
sob anestesia geral inalatória.
96
Antes do procedimento, os pacientes são submetidos à profilaxia antimicrobiana,
com cefuroxima, no momento da indução anestésica. A abordagem preferencial é pela
artéria femoral comum, uni ou bilateral, conforme o tipo de intervenção ou endoprótese
escolhida. Frente à impossibilidade desta, pode ser realizada na artéria ilíaca externa,
por acesso retroperitoneal, sendo feita uma arteriografia intraoperatória com pós-
operatório imediato em uma unidade de terapia intensiva em todos os casos.
NOTA
As cirurgias cardíacas ocorrem em um ambiente, altamente,
preparado para recebê-las, o qual conta com aparelhos de imagem e
instrumentos, minimamente, invasivos. Podem percorrer pelo corpo
através de artérias, como femoral, e se instalar em vasos e câmaras
cardíacas em pouco tempo, com a realização desde uma sustentação
de um vaso até a desobstrução e a fixação de fios.
97
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• A cirurgia cardíaca é utilizada para corrigir diversos problemas, como regular o fluxo de
sangue nas valvas do coração, fechar espaços entre câmaras e permitir a passagem
de fluxo de sangue para o corpo.
• Cateteres milimétricos são utilizados, os quais passam por dentro das artérias e das
veias para realizar procedimentos de desobstrução e manutenção das paredes dos
vasos. Todos esses acessórios devem estar esterilizados, e a maioria é de uso único.
98
AUTOATIVIDADE
1 Dentre as patologias cardíacas, uma, em especial, é muito grave: o aneurisma de
aorta abdominal, e, devido a uma complicação grave, a rotura é considerada de
emergência. Considerada essa informação, assinale a alternativa que apresenta,
CORRETAMENTE, os fatores que podem contribuir com a rotura:
2 As cirurgias cardíacas ocorrem com sucesso em sua grande maioria. Muito se deve
ao fato de o diagnóstico poder ser prévio e pouco invasivo por imagens, além de um
tratamento pós-cirúrgico medicamentoso e reabilitação. A respeito dessas cirurgias
cardíacas, leia as afirmativas a seguir:
99
a) ( ) O risco de ruptura está, diretamente, relacionado ao tamanho do aneurisma.
b) ( ) O fator clínico que afeta o crescimento de aneurismas é a pressão arterial.
c) ( ) A cirurgia de emergência, após a ruptura, possui uma taxa de mortalidade de,
aproximadamente, 5%.
d) ( ) Uma massa pulsátil à palpação se apresenta.
e) ( ) Uma compressão pode ser feita de uma estrutura adjacente, como de um ureter.
100
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
MONTAGEM DE MESA E POSICIONAMENTO
NA SALA DE CIRURGIA
1 INTRODUÇÃO
Para uma cirurgia de sucesso, alguns fatores são contabilizados, como os
equipamentos e os instrumentos utilizados durante o procedimento. É essencial o
desenvolvimento de novos materiais, mais resistentes e que podem acessar cavidades
e órgãos sem prejudicar o paciente.
101
2 INSTRUMENTAIS CIRURGICOS, AGULHAS, FIOS DE
SUTURA E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO MANEJO DE
CIRURGIA CARDIOVASCULAR
Desde 1846, com o pleno desenvolvimento de técnicas cirúrgicas cada vez
mais modernas, foi necessário atualizar os instrumentos, muitos deles, superados em
termos técnicos ou substituíveis por outros mais comuns. No entanto, há instrumentos
facilitadores de procedimentos cirúrgicos e que, por isso, são insubstituíveis até os dias
atuais.
102
Durante o divulsionamento, esses instrumentos separam os tecidos, afastam
as bordas para, então, forçar a abertura da ferida. São utilizadas tesouras de pontas
rombas, pinças hemostáticas, afastadores, tentacânula, dentre outros instrumentos.
Quanto aos afastadores, podem ser de vários tipos, como o Finochietto, utilizado
na cavidade torácica; o Gosset, para manter exposta a cavidade abdominal; e o Farabeuf,
geralmente, presente para segurar a parede abdominal.
Fonte: O autor
Os cabos de bisturi podem ser encontrados com dois tamanhos: o n. 3 tem lâminas
menores e é destinado às cirurgias delicadas, enquanto o n. 4 recebe lâminas maiores
para cirurgias gerais. As lâminas, por sua vez, são determinadas pela aplicabilidade e
pelo formato, e, normalmente, o bisturi é empunhado de forma a proporcionar uma
entrada a 90º, a fim de percorrer a linha de incisão com um ângulo de 45º.
As pinças Kelly e Crile apresentam ranhuras transversais nas faces internas das
pontas, as quais podem ser retas ou curvas. As de ponta curva são utilizadas para pinçar
tecidos e vasos delicados, e, as de reta, para pinçar materiais cirúrgicos, como fios e
drenos.
Nessa etapa, utilizamos diversos materiais, como fios de sutura, escolhidos pela
resistência à tração e à tensão que exercem sobre a ferida, reação tecidual, custo e
material biocompatível; e agulhas, utilizadas para a reconstrução, como um guia para
os fios de sutura, com a finalidade de transfixar as partes. São divididas em três partes:
com ponta, corpo e fundo.
104
A ponta é a parte que penetra no tecido, e pode ser triangular, cilíndrica, ovalada
ou quadrada. O corpo forma a agulha e o fundo, e, por sua vez, pode ser fixo, de fundo
falso ou atraumático, quando o fio de sutura já vem acoplado ao fundo da agulha. Os
formatos podem variar, de acordo com a especialidade e o uso de cada uma delas para
as técnicas de sutura. Podem ser retas, para uso sem o auxílio de um porta-agulhas, e
curvas e semicurvas, as quais necessitam desse porta-agulhas.
O fio de sutura tem mais de 4.000 anos e, apesar de toda a evolução, nenhum fio
é considerado ideal. A escolha deve ocorrer pelas propriedades biológicas dos tecidos
a serem aproximados, pelas características físicas e biológicas dos próprios fios e pelas
condições do espaço a ser fechado.
105
• Ácido poliglicólico: fio multifilamentar. Libera um ácido glicólico solúvel durante a
absorção por hidrólise, entre 90 a 120 dias.
• Poliglatina: fio sintético, composto pela união de dois polímeros. Absorção completa
em até 70 dias.
106
O metal mais utilizado para a fabricação desses instrumentais é o aço inoxidável,
com baixo teor de carbono, o que os torna mais resistentes à corrosão intergranular, e,
com um teor adequado de cromo e níquel, pode-se promover excelentes propriedades
mecânicas que os tornam mais maleáveis e confortáveis em relação aos instrumentos
de outras cirurgias.
GIO
A circulação extracorpórea é um importante procedimento durante a
cirurgia cardíaca. Os equipamentos são capazes de circular o sangue
para fora do corpo e manter a troca de gases com o pulmão. O manejo,
somente, pode ser feito por um profissional habilitado em perfusão,
que controla a temperatura do sangue e as soluções infundidas através
das conexões e dos tubos da máquina.
107
Ao solicitar, ou buscar os artigos médicos esterilizados específicos a serem
utilizados na cirurgia, o circulante e o instrumentador cirúrgico devem verificar a
integridade dos pacotes cirúrgicos, organizar os medicamentos e materiais descartáveis,
sempre, observando a validade da esterilização e a integridade das embalagens. Provêm-
se, também, artigos para auxiliar a equipe cirúrgica, como talas, ataduras, soluções,
adesivos e fitas adesivas, impressos utilizados para registrar a cirurgia e artigos usados
pelo anestesista.
109
LEITURA
COMPLEMENTAR
CIRURGIA ROBÓTICA EM CARDIOLOGIA: UM PROCEDIMENTO SEGURO E EFETIVO
[...]
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
MÉTODOS
110
Os procedimentos foram realizados de março de 2010 a março de 2013. Os
critérios de inclusão obedeceram às indicações habituais para correção cirúrgica
convencional de patologias cardíacas adquiridas ou congênitas. Os critérios de exclusão,
para a realização de procedimentos assistidos por robô, foram deformidades torácicas,
trauma torácico grave, alteração anatômica ou patológica do sistema vascular periférico,
insuficiência aórtica moderada ou importante, fração de ejeção <0,40%, e, para os casos
de revascularização do miocárdio, totalmente, endoscópica (TECAB), artérias coronárias
com diâmetro <1,5mm ou calcificadas.
Técnica operatória
Para plastia ou troca da valva mitral robótica, a técnica utilizada foi, previamente,
descrita por Chitwood et al. (5).
111
Através do segundo espaço intercostal direito (EICD) na Linha Axilar Média
(LAM), introduziu-se a pinça aórtica transtorácica de Chitwood (Fehling Instruments
GMBH & CO. KG, Karlstein, Alemanha). Foi instituída a circulação extracorpórea (CEC) e
o paciente foi resfriado até a temperatura de 28ºC. Com o auxílio da videotoracoscopia, a
aorta ascendente foi pinçada e puncionada com uma agulha de metal de 30 cm (Geister
Medizintechnik, Tüttlingen, Alemanha) para a administração de solução cardioplégica
cristaloide anterógrada hipotérmica Custodiol HTK (Köhler Chemie GmbH, Bensheim,
Alemanha). Desde a abertura do átrio esquerdo até o fechamento, manteve-se a
insuflação de CO2, com o objetivo de diminuir a possibilidade de embolia aérea.
Um dos casos apresentava fibrilação atrial associada à patologia mitral, tendo sido
realizada, concomitantemente, à plastia mitral, a ablação epicárdica com isolamento
elétrico das veias pulmonares, que foi feita antes da instituição da CEC pelo sistema
Cobra Adhere XL (Estech, San Ramon, CA, EUA), conforme descrito por Bevilaqua et
al.(6).
113
Após a dissecção robótica ATIE, utilizou-se um estabilizador coronariano robótico, o
qual foi introduzido no hemitórax e conectado ao quarto braço robótico. O segmento da
artéria coronária a ser anastomosado foi imobilizado e ocluído, mecanicamente, proximal,
e, distalmente, com garrote específico. Ao término da anastomose, para a aferição de
um adequado fluxo sanguíneo, utilizou-se um medidor de fluxo TTFM (Medstim, Oslo,
Noruega).
Análise estatística
As variáveis contínuas foram expressas por média e desvio padrão. Foi utilizado
o método Kaplan-Meier para a análise de sobrevida. Utilizou-se, ainda, o programa
GraphPad Prism 6,02 (GraphPad Softwae Inc, San Diego, CA, EUA).
RESULTADOS
114
O tempo médio de CEC foi de 151,7±99,97 minutos, e o tempo médio de pinçamento
aórtico foi de 109,94±81,34 minutos. O tempo médio de intubação orotraqueal foi de
7,52±15,2 horas, sendo que 16 pacientes foram extubados, ainda, na sala operatória,
imediatamente, após o procedimento. O tempo médio de permanência em uma Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) foi de 1,67±1,46 dia (Tabela 2).
DISCUSSÃO
115
A ampliação de movimentos em diferentes ângulos e direções, além de propiciar
movimentos refinados, permite o trabalho em um pequeno espaço, como na cavidade
atrial.
116
Nos três casos de revascularização do miocárdio, totalmente, endoscópica,
utilizou-se a artéria torácica interna esquerda para revascularizar o ramo interventricular
anterior. Os resultados obtidos foram comparáveis aos da literatura (17). Os pacientes
evoluíram sem nenhum evento e todos tiveram alta hospitalar no segundo dia de pós-
operatório.
117
mês. Trabalhos, na literatura, demonstram que o índice dessa complicação, no pós-
operatório de uma cirurgia cardíaca, depende da patologia operada, e que varia entre
5 a 40% nos casos de revascularização do miocárdio, e entre 37 e 50% nos pacientes
submetidos à cirurgia valvar (19). Nesta série de 21 pacientes, apenas, um apresentou
paroxística no período pós-operatório (4,7%).
FONTE: POFFO, R. et al. Cirurgia robótica em cardiologia: um procedimento seguro e efetivo. 2021.
Disponível em: http://twixar.me/H8Mm. Acesso em: 24 abr. 2021.
118
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• As cirurgias, qualquer que seja a especialidade, possuem tempos bem definidos, que
fazem o processo ser mais tranquilo e evitam riscos aos pacientes e à equipe. As
principais são: diérese, hemostasia, exérese e síntese.
• Os equipamentos de uma sala cirúrgica são diversos e podem ser específicos para
uso em cirurgias por vídeo ou robótica, ou atender cirurgias de grande, médio e
pequeno portes. Todos devem ser produzidos com um material resistente ao calor e
baixas temperaturas, além de serem confortáveis ao uso.
119
AUTOATIVIDADE
1 Durante a construção, os instrumentos cirúrgicos devem resistir a altas temperaturas
frente à esterilização e ao manuseio constante dos profissionais. Assim, funções são
designadas, de acordo com o tipo de formato, a indicação e o procedimento a ser
realizado. A respeito dos instrumentos cirúrgicos, analise as afirmativas a seguir:
2 Existem diversos tipos de pinças com as mais variadas funções, como parar
sangramentos, segurar campos de pano que separam o paciente do cirurgião,
e dissecar estruturas. São construídas com um material, altamente, resistente ao
calor e a baixas temperaturas, além de confortáveis ao uso do cirurgião durante o
procedimento. Assim, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As pinças Kelly e Crile podem ser retas para pinçar materiais, como fios, ou curvas,
para tecidos e vasos delicados.
b) ( ) As pinças Backhaus são utilizadas para fixar os campos fenestrados, ou não,
à derme do paciente, impedindo que a posição desse paciente, em relação ao
campo cirúrgico demarcado, seja alterada.
c) ( ) A pinça Kocher se diferencia das demais por possuir “dente de rato” na
extremidade, o que aumenta a capacidade de preensão dos tecidos e ocasiona
um maior trauma.
d) ( ) O afastador Farabeuf pode ser utilizado para passar fios, durante a ligadura, em
torno deles.
120
a) ( ) Os fios cirúrgicos absorvíveis são resistentes à digestão enzimática em um tecido
vivo, de baixo custo, fácil esterilização e de pouca reação tecidual.
b) ( ) Os fios naturais de filamento único são maleáveis e mantêm a resistência de
tensão por um período maior do que os sintéticos multifilamentares.
c) ( ) Os fios biológicos, conhecidos como categute, são obtidos de polímeros
monofilamentares. De acordo com o tempo de absorção, podem ser simples ou
cromados.
d) ( ) Os fios de polipropileno são biodegradáveis e têm uso para a síntese de feridas
contaminadas, devido à reação tecidual mínima.
121
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, B. L. et al. Tratamento endovascular de aneurisma de aorta abdominal com
fístula aorto-cava utilizando oclusor vascular concomitante a endoprótese bifurcada:
relato de caso. J Vasc Bras, v. 16, n. 2, p. 168-173, 2017.
122
RIBEIRO, M. S. et al. Experiência inicial com o implante percutâneo da válvula
Melody no Brasil. 2014. Disponível em: http://twixar.me/8BMm. Acesso em: 24 abr. 2021.
123
124
UNIDADE 3 —
TÉCNICAS DE
INSTRUMENTAÇÃO
CIRÚRGICA EM CIRURGIA
TORÁCICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
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125
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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126
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
PATOLOGIAS QUE RESULTAM EM
CIRURGIA TORÁCICA
1 INTRODUÇÃO
Antes de entender seu papel na cirurgia torácica e os instrumentos utilizados
é importante entender como ocorrem as patologias que podem necessitar dessa
intervenção. Houve um declínio nas estimativas gerais de doenças respiratórias entre
1990 e 2017, porém ela ainda se caracterizava como a terceira principal causa de morte no
ano de 2017 em todo o mundo. A asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
são as que têm mais prevalência no Brasil, o que acontece também em outros países.
127
de exposição no trabalho e substância nocivas para a relação entre poluição do ar e
hábitos de vida como responsáveis na maior parte dos casos, principalmente se houver
condições preexistentes, por exemplo, infecções respiratórias recorrentes na infância e
hereditariedade, que colaborem para esse quadro.
Dentre todas as doenças respiratórias, algumas doenças podem alterar a
estrutura do tecido pulmonar, seja por meio de inflamação, lesão ou morte desse tecido.
Essas doenças podem levar a um comprometimento da função respiratória e da troca
gasosa pulmonar, o que pode levar à morte. A seguir, vamos entender o que são essas
alterações e como ela se manifesta no corpo humano.
Assim, a fibrose pulmonar é uma doença não infecciosa, que se restringe aos
pulmões e que, geralmente atinge, em sua maioria, homens acima dos 50 anos, com
histórico de tabagismo. Apesar ser considerada de causa desconhecida, alguns fatores
têm sido apontados como de risco para o desenvolvimento dessa doença, por exemplo:
a aspiração crônica decorrente do refluxo gastroesofágico; diabetes mellitus; e alguns
vírus, por exemplo, da hepatite C, citomegalovírus e vírus de Epstein-Barr. A exposição
ao gado, ao pó de madeira, à poeira de metais, rocha, areia e sílica podem contribuir para
o desenvolvimento da fibrose pulmonar, além da hereditariedade ser considerada.
A fibrose pulmonar surge a partir de lesões que ocorrem nos alvéolos. Quando
ocorre o processo de cicatrização, o novo tecido formado é uma espécie de fibrose, ou
seja, que pode prejudicar a troca gasosa (oxigenação do sangue) e função respiratória.
É como se o tecido pulmonar mudasse sua forma, ficando mais rígido e impedindo a
expansão durante a respiração. Essa condição pode evoluir de maneira rápida ou
durante anos (SBPT, 2012).
128
Outro sintoma característico, em 30 a 40% dos indivíduos, é o baqueteamento
digital ou hipocratismo digital (Figura 2), conhecido também como dedos em baqueta
de tambor, alargamento da ponta do dedo e pela perda do ângulo normal do leito da
unha. Com o tempo, pode haver redução da oxigenação, com coloração azulada das
extremidades, por exemplo, das pontas dos dedos (SBP, 2022).
129
Além dos exames de imagem como a tomografia computadorizada, a biópsia
também pode ser utilizada, sendo que um pedaço do tecido pulmonar é retirado para
análise (SBP, 2022). Não existe nenhum tratamento capaz de curar a fibrose pulmonar
idiopática. Assim, o uso de suporte de dispositivos portáteis de oxigênio auxilia no alívio
dos sintomas e para um grupo de pacientes altamente selecionados pode acontecer o
transplante pulmonar. No estudo de Bennett et al. (2020), foi constatado que o transplante
pulmonar é uma opção válida de tratamento para a fibrose pulmonar e garante maior
sobrevida para os pacientes acometidos por essa enfermidade, porém, para ser elegível
para esse tipo de tratamento, é importante reconhecer variantes genéticas e histórico
clínico antes de recomendar esse procedimento.
130
O abcesso pulmonar também pode ser causado por aspiração de bactérias
anaeróbias ou, ainda, por obstrução mecânica ou funcional dos brônquios por corpo
estranho, estenose brônquica, tuberculose ou embolia pulmonar, além da já citada
pneumonia. Os microrganismos mais associados a abscessos pulmonares incluem S.
aureus, Klebsiella e outras espécies gram-negativas.
131
podem originar cavidades semelhantes a abcessos. Algumas vezes, o abcesso pode
ser causado em pacientes que tiveram pneumonia e não realizaram o tratamento
adequadamente, a existência prévia de complicações brônquicas e outras condições
preexistentes (BARREIRA et al., 2022).
Nos estudos de Barreira et al. (2022), foi analisada uma série de casos de
crianças que apresentaram pneumonia necrosantes, após a constatação do aumento
de casos na comunidade estudada. Os fatores de risco específicos para esses casos
foram desconhecidos, levando a internações longas, tratamento com antibióticos e
até ao procedimento de lobectomia. Apesar do início precoce do tratamento, muitos
casos evoluem para formas graves e ainda é necessário avaliar a função imunológica
dos doentes para identificar os primeiros sinais de imunodeficiência para tratamento
precoce.
3 DERRAME PLEURAL
O derrame pleural, ou água na pleura, popularmente conhecido como “água
no pulmão”, acontece quando há acúmulo de líquido nos espaços anatômicos do
pulmão e geralmente é consequência de alguma doença, como insuficiência cardíaca,
tuberculose, pneumonia, infecções pulmonares, síndrome nefrótica, doença do tecido
conjuntivo, embolia pulmonar e tumores neoplásicos (BRUNNER; SUDDARTH, 2015).
Outro caso foi apresentado, em que uma paciente do sexo feminino, com
diagnóstico cardíaco prévio, apresentava derrame pleural à esquerda e cardiomegalia,
sendo diagnosticada com urinotórax e abscesso renal, causa raramente associada
ao derrame pleural (TAKIZAWA; COLARES; MEIRA, 2019). Além dessa causa, o derrame
pleural também pode estar associado a doenças fúngicas pulmonares, em especial a
mucormicose (TORRES et al., 2018). A variação de sintomas também ocorre dependendo
da gravidade do derrame:
133
Quando o derrame pleural é originado por neoplasia, há achados nos exames que
comprovem essa causa e, geralmente, eles são sintomáticos, ocorrendo dispneia em mais
de 50% dos casos, podendo ter dor torácica e tosse associadas. Quando causado por
câncer, os pacientes podem apresentar sintomas gerais, como perda de peso, anorexia,
caquexia ou adenomegalias. Nos estudos de Teixeira et al. (2006), dos 46 pacientes
pesquisados que apresentavam derrames pleurais maciços, 67% tinham origem neoplásica
e 15% apresentavam derrames mínimos (<500ml) (TEIXEIRA et al., 2006).
134
Durante a toracocentese diagnóstica ou terapêutica, não é recomendada a
retirada de mais de 1.500 ml de líquido, pois há um risco de edema pulmonar se, durante
o procedimento, a pressão intrapleural estiver sendo medida quando da realização do
procedimento. É considerado seguro continuar a retirada de líquido enquanto ela não
cair abaixo de -20 cmH2O. Já a drenagem pleural pode aliviar a dispneia e, geralmente,
são utilizados cateteres de fino calibre (10 a 14F), que são bens tolerados (TEIXEIRA et
al., 2006).
No Brasil, em 2010, sua prevalência era estimada em 17%, maior que os 11,4% da
prevalência na população mundial, sendo que nas Américas foi onde houve prevalência
mais alta (15,2%). A maioria dos estudos mostra prevalência de 8 a 10% entre adultos,
homens, que fumam, porém, as exposições ocupacionais às substâncias nocivas
também foram identificadas.
135
Estima-se que cerca de 210 milhões de pessoas no mundo têm DPOC e, para
auxiliar na sua prevenção e medidas de tratamento, a data de 21 de novembro foi
estabelecida como símbolo da luta contra ela pelo Ministério da Saúde no Brasil (BRASIL,
2022). Apesar dos índices ainda altos no Brasil, houve uma diminuição da mortalidade
por essa condição, relacionada, principalmente, ao Programa Nacional de Controle do
Tabaco desde 1988 (TORRES et al., 2018).
A idade constitui-se em um fator importante para o desenvolvimento da
DPOC, visto que o envelhecimento traz inúmeras transformações no organismo, como
a alteração do processo de defesa, diminuição da eficácia do sistema imunológico
e processo inflamatório sistêmico, além da diminuição da capacidade respiratória,
como a diminuição da sensibilidade do centro respiratório. Quando esse processo de
envelhecimento é associado à exposição de poluentes, o risco de desenvolvimento de
DPOC e mortalidade aumenta significativamente (TORRES et al., 2018).
136
A força muscular de membros superiores geralmente está preservada em
pacientes com DPOC. Dentre as possíveis explicações, pode-se citar: pacientes com
DPOC são inativos em suas atividades de vida diária, tendo menor gasto de tempo diário
com atividades que envolvem suporte de peso, como caminhar e permanecer em posição
em pé e, inversamente, passar mais tempo sentado e deitado; predomínio das atividades
de vida diária realizadas com a parte superior do corpo; e grande parte da musculatura
da cintura escapular, responsável pela elevação dos membros superiores, participando
concomitantemente da respiração acessória (VIEIRA et al., 2018).
137
FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO DA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (COMBINAÇÃO
ENTRE BRONQUITE CRÔNICA E ENFISEMA PULMONAR) EM COMPARAÇÃO COM
O FUNCIONAMENTO NORMAL DOS PULMÕES
138
Para diferenciar nódulos benignos e malignos (câncer), exames como tomografia
computadorizada, ressonância magnética e biópsia são essenciais. O estudo de Coutinho
(2021) tentou estabelecer um padrão para formação de nódulos nos pulmões e não foi
possível, pois eles podem atingir pessoas de várias idades, sexo e com diversos tipos
de características clínicas, por exemplo, doenças anteriores, hábitos de vida e história
familiar.
Esse tipo de câncer tem aumentado muito em mulheres e o Brasil é o país com
maior tendência mundial de aumento de novos casos de câncer de pulmão em mulheres
nos últimos dez anos. O tabagismo tem diminuído muito no Brasil, com o acometimento
de muitos pacientes ex-tabagistas (SOARES et al., 2021).
139
FIGURA 6 – DEFINIÇÃO DE CÂNCER SEGUNDO O INCA
Por ser o amianto a substância com maior incidência de influência para o câncer
de pulmão, muitos países proibiram seu uso, como o Japão. Os cinco maiores produtores
de amianto são Rússia, China, Brasil, Casaquistão e Canadá. No Brasil, tramitam desde
2017 leis para proibir a fabricação e o consumo de amianto no país. Além da exposição
única ao amianto, quando ela é combinada ao tabaco, isso se agrava e o período de
latência entre a exposição e o desenvolvimento do câncer de pulmão pode chegar a 50
anos (BREY et al., 2020).
O pó de sílica cristalina é a segunda substância que mais causa câncer de
pulmão, quando a exposição é prolongada, também o escape do motor diesel, gás
mostarda, quartzo, carvão, níquel, cromo vi, carbono elementar, carboneto de silício,
talco e tinta em spray podem causar câncer de pulmão (BREY et al., 2020).
140
Quanto aos sintomas, com frequência ele é assintomático até que atinja um
estágio avançado e seus sinais e sintomas dependem do tamanho do tumor, localização,
grau de obstrução do sistema respiratório e presença de metástase, invasão feita por
células cancerígenas a outros órgãos do corpo de um indivíduo que, inicialmente, o
apresentava em apenas um órgão. Quando presente, os sintomas mais comuns são a
tosse crônica, escarro ou expectoração com sangue, dor torácica ou no ombro, falta de
ar, febre, rouquidão, dentre outros. Quando existe a metástase, os locais mais comuns
são os linfonodos, ossos, cérebro e fígado (BRUNNER; SUDDARTH, 2015).
141
Recentemente, com a pandemia da covid-19 e toda a modificação do sistema
de saúde para atender à nova demanda, os exames diagnósticos deixaram de ser feitos,
inclusive as cirurgias utilizadas como terapêutica, atrasando ainda mais os diagnósticos
do câncer de pulmão e a realização de procedimentos cirúrgicos, o que pode levar a um
aumento dos casos de morte evitáveis por câncer em um futuro próximo (ARAUJO-
FILHO et al., 2020).
142
NOTA
Quase todas as doenças abordadas neste tópico têm como
fator de risco ou agravante o tabagismo. Historicamente, houve
muitas mudanças quanto ao estímulo desse hábito, que já foi
visto como sinal de glamour e liberdade e hoje é desestimulado
e até proibido em algumas situações. Entenda esse processo
mais a fundo a partir da leitura do artigo Trajetória da política de
controle do tabaco no Brasil de 1986 a 2016, de Pontes, Machado
e Barretto (2018). Disponível em: http://twixar.me/1BMm.
O trauma de tórax pode ser causado por acidentes de trânsito, lesões esportivas,
quedas e ou choques e, ainda, por objetos penetrantes como facas e armas de fogo. A
depender do tipo de trauma e consequência, o tratamento pode ser cirúrgico ou não.
O trauma torácico representa 10 a 15% do total de traumas no mundo, sendo que nos
Estados Unidos é o terceiro tipo de trauma mais letal. Já no Brasil, essa taxa corresponde à
7,3% das ocorrências, com 25% das mortes causadas por trauma e contribuindo para os
outros 25% (ZANETTE; WALTRICK, 2019).
O trauma torácico pode ser divido em quatro grandes grupos: lesões da parede
torácica, pulmonares, mediastinais e diafragmáticas, sendo as lesões mais comuns as
fraturas de costelas, injúrias cardíacas, de aorta e de vias aéreas e diafragmáticas. Já
os ferimentos com maior potencial de morte são: pneumotórax simples, hemotórax,
contusão pulmonar, tórax instável, traumatismo do coração, ruptura da aorta, do
diafragma e ferimentos do mediastino (ZANETTE; WALTRICK, 2019).
143
A seguir, você conhecerá as principais consequências do trauma torácico, que
podem levar às cirurgias de urgência/emergência. As fraturas das costelas é um tipo
de lesão que acontece no mediastino, atingindo porções neurológicas, vasculares e até
extratorácica.
144
Para o diagnóstico do hemotórax, são utilizados exames de imagem, como a
radiografia de tórax e também a tomografia torácica, que tem se mostrado mais eficiente e
específica, identificando inclusive hemotórax oculto ou tardio. O trauma das vias aéreas
é causado por lesões durante a intubação ou traumas como esfaqueamento ou tiros.
Esse tipo de consequência, geralmente, é visto na forma de lacerações da traqueia e
pode haver também rupturas das cartilagens, com lesões dos brônquios.
Das vítimas de trauma torácico, 80% são tratadas apenas por toracostomia, com
drenagem pleural fechada associada à analgesia e terapia ventilatória. Já a toracotomia é
utilizada em apenas 10 a 20% dos pacientes, sendo que um terço dos pacientes com
trauma torácico grave morrem antes de receberem atendimento hospitalar e outros 20%
tardiamente, com complicações pleuropulmonares infecciosas (ZANETTE; WALTRICK,
2019).
O profissional atuante em centro cirúrgico deve estar preparado a todo o instante,
independentemente da situação que se apresentar urgência ou não, pois em momentos
de tensão e em cirurgias que fogem da rotina, como as de trauma, é importante
manter a ética, o profissionalismo e atuar da mesma forma em que uma cirurgia eletiva
(agendada), direcionando as ações propostas pela equipe multiprofissional da melhor
maneira possível.
145
Todo o conteúdo aqui apresentado lhe será útil como base para enfrentar
situações eletivas e também as de urgência e emergência. No próximo tópico, vamos
abordar o procedimento das cirurgias torácicas e os principais cuidados que a equipe de
saúde pode e deve ter para garantir a melhor assistência.
146
Antes de falarmos sobre os sistemas de drenagem é importante retomar o
processo ventilatório fisiológico novamente. Em pessoas sadias a pressão dentro da
pleura é negativa, quando existe a tosse ou a inspiração profunda a pressão pode se
tornar positiva, fazendo parte do processo ventilatório.
147
FIGURA 7 – DRENO DE TÓRAX E O SISTEMA DE SELO D’AGUA
FIGURA 8 – SISTEMA DE DRENAGEM COM UM (A.), DOIS (B.) OU TRÊS (C.) FRASCOS
148
FIGURA 9 – FIXAÇÃO DO DRENO MODELO “BAILARINA”
149
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Que a principal causa das doenças abordadas neste tópico é o hábito de fumar e,
por meio da referência recomendada, foi possível entender os aspectos culturais que
envolvem esse hábito tão maléfico para a saúde.
• A drenagem de tórax, seu conceito, como é realizado, suas indicações, como deve
ser um dreno de tórax e de que forma ele é colocado. Ainda, por meio de ilustrações,
entendemos os tipos de drenagem de tórax e fixação na pele do paciente.
150
AUTOATIVIDADE
1 A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória
previsível e tratável, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo
aéreo, que não é totalmente reversível. Habitualmente, é uma patologia progressiva
associada a uma resposta inflamatória nos pulmões. Sobre esta doença, que acomete
tantas pessoas, assinale a alternativa CORRETA:
I- A fibrose pulmonar causa falta de ar, que piora progressivamente, tosse seca,
geralmente, por mais de seis meses.
II- A necrose pulmonar acomete mais adultos e quando acomete crianças e o
tratamento é mais difícil, necessitando de cirurgia.
III- Não existe um tratamento capaz de curar fibrose pulmonar e o transplante de
pulmão pode ser uma alternativa.
151
( ) Os nódulos do pulmão podem atingir diversos tipos de pessoas, com idade, sexo e
hábitos de vida variáveis.
( ) Dentre todos os nódulos pulmonares, mais da metade são benignos e, por ano,
aproximadamente 150.000 são detectados.
( ) O câncer no pulmão é o primeiro mais comum entre os homens e o quinto mais
comum entre as mulheres, o tabagismo é seu principal fator de risco.
152
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
PRINCIPAIS CIRURGIAS TORÁCICAS
1 INTRODUÇÃO
A cirurgia torácica é aquela que realiza intervenções desde a parte externa do
tórax: tecidos; ossos; e músculos, até o sistema respiratório, isto é, pulmão, traqueia,
brônquios, pleura, mediastino. Geralmente, ela ocorre para tratamento de determinada
doença ou reabilitação após o trauma torácico.
2.1 BRONCOSCOPIA
A broncoscopia é um exame direto da laringe, traqueia e dos brônquios,
utilizando um endoscópio, sendo grande aliada na detecção de algumas condições e
até determina a necessidade de intervenção cirúrgica. Esse procedimento pode ser
realizado para verificar a existência de alterações no sistema respiratório e também para a
coleta de materiais para biópsia. Existem dois tipos de broncoscopia: a convencional,
utilizando broncoscópio rígido, e a que utiliza o broncoscópio flexível (ALEXANDER,
2007; BRUNNER; SUDDARTH, 2015).
153
Este procedimento é extremamente importante e realizado por pneumologistas,
otorrinolaringologistas e cirurgiões, sendo complexo, pois exige habilidades cognitivas
e motoras. Os avanços tecnológicos possibilitaram o aprendizado e treinamento de
profissionais a partir de simuladores, visto o risco a que os pacientes estão expostos
durante a realização desta prática, os instrumentos utilizados para o treinamento dos
profissionais vão desde a simulação de baixa fidelidade até os de extrema realidade
anatômica (VIEIRA et al., 2022).
Este tipo de prática tem sido empregada, pois nem sempre a broncoscopia
é utilizada para tratamento de alguma condição do aparelho respiratório, mas, sim,
como auxiliar no processo de diagnóstico, então, com a pandemia da COVID 19 e o
alto risco de contaminação, os simuladores para o treinamento de profissionais tem se
tornado essencial, visto a dispersão de aerossóis durante o procedimento e o risco de
contaminação a que podem ser colocado os pacientes que passam por este tipo de
procedimento (VIEIRA et al., 2022). Um profissional experiente ou muito bem treinado é
a base do sucesso desse procedimento, muito utilizado na prática diária.
154
1 - A cabeça do paciente é posicionada para visualização do
brônquio, para a esquerda, quando os brônquio principais
direitos forem inspecionados, e para a direita quando os
brônquios esquerdos forem inspecionados. A cabeça é abaixada
para inspeção do lobo médio.
2 - Um protetor dentário é colocado para proteger os dentes do
paciente. O broncoscópio é inserido sobre a superfície da língua,
geralmente através do canto direito da boca. O lábio do paciente
é afastado dos dentes superiores com o dedo da mão esquerda
do endoscopista. A epiglote é visualizada e elevada com a ponta
do broncoscópio.
3 - A extremidade distal do broncoscópio é passada através das
cordas vocais verdadeiras da laringe e os anéis traqueais
superiores são visualizados. Uma pequena quantidade de
solução anestésica pode ser pulverizada através do tubo, na
carina da traquéia e no brônquio, com o spray. A cabeça do
paciente é movida para a esquerda para que se obtenha uma
visão dos brônquios direitos. O telescópio angulado para a direita
é inserido com a luz ajustada no broncoscópio. O sistema ótico
deve ser mantido livre da umidade precipitada.
4 - Os orifícios brônquicos segmentares dos brônquios do lobo
superior direito são observados e o telescópio é removido. Tubos
de sucção e a aspiração são introduzidos a fim de limpar o campo
de visão.
5 - Os ramos do lobo médio são inspecionados através da inserção
de um telescópio oblíquo de 45º de ângulo, ou de um telescópio
angulado para a direita, fazendo-o avançar. A cabeça do paciente
é abaixada para que seja visualizado o lobo médio direito, ou
virada para a direita para observar o brônquio principal esquerdo.
6 - As secreções são aspiradas para estudo. Os fórceps de biópsia
são usados quando indicados; corpos estranhos são removidos
com o fórceps.
7 - O broncoscópio é removido e a face do paciente é limpa
A broncoscopia tem sido utilizada para a aspiração de corpos estranhos nas vias
aéreas, causa importante de morte em crianças em todo o mundo. Antes do surgimento
desse procedimento em 1897, somente era possível por meio da traqueostomia paliativa
e a taxa de mortalidade era de até 50%. Após a utilização da broncoscopia, essa taxa de
mortalidade caiu para menos de 1%.
O diagnóstico tardio de obstrução das vias aéreas com corpos estranhos pode
levar a pneumonias de repetição, abscesso pulmonar, bronquiectasia, pneumotórax,
ou sintomas semelhantes aos da asma: tosse e sibilância. A broncoscopia rígida é
considerada padrão ouro para esse tipo de tratamento, mas a flexível tem sido cada vez
mais utilizada (LIMA et al., 2022).
156
Entendemos que as doenças respiratórias crônicas não são curáveis, no entanto,
várias formas de tratamento que ajudam a dilatar as principais passagens aéreas e
melhorar a falta de ar podem ajudar a controlar os sintomas e aumentar a qualidade de
vida das pessoas com a doença.
2.2 MEDIASTINOSCOPIA
A mediatinoscopia é um método de visualização e biópsia do mediastino, ou seja,
na junção traqueobrônquica, abaixo da traqueia, nos brônquios ou subdivisões do lobo
superior. Esse procedimento surgiu em 1959 e foi criado para descartar o envolvimento
do mediastino no câncer de pulmão e evitar a toracotomia desnecessária. Dele pode
proceder uma toracotomia exploradora e para ele é utilizado um mediastinoscópio, que
é um tubo oco com um transportador de luz de fibra óptica (JUDICE, 2021; ALEXANDER,
2007). Os materiais específicos utilizados na mediastinoscopia estão na Figura 11.
• o exame deve ser feito com anestesia geral e intubação orotraqueal, embora haja
relatos de utilização de anestesia local;
• o paciente deve ser colocado em decúbito dorsal, com um coxim sob as espáduas e a
cabeça pousada sobre uma pequena rodilha almofadada para evitar a movimentação
da cabeça (mesma posição para realização da traqueostomia);
157
• uma pequena incisão transversa (aproximadamente 2 cm) é feita acima da incisura
supraesternal e a fáscia pré-traqueal é exposta. Realiza-se incisão na fáscia pré-
traqueal;
• a abertura do túnel é realizada ao longo da traqueia por meio de uma dissecção cega
(digital) para dentro do mediastino;
• o mediastinoscópio é introduzido sob visualização direta, abaixo do plano fascial, e
avançado ao longo da borda da traqueia em direção ao mediastino;
• um fórceps de biópsia é, então, inserido e uma amostra de tecido é retirada;
• pode ser aplicada pressão sobre o local da incisão com uma esponja brônquica em uma
pinça;
• o mediastino é reinspecionado à procura de sangramento;
• o mediastinoscópio é retirado;
• o tecido subcutâneo é suturado com suturas absorvíveis;
• a pele é aproximada e suturada com material não absorvível em uma pequena agulha
cortante;
• um pequeno curativo é aplicado (ALEXANDER, 2007).
158
Geralmente, os pacientes que realizam esse procedimento têm alta no dia da
cirurgia e o tempo cirúrgico mediano é entre 20 e 60 minutos, sem sequelas e raros
casos de mortalidade. Já o sangramento intraoperatório tem incidência relatada de
0,25% e se caracteriza como um método seguro (DEFRANCHI et al., 2016).
3 TORACOTOMIA E ESTERNOTOMIA
A toracotomia é uma incisão (abertura) na parede torácica e é parte primordial
das cirurgias torácicas abertas. Ela ocorre com o propósito de operar os pulmões ou o
sistema cardíaco, mas neste tópico vamos abordar sua utilização na cirurgia torácica,
tendo em vista que pode ser realizada como tratamento de diversas condições benignas ou
malignas.
159
A toracotomia ainda é uma via muito utilizada, mesmo com o avanço da tecnologia
e o surgimento da videotoracoscopia, devido à completa exposição das estruturas e
possibilitando o acesso a grandes tumores, por exemplo. Uma das desvantagens desta
modalidade é o tempo maior de cirurgia, dor pós-operatória e riscos de infecção após o
procedimento (BACHICHI et al., 2020).
Quanto à história das cirurgias torácicas, somente no século XVIII foi estabelecida
a relação entre respiração e função pulmonar. O primeiro procedimento malsucedido
foi em 1499, com a tentativa de retirar uma hérnia pulmonar. Até 1880, o único
procedimento realizado era para drenagem de epiema e de abcessos pulmonares ou
tratamento de lesões traumáticas no tórax. Somente no século XIX foi que os primeiros
procedimentos para retirada de partes ou remoção dos pulmões foram realizados, bem
como tratamentos (toracoplastia) para a tuberculose. A partir dos anos 1900, houve
evolução das técnicas para acessar a cavidade torácica e até publicações sobre elas.
• é utilizado material básico para instrumentação, podendo incluir uma serra esternal e
dispositivos de grampeamento;
• o cuidado do anestesista no monitoramento do paciente é uma prioridade;
• a preparação do paciente pela equipe cirúrgica inclui a correta posição do paciente, a
colocação de dispositivos para prevenção de complicações, como: meias de compressão
sequencial; travesseiros termorregulados; coxim dispersivo eletrocirúrgico, inserção de
sonda vesical, assim como avaliação contínua e comunicação da condição do paciente
durante todo o procedimento (ALEXANDER, 2007).
160
Após identificar o tipo de incisão a ser realizada, o paciente é posicionado,
anestesiado e é realizada a incisão. Durante o procedimento, é necessário o uso de
um retrator das costelas. Após a realização do procedimento, é utilizado um aproximador
de costelas e o fechamento das estruturas com sutura de grande calibre, incluindo
grampos cirúrgicos. A Figura 14 demonstra alguns passos da toracotomia.
161
3.1 CIRURGIA TORÁCICA VIDEOASSISTIDA (CTVA)
A Cirurgia Torácica Videoassistida (CTVA) é um procedimento minimamente
invasivo, que permite diagnóstico e tratamento. Ela possibilita a avaliação dos órgãos
e estruturas torácicas, como: esôfago; diafragma, pulmões, pleura; e mediastino, e
a realização de procedimentos de remoção de tumores pulmonares, contenção de
sangramentos pleurais, remoção de linfonodos do mediastino, coleta de biópsia ou até
o corte do nervo simpático para o tratamento de hiperidrose. Ela oferece uma recuperação
mais rápida, esteticamente traz um resultado melhor, menos dor no pós-operatório e
redução do tempo de internação para retorno às atividades (GUIMARÃES et al., 2011).
Na cirurgia videoassistida, são feitas duas a três incisões por onde é inserido o
endoscópio, que é um dispositivo que permite a visualização interna, e os instrumentos
de trabalhos. Utiliza-se um tubo chamado trocarter, que permite manter as incisões
abertas e facilita a entrada dos instrumentais, facilitando o procedimento (CARVALHO
et al., 2017). Sobre o procedimento, temos que:
162
FIGURA 16 – INCISÕES E SUAS FINALIDADES NA CIRURGIA TORACOTOMIA VIDEOASSISTIDA (CTVA)
Esse tipo de cirurgia deve seguir os mesmos princípios das cirurgias tradicionais e
embora já estabelecida mundialmente, ainda não faz parte da rotina de muitos centros
cirúrgicos no Brasil, porém, essa técnica pode ser executada com segurança e obter
bons resultados, inclusive em centros de formação de residentes (SODER et al., 2017).
163
3.2 CIRURGIA COM AUXÍLIO DA ROBÓTICA
Há algum tempo, com o aumento da tecnologia, a inserção da robótica nos
procedimentos cirúrgicos tem auxiliado na facilidade de realização e os robôs têm
guiado a mão do cirurgião, para evitar tremores e outros tipos de variação. Ela tem
sido utilizada em quase todas as especialidades, especialmente as torácicas, já que as
imagens têm se tornado cada vez mais nítidas e iluminadas, fazendo com que a visão do
médico seja amplificada e apresente melhor qualidade e, com a câmera, enxergar muito
mais próximo o órgão que será operado. Ainda, os movimentos realizados pelo robô
são maiores que os realizados pela mão do médico, aumentando o grau de precisão e
tornando a cirurgia mais resolutiva (CIRURGIA..., 2022).
4 PNEUMONECTOMIA E LOBECTOMIA
A pneumonectomia é a remoção de um pulmão inteiro, sendo uma forma de
tratamento do câncer no pulmão ou nódulos benignos, abcessos/necroses pulmonares,
tuberculose unilateral extensa, entre outras. Remover o pulmão direito é mais perigoso
que o esquerdo, pois há maior vascularização (BRUNNER; SUDDARTH, 2015; ALEXANDER,
2007).
FIGURA 18 – PNEUMONECTOMIA
165
De maneira resumida, o procedimento cirúrgico acontece da seguinte forma
(BRUNNER; SUDDARTH, 2015; ALEXANDER, 2007; HINKLE, 2020):
166
FIGURA 19 – LOBECTOMIA
167
Esse procedimento vem se tornando popular entre os cirurgiões torácicos
na última década, pois, com o avanço dos exames de imagem como a tomografia
computadorizada, o câncer de pulmão pode ser detectado precocemente, além disso,
vem representando papel significativo no tratamento de metástase pulmonar (TERRA
et al., 2019).
• Ressecção em cunha: este tipo de procedimento pode ser realizado quando a lesão
é pequena e bem localizada. Este procedimento é utilizado para biópsia diagnóstica
e para excisão de pequenos nódulos, com a porção removida em formato de cunha
(Figura 21).
168
• é feita incisão na pleura visceral em torno do segmento doente;
• o brônquio segmentar é retirado;
• o coto é fechado com suturas;
• a dissecção continua para separar as superfícies segmentares e os vasos são ligados
conforme o necessário;
• o segmento do pulmão é removido;
• o pulmão é reinflado e irrigado com soro fisiológico;
• o sangramento é controlado com ligaduras ou hemoclipes;
• o procedimento é completado da mesma forma que a pneumectomia.
169
É importante que o paciente realize uma reabilitação pulmonar pré-operatória
para facilitar a liberação das vias aéreas e a função diafragmática, melhorar a tolerância
à cirurgia e reduzir complicações pós-operatórias (ALEXANDER, 2007). Além disso, para ser
elegível para o procedimento, o paciente que tem enfisema, deve ser avaliado clínica e
laboratorialmente, por meio de: história clínica e exame físico, radiograma de tórax e seios
nasais, tomografia de tórax e helicoidal, ecografia abdominal, espirometria, gasometria e
difusão de CO, cintilografia pulmonar, teste dos seis minutos, ecocardiogram e avaliação
nutricional e fisioterápica, o que limita muito o número de pacientes elegíveis para esse
procedimento (CAMARGO et al., 2022). Em resumo, o candidato ideal para redução do
volume pulmonar é:
• os pulmões são expostos por meio da abertura do tórax e do esterno, podendo ser
acessado por esternotomia, toracotomia anterior ou lateral uni ou bilateral, ou através
da CTVA;
• os pulmões são esvaziados para que sejam visualizadas as porções do pulmão
acometido por enfisema;
• é realizada a redução do pulmão e realizados testes de vazamento de ar;
• um ou dois tubos para drenagem são inseridos;
• as costelas e o esterno são reaproximados, a camada muscular, o tecido subcutâneo
e a pele são fechados e curativos são aplicados.
170
IMPORTANTE
É importante para o instrumentador cirúrgico o conhecimento de
como cada técnica cirúrgica ocorre, pois durante o procedimento
e nos tempos cirúrgicos necessários ele deve estar preparado
para atuar com os materiais corretamente. No próximo tópico,
vamos abordar e ilustrar os principais instrumentos que podem
ser utilizados nas cirurgias torácicas.
171
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
172
AUTOATIVIDADE
1 A toracotomia é parte primordial da maioria das cirurgias torácicas, sendo
caracterizada por uma abertura na parede torácica para intervenção pulmonar ou
cardíaca. Durante o plantão da instrumentadora cirúrgica, Giuliana necessitou passar
por essa intervenção, após ser constatada alterações pulmonares expressivas, o que
mobilizou a equipe para preparar a sala e separar os materiais. Quanto à toracotomia,
assinale a alternativa CORRETA:
173
( ) Na pneumonectomia, geralmente, não são utilizados drenos, pois o acúmulo de
líquido impede o desvio do mediastino.
( ) Para preservar a maior parte da função respiratória, opta-se por realizar a lobectomia.
( ) Na lobectomia, podem ser utilizados dreno único ou duplo.
5 O enfisema pulmonar é uma doença que evolui e não tem cura, sendo o seu
tratamento limitado a controle de ocorrências e urgências e estabilidade do quadro
clínico, além de promover melhor qualidade de vida. Uma das opções de tratamento
é a cirurgia redutora de volume pulmonar, que permite ao paciente alívio do quadro
e uma melhora na qualidade de vida. Descreva brevemente como esse procedimento é
realizado.
174
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
MONTAGEM DA MESA E POSICIONAMENTO
NA SALA DE CIRURGIA TORÁCICA
1 INTRODUÇÃO
A montagem da mesa cirúrgica e o posicionamento dos insumos e materiais
influenciam diretamente na qualidade do serviço de enfermagem, na rapidez da
instrumentação e, ainda, na capacidade de trabalhar em equipe. O instrumentador deve
reconhecer os materiais e os passos dos procedimentos a fim de identificar possíveis
fragilidades nos materiais que recebeu e agilizar seu próprio trabalho.
A primeira forma de classificar uma cirurgia é por seu momento operatório, que
vai depender da evolução do quadro clínico e das vantagens e desvantagens que se
espera em relação ao paciente. Elas podem ser classificadas em cirurgias de emergência,
urgência ou eletivas. As cirurgias de emergência são aquelas em que há alta gravidade
do quadro clínico do paciente, exigindo intervenção imediata. No caso das cirurgias
175
torácicas, existem alguns casos que demandam esse tipo de procedimento, que a
depender do tipo, podem ser iniciados já na sala de emergência, como foi visto no Tópico
1 desta unidade. São os casos de traumas torácicos, que apresentam perfurações dos
pulmões e grandes hemorragias.
Por fim, as cirurgias podem ser classificadas de acordo com o risco de infecção
(CARVALHO; BIANCHI, 2016):
176
As cirurgias torácicas apresentam, em sua maioria, caráter de urgência,
emergência ou eletiva (a depender do caso apresentado, se foi um trauma, se há risco
de vida). Geralmente, são radicais ou diagnósticas, realizadas para biópsia, coleta de
materiais ou para a retirada total ou parcial das estruturas do pulmão. São, em sua maioria,
de médio a grande porte, devido a risco de perda sanguínea e à necessidade de cuidados
com a circulação. A duração das cirurgias torácicas é variável, sendo as videoassistidas
mais rápidas nas maiores partes do tempo, mas há as cirurgias mais complexas de porte
II ou III. Ainda, por acessar a estrutura respiratória, são potencialmente contaminadas.
177
3 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS, AGULHAS E FIOS DE
SUTURA E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO MANEJO DE
CIRURGIA TORÁCICA
Levando em consideração suas atribuições, o instrumentador deve ficar atento e
ter conhecimento do tipo de cirurgia a se realizar, para estabelecer quais equipamentos e
materiais serão necessários. Ainda, após se paramentar, deve dispor os materiais sobre
a mesa de acordo com cada tempo cirúrgico, além de preparar agulhas e suturas e
entregar os materiais ao cirurgião e assistentes com habilidades e presteza, após auxiliar no
posicionamento dos campos.
178
Há vários tipos de materiais que podem compor os campos estéreis, podendo
ser descartáveis ou reutilizáveis. Independentemente do tipo de material, os campos
devem constituir barreiras para micro-organismos, líquidos, ser adequados aos métodos
de esterilização, manter a integridade, durar, suportar condições físicas, resistindo a
lacerações, estiramentos e abrasões, estar livre de ingredientes tóxicos e não possuir
defeitos ou orifícios (ALEXANDER, 2007).
179
FIGURA 25 – A PESSOA ESTERILIZADA PROTEGE AS MÃOS ENLUVADAS SOB A BAINHA DO LENÇOL DE
LAPAROTOMIA DOBRADO EM LEQUE E PUXA A PARTE SUPERIOR ACIMA DA FENESTRAÇÃO NO SENTIDO
DA CABECEIRA DO LEITO, COLOCANDO-O SOBRE A TELA DE ANESTESIA. A PORÇÃO INFERIOR DO LENÇOL
DOBRADO EM LEQUE É ESTENDIDA SOBRE OS PÉS DA MESA DE MANEIRA SIMILAR
182
O segundo tempo cirúrgico é a hemostasia, uma medida utilizada pelo cirurgião
para prevenir, deter ou coibir hemorragias no período intraoperatório, consequente ou
não ao corte dos tecidos ou vísceras, de modo a manter o campo operatório limpo e
evitar infecções. A hemostasia pode ser natural ou espontânea, isto é, quando há o
fechamento de dezenas de vasos de forma espontânea na incisão cirúrgica, temporária
de forma cruenta, ou seja, próximo ao campo operatório e incruenta. Quando está
distante do campo operatório, pode ser realizada por pinçamento, garroteamento,
tamponamento compressivo, ação farmacológica, parada circulatória com hipotermia
ou oclusão endovascular.
184
FONTE: adaptado de Coutinho e Souza (2014).
A síntese pode ser feita de forma manual, com fios cirúrgicos (com porta agulha,
pinças, agulhas e fios) ou, ainda, mecânica, com os grampos metálicos (CARVALHO;
BIANCHI, 2016). Alguns materiais para síntese (nesse momento será realizada a
aproximação final dos tecidos por planos seccionados, desde o foco da cirurgia
até o tecido cutâneo) estão representados no Quadro 1 (COUTINHO; SOUZA, 2014;
ALEXANDER, 2007).
185
Abaixo, temos a lista com os instrumentos mais utilizados nas principais
cirurgias torácicas (os mesmos utilizados em laparoscopia e laparotomia):
186
3.3.1 Instrumentação endoscópica
A laparoscopia introduziu novos equipamentos e instrumentos para o ambiente
cirúrgico. Além do equipamento de insuflação, do sistema óptico e de um sistema
de documentação, os profissionais perioperatórios devem estar familiarizados com a
instrumentação empregada pelo cirurgião para realizar a cirurgia por meio do aparelho
de escopia.
É importante ressaltar que as cores dos fios podem sofrer alterações, conforme
fabricação. O instrumentador prepara os fios de sutura e ligaduras. Para as cirurgias
torácicas, é importante dispor de todos os tipos de fios e agulhas para sutura, visto a
variedade de formas e tecidos que se apresentam no tórax.
ATENÇÃO
Os instrumentos apresentados neste tópico podem ser alterados
de acordo com o profissional, protocolo da instituição e condições
do paciente. Como instrumentador, é importante zelar pela
conservação, posicionamento, contagem e descarte correto dos
materiais, independentemente de quais forem.
188
LEITURA
COMPLEMENTAR
SIMPATECTOMIA TORÁCICA POR VIDEOTORACOSCOPIA:
REVISÃO DA LITERATURA
INTRODUÇÃO
189
A simpatectomia torácica por vídeo é o método consagrado para tratamento da
hiperidrose nas diversas formas. Vários autores estudaram a simpatectomia bilateral,
uniportal, biportal, em um ou mais tempos diferentes, não sendo encontradas diferenças
significativas nos resultados obtidos cirurgicamente. Apesar da alta taxa de sucesso
da simpatectomia por VATS, alguns pacientes não responderam a esse procedimento,
exigindo nova cirurgia, a ressimpatectomia (REVERS).
190
paciente. Em uma pesquisa realizada com a finalidade de analisar as complicações, efeitos
colaterais, grau de satisfação e qualidade de vida de 406 pacientes após simpatectomia
para hiperidrose do membro superior, observou-se que não houve persistência de
hiperidrose. A recidiva global foi de 3,7% e a HC apareceu em 55%, mas não foi relacionada
à extensão da simpatectomia.
191
pacientes que realizaram simpatectomia, sendo a maior complicação da cirurgia,
ocorrendo inclusive tardiamente. Além disso, embora pouco frequente, o pneumotórax
também pode ocorrer. Apesar disso, a simpatectomia apresenta alto nível de satisfação
com ampla elevação da qualidade de vida.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Que a toracotomia pode ser realizada com o paciente em uma das três posições
comuns: lateral para a abordagem posterolateral, semilateral para a abordagem
ântero-lateral e supina para a abordagem de esternotomia mediana.
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AUTOATIVIDADE
1 Cirurgia é o ramo da medicina que se dedica ao tratamento das doenças, lesões,
ou deformidades, por processos manuais denominados operações ou intervenções
cirúrgicas. Cada cirurgia tem uma característica diferente e, nesse processo, ela
pode ser classificada de diversas formas, fazendo com que as equipes se mobilizem
para adequar as salas e materiais à demanda. Assinale a alternativa CORRETA que
apresenta como as cirurgias podem ser classificadas:
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3 O tempo cirúrgico de diérese constitui a abertura dos tecidos para dar início
ao procedimento cirúrgico. Para isso, é importante a organização da mesa do
instrumentador e, ainda, a separação dos materiais para esse momento, levando em
consideração a sua finalidade. De acordo com os princípios da instrumentação geral
das cirurgias torácicas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
4 A cirurgia torácica é uma especialidade médica que trata das intervenções no tórax
(tecidos, ossos e músculos) e no sistema respiratório (traqueia, brônquios, pulmões,
pleuras e mediastino), para tratar diversos tipos de enfermidades, como o câncer de
pulmão. Alguns instrumentos são específicos para essa prática. Disserte sobre as
especificidades desses instrumentos e cite os principais.
5 A realização de uma cirurgia é uma tarefa complexa e, por isso, requer a atenção e
o envolvimento de diversos profissionais. Um dos profissionais indispensáveis é o
instrumentador cirúrgico, que é o braço direito do cirurgião durante um procedimento
operatório. Ele é o responsável por preparar e fornecer o instrumental e material cirúrgico
ao médico ou auxiliar durante a operação. Nesse contexto, disserte sobre o papel e
principais atividades do instrumentador cirúrgico durante a abordagem torácica.
195
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