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INSTITUTO EDUCACIONAL TAUBATÉ

Eduarda Souza da Costa

Centro Cirúrgico

(Pré-operatório, transoperatório e pós-operatório)

TAUBATÉ
2021
CENTRO CIRÚRGICO

DEFINIÇÃO

O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar onde são executados procedimentos
anestésico-cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter eletivo quanto emergencial.
Esse ambiente, marcadamente de intervenções invasivas e de recursos materiais com alta
precisão e eficácia, requer profissionais habilitados para atender diferentes necessidades do
usuário diante da elevada densidade tecnológica e à variedade de situações que lhe conferem
uma dinâmica peculiar de assistência em saúde. O CC é considerado como cenário de alto risco,
onde os processos de trabalho constituem-se em práticas complexas, interdisciplinares, com forte
dependência da atuação individual e da equipe em condições ambientais dominadas por pressão
e estresse.
Este setor pode ainda ser definido também como uma área complexa, de acesso restrito,
que pertence a uma instituição hospitalar, possuindo particularidades na sua estrutura física e
atendendo as normatizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

PRÉ-OPERATÓRIO

O QUE É?

O pré-operatório inicia-se quando o médico indica e combina com o paciente o


procedimento cirúrgico e começa a tomar as medidas para prepará-lo para o procedimento.
O período pré-operatório divide-se em mediato e imediato. Dependendo do tipo de cirurgia,
faz-se necessário acrescentar equipamentos ou materiais específicos.

PRÉ-OPERATÓRIO MEDIATO

O cliente é submetido a exames que auxiliam na confirmação do diagnóstico e que


auxiliarão o planejamento cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os sintomas e as
precauções necessárias para evitar complicações pós-operatórias, ou seja, abrange o período
desde a indicação para a cirurgia até o dia anterior à mesma.
PERÍODO IMEDIATO

Corresponde às 24 horas anteriores à cirurgia e tem por objetivo preparar o cliente para o
ato cirúrgico mediante os seguintes procedimentos: jejum, limpeza intestinal, esvaziamento
vesical, preparo da pele e aplicação de medicação pré-anestésica.

QUAL O PRINCIPAL OBJETIVO DO PRÉ-OPERATÓRIO?

De um modo geral, o objetivo do pré-operatório é garantir adequada preparação do doente


para cirurgia, promovendo assim a segurança cirúrgica e o bem-estar do paciente.

PRINCIPAIS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PRÉ-OPERATÓRIO

1) Orientação prévia para o paciente sobre a cirurgia antes da internação:

•Pode ser dada na pós-consulta médica do dia ou em consulta pré-operatória de enfermagem;


•Apresentar-se, explicar o objetivo da sua intervenção e se colocar à disposição para
informações adicionais;
•Perguntar o que o paciente já sabe sobre a cirurgia. Fornecer informações e complementar as
orientações dadas pelo médico. Tirar dúvidas sobre cuidados pré-operatórios prescritos pelo cirurgião
como: banho pré-cirúrgico, tricotomia, limpeza intestinal, interrupção ou continuidade de
medicamentos, etc. Recomendar não usar maquiagem, esmalte de unha ou objetos metálicos (joias,
prendedores de cabelo, medalhas, etc.);
•Rever e explicar ao paciente sobre o preparo para a cirurgia. Dependendo do tipo de
cirurgia, pode ser necessário preparo intestinal como uso de laxantes ou enemas no dia
anterior. Remover pelos só é necessária quando os pelos próximos à incisão prejudicarem
o curativo. Deve ser feita logo antes da cirurgia com máquinas elétricas próprias para o
corte (tonsura) e não com lâminas, pois essas aumentam o risco de infecção da ferida
cirúrgica;
•Usar impressos, folhetos, webpages, vídeos, etc para facilitar essas orientações. Como o paciente
cirúrgico recebe orientações de múltiplos profissionais (cirurgião, anestesista, médicos clínicos e
especialistas, enfermeiros etc.), é preciso ter habilidade para fazer uma orientação colaborativa,
evitando controvérsia desnecessárias;
•Explicar e fornecer informações impressas sobre a rotina do hospital para o tipo de
cirurgia para o tipo de cirurgia proposta (internação ou paciente-dia, sala de espera pré-
cirúrgica, entrada no bloco, sala e mesa e cirúrgica, sala de recuperação pós-anestésica,
unidade pós-cirúrgica e alta).
•Explicar sobre a cirurgia e anestesia a ser usada, rotina e duração dos procedimentos, documentos
necessários à internação, relatórios, exames e guias que devem ser levados, jejum e abstinência de
bebidas alcoólicas, preparo específico. Pedir para evitar trazer objetos de valor, para usar roupas e
sapatos confortáveis;
•Para pacientes de outra cidade, encaminhar para orientação com pessoal administrativo e assistente
social sobre transporte e hospedagem;
•Avaliar com paciente nível de ansiedade e preocupações relacionadas à cirurgia com
objetivo de tranquilizá-lo. Estimular o paciente a manifestar seus medos, sentimentos e
emoções. Tentar reduzir a ansiedade e medo com orientações, distração e medidas
auxiliares adaptadas às necessidades e cultura do paciente (informações complementares
específicas, apoio espiritual para pacientes muito religiosos, apoio psicológico para casos
específicos como cirurgia bariátrica, mastectomia, cirurgia mutiladoras, cirurgia de maior
risco como cardiovascular ou neurológica e etc. Avaliar necessidade de ansiólise antes da
cirurgia e comunicar ao médico responsável.

2) Consentimento informado

Explicar e resolver sobre o consentimento informado que deve ser assinado pelo paciente
e pelo cirurgião. Essa atribuição é geralmente do médico e do pessoal administrativo. Compete
ao enfermeiro somente checar que foi cumprida. Em alguns serviços, o paciente só é admitido no
bloco cirúrgico ou mesmo no hospital se esse documento estiver assinado.

3) Orientação sobre continuidade ou suspensão dos medicamentos de uso contínuo

É uma atribuição do cirurgião ou do médico que fez a avaliação de risco cirúrgico. Se o


paciente usa alguns medicamentos e não recebeu orientação sobre medicamentos que deveriam
ser suspensos para a cirurgia, encaminhar especificamente ao médico, cirurgião ou anestesista.
Dependendo da rotina do serviço, essa orientação pode ser dada pelo enfermeiro.

4) Orientação e Treinamento do Paciente antes da Cirurgia para Autocuidado no Pós-


operatório

•Orientar sobre a rotina do pós-operatório, como alimentação, movimentação, controle da dor,


micção e evacuação, repouso, movimentação precoce, acompanhante, cuidador, visitas,
realimentação, reabilitação respiratória e motora, tempo provável de internação, retomada de
medicações de uso contínuo, etc.
•Envolver tanto o paciente como seus familiares (cuidadores) nessas orientações e
treinamentos;
•Combinar previamente a estratégia de analgesia no pós-operatório e estimular o paciente a
comunicar a dor;
•Informar e descrever previamente para o paciente qualquer evento previsível quando
acordar no pós-operatório, como dor, sondas, visão borrada (gel protetor ocular), confusão
mental transitória, drenos, intubação e ventilação, monitorização, recuperação em UTI, etc.
para evitar a ansiedade, confusão ou que fique agitado ao acordar;
•Ensinar previamente técnicas de respiração profunda e lenta, respiração diafragmática, treinamento
com incentivadores de sopro e tosse profunda (após inspiração profunda) e protegendo o tórax ou
incisão, com as mãos entrelaçadas e apoiando-a sobre um travesseiro;
•Se a cirurgia for demorar meses, telefonar para o paciente uma semana antes para ver se
tem alguma dúvida.
5) Cuidados de Enfermagem no Pré-operatório Imediato na Admissão no Hospital ou
Recepção no Bloco Cirúrgico

•Confirmar junto com o instrumentador se todas as próteses, órteses e materiais especiais


estão disponíveis;
•Confirmar a reserva de sangue ou plaquetas nos casos prescritos. Geralmente, a reserva
de sangue é feita como rotina para cirurgia de grande porte, sobretudo cardíacas e
ortopédicas, e para cirurgia de porte médio quando se antecipa a probabilidade de maior
perda de sangue durante a cirurgia. Pacientes com plaquetopenia (quimioterapia,
depressão medular, púrpura trombocitopênica idiopática, etc.) podem precisar de
transfusão de plaquetas, além de reservar plaquetas para transfusão durante a cirurgia;
•Pacientes internados previamente devem ser levados para a sala de cirurgia cerca de 30
a 60 minutos antes do início da anestesia, vestido apenas com avental e gorro
devidamente coberto com cobertores suficientes (atenção ao ar-condicionado do bloco
cirúrgico). Pertences e valores ficam com o acompanhante;
•Para pacientes internados, os medicamentos a serem dados antes da cirurgia podem ser
prescritos sem horário exato especificado para ser dado quando o bloco cirúrgico avisar
que o horário da cirurgia está confirmado. Essa medicação de sedação ou
antibioticoterapia profilática deve estar preparada para ser dada assim que bloco cirúrgico
avisar. Se for deixada para fazer já no bloco, parte do seu efeito benéfico será perdido;
•Ao receber o paciente no bloco, tratá-lo pelo nome, mas pedir para ele repetir o nome
completo, data de nascimento, ou nome da mãe, o nome do cirurgião responsável, o tipo
de cirurgia que vai fazer e a lateralidade como primeira verificação do Checklist Cirurgia
Segura. Fazer essa checagem junto com o acompanhante. Pedir que o paciente assinale
na própria pele com caneta dermográfica o local da cirurgia para assegurar a lateralidade,
especificidade (qual dedo, por exemplo) ou altura (da coluna, por exemplo). Perguntar se
paciente ou acompanhante tem alguma dúvida ou problema pendente. Conferi dados na
pulseira de identificação e prontuário.
•Rever com o paciente e anotações do prontuário como passou as últimas horas, confirmar
se está de jejum (nos procedimento eletivos, pelo menos 8 horas para alimentos
gordurosos, 6 horas para sólidos, 4 horas para líquidos como leite e 2 horas para água), se
tomou medicação de uso regular, abstinência de álcool e cigarros, alergia ainda não
declaradas, se urinou ou evacuou ou precisa de assistência para usar o banheiro (risco de
queda nos sedados);
•Rever os medicamentos que o paciente já tomou em casa ou no quarto antes de descer
para o bloco cirúrgico para evitar erros de tomadas duplas ou omissão de tomada;
•Antes de dar qualquer sedativo pré-anestésico, confirmar que foi assinado o
consentimento informado e se o paciente tiver alguma dúvida sobre riscos e alternativas,
pedir ao cirurgião que converse novamente com ele;
•O paciente externo é encaminhado ao vestiário de pacientes onde deve tirar toda a sua
roupa e vestir o avental próprio, fechado na frente e amarrado atrás (desamarrado antes de
colocar o paciente na mesa cirúrgica) e gorro. Se o paciente for entrar andando no bloco,
providenciar propés para proteger seus pés descalços;
•Recolher e guardar em local fechado em saco plástico bem identificado ou entregar ao
acompanhante na frente do paciente suas roupas junto com todos os pertences
(documentos, carteiras, joias, alianças, telefone, óculos).
•Cuidar para que não fiquem objetos metálicos como prendedores de cabelos ou
medalhas, dentaduras e próteses dentárias móveis, etc. Apenas relatórios médicos,
exames e prontuários ficam com o paciente.
•Combinar com os acompanhantes onde devem esperar, conferir com eles os pertences e
roupas do paciente entregues e deixar que se despeçam do paciente.

TRANS-OPERATÓRIO

O período trans-operatório compreende o momento de recepção do cliente no CC e o intra-


operatório realizado na SO. Nesse período, as ações de enfermagem devem assegurar a
integridade física do cliente, tanto pelas agressões do ato cirúrgico como pelos riscos que o
ambiente do CC oferece ao mesmo, já submetido a um estresse físico e exposição dos órgãos e
tecidos ao meio externo; daí a importância do uso de técnicas assépticas rigorosas.
É normalmente considerado um período crítico para o paciente, especialmente em cirurgia
cardíaca, devido à complexidade da cirurgia e procedimentos a ela inerentes, como, por exemplo,
a circulação extracorpórea (CEC), e ao prolongado tempo intra-operatório. É um período
caracterizado por mudanças fisiológicas geradas pelas condições impostas pela cirurgia cardíaca,
CEC e anestesia, podendo levar a complicações no pós-operatório.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM TRANS-OPERATÓRIO

• As ações de enfermagem devem assegurar a integridade física do cliente.

• Ambiente seguro e técnicas assépticas rigorosas.

• Montagem da sala cirúrgica

• Verificação dos materiais, aparelhos e solicitações especiais.

• Limpeza e desinfecção.

• Verificar lavabo e soluções.

• Antes da recepção do cliente tudo deve ser limpo e desinfectado com álcool a 70%
ou outra solução padrão.
• Testar o funcionamento dos equipamentos.

• Checar materiais esterilizados.

• Checar carrinho de anestesia.

• Preparar solução endovenosa (IV ou EV) conforme rotina e prescrição, bandeja de


anti-sepsia, e dispor pacotes de aventais, campos, luvas e caixa de instrumentais.
• Abertura dos pacotes estéreis. (em mesas ou aberto afastado do corpo).

• Oferecer ao profissional.

• Fluxo do cliente no centro Cirúrgico


• Cordialidade

• Tranquilidade

• Confiança

• Privacidade física e conforto.

• Identificação do paciente quantas vezes for necessário.

• Chamar pelo nome completo.

• Fluxo do cliente no centro Cirúrgico

• Conferir prontuário.

• Conferir cuidados pré-operatórios.

• Anotações de história alérgica a medicamentos.

• Condições físicas e emocionais.

• Tricotomia (se rotina).

• Encaminhar para S.O.

PRÉ-OPERATÓRIO

O pós-operatório é o período em que o paciente necessita de cuidados especiais até a sua


total reabilitação. É um momento delicado após um procedimento cirúrgico, no qual a equipe
médica multidisciplinar observa e assiste a manutenção do equilíbrio dos sistemas orgânicos, o
alívio do desconforto, a prevenção de complicações e segue o plano adequado de alta e
orientações. Subdivide-se em pós-operatório imediato (POI), até as 24 horas posteriores à
cirurgia; mediato, após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias do recebimento da
alta. Nesta fase, os objetivos do atendimento ao cliente são identificar, prevenir e tratar os
problemas comuns aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, laringite pós-
entubação traqueal, náuseas, vômitos, retenção urinária, flebite pós-venóclise e outros, com a
finalidade de restabelecer o seu equilíbrio.
Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem ser encaminhados da SO para a
RPA e sua transferência para a enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer quando o anestesista
considerar sua condição clínica satisfatória. A RPA é a área destinada à permanência preferencial
do cliente imediatamente após o término do ato cirúrgico e anestésico, onde ficará por um período
de uma a seis horas para prevenção ou tratamento de possíveis complicações. Neste local
aliviará a dor pós-operatória e será assistido até a volta dos seus reflexos, normalização dos
sinais vitais e recuperação da consciência.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO


• Avaliação da permeabilidade da via aérea.

• Avaliar a presença de ronquidão, estridor, sibilos ou diminuição do murmúrio


vesicular;
• Aplicar oxigênio umidificado através de cânula nasal ou máscara facial.

• Registrar os SSVV (pressão arterial, frequência, força e ritmo cardíaco, frequência e


profundidade das respirações, saturação de oxigênio, coloração da pele e
temperatura.)
• Transferir o paciente da maca para o leito;

• Solicitar dois ou três auxiliares para a movimentação do paciente, cm movimentos


uniformes para evitar a queda de PA, trações de sondas e cateteres e perdas de
punção venosa.
• Posicionar em decúbito dorsal horizontal com a cabeça lateralizada e o pescoço
estendido para favorecer a respiração e prevenir aspiração nos casos de vomitos
• Observar estado de consciência

• Conectar tubos de drenagem, os frascos coletores e mantê-los abertos

• Fazer controle de diurese para avaliação da função renal

• Anotar volumes e aspectos das drenagens

• Umedecer os lábios.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO MEDIATO

• Supervisionar a primeira deambulação

• Ajudar na higiene corporal e oral, se necessário

• Observar e anotar a aceitação da dieta

• Oferecer líquidos por via oral de 2/2 horas

• Fazer Curativos diário de acordo com as necessidades. Os pontos deverão ser


retirados em torno do 7° dia após o ato cirúrgico
• Promover recreação compatível com o estado físico e emocional do cliente.

CHECK LIST CENTRO CIRÚRGICO PÓS-OPERATÓRIO

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