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G RADUAÇAO

Pedagogia

FUNDAMENTOS
SOCIOANTROPOLÓGICOS
DA EDUCAÇÃO
Aline Pellicioli
Simone de Oliveira
FUNDAMENTOS
SOCIOANTROPOLÓGICOS DA
EDUCAÇÃO
ALINE PELLICIOLI
SIMONE DE OLIVEIRA
Reitor:
Me. Adriano Pistore

Coordenador de Educação a Distância:


Esp. André Antonio Gomes da Silva
Conselho Editorial da FSG
Esp. André Antonio Gomes da Silva
Dra. Delzimar da Costa Lima
Me. Fabio Beltrami
Me. Fabio Teodoro Tolfo Ribas
Dra. Patricia Kelly Wilmsem Dalla Santa Spada
Me. Rafael de Lucena Perini
Me. Rodrigo Flores Sartori
Ma. Rosemari Pedrotti de Avila

Revisão
Dra. Leticia Baron Bortoluzzi
Adaptação
Ma. Monica Duso de Oliveira

Autoras do livro
Esp. Aline Pellicioli
Dra. Simone de Oliveira
Sobre as autoras
Aline Pellicioli - Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas / FSG. Licenciada em História / UCS.
Simone de Oliveira - Doutora em Informática na Educação / UFRGS. Mestra em Educação / UFRGS.
Especialista em Informática Educativa / FSG. Especialista em Formação para Educação a Distância /
UCS. Licenciada em História / UCS.

Produção editorial e revisão gráfica: Núcleo de Educação a Distância – NEAD


Todos os direitos reservados ao Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG
Vedada a reprodução parcial ou total sem citação da fonte.

P391f Pellicioli, Aline


Fundamentos socioantropológicos / Aline Pellicioli, Simone de Oliveira
-- Caxias do Sul: NEAD/FSG, 2015.

1. Sociologia 2. Antropologia 3. Teorias sociológicas 4. Mudanças


sociais 5. Diversidade cultural I. Oliveira, Simone de II. Título

CDU 316:572

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária


Christiane da Silva dos Santos CRB 10/1865
SUMÁRIO
Sumário
Apresentação
Apresentação......................................................................................................................................7
7
Conheça a estrutura do seu livro....................................................................................................9
Conheça a estrutura do seu livro
Unidade 1: Sociologia e Teorias sociológicas ........................................................................ 11
9
Unidade 2: Estratificação social e Antropologia ..................................................................... 33
Unidade 1 - 11
Unidade 3: Diversidade cultural e Educação, Democracia e Cidadania ........................... 57
Unidade 2 - 31
Unidade 4: Estudo sociológico da educação na contemporaneidade e A função social
Unidade 3 - 49
da escola .......................................................................................................................................... 77
Unidade 4 - 67
Gabarito ............................................................................................................................................ 89
Unidade 5 - 83
Unidade 6 - 95
Unidade 7 - 107
Unidade 8 - 117
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno, seja bem-vindo ao ensino a distância do Centro Universitário
da Serra Gaúcha – FSG.
Para iniciar os seus estudos na modalidade de Educação a Distância, é
interessante apresentar o conceito deste processo no Brasil, definido oficialmente
no Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005), sendo que
este caracteriza-se como modalidade educacional na qual a mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de
meios e tecnologias de informação e comunicação com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativos em lugares ou tempos diversos.
Nessa perspectiva, podemos dizer que a educação a distância utiliza-se de
ferramentas e recursos tecnológicos com o objetivo de encurtar distâncias entre o
professor e o aluno no processo de ensino e aprendizagem.
Por isso, para o ensino a distância, você necessita desenvolver e exercitar
algumas competências e habilidades próprias da modalidade, ou seja, aprender a
interpretar, sintetizar e estudar de modo autônomo. Assim como, ter fluência digital,
disciplina para o estudo e auto-organização.
Você está prestes a começar a leitura do seu Livro Didático que se refere ao
conteúdo de Fundamentos Socioantropológicos da Educação.
Este livro irá propor para você um roteiro de estudo guiado com base em
fundamentos teóricos dos principais autores da área, com orientações pertinentes ao
conteúdo, assim como, seguido por problematizações, exemplos práticos, glossários,
sínteses, atividades e sugestões para aprofundar a temática.
A disciplina de Fundamentos Socioantropológicos da Educação irá propor
uma análise da relação homem-sociedade e educação. Nesse sentido, é interessante
refletir sobre a identidade do homem que produz cultura, na preocupação de
compreender a sociedade por meio da educação formal ou informal enquanto se
apresenta como um fenômeno histórico e social.

Então, vamos começar?


CONHEÇA A ESTRUTURA DO
SEU LIVRO
O livro apresenta para você alguns recursos que buscam auxiliar na
organização do seu processo de aprendizagem, para facilitar a leitura e o estudo dos
conteúdos de forma mais integrada e dinâmica.
Estrutura do seu Livro

CONTEÚDO

OBJETIVOS

DESENVOLVIMENTO

SÍNTESE

QUESTÕES PARA
REVISÃO

PARA SABER MAIS


UNIDADE DE ENSINO 1

SOCIOLOGIA: CONCEITO E O
INDIVÍDUO NA SOCIEDADE

TEORIAS SOCIOLÓGICAS:
AUGUSTO COMTE, ÉMILE
DURKHEIM, KARL MARX E
MAX WEBER
CONTEÚDOS DA UNIDADE
1. O que é Sociologia?
2. Para que serve a Sociologia?
3. Identidade: Grupos Sociais
4. Augusto Comte
5. Émile Durkheim
6. Karl Marx
7. Max Weber

OBJETIVOS DA UNIDADE
O objetivo desta unidade é que você possa analisar a
conceitualização do que é Sociologia, para que ela serve no mundo
contemporâneo, a partir disso como se formam os grupos sociais na
perspectiva da identidade.
Com as leituras e atividades da Unidade, você deverá identificar
também a importância e as contribuições dos principais teóricos da área.

O QUE É SOCIOLOGIA?
Prezado(a) Aluno(a).

Você já ouviu falar em Sociologia?


Na sua opinião, o que é Sociologia?
Para que serve estudar Sociologia?

Você pode perceber que nesta Unidade estaremos abordando essas questões.

Vamos começar?

Podemos dizer que Sociologia é o estudo da vida social humana, dos grupos
e das sociedades.
Com isso, podemos refletir que é um empreendimento fascinante e irresistível
estudar Sociologia, já que seu objeto de estudo é o nosso próprio comportamento
como seres sociais, não no foco individual, mas no grupo, na sociedade, como
fenômenos sociais.

MAS QUANDO SURGIU A SOCIOLOGIA?

a) ela surge em decorrência da Grande Revolução Industrial, com isso ficou


conhecida como “A ciência da Crise”;
b) ela é o fruto de toda uma nova forma de pensar a natureza e a sociedade
que se desenvolveu a partir do século XV, com a passagem da sociedade
feudal à sociedade capitalista.
Alguns fatos contribuíram para o desenvolvimento da Sociologia como
ciência, dentre eles, podemos destacar:
a) Expansão marítima;
b) A reforma protestante;
c) A formação dos Estados nacionais;
d) As grandes navegações e o comércio ultramarino;
e) O desenvolvimento científico e tecnológico.
Vamos iniciar a nossa reflexão?
O que é Sociologia?
Antes de responder o que é Sociologia, é muito importante que você possa
compreender onde ela iniciou historicamente, seu contexto político e social.
No século XVII, XVIII e XIX: séculos explosivos nas transformações sociais,
em que vários filósofos e sociólogos, tais como Auguste Comte, Émile Durkeim, Karl
Marx, Max Weber buscaram explicar por meio das suas teorias o que estava vivendo
a sociedade.
Sendo que a Sociologia como ciência iniciou com Auguste Comte (1791-1857),
o qual ficou conhecido como Pai da Sociologia. Seguida por Montpellier (França), Karl
Marx (1818-1883) Prússia, Thier – tradição socialista, Émile Durkheim (1858-1917) –
Ephinal, França – tradição acadêmica, Max Weber (1864-1920) – tradição acadêmica.
Você pode estar preocupado com os teóricos citados acima, mas fique
tranquilo, pois eles serão abordados na Unidade seguinte deste livro, com as suas
respectivas contribuições.
A Sociologia é uma área relativamente nova, que surgiu com o objetivo de
sistematizar o estudo dos fenômenos sociais, identificando suas causas e apontando
formas de solucioná-los quando se constituíssem em problemas para a sociedade.
Desse modo, foi sendo construído, ao longo dos anos, um modo de pensar
que estabelece naturalmente a ligação entre os diferentes indivíduos que formam as
sociedades humanas, visualizando, assim, as estruturas sociais em que vivem.

PARA QUE SERVE A SOCIOLOGIA?


Devemos pensar em algumas perguntas antes de iniciarmos:
a) Como o “mundo” surgiu?
b) Por que as nossas condições de vida são diferentes daquelas de nossos
avós?
c) Que direções as mudanças tomarão no futuro?
d) Por que existem pobres, guerras, violência?
e) Tentar estudar, analisar o ser humano no contexto social é um constante
desafio. Se pararmos para observar algumas situações que envolvem
esses estudos, o que você destacaria para estudar?
f) Situações de pobreza?
g) Desemprego?
h) Violência?
i) Culturas?
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Analise abaixo essas imagens e reflita qual você destacaria para estudar no
contexto escolar? Qual dessas situações você poderá encontrar na escola? Ou quais
dessas situações influenciam na educação formal ou informal no Brasil?

Figura 1: O que é Sociologia?


Fonte: www.idealista.com

A partir disso, você pode estar se perguntando:


Mas o que estuda a Sociologia?
Para responder a esta pergunta, analise o esquema abaixo:

Figura 2: Estudo da Sociologia


Fonte: Autora

Entre outras coisas a Sociologia nos ensina que: é preciso assumir uma visão
mais ampla sobre por que somos como “somos” e por que agimos como “agimos”?
Estuda a necessidade de desconstruir aquela visão que temos de entender a realidade
de forma naturalizada boa ou verdadeira, pode não ser bem assim.
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O foco está em analisar as situações na perspectiva sociológica, pois aquilo
que achamos comum pode ser na verdade, fruto de influências históricas políticas e
sociais. A necessidade de entender os modos sutis, porém complexos e profundos,
que as nossas vidas individuais refletem os contextos de nossa experiência social.

OS SIGNIFICADOS DAS COISAS...


Os sociólogos estão preocupados em entender como fenômenos sociais
mais amplos podem atingir pessoas nos mais variados lugares do mundo.
A Sociologia nos permite ver que muitos eventos que parecem dizer respeito
somente ao indivíduo na verdade refletem questões mais amplas.
Os sociólogos buscam compreender as diferentes interações entre as
pessoas, para que possam estabelecer relações de causa e efeito dos diferentes
fenômenos sociais e, assim, indicar para as organizações públicas e privadas maneiras
de atender às necessidades dos indivíduos, buscar seus direitos, estabelecer seus
deveres, ou o que quer que seja, para que a humanidade, como um todo, avance em
busca de melhor qualidade de vida.
A Sociologia surge no século XIX em virtude do homem entender os grandes
problemas existentes da época, que estavam aparecendo, em proporções nunca
vistas, em razão da industrialização iniciada no século XVIII.
Problemas advindos de estruturas sociais mais complexas:

Figura 3: Aspectos sociais abordados pela Sociologia


Fonte: Autora

A partir das transformações que ocorrem na sociedade a Sociologia se adapta


aos campos de pesquisa, como podemos observar na imagem que segue:

Figura 4: Novos campos de pesquisas


Fonte: Autora

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Podemos dizer que a Sociologia é o estudo científico da sociedade. É a Ciência
Social que estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as
interações que ocorrem da vida em sociedade; a Sociologia abrange, portanto, o estudo
dos grupos sociais, da divisão da sociedade em camadas sociais, da mobilidade social,
dos processos de cooperação, competição e conflitos na sociedade.

Figura 5: O que estuda a Sociologia


Fonte: Autora

Diante disso, podemos dizer que a Sociologia é uma Ciência Social que estuda
os Fatos Sociais.
Um dos fatos sociais que é analisado nesse contexto de estudo é a formação
de grupos sociais.

COMO SE ORGANIZAM OS GRUPOS SOCIAIS?

Podemos começar essa reflexão pensando como os Grupos Sociais se


organizam?
O que caracteriza os Grupos Sociais?
Vejamos alguns aspectos básicos:

a) A pluralidade de indivíduos;
b) A existência de objetivos comuns, aos quais estes indivíduos buscam;
c) Identidade grupal que nasce da realidade grupal e do contato permanente;
d) Estabilidade nas relações;
e) Os grupos são fundamentais na formação dos indivíduos e no seu
processo de socialização.

Figura 6: Grupos Sociais


Fonte: Banco de Imagens Instastore

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Mas, afinal, o que são os grupos sociais?

Os grupos são, portanto realidades inter-mentais em que indivíduos


partilham dentro de uma mesma unidade social, sentimentos, identidade, interesses
em comum num relacionamento contínuo e estável que serve como referência para
nossas ações e comportamentos no cotidiano.

Existem diferentes tipos de grupos sociais, referentes às características que


os diferenciam e identificam, são eles:

De participação: são aqueles em que os


indivíduos se identificam e aos quais se sentem
Grupos de
efetivamente ligados em razão de ser contínuo.
par ticipação
De não participação: são exatamente opostos
e não
por se tratar de uma realidade grupal estranha
participação:
ao indivíduo por não estar associado ao seu
convívio.
Trata-se daqueles que norteiam a nossa
experiência social. Essas referências são
fundamentais na infância e durante toda a fase
adulta. Podem ser:
Grupos de Normativos: aqueles cujas expectativas
referência: prescritivas orientam nossas ações.
Comparativos: servem de parâmetro para
avaliar nossa situação na sociedade. Da
autoavaliação da situação social decorrem
sentimento de Privação Relativa.

Referência Aqueles cujas expectativas prescritivas


normativa: orientam nossas ações.

Sentimentos
São aqueles que derivados da impressão, por
de
parte dos indivíduos, de que não está recebendo
privação
da sociedade aquilo a que tem direito.
relativa:

a) Positivos: são aqueles cujas expectativas de


comportamento os indivíduos buscam atender,
Grupos de
seguir:
referência
b) Negativos: consistem naqueles grupos que,
positiva e
em geral, as pessoas procuram se opor.
negativa:
Na maioria das vezes, os grupos de referência
positiva consistem nos grupos de participação.

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Os grupos podem ter realidades sociais
bastantes diversas: a família a empresa são
exemplos de grupos, no entanto, tipos bem
Grupos diferentes de grupos.
primários: Grupos primários: são identificados pelo seu
número reduzido de indivíduos, a permanência
e durabilidade das relações, um alto grau de
informalidade e intimidade entre seus membros.
Os grupos secundários não excluem os grupos
primários. Ao contrário, tendem a estimular o
Grupos
seu surgimento.
secundários
Mesmo abrigando grupos primários, grupos
como
como a universidade, empresa e outros não
geradores de
perdem o seu caráter secundário. Esses tipos
grupos
de grupos são comumente identificados como
primários:
associações como também organizações
formais.
Consistem em unidades sociais cuja existência
depende da proximidade física entre seus
membros. Uma vez desfeita esta proximidade
Agregados: o agregado já não existe. Os principais tipos
de agregados são: o auditório, a manifestação
pública, a turba, o agregado residencial e
funcional.
Quadro 1: Tipos de grupos
Fonte: Com base em Giddens (2005)

Ainda, podemos dizer que os grupos se dividem em categorias, que são


constituídas por indivíduos que apresentam uma ou mais características em comum.
Porém, separados fisicamente. Por si mesmas, as categorias sociais não existem
como unidade social. Elas consistem em elaborações intelectuais para fins de análise
e pesquisa.

TEORIAS SOCIOLÓGICAS
Para dar continuidade aos nossos estudos referentes à Sociologia, é
importante tentar entender as ideias dos principais teóricos.

AUGUSTE COMTE
Podemos observar que muitos autores da área consideram Auguste Comte
como Pai da Sociologia. Pois foi o primeiro teórico a usar a palavra Sociologia em 1839.

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Comte veio de uma família monarquis-
ta e católica, mas logo cedo rompeu com estas
tradições, tornando-se um republicano com
ideias liberais.
Começa a desenvolver várias ativi-
dades políticas e literárias que lhe permitirão
elaborar uma proposta para resolver os pro-
blemas de sua época. Toda sua obra vai ser
permeada pelos acontecimentos da França
pós-revolucionária.
Figura 7: Auguste Comte (1798-1857)
Fonte: educarparacrescer.abril.com.br

O cenário mundial estava em ebulição, o que causava vários problemas de


anarquia e desordem.
Havia uma profunda inadequação dos antigos valores à nova lógica
capitalistas e revolucionária, pois vivenciava um sistema social que se extinguia,
um novo sistema que atingiu sua completa maturidade e que tende a se constituir,
eis o caráter fundamental assinalado à época atual pela marcha geral da civilização.
De conformidade com esse estado de coisas, dois movimentos de ordem diferente
agitavam a sociedade, que vivia um momento de desorganização e outro de
reorganização.
Conforme as ideias do teórico, a desorganização levará à anarquia moral de
política. E a reorganização levará ao estado social definitivo da espécie humana. É
na coexistência dessas duas tendências opostas que consiste a grande crise vivida
pelas nações mais civilizadas. Segundo ele, o único jeito de por fim à anarquia, que
invade a sociedade, é determinar às nações civilizadas que deixem a direção crítica, a
fim de tomarem a direção orgânica, fazendo convergir todos os seus esforços para a
formação do novo sistema social.
Comte funda o Positivismo, teoria profundamente calcada na racionalidade
e na crença do progresso. Positivismo vem de positivo: dar fundamento ou apoio,
confirmar. Ex.: Os fatos positivaram nossas crenças.
Você pode observar algumas características que compõem o positivismo:

a) positivo: disposição favorável a atitudes construtivas – relação com o


desenvolvimento /progresso;
b) basear-se nos fatos e nas experiências;
c) banir o sobrenatural (teológico) e a metafísica.

Em Comte, haverá uma associação entre positivo-certo-objetivo-científico.


Comte entende por Física Social a ciência que tem como objetivo próprio o estudo
dos fenômenos sociais, considerados com o mesmo espírito dos fenômenos
astronômicos, físicos, químicos, isto é, submetidos a leis naturais invariáveis,
considerando sempre os fatos sociais, não como objetos de admiração ou de crítica,
mas como objeto de observação.
Como vemos muito semelhante ao que Durkheim vai propor: Durkheim fala
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em Fatos Sociais e tem como regra básica observar os Fatos Sociais como coisas, ou
seja, com objetividade.
E preciso submeter os fenômenos sociais a leis naturais e invariáveis –
introduzindo para sempre nos fenômenos sociais este mesmo espírito positivo, que
sucessivamente regenerou e disciplinou todos os outros gêneros das especulações
humanas.
Há uma ordem de positividade nas ciências:
À medida que as ciências se tornaram positivas, e que, em consequência,
fizeram progressos sempre crescentes, uma massa cada vez maior de ideias
científicas penetrou na educação comum, ao mesmo tempo em que as doutrinas
religiosas pediam pouco a pouco a sua influência.
Uma marcha muito simples e muito natural manifesta-se a esse respeito.
Nossas diversas concepções tornaram-se sucessivamente positivas na mesma
ordem que seguiram para se tornarem, a princípio, teológicas, e, não mais, metafísicas.
Ideias dos estágios:
teológico – metafísico – positivo
(semelhante ao evolucionismo – magia – religião – ciência)
E também bastante eurocentrista – jamais houve revolução moral, a um só
tempo mais amadurecida e urgente do que a que deve agora elevar a política ao nível
das ciências de observação, pelas mãos dos cientistas europeus.
Ele propunha uma reforma completa da sociedade em que vivia – o objetivo
final era uma reforma intelectual plena do indivíduo. Segundo ele, uma mudança no
pensamento levaria a uma mudança nas relações sociais.
A Sociologia tinha uma função – estudar a sociedade para compreender seus
processos e estruturas e propor uma reforma prática das instituições.
Reconciliar os aspectos estáticos e dinâmicos da sociedade – o progresso
deveria sempre estar condicionado à ordem. Influência direta no lema de nossa
bandeira.

Figura 8: Bandeira do Brasil


Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/bandeira-do-brasil_21061.htm

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A frase “Ordem e Progresso” é um exemplo da influência do Positivismo no
Brasil. Considerada uma corrente conservadora, pois procura justificar uma nova
sociedade.
Na Sociologia, Comte foi fundamental e influenciou toda uma geração,
inclusive Émile Durkheim, pensador essencial na consolidação da Sociologia como
ciência.
Você pode perceber o que unifica Durheim e Comte são:
a) As tentativas de criar tipologias para explicar a sociedade;
b) O apego à cientificidade e à sua transposição para o estudo dos Fatos
Sociais.

ÉMILE DURKHEIM
Vamos agora conhecer um pouco sobre Émile Durkheim, tentar entender o
seu contexto histórico e suas principais ideias. Ele era sociólogo francês, nasceu em
Épinal em 15 de abril de 1858. Morreu em Paris em 15 de novembro de 1917.
É considerado o fundador da Sociologia
Moderna. Foi um dos primeiros a estudar mais
profundamente o suicídio, o qual, segundo ele, é
praticado na maioria das vezes em virtude da desilusão
do indivíduo com relação ao seu meio social.
Criador do conceito de Fato Social. Acreditava
que a sociedade prevalece sobre o indivíduo, este
isoladamente não tem poder de mudá-la.
Figura 9: Ëmile Durkheim (1858-1917)
Fonte: santazona.blogspot.com

Para Durkheim, o objeto da Sociologia são os fatos sociais, os quais devem


ser estudados como “coisas”. A regra básica do seu método é que o pesquisador
deve tratar os fatos sociais como “coisas”, como se fossem objetos que existem
independentes da nossa vontade. Para o autor francês, é a sociedade, como
coletividade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais.
Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou
que os Fatos Sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são
estudados pelas outras ciências.
Para Durkheim, os Fatos Sociais são o modo de pensar, sentir e agir de
um grupo social. Embora os Fatos Sociais sejam exteriores, eles são introjetados
(incorporado ou assimilado) pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo.
Os Fatos Sociais têm as seguintes características:
O Fato Social tem um objetivo comum que condiciona a coesão de seus
Generalidade
membros.
Exterioridade É externo ao homem, existe independentemente de sua vontade.
Coercitividade Os indivíduos se sentem obrigados a seguir o comportamento estabelecido.
Quadro 2: Características dos fatos sociais
Fonte: Autora
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Segundo Durkheim, só é possível a existência da organização social graças à
consciência coletiva. Esta, por sua vez, é resultado da combinação das consciências
individuais, sendo que diferente destas, tornando-se uma individualidade psíquica.
O indivíduo aprende a seguir normas e regras de ação que lhe são exteriores e
também coercitivas. Durkheim enfatiza ainda o caráter de neutralidade e objetividade
que deverá ter o pesquisador em relação à sociedade estudada.
O pesquisador, portanto, não deve deixar que suas opiniões e ideias interfiram
na descrição e observação dos fatos sociais.
O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em quatro princípios básicos:
1. A sociologia é uma ciência autônoma das demais ciências sociais e da filosofia.
2. A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos, considerados como “coisas”.
3. A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenômenos sociais que o antece-
dem. Para explicar o fenômeno social, deve-se procurar sua causa.
4. Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade específica.
Quadro 3: Sistema Sociológico de Durkheim
Fonte: Autora

Segundo Durkheim, o ser humano é um animal que só se humaniza pela


socialização. Suas principais obras são: A divisão do trabalho social (1893) e O
suicídio (1897). Vamos entender um pouco mais sobre uma das suas principais
obras, o Suicídio:
Os quatro tipos de suicídio, segundo Durkheim:

Figura 10: Os quatro tipos de suicídio


Fonte: Autora

1º) o suicídio egoísta: acontece sob condições de isolamento, excessivo,


quando a pessoa é separada do grupo que poderia ter obtido sua lealdade
e participação. Ex.: viver fora dos padrões de seu comportamento;
2º) o suicídio altruísta: acontece sob condições de apego excessivo, quando
os indivíduos se identificam tão de perto com um grupo ou comunidade
que suas vidas não têm nenhum valor independente. Ex.: pilotos japoneses
na Segunda Guerra mundial – os kamikazes. E os terroristas suicidas do
Oriente Médio;
3º) o suicídio anônimo: acontece sob condições de ausência de normas,
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quando os valores tradicionais e as diretrizes para o comportamento
desmoronaram, constituindo-se em momento de desorganização social.
Ex.: Um exemplo é o suicídio cometido por jovens adolescentes que têm
suas famílias desfeitas abruptamente pela separação dos pais;
4º) o suicídio fatalista: que provavelmente acontece em sociedades e grupos
sociais nas quais ocorre um alto grau de controle sobre as emoções e
motivações de seus membros que são levados a tomar atitudes que
em outras circunstâncias não o fariam. Ex.: São os suicídios coletivos
cometidos por membros de seitas religiosas. O caso mais conhecido foi o
do pastor americano Jim Jones e sua seita, o templo do povo. Mais de 900
pessoas morreram ao ingerirem suco de laranja com cianureto, no dia 18
de novembro de 1978, na Guiana.

Para Émile Durkheim, o objeto de estudo da sociologia são os fatos sociais,


que apresentam características muito especiais: consistem em maneira de agir,
pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotados de um poder coercitivo em virtude
de qual se lhe impõem. Conforme figura abaixo:

Figura 11: Objeto de estudo da Sociologia segundo Durkheim


Fonte: Autora

KARL MARX
Um dos teóricos que precisamos estudar no contexto da Sociologia é Karl
Marx, ele afirmava que, para viver, os homens têm de, inicialmente, transformar a
natureza, ou seja, comer, construir abrigos, fabricar utensílios, etc., sem o que não
poderiam viver como seres vivos.
Por isso, o estudo de qualquer sociedade
deveria partir justamente das relações sociais que os
homens estabelecem entre si para utilizar os meios de
produção e transformar a natureza.
a) segundo Marx, a sociedade capitalista é definida a
partir de dois grandes grupos:
b) os capitalistas (aqueles que possuem os meios de
produção máquinas, ferramentas, capital, etc.); e,
c) os trabalhadores (chamados em seu conjunto de
proletariado, estes não possuem nada, a não ser a
força de trabalho).
Figura 12: Karl Marx (1818-1883)
Fonte: http://media.escola.britannica.com.br/eb-media/22/59822-050-9D54BAA9.jpg

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Marx atestava que há um permanente conflito entre estas classes:

a) o capitalista paga ao trabalhador, gerando a mais-valia;


b) os interesses e posições (classes) dentro da sociedade são diferentes
entre estes dois grupos;
c) a situação de classe irá, segundo Marx, condicionar, de maneira decisiva
nossa atuação social.

No que diz respeito ao método, Marx enfatiza que o pesquisador não deve se
deter à realidade social, em que deve ser analisado o que se produz e reproduz por
toda a história.
Mostrando as possibilidades de transformação da realidade social, o cientista
pode desempenhar um papel político-revolucionário. Para ele, a ciência tem um
papel crítico em relação à sociedade capitalista, não sendo apenas instrumento de
compreensão, mas de transformação.
Os conceitos de Fato, Ação e Classe Social tentam, entre outras coisas,
elucidar a realidade daquela época. As interpretações a que chegaram são diferentes.
Essas diferenças explicam, entre outras coisas, a complexidade dos temas do mundo
moderno.

MAX WEBER
E para finalizarmos esta unidade de estudo, vamos estudar sobre Max Weber.
Ele era sociólogo alemão, nasceu em Erfurt, na Turíngia, em 21 de abril de 1864 e
faleceu em Munique em 14 de junho de 1920.

Ardente nacionalista, Weber é


considerado um dos mais importantes
pensadores modernos. Fundou a disciplina
chamada Sociologia da Religião, fazendo um
estudo comparado da História da Economia e
da História das Doutrinas Religiosas.

Figura 13: Max Weber (1864-1920)


Fonte: hiltonfranco.com.br

Para Weber, o objetivo da Sociologia é o sentido do humano em buscar a


compreensão.
As teorias de Weber exerceram grande influência sobre as ciências sociais
a partir da década de 1920. São famosas suas teses a respeito das relações do
capitalismo com o protestantismo. Weber procurou investigar a influência das
doutrinas religiosas no campo econômico e, em particular, na formação do espírito
capitalista.
Suas obras principais são: A ética protestante e o espírito capitalista (1905)
24
e Economia e Sociedade (publicada em 1922).
O objetivo de estudo da sociologia, segundo Weber, era:

Figura 14: Objeto de estudo da Sociologia segundo Weber


Fonte: Autora

A Ação Social toma o significado de uma ação que, quando ao sentido visado
pelo indivíduo, tem como referência o comportamento de outros, orientando-se por
estes o seu curso. Ex.: o simples ato de comprar um sapato é realizado tendo como
referência um conjunto de opiniões de outras pessoas, entre as quais o vendedor, a
(o) namorada (o), a mãe os amigos, assim por diante.
A Ação Social, segundo Weber, é:

Figura 15: Ação Social para Weber


Fonte: Autora

Uma vez estabelecida a Ação Social, podem-se encontrar seus diferentes


tipos agrupando-os de acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas
ações. Segundo Weber, a Ação Social pode ser determinada de quatro modos:
a) a ação social racional referente aos fins: é determinada pelo cálculo racional
que estabelece os fins e organiza os meios necessários. Ex.: O torcedor
decidirá se irá ao estádio, levando em consideração as acomodações,
o preço, as facilidades de acesso, etc. Um jovem escolherá a namorada
levando em conta se ela é comunicativa, seu nível de escolaridade;
b) a ação social racional referente aos valores: é determinada pela
importância do valor, não sendo considerado o êxito que se possa obter
assumindo esse valor. Ex.: A namorada será escolhida tendo em conta os
valores que predominam na sociedade da qual faz parte, que terão papel

25
preponderante na escolha, ficando os demais em segundo plano. Se a
beleza feminina é o valor fundamental, esse será o critério predominante
na ação;
c) a ação social como modo afetivo: é aquela que determina pelo afeto ou
estados emocionais. Ex.: A namorada será escolhida ou rejeitada de modo
emocional, incluídas aí manifestações de paixão ou de rancor;
d) a ação social de modo tradicional: é aquela determinada pelas tradições
e pelos costumes. Ex.: a namorada poderá ser escolhida baseada em
uma tradição familiar de se escolherem “moças de família”, estereótipo
passado de pai para filho.
A ação social para Weber é um componente universal e específico na vida
social e fundamental para a organização da sociedade humana.
A concepção de método em Weber também será diferente da concepção de
método em Durkheim.
Weber enfatiza o papel ativo do pesquisador em face da sociedade.
Para ele, as construções teóricas de cada cientista dependem da escolha
pessoal que visam aos aspectos da sociedade que se que explicar. Desse ponto de
vista, portanto, não é possível uma neutralidade total do cientista, Weber defendia
também o papel da história, e para ele os fenômenos sociais são, antes de qualquer
coisa, fenômenos históricos.

SÍNTESE
Nesta Unidade, você estudou o conceito de Sociologia que, de modo simples,
pode ser definido como o estudo do homem na sociedade, por meio do seu processo
histórico e análise do campo de atuação da Sociologia e da identificação de grupos e
categorias.
Conheceu as principais ideias de Auguste Comte, Émile Durkheim, Karl Marx
e Max Weber, assim como um breve contexto histórico das suas trajetórias, para
compreender de que forma se relacionavam com o surgimento da Sociologia.
26
Agora, é importante que você teste seus conhecimentos com as atividades
de revisão desta Unidade.

QUESTÕES DE REVISÃO
1. Com base na leitura desta unidade de ensino, descreva um conceito do que
é Sociologia e tente exemplificar com algo que pode ser estudado no cotidiano
empresarial. ___________________________________________________________________________________________________________________________________
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2. Faça uma análise das duas imagens propostas, relatando o que pode ser estudado
no contexto escolar, no sentido de analisar o que as difere e o que as une.

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3. Com base nos estudos desta unidade de ensino, explique com suas palavras o
esquema abaixo:

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4. “A Sociologia é uma ciência moderna que surge e se desenvolve juntamente com


o avanço do capitalismo. Nesse sentido, reflete suas principais transformações e
procura desvendar os dilemas sociais por ele produzidos”. Sobre a emergência da
Sociologia, considere as afirmativas a seguir:
I. A Sociologia tem como principal referência a explicação teológica sobre os
problemas sociais decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a
desigualdade social e a concentração populacional nos centros urbanos.
II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sendo chamada de “ciência da
crise”, por refletir sobre a transformação de formas tradicionais de existência
social e as mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização.
III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida se for observada sua
correspondência com o cientificismo europeu e com a crença no poder da
razão e da observação, como recursos de produção do conhecimento.
IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos
das ciências naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das
reminiscências do modo de produção feudal.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a)(____) I e III.
b)(____) II e III.
c)(____) II e IV.
d)(____) I, II e IV.
e)(____) I, III e IV.

5. (www.vestibular1.com.br/simulados/sociologia). Os principais fatos histórico-


sociais que propiciaram o surgimento da Sociologia, foram: Justifique sua resposta.
a)(____) Revolução dos Cravos em Portugal e a Revolução Moçambicana.
b)(____) A Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
c)(____) A Revolução Mexicana e a Revolução Nicaraguense
d)(____) Revolução Russa e a Revolução Chinesa
e)(____) A Revolução Cubana e a Revolução Chinesa

28
6. O surgimento da Sociologia foi propiciado pela necessidade de: Justifique sua
resposta:
a)(____) Manter a interpretação mágica da realidade como patrimônio de um restrito
círculo sacerdotal.
b)(____) Manter uma estrutura de pensamento mítica para a explicação do mundo.
c)(____) Condicionar o indivíduo, por meio dos rituais, a agir e pensar conforme os
ensinamentos transmitidos pelos deuses.
d)(____) Considerar os fenômenos sociais como propriedade exclusiva de forças
transcendentais.
e)(____) Observar, medir e comprovar as regras que tornassem possível, a partir da
razão, prever os fenômenos sociais.

7. (UNCISAL, 2012) O modo de vestir determina a identidade de grupos sociais,


simboliza o poder e comunica o status dos indivíduos. Seu caráter institucional
assume grande importância à medida que inclui ou exclui indivíduos de categorias
ou estratos sociais. Ele exemplifica bem aquilo que Durkheim afirmava ser o objeto
de estudo dos sociólogos: uma representação coletiva que, via além de ser válida
para todos os indivíduos que fazem parte de um determinado grupo, expressa a
exterioridade e a coercitividade. Assinale nas opções a seguir aquela que apresenta o
objeto de estudo da Sociologia, segundo Durkheim, e justifique a sua resposta:

a)(___) Fatos sociais


b)(___) Expressões culturais
c)(___) Ações sociais
d)(___) Estruturas políticas
e)(___) Relações sociais
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8. (UNICENTRO, 2010) “A Ação Social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se


pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras
(vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa
diante de ataques futuros). Os outros podem ser individualizados e conhecidos ou
um pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos”.
(MAX, Weber. Ação social e relação social. In: FORACCHI, M.M.; MARTINS, J.S. Sociologia
e sociedade. Rio de Janeiro: LTC, 1977. p.139).

29
Max Weber, um dos clássicos da Sociologia, autor dessa definição de Ação
Social, que para ele constitui o objeto de estudo da Sociologia, apontou a existência de
quatro tipos de Ação Social. Quais são elas?

a)(__) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação racional
com relação a fins.
b)(__) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional e ação carismática.
c)(__) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação política
com relação a fins.
d)(__) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a fins, ação racional
com relação a valores.
e)(__) Ação tradicional, ação emotiva, ação racional com relação a fins e ação política
não esperada.

9. Max Weber, um dos fundadores da Sociologia, tinha amplo conhecimento em muitas


áreas afins a essa ciência, tais como Economia, Direito e Filosofia. Assim, ao analisar
o desenvolvimento do capitalismo moderno, buscou entender a natureza e as causas
da mudança social. Em sua obra, existem dois conceitos fundamentais, ou seja:

a)(____) Cultura e tipo ideal.


b)(____) Classe e proletariado.
c)(____) Anomia e solidariedade.
d)(____) Fato Social e burocracia.
e)(____) Ação Social e racionalidade.

10. Um dos temas mais comuns da Sociologia, discutido na vida do trabalho, refere-
se ao acúmulo desigual do capital e à luta existentes entre as diferentes classes
sociais. Um dos autores clássicos da Sociologia acompanhou as mudanças causadas
pela produção industrial, às desigualdades que dela resultaram e escreveu sobre o
desenvolvimento do capitalismo. Trata-se, nesse caso, de:

a)(__) Karl Marx.


b)(__) Max Weber.
c)(__) Émile Durkheim.
d)(__) Augusto Comte.
e)(__) Herbert Spencer.

11. A partir das leituras realizadas nesta Unidade de Ensino, construa um parágrafo
que relacione as ideias de Auguste Comte com Émile Durkheim: _____________________________________
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12. Os conceitos de Fato, Ação e Classe Social tentam, entre outras coisas, elucidar a
realidade. A quem você atribui esse pensamento? Justifique a sua resposta:

a)(____) Karl Marx


b)(____) Max Weber
c)(____) Émile Durkheim
d)(____) Augusto Comte

PARA SABER MAIS


Se você deseja saber um pouco mais sobre o tema estudado nesta unidade de
ensino, sugerimos o vídeo sociologia e em seguida o vídeo surgimento da sociologia
como ciência. Esses vídeos podem ser acessados nos endereços eletrônicos que
seguem:

http://www.youtube.com/watch?v=XnV6OEHdiK0
http://www.youtube.com/watch?v=Zf6MdcnEHBg

Os leitores interessados em aprofundar seus conhecimentos podem


consultar as seguintes obras:

COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2. ed. São Paulo,


Editora Moderna, 1997.
DURKEIM, Émile. A Educação e Sociologia. Lisboa: Edições 70, 2001.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2005.
OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. 10. ed. São Paulo: Ática, 1994.
TOMAZI, Nelson Dácio (coord.). Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993.
TURNER, Jonathan. Sociologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron Books,
2000.
VILA NOVA, S. Introdução à Sociologia. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
WEBER, Max. A ação social e relação social. In: FORACCHI, Marialice Mencarine;
MARTINS, J. de Souza. Sociologia e sociedade. São Paulo: Livros técnicos e científicos,
1977.

31
UNIDADE DE ENSINO 2

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
E
ANTROPOLOGIA
CONTEÚDOS DA UNIDADE
1. Tipos de Estratificações Sociais
2. Movimentos Sociais
3. Conceito de Antropologia
4. Importância da Antropologia
5. Surgimento da Antropologia

OBJETIVOS DA UNIDADE
O objetivo desta Unidade é que você compreenda o que é e como
ocorre a estratificação social por meio dos tipos de estratificações e
movimentos sociais para identificar esse processo na atualidade.
Aprender que a Antropologia está diretamente ligado ao nosso
conhecimento e preocupação com as relações humanas. Aprenderemos
como nos adequar a culturas diferentes e como lidar com esse tipo de
comportamento dentro das organizações de trabalho e estudo.
Nesta Unidade, é importante que você consiga compreender a Ciência
denominada Antropologia e conseguir relacionar a importância dela nas
organizações e instituições.

Estimado (a) Aluno (a)

Nesta Unidade, você estudará o que é estratificação social, quais tipos


existem e o surgimento dos movimentos sociais a partir dessa realidade.
Vamos começar?

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
Podemos iniciar com o conceito apresentado por Turner (1999). Para ele,
a estratificação consiste em um termo geral usado para descrever uma sociedade
que distribui renda, poder, prestígio e outros recursos de valor para seus membros
de forma desigual. Com isso, são geradas classes distintas de membros, que são
cultural, comportamental e organizacionalmente diferentes.
Para Marx (1984), a estratificação deverá ser entendida em termos de
organização econômica especialmente no tocante às pessoas que detêm os meios
de produção. A estratificação de classe gera a luta de classes que se torna o ponto
de partida para a compreensão dos conflitos existentes entre trabalhadores e
capitalistas.
Segundo Weber (1991), a estratificação seria multidimensional. Defende
a ideia de que a desigualdade gira em torno de três dimensões: classes, grupos de
status e partidos.
Vamos estudar estas três dimensões, conforme Weber?
CLASSES

As classes são criadas pelo relacionamento das


pessoas com o mercado.
Esta noção é próxima à concepção marxista,
mas é diferente porque reconhece a existência de
muitas classes, e a posse da propriedade é apenas uma
base para gerar uma classe. Como, por exemplo, as
classes sociais.

PARTIDOS
Trata-se de organizações de poder, mas que não
sustentam uma relação direta com os meios de
produção e a propriedade. O poder é usado, geralmente,
para outras finalidades, que os objetivos das classes
burguesas.
Um exemplo dessa dimensão são as instituições
religiosas.
GRUPOS DE STATUS

São categorias sociais e relações entre


aqueles que partilham símbolos culturais
semelhantes, gostos, perspectivas e estilos de
vida e que, por consequência, podem desfrutar
de certo nível de consideração, honra e prestígio.
Estes são uma base independente da população.

PIRÂMIDE DE CLASSES

Observe algumas diferenças de classes


giram em torno de:
• Tipo de trabalho (manual ou intelectual)
• Nível de renda e a capacidade de acumular
bens
• Poder e prestígio (resultado da renda e do seu
trabalho)
É preciso destacar, contudo, que as
fronteiras entre classes são vagas, e não
indicam uma divisão rígida.

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RACIAL/ÉTNICA

Você já ouviu falar de estratificação racial/étnica?


Podemos considerar estratificação étnica a discriminação por um ou mais
grupos étnicos ou por outros grupos étnicos definidos.
Por que as pessoas discriminam?
Podemos listar alguns indícios desse processo, tais como:

• Recursos Relativos
• Identificação
• Nível e tipo de discriminação
• Grau de Ameaça
• Crenças Preconceituosas

Vamos entender algumas diferenças conceituais?

Preconceito: São crenças a respeito de membros de um grupo étnicos


identificados segundo suas qualidades indesejáveis.
Discriminação: Tratamento diferencial dos grupos por causa de uma etnia,
como também a negação aos membros de um grupo étnicos à igualdade de acesso
aos recursos de valor.
Raça: Termo usado para denotar aquilo que percebemos como diferenças
biológicas, cor da pele, características faciais, etc.
Etnia: São diferenças comportamentais, culturais e organizacionais que nos
permitem categorizar os membros de uma população como distinta.
Estratificação de Gênero: Quando as posições ocupadas por homens
e mulheres implicam diferentes quantidades de renda, poder, prestígio e outros
recursos de valor, um sistema de estratificação de gênero pode ser considerado
existente.
Sexo: Conceito que denota as diferenças
biológicas entre homens e mulheres
Gênero: Distinção entre homens e
mulheres pautadas nas crenças culturais e normas
que indicam quais status os homens e mulheres
devem ter e como devem desenvolver os seus
papéis baseados neste status.
Crenças: Foram traduzidas em expectativas normativas sobre as próprias
posições (doméstica) e comportamento de papéis (passivo) para as mulheres. Tais

36
símbolos persistem porque os jovens são socializados pelas famílias, pela escola e
pela mídia para aceitá-las.
Essas mensagens sutis sobre masculinidade e feminilidade são reforçadas
em espaços de interação como a escola. Nas brincadeiras são comunicadas o que é
ser menino e menina.

AINDA PODEMOS CLASSIFICAR A ESTRATIFICAÇÃO EM TRÊS TIPOS:

Como já vimos, a estratificação não se apresenta do mesmo modo em todas


as sociedades. Podemos identificar a estratificação a partir de três tipos existentes ao
longo da história: Castas, Estamentos, Classes.
O que caracteriza um sistema de estratificação em castas é que a localização
dos indivíduos dentro da estrutura social é herdada. A partir disso, podemos destacar
que nos diversos tipos de castas existentes ao longo do tempo a mobilidade social é
completamente interditada.
As noções de classe, casta e estamento são, de qualquer modo, conceitos
de tipo ideal no sentido em que Weber (1991) definiu esse conceito. Não encontram
correspondentes exatos na sociedade, mas são úteis à pesquisa enquanto orientam
a identificação dos fenômenos, por meio de captação dos seus traços mais gerais.

Estratificação social: Castas

Podemos definir castas, portanto, como uma estrutura social em que os


indivíduos herdam a sua posição de modo que transmitem aos seus descendentes
essa mesma localização.
Entre os tipos de castas existentes ainda hoje na Índia tradicional,
encontramos os Dalits ou “Intocáveis” como são mais conhecidos.

Figura 16: Sistemas de Castas


Fonte: http://sesi.webensino.com.br

37
Os Dalits são uma subcasta, ocupam o último lugar, o lugar mais baixo na
pirâmide social – há mais de 3.000 anos. Eles são considerados quase subhumanos,
sujeitos aos trabalhos mais degradantes, seus direitos humanos são sistematicamente
submetidos a violações. São chamados de “intocáveis” porque, para muitos hindus,
quem toca em um Dalit (ou até mesmo em sua sombra) fica impuro.

Estratificação social: Estamentos

O estamento foi uma forma típica de


estratificação das sociedades aristocráticas,
como a Europa, durante a Idade Média. As
características fundamentais deste tipo de
estratificação consistem em:
a) Prestígio mais significante que
riqueza;
b) Localização do indivíduo na
hierarquia social não é somente
uma realidade econômica de fato, mas principalmente de direito (o nobre
é considerado superior, ainda que esteja pobre, e o pobre é inferior ainda
que tenha bens).

O declínio da organização estamental da sociedade europeia ocorre com a


ascensão de uma categoria social dedicada às atividades comerciais e financeiras
desenvolvidas nas cidades: a burguesia.

Estratificação social: Classe

Nas sociedades de classe, a identificação social na hierarquia social não é tão


clara quanto nos demais tipos de estratificação. No entanto, podemos entender como
estratificação de classe a desigual distribuição de recursos de valor e oportunidades
de ascensão social para os indivíduos.

Figura 17: Classes Sociais


Fonte: Banco de Imagens Instastore

38
Um exemplo da divisão de classes pode ser observado na Figura 13,
atualmente vem sendo repensado um novo modelo no Brasil devido ao aumento de
renda da população e outras questões pertinentes.
MOBILIDADE SOCIAL
Ao estudarmos estratificação,
precisamos considerar não apenas as
diferenças entre as posições, mas também
o que acontece aos indivíduos que as
preenchem. O termo mobilidade refere-se ao
deslocamento de indivíduos e grupos entre
posições socioeconômicas diferentes. Elas
podem ser:
a) Vertical: trata-se do movimento de subida (ascendente) ou descida
(descendente) dentro da escala socioeconômica.
b) Lateral ou horizontal: é aquela que se refere ao deslocamento geográfico.
A mobilidade vertical e lateral geralmente se combinam.
Existem duas maneiras de estudar a mobilidade:
• Mobilidade intrageracional – em que observamos o deslocamento do
indivíduo na escala social no decorrer da sua vida de trabalho.
• Mobilidade intergeracional – em que analisamos até que ponto os filhos
ingressam no mesmo tipo de profissão dos pais, é uma análise por meio
das gerações.
MOVIMENTOS SOCIAIS
Você já ouviu falar em movimentos sociais?
Você já participou de algum tipo de movimento social?
Para compreender um pouco mais esta temática, vamos começar definindo
o que são os movimentos sociais.
Entre muitas definições possíveis, podemos afirmar que os Movimentos
Sociais se caracterizam por realidades conflituais, coletivas em que demonstram
uma relação de poder cujo desenvolvimento implicará a mudança ou a conservação
de privilégios.
Vamos estudar a identificação dos
Movimentos Sociais, como eles se reúnem.
Nossas experiências cotidianas
sempre nos mostram o quanto tem se
tornado comum a realidade de grupos
denominados de Movimentos Sociais.
Grupos em defesa do Ensino Público, em
favor dos Direitos Humanos, pelo fim da
Violência Urbana, pela defesa da Ecologia,
etc.
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É preciso lembrar que o conflito não á única prerrogativa para a existência
dos movimentos sociais. O conflito revela, na maioria das vezes, ideologias
contrárias às realidades sociais vigentes. As diversas ações coletivas também não
podem ser invariavelmente consideradas movimentos sociais.
As relações de poder, inerentes
aos movimentos sociais, implicam
sempre um caráter de mudança ou
conservação de status, valores, privilégios,
comportamentos, regras condicionadoras
de nossas relações. Os movimentos sociais
podem ser identificados como aqueles que
não provocam a mudança, como também os
que tentam promover a transformação em
determinada área.
Quando destacamos os tipos de movimentos existentes duas questões
importantes chamam a atenção:

• Não existem apenas movimentos de oprimidos; e,


• Um movimento social poderá ter caráter preventivo, isto é, evitar que a
mudança ocorra.

Para poder existir, um movimento social terá que ter identidade. É preciso
que as pessoas se percebam como parte de um grupo, com interesses comuns,
só a partir dessa identidade é que se poderá desenvolver ações que venham a se
constituir em verdadeiros movimentos sociais.
Qualquer que seja a forma de opressão, a partir das diversas formas e
dimensões da vida social política, religiosa, cultural ou qualquer que seja a sua
natureza, se estrutural ou conjuntural, o fato é que, para superar as condições de
opressão, é necessário ação conjunta dos homens de forma a potencializar a sua
força.
O Conceito: Com tais considerações podemos chegar ao seguinte
conceito de movimento social: Trata-se da ação conjunta de homens, a partir de
uma determinada visão de mundo, objetivando a mudança ou a conservação das
relações sociais numa dada sociedade.

Vamos estudar os elementos que constituem os movimentos sociais?

Os elementos são:

1. O projeto: significa a proposta de um movimento, que pode ser, como


vimos, de mudança ou de conservação. Todo movimento social apresenta
um projeto, isto é, seus objetivos, suas metas o que ele pretende.
2. A ideologia: a ideologia corresponde às ideias que os homens fazem da
sociedade em que vivem. Dentro dos movimentos sociais, a ideologia
é a visão de mundo do grupo em questão. Essa visão de mundo é que

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orienta a luta dos grupos e revela sua forma de organização.
3. A organização: todo movimento social pressupõe certa organização
hierárquica. Essa organização poderá ser descentralizada, ou poderá
estar centrada numa estrutura mais definida, com um corpo de líderes a
quem caberia a iniciativa das propostas, bem como a palavra final sobre
as metas e objetivos do grupo em questão.

Quando surgiram os movimentos sociais?

O movimento operário assumiu um caráter internacional somente na


segunda metade do século XIX. Sob condições de trabalhos indignas e uma rígida
disciplina dentro e fora das fábricas, diversas categorias em lugares e momentos
diversos começaram a se insurgir contra as condições de vida a que eram
submetidos.
Os novos movimentos sociais são assim denominados porque apresentam
algumas diferenças fundamentais em relação aos movimentos tradicionais.
Diante do crescimento descontrolado das cidades, do processo de
industrialização, a cultura de massa e desequilíbrios em todas as esferas da vida
humana o modelo de sociedade moderna entra em crise. Assim, chegamos ao
século XXI vivendo uma realidade paradoxal: somos tecnicamente capazes de nos
comunicar por meio da internet, o que evidencia um nível tecnológico nunca antes
alcançado, mas não somos capazes de assegurar alimentação a todos os seres
humanos.
Podemos citar entre os novos movimentos sociais mais importantes e
atuantes da contemporaneidade:

a) Movimentos Ecológicos;
b) Movimentos Feministas;
c) Movimentos Estudantis; e,
d) Movimentos Sociais Urbanos.

CONCEITUALIZAÇÃO
Você já ouviu falar de Antropologia? E por que devemos estudá-la?
Para termos uma melhor resposta a estas perguntas, iniciaremos com a
definição da ciência. A etimologia da palavra Antropologia já nos permite uma boa
definição do que iremos estudar, compreender melhor os homens e suas relações,
analisando a palavra Antropos = homem - pessoa e Logos = razão – pensamento –
conhecimento. É a ciência preocupada com o homem e suas relações.
O conceito de Antropologia cabe bem no desenvolvimento do antropocentrismo
(homem no centro de tudo) do Renascimento cultural do século XV. Abaixo figura
representando o Antropocentrismo.

41
Figura 18: Antropocentrismo – humanismo
Fonte: Banco de Imagens Instastore

A Antropologia constitui o estudo e o conhecimento sistemático do homem


e de suas obras. É a Ciência Social que se especializou na observação das pessoas.
Um exemplo concreto disso é que você age de uma maneira sabendo que está sendo
observado e pode mudar seu comportamento vendo que não está. É a ciência que
estuda a origem, evolução, costumes e instituições culturais da espécie humana.
O campo da atuação da Antropologia vai desde o surgimento do homem até
nossos dias. A Antropologia serve para entender as sociedades humanas, procura
detalhá-las, entendendo as suas relações com a natureza, a cultura, o universo
psíquico, mitos, rituais, linguagens e peculiaridades.
Podemos dividir os estudos da Antropologia em duas áreas:

a) antropologia física: surge no século XVIII e XIX vinculada ao evolucionismo;


b) antropologia cultural: surge na Antiguidade Clássica com os filósofos
gregos e com as primeiras obras de literatura grega.

E a Antropologia Cultural tem suas divisões em:

a) arqueologia (estuda os vestígios deixados, a partir de materiais);


b) etnografia (método utilizado para coleta de dados);
c) etnologia (estuda os dados levantados pela etnografia);
d) linguística (estuda a linguagem);
e) folclore (usos populares);
f) cultura (é o modo pelo qual os grupos vivem em uma sociedade).

DESENVOLVIMENTO DA ANTROPOLOGIA
A Antropologia tem seu grande salto de desenvolvimento a partir das Grandes
Navegações. O europeu via os novos povos como “exóticos/estranhos” e inicia-se a
busca de explicações e interpretações. Um grande número de variáveis passa a ser
utilizada, acontece o início de várias Antropologias, tais como:
a) antropologia da arte;
b) antropologia da ciência e tecnologia;
42
c) antropologia do ciberespaço;
d) antropologia das emoções;
e) antropologia da guerra;
f) antropologia da música;
g) antropologia da saúde;
h) antropologia da violência;
i) antropologia das populações afro-brasileiras;
j) antropologia das religiões;
k) antropologia indígena;
l) antropologia da administração.

A antropologia tem um papel importante na sociedade, pois é por meio dela


que teremos um bom entendimento da sociedade, o homem conseguirá minimizar
impactos culturais e ter autoconhecimento das suas relações e como consequência
um bom planejamento futuro. A alguns temas decorrentes da antropologia daremos
ênfase neste capítulo, como: cultura, raça, religião, mito, cultura material, família e
estado.
Os conceitos que serão vistos agora é para melhor compreensão dessa
ciência social: relativismo cultural, estranhamento, diferença/diversidade e cultura.

a) relativismo cultural: significa colocar seu próprio ponto de vista sob


suspeita e procurar apreender o ponto de vista do nativo. Toda cultura tem
seu próprio fundamento. A Antropologia procura identificar a lógica que
rege cada sociedade humana do ponto de vista das categorias nativas;
b) estranhamento: estranhar significa questionar, ter que avaliar observar
e, sobretudo, reconhecer e aceitar a existência da diferença. Descobrir
lógicas que, como antropólogos, sabemos que existem, mas como são
estranhas àquelas que conhecemos, é necessário decifrar. Encontro e
compreensão de outras culturas modifica o olhar sobre nós mesmos. São
noções de relativismo e estranhamento que nos permitem contextualizar
o sentido da diferença para a Antropologia;
c) diferença/diversidade: a diferença é a grande riqueza do homem.
Antropologia foi e será sempre a ciência da diferença, para nós entendida
como diversidade cultural;

Se há algo natural nesta espécie particular que é a espécie humana,


é sua aptidão à variação cultural. O projeto antropológico consiste,
portanto, no reconhecimento, conhecimento e compreensão de uma
humanidade plural. (LAPLANTINE, 1991, p. 23).

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d) cultura: A cultura refere-se ao
modo de vida dos membros de
uma sociedade: como se vestem, o
casamento, a família, o trabalho, a
religião, o lazer, a cultura material.

Todos os aspectos visuais da vida em


sociedade também são culturais (como nas Figura 19: Cultura do Trabalho
imagens a seguir). Fonte: Banco de Imagens Instastore

Na Figura 19, podemos identificar visu-


almente uma cultura no trabalho. Já na Figura 20
identificamos uma cultura relacionada à religião.
Esta concepção parte do princípio de que
todos os povos ou grupos étnicos têm cultura e de
que nenhuma cultura é superior à outra.
Isso coloca em foco as questões da diver-
sidade cultural e da igualdade de direitos para as
diferentes culturas.
O conceito de cultura como modo de vida, o
modo de sentir, pensar e agir de uma sociedade ou
Figura 20: Cultura da Religião comunidade aplica-se a todas as práticas, materiais
Fonte: Banco de Imagens Instastore e simbólicas, do grupo ou sociedade em questão:

a) os modos de fazer;
b) as práticas corporais;
c) as crenças;
d) os saberes;
e) os gostos;
f) os hábitos e estilos;
g) as artes;
e) a concepção de mundo;
f) os conceitos de natureza, de sociedade e de humanidade;
g) as noções de sagrado, de proibido, de obrigatório;
h) as relações econômicas, políticas e familiares;
i) as religiões;
j) as profissões.

Em todas as práticas sócias são encontradas indicações do modo


de sentir, pensar e agir: que têm fim predominante de sobrevivência material
(produção, circulação, troca e consumo de bens e serviços); nas práticas com fim
predominante de sobrevivência política (formas de organização e associação para
obter e/ou assegurar direitos ou o poder); nas práticas que têm fim predominante de
sobrevivência simbólica (formas de expressão e/ou representação, manifestações
artísticas, religiosas, filosóficas, folclóricas).
44
Nessa acepção, como modo de vida, ou modo de sentir, pensar e agir de
uma sociedade diante das situações e desafios da existência e das possibilidades
de superá-los, a cultura também pode ser pensada como identidade nacional, o que
permitiria falar em cultura brasileira, cultura japonesa, etc. E também em termos de
identidade regional (cultura sulista, cultura nordestina, etc.).
Os direitos culturais fazem parte dos
direitos humanos e a dimensão cultural é
indispensável e estratégico para qualquer projeto
de desenvolvimento. Conforme a Declaração
Universal da Diversidade Cultural da UNESCO, os
indivíduos e grupos devem ter garantidos: as
condições de criar e difundir suas expressões
culturais; o direito à educação e à formação de
qualidade que respeite sua identidade cultural;
a possibilidade de participar da vida cultural de
sua preferência e exercer e fruir suas própriasFigura 21: Cultura do Trabalho/Empresários
Fonte: Banco de Imagens Instastore
práticas culturais, desde que respeitados os
limites dos direitos humanos.
O direito à diferença e à construção individual e coletiva das identidades por
meio das expressões culturais é elemento fundamental da promoção de uma cultura
de paz, de modo que devemos reconhecer e valorizar as nossas diferenças culturais
como fator para a coexistência harmoniosa das várias formas possíveis de se ser
humano.
Cultura não é só conhecimento,
quando falamos de cultura, na conversa do dia
a dia, pensamos muitas vezes que a cultura se
equivale à pessoa com elevado nível cultural, ou
conhecedores e admiradores de teatro, cinema,
arte, música.
Cultura é a forma distintiva na qual
uma organização material e social da vida
Figura 22: Cultura Punk
Fonte: http://www.gopixpic.com se expressa. A cultura inclui os ‘mapas de
significado’ que tornam as coisas inteligíveis
aos seus membros. Esses ‘mapas de significado’ não são apenas processos mentais:
eles são objetivados nos padrões da organização social e relação a partir da qual os
indivíduos tornam-se um indivíduo social. Cultura é um diferencial entre um grupo e
outro, como se pode analisar na Figura 5 comparando com a Figura 6.
Não existe receita para definir cultura, mas existem mecanismos de controle
para governar o comportamento humano, sem tais mecanismos o comportamento
humano seria ingovernável e a cultura serve para dar contornos ao homem e a
capacidade de aprendizagem é um diferencial entre os seres humanos.
A transmissão da cultura e feita de geração em geração dos adultos para os
mais jovens por meio da educação. Educar nada mais é do que transmitir os valores,
conhecimentos, modo de viver, enfim a cultura de um grupo.

45
O antropólogo polonês Bronislaw Malinovski (1884-1942) ensina que cultura
compreende artefatos, bens, processos técnicos, ideias, hábitos e valores herdados.
A aquisição da cultura é um processo não biológico que resulta na
aprendizagem. Cada sociedade vai transmitir para as novas gerações o patrimônio
cultural que recebeu dos antepassados.

IDENTIDADE CULTURAL
Cada povo tem sua cultura, todas as sociedades, desde a mais simples até
a mais complexa tem a sua cultura, não há sociedade sem cultura. Não existe ser
humano destituído de cultura. Desde o nascimento, estamos inseridos no meio social
em que vivemos.
O estilo de vida, o modo particular é o que caracteriza a cultura de uma
sociedade, assim, os indivíduos que compartilham a mesma cultura, apresentam o
que se chama de identidade cultural.
A seguir um exemplo de como a identidade cultural pode exercer um domínio
maior sobre a pessoa do que a herança biológica.

PARA REFLETIR...
Um chinês louro, de olhos azuis

Há alguns anos, conheci em Nova York um jovem que não falava uma palavra
em inglês e estava evidentemente perplexo com os costumes americanos. Pelo
“sangue”, era tão americano como qualquer outro, pois seus pais haviam nascido em
Indiana e tinham ido para a China com os missionários.
Órfão desde a infância, o rapaz fora criado por uma família chinesa, numa
aldeia distante. Todos os que o conheceram o acharam mais chinês do que americano.
O fato de ter olhos azuis e cabelos claros impressionava menos que o andar, os
movimentos dos braços e das mãos, a expressão facial e os modos de pensar que
caracterizavam os chineses.
A herança biológica era americana, mas a formação cultural fora chinesa. Ele
voltou para a China.

KLUCKHOHN, Clyde. Antropologia: um espelho para o homem. Belo Horizonte: Itatiaia, 1963.

ASPECTOS MATERIAL E NÃO MATERIAL DA CULTURA


A cultura material é relacionada ao estilo de vida de um grupo, como todo o
tipo de utensílio, instrumentos, alimentação, habitação. Por exemplo, no Rio Grande
do Sul, o chimarrão é utilizado por grande parte da população, formando assim, um
modo de vida fundamental na cultura material da região.
A cultura não material corresponde a todos os aspectos não materiais da
sociedade, tais como: religião, costumes, ideias, artes, folclore, etc. Por exemplo,
grande parte da população brasileira segue a religião católica.
46
Figura 23: Chimarrão Figura 24: Cultura não material
Fonte: agenciajodigitalunitau.blogspot.com.br Fonte: afamiliacatolica.blogspot.com.br

Para refletir referente à cultura não material, vamos ler com atenção o texto
do antropólogo americano Marius Barbeau que relata as ações do cotidiano que
refletem a transmissão do folclore, da cultura passada de pais para filhos, da memória
e história cotidiana.

PARA REFLETIR...
O antropólogo americano Marius Barbeau escreveu o seguinte:
Sempre que se cante a uma criança uma cantiga de ninar; sempre que se use
uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima de contar, no quarto das crianças
ou na escola; sempre que ditos, provérbios, fábulas, estórias bobas e contos populares
sejam representados; sempre que, por hábito ou inclinação, a gente se entregue a
contos e danças, a jogos antigos, a folguedos; sempre que uma mãe ensina a filha a
costurar, tricotar, fiar, tecer, bordar, fazer uma coberta, trançar um cinto, assar uma
torta à moda antiga; sempre que um profissional da aldeia [...] adestre seu aprendiz
no uso de instrumentos e lhe mostre como fazer um encaixe e um tarugo para uma
junta, como levantar uma casa ou celeiro de madeira, como encordoar um sapato-
raqueta de andar na neve [...] aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sempre
em ação, vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos elementos em
seu caminho.
Ele é antiquado, depressa recua de primeiras cidadelas ao impacto do
progresso e da indústria modernos; é o adversário do número em série, do produto
estampado e do padrão patenteado. (Uma definição de Folclore, artigo de Francis Lee
Utley, incluído em O folclore dos Estados Unidos.)
Poesia à parte, se o folclore é isso, talvez não seja muito difícil compreender
o que ele é. Mas acontece que ele, ao mesmo tempo, pode ser muito menos ou muito
mais do que isso. Na cabeça de alguns, folclore é tudo o que o homem do povo
faz e produz como tradição. Na de outros, é só uma pequena parte das tradições
populares. Na cabeça de uns o domínio do que é folclore é tão grande quanto o do
que é cultura. Na de outros, por isso mesmo folclore não existe e é melhor chamar
cultura popular o que alguns chamam folclore. E, de fato, para algumas pessoas
as duas palavras são sinônimas e podem suceder-se sem problemas num mesmo
47
parágrafo. O folclorista brasileiro Bráulio do Nascimento, diretor do Instituto Nacional
do Folclore, diz o seguinte na Introdução de um álbum sobre o Museu de Folclore
Édson Carneiro: “A cultura popular pode intervir como elemento moderador no
processo cultural, pois dispõe de instrumentos próprios para o equilíbrio necessário
ao seu harmônico desenvolvimento”. Um mesmo tom ele usa mais adiante, e muda
apenas uma palavra pela outra: “A valorização do folclore, o reconhecimento da
importância das manifestações populares na formação do lastro cultural da nação,
constituem procedimentos capazes de assegurar as opções necessárias ao seu
desenvolvimento”. Com muita sabedoria, o folclorista brasileiro Luís da Câmara
Cascudo mistura uma coisa com a outra e define folclore como a cultura do popular
tornada normativa pela tradição.
Para outros pesquisadores do assunto há diferenças importantes entre
folclore e cultura popular: “Vizinhos, eles não são iguais, e sob certos aspectos podem
ser até opostos”.
Mas não são poucas as pessoas que acreditam que os dois nomes servem às
mesmas realidades, sendo apenas que folclore é o nome mais “conservador” daquilo
popular é o nome mais “progressista”.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore? São Paulo: Brasiliense, 1984. Coleção Primeiros Passos.

OS ELEMENTOS DA CULTURA
Os principais elementos de uma cultura são: os traços culturais, o complexo
cultural, a área cultural, o padrão cultural e a subcultura.
a) traços culturais: são os elementos mais simples de uma cultura, mas é
bom salientar que só tem significado quando considerado dentro de uma
cultura específica. Só no conjunto da cultura é que se pode entender
um determinado traço. Exemplo: a vaca na Índia é um animal sagrado,
enquanto no nosso país serve como alimentação.

Figura 25: Cultura não material


Fonte: oglobo.globo.com

b) complexo cultural: o que forma um complexo cultural é a combinação


de traços culturais em torno de uma atividade. Por exemplo, o Centro de
Tradições Gaúchas (CTG) é um complexo cultural que reúne um grupo de
traços culturais, relacionados uns aos outros: dança, vestimentas, música.
48
Figura 26: Complexo Cultural
Fonte: www.curtomeubairro.com.br

c) padrão cultural: é acertado pela sociedade uma norma de comportamento


padrão, e os indivíduos fazem de acordo com os padrões estabelecidos
pela sociedade em que vivem. Um exemplo no Brasil é o casamento
monogâmico.

Figura 27: Padrão Cultural


Fonte: Banco de Imagens Instastore

d) área cultural: é denominada uma área cultural a região em que predominam


determinados complexos culturais. Assim, os grupos humanos localizados
em uma determinada área cultural apresentam equivalências quanto aos
traços e complexos culturais.

PARA REFLETIR...
Os tons (mil tons) da aquarela Cultural do Brasil

Formados originalmente do encontro de Português com indígenas e africanos,


desenvolveram-se, neste imenso território, separadas por longas distâncias, diversas
sociedades com especificidades próprias, que refletiram não só as condições da
natureza local como históricas também. Por exemplo, refletiram o tipo de exploração
econômica dominante na época de sua ocupação, de seu apogeu ou decadência e

49
suas relações com a metrópole portuguesa, bem como as relações estabelecidas
com outras nações. Essas ilhas de civilização diferenciadas ficaram conhecidas
como o Brasil do Açúcar, do Couro, do Ouro, dos Pampas, do Café e da Borracha, por
refletir os diversos ciclos econômicos que delinearam. Nessas regiões podemos
observar - nos traços físicos da população, da culinária, no linguajar, no folclore,
nos ritmos, nas festas populares, na religião e em vários elementos - ora a presença
marcante da cultura de raízes africanas, ora a da cultura indígena, portuguesa e
também italiana, alemã, japonesa, etc. Com o tempo, os deslocamentos internos
da população misturaram culturas dessas diferentes regiões, dando nascimento a
sínteses peculiares. Catolicismo; candomblé; umbanda; batuque; samba; carnavais;
procissões e festas populares típicas; folclore com temática central na floresta, no
boi ou no cavalo; casa de sapé, arquitetura colonial barroca ou neoclássica; poemas
românticos, parnasianos e literatura de cordel; pinturas acadêmicas, impressionistas
e cerâmicas marajoara o final do século XIX, o Brasil era, ao mesmo tempo, tudo isso
e muito mais.
ALVES, Júlia Falivene. Identidade nacional em debate. São Paulo: Moderna, 1997. Disponível em:
<http://101409.inforum.insite.com.br/101409/#sthash.7OdrRAao.dpuf>. Acesso em: 22 jun. 2014.

SUBCULTURA
As diferenças significativas podem aparecer no interior de uma cultura, isso
vai caracterizar a existência de uma subcultura. Em algumas regiões do Rio Grande
do Sul, onde, além de valores e costumes serem totalmente diferente dos praticados
no restante do país, até a língua principal é o alemão e o italiano.
Na subcultura, encontramos os mesmos elementos da cultura, mas com
normas e valores particulares. Veja o exemplo da subcultura juvenil representada
pelas tribos urbanas, em que cada membro se reconhece pelos atributos comuns,
como vestuário e linguajar. Exemplo: tribo urbana de góticos e de clubbers.

SÍNTESE
Nesta Unidade, estudamos a estratificação social apresentada em gênero,
etnia/racial, assim como o contexto histórico com as Castas, Estamentos e Classes.
A partir disso, a mobilidade social e os movimentos sociais, com seu contexto
histórico e os elementos que o constituem.
Você estudou também o que é Antropologia, suas áreas e tipos. Como esta
ciência estuda o ser humano no grupo, foi proposta uma análise do ser humano a
partir da cultura.
Para isso, o texto propôs a você os tipos de cultura e suas categorias.

50
QUESTÕES PARA REVISÃO
1. O que entendemos por distribuição dos indivíduos e grupos em camadas
hierarquicamente superpostas dentro de uma sociedade. Essa distribuição ocorre
pela posição social dos indivíduos, das atividades que eles exercem e dos papéis que
desempenham na estrutura social. A essa descrição denominamos de:

a)(____) classe social


b)(____) mobilidade social
c)(____) estratificação social
d)(____) divisão social

2. Em 2009, uma emissora de TV brasileira exibiu, no horário nobre, uma telenovela


chamada Caminhos da Índia que mostrava um pouco dos costumes e hábitos dos
indianos. Caso você não lembre, pesquise na internet. Como está organizada a
sociedade indiana?

a)(____) classe social


b)(____) castas sociais
c)(____) estamentos sociais
d)(____) estados sociais

3. Conceito fundamental de Marx no entendimento da sociedade capitalista: Justifique


a sua resposta:
a)(____) harmonia de classes
b)(____) luta de classes
c)(____) divisão de classes
d)(____) manipulação de classes
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__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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4. Existem sociedades em que os indivíduos nascem numa camada social mais baixa
e podem alcançar, com o decorrer do tempo, uma posição social mais elevada. Esse
fenômeno é conhecido como:
a)(____) estamentação
b)(____) mobilidade social
c)(____) estratificação social
d)(____) castação

51
5. Sobre os Movimentos é correto afirmar que:

a)(____) São ações de determinados grupos sociais, com objetivos de mudanças


sociais, radicais ou reformistas.
b)(____) São organizações clandestinas que lutam por uma revolução mundial.
c)(____) Os movimentos sociais são ações coletivas ligadas apenas a questões
econômicas.
d)(____) São mobilizações feitas em todo o mundo, com objetivo de mudar os padrões
sociais e estéticos do planeta.
e)(____) Todas as alternativas estão corretas

6. Para Karl Marx, o desenvolvimento das sociedades consiste na história de lutas


de classes. Assim processos revolucionários, como a Revolução Francesa, para
ele, devem ser compreendidos como movimentos históricos em que determinadas
classes passam a ocupar lugares distintos na estrutura de uma sociedade: grupos
antes dominados passam a ser dominadores.
Identifique a alternativa que apresenta exemplos de classe sociais.

a)(____) Capital e trabalho


b)(____) Professores e alunos
c)(____) Burguesia e proletariado
c)(____) Operários e administradores
d)(____) Assalariados e desempregados

7. Analise a imagem abaixo e relacione ao conceito de classes historicamente e


atualmente.

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__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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52
8. A partir do estudo realizado sobre os movimentos sociais, pesquise exemplos para
os seguintes movimentos:

a) Movimentos Ecológicos:__________________________________________________________________________________________________________
b) Movimentos Feministas: ________________________________________________________________________________________________________
c) Movimentos Estudantis: _________________________________________________________________________________________________________
d) Movimentos Sociais Urbanos: ________________________________________________________________________________________________

9. A Antropologia analisa:

a)(____) O aspecto biológico dos seres humanos e de todos os outros animais.


b)(____) A linguagem e os signos utilizados por todos os seres vivos.
c)(____) A vida de todos os seres vivos, suas vicissitudes e comportamentos.
d)(____) O comportamento do ser humano, das crenças religiosas e dos sistemas
simbólicos.
e)(____) N.D.A

10. Um meio peculiar de vida de um grupo menor dentro de uma sociedade maior é
chamado de: Escolha uma alternativa e justifique a sua resposta:

a)(____) Cultura subversiva


b)(____) Subcultura
c)(____) Endoculturação
d)(____) Aculturação
e)(____) Etnocentrismo
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Segundo os antropólogos, cultura consiste em:

a)(____) Ideias (crenças religiosas, míticas, científicas), abstrações (acontecimentos


não concretos) e comportamento (modo de viver comum).
b)(____) Comportamento – o qual, apesar de ser um conceito múltiplo, resume-se no
modo de viver comum de um determinado grupo humano.
c)(____) Ideias (concepções mentais que foram elaborados a partir de coisas abstratas
ou concretas – crenças religiosas, míticas, científicas, etc.).
d)(____) Abstrações (aquilo que se encontra no campo das ideias, da mente –
acontecimentos não observáveis, não concretos, não sensíveis).
e)(____) Nenhuma das alternativas.

53
12. Explique com suas palavras o que é Cultura.
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13. Explique a afirmação: “Não há sociedade sem cultura, do mesmo modo que não há
ser humano destituído de cultura”. __________________________________________________________________________________________
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14. Exemplifique os principais elementos de uma cultura, que são: os traços culturais;
o complexo cultural; a área cultural; o padrão cultural; a subcultura. ________________________________
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PARA SABER MAIS


Noções Gerais de Cultura

A cultura compreende os bens materiais, de um modo geral, como utensílios,


ferramentas, meios de transporte comunicação e outros. E também os bens não
materiais, como as representações simbólicas, os conhecimentos as crenças e os
sistemas de valores, isto é, o conjunto de normas que orienta a vida em sociedade.
Toda cultura é suficiente para os fins a que se propõe, embora eventualmente
com questões ainda não resolvidas. Por exemplo, ao pensarmos na nossa medicina,
ficamos deslumbrados com os seus últimos avanços, o mesmo tempo que nos damos
conta de que temos, também; questões de saúde não solucionadas. O mesmo se
verifica na cultura indígena – apresenta praticas medicinais suficientes para resolver
os seus problemas de saúde, porém, como nós, também depara com doenças que
não consegue curar.

54
54
Comparando esses dois universos distintos – a medicina indígena e a nossa,
podemos concluir que não há nada que nos autorize a considerar a superioridade de
uma cultura sobre a outra.
Cultura erudita e cultura popular
Ao analisar o “Renascimento” movimentos culturais surgidos no norte
da Itália, nos séculos XIV e XV, percebem que ele estava ligado a uma determinada
parcela da população da Europa – a “burguesia”.
A burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal
o lucro, por meio do comércio de especiarias vindas do oriente. Esse segmento da
sociedade procurou resgatar ou fazer renascer antigos conhecimentos da cultura
greco-romana. Daí o nome Renascimento.
Essa cultura “erudita” ou “superior”, também designada cultura “de elite”,
foi se distanciando da cultura da maioria da população, pois era feita pela e para a
burguesia.
A cultura “popular”, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais
identificada com ele, é produzida e consumida pela própria população, sem necessitar
de técnicas racionalizadas e científicas.
Cultura de massa: a industrialização da cultura
A partir do final do século passado, a industrialização em larga escala atingiu,
também, os elementos da cultura erudita e da popular, dando início à “indústria
cultural”. O incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada vez mais
sofisticada, principalmente nos meios de comunicações (fotografia, disco, cinema,
radio, televisão etc.), passou a atingir um grande número de pessoas, dando origem à
chamada “cultura de massa”.
O que temos, então, é a formação de um enorme mercado de consumidores
em potencial, atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado
constitui, na verdade, a chamada “sociedade de consumo”.
A cultura de massa, ao divulgar produtos culturais de diferentes origens
(erudita e popular), possibilita o seu conhecimento por diferentes camadas sociais,
criando também um campo estético próprio e atraente voltado para o consumo
generalizado da sociedade.
BRANDÃO, Antônio Carlos; DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos culturais da juventude. São Paulo:
Moderna, 1990.

REFERÊNCIAS
Os leitores interessados em aprofundar seus conhecimentos podem
consultar as seguintes obras:

GIDDENS, Anthony. O que é Sociologia? 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.


MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: uma
introdução. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MARX. Karl. As lutas de classes na França. Lisboa: Avante, 1984.

55
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do partido comunista. Petrópolis: Vozes,
1990.
OLIVEIRA, Pérsio O. Introdução à Sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática, 2001.
TURNER. Jonathan H. Sociologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron Books,
1999.
WEBER, Max. Economia e sociedade. Brasília: UnB, 1991. Vol. 1. Capítulo IV:
“Estamentos e classes”.

56
UNIDADE DE ENSINO 3

DIVERSIDADE CULTURAL
E
EDUCAÇÃO, DEMOCRACIA E
CIDADANIA
CONTEÚDOS DA UNIDADE
1. O que é diversidade cultural?
2. Cultura e diversidade cultural
3. Etnocentrismo
4. Contribuições da cultural indígena no Brasil
5. Influências da cultura negra no Brasil
6. Democracia
7. Cidadania
8. Direitos Civis, Políticos e Sociais

OBJETIVOS DA UNIDADE
O objetivo desta Unidade é que você compreenda o processo
histórico e cultural que dimensiona e compõe a diversidade cultural nos
seus principais aspectos.
Esta unidade permite que você analise a conceitualização do que
é democracia, cidadania e diretos civis, políticos e sociais e sua aplicação
na atualidade.
DIVERSIDADE CULTURAL
Estimado (a) Aluno (a),
Para estudar a diversidade cultural é interessante pensar no país onde
vivemos, ele é um exemplo de diversidade cultural.
Lembrando que cultura pode ser definida como um conjunto de realizações
e produções feitas pelos homens, seja concreto ou imaterial, de objetos, artefatos,
crenças ou ideias. Cultura pode ser definida como um sistema complexo de
conhecimento e habilidades humanas direcionadas para ser empregada socialmente.
O Brasil é um país que apresenta um número vasto de culturas, tão
diferenciadas que podem ser considerados países dentro de um país; exceto pela
língua local. Tais diferenças culturais geram determinados “preconceitos” entre um
povo e outro. Esses preconceitos se derivam, principalmente, do dialeto local, vestir,
agir e pensar. Dentre estes, pode-se citar também o receio pelas comidas típicas,
costumes e danças.
Para entendermos uma diversidade cultural, devemos ver alguns conceitos
sobre cultura. A cultura é um organismo vivo, está em constante variação. Dentro de
um país como o Brasil, onde diversos povos passaram a colonizar vastos pedaços
de terra, as culturas se misturaram, e aperfeiçoaram-se até chegar à forma que se
conhece hoje. A influência de povos escravizados, índios, imigrantes e colonizadores,
ainda perduram no complexo cultural existente no país.
A herança cultural preservada é o maior legado de um povo. A cultura em sua
forma é o que define uma pessoa da outra. Como salienta Geertz (2008), a cultura
não é mais bem vista como um complexo de padrões concretos, mas sim, como um
mecanismo de controle.
A cultura é intrínseca à existência humana. O
ser humano diferencia-se das outras espécies
animais por desenvolver estratégias de
sobrevivência sem mudar radicalmente seu
aparato biológico, estas estratégias são parte de
seu aparato cultural.

Figura 28: Cultura Pré-Histórica


Fonte: http://prehistoria.tumblr.com

Figura 29: Evolução


Fonte: http://prehistoria.tumblr.com

Os grupos humanos evoluíram de forma distinta e desenvolveram suas


particularidades culturais para a resolução de situações problema, para adorarem
seus deuses, para forjarem regras e normas, para distinguirem-se das outras
coletividades.
Em um mesmo período histórico, convivem tribos isoladas em meio à
Amazônia e diversas “tribos urbanas”. Que se pintam para a guerra, para a festa,
para transgredir, para pertencer a uma tribo, para diferenciarem-se do “outro”, para
provocar, para chocar. Enfim, para enriquecer a diversidade Humana.

Figura 30: Tribos Amazônicas Figura 31: Tribos urbanas


Fonte: http://www.paginalegal.com Fonte: http://www.nasentrelinhas.com.br

59
COMO COMPREENDER A CULTURA E DIVERSIDADE CULTURAL?
A conciliação da unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie
humana que se apresenta em cada sociedade ou organização.
Algumas expressões históricas que nos confirmam as diferentes culturas
como algo que compreende o processo da diversidade cultural.
“A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados”
(CONFÚNCIO IV a.C.).

“Se oferecêssemos aos homens a escolha de todos os costumes do mundo,


aqueles que lhes parecessem melhor, eles examinariam a totalidade e acabariam
preferindo os seus próprios costumes, tão convencidos estão de que estes são
melhores do que todos os outros” (HERÓDOTO V a.C).
Agora veremos alguns exemplos de diversidade cultural:

Figura 32: Casamento Alemão


Fonte: jaimebatistadasilva.blogspot.com

1. “O casamento na Alemanha é austero, não há aspecto de sua moral


que mereça maior elogio. São quase únicos, entre os bárbaros, por
se satisfazerem com uma mulher para cada. As exceções, que são
extremamente raras, constituem-se de homens que recebem ofertas de
muitas mulheres devido ao seu posto. Não há questão de paixão sexual.
O dote é dado pelo marido à mulher, e não por esta àquele” (Heródoto,
analisando a diversidade cultural da Europa).
2. “[...] os povos do Sul têm uma
inteligência aguda, devido à
raridade da atmosfera e ao calor;
enquanto os das nações do
Norte, tendo se desenvolvido
numa atmosfera densa e
esfriados pelos vapores dos ares
carregados, têm uma inteligência
preguiçosa” (Marcus Pollo –
fazendo uma interpretação sobre Figura 33: Adoração ao sol em Stonehenge
Fonte: www.jornalobruxo.org
o desenvolvimento dos povos,
considerada equivocada hoje).
60
3. Culinária francesa: rãs e escargots.

Figura 34: Escargots


Fonte: http://www.lookfordiagnosis.com

4. Entre os ciganos da Califórnia: a obesidade é considerada como indicador


da virilidade.

Figura 35: Obesidade


Fonte: www.seudiario.net

5. A carne da vaca é proibida entre os hindus.

Figura 36: Vaca Hindu


Fonte: www.minhaescolaweb.com.br

61
6. A carne de porco é interditada aos muçulmanos.

Figura 37: Carne de porco


Fonte: www.superativa.com

7. O nudismo é tolerado em algumas praias.

Figura 38: Praias de nudismo no brasil


Fonte: noticias.uol.com.br

8. Nos países islâmicos, o adultério pode ser punido com a morte ou longos
anos de prisão.

Figura 39: Adultério no Islã


Fonte: http://jesusensinamento.blogspot.com.br

62
9. Em algumas regiões do Norte, a gravidez é considerada como uma
enfermidade.

Figura 40: Gravidez


Fonte: www.diariodeunsateus.net

10. O consumo de alguns alimentos ao mesmo tempo é considerado perigoso:


ex. manga/leite; melancia/uva.

Figura 41: Manga/leite


Fonte: blogpop.com.br

As visões do determinismo biológico são velhas e persistentes. As teorias


que atribuem capacidades inatas à raça ou a outros grupos humanos. Ex.:
a) Os nórdicos são mais inteligentes que os
negros;
b) Os alemães têm mais habilidade para a
mecânica;
c) Os judeus são avarentos e negociantes;
d) Os norte-americanos são muito
trabalhadores e pouco inteligentes;
e) Os ciganos são nômades por instinto;
d) Os brasileiros herdaram a preguiça dos
Figura 42: Povo cigano negros, a imprevidência dos índios e a
Fonte: silviamota.ning.com luxúria dos portugueses.

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Esses são exemplos terríveis e históricos.
No entanto, podemos perceber que para os antropólogos, as diferenças
genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Ou seja, não existe
correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição
dos componentes culturais. Ex.: criança que nasce num país e é levada para outro.
A questão da divisão do trabalho por sexo trata-se de uma determinação
cultural e não em função de uma racionalidade biológica.
Enfim, o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de
um processo que chamamos de “Endoculturação”. Um menino e uma menina agem
diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrências de uma
educação diferenciada.
O determinismo geográfico considera que as diferenças de ambiente físico
condicionam a diversidade cultural.
Teorias desenvolvidas no final do século XIX e início do século XX defendiam
a relação entre a latitude e os centros de civilização, considerando o clima como um
fator importante na dinâmica do progresso.
A partir de 1920, antropólogos como Boas, Wissler e Koeber refutaram
esse tipo de determinismo e demonstraram que existe uma limitação na influência
geográfica sobre os fatores culturais.
Hábitos e vivências sociais são fundamentais para a construção da visão de
mundo dos indivíduos;
Emitimos juízos de valor condicionados por experiências vividas e por
aprendizados desenvolvidos na sociedade.
A cultura funciona como uma lente por meio da qual os homens interpretam o
mundo. Por isso, ela é determinante para o comportamento dos homens nas suas
relações sociais.
Podemos observar um exemplo disso na figura que segue:

Figura 43: Diversidade Cultural


Fonte: albinoflores.com.br

O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os


diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são produtos de
64
uma herança cultural. Por isso, quando modelos culturais (modus vivendi ou modus
operandi – formas de viver ou de fazer) são postas em contato, elas passam por um
processo de “realce das diferenças”. Este realce, normalmente causa estranhamento.

Figura 44: Olhar de estranheza


Fonte: olharsociologicoedwiges.blogspot.com.br

Essa natureza humana de procurar medir todas as coisas pelo modelo


preexistente dá origem ao “Etnocentrismo” (a cultura de meu grupo é o centro).
O etnocentrismo tem seu surgimento no século XV em decorrência das
Grandes Navegações, com a descoberta de novos povos, surge a dicotomia entre nós
e os outros. Nesse primeiro grande choque de alteridade, podemos destacar a chegada
do europeu no Brasil e o primeiro estranhamento da diferença com os nativos, sendo
assim o outro é totalmente estranho. O primeiro momento em que um “nós” precisou
se posicionar diante de um “outro” que não apenas era diferente, mas do qual não se
conhecia ao menos a existência.
O conceito descreve a tendência humana de considerar sua cultura a superior
e a mais correta. Descreve a tendência humana de considerar sua cultura superior e
a mais correta. Resulta na centralização da possibilidade de admissão do “outro” a
partir de sua capacidade de enquadrar-se no modelo preestabelecido que me conduz.
Conforme afirma Marconi (2011, p. 32):
O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamen-
to agressivo ou em atitudes de superioridade e até de
hostilidade. A discriminação, o prosetilismo, a violência, a
agressividade verbal são outras formas de expressar o et-
nocentrismo. Entretanto, o etnocentrismo apresenta um
aspecto positivo, ao ser agente de valorização do próprio
grupo. Seus integrantes passam a considerar e aceitar o
seu modo de vida como o melhor, o mais saudável, o que
favorece o bem-estar individual e a integração social.

É uma postura diante da alteridade a partir da qual o contexto sociocultural


em que “eu” estou inserido – tanto como indivíduo como grupo (nós) - é tomado como
o modelo e a medida para todas as coisas. É uma visão de mundo em que o nosso
próprio grupo é tomado como centro de tudo. Pode ser entendido no plano intelectual,

65
ou na dificuldade de conhecer o outro. O etnocentrismo passa por um julgamento de
valor da cultura do outro. A constatação das diferenças ocasiona os choques culturais
e tendo como efeito imediato é a agressão. Podemos citar como exemplos fatos que
acontecerão na própria história, como: o etnocídio indígena, o julgamento do índio sob
a ótica do europeu; os adjetivos mostram a superioridade europeia.
As rotulações sociais, em geral, são frutos de pré-conceitos etnocêntricos.
Esses pré-conceitos diante da alteridade criam juízos de cor, gênero, classe e religião.
Um exemplo que podemos citar de etnocentrismo é a Segunda Guerra Mundial, com
Hitler impondo a questão da superioridade ariana. Entre os efeitos do etnocentrismo
podemos citar: eurocentrismo, preconceito, branqueamento da raça, nacionalismos
exacerbados, conflitos étnicos.

Figura 45: Superioridade Ariana – Hilter Segunda Guerra Mundial


Fonte: www.cairoscene.com

EXEMPLOS DE DIVERSIDADE CULTURAL EM NOSSO PAÍS


1. Os índios no Brasil
Podemos dizer que a cultura de um povo é o resultado do somatório dos
conhecimentos adquiridos historicamente e passado por meio das gerações.
Você já ouviu falar nas contribuições dos índios para nosso país?
Muitas contribuições podem ser destacadas, dentre elas, cuidados com a
saúde, alimentação, agricultura e crenças.
Além disso, hoje o índio é visto como parte oficialmente integrante da
perspectiva sociocultural para constituir o povo brasileiro.
Dentre as contribuições culturais e religiosas, a língua portuguesa também
é recheado de palavras de origem indígena, temos como exemplos nome de cidades
e regiões, tais como: Manaus, Cuiabá, Ubatuba, Curitiba e etc. Nisso, percebemos que
o idioma, o folclore e a alimentação são pontos principais em que até os dias atuais
encontramos influência da cultura indígena, são muitas palavras, nomes de lugares,
de plantas e de animais, que se tornaria muito extenso exemplificar.
Podemos verificar o último censo de 2010, com as informações do IBGE
referentes ao número de índios no Brasil e sua distribuição.

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Quadro 4: População Indígena no Brasil
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2010

Assim como a utilização da rede como hábito para dormir, a medicina por meio
de ervas, e as artes com o uso da cerâmica, pintura corporal, danças e as máscaras.

PARA REFLETIR
Os índios faziam a divisão do trabalho por sexo e por idade. De modo geral,
cabia à mulher cuidar da casa, das crianças, da coleta de frutos e das plantações. E, aos
homens, a responsabilidade pela caça, pesca e construção de casas (ocas), canoas,
armas e de certos objetos artesanais, além da preparação da terra para o plantio, o
que, geralmente, faziam em regime de mutirão. Os homens também cuidavam da
defesa das aldeias.
Extraído de: RIBEIRO, Berta. O índio na história do Brasil. 2 ed. São Paulo:
Global, 1984.

A CULTURA NEGRA E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL


O Brasil recebeu muitas contribuições da cultura afro-brasileira como as
crenças, histórias, costumes, assim como estruturas políticas, religiosa e sua arte.
Podemos citar algumas influências como a feijoada, o uso da pimenta e das
especiarias, devido aos conhecimentos advindos da África. Assim como o uso do pirão,
angu, farinha de milho. Farofa, quibebe e o carajé, são heranças da culinária africana.
Além dessas contribuições, podemos ainda perceber outras influências dessa cultura
nas artes, religião e música.
Você já pensou na origem, por exemplo, do samba?
O samba é um o principal gênero de música da contribuição da cultura negra
no Brasil, sabe-se que a nomenclatura é originário da palavra semba, que identifica
um ritmo religioso, sendo que tem como significado umbigada, devido à maneira
como era dançado.
Outra contribuição conhecida até hoje é a capoeira, uma expressão cultural
que mistura luta, dança, cultura popular e música. Podemos encontrar registros que
apresentam a prática da capoeira nos séculos XVIII e XIX nas cidades de Salvador,
Rio de Janeiro e Recife. Mas, somente em 1932, foi criado em Salvador a primeira
academia de capoeira do Brasil, a partir daí ela começou a deixar de ser marginalizada.
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PARA REFLETIR
Sofisticada comunicação africana

Foi duro para uma sociedade em que a etnia dominante, os brancos,


continuava predominantemente analfabeta, aceitar que escravos africanos
contassem com meios sofisticados de comunicação. Eles teriam de estar na pré-
escrita. Mas, pelo contrário, esses papéis revelam, inclusive, que havia entre eles
pessoas bem instruídas no idioma do Alcorão, pessoas que deixaram a marca de sua
caligrafia perfeita e gramática limpa. Africanos que, escravos na Bahia, com certeza
tinham sido membros pelo menos de uma intelligentsia africana, quando não de
classes comerciantes abastadas – posições sociais que lhes permitiram dedicar boas
partes de suas vidas ao trabalho intelectual.
Extraído: REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos Malês em 1835. São Paulo:
Brasiliense, 1986.

EDUCAÇÃO
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO

Quando pensamos em educação, muitos conceitos e possibilidades passam


nossos questionamentos. Aqui, vamos tentar analisar qual o seu objetivo.
A educação por meio do patrimônio cultural é o meio pela qual o indivíduo
assimila-se na sociedade. Assim, são objetivos da educação: a cultura transmitida, o
indivíduo adaptando-se à sociedade, a expansão de suas potencialidades e o próprio
desenvolvimento da sociedade.
A educação pode ser informal ou formal.
Educação Informal: assistemática ou difusa: É por meio da convivência
entre os membros de uma sociedade, acontece diariamente por meio de tarefas
normais e observação do comportamento dos mais velhos. Todas as pessoas,
grupos e sociedades partilham dessa forma de educação. A educação informal, nas
comunidades isoladas é a única forma de educação existente, pois ainda não há colas.

Figura 46: Educação Informal


Fonte: jornalismoanabourscheid.files.wordpress.com

68
Educação Sistemática ou formal: A passagem das crianças pela escola
organizada por uma especialização é chamada de educação sistemática ou formal.
Tem como objetivo a transmissão de legados culturais, conhecimentos e técnicas.
Esse tipo de educação é transmitido de uma maneira seletiva, por pessoas
especializadas.

Figura 47: Educação sistemática ou formal.


Fonte: http://www.educacao.cc

VAMOS ANALISAR ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES

1. Democracia: Nasceu na Grécia, especificamente na Grécia. A palavra


democracia vem do grego demos e significa povo e kratos poder. Sendo
assim, o povo detém o poder. Existem algumas diferenças em algumas
democracias.
2. Cidadania: é um conceito histórico. Significa que os direitos e deveres dos
indivíduos e sua forma de participação da vida social variaram e ainda
variam em diferentes contextos históricos.
A cidadania moderna está
diretamente ligada à ideia de nação.
Cidadania, segundo o Dicionário Aurélio,
“[...] é a qualidade ou estado de cidadão”.
E Cidadão, do latim, é o indivíduo
no gozo de seus direitos civis e políticos de
um Estado, ou no desempenho dos seus
deveres com este.
A Cidadania está associada aos
direitos humanos, uma árdua conquista
da humanidade, que só vai ter seu
reconhecimento com a Declaração Universal
dos Direitos do Homem, aprovada em 1948
pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Figura 48: Declaração Universal dos Direitos Humanos
Fonte: www.brasilcultura.com.br

69
Os Direitos Humanos e a Cidadania

Vejamos agora alguns tópicos principais da Declaração Universal dos Direitos


Humanos:
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
Capítulo I dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras
com espírito de fraternidade.
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja
Capítulo II
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade
Capítulo XVIII
de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto
e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si
e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário,
habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e
direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez,
Capítulo XXV velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu
controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.
Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da
mesma proteção social.
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos
Capítulo XXVI
humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol
da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que
será ministrada a seus filhos
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de
seus benefícios.
Capítulo XXVII
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais
decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual
seja autor.
Quadro 5: Tópicos dos Direitos Humanos
Fonte: http://portal.mj.gov.br

70
Dentre os tópicos citados, precisamos estudar alguns direitos que fazem
parte do processo de ser cidadão, seguem os principais:

a) Direitos Civis: Direitos que asseguram a liberdade individual e reconhe-


cem a igualdade entre os indivíduos, garantindo assim, a vida em socie-
dade. São eles: liberdade de ir e vir, liberdade de pensamento, liberdade
de expressão, liberdade de religião, direito à propriedade, direito a organi-
zar-se, direito à justiça e direito de não ser preso arbitrariamente. O reco-
nhecimento dos direitos civis obriga o Estado a não interferir na vida do
indivíduo, cuja liberdade só é limitada pelo direito alheio.
b) Direitos Políticos: Direitos que garantem a participação do cidadão no
governo da sociedade. São: Direito de associar-se a partidos políticos,
direito de fazer manifestação política, direito de votar, direito de participar
das funções governamentais.
c) Direitos Sociais: São direitos que reconhecem as necessidades básicas
do ser humano e procuram assegurar um mínimo de bem-estar social e
econômico, protegendo da pobreza, da doença e outros infortúnios. Os
direitos sociais permitem que os cidadãos participem da riqueza e da
cultura coletiva e são baseados nas ideias de dignidade e justiça social.
São eles: Direito à educação, direito ao trabalho; direito à saúde; direito ao
lazer; direito a salário justo; direito à moradia; direito à previdência social;
direito à proteção a maternidade.

Podemos dizer que a cidadania hoje é ter por garantia os direitos civis, políticos
e sociais, que vão nos permitir a esperança de uma vida plena. Todos esses direitos
foram exigidos e assumidos pelas leis. A cidadania não é dada, mas um processo de
organização e intervenção social dos indivíduos.

PARA REFLETIR
CIDADANIA E CLASSE SOCIAL

Cidadania é um status concedido àqueles que são membros de uma


comunidade. Todos aqueles que dispõem de um status são iguais com respeito aos
direitos e obrigações pertinentes ao status. A classe social, por outro lado, é um
sistema de desigualdade. E esta também, como a cidadania, pode estar baseada
num conjunto de ideais, crenças e valores. É, portanto, compreensível que o impacto
da cidadania sobre a classe social tomasse a forma de um conflito entre princípios
opostos. Se estou certo que a cidadania tem sido uma instituição em desenvolvimento
na Inglaterra pelo menos desde a segunda metade do século XVII, então é claro que
o seu crescimento coincide com o desenvolvimento do capitalismo, que é o sistema,
não de igualdade, mas de desigualdade, o que nos leva a questão de como estes
dois princípios opostos puderam crescer e florescer, lado a lado, desde então. A
igualdade implícita no conceito de cidadania (igualdade de oportunidades e perante
a lei), embora limitada em conteúdo, minou a desigualdade do sistema de classe, que
era, em princípio, uma desigualdade total. Uma justiça nacional e uma lei igual para
7171
todos devem inevitavelmente enfraquecer e destruir a justiça de classe, e a liberdade
pessoal, como um direito natural universal, deve eliminar a servidão. O direito do
cidadão, portanto, dentro de um contexto social de mercado competitivo e seletivo, é
um direito à igualdade de oportunidade. Seu objetivo é eliminar todos os privilégios,
não só os hereditários da tradição aristocrática como, sobretudo, os corporativos de
determinadas classes que ascendem ao poder. É basicamente o direito de todos de
desenvolver diferenças ou desigualdades, o direito igual de ser reconhecido como
desigual. O que significa que, se alguém invoca a cidadania em defesa de direitos,
seus deveres não podem ser ignorados.

Marshall, T.H. Cidadania, classes sociais e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. p. 76.

SÍNTESE
Nesta Unidade de Ensino, você estudou o que é Diversidade Cultural, o que
é Cultura, as relações entre Cultura e Diversidade, Cultura material e não material.
Assim como você teve a possibilidade de verificar vários exemplos de Diversidade
Cultural no Brasil e no mundo.
Nessa dinâmica, também estudamos o que é Etnocentrismo, no sentido que
cada povo poderá achar a sua cultura melhor que a de outros povos. Para finalizar
esta Unidade, nós estudamos as contribuições da cultural indígena no Brasil e as
influências da cultura negra no Brasil.
Podemos começar a pensar no quanto essas questões influenciam na
Educação, na Democracia e Cidadania do nosso país, o que veremos no próximo
capítulo.
Você estudou o que é democracia, cidadania e diretos civis, políticos e sociais
e sua aplicação na atualidade. Assim como, você pôde conhecer e refletir quais são
os principais direitos e deveres dos cidadãos na contemporaneidade, nisso, uma
análise permeia essa discussão, referente se essa temática se concretiza na prática
cotidiana ou não.

QUESTÕES PARA REVISÃO


1. O fato de o homem ver o mundo por meio de sua cultura tem como consequência a
propensão para considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural.
Essa tendência se denomina por :

a)(____) Heterocentrismo
b)(____) Antropocentrismo
c)(____) Heliocentrismo
d)(____) Egocentrismo
e)(____) Etnocentrismo

72
2. (UEL - HORTON, P. B. & HUNT, C. L. Sociologia. Tradução de Auriphebo Berrance
Simões. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.) “Enunciado de maneira menos
formal, Etnocentrismo é o hábito de cada grupo de tomar como certa a superioridade
de sua cultura”. “Todas as sociedades conhecidas são etnocêntricas”. “A maioria dos
grupos, senão todos, dentro de uma sociedade, também é etnocêntrica”. “Embora
o Etnocentrismo seja parcialmente uma questão de hábito é também um produto
de cultivo deliberado e inconsciente. A tal ponto somos treinados para sermos
etnocêntricos que dificilmente qualquer pessoa consegue deixar de sê-lo”.

Com base nessas informações e nos conhecimentos sobre o tema, considera-se


etnocêntrica a seguinte alternativa:

a)(____) O crescimento do PIB argentino tem sido muito superior ao do brasileiro nos
últimos quatro anos.
b)(____) A raça ariana é superior.
c)(____) A produtividade da mão de obra haitiana é inferior à da chilena.
d)(____) Não gosto de música sertaneja.
e)(____) Acredito em minha religião

3. O Etnocentrismo pode ser definido como uma “atitude emocionalmente


condicionada que leva a considerar e julgar sociedades culturalmente diversas
com critérios fornecidos pela própria cultura. Assim, compreende-se a tendência
para menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou divergem dos da
cultura do observador que exterioriza a atitude etnocêntrica. [...] Preconceito racial,
nacionalismo, preconceito de classe ou de profissão, intolerância religiosa são
algumas formas de Etnocentrismo”. (WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto
Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)

Com base no texto e nos conhecimentos de Sociologia, assinale a alternativa cujo


discurso revela uma atitude etnocêntrica:

a)(____) A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à presença, em sua


formação, de etnias de tipo incivilizado.
b)(____) Os povos indígenas detêm um acúmulo de saberes que podem influenciar as
formas de conhecimentos ocidentais.
c)(____) Os critérios de julgamento das culturas diferentes devem primar pela tolerância
e pela compreensão dos valores, da lógica e da dinâmica própria a cada uma delas.
d)(____) As culturas podem conviver de forma democrática, dada a inexistência de
relações de superioridade e inferioridade entre elas.
e)(____) O encontro entre diferentes culturas propicia a humanização das relações
sociais, a partir do aprendizado sobre as diferentes visões de mundo.

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4. Quais as causas e efeitos do Etnocentrismo? ____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. A partir da leitura referente às contribuições da cultura indígena no Brasil, pesquisa


na internet, na página da FUNAI, quantos índios vivem atualmente no Brasil e como
eles estão distribuídos? ____________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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6. Além das contribuições citadas da cultura negra no Brasil, pesquise e cite mais
influências dessa cultura na culinária brasileira: ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

PARA SABER MAIS


O lado dramático e cruel da situação educacional brasileira está exatamente
aí. O homem da camada social dominante tira proveito das deformações de sua
concepção de mundo. Ao manter a ignorância, preserva sua posição de mando,
com os privilégios correspondentes. O mesmo não sucede com o homem do Povo.
As deformações de sua concepção de mundo atrelam-no, indefinidamente, a
um estado de incapacidade, miséria e subserviência. Transformar essa condição
humana, tão negativa para a sociedade brasileira, não poderia ser uma tarefa
exclusiva das escolas. Todo o nosso mundo precisaria reorganizar-se, para atingir-
se esse fim. No entanto, é sabido que as escolas teriam uma contribuição específica
a dar, como agências de formação do horizonte intelectual dos homens. Cabia à
lei fixar certas condições, que assegurassem duas coisas essenciais: a equidade
na distribuição das oportunidades educacionais; a conversão das escolas em
instituições socializadoras, pondo cobro ao divórcio existente entre a escolarização

74
e o mito social. Ainda aqui a lei se mostra parcial e inoperante. Atende aos interesses
dos novos círculos de privilegiados da sociedade brasileira, como as classes médias
e ricas das grandes cidades, e detém-se diante do desafio crucial: a preparação do
homem para a democracia, que exige uma educação que não seja alienada política,
social e historicamente.
FERNANDES, Florestan. Educação e sociedade no Brasil. São Paulo: Dominus/Edusp, 1966. p. 537.

Os leitores interessados em aprofundar seus conhecimentos podem


consultar as seguintes obras:

GEERTZ, Clifford: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.


GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012.
LARAIA, Roque. de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14. ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editores, 1986.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: uma
introdução. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
OLIVEIRA, Pérsio O. Introdução à Sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática, 2001.
RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da educação. Rio de Janeiro: Lamparina Editora,
2011.
TIRADENTES, J. A. Sociedade em construção: história e cultura afro-brasileira. São
Paulo: Ed. Direção, 2009.
TIRADENTES, J. A. Sociedade em construção: história e cultura indígena brasileira.
São Paulo: Ed. Direção, 2009.

75
UNIDADE DE ENSINO 4

ESTUDO SOCIOLÓGICO
DA EDUCAÇÃO NA
CONTEMPORANEIDADE
E
A FUNÇÃO SOCIAL
DA ESCOLA
CONTEÚDOS DA UNIDADE
1. Sociedade e Educação
2. Organização, sujeito e processos
3. A Escola na contemporaneidade
4. As dimensões sociais da Escola

OBJETIVOS DA UNIDADE
O objetivo desta Unidade é que você tenha possibilidade de analisar
a sociedade e educação na perspectiva sociológica, no contexto do que é
uma organização, quando constituída como uma estrutura, o sujeito e os
processos que derivam dessa relação.
A Unidade objetiva também que você compreenda a Escola e sua
função social, assim como as dimensões em que ela atua.

Estimado (a) Aluno (a)


Nos últimos capítulos deste livro, nós vamos convidá-los a integrar os
estudos realizados referentes à Sociologia e Antropologia, assim como os estudos
culturais, educação, democracia e cidadania no contexto de análise da educação
contemporânea e no contexto da escola e sua função social.
A partir disso, os fundamentos teóricos dos pensadores da Sociologia e
seus processos de desenvolvimento no século XX, oferecem hoje argumentações
coerentes para a discussão no contexto educacional.
Mas, você poderá estar se perguntando:

Como analisar a Educação a partir da base do pensamento sociológico?

SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
Podemos dizer que para compreender os conflitos sociais que envolvem a
Educação, é necessário analisar algumas situações da atualidade como, por exemplo,
a economia e o estado capitalista. Esta poderá ser uma das mais importantes
contribuições da Sociologia para a área educacional, confrontá-la com os aspectos
econômicos, políticos e culturais.
Nesse sentido, é interessante lembrar que na perspectiva sociológica, as
ideias não surgem de cérebros brilhantes, mas são construídas no cotidiano das
relações e interações, construções sociais, como resultados dos conflitos que se
estabelecem na sociedade.
Conforme Rodrigues (2011, p. 92):
As ideias e valores, o mundo da cultura, enfim, o conteúdo
que ao fim e ao cabo é ensinado nas relações educacionais,
são fruto da luta cotidiana por interesses econômicos e por
poder político. O próprio método, a pedagogia com a qual se
ensinam esses conteúdos contêm, à luz da análise socio-
lógica, um viés ideológico. Os grupos e classes dominan-
tes procuram sempre fazer com que as ideias e os valores
aceitos por todos sejam os seus próprios valores e ideias. As
práticas pedagógicas, isto é, os princípios e métodos que in-
formam as técnicas educacionais estão sujeitas ao conflito
ideológico vigente numa dada sociedade.

Você pode perceber nessa dinâmica que a educação, do ponto de vista


sociológico, é um lugar para as discussões e a análise dos conflitos, assim como
questionamentos sobre as organizações (estruturas estabelecidas), sobre os
processos e, por fim, como os sujeitos poderão interferir nas transformações
necessárias.
Na unidade 2 deste livro, nós estudamos os principais teóricos da Sociologia,
dentre eles, Émile Durkheim. Para ele, a Educação tem um papel primordial na
socialização das crianças. Ele argumenta que a escola auxilia para que a criança
internalize as regras sociais que contribuem para o funcionamento da sociedade.
Essa preocupação de Durkheim refere-se ao individualismo cada vez maior
no século XIX, que, na visão do autor, ameaçava a solidariedade social. Por isso,
considerava que a escola deveria ensinar a responsabilidade mútua e o valor do bem
coletivo, como a experiência de viver numa sociedade em miniatura.
Essa visão do pensador referia-se, principalmente, para as sociedades
industriais, afirma que:
O homem que a educação deve realizar, em cada um de nós, é o homem que a
natureza fez, mas o homem que a sociedade quer que ele seja; e ela o quer
conforme o reclame a sua economia interna, o seu equilíbrio.
Émile Durkheim (Educação e Sociologia)
Já para Karl Marx, a ligação entre educação e esfera produtiva ocorre na
dimensão que supera os conhecimentos de estudos históricos do contexto industrial,
ocorre na perspectiva de comportamento e visão de mundo. Giddens (2012) aponta
sobre uma pesquisa americana de Bowles e Gintis e que a investigação baseia-se
num princípio de correspondência, ou seja, que a estrutura escolar corresponde à
estrutura das necessidades profissionais.
Do sistema fabril [...] brotou o germe da educação do futuro, que conjugará o
trabalho produtivo de todos os meninos além de uma certa idade com o ensino e a
ginástica, constituindo-se em método de elevar a produção social e no único meio
de produzir seres humanos plenamente desenvolvidos.
Karl Marx (O capital)
Embora Weber não tenha construído uma teoria voltada para área
educacional, encontramos vestígios de suas ideias na estrutura escolar e nas
práticas pedagógicas, quando analisamos, por exemplo, a questão do processo de
racionalização, de desencantamento do mundo moderno.
Nisso, Weber referia-se ao processo de racionalização, em que considera
a ciência organizada por leis rígidas, desprezando o sobrenatural, e valorizando a
racionalidade e a burocratização dos processos.

79
Por trás de todas as discussões atuais sobre as bases do sistema educacional,
oculta-se, em algum aspecto mais decisivo, a luta dos especialistas contra o tipo
mais antigo de homem culto. Essa luta é determinada pela expansão irresistível
da burocratização de todas as relações públicas e privadas de autoridade e pela
crescente importância dos peritos e do conhecimento especializado.
Marx Weber (A Burocracia)

No entanto, diante dos teóricos propostos para análise, ainda podemos dizer
que a Sociologia analisa a Educação como um processo social e global que ocorre em
toda a sociedade, sendo a sua estrutura parte integrante de um sistema global, mas
sem perder a Escola da dimensão de unidade sociológica.
É importante destacar neste estudo que quando a Sociologia faz as suas
contribuições em relação à Educação, os teóricos apresentados referem-se ao
contexto da educação na escola, o que podemos definir como sistemática, ou de
modo formal. Mas, não podemos desconsiderar que o sujeito também aprende de
modo informal, por meio de uma educação assistemática, o que muitos teóricos da
atualidade defendem como o respeito e o princípio do ensino, a partir do conhecimento
prévio, alguns também conhecem por educação assistemática.

ORGANIZAÇÃO, SUJEITO E PROCESSOS


Para buscar essa resposta, podemos iniciar, a partir da análise das fontes
teóricas, que a Sociologia é capaz de criar entre os processos e instituições
educacionais, de um lado, e os processos e instituições sociais, do outro. Podemos
falar em duas perspectivas que se cruzam e se complementam a Educação e a
sociedade na dimensão sociológica. Podemos perceber o que será proposto nessa
análise, a partir da figura que segue:

Figura 49: Educação e Sociedade


Fonte: Autor

80
O ponto principal do estudo desta Unidade de Ensino é conseguir identificar
as influências das estruturas sociais já estabelecidas, na vida cotidiana, nas questões
educacionais. Ou seja, podemos pensar até que ponto um determinado fenômeno
social poderá interferir na Educação?
Nisso, podemos dizer que temos três dimensões: a organização, o sujeito e
os processos.
A organização refere-se às instituições e suas estruturas de autoridade e de
legitimidade. Os sujeitos são as pessoas, grupos ou classes que lutam para a ruptura
ou a continuidade da organização. Os processos sociais podem ser considerados a
interação ente os sujeitos e as organizações.
Assim, a análise sociológica precisa
passar pelas organizações (aquilo que está
estabelecido) e também pelos processos (aquilo
que está em mudança).
Para exemplificar essa situação da
análise, basta lembrar que a sociedade é dividida
por classes. Se pensarmos na versão de classes
conforme Marx, o modo pelo qual os sujeitos
se relacionam com o sistema produtivo e suas
atribuições nele; ou na visão de Weber, a forma
como são distribuídos, o acesso ao consumo de
bens, percebemos que a sociedade apresenta
certa estrutura nessas classes. Sendo assim, podemos dizer que seria compreensível
que as classes em desvantagens econômicas, dinamizem ações para transformar
essa realidade; enquanto, outras classes com maior vantagens econômicas, poderá
estar empreendendo energia e esforço para manter a situação favorável.
Por isso, existe esta relação sociológica de análise entre a organização
(estrutura), os sujeitos (grupos, classes) e os processos (que lutaram para manter
ou romper com as situações).

A ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE
Agora vamos estudar a função da escola como transformadora social.
Podemos iniciar os nossos estudos, a partir da seguinte pergunta:
QUAL A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE?
O mundo contemporâneo está testemunhando um
forte momento de transformações e desafios no campo
social, tecnológico e educacional, que acabam
resultando em diferentes visões e necessidades da
humanidade como um todo. Um desses desafios que
está sendo proposto é a educação escolar como
função social que responda a competências
pertinentes ao contexto global para o processo de
igualdade de direitos no que se refere ao acesso à
educação de qualidade.

81
Vygotsky1 (1988) explica que o ser humano é um ser social e o seu
desenvolvimento ocorre na participação do meio em que está inserido. Por isso,
o simples contato com o objeto de conhecimento não garante a aprendizagem e a
interação com o outro é essencial para que esse processo se realize.

AS DIMENSÕES SOCIAIS DA ESCOLA


Para compreendermos um pouco da função social da escola, é importante
estudar em que dimensões ela atua.
Nessa perspectiva, a função social da escola direciona-se em duas
dimensões:
a) Dimensão pedagógica: podemos dizer que essa dimensão refere-se a
aspectos relacionados à aprendizagem sistemática, que se organiza no
tempo pedagógico, docentes, formação continuada, recursos didáticos e
desenvolvimento de projetos educativos.
b) Dimensão política: essa dimensão refere-se aos processos políticos
que formam o educando na perspectiva de possibilitar momentos de
construção da autonomia, de criticidade e emancipação.

Essa perspectiva da escola na contemporaneidade não caberia a prática da


transmissão de conteúdos, descontextualizada e fortalecendo a disjunção entre
sujeito e objeto (WAQUIL, 2008). Os recursos e estratégias pedagógicas possibilitam
uma mudança do aprendizado transmitido para o aprendizado interativo e oferecem
grandes promessas de um novo modelo de aprendizagem, baseado na descoberta e
na participação (TAPSCOTT, 1999).
“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua própria produção ou sua construção”.
(FREIRE, 1999, p. 52).

Você pode estar pensando que existem outras instituições sociais que
também cumprem sua função social, como a família, a Igreja e até os meios de
comunicação de massa. No entanto, a Escola é a instituição que foi planejada e
estruturada para transmitir a herança cultural da sociedade.
Como citado no capítulo anterior, a Escola, na perspectiva da Sociologia é
analisada, a partir da dimensão de uma unidade sociológica, vista como uma reunião
de indivíduos (alunos, professores e funcionários) com objetivos comuns e em
contínua interação, a escola é um grupo social que transmite cultura.
Diante disso, a escola apresenta alguns compromissos sociais, dentre
eles, de possibilitar o acesso aos conhecimentos sistematizado, de acordo com a
preparação para as necessidades de indivíduos e/ou grupos, preparando os sujeitos
para uma aprendizagem permanente.
Nessa proposta, podemos observar que a função Escola perpassa por
questões cognitivas de conhecimentos sistemáticos, assim como por sua função
social, isso pode ser observado no texto a seguir.
1 A grafia do nome Vygotsky será escrita no livro com dois “Y”, conforme a bibliografia consultada.

82
Fonte: educadores.senad.gov.br

PARA REFLETIR
A ESCOLA É UMA PEÇA DE UMA ENGRENAGEM MAIOR

A maneira como a Escola está organizada é o resultado da organização em


seu conjunto [...].
Vale a pena tentar mudar a Escola?
Há quem pense que, enquanto as relações de poder na sociedade não
mudarem, a Escola continuará funcionando do mesmo jeito. Essas pessoas acham
que não adianta tentar mudar a Escola.
Ora, os que pensam assim esquecem que, justamente porque a Escola está
dentro da sociedade, quando mexemos na Escola estamos mexendo na sociedade.
E a sociedade, por sua vez, também não é uma coisa fixa, parada, que não muda. A
sociedade não são só os donos do poder. A sociedade são também todos aqueles que,
até agora, não tiveram vez nem voz.
83
A sociedade somos todos nós.
A sociedade pode e deve mudar, mas somos nós que temos de procurar
essas mudanças. Nós que achamos, por exemplo, que a Escola é uma coisa muito
importante e que ela está funcionando muito mal.
Muita coisa pode ser feita para melhorar a Escola [...]. É urgente e prioritário
adotar medidas que assegurem a todas as crianças o ingresso na Escola e sua
permanência no ensino pelo maior tempo possível. Algumas dessas medidas práticas,
com efeito positivo imediato, são as seguintes: prolongamento do tempo de duração
da jornada escolar; adaptação do horário e do calendário escolar às necessidades das
crianças que trabalham; distribuição gratuita de todo o material escolar. Incentivar
de alguma forma as famílias para que encaminhem seus filhos para a Escola é
fundamental.
Trecho extraído de: CECCON, Claudius; OLIVEIRA, Miguel Darcy; OLIVEIRA, Rosiska Darcy. A vida na escola
e a escola da vida.

SÍNTESE
Nesta Unidade, você estudou a conceitualização de Sociedade e Educação,
Educação e Sociologia com a contribuição de três pensadores, Émile Durkheim, Karl
Marx e Max Weber na perspectiva sociológica, a partir da organização (estrutura),
sujeito (grupos e classes) e processos (a interação entre a estrutura estabelecida e a
luta pela permanência ou mudança da estrutura).
Você estudou a Escola e sua função social, as dimensões em que ela atua.
Sendo essas, na dimensão pedagógica, que se refere à aprendizagem sistemática.
E a dimensão política que se refere aos processos políticos de formação social do
indivíduo.

QUESTÕES PARA REVISÃO


1. A partir das leituras realizadas nesta Unidade, como você relaciona os problemas
sociais ao contexto educacional? Justifique sua resposta: _________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2. Como você relaciona os três teóricos, citados nesta Unidade, e suas contribuições
para a área da Educação: _____________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Pensando em sua própria experiência na escola, como você identifica a sua
formação, que posturas e comportamentos foram exigidos de você? Encaixar-se-ia
com a teoria de Durkheim, Marx ou Weber? Justifique a sua resposta: _____________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Como Sociologia especial, a Sociologia da Educação estuda:

I. A educação como processo social global que ocorre em toda a sociedade.


II. Os sistemas escolares, ou seja, o conjunto de uma rede de escolas e sua
estrutura de sustentação, como partes do sistema social mais global;
III. A escola como unidade sociológica e a sala de aula como subgrupo de ensino.
Você considera correta:
a)(____) todas as sentenças.
b)(____) somente as sentenças I e II.
c)(____) somente as sentenças II e III.
d)(____) somente as sentenças I e III.
e)(____) todas as sentenças.

5. Observe a figura abaixo, adaptada do livro Cuidado, Escola:

Relacionando-a às frases abaixo, você diria que a sua melhor interpretação é:

a)(____) A Educação é um processo que mantém a cultura das gerações mais velhas
pela impossibilidade de reação dos jovens.
b)(____) Os fins justificam os meios: o importante é que o jovem receba o que os mais
velhos têm a lhe transmitir.
c)(____) O fato de não querer receber o que os mais velhos querem lhe transmitir
permitirá que o jovem renove a sociedade a partir de si mesmo.
d)(____) A Educação é um processo que acaba se mostrando benéfico, mesmo que as
gerações mais novas reajam, num primeiro momento.
e)(____) A Educação é a ação pela qual as gerações adultas transmitem sua cultura às
gerações mais jovens.
85
6. Observe a figura abaixo, adaptada do livro Cuidado, Escola:

Relacionando-a às frases abaixo, você diria que a sua melhor interpretação é:


a)(____) A Educação que ocorre na escola incorpora sempre a educação assistemática
que o aluno traz da sua vida.
b)(____) A Educação sistemática e a Educação assistemática são uma mesma coisa
que acontece, apenas, em lugares diferentes.
c)(____) A Educação sistemática e a Educação assistemática têm os mesmos
conteúdos, mas cada uma deve preservar seus espaços de atuação.
d)(____) A Educação sistemática escolar, muitas vezes, desconsidera as contribuições
da Educação assistemática.
e)(____) A principal tarefa do professor é evitar que os elementos da Educação
assistemática atrapalhem a Educação sistemática praticada nas escolas.

PARA SABER MAIS


USANDO SUA IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA - O ENSINO DA “ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL”

A “alfabetização emocional” foi ensinada no Ensino Médio na Inglaterra.


Um esquema-piloto, envolvendo por volta de 50 escolas, testou os benefícios
de aulas para ajudar os alunos a falar sobre seus sentimentos. Isso poderia envolver
o uso de ideias como “caixas das preocupações”, para as quais os alunos poderiam
enviar cartas expressando suas preocupações.
Essas aulas, que promovem a inteligência emocional, já estão ocorrendo no
Ensino Fundamental.
O governo considera essas aulas para crianças pequenas um sucesso – e
espera-se que elas sejam estendidas ao Ensino Médio.

“ADMINISTRAÇÃO DA RAIVA”

O ensino da “alfabetização emocional” visa a ajudar o comportamento dos


alunos – com aulas sobre temas como o manejamento ou administração da raiva para
acalmar confrontos e a agressividade na sala de aula. Existem preocupações sobre o
bullying nas escolas – e a violência entre os alunos – e essas aulas incentivam as
crianças a falar sobre suas ansiedades. Nas escolas primárias, isso tem envolvido
86
abordagens como o “hora da roda”, em que as crianças discutem preocupações ou
desavenças que possam estar incomodando ou preocupando.
Entre as áreas que podem ser cobertas, estão autoconsciências, amizades,
empatia e motivação pessoal. “As habilidades sociais, emocionais e comportamentais
devem ser reforçadas e praticadas regularmente, bem como desenvolvidas á medida
que as crianças crescem”. Afirma um porta-voz do Department for Education and
Skills. “Essas habilidades são vitais para se continuar a promover o comportamento
positivo e também vitais para a aprendizagem, que continuam ambos a ser de
importância vital.”
Fonte: BBC News, 28 de novembro de 2005.

Os leitores interessados em aprofundar seus conhecimentos podem


consultar as seguintes obras:

GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012.


OLIVEIRA, Pérsio O. Introdução à Sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática, 2001.
RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da educação. Rio de Janeiro: Lamparina Editora,
2011.
CORTELLA, Mario Sergio. Novos Paradigmas da Educação. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=k0wlwV8XphY>.

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GABARITOS
UNIDADE 1
1. Texto crítico e analítico do aluno que fale sobre o estudo do homem na sociedade
2. Texto crítico e analítico do aluno que fale da divisão de classes
3. Texto crítico e analítico do aluno que trate da análise do sujeito no contexto
sociológico.
4. b
5. b
6. e
7. Alternativa A. O objeto da Sociologia, segundo Durkheim, é o Fato Social, que é
caracterizado pela sua coercitividade, exterioridade em relação aos indivíduos e
pela sua generalidade
8. d
9. e
10. a
11. Texto crítico e analítico do aluno que trate da relação entre Comte e Durkheim
referente ao Fato Social
12. a

UNIDADE 2
1. c
2. b
3. b
4. b
5. d
6. c
7. Texto crítico e analítico do aluno que trate de divisão de classes e de processo pro-
dutivo.
8. Texto crítico e analítico do aluno que apresente exemplos de movimentos.
9. d
10. b
11. a
12. Texto crítico e analítico do aluno que trate da relação cultura e Educação, pois a
Educação formal na representação da escola é quem transmite a cultura do seu
povo
13. Texto crítico e analítico do aluno que apresente cultura como um conjuntos de
costumes, crenças e vivências de um povo.
14. Texto crítico e analítico do aluno que relate sobre o homem na dimensão de ser
representante de sua cultura.

90
UNIDADE 3
1. e
2. b
3. a
4. Texto crítico e analítico do aluno que trate dos efeitos do etnocentrismo, sendo que,
dentre muitos, podemos citar o preconceito.
5. Texto crítico e analítico do aluno que apresente os dados da FUNAI com total de
817.963 índios no país.
6. Texto crítico e analítico do aluno que relate sobre exemplos da herança negra na
culinária brasileira. Um destes exemplos é a feijoada.

UNIDADE 4
1. Texto crítico e analítico do aluno que trate de problemas sociais na relação com o
contexto educacional.
2. Texto crítico e analítico do aluno que apresente os três teóricos Durkheim, Marx e
Weber.
3. Texto crítico e analítico do aluno
4. a
5. e
6. d

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