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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Economia e Gestão

Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental

Gestão de Recursos Hídricos e Desastres Naturais– caso de Estudo da Cidade de


Nampula, bairro de Napipine, 2022

Alberto José Cardoso Chipeua: 81210400

Nampula, Setembro de 2022


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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Economia e Gestão

Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental

Gestão de Recursos Hídricos e Desastres Naturais– caso de Estudo da Cidade de


Nampula, bairro de Napipine, 2022

Trabalho de Campo da cadeira de Gestão de recursos Hídricos a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental 2º Ano do ISCED.

O Estudante Os Tutores

Alberto José Cardoso Chipeua: 81210400 Jenita Benício Cangola

Nampula, Setembro de 2022


Índice

1. Gestão de Recursos Hídricos e Desastres Naturais.................................................................3

1.1. Introdução............................................................................................................................3

1.2. Objectivos............................................................................................................................4

1.2.1. Objectivo geral..................................................................................................................4

1.2.2. Objectivos específicos......................................................................................................4

1.3. Metodologia e estrutura.......................................................................................................4

1.4. Gestão de Recursos Hídricos e Desastres Naturais– caso de Estudo da Cidade de


Nampula, bairro de Napipine, 2022............................................................................................5

1.4.1. Caracterização física geográfica e socioeconómica do bairro de Napipine, Nampula.....5

1.4.2. Formas ou causas da degradação dos solos......................................................................5

1.4.3. Os impactos socioambientais da degradação dos solos....................................................7

1.4.4. Medidas para mitigação dos impactos da degradação dos solos......................................8

1.5. Conclusões e recomendações.............................................................................................11

1.6. Referências bibliográficas..................................................................................................12

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1. Gestão de Recursos Hídricos e Desastres Naturais
1.1. Introdução
A localização geográfica do bairro de Napipine em Nampula cidade, faz com que ele seja
vulnerável a eventos extremos de origem meteorológica tais como secas, cheias e ciclones
tropicais e de origem geológica como é o caso de erosões. Entre todas as diversas zonas do
bairro de Napipine, Nampula Cidade, as zonas de Naquipiche, 8 de Março e da Coca-cola são
as mais vulneráveis, devido à degradação da terra caracterizada por perda persistente de
produtividade de vegetação, solos e prática intensiva de agricultura e exacerbada pelo seu uso
inapropriado. O solo é produto da desintegração e decomposição de rochas pelo trabalho da
água, temperatura, ar, organismos. O solo como recurso natural gerador de energia, no qual os
seres vivos são dependentes para a manutenção da vida, vêm sofrendo impactos que resultam
em sua degradação. Essa degradação do solo ocorre por toda parte.

Devido à extrema importância que o solo representa para todos os seres viventes, em especial
para o Homem, é que achou-se pertinente analisar o impacto da degradação dos solos
relacionados com a gestão deficitária de recursos hídricos na cidade de Nampula em particular
do bairro de Napipine. Em Naquipiche, 8 de Março e Coca-Cola, a degradação do solo
aumenta em consequência do desenvolvimento e crescimento populacional. Para atender a
demanda de alimentos e materiais, o solo e a biodiversidade são destruídos. As actividades
realizadas, que necessitam de ocupação do solo são os principais factores contribuintes para a
degeneração do mesmo. A destruição do solo gera preocupações para quem está atento ao
futuro das zonas acima mencionadas, o solo é a base para qualquer actividade, por isso deve-
se utilizar de forma racional.

É neste olhar virado para o futuro das zonas acima e da cidade em geral que surge o presente
trabalho de Gestão de Recursos Hídricos que fala sobre: “Gestão de Recursos Hídricos e
Desastres Naturais– caso de Estudo da Cidade de Nampula, bairro de Napipine, 2022” traz
uma reflexão em torno de uma ameaça decorrente na cidade de Nampula, concretamente no
bairro de Napipine, zonas de Naquipiche, 8 de Março e Coca-Cola. Trata-se de processo de
erosão, um facto que tem-se desenvolvido nos últimos tempos devido ao processo acelerado
de urbanização e prática crescente da agricultura.

A pertinência deste trabalho surge na medida em que ao longo do mesmo vamos perceber as
influências do processo de degradação dos solos.

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1.2. Objectivos
Segundo Libaneo (1992 cit. em Lima, 2005), “objectivos são os pontos de partida, as
premissas gerais do processo pedagógico. Representam as exigências da sociedade em relação
a escola, ao mesmo tempo reflecte as opções político – pedagógicas dos agentes educativos
em face das condições sociais existentes na sociedade” (p.122). Foi com este olhar que houve
necessidade de formular um objectivo geral e três específicos.

1.2.1. Objectivo geral


O trabalho tem como objectivo geral, analisar o impacto da degradação dos solos na cidade
de Nampula.

1.2.2. Objectivos específicos


Para concretizar esse objectivo geral definem-se os seguintes objectivos específicos:
 Apresentar a caracterização física geográfica e socioeconómica da cidade de Nampula,
em particular as zonas de Naquipiche, 8 de Março e Coca-Cola;
 Identificar as formas ou causas da degradação dos solos;
 Descrever os impactos socioambientais da degradação dos solos;
 Sugerir medidas para mitigação dos impactos da degradação dos solos.

1.3. Metodologia e estrutura


Do ponto de vista metodológico, baseamo-nos na pesquisa bibliográfica, através de uma
abordagem qualitativa baseada no método hermenêutico textual que permitiu o resumo de
principais ideias sobre o tema focado neste trabalho. Com efeito, consultamos obras de
Geografia que se debruçam sobre solos, causas e consequências de sua degradação, onde
destacamos autores como: Gonçalves (2002); Santos (2009) e; Oliveira (2005) que estão
patentes nas referências bibliográficas. Para a análise, usamos o método de análise de
conteúdo.

Estruturalmente, o trabalho que está organizado em capa, contracapa, um índice completo,


esta introdução, seguindo-se dos objectivos; Metodologia; Desenvolvimento; Conclusão e
referências bibliográficas.

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1.4. Gestão de Recursos Hídricos e Desastres Naturais– caso de Estudo da Cidade de
Nampula, bairro de Napipine, 2022
1.4.1. Caracterização física geográfica e socioeconómica do bairro de Napipine,
Nampula
A área de estudo, Zonas de Naquipiche, 8 de Março e Coca-Cola, situa-se na cidade de
Nampula. As zonas na sua generalidade têm uma forma rectangular alongada, com um
comprimento máximo de 18 km, segundo a direcção E-W e com largura máxima de 23 km N-
S (Ribeiro, 1949). Essas zonas estão interligadas, começando com a zona de 8 de Março,
seguindo a de Napipine e de Coca-Cola.

A cidade de Nampula tem um clima subtropical, com temperaturas amenas o ano inteiro
devido à sua localização, a sotavento dos ventos dominantes, que a torna das mais quentes de
todas as zonas.

Figura: aspecto físico de algumas zonas do bairro de Napipine – Nampula (uma erosão que vem se
desenvolvendo nos últimos tempos)

Fonte: Captado pelo autor deste trabalho (2022)

1.4.2. Formas ou causas da degradação dos solos


A exposição do solo a alguns agentes físicos e químicos, contribui para o processo de
degradação, e consequentemente ocorre a diminuição da produtividade. A degradação pode
contribuir para a deterioração desse solo, sendo ela por interferência humana ou por factores
naturais, incluindo as variações climáticas. As formas para se degradar o solo são diversas, as
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mais comuns são desmatamento, expansão desordenada de cidades, poluição, uso de
substâncias tóxicas e o intemperismo. Um solo degradado apresenta as seguintes
características:
 Desequilíbrio nutricional;
 Compactação e pulverização (aplicação de líquidos em pequenas gotas) do solo;
 Queda da actividade biológica e dos níveis de matéria orgânica;
Além desses factores “um solo degradado apresenta acidificação, salinização, perda de
estrutura, diminuição da permeabilidade entre outros. O ideal é prevenir a degradação, pois
um solo degradado, mesmo com interferências de adubos e fertilizantes, não terá a mesma
capacidade de produção, comparado com o não degradado” (Gonçalves, 2002, p.57).

O principal motivo para a degradação dos solos é a utilização inadequada dos mesmos, que se
deve principalmente a três fenómenos: práticas agrícolas inadequadas; excesso de pastoreio e
desflorestação.

Em Napipine, a prática da agricultura para subsistência é extrema, e o mais agravante é que os


praticantes não seguem a rotação de culturas, e aplicam produtos químicos na prática de suas
actividades.

Nas zonas de Naquipiche, 8 de Março e Coca-Cola verificam-se práticas agrícolas


tradicionais, utilizadas sem critério, com densidades excessivas e com os períodos de pousio
cada vez mais curtos, com ou sem fertilizantes naturais, podem levar ao enfraquecimento da
capacidade natural do solo de recuperar a sua fertilidade, levando à degradação do mesmo e à
redução da sua produtividade agrícola. Também a má gestão dos sistemas de água e de
irrigação, que levam frequentemente aoencharcamento e à salinização do solo, reduzindo
ainda a produtividade agrícola. Condições de baixa produtividade agrícola levam
normalmente à intensificação das colheitas, especialmente monoculturas, expansão da
agricultura para áreas marginais, utilização de máquinas agrícolas e práticas não indicadas
para as condições regionais de solos e água, que agravam o problema da degradação. As
cabeças de gado afectam/degradam o solo de dois modos – promovendo maior perda da
cobertura vegetal, consumido pelos animais e, maior compactação do solo, sob as patas dos
mesmos. O aumento das áreas agrícolas e a extinção dos mecanismos tradicionais de controlo
do número de cabeças de gado leva a um deslocamento dos pastos para zonas que não
suportam os rebanhos e manadas, reduzindo a qualidade destas e degradando ainda mais os
solos. Dentre as várias actividades humanas: o abate de árvores, queimadas descontroladas,
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práticas inadequadas na agricultura, o uso e aproveitamento de terras em áreas propensas à
erosão de solos; são as principais causas de erosão em Moçambique.

1.4.3. Os impactos socioambientais da degradação dos solos


Segundo Santos (2009), “a degradação dos solos leva:
 À redução da cobertura vegetal;
 Desgaste dos solos;
 Ao aumento das alterações dos habitats naturais;
 À redução da qualidade da água;
 À redução da eficiência da utilização e gestão dos recursos hídricos;
 Ao aumento do risco de insectos e doenças devido à redução da capacidade de
controlo biológico, aumento de riscos para a saúde humana pela mesma razão e pela
redução da qualidade da água;
 Ao aumento da prevalência de eventos catastróficos como deslizamentos de terras e
cheias;
 À redução da resiliência do solo às variabilidades climáticas;
 Quando o solo estiver no seu estado mais avançado de degradação, leva à
desertificação, que é o estágio final” (pp.59-61).

O que se tem vivido na cidade de Nampula, concretamente no bairro de Napipine são os


sinais de desgaste de solos e redução da cobertura vegetal, aliada a pratica de actividades
agrícolas como é o caso de plantio de vegetais tais como couve, alface, tomate, entre outros.
A imagem a seguir ilustra uma das indicações referentes a degradação dos solos na cidade de
Nampula.

Figura: consequências da degradação do solo

Fonte: captado pelo autor deste trabalho (2022)

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Pela imagem acima pode-se notar que a travessia no rio Napipine está condicionada, havendo
dificuldades de mobilidade de bens e serviços bem como de pessoas. Esse fenómeno afecta a
economia do local, neste caso zonas de Naquipiche, 8 de Março e Coca-Cola. Para além dessa
economia comprometida que visivelmente se percebe, há a questão da dificuldade de unidade
social entre os moradores das zonas em causa.

Portanto, a degradação do solo pode provocar, do ponto de vista socioambiental, impactos


directos tanto no local onde as mesmas se instalaram quanto indirectos no entorno das áreas
que estão sujeitas a erosão. Por outro lado, do ponto de vista socioeconómico, também há
perdas, pois além dos danos materiais e dos custos envolvidos nas obras para conter o avanço
da degradação, não é possível desenvolver qualquer tipo de actividade próximo a essas
incisões.

Sobre o ponto de vista social, o poder público por meio dos municípios, defesa civil e demais
órgãos, precisam tomar decisões no sentido de recuperar, ou em caso extremos, como o aqui
exposto, tomar medidas urgentes, pois esse problema não é recente e tem causado sérios
danos não apenas aos recursos naturais tais como o solo, fauna, vegetação e nascentes, mas
também as famílias, principalmente as que moram nas margens e que precisam de tais
recursos para sua subsistência (Santos, 2009).

1.4.4. Medidas para mitigação dos impactos da degradação dos solos


Para que a degradação do solo não ocorra, além do seu planejamento ocupacional, algumas
medidas preventivas são necessárias, visando ao seu uso sustentável e racional. Os principais
factores que geram a degradação ou depauperação do solo estão relacionados com a ocupação
do solo de forma não planejada e não sustentável. Como resultado, o solo apresenta
desequilíbrio nutricional, compactação e pulverização, queda da actividade biológia e
diminuição dos níveis de matéria orgânica, acidificação, salinização, perda da estrutura e
diminuição da permeabilidade. Isso faz com que o solo torne-se pobre, sem vida, onde as
plantas têm dificuldade se desenvolver, interferindo directamente em sua capacidade de
produção (Oliveira, 2005, p.70).

Para que a degradação do solo não ocorra, além do seu planejamento ocupacional, algumas
medidas preventivas são necessárias, visando sempre ao seu uso de forma sustentável e
racional. Tais medidas são adaptadas a cada tipo de solo, clima e vegetação local, conforme a
capacidade produtiva do solo. Tudo isso com o principal objectivo de diminuir os impactos

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provocados por actividades nele desenvolvidas. Inúmeras são as medidas de conservação do
solo para prevenir a sua depauperação, podendo apresentar carácter vegetativo, edáfico e
mecânico.

a) Medidas de carácter vegetativo:


 Fazer o reflorestamento de áreas degradadas;
 Promover o uso racional de pastagens;
 Promover o uso de plantas de cobertura;
 Plantar culturas em faixas;
 Fazer consórcio de culturas;
 Fazer cordões de vegetação permanente;
 Alternar as capinas;
 Usar quebra-ventos.
b) Medidas de carácter edáfico (relativo ao solo):
 Manejar o solo conforme sua capacidade;
 Promover a preservação da vegetação natural;
 Fazer adubação verde/adubação orgânica;
 Não plantar em terrenos muito inclinados e instáveis;
 Evitar o uso excessivo de adubação química;
 Fazer o controle de focos de incêndio;
 Fazer a calagem do solo.
c) Medidas de carácter mecânico:
 Distribuir de forma racional os caminhos na lavoura;
 Fazer o preparo do solo antes do plantio;
 Fazer o plantio em contorno (curva de nível);
 Fazer sulcos e camalhões em pastagens;
 Fazer canais divergentes;
 Fazer canais escoadouros;
 Facilitar o trânsito de máquinas (inclinação suave nos lados da cultura) (Gonçalves,
2002).
Portanto, a melhor maneira de combater a degradação dos solos é o uso do mesmo de forma
adequada e sustentável, para que seja mantida sua produtividade e, portanto, a vida! Além

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disso, o governo, junto a algumas entidades, deve promover inúmeros trabalhos de
conscientização ambiental, enfatizando o quão importantes são os recursos naturais e a sua
preservação, tendo em vista a sustentabilidade.

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1.5. Conclusões e recomendações
Para terminar importa salientar que o solo da cidade de Nampula tem sofrido grandes
interferências promovidas pelo manejo incorrecto, essas interferências reduzem sua qualidade
e a produtividade, resultando na destruição da estrutura do solo. A acção do homem inicia o
processo de degradação (desmatamentos, queimadas, poluição) e o intemperismo de forma
natural amplia os impactos. O solo é naturalmente protegido por cobertura vegetal, nele
existem micro-organismos que activam o ciclo biológico, no momento em que o homem
promove a retirada da vegetação, o solo fica exposto à acção de ventos, chuvas, raios solares,
altas temperaturas, que destroem a estrutura do solo, boa parte dos micro-organismos morrem
deixando o solo improdutivo. Os seres vivos são dependentes dos benefícios gerados pelo
solo, o solo é um recurso natural essencial para a manutenção da vida, assim para amenizar os
impactos gerados pelas actividades desempenhadas no solo, é necessário criar práticas de
conservação que visam à manutenção das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
O objectivo da implantação de técnicas de conservação é a protecção de solos em bom estado,
e recuperação de solos degradados. Assim, os solos em actividade podem ser utilizados por
mais tempo de forma sustentável, poupando os solos intactos, sem a necessidade de desbravar
novas terras ou destruir sua vegetação para a implantação de actividades económicas.

A degradação dos solos diminui a capacidade de suportar e manter a vida. Com a degradação
são alteradas negativamente as propriedades e o equilíbrio biológico do solo, retirando a
capacidade de produção do mesmo.

A melhor maneira de combater a degradação dos solos é o uso do mesmo de forma adequada
e sustentável, para que seja mantida sua produtividade e, portanto, a vida!

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1.6. Referências bibliográficas
Gonçalves, S. R. (2002). Gestão de Solos Degradados. Brasil. 57-58pp.
Oliveira, M. A. T. (2005). Processos erosivos e preservação de áreas de risco de erosão por
voçorocas. In: Guerra, A. J. T; Silva, A. S. & Botelho, R. G. M (orgs.). Erosão e
conservação dos solos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. p. 57-99.

Lima, A. B. (2005). Metodologia da Pesquisa Científica. Portugal. Livros Horizonte: Lisboa.

Santos, J. C. R. M. (2009). Degradação Ambiental na África Subsahariana. Lisboa. 22-24pp

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