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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

EXTENSIVO 2021

MEIO AMBIENTE
Nesta aula estudaremos os principais impactos ambientais
decorrentes da relação ser humano/natureza.

Profª. Priscila Lima

AULA 14
AULA 14 – Meio Ambiente 1
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

Sumário 25 DE JUNHO DE 2021

INTRODUÇÃO 3

DESMATAMENTO 4

O CASO DA AMAZÔNIA BRASILERIA 8


DESERTIFICAÇÃO E ARENIZAÇÃO 10

RESÍDUOS SÓLIDOS 15

Aterro Sanitário 17

Incineração 18

Compostagem 19

Reciclagem 19
POLUIÇÃO 19

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 19
POLUIÇÃO DA ÁGUA 21
POLUIÇÃO PELA AGROPECUÁRIA 22
POLUIÇÃO INDUSTRIAL 23
POLUIÇÃO PELO ESGOTO DOMÉSTICO 23
AQUECIMENTO GLOBAL 23

CAMADA DE OZÔNIO 25

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 26

Pegada ecológica 27

Organização das Nações Unidas (ONU) 28


CONFERÊNCIAS AMBIENTAIS 29

DETERMINAÇÕES LEGAIS NACIONAIS 32

CÓDIGO FLORESTAL 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS 36

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 36

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INTRODUÇÃO
Na aulas anteriores...

Parte I Parte II

Conceitos e
Cartografia Clima Vegetação Relevo Hidrografia
Temas

“Materiais” para fazer a análise Analisando a Natureza

Parte III

Globalização e MEIO
Indústria Urbana População Agrária
Geopolítica AMBIENTE

Produção humana IMPACTOS

E quais os novos passos? Nesta aula...

Lindezas, com essa aula fecharemos um novo ciclo, após entendermos o espaço físico e as
dinâmicas de produção, vamos relacionar o meio ao ser humano e os impactos que essa relação
apresenta.

Atenção: Meio ambiente é um tema muito recorrente na política interna e na Geopolítica

Vamos “juntim”! Lembre-se: use o fórum o quanto precisar


e caso queira outros meios de contato:

@profpriscilalima

https://t.me/professorapriscilalima

Professora Priscila Lima

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DESMATAMENTO
A exploração intensa e acelerada da natureza causa diversos impactos ambientais negativos, logo
o discurso ambiental diz respeito à preservação, conservação e sustentabilidade, sendo uma forma
perpetuar o sistema socioeconômico capitalista, pois da natureza se retira bens para gerar capital.

Sustentabilidade: explorar a natureza desde que não falte recursos para as gerações futuras.

Após a II Guerra Mundial, porções florestais foram


devastadas na Ásia para reconstruir o Japão. Desde 1960,
essa região citada perdeu cerca de 35% de sua cobertura
original. O desenvolvimento econômico dos Tigres Asiáticos
também contribuiu com o desflorestamento.

Figura 01 – Desmatamento na Ásia

Mais de 6 milhões de km2 foram


derrubadas na África, com destaque para a porção
ocidental. As matas da República Democrática do
Congo e do Gabão, região central africana foram
parcialmente preservadas, pois a infraestrutura de
transportes não foi capaz de escoar o extrativismo.
A urbanização e a caça às espécies raras que
possuem alto valor no mercado negro também
contribuem com o desmatamento.

Figura 02 – Desmatamento na África

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Na América do Sul, o destaque é a Floresta Amazônica, área de interesse para muitos cientistas e
empresários das indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de alimentos.

Esse assunto é muito importante


Lembre-se de alguns pontos:
● As queimadas no verão 2019/2020
● Pressão política
● Desmatamento e pressão econômica

Dica: reforce os conceitos de clima e


vegetação no que tange a Amazônia Legal,
compreendendo a importância de tal floresta para a
dinâmica local e do todo o Brasil

O desmatamento intenso e acelerado nas


regiões tropicais e equatoriais chamou a atenção da
comunidade científica. Estudiosos das áreas
ambientais defendem a preservação dessas
localidades, pois abrigam enorme biodiversidade de Figura 03 – Desmatamento na América Latina
espécies que ainda nem foram catalogadas. Para
esses especialistas, as florestas citadas são consideradas não renováveis pelo fato de serem muito frágeis
e demorar demais para recuperarem sua exuberância.

Em 1988, o ecólogo inglês Norman Myers criou o conceito hot spot que diz respeito às áreas do
planeta que possuem grande biodiversidade com enorme urgência quanto a conservação das suas
espécies, uma vez que já foram muito afetadas pelo homem.

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Figura 04 – Hot spots

Hot spot: muitas espécies endêmicas (pelo menos 1500) / 75% (3/4) da área devastada
Corredor ecológico: ligação entre as zonas protegidas e as áreas com uma biodiversidade
importante

Muitos países subdesenvolvidos são dependentes do setor primário da economia, isto é, a Assim, a
prática do desmatamento é necessária. Já os países ricos reduziram demais suas matas originais e agora
exploram as regiões mais pobres do mundo.

Atenção: a pressão para a redução do desmatamento, atualmente, também vem de grandes


empresas. Relacione tal situação ao greenwashing (limpar a imagem de tais empresas e
transparecer preocupação com o meio ambiente) e o Marketing ambiental (vender
produtos através de benefícios ambientais).

O desmatamento também afeta o clima, pois reduz a evapotranspiração da flora e,


consequentemente, reduz o índice pluviométrico. Muitas vezes, antes de realizar o corte da árvore, é
atirado fogo na mata, fazendo com que a fumaça contribua com o agravamento do efeito estufa. Cabe
destacar que a queimada pode ocorrer de forma natural (em áreas secas), seja pelo relâmpago ou pelo
atrito entre os galhos em época de estiagem.

No Cerrado, o fogo pode ocorrer naturalmente. Por isso, a vegetação desse bioma possui diversas
características que lhe permite enfrentar essa adversidade, como cascas espessas e caules subterrâneos
profundos. Assim, o “fogo bom” no Cerrado é um evento que participa ativamente para a preservação do
bioma, acelerando a reciclagem de nutrientes no ambiente e mantendo a biodiversidade local.
Entretanto, as queimadas mais intensas relacionadas à expansão da agropecuária não respeitam as
particularidades e tal região, tornando-se um problema.

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SOBRE O CERRADO BRASILEIRO

● “Existem duas queimadas”: aquela chamada de do bem promovem a reciclagem de nutrientes


e preservação da biodiversidade e ativam sementes, entretanto, quando são intensas e feitas sem
planejamento prejudicam o equílibrio;

● Caixa d’água do Brasil: o Cerrado está localizado na porção central do país, o que o torna uma
região de proximidade com outros biomas/domínios morfoclimáticos. Além disso, a estrutura geológica
facilita a infiltração de água, afetando assim, as principais bacias hidrográficas brasileiras.

Ao desmatar, o ser humano influencia diretamente no ciclo da água, e graças as características citadas
anteriormente, afetando em diferentes escalas o país todo.

Outro “tipo” de desmatamento que merece atenção é o das matas ripárias (vegetação que
protege os rios e lagos – ciliares e/ou de galeria) que contribui com o assoreamento dos rios, observe:

Retirada da vegetação ripária

Aumento da erosão

Deposição

Assim, quando o processo de sedimentação supera a capacidade de transporte do rio, temos


o assoreamento, que ajuda na formação de “bancos de areia”.

Além de ajudar a conter a erosão, as matas ripárias também colaboram na contenção de poluentes
que podem criar ou intensificar a eutrofização.

O desflorestamento também contribui com a desertificação e a arenização: na ausência da


vegetação, os minerais que estão no solo ficam desprotegidos, fazendo com que o vento e a água os
removam mais rapidamente.

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O CASO DA AMAZÔNIA BRASILERIA


O Domínio Morfoclimático Amazônico possui 3,3 milhões de km2. Maior bacia hidrográfica do
mundo. Índice pluviométrico em torno de 2.500 mm/ano. Temperatura média de 25º C com baixa
amplitude térmica. Graças ao impacto da gota da chuva no solo (splash), os nutrientes se espalham,
ficando numa área mais rasa. Assim, as raízes não precisam penetrar tanto para buscar sedimentos. Os
solos são podzólicos (ácidos, por causa da chuva) com predomínio de terras baixas (depressões). Floresta
equatorial perenifólia, latifoliada e heterogênea (biodiversa). Devemos pensar na vegetação da Amazônia
como 3 “degraus”, pois ela acompanha a topografia, desde as áreas próximas aos rios até as áreas mais
afastadas.

Mas se o solo da Amazônia é majoritariamente ácido, como uma floresta tão majestosa continua
existindo? Bom... uma das grandes responsáveis pela serrapilheira:

Figura 05 – Serrapilheira

Ou seja, o desmatamento e os incêndios afetam tal domínio direta e indiretamente.

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E o que tem de atual nisso? Bom... no final de 2019, os incêndios na Amazônia foram comparados à
realidade encontrada, no mesmo período, na Austrália, entretanto, não faz sentido estabelecer tamanhas
igualdades, uma fez que se trata de climas e vegetações diferentes.

Se o objetivo é comparar, as florestas australianas estão mais próximas à realidade do nosso


Cerrado e não da nossa Amazônia.

Sendo assim, os incêndio em tal país da Oceania são mais comuns e se tornaram mais intensos no
verão 2019/2020 graças ao dipolo do Oceano Índico

Resumindo / Esquematizando

Além dos impactos sociais, os impactos ambientais se


estendem para além da floresta, e, um exemplo disso é a redução
do volume dos rios voadores.

Mas por que há o aumento do desmatamento na Amazônia?


A colonização nessa porção do Brasil aconteceu de maneira mais
tardia (se comparada ao litoral oriental do Nordeste e o
Sul/Sudeste), sendo, inicialmente guiada pelos rios.

Em um primeiro momento, a Amazônia foi marcada pela


extração vegetal, como no caso das drogas do sertão,
posteriormente, por volta da década de 1990, a expansão da
agricultura mecanizada pelo Centro-Oeste, “empurrou”, a
pecuária no sentido setentrional, atingindo a floresta equatorial,
e, mais recentemente, a produção agrícola vem se fixando, Figura 06 – Arco do desmatamento
consolidando o arco do desmatamento.

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Indicação
▪ Amazônia Eterna

DESERTIFICAÇÃO E ARENIZAÇÃO
Os desertos são regiões não propícias
à vida, em especial pela baixa pluviosidade, CARACTERÍSTICAS DE UM DESERTO
sendo formados em um cenário de latitudes
• Evaporação potencial maior que a precipitação média
de alta pressão (os desertos tropicais), • Escassa precipitação
costeiros (formados pela influência de • Solos rasos, com alta deficiência hídrica e tendência à salinização
correntes frias), de sombra (onde o relevo • Drenagem intermitente (rios temporários)
dificulta a chegada de umidade) e os polares. • Vegetação espaçada e espécies xerófilas

Os desertos se formam naturalmente, através de um processo chamado desertização - Circulação


atmosférica, Correntes marítimas, Relevo (deserto de sombras) – ou através da desertificação
(associando ações naturais e antrópicas).

Por outro lado, a desertificação é um processo relacionado à períodos de seca longos, podendo
durar décadas. E foi nesse sentido, que em 1997, sob a tutela da ONU, na Conferência de Nairóbi, foi
conceituado tal processo como empobrecimento de ecossistemas áridos ou sub-úmidos em virtude do
efeito combinado das atividades humanas e da seca, ou seja, antrópica e natural.

Atenção: trata-se de um processo em terras áridas, semiáridas e sub-úmidas

Assim, também podemos diferenciar esse processo em duas modalidades:


• Desertificação climática: que está relacionada à redução da chuva;
• Desertificação ecológica: relacionada à perda da capacidade de regeneração

Figura 07 – Desertos e Desertificação

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Mas, afinal, o que é desertificação?

Desertificação: diminuição do potencial biológico do solo que podem direcionar às


condições desérticas, ou seja, áridas (médias pluviométricas anuais entre 100 mm a
150 mm), com interferência antrópica.

O BRASIL NÃO TEM DESERTOS!


A média pluviométrica anual no semiárido é de 300 mm à 700 mm, ou seja, superior à
dinâmica de um deserto, que como acabamos de ver é de 100 mm anual.
No semiárido há NÚCLEOS DE DESERTIFICAÇÃO

Núcleos/ Principais atividades


que impulsionaram a
desertificação

• Gilbués (PI): mineração


(diamante)

• Seridó (RN/PB): extração de


argila (lenha para a
cerâmica)

• Irauçuba (CE): agricultura


predatória

• Cabrobó (PE): agricultura


predatória

Figura 08: Áreas susceptíveis à desertificação e núcleos de desertificação do nordeste brasileiro


Fonte: IBGE/World Topographic Map/ MMA

Pensando a influência antrópica no processo de desertificação, destacamos duas ações:

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• Desmatamento: com a supressão da vegetação, há a redução da evapotranspiração que diminui


a umidade da atmosfera, bem como uma queda no volume de água que infiltra no solo¸ e, lembre-se são
essas águas subterrâneas que dão origem às nascentes de rios.
• Agricultura e irrigação extensiva (inadequada): o mal uso do solo pode condicionar à dificuldade
de regeneração, especialmente em áreas de produção sob a lógica da monocultura, bem como à
salinização, que em áreas áridas pode intensificar a desertificação (como é o caso do Deserto do Iraque,
na Mesopotâmia).
• Pecuária: as patas dos animais, especialmente dos caprinos, intensificam o processo de erosão, que
pode levar à intensificação da aridez.

RESUMINDO
Dentre as causas da desertificação, destacamos:
● Naturais: circulação atmosféricas (áreas de alta pressão), correntes marítimas frias e relevo
● Antrópicas: desmatamento, agricultura e pecuária inadequadas.
Mas além de entendermos o conceito e as causas do processo, é fundamental a discussão sobre as
consequências e como combater a desertificação, vamos lá?

Em áreas de desertificação há perda da capacidade de produção do solo, na prática, o setor agrícola


é diretamente impactado afetando, inicialmente, a comunidade rural, podendo, a depender das
condições locais, potencializar o êxodo rural. Além das realidades econômicas e sociais, os impactos
ambientais são diversos, como a redução da biodiversidade.

Mas como poderíamos reverter ou prevenir esse quadro? A principal reposta para isso é o
reflorestamento, uma vez que através dessa prática é possível reestabelecer o ciclo hidrológico ao
aumentar a evapotranspiração e a infiltração. E é nesse sentido que temos como exemplo a constituição
da Muralha Verde, ou seja, espécies nativas, como ameixas e acácias, foram plantadas entre o Senegal e
o Oceano Atlântico, com o objetivo de barrar a expansão do Saara em direção ao Sahel (uma faixa de
transição ao Sul do deserto já citado e áreas de Savana), expansão essa que se dera graças a atividades
agrícolas.

Indicação
Sobre essa interferência no Sahel indicamos o documentário “O homem que parou o
deserto” e o filme “A Grande Muralha Verde”

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Quando o assunto é arenização, temos a exposição de


uma camada mais arenosa do solo, inicialmente por processos
hídricos e sua expansão se dá através da ação dos ventos.
Então, destacamos que além das condições pedológicas
(arenito, em especial) e climáticas (chuvas e ventos), os areais
também estão relacionados à uma topografia favorável.

Em uma primeira fase, há a formação de ravinas e


voçorocas, que passam por uma erosão lateral e regressiva e
consequentemente temos a expansão das bordas dessas
ravinas e voçorocas graças ao transporte de sedimentos pela
água quando expostos à chuvas torrenciais que formam
depósitos em formas de leques, leques esses que com o
tempo vão se agrupando e em conjunto os chamamos de
areal, e os ventos que agem nessa porção permite a ampliação
do processo.

Sintetizando, temos:
Figura 09 – Arenização no Sudoeste Gaúcho

CONDIÇÕES INICIAIS
FORMAÇÃO DE CHUVAS VENTOS
Estrutura arenosa AREAL
RAVINAS E LEQUES
Clima úmido
Topografia favorável VOÇOROCAS

Um grande nome das pesquisas quanto à arenização no Brasil é a Professora Dirce Maria Antunes
Suertegaray, que à Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, da Universidad de
Barcelonaem26 de março de 2001, apresentou a representação da formação de areais em rampas e a
representação da formação de areais em colinas:

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Figura 10: Representação da formação de areais em rampas – Fonte: Suertegaray, 2001

Figura 11: Representação da formação de areais em rampas – Fonte: Suertegaray, 2001

Nas palavras de Suertegaray (2012):

o retrabalhamento de depósitos, no caso de formações superficiais, provavelmente


quaternárias, resultou de uma dinâmica morfogenética onde os processos hídricos
superficiais, particularmente o escoamento concentrado do tipo ravina ou voçoroca,
associados às chuvas torrenciais, expõe, transporta e deposita areia, dando origem à
formação de areais que, em contato com o vento, tendem a uma constante remoção”

Ou seja, esse é um processo natural potencializado pelo ser humano

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Com os avanços das pesquisas, foi averiguado que a arenização no Brasil não se limita ao Rio Grande
do Sul, sendo encontrado também, em porções do Centro-Oeste, onde as características ambientais
naturais também podem ser encontradas, segundo Ivamauro Ailton e Sousa Silva:

Quadro 01: Síntese das características ambientais em áreas com processo de arenização.
Fonte: Ivamauro Ailton de Sousa Silva - AREAIS EM TRAVESSIA: Distribuição e fatores condicionantes do processo de
arenização - REVISTA TOCANTINENSE DE GEOGRAFIA - online https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/geografia
ISSN 2317-9430

Note que o embasamento sedimentar e o climas com chuvas consideráveis em pelo menos uma estação do ano
são encontradas em todas as situações 😉

REVISANDO / CONCLUINDO
Assim, para concluirmos, observe as palavras da professora Suertegaray (2001):

“Faz-se necessário conceituar desertificação e arenização. Para falarmos de desertificação,


toma-se como referência o conceito elaborado durante a Conferência de Nairóbi (Quênia),
1977 [em que] definiu-se desertificação como: a diminuição ou a destruição de potencial
biológico da Terra que poderá desembocar, em definitivo, em condições de tipo desértico [...]
é possível notar que, no Brasil, somente o Nordeste se inclui nesse processo. O Rio Grande do
Sul tem sua localização geográfica em uma região de clima subtropical, com precipitação
média anual de 1 400 mm, por consequência, está fora da zona onde o clima, juntamente com
a ação do homem, tem sido motivo da degradação.”

SUERTEGARAY, D.M.A. Projeto arenização no Rio Grande do Sul, Brasil: gênese dinâmica e especialização, 2001

RESÍDUOS SÓLIDOS
A quantidade de lixo produzida depende do poder aquisitivo da população. As pessoas mais
favorecidas acabam consumindo em massa, pois são levadas pela publicidade, pelo status e pelo capricho.
Ademais, o sistema capitalista impôs o uso de utensílios descartáveis, sobretudo em relação às embalagens.

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Figura 12 – Países mais ricos respondem por quase metade do lixo produzido no mundo
Fonte: Banco Mundial

O tipo de lixo é um indicador da riqueza de uma população. Quanto mais rica, maior a
participação das embalagens na composição do lixo.

Figura 13 – Países mais ricos produzem resíduos bem diferentes dos países mais pobres Figura 14 – Brasil: perfil dos resíduos sólidos em
Fonte: Banco Mundial 2012
Fonte: Abraelpe

Papel: de 3 a 6 meses
Tecido: de 6 meses a 1 ano
Filtro de cigarro: 5 anos
Chiclete: 5 anos

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Madeira pintada: 13 anos


Náilon: mais de 30 anos
Plástico: mais de 100 anos
Metal: mais de 100 anos
Vidro: 1 milhão de anos
Borracha: tempo indeterminado
Figura 15 – Tempo que a natureza leva para decompor
Fonte: Petrobrás

Atualmente, há uma preocupação com o acúmulo de lixo eletrônico (e-lixo), uma vez que o
consumo de computadores e celulares se tornou muito intenso e, muitas vezes, eles não são descartados
de forma adequada e nem mesmo reciclados.

Figura 16– Maiores produtores e recicladores de e-lixo em 2017


Fonte: Global E-Waste Monitor
Apesar de os países mais ricos consumirem mais produtos, os lixos são mais facilmente vistos nos
países pobres, montanhas de lixo a céu aberto nas periferias das cidades, nas margens dos rios, ao longo
das rodovias etc. compõem a paisagem urbana. O que fazer para diminuir esse problema?

Aterro Sanitário
O lixo é depositado em um buraco impermeável (normalmente por PVC e argila) para evitar que o
chorume produzido pelos dejetos se infiltre no solo e contamine os lençóis freáticos e os aquíferos. O
chorume é armazenado e depois passa por tratamento, uma vez que é tóxico. Além do chorume, o lixo
produz biogás (metano) que pode ser utilizado como uma fonte de energia. Os resíduos sólidos são
compactados e cobertos por camadas de terra, impedindo que a água da chuva dissolva o material e que
animais transmissores de doenças não se alimentem e/ou proliferem no local. Além disso, o mau cheiro
causa desconforto para quem mora perto.

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Figura 17 – Funcionamento de um aterro sanitário


Fonte: Universidade Federal de Campina Grande

Incineração
Nos países ricos, é comum a queima do lixo para gerar energia elétrica e/ou aquecer a água. Esse
método reduz consideravelmente o volume, diferentemente de um aterro sanitário. No entanto, a
instalação de usinas de incineração é cara e ela lança gases poluentes que podem contribuir com o
agravamento do efeito estufa.

Figura 18 – Funcionamento de uma usina de incineração de lixo


Fonte: G1

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Compostagem
O lixo orgânico decomposto por microrganismos é utilizado para fertilizar o solo. Para tanto, é
necessário separa o lixo orgânico do inorgânico (coleta seletiva), essa massa utilizada na agricultura é
chamada de composto.

Figura 19 – Funcionamento de uma usina de biodigestão anaeróbica


Fonte: G1

Reciclagem
É a reutilização de papel, plástico, metal, vidro, isopor etc. para produzir os mesmos ou outros bens.
Entre as vantagens da reciclagem, podemos mencionar:
▪ Redução do extrativismo;
▪ Não geram substâncias poluentes;
▪ Não ocupam aterros sanitários.
As campanhas de conscientização ajudam na produção de lixo, seja por meio da reutilização de
sacolas plásticas do supermercado, seja evitando o desperdício de comida, seja reduzindo o consumo etc.
Apesar de o nosso país reciclar muitas latas de alumínio e pneus, infelizmente, ainda estamos longe de
ocupar as primeiras posições entre os países que mais reciclam no mundo

POLUIÇÃO

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Ocorre pela contaminação do ar por partículas de fumaça e gases nocivos. Os principais poluentes
do ar são o monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2)
e alguns hidrocarbonetos. Esses poluentes são liberados na queima de combustíveis fósseis, no escape
dos veículos, nos resíduos de aterros causados pela poluição do lixo, nos acidentes nucleares, nos
derramamentos de radiação, entre outros.

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Um dos poluentes atmosféricos mais perigosos é o monóxido de carbono (CO), um gás


levemente inflamável, inodoro e muito perigoso devido a sua grande toxicidade.

A queima industrial de combustíveis como o carvão mineral e o óleo diesel também é outro fator
de liberação de gases tóxicos para atmosfera, em especial dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio
(NO2). Quando há um aumento na concentração desses gases na atmosfera, eles reagem com os vapores
d’água presentes no ar e formam, respectivamente, os ácidos sulfúrico e nítrico, acidificando a chuva. Essa
diminuição do pH além de corroer monumentos, carros, portões, destrói vegetações, contamina água e
solo, causa a mortalidade dos animais que vivem nos corpos d’água e pode causar bronquite, asma e
enfisema pulmonar. Chamamos esse fenômeno de chuva ácida.
Ainda, a acidificação dos oceanos resulta da liberação exacerbada de gás carbônico na atmosfera,
uma vez que esse aumento de concentração leva a uma maior dissolução desse gás nos ambientes
aquáticos (oceanos, mares, lagos e rios). Quando a água (H2O) e o gás carbônico (CO2) se encontram, é
formado o ácido carbônico (H2CO3), que se dissocia no mar formando íons bicarbonato (HCO3-) e íons
hidrogênio (H+). O nível de acidez aumenta devido à quantidade de íons H+ presentes em uma solução –
nesse caso, a água do mar.
Um dos efeitos da acidificação dos oceanos é a destruição dos recifes de corais. Recifes de corais
são formações construídas a partir da deposição de carbonato de cálcio por diversos organismos, em
especial os corais. Outro problema que tem sua origem na poluição atmosférica é a inversão térmica. As
partículas em suspensão são levadas pelas correntes de convecção para as camadas mais altas da
atmosfera, onde se dissipam e diminuem os efeitos da poluição no ar. À medida que altitude aumenta, as
camadas de ar ficam mais frias. No entanto, uma camada de ar quente pode penetrar essas camadas de
ar frio e ficar presas no meio delas, incapacitando a dispersão do ar e, consequentemente, os poluentes.
Assim, o ar próximo à superfície terrestre torna-se denso, escuro e impróprio para a vida.
A concentração de poluentes na atmosfera, especialmente nos centros urbanos, onde muitos gases
tóxicos são liberados é conhecida como smog (smoke, que significa fumaça + fog, que significa neblina).
Esses poluentes, ao serem retidos nas camadas mais superficiais do ar (troposfera), tornam-se disponíveis
para a respiração humana. O smog é responsável por muitas doenças respiratórias que podem levar à
morte.
Além da inversão térmica, a poluição atmosférica no centro urbano contribui com o aumento da
temperatura, chamamos isso de ilha de calor. Além dos poluentes lançados pelos carros e pelas indústrias,
a coloração escura do asfalto, as construções e a concentração populacional contribuem com o calor,
fazendo com que a zona urbana fique cerca de 10 graus Celsius mais quente do que a zona rural.

Hidrelétrica: nos reservatórios (represas) a fauna e a flora ficam submersas, levando ao


processo de putrefação que libera gás carbônico para a atmosfera.

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Figura 20 – Cidades com maiores concentrações de partículas poluentes em suspensão, no Brasil e no mundo, em 2016
Fonte: Cetesb

POLUIÇÃO DA ÁGUA
Conforme a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), água poluída é aquela que tem a
composição alterada, não está em equilíbrio com o meio e não serve para o uso que teria em seu estado
natural.
Um fator preocupante dessa poluição é que os lençóis freáticos, os aquíferos, os lagos, os rios, os
mares e os oceanos são o destino de todo e qualquer poluente solúvel em água que tenha sido lançado
no ar ou no solo. Dessa forma, além dos poluentes que são lançados diretamente nos corpos d'água, as
redes hídricas ainda recebem a poluição vinda da atmosfera e da litosfera, provenientes de atividades
agropecuárias, industriais e domésticas.
O derramamento de petróleo é considerado um dos mais graves e problemáticos acidentes
ambientais em águas marinhas, levando dezenas de espécies à morte. Quando ocorre um vazamento, o
petróleo permanece na superfície da água marinha e forma uma densa camada que impossibilita a
penetração dos raios solares, dificultando a fotossíntese de várias espécies de algas. Isso acarreta a morte
de uma variedade enorme de organismos.
Quando atinge os mangues, o petróleo polui e contamina o ecossistema, provocando a morte de
espécies vegetais e animais. Como os manguezais são áreas de procriação de determinadas espécies
animais, a reprodução delas também é gravemente afetada. Em alguns casos, o petróleo pode atingir as
praias, contaminando extensas faixas de areia, deixando-as impróprias para os banhistas. Nesses casos,
todo o setor turístico de uma região pode ser afetado, trazendo prejuízos econômicos.
Outro problema decorrente da poluição dos corpos d’água é a eutrofização. A eutrofização é o
aumento gradual na concentração de fósforo, nitrogênio e outros nutrientes de plantas em um
ecossistema aquático em envelhecimento, como um lago. A produtividade ou fertilidade desse
ecossistema aumenta naturalmente à medida que aumenta a quantidade de material orgânico que pode

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

ser decomposto em nutrientes, ocasionando grandes concentrações de algas e organismos microscópicos.


No entanto, as atividades humanas aceleraram a taxa e a extensão da eutrofização através de descargas
de fontes pontuais e cargas não pontuais de nutrientes limitantes, como nitrogênio e fósforo, nos
ecossistemas aquáticos (isto é, eutrofização cultural), com consequências dramáticas para as fontes de
água potável, pescarias e corpos d'água recreativos. As consequências conhecidas da eutrofização cultural
incluem florações de cianobactérias, morte de animais aquáticos e suprimentos de água potável
contaminados.

Nome País Característica

Rio Citarum Indonésia 500 fábricas despejam dejetos nele

Rio Yamuna Índia Hospitais de tuberculosos direcionam seus esgotos nele

Lago Karachay Rússia Depósito de lixo atômico

Bacia do Riachuelo Argentina Crianças apresentam metais pesados no sangue e na urina

Rio Tietê Brasil Concentra bactérias nocivas à saúde

Rio Amarelo China Muitas fábricas despejam seus dejetos

Rio Ganges Índia As águas têm 3 mil vezes mais bactérias do que o permitido

Rio Marilao Filipinas Apresenta muitas carcaças de animais

Rio Guandu Brasil Possui algas venenosas e fábricas e lixões perto

Rio Iguaçu Brasil 90% da poluição provém das atividades domésticas

POLUIÇÃO PELA AGROPECUÁRIA


Os fertilizantes (adubos químicos) e os agrotóxicos (fungicida, pesticida, herbicida etc.) são
transportados pelo vento, pelas chuvas e pelos sistemas de irrigação, contaminando o solo, as águas
superficiais e subterrâneas. Os medicamentos que são injetados nos animais também podem contribuir
com a poluição.

Uma vez poluído, o solo se empobrece, obrigando o agricultor a utilizar mais fertilizantes, gerando
um ciclo vicioso. Ademais, o meio ambiente se torna mais vulnerável à proliferação de pragas, exigindo
maior uso de agrotóxicos.

A modernização da agropecuária, graças à Revolução Verde (como vimos na Aula 09), provocou
um impacto ambiental negativo sem precedentes no meio rural. Além disso, aumentou a poluição
industrial, em decorrência da expansão da fabricação de insumos. Segundo a Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

AULA 14 – Meio Ambiente 22


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

POLUIÇÃO INDUSTRIAL
Os metais pesados e outros resíduos são altamente prejudiciais à sobrevivência das espécies. Os
impactos ambientais negativos são maiores na hidrosfera do que na litosfera/pedosfera, por causa da
capacidade de transporte e difusão no meio líquido.

Na Região Metropolitana da Baixada Santista existe a cidade de Cubatão, possui um dos complexos
industriais mais importantes do país. Pesticidas organoclorados (Pó da China) e percloroetileno
(desengraxante de metais) eram um dos produtos mais fabricados. De 1974 a 1993, 20 mil toneladas
desses resíduos foram despejados sobre o solo. Em 1980, Cubatão foi taxada de “Vale da Morte” pelos
Estados Unidos, pois a cada mil crianças, cerca de quarenta morriam em até 1 semana de vida.

Além disso, hexaclorobenzeno, poluente altamente perigoso, foi detectado nos alimentos e até no
leite materno. A concentração de poluentes era tão elevada que chovia ácido sulfúrico. A contaminação
da água reduziu o oxigênio dos rios, matando os seres vivos. Atualmente, Cubatão tem um programa de
despoluição e foi escolhida pela ONU como um exemplo de recuperação ambiental, mas ainda há muito a
ser feito, com base na Figura 16 apresentada na página 21.

POLUIÇÃO PELO ESGOTO DOMÉSTICO


Cerca de 40% da população mundial não possui saneamento básico adequado, isto é, tratamento
de esgoto, água e lixo. Assim, ocorre a poluição das águas pelo esgoto doméstico, ocasionando elevados
índices de mortalidade infantil. Óleo de cozinha e detergente estão entre os maiores vilões.
A expansão urbana é tão acentuada que as populações chegam a ocupar as áreas das nascentes,
uma vez poluída, essa área compromete todo o curso do rio, seja pela poluição, redução da oxigenação
ou proliferação de bactérias anaeróbicas.

Indicação
Trashed – Para onde vai o nosso lixo

AQUECIMENTO GLOBAL
A radiação solar (raio ultravioleta) e a irradiação terrestre (raio infravermelho) são os principais
responsáveis por determinar a temperatura no nosso planeta. Para entendermos melhor, vale ressaltar o
balanço energético, isto é, a quantidade de luz do Sol que é absorvida e refletida pela Terra.

Essa dinâmica do balanço energético também remete ao efeito estufa. Os gases da atmosfera
permitem a passagem do raio ultravioleta, absorvendo o calor. Cerca de 50% desse raio solar é barrado
pela estratosfera e o restante atinge a superfície terrestre, aquecendo-a. Vale lembrar, que o efeito estufa

AULA 14 – Meio Ambiente 23


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

é um fenômeno natural, o problema é o agravamento dele por meio dos gases do efeito estufa, tais como:
CO2, CFC, metano (CH4), dióxido de enxofre (SO2) etc. Esse agravamento é o que nós conhecemos como
aquecimento global.

Se os alguns gases da atmosfera não retivessem o calor, os seres vivos morreriam de frio, pois à
noite, todo calor armazenado seria irradiado para o espaço sideral. O dióxido de carbono (CO2), o metano
(CH4), o dióxido de nitrogênio (NO2) e os clorofluorcarbonos (CFC) apresentam essa função de reter o calor.
Assim, são chamados de gases do efeito estufa.

A intensidade da urbanização e da industrialização, a elevada queima dos combustíveis fósseis, a


enorme quantidade de queimadas e a pecuária são os principais responsáveis pelo lançamento dos gases
do efeito estufa na atmosfera. Dessa forma, maior retenção do calor, consequentemente, aumento da
temperatura.

Nos últimos 100 anos, a temperatura média da Terra subiu cerca de 0,6°C. Essa elevação agrava o
efeito estufa, gerando o que chamamos de aquecimento global. Entre as consequências, podemos citar:

▪ Aumento do nível do mar e constantes inundações nas áreas costeiras: o aumento no nível médio
global do mar está aumentando muito mais rápido na costa leste dos Estados Unidos e no Golfo do
México. Isso aumenta os riscos de inundação para comunidades de baixa altitude e propriedades
costeiras de alto risco;
▪ Incêndios florestais mais longos e constantes: as temperaturas mais altas da primavera e do verão
resultam em florestas mais quentes e secas por períodos mais longos, proporcionando condições
favoráveis para incêndios florestais se inflamarem e se espalharem;
▪ Ondas de calor mais frequentes e intensas: o clima quente já está ocorrendo com mais frequência
do que 60 anos atrás, e as ondas de calor podem se tornar mais frequentes e severas à medida que
o aquecimento global se intensifica. Esse aumento nas ondas de calor cria sérios riscos à saúde e
pode levar à exaustão por insolação e agravar as condições médicas existentes, como alergias
respiratórias e dermatológicas e a disseminação de doenças transmitidas por insetos;
▪ Secas na Amazônia: as chuvas tornam-se mais imprevisíveis, levando à seca e à desertificação. O
aumento de CO2 na atmosfera diminui também a taxa de transpiração nas plantas, reduzindo a
umidade relativa do ar e agravando esse cenário;
▪ Liberação de metano no permafrost da Sibéria: a pressão e as baixas temperaturas mantêm o
metano preso no solo constantemente congelado (permafrost). Contudo, o aumento da
temperatura nas águas do mar possibilita a liberação do metano (CH4) contido no pemafrost,
fazendo com que ele se difunda na água e seja liberado na atmosfera. Esse gás é cerca de 20 vezes
mais potente que o CO2;
▪ Acidificação dos oceanos: o aumento de CO2 na água causa a acidificação dos oceanos, levando à
morte dos corais e plânctons. Além disso, ocorre a diminuição na capacidade fotossintética do
fitoplâncton;
▪ Desaparecimento da calota glacial ártica: o derretimento das calotas polares expõe o solo e a água
do mar, que passam a absorver mais calor e aceleram ainda mais o derretimento das geleiras.

AULA 14 – Meio Ambiente 24


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

▪ Migração de espécies: o aumento lento da temperatura força muitas espécies a migrar em direção
aos polos e nas encostas das montanhas, a fim de permanecer em habitats com mesmas condições
climáticas. Ainda, impacta as espécies que vivem diretamente nas regiões árticas, como por exemplo
o urso polar;
▪ Irregularidade nos índices pluviométricos: provavelmente, maiores ocorrências de tempestade,
furacão, ciclone e tufão;
▪ Produção de alimentos comprometida.

Para reverter esse quadro, o mundo precisaria:

▪ Reduzir a emissão dos gases do efeito estufa;


▪ Plantar mais árvores;
▪ Implantar cidades inteligentes e sustentáveis que não contribuam tanto com a ilha de calor;
▪ Utilizar mais as fontes de energia alternativas;
▪ Reduzir a produção de lixo;
▪ Práticas agropecuárias mais sustentáveis etc.

Indicação
▪ Seremos história?

CAMADA DE OZÔNIO
A Estratosfera está entre 10 e 50 km de altitude e concentra gás ozônio que é responsável por
barrar (filtrar) a radiação ultravioleta (emitida pelo Sol) tipo B (UV-B). Nessa camada, 90% do UV-B é
absorvido pelo ozônio. A camada de ozônio (Ozonosfera) está entre 20 e 35 km de altitude. Na década de
1980, descobriu-se uma queda acentuada de ozônio na Antártida, fenômeno conhecido como “buraco da
camada de ozônio”. Isso ocorreu por conta da emissão do Cloro Flúor Carbono (CFC), componente que era
utilizado como isolante em aparelhos de refrigeração, aerossóis e materiais plásticos. Caças das forças
aéreas e balões que auxiliam na previsão do tempo podem chegar nessa camada.
Especialistas afirmam que o “buraco da camada de ozônio” deixará de existir entre 2060 e 2080.
Graças ao Protocolo de Montreal (em 1989 vários países se comprometeram a substituir os compostos
que empobrecem a camada de ozônio) a emissão de CFC foi reduzida significativamente. Ademais, o
ozônio é um composto que se autorregenera {O3 ⇌ O2 + [O]}.
Quando o CFC é atingido pelo raio ultravioleta, ele se desintegra e libera cloro. O cloro reage com
o ozônio sendo transformado em oxigênio, isto é, destruindo o O3. O “buraco da camada de ozônio”
formou-se na Antártida porque a baixa temperatura dificulta a reposição do ozônio.
No fim dos anos 1990, o “buraco” passou a ser monitorado por satélite, pois atingiu uma área
equivalente a 3 Estados Unidos. Ademais, um afinamento da camada de ozônio foi detectado no Ártico.
Estados Unidos, Europa, China e Japão já perderam em torno de 5% da proteção de ozônio.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

Consequentemente, aumentou o número de casos de câncer de pele. No fim da década de 1990, o número
de casos dessa doença era cerca de mil porcento maior do que nos anos 1950.
Embora o Protocolo de Montreal esteja sendo seguido, a reparação do “buraco” na camada de
ozônio pode levar muito tempo, uma vez que a vida útil dos clorofluorcarbonos é de aproximadamente 80
anos.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento sustentável pode ser explicado de várias maneiras, mas a definição mais
amplamente reconhecida foi redigida pela Comissão Brundtland, em 1987: desenvolvimento sustentável
é o desenvolvimento econômico que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades.
É, portanto, o desenvolvimento econômico que não esgota os recursos para o futuro. O conceito
de desenvolvimento sustentável foi oficialmente declarado na Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo (Suécia) e, por isso, também
chamada Conferência de Estocolmo, criada para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o
desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
Em 1987, foi elaborado o Relatório “Nosso Futuro Comum”, mais conhecido como Relatório
Brundtland, que formalizou o termo desenvolvimento sustentável e o tornou de conhecimento público
mundial. Em 1992, durante a reunião mundial da Eco-92, sediada no Rio de Janeiro-RJ, foi elaborada
a Agenda 21, com vistas a diminuir os impactos gerados pelo aumento do consumo e do crescimento da
economia pelo mundo.
A Agenda 21 defende que o desenvolvimento sustentável, para ser alcançado, depende de
planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Neste modelo de
desenvolvimento, o avanço econômico e a conservação ambiental são compatíveis e intimamente
relacionados, de modo que os recursos naturais, embora finitos, são suficientes para atender às
necessidades de todos, desde que sejam racionalmente manejados.
Em 1997, um encontro mundial na cidade de Kyoto (Japão) elaborou o Protocolo de Kyoto, com o
objetivo de reduzir 5,2%, em média, das emissões de gases causadores do efeito estufa pelos países
industrializados. O Brasil foi um dos primeiros a assinar o acordo. Contudo, alguns países industrializados,
como os EUA e a China (maiores poluidores), não validaram as metas de redução. Nesse contexto
aconteceu, em 2002, uma nova reunião da ONU, a Rio+10, sediada na África do Sul.
A Rio+10 retomou as discussões da Eco-92 e organizou as discussões ambientais em cinco eixos:
agricultura, água e saneamento, biodiversidade, energia e saúde. Além disso, a Rússia, o Canadá e a China
aderiram ao protocolo de Kyoto e os demais países o ratificaram.
Em 2012 ocorreu a conferência Rio+20, no Rio de Janeiro. O tema continuou sendo o
desenvolvimento sustentável e, a partir desse encontro, os três pilares da sustentabilidade foram

AULA 14 – Meio Ambiente 26


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

estabelecidos. Assim, todo empreendimento ou comunidade que deseja ser sustentável deve ser
economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente justo.
O aspecto social trata do capital humano como um todo: salários justos, ambiente de trabalho
agradável e questões relativas à educação, violência e lazer devem ser consideradas. O aspecto ambiental
se refere a todas as condutas que possuam, direta ou indiretamente, algum impacto no meio ambiente,
seja a curto, médio ou longo prazo. O aspecto econômico preconiza que empreendimento ou comunidade
deve ser capaz de produzir, distribuir e oferecer seus produtos ou serviços de forma que estabeleça uma
relação de competitividade justa em relação aos demais concorrentes do mercado.
Na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, em 2015, os líderes mundiais
adotaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que inclui um conjunto de 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) destinados a acabar com a pobreza, combater a desigualdade e a
injustiça e combater as mudanças climáticas até 2030. Essas 17 metas estão listadas abaixo:

Figura 21 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU

Pegada ecológica
A maneira mais simples de definir pegada ecológica seria chamá-la de impacto das atividades
humanas medido em termos da área de terras e águas biologicamente produtivas necessárias para
produzir os bens consumidos e assimilar os resíduos gerados. Ou seja, é a “quantidade de ambiente”
necessária para produzir os bens e serviços necessários para apoiar um estilo de vida específico.

Para mensurar a pegada ecológica mede-se a demanda e a oferta da natureza. Do lado da


demanda, a pegada ecológica mede os ativos ecológicos que uma determinada população necessita para
produzir os recursos naturais que consome (incluindo alimentos e fibras de origem vegetal, produtos de
gado e peixe, madeira e outros produtos florestais, espaço para infraestrutura urbana) e absorver seus
resíduos, principalmente as emissões de carbono. Isso é feito através do monitoramento do uso de seis
categorias de áreas de superfície produtivas: terras cultiváveis, pastagens, áreas de pesca, áreas
construídas, áreas florestais e demanda de carbono na terra.

AULA 14 – Meio Ambiente 27


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

Do lado da oferta, a biocapacidade de uma cidade, estado ou nação representa a produtividade


de seus ativos ecológicos (incluindo terras cultiváveis, pastagens, terras florestais, áreas de pesca e áreas
construídas). Essas áreas podem absorver grande parte dos resíduos que geramos, especialmente nossas
emissões de carbono.

Tanto a pegada ecológica quanto a biocapacidade são expressas em hectares globais, e a pegada
ecológica de cada cidade, estado ou nação pode ser comparada à sua biocapacidade. Se a pegada
ecológica de uma população exceder a biocapacidade da região, ela terá um déficit ecológico. Sua
demanda pelos bens e serviços que suas terras e mares podem fornecer (frutas e legumes, carne, peixe,
madeira, algodão para vestuário e absorção de dióxido de carbono) excede o que os ecossistemas da
região podem renovar.

Assim, uma região com déficit ecológico atende à demanda importando, liquidando seus próprios
ativos ecológicos (como a sobrepesca) ou emitindo dióxido de carbono na atmosfera. Por outro lado, se
a biocapacidade de uma região exceder sua pegada ecológica, ela terá uma reserva ecológica.

Organização das Nações Unidas (ONU)


Uma pauta importante da ONU são os Objetivos do Milênio (OdM) que se desdobraram nos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A pauta dos OdM foi apresentada pela ONU em 2000
na Cúpula do Milênio e foram propostos oito objetivos internacionais de desenvolvimento para serem
alcançados até 2015. Todos os países-membros da ONU comprometeram-se a cumprir os objetivos.

Figura 22 - Objetivos do Milênio propostos pela ONU


Os efeitos positivos da agenda proposta em 2000 resultaram em uma pós-agenda mais ambiciosa:
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). São 17 objetivos centrais e 169 metas para os países-
membros da ONU perseguirem até 2030. Mas o que é desenvolvimento sustentável? Desenvolver-se de
forma sustentável nada mais é que: crescer economicamente respeitando o meio ambiente e
promovendo o desenvolvimento social para outras gerações. O desenvolvimento sustentável é algo
desafiador, mas tornou-se uma pauta atual e indispensável.

AULA 14 – Meio Ambiente 28


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

Pertencente à ONU, a Organização Mundial da Saúde foi criada em 1948. Seu objetivo é o
desenvolvimento da saúde das nações e o combate a doenças transmissíveis e não transmissíveis. A OMS
atua por meio de pesquisas científicas, em parceria com pesquisadores do mundo todo. Além disso, a
instituição patrocina programas que visam a prevenção de doenças.

Além, da OMS, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura foi criada em
1945 e tem como objetivo o combate e erradicação da fome. A FAO luta contra a fome por meio da
promoção de desenvolvimento agrícola e auxílio na implementação de estratégias de longo prazo para
aumentar a produção e acesso aos alimentos. Abaixo, seguem os cinco objetivos estratégicos da FAO:

▪ Ajudar a erradicar a fome, insegurança alimentar e desnutrição.


▪ Fazer a agricultura, a silvicultura e a pesca mais produtivas.
▪ Reduzir a pobreza.
▪ Melhorar a eficiência do sistema agrícola.
▪ Aumentar a resiliência e meios de subsistência para momentos de crise

CONFERÊNCIAS AMBIENTAIS
A ideia de preservação da natureza e desenvolvimento sustentável durante séculos não foi o foco
da sociedade ocidental, onde o desenvolvimento econômico foi pautado (durante muitos anos) em
destruição em nome do “progresso”.

Entretanto, a sociedade, em especial após as Revoluções Industriais, se viu mais impactada por
problemas ambientais como a poluição atmosférica e suas consequências diretas e indiretas, e, então, a
partir da década de 1970 a mobilização supranacional passou a ser registrada através de diferentes
Conferências, Acordos e Protocolos.

Entre as inúmeras conferências realizadas para discutir as mudanças climáticas, podemos destacar:

a) Conferência de Estocolmo (1972): com foco nas mudanças climáticas, a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano ficou conhecida por apresentar dois grandes grupos os
chamados preservacionistas e os desenvolvimentistas, ou seja, aqueles que já haviam avançado em seu
processo de industrialização e defendiam medidas mais “severas” de preservação, e, os países em
desenvolvimento, que durante aquele momento estavam recebendo multinacionais, intensificando a sua
industrialização, e, por isso desejavam medidas mais flexíveis (aqui destacamos a China).

O Brasil, apesar de ser conhecido por suas ações ambientais durante um período da sua história, nesse
momento defendeu medidas mais flexíveis, afinal, estava em expansão industrial, ficando conhecido pela
fala “se a poluição é o preço do desenvolvimento, estamos dispostos a pagá-lo.”

Como resultado, nessa conferência foi criado o Programa da ONU para o Meio Ambiente (no
Brasil, PNUMA) que tem como objetivo coordenar as ações internacionais de proteção ao meio ambiente
e de promoção do desenvolvimento sustentável; o conceito de desenvolvimento sustentável começou a

AULA 14 – Meio Ambiente 29


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

ser trabalhado; e, também o Relatório Brundtland mais conhecido como Nosso Futuro Comum, que
indicou o consumismo nos países desenvolvidos e a pobreza nos subdesenvolvidos impediriam um
desenvolvimento mais igualitário e produziriam graves problemas/crises ambientais.

b) Primeira Conferência Mundial do Clima (1979): cientistas alertaram os países sobre como
as mudanças climáticas podem afetar a agricultura, os recursos naturais e a economia.
c) Segunda Conferência Mundial do Clima (1990): divulgação de novas pesquisas sobre
mudanças climáticas.
d) Eco-92 (Rio-92): Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o
Desenvolvimento teve a participação de mais de 170 países. Foi assinado um acordo para estabilizar as
concentrações de gases que agravam o efeito estufa, e, teve um peso na política interna tão importante
que simbólica e temporariamente a capital federal do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro para dali
o presidente na ocasião, Collor, pudesse deliberar e acompanhar as decisões da mesma cidade onde tal
conferência ocorreria.
Como consequência de tal conferência tivemos 6 documentos sobre questões climáticas, onde
metade eram voluntárias e não-vinculantes, ou seja, os países que assinaram não poderiam ser
legalmente cobrados pelos termos, sendo elas: Carta sobre os princípios florestais, Declaração do Rio
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e, a Agenda 21.

Agenda 21
“instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis (...) que concilia
métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.”
(Ministério do Meio Ambiente)

Além dos documentos voluntários e não-vinculantes, três vinculantes, ou seja, com peso de lei e
com direitos e deveres, foram estabelecidos:

o Convenção sobre Diversidade Biológica: que versa sobre a proteção da biodiversidade e o uso de
recursos genéticos;
o Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação: que buscava a prevenção e a
reversão da desertificação;
o Convenção Quadro sobre Mudança Climática: direcionada especificamente à emissão de gases
estufas e uso de combustíveis fósseis e estabeleceu a reunião anual das partes, as chamadas COP’s
(Conferências da Partes), sendo a primeira realizada em 1995, em Berlim e uma das mais famosas
foi a COP 3, onde foi criado o Protocolo de Quioto.

● Mandato de Berlim (1995): reforça o compromisso dos países industrializados para


controlar as mudanças climáticas e 2 anos para negociarem a redução dos gases do efeito
estufa.
● Protocolo de Quioto (1997): pela primeira vez foi definido um compromisso ambiental dos
países industrializados com metas específicas para cada país quanto à emissão de gás estufa,
onde existiram “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, ou seja, países

AULA 14 – Meio Ambiente 30


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

desenvolvidos teriam metas mais rígidas por terem poluído mais graças à uma industrialização
mais antigas, e, por outro lado, os países em desenvolvimento (aqui destacamos o Brasil)
teriam metas mais flexíveis e incentivos para o uso de energias limpas.
Em 2008, foi realizada uma Flexibilização do Protocolo de Kyoto sendo criado o crédito de
carbono, ou seja, aqueles países que atingiram suas metas de não poluir, com o oferecimento
do crédito de carbono, poderiam fazer com que os países que não atingiram a meta
continuassem poluindo até atingir a meta
● COP 15 – Copenhague (2009): Foi o primeiro passo para a substituição do Protocolo de
Quioto, sendo aprofundado em 2012 e finalmente definido na COP 21, em Paris, o chamado
Acordo de Paris.
● COP 21 – Paris (2015): reunião responsável pela instituição do Acordo de Paris que
abandonava a lógica de uma fórmula universal e cada nação passaria a definir as suas metas
para atingir o objetivo de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2˚C .

OBJETIVOS DO ACORDO DE PARIS


"(a) Assegurar que o aumento da temperatura média global fique abaixo de 2 °C acima dos
níveis pré-industriais e prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a até
1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isto vai reduzir significativamente
os riscos e impactos das alterações climáticas;
(b) Aumentar a capacidade de adaptação aos impactos adversos das alterações climáticas e
promover a resiliência do clima e o baixo desenvolvimento de emissões de gases do efeito
estufa, de maneira que não ameace a produção de alimentos;
(c) Criar fluxo financeiros consistentes na direção de promover baixas emissões de gases de
efeito estufa e o desenvolvimento resistente ao clima.”

Além das mudanças referentes ao “quanto” reduzir as emissões de gases estufas, foi criado
um mecanismo de revisão dos compromissos a cada cinco anos, sendo a primeira a se realizar
em 2025, com a primícia de sempre apresentar metas mais ambiciosas do que as anteriores.
Também foi acordado um Fundo Financeiro de U$ 100 bilhões anuais com o objetivo de
financiar a transição para energias limpas e a adaptação aos efeitos aquecimento global de
nações em desenvolvimento.
Nesse cenário, o Brasil se comprometeu a reduzir 37% das emissões, até 2025, seguindo os
patamares de 2005, focando na ampliação de bioenergia sustentável e o reflorestamento.

Note que entre a Conferência de Estocolmo e a ECO-92 o tema ambiental não ficou
tão em alta, e muito disso se relaciona como cenário geopolítico da Guerra Fria
onde os esforços se concentraram em termos de segurança e aeroespacial.

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

EVENTO ANO FOCO OBSERVAÇÕES

Conferência de Equilíbrio entre produção e meio Conceito: Desenvolvimento


1972
Estocolmo ambiente Sustentável

Protocolo de
1985 Camada de Ozônio -
Montreal

Eco- 92 1992 Gases do efeito Estufa Agenda 21

Protocolo de
1997 Definição de metas Crédito de carbono
Quioto

Atualização do Protocolo de Desenvolvimento sustentável não se


Rio + 10 2002
Quioto limita ao Aquecimento Global

Rio + 20 2012 Desenvolvimento Sustentável “O futuro que queremos”

Acordo de Paris 2015 Sucessor do Protocolo de Quioto Compromissos voluntários

DETERMINAÇÕES LEGAIS NACIONAIS

CÓDIGO FLORESTAL
A preocupação com a natureza no Brasil é um ponto importantíssimo em termos ambientais,
econômicos, sociais, políticos e até mesmo de soberania, entretanto, ter um regulamento não significa
ter um projeto de preservação, e, podemos observar isso desde os primórdios em nosso território, como
é o caso do Regimento sobre o Pau-Brasil, de 1605, onde a atividade mercantil estava muito à frente da
preservação ao proibir as queimadas e consolidação de “roças” em porções de extração vegetal.

Mas quando o assunto é criação de leis ambientais, temos um código que institui regras gerais sobre
a vegetação nativa no território brasileiro apontando áreas que devem ser preservadas e quais são
aquelas que podem receber diferente tipos de usos, e, na década de 1930, sendo criado no mesmo
contexto do Código das Águas.

AULA 14 – Meio Ambiente 32


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

Código das Águas


Definiu o caráter público das águas superficiais no Brasil e também apontou regras para a
exploração de tal recurso.

Durante a década de 1920 já existia uma discussão sobre leis ambientais no Brasil, entretanto, no
âmbito dos estados, ou seja, de maneira mais descentralizada, seguindo as definições da Constituição de
1891, e, é nesse cenário que a principal fonte energética no país era a lenha, logo, as florestas que estavam
sendo substituídas, especialmente, por café do Vale do Paraíba cada vez mais em direção ao interior,
também apresentavam outra importância econômica: geração de energia.

Agora vamos juntar os fatos? Década de 1930, Vargas chega ao poder em um cenário, entre outros
pontos, de aumento do preço da lenha (principal fonte de energia do país no momento) graças ao
crescimento do consumo que poderia levar ao desabastecimento, e, foi nesse sentido que passou a
centralizar a discussão sobre a proteção de florestas, criando em 1934 o primeiro Código Florestal, onde
o dono das terras deveria preservar ¼ da sua propriedade, ou seja, manter 25% que poderiam ser
utilizados como lenha para o abastecimento energético.

Atenção: De 1605 até 1934 não tivemos nenhum ordenamento legal para preservação no
Brasil, e, quando finalmente um código florestal emerge é por fortes motivações econômicas,
principalmente, o preço da lenha, ou seja, uma preocupação com o abastecimento energético.

Após esse marco, a legislação quanto às florestas do Brasil voltou ao centro do debate durante os
Governos Militares, mais especificamente através da LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965, que
instituiu as áreas de proteção permanentes (APP), ou seja, porções que deveriam ser preservadas de
maneira integral, e aqui destacamos: as margens de rios, encostas a partir de 45°, áreas de nascente,
áreas de mangues e restinga.

Com o Código de 1965, também foi instituída a reserva legal, ou seja, mesmo que a propriedade
não apresente as porções definidas como área de proteção permanente é necessário que haja
preservação de um percentual das terras, percentual esse que vai variar a depender do local em que a
propriedade rural está inserida.

Atenção: em 1965 também foi criado o crédito rural, que como o próprio nome leva a entender trata-
se de uma facilitação ao acesso à recursos financeiros para a produção no campo, e, lembre-se que é
nesse momento que a soja se expande para o Centro-Oeste com objetivos econômicos e de integração
territorial através das frentes pioneiras.
Ao receber o crédito rural não havia uma obrigatoriedade em seguir o Novo Código Florestal
Ou seja, tínhamos um Código muito bem estruturado na teoria, mas na prática os incentivos para o
“progresso” econômico do país não se pautavam na sustentabilidade.
Sobre a pecuária intensiva e a sustentabilidade, indico os documentários: “COWSPIRACY: O SEGREDO
DA SUSTENTABILIDADE” e “Ser Tão Velho Cerrado”

AULA 14 – Meio Ambiente 33


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

Com o fim dos Governos Militares, na Constituição de 1988 as questões ambientais voltaram a ser
destaque e se tornaram ainda mais importante, observe:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas
à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias
à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro,
devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

(Constituição de 1988)

AULA 14 – Meio Ambiente 34


ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

Então, revisando, o primeiro Código Florestal foi publicado em 1934, quando pela primeira vez
foram estabelecidas as determinações para usos dos recursos naturais até mesmo em propriedades
privadas, já em 1965 foram feitas modificações importantes, o tornando mais exigente, e, por fim em
2012 alguns pontos foram flexibilizados, e hoje, temos em vigor a LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012.

Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de
Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de
matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção
dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de
seus objetivos.

(LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012 – grifos nossos)

Assim, a partir de 2012, além das APPs e das Reservas Legais, foram instituídos:

• Cadastro Ambiental Rural (CAR): um registro eletrônico da propriedade rural que


possibilitada uma melhor fiscalização, afinal, os dados são disponibilizados, e, esse é o
objetivo: unificar as informações;
• Programa de Regularização Fundiária: processo que inclui medidas jurídicas, mas também
urbanísticas, ambientais e sociais, para legalizar assentamentos irregulares
• Propriedades consolidadas: e aqui temos a maior polêmica de tal Código, afinal, esse ponto
diz que, de forma geral, as APPs e Reservas Legais que não foram respeitadas até Julho de
2008 seriam “perdoadas”, ou seja, na prática, quem não cumpriu as determinações legais de
preservação que foram criadas pelo Código de 1965 não seria penalizado (o famoso: vira a
página e segue o jogo), porque estaria consolidado.

A única exceção nesse contexto seriam as matas ciliares, que ao invés de seguir a
determinação de 30 metros de preservação, deveria ter, pelo menos 5 metros.
Ou seja, se você construiu uma casa e/ou plantou bem na margem do rio, ao invés de se
adequar totalmente (com 30 m de distância), ao menos 5 m deveriam ser preservados.

Indicação
Sobre as leis e a realidade ambiental no Brasil, indico o documentário “Lei de Águas: Novo
Código Florestal” – disponível no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=jgq_SXU1qzc)

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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – MEIO AMBIENTE

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Parabéns por ter concluído essa aula e muito obrigada pela confiança no trabalho da Equipe do
Estratégia Vestibulares!

Caso ainda precise de alguma dica ou lhe reste alguma incerteza ou dúvida, não hesite em falar
comigo! Será um prazer trocar conhecimentos com você (assim cresceremos juntos, pois ninguém é tão
grande que não possa aprender). Use o Fórum de Dúvidas sempre que necessário!

Nós do Estratégia Vestibulares estamos ansiosos por sua aprovação!

“Nossas costas contam histórias que a lombada de


nenhum livro pode carregar.”
Rupi Kaur

Ótimos estudos! Conte comigo, sempre!.


@profpriscilalima

https://t.me/professorapriscilalima

Professora Priscila Lima

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANEEL/ANA. Introdução ao gerenciamento de Recursos Hídricos, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sistema de Gestão Ambiental – Especificação e


Diretrizes para uso. NBR ISSO 14000/14001, out/1996.

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AULA 14 – Meio Ambiente 36


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