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Natálio Filipe José Magonzana

Impactos Ambientais de Projecto de Irrigação

Universidade Rovuma
Instituto superior de Transportes, Turismo e Comunicações
2023
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Natálio Filipe José Magonzana

Impactos Ambientais de Projecto de Irrigação


(Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário)

Trabalho de Caracter
Avaliativo da Cadeira de
AIRNOT, do curso de
Licenciatura em GADEC, 2⁰
ano, apresentado ao docente:
Dr. Atumane Abudo.

Universidade Rovuma
Instituto superior de Transportes, Turismo e Comunicações
2023
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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 3

Objectivos ............................................................................................................................... 3

Metodologia ............................................................................................................................ 3

Projecto de Irrigação .................................................................................................................. 4

Para que Serve a Irrigação?..................................................................................................... 4

Benefícios Básicos do Projecto de Irrigação .......................................................................... 4

Impacto Ambiental de Projecto de Prrigação ............................................................................. 5

Salinização do solo ................................................................................................................. 5

Exploração excessiva dos recursos hídricos locais ................................................................. 6

Alteração do meio ambiente ................................................................................................... 6

Contaminação dos recursos hídricos....................................................................................... 6

Problemas de saúde pública .................................................................................................... 7

Principais parâmetros de controle do impacto ambiental ........................................................... 8

Bases para Mitigação dos Impactos de projecto de irrigação ..................................................... 8

Quanto ao meio abiótico ......................................................................................................... 8

Em relação ao meio biótico..................................................................................................... 8

Em relação ao meio socioeconômicas e culturais ................................................................... 9

Conclusão ................................................................................................................................. 10

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 11


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Introdução

Este trabalho aborda aspectos do impacto ambiental de projecto de irrigação, considerando seus
efeitos sobre a modificação do meio ambiente, tais como: salinização do solo, exploração
excessiva dos recursos hídricos locais, alteração do meio ambiente, contaminação dos recursos
hídricos e problemas de saúde pública.
A finalidade básica do projecto de irrigação é proporcionar água às culturas de maneira a
atender às exigências hídricas durante todo seu ciclo, possibilitando altas produtividades e
produtos de boa qualidade. Sendo que a quantidade de água necessária às culturas é função da
espécie cultivada, da produtividade desejada, do local de cultivo, do estádio de
desenvolvimento da cultura, do tipo de solo e da época de plantio.
Apesar de benéfica, o projecto de irrigação pode trazer alguns problemas para a natureza. Por
isso, o impacto ambiental dos projectos de irrigação deve ser compreendido para um melhor
aproveitamento da técnica e, sobretudo, da ferramenta.

Objectivos

Geral:
 Compreender os principais impactos ambientais causados pelo projecto de irrigação.

Específicos:
 Analisar como os impactos do projecto de irrigação podem modificar o meio;
 Caracterizar de forma detalhada cada actor causador da modificação do meio ambiente;
 Descrever as consequências que o projecto de irrigação traz para o meio ambiente.

Metodologia

No que concerne a metodologia, no presente trabalho foram usados livros como consulta
bibliográfica, que constitui como á ferramenta chave na leitura e interpretação análise das
informações.
Os autores das referidas obras estão citados dentro do corpo do trabalho e também na referência
bibliográfica.
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Projecto de Irrigação

De acordo (Bernardo, Soares, & Mantovani, 2006) o projecto de irrigação é desenvolvido com
o objectivo de garantir o fornecimento de água necessário para que as plantas se desenvolvam
de maneira adequada. Por isso, ao implementar um projecto desses, está garantindo o
desenvolvimento de suas culturas e assegurando que elas não serão perdidas por falta de chuva.

Para que Serve a Irrigação?

De maneira resumida, a finalidade do projecto de irrigação é a de proporcionar água às culturas


em uma fazenda de forma com que as necessidades e exigências hídricas de todas elas sejam
atendidas. Isso vai permitir que as plantas, folhas e frutos tenham alto desenvolvimento e
ofereçam produtos de boa qualidade (Bernardo, Soares, & Mantovani, 2006).

Benefícios Básicos do Projecto de Irrigação

Assim, na perspectiva dos autores, pode-se destacar os seguintes benefícios básicos do projecto
de irrigação:
 Aumento da produtividade das culturas – em média, a produtividade em áreas irrigadas
são até três vezes maiores do que a de áreas que não passam pelo mesmo processo;
 Oferece a possibilidade de uma agricultura econômica, estratégia e até mesmo
sustentável em outras regiões que sofrem problemas como a seca;
 Justifica e incentiva a introdução de culturas mais valorizadas economicamente,
minimizando o risco de altos investimentos;
 Melhora as condições econômicas e valoriza as comunidades rurais;
 Mantém programas de cultivos, escalonando plantios, colheitas ou tratos culturais;
 Otimiza a eficiência da utilização de fertilizantes;
 Aumenta a demanda de mão de obra, consequentemente aumentando o número de
pessoas no meio rural.
Entretanto, é importante ter ciência de que somente a irrigação não será o suficiente para
proporcionar todos os benefícios supracitados. Ela, por sua vez, deve ser acompanhada de
outras práticas culturais para gerar lucros esperados da agricultura irrigada, como a utilização
de variedades produtivas, tratos culturais, adubações e outras práticas (Idem).
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Impacto Ambiental de Projecto de Prrigação

Embora apresente muitos benefícios, a irrigação também tem contribuído para impactos
ambientais adversos ao solo, bem como à saúde pública, às condições socioeconômica das
populações, e à fauna e flora locais.
Na prespectiva de (Bernardo, 1992) qualquer projeto de irrigação deve abordar os aspectos
sociais e ecológicos da região, buscando maximizar a produtividade, a eficiência no uso da água
e minimizar os custos – isso vale tanto de mão de obra quanto de capital, com o intuito de tornar
a utilização da irrigação lucrativa.
É essencial, também, manter as condições adequadas de humidade do solo, bem como a
fitossanidade para o bom desenvolvimento das culturas irrigadas.
Não é benéfico para o desenvolvimento sustentável da irrigação adotar posturas que
supervalorizem ou negligenciem o impacto ambiental causado pela actividade. Assim, é
fundamental empenhar os esforços máximos para obter dados confiáveis que permitam
quantificar o impacto ambiental gerado pela irrigação (Bernardo, 1992).
Nesta secção, vai se explorar os impactos ambientais do projecto de irrigação:

1. Salinização do solo

Na óptica de (Bouwer, 1987) “afirma que um dos principais impactos ambientas que atingem
as áreas irrigadas é a salinização do solo.
De acordo com uma estimativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO, Food and Agriculture Organization), aproximadamente 50% dos 250
milhões de hectares irrigados no mundo já apresentam sintomas e outros problemas oriundos
da salinização e da saturação do solo, e que 10 milhões de hectares são abandonados por ano
por conta desses problemas.
É estimado que a irrigação está directamente ligada à salinização, pois, por exemplo, a cada
lâmina de 100 mm de água de irrigação, com concentração de sais, produz 500 kg/ha de sal à
área a ser irrigada.
Consequentemente, as irrigações sucessivas vão gerando mais quantidades de sal que, por sua
vez, vai se acumulando quando não é removido pelo processo de drenagem e de lixiviação
(lavagem do solo). Na ausência desses processos, o sal se acumula na superfície do solo, criando
os solos salinos. Portanto, em zonas irrigadas, a lixiviação e a drenagem natural devem fazer
parte obrigatória das rotinas de mantimento e manutenção da área. Somente com esse
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procedimento que será garantido o fluxo da água com sal abaixo do grau radicular das culturas
(Bouwer, 1987).

2. Exploração excessiva dos recursos hídricos locais

Segundo (Silva, 1997) defende que em determinadas bacias hidrográficas, a falta de análise e
quantificação adequadas do volume de água antes da implementação de projetos de irrigação
tem resultado em escassez de água nas áreas a baixa-mar. Esse problema, inclusive, tem se
acentuado, levando à escassez de água para o consumo humano, resultando em impactos
ambientais significativos e tensões entre as partes envolvidas. Ele também afecta o consumo de
água por parte dos animais e, sobretudo, da fauna silvestre.
Entretanto, devido à crescente demanda por água nos mais diversos sectores da sociedade, bem
como o aumento da conscientização ambiental por parte dos movimentos ecológicos,
certamente haverá pressão para que a irrigação seja realizada com maior eficiência. A escassez
de água terá impacto tanto na irrigação quanto será impactada por ela (Silva, 1997).

3. Alteração do meio ambiente

Na perspectiva de (Bouwer, 1987) geralmente no solo, existe uma fonte de preocupação


ambiental em relação à forma com que os sistemas de irrigação são aplicados.
Isso ocorre porque a drenagem extensiva de áreas contínuas, bem como o cultivo intensivo, têm
causado perturbações nas condições físicas e estruturas no meio ambiente dessas regiões. Por
consequência, a vegetação nativa, produção de peixes, população de insetos estão mais
presentes nessas áreas.
Contudo, em concordância com a opinião do autor acima referenciado, haverá também o
aumento da erosão e sedimentação na bacia hidrográfica. Entretanto, esses efeitos não impedem
a utilização racional das várzeas – desde que haja a preservação de uma porcentagem da área,
com o intuito de manter o ecossistema como um local de reprodução da fauna e um refúgio
natural. Adicionalmente, o desenvolvimento da irrigação pode ser responsável por outros
impactos ambientais e ecológicos secundários na região, como na promoção da monocultura,
alterando a população local de insetos, resultando na aplicação maior de inseticidas.

4. Contaminação dos recursos hídricos

Para (Deason, 1989) a contaminação dos recursos hídricos é outro sério – porém, comum –
efeito colateral da irrigação, impactando tanto rios, córregos, bem como a água subterrânea.
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O excesso de água aplicado nas áreas irrigadas, que não passa pelo processo de
evapotranspiração pelas culturas, retorna aos corpos de água por meio do escoamento
superficial e subsuperficial, infiltrando-se no lençol freático.
Por consequência, ele carrega consigo sais solúveis, resíduos de pesticidas e herbicidas,
fertilizantes, substâncias tóxicas e sedimentos. Na óptica de (Deason, 1989) essa contaminação
tem causado graves problemas no abastecimento de água potável. É comum que esse efeito
aconteça quase que imediatamente após a aplicação da água na irrigação por superfície, como
em sulcos, faixas e inundação.
Na prespectiva de (Deason, 1989) a contaminação de rios e córregos também pode ocorrer de
forma mais lenta através do lençol freático subsuperficial, arrastando os elementos
supracitados. Essa contaminação, pode ser agravada se o perfil do solo irrigado estiver com a
presença de sais solúveis, visto que a água que se desloca pelo solo carrega tanto os sais trazidos
pela água de irrigação, bem como os dissolvidos na própria terra.
Já a contaminação da água subterrânea trata-se de um processo mais demorado. O tempo
necessário para que a água percolada tenha chances de alcançar o lençol freático varia consoante
a permeabilidade do solo e a profundidade do lençol.
Considerando tais condições, esse efeito pode levar de 20 a 50 anos para a água atingir um
lençol freático situado a aproximadamente 30 metros de profundidade. Esse facto se torna
preocupante, pois levará muito tempo até que se perceba a contaminação da água subterrânea
(Deason, 1989).

5. Problemas de saúde pública

De ponto de vista de (Brown & Flavin, 1999) há muitas evidências mundiais de que, após a
irrigação, ocorrem impactos ambientais responsáveis por problemas adversos à saúde pública.
Com relação a esses problemas, são três casos:
a) Contaminação do irrigante durante a condução da irrigação;
b) Contaminação da comunidade próxima à área irrigada, e
c) Contaminação do usuário de produtos irrigados.
Assim, na perspectiva dos autores, nos dois primeiros casos, tem-se observado a propagação da
esquistossomose e a proliferação de mosquitos. No terceiro caso, de um modo geral, tem-se
verificado a ocorrência de verminoses, cuja contaminação se dá por meio do consumo de
hortifrutigranjeiros contaminados pela água de irrigação. Daí a necessidade de se considerar a
possibilidade da propagação de doenças por meio da irrigação, em todos os seus aspectos.
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Principais parâmetros de controle do impacto ambiental

Sem dúvida, um dos principais parâmetros de controle do impacto ambiental advindo da


irrigação, será uma política intensiva de melhoria no manejo da irrigação. Política esta,
compreendendo mais estudos, mais pesquisas e mais acções extensionistas sobre manejo da
irrigação, passiva tanto de premiação quanto de fiscalização. Do mesmo modo, de acções
repressivas por parte do Governo, quando necessárias, pois água de boa qualidade torna-se,
cada dia mais, um bem muito escasso. (Crosson, 1983)
No posicionamento de (Crosson, 1983) as fases de planeamento e dimensionamento do projecto
são os momentos adequados para diagnosticar os possíveis impactos ambientais resultantes da
irrigação e realizar os ajustes necessários, de modo que os possíveis efeitos adversos, oriundos
da implementação do projeto, sejam minimizados.

Bases para Mitigação dos Impactos de projecto de irrigação

Segundo (IBAMA, 1995) as medidas de conservação ambiental e mitigação de impactos


indicadas para áreas irrigadas podem ser agrupadas em relação à sua inserção em três níveis de
complexidade:
 O meio abiótico: referente ao ambiente físicoquímico;
 Ao meio biótico: referente às interações entre os organismos e o ambiente, e
 O meio socioeconômico e cultural.

 Quanto ao meio abiótico:

As recomendações iniciam-se pela adequação da técnica de irrigação ao tipo de solo, redução


da exposição do solo descoberto, emprego de rotação de culturas e plantio directo para culturas
anuais, manutenção de cordões de vegetação permanente e quebra-ventos, e cuidados técnicos
gerais com os equipamentos e sistemas complementares de controle da aplicação, drenagem e
tratamento da água. Todo o sistema de carreadores, estradas, diques, e reservatórios devem ser
planejados considerando técnicas de conservação do solo e água desde a fase de implantação.
Cuidado especial deve ser dedicado à aplicação de agroquímicos, empregando qualquer produto
somente com base no Receituário Agronômico (IBAMA, 1995).

 Em relação ao meio biótico:

Prioridade deve ser direcionada à conservação de remanescentes de vegetação nativa e áreas


húmidas, preservando e recuperando áreas contínuas de vegetação nativa em torno de parcelas
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irrigadas como reservatório de inimigos naturais de pragas e corredores de vida silvestre. Para
o caso de construção de barragens, prever mecanismos para possibilitar a piracema, revegetar
a área de entorno dos reservatórios com vegetação nativa e retirar a fitomassa das áreas a serem
inundadas. Muitos preceitos complementares de conservação ambiental devem ser observados
de forma geral em áreas agrícolas, sendo recomendável a implantação de planos de gestão
ambiental que contemplem estes preceitos (IBAMA, 1995).

 Em relação ao meio socioeconômicas e culturais:

São, obviamente, de ordem geral e extremamente dependentes da escala do projeto de irrigação.


Deve-se sempre considerar a comunidade não somente em seu limite geográfico, mas pelos
limites definidos por relações sociais, culturais, econômicas e políticas. A implantação de áreas
irrigadas deverá ser acompanhada de programas de extensão rural, transferência de tecnologia
e educação ambiental, programas de saúde e educação sanitária que levem em conta os hábitos
estabelecidos das comunidades locais. Deve-se fomentar o associativismo e o treinamento,
incluindo a autogestão e a acção participativa na monitoração ambiental da área. Excluir da área
dos projetos sítios arqueológicos e de importância cultural e histórica, aldeias indígenas e sítios
espeleológicos. Finalmente, deve-se seguir recomendações gerais de implantação de projetos
de desenvolvimento (IBAMA, 1995).
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Conclusão

Na agricultura irrigada, otimizar o uso da água é um ponto fundamental para permitir uma
melhor utilização dos demais fatores de produção. Como consequência, isso vai oferecer mais
produtividade e uma combinação mais eficiente dos insumos empregados em uma fazenda de
cultura.
Contudo, é importante ressaltar que a água é um recurso valioso – e cada vez mais escasso.
No atual contexto globalizado, a escassez de água de boa qualidade é uma realidade. Isso
contribui para o aumento dos custos na produção agrícola, devido aos aumentos nos valores
tanto da energia quanto dos insumos.
Óbvio que, em regiões onde houve investimento em irrigação, observou-se o desenvolvimento
econômico e social. Esse progresso ocorreu especialmente quando as acções foram estudadas e
aplicadas com qualidade.
Geralmente, os sistemas de irrigação mal dimensionados, implementados, gerenciados ou
incompletos, como aqueles sem uma drenagem ou acessórios adequados, são os principais
vilões e responsáveis pelos mais graves impactos ambientais.
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Referências Bibliográficas

Bernardo, S. (1992). Impacto Ambiental da irrigação. Brasil : REV. Engenharia na Agricultura


– Série Irrigação e Drenagem. Vol. 1, no 1.
Bernardo, S., Soares, A. A., & Mantovani, E. C. (2006). Manual de Irrigação . 8 ed. Viçosa,
MG: UFV,.
Bouwer, H. (1987). Effect of irrigation agriculture on groundwater. Joumal of irrigation and
drainage engineerin, 113(1):4-15.
Brown, L. R., & Flavin, C. (1999). State of the world 1999. London : Earthscan Publications,.
Crosson, P. (1983). A schematic view of resources, technology and environment in agricultural
development. Agriculture,Ecosystems and Environment. Amsterdam.
Deason, J. P. (1989). Irrigation induced contamination: How Real a Problem. Joumal o
firrigation and drainage engineering, 115(1):9-20.
IBAMA. (1995). Avaliação de impacto ambiental: agentes Sociais, procedimentos e
ferramentas. Brasília: IBAMA/DIRPED/DEDIC/DITEC.
Silva, M. J. (1997). Busca de novas tecnologias para reduzir o consumo de água. São Paulo.

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