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Jóni Renato Afonso Alves de Magalhães BARROSO1; José Manuel de Saldanha Gonçalves MATOS2;
António Jorge Silva Guerreiro MONTEIRO3
RESUMO
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1. INTRODUÇÃO
As Alterações Climáticas (AC) constituem uma preocupação global, podendo as respetivas
consequências constituir graves ameaças ambientais, sociais e económicas. As principais formas de
combate às alterações climáticas consistem na mitigação, i.e redução das emissões de Gases de
Efeito Estufa (GEE) de origem antropogénica, e na adaptação às novas condições dos diversos
sectores de atividade (nomeadamente serviços de águas e saneamento, transportes, indústria,
ordenamento do território e turismo, entre outros). A adaptação é, sobretudo, importante nos sectores
de águas, saneamento e ordenamento do território.
Para que seja possível, fornecer serviços de saneamento às populações, em condições que
garantam a proteção da saúde pública e, ao mesmo tempo, a proteção dos meios recetores, tem sido
necessário que as sociedades estejam dotadas com infraestruturas que constituam o suporte físico dos
serviços, que, em regra, requerem elevados consumos de energia para a sua operação.
Os encargos com a energia tendem a crescer nas atividades de operação das infraestruturas, e
mesmo atendendo ao aumento da produção de energia através de fontes renováveis, a componente da
energia tem tendência a tornar-se progressivamente mais dispendiosa, e com efeitos em termos de
emissões de GEE.
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O PLASU-AC encontra-se na sua segunda fase que inclui a definição de uma “visão” para
evolução dos níveis de serviço em saneamento no país, tendo em conta preocupações múltiplas
(saúde pública, qualidade da água, proteção dos meios recetores, mitigação da emissão de GEE e
adaptação às Alterações Climáticas). Pretende-se ainda definir os requisitos e exigências dos sistemas
e serviços de saneamento face às Alterações Climáticas, bem como produzir matrizes de soluções
tecnológicas e abordagens elegíveis de gestão. Adicionalmente, foram estimadas e classificadas as
emissões de GEE associadas ao setor do saneamento para futuro desenvolvimento do modelo de
simulação de Apoio à Evolução de Sistemas de Saneamento na cidade do Futuro em Moçambique.
Esta integra também o desenvolvimento do Plano Geral de Saneamento da cidade de Xai-Xai,
incluindo a análise técnica e económica das soluções elegíveis, no entanto na presente comunicação
não se faz menção a esta componente.
Figura 1 – Principais calamidades por desastres naturais por década. Fonte: CRED, 2014; INGC, 2009.
De acordo com o INGC (2009) é previsível que haja um aumento da temperatura média anual
em Moçambique a médio (2046-2065) e a longo prazo (2080-2100), que se fará sentir principalmente
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durantes os meses SON, e que afetará mais as Regiões Centro e Sul, potenciando condições de seca
imediatamente antes do inicio da época agrícola. De igual forma projeta-se um aumento da frequência
de dias e noites quentes, potenciando ondas de calor, que no entanto se sentirão mais na Região
Norte.
No que concerne à precipitação, através da análise combinada de vários estudos conclui-se que
haverá um ligeiro aumento da precipitação média anual e um aumento vincado da variabilidade sazonal
a médio e a longo prazo, que será mais sentido na Região Norte, mas que estará concentrado numa
estação chuvosa mais curta, sendo também esperadas maiores intensidades de precipitação e uma
maior frequência de eventos extremos.
Durante a estação seca, como o aumento da evapotranspiração será maior do que o aumento da
precipitação, espera-se um maior défice de humidade no solo no final desta estação, potenciando
assim condições de seca extrema, em particular no interior da Região Centro e na Região Sul.
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Por outro lado, é comum a inundação, o entupimento e mesmo o colapso de latrinas e fossas
sépticas, com contaminação dos meios recetores (águas superficiais e subterrâneas). De facto, durante
as cheias em Moçambique, em 2000, entre 40.000 e 100.000 latrinas foram destruídas, sendo que em
Chokoé e Xai-Xai cerca de 3.000 fossas sépticas descarregaram indevidamente (Cairncross e
Alvarinho, 2006). A perda de acessibilidade às latrinas afeta sobretudo os mais pobres, que vivem em
bairros densamente povoados, sendo particularmente gravosa para as mulheres, já que a perda de
acesso também se traduz em perda de privacidade para a defecação. A prática de defecação a céu
aberto pode voltar a aumentar, agravando os riscos para a saúde pública e comprometendo ganhos
locais em cobertura de saneamento (Projecto de Desenvolvimento Rural Água de África, 2010, citado
por ICLEI, 2012a).
Em períodos de seca, os efeitos das alterações climáticas nos sistemas de saneamento podem
também refletir-se na diminuição dos níveis de humidade no solo e na alteração das taxas de
infiltração, podendo dar origem a ruturas nos coletores e restantes infraestruturas em consequência de
assentamentos diferenciais dos solos, conduzindo a problemas de contaminação e a maiores custos de
manutenção. Por outro lado, o aumento da profundidade dos níveis freáticos é favorável em termos de
utilização de latrinas a seco e de fossas sépticas com meio de disposição final no solo.
A maior variabilidade das temperaturas, quer sazonal quer diária, afetará os processos
biológicos de tratamento, uma vez que a temperatura é um fator ambiental predominante para estes.
Embora temperaturas mais elevadas afetem positivamente as cinéticas de reação dos processos
biológicos, os impactos desta variabilidade nem sempre serão positivos. Por um lado, este efeito
acelerador pode ser negativo, quando afeta processos biológicos que se pretendem lentos (como é o
caso de processos biológicos conduzindo à depleção de oxigénio dissolvido em meios que,
desejavelmente, deveriam ser aeróbios, ou de processos biológicos cujo desenvolvimento mais
acelerado é nefasto aos processos de tratamento de águas residuais). Por outro lado, a variabilidade
diária da temperatura dificulta o controlo dos processos biológicos de tratamento, aumentando a
necessidade de ajustes aos processos, com impactos na eficiência. Face ao exposto, pode ser
necessário um nível mais elevado de tratamento para manter a qualidade do efluente final e cumprir os
objetivos de qualidade da água do meio recetor (Sinisi e Aertgeerts, 2010; Charles et al., 2010; Ofwat,
2008).
A subida do nível do mar pode ter impactos negativos nos sistemas de águas residuais que
servem zonas costeiras de cotas baixas. Estes impactos podem manifestar-se de duas formas:
• Agravando a intrusão de águas salinas nos sistemas de drenagem, com consequências negativas
em termos do agravamento das condições de septicidade das águas residuais ao longo do seu
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transporte até à ETAR, da afetação dos processos biológicos de tratamento em ETAR e da
eventual inviabilização da reutilização das águas residuais tratadas;
• Comprometendo o funcionamento hidráulico da ETAR, por via da cota mais elevada do nível de
água na descarga das águas residuais tratadas.
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Quanto às metas dos objetivos do Milénio, para a população servida com acesso a fonte de água
melhorada estima-se que estará próxima do cumprimento para meio urbano e rural. Para a população
servida por solução de saneamento melhorado a meta estima-se que poderá estar próxima do
cumprimento para o meio rural mas ainda longe do cumprimento para o meio urbano.
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Figura 2 – Cadeia de serviços de saneamento (Muximpa e Hawkin, 2013)
Com o objetivo de mitigar os efeitos da intervenção humana nos sistemas naturais de drenagem,
conciliando-o com aceitáveis padrões de qualidade de vida, são necessárias intervenções que
aumentem a resiliência a efeitos exteriores, incluindo as AC. Neste contexto, são propostas soluções
tecnológicas mais adequadas para fazer face aos problemas de drenagem e saneamento, que devem
ser viáveis tanto a nível técnico como económico e social. No que se refere ao saneamento, devem ser
consideradas soluções on-site ou off-site consoante as características urbanas e populacionais de cada
local e o volume de água consumida per-capita (Figura 3). A solução off-site implica a construção de
ligações à rede de drenagem da cidade e justifica-se quando a capitação e a densidade populacional
forem suficientemente elevadas. Nos restantes casos, são privilegiadas soluções on-site, com latrinas e
fossas.
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Em zonas com fossas sépticas individuais e com tendência para aumentar os consumos de
água, pode recorrer-se a sistemas de coletores gravíticos de pequeno diâmetro (esgotos decantados)
ou a redes condominiais (gravíticas com menor diâmetro que os sistemas convencionais). As redes
condominiais, conjugadas com fossas sépticas coletivas ou ETAR compactas a jusante, poderão
constituir uma solução eficiente e económica para a drenagem e tratamento de águas residuais
domésticas em zonas onde a execução de uma rede de drenagem e tratamento convencional onera
muito a solução. Este tipo de abordagem permite uma evolução para uma solução convencional,
passando as fossas sépticas coletivas/ETAR compactas a constituir os pontos de recolha de efluentes
da rede pública (solução tipo II da Figura 3).
No entanto, quando os consumos de água são elevados mas a densidade de ocupação ainda é
muito baixa deve, em regra, manter-se o uso de fossas sépticas. Para baixos consumos de água,
vigoram as soluções de latrina, sem esvaziamento ou com esvaziamento e transporte de bio-sólidos
(lamas) a tratamento, em função da densidade de ocupação do território (soluções tipo I e II da Figura
3). Em zonas sem acessibilidade a veículos pesados para recolha de lamas, a recolha primária das
lamas das fossas sépticas e latrinas deverá ser realizada por micro-operadores dotados de um tanque
do tipo VacuTug ou equivalente (sistema totalmente mecanizado de recolha de lamas fecais). As lamas
serão depositadas provisoriamente numa estação de transferência de lamas (ETL), cuja localização
deverá ser acessível a veículos motorizados pesados. Posteriormente será efetuada uma recolha
secundária das lamas da ETL até às estações de tratamento de lamas fecais (ETLF).
• Latrinas a seco, melhoradas e ventiladas, em zonas onde a água é escassa, eventualmente com
separação entre fezes e urinas (latrinas ecológicas, atualmente utilizadas em algumas zonas em
Moçambique);
• Instalações sanitárias, com sanita e banho, instaladas no interior ou no exterior das habitações
(em locais com água abundante e sistemas domiciliários de abastecimento de água), ligadas a
fossas sépticas ou a sistemas de drenagem de águas residuais.
A recolha de lamas fecais, a partir dos poços das latrinas e das fossas sépticas, debate-se,
normalmente, com as seguintes dificuldades técnicas:
Genericamente, a recolha de lamas fecais poderá ser classificada em três classes ou tipos
(Linda et al., 2014):
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• Recolha Manual, neste caso podem ser utilizadas duas técnicas: a recolha para um dispositivo
contentor localizado sob a latrina, permitindo uma recolha sem contacto direto do operador com as
lamas fecais (ver Figura 4); e a recolha com contacto, utilizando baldes, pás e outras ferramentas
por forma a permitir a colocação das lamas em contentores montados sobre veículo de transporte.
Figura 4 - Dispositivo para recolha de lamas fecais sem contacto (Linda et al, 2014)
Quadro 2 – Processos de recolha mecânica de lamas fecais (operação manual) (adaptada de Linda et
al, 2014)
Es timativas de custo
Sis tema de recolha de lamas fecais Aplicabilidade/vantagens Dificuldades de aplicação
de investimento
- dific uldade em s ervir ins talaç ões de
Bomba manual de des locamento
g ra nde dimens ão, devido à s lim ita ções de
pos itivo
c audal;
- la mas de ba ixa vis cos idade;
- entupimentos com res íduos ; 40 a 1400 US D
S is tema Gulper, des envolvido em - c audal a elevar a té 30 L/min
- perda de la mas líquida s durante a
2007 pela London S chool of Hyg iene
opera ção;
and Tropic al Medic ine (LS HTM)
- deteriora ção do tubo de P VC c om o us o
- entupimentos com res íduos ;
- lama s de baixa vis c os ida de; - dific uldades de s ela gem na s ligaç ões dos
Bomba de diafrag ma manual - c audal a elevar a té 100 L/m in; tubos ; 300 a 350 US D
- a ltura de eleva çã o má xima de 3.5 a 4.5 metros - dific uldades eventua is na obtençã o de
peç as de s ubs tituiç ão
- eventuais dific ulda des de func ionamento
c om la mas com eleva da percenta gem de
S is temas ba s eados em eleva çã o por
- aplicá vel a lam as de elevada vis cos ida de a téria inerte; des conhecido
correntes ou pa ra fus o vertic al
- eventuais dific ulda des na obtençã o de
peç as de s ubs tituiç ão
- c audal má ximo a elevar de 10 a 40 L/min função da
vis c os ida de da s lama s e da altura de eleva ção; - exig ente em termos de s erviç o de
S is temas de vác uo de operaçã o
- a ltura má xima de eleva ção de 3 metros ; a s s is tência técnic a; 3000 US D
manual
- embora pes ado, o equipa mento pode a ceder por - poderá implica r a importaçã o de peç as
c aminhos de reduz ida la rg ura
• Recolha Totalmente Mecanizada, recorre correntemente à utilização dos seguintes dispositivos que
se caracterizam no Quadro 4.
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Quadro 3 – Processos de recolha de lamas fecais totalmente mecanizada (adaptada de Linda et al,
2014)
Es timativa de custo
Sis tema de recolha Aplicabilidade/vantagens Dificuldades de aplicação
de investimento
- podem elevar lama s líquidas e partículas s ólidas de
dimens ão máxima até 40 a 60 mm; - pos s ibilidade de entupimentos ;
Bomba s de dia fragm a motoriz a das - a dmitem ca udais má xim os até 300 L/min; - dificuldade na obtençã o de peç as de da ordem de 2000 US D
- a dmitem altura s m áximas de elevaç ão da ordem de s ubs tituiçã o
15m, adaptando-s e a altura s variáveis
- c apacidade pa ra eleva r la mas líquida s e pa rtíc ulas
s ólidas de dimens ã o m áxima a té 20 a 30mm; - dificuldade na a quis içã o de peç as de
- elevaç ão de um c audal má ximo da ordem de s ubs tituiçã o;
Bomba s c entrífugas com tritura ção 1200L/min; - implic am a dis ponibilida de da ordem de 1800 US D
- a ltura m áxima de elevaçã o da ordem de 25 a 30m, contentoriz açã o;
a da pta ndo-s e fac ilmente a a lturas de eleva ção - vulnera bilidade a entupimentos
va riá veis
- a altura fixa do equipa mento dific ulta as
operaç ões ;
- c apacidade pa ra eleva r la mas com pequenas - nã o a plic ável para la mas s ecas ou com
qua ntida des de res íduos não biodegra dáveis ; gra ndes qua ntida des de res íduos não
Tra s portador vertica l de correntes
- c audais de elevaç ão até 50L/min; biodeg ra dá veis ; da ordem de 1200 US D
acionado m eca nica mente
- a lturas de eleva ção má xima s de 3m; dific uldades de - dificuldades de limpez a após operaçã o;
opera çã o c om a lturas de eleva ção variáveis - dificuldades de manobra, devido a o
eleva do pes o e à dimens ã o do
equipa mento
- bloqueia fac ilmente por ac umula ção de
detritos ;
Tra ns porta dor vertic al de pa rafus o, - fa bric aç ão com plexas e elevado número
a ltura de elevaç ão mínima de 3m cerc a de 700 US D
motoriz ado de peça s ;
- pes o elevado;
- impos s ibilidade de a jus te da altura
- facilidade de elevar lama s de baixa vis cos ida de, com
a lguma ma téria não biodegra dável; - dificuldades de aces s o a área s de
E quipam ento de c oleta por vácuo - - ideal para tra nporte de g randes quantidades de la mas oc upaçã o urbana intens a;
Muito variá vel
Tanque convencional a dis tâncias long as ; - exigência de manutenç ão cmplexa e
- a lturas de eleva ção variáveis em funç ão da s peça s muito c aras
es pecifica ções do equipam ento
- trans porte m oros o;
- elevaç ão de la mas de ba ixa vis cos idade, podendo - dificuldade na eleva çã o de lam as de
E quipam ento de c oleta por vácuo - c onter a lg uma matéria nã o biodegradável; eleva da vis cos idade;
S is temas B R E VAC. VACUTUG. - ideal para loc ais de limitada a ces s ibilidade; - pequeno volume de contentoriz aç ão (500 10000 a 20000 US D
MAQUINE TA de Maputo - a lturas máxima s variáveis , em funçã o do tipo e a 2000L);
m odelo utiliz ado - dificilmente viabiliz ável para long as
dis tânc ias de tra ns porte
A maior parte dos sistemas de recolha manual de lamas fecais descritos e alguns sistemas de
coleta mecanizada não têm capacidades/condições para transportar as lamas recolhidas, tornando-se
necessário prever um sistema de transporte destas lamas até aos locais de tratamento/deposição
(alguns movidos por ação humana ou por tração animal, outros motorizados). Assim, o transporte das
lamas pode ser dividido em duas fases: transporte primário, que compreende os circuitos entre os
pontos de coleta e as estações de transferência; e transporte secundário, entre as estações de
transferência e os locais de tratamento/deposição. Os equipamentos de transporte de lamas fecais
deverão estar de acordo com as condições de entrada/ligação aos dispositivos previstos ou existentes
nas estações de transferência e na estação de tratamento. Destacam-se as seguintes alternativas:
• Transporte manual de lamas fecais, efetuado recorrendo a carros de mão ou triciclos tracionados
por ação humana ou através de carros de duas ou quatro rodas tracionados por força animal. Este
tipo de transporte está limitado, normalmente e por razões de ordem prática, a um raio da ordem
dos três quilómetros e a uma capacidade dos contentores de 200 litros (Linda et al., 2014). Será
aplicável nos casos onde o transporte mecanizado se afigura inviável, por razões económicas ou
de acessibilidade.
• Transporte mecanizado de lamas fecais, efetuado através dos seguintes meios: triciclos
motorizados (sistema desenvolvido por Steven Sudgen); tratores mecanizados de duas rodas com
reboque; sistemas de transporte integrados com os sistemas de coleta (Maquineta de Maputo e
VACUTUG) que, para além da coleta, promovem o transporte das lamas fecais até às estações de
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transferência ou outros pontos de deposição; pequenos reservatórios de vácuo montados sobre
veículo do tipo pick-up, ou sobre chassis rebocados por trator de quatro rodas, estes equipamentos
viabilizam distâncias de transporte superiores, funcionando normalmente associados a sistemas de
coleta por vácuo (usando por exemplo o eVac) com capacidades que podem variar entre 2000 e
5000 kg (Linda et al, 2014); tanques de vácuo de grandes dimensões para transporte secundário
de lamas fecais.
No quadro seguinte são apresentadas algumas estimativas das emissões de GEE geradas com
o transporte de lamas fecais por quilómetro percorrido.
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O tratamento de lamas fecais pode assumir os seguintes formatos:
a) Tratamento por separação sólido/líquido. Este tratamento pode ser implementado, com vantagens,
de forma integrada numa estação de transferência, permitindo uma elevada redução dos volumes
de lamas fecais a transportar a jusante e dos respetivos custos associados. Por cada metro cúbico
de lamas fecais sujeitas a este tratamento obtêm-se cerca de 0,10 a 0,15 m3 de lamas após
tratamento (Montanegro et al, 2004).
b) Tratamento final numa estação de tratamento de lamas fecais (ETLF) destinada exclusivamente a
tratar as lamas fecais recolhidas nas zonas urbanas e periurbanas servidas por sistemas
individuais de saneamento.
c) Tratamento das lamas fecais em conjunto com as lamas resultantes do tratamento de águas
residuais na (s) ETAR que serve (m) as zonas urbanas que dispõem de redes de saneamento.
d) Tratamento das lamas fecais em conjunto com as águas residuais na (s) ETAR que serve(m) as
zonas urbanas que dispõem de redes de saneamento.
A fase líquida resultante das opções a) e b) anteriores poderão ser objeto dos seguintes destinos
e tratamentos complementares:
A conceção global proposta para o tratamento das lamas fecais é apresentada na figura 10.
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Lagoas de
maturação
LAMAS Reatores biológicos
FECAIS Biomassa fixa ou Reutilização
suspensa
Leitos de
Decantação Lagunagem macrófitas
Lagunagem
Espessamento anaeróbia facultativa
LEGENDA:
O destino final das lamas fecais deve contemplar soluções que permitam valorizar as lamas
produzidas ou seja, recomenda-se que as lamas sejam valorizadas agricolamente, contribuindo para a
fertilização dos solos, promovendo um aumento de produtividade agrícola destes solos. De salientar
que antes da sua aplicação final, as lamas devem ser estabilizadas. Atendendo aos tempos de
permanência nas ETLF e dado que as lamas fecais afluentes são provenientes de fossas sépticas ou
latrinas, é provável que já se encontrem estabilizadas. No entanto, e por razões de higienização, pode
haver necessidade de tratamento adicional, por compostagem, um dos métodos empregues para a
estabilização das lamas, ou com recurso a cal (estabilização química).
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• TP + lagoas (anaeróbia + facultativa + maturação);
• TP + reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA) + leito de macrófitas;
• TP + RAFA + lagoa facultativa + lagoa de maturação;
• TP + RAFA + filtro anaeróbio;
• TP + RAFA + filtro arejado;
• TP + RAFA + filtro anaeróbio + flotação;
• TP + RAFA + lagoa arejada;
• TP + leito percolador de funcionamento gravítico;
• TP + decantação primária avançada + lagoas (facultativa+maturação);
• TP + decantação primária avançada + filtro arejado;
• TP + decantação primária avançada + reservatório de estabilização;
• TP + reservatório de estabilização.
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REGIÃO A ESTUDAR
SOLUÇÕES
DESCENTRALIZADAS
não
não IS
IS IS
Fossas séticas
individuais IS
LEGENDA
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- Recolha totalmente manual
COLETA DE - Recolha com meios mecânicos operados manualmente
LAMAS FECAIS
- Recolha totalmente mecanizada
Estação de tratamento não Existe ETAR sim Existem cond para não ETAR
desc fase líquida
de lamas fecais ETLF próxima ? no local ? Fase sólida
sim
SELEÇÃO DA PRE-TRATAMENTO
LINHA PROCESSUAL
DESCARGA
LOCAL
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Figura 12 - Soluções centralizadas elegíveis. Matriz A- Preparação da informação de base
ETA R
FA SE S E L E Ç Ã O D A L IN H A FA SE
L ÍQ U ID A PR O C ESSU A L S Ó L ID A
TR A TA M EN TO T R A T A M E N T O P R IM Á - TR A TA M E N TO
P R E L IM IN A R R IO E S E C U N D Á R IO T E R C IÁ R IO
- G ra g a g e m m a n u a l
- S o lu ç õ e s d e r e d u z id o c o n s u m o e n e r g é tic o :
- G r a d a g e m m e c â n ic a (ta m b o r ro ta -
- F o s s a s é t ic a o u t a n q u e H im h o f f + le it o s d e m a c r ó fit a s
t iv o )
- Lagunagem
- d e s a re n a ç ã o ( c a n a l g r a v ít ic o o u - R A F A + p r o c e s s o b io l ó g ic o c o m p le m e n t a r
a p a r e l h o c o m b in a d o ) - D c e c a n t a ç ã o p r i m á r ia a v a n ç a d a
- r e m o ç ã o d e ó le o s e g o r d u r a s ( ta n -
q u e g r a v í t i c o o u a p a r e l h o c o m b in a d o )
R EM O Ç Ã O D E R E U T IL IZ A Ç Ã O
- S o lu ç õ e s d e e le v a d o c o n s u m o e n e r g é tic o : D E S IN F E Ç Ã O N U T R IE N T E S
- P r o c e s s o b io ló g i c o + f l o t a ç ã o + m e m b r a n a s ;
- L a m a s a t iv a d a s
- L a g o a s d e m a tu ra ç ã o ; - P r o c e s s o b io ló g ic o d e n itr ifi-
- R a d ia ç ã o u v ; c a ç ã o (re m o ç ã o d e a zo to )
- C lo r a g e m (h ip o c lo rit o ) - P r o c e s s o fís ic o -q u ím i c o (p re -
c ip it a ç ã o d e f ó s f o r o )
- P r o c e s s o b io ló g ic o a n a e ró b io
( r e m o ç ã o d e fó s f o r o )
E SPE SSA M EN TO
G R A V ÍT IC O
C O - D IG E S T Ã O
C O M P O STA G EM A N A E R Ó B IA - E f e t u a d a n a f a s e líq u id a :
- f o s s a s é t ic a
- t a n q u e h im h o ff
- la m a s a t i v a d a s e m a r e j a m e n t o p r o lo n g a d o
- E f e t u a d a e m d ig e s to r a n a e r ó b io
d e l a m a s ( a f r io )
L E IT O S D E
L E IT O S D E S E C A G E M
SE C A G EM
Q u a lid a d e
c o n fo rm e ?
E S T A B IL IZ A Ç Ã O
Q U ÍM IC A ( c o m c a l)
LEG EN D A
F a s e líq u id a
F a s e s ó lid a
V A L O R IZ A Ç Ã O A G R ÍC O L A O U F L O R E S T A L
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fundamentais: contenção de custos, faseamento das infraestruturas, consonância da complexidade das
soluções com as capacidades das entidades e dos mercados locais, consumos energéticos
sustentáveis face aos custos e à disponibilidade das fontes energéticas disponíveis, redução das
emissões de GEE e resiliência aos impactos das alterações climáticas. As emissões de GEE
associadas ao tratamento de águas residuais relacionam-se com as atividades referidas na seguinte
figura:
CLASSIFICAÇÂO
GEE PROCESSOS Diretas Indiretas Indiretas
Scope 1 Scope 2 Scope 3
Processos biológicos aeróbios (origem biogénica) ●
Consumo de energia elétrica comprada ●
CO2
Utilização de combustíveis fósseis ●
Consumo de materiais e reagentes ●
CH4 Processos biológicos anaeróbios ●
N2O Processos biológicos envolvendo o ciclo do azoto ●
Figura 15 - Classificação das emissões de GEE associadas ao tratamento de águas residuais
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Quadro 5 - Potenciais de aquecimento global dos principais GEE
Potenciais de aquecimento global (horizonte de 100 anos)
GEE Segundo relatório Terceiro relatório Quarto relatório
IPCC IPCC IPCC
dióxido de carbono 1 1 1
metano 21 23 25
óxido nitroso 310 296 298
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