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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS TECONLÓGICAS

LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E GESTÃO DE DESASTRES

INFLUÊNCIA DA LIXEIRA DE HULENE NA QUALIDADE DA ÁGUA DOS POÇOS


CONSUMIDA NO BAIRRO HULENE B – CIDADE DE MAPUTO

Monografia apresentada à Universidade Técnica de Moçambique como requisito parcial à


obtenção do grau de Licenciatura em ciências tecnológicas na área de formação em Engenharia
Ambiental e Gestão de Desastres.

Carina Helena Mariano

Maputo, 2021
INFLUÊNCIA DA LIXEIRA DE HULENE NA QUALIDADE DA ÁGUA DOS POÇOS
CONSUMIDA NO BAIRRO HULENE B – CIDADE DE MAPUTO

Monografia apresentada à Universidade Técnica de Moçambique como requisito parcial à


obtenção do grau de Licenciatura em ciências tecnológicas na área de formação em Engenharia
Ambiental e Gestão de Desastres.

Por
Carina Helena Mariano

LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E GESTÃO DE DESASTRES

FACULDADE DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

Tutor: Mestre Alberto Boane, MSc

Maputo, 2021

O júri:

O Presidente O Tutor O Arguente Data


_____________ ______________ ______________ ____/____/__
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu Carina Helena Mariano, declaro por minha honra que o presente trabalho e a informação
nele contida, é fruto de trabalho de investigação pessoal e os resultados são fiéis às
observações efectuadas no campo, às análises laboratoriais e às bibliografias consultadas.

Maputo, 2021

_______________________________________________

(Carina Helena Mariano)

i
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado de forma especial aos meus pais António Castigo Mariano e
Maimuna Abdul Carimo e irmãos Haider Jesus da Silva, Luísa Dovo Mariano e Cátia
Conceição Mariano e a todos que de alguma forma dedicaram um espaço de tempo para me
apoiar e que o mesmo sirva como fonte de inspiração e motivação.

ii
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus por me conceder o dom da vida, sabedoria e inteligência sem os quais não teria
chegado a este nível, por cuidar de mim e permitir que este facto ocorra em minha vida.

Aos meus pais pela vida concedida, pelo incentivo, amor, carinho, paciência, convivência, amor
incondicional e por não medir esforços durante a minha formação estudantil.

Aos meus irmãos pelo afecto, carinho, companheirismo e incentivo que me proporcionaram no
decorrer dos anos e por acreditarem nas minhas capacidades.

Aos familiares e amigos pelo companheirismo, apoio e incentivo durante a carreira estudantil.

As entidades e instituições que contribuíram para a realização deste trabalho.

Ao meu supervisor Mestre Alberto Boane, MSc pelas orientações, confiança, paciência,
valorização das minhas potencialidades e dedicação ao meu trabalho.

Ao Laboratório Nacional de Higiene de Água e Alimentos por me acolher e principalmente Dr.


Júlio pela orientação e paciência durante a realização das experiências laboratoriais.

Aos meus amigos e colegas da turma de 2016-2019 pela ajuda, companheirismo, experiência,
todos momentos compartilhados durante os anos juntos.

A todos aqueles que não acreditaram em mim, porque de certa forma me deram forças para
seguir em frente e almejar os meus objectivos.

Enfim, agradeço a todos que directa ou indirectamente, contribuíram para a realização deste
trabalho.

“Semelhantemente, nenhum atleta é coroado como vencedor, se não competir de acordo


com as regras.” (2 Timóteo 2:5)

iii
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LISTA DE ABREVIATURAS, SIMBOLOS E SIGLAS


COV's – Compostos Orgânicos Voláteis

GEE – Gases de Efeito Estufa

LNHAA – Laboratório Nacional de Higiene de Água e de Alimentos

RS – Resíduos Sólidos

RSU – Resíduo Sólido Urbano

NTU – Unidades Nefelométricas de Turbidez

MP – Material particulado

𝐍𝟐 – Nitrogenio molecular

CO – Óxido de Carbono

C𝐎𝟐 – Dióxido de Carbono

C𝐇𝟒 – Metano

N𝐎𝐱 – Número de Oxidação

TCU – True Color Unity (Unidade verdadeira da cor)

pH – Potêncial Hidrogênio

DQO – Demanda Química de Oxigênio

𝑪𝑨 𝑪𝑶𝟑 – Carbonato de Cálcio

INE – Instituto Nacional de Estatística

EDTA – Ácido Etilenodinamico Tetra-acético

FIPAG – Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água

𝐇𝟐 𝐒 – Sulfato de Hidrogênio

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

𝐍𝐚 – Sódio

𝐌𝐠 – Magnésio

𝐅𝐞 – Ferro

iv
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Al – Alumínio

𝐂𝐚 – Cálcio

UV – Ultra Violeta

𝐇𝟐 𝐒 – Sulfeto de Hidrogênio

GEE – Gases de Efeito de Estufa

Cl – Cloro

𝐇𝟐 – Hidrogêno

N𝐇𝟒+ - Ião Amonio

N𝐎−
𝟐 - Ião Nitrito

N𝐎−
𝟑 - Ião Nitrato

𝐎𝟐 – Oxigenio

𝐇𝐠 – Mercúrio

𝐂𝐮 – Cobre

𝐀 𝐠 𝐂𝐥 − Cloreto de Prata

𝐀+𝐠 - Catião Prata

Fe𝐂𝐎𝟑 − Carbonato de Ferro

CMM – Conselho Munincipal de Maputo

𝐊 𝟐 𝐂𝐫𝐎𝟒 – Cromato de Potássio

𝐀 𝐠 𝐍𝐎𝟑 – Nitrato de Prata

𝐇𝟐 𝐒𝐎𝟒 – Sulfato de Hidrogênio

NaCl – Cloreto de Sódio

NaOH – Hidroxido de Sódio

𝐍𝐚 𝐍𝐎𝟑 – Nitrato de Sódio

𝐂𝐫𝐎𝟐𝟒 – Ião Cromato

𝐀 𝐠 𝐂𝐫𝐎𝟒 – Cromato de Prata


v
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NMP – Metilpirrolidona

𝐙𝐧𝐒𝐎𝟒 − Sulfato de Zinco

𝐇𝟐 𝐎 – Monóxido de Hidrogênio

𝐍𝐇𝟒 𝐂𝐥 − Cloreto de Amónio

𝐍𝐚𝟐 𝐒𝟐 𝐎𝟑 − Sufito de Sódio

Kl – Iodeto de Potássio

NaCl – Cloreto de Sódio

𝐇𝟐 𝐒𝐎𝟒 − Ácido Sulfúrico

𝐍𝐚𝟐 𝐂𝐎𝟑 − Carbonato de Sódio

𝐌𝐠 𝐒𝐎𝟒 − Sulfato de Magnésio

𝐌𝐠 𝐂𝐥𝟐 – Cloreto de Magnésio

𝐍𝐇𝟒 𝐎𝐇 – Hidróxido de Amónio

HCL – Ácido Clorídrico

𝐊𝐍𝐎𝟑 – Nitrato de Potássio

𝐍𝐚𝐀𝐬𝐎𝟐 – Arsenito de Sódio

𝐂𝐇𝟐 𝐂𝐎𝐎𝐇 − Ácido Acético

NMP – Número Mais Provável

vi
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Impacto das lixeiras a céu aberto ............................................................................. 10
Figura 2: Localização da Área de Estudo ................................................................................ 25
Figura 3: Localização dos pontos de amostragem .................................................................. 26

vii
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação da Dureza .......................................................................................... 18
Tabela 2: Lista de reagentes usados ........................................................................................ 29
Tabela 3: Lista de equipamentos usados ................................................................................. 30
Tabela 4: Resultados da entrevista .......................................................................................... 36
Tabela 5: Resultados dos parâmetros físicos e organolépticos ............................................... 37
Tabela 6: Resultados dos parâmetros químicos ...................................................................... 37
Tabela 7: Resultados dos parâmetros microbiológico............................................................. 38

viii
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Resultados da Turbidez nos 2 (dois) pontos de amostragem ....................................... 39
Gráfico 2: Resultados da Condutividade nos 2 (dois) pontos de amostragem .............................. 40
Gráfico 3: Resultados dos Sólidos nos 2 (dois) pontos de amostragem ........................................ 41
Gráfico 4: Resultados do pH nos 2 (dois) pontos de amostragem ................................................ 42
Gráfico 5: Resultados Dos Nitratos nos 2 (dois) pontos de amostragem ...................................... 43
Gráfico 6: Resultados dos Nitritos nos 2 (dois) pontos de amostragem ....................................... 44
Gráfico 7: Resultados dos Cloretos nos 2 (dois) pontos de amostragem ...................................... 44
Gráfico 8: Resultados da Dureza nos 2 (dois) pontos de amostragem .......................................... 45
Gráfico 9: Resultados da Amónia nos dois pontos de amostragem .............................................. 46

ix
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

RESUMO
A deposição dos resíduos sólidos nas lixeiras a céu aberto acarreta vários problemas ambientais.
Estes problemas influênciam na qualidade da água, do solo, do ar e da vida dos moradores nos
arredores das lixeiras e das pessoas em contacto directo com os resíduos sólidos.

O presente trabalho teve como objectivo avaliar a influência da lixeira de Hulene sobre a
qualidade da água dos poços consumida pela população no Bairro de Hulene B, distrito
municipal Kamavota, na província de Maputo. A metodologia usada para a sua realização
consistiu na realização de entrevista aos moradores que possuem poços de água em suas
residências, recolha de amostras de água em dois pontos de possível influência da lixeira de
Hulene e análise laboratorial dos seguintes parâmetros com os respectivos métodos: pH
(Potenciometria), Conductividade (Condutimetria), Nitritos (UV-Visivel), Turbidez
(Turbidemetria), Dureza total (Volumetria de complexão com EDTA), Coliformes totais e fecais
(Número mais provável), Nitratos (UV- Visivel), Amoníaco (Metodo Directo), Cloretos (Metodo
de Mohr) e Sólidos totais e Dissolvidos (termogravimetria).

De um modo geral, podemos afirmar que as principais fontes de contaminação da água nestes
pontos são: a falta de manutenção e higiene dos poços de água e, acima de tudo, a lixiviação dos
resíduos sólidos depositados na lixeira de Hulene.

Como resultado da entrevista foi possível notar que o uso da água dos poços é reduzido devido
ao uso da água canalizada, os únicos poços de água ainda existentes são usados em caso de
escassez da água canalizada ou por famílias que tem acesso parcial a água canalizada (das 7 as
12 horas) para fins como beber, cozinhar, fazer limpeza, agricultura, entre outros. Notou-se
também que a água não apresenta qualidade adequada ao consumo e os poços não apresentam
condições adequadas das quais destaca-se a falta de tampa.

Palavras-Chave

Resíduos Sólidos, água dos poços, qualidade da água, lixeira, contaminação hídrica.

x
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

ABSTRACT
The deposition of solid waste in open dumps causes several environmental problems. These
problems influence the quality of water, soil, air and life for residents in the vicinity of the dump
and for people in direct contact with solid waste.

The present work aimed to evaluate the influence of the Hulene dump on the quality of water
from the wells consumed by the population in the neighborhood of Hulene B, municipal district
of Kamavota, in the province of Maputo. The methodology used for this work consisted of
conducting interviews with residents who have water wells in their homes, collecting a water
sample at two points of possible influence from the Hulene dump and laboratory analysis using
the following parameters with the respective methods- Ph (potentiometry), conductivity
(conductivity), nitrites (UV- visible), turbidity (durbidity), total hardness (EDTA complex
colume), total and faecal coliforms (most likely number), nitrates (UV- visible), ammonia (direct
method), chlorides (mohr method) and total dissolved solids (thermogravimetry).

In general, we can say that the main sources of water contamination at these points are the lack
of maintenance and hygiene of water wells and above all the leaching of solid waste deposited in
the waste dump Hulene.

As a result of the interview, it was possible to notice that the use of water from wells is reduced
due to the use of piped water, the only remaining water wells are used in the event of a shortage
of piped water or by families that have partial access to piped water (from 7 am to 12 pm), for
purposes like drinking, cooking, cleaning, agriculture, among others. It was also noted that the
water does not have adequate quality for consum and the wells do not have adequate conditions,
of which the cap is missing.

Keywords

Solid prayers, well water, water quality, trash, water contamination.

xi
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

GLOSSÁRIO

Deposição final ambientalmente adequada – colocação de resíduos em aterros sanitários,


observando normas operacionais específicos de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e à minimizar os impactos ambientais adversos.

Lixiviação – extracção ou solubilização dos constituintes químicos de uma rocha, mineral, solo,
depósito sedimentar e etc., pela acção de um fluído percolante.

Lixiviado – efluente líquido gerado como resultado da percolação de água de chuva através dos
resíduos sólidos depositados em aterros sanitários ou lixeiras, bem como da humidade natural
desses resíduos.

Necrose – morte da célula ou parte de um tecido que compõe o organismo vivo.

Necrose hemorrágica – ocorre quando há a presença de hemorragia no órgão necrosado.

Resíduos Sólidos Urbanos – resíduos resultantes da actividade doméstica e comercial dos centros
urbanos.

xii
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

Índice
DECLARAÇÃO DE HONRA ......................................................................................................... i

DEDICATÓRIA.............................................................................................................................. ii

AGRADECIMENTO .....................................................................................................................iii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIMBOLOS E SIGLAS .............................................................. iv

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................vii

LISTA DE TABELAS .................................................................................................................viii

LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................................. ix

RESUMO ........................................................................................................................................ x

ABSTRACT ................................................................................................................................... xi

GLOSSÁRIO ................................................................................................................................ xii

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1 Contextualização ................................................................................................................... 1

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA .................................................... 3

1.3. OBJECTIVOS ...................................................................................................................... 3

1.3.1. Objectivo Geral.................................................................................................................. 3

1.3.2. Objectivos Específicos .................................................................................................. 3

1.4. Estrutura do Trabalho ....................................................................................................... 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 5

2.1 Resíduos Sólidos.................................................................................................................... 5

2.2. Definição de Resíduos Sólidos ............................................................................................. 5

2.3. Classificação dos Resíduos Sólidos...................................................................................... 5

2.4. Formas de Deposição Final dos Resíduos Sólidos ............................................................... 7

2.5. Impactos causados pela deposição dos Resíduos Sólidos .................................................... 8

2.6. Impactos Causados pela Deposição dos Resíduos Sólidos na Lixeira de Hulene ................ 9

2.7. Qualidade da Água ............................................................................................................. 11

2.8. Indicadores Da Qualidade Da Água ................................................................................... 13

2.9. Parâmetros Organolépticos ................................................................................................. 13

xiii
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

2.10. Parâmetros Físico-Químicos............................................................................................. 14

2.11. pH ................................................................................................................................ 15

2.12. Turbidez ...................................................................................................................... 15

2.13. Conductividade ........................................................................................................... 16

2.14. Sólidos Totais.............................................................................................................. 16

2.15. Dureza total ................................................................................................................. 17

2.16. Cloretos ............................................................................................................................. 18

2.17. Compostos de Nitrogénio ........................................................................................... 19

2.18. Cálcio .......................................................................................................................... 20

2.19. Magnésio ..................................................................................................................... 21

2.20. Ferro Total .................................................................................................................. 21

2.21. Alumínio ........................................................................................................................... 22

2.22. Fluoretos ........................................................................................................................... 22

2.23. Matéria Orgânica .............................................................................................................. 22

2.24. Parâmetros microbiológicos ............................................................................................. 23

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................................... 24

3.1. Localização Geográfica da Área de Estudo ........................................................................ 24

3.2 Caracterização física da área de estudo ............................................................................... 26

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 28

4.1. Instrumentos de recolha de Dados: .................................................................................... 28

4.2. Reagentes e Equipamentos ................................................................................................. 29

4.3. Procedimentos de Recolha de Água nos Poços .................................................................. 31

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................... 36

5.1. Resultados da Entrevista ..................................................................................................... 36

5.2. RESULTADOS LABORATORIAL .................................................................................. 36

5.3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................. 38

5.4. Parâmetros físicos ............................................................................................................... 39

5.5. Parâmetros Químicos:......................................................................................................... 42

xiv
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5.6. Parâmetros microbiológicos ............................................................................................... 47

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................................................................. 48

6.1. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 48

6.2. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 50

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 51

APÊNDICES ................................................................................................................................. 56

xv
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CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A existência dos resíduos remonta desde a sedentarização das populações humanas e foi
devido ao advento da revolução industrial que se verificou um crescimento notório na
produção dos resíduos.

Antes da revolução industrial os resíduos não constituíam um problema porque eram


compostos basicamente por materiais orgânicos como restos de animais e vegetais. Ademais,
o seu volume era reduzido e era enterrado no solo, desse modo não poluindo o meio
ambiente. Durante o processo da revolução industrial verificou-se uma produção em larga
escala ocasionado pelo crescimento demográfico, concentração da população em redor das
zonas urbanas e consequente aumento na produção de resíduos. Também se verificou uma
diversificação na composição de resíduos, isto é, os resíduos passaram a ser compostos por
materiais de origem industrial e química, sendo ainda uma parte destes compostos por
materiais tóxicos, como por exemplo: plásticos, vidro, metais, pilhas, baterias entre outros
(Segala & Palalane, 2009).

O aumento na produção pelas indústrias acarretou o aumento excessivo na produção de


resíduos e este aumento na quantidade de resíduos originou vários problemas ambientais.
Estes problemas surgiram devido a fraca gestão e tratamento de resíduos; e o problema mais
enfrentado pelas autoridades é a deposição final desses resíduos (Segala & Palalane, 2009).

Na sociedade actual, a problemática dos resíduos é complexa, uma vez que a quantidade e
diversidade dos resíduos produzidos diariamente tem vindo a aumentar com o passar do
tempo.

O desenvolvimento explosivo das áreas urbanas, o aumento de consumo de bens


descartáveis ou pouco duráveis conjugados com o financiamento limitado para a prestação
dos serviços de limpeza urbana e baixa capacidade técnica para a operação desses serviços,
requerem intervenções urgentes para minimizar os impactos na saúde pública e a degradação
do meio ambiente. Os graves problemas resultantes da geração e deposição inadequada de
resíduos sólidos tornaram-se um desafio para qualquer administração solucionar ou, pelo
menos, diminuir o seu impacto negativo (Segala & Palalane, 2009).

1
Carina Helena Mariano
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

Várias técnicas foram desenvolvidas ou criadas para uma melhor recolha, tratamento e
deposição final dos resíduos sólidos como aterros sanitários, usinas de incineração e
compostagem, depósito de lixo a “céu aberto” (lixeira), entre outras.

Em Moçambique, como em qualquer outro país em via de desenvolvimento, os resíduos


sólidos ainda constituem um problema uma vez que dia após dia aumenta o volume e a
diversificação de resíduos produzidos, o sistema de recolha não é eficiente e não existe um
local adequado para a deposição final dos resíduos.

Na cidade de Maputo, a maior parte dos resíduos sólidos são depositados na lixeira de
Hulene. Sendo uma lixeira a “céu aberto”, verifica-se problemas que variam desde a
contaminação do solo e posterior contaminação dos lençóis freáticos assim como também a
contaminação do ar com gases prejudiciais a camada de ozono (Machado, 2013); para além
de atrair diversos organismos vivos, alguns nocivos ao homem.

O estudo da composição do chorume ou lixiviado; composição dos resíduos sólidos


depositados na lixeira de Hulene; o tipo de solo e a geologia do local, o estudo da qualidade
da água subterrânea, outras fontes de poluição e a obtenção de dados anteriores da qualidade
da água subterrânea local antes da existência da lixeira constituem ferramentas importantes
para o estudo da influência da lixeira de Hulene na qualidade da água dos poços consumida
pela população no Bairro Hulene B. Porém, no presente trabalho estudou-se a qualidade da
água dos poços como um procedimento de rotina segundo a legislação vigente no País,
Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o Regulamento sobre a
Qualidade da Água para o Consumo Humano, uma vez que a contaminação da água
subterrânea usada para o consumo neste bairro constitui uma das preocupações dos demais
moradores deste local (Boletim da República, 2004).

Assim sendo, o presente trabalho surge com o objectivo de avaliar a influência da lixeira de
Hulene sobre a qualidade da água dos poços consumida pela população no Bairro de Hulene
B e verificar os possíveis impactos que advêm do consumo desta água.

2
Carina Helena Mariano
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1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA


Geralmente em locais onde há um fraco sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos,
sobretudo onde se verifica ausência de locais adequados para o acondicionamento dos RSU,
é notório um impacto ambiental. No caso da cidade de Maputo, que devido à ausência de um
destino final adequado para a deposição dos RSU, a maior parte destes é depositada na
lixeira de Hulene, acarretando sérios impactos de ordem ambiental, social e económico.

A gestão ineficiente dos RSU no município de Maputo, sobretudo devido à ausência de um


aterro sanitário, ou outras soluções, para a deposição dos RSU, originou a deposição destes numa
lixeira a céu aberto (lixeira de Hulene) contribuindo desta forma para ocorrência de impactos
adversos no ambiente, e posteriormente na população que se veio instalar em seu redor. Mesmo
após o seu encerramento previsto para os próximos anos, os impactos decorrentes desta lixeira
serão verificados a longo prazo.

Admitido que a qualidade da água para o consumo é importante na garantia de qualidade de vida,
surge a seguinte questão de pesquisa: Qual é a influência da lixeira de Hulene sobre a
qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B?

Em resposta a questão apresentada no problema, a realização do presente trabalho tem como


proposta as seguintes hipóteses:

H0: A lixeira de Hulene influência na qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene
B;

H1: A lixeira de Hulene não influência na qualidade da água dos poços consumida no Bairro
Hulene B.

1.3. OBJECTIVOS
1.3.1. Objectivo Geral
Avaliar a influência da lixeira de Hulene sobre a qualidade da água dos poços consumida pela
população no Bairro de Hulene B.

1.3.2. Objectivos Específicos


Descrever o sistema de captação e tratamento de água de poços no Bairro Hulene B;
Determinar os níveis dos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e organolépticos
da água consumida pela população do Bairro Hulene B;
Comparar os níveis dos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e organolépticos
da água encontrados com os estabelecidos na legislação;
3
Carina Helena Mariano
Influência da Lixeira de Hulene na Qualidade da água dos poços consumida no Bairro Hulene B- Cidade de Maputo

Discutir a relação entre a qualidade da água com a localização e características de poços


usados em relação lixeira.

1.4. Estrutura do Trabalho


O trabalho apresenta 6 capítulos, nomeadamente:

Capítulo I: neste capítulo apresenta-se a introdução, a descrição e a definição do problema,


justificativa, objectivos e a estrutura do trabalho;

Capítulo II: apresenta a revisão bibliográfica sobre os aspectos abordados no trabalho. Neste
capítulo é feita revisão de literatura em estudos semelhantes que foram empreendidos no país
e em outro lugar no mundo, são dadas noções de conceitos de termos usados ao longo deste
trabalho.

Capítulo III: apresenta a descrição da área de estudo, descrevem-se a localização


geográfica da área de estudo e as caracteristicas fisicas.

Capítulo IV: descreve os materiais e métodos usados para a realização do presente trabalho.

Capítulo V: neste capítulo apresentam-se os resultados e a respectiva discussão.

Capítulo VI: apresenta as conclusões e possíveis soluções (recomendações).

4
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CAPÍTULO II

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Resíduos Sólidos

Os resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) ou simplesmente “lixo” são gerados nas diversas
actividades diárias e são descartados e acumulados no meio ambiente sem nenhum tratamento
prévio, causando dessa forma vários problemas de poluição.

Conforme Bidone e Povinelli, in Reis & Ferreira (2008), “ A palavra lixo origina-se do latim lix,
que significa cinzas ou lixívia, termo que foi substituído por resíduo”.

Segundo a legislação vigente no País, Decreto nº 94/2014 de 31 de Dezembro que aprova o


Regulamento Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, resíduos são substâncias ou objectos
que se eliminam, que se tem a intenção de eliminar ou que se é obrigado por lei a eliminarmos,
também designados por lixo.

2.2. Definição de Resíduos Sólidos

Segundo Marques e Neto (in Reis e Ferreira, 2008), afirmam que o termo resíduo originado do
latim residuu, significa aquilo que sobra de qualquer substância, (…) e o adjectivo sólido foi
atribuído com o objectivo de diferenciar de outros tipos de resíduo, os líquidos e gasosos.

Definição:

Resíduos Sólidos (RS) – são todos os resíduos resultantes de actividades humanas e animais que
normalmente são sólidos e que são descartados como inúteis ou indesejados (Tchebanoglous,
Theisen, & Eliassen, 1977).

2.3. Classificação dos Resíduos Sólidos

Monteiro, et al (2001), afirma que das várias maneiras de classificar os resíduos sólidos as mais
importantes são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à
origem ou natureza.

Segundo a legislação vigente no País, Decreto nº 94/2014 de 31 de Dezembro que aprova o


Regulamento Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, os resíduos são classificados em
perigosos e não perigosos.

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a) Resíduos perigosos são aqueles que, em função de suas características intrínsecas de


inflamabilidade, corrosividade, reactividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos à
saúde pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos
adversos ao meio ambiente quando manuseados ou depositados de forma inadequada.
b) Resíduos não perigosos são aqueles que por suas características intrínsecas, não
oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, também denominados resíduos sólidos urbanos.
Estes incluem: o papel ou cartão, plástico, vidro, metal, entulho, sucata, matéria orgânica.

Os resíduos sólidos não perigosos são classificados em:

Resíduos domésticos ou outros semelhantes – os provenientes, respectivamente das casas de


habitação ou similares.

Resíduos sólidos comerciais – os provenientes de estabelecimentos comerciais, escritórios,


restaurantes e outros similares, cujo volume diário não excede 1.100litros, que são depositados
em recipientes em condições semelhantes aos resíduos domésticos.

Resíduos domésticos volumosos – os provenientes das habitações, cuja remoção não se torne
possível pelos meios normais atendendo ao volume, forma ou dimensões que apresentam ou cuja
deposição nos contentores existentes seja considerada inconveniente pelo Município.

Resíduos de jardins – os resultantes da conservação de jardins particulares tais como: aparas,


ramos, troncos ou folhas.

Resíduos sólidos, resultantes da limpeza pública de jardins, parques, vias, cemitérios e outros
espaços públicos.

Resíduos sólidos industriais, resultantes de actividades acessórias e equiparados a resíduos


sólidos urbanos – os de características semelhantes aos resíduos domésticos e comerciais,
nomeadamente os provenientes de refeitórios, cantinas e escritórios e as embalagens de cartão ou
matéria não contaminados.

Resíduos sólidos hospitalares, não contaminados, equiparáveis aos domésticos.

Resíduos provenientes da defecação de animais nas ruas.

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2.4. Formas de Deposição Final dos Resíduos Sólidos

São notórios em todos os locais onde a deposição do RS é inadequada, problemas como a


contaminação do solo e água por lixiviação, produção de odores, proliferação de pela organismo
vectores de doenças humanas, poluição do ar e visual e entre outros.

Marques (2011), afirma que no geral, as formas de deposição dos resíduos sólidos urbanos
(RSU) são o aterro sanitário, o aterro controlado e as lixeiras (descargas a “céu aberto”), sendo
esta última considerada inadequada devido aos seus impactos no meio ambiente.

De acordo com a legislação vigente no País, o Decreto no 94/2014 de 31 de Dezembro que


aprova o Regulamento Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, o aterro sanitário é uma
infra-esrutura cuja finalidade é a deposição segura de resíduos sólidos urbanos no solo,
utilizando-se os princípios de engenharia de modo a eliminar os impactos destes sobre o
ambiente e confiná-los num menor volume possível.

Ou seja, antes da deposição dos resíduos, o solo é impermeabilizado com argilas compactadas e
membranas plásticas de modo a evitar a contaminação do lençol freático pelo lixiviado
produzido, os resíduos são colocados em trincheiras abertas no solo e cobertos com uma camada
de terra ao fim de cada dia após compactação, dispõe de um sistema de tratamento dos gases
gerados (Pino, et al., 2006).

Segundo a legislação vigente no País, Decreto no 94/2014 de 31 de Dezembro que aprova o


Regulamento Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, o aterro controlado é uma infra-
estrutura cuja finalidade é a deposição de resíduos em solo segundo planos de gestão e que não
possui sistemas de controlo da lixiviação, impermeabilização e gestão de gases, isto é, não
previne a poluição uma vez que não dispõe da impermeabilização da área, colecta e tratamento
do lixiviado e biogás apenas evita a proliferação de vectores (Andreoli, Andreoli, Trindade, &
Hoppen, 2014).

Diferentemente dos aterros sanitários e controlados, as lixeiras são consideras as piores formas
de deposição final dos resíduos sólidos, uma vez que não há nenhum controle na deposição dos
resíduos e há maior poluição do meio ambiente.

Nas lixeiras, os resíduos são lançados directamente no solo acarretando problemas à saúde
pública como a proliferação de vectores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc);

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geração de odores desagradáveis e, principalmente, a poluição do solo, das águas superficiais e


subterrâneas pelo chorume ou lixiviado (Marques, 2011).

2.5. Impactos causados pela deposição dos Resíduos Sólidos

A deposição dos resíduos sólidos em locais inadequados origina vários problemas ambientais e
sociais.

De acordo com Lima (in Moraes & Santos, 2014), os resíduos químicos como tintas, produtos de
limpeza, cosméticos, remédios entre outros, sem qualquer tipo de tratamento, podem poluir o
solo e a água, alterando as suas propriedades naturais e ainda ocorrem nas lixeiras vermes,
bactérias, fungos e vírus que são organismos patogénicos, representando um risco à saúde
humana.

De acordo com Batista et al (in Araujo, 2016) um dos impactos gerados pelas lixeiras a céu
aberto são os impactos sanitários, que se referem a actracção e proliferação de macro e micro
vectores como ratos, baratas, mosquitos, bactérias e vírus, que são responsáveis pela transmissão
de várias doenças como leptospirose, cólera, diarreia, febre tifóide, entre outras.

Segundo Ribeiro e Lima in Moraes & Santos (2014) afirmam que a elevada quantidade de
matéria orgânica presente nos RSU favorece a acção de microorganismos anaeróbicos,
libertando gases com maus odores, especialmente o sulfídrico; ocasionando mal-estar, cefaleias e
náuseas tanto nas pessoas em contacto directo com os resíduos como nas que se encontram
próximos; e também ocorre a poluição visual, prejudicando a estética local, e em alguns casos,
pode até comprometer actividades turísticas.

Durante a decomposição da matéria orgânica há formação do CO2 e CH4, que são os maiores
componentes dos gases emitidos nas lixeiras. O metano produzido forma misturas explosivas
quando em presença do oxigénio do ar. Para além do CO2 e CH4, são emitidos outros gases
associados a estes como o CO, N2, H2S entre outros que quando em concentrações suficientes
podem causar problemas de saúde e no meio ambiente (Lima, 2003).

Segundo Marques (2011), um dos problemas da deposição inadequada dos resíduos sólidos é a
poluição do solo que fica com as suas características físicas, químicas e biológicas alteradas,
constituindo-se num problema de ordem estética e, mais ainda, numa ameaça séria à saúde
pública; e ocorre também a poluição das águas, que se pode verificar através da elevação da
demanda bioquímica de Oxigénio (DBO), redução dos níveis de oxigénio dissolvido, formação
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de correntes ácidas, maior carga de sedimentos, elevada presença de coliformes, aumento da


turbidez, intoxicação de organismos presentes naquele ecossistema, incluindo o homem, quando
este consome a água contaminada.

Já Amorim in Moraes & Santos (2014) afirma que as lixeiras tem impactos sociais que consistem
na ocorrência de ferimentos e morte de pessoas através de acidentes de trânsito, quando
incendiadas, a fumaça gerada prejudica a segurança dos veículos nas estradas e existe ainda o
preconceito que as pessoas que utilizam os resíduos como fonte de renda para sobreviverem,
sofrem por parte da sociedade.

2.6. Impactos Causados pela Deposição dos Resíduos Sólidos na Lixeira de Hulene

De acordo com vários autores (Ferreira & Anjos (2001), Maússe (2015), Fernando (2015) E
Moraes & Santos (2014)) a lixeira de Hulene tem como impactos, os seguintes:

Geração de maus odores que causam mal-estar, cefaleias e náuseas em trabalhadores e pessoas
que se encontram nas proximidades;

Proliferação de organismos vectores de doenças como moscas, mosquitos, baratas, ratos,


ratazanas e pássaros; podendo ainda surgir cães, gatos, gafanhotos, etc;

Poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume ou lixiviado que é
produzido pela decomposição da matéria orgânica, originando a produção de gases como CH4 e
CO2 aumentando a mineralização, elevada temperatura, aparecimento de cor, sabor e odor
desagradáveis;

Poluição atmosférica, resultante da queima dos RSU que libertam gases para a atmosfera
(GEE), essencialmente CH4, contribuindo assim para o efeito de estufa, ou caso fiquem retidos
podem ocasionar incêndios;

Durante a queima dos RSU produz-se vários compostos tóxicos para o ambiente como os
NOx, COV′s, CO, MP, entre outros;

A população é susceptível a ampliação dos problemas de saúde e redução da qualidade de


vida. Sofre com mau cheiro, fumaça, mobilidade dos vectores, invasão pelos resíduos arrastados
pelas chuvas;

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Apesar dos problemas causados, a lixeira constitui uma fonte de renda para algumas famílias
por meio da separação e comercialização de materiais recicláveis (latas, plásticos e papéis),
ficando expostos desta forma, a todos tipos de riscos presentes nos resíduos tais como:
ferimentos, cortes, doenças ocupacionais por estarem expostos a poeiras, ruídos excessivos, ao
frio, calor, fumaça, microrganismos patogénicos e pela adopção de posturas forçadas e
incómodas. Além de constituir uma fonte de renda para algumas famílias, elas buscam restos de
alimentos para o consumo que muitas vezes já se encontram em estado de deterioração e
contaminados devido ao contacto com os diversos resíduos, ficando vulneráveis a várias doenças
como diarreias, cólera, doenças gastrointestinais, entre outras.

Modificação da paisagem nas áreas circunvizinhas pelos resíduos leves como plásticos e
papéis que são conduzidos pelo vento por uma longa distância, causando dessa forma um
impacto visual.

Na época chuvosa, a água escorre da lixeira até as residências, arrastando consigo diversos
tipos de resíduos que se amontoam nas residências, acarretando desta forma impactos adversos
as famílias afectadas.

A figura 1 ilustra de uma forma sucinta, os impactos que advém da deposição dos resíduos
sólidos em lixeiras a céu aberto.

Figura 1: Impacto das lixeiras a céu aberto

Fonte: http://euambientalista.blogspot.com

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Como pode se observar na figura 1, a contaminação da água subterrânea inicia a partir da


decomposição da matéria orgânica contida nos resíduos sólidos. Esta decomposição é possível
primeiramente com a acção das bactérias aeróbicas e posteriormente das anaeróbicas quando o
oxigénio todo é consumido.

Na decomposição anaeróbica ocorre a fermentação ácida e a fermentação metanogénica. Na


fermentação ácida os organismos facultativos ou anaeróbicos decompõem as substâncias
orgânicas iniciais, entre outras, proteínas, gorduras e hidratos de Carbono em CO2, H2 e ácidos
carboxilicos menores e na fermentação metanogénica os organismos estritamente anaeróbicos
decompõem os produtos da fermentação ácida e os convertem em CH4, substâncias húmicas
(responsáveis pela coloração parda encontrada no lixiviado) e água (Kawa, 2014). A água vai
lixiviando e diluindo outras substâncias e arrasta-as consigo.

Os lixiviados das lixeiras, resultantes da circulação da água através da lixeira, são altamente
redutores e enriquecidos em amónio, ferro ferroso, manganês e zinco, para além de apresentarem
valores elevados da dureza, do total de sólidos dissolvidos e da concentração de cloreto, sulfato,
bicarbonato, sódio, potássio, cálcio e magnésio. Ao atingir o aquífero origina um aumento da
mineralização, elevação da temperatura, aparecimento de cor, sabor e odor desagradáveis
(Antunes, 2006).

O lixiviado para além de contaminar o solo, uma parte deste líquido produzido escoa
superficialmente e outra infiltra lentamente no solo e atinge o lençol freático, causando dessa
forma a contaminação das águas subterrâneas, afectando posteriormente a saúde das plantas,
animais e das pessoas que terão o contacto directo com esta água.

O biogás produzido para além de contribuir para o aumento do efeito estufa, acentuando o
aquecimento global, pode ainda representar risco a saúde humana e quando captado pode ser
usado para o aproveitamento energético ou para a sua queima (para eliminar os gases tóxicos e
transformar o CH4 em CO2 para reduzir o potencial de aquecimento global) (Souza, 2009).

2.7. Qualidade da Água

O conceito de qualidade da água deve sempre ser vista em relação ao uso que se faz dessa água.
Por exemplo, uma água de qualidade adequada para uso industrial, navegação ou geração
hidreléctrica pode não ter qualidade adequada para o abastecimento humano, a recreação ou a
preservação da vida aquática (Lira, 2014).

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De acordo com a legislação vigente no País, Diploma Ministerial n° 180/2004 de 15 de Setembro


que aprova o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, qualidade de
água para o consumo humano é a característica dada pelo conjunto de valores de parâmetros
microbiológicos, organolépticos e físico-químicos fixados que permitem avaliar se a água é
potável ou não.

De acordo com Lira (2014), não existe um indicador único que sintetize todas as variáveis de
qualidade da água, geralmente são usados indicadores para usos específicos, tais como o
abastecimento doméstico, a preservação da vida aquática e a recreação de contacto primário
(balneabilidade).

Pelos seus caracteres organolépticos e características de composição, a água de consumo pode-se


classificar, sob o ponto de vista higiénico, em (Gouveia, 1983):

Potável – a que pode ser consumida pelo homem sem qualquer perigo e está isenta de
poluição ou contaminação, de acordo com os resultados das análises laboratoriais, da vigilância
sanitária e do seu uso contínuo;

Poluída – a que apresenta alterações das características físicas normais próprias da água de
consumo, em consequência do aparecimento ou aumento de substâncias causadoras de turvação,
cor, sabor ou cheiro, qualquer que seja a sua natureza. Deve ser igualmente considerada poluída
a água que sofre modificações químicas, independentemente das variações normais da sua
composição;

Contaminada – a que contém germes patogénicos, capazes de causar doenças no homem.

A legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o


Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano define água destinada ao
consumo humano como sendo:

Toda a água no seu estado original ou após tratamento, destinada a ser bebida, a cozinhar, a
preparar alimentos ou para outros fins domésticos, independentemente da sua origem e ser
fornecida a partir de um sistema de abastecimento de água com ou sem fins comerciais;

Toda a água utilizada numa empresa da indústria alimentar para o fabrico, transformação,
conservação ou comercialização de produtos destinados ao consumo humano.

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De um modo geral, a água para o consumo humano deve ser isenta de microrganismos
patogénicos, substâncias tóxicas e não possuir cor, cheiro e nem sabor.

A substância física, organoléptica, química ou microbiológica que é usada como guia ou padrão
de qualidade da água é designada indicador ou parâmetro de qualidade da água.

2.8. Indicadores Da Qualidade Da Água

É importante conhecer substâncias ou impurezas presentes numa água para que se possa escolher
o tratamento e para avaliar os níveis de poluição da água (Sousa, 2001).

A análise qualitativa da água pode ser determinada através dos parâmetros físico-químicos,
organolépticos e microbiológicos.

A seguir uma apresentação dos parâmetros físico-químicos, organolépticos, e microbiológicos


que permitem fazer a análise qualitativa da água.

2.9. Parâmetros Organolépticos

Definidos como as características que se apreendem através dos sentidos. Tem uma importância
mais subjectiva do que higiénica. No entanto, podem constituir um risco indirecto para a saúde,
já que características desfavoráveis podem conduzir ao consumo de águas mais agradáveis aos
sentidos e que poderão ser nocivas (Gouveia, 1983).

As características organolépticas compreendem a cor, cheiro e sabor.

a) Cor

A cor deriva do contacto com substâncias orgânicas como folha, madeira, etc., em estado de
decomposição, da existência de compostos de ferro e de materiais corados em suspensão. Desta
forma, distingue-se a cor verdadeira que deriva da existência de partículas coloidais
provenientes de extractos de matéria orgânica e a cor aparente devida a existência de materiais
em suspensão (Vaz, 1976).

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Os impactos causados pela coloração da água são (Gonçalves, 2015):

Não é aceitável para a população em geral;

Não é recomendável para pintura, fabrico de papel, leitarias, indústria têxtil e de plásticos,
pois pode alterar a cor dos produtos fabricados;

Reduz a capacidade de desinfecção com cloro, consumindo grandes quantidades deste produto
e pode promover a formação de clorofenóis, ácidos carboxílicos clorados e tihalometanos
(compostos cancerígenos).

O limite máximo admissível para a cor na água para o consumo humano segundo a legislação
vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o Regulamento
sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é de 15 TCU.

b) Sabor e Cheiro

Os problemas de cheiro e sabor são muito complexos, pois sendo parâmetros intimamente
relacionados, é difícil, por vezes, fazer a sua diferenciação. Contudo, certas substâncias não
voláteis dissolvidas na água podem provocar sabores sem causarem cheiros, como é o caso das
águas alcalinas, salinas e ferruginosas. No caso de águas desinfectadas com cloro, no excesso
deste ou no caso de formação de clorofenóis, para além do sabor haverá ainda, o aparecimento
de cheiros (Gouveia, 1983).

O limite máximo admissível para o sabor e o cheiro na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é insípido e inodoro
respectivamente.

2.10. Parâmetros Físico-Químicos

Os parâmetros físicos normais da água apresentam desvios quando a água é sujeita a poluições, e
quando significativos podem ser suficientes para determinar a zona de poluição ou zona de
influência ou as variações que ocorrem no tempo. Os parâmetros químicos são os mais
importantes na caracterização da água e permitem classificar a água quanto à sua mineralização,
composição química, caracterizar o grau de poluição e a natureza dos poluentes (Gouveia, 1983).

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A seguir serão abordados apenas os parâmetros físico-químicos do controlo de rotina segundo a


legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, que são os seguintes:

Dureza Total; Amoníaco;

Cloretos; Condutividade; pH; Cálcio;

Sólidos Totais Dissolvidos e Magnésio;

Turbidez. Ferro Total;

Nitratos; Fluoretos;

Matéria Orgânica e

Alumínio

2.11. pH

De acordo com Sousa (2001) a concentração do ião hidrogénio é muito importante para avaliar a
qualidade da água porque o seu valor determina todos os equilíbrios que se estabelecem na água;
e consoante os valores de pH as águas classificam-se em:

Águas ácidas, cujos valores do pH são menores do que 7;

Águas neutras, cujo valor do pH é igual a 7;

Águas alcalinas, cujos valores do pH são maiores do que 7.

Em águas de abastecimento, baixos valores de pH podem contribuir para sua corrosividade e


agressividade, enquanto os valores elevados aumentam a possibilidade de incrustações (Lira,
2014).

O limite máximo admissível para o pH na água para o consumo humano segundo a legislação
vigente no País, o Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é de 6.5-8.5.

2.12. Turbidez

É devida a substâncias inorgânicas puras como rochas, solo (areia fina, matérias calcarias, argila)
e orgânicas (Vaz, 1976).
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Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e algas. Esse


desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a produtividade de peixes isto
é, influência nas comunidades biológicas aquáticas. Além disso, afecta adversamente os usos
domésticos, industrial e recreacional da água (Marisec, 2009).

O limite máximo admissível para a turbidez na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é de 5NTU.

2.13. Conductividade

A condutividade eléctrica depende das concentrações iónicas e da temperatura e indica a


quantidade de sais existentes na coluna d’água e, portanto, representa uma medida indirecta da
concentração de poluentes. Em geral, níveis superiores a 100 µS/cm indicam ambientes
impactados (Marisec, 2009).

A conductividade eléctrica na água é representada em sua maioria por sólidos dissolvidos em


água, dos quais se destacam 2 tipos (Villas & Banderali, AgSolve, 2013):

Compostos iónicos – são sólidos que se dissolvem em água e caracterizados como sendo
cloretos, sulfatos, nitratos e fosfatos.

Compostos catiónicos – também interferem na conductividade eléctrica da água e possuem


catiões de Na, Mg, Ca, Fe, Al e amónio.

O limite máximo admissível para a condutividade na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é de 50-2000 µmho /cm.

2.14. Sólidos Totais

A determinação das diversas fracções de sólidos presentes na água fornece uma informação
importante para a caracterização de águas naturais, esgotos sanitários, efluentes industriais e
águas de abastecimento (Markos, 2008).

Pádua (1994) define sólidos como sendo todos os materiais presentes na água, com excepção dos
gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos presentes (corpos d’água).

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Segundo este autor, os sólidos podem ser classificados em: sedimentáveis, em suspensão,
colóides e dissolvidos; sendo que na prática são considerados como: os sólidos em suspensão e
os sólidos dissolvidos totais.

Para Marisec (2009), sólidos nas águas correspondem a toda matéria que permanece como
resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da amostra a uma temperatura pré-estabelecida
durante um tempo fixado.

Os sólidos totais, ou o resíduo após evaporação de 103 a 105 °C, podem ser divididos em sólidos
em suspensão e sólidos filtráveis, onde os sólidos em suspensão são os sedimentáveis que
decantam após 60min e os filtráveis são os sólidos coloidais e dissolvidos (que são moléculas
orgânicas que volatiliza a 600ºC e inorgânicas que permanece sob a forma de cinzas, em solução
na água). Assim, são definidos os sólidos em suspensão voláteis e os sólidos em suspensão fixos
como sendo, respectivamente, a parcela orgânica e inorgânica dos sólidos totais (Sousa, 2001).

De acordo com Gonçalves (2015), os sólidos totais têm os seguintes impactos sobre a água:

Água com aspecto visual desagradável;

Cria ambiente propenso à contaminação por microrganismos e desenvolvimento de algas.

O limite máximo admissível para os sólidos totais na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é de 1000 mg/l.

2.15. Dureza total

Gonçalves (2015) define a dureza como sendo a capacidade da água de precipitar sabão, ou seja,
na água que contém sabões estes tornam-se insolúveis, não formando espuma.

Na maior parte dos casos a dureza é devida sobretudo aos iões Cálcio e Magnésio e, mais
raramente aos iões Ferro, Manganês e Estrôncio. Nas águas naturais estes catiões estão
essencialmente combinados com os bicarbonatos, sulfatos e, por vezes, com os cloretos e nitratos
(Gouveia, 1983).

Lira (2014), afirma que elevada dureza reduz a formação de espuma além de provocar
incrustações nas tubulações de água quente, caldeiras e aquecedores e a ingestão de águas duras
contribui para uma menor incidência de doenças cardiovasculares.
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Pode causar ainda a irritação da pele, manchas na roupa e também tem um efeito laxativo
(sulfato de Ferro) (Gonçalves, 2015).

O limite máximo admissível para a dureza na água para o consumo humano segundo a legislação
vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o Regulamento
sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 500 mg/l.

De acordo com Vaz (1976) as águas são vulgarmente classificadas de acordo com o seu grau de
dureza, como ilustrado na tabela 1.

Tabela 1. Classificação da Dureza


Grau de Dureza 𝒎𝒈⁄𝒍 (𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑)

Água macia 0 − 75 𝑚𝑔⁄𝑙 (𝐶𝑎𝐶𝑂3)

Água moderadamente dura 75 − 150 𝑚𝑔⁄𝑙 (𝐶𝑎𝐶𝑂3)

Água dura 150 − 300 𝑚𝑔⁄𝑙 (𝐶𝑎𝐶𝑂3)

Água muito dura > 300 𝑚𝑔⁄𝑙 (𝐶𝑎𝐶𝑂3)

Fonte: (Vaz, 1976)

2.16. Cloretos

O cloreto (𝐶𝑙−) é um anião que encontra-se dissolvido na água, que resulta da lixiviação das
rochas e dos solos com as quais as águas contactam, e nas zonas costeiras, da intrusão salina
(Sousa, 2001).

Os cloretos conferem o sabor desagradável e salgado às águas, sobretudo se tratando de cloretos


de sódio e, ainda podem conduzir a fenómenos de corrosão nas canalizações, sobretudo se as
águas são aquecidas (Gouveia, 1983).

De acordo com Marisec (2009), interferem no tratamento anaeróbico de efluentes industriais,


provocando corrosão nas estruturas hidráulicas, interferem na determinação de Demanda
Química de Oxigénio (DQO) e apresentam também influência nas características dos
ecossistemas aquáticos naturais, por provocarem alterações na pressão osmótica em células de
microrganismos.
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O limite máximo admissível para os cloretos na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é de 250 mg/l.

2.17. Compostos de Nitrogénio

No meio aquático, o elemento químico Nitrogénio pode ser encontrado sob diversas formas
(Lira, 2014):

Nitrogénio molecular (N2);

Nitrogénio orgânico;

Ião amónio (NH4+);

Ião nitrito (NO2−);

Ião nitrato (NO3−).

Dos compostos do Nitrogénio acima citados abordar-se-á apenas o Nitrogénio na forma


amoniacal e nitrato.

a) Azoto Amoniacal

A amónia pode estar presente naturalmente em águas superficiais ou subterrâneas, sendo que
usualmente sua concentração é baixa devido à sua fácil adsorção por partículas do solo ou à
oxidação a nitrito e nitrato. Entretanto, a ocorrência de concentrações elevadas pode ser
resultante de fontes de poluição próximas, bem como da redução de nitrato por bactérias ou por
iões ferrosos presentes no solo. A presença da amónia produz efeitos significativos no processo
de desinfecção da água pelo cloro, através da formação de cloraminas, que possuem baixo poder
bactericida (Alaburda & Nishihara, 1998).

A amónia é um tóxico (interfere no transporte de oxigénio pela hemoglobina) bastante restritivo


à vida dos peixes, sendo que muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/l. Além
disso, (…) a amónia provoca consumo de oxigénio dissolvido das águas naturais ao ser oxidada
biologicamente. Por estes motivos, a concentração de nitrogénio amoniacal é um importante
parâmetro de classificação das águas naturais e é normalmente utilizado na constituição de
índices de qualidade das águas (Marisec, 2009).

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O limite máximo admissível para o amoníaco na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 1,5 mg/l.

b) Nitratos

São os contaminantes inorgânicos de maior preocupação em águas subterrâneas, que


normalmente ocorrem em aquíferos de zonas rurais e suburbanas devido a nitrificação da matéria
orgânica (Biotec - Soluções em Tratamento de Águas).

Os nitratos podem ser perigosos se a sua concentração na água for elevada, conduzindo a
fenómenos de intoxicação (podem ter acção metamoglobilizante, conduzindo a fenómenos de
asfixia interna), no caso de ingestão por lactentes e mesmo até para crianças (Gouveia, 1983).

O limite máximo admissível para os nitratos na água de consumo humano segundo a legislação
vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o Regulamento
sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 50mg/l.

2.18. Cálcio

O Cálcio é um dos elementos mais abundantes na água, podendo a sua concentração variar entre
zero e centenas de mg/l dependendo do tipo de água e das características geológicas da fonte.
Níveis elevados de cálcio podem ser benéficos e águas ricas em cálcio são muito palatáveis. A
máxima diária exigência é da ordem de 1 a 2 gramas e vem especialmente a partir de produtos
lácteos (Agency, 2001).

O Cálcio está presente nas águas na forma de bicarbonatos, cloretos e sulfatos, sendo que as
formas mais comuns são as de carbonato de Cálcio e carbonato de Cácio Magnésio. Na maioria
das águas, a percentagem causada por compostos de Mg é muito menor que a percentagem
causada pelos compostos de Ca. A presença de Cálcio nos suprimentos de água resulta da
passagem sobre depósito de Calcário, dolomita, gesso e xisto gipsérico. Não há nenhuma
objecção a saúde a um elevado teor de Ca em água mas quando o conteúdo é mais de 200 ppm,
problemas como a dureza da água surgirão (Twort, 1963). De acordo com a legislação nacional,
concentrações elevadas de Cálcio aumentam a dureza da água.

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O limite máximo admissível para o Cálcio na água de consumo humano segundo a legislação
vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o Regulamento
sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 50mg/l.

2.19. Magnésio

O Magnésio está presente na água na forma de bicarbonatos, cloretos e sulfatos (Twort, 1963).

Concentrações elevadas de Magnésio são devidas a presença de rochas magnésicas no subsolo,


dando a água um sabor amargo característico, tornando-a desagradável ao paladar. Como o
cálcio, o magnésio é importante na dieta. A exigência para os seres humanos é de 0.3-0.5 g/dia.
É o segundo constituinte principal de dureza e geralmente compreende 15 a 20% da dureza total
expressa como CaCO3. A sua concentração é muito significativa considerada em conjunto com a
de sulfato (Agency, 2001).

O limite máximo admissível para o Magnésio na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 50mg/l.

2.20. Ferro Total

O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do minério pelo gás
carbónico da água, conforme a reacção (Marisec, 2009):

Fe + CO2 + 1⁄2 O2 → FeCO3

Teores elevados de Ferro conferem à água sabor desagradável e aspecto turvo e avermelhado,
provocando manchas em roupas e utensílios sanitários. Podem conduzir ao desenvolvimento de
microrganismos aeróbicos, levando à deterioração da qualidade da água com o aparecimento de
cor, turvação e maus cheiros provenientes da morte das bactérias, além de favorecerem o
aparecimento de outras bactérias, fungos e outras formas de vida animal (Gouveia, 1983). De
acordo com a legislação nacional pode causar ainda a necrose hemorrágica.

O limite máximo admissível para o ferro na água para o consumo humano segundo a legislação
vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o Regulamento
sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 0.3mg/l.

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2.21. Alumínio

O alumínio é abundante no meio ambiente, está presente no solo, ar e água. Pode ter origens
naturais ou antropogénicas (Rosalino, 2011).

A presença de altos níveis de alumínio no organismo causa efeitos neurotóxicos, afecta os ossos
e, possivelmente, desregula o sistema reprodutor. Quando consumido em maiores quantidades,
excede a capacidade do organismo eliminá-lo, ficando depositado no corpo e pode causar
problemas (Hydro, 2013).

O limite máximo admissível para o alumínio na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 0.2mg/l.

2.22. Fluoretos

Os fluoretos são normalmente encontrados em águas naturais, solo, ar, nas plantas e na vida
animal. Podem ser encontrados também nas pastas de dente, gomas de mascar, vitaminas e
remédios. Em locais onde existem minerais ricos em flúor (áreas com depósitos geológicos de
origem marinha) as concentrações podem atingir até 10mg/l ou mais. Concentrações de fluoretos
acima de1.5mg/l aumentam a incidência de fluorose dentária (Marisec, 2009).

O limite máximo admissível para os fluoretos na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano é de 1.5mg/l.

2.23. Matéria Orgânica

A matéria orgânica suspensa ou dissolvida provém de organismos vivos (bactérias, algas,


protozoários, etc.) e de organismos em decomposição. Mesmo sem mau valor higiénico, tem o
inconveniente de favorecer o desenvolvimento de algas e fungos e, ainda de produzir sabores
desagradáveis que poderão ser realçados quando há desinfecção pelo cloro (Gouveia, 1983).

O limite máximo admissível para a matéria orgânica na água para o consumo humano segundo a
legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é de 2.5mg/l.

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2.24. Parâmetros microbiológicos

Os microrganismos são introduzidos no organismo humano por via cutânea ou por ingestão de
água contaminada, pelo contacto primário com águas de recreação e ainda por ingestão de
líquidos ou de alimentos contaminados durante o preparo de alimentos ou em seu ambiente de
origem (Yamaguchi, Cortezi, Ottonii, & Oyama, 2013).

Os principais indicadores de contaminação fecal são as bactérias do grupo coliforme que inclui
os géneros Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobacteria (Freire & Omena, 2005).

O número total de bactérias presentes na água dá a indicação à qualidade mas, são as bactérias de
origem intestinal que mais significado tem na transmissão de doenças por via hídrica. Embora as
bactérias patogénicas (Salmonela, Vibrião, Shigela) possam contaminar a água, o seu número é
sempre muito inferior ao dos constituintes normais da flora fecal.

Segundo a legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que


aprova o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano; os parâmetros
microbiológicos são responsáveis pelas doenças gastrointestinais no ser humano.

Os coliformes totais são o grupo de coliformes que compreende todas as bactérias gram-
negativas com forma de bastonete, aeróbicas e anaeróbicas facultativas, não esporuladas que em
menos de 48h fermentam a lactose a 35-37°C com produção de gás, ácido e aldeído (Água,
1997).

Os coliformes fecais são um subgrupo dos coliformes totais. Trata-se de bactérias gram-
negativas com forma de bastonete, aeróbicas, capazes de crescer a temperatura de 44-44.5°C em
menos de 24h, fermentando a lactose com produção de ácido e gás (Água, 1997).

Segundo a legislação vigente no País, Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro que


aprova o Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano, é considerada
ausente a quantidade de coliformes totais e fecais na água para o consumo humano.

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CAPITULO III

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1. Localização Geográfica da Área de Estudo

A área em estudo está localizada na província de Maputo, distrito municipal Kamavota,


bairro de Hulene, concretamente em Hulene B. Dista 10km do centro da cidade de Maputo,
possuindo uma área de 3.668 Km2, 141 quarteirões e tem como limite: Este, os bairros 3 de
Fevereiro e Laulane; a Oeste é limitado pelo Aeroporto de Moçambique, a Sul é limitado
pelo bairro Hulene A e a Norte é limitado pelo bairro Magoanine A. Do Censo efectuado
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2007, o bairro de Hulene B possuía cerca de
45 390 habitantes, dos 21.647 são homens e 23.743 são mulheres.

A lixeira de Hulene teve o início do seu funcionamento em 1976, tem uma área de cerca de
17 hectares e uma altura de resíduos sólidos entre 6 e 15m, operando 24h/dia (CMM, 2008).

De acordo com Mucavele (2015), o lixo depositado na lixeira de Hulene é uma mistura
heterogénea constituída geralmente dos seguintes resíduos sólidos:

Resíduos verdes provenientes de jardins e parques;

Resíduos domésticos;

Resíduos volumosos;

Resíduos comerciais e industriais não perigosos;


Solos escavados e resíduos de construção;
Resíduos hospitalares não perigosos.

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A figura 2 ilustra a localização geográfica do bairro de Hulene B.

Figura 2: Localização da Área de Estudo


Fonte: Google Earth

Para a realização do presente trabalho foram analisadas amostras de água recolhidas em 2


(dois) pontos do mesmo bairro (Bairro de Hulene B). Os critérios usados para a escolha dos
pontos de amostragem são:

Disponibilidade dos pontos de amostragem;

Proximidade dos pontos de amostragem em relação a lixeira;

O declive do solo, isto é, a lixeira encontra-se na zona alta e os pontos de


amostragem na zona baixa e em virtude da gravidade a água e os lixiviados escorrem
do ponto mais alto para o ponto mais baixo e concentram-se nessa zona (zona baixa).

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As distâncias da lixeira em relação aos pontos de amostragem são:

Figura 3: Localização dos pontos de amostragem

Fonte: http://www.openstreetmap.org/#map / MapMoz (Mapeando meu Bairro)

 P1- 83,15m
 P2- 662,21m

3.2 Caracterização física da área de estudo

A área em estudo situa-se numa zona tropical chuvosa, com duas estações: uma quente e
chuvosa entre Outubro e Março, e outra mais fria e seca entre Abril e Setembro. A
temperatura média é de cerca de 19°C na época seca e de 26°C na época húmida e quente. A
precipitação é de cerca de 860mm por ano (CMM, 2008). Segundo o Instituto Nacional
Estatística (2015) a temperatura média registada no ano de 2014 foi de 23°C na época seca e
de 26°C na época húmida e quente; e a precipitação foi de cerca de 104mm por ano.

Geologicamente, a área de estudo pertence ao éon Fanerozóico, era Cenozóica, período


Quarternário e época Pleistoceno Superior. Faz parte das dunas interiores; é constituída por
areias finas, mal consolidadas, com cores esbranquiçadas a avermelhadas, fixadas pela
vegetação e como resultado de sucessivos processos de consolidação. A fracção arenosa fina
(0.2 - 0.05mm), muito bem calibrada é dominante em 98%. Mineralogicamente, o quartzo é
o mineral dominante em 98% aparecendo também pequenas concentrações de Ilmenite,
Leucoxena, Monazite, Silimanite, zircão e Rútilo; baixos teores de Carbonato de Cálcio e

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concentrações elevadas de Óxidos de Silício, de Ferro e de Alumínio (Momade, Ferrara, &


Oliveira, 1996).

De acordo com Tonin (2013), em solos arenosos a permeabilidade é considerada alta com
um coeficiente de permeabilidade (K) de 10-3 a 10-5cm/s. O solo arenoso tem menor
porosidade, baixa retenção de água, boa drenagem e aeração, é mais lixiviável e com baixa
quantidade e rápida decomposição da matéria orgânica (Reinert & Reichert, 2006).

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CAPÍTULO IV

4. MATERIAIS E MÉTODOS
Método é entendido como sendo uma sequência lógica de procedimentos que se pode seguir para
consecução de um objectivo (Appolinario:132 apud Vilanculos 2017).
O trabalho é de carácter experimental fundamentado numa abordagem mista (quantitativa e
qualitativa).

O método experimental foi escolhido pelo facto de apresentar maior exactidão e precisão, e ser
específico para pesquisas quantitativas em Ciências Naturais, permitindo assim maior
informação sobre a qualidade e sistematizar a influência de um conjunto de factores sobre uma
determinada variável na base de números o que facilita a sua análise e interpretação.
O método experimental tem a vantagem de possibilitar a análise mais clara e sistematizada sobre
a influência e interacção das variáveis estudadas numa determinada hipótese permitindo formular
leis gerais sobre um dado fenómeno. (Boane 2017:50)

4.1.Instrumentos de recolha de Dados:

Na presente pesquisa recorreu-se as seguintes técnicas: a pesquisa bibliográfica, observação


directa, entrevista estruturada ou padronizada, e métodos analíticos.

Pesquisa bibliográfica: é feita a partir do levantamento de referências teóricas “ já analisadas e


publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, página de web sites
sobre o tema a estudar” Matos e Viera (2001:41). Para o efeito analisou-se diversas obras que
abordam conteúdos referentes a influencia das lixeiras sobre a água de poços; colhendo dados de
outros autores muito em particular de trabalhos desenvolvidos no contexto moçambicano, que
tenham desenvolvido um tema similar noutras vertentes, para dar um alicerce de conhecer
aspectos que possam contribuir para o sucesso da pesquisa a desenvolver.

Observação: é todo o procedimento que permite acesso aos fenómenos estudados. Ė etapa
imprescindível em qualquer tipo ou modalidade de pesquisa. (Severino.2007:125).

Segundo Quivy e Campenhoudt (1998), distinguem a observação directa e indirecta. A directa


acontece quando o investigador procede directamente a recolha de informações, sem se dirigir
aos sujeitos interessados. Apela directamente ao seu sentido de observação. Para obter as
informações o investigador pode usar uma guia de observação, ou pode ir registando as
observações num diário, pois os sujeitos observados não intervêm na produção da informação
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procurada. Na observação indirecta o investigador dirige-se ao sujeito para obter a informação


procurada. Os instrumentos escolhidos para recolha da informação na observação indirecta são
os questionários, guião de entrevista e a análise documental.

Para o presente trabalho recorreu-se a observação directa, que serviu para a recolha dos dados
mais pormenorizados do processo produtivo, higiénico, dos poços em causa.

Entrevista: Segundo Lakatos e Marconi (2003:195) apud Malace (2017) define a entrevista
como sendo um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional.

No presente trabalho recorreu-se a entrevista do tipo estruturado ou padronizado, a mesma


seguiu um roteiro fixo de perguntas disponível no apêndice que foram feitas aos moradores das
casas que possuem poços, com vista a obter informações de todo o processo de construção e uso
dos mesmos.

Métodos analíticos: as experiências foram realizadas no Laboratório Nacional de Higiene de


Águas e Alimentos, onde por sua vez foram analisados os parâmetros físicos, químicos,
microbiológicos e organolépticos.

4.2.Reagentes e Equipamentos
Reagentes

Com vista a determinar os parâmetros químicos e microbiológicos foram usados vários tipos de
reagentes, de acordo com o tipo de parâmetro a determinar. Na tabela abaixo está apresentado
apenas os principais reagentes ou soluções.

Tabela 2. Lista de reagentes usados


Item Parâmetro Formula Reagente
1 Cloretos C𝑙 − 𝐾2 Cr𝑂4 0.01N (Cromato de Potássio)
AgN𝑂3 0.1N (Nitrato de Prata)
2 Dureza - Solução Tampão
EDTA
Eriocromo Preto
3 Amoníaco N𝐻4+ EDTA
Reagente de Nessler
4 Nitratos N𝑂3− AgN𝑂3 (Nitrato de Prata)

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𝐻2 S𝑂4 (Ácido Sulfúrico)


NaCl 30% (Cloreto de Sódio)
NaOH 1N (Hidróxido de Sódio)
Ácido Acético
Ácido sulfanílico brucina
Arsenito de Sódio
5 Coliformes - Caldo MembraneLaurylSulphate
Totais Caldo de Lacose com Bílis Verde Brilhante
6 Coliformes - Caldo M-FC
Fecais NaOH 0.2N (Hidródixo de Sódio)
Ácido Resólico

Equipamentos
Na tabela abaixo serão representados apenas os equipamentos que serão usados durante a
realização das experiencias laboratoriais

Tabela 3. Lista de equipamentos usados


Item Nome Função
1 Condutivímetro Medir a WTW LF91
conductividade
2 Estufa Secar material Ipac LO681
3 Balança Analítica Pesar reagentes e ADAM AFP – 2100L
material
4 Espectrofotómetro Leitura de PerkinElmer Lambda
amostras num 25
determinado
comprimento de
onda
5 Aparelho de Filtração de Mille pore
Filtração amostras
6 Microscópio Observar os Olympus CH
microorganismos
7 Banho-maria Evaporar Selecta

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amostras

8 Exsicador Arrefecer material

9 Placa de Ferver amostras Stuart SB162


Aquecimento
10 pHmetro Medir pH Hach HQ411d

11 Destilador Destilar água

4.3.Procedimentos de Recolha de Água nos Poços

O processo de amostragem de água ocorreu em um dia.

Antes de realizar a recolha das amostras fez-se a higienização das mãos com água e sabão e
assepsia com álcool, e de seguida usaram-se luvas descartáveis.

A recolha da amostra de água destinada à análise microbiológica antecedeu a recolha da amostra


de água destinada à análise físico-química, para se evitar uma possível contaminação, segundo as
orientações do laboratório de análises.

a) Recolha de água para análise microbiológica

De modo a realizar a recolha de água para análise microbiológica é necessário seguir os


seguintes procedimentos:

Amarrar o frasco de vidro esterilizado (antes da abertura do mesmo) um cordão limpo e se


necessário um contra peso;

Descer o frasco com cuidado para não tocar nas paredes do poço e enchê-lo com a amostra;

Quando cheio, removê-lo do poço e fechar imediatamente;

Por último, identificar a amostra.

b) Recolha de água para análise físico-química

De modo a realizar a recolha de água para análise físico-química serão seguidos os seguintes
procedimentos:
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Amarrar no balde um cordão limpo;

Descer o balde com cuidado para não tocar nas paredes do poço e enchê-lo com a amostra;

Quando cheio, transferir para o frasco, enxaguando o mesmo 2 ou 3 vezes com a própria amostra
antes de enchê-lo;

Depois de cheio, fechar bem o frasco.

Por último, identificar a amostra.

Procedimentos Laboratoriais

As análises foram realizadas no LNHAA, dos seguintes parâmetros: Sólidos Totais Dissolvidos,
Amoníaco, Dureza total, Cloretos, Conductividade, Turbidez, pH, Coliformes Fecais e Totais,
Cor, Nitritos, Cheiro e Nitratos.

Determinação de Cloretos (Método de Mohr)

Mediu-se 100ml de amostra para um balão de Erlenmeyer

Num Erlenmeyer de 250ml, colocou-se 100ml da amostra, adicionou-se 1ml de Cromato de


Potássio (indicador) e titulou-se com Nitrato de Prata a 0,1N até o aparecimento do precipitado
da cor vermelho-tijolo. Os resultados são determinados com base na seguinte fórmula:

𝑉1∗𝑁∗35,5
[ 𝐶𝑙 − ] = *1000
𝑉

Sendo:

𝑉1- Volume titulante gastado na titulação da amostra analisada em (ml);

[𝐶𝑙 − ]- Concentração de iões cloreto em (ml/L);

N- Normalidade da solução titulante;

35,5- Constante (massa atómica de Cl).

Equacções que decorrem durante a titulação:

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NaCl(aq) + AgNO3(aq) AgCl(s) + NaNO3 (aq)

Cl- + Ag+(Aq) AgCl(s)

2AgNO3(aq) + K2CrO4 (aq) 2KNO3 + Ag2CrO4(s)

2Ag+(Aq) + CrO42- (aq) Ag2CrO4(s) (Vermelho tijolo)

Determinação de Dureza total por volumetria de complexação com EDTA

Num Erlenmeyer de 250ml colocou-se 50ml de amostra, 1ml da solução tampão de amónia, 2
gotas de indicador ericromo preto (T) e titulou-se com EDTA 0,002 até viragem da cor
vermelha-vinosa a azul-escuro. Os resultados foram determinados com base na seguinte fórmula:

1000∗𝑉1
𝐶𝑎𝐶𝑂3 𝑚𝑔/𝑙=
𝑉

Ou Dureza =𝑉1∗20

Sendo:

V – Volume da toma da amostra em (ml)

𝑉1- Volume da solução titulante (EDTA) gasto na titulação em (ml)

Determinação de Amoníaco por método directo, reagente de Nessler

P ipetou-se 50ml de amostra em um balão volumétrico de 50ml com colo alto, adiciona-se 2
gotas de EDTA a 0,5 N, 2ml de reagente de Nessler e misturou. Depois de 15min até o
aparecimento de cor-de-rosa, mediu-se a intensidade da cor utilizando o espectrofotómetro no
comprimento de onda 420nm.

A concentração do amoníaco é obtida com base na seguinte equação: 𝑥=𝑦− 0.1510.0506

Sendo “y” o valor da absorvância lida no espectrofotómetro.

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Determinação de Nitratos (Método UV)

Coloca-se uma pequena quantidade da amostra na cuvete e faz-se a leitura no espectrofotómetro


num comprimento de onda de 220nm para calibrar. A concentração de nitratos é obtida com base
na seguinte equação: 𝑥=𝑦− 0.12380.0466

Sendo “y” o valor da absorvância lida no espectrofotómetro.

Determinação de Conductividade

Calibrou-se o condutivímetro com água destilada e secou-se o eléctrodo. Induziu-se o eléctrodo


num tubo de Nessler contendo 100ml da amostra e fez-se a leitura directa.

A conductividade é dada em μmho/cm ou μSiemens/cm.

Determinação da turbidez

Para a determinação de turvação fez-se da seguinte maneira: Calibra-se o turbidímero com água
destilada. Mediu-se 100 ml da amostra no copo de Becker e Fez-se a leitura directa.

Determinação de Sólidos Totais (suspensos e dissolvidos), em mg/l

Para a determinação de sólidos totais segui-se passos:

 Colocou-se o copo de Becker na estufa a 105oC, durante 1h, retirou-se e deixou-se


arrefecer no exsicador;
 Pesou-se o copo de Becker vazio e registou-se o seu peso inicial;
 No mesmo copo de Becker colocou-se 100 ml de amostra e evaporou-se em banho-maria;
 Colocou-se copo de Becker novamente na estufa a 105oC e deixou-se arrefecer no
exsicador;
 Pesou-se novamente o copo de Becker registou-se o seu peso final;

O resultado é expresso em mg/l:

b−a
[Sólidos] = 𝑥 106
v

Onde:

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b = Peso da cápsula com amostra (em g);

a = Peso de copo de Becker (em g);

v = Volume de amostra em (ml).

Determinação do pH

Calibrou-se o pH metro usando as soluções padrões de pH (4 e 7);

Fez-se a lavagem dos eléctrodos de vidro e referência com água destilada e deixou-se secar.
Colocou-se 100ml de amostra num copo de Becker e introduziu-se o eléctrodo de referência e
procedeu-se com a leitura directa.

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CAPÍTULO V

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. Resultados da Entrevista

Durante as visitas ao bairro de Hulene B que consistiram na observação das condições do


armazenamento da água e na entrevista realizada aos moradores que possuem poços em suas
residências (neste caso foram 2 residências visitadas) foram obtidas para cada quarteirão as
informações apresentadas na seguinte tabela:

Tabela 4: Resultados da entrevista

Quartei Ano de Profun Recipiente de Usos Aspecto Problemas


rão abertura didade colecta Verificados
Visual
c/poço
(m)
120 2000 8 Balde plástico de Limpeza, Partes verdes Sabor
2L cozinhar e Folhas e salgado
para a minhocas
agricultura

44 1974 10 Balde Limpeza e Aparentemente Nenhum


obras de bom
plástico de 2L
construção

Fonte: A autora do trabalho

5.2. RESULTADOS LABORATORIAL

As tabelas abaixo apresentam os resultados dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos


obtidos durante a realização das experiencias laboratoriais.

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Tabela 5: Resultados dos parâmetros físicos e organolépticos

Parâmetro Resultados Valores Admissíveis Unidades


P1 P2

Cor Esverdeado Incolor Incolor _

Cheiro Inodoro Inodoro Inodoro _


Depósitos Presente Ausente Ausente _

Turvação <5 NTU <5 NTU 5,0 NTU


Condutividade 1327 3600 50 - 2000 μs/cm
Sólidos totais 734 643 1000 mg/L

Fonte: A autora do trabalho

Tabela 6: Resultados dos parâmetros químicos

Parâmetro Resultados Valores Admissíveis Unidades


P1 P2

pH 6,7 6,99 6.5 - 8.5 _

Nitratos 530,39 430,9 50 mg/L


Nitritos 0,03 0,69 3,0 mg/L

Cloretos 81,3 70,9 250 mg/L


Dureza 740 292 500 mg/L
Amónia 0,04 0,31 1,5 mg/L

Fonte: A autora do trabalho

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Tabela 7: Resultados dos parâmetros microbiológico

Parâmetro Resultados Valores Admissíveis Unidades


P1 P2

Coliformes fecais >100/100ml >100/100ml 0-10/100ml e Ufc/ 100mL

Ausente NMP*/100ml
Coliformes totais >100/100ml >100/100ml 0-10/100ml e Ufc/ 100mL

Ausente NMP*/100ml

Fonte: A autora do trabalho

5.3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para uma melhor compreensão e análise dos resultados, a seguir são apresentados gráficos que
ilustram o comportamento dos parâmetros físicos e químicos dos dois pontos em relação aos
limites estabelecidos pelo Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano
(Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro, do Ministério da Saúde). Os gráficos são
de barras (verticais) e de linhas (horizontais), em que os gráficos de barras ilustram os resultados
obtidos no presente trabalho e os gráficos de linhas ilustram os valores limites estabelecidos pela
Legislação Moçambicana.

O solo da área de estudo por se tratar de um solo permeável permite que o lixiviado infiltre com
maior facilidade para o solo, atingido o reservatório de água (água subterrânea). A lixeira por
estar na zona alta, o nível de escoamento é maior, isto é, a água escoa para as zonas mais planas
ou com baixo nível de declividade (pontos de amostragem) onde a tendência à infiltração é maior
(pois a água ficará mais tempo sobre o solo).

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5.4. Parâmetros físicos

a) Turvão

Gráfico 1: Resultados da Turbidez nos 2 (dois) pontos de amostragem

De acordo com a legislação nacional, o limite máximo estabelecido para a turbidez da água para
o consumo humano é de 5NTU. De acordo com o gráfico 1, pode se observar que a turbidez
apresentou valores no limite, ou seja dentro do padrão recomendado. As possíveis fontes da
turbidez na água são os materiais sólidos em suspensão ou no estado coloidal que podem ser
microrganismos, substâncias orgânicas ou minerais e deterioração das paredes do poço. Uma
água turva não tem efeitos directos na saúde mas indica uma possível presença de substâncias
tóxicas e pode reduzir a eficiência da desinfecção.

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b) Condutividade

Gráfico 2: Resultados da Condutividade nos 2 (dois) pontos de amostragem

O valor estabelecido pela Legislação nacional, para a condutividade é de 50-2000μhmo/cm


(1μSiemens/cm=1μhmo/cm), (Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro, do
Ministério da Saúde). Com base nos resultados obtidos no presente trabalho e no gráfico 2, nota-
se que um dos pontos de amostragem ultrapassou o limite máximo estabelecido pela legislação
nacional. Supõe-se que o elevado valor da conductividade nesse ponto de amostragem resulta da
contaminação elevada de compostos dissolvidos ou seja, elevada concentração de substâncias
dissociadas em aniões e catiões. A elevada concentração dos dissolvidos resulta dos iões de
Cálcio, Magnésio, Cloretos, Ferro, amónia e nitratos que provém da água de lavagem, fezes
(latrinas) e da lixeira que por lixiviação e infiltração atingem o lençol freático. De acordo com
Chu et al (in Lima 2003) a concentração de sais aumenta vagarosamente com a idade das lixeiras
e como consequência da decomposição da matéria orgânica.

De um modo geral, maior desvio dos valores da conductividade eléctrica se situa longe da fonte
de contaminação comparativamente ao valor do ponto próximo da fonte de contaminação, facto
que pode estar associado ao declive do terreno, isto é,o ponto mais distante da lixeira encontra-se
na zona baixa, o que influencia a facilidade de escoamento dos lixiviados que concentram-se
nesta zona.

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c) Sólidos totais

Gráfico 3: Resultados dos Sólidos nos 2 (dois) pontos de amostragem

De acordo com o gráfico 3, nota-se que a concentração dos sólidos totais e totais dissolvidos não
atingiram o limite máximo estabelecido pela legislação em todos os pontos de amostragem,
respectivamente. Do ponto de vista sanitário, a presença de os sólidos totais e dissolvidos na
água conferem um aspecto visual desagradável e criam um ambiente propenso a contaminação
por microrganismos.

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5.5. Parâmetros Químicos:

a) pH

Gráfico 4: Resultados do pH nos 2 (dois) pontos de amostragem

De acordo com a legislação nacional, o valor do pH da água para o consumo humano deve estar
compreendido na faixa de 6.5-8.5. Dos resultados obtidos dos 2 pontos de amostragem, e com
base no gráfico 4, pode-se observar que os valores do pH encontram-se na faixa de 6.8-6.99,
acima do valor mínimo estabelecido pela legislação nacional. Com base nestes resultados
conclui-se que as águas dos 2 pontos são ácidas. De acordo com Feitosa e Filho in (Santos A. D.,
2008), a maioria das águas subterrâneas apresenta pH na faixa de 5.5-8.5. A acidez da água é
devida a presença de dióxido de carbono resultado da decomposição da matéria orgânica e
efluentes industriais. Os principais efeitos associados aos elevados valores de pH são: sabor
desagradável e corrosão de tubagens, bem como dos próprios poços, reduzindo o tempo de vida
útil destes e afectar a qualidade da água.

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b) Nitratos

Gráfico 5: Resultados Dos Nitratos nos 2 (dois) pontos de amostragem

De acordo com o gráfico 5, a concentração de nitratos ultrapassou o limite máximo admissível


pela legislação (50mg/l) em todos os pontos de amostragem, sendo que o valor mais alto
(530.39mg/l) foi registado no ponto 1. A presença de nitratos indica uma poluição antiga e é
formado nos estágios finais da decomposição biológica.

A presença de nitratos pode resultar da lixiviação em áreas de deposição de resíduos sólidos a


céu aberto (lixeiras), oxidação da amónia e a deposição inadequada de dejectos humanos e
industriais. De acordo com Bairdin (Biguelini & Gumy, 2012), as águas subterrâneas apresentam
geralmente teores de nitrato no intervalo de 0.1 a 10mg/l, porém em águas poluídas os teores
podem chegar a 1000mg/l. Com base nessa informação e observado os valores obtidos nesse
estudo, as águas dos 2 pontos de amostragem são consideradas poluídas, uma vez que os valores
obtidos estão muito acima dos 10mg/l. A presença de nitratos na água para o consumo humano
tem efeitos tóxicos, uma vez que impede o transporte de oxigénio no sangue e também ocorre a
formação de nitrosaminas carcinogénicas.

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c) Nitritos

Gráfico 6: Resultados dos Nitritos nos 2 (dois) pontos de amostragem

De acordo com o gráfico 6, a concentração de nitritos não ultrapassou o limite máximo


admissível pela legislação (3,0) em todos os pontos de amostragem. O que leva-nos a dizer que a
existência da contaminação pode ter sido ocasionada pela proximidade entre os poços as fossas,
podendo causar danos a saúde de seus usuários principalmente nas crianças.

d) Cloretos

Gráfico 7: Resultados dos Cloretos nos 2 (dois) pontos de amostragem

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Como pode se observar no gráfico 7, a concentração dos cloretos não ultrapassou o limite
máximo estabelecido pela legislação nacional (250mg/l). Apesar da concentração dos cloretos
não ter ultrapassado o limite máximo estabelecido, efeitos são verificados em uma residência
onde afirma-se que a água apresenta um sabor salgado. As possíveis fontes de cloretos nestas
águas são os efluentes domésticos.

A existência de concentrações elevadas de cloretos na água para o consumo humano confere-as


um sabor salino e torna se prejudicial as pessoas portadoras de doenças renais e cardíacas. De
acordo com Vaz (1976) a água nos pontos de amostragem é classificada como sendo muito dura,
facto que é comprovado com os resultados do inquérito, no qual uma das residências afirma que
a água apresenta uma dificuldade de espumar com sabão.

e) Dureza

Gráfico 8: Resultados da Dureza nos 2 (dois) pontos de amostragem

De acordo com a legislação nacional, o limite máximo admissível para a dureza total na água
para o consumo humano é de 500mg/l (Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro, do
Ministério da Saúde). Observando o gráfico 8 nota-se que a dureza total ultrapassou o limite
máximo estabelecido pela legislação nacional em um dos pontos, tendo atingido o seu valor
máximo de 740mg/l. De acordo com Vaz (1976) a água nos pontos de amostragem é classificada
como sendo muito dura, facto que é comprovado com os resultados do inquérito, no qual uma
das residências afirma que a água apresenta uma dificuldade de espumar com sabão.

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As fontes da dureza da água provém dos resíduos sólidos depositados na lixeira, como as cascas
de ovos que contém carbonato de Cálcio e os entulhos de construções que contém quantidades
consideráveis de calcário.

A duzeza da água cria problemas como redução da eficiência de detergentes, incrustações nos
recipientes de aquecimento de água, como as chaleiras e problemas de saúde pública por maior
incidência de cálculo renal podem surgir devido a dureza da água.

f) Amónia

Gráfico 9: Resultados da Amónia nos dois pontos de amostragem

Observando o gráfico 9, nota-se que a concentração de amoníaco não atingiu o limite máximo
estabelecido pela legislação nacional (1.5mg/l). A determinação de amoníaco foi realizada duas
vezes, onde numa primeira fase, 2 dias após a recolha das amostras a concentração do amoníaco
foi significativa (75%) e na segunda, 15 dias depois, a concentração foi muito baixa (3%) como
observa-se no gráfico acima.

Este facto explica-se pelo facto do amoníaco ser volátil, isto é, com o passar dos dias e com a
falta de alguns cuidados com as amostras (garrafas abertas por muito tempo e não conservadas a
temperaturas regulares), houve uma alteração nas propriedades das amostras, resultando nessa
alteração na determinação do amoníaco. Mas também pode ter ocorrido a decomposição do
amoníaco a outros compostos de nitrogénio como nitritos e nitratos.

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A presença de amoníaco pode indicar uma contaminação recente e directa por dejectos humanos
e animais, facto que pode ser associado a presença das latrinas próximas aos poços de água. O
amoníaco quando presente na água para o consumo humano tem um efeito tóxico pois interfere
no transporte do oxigénio pela hemoglobina, sabor e cheiro desagradável.

5.6. Parâmetros microbiológicos

De acordo com a legislação nacional (Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de Setembro, do


Ministério da Saúde), a concentração de coliformes totais e fecais deve ser ausente na água para
o consumo humano. O método usado consistiu em apenas fazer a contagem de colónias até 100
por cada 100ml. Quando o número de colonias excedeu o NMP parou-se a contagem pois já era
possivel concluir que estava acima do limite de coliformes por colonias admitidos na lei vigente,
seja, em cada 100ml de amostras foi detectado mais de 100 colónias.

A existência deste número excessivo de coliformes totais e fecais está associada a dejectos
humanos que podem ser justificados pela existência de latrinas próximas aos poços de água e a
matéria orgânica em decomposição; e como consequência causam doenças gastrointestinais ao
homem.

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CAPÍTULO VI

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

6.1. CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objectivo geral avaliar a influência da lixeira de Hulene sobre a
qualidade da água dos poços consumida pela população no Bairro de Hulene B.

Dos resultados obtidos foi possível aferir que:

A água dos poços arredores da lixeira de Hulene não possui qualidade adequada para o seu
consumo, uma vez que alguns dos parâmetros (cor, depósitos, nitratos, dureza, condutividade e
coliformes totais e fecais) apresentam alterações quando comparados com os limites máximos e
mínimos estabelecidos pela legislação nacional (Diploma Ministerial n°180/2004 de 15 de
Setembro, do Ministério da Saúde).

Com base nos resultados obtidos conclui-se que o poço mais próximo da lixeira apresenta
desvios significativos em relação aos padrões estabelecidos pela legislação nacional vigente.
Este facto deve-se a proximidade a lixeira e as condições em que o poço se encontra, por outro
lado o ponto mais distante apresenta contaminação pela condutividade eléctrica, facto que está
associado ao declive do terreno, isto é,o ponto mais distante da lixeira encontra-se na zona baixa,
o que influencia a facilidade de escoamento dos lixiviados que concentram-se nesta zona.

De um modo geral, podemos afirmar que as principais fontes de contaminação da água nestes
pontos são: a falta de manutenção e higiene dos poços de água e, acima de tudo, a lixiviação dos
resíduos sólidos depositados na lixeira de Hulene.

Com base na entrevista feita concluiu-se que com o surgimento das redes de distribuição de água
o número de poços reduziu significativamente, porém a sua existência não deixa de constituir um
risco à saúde pública, pois no caso de escassez de água a população recorre a água destes.

A contaminação das águas subterrâneas pelos resíduos sólidos depositados na lixeira é provável
devido à proximidade do lençol freático à superfície do solo, lixiviação e infiltração dos
lixiviados até ao lençol freático.

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Como Conclusão, atendendo a questão de pesquisa e validando a Hipotese H0, podemos afirmar
que a lixeira de Hulene tem sim influência sob a qualidade da água dos poços consumida no
Bairro de Hulene B.

Para além dos impactos na qualidade da água, os resíduos sólidos também influênciam na
qualidade do ar, do solo e da vida dos moradores nos arredores da lixeira.

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6.2. RECOMENDAÇÕES

O trabalho teve como objectivo principal avaliar a influência da lixeira de Hulene sobre a
qualidade da água dos poços consumida pela população no Bairro de Hulene B, porém, não
houve condições para a realização de todas análises previstas por falta de condições financeirtas
e pela disponibilidade, pelo que para os próximos estudos devem ser feitas mais análises que
permitam avaliar a qualidade da água.

Aos futuros investigadores:

Para além de serem analisados os parâmetros traçados no trabalho deve ser considerada a análise
dos seguintes parâmetros: Hg e Cu devido à presença de alguns resíduos eléctricos e electrónicos
cuja composição contém estes elementos.

De modo a verificar os impactos da lixeira sobre as águas subterrâneas recomenda-se que se faça
a comparação dos dados das análises actuais com os dados anteriores (antes da existência da
lixeira) da qualidade da água. Essa comparação permitirá saber se houve modificação da
qualidade da água por influência dos resíduos. Assim sugere-se a criação de uma base de dados
com todas as monitorizações realizadas neste local ao longo do tempo, para efeitos de
comparação e identificação da evolução.

Fazer a análise qualitativa desta água nas 2 épocas do ano (chuvosa e seca), de modo a fazer uma
comparação e verificar a influência da chuva na qualidade da água.

Fazer a colheita de amostras em mais pontos de amostragens, com vista verificar o raio de
influência da lixeira de Hulene na qualidade da água.

A deposição dos resíduos sólidos a céu aberto não só causa impactos sobre a qualidade da água,
mas também influência na qualidade do solo, ar e da própria vida dos moradores arredores, daí
que recomenda-se a avaliação do impacto da lixeira na qualidade do solo, ar e da vida dos
moradores.

Ao Ministério da Saúde e aos consumidores:

Devido aos impactos a longo prazo da lixeira, o Ministério da Saúde com auxílio dos
consumidores poderia monitorar periodicamente a qualidade da água dos poços.

Aos consumidores recomenda-se a adptarem-se as medidas propostas no apêndice 5.


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APÊNDICES

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APÊNDICE 1: GUIA DE ENTREVISTA

1. Quantos poços existem no bairro?

2. Qual é a profundidade de cada poço?

3. Qual é a quantidade de água utilizada por dia?

4. Qual é a finalidade do uso da água?

5. Como é feita a captura da água no poço? Que objecto é utilizado?

6. Caso seja para o consumo, faz-se algum tratamento prévio? Qual?

7. A água tem cheiro, sabor ou cor?

8. Quais são as doenças mais registadas?

9. Há quanto tempo utilizam a água do poço?

10. Tem notado alguma diferença (na pele, doenças frequentes) após o início do uso dessa
água?

11. Tem verificado alguma diferença na qualidade da água durante o tempo chuvoso e seco?

12. Qual é o número do agregado familiar?

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APENDICE 1.2: RELATÓRIO DA ENTREVISTA

Uma das metodologias usadas para a realização do presente trabalho foi o trabalho de campo,
em que uma das fases consistiu na realização de uma entrevista a população do bairro de
Hulene B que possui poços de água em sua residência. Nesta fase foram feitas perguntas aos
moradores (2 moradores) que possuem poços de água em suas residências (neste caso fora 2
residências visitadas, formados por 5 a 6 agregados familiares) e também algumas
observações das condições dos poços de água. Desta feita, conclui-se que:

O número de poços de água reduziu significativamente com a ampliação das novas redes de
distribuição de água (FIPAG e furos), sendo difícil encontrar 1 poço de água em cada
quarteirão. Os poços visitados foram abertos nos anos de 1974 e 2000.

A profundidade dos poços vária de 8m a 10m desde o topo dos poços até a superfície da
água.

Com o acesso a água canalizada o uso da água dos poços reduziu significativamente.
Moradores afirmam que a água dos poços é utilizada em algumas actividades como limpeza,
construção de casa (regar blocos), lavar e tomar banho e o consumo directo (beber e
cozinhar) pois ainda não foram afectados com a distribuição da FIPAG na totalidade
(dependem de uma torneira que fornece água das 7 horas até as 12). Antes do consumo
directo é feita a fervura e purificação da água com uso da soda ou certeza, sendo que ao ser
colocada a soda, o poço é mantido inactivo durante 24h.

A captura da água dos poços é feita com uso de baldes plásticos de 2L a 10L fixos numa
corda, e o uso diário varia d e 20 a 50L por dia.

Um poço é mantido em boas condições (tapado e limpo), daí que foi notável no outro sólido
em suspensão (turbidez), folhas, minhocas e cor na água.

Em relação a época (chuvosa ou seca) no poço que apresenta cobertura (poço 2) não há
nenhuma alteração na qualidade da água diferente do poço que não apresenta cobertura (poço
1), que tem um sabor salgado e verifica-se redução na formação de espuma durante o uso de
sabão.

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APENDICE 2: LOCAIS DE RECOLHA DE AMOSTRAS

A2.1. Poço residencial 1

A2.2. Recolha de amostras no poço residencial 1

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A2.3: Poço residencial 2

A2.4: Recolha de amostras no poço residencial 2

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APENDICE 3: PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

1. Sólidos totais

Aparelhos e Utensílios

Balança analítica;
Estufa;
Banho-maria;
Exsicador;
Cápsulas de Platina ou porcelana com uma capacidade de 150-200 ml;
Pipetas.

Procedimentos

Colocar previamente a cápsula na estufa a 105°C, durante 1h;


Retirar da estufa e arrefece-se no exsicador. Pesa-se a cápsula vazia anotando o seu
peso (a), até que chegue a peso constante;
Na cápsula, coloca-se 100ml de água em exame previamente bem misturada;
Evaporar em banho-maria. Depois de completar a evaporação da água, a cápsula é
transferida para a estufa a 105°C, até que chegue a peso constante. Entre cada
pesagem a cápsula e arrefecida no exsicador antes de ser pesada. Toma-se nota do
peso constante (b).

Nota: A cápsula não deve permanecer muito tempo no exsicador, devendo ser pesada logo
que arrefecer (± 15 𝑚𝑖𝑛).

Expressão dos Resultados

São dados como sólidos totais à temperatura de 105°C e são expressos em:

𝑏−𝑎
𝑚𝑔/𝑙 = *1000
𝑉

b - Peso da cápsula com resíduo (g).

a - Peso da cápsula vazia (g).

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V - Volume da amostra em ml

2. Amoníaco

Aparelhos e Utensílios

Espectrofotómetro no comprimento de onda 420nm;


Balões aferidos de 50ml com colo alto;
Pipetas de 0.5ml e 50ml;
Pipetas de Pasteur.

Reagentes

Nota: Todos os reagentes devem ser preparados com produtos puros para análise, utilizando
água destilada isenta de amoníaco,

1. Solução estabilizante de EDTA

Dissolvem-se 50g de sal dissódico etileno-diamino-tetracéticodihidratado em 60ml de água


destilada que contém 10g de NaOH puro. Se for necessário aquece-se ligeiramente para a
dissolução completa da substância. Deixa-se arrefecer à temperatura ambiente e perfaz-se o
volume para 100ml com água destilada.

2. Solução de Sulfato de Zinco: dissolver 100g de 𝑍𝑛𝑆O4 .7H2 𝑂 em água destilada e dilui-se
até 1000ml.

3. Solução de NaOH 6N: dissolver 120g de NaOH numa pequena quantidade de água
destilada e dilui-se até 500ml.

4. Solução padrão concentrada de cloreto de amónio (1000mgl em N𝐻4+ ): dissolver 2.9655g


de cloreto de amónio N𝐻4 Cl seco a 100°C em água destilada e preencheer até 1000ml. 1ml
desta solução contém 1mg de N𝐻4+ .

5. Solução padrão diluída de cloreto de amónio (100mg/l) dilui-se 10ml de solução


concentrada de cloreto de amónio até 1000ml com água destilada. 1ml desta solução contém
0.01mg deN𝐻4+ .

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6. Solução de tiossulfato de Sódio 0.0143N: dissolver 3.5g de Na2 S2 O3 .H2 O em água


destilada e diluir até 1000ml.

7. Reagente de Nessler (é tóxico quando ingerido): diluir 100g de iodeto de Hg (HgI2 ) e 70g
de iodeto de potássio (KI) em pequena quantidade de água destilada (isenta de amónio) e
adicionar esta, lentamente e agitando a uma solução fria de 500ml de água destilada que
contém 160g de NaOH.

Diluir a solução até 1000ml com água destilada. O reagente deve ser conservado no escuro,
em recipientes de polietileno, nestas condições é estável por um período de 1 ano.

Procedimento

1. Se a amostra contém cloro residual este deve ser eliminado juntando uma quantidade
equivalente da solução de tiossulfato de Sódio, 0.2ml da solução é suficiente para neutralizar
500ml de água com o nível de cloro residual a 5ppm.

2. Para eliminar as interferências de turvação, cor, ferro, magnésio e cálcio, proceder como
segue:

a) Adicionar 1ml de solução de sulfato de Zinco a 1000ml de amostra e misturar bem.

b) A seguir adicionar 0.4-0.5ml da solução de NaOH até obter um pH de 10.5, tendo o


cuidado de controlar o seu valor com um papel indicador ou com um potenciómetro. Deixar
repousar alguns minutos até se formar um precipitado que torna o líquido sobrenadante
límpido e incolor.

c) Clarificar por filtração ou centrifugação. Se utiliza o processo de filtração, o filtro de papel


não deve conter amoníaco. Para este fim é preciso lavar cuidadosamente o filtro com água
destilada até que o filtrado não dê mais reacção com o reagente de Nessler. Filtrar a amostra
tratada rejeitando os primeiros 25ml do filtrado.

3. Retirar 50ml do filtrado ou uma porção diluída a 50ml com água destilada. Adicionar uma
gota da solução estabilizante e misturar bem.

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4. Adicionar 2ml de reagente de Nessler e misturar. Depois de 15min exactos medir a


intensidade da cor utilizando o colorímetro no comprimento de onda de 420nm.

5. Preparação da curva de calibração:

1. Preparar uma série de Standards em balões aferidos com os seguintes volumes (em ml) de
solução diluída de amónio; 0.0 - 1,0 - 2,0 - 3,0 - 4,0 - 5,0; diluídas até 50ml com água
destilada.

Obtêm-se assim concentração de amónio (N𝐻4+ ) tais como 0 - 0.2 - 0·4 - 0,6 - 0·8 - 1·0mg/l
respectivamente.

Adicionar a cada balão aferido 2ml de reagente de Nessler e misturar bem e depois de 15min
exactos ler no comprimento de onda de 420nm.

3. Cloretos

Utensílios;
Bureta, graduada até o décimo de mililitro;
Pipeta de 1ml;

Reagentes

Todas as soluções devem ser preparadas com produtos puros para análise e com água
destilada isenta de cloretos.

1. Solução Standard de Nitrato de Prata 0.1N: dissolver 16.989g de AgN𝑂3 num balão de
1000ml e preencher o volume com água destilada. O título desta solução é estandardizado
titulando a solução Standard de NaCl 0.1N. A solução deve ser conservada em frasco escuro.

2. Solução Standard diluída de AgN𝑂3 0.01N: diluir 10ml de solução standard de AgN𝑂3
0.1N a 100ml com água destilada.

3. Solução Standard de NaCl 0.1N: dissolver 5.843g de NaCl previamente seco em estufa a
140°C em água destilada e diluir até 1000ml.

4. Solução de 𝐻2 𝑆𝑂4 1N: adicionar lentamente 28ml de 𝐻2 𝑆𝑂4 concentrada a 500ml de água
destilada, arrefecer e perfazer o volume a 1000ml.
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5. Solução de NaOH 1N: dissolver 40g de NaOH em água destilada, arrefecer e diluir a
1000ml.

5. Solução de Sulfato de Zinco: dissolver 100g de 𝑍𝑛𝑆𝑆𝑂4.7𝐻2 𝑂 em água destilada e dilui-se


até 1000ml.

8. Água oxigenada 30%

9. Indicador de cromato de potássio: dissolver 5g de 𝐾2 Cr𝑂4 numa pequena quantidade de


água destilada. Adicionar a solução de AgN𝑂3 até a formação do precipitado cor de tijolo e
decantar aproximadamente 12h, filtrar e diluir o filtrado a 100ml com água destilada.

10. Indicador fenolftaleina: dissolver 0.5g de fenolftaleina em 50ml de etanol 95% e diluir a
100ml com água destilada gota a gota uma solução 0.01N de NaOH, até o aparecimento de
uma cor rosa pálida.

Procedimentos

1. Retirar 100ml de amostra se a água é límpida, incolor, com pH compreendido entre 7 e 10


e sem substâncias interferentes a amostra pode ser titulada directamente. Se o pH é fora do
campo 7 -10, ajustar com 𝐻2 𝑆𝑂4 ou NaOH.

2. Eliminação das interferências: quando a amostra é turva ou corada é necessário proceder


como indicado na técnica de determinação de amoníaco, tendo o cuidado, depois da
clarificação, de controlar o pH e baixá-lo com 𝐻2 𝑆𝑂4 1N.

Quando a água contém sulfitos, tiossulfitos ou sulfuretos, a amostra é alcalinizada por adição
do NaOH ate viragem da fenolftaleina, adicionar em seguida 1ml de 𝐻2 𝑆𝑂4 30%, ferver
durante alguns minutos, arrefecer e neutralizar com 𝐻2 𝑆𝑂41N até o desaparecimento da cor
rosada.

3. Depois das precauções preliminares para a eliminação das interferências, a amostra junta-
se 1ml do indicador de cromato de potássio e depois titular com a solução standard de
AgN𝑂3 (1 ou 2, conforme a concentração de cloretos), efectuando uma prova em branco com
100ml de água destilada.

A concentração do ião cloreto é expressa pela fórmula:

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𝐶𝑙 − (𝑚𝑔𝑙) = (𝑎 − 𝑏) ∗ 𝑁 ∗ 35,45 ∗ 1000/𝑉

Ou

𝐶𝑙 − (𝑚𝑔𝑙) = 𝑎 ∗ 35.5

Sendo:

a - Volume de titulante gasto na titulação da amostra (ml)

b - Volume de titulante gasto na titulação do branco (ml)

N - Normalidade da solução titulante

V - Volume da amostra analisada (ml)

4. Dureza Total

Utensílios;
Balões graduados de 100ml, 200ml,250ml e 500ml;
Balões graduados de 1000ml e aferidos;
Erlenmeyerde 250ml, 500ml, 750ml;
Buretas graduadas em décimas de mililitros;
Pipetas de 1ml, 25ml, 50ml, 100ml, aferidos.

Reagentes

Água destilada recentemente obtida


Indicador negro de Eriocromot: Juntar 1ml de uma solução de N𝑎2 𝐶𝑂3 a 30ml de
água destilada e depois 1g de negro de eriocromot e agitar. Ajustar o pH a 10.5, com
solução de N𝑎2 𝐶𝑂3 e perfazer o volume de 100ml com álcool etílico 95%. A solução
é guardada em frasco escuro bem tapada. O prazo de validade é aproximadamente de
1 mês.
Solução de N𝑎2 𝐶𝑂3 (30g/l): dissolver 3g de N𝑎2 𝐶𝑂3 em água destilada e perfazer o
volume a 100ml.

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Solução tampão: dissolver 1,170g de sal dissódico do ácido etileno-diamina-


tetráceticodihidratado e 0,780g de Sulfato de Magnésioheptahidrato (Mg𝑆𝑂4.7𝐻2 O)
ou (0,644g de Mg𝐶𝑙2.6𝐻2 0) em 50ml de água destilada. Juntar esta solução a 16,9g
deN𝐻4 Cl e 143ml de N𝐻4 OH concentrado e diluir até 250ml com água destilada.
Guardar a solução em garrafa de plástico bem fechado, para evitar perdas de
amoníaco. A solução é válida cerca de 30 dias.
Solução titulante de EDTA: dissolver 4,2g de sal dissódico de ácido etileno-diamina-
tetracéticodihidrato (EDTA) em ml de água destilada.
Determinação do título da solução titulante: medir com uma pipeta 25ml da solução
padrão para um frasco de Erlenmeyer. Adicionar 25ml de água destilada, 1ml da
solução tampão e 1-2 gotas da solução de indicador. Titula-se até a viragem da
solução vermelho vinoso a azul com EDTA. A titulação deve fazer-se dentro de 5
minutos após a adição do tampão.
Sendo V o volume em ml da solução do titulante gasto na titulação, mede-se de água
destilada para o balão de 1000ml e perfaz-se o volume com a solução de EDTA. Faz-
se a nova determinação do título, para confirmação devendo, neste caso, 1ml de
solução corresponder a 1mg de CaC𝑂3,
Solução padrão de Cálcio 0,02N: Pesar 1,0009g de CaC𝑂3 anidro e com baixo teor de
metais previamente seco em estufa e colocar num copo de 500ml. Juntar alguns ml da
solução de HCl até todo o carbonato de Cálcio estar dissolvido e juntar 200ml de água
destilada e ferver durante alguns minutos para expulsar o dióxido de Carbono. Deixar
arrefecer e ajustar o pH mais ou menos a 5, por adição de hidróxido de amónia ou de
HCl Transferir a solução para um balão volumétrico de 1l e completar o volume com
água destilada.
Solução de HCl 1:1: dissolvem-se 50ml de HCl concentrado (peso específico igual a
1.19) em água destilada e perfazer-se o volume de 100ml.

Procedimentos

Medir 50ml da água em estudo para um frasco de Erlenmeyer de 250ml e adicionar


1ml da solução tampão. Com ajuda do pHmetro ou de papel indicador, verificar se o
pH é mais ou menos 10.
Juntar depois 1-2 gotas da solução indicadora. Dentro de 5min após a junção da
solução tampão titular com a solução de EDTA até viragem da cor vermelha-vinosa a
azul.
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Se na titulação se gastar um volume inferior a 1ml da solução de EDTA repete-se o ensaio


com uma toma de água conveniente, cujo volume pode atingir 500ml, devendo variar
proporcionalmente valores da solução indicador a adicionar.

A dureza pode ser determinada com a seguinte fórmula:

1000 ∗ 𝑉1
𝐶𝑎𝐶𝑂3 𝑚𝑔/𝑙 =
𝑉

Ou 𝐶𝑎𝐶𝑂3 𝑚𝑔/𝑙 = 𝑉1 ∗ 20

Sendo:

V – Volume da toma da água (ml)

𝑉1– Volume da solução titulante gasto na titulação (ml)

5. Nitratos

Aparelhos e Utensílios

Espectrofotómetro no comprimento de onda de 410nm;


Banho-maria;
Tubos de Nessler de 50ml (2.5∗15cm);
Pipetas de 2 e 10ml;

Reagentes

Solução padrão de Nitrato de Potássio (100mg/l 𝑁𝑂3): dissolver 0.1631g de KN𝑂3


seco em estufas e diluir para 1000ml em água destilada. 1ml desta solução contém
0,1mg de ião nitrito (N𝑂3− ).
Solução diluída de nitrato de Potássio (5mg/l de N𝑂3− ): diluir 25ml de solução padrão
concentrado de Nitratos para 50ml de água destilada. 1ml desta solução contém
0.005mg de ião nitrato (N𝑂3− ). Preparar esta solução na altura da determinação.
Solução de arsenito de Sódio: dissolver 5g de NaAs𝑂2 e diluir até 1000ml com água
destilada. É tóxico quando ingerido

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Ácido Sulfanílico brucina: dissolver 1g de Sulfato de Brucina e 0.1g de ácido


sulfanílico em aproximadamente 70ml de água destilada quente. Juntar 3ml de HCl
concentrado, arrefecer e perfazer o volume de 100ml com água destilada. Esta solução
é estável por alguns meses. É tóxico quando ingerido
Solução de Ácido Sulfúrico: cuidadosamente medir 500ml de ácido sulfúrico
concentrado e adicionar com cautela, arrefecendo a 125ml de água destilada. Guardar
em recipiente bem fechado à temperatura ambiente. Utilizar ácido sulfúrico com
baixo teor em ácido nítrico (0·00002% w/w).
Solução de Cloreto de Sódio 30%0: dissolver 300g de NaCl para 1000ml com água
destilada.
Ácido acético (d+3): diluir-se um volume de ácido acético glacial (C𝐻3 COOH) com
volume de água destilada.
Hidróxido de Sódio 1N: dissolve-se 20g de NaOH numa pequena quantidade de água
destilada, deixa-se arrefecer e dilui-se até 500ml.

Procedimentos

Preparação da curva de calibração:

Prepara-se uma série de padrões com os seguintes volumes (ml) da solução diluída de
Nitrato:0·0 – 10 – 20 – 40- 70 -100 diluídas até 100ml com água destilada. Obtém-se assim
concentrações de nitratos (N𝑂3− ) tais como 0 – 0.5 – 1.0 – 2.0 – 3.5 – 5.0 mg/l
respectivamente. Retirar uma porção de 10ml e seguir a técnica como está indicado em
seguida.

Se a amostra contém cloro residual, esta é eliminado juntando uma gota (0.05ml da
solução de arsenito por cada 0.1mg de cloro presente) e agitando; depois juntar uma
gota de excesso.
Ajustar o pH aproximadamente a 7 usando ácido acético ou NaOH.
Colocar 10ml de amostra ou uma porção diluída até 10ml, num tubo de Nessler. O
volume de amostra tomada para a análise deve conter entre 0·5 e 40 𝜇𝑔 de N𝑂3−
Adicionar 2ml da solução de NaCl e agitar.
Colocar o suporte contendo os tubos num banho de água à temperatura ambiente,
juntar 10ml da solução de ácido sulfúrico, agitar bem e deixar arrefecer
completamente. Só depois de ter a certeza que os tubos atingiram o equilíbrio térmico

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(temperatura ambiente) adicionar 0.5ml da solução de ácido sulfanílico brucina,


misturar bem e colocar os tubos em banho-maria em ebulição.

NB: A temperatura da reacção influencia fortemente o resultado da análise, a temperatura do


banho não pode ser inferior a 95°C e os tubos devem estar bastante separados entre si para
permitir as trocas de calor.

Passados exactamente 25 minutos remover o suporte com os tubos e colocá-los em banho de


água à temperatura ambiente. Quando chegar ao equilíbrio térmico, tirar os tubos e ler no
espectrofotómetro a 410nm contra o branco preparado da mesma maneira, substituindo a
amostra com água destilada. Quando a amostra se apresenta turva, corada, com outras
interferências (elevado teor em matéria orgânica), pode-se utilizar como branco 10ml de
amostra tratada da mesma maneira, mas sem juntar a solução de brucina.

Traçar a curva de calibração/absorvância partir dos valores obtidos para a escala padrão e
determinar no diagrama o valor da concentração relativo à água em ensaio. O resultado é
expresso em N𝑂3− mg/l.

6. Conductividade

Aparelhos e Utensílios

Conductivímetro;
Tubos de Nessler de 100ml.

Procedimentos

Lavar o eléctrodo com água destilada e secá-lo.


Introduzir o eléctrodo num tubo de Nessler contendo a amostra e efectuar a medição.

A conductividade é dada em μmho / cm ou μSiemens / cm.

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7. Turvação

Utensílios

Tubos de Nesslercom X na sua base.

Procedimentos

Lavar o tubo de Nessler com água destilada;


De forma gradual colocar a amostra no tubo de Nessler de modo a controlar a
visibilidade do X.
Parar de colocar a amostra no tubo de Nessler quando não ser possível observar o X
na base do tubo de Nessler. Verificar e registar o valor. A turvação é dada em NTU.

8. Coliformes Totais

Aparelhos e Utensílios

Aparelho de filtração constituído por: um funil e porta-filtro (que devem ser


esterilizados constantemente a 121°C, durante 20min), colocados sobre um balão
Erlenmeyer de 1 litro (com braço lateral) ligado a uma bomba de vácuo, através de
um tubo de borracha de vácuo;
Membranas filtrantes, normalmente pré-esterilizados com poros de 0.45μm de
diâmetro;
Discos absorventes normalmente pré-esterilizados;
Pinça esterilizada (flamejada com álcool);
Placas de Petri esterilizadas;
Microscópio ou esterioscópio com aplicação de 10 vezes;
Erlenmeyer de 250ml;
Pipeta graduada de 2ml, esterilizada;

Meios de Cultura ou Reagentes

Caldo Membrane Lauryl Sulphate: pesar o meio num erlenmeyer e juntar água
destilada segundo as proporções indicadas pela firma produtora, para um volume de
100ml. Dissolver aquecendo ligeiramente e esterilizar autoclavando a 121°C durante
15min. O pH final do caldo deve ser 7.4-7.5; deve ser ajustado a pH 7.6 antes da
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autoclavagem de forma a se obter 7.4-7.5. O caldo deve ser removido imediatamente


da autoclave, de modo a evitar a quebra da lactose e redução do pH.

Nota: Os frascos contendo o caldo, se não logo utilizados devem ser conservados no
frigorífico.

Caldo de lactose com bílis e verde brilhante: pesar num erlenmeyer de 100ml a
quantidade de meio necessário e rehidratá-la juntando água destilada, respeitando as
proporções indicadas pela firma produtora (40g em 100ml). Distribuir volumes de
10ml do caldo em tubos de ensaio de 16∗160mm nos quais foi precedentemente
colocado um tubo de Duran (6∗30mm) invertido. Esterilizar a autoclave por 15min a
121°C.

Nota: Os tubos esterilizados que não são logo utilizados devem ser conservados no
frigorífico.

Procedimentos

Em condições de asséptica colocar o disco absorvente numa placa de Petri


esterilizada. Usando uma pipeta de 2ml, humedecer o disco absorvente com 1.8 a 2ml
de caldo.
Assepticamente colocar com uma pinça esterilizada a membrana filtrante sobre o
porta-filtro. Cuidadosamente colocar o funil, verificar se o tubo de borracha de vácuo
está devidamente ligado ao balão, erlenmeyer e a bomba de vácuo.
Filtrar 100ml de amostra sob vácuo parcial. Seguidamente lavar o funil, filtrando 3
vezes porções de 20-30ml de água esterilizada. Cada amostra deve ser analisada duas
vezes segundo os dois procedimentos anteriores, para se obter resultados em
duplicado.
Retirar o funil e com a pinça remover a membrana filtrante colocando-a sobre o disco
absorvente previamente embebida no caldo.
Quando se presume que as amostras são bastante contaminadas é necessário proceder
à sua diluição. Após a filtração deste tipo de amostra, o funil e o porta-filtros devem
ser esterilizados flamejando com álcool ou deixando-os em ebulição durante 10min.
Uma série de filtrações é considerada interrompida quando decorre um espaço de
tempo igual ou superior a 30min entre filtrações. Depois de uma interrupção qualquer

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filtração posterior deve ser considerada como uma nova série de filtrações, exigindo a
utilização de novo material esterilizado.
Incubação: incubar as placas invertidas a 30°C, durante 4h, transferindo-as depois
para 37°C, durante 1h.
Leitura: contam-se as colónias usando o microscópio ou o esterioscópio com
ampliação de 10 vezes. As colónias de coliformes são de cor amarelas. Para se fazer
uma contagem correcta das colónias deve escolher-se membranas contendo até 60
colónias.
Confirmação: depois da incubação e contagem, transferir 2 colónias amarelas
encontradas sobre a membrana para um tubo de caldo de lactose com bílis e verde
brilhante para confirmação da produção de gás. Testar no mínimo 4 colónias por
membrana. Incubar os tubos a 37°C durante 24-48h. A produção de gás neste caldo,
no intervalo máximo de 48h confirma a presença de coliformes. Em caso de
confirmação da presença de coliformes, o resultado é calculado usando a seguinte
expressão:

𝑁𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑑𝑒𝑐𝑜𝑙ó𝑛𝑖𝑎𝑠𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑁 0 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑑𝑒𝑐𝑜𝑙ó𝑛𝑖𝑎𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎𝑠
= *100
100𝑚𝑙 𝑚𝑙𝑑𝑎𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

Sendo:

𝑁𝑜 de colónias contadas, a soma das colónias nas duas placas.

ml de amostra filtrada, a soma do volume das duas porções de amostra.

9. Coliformes fecais

Aparelhos e Utensílios

Aparelho de filtração constituído por: um funil e porta-filtro (que devem ser


esterilizados separadamente na autoclave a 121°C, durante 20min) colocados sobre
um balão de erlenmeyer de 1 litro (com braço lateral) ligado a uma bomba de vácuo;
Membranas filtrantes, normalmente pré-esterilizados com poros de 0.45μm de
diâmetro;
Discos absorventes, normalmente pré-esterilizados;
Pinça esterilizada (flamejada com álcool);
Placas de Petri esterilizadas;
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Microscópio ou estereoscópio com ampliação de 10 vezes;


Erlenmeyer de 250ml;
Pipeta graduada de 2ml, esterilizada;
Meios de cultura e Reagentes;
Caldo M-FC: pesar o meio num erlenmeyer e juntar água segundo as proporções
indicadas pela firma produtora, para um volume de 100ml, que contém 1ml de
solução de ácido resólico em 0.2N NaOH. Dissolver aquecendo até a ebulição. Não
esterilizar por autoclavagem. Conservar este caldo no escuro entre 2 – 10°C, apenas 4
dias. Não é aconselhável a sua utilização findo este prazo.

Nota: Ter muito cuidado com a utilização do ácido isólico.

Procedimentos

Em condições de asséptica colocar o disco absorvente numa placa de Petri


esterilizada. Usando uma pipeta de 2ml, humedecer o disco absorvente com 1.8 a 2ml
de caldo M-FC.
Assepticamente colocar com uma pinça esterilizada a membrana filtrante sobre o
porta-filtro. Cuidadosamente colocar o funil, verificar se o tubo de borracha de vácuo
está devidamente ligado ao balão, erlenmeyer e a bomba de vácuo.
Filtrar 100ml de amostra sob vácuo parcial. Seguidamente lavar o funil, filtrando 3
vezes porções de 20-30ml de água esterilizada. Cada amostra deve ser analisada duas
vezes segundo os dois procedimentos anteriores, para se obter resultados em
duplicado.
Retirar o funil e com a pinça remover a membrana filtrante colocando-a sobre o disco
absorvente previamente embebida no caldo.
Quando se presume que as amostras são bastante contaminadas é necessário proceder
à sua diluição. Após a filtração deste tipo de amostra, o funil e o porta-filtros devem
ser esterilizados flamejando com álcool ou deixando-os em ebulição durante 10min.
Uma série de filtrações é considerada interrompida quando decorre um espaço de
tempo igual ou superior a 30min entre filtrações. Depois de uma interrupção qualquer
filtração posterior deve ser considerada como uma nova série de filtrações, exigindo a
utilização de novo material esterilizado.

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Incubação: colocar as placas Petri contendo as membranas filtrantes em saco de


plástico impermeáveis, que se submergem num banho-maria, colocando-se um peso
que impeça a flutuação das mesmas. Incuba-se a 44.2 a 44.4°C durante 24h.
Leitura: contam-se as colónias usando o microscópio ou estereoscópio com ampliação
de 10 vezes. As colónias de coliformes fecais são de cores azuis (várias tonalidades).
Para se fazer a contagem correcta das colónias deve escolher-se membranas contendo
até 60 colónias. O resultado é calculado usando-se a seguinte expressão:

𝑁𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑑𝑒𝑐𝑜𝑙ó𝑛𝑖𝑎𝑠𝑓𝑒𝑐𝑎𝑖𝑠 𝑁 0 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑑𝑒𝑐𝑜𝑙ó𝑛𝑖𝑎𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎𝑠
= *100
100𝑚𝑙 𝑚𝑙𝑑𝑎𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

10. pH

Aparelhos e Utensílios

PHmetro;
Eléctrodo de vidro;
Eléctrodo de referência;
Copos;

Procedimentos

Ligar o pHmetro;
Lavar os eléctrodos de vidro e de referência com água destilada e secá-los;
Colocar 25-50ml de amostra;
Introduzir o eléctrodo de referência no copo contendo a amostra e proceder a leitura.

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APENDICE 4: ALGUNS EQUIPAMENTOS USADOS NAS EXPERIÊNCIAS


LABORATORIAIS

A4.1: Balança A4.7: Espectrofotômetro

A4.2: Determinação de condutividade A4.3: Determinacao de pH

A B C

A4.4: Determinação da Dureza total

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A4.5: Determinação de ião cloreto

A4.6: Determinação de Nitritos e Amônia

A4.8: Determinação de sólidos totais

A4.9: Determinação de Coliformes totais e Coliformes fecai

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APENDICE 5: MEDIDAS CORRECTIVAS DOS IMPACTOS CAUSADOS PELO


USO DA ÁGUA DOS POÇOS

Apesar dos moradores terem afirmado que o consumo da água dos poços nunca causou
nenhum problema a saúde, com base nas observações feitas durante as visitas e com base nos
resultados obtidos no laboratório, há necessidade de se fazer o tratamento desta água antes do
seu consumo e melhorar as condições de higiene do local de modo a melhorar a qualidade
desta água e cumprir com rigor a Legislação Nacional da Qualidade da Água para o Consumo
Humano. Há possibilidade da saúde dos moradores estar sendo afectada pelo uso da água sem
que estes tenham consciência disso. Pode-se constatar que quando se fala de doenças
causadas pela água os moradores pensam somente em diarreias, cóleras e dores de barriga.
Mas é sabido que para além destas doenças, dependendo da origem da poluição podem
ocorrer outras doenças como necrose hemorrágica (presença de ferro), redução de 𝑂2 no
sangue (presença de nitratos).

Partindo do princípio de que o uso da água mal conservada pode causar problemas, algumas
medidas devem ser implementadas de forma a preservar a saúde pública, dentre as quais são
descritas abaixo:

Fazer a limpeza e desinfecção periódica dos poços de água da seguinte maneira (Paraná,
2009):

1. Retirar toda água do poço com auxílio do recipiente usado para retirar a água;

2. Limpar todo o lodo do fundo e escovar bem as paredes do poço;

3. Deixar entrar água novamente até estabilizar o nível;

4. Preparar a solução desinfectante num balde com quantidade suficiente de água para
dissolver o desinfectante e depois misturar na água do poço;

5. Fazer recirculação da água para misturar bem o desinfectante (tirar a água do poço e jogar
ao interior várias vezes);

6. Esperar 12h e esvaziar totalmente o poço; e

7. Deixar que o poço encha novamente de água.

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Fazer a limpeza do recipiente utilizado para retirar a água e guardá-lo num local limpo e
seguro, sendo este um possível veículo de contaminação.

Manter os poços tapados adequadamente e com tampas bem limpas e adequadas, de modo a
evitar a entrada de poluentes como insectos, folhas, poeiras, entre outros.

Não realizar actividades como banhos, lavagem de roupas ou de animais nas proximidades
dos poços;

Não usar a água dos poços para o consumo directo (beber ou confeccionar alimentos) sem um
tratamento prévio, apenas para outros fins como de limpeza.

Para além dos cuidados acima e como forma de eliminar e/ou reduzir as concentrações de
substâncias indesejáveis existentes na água, como forma de minimizar os impactos que
podem advir do consumo desta água, pode-se adoptar medidas de tratamento da água, que são
(Feitosa & Filho, n.d.):

Sedimentação simples – consiste em deixar a água permanecer em repouso para remover


partículas sólidas em suspensão. As partículas sólidas (em parte são os microrganismos) que
se depositam, arrastam consigo parte dos microrganismos presentes na água.

Arejamento - O arejamento é um processo físico que permite o contacto da água com o ar,
provocando a precipitação do ferro dissolvido (por oxidação).

Filtração - A filtração consiste em passar água por um meio poroso para tirar alguns tipos de
impurezas (sujeira e bactérias). Consiste no uso de um filtro simples de areia ou até mais
complexo de 3 camadas (gravilha, areia e carvão activado), com o objectivo de retenção por
filtração e por adsorção dos compostos responsáveis pela presença de sabor ou odor.

Desinfecção – consiste no uso de hipoclorito de sódio, certeza ou líxivia para eliminar os


organismos patogénicos presentes na água.

De modo a implementar as medidas acima descritas é necessário que a população tenha o


conhecimento da sua importância. Para o efeito, é fundamental a cooperação do secretário do
bairro juntamente com os chefes de quarteirão na divulgação dessas medidas.

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