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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOLÓGICA

Mineração Artesanal de Ouro e Avaliação do Seu Impacto Ambiental no Posto


Administrativo de Chiúre Velho - Distrito de Chiúre

Autor:

Hermenigildo Niquina

Supervisor: Co – Supervisor:
Isac Abdulgani Burgraff, Lic. Zamundine Amisse Cafuro, Lic.

Pemba, 2018
UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOLÓGICA

Mineração artesanal de ouro e avaliação do seu impacto ambiental no posto


administrativo de Chiúre Velho - Distrito de Chiúre

Monografia apresentada a direcção do curso de Licenciatura


em Engenharia Geológica da Faculdade de Engenharia,
Universidade Lúrio, como cumprimento do requisito
obrigatório para a obtenção do título de Licenciatura em
Engenharia Geológica.

Autor:

Hermenigildo Niquina

__________________________________

Supervisor:

Isac Abdulgani Burgraff, Lic.


________________________________

Co-Supervisor:
Zamundine Amisse Cafuro, Lic.

_________________________________

Pemba, 2018
PENSMENTO

“ O grande papel de uma nova engenharia:


pensar, projectar e executar com novos
critérios…” Nakao (2011).

iii
PÁGINA DE ACEITAÇÃO

_________________________________________
Presidente do Júri

_________________________________________
Secretário

_________________________________________
Vogal

Pemba, ____/____/ 2018

iv
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Hermenigildo Niquina, filho de Ricardo Niquina e de Cristina Daniel nascido ao 01 de


Março de 1994, distrito de Nacarôa, Província de Nampula, declaro que sou autor desta
Monografia e que autorizo a Universidade Lúrio, a fazer uso da mesma com a finalidade que
julgue conveniente.

Assinatura: _____________________________________________

Data: __________________________________

v
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer a Deus nosso pai poderoso, criador do céu e da terra e de todas as
coisas visíveis e invisíveis por me ter dado a vida, saúde, força e coragem durante a minha
formação.

Aos meus pais Ricardo Niquina e Cristina Daniel pela educação, ensinamentos que me dão dia
pois dia e pelo apoio moral, financeiro que me deram em todos os níveis de ensino que passei.

Aos meus irmãos Egnelio, Gilberta, Jaime, Cecília e Dalton pelo incentivo, força e por
acreditarem em mim cada dia.

Á minha avo Isabel Sause e aos meus tios: Saide, Joaquim, Anifa, Filomena, Lucas, Horácio,
Crescência, Estefânia, Inácio e aos demais familiares pelos conselhos, apoio e incentivo
durante todo curso.

Aos meus supervisores dr. Cafuro e dr. Abdulgani pela disponibilidade na orientação,
compreensão, dedicação, paciência, apoio moral e material dado durante a realização deste
trabalho.

Ao engenheiro Gualberto e mestre Angel, pela disponibilidade demonstrada, mesmo estando


distantes.
Aos meus docentes pelas lições transmitidas e os demais funcionários.
Ao dr. Momade Malique chefe do posto administrativo de Chiúre velho pelo acompanhamento
prestado durante os dias de trabalho de campo e ao senhor Muamini pela ajuda durante o
trabalho de campo.
Aos garimpeiros que perderam o seu tempo de trabalho para poder me conversar comigo.
Aos meus colegas do curso, em especial a geração de 2014 pelo carinho, apoio, afecto e
irmandade criada durante o curso,
Aos meus amigos: Célio, José, Sérgio, Jeremias, Rodrigues, Helman, Neto, Juvêncio, Diana,
Margarida, Jacinto, Waite, Jakison, Alficio, Onofres, Gerson, Evolde, Saquina Gomes, Lopes,
João, Will, Faito, Uassote, Justino e Paulino pela força e por acreditarem em mim.
E aqueles que directa e indirectamente ajudaram na realização deste trabalho
O meu muito obrigado.

vi
DEDICATÓRIA

É com muita alegria, prazer e sobretudo gratidão que dedico este trabalho aos meus pais:

Ricardo Niquina e Cristina Daniel.

Pelo apoio psico – moral e financeiro desde a nascença ate então.

vii
LISTA DE ABREVIATURAS

A1 Amostra número 1

A2 Amostra número 2

A3 Amostra número 3

A4 Amostra número 4

A5 Amostra número 5

A6 Amostra número 6

AIA Avaliação de impacto ambiental

ARA Administração Regional de Águas

AIAS Análise de impacto ambiental e social

AF Amostra filtrada

BR Boletim da República

C Constante

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

cm Centímetro

CNMA Comissão Nacional do Meio Ambiente

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CP Curto prazo

DBO Demanda bioquímica de oxigénio

DINAB Direcção Nacional do Ambiente

DIPREME Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia

viii
DNAL Direcção Nacional da Administração Local

DPTADER Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

DIR Directo

EDTA Etileno diamina tetra acético

EAS Estudo Ambiental Simplificado

EES Environrnental Evaluation System

EIA Estudo de impacto ambiental

EPDA Estudo de pré-viabilidade ambiental e definição do âmbito

g Grama

G Grande

GS Grande significância

IA Índice de adversidades

IAP Índice de avaliação ponderal

IB Índice de benefícios

ICMBio Floresta Nacional do Amapá

IND Indirecto

II Índice de indefinições

IPEA Impacto - projectos e estudos ambientais

IPT Instituto de Pesquisa Tecnológica

IRREV Irreversível

ITC Iniciativa para Terras Comunitárias

ix
Kg Quilograma

Km Quilómetro

LHAA Laboratório de Higiene, Água e Alimentos

LP Longo prazo

LHAA Laboratório de higiene, águas e alimentos

M Moderada

Ma Milhões de anos

mg/l Miligramas por litro

MICOA Ministério para a coordenação da acção ambiental

MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

ml Mililitros

MME Ministério de Minas e Energia

NC/100 ml Número de colónias por 100 mililitros

NCc Número de colónias contadas

n.d. Não detectado

NEG Negativo

NTCF Número total de colónias filtradas

NTU Unidade de Turvação Nefelométrica

P Pequena

PA Peso dos atributos

PAd Posto Administrativo

x
PAIA Pré-avaliação da avaliação de impacto ambiental

PB Soma de todos os pesos de impactos benéficos na matriz

PERM Permanente

PI Peso de indefinições

PIA Peso do impacto ambiental

PGGRA Projecto de grafite da grafex

PPP Processo de Participação Pública

PS pequena significância

POS Positivo

QLPLAMO Quadro Legal Para o Licenciamento Ambiental em Moçambique

REIA Relatório de estudo de impacto ambiental

REPREL Relatório Preliminar

REV Reversível

RIA Relatório de Impacto Ambiental

RMLES Riversdale Moçambique Limitada e Elgas, Sarl

STE Serviços Técnicos de Engenharia

TEMP Temporário

TdR Termos de Referência

UEM Universidade Eduardo Mondlane

xi
LISTA DE SÍMBOLOS

Apud Citado por

As Arsénio

Sb Antimónio

Hg Mercúrio

Te Telúrio

Au Ouro

CaCO 3 Carbonato de cálcio

Micro-Siemens por centímetro

ºC Graus célsius

Cl- ião cloreto

AgNO 3 Nitrato de prata

Mo Molibdénio

Cu Cobre

W Tungstênio

NO 2 - Ião nitrito

NO 3 - Ião nitrato

Al Alumínio

Cr Cromo

Zr Zircónio

xii
Ca Cálcio

Mg Magnésio

Pb Chumbo

Br Bromo

Si Silício

Fe Ferro

K Potássio

S Enxofre

V Vanádio

Cu Cobre

Ti Titânio

Ir Irídio

Sr Estrôncio

SW Sudoeste

WSW-ENE Oeste sudoeste e este nordeste

NE-SW Nordeste e sudeste

xiii
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Pontos de amostragem. ............................................................................................. 29


Tabela 2: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de nitritos. ....................... 31
Tabela 3:Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de nitratos. ....................... 31
Tabela 4: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Ferro total. ................. 32
Tabela 5: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Dureza total. ............... 32
Tabela 6: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Cálcio. ........................ 32
Tabela 7: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Cloreto. ...................... 33
Tabela 8: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de DBO. .......................... 33
Tabela 9:Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Coliformes fecais. ....... 33
Tabela 10: Critérios de qualificação dos impactos ambientais. ................................................ 50
Tabela 11: Teores de elementos químicos do solo colhido no campo. ..................................... 68
Tabela 12: Parâmetros físicos – químicos e microbiológicos da água colhida no campo ........ 71
Tabela 13: Descrição do impacto na água. ............................................................................... 76
Tabela 14: Método matrizes de interacção da AIA, usado na AIA na área de estudo. ............. 78
Tabela 15: Descrição dos impactos e suas medidas de mitigação ............................................ 80
Tabela 16: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água destinada ao consumo
humano e seus riscos a saúde pública. .................................................................................... 101

xiv
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Etapas da pesquisa. .................................................................................................... 28


Figura 2: Localização geográfica da área de estudo. ................................................................ 36
Figura 3: Mapa de solos da área de estudo. .............................................................................. 38
Figura 4:Unidades geológicas do norte de Moçambique. ......................................................... 40
Figura 5: Mapa geológico da área de estudo............................................................................. 42
Figura 6 : Diagrama esquemático do ambiente geotectónico de vários tipos de jazigos de ouro,
incluindo os jazigos de ouro orogénicos e os jazigos de ouro associados a intrusão. .............. 44
Figura 7: Esquema do depósito de ouro orogénico, mostrando as principais características e o
alcance das escalas em que ocorrem. ........................................................................................ 45
Figura 8: Processo de extracção do ouro. ................................................................................. 64
Figura 9: Processo de lavagem do minério de ouro. ................................................................. 65
Figura 10: Fluxograma de processamento do minério de ouro pela técnica da lavagem. ........ 66
Figura 11: Mercúrio e ouro (esquerda) e o processo de extracção do minério de ouro na
margem do rio Nhanhaça (direita). ........................................................................................... 66
Figura 12: Fluxograma de processamento do minério de ouro pela técnica do bateamento. ... 67
Figura 13: O estado do solo na mineração artesanal de ouro. .................................................. 68
Figura 14: Concentração relativa dos elementos químicos determinados pelo método de
espectrometria de fluorescência de raio - X no solo da área de estudo. ................................... 69
Figura 15: Condição da água usada pelos garimpeiros no posto administrativo de Chiúre
velho.......................................................................................................................................... 70
Figura 16: Poço tradicional usado pelos garimpeiros. .............................................................. 71
Figura 17: Valores de pH obtidos no campo. ........................................................................... 73
Figura 18: Valores da condutividade eléctrica.......................................................................... 73
Figura 19: gráfico dos valores da turvação. .............................................................................. 74
Figura 20: Valores de dureza total, cálcio e magnésio. ............................................................ 76
Figura 21: Destruição das plantas para alargamento do espaço de mineração. ........................ 78
Figura 22: Proposta de avaliação de impacto ambiental. .......................................................... 81
Figura 23: Determinação de coliformes fecais (esquerda) e parâmetros físico - químicos
(direita)...................................................................................................................................... 91
Figura 24:Turbidimetro, pH metro e condutimetro. ................................................................. 91

xv
Figura 25: espectroscopia de absorção molecular HACH DR/2010. ....................................... 91
Figura 26: fricotermostato. Figura 27: Agitador magnético. ............................................ 92
Figura 28: Colecta da amostra de água. Figura 29: Entrevista aos garimpeiros. .................. 92
Figura 30: Menores na actividade de mineração artesanal. ...................................................... 92

xvi
ÍNDICE DE EQUAÇÕES

Equação 1: Expressão matemática para caracterizar o impacto ambiental. .............................. 48


Equação 2: Cálculo do peso do impacto ambiental. ................................................................. 59
Equação 3: Cálculo do peso total dos impactos. ....................................................................... 59
Equação 4: Cálculo de índice dos benefícios............................................................................ 59
Equação 5: Cálculo de índice de adversidades. ........................................................................ 59
Equação 6: Cálculo de índice de indefinições. ......................................................................... 59
Equação 7: Cálculo de índice de avaliação ponderal. ............................................................... 59
Equação 9:conversão do azoto nitroso em ião nitrito presente na água. .................................. 93
Equação 10: conversão do azoto nítrico em ião nitrato presente na água ................................. 95
Equação 11: concentração de dureza total na água em mg/l de CaCO3................................... 96
Equação 12: concentração de cálcio na água em mg/l de Ca2+. .............................................. 97
Equação 13: transformação de cálcio em carbonato de cálcio .................................................. 97
Equação 14: método de cálculo para a determinação dos iões magnésio na água. ................... 98
Equação 15: determinação da concentração do ião cloreto na água. ........................................ 99
Equação 16: Expressão dos resultados nos coliformes fecais. ............................................... 100

xvii
RESUMO

Nesta pesquisa avaliou-se os impactos ambientais da mineração artesanal de ouro no posto


administrativo de Chiúre Velho, no distrito de Chiúre, com vista a aferir os diversos impactos
que a actividade de mineração causa para o meio ambiente.

Esta consistiu na realização de um estudo de campo e laboratorial, usou-se o método matriz de


interacção para avaliar os impactos ambientais na área de estudo e os resultados mostraram
que esta actividade tem prejudicado o estado do meio ambiente em diversos meios, como na
alteração de alguns parâmetros físico - químicos da qualidade da água, degradação do solo e
destruição das plantas, e que esses impactos precisam de ser mitigados urgentemente. O posto
administrativo de Mazeze e o distrito de Mecufi são áreas susceptíveis a contaminação das
águas e do solo, os impactos nessas zonas são classificados como secundários.

A recomendação deixada é a realização de campanhas e de palestras dirigida a população,


como forma de transmitir o conhecimento da matéria do impacto ambiental e explicar a
influência directa da mineração artesanal sobre a qualidade da água que eles consome e na
qualidade do solo que eles usam para a agricultura.

Palavras - chave: mineração artesanal, impacto, AIA, EIA.

xviii
ABSTRACT

In the present work a the environmental impacts of artisanal gold mining were evaluated in the
administrative post of Chiúre Velho, Chiúre district, in order to assess the various impacts that
the mining activity causes in the environment.

This consisted of a field and laboratory study, interaction matrix method was used to evaluate
the environmental impacts in the study area and the results showed that this activity has
damaged the state of the environment in several means, such as in the alteration of some
physical - chemical parameters of water quality, soil degradation and plant destruction, and
that these impacts need to be urgently mitigated. The administrative post of Mazeze and the
district of Mecufi are susceptible to contamination of water and soil; impacts in these areas are
classified as secondary.

The recommendation is to conduct campaigns and lectures directed at the population as a


means of transmitting knowledge of the environmental impact issue and explain the direct
influence of artisanal mining on the quality of the water they co nsume and the quality of the
soil they use for agriculture.

Keywords: artisanal mining, impact, EIA, EIA.

xix
ÍNDICE

PENSMENTO............................................................................................................................. iii

PÁGINA DE ACEITAÇÃO ....................................................................................................... iv

DECLARAÇÃO DE HONRA.....................................................................................................v

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... vi

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ vii

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................. viii

LISTA DE SÍMBOLOS............................................................................................................. xii

ÍNDICE DE TABELAS............................................................................................................ xiv

ÍNDICE DE FIGURAS.............................................................................................................. xv

ÍNDICE DE EQUAÇÕES ....................................................................................................... xvii

RESUMO ................................................................................................................................ xviii

ABSTRACT.............................................................................................................................. xix

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 24

1.1. Contextualização ........................................................................................................ 24

1.2. Problematização ......................................................................................................... 25

1.3. Justificativa................................................................................................................. 25

1.4. Objectivos....................................................................................................................... 26

1.4.1. Objectivo geral......................................................................................................... 26

1.4.2. Objectivos específicos ............................................................................................. 26

1.5. Hipóteses .................................................................................................................... 27

1.6. Estrutura da monografia ................................................................................................. 27

xx
2. METODOLOGIA .............................................................................................................. 28

2.1. Etapas da pesquisa.......................................................................................................... 28

2.1.1. Revisão bibliográfica ............................................................................................... 28

2.1.2. Trabalho de campo .................................................................................................. 28

2.1.3. Trabalho laboratorial ............................................................................................... 30

2.5.2. Parâmetros microbiológicos .................................................................................... 33

2.1.4. Trabalho de gabinete................................................................................................ 34

2.2. Método de avaliação dos impactos ambientais .............................................................. 34

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 35

3.1. Enquadramento geográfico ........................................................................................ 35

3.1.1. Clima........................................................................................................................ 36

3.1.2. Relevo ...................................................................................................................... 37

3.1.3. Pescas, Florestas ...................................................................................................... 37

3.1.4. Solo .......................................................................................................................... 37

3.2. Enquadramento geológico .............................................................................................. 38

3.2.1. Geologia Regional ................................................................................................... 38

3.2.2. Geologia local .......................................................................................................... 40

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 43

4.1. Depósito de ouro ............................................................................................................ 43

4.1.1. Génese do ouro ........................................................................................................ 43

4.1.2. Tipos de depósitos de ouro ...................................................................................... 44

4.2. Mineração artesanal........................................................................................................ 46

4.2.1. Mineração artesanal do ouro.................................................................................... 46

4.3. Técnicas usadas no processamento do minério do ouro ................................................ 46

4.4. Impactos ambientais ....................................................................................................... 47

xxi
4.4.1. Tipos de impactos ambientais.................................................................................. 48

4.4.2. Critérios de qualificação dos impactos ambientais.................................................. 50

4.4.3. Impactos ambientais gerados na mineração ............................................................ 51

4.5. Avaliação dos impactos ambientais ............................................................................... 52

4.5.1. Categorização das actividades impactantes na AIA ............................................... 53

4.5.2. Etapas de AIA .......................................................................................................... 54

4.5.2. Métodos de Avaliação de Impactos Ambientais ..................................................... 55

4.5.3. Fases de Avaliação de Impacto Ambiental.............................................................. 59

Pré-avaliação da AIA......................................................................................................... 60

2.5.4. Processo de avaliação de impacto ambiental ........................................................... 62

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................ 64

5.1. Características do depósito ............................................................................................. 64

5.1.1. Processamento do minério do ouro na área de estudo ............................................. 65

5.2. Impactos ambientais verificados na área de estudo ....................................................... 67

5.2.1. Degradação do solo.................................................................................................. 67

5.2.2. Alteração da qualidade do solo ................................................................................ 68

5.2.3. Alteração da qualidade da água ............................................................................... 69

5.2.3. Destruição das plantas ............................................................................................. 77

5.4. Método matrizes de interacção da AIA na área de estudo ............................................. 78

5.5. Medidas de mitigação dos impactos ambientais na área de estudo................................ 80

5.6. Áreas susceptíveis a contaminação ................................................................................ 80

5.7. Proposta de Avaliação de Impacto Ambiental da mineração artesanal ......................... 81

5.8. Verificação das Hipóteses .............................................................................................. 82

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................................................. 83

6.1. Conclusão ....................................................................................................................... 83

xxii
6.1.1. Constrangimentos .................................................................................................... 83

6.2. Recomendações .............................................................................................................. 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 85

APÊNDICES............................................................................................................................. 91

Apêndice A: Fotos de trabalho laboratorial. ......................................................................... 91

Apendice B: Fotos de trabalho de campo.............................................................................. 92

Apêndice C: Procedimentos laboratoriais. ............................................................................ 93

ANEXOS ................................................................................................................................ 101

Anexo A: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água usado em Moçambique.


............................................................................................................................................. 101

Anexo B: Resultados de análises químicas de amostras de solo ......................................... 103

xxiii
1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização
Durante a guerra civil em Moçambique que decorreu no período de 1977 a 1992, grande parte
da população refugiou-se em zonas seguras e a produção mineira formal foi interrompida.
Com a instauração da paz, a população regressou e surgiu uma exploração mineira artesanal e
desordenada. Apesar de reconhecer o potencial económico do ouro, o Governo considera
preocupante a poluição dos rios, a sedimentação dos mesmos, a contaminação do ambiente
pelo mercúrio e a destruição da paisagem. As autoridades enfrentam dificuldades em controlar
os efeitos da mineração artesanal por ser uma actividade informal (DIPREME, s/d).

Em Moçambique os depósitos auríferos ocorrem nas Províncias de Niassa, Cabo Delgado,


Nampula, Zambézia e Sofala, a sua exploração é feita por garimpeiros usando métodos
artesanais, os quais estão a destruir a paisagem e a criar graves problemas de poluição de solos
e rios, devido ao uso inadequado de mercúrio para a concentração do ouro (Cumbe, 2007).

No posto administrativo de Chiúre Velho as actividades de mineração artesanal começaram a


ser praticada em 2014 pela população local depois da informação de descoberta do mineral ter
se expandido, as pessoas de diversos pontos das províncias de Nampula e Cabo Delgado se
deslocaram para os locais de ocorrência deste mineral para explorar e comercializar de modo a
procura de melhorar as suas condições de vida.

Neste trabalho avaliou-se os impactos ambientais da mineração artesanal, focando os aspectos


físicos, bióticos e socioeconómicos na área de estudo, por onde há actividade de exploração
artesanal de ouro.

A mineração artesanal constitui uma das fontes de rendimento para a população que pratica
essa actividade, mas ela é praticada de forma descontrolada por parte dos garimpeiros. Nos
últimos anos com a descoberta dos recursos minerais e com a necessidade de serem
explorados por parte das populações que tem aproveitado os mesmos para seu auto - sustento,
associado com a falta de capital para investir nos métodos convencionais de exploração
mineira faz com que recorre-se a técnicas rudimentares, em muitos casos havendo violação da
legislação ambiental.

24
1.2.Problematização
A grande preocupação de todo o mundo é a degradação do Planeta Terra; uma degradação tal
que pode conduzirá extinção raça humana. Paradoxalmente, essa degradação é causada,
sobretudo, por acção do homem; mas a sua extensão e gravidade vária de país para país.
Conforme os níveis e métodos da produção e consumo de cada sociedade. Os problemas
ambientais minam o desenvolvimento e perpetuam a pobreza. Com a poluição da água e do ar,
erosão e contaminação dos solos, degradação das florestas e da fauna não pode haver
desenvolvimento nacional (CNMA, 1994).
Na área de estudo foram observados vários problemas ambientais ocasionados pela prática da
actividade de mineração artesanal, como, degradação do solo causada pela remoção da sua
camada superficial, assoreamento dos rios, elevadas turvações das águas dos rios,
susceptibilidade de contaminação da água dos poços de uso público. No processamento do
minério são abertas covas que servem de barragem de rejeito favorecendo a erosão do solo no
tempo chuvoso, na concentração do mineral usa-se o mercúrio aumentando o risco do
transporte do mesmo para os rios.

Está actividade pode ainda perigar a vida das populações pela ingestão da água contaminada
pelas substâncias químicas usadas no processo que de algum modo também podem afectar as
águas subterrâneas.

A erosão pode transportar o mercúrio usado na concentração do mineral para corpos de água
locais e contaminar o lençol freático, a falta de conhecimento técnico-operacional no processo
de extracção desse mineral e pela ausência da cultura para rec iclagem do mercúrio aliadas ao
custo relativamente baixo do metal líquido, grandes quantidades de mercúrio têm sido
lançadas no solo, na água e no ar (de-Paula & Tutunji, 2006).

1.3.Justificativa
Moçambique é um país de ocorrência de vários tipos de depósitos minerais, sendo a maior
parte das áreas são exploradas em de pequena escala (mineração artesanal), contribuindo
assim na degradação do meio ambiente. Diante desse aspecto é fundamental a realização de
estudos das consequências negativas da mineração, particularmente a artesanal que em muitos
casos é praticada de forma ilegal.

25
Desde o ano que iniciou está actividade tem causado a destruição da flora e da fauna,
degradação dos solos, poluição da água dos rios e dos poços. Deste modo a realização de
estudos de impactos ambientais na mineração artesanal torna-se cada vez mais importante,
visto que me Moçambique estes são feitos para a mineração a nível industrial por profissionais
do meio ambiente e raramente estes estudos são feitos para mineração artesanal.

Justifica-se neste estudo a necessidade de se determinar os parâmetros físico-químicos da água


como forma de conhecer a sua qualidade nos poços tradicionais feitos arredores da área de
mineração e dos furos de água que abastece a população. Uma vez que na exploração mineira,
são gerados resíduos que a sua presença na água alteram significativamente a qualidade.

Em alguns casos quando se faz uma abordagem relacionada ao impacto ambiental causado
pela mineração artesanal, olha-se mais na degradação do solo e turvação das águas e
raramente fala-se da influência da actividade para com outros parâmetros qualitativos da água.

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral


 Avaliar os impactos ambientais causados pela mineração artesanal de ouro no posto
administrativo de Chiúre Velho;

1.4.2. Objectivos específicos


 Caracterizar o tipo de depósito em que ocorre o ouro;
 Identificar as técnicas usadas no processamento do minério que contem o ouro;
 Descrever os impactos causados pela mineração artesanal de ouro;
 Identificar as áreas susceptíveis a contaminação;
 Propor medidas de mitigação dos impactos causados pela mineração artesanal de ouro.

26
1.5. Hipóteses
H1- A mineração artesanal de ouro em Chiúre tem provocado vários problemas ao meio
ambiente.

H2- A mineração artesanal de ouro em Chiúre não tem causado impactos significativos para o
meio ambiente.

H3- Os impactos ambientais negativos, resultam da técnica de extracção e processamento do


minério de ouro em Chiúre.

1.6. Estrutura da monografia


O presente trabalho é o constituído por 8 capítulos, e seus conteúdos estão explicados de
forma resumida:

 No primeiro capítulo fez-se uma breve apresentação dos conteúdos que serão
abordados no trabalho. Este capítulo constitui a parte introdutória do trabalho e é
composta pela contextualização, a problematização, justificativa do tema e objectivos
do trabalho.
 No segundo capítulo fora apresentado os procedimentos metodológicos e o método de
avaliação de impacto ambiental usado no trabalho usado na realização do trabalho,
apresentou-se a parte laboratorial.
 No terceiro capítulo caracterizou-se geograficamente e geologicamente a área de
estudo, na caracterização geológica explicou-se os processos geológicos da África que
originaram as formações geológicas da área de estudo.
 O quarto capítulo é constituído pela fundamentação teórica onde foi apresentada toda
informação bibliográfica relacionada como o tema em estudo.
 No quinto capítulo foram apresentados, analisados e discutidos os resultados campo
com as ideias apresentados na fundamentação teórica. Ainda neste capítulo foi
caracterizado o tipo de depósito, minerais associados ao minério de ouro e as rochas
que compõem a área de estudo.
 No capítulo 6 apresentam-se as conclusões que respondem a cada objectivo específico,
os constrangimentos enfrentados durante a realização do trabalho, e foram deixadas
algumas recomendações os trabalhos a serem realizados futuramente.

27
2. METODOLOGIA

2.1. Etapas da pesquisa


Esta pesquisa teve 4 etapas, foram apresentadas esquematicamente na figura 1.

Figura 1: Etapas da pesquisa .

Fonte. (Autor, 2018).

2.1.1. Revisão bibliográfica


A primeira fase da metodologia do trabalho consistiu na revisão bibliográfica, que permitiu o
levantamento de toda informação disponível sobre os conteúdos relacionados com a
mineração artesanal, avaliação de impacto ambiental e depósito de ouro e a sua ocorrência
para tal foram usados livros, artigos científicos monografias, teses e dissertações de outros
autores que estudaram o tema. Os dados obtidos nesta fase serviram de base na elaboração da
fundamentação teórica.

2.1.2. Trabalho de campo


Nos meses de Abril, Maio, Junho e Julho de 2018 foram realizadas visitas de 12 dias ao
campo, com o propósito de se fazer o reconhecimento a área de estudo e a amostragem do
estudo em causa.
No trabalho de campo, foram usados os seguintes equipamentos: dispositivo GPS Garmin
Dakota 20 com ID: IPH-01543, IC: 1792A-01543, caderneta, caneta, garrafas plásticas, sacos
plásticos e máquina fotográfica. O GPS foi utilizado para marcar pontos de amostragem.

28
Nesta fase foram colhidas 6 amostras de água e 2 de solo. As amostras de água foram
encaminhadas ao laboratório para as respectivas análises químicas a fim de se conhecer o nível
de poluição da água. As amostras de água foram encaminhadas para o LHAA de Nampula,
para a determinação dos parâmetros físico químicas.
As amostras de solo foram encaminhadas para o laboratório do departamento de química da
UEM para as análises químicas.

Colecta de amostras

Colecta de amostra de água


Para a colecta de amostras de água foram utilizados os seguintes matérias:

 Garrafas plásticas de 1.5 litros vazias e descontaminadas para colocar as amostras;


 Álcool para a lavagem das garrafas plásticas a fim de descontaminar;
 Colmam para manter a temperatura ambiente da água de modo a preservar as suas
propriedades químicas e biológicas do campo ate ao laboratório.

Colecta de amostra do solo


No processo de colecta de amostra de solo foram usados os seguintes materiais:

 Sacos plásticos de 2kg para a colocação das amostras colectadas;


 O solo colectado foi retirado a uma profundidade de 20 a 50 cm.

Pontos de colecta de amostras

As amostras de água e solo foram colhidas nos pontos apresentados na tabela 1, elas foram
colhidas no mesmo sítio, em locais onde ainda esta a decorrer as actividades de mineração e
em escavações abandonadas. A A6 foi colhida num furo de abastecimento da população
localizado a 7 km da zona da mineração.

Tabela 1: Pontos de amostragem.

Amostras Designação Pontos de colecta


A1 0603408;
Água
8521764

29
A2 0602994;
8522849
A3 0602933;
8522904
A4 0602912;
8522966
A5 0602826;
8523021
A6 0602663;
8520869
A1 0602933;
8522904;
Solo
A2 0602826;
8523021
Fonte: (Autor, 2018).

2.1.3. Trabalho laboratorial


Nos meses de Maio e Setembro de 2018 foram determinados parâmetros físico - químicos,
microbiológicos da água no LHAA e a análise química do solo no laboratório da UEM
respectivamente. A análise da água fez-se com a finalidade de avaliar o seu nível de
contaminação, no solo com o objectivo de determinar a fertilidade do mesmo.

Foram usados métodos clássicos e instrumentais de análise química nas amostras de água e
nas amostras do solo foram usados métodos instrumentais.

Amostras de água

Parâmetros físico-químicos
Os parâmetros físicos - químicos determinados na água são: pH, condutividade eléctrica,
turvação, cor, cheiro, nitritos, nitratos, ferro total, dureza total, cálcio, magnésio, cloreto e
DBO.

30
Determinação de pH e da condutividade eléctrica
Para a determinação de pH nas amostras de água, usou-se o pH meter. O material usado na
medição da amostra para análise foi o becker de 50 ml e os reagentes que foram usados para
que não haja muitas dificuldades na leitura do pH das amostras foram: agua destilada e
solução tampão a 25º C, com um padrão de pH 6,7. O aparelho usado para determinação do
pH é o pH metro e para a condutividade eléctrica é o condutimetro.

Na determinação dos Nitritos, Nitratos; Ferro total, Dureza total, Cálcio e Cloreto na água
foram usados dois tipos de análises titulométricas, que são:

 Análise colorimétrica consistiu na determinação de Nitritos, Nitratos e Ferro total


 Análise volumétrica consistiu na determinação de Dureza total, Cálcio e Cloreto.

Determinação de nitritos

Tabela 2: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de nitritos.

Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes


Nitritos Espectroscopia de  Balões volumétricos de  Agua destilada;
Absorção Molecular 50 ml;  Ácido acético;
HACH DR/2010 a um  Pipetas graduadas de 1-  Solução de ácido sulfanilico a
comprimento de onda 10 ml; 0,8% em ácido acético a 5N;
de 520 nm (nano  Cuvete;  Solução de alfanaftalomina a
metro).  Bureta; 0,5% em ácido acético 5N.
 Becker ou copos de
vidro de 100 ml.
Fonte: (Autor, 2018).

Determinação de nitratos
Tabela 3:Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de nitratos.

Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes


Nitratos Espectroscopia de  Tubos de nessler de 50  Agua destilada;

31
Absorção Molecular ml;  Acido sulfúrico (1+ 4).
HACH DR/2010 a um  Pipetas graduadas de 1;  Cloreto de sódio a 30%;
comprimento de onda 5 e 10 ml.  Acido sulfanilico – brucina.
de 410 nano metro.
Fonte: (Autor, 2018).

Determinação do ferro total na água


Tabela 4: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Ferro total.

Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes


Ferro total Espectroscopia de Absorção  Pipetas graduadas;  Agua destilada;
Molecular HACH DR/2010  Proveta de 100 ml;  Acido clorídrico;
 Beckers de 100 ml.  Permanganato de potássio.
Fonte: (Autor, 2018).

Determinação da dureza total

Tabela 5: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Dureza total.

Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes


Dureza Agitador  Beckers de 100 ml;  Solução titulante de
total magnético  Proveta de 50 ml; EDTA;
 Bureta graduada de 25 ou 50  Solução tampão de amónia
ml;  Indicador negro ericromo
 Pipetas graduadas de 1 – 10 –P
ml;
 Barra magnética;
 Pedra magnética.
Fonte: (Autor, 2018).

Determinação de cálcio
Tabela 6: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Cálcio.

Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes

32
Cálcio Agitador  Beckers de 100 ml;  Solução titulante de EDTA;
magnético  Proveta de 50 ml;  Solução de hidróxido de sódio
 Bureta graduada de 25 ou 50 a 2%;
ml;  Solução de álcool etílico;
 Pipetas graduadas de 1 – 10  Indicador murexide 0,1% em
ml; etanol.
 Barra magnética;
 Pedra magnética.
Fonte: (Autor, 2018).

Determinação de cloreto
Tabela 7: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Cloreto.

Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes


Cloreto Agitador  Bureta de 50 ml;  Agua destilada;
magnético  Proveta de 100 ml;  Solução titulante de AgNO 3 de
 Pipeta graduada de 1 – 10 ml; concentração conhecida;
 Pedra magnética;  Solução indicadora de cromato de
 Barra magnética; potássio.
 Becker de 250 ml.
Fonte: (Autor, 2018).

Teste de DBO
Tabela 8: Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de DBO.

Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes


DBO BSB - Controller modell  Proveta de 250  Agua destilada;
1020 T ml;  Hidróxido de
 Becker de 250 sódio
ml.
Fonte: (Autor, 2018).

2.5.2. Parâmetros microbiológicos


Tabela 9:Aparelho, materiais e reagentes usados na determinação de Coliformes fecais.

33
Parâmetros microbiológicos
Parâmetro Aparelho Materiais Reagentes
Coliformes MLSB  Pipeta graduada de 2 ml;  Álcool etílico
fecais  Sacos de plásticos
impermeáveis;
 Banho-maria;
 Membranas filtrantes.
Fonte: (Autor, 2018).

Amostras do solo

Nas amostras do solo foram determinados os seguintes elementos: Al, Cr, Zr, Ca, Mg, Pb, Br,
Si, Fe, K, S, V, Cu, Ti, Ir, Sr e Br. O aparelho usado para determinar esses elementos é a
fluorescência de Raios -X.

Fluorescência de Raios –X é uma técnica analítica instrumental usada para identificar


elementos com números atómicos maiores.

2.1.4. Trabalho de gabinete


O trabalho de gabinete consistiu na definição de método de avaliação de impacto ambiental na
área de estudo e no levantamento da informação teórica relevante para o desenvolvimento da
pesquisa, assim como na apresentação dos resultados e discussão dos mesmos e na elaboração
do relatório final.

2.2. Método de avaliação dos impactos ambientais


Para avaliação dos impactos ambientais causado pela mineração artesanal na área de estudo
usou-se o método de matrizes de interacção que permitiu de forma simples a identificação e
descrição dos impactos ambientais verificados em diversos tipos de meios. Com auxílio deste
método foram definidas as medidas de mitigação dos impactos assim como a elaboração da
proposta de avaliação de impacto ambiental.

34
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1.Enquadramento geográfico
O distrito de Chiúre está localizado na parte sul da província de Cabo Delgado, confinando a
Norte com o distrito de Ancuabe, a Sul com a província de Nampula através do rio Lúrio, a
Este com o distrito de Mecufi, e a Oeste com os distritos de Namuno e Montepuez. O distrito
tem seis postos administrativos nomeadamente: Chiúre sede, Chiúre velho, Katapua,
Namogelia, Ocua e Mazeze (DNAL, 2005).
A pesquisa foi realizada no posto administrativo de Chiúre velho que fica localizada entre os
paralelos 39º 52´ 00´´ E e 40º 07´ 00´´ E, meridianos 13º 29´ 00´´S e 13º 13´ 00´´S, faz limites

35
a este com o posto administrativo de Mazeze, oeste posto administrativo de Chiúre sede, a sul
posto administrativo de Ocua e distrito de Namapa e a norte com o distrito de Ancuabe. A
figura 2 mostra o mapa de localização da área de estudo.

Figura 2: Localização geográfica da área de estudo.

Fonte. (DIVA-GIS. Adaptado pelo autor, 2018).

3.1.1. Clima
O clima predominante no distrito de Chiúre é o clima semi-árido e sub- húmido e a
precipitação média anual vária de 800 a 1200 mm, enquanto a evaporitranspiração potencial
de referência (ETo) está entre os 1300 e 1500 mm. Por vezes nas regiões que estão mais perto
do litoral a precipitação média anual pode exceder os 1500 mm tornando assim o clima em
sub- húmido chuvoso. Os rios que atravessam o distrito são de regime periódico, com o lençol
freático muito baixo devido ao nível do relevo que precipita as águas com grande velocidade
do para o mar (DNAL, 2005).

36
3.1.2. Relevo
Segundo a DNAL (2005), o relevo predominante no distrito de Chiúre é o relevo de
montanhas e com elevações de pequena altitude, principalmente na parte oriental do distrito,
que compreende os seguintes postos administrativos: Mazeze e Chiúre Velho. Na parte
Sudeste predomina o relevo de planícies, abrangendo os postos administrativos de Katapua,
Ocua, Namogelia e Sede. A maior parte do interior as altitudes variam ente 200 e 500 metros,
do relevo ondulado, interrompido pelas formações rochosas.

3.1.3. Pescas, Florestas

O distrito apresenta sinais de desflorestamento em alguns sítios. A lenha e o carvão são os


principais combustíveis de uso doméstico, e ambos são comercializados pela população local.
No distrito pratica-se a pesca artesanal para fins de subsistência, a qual é geralmente realizada
pelas comunidades que vivem nas proximidades dos rios Lúrio, Muatage, Megaruma e Luco
(DNAL, 2005).

3.1.4. Solo
A fisiografia é denominada pela alternância de interflúvios e os vales dos rios que, devido á
sua largura, profundidade e posição, poderão alterarnar os dambos 1 . Os vales dos rios são
denominados por solos aluvionares, escuros, profundos, de textura pesada a média,
moderadamente mal drenados, sujeitos a inundação regular. Nos dambos encontram-se solos
hidromorficos de textura variada, desde arenosos de cores cinzentas, arenosos sobre argila a
solos argilosos estratificados, de cor escura (DNAL, 2005).

Os topos e encostas superiores do interflúvios são denominados por complexos de solos


vermelhos, alaranjados e amarelos. A maioria dos solos apresenta textura média e pesada,
sendo profundos, bem a moderadamente bem drenados. Nas encostas intermédias dos
interflúvios os solos variam de cor, desde solos com cores pardo-acastanhado a castanho-
amareladas, moderadamente bem drenados, com textura argilosa (DNAL, 2005).

1
Dambos são depressões hidromórficas suaves ou vales extensos, não profundos, sem escoamento de água na
forma de uma linha de drenagem ou mesmo leito de rio.

37
O posto administrativo do Chiúre Velho é caracterizado pela ocorrência de solos arenosos
castanho acinzentados, argilosos castanho - acinzentados e líticos, e na área onde foi feita a
amostragem é predominantemente de solos argilosos castanho – acinzentados (Figura 3).

Figura 3: Mapa de solos da área de estudo.


Fonte. (DIVA-GIS. Adaptado pelo autor, 2018).

3.2. Enquadramento geológico

3.2.1. Geologia Regional


Segundo Cumbe (2007), a geologia do norte de Moçambique pode ser subdividida em:
 Domínio estrutural da Faixa de Empurrão do Lúrio;
 Faixa de Empurrão do Lúrio;
 Domínio estrutural sul da Faixa de Empurrão do Lúrio.
Nesta zona podem ser identificadas as seguintes unidades tectono-estratigráficas:

38
 O Complexo da Ponta Messuli, que é um fragmento de soco paleoproterozóico (1954 ±
15 Ma), constituindo a parte norte-noroeste do soco cristalino do norte de
Moçambique;
 O Grupo de Txitonga, de baixo grau e de idade desconhecida, sobrejacente no
complexo da Ponta Messuli;
 O soco cristalino a sul do Graben de Maniamba, de idade do Karoo, e ao norte da
Faixa do Lúrio, predominantemente composto por gnaisses mesoproterozóicos (1110 a
990 Ma), que fazem parte (de leste para oeste) dos Complexos de Unango e de
Marrupa, e por nappes pan-africanas, compreendendo (de leste para oeste) os
Complexos de M’Sawise, Muaquia, Xixano, Nairoto, Montepuez, Lalamo e Meluco
A Faixa de Empurrão do Lúrio, de orientação WSW-ENE, separa o domínio estrutural
norte do bloco do soco cristalino sul da sub-Província de Nampula. Em termos litológicos,
a Faixa de Empurrão do Lúrio pode ser considerada como uma melange tectónica,
incluindo granulitos e gnaisses cisalhados, incorporados no Complexo de Ocua e
metassedimentos do Complexo de Montepuez (GTK, 2006 apud Cumbe, 2007). Na figura
4 estão ilustradas as unidades geológicas do norte de Moçambique, onde é possível notar o
cinturão do Lúrio, como sendo a unidade que separa os complexos Montepuez e Ocua.

39
Figura 4:Unidades geológicas do norte de Moçambique.

Fonte. (Boyd & Thomas, 2010).

3.2.2. Geologia local


De acordo com a GTK (2006), a área de estudo está inserida nos complexos, Ocua e
Montepuez.

Complexo Montepuez

O Complexo Montepuez forma uma unidade em forma de cunha de para e ortognaisses


fortemente deformados no flanco norte da Faixa de Lúrio (figura 4). Inclui parte dos grupos
Montepuez e Chiúre.
O Complexo Montepuez é litologicamente semelhante aos Complexos Lalamo e Xixano
adjacentes, embora os Complexos Montepuez e Lalamo sejam frequentemente separados por
uma unidade gnáissica félsica atribuída ao Complexo Nairoto.

40
O Complexo Montepuez compreende ortognaisses que variam de composição granítica a
anfibolitica, e paragnaisses compreendendo principalmente quartzito, meta-arcose, mármore
(Boyd & Thomas, 2010).

Complexo Ocua

Complexo de Ocua inclui as litologias no núcleo do Cinturão de Lúrio. É composta


principalmente de gnaisses altamente deformados, geralmente milonitico. Tipicamente, as
litologias são granulitos e incluem ortognaisses, comumente máfic os e rochas
metassupracrustais (Boyd & Thomas, 2010).

O carácter de alta tensão do cinturão do Lúrio oriental desaparece progressivamente para o


SW, onde se torna dobrado dentro do Complexo Marrupa e, em menor grau, no Complexo
Nampula. Consequentemente, no leste, o complexo Ocua forma uma unidade contínua de 20
km de largura, enquanto a oeste, mais perto da fronteira com o Malawi, o complexo
compreende uma série de corpos, camadas e lentes semelhantes a cinturões em todas as
escalas, que se concentram ao longo da ampla zona tectónica NE-SW que separa os
Complexos Nampula e Unango.

Devido à sua complexidade estrutural, portanto, o Complexo de Ocua é provavelmente uma


unidade composta, contendo fatias de diversas unidades rochosas, deformadas, transpostas e
desmembradas durante eventos tectónicos Pan-africano, e não originalmente uma única
unidade litoestratigráfica. O complexo pode, assim, ser considerado como uma mistura
tectónica, incluindo granulitos, gnaisses e metassedimentos de alto grau cisalhados e
transpostos. (Boyd & Thomas, 2010). Na figura 5 estão ilustradas as litologias da área de
estudo.

41
Figura 5: Mapa geológico da área de estudo.

Fonte. (DIVA-GIS. Adaptado pelo autor, 2018).

42
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1. Depósito de ouro


De acordo com o MME (2009), O ouro é um mineral que ocorre na forma nativa, muitas das
vezes a sua ocorrência está associada à prata em quantidades variadas e algumas vezes contem
traços de cobre e ferro.

O ouro ocorre principalmente associado aos minerais sulfetados (p irrotita e arsenopirita) em


toda evolução da zona de cisalhamento, particularmente onde o deposito é rico em As e / ou
Sb. Enriquecimento de ouro ocorreu durante o sulfureto reacções de substituição em xisto
hospedeiro e veias, e em veios de quartzo e disseminado em xistos carbonosos e máficos,
começando em os estágios iniciais do desenvolvimento de cisalhamento e veios. O Au
relacionado à substituição sulfetos é o mais importante na zona de cisalhamento (MacKenzie,
2016 & Souza J. M., 2002). Ocorre também em solução sólida no sulfetos, em níveis muito
baixos (tipicamente <1 ppm), e como partículas de ouro nativo discretas que dominam o
depósito de ouro, tem amplamente composição uniforme e 3% em peso de forma consistente
em uma variedade de texturas, e contem um conteúdo variável de Hg entre 1 e 4% em peso
(MacKenzie, 2016).

4.1.1. Génese do ouro


O depósito de ouro se formou por processos de deformação, compressão, em limite de placas
tectónicas de terrenos de acresção ou colisão. Nestes terrenos, os sedimentos marinhos
hidratados e rochas vulcânicas foram introduzidas em margem continental durante 10 ou 100
milhões de anos de colisão. Eventos termais relacionados à subducção, podem aumentar o
gradiente geotérmico dentro das sequências de acresção hidratadas, iniciar e controlar a
migração de fluidos hidrotermais por longas distâncias. Os veios de quartzo associados aos
depósitos de ouro são alojados em um intervalo único para depósitos hidrotermais, com
deposição de ouro desde 15-20Km de profundidade e nos ambientes próximos da superfície
(Mesquita, 2007).

As intrusões graníticas tardias são conhecidas por serem particularmente favoráveis ao


desenvolvimento de mineralizações auríferas hidrotermais, visto que, primeiro interceptam
sedimentos ricos de ouro e sulfuretos e, de seguida interceptam a interacção de fluidos com

43
sedimentos ricos em ferro promovendo a decomposição dos tiocomplexos de ouro e a
redeposição do Au e sulfuretos de ferro. As mineralizações auríferas estão mais associadas
com sulfuretos de baixa temperatura, como galena e calcopirite, do que com sulfuretos de alta
temperatura, como pirrotite, arsenopirite e esfalerite (Mcgregor, 1951).

Figura 6 : Diagrama esquemático do ambiente geotectónico de vários tipos de jazigos de ouro, incluindo os
jazigos de ouro orogénicos e os jazigos de ouro associados a intrusão .

Fonte. (Inverno, 2011).

4.1.2. Tipos de depósitos de ouro


Inverno (2011), classifica os depósitos de ouro, em 2 tipos nomeadamente, depósito de ouro
do tipo orogénico (ou mesotermais) e depósito de ouro associado a intrusão.

Depósito de ouro do tipo orogénico

Depósitos de ouro orogénico se formaram ao longo da história geológica da Terra, desde


Arqueano. A maioria dos depósitos ocorre em cinturões metamórficos de fácies xisto e a
formação de depósitos tem sido intimamente relacionados à evolução metamórfica desses
cinturões (MacKenzie, 2016).

Os jazigos de ouro mesotermais são aqueles que se formam 1- 4,5 km da superfície


topográfica e a temperaturas de 200-300ºC, tendo um conjunto de características de estilo de
mineralização, alteração e outras bem definidas. A maioria dos depósitos deste tipo de jazigos

44
é de idade Arcaica, principalmente do Arcaico Superior, com idades predominantemente de
2800 – 2550 Ma (Inverno, 2011).

Figura 7: Esquema do depósito de ouro orogénico, mostrando as principais características e o alcance das escalas
em que ocorrem.

Fonte: (MacKenzie, 2016).

Na figura 7 esta ilustrada a ocorrência de ouro em partículas livres dentro dos veios de
quartzo. O fluido hidrotermal penetra nas rochas hospedeiras imediatas e causa alteração dos
minerais pré-existentes, esta alteração também pode ter minerais de sulfureto e ouro como
parte dos processos de alteração (MacKenzie, 2016).

Depósito de ouro associado a intrusão

Os jazigos de ouro associados a intrusão ocorrem em províncias de W e/ou Sn, distais de


margens convergentes, situados nas margens cratónicas em posição para o interior do
continente relativamente aos jazigos de profiro de Cu-Au-Mo e epitermais de Au ou em zonas
de deslizamento da crosta oceânica (figura 6); podem ainda, em alguns casos, ocorrer em
ambiente de colisão continental, associados a intrusões a poucas centenas de quilómetros da
zona de subducção (Inverno, 2011).

45
4.2. Mineração artesanal
De acordo com Ibraimo (2017), a mineração artesanal, vulgarmente conhecida como garimpo,
constituiu uma actividade de extracção de minérios, realizada com tecnologia rudimentar e
sem equipamentos de sondagem, requerendo, por isso, o investimento de pouco capital. Ela é
normalmente, realizada na informalidade, na maioria dos casos sem licença de exploração,
num processo por vezes itinerante e realizado por grupos independentes.
A mineração artesanal constitui uma actividade económica praticada para o autosustento e é
caracterizada pela ausência completa de instrumentos convencionais. Utiliza algumas
ferramentas como a bateia e é uma actividade que requer um custo baixo para sua execução
(Costa, 2007).

4.2.1. Mineração artesanal do ouro


De acordo com Selemane (2010), a mineração artesanal de ouro é feita no leito dos rios por
causa da maior facilidade de lavagem do mineral que os garimpeiros têm no processo de
concentração do mineral.

4.3. Técnicas usadas no processamento do minério do ouro


Segundo ITC (2010), no processo de garimpo do ouro, o garimpeiro entra em contacto com o
mercúrio usado na concentração do mesmo constituindo assim uma ameaça a saúde dos
garimpeiros e da população vizinha através dos seguintes processos:
 Amalgamação;
 Sorteamento manual;
 Moagem;
 Lavagem e/ou bateia;
 Bateamento.
Amalgamação é o processo que consiste na mistura do mineral com o mercúrio metálico
durante a lavagem do minério para a separação do ouro primário das impurezas. Neste
processo o mercúrio é libertado para a atmosfera e inalado pelos garimpeiros ou libertado para
os rios. Como consequência disso, são registados os maiores problemas de contaminação da
atmosfera, solos e rios (ITC, 2010).
Sorteamento manual é um processo manual em que a colecta do ouro é feita depois do
bateamento nas bacias e depois da queima da amálgama. Neste processo, o minerador pode

46
estar em contacto com mercúrio pois nem sempre todo o mercúrio é libertado durante a
queima (ITC, 2010).
Moagem é uma técnica de que consiste na redução do tamanho do minério para um tamanho
milimétrico. Neste processo são usados instrumentos como marretas, pilões metálicos e
garrafas de gás com esferas metálicas (ITC, 2010).
Lavagem e/ou bateia é um processo de processamento do ouro que usa o princípio de
densidade gravitacional. Nos sluices o minério misturado com água é lançado sobre uma
superfície rugosa inclinado. Durante o escoamento, os minerais de maior densidade são
captados e retidos na superfície rugosa (ITC, 2010).
Bateamento é uma técnica de processamento do ouro primário e aluvionar que consiste na
colocação do minério numa bacia e pelo processo de peneiração, os minerais de maior
densidade depositam-se no fundo da bacia e os de menor densidade são escoados (ITC, 2010).

4.4. Impactos ambientais


Impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada
acção ou actividade. Estas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam variações
relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas (Rodrigues, s.d).
Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pelo choque da relação do homem com o
meio ambiente (Sánchez, 2006).
CONAMA (1986), define impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades
tísicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das actividades humanas que, directa ou indirectamente, afectam: a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; as actividades sociais e económicas; a biota; as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.
Impacto ambiental é a alteração, cujos efeitos resultam em mudanças na qualidade do meio
ambiente com e sem a acção humana e incluindo a noção de julgamento de valor, sendo
portanto, um conceito relativo (Pellenz, 2001).
Durante a Mineração Artesanal de Pequena Escala ocorre a exposição do solo que provoca a
erosão pela acção do vento e da chuva, conduzindo à perda superficial de fertilidade. Após a
exploração dos minérios quase todas as áreas são abandonadas sem a devida reposição de
solos tornando estas áreas impróprias para agricultura e outros usos e sem a capacidade de
regeneração da vegetação (Consul, Mandevane, & Tankar, 2012).

47
O Processo de lavagem, mesmo quando é feito em bacia de decantação, locais específicos,
afecta o lençol freático através do processo de infiltração, reduzindo ainda mais a
disponibilidade de água para o consumo. A poluição dos rios acontece em todas as áreas de
extracção do ouro (Consul, Mandevane, & Tankar, 2012).
Para Moura apud Heuser (2007), um impacto ambiental pode ser caracterizado pela
associação de um aspecto ambiental com um dado evento causador do impacto. Dessa forma,
é obtida a designação do impacto ambiental através da equação abaixo.
IM = AA + E
Equação 1: Expressão matemática para caracterizar o impacto ambiental.

Onde: IM é o impacto ambiental


AA é o aspecto ambiental
E é o evento

4.4.1. Tipos de impactos ambientais


Therivel (2001), classifica os impactos ambieintais em:
 Impactos directos ou primários;
 Impactos indirectos ou secundários;
 Impactos cumulativos ou combinados.

Impactos directos ou primários são um resultado directo de um desenvolvimento.

Impactos indirectos ou secundários são aqueles que podem ser resultados de impactos
directos, mas são frequentemente produzidos em outros locais.

Impactos cumulativos ou combinados são aqueles que se acumulam ao longo do tempo e


espaço a partir de uma série de actividades, e para as quais um novo projecto pode contribuir
na avaliação adequada.

De acordo com o BR (2006) os diferentes impactos serão tratados nos seguintes aspectos:
 Magnitude, efeitos e importância dos diferentes impactos, a curto, médio e os longos
prazos;
 Caracterização do impacto em função de: positivo//negativo, directo/indirecto,
local/regional/transfronteiriço, imediato/o médio ou longo prazo,
temporário/permanente e reversível/ irreversível;
48
 Interacções entre os diferentes impactos, nomeadamente efeitos cumulativos,
indirectos, e sinergéticos;
 Significância dos Impacto.

Para RMLES (2009), os impactos classificam-se utilizando critérios para determinar o seu
efeito global:
 Direcção – o impacto pode ser positivo, neutro ou negativo, no que diz respeito a
forma como o impacto se faz sentir.
 Magnitude - o grau de mudança numa medição ou análise, classificado como
insignificante, baixo, moderado ou elevado. A categorização da magnitude do impacto
baseia-se num conjunto de critérios, pertinentes para cada uma das áreas da disciplina e
das questões fundamentais analisadas.
 Extensão geográfica - refere-se a área afectada pelo impacto, classificada como total,
regional ou alem de regional. Método de definir impactos dentro duma área de estudo,
em termos da quantidade dum certo recurso afectado. Este tipo de classificação é
influenciado pelo tamanho da área de estudo.
 Duração – refere-se o espaço de tempo durante pelo qual ocorre um impacto ambiental.
O curto - prazo define-se como menos do que a fase de construção (menos de 3 anos);
o médio - prazo como mais do que o curto - prazo e ate a duração operacional do
projecto (3 a 25 anos); o longo - prazo e maior do que o médio - prazo (maior do que
25 anos).
 Reversibilidade – refere-se ao indicador do potencial para recuperação depois do
impacto.
 Frequência - com que frequência e que o efeito ocorre dentro dum dado período de
tempo e classifica-se como baixa, media ou em ocorrência.
Este indicador aplica-se primeiramente aqueles impactos que tern um carácter
intermitente. Alguns impactos podem ser sazonais ou podem ocorrer intermitentemente
durante o dia ou a noite.

49
4.4.2. Critérios de qualificação dos impactos ambientais
Na tabela 10 são considerados diversos factores como: o valor dos impactos, a ordem, o
espaço afectado, o tempo que pode durar o impacto para a qualificação dos impactos
ambientais

Tabela 10: Critérios de qualificação dos impactos ambientais.

Critério Impacto Descrição

Valor Positivo Quando uma acção causa melhoria da qualidade de um


parâmetro.

Negativo Quando uma acção causa dano à qualidade de um parâmetro.

Ordem Directo Quando resulta de uma simples relação de causa e efeito.

Indirecto Quando é uma reacção secundária em relação à acção.

Espacial Local Quando o impacto se faz sentir arredores do local da


mineração.
Regional Quando um efeito se propaga por uma área além da área da
mineração.
Estratégico O componente é afectado colectivo, nacional ou
internacionalmente.
Temporal Curto prazo Quando o efeito surge no curto prazo

Médio prazo Quando o efeito se manifesta no médio prazo


Longo prazo Quando o efeito se manifesta no longo prazo.

Dinâmica Temporário Quando o efeito permanece por um tempo determinado.

50
Cíclico Quando o efeito se faz sentir em determinados períodos.

Permanente Executada a acção, os efeitos não cessam de se manifestar


num horizonte temporal conhecido.
Os impactos se fazem sentir em um período indeterminado.
Plástica Reversível Após o término das actividades de mineração, o meio
ambiente retorna às condições originais.
Irreversível Quando as actividades terminam, o meio ambiente não retorna
às suas condições originais, pelo menos num horizonte de
tempo aceitável pelo homem.
Fonte: Kaercher (2013).

4.4.3. Impactos ambientais gerados na mineração


Segundo IPT (1992), os principais impactos ambientais causados pela mineração são:
destruição da paisagem e queimadas, alteração nos aspectos qualitativos e no regime
hidrológico dos cursos de água, queima de mercúrio metálico ao ar livre, desencadeamento
dos processos erosivos, turvação das águas, mortalidade da fauna, fuga de animais silvestres e
poluição química provocada pelo mercúrio metálico na biosfera e na atmosfera.
A poluição das águas se dá pela introdução de produtos, como o mercúrio, que através de
acções físicas, químicas ou biológicas degradam a qualidade da água e afectam os organismos
vivos nela existente. A poluição da água é a adição de qualquer substancia ou forma de
energia que, directa ou indirectamente, alterem a natureza do corpo de água vindo a prejudicar
os legítimos usos que dele são feitos (Souza & Pereira, 2013).
De acordo com Silva (2007), o garimpo provoca impactos ambientais comuns a todas as áreas
submetidas a esse tipo de extracção rudimentar e predatória, principalmente a contaminação
dos recursos hídricos.
De acordo com Poleto (2010), a actividade de garimpo é uma das causas da contaminação de
corpos de água superficiais e subsuperficiais durante a lavra, processamento e disposição do
minério e mesmo após o encerramento das actividades através da geração de drenagens
contaminadas.
A exploração artesanal de ouro provoca ainda distúrbios dos ecossistemas, extinção de
espécies de água doce, solos e alta turvação na água (Consul, Mandevane, & Tankar, 2012).

51
De acordo com Deniasse (s.d) os impactos ambientais causados pela mineração artesanal são:
turvação da água, abertura e abandono de covas, desflorestação, degradação e erosão dos solos
e uso desregrado de mercúrio.

4.5. Avaliação dos impactos ambientais


O QLPLAM (2009), define Avaliação de Impacto Ambiental como sendo o conjunto
completo de procedimentos a partir da apresentação da informação inicial sobre uma
actividade proposta para uma pré-avaliação até a emissão duma licença ambiental

A avaliação de impacto ambiental é um instrumento da legislação de Meio Ambiente que visa


diagnosticar os efeitos que algum tipo de actividade pode ocasionar na sociedade, na fauna e
flora e também a na economia, além de estabelecer o monitoramento e o controle dos impactos
oriundos de determinada actividade (Souza & Pereira, 2013).

Para Santos (2010), a avaliação de impacto ambiental é um instrumento da legislação


ambiental, formada por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do
processo, um exame sistemático dos impactos ambientais de uma acção proposta e de suas
alternativas

Para Anjaneyulu & Manickam (2007), o propósito de uma avaliação e análise de impacto
ambiental é avaliar comparativamente cursos alternativos de acção. Os principais passos para
prever, analisar e julgar os impactos ambientais são:

 Identificando actividades principais;


 Seleccionando componentes ambientais;
 Seleccionando tipos de impactos;
 Avaliar as possibilidades e probabilidades de ocorrências;
 Determinação do grau e prazo dos impactos;
 Designando impactos como positivos, neutros ou negativos;
 Determinação das dificuldades entre actividades e impactos.

52
4.5.1. Categorização das actividades impactantes na AIA

Para a definição do tipo de AlA a ser realizada, é necessário categorizar as actividades, as


actividades constantes dos anexos do Decreto nº 45/ 2004 de 29 de Setembro são
categorizados em A, B e C:

Actividades de categoria A

Actividades desta categoria estão localizadas nas áreas com as seguintes características:
 Áreas e ecossistemas reconhecidos como possuindo Estatuto especial de protecção ao
abrigo da legislação nacional e internacional
 Áreas povoadas que impliquem a necessidade de reassentamento;
 Áreas densamente povoadas onde a actividade implique níveis inaceitáveis de poluição
ou outro tipo de distúrbio que afecte significativamente as comunidades residentes;
 Regiões sujeitas a níveis altos de desenvolvimento ou onde existam conflitos na
distribuição e usa de recursos naturais;
 Áreas ao longo do curso de agua ou área usadas como fonte de abastecimento de agua
para consume das comunidades;
 Zonas contendo recursos de valor como Por exemplo aquáticos, minerais, plantas
medicinais.

Actividades de categoria B

As actividades inseridas nesta categoria diferem das de categoria A principalmente na escala


dos impactos. São em geral actividades que não afectam significativamente populações
humanas nem áreas ambientalmente sensíveis. Os impactos negativos são de menor duração,
intensidade, extensão, magnitude e/ou significância que as da Categoria A e poucos são
irreversíveis, Os impactos resultantes destas actividades permitem uma definição e aplicação
de medidas de mitigação, relativamente fácil, pelo que somente requerem urn EAS. Incluem-
se, em princípio, nesta categoria todas as actividades que não constam na categoria A e C.

Actividades de categoria C

São actividades para as quais não é normalmente necessária a realização de nenhum EIA ou
EAS uma vez as impactos negativos serão negligenciáveis, insignificantes, mínimos ou

53
mesmo não existentes. Não existem impactos irreversíveis nesta categoria e os positives são
c1aramente superiores e mais significantes que os negativos (BR B. D., 2004).

4.5.2. Etapas de AIA


De acordo com Sadler (1996), as etapas requeridas para a AIA são os seguintes:

1) Selecção (screening): a etapa que determina quando uma proposta deve estar ou não
sujeita à AIA e em que nível de detalhe.
2) Escopo (scoping) – a etapa para identificar as questões que devem ser consideradas no
estudo, bem como a forma de sua abordagem.
3) Análise de impactos – o procedimento técnico que visa a identificar e avaliar os
possíveis riscos e consequências ambientais e sociais, bem como outros efeitos
relacionados.
4) Exame das alternativas – visa estabelecer a alternativa preferida ou a mais
ambientalmente livre de erros à obtenção dos Objectivos.
5) Mitigação e gestão de impactos - o estabelecimento das medidas que são necessárias
para prevenir, minimizar e compensar perdas e danos causados por impactos adversos
previstos e, quando apropriado, para incorporar essas medidas em um plano ou sistema
de gestão ambiental.
6) Avaliação de significância – o procedimento para determinar a relativa importância e
aceitabilidade dos impactos residuais, ou seja, daqueles que não podem ser mitigados.
7) Preparação do relatório de impactos ambientais – o procedimento que documenta
claramente e imparcialmente os impactos da proposta e a significância dos efeitos. O
relatório também serve como principal meio de comunicação dos resultados do estudo
à população interessada.
8) Revisão – o procedimento para determinar se o relatório atende ao seu termo de
referência, sua adequação, suficiência e relevância para dar suporte à decisão e
promover uma satisfatória avaliação da proposta.
9) Decisão – no sentido de aprovar a proposta e estabelecer termos e condições para a sua
implementação, ou rejeitá-la.
10) Acompanhamento – este procedimento que visa a assegurar o cumprimento dos termos
e condições de aprovação; a monitorar os impactos no sentido de verificar se estão

54
ocorrendo conforme foram previstos e de verificar a eficácia das medidas de
mitigação; a gerênciar eventuais impactos não previstos anteriormente e, quando
requerido, para realizar auditoria do processo, documentando os resultados.

4.5.2. Métodos de Avaliação de Impactos Ambientais


De acordo com Bisset (1982), os métodos de avaliação de impacto ambiental são mecanismos
estruturados para colectar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos
ambientais da implantação de um empreendimento, incluindo os meios para a apresentação
escrita e visualização dessas informações ao público e aos responsáveis pela tomada de
decisão.

Para Anjaneyulu & Manickam (2007), os métodos de avaliação de impacto ambiental são
classificados nas seguintes funções analíticas:

 Identificação;
 Previsão;
 Avaliação do escopo.

Os métodos de identificação de impactos ambientais podem ajudar na especificação dos


diversos tipos de impactos que podem ocorrer, incluindo suas dimensões e prazos especiais.
Isso geralmente envolve os componentes do ambiente afectado pelas actividades do projecto
(Anjaneyulu & Manickam, 2007).

Métodos preditivos vão ajudar na previsão da dimensão ou quantidade de impacto ambiental


que pode ocorrer num local onde há prática de actividade nefasta ao ambiente (Anjaneyulu &
Manickam, 2007).

Os métodos de avaliação determinam as populações que serão directamente afectados pelo


projecto e como serão afectados (Anjaneyulu & Manickam, 2007).

Para Santos (2010), os métodos de AIA são classificados em:

Método ―Ad Hoc‖

É um dos métodos clássicos de avaliação de impacto ambiental, a expressão latina “Ad Hoc”
significa “para isto” ou “para este fim”, este método é elaborado de acordo com as

55
características e a localização do projecto a ser analisado. Compreende em técnicas de
avaliação rápida que, geralmente, consistem em fornecer, de forma simples, as informações
qualitativas para escolha de alternativas de localização, ou de processos de operação, de um
empreendimento. (Santos, 2010).
Os métodos ad-hoc são elaborados para cada projecto específico. Os impactos são
identificados através de brainstorming, caracterizados e sumariados através de tabelas e
matrizes (Westman, Lee, Magrini, & Bisset, 1987).

Método de listagens de Controlo ou ―Checklist‖

Consiste na identificação e enumeração do s impactos, a partir do diagnóstico ambiental


realizado por especialistas dos meios, físico, biótico e socioeconómico (Rodrigues, s.d). É
utilizado para avaliação rápida e de forma qualitativa, onde os impactos são identificados para
os tipos específicos de projectos garantindo, assim, que todos os itens sejam considerados
(Santos, 2010).
As listagens de controlo (ou checklists) são listas padronizadas dos factores ambientais
associados a projectos específicos, onde se identificam os impactos prováveis. Algumas
incluem informações sobre técnicas de previsão de impacto, outras incluem descrição dos
impactos ou, ainda, incorporam escalas de valor e índices de ponderação dos factores
(Westman, Lee, Magrini, & Bisset, 1987).

Método Battelle

Consiste em identificar as mudanças críticas através do exame de componentes da qualidade


ambiental e permite uma análise sistemática dos seguintes aspectos: ecologia, poluição
ambiental, estética e interesse humano e social (Santos, 2010).
O método Battelle (EES) tem como característica principal a explicitação das bases de cálculo
dos índices utilizados nos julgamentos de valor. Para se computar o índice global de impacto
são medidos os impactos ambientais de acções em 78 factores ambientais, sendo esses valores
convertidos em uma unidade comum pela utilização de funções características de cada
parâmetro, ponderando-se, então, os impactos dentro de uma escala de importância. Os
produtos são somados para se obter um índice global, que é comparado ao índice global
calculado para as condições básicas do ambiente sem o projecto (Westman, Lee, Magrini, &
Bisset, 1987).

56
Método de Matrizes de Interacção

Consiste em duas listagens, uma com as diversas actividades referentes ao projecto e a outra
com o “checklist” dos factores ambientais que podem ser afectados por aquelas actividades. A
matriz, constituída desses elementos, dispostos nos eixos horizontal e vertica l,
respectivamente, permite identificar os impactos, através de simples cruzamento dos mesmos.
Os aspectos mais relevantes dos impactos identificados são descritos em um texto, que deve
acompanhar a matriz. Neste método é muito importante a identificação dos impactos (Santos,
2010).

Método de Superposição de Cartas

Consiste na confecção de uma série de mapas temáticos, sendo uma carta para cada factor
ambiental, onde são representados os dados organizados em categorias. A superposição dessas
cartas transparentes produz a síntese da situação ambiental da área geográfica (Santos, 2010).
Este método foi criado para avaliar os impactos indirectos. As redes de interacção estabelecem
a sucessão de impactos ambientais gerados por uma acção, através de quadros e diagramas,
permitindo retraçar, a partir de um impacto, o conjunto de acções que o causaram (Santos,
2010).

Método de Sondheim

De acordo com Santos (2010), este método é desenvolvido por três grupos de trabalho: o
corpo de coordenação, o painel de classificação e o painel de ponderação. O corpo de
coordenação é constituído de elementos do corpo do órgão, empresa ou instituição,
gerenciador do estudo. São responsáveis pela listagem de “m” alternativas e definição dos “n”
aspectos ambientais.
O painel de classificação constitui-se de especialistas que julgarão cada alternativa, de acordo
com seus próprios critérios, e para cada aspecto ambiental. Ao painel de ponderação,
composto de organizações comunitárias, representantes do governo, grupos de interesse e
outras partes interessadas, é destinado a função de avaliar os “n” aspectos ambientais (Santos,
2010).
Para a obtenção da listagem das alternativas do projecto são usados cálculos estatísticos, testes
de significância, esquemas de classificação padronizados e de ponderação.

57
Através de cálculos estatísticos, testes de significância, esquemas de classificação
padronizados e esquemas de ponderação, é obtida uma listagem das alternativas de projecto,
em ordem decrescente de preferência (Sondheim, 1978).

Método de Matriz de Leopold

É usado na avaliação e descrição, e faz uma discussão entre os componentes ambientais e os


componentes de um projecto considerado impactante (Santos, 2010).
Segundo Leopold et al (1971) citado por Santos (2010), a matriz possui 88 linhas e 100
colunas, perfazendo um total de 8.800 quadrículos ou células matriciais. No ponto
correspondente ao cruzamento entre a linha do componente impactante do projecto e a coluna
do componente do meio ambiente impactado, tem-se uma célula na matriz que representará o
impacto ambiental previsto.
As células da matriz são divididas em quatro campos, destinados a colocação de valores dos
atributos e as designações das células matriciais são: carácter (C), magnitude (M), importância
(I) e duração (D). Para cada parâmetro de avaliação dos atributos corresponderá um símbolo, a
ser lançado no respectivo campo celular (Santos, 2010).

Método de Matriz de Leopold Reformulada por L. Bianchi

Este método permite a introdução de várias modificações e adaptações. A reformulação foi


feita com o objectivo de avaliação Ponderal de Impactos Ambientais (Santos, 2010).
De Santos (2010), as modificações feitas no método de Matriz de Leopold são:
 Na avaliação do carácter, os símbolos 1 e 2 foram substituídos pelos sinais (+) ou (-),
para designação dos impactos benéficos ou adversos;
 Para os impactos que não podem ser qualificados a curto tempo, acrescentou-se o
carácter indefinido e utiliza-se o símbolo (±);
 Utilização de cores verde, vermelho e amarelo para melhor visualização do carácter
dos impactos, seja ele benéfico, adverso ou indefinido, respectivamente. As
tonalidades fortes, média e clara dessas cores, caracterizam a importância grande,
média ou pequena do impacto;
 Reformulação dos valores dos atributos: Carácter: benéfico (+), indefinido (±), adverso
(-); Magnitude: grande (3), média (2), pequena (1); Importância: significativa (3),
moderada (2), não significativa (1); Duração: longa (3), intermediária (2), curta (1).

58
A avaliação ponderal dos impactos é usada para determinar o índice de Avaliação Ponderal a
partir das seguintes equações:
PIA = IB + IA + II
Equação 2: Cálculo do peso do impacto ambiental.

PTI = (PB) + (PA) + (PI)

Equação 3: Cálculo do peso total dos impactos .

( )
IB
Equação 4: Cálculo de índice dos benefícios.

( )
IA
Equação 5: Cálculo de índice de adversidades.

( )
II

Equação 6: Cálculo de índice de indefinições.

IAP

Equação 7: Cálculo de índice de avaliação ponderal.

Nas equações 3, 4 e 5 o cálculo dos IB, IA e II: são percentuais de benefícios, adversidades e
indefinições, ponderados em relação ao peso total dos impactos. Na equação 5, quando o IAP
<1, o empreendimento fica caracterizado como adverso e/ou mal definido, em relação aos
impactos previstos.

4.5.3. Fases de Avaliação de Impacto Ambiental


De acordo com o relatório de ANADARKO (2011), a fase da AIA são:

 Fase 1: Pré-avaliação da AIA;


 Fase 2: Estudo de pré-viabilidade ambiental e definição do âmbito;
 Fase 3: Estudo de impacto ambiental.

59
Pré-avaliação da AIA
Segundo BR (2004), (Decreto nº 45/ 2004 de 29 de Setembro), Pré-avaliação é o processo de
análise ambiental preliminar que tern como principal objective a categorização da actividade e
a determinação do tipo de avaliação ambiental a efectuar. Todas as actividades susceptíveis de
causar impactos sobre o meio ambiente, não constantes dos Anexos I e III, deverão ser objecto
de pré-avaliação a ser efectuada pelo MICOA. Da realização da pre-avaliação pode resultar na
rejeição da implantação da actividade.
Nesta fase determina-se a necessidade ou não de se fazer o estudo de impacto ambiental antes
da implantação de um projecto.

Estudo de pré-viabilidade ambiental e definição do âmbito

Esta fase tem como finalidade a identificação de questões e preocupações importantes


associadas ao empreendimento proposto. Estas poderão resultar de actividades relacionadas
com o projecto que possam contribuir potencialmente para causar impactos substanciais nos
receptores, nos recursos ambientais e socioeconómicos existentes na área. Esta análise tem
influência na elaboração dos Termos de Referência para o EIA (REPREL, 2015).

Nesta fase a participação pública é fundamental, uma vez que permite a identificação das
expectativas e preocupações das partes interessadas e afectadas, as quais deverão ser tomadas
em consideração durante todo o processo de AIA (REPREL, 2015)

Segundo BR (2004), (Decreto nº 45/ 2004 de 29 de Setembro), o EPDA é obrigatório para


todas as actividades de categoria A, constituindo uma obrigação da inteira responsabilidade do
proponente da actividade e tem como objectivo:
 Determinaras questões fatais relativas a implementação da actividade;
 Determinar o âmbito do EIA e, consequentemente, desenho dos TdR, nos casos em qu'
não hajam questões fatais que tornem inviável a actividade,

Termos de referência
Termos de Referencia é um documento que contem os parâmetros e informações específicas
que deverão presidir a elaboração do EIA ou EAS de uma actividade. Este documento deve ser
apresentado pelo proponente para a aprovação do MICOA, antes de iniciar 0 EIA e EAS
(REPUBLICA, 2004).

60
Os TdR constituem urn guião que preside a elaboração do EIA e EAS, o qual deve conter no
minírno (Decreto nº 45/ 2004 de 29 de Setembro):
 Descrição dos estudos especializados identificados como necessários durante o EPDA
e a efectivar durante o EIA, para o caso de actividades de categoria A;
 Descrição das alternativas viáveis identificadas e que devem ser investigadas no EIA;
 Metodologia de identificação e avaliação dos impactos ambientais nas fases de
construção, operação e desactivação;
 Descrição do processo de participação pública a seguir;
 Identificação do proponente;
 Identificação da equipe responsável pela elaboração do EIA e EAS;
 Requisitos de informação adicional necessária.

Estudo de impacto ambiental

EIA é uma actividade projectada para identificar e prever os impactos ambientais de um


projecto, de modo a recomendar medidas legislativas, programas e procedimentos
operacionais apropriados para minimizar esses impactos. E é realizada antes de qualquer
projecto para garantir que não haja efeitos prejudiciais ao meio ambiente em curto ou longo
prazo. Qualquer actividade de desenvolvimento requer não apenas a análise, os custos e
benefícios monetários envolvidos e a necessidade de tal projecto, mas também, o mais
importante, requer uma consideração e uma avaliação detalhada do efeito de um
desenvolvimento proposto sobre o meio ambiente (Anjaneyulu & Manickam, 2007).

EIA é um documento resultado de um estudo técnico em que se avaliam as consequências para


o ambiente decorrentes de um determinado projecto ou empreendimento. É o exame
necessário para o licenciamento de empreendimentos com significativo impacto ambiental
(Leite, 2013).

Segundo Santos (2010), o EIA deve contemplar, no mínimo as seguintes actividades técnicas
(Resolução CONAMA 01/86, art. 6º):

 Diagnóstico ambiental da área de influência do projecto completa descrição e análise


dos recursos ambientais e suas interacções, tal como existem, de modo a caracterizar a
situação ambiental da área, antes da implantação do projecto;

61
 Análise dos impactos ambientais do projecto e de suas alternativas, através de
identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes;
 Definição das medidas de mitigação dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controlo e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência
de cada uma delas;
 Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos
e negativos, indicando os factores e parâmetros a serem considerados.

Objectivos de EIA
O objectivo dos estudos de impactos ambientais é principalmente avaliar as consequências de
algumas acções, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que
poderá sofrer a execução de certos projectos ou acções, ou logo após a implementação dos
mesmos (Rodrigues, s.d)

De acordo com Therivel (2001), o EIA tem como objectivo fornecer aos tomadores de
decisão uma compreensão das consequências ambientais de um projecto ou acção proposta.
Este objectivo é alcançado através da utilização de informação ambiental da região onde se
pretende implantar o projecto. Técnicas preditivas para as quais as margens de erro não são
conhecidas e métodos de avaliação, que avaliam e apresentam essas informações aos
tomadores de decisão. Como resultado, há uma necessidade de mecanismo de ideias na AIA,
que envolve a transferência de conhecimento dos efeitos ambientais reais de um projecto ou
acção, em vez de simplesmente as consequências previstas. Este mecanismo de ideias é
fornecido pelo monitoramento pós-projecto de qualidade ambiental através da Auditoria
Ambiental.

2.5.4. Processo de avaliação de impacto ambiental


O processo de AIA visa a identificação e a previsão dos potenciais impactos sobre o meio
ambiente, decorrentes das actividades antrópicas, e sistematicamente propor medidas de
redução e eliminação dos impactos negativos (Morgan, 2012).

O processo de AIA é definido como um conjunto de procedimentos realizados para identificar,


prever e interpretar, assim como prevenir as consequências ou efeitos ambientais que

62
determinadas acções, planos, programas ou projectos podem causar à saúde, ao bem-estar
humano e ao entorno (Brilhante, 1999).

Processo de avaliação de impacto ambiental em Moçambique

Segundo Coastal & Environmental Services (2016), o processo de AIA em Moçambique é


regulado por uma série de leis importantes que incluem a Constituição da Republica de
Moçambique como a lei fundamental em termos de protecção ambiental. A AIA é um
requisito legal ao abrigo da Lei do Ambiente (Lei no20/97 de 1 de Outubro) para qualquer
actividade que possa ter impactos directos ou indirectos no meio ambiente. Estes são
regulados pelo Regulamento de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto nº 45/2004, de 29
de Setembro e Decreto nº 42/2008, de 4 de Novembro, que altera alguns artigos do Decreto nº
45/2004) que define os princípios e acções necessárias na AIA.

Em Moçambique, existem requisitos regulamentares específicos para operações de mineração


que delineiam a necessidade de uma AIA para actividades de mineração. No que respeita a
operações de mineração, o processo de AIA é regido pela recém - aprovada Lei de Minas
(20/2014 de 18 de Agosto), o Decreto 28/2003 de 17 de Junho e os Regulamentos Ambientais
para Actividades de Mineração -Decreto 26/2004 de 20 de Agosto que juntamente compilam
os regulamentos ambientais para as operações de mineração (Services, 2016)

63
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Características do depósito


O ambiente geológico da área de estudo é metamórfico e as rochas que ocorrem no local onde
foi feita a amostragem são: quartzito, meta-arcose, gnaisse quartzitico e gnaisse dioritico, com
muita predominância de quartzito. O depósito de ouro aluvionar nesta zona ocorre associado
aos fragmentos de quartzo.
Litologicamente o depósito de ouro está associado as rochas da era neoproterozóica: Gnaisse
biotitico, gnaisse dioritico, gnaisse dioritico e anfibolitico, gnaisse granulitico felsico e
intermediário, gnaisse granítico, gnaisse granítico e granodioritico, não diferenciado, gnaisse
granítico e tonalitico, gnaisse quartzo- feldspatico, gnaisse quartzo feldspatico milonitico com
ribbon-quartzo, gnaisse sienitico, granulitico máfico, mármore, quartzito, meta-arcose e
gnaisse quartzitico.

Formou-se através da decomposição das rochas do cinturão do Lúrio, através do curso das
águas, sofreu transporte até o local onde foi depositado, a sua ocorrência está associada aos
conglomerados e fragmentos de quartzo. O minério é extraído nas ravinas a 3 metros de
profundidade e nas margens do rio Nhanhaça (figura 8).

Figura 8: Processo de extracção do ouro.

Fonte. (Autor, 2018).

O resultado da associação litológica do depósito de ouro foi conseguido durante a produção do


mapa geológico da área de estudo, ilustrado na figura 5.

64
5.1.1. Processamento do minério do ouro na área de estudo
No processamento do minério usa-se a lavagem. Esta é uma técnica que consiste na acção da
gravidade, através do uso de a uma superfície rugosa inclinada, o minério é colocado numa
bacia metálica contendo água e lançado nessa superfície que feita em forma de rampa. Durante
o escoamento o ouro é retido.

Figura 9: Processo de lavagem do minério de ouro.

Fonte. (Autor, 2018).

Como está ilustrado na figura 9, a massa de solo mineralizado coloca-se na bacia metálica e
adiciona-se água usando um balde, depois é mexida com as mãos e lançado sobre a superfície
rugosa inclinada (rampa), Após a lavagem do material, retira-se o pano e é colocado numa
bacia plástica, onde é lavado para retirar o mineral. Em seguida, pega-se o mercúrio coloca-se
na bacia plástica (bateia).

Depois da mistura do ouro e o mercúrio, os sedimentos são agitados dentro da bacia para
diferenciar a densidade entre os minerais pesados e os restantes sedimentos, o ouro por ser um
mineral com maior densidade precipita, posteriormente é retirado da bacia e colocado num
papel onde será queimado para obter ouro sem impurezas.

65
Fluxograma de processamento do minério

Figura 10: Fluxograma de processamento do minério de ouro pela técnica da lavagem.

Fonte. (Autor, 2018).

No fluxograma da figura 10 estão ilustrados as etapas seguidas no processamento artesanal do


minério de ouro usando a técnica de lavagem.

O minério depois de extraído, a massa de areia retirada é transportado até o local da lavagem e
concentração onde são separadas camadas de areia retiradas. Depois da separação, as camadas
são colocadas numa bacia metálica e lavadas.

Barragem é feita para retirar a água que será usada na lavagem do minério, a mesma água
usada no processo é reaproveitada para a etapa de lavagem de minério.

Na figura 11 foram ilustradas a mistura do mercúrio e o ouro numa bacia, no processo de


concentração e depois de ouro precipitar e ser retirado.

Figura 11: Mercúrio e ouro (esquerda) e o processo de extracção do minério de ouro na margem do rio Nhanhaça
(direita).

Fonte. (Autor, 2018).

66
Na figura 12 estão apresentados as etapas de processamento de minério, quando é
directamente extraído nas margens de um rio.

Figura 12: Fluxograma de processamento do minério de ouro pela técnica do bateamento.

Fonte. (Autor, 2018).

5.2. Impactos ambientais verificados na área de estudo


Os impactos ambientais verificados na área de estudo são:

 Degradação do solo;
 Alteração da qualidade da água;
 Destruição das plantas.

5.2.1. Degradação do solo


Na mineração artesanal não há programa de pesquisa de depósito mineral, de modo a ter a
certeza da capacidade do depósito a ser explorado, isto leva as pessoas a procuram em
qualquer lugar, criando escavações em diversos locais e se não encontram o mineral
abandonam a área deixando propensa a erosão.

Quando o mineral é encontrado, durante o processamento são criadas de barragens para a


lavagem e algumas delas abandonadas. O rio Nhanhaça por ser do regime periódico e o lençol
freático está perto da superfície terrestre, os garimpeiros optam por fazer escavações de modo
a encontrar a água que irão no processo de lavagem das camadas de areia retiradas na
mineração (técnica de lavagem). No período chuvoso, com a intensidade das chuvas o solo vai
se desgastando causando assim a erosão do solo, como está ilustrado na figura 13.

67
Figura 13: O estado do solo na mineração artesanal de ouro.

Fonte. (Autor, 2018).

5.2.2. Alteração da qualidade do solo

Teor de elementos químico do solo da área de estudo

Tabela 11: Teores de elementos químicos do solo colhido no campo.

Elementos A1 (valores em A1 (valores em


químicos %) %)
Si 45.724 39.926
Fe 26.553 36.070
Ca 9.806 11.577
Al 8.473 n.d.
K 5.787 8.247
Ti 1.691 1.938
S 0.848 n.d.
Mn 0.420 0.807
Sr 0.236 0.601
Zr 0.114 0.316
Cu 0.111 0.213
V 0.103 0.127
Zn 0.053 0.057
Cr 0.042 0.068

68
Ir 0.024 0.034
Pb 0.010 0.020
Br 0.004 n.d.
Fonte: (Autor, 2018).

Os resultados da tabela 11, foram obtidos através da análise quantitativa e qualitativa dos solos
da área de estudo pelo método de espectrometria de fluorescência de raio – X.

50,000
45,000
Concentração relativa em %

40,000
35,000
30,000
25,000
A1
20,000
A2
15,000
10,000
5,000
0,000
Si Fe Ca Al K Ti S Mn Sr Zr Cu V Zn Cr Ir Pb Br
Elementos químicos

Figura 14: Concentração relativa dos elementos químicos determinados pelo método de espectrometria de
fluorescência de raio - X no solo da área de estudo.

Fonte: (Autor, 2018) a figura 15

De acordo com a figura 14, os elementos Sr, Zr, Cu, V, Zn, Cr, Ir, Pb e Br encontram – se
presentes em poucas quantidades nas duas amostras de solo.

5.2.3. Alteração da qualidade da água


Na área de estudo está actividade é praticada nas margens do rio Nhanhaça e as aguas desse
rio vão para o rio Megaruma através do processo de escoamento superficial propiciando assim
a vulnerabilidade a contaminação dos rios. No processamento do mineral foram feitos poços
que servem de barragem, na lavagem do minério a água da barragem percorre para rios
vizinhos e outra infiltra-se, por isso, os rios são os recursos naturais mais vulneráveis e
ameaçados a poluição por essa actividade; essa contaminação é provocada pelo uso

69
inadequado de produtos químicos, como o mercúrio que é usado para a concentração do
mineral.

Estas águas apresentam turvação elevada que varia entre 82 a 310 NTU, cheiro terroso e
coloração amarelada. A figura 15, mostra as condições da água que é usada com os
garimpeiros para preparar os seus alimentos, a mesma é usada também para a lavagem do
mineral.

Figura 15: Condição da água usada pelos garimpeiros no posto administrativo de Chiúre velho.

Fonte. (Autor, 2018).

Na área de estudo, a água não é somente usada no processamento do minério, é usada também
para o consumo e na cozedura de alimentos. Foram abertos poços tradicionais perto da área de
mineração em que a água desses poços é consumida pelos garimpeiros assim como pela
população vizinha. Na figura 16 está ilustrado o poço tradicional.

70
Figura 16: Poço tradicional usado pelos garimpeiros.

Fonte: (Autor, 2018).

Na tabela 12 foram apresentados os resultados da análise química da água colhida na área de


estudo.

Tabela 12: Parâmetros físicos – químicos e microbiológicos da água colhida no campo

Unidades
Parâmetros Número de amostras
A1 A2 A3 A4 A5 A6

PH 7.5 7.3 7.1 7.2 8.0 7.2


Turvação 82 95 310 245 270 8
NTU
Condutividade 1157 802 785 981 981 1230
eléctrica

Cor Leitosa Amarelada Amarelada Amarelo Amarelada Levemente


escuro leitosa
Cheiro Terroso Terroso Terroso Terroso Terroso Inodoro
Nitritos < 0.03 < 0.03 < 0.03 0.37 < 0.03 < 0.03
mg/l

71
Nitratos 5.75 23.01 26.99 6.2 35.4 2.2
mg/l
Cloretos 70 36,7 126,6 106,6 65,7 68,3
Ferro total <0,2 <0,2 < 0,2 <0,2 0,3 <0,2 mg/l
mg/l
Dureza total 279 239 211 216 299 219
mg/l
Cálcio 26.8 32,1 38,5 22,8 65,7 15,2
mg/l
Magnésio 51,7 38,8 28,1 38,8 32,9 44,2
mg/l
DBO 0,0 2,5 20,0 75,0 180,0 0,0
mg/l
Coliformes Ausente 3 Ausente Ausente Ausente Ausente NC/100
fecais ml
Fonte: Autor, 2018.

Os resultados da análise da água apresentados na tabela 13 foram obtidos neste trabalho,


segundo estes, a qualidade da água na área de estudo ainda não é muito má, a maioria dos
elementos analisados não estão fora dos parâmetros admissíveis para o consumo humano.
Estes foram discutidos de acordo com a tabela apresentada nos apêndices dos parâmetros
físico-químicos e microbiológicos admissíveis na água para o consumo humano. A
concentração desses elementos na água, pode não ser somente influenciada pela actividade
mineração artesanal. Havendo possibilidade da composição da geológica do solo e das rochas
influenciar na presença desses elementos. Na discussão dos parâmetros foram representados
gráficos.

pH e Condutividade eléctrica

De acordo com os valores do pH, o impacto da mineração artesanal para com a qualidade da
água da área de estudo ainda não é de grande significância, a água em todas amostras estão
dentro dos parâmetros admissíveis para o consumo humano segundo a OMS e os aconselhados
pelo MISSAO (Anexo A), apresenta valores de pH entre 7,1 a 8,0 e a média do pH é 7, 38.

72
Elas apresentam baixos valores de condutividade eléctrica que variam entre 785 a 1230. As
figuras 17 e 18 representam as variações de pH e da condutividade eléctrica quando colocados
nos gráficos.

8,20

8,00

7,80

7,60
pH

7,40

7,20 pH

7,00

6,80

6,60
A1 A2 A3 A4 A5 A6
Amostras

Figura 17: Valores de pH obtidos no campo.

Fonte: (Autor, 2018).

Os valores do pH podem ser influenciados pelos metais presentes no solo, pois as reacções
entre os catiões com água resultam numa solução com características básicas, isto faz com que
elevam os valores de pH.

1400,00
Condutivi dade eléctrica

1200,00
1000,00
800,00
600,00
400,00
200,00
0,00
A1 A2 A3 A4 A5 A6
Amostra

Figura 18: Valores da condutividade eléctrica.

73
Fonte: (Autor, 2018).

Os valores da condutividade eléctrica mostram que há menor concentração de iões dissolvidos


nessas águas.

Turvação

Em todas amostras analisadas, as águas estão acima dos padrões aceitáveis da turvação. A A6
foi colhida num furo localizado a 7 Km da zona da mineração, segundo o relatório laboratorial
a sua qualidade é aceitável e considera-se própria para o consumo humano, mas esta agua a
sua turvação está acima do recomendável. Na figura 19 foram ilustrados os valores da
turvação na água num gráfico.

350,00
300,00
250,00
Turvação

200,00
150,00
100,00
50,00
0,00
A1 A2 A3 A4 A5 A6
Amostras

Figura 19: gráfico dos valores da turvação.

Fonte: (Autor, 2018).

Os valores elevados da turvação nessas amostras de águas são causados pela presença de
partículas em suspensão que são gerados durante a remoção da camada superficial do solo e na
lavagem das camadas retiradas durante o garimpo.

Nitritos

74
Quanto a presença de nitritos nessas águas é muito abaixo daquilo que a máquina pode
detectar, somente a amostra 4 contem concentração dos nitritos, muito abaixa em relação aos
parâmetros admissíveis, não constituindo assim uma contaminação.

Nitratos

Os nitratos nas amostras de água da área de estudo, aumentam de acordo com a intensidade
das actividades de mineração, quando mais a área estiver activa, mais quantidade de nitrato
tem, mas os seus valores não estão acima dos parâmetros admissíveis na qualidade de água.

Ferro total

Na amostra 5 a concentração do ferro está no limite, encontra-se em risco de excesso do valor


admissível, e nas restantes 5 amostras é muito menor, a presença desse metal nestas águas não
constitui uma contaminação.

Dureza total, cálcio e magnésio

As concentrações da dureza total, cálcio e magnésio não estão acima nos parâmetros
admissíveis, mas também esses valores pode ser influenciados pelas rochas que compõem a
área de estudo, visto que, um dos afloramentos rochosos que compõe a área de estudo é o
mármore que é rico em cálcio e magnésio. No processo de intemperismo físico das rochas
onde o agente de intemperismo é água, os elementos químicos presentes na rocha são
lixiviados esses elementos migram até atingir as águas superficiais, assim como as
subterrâneas pela infiltração. O gráfico abaixo mostra a variação dos valores da dureza total,
cálcio e magnésio. A figura 20 mostra a tendência dos valores de dureza total, cálcio e
magnésio quando colocados no mesmo gráfico.

75
Val ores de dureza total, cálcio e
450,00
400,00
350,00
300,00
250,00
Magnésio
200,00
Cálcio
150,00
Dureza total
magnésio

100,00
50,00
0,00
A1 A2 A3 A4 A5 A6
Amostras

Figura 20: Valores de dureza total, cálcio e magnésio.

Fonte: (Autor, 2018).

Coliformes fecais

Esta análise foi realizada devido a exposição ao ambiente de fezes da água de uso doméstico
na área de mineração, os resultados mostram que a água da amostra 2 encontra-se ligeiramente
contaminada por coliformes fecais. A contaminação microbiológica não é directamente
influenciada pela actividade mineira e nem pela composição química das rochas da área de
estudo.

Descrição do impacto na qualidade da água

Na tabela 13 foram apresentados os critérios usados na descrição dos impactos sobre a


qualidade da água na área de estudo.

Tabela 13: Descrição do impacto na água.

Extensão
Direcção Magnitude Duração Reversibilidade Frequência
geográfica

76
Negativa, o pH Insignificante : Local: o Permanente: Irreversível: Baixa: por ser
de cada amostra as variações efeito se faz os impactos pela falta de uma actividade
de água tende a dos parâmetros sentir nas são relatório de muito jovem
sair fora dos físicos - imediações da classificados estudo de ocorre algumas
parâmetros químicos estão área da como impacto vezes ou
admissíveis, dentro dos mineração permanente ambiental os raramente
também padrões artesanal devido a falta efeitos fazem-se durante um
verificou-se aceitáveis. de intervenção sentir de modo período de
tendência de Baixo: a urgente para o que daqui alguns tempo.
contaminação amostra 2 processo de anos possam
microbiológica, apresenta monitorização aumentar ou o
e as águas são contaminação dos poluentes. espaço possa a
muito turvas. biológica. ser irrecuperável.
Isso irá
prejudicar a
saúde humana
Fonte: Autor, 2018

5.2.3. Destruição das plantas


Quando os garimpeiros estão a explorar o minério de ouro, o objectivo é aumentar a extensão
da área de exploração, e tenha também para ter mais espaço para a construção dos seus
acampamentos. Na figura 21 são ilustrados plantas derrubadas e a floresta é destruída na área
de exploração.

77
Figura 21: Destruição das plantas para alargamento do espaço de mineração.

Fonte: (Autor, 2018).

5.4. Método matrizes de interacção da AIA na área de estudo


Na tabela 15 foi apresentada a classificação dos impactos ambientais na área de estudo de

Impacto Fase do Local de


Meio
projecto Classificação dos impactos ocorrência

acordo com o método matriz interacção.

Tabela 14: Método matrizes de interacção da AIA, usado na AIA na área de estudo.

78
Em operação

Reversibilida

Probabilidad
Temporalida

Significância
Importância
Fase inicial

Magnitude
Natureza

Duração

Forma
de

de

e
Degradação X NEG PERM LP IRREV C G M MS DIR No local da
da área mineração.
explorada
Poluição da X NEG PERM LP IRREV C M G GS DIR/ No local da
água IND mineração e
Físico

arredores de
Chiúre Velho.

Poluição do X NEG PERM LP IRREV C M G GS DIR/ Na área de


solo IND mineração e
arredores de
Chiúre Velho.
Destruição X X NEG PERM LP IRREV C M M GS DIR No local da
da floresta mineração
Biótico

Fuga de X X NEG TEMP LP IRREV C P G PS DIR No local da


animais mineração
Destruição X X NEG PERM LP IRREV C M M MS DIR No local da
das plantas mineração

Geração de X POS TEMP MP VER C M G GS DIR/ No PAd de


renda IND Chiúre Velho, nas
Sócio económico

províncias de
Cabo Delgado e
Nampula.
Participação X NEG PERM LP VER C G G GS DIR/ Crianças
de menores IND provenientes de
de idade na todas aldeias de
mineração Chiúre Velho.

Fonte: (Autor, 2018).

Está actividade tem reflectido negativamente na vida das crianças, fazendo com que elas
deixem escarpar as oportunidades de estudo que tem, e a maior parte do seu tempo dediquem
na mineração artesanal.

79
Verificam-se melhorias na geração de emprego e rendas para sobrevivência, por parte das
pessoas envolvidas na actividade. Com está actividade as pessoas conseguem comercializar o
mineral e ganhando dinheiro para o seu autosustento.

5.5. Medidas de mitigação dos impactos ambientais na área de estudo


Na tabela 15 foram descritas as medidas de mitigação propostas para cada impacto.

Tabela 15: Descrição dos impactos e suas medidas de mitigação

Tipo de
Medidas de mitigação
Impacto
Solo  Enchimento de locais onde já não se faz a mineração.
 Redução das barragens feitas para a lavagem do minério.
 Definição de um plano de recuperação ambiental.
Água  Programa de monitoramento das fontes de agua das arredores e áreas da mineração.
 Desvio do curso das aguas que vão para os rios vizinhos;
 Abertura de barragem para a lavagem do minério no único local.
 Uso de métodos convencionais na concentração do mineral.
Plantas  Delimitar a área de mineração artesanal.

Social  Consciencialização dos garimpeiros e da população sobre formas de conservação e


tratamento de água dos poços artesanais feitos nas imediações da aérea de mineração
para a redução dos contaminantes microbiológicos;
 Criação de palestras por parte do ministério do meio ambiente com intuído de promover
a educação ambiental no seio das populações;

Fonte: (Autor, 2018)

5.6. Áreas susceptíveis a contaminação


As águas dos rios da área de estudo escoam para o rio Megaruma, este rio desagua na praia de
Mecufi. Estas passam no posto administrativo de Mazeze, assim sendo o PAd de Mazeze e o
distrito de Mecufi, são zonas susceptíveis a contaminação das águas, do solo e dos recursos
marinhos visto que no rio de Megaruma pratica-se a pesca artesanal e para o caso da praia de

80
Mecufi a contaminação do peixe que lá existe, os impactos nestas zonas são classificados
como indirectos ou secundários. O risco de contaminação que aqui se refere é devido o
transporte de mercúrio e outros elementos químicos associado ao minério de ouro durante o
escoamento superficial da água.

5.7. Proposta de Avaliação de Impacto Ambiental da mineração artesanal


Na figura 22 está ilustrado em forma de fluxograma a AIA proposta na área de estudo.

Figura 22: Proposta de avaliação de impacto ambiental.

Fonte: (Autor, 2018).

Das 3 fases da AIA, na avaliação dos impactos ambientais na área de estudo, usou-se a ultima
fase, isto deve-se a dimensão e objectivos do trabalho. A actividade em estudo pertence a
categoria A e está obrigatoriamente sujeita a realização de EIA.

81
5.8. Verificação das Hipóteses
H1- A mineração artesanal de ouro em Chiúre tem provocado vários problemas ao meio
ambiente.

Durante a realização do trabalho de campo assim como nos resultados laboratoriais foram
verificados vários impactos de natureza negativa, como a degradação do solo da área da
mineração, destruição das plantas, alteração da qualidade da água, abando de menores nas
escolas para praticar a actividade de mineração. É deste modo que é possível validar estas
hipóteses.

H2- A mineração artesanal de ouro em Chiúre não tem causado impactos significativos para o
meio ambiente.

De acordo com a pesquisa de campo, o único impacto que se classifica como de natureza
positiva decorrente desta actividade é a geração de renda, com esta actividade as pessoas
conseguem produzir o seu auto sustento. Embora tenha um impacto benéfico esta hipótese é
refutada neste trabalho, porque se for feita uma análise esse impacto não seria possível
potenciar.

H3- Os impactos ambientais negativos, resultam da técnica de extracção e processamento do


minério de ouro em Chiúre.

Também é possível validar essa hipótese, porque as técnicas de processamentos do minério


contribuem para a degradação de solo, visto que no processamento do mesmo é indispensável
a abertura de uma barragem de rejeito para a disposição e reaproveitamento da água.

82
6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

6.1. Conclusão
O depósito de ouro explorado na área de estudo é do tipo secundário que é resultante do
intemperismo físico e químico das rochas dos complexos Montepuez e Ocua.

A técnica usada no processamento do minério é a lavagem, este processo é realizado por meio
de uma rampa revestida de um pano para retenção do mineral. O rio onde está actividade é
praticada é de regime periódico. Para a lavagem do minério são abertas barragem para
retenção da água que será usada. A substancia química usada na concentração do ouro em
todas as técnicas de processamento é o mercúrio, mas não é usado no local da exploração.

Por ser um local onde as actividades são recentes, não há grandes impactos em todos os meios.
Os impactos ambientais verificados são: alteração de alguns parâmetros físico - químicos da
qualidade da água, degradação do solo e destruição das plantas, por consequência disso a
floresta e a fauna foram afectadas.

O posto administrativo de Mazeze e o distrito de Mecufi são áreas susceptíveis a


contaminação das águas e do solo, os impactos nessas zonas são classificados como indirectos
ou secundários.

Na área de estudo as pessoas que exercem está actividade carecem da informação das
implicações desta actividade para com o meio ambiente. As medidas de mitigação dos
impactos ambientais propostas no trabalho são: a realização de campanhas de educação
ambiental na comunidade através da criação de palestras com o intuito de transmitir o
conhecimento dos impactos ambientais as populações; Realização de trabalhos de estudo de
impacto ambiental numa área que se pretende fazer a explorar artesanalmente um minério e
submissão do projecto aos órgãos responsáveis da área que se pretende explorar o minério.

6.1.1. Constrangimentos
Durante a realização da pesquisa foram encontrados os seguintes constrangimentos:

 Houve limitações nas análises de metais pesados na água devido a falta de meios,
como equipamentos para a análise química no LHAA e fundos para encaminhar
noutros laboratórios de análises.
83
6.2. Recomendações
Da pesquisa realizada foram deixadas recomendações para trabalhos que serão desenvolvidos
futuramente:

 Determinação de metais pesados na água.


 Determinação da matéria orgânica, mercúrio, nitrogénio, sulfatos, nitratos, de modo a
qualidade do solo para agricultura.
 Determinação de metais pesados em amostras do peixe do rio Megaruma e o da praia
de Mecufi, para se determinar o nível de contaminação.
 Em algumas regiões do país, o governo introduziu o uso de bórax, como uma das
alternativas do uso de mercúrio na concentração do ouro de modo a reduzir os
impactos do uso mercúrio, recomenda-se que está campanha seja levada a cabo em
todas as áreas de prática de mineração artesanal.
 Realização de campanhas e de palestras dirigida aos garimpeiros e a população em
geral, com o intuito de transmitir o conhecimento da matéria do impacto ambiental e
explicar a influência directa da mineração artesanal sobre a qualidade da água que eles
consome e a qualidade do solo que eles usam para a agricultura.
 Realização de estudos de impacto ambiental nos sectores de mineração artesanal por
parte dos académicos, para melhor propor métodos de controlo dos diversos tipos de
impacto.

84
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90
APÊNDICES

Apêndice A: Fotos de trabalho laboratorial.

Figura 23: Determinação de coliformes fecais (esquerda) e parâmetros físico - químicos (direita).

Figura 24:Turbidimetro, pH metro e condutimetro.

Figura 25: espectroscopia de absorção molecular HACH DR/2010.

91
Figura 26: fricotermostato. Figura 27: Agitador magnético.

Apendice B: Fotos de trabalho de campo.

Figura 28: Colecta da amostra de água . Figura 29: Entrevista aos garimpeiros.

Figura 30: Menores na actividade de mineração artesanal.

92
Apêndice C: Procedimentos laboratoriais.
Parâmetros físico-químicos

Determinação de nitritos

Para a determinação dos nitritos presentes na água foi usado o método de ácido sulfânico e
alfano neftalamina.

Procedimentos

1. Mediu-se 50 ml da água destilada para um balão de 50 ml para a preparação da solução


padrão na qual chamou-se de branco e agitou-se o balão;
2. Mediu-se 50 ml da água de cada amostra ou uma porção diluída da mesma e agitou-se
os balões;
3. Juntou-se em cada balão 1 ml da solução do ácido sulfânico e tapou-se cada balão para
depois agitar novamente durante 1 minuto;
4. Foram destapados os balões e adicionou-se em cada balão 1ml da solução
alfaneftalimina;
5. Foram tapados novamente os balões, agitados durante 1 minuto e deixaram em repouso
durante 16 minutos para o desenvolvimento da cor rosa, que indica a existência de
nitritos;
6. Os resultados foram lidos num espectrofotometro a um comprimento de onda de 520
nano metros contra o branco.

Expressão de resultados

A concentração do ião nitrito na água é expressa em mg/l de NO2- mas também pode ser
expressa em mg/l de azoto nitroso (NO2 - - N), cuja conversão é feita através da fórmula:

mg/l (NO2 - - N) = mg/l de NO2 - 0,304.

Equação 8:conversão do azoto nitroso em ião nitrito presente na água.

Sensibilidade do método

93
O valor mínimo que o método detecta dos nitritos é 0,3 mg/l. Quando o método não encontra
nitrito na amostra expressa-se por <0,3 mg/l.

Determinação de nitratos

Para a determinação dos nitratos na água é o método de Brucina, este método se baseia na
formação duma cor amarela que na reacção entre a brucina em meio acido e a quente. A
intensidade da cor que se desenvolve é directamente proporcional a concentração do ião
nitrato na água.

Ácido sulfúrico (1+ 4) é um reagente que se prepara adicionando 4 partes de ácido sulfúrico a
uma parte da água destilada. Tem que pegar agua destilada colocar num recipiente grande e
mergulhar num banho de gelo. Em seguida adicionar lentamente e pela parede interna do
recipiente e o acido sulfúrico. Isso acontece via parede para evitar a explosão do ácido
sulfúrico pois ele produz uma reacção exotérmica;

Procedimentos

1. Para determinação de nitratos seguiu-se os seguintes passos:


2. Foram medidos 10 ml de água destilada para um tubo de Nessceler;
3. Foram medidas 10 ml da água de cada amostra para outro tubo de Nessceler;
4. Adicionou-se para cada amostra medida 2 ml da solução de cloreto de sódio a 30%;
5. Colocaram-se os tubos num banho de água a temperatura ambiente e adicionou-se em
cada amostra 10 ml de ácido sulfúrico (1+4), agitou-se e deixou-se a arrefecer ate
atingir a temperatura ambiente;
6. De seguida foram retirados os tubos da água e adicionou-se em cada amostra 0,5 ml de
solução de ácido sulfanilico brucina e agitou-se novamente durante 1 minuto;
7. Foram colocados os tubos num banho da agua fervente e deixados a actuar durante 25
minutos;
8. Após os 25 minutos foram retirados os tubos do banho de água fervente e colocados
novamente em banho de água temperatura ambiente para arrefecer;
9. Fez-se a leitura do resultado das análises num espectrofotometro de comprimento de
onda de 410 nano metros contra o branco.

94
Expressão de resultados

A concentração do ião nitrato na água expressa-se em mg/l de NO3 -, mas também pode ser
expressa em mg/l de azoto nítrico (NO3 - - N), convertendo-se mediante a fórmula abaixo: mg/l
(NO 3 - - N) = mg/l de NO 3 - 0,226.

Equação 9: conversão do azoto nítrico em ião nitrato presente na água

Sensibilidade do método

O valor mínimo que o método detecta dos nitratos é 0,5 mg/l. Quando o método não encontra
nitrato na amostra expressa-se por 0,5 mg/l.

Determinação do ferro total na água

O método usado na determinação do ferro total nas amostras de água é o método tiocianeto,
que consiste em fazer reagir acido clorídrico e permanganato de potássio, o ferro 2 oxida-se e
passa a ferro 3 que reagindo com o tiocianeto de potássio forma-se um complexo vermelho.

Antes da análise, todo o material de vidro a ser usado deve ser passado em ácido clorídrico
concentrado, posteriormente passado água corrente, e finalmente enxugado em água destilada.
Proveta de 100 ml.

Procedimentos

1. Para a realização desta análise seguiu-se os seguintes passos:


2. Mediu-se 50 ml de água destilada para um balão ou tubo de Nessceler, para a
preparação da solução padrão (branco);
3. Mediu-se 50 ml de cada amostra para outro tubo de Nessceler;
4. Adicionou-se 1,5 ml de ácido clorídrico a 25% e 3 gotas da solução saturada de
permanganato de potássio em cada balão;
5. Foram tapados e agitados os balões deixados em repouso durante 20 minutos;
6. Juntaram em cada balão 1 ml da solução de tiocianeto de potássio a 50%, os balões
foram tapados e agitados deixados em repouso por 5 minutos;
7. Faz-se leitura no espectrofotometro a 490 nano metro contra o balão. A concentração
do ferro na água expressa em mg/l de ferro total.

95
Sensibilidade do método

O valor mínimo que o método detecta do ferro total é 0,2 mg/l. Quando o método não encontra
ferro total na amostra expressa-se por 0,2mg/l.

Análise volumétrica

Na análise volumétrica foram determinados os seguintes parâmetros químicos:

Dureza total;

Cálcio;

Cloreto.

Dureza total

O método usado nesta analise é o trimétrico com EDTA, que consiste na formação de
complexos estável e incolor com os catiões cálcio e magnésio pela adição de EDTA em
presença do indicador negro ericromo – P.

Para a realização do teste, foram seguidos os seguintes procedimentos:

1. Mediu-se 50 ml da amostra ou uma porção diluída da mesma por um becker ou copo


de 100 ml;
2. Adicionou-se 1 ml da solução tampão de amónio e duas gotas do indicador negro
ericromo – P;
3. As amostras foram tituladas com a solução de EDTA ate a mudança de cor, de
vermelho venoso a azul num instante de 5 minutos após a adição do tampão e anotou-
se o volume gasto na solução.

Expressão de resultado

A concentração de dureza total na água expressa-se em mg/l de CaCO 3 .

Formula: CaCO 3 (mg/l) = 0

Equação 10: concentração de dureza total na água em mg/l de CaCO3.

96
Onde, V1 é o volume da solução titulante de EDTA gasto na titulação

V é o volume da toma da amostra

Determinação de cálcio

O método usado nesta analise é o trimétrico com EDTA, que consiste na formação de
complexos estável e incolor com os catiões cálcio e magnésio pela adição de EDTA em
presença do indicador negro ericromo – P.

Procedimentos

1. Os passos seguidos na realização do teste são:


2. Mediu-se 50 ml da amostra ou uma porção diluída para um becker de 100 ml;
3. Adicionou-se 2% da solução de hidróxido de sódio a 5% da solução titulante de
EDTA;
4. Agitou-se a solução indicadora de murexide e deitou-se 5 gotas no balão volumétrico;
5. Titularam-se as amostras com solução titulante de EDTA ate a mudança de cor de rosa
para vermelho curpulo (roxo) e anotou-se o volume gasto.

Expressão de resultado

A concentração do cálcio na água expressa-se em mg/l de Ca2+.

Formula: Ca2+ (mg/l) =

Equação 11: concentração de cálcio na água em mg/l de Ca2+.

Transformação de cálcio em carbonato de cálcio

Na expressão do cálcio em carbonato de cálcio aplica-se a seguinte fórmula de conversão:

CaCO 3 (mg/l) =

Equação 12: transformação de cálcio em carbonato de cálcio

Onde, V1 é o volume da solução titulante de EDTA gasta na determinação do cálcio

V é o volume da toma amostra na determinação do cálcio.

97
Determinação de magnésio

Para a determinação dos iões magnésio na água usa-se o método de cálculo baseado nos
resultados da dureza total e cálcio.

Fórmula: Mg2+ = (A – B) 0,244

Equação 13: método de cálculo para a determinação dos iões magnésio na água.

Onde, A – representa a concentração da dureza total em mg/l de CaCO 3 .

B – representa a concentração de cálcio em mg/l de CaCO 3 .

Determinação de cloreto

O método usado nesta análise é o método de Mohr, que consiste em dosear o ião cloreto numa
solução neutra ou fracamente alcalina através de uma solução de AgNO 3 , utilizando cromato
de potássio como indicador do ponto final da determinação, com este método o cloreto
precipita quantitativamente como cloreto de prata de cor branca antes da formação do cromato
de prata de cor vermelho tijolo.

Procedimentos

1. Os procedimentos que foram necessários para a realização da análise são:


2. Foi medido 100 ml da água destilada para um becker de 250 ml (branco);
3. Foram medidos 100 ml de cada amostra para backers de 250 ml;
4. Para cada becker foram adicionados 1 ml do indicador cromato de potássio;
5. Depois titulou-se o branco com a solução de AgNO 3 até a mudança da cor amarela a
vermelho tijolo e anotou-se o volume gasto na titulação;
6. Titulou-se cada amostra ate a mudança de cor, de amarelo para vermelho tijolo e
anotou-se o volume gasto.

Expressão do resultado

A concentração do ião cloreto na agua expressa-se em mg/l de Cl-

( – )
Fórmula: Cl- (mg/l) =

98
Equação 14: determinação da concentração do ião cloreto na água.

Onde, A - representa o volume da solução titulante gasto na titulação da amostra.

B – representa o volume da solução titulante gasto na titulação do branco.

N é a normalidade titulante.

V é o volume da amostra.

Teste de DBO

Procedimentos

1. Cada amostra foi colocada numa proveta de 250 ml, depois colocada no frasco;
2. Adicionou-se 3 cristais de hidróxido de sódio;
3. Acertou-se o aparelho no ponto até o ponto inicial, as amostras foram deixadas no
fricotermostato por um período de 5 dias, que é o tempo necessário para ter os
resultados.

Parâmetros microbiológicos

Nos parâmetros microbiológicos determinou-se os coliformes fecais, o método usado nesta


análise é o método da membrana filtrante. Que consiste em filtrar 100 ml de amostra num
sistema filtrante a uma temperatura de 44º C durante 24 horas.

Procedimentos

1. Os procedimentos seguidos nesta análise são:


2. Mediu-se 100 ml em cada amostra;
3. Depois de ter-se medido as amostras foram colocadas numa membrana filtrante;
4. Depois as amostras foram colocadas a secar num banho-maria a 44º C durante 24
horas.

Expressão de resultado

O resultado é expresso usando a equação abaixo.

99
NTCF/100 ml =

Equação 15: Expressão dos resultados nos coliformes fecais.

Onde: NTCF é o número total de colónias filtradas

NCc é o número de colónias contadas

AF é amostra filtrada

100
ANEXOS

Anexo A: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água usado em Moçambique.


Tabela 16: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água destinada ao consumo humano e seus riscos a
saúde pública.

Limite
Parâmetro Unidades Riscos para a saúde pública
admissível
Amoníaco 1,5 mg/l Sabor e cheiro desagradável
Alumínio 0,2 mg/l Afecta o sistema locomotor e causa anemia
Arsénio 0,01 mg/l Cancro da pele

Antimónio 0,005 mg/l Cancro no sangue


Bário 0,7 mg/l Vasoconstrição e doenças cardiovasculares
Boro 0,3 mg/l Gastroenterites e eritremas
Cádmio 0,003 mg/l Vasoconstrição urinária
Cálcio 50 mg/l Aumenta a dureza da água
Chumbo 0,01 mg/l Intoxicação aguda
Cianeto 0,07 mg/l Bócio e paralisia
Cloretos 250 mg/l Sabor desagradável e corrosão
Cloro residual 0,2 – 0,5 mg/l Sabor e cheiro desagradável
Cobre 1,0 mg/l Irritação intestinal
Crómio 0,05 mg/l Gastroenterites, hemorragias e convulsões
Dureza total 500 mg/l Depósitos, corrosão e espuma
Fósforo 0,1 mg/l Aumenta a proliferação dos microrganismos
Ferro total 0,3 mg/l Necrose hemorrágica
Fluoreto 1,5 mg/l Afecta o tecido esquelético
Matéria orgânica 2,5 mg/l Aumenta a proliferação dos microrganismos
Magnésio 50 mg/l Sabor desagradável
Manganês 0,1 mg/l Anemia, afecta o sistema nervoso
Mercúrio 0,001 mg/l Distúrbios renais e neurológicos
Molibdénio 0,07 mg/l Distúrbios urinários

101
Nitrito 3,0 mg/l Reduz o oxigénio no sangue
Nitrato 50 mg/l Reduz o oxigénio no sangue
Níquel 0,02 mg/l Eczemas e intoxicação
Sódio 200 mg/l Sabor desagradável
Sulfato 250 mg/l Sabor e corrosão
Selénio 0,01 mg/l Doenças cardiovasculares
Sólidos totais 1000 mg/l Sabor desagradável
dissolvidos
Zinco 3,0 mg/l Aparência e sabor desagradável
Pesticidas totais 0,0005 mg/l Intoxicação e distúrbios de varia ordem
Hidrocarbonetos 0,0001 mg/l Sabor desagradável, intoxicação e distúrbios de varia
aromáticos ordem
policlínicos
Cor 15 TCU Aparência
Cheiro Inodoro Sabor
Condutividade 50-2000
eléctrica
pH 6,5-8,5 Sabor, corrosão, irritação da pele
Sabor Insípido
Sólidos totais 1000 mg/l Sabor, corrosão
Turvação 5 NTU Aparência, dificulta a desinfecção
Coliformes fecais Ausente NC/100 Doenças gastrointestinais
ml
Fonte: BR (2004).

102
Anexo B: Resultados de análises químicas de amostras de solo

Faculdade de Ciências

Departamento de Química

Exmo. Senhores
Da Universidade da Uni-L urio - Faculdade de Engenharias

MAPUTO

ASSUNT O:
Envio de resultados de analises químicas

Sobre o assunto em epigrafe, o Departamento de Quimica envia a


V.Excia os resultados de analises quimicas de Amostras (area da
praia e argila)

(FRX ).

Corn os melhores cumprim entos

103
usando o equipamento de fluorescencia de raios-X

Av. Julius Nyerere, no 3453, Campus P rincipal,C. Postal 257, Tel.: (+258) 21 493377, Fax.:
(+258) 21 493377, 104

Maputo — Moçambique
A tabela que se segue apresenta os valores das concentrações de elementos químicos presentes nas
amostras de solo e argila, obtidas através de varrimento de fluoresc8ncia de raios-X (EDXR F)
numa analise semi-quantitativa. As amostras foram pulverizadas corn o moinho de bolas antes da
analise EDXRF. A concentração elementar é expressa em percentagem de suas abundâncias
relativas.

Ordem Elementos Analise elementar EDXRF


(valores em %)
Argila Solo
1 Si 45.724 39.926
2 Fe 26.553 36.070
3 Ca 9.806 11.577
4 Al 8.473 n.d.
5 5.787 8.247
6 Ti 1.691 1.938
7 0.848 n.d.
8 Mn 0.420 0.807
9 Sr 0.236 0.601
10 Zr 0.114 0.316
11 Cu 0.111 0.213
12 V 0.103 0.127
13 Zn 0.053 0.057
14 Cr 0.042 0.068
15 Ir 0.024 0.034
16 Pb 0.010 0.020
17 Br 0.004 n.d.
n.d. = nao detectado

7. • . I-1
11

74'

105

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