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Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto n. 44-A/01 de 6 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências e Tecnologias

PROJECTO DE REFINAÇÃO
REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO ATMOSFÉRICO
PARA OBTENÇÃO DE MAIS DERIVADOS NA REFINARIA
DE LUANDA

Autor: Josemar Domingos Sebastião


Licenciatura: Engenharia de Petróleo
Opção: Refinação
Orientador: Eng: Pedro André

Viana, Junho de 2021

i
Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto n. 44-A/01 de 6 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências e Tecnologias

PROJECTO DE REFINAÇÃO
REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO ATMOSFÉRICO
PARA OBTENÇÃO DE MAIS DERIVADOS NA REFINARIA
DE LUANDA

Autor: Josemar Domingos Sebastião


Licenciatura: Engenharia de Petróleo
Opção: Refinação

ii
EPÍGRAFE

Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes.

Bob Marley

DEDICATÓRIA
iii
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pelo que tem feito em minha vida, pois
graças a ele tenho recebido grandes bênçãos e saúde boa para dar e receber, aos meus
queridos Pais, irmãos e irmãs que me têm dado força e aos meus colegas e amigos.

iv
AGRADECIMENTO

Antes de mais eu agradeço a Deus todo poderoso por ser o nosso guia e mentor
durante a vida toda, graças a ele hoje tenho saúde e força de vontade para seguir atrás dos
meus sonhos e capacidade para erguer este trabalho árduo.

Também expressar a minha gratidão aos meus Pais, são eles a principal razão desta
luta para concluir o ensino superior, porque é deles vem a sustentabilidade do mesmo, apoio
moral e muitos mais, agradecer também os meus irmãos e irmãs pela força e confiança
depositada em mim, pois eles/as têm sido minha motivação.

Ao orientador, Professor, Eng: Pedro André pela disponibilidade e nos transmitir seus
conhecimentos ao longo deste percurso.

v
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos da
Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular do Regulamento de
Elaboração do Trabalho de Fim de Curso. O trabalho é original exceto onde indicado por
referência especial no texto. Quaisquer visões expressas são as do autor e não representam de
modo algum quaisquer visões da UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em parte, não foi
apresentado para avaliação noutras instituições de ensino superior nacionais ou estrangeiras.
Mais informo que a norma seguida para a elaboração do trabalho é a Norma APA.

Assinatura: _______________________________________________________________

Data: _____/_____/_________

vi
ABREVIATURAS, SIGLAS OU SÍMBOLOS

N – Sódio

O – Oxigénio

S – Enxofre

% - Percentagem
HC - Hidrocarbonetos
m3 – Metros cúbicos
ISO – International Organization for standardization
ASTM – American Society for Testing and Materials

QAV – Querosene de Aviação

GLP – Gás liquefeito de petróleo

RAT – Resíduo atmosférico

FCC – craqueamento catalítico

REDUC – Refinaria Duque de Caxias

NACE – National Association Corrosion Engineers

DNA – ácido desoxirribonucleico

PCB’s – polychlorinated biphenyls

DDT – diclorodifeniltricloroetano

mmHg – milímetro de mercúrio

ODES – Óleo desasfaltado

DAS – Desasfaltação por solvente

RESUMO
vii
Diferentes etapas do refino do petróleo resultam na geração de resíduos oleosos que
possuem em sua composição substâncias que imprimem periculosidade aos mesmos, que,
caso venham a contaminar o solo, podem impactar a biota da área, atingir os lençóis freáticos,
rios e lagos da região, agredindo diretamente ou indiretamente a saúde humana e gerando
custos ambientais, sociais e monetários muito altos. O objetivo do presente trabalho foi
avaliar a possibilidade do reaproveitamento dos resíduos atmosféricos gerados na atividade da
refinaria de Luanda, descrevendo processos que possivelmente beneficiariam a mesma
gerando mais derivados, caracterizando a geração dos mesmos em cada etapa do refino e
avaliando técnicas de tratamento e de destinação final.

Palavras-chave: Resíduo atmosférico, refino do petróleo, reaproveitamento.

viii
ABSTRAT

Different stages of oil refining result in the generation of oily residues that have
substances in their composition that make them dangerous, which, if they contaminate the
soil, can impact the area's biota, reaching the water tables, rivers and lakes in the region,
directly or indirectly harming human health and generating very high environmental, social
and monetary costs. The objective of this work was to evaluate the reuse of atmospheric waste
generated in the Luanda refinery activity, describing processes that would possibly benefit the
refinery by generating more derivatives, characterizing their generation at each stage of
refining and evaluating treatment and final disposal techniques .

Keywords: Atmospheric waste, petroleum refining, reuse.

ÍNDICE GERAL
ix
ABSTRAT..............................................................................................................ix

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA...........................................................................2

OBJECTIVOS DO ESTUDO......................................................................................2
OBJECTIVO GERAL.............................................................................................................2
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................................2

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO...................................................................................3
DELIMITAÇÃO DE ESTUDO..............................................................................................3
DEFINIÇÕES DE CONCEITOS............................................................................................3

1.1 GENERALIDADE...............................................................................................6
1.1.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PETRÓLEO BRUTO.........................................6

1.2. O REFINO DE PETRÓLEO.................................................................................8

1.3. ASPECTOS GERAIS DOS RESÍDUOS ATMOSFÉRICO (RAT)..............................9

1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS......................................................9

1.4.1. RESÍDUOS CLASSE I – PERIGOSOS..............................................................10

1.5. RESÍDUOS GERADOS EM REFINARIAS..........................................................12

1.6. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS EM REFINARIA............................13

1.7. CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS........................................14

1.8. RESÍDUOS PERIGOSOS E SEUS EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE HUMANA........15

2.1. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO........................................................................17

2.2. HIPÓTESES.....................................................................................................17

2.3. VARIÁVEIS....................................................................................................17
2.3.1 VARIÁVEIS INDEPENDENTES...............................................................................17
2.3.2 VARIÁVEIS DEPENDENTES...................................................................................17

2.4. OBJECTO DE ESTUDO....................................................................................17

2.5 INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO..............................................................17

3.1. MEMÓRIA DESCRITIVA.................................................................................20

3.2. PRODUÇÃO DE RESÍDUOS ATMOSFÉRICO NA REFINARIA DE LUANDA......21

3.2.1. OPÇÕES DE MELHORIA………………………………………………...22


x
3.2.2. PROCESSOS NÃO CATALÍTICOS DE MELHORIA DOS
RESÍDUOS…………..23
3.5. RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................24

3.5.1. OS TIPOS DE TÉCNICAS APLICÁVEIS.................................................................24


3.5.2. VANTAGENS............................................................................................................24
3.5.3. DESVANTAGENS.....................................................................................................24

3.6. PROPOSTA DE SOLUÇÃO...............................................................................25

CONCLUSÃO........................................................................................................26

RECOMENDAÇÕES..............................................................................................27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................28

ÍNDICE DE TABELAS
xi
Tabela 3.3.1. Classificação dos processos de melhoria dos resíduos (Rana et al., 2007) ……….22

xii
INTRODUÇÃO

A demanda por produtos de petróleo de alto valor tais como destilados médios,
gasolina e óleo lubrificante está aumentando, ao passo que a demanda por produtos de baixo
valor, tais como o óleo combustível e os produtos baseados em resíduos está diminuindo. Por
outro lado, a tendência mundial para o fornecimento de óleo cru indica um aumento contínuo
na produção de cru pesado, e o aumento do rendimento dos resíduos na destilação é
acompanhado do aumento de seu teor de enxofre. Além disso, as refinarias em todo o mundo
estão enfrentando problemas econômicos e ambientais. Para resolver o problema econômico,
é necessário produzir destilados adicionais, melhorando o resíduo, visto que o passo de
melhoria gera resíduos finais, tais como betume por viscorredução, coque por coqueamento
retardado e asfalto por desasfaltação, os quais podem ser convertidos para produtos
utilizáveis, com o hidrogênio, vapor, amônia e produtos químicos, ou podem ser utilizados
assim como estão.

A necessidade de converter o fundo do barril em produtos líquidos mais limpos e mais


valiosos está aumentando continuamente. O resíduo representa uma parte significativa do
barril de cru, e seu tratamento para descarte ainda não atingiu a marca; além disso, ele deve
ser convertido em produtos mais valiosos, tais como a gasolina e o diesel.

A economia do processo de conversão de resíduos é fortemente afetada pela


quantidade de subprodutos de baixo valor produzidos e pela quantidade de exigências na
entrada do hidrogênio. Existem dois tipos de resíduos, dependendo da fonte: resíduo
atmosférico (RAT > 343 °C) da torre de destilação atmosférica e resíduo de vácuo (RV > 565
°C) da torre de vácuo obtida a 25-100 mmHg.

É de salientar que este trabalho está constituído pelos seguintes capítulos:

 Capítulo I: O primeiro capítulo deste projeto relaciona algumas das principais


características físico-químicas de correntes de petróleo. Trata-se de um ponto de
partida essencial para o presente trabalho. É onde abordar sobre conceitos teóricos,
técnicos, científicos aplicáveis ao projeto;

 Capítulo II: O capítulo II trás uma abordagem mais detalhada sobre as opções
metodológicas do estudo;

1
 Capítulo III: Neste capítulo o foco principal será a área de estudo para execução do
projeto.

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Conhecer o modo de funcionamento dos processos necessários para reaproveitar e


melhorar do resíduo atmosférico, visto que ele (Resíduo) representa uma % elevada no fundo
do barril, e é normalmente composto por muitas impurezas tais como: arsênio, chumbo,
mercúrio e enxofre, impurezas estas que se expostas ao meio ambiente causam danos graves.

Melhorar o aproveitamento energético do resíduo como matéria-prima, a partir de outros


processos de alto potencial, e consequentemente extrair mais derivados médios e leves, para
aumentar a capacidade de produção diária na refinaria de Luanda.

Os problemas em causa a serem estudados estão relacionados com a seguinte


questão de investigação:

Quais vantagens a refinaria de luanda teria se reaproveitasse e melhorasse o resíduo


atmosférico para obter mais derivados?

OBJECTIVOS DO ESTUDO
OBJECTIVO GERAL

 Reaproveitar e melhorar o resíduo atmosférico para obter mais derivados na


Refinaria de Luanda

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar taxativamente a composição dos resíduos atmosféricos produzidos na


refinaria de Lunda para posterior obtenção de mais derivados
 Identificar os processos eficientes para o processamento do resíduo
atmosféricos na refinaria de Luanda

2
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Analisar as possíveis vantagens e desvantagens do uso adequado do resíduo


atmosférico, isso, em termos de reaproveitamento e melhoria, e consequentemente melhor
valorização do mesmo, pois é sabido que, a Refinaria de Luanda descarta na sua maioria
resíduo atmosférico, muito por conta da falta de processos necessários para seguir com o
processamento e obter mais derivados valiosos

DELIMITAÇÃO DE ESTUDO

O tema presente foi delimitado apenas ao reaproveitamento e melhoria dos


resíduos atmosférico produzidos na Refinaria de Luanda sendo este, uma carga, não muito
bem aproveitada e com inúmeras frações importantes e valiosas.

DEFINIÇÕES DE CONCEITOS

 Petróleo

«Uma mistura de ocorrência natural, consistindo de hidrocarbonetos e derivados orgânicos


sulfurados, nitrogenados e oxigenados, que é ou pode ser removida da terra no estado líquido. Está
acompanhado por quantidades variáveis de substâncias estranhas como água, matéria inorgânica e
gases».

(ALEXANDRE- Fundamentos-do-refino-de-petroleo, p. 19)

 Destilação

«É uma operação que permite a separação de misturas de líquidos em seus componentes


puros ou próximos da pureza, por meio de evaporação e condensação dos componentes em questão.
Na destilação, portanto, pode-se afirmar que o agente de separação é o calor, pois o vapor formado
tem composição diferente da mistura original»

3
(PETROBRAS, 2002, p. 9)

 Refino de petróleo

«Um conjunto de processos físicos e químicos que objetivam a transformação


dessa matéria-prima em derivados. Ele começa pela destilação atmosférica, que consiste no
fracionamento do óleo cru a ser processado em toda e qualquer refinaria. Tal operação é
realizada em colunas de fracionamento, de dimensões variadas, que possuem vários estágios de
separação, um para cada fração desejada».

(CUNHA, et al.,2009, p.31)

 Resíduos

«É todo resto ou sobra que se apresenta em qualquer estado físico, a não ser o gasoso, e
não pode ser tratado de maneira convencional, não é mais desejado, sendo assim, considerado
descartável».
(ABNT NBR 11.174,2013, p.2)

 Reaproveitamento

«O Reaproveitamento consiste simplesmente na reutilização de resíduos com a


mesma finalidade que o gerou ou alguma outra finalidade de nulo impacto ambiental.
O reaproveitamento torna-se uma excelente ferramenta de gestão a partir do momento
que a reutilização do material torna-se viável tanto ambientalmente quanto
economicamente»

(CARLOS, 2019, pag 101)

4
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO/CIENTÍFICA

5
1.1 GENERALIDADE

1.1.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PETRÓLEO BRUTO

A caracterização mais sumária do óleo bruto pode ser dada pela equação qualitativa
abaixo:

ÓLEO BRUTO = MISTURA DE HIDROCARBONETOS + IMPUREZAS (oleofílicas e


oleofóbicas)

Traduzindo esta fórmula qualitativa, conforme a American Society for Testing and
Materials (ASTM), temos que o óleo bruto pode ser definido como:

“uma mistura de ocorrência natural, consistindo de hidrocarbonetos e derivados orgânicos


sulfurados, nitrogenados e oxigenados, que é ou pode ser removida da terra no estado líquido. Está
acompanhado por quantidades variáveis de substâncias estranhas como água, matéria inorgânica e
gases...”

Ainda de forma simplificada, podemos definir o óleo bruto como uma substância
oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cor variando entre negro e castanho-claro.
Os óleos obtidos de diferentes reservatórios de petróleo possuem características diferentes,
conforme cor, viscosidade, densidade, acidez, teor de enxofre, etc. Contudo, a corrente que
será formada a partir de um ou mais campos produtores de petróleo deve ter uma faixa de
especificação bem definida para a refinaria de petróleo: é a corrente que é a transacionada no
mercado de crus.

Logo, os principais constituintes do óleo são hidrocarbonetos, que são compostos


orgânicos formados por carbono e hidrogênio.

Hidrocarbonetos

PARAFÍNICOS (CNH2N+2)
6
NAFTÊNICOS (CNH2N)

AROMÁTICOS

OLEFINAS

No cru, quase não há hidrocarbonetos insaturados (olefinas). Os hidrocarbonetos


insaturados, por exemplo, os alcenos ((CNH2N)), que possuem ligações duplas entre os átomos
de carbono, são extremamente reativos: embora sejam metabolizados em grande quantidade
na natureza, dificilmente se preservam. Todos os óleos brutos contêm substancialmente os
mesmos hidrocarbonetos, em diferentes quantidades, contudo. A quantidade relativa de cada
grupo de hidrocarboneto varia muito de petróleo a petróleo, afetando as suas propriedades
físico-químicas.

Os principais grupos componentes dos óleos são hidrocarbonetos saturados (parafinas,


isoparafinas, naftenos), aromáticos, as resinas e os asfaltenos. No óleo, são encontradas
parafinas com 1 a 45 átomos de carbono. As parafinas normais representam, tipicamente, 15 a
20 % do óleo, variando, contudo, entre 3 e 35 % – do latim parafine, que significa pequena
atividade (as parafinas são menos reativas do que os outros hidrocarbonetos, normalmente).
Os outros constituintes ocorrem, normalmente, na forma de compostos orgânicos que contêm
outros elementos, que chamarem os a partir de agora como heteroátomos (N, O, S). Há ainda
metais e sais de ácidos orgânicos. Dependendo da proporção de compostos hidrocarbonetos
na sua composição, o óleo se mostra mais adequado para a produção de um ou outro derivado
(ou produto final de uma refinaria). Assim, este é um ponto crucial para formação da carga de
entrada de uma refinaria, conforme o seu mercado focal. Por exemplo, uma refinaria, como a
REDUC (localizada no município de Duque de Caxias no Rio de Janeiro),3 que produz
lubrificantes para todo o mercado nacional, importa o Árabe Leve, que é um óleo parafínico

(Alexandre, 2009, p 19)

7
1.2. O REFINO DE PETRÓLEO

O refino de petróleo tem uma função importante em nossas vidas, uma vez que a
maioria dos meios de transporte é movida por derivados, tais como gasolina, diesel, querosene
de aviação (QAV) e óleo combustível. O recente aumento do preço do petróleo bruto durante
os últimos dois anos afeta a indústria do refino de três maneiras:

1) temos um aumento na busca de produtos de combustível de fontes não fósseis, tais


como biodiesel e álcool de fontes vegetais;

2) temos o desenvolvimento de melhores métodos para o processamento de xisto


betuminoso, gaseificação de carvão e síntese de combustíveis pela tecnologia de Fischer–
Tropsch (FT);

3) o início de planos de longo prazo para buscar fontes de energia renovável.


Entretanto, o óleo cru ainda é uma fonte barata de combustível para o transporte e derivados
petroquímicos.

Por outro lado, os regulamentos ambientais mais rigorosos aumentam o custo de


produção de combustíveis limpos, fato que motiva a busca pela produção de combustíveis
limpos por meio de métodos não convencionais, tais como a dessulfurização com oxidantes
líquidos. Além desses, a alquilação de olefinas e Fischer Tropsch também são métodos
possíveis de produção de combustíveis limpos, sem contar que novas tecnologias e melhores
projetos para os equipamentos de refino também estão sendo desenvolvidos para produzir
combustíveis mais limpos e mais baratos. Na refinaria moderna, os processos de refino são
classificados em separação física ou conversão química.

(Mohammed, 2009, pag.20)

8
1.3. ASPECTOS GERAIS DOS RESÍDUOS ATMOSFÉRICO (RAT)

O petróleo, proveniente dos tanques de armazenamento, é pré-aquecido e introduzido


numa torre de destilação atmosférica. Os derivados deste fracionamento são, principalmente,
gás, GLP, nafta, gasolina, querosene, e o óleo diesel, restando um resíduo denominado
resíduo atmosférico (RAT). O RAT pode, ainda, ser submetido a uma destilação a vácuo ou
ser encaminhado para a unidade de craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC). Nesta
unidade além da geração de produto leve ocorre a formação de um resíduo carbonáceo
(coque) que se deposita sobre o catalisador acarretando a desativação do mesmo.

«Segundo Mariano o descarte indevido, isto é, sem tratamento adequado desses resíduos
sólidos industriais, pode causar diversos problemas ao meio ambiente, tais como: aspecto estético
desagradável e desfiguração das paisagens, produção de maus odores, poluição da água, liberação
de gases tóxicos e poluição do ar.».

(NBR 10004, 2004, p.3)

1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

«A classificação é realizada de acordo com a ABNT NBR 10004, onde os


resíduos perigosos são classificados como resíduos classe I e os resíduos não perigosos
são classificados como classe II, esses são subdivididos em classe II A, que são os
resíduos não inertes e classe II B, que são os resíduos inertes. As características que se
fala são: Inflamabilidade, corrosividade, reatividade, patogenicidade e toxicidade ».

(NBR 10004,2004, p.3)

9
1.4.1. RESÍDUOS CLASSE I – PERIGOSOS

Os resíduos considerados perigosos são aqueles que têm características que podem
colocar em risco as pessoas que os manipulam ou que tem contato com o resíduo perigoso.

Para um resíduo ser considerado perigoso, esses devem apresentar pelo menos uma
das características a seguir: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, reatividade e/ou
patogenicidade.

 Inflamabilidade
Segundo a NBR 10004 um resíduo sólido é caracterizado como inflamável se uma
amostra representativa dele, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades:

«Ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60ºC, excetuando-se as soluções


aquosas com menos de 24% de álcool em volume; Não ser líquida e ser capaz de, sob
condições de temperatura e pressão de 25 ºC e 1 atm, produzir fogo por fricção,
absorção de umidade ou por alterações químicas espontâneas e, quando inflamada,
queimar vigorosa e persistentemente, dificultando a extinção do fogo. Ser um oxidante
definido como substância que pode liberar oxigênio e, como resultado, estimular a
combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro material; Ser um gás comprimido
inflamável, conforme a Legislação Federal sobre transporte de produtos perigosos».

(BIRD 2006, p.531)

 Corrosividade
«Resíduos corrosivos são aqueles demasiados ácidos ou básicos capazes de
corroer ou dissolver metais, tecidos e outros materiais. A EPA utiliza dois critérios
distintos para identificar e definir os resíduos perigosos corrosivos. O primeiro é o teste
de pH, onde resíduos aquosos com pH maior ou igual a 12,5, ou menor ou igual a 2,0
são considerados corrosivos. O segundo critério de identificação é a capacidade de um
determinado resíduo corroer um tipo de aço já especificado pela EPA».

(BIRD, 2006, p.531)

10
 Reatividade

«Um resíduo é caracterizado como reativo (código de identificação D003) se uma


amostra representativa dele obtida segundo a NBR 10007 – Amostragem de resíduos,
apresentar uma das seguintes propriedades»

 Ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem


detonar;
 Reagir violentamente com água;
 Formar misturas potencialmente explosivas com água;
 Gerar gases, vapores e fumos óxidos em quantidades suficientes para
produzir danos à saúde ou ao meio ambiente, quando misturados com a
água;
 Possuir em sua constituição ânions, cianeto ou sulfeto, que possa, por
reação, liberar gases, vapores ou fumos tóxicos em quantidades
suficientes para pôr em risco a saúde humana ou o meio ambiente;
 Ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob ação de forte
estímulo, ação catalítica ou da temperatura em ambientes confinados;
 Ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante
ou explosiva a 25ºC e 0,1 Mpa (1 atm);
 Ser explosivo, definido como substância fabricada para produzir um
resultado prático, através de explosão ou de efeito pirotécnico, esteja ou
não esta substância contida em dispositivo preparado para este fim.

(BIRD, 2006, p. 531)

Um resíduo é caracterizado como patogênico (código de identificação D 0004) se


uma amostra representativa, dele obtida segundo (NBR 1007) – Amostragem de resíduos
contiver microrganismos, ou se suas toxinas forem capazes de produzir doenças.
11
Não se incluem neste item os resíduos sólidos domiciliares e aqueles gerados nas
estações de tratamentos de esgotos domésticos

 Toxicidade

«A toxicidade pode ser definida como a característica química de uma


dada substância capaz de causar algum efeito nocivo quando há interação da
mesma com um organismo vivo qualquer. Resíduos tóxicos são aqueles que,
quando ingeridos ou absorvidos, tornam-se prejudiciais à saúde humana».

(RITTER, 2007, p.6)

Deve-se fazer uma classificação dos resíduos que se produzem para


posteriormente fazer as análises dos métodos de transporte, armazenamento e tratamento mais
eficaz em termos ambientais e financeiros.

1.5. RESÍDUOS GERADOS EM REFINARIAS

“A lama dos separadores de água e óleo, a lama dos flotadores ar, os sedimentos do fundo
dos tanques de armazenamento do petróleo cru e derivados, as borras oleosas, as argilas de
tratamento, as lamas biológicas, além de sólidos emulsionados em óleo”.

(Mariano, 2001, p. 125),

Estes resíduos podem variar significativamente quanto as suas características físico-


quimicas, toxicas e seu efetivo potencial poluidor. O potencial poluidor destes resíduos, esta
relacionado ao tipo de petróleo processado na refinaria, aos derivados produzidos e aos
processos que geraram os mesmos. Devido às características suas perigosas, a disposição
inadequada destes resíduos pode desencadear uma sequência de problemas ambientais, além
da migração dos componentes perigosos através do solo e água subterrânea, tais como, aspeto
estético desagradável; maus odores; liberação de gases tóxicos e poluição do ar. Estes
resíduos podem ainda causar alterações nas características químicas do solo agredindo fauna e
flora da região do impacto, bem como restringir o uso agrícola do solo e afetar as fundações
das construções existentes na região

(MARIANO, 2005, p.148 e 151).


12
Para evitar ou mitigar os problemas ambientais associados às características
potencialmente perigosas dos resíduos sólidos das refinarias de petróleo, deve-se estudar o
tratamento e a destinação final adequada para cada tipo de resíduo. As características físico-
químicas e as concentrações de poluentes podem variar bastante de resíduo para resíduo,
podendo assim inviabilizar o tratamento e a destinação final conjunta dos mesmos, mesmo
que estas diferenças sejam muito sutis.

Outros fatores problemáticos para as refinarias na gestão destes resíduos são as


legislações ambientais e a verba alocada para o tratamento e a destinação final dos resíduos.
Em geral, como as empresas trabalham com foco nos orçamentos, gerir estes resíduos é
considerado dispendioso e não traz retorno financeiro, por isso, por muitas vezes, a adoção de
estratégias de destinação é influenciada por questões financeiras, bem como pela legislação
vigente, que atualmente tende a ser rígida mas sem a presença de um sistema de fiscalização
eficaz, sendo estes fatores determinantes para a adoção do tipo de tratamento e destinação
final a ser dada ao resíduo.

1.6. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS EM REFINARIA

Para a Environmental Protection Agency (EPA), tratamento de um resíduo perigoso


compreende

“qualquer método, técnica ou processo que provoque mudanças de caráter físico ou biológico
da composição desse resíduo, transformando-o em resíduo não perigoso, seguro para o transporte,
adequado para reutilização, armazenamento, ou que lhe reduza o volume”.

(MARIANO, 2001, p. 153).

O tratamento destes resíduos pode ocorrer de quatro formas distintas;

1. Através da conversão dos constituintes agressivos presentes nos resíduos em


formas menos perigosas ou solúveis;

2. Através da destruição química dos produtos indesejáveis;

3. Através da separação, dos constituintes perigosos, com a conseqüente redução do


volume a ser disposto;

13
4. Através da alteração da estrutura química de determinados produtos, tornando
mais fácil a sua assimilação ambiental.

Tais processos podem ocorrer por métodos físicos, térmicos, químicos ou biológicos.
Com relação à destinação final, a alternativa mais empregada em nosso 26 país é o envio dos
resíduos, muitas vezes a te sem tratamento, para os aterros industriais.

(Mariano 2001, p. 153)

1.7. CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS

Um dos conceitos principais acerca da identificação de resíduos industriais é a sua


capacidade intrínseca de liberação de poluentes. Esta capacidade esta diretamente relacionada
ás características físicas do resíduo, que determinarão a sua forma de migração pelo meio
ambiente.

Geralmente os poluentes nas fases líquida ou gasosa tendem a impactar mais o meio
ambiente do que os poluentes sólidos, as lamas e as pastas. Este fato é devido a maior
facilidade de movimentar-se pelo ambiente, ou seja, dependendo das características físico-
químicas do meio e dos poluentes, estes podem ser transportados com maior facilidade para
outras áreas.

A NBR 10004 também cita em sua definição de resíduos sólidos aqueles no estado
semi-sólido, por isso se faz necessário analisar de forma mais detalhada os resíduos
industriais sólidos, pastosos e as lamas, típicos das refinarias de petróleo. Muitas destas lamas
podem conter metais, metais pesados e outros elementos em suspensão ou misturados nas
fases líquidas e sólidas, esta gama de componentes de características físico-químicas
diferentes, dificulta o tratamento e a disposição final destes resíduos.

14
1.8. RESÍDUOS PERIGOSOS E SEUS EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE HUMANA

Substâncias com características químicas tóxicas causam diversos tipos de danos


temporários, permanentes ou até mesmo levar à morte organismos que interagem de alguma
forma com elas. De acordo com Existem três tipos principais de agentes potencialmente
tóxicos, os mutagênicos, teratogênicos e os cancerígenos.

(Miller, 2007, p. 383)

Os mutagênicos são aqueles que alteram a freqüência de mutações ou as moléculas de


DNA dos organismos. Já os teratogênicos, são aqueles que causam danos diretos à saúde ou
defeitos congênitos em fetos. Os cancerígenos são aqueles que causam uma multiplicação
excessiva de células, podendo gerar tumores.

Com relação às substâncias químicas perigosas, estas podem causar danos à saúde dos
seres humanos ou de outras espécies por possuir características inflamáveis, explosivas,
corrosivas ou patogências podendo causar irritações na pele e pulmão, interferir na absorção
de oxigênio ou deflagrar reações alérgicas.

As reações nocivas provenientes da inalação, ingestão ou simples contato destas


substâncias com a espécie humana podem afetar diretamente os sistemas imunológico,
nervoso e endócrino. O sistema imunológico pode ser enfraquecido ao ficar em exposto a
substâncias perigosas como o arsênio e as dioxinas, deixando organismos mais vulneráveis a
vírus, protozoários, bactérias infeciosas e desencadear reações alérgicas por todo o corpo.

Algumas substâncias perigosas como as neurotoxinas naturais ou sintéticas, podem, de


acordo com as concentrações de exposição, paralisar temporariamente o sistema nervoso,
causar alterações comportamentais graves ou até mesmo levar a morte, devido ao fato de
inibirem, danificarem ou destruírem células nervosas, como exemplo de neurotoxinas temos
os PCB’s, o metilmercúrio, o chumbo e alguns pesticidas. O sistema endócrino é o
responsável pelo controle hormonal do corpo humano, controle este que ativa ou desativa
determinados sistemas. Algumas substâncias químicas como o DDT e os PCB’S inibem a
produção de hormônios 62 podendo alterar o desenvolvimento dos organismos, causar
distúrbios comportamentais, alterar a capacidade de aprendizagem e de reprodução.

15
CAPÍTULO II: METODOLÓGICAS DO ESTUDO

16
2.1. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO

Para elaboração do presente trabalho, usou-se como modo de investigação o


método quantitativo e quanto ao tipo de estudo usou-se o método descritivo.

2.2. HIPÓTESES
A partir dos processos alternativos possivelmente aplicados em resíduos
atmosféricos em outras Refinarias é possível se obter mais derivados.

2.3. VARIÁVEIS

2.3.1 VARIÁVEIS INDEPENDENTES


 Reaproveitamento dos resíduos atmosférico produzidos na Refinaria de Luanda

2.3.2 VARIÁVEIS DEPENDENTES


 Densidade;

 Volume;

 Viscosidade

 Melhoria dos resíduos.

 Proteção ambiental

2.4. OBJECTO DE ESTUDO


O objeto de estudo são os resíduos atmosféricos produzido na Refinaria de
Luanda, localizado no bairro da Petrangol, fundada em 1958.

2.5. INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO


Como instrumento de investigação foi usada principalmente bibliografias, foram
consultados livros, relatórios da Refinaria de Luanda (Sonangol) e revistas especializadas,
páginas da internet

2.6 PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO


17
Foi feita a recolha de dados na Refinaria de Luanda, sendo que, com esses dados
obtidos conseguiu-se avaliar o pouco aproveitamento energético do resíduo atmosférico
produzido na refinaria, pois pela falta de processos suficiente não é possível ainda fazer um
processamento completo do petróleo bruto, e verificou-se também o mecanismo para o
melhoramento do mesmo.

18
CAPÍTULO III: EXECUÇÃO DO PROJECTO

3.1. MEMÓRIA DESCRITIVA

19
A Refinaria de Luanda está localizada no Alto da Mulemba, estrada de Cacuaco,
província de Luanda, Angola, estando a 14 Km do Centro de Luanda e a cerca de 500 metros
do mar, numa área com 170 hectares.

Foi fundada no dia 3 de Maio de 1958 sob a denominação de Refinaria da Petrangol


“PETROFINA” com capacidade de 100.000 barris/dia. Desde então, esta sofreu várias
alterações em termos de designação social até finalmente passar para a Sonangol a 26 de
Julho de 2007. A Refinaria de Luanda dispõe de uma capacidade de armazenamento para
400.000 m3 onde para o petróleo bruto existem 6 reservatórios que equivalem a 170.365 m 3,
para produtos intermédios e acabados existem 38 reservatórios.

No total, dez unidades de processamento na refinaria

U 150, U 600, U 650: destilações atmosféricas;


U 200: Par-isom;
U 250: Nafta HDS;
U 300: Utilidades;
U 550:Recuperação de Gases;
U 700: Platforming;
U 850: Merox.
U 100: Destilação sob vácuo;

Figura 3.1: Vista Aérea da Refinaria de Luanda

Fonte: Refinaria de Luanda (2010)

3.2. PRODUÇÃO DE RESÍDUOS ATMOSFÉRICO NA REFINARIA DE LUANDA

20
Os resíduos atmosféricos na Refinaria de Luanda, são gerados durante os diversos
processos de refino, durante o processamento do petróleo, ou durante as diversas atividades
dos funcionários da mesma.

Após esta identificação, os resíduos têm sua periculosidade e características


físico-químicas estudadas, detalhadas e conhecidas. Com a análise destas informações, os
possíveis impactos do descarte inadequado destes resíduos no meio ambiente podem ser
parcialmente majorados.

A partir de então, podem ser avaliadas as melhores alternativas para estes


resíduos, seja o tratamento, a disposição final em aterros industriais, a reciclagem ou a
reutilização, ou uma combinação dos mesmos.

É importante lembrar que o objeto principal do reaproveitamento dos resíduos é a


proteção ao meio ambiente e a geração de mais derivados, daí a necessidade de rever e
otimizar os processos que geram e melhoram os resíduos atmosféricos.

A geração de resíduos nas refinarias tem origem, principalmente, nas etapas de


produção de derivados citadas anteriormente, porém, também há geração de um percentual
considerável durante o transporte do petróleo por entre planta industrial, durante o
funcionamento da estação de tratamento de efluentes e etc.

As características de periculosidade destes resíduos dependem do tipo de petróleo


utilizado, da tecnologia de refino adotada e do derivado que fora produzido (gasolina,
querosene, diesel e etc.)

3.2.1. OPÇÕES DE MELHORIA

21
As opções para refinadores processando resíduo de alto enxofre serão uma combinação
de esquemas de melhoria e utilização de subprodutos. As opções de melhoria dos resíduos são
relacionadas na Tabela 3.3.

Tabela 3.3.1. Classificação dos processos de melhoria dos resíduos (Rana et al.,
2007)

Processos não catalíticos Processos catalíticos

Desasfaltação por solvente Craqueamento catalítico de resíduo em


leito fluizado (RFCC)

Térmico Hidroprocessamento

Gaseificação Hidrotratamento em leito fixo

Coqueamento retardado Hidrocraqueamento em leito


fixo

Coqueamento fluido Hidrocraqueamento em leito de lama

Flexicoqueamento Hidrotratamento em leito ebuliente

Viscorredução Hidrocraqueamento em leito ebuliente


aquaconversão

3.2.2. PROCESSOS NÃO CATALÍTICOS DE MELHORIA DOS RESÍDUOS

Desasfaltação por solvente A desasfaltação por solvente (SDA) é um exclusivo


processo de separação no qual o resíduo é separado por peso molecular (massa específica) em
lugar de ponto de ebulição, produzindo um óleo desasfaltado (ODES) de baixo contaminante
22
que é rico em parafinas e tem a vantagem de ser um processo de custo relativamente baixo,
com flexibilidade para atender uma ampla faixa de qualidade de ODES. Como na destilação a
vácuo, existem restrições a respeito de quanto uma unidade SDA pode melhorar o resíduo ou
quanto ODES pode ser produzido: as especificações de qualidade do ODES exigidas pelas
unidades de conversão à jusante; e a estabilidade e qualidade final do óleo combustível
residual de alto enxofre. O bem comprovado processo SDA normalmente separa o resíduo de
vácuo da matéria-prima em uma corrente de ODES com teor relativamente baixo de
metal/carbono e uma corrente de resíduo asfáltico (RASF) pesado contendo a maioria dos
contaminantes.

Um solvente (tipicamente C3–C7) é usado e recuperado das duas correntes de


produto por meio de métodos de recuperação supercrítica, minimizando assim o consumo de
utilidades (Gillis, 1998). Durante o processo SDA, a carga é misturada com um solvente
parafínico leve, tal como o propano (propano-desasfaltação), e o óleo é solubilizado no
solvente. O betume insolúvel precipitará para fora da matéria prima misturada com o
asfalteno, e a separação da fase ODES e da fase RASF ocorre no extrator.

O extrator é projetado para separar eficientemente as duas fases e minimizar o


entranhamento de contaminantes na Fase ODES. Com composição e pressão constante do
solvente, uma temperatura mais baixa no extrator aumenta o rendimento de ODES e diminui a
qualidade.

A área líquido-líquido (L-L) é a condição comercial preferida na qual o solvente


dissolve uma parte do óleo, e esta resulta em duas fases prontas para separação. Embora um
aumento na quantidade de solvente não aumente o ODES, ele melhora o grau de separação
dos componentes individuais e resulta na recuperação de ODES de melhor qualidade.

O solvente recuperado sob baixa pressão do RASF e dos depuradores de ODES é


condensado e combinado com o solvente recuperado sob alta pressão do separador de ODES,
que é então reciclado de volta para oestágio inicial. O ODES normalmente é usado como
matéria-prima para FCC ou hidrocraqueador em virtude de seu baixo teor de metal (Ni e V).
A tecnologia SDA pode ser aplicada de muitas formas, permitindo ao refinador progredir para
uma produção de óleo combustível com resíduo zero com o tempo de forma programada.

23
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.3.1. OS TIPOS DE TÉCNICAS APLICÁVEIS

Em outras Refinarias existem vários processos que quando bem aplicados extraem
mais e melhor aproveitamento energético dos resíduos atmosférico. Processos estes que
podem ser, Coqueamento retardado, Viscorredução, Flexicoqueamento, Destilação a vácuo,
Hidrocraqueamento Catalítico.

3.3.2. VANTAGENS

As vantagens do reaproveitamento e melhoria do resíduo atmosférico englobam


desde a otimização, obtenção de mais derivados e consequentemente mais ganhos econômicos
para a refinaria de Luanda. Benefícios:

 Produção de mais derivado médios.

 Maior aproveitamento energético do Resíduo atmosférico.

3.3.3. DESVANTAGENS

 Altos custou para implementação dos processos;

 Elevados níveis de temperatura, aumentando a queima e consequentemente


produzindo mais quantidades de poluentes;

24
3.4. PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Após análise do resultado da execução do projeto e as discussões, chegou-se as


propostas seguintes:

 Implementar novas técnicas que atendem a reaproveitar o resíduo atmosférico,


gerando assim novos derivados.

 Criar processos que possibilitam o reaproveitamento energético adquado dos


resíduos atmosféricos.

25
CONCLUSÃO

Após a conclusão da presente pesquisa, acredita-se que foram atingidos os objetivos


intencionados no primeiro capítulo. Os resíduos perigosos gerados nas refinarias foram
identificados, caracterizados e classificados através de seus processos originários, ou seja,

através das diferentes unidades de refino. Para tal os processos de produção de derivados
foram descritos, tendo sido identificados àqueles que geram resíduos atmosféricos.

A gestão destes resíduos foi desenvolvida com base nos conceitos ambientais, éticos,
sociais, legais e normativos, destacando-se os conceitos de sustentabilidade e de “poluidor-
pagador” como aqueles que hoje mais influenciam nos modelos de gestão.

As técnicas de reaproveitamento e destinação final dos resíduos atmosféricos foram


apresentadas dentro da realidade da Refinaria de Luanda, tendo sido analisadas suas principais
vantagens e desvantagens para o modelo de gestão proposto. Acredita-se que a presente
pesquisa esteja de acordo com as atuais necessidades técnicas e teóricas relativas ao
gerenciamento de resíduos, constituindo-se como uma fonte de consulta de informações
acerca do tema em nosso país.

O refino do petróleo e a produção de derivados são grandes fontes poluição, porém,


seu potencial poluidor pode ser considerado menor do que a distribuição e o consumo de seus
produtos.

26
RECOMENDAÇÕES

Recomendo a Refinaria de Luanda que apliquem novas técnicas ou processos para


o tratamento dos resíduos atmosféricos com a finalidade de obter mais derivados.

Também recomendo a Refinaria de Luanda que ao invés de descartarem os


resíduos, ou simplesmente aproveitarem dele o asfalto em maior quantidade, deve-se fazer
dele uma carga para outras unidades, e assim aproveitar mais o seu potencial energético, para
isso é necessário que se aplique a primeira recomendação acima citada, ou seja, a
implementação de mais processos que visam a reaproveitar o RAT e obter mais derivados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, Luiz Claudio. Petróleo do poço ao posto. Rio de Janeiro, Editora Qualitymark, 2006.
176 p.

CUNHA, Carlos Eduardo Soares Canejo Pinheiro. Gestão de resíduos perigosos em


refinarias. Tese de mestrado, Centro de tecnologias e ciências, Rio de janeiro, 2009.

ISO 14001: 1996. Sistema de Gestão Ambiental – Especificações e Diretrizes. Associação


Brasileira de Normas Técnicas, 1996.

MARIANO, Jaqueline Barboza. Impactos ambientais do refino de petróleo. Dissertação de


mestrado, Rio de Janeiro, 2001.

O APRENDIZ. Centro de formação. 2018.

REFINARIA DE LUANDA. Verificação da eficiência do sistema de gestão de resíduos


sólidos produzidos na refinaria de Luanda. 2019.

RITTER, Elisabeth. Disposição final de resíduos industriais. Apostila acadêmica e notas de


aula, Rio de Janeiro, 2007. 52 p.

ENVIRONMENTAL INVESTIGATION AGENCY (EIA) [homepage na internet].


Environmental Investigation Agnecy (EIA) [Atualizada em 2009; Acesso em 13 de março de
2008]. Disponível em: http://www.eia-international.org.

ABNT NBR ISO 14001. Sistema de Gestão Ambiental – Especificações e Diretrizes.


Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1996. 14 p.

ABNT NBR 10004. Resíduos sólidos – Classificação. Associação Brasileira de Normas


Técnicas, 2004. 71 p.

SZKLO, A. S. Fundamentos do Refino do Petróleo. Rio de Janeiro, Editora Interciência,


2005. 207 p.

FAHIM, Mohamed. Introdução ao Refino de Petróoleo. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.


recurso digital

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