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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE
PARQUES EÓLICOS
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS

NATAL - RN
2016
2016. CTGAS-ER
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada à fonte.

Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis – CTGAS-ER


Diretora Executiva
Cândida Amália Aragão de Lima
Diretor de Tecnologias
Paulo Fernando Isabel dos Reis

Unidade de Negócios de Educação – UNED


Coordenadora
Elenita dos Santos
Elaboração
Professor especialista: Paula Rafahela Silva dos Santos

CENTRO DE TECNOLOGIAS DO GÁS E ENERGIAS RENOVÁVEIS – CTGAS -ER


AV: Cap. Mor Gouveia, 1480 – Lagoa Nova
CEP: 59063-400 – Natal – RN
Telefone: (84) 3204.8100
Fax: (84) 3204.8118
E- mail: ctgas@ctgas.com.br
Site: www.ctgas.com.br
Sumário

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 6

1. MEIO AMBIENTE ...................................................................................................................... 7

2. ECOLOGIA................................................................................................................................ 8

2.1. COMPONENTES E ESTRUTURA DOS ECOSSISTEMAS................................................... 10

2.2. DISTRIBUIÇÃO DOS ECOSSISTEMAS .............................................................................. 11

3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................................................................... 13

4. FONTES DE ENERGIA ........................................................................................................... 15

4.1. EÓLICA ............................................................................................................................... 15

5. IMPACTO E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................. 18

6. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS RELATIVOS AO MEIO AMBIENTE .................................. 20

6.1. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – Lei nº 6.938/81 .......................................... 21

6.2. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – nº 9.605/98 ....................................................................... 25

6.3. LICENCIAMENTO AMBIENTAL .......................................................................................... 28

6.4. ESTUDOS AMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO


AMBIENTAL ................................................................................................................................... 31

6.5. PROCEDIMENTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL .................................................... 34

6.6. CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS OU


UTILIZADORAS DE RECURSOS AMBIENTAIS – CTF/APP.......................................................... 42

7. IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP’S)


CAUSADOS PELOS PARQUES EÓLICOS ................................................................................... 44

7.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP........................................................... 44

7.2. IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PARQUES EÓLICOS EM APPs ....................................... 47

7.3. CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS ...................................................................................... 54

7.4. LICENCIAMENTO DE PARQUES EÓLICOS – RESOLUÇÃO CONAMA 462/2014 ............ 59

REFERENCIAS .............................................................................................................................. 64
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APRESENTAÇÃO

A crescente preocupação em torno das questões ambientais e a busca pela mitigação das
mudanças climáticas levaram a uma corrida pelo desenvolvimento e inserção, nos espaços de
planejamentos governamentais, de tecnologias relacionadas a área de geração de energia. Dentre
as tecnologias, a energia eólica foi a que recentemente obteve maior sucesso, tendo um
crescimento de quase 15 vezes entre 2000 e 2011 (SIMAS, 2015).
O uso de fontes renováveis de energia tem sido tomada como ação importante na
implementação de um modelo sustentável de desenvolvimento. E nesta via, sob o ponto de vista da
sustentabilidade, que a energia eólica configura como uma matriz energética sustentável, pois
atualmente é considerada uma energia limpa e mais viável. O conceito de sustentabilidade toma
importância a partir da Conferência ECO-92 que instigou a busca por modelos de desenvolvimento
com prevalência ambiental e social.
No Brasil, o recente desenvolvimento da indústria de energia eólica, pode ser explicado por
fatores estruturais importantes, com destaque para o progresso tecnológico alcançado por essa
indústria, bem como as características do vento brasileiro. Contudo, alguns entraves afetam a
viabilidade de empreendimentos no setor eólico no Brasil, como, por exemplo, a baixa qualidade
técnica dos estudos elaborados para a implantação, desconhecimento da legislação ambiental
vigente, a falta de estrutura dos órgãos ambientais estaduais e dificuldades para a regularização
das terras para a implantação de parques eólicos.
Assim, a energia eólica pode ser considerada uma matriz energética alternativa e sustentável
que pode ser utilizada para a mudança do modelo atual de geração de energia utilizada no país,
como as hidrelétricas e as termoelétricas, desde que os gargalos existentes sejam vencidos e que
sejam atendidos os objetivos sociais, de proteção ambiental e econômicos, visando a
sustentabilidade.

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1. MEIO AMBIENTE

O termo meio ambiente está quase diariamente na mídia, sendo um dos assuntos mais
comentados no mundo todo, contudo, na maioria das vezes, é citado de forma errônea, retirando do
assunto toda a carga política ou ideológica, fazendo-se necessário distingui-lo corretamente. A
doutrina brasileira de direito ambiental afirma que a expressão meio ambiente, por ser redundante,
não é a mais adequada, posto que 'meio' e 'ambiente' são sinônimos. Em termos de comparação,
em Portugal e na Itália apenas se usa a palavra 'ambiente', à semelhança do que acontece nas
línguas francesas, com milieu, alemã, com unwelt, e inglesa, com environment, para caracterizar o
conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os seres vivos se desenvolvem.
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, define no art. 3º: “I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas". A referida lei definiu o meio ambiente da forma mais ampla possível, fazendo com que este
se estendesse à natureza como um todo de um modo interativo e integrativo. Com isso a lei
finalmente encampou a idéia de ecossistema, que é a unidade básica da ecologia, ciência que
estuda a relação entre os seres vivos e o seu ambiente, de maneira que cada recurso ambiental
passou a ser considerado como sendo parte de um todo indivisível, com o qual interage
constantemente e do qual é diretamente dependente.
A terminologia consagrou-se definitivamente na Constituição Federal de 1988, quando se
referiu em diversos dispositivos ao meio ambiente, recepcionando e atribuindo a este o sentido mais
abrangente possível. Em vista disso, a doutrina brasileira de direito ambiental passou, com
fundamentação constitucional, a dar ao meio ambiente o maior número de aspectos e de elementos
envolvidos.
A maior parte ds estudiosos de direito ambiental no que diz respeito ao tema definiram em
quatro as divisões: meio ambiente natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio
ambiente do trabalho. Essa classificação atende a uma necessidade metodológica ao facilitar a
identificação da atividade agressora e do bem diretamente degradado, visto que o meio ambiente
por definição é unitário. Desta forma, o conjunto de elementos naturais, artificiais, e culturais que
propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas, está diretamante ligado
ao meio ambiente.
Esta conceituação é importante, pois facilita a compreensão das modificações no “meio
ambiente” e como as consequencias dessas modificações podem atingir o homem de uma forma
geral. De fato, quando ocorrem mudanças no “meio ambiente”, seja devido a causas naturais ou
antropogenicas, todos os envolvidos naquele ambiente são afetados, e diga-se quando não há
propagação de efeitos para sistemas mais distantes, como é o caso de um contaminante que atinge
um corpo aquático, e dependendo da sua extensão se propaga por vários locais. Como exemplo,
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podemos citar o caso do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), onde a lama de
rejeitos chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio.
Da mesma forma, são as projetos de instalação e operação de parques eólicos, que
necessitam na maioria das vezes realizar alguma modificação no ambiente aonde serão instalados,
como por exemplo, construção de estradas, desmatamento de áreas, ocasionando movimentação
da fauna local, entre outros impactos. De qualquer forma, ainda que os parques eólicos, apresentem
algumas características ambientais desfavoráveis, se houver um planejamento adequado e
inovações tecnológicas, algumas destas características podem ser significativamente minimizadas e
até mesmo eliminadas.

2. ECOLOGIA

Também é de grande importância o conhecimento do conceito de Ecologia. O termo foi


formalmente proposto por Ernst Haeckel, em 1866, definindo a Ecologia como a ciência referente à
“economia da natureza, ou seja, a investigação das relações totais dos animais tanto com seu
ambiente orgânico quanto com seu ambiente inorgânico; incluindo acima de tudo, suas relações
amigáveis e não amigáveis com aqueles animais e plantas com os quais vêm direta ou
indiretamente a entrar em contato. Numa palavra, Ecologia é o estudo de todas as inter-relações
complexas denominadas por Darwin como as condições da luta pela existência”.
Diante deste histórico, vale ressaltar que a etimologia da palavra Ecologia é oikos = casa;
família e logia = estudo. Logo, seria o estudo da sua casa, ou seja, da relação do indivíduo com o
meio. É interessante perceber que na definição de Haeckel aparece o termo “economia da
natureza”, fazendo um paralelo dos sistemas naturais com o sistema econômico, como a relação
entre custo-benefício e a necessidade de alocação de recursos nas atividades. Na natureza os
organismos estão sempre buscando realizar suas atividades, gastando menos energia possível.
A Ecologia tem um campo de atuação bastante largo, podendo se deter às relações
existentes entre um organismo e outro, ao funcionamento de um pequeno sistema, como um lago
temporário, ou à questões muito amplas, como o efeito do clima na vegetação em escalas globais.
Conhecendo o funcionamento dos sistemas naturais, os estudos de Ecologia podem ajudar a
entender e prever as consequências da interferência do homem nesses sistemas, como poluição,
impactos em ambientes aquáticos, impactos gerados por grandes construções, entre outras. Eles
fornecem as bases para as discussões e ajudam na tomada de decisão política em muitas destas
situações.
Em termos funcionais, os ecossistemas são a unidade básica da Ecologia, sendo definidos
como o conjunto formado por uma biocenose ou comunidade biótica e fatores abióticos que
interatuam, originando uma troca de matéria entre as partes vivas e não vivas, incluindo
comunidades bióticas e meio abiótico influenciando-se mutuamente, de modo a atingir um equilíbrio.

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Ecossistema é o conjunto de organismos vivos numa determinada área, que interagem com
seu ambiente físico de tal forma que haja um fluxo de energia e ciclagem de materiais entre partes
vivas e não-vivas.
Por fim, algumas idéias e conceitos importantes devem ser ainda abordados, como por
exemplo, nicho ecológico e fluxo de energia. Para contextualizarmos esses conceitos partiremos da
idéia a respeito da obtenção de energia pelos organismos. As diferentes classes de organismos
possuem adaptações para garantir a obtenção da sua energia: as plantas realizam a fotossíntese,
sintetizando energia luminosa em energia química; os animais são consumidores, tendo que retirar
sua energia da alimentação, ou seja, consumindo outros seres; e alguns fungos e bactérias, por
exemplo, obtêm sua energia de detritos, matéria em decomposição. Esses organismos possuem
características altamente especializadas para realização destas funções. E isso garante que cada
um possa explorar uma parcela diferente do ambiente.
A exploração diferenciada dos recursos define um conceito importante em Ecologia: o nicho
ecológico. O nicho representa o intervalo de condições e recursos que o organismo é capaz de
explorar e suportar. É sua forma de vida, ou seja, os recursos dos quais necessita, as condições que
suporta. Dois organismos não podem ter o mesmo nicho, ou seja, ter as mesmas exigências e
limitações, pois a natureza não suporta esse tipo de compartilhamento e a seleção tende a
promover a diferenciação de uma ou sua exclusão.
Os organismos também possuem uma área de ocorrência, ou seja, ocorrem dentro de um
certo limite físico, um espaço definido. Essa área de ocorrência de uma espécie é chamada de
habitat. A dimensão de um habitat pode variar muito de tamanho, dependendo do organismo que
está sendo considerado. Para um carrapato, por exemplo, o habitat pode ser um cachorro e para um
peixe, o habitat pode ser uma grande área do oceano.
Com a Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro em 22 de
Junho de 1992, o direito internacional definiu a noção de ecossistema no artigo 2 como “um
complexo dinâmico formado de comunidades de plantas, de animais e de micro-organismos e de
seu meio ambiente não vivo que, por sua interação, formam uma unidade functional”. De um ponto
de vista prático, muitos textos referem-se ao ecossistema para desenvolver medidas preventivas ou
de proteção.
A abordagem ecossistemica permite levar em consideração uma zona, um espaço ou um
território que configure uma unidade do ponto de vista ambiental. Do ponto de vista jurídico, as
modalidades de intervenção num ecossistema ultrapassam os recortes administrativos, donde a
criação de instituições e de instrumentos adaptados ao perimetro do ecossistema: um decreto ou um
zoneamento official geram proteção circunscrita ao habitat ou à espécie a proteger.
Para manter os equilíbrios no âmbito de um ecossistema, seja qual for a sua escala, deve-se
procurar as modalidades mais adequadas. Desse modo, os instrumentos jurídicos (panejamentos,
prescrições) devem ser elaborados no quadro de uma abordagem interdisciplinar, pois as ciências
da vida e da terra ou a geografia devem contribuir para elaborar as condições de intervenção

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(VEYRET, 2012)

2.1. COMPONENTES E ESTRUTURA DOS ECOSSISTEMAS

Os ecossistemas são constituídos, essencialmente, por componentes abióticos (biótopo) e


bióticos (biocenoses). Assim, a parte biótica é formada por seres vivos (plantas, animais, micro-
organismos), já a porção abiótica é formada por substâncias orgânicas e inorgânicas, ar, água,
gases e energia.
Os componentes bióticos podem ser agrupados em três categorias funcionais: produtores,
consumidores e decompositores. Os produtores são todos os organismos autótrofos, principalmente
plantas verdes que realizam fotossíntese, e outros, em menor quantidade, que realizam
quimiossíntese. Os consumidores dos ecossistemas são os heterótrofos, principalmente animais,
que se alimentam de outros seres vivos. Podem ser subdivididos em: (a) consumidor primário
(herbívoro), que utiliza diretamente o vegetal; (b) consumidor secundário (carnívoro), que obtém seu
alimento de consumidores primários; e, (c) consumidor misto (onívoro), que não faz discriminação
pronunciada em sua preferência alimentar entre produtores e outros consumidores - esta categoria
inclui o homem, o urso e alguns peixes. Os decompositores também são heterótrofos (bactérias e
fungos sapróvoros), porém se alimentam de materiais residuais (excreções, cadáveres, etc.)
transformando-os em substâncias inorgânicas simples utilizáveis pelos produtores.
A estrutura de um ecossistema pode ser exemplificada através de um terrário (figura 01):
uma espécie de jardim encerrado em uma caixa de vidro ou plástico transparente, que recebe luz
solar e contém uma camada de solo, pequenas plantas (produtores), pequenos insetos
(consumidores primários), insetos carnívoros (consumidores secundários) e, mesmo, um predador
maior (consumidor terciário). Finalmente, o próprio solo contendo bactérias e outros sapróvoros
(decompositores), nutrindo-se de folhas mortas e outros detritos de origem vegetal ou animal. Desse
modo, mantém-se dentro do terrário, um fluxo de energia e uma reciclagem de elementos químicos,
de maneira a conservar, no seu interior, aproximadamente constantes as concentrações de gás
carbônico, água, oxigênio, sais minerais e compostos orgânicos, não sendo necessário adicionar ou
retirar, periodicamente, qualquer deles. Assim, pode-se ver que a luz solar é a principal fonte de
energia dos ecossistemas terrestres, sendo a entrada constante. Os produtores primários são os
responsaveis por transformar a energia luminosa em química e a ciclagem dos nutrientes é
realizada pelos decompositores e detritívoros.

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Figura 1 – visão de um ecossistema

A dimensão de um ecossistema é muito variável. Tanto uma floresta pode ser considerada
um ecossistema, quanto um tronco de árvore apodrecido em que sobrevivem diversas populações
de micro-organismos. Assim como é possível associar todos os ecossistemas existentes num só,
muito maior, que é a ecosfera, é igualmente possível delimitar em cada um, outros mais pequenos,
por vezes ocupando áreas tão reduzidas que recebem o nome de microecossistemas.

2.2. DISTRIBUIÇÃO DOS ECOSSISTEMAS

As várias regiões do planeta possuem características próprias, desenvolvendo-se nela flora e


fauna típicas, sejam terrestres ou aquáticas, constituindo ecossistemas.
Os ecossistemas aquáticos abrangem os ecossistemas aquáticos continentais, como rios,
lagos, lagoas e geleiras; assim como os recursos hídricos subterrâneos que abrangem os lençóis
freáticos e reservatórios subterrâneos, como por exemplo o Aquífero Guarani, existente na América
do Sul; e também os ecossistemas marítimos e costeiros, como manguezais e restingas, nas áreas
costeiras de mares e oceanos. Dentre os ecossistemas terrestres pode-se destacar as florestas,
pradarias, savanas e desertos.
As figuras 02 e 03 delimitam em termos tróficos de energia os ecossistemas terrestres e
aquáticos.

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Figura 2 – Ecossistema terrestre. Fonte: internet.

Figura 3 – Ecossistema aquático. Fonte: internet.

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3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A preocupação com o meio ambiente, atualmente, faz parte do dia-a-dia, não apenas de
algumas instituições ou de alguns segmentos da sociedade, mas da comunidade em geral. A
população está se conscientizando de que os recursos naturais são finitos e, conseqüentemente, o
inadequado desses meios poderá comprometer as gerações futuras. É por isso que as questões
ambientais estão sendo encaradas como oportunidades de desenvolvimento, seja pelo uso de
tecnologias ambientalmente seguras, seja pela racionalização de uso do recurso natural.
O desenvolvimento sustentável significa uma nova forma de pensar o desenvolvimento
econômico da sociedade, procurando “compatibilizar o atendimento as necessidades sociais e
econômicas do ser humano com as necessidades de preservação do ambiente, de modo que
assegure a sustentabilidade da vida na Terra para as gerações presentes e futuras” (DIAS, 2004).
Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável pode ser entendido como o
desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Esse conceito foi concebido de
modo a conciliar as reivindicações dos defensores do desenvolvimento econômico com as
preocupações de setores interessados na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade.
Porém, não se pode confundir sustentabilidade com desenvolvimento sustentável visto ser
esta "a qualidade daquilo que é sustentável" (BARBIERI, 2002), conceito que propõe a tendência de
que os recursos naturais tenham o seu tempo de uso infinitamente prolongado, sendo - ou não -
utilizados no setor de infra-estrutura (ROSSI, ROCHA, 2016).
O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o
impacto dos humanos sobre o meio ambiente estão se tornando cada vez mais complexos, tanto em
termos quantitativos quanto qualitativos. Portanto, é preciso o avanço e formulação de estratégias e
políticas de desenvolvimento, consolidando e aliando conceitos e experiências que visem um
modelo alternativo de sustentabilidade e de uma sociedade que vise minimizar seus impactos ao
meio ambiente (JACOBI, 2003).
Nessa perspectiva, pressupõe-se que a demanda excessiva por geração de energia reduz
oportunidades de desenvolvimento e prejudica o meio ambiente e, em um cenário no qual se
verifica uma tendência de crescimento na demanda de energia mundial, principalmente em
decorrência da melhoria da qualidade de vida nos países emergentes, eleva-se a preocupação
com os inúmeros aspectos de planejamento de políticas energéticas. Dentre eles, pode-se citar a
seguranca no suprimento de energia necessária para o desenvolvimento social e econômico de um
país e os custos ambientais para atender a esse aumento no consumo de energia (MARTINS,
GUARNIERI e PEREIRA, 2008).
Neste contexto, pode-se definir energia sustentável como aquela que é obtida e utilizada de
uma forma que simultaneamente atenda ao desenvolvimento humano em longo prazo nas

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dimensões social, econômica e ambiental. É nesse novo paradigma que deverá ser analisada a
energia para o desenvolvimento sustentável. O uso e consumo da energia, bem como o
planejamento energético, deverão ser reavaliados de forma a incorporar soluções sustentáveis.
(CAMARGO, UGAYA, AGUDELO, 2004).
Entretanto, os enfrentamentos e desafios da sustentabilidade na promoção de energias
renováveis, atualmente são múltiplos e complexos. Para responder decisivamente à crescente
demanda da sociedade, como também, dos mercados externos, é primordial encontrar o equilíbrio
ambiental como resposta ao uso dos recursos naturais, em especial a energia, para o
desenvolvimento sustentável (CAMARGO, UGAYA, AGUDELO, 2004).
Ainda nesse cenário, a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico vem recebendo
grande incentivo em todo o mundo, principalmente após o último relatório do IPCC (Painel Inter-
Governamental para mudanças Climáticas) divulgado em fevereiro de 2007. Dentre as fontes
energéticas “limpas” – fontes de energia que não acarretam a emissão de gases do efeito estufa
(GEE) – a energia mecânica contida no vento vem se destacando e demonstra potencial para
contribuir significativamente no atendimento dos requisitos necessários quanto aos custos de
produção, segurança de fornecimento e sustentabilidade ambiental (MARTINS, GUARNIERI e
PEREIRA, 2008).
A experiência dos países líderes do setor de geração eólica mostra que o rápido
desenvolvimento da tecnologia e do mercado tem grandes implicações sócioeconômica. A
formação de recursos humanos e a pesquisa científica receberam incentivos com a finalidade de
dar o suporte necessário para a indústria de energia eólica em formação. Na atualidade, diversos
estudos apontam a geraçãao de emprego e o domínio da tecnologia como fatores tão importantes
quanto à preservação ambiental e a segurança energética dos países da comunidade européia
para a continuidade dos investimentos no aproveitamento da energia eólica.
Assim, o grande desafio da sustentabilidade é, na verdade, a conquista do equilíbrio entre
proteção ambiental, justiça social e viabilidade econômica. E é neste contexto que o incentivo à
energia eólica se configura como uma forma de diminuir os impactos ambientais na geração de
energia, no incentivo ao desenvolvimento de novas indústrias e no aumento da justiça social, na
forma de geração de empregos.

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4. FONTES DE ENERGIA

A Energia Elétrica é um recurso utilizado como produto intermediário na geração de


bens e no consumo final, instrumento de um padrão de vida moderno (consumo residencial, por
exemplo). Como estratégia de desenvolvimento econômico, a energia deve:

a) Satisfazer às necessidades humanas básicas, como saúde, habitação, educação,


alimentação, etc.;
b) Servir às atividades industriais que geram emprego;
c) Sustentar as atividades agrícolas que produzem alimentos.

As fontes primárias de geração de energia podem ser classificas como:

1. Fontes Não-Renováveis (combustíveis fósseis):


 Gasosos (gás natural);
 Líquidos (óleo cru, óleos pesados, arEPIAs betuminosas);
 Sólidos (turfa, hulha, xisto).

2. Fontes Não-Renováveis:
 Gravitacional (energia das marés);
 Nuclear (combustíveis nucleares);
 Geotérmicas (calor de baixa e alta entalpia).

3. Fontes Renováveis:
 Hidráulica;
 Biomassa;
 Eólica (vento e onda);
 Solar Direta.

4.1. EÓLICA

Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento


(vento). Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação em
energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também denominadas
aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para trabalhos
mecânicos como bombeamento d’água (ANEEL, 2003).

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Assim como a energia hidráulica, a energia eólica é utilizada há milhares de anos com as
mesmas finalidades, a saber: bombeamento de água, moagem de grãos e outras aplicações que
envolvem energia mecânica. Para a geração de eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no
final do século XIX, mas somente um século depois, com a crise internacional do petróleo (década
de 1970), é que houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o desenvolvimento e
aplicação de equipamentos em escala comercial.

A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976, na
Dinamarca. Estima-se que em 2020 o mundo terá 12% da energia gerada pelo vento, com uma
capacidade instalada de mais de 1.200GW.

Recentes desenvolvimentos tecnológicos (sistemas avançados de transmissão, melhor


aerodinâmica, estratégias de controle e operação das turbinas etc.) têm reduzido custos e
melhorado o desempenho e a confiabilidade dos equipamentos. O custo dos equipamentos, que era
um dos principais entraves ao aproveitamento comercial da energia eólica, reduziu-se
significativamente nas últimas duas décadas. Projetos eólicos em 2002, utilizando modernas
turbinas eólicas em condições favoráveis, apresentaram custos na ordem de 820/kW instalado e
produção de energia a 4 cents/kWh (EWEA; GREENPEACE, 2003 apud ANEEL, 2003).

A avaliação do potencial eólico de uma região requer trabalhos sistemáticos de coleta e


análise de dados sobre a velocidade e o regime de ventos. Geralmente, uma avaliação rigorosa
requer levantamentos específicos, mas dados coletados em aeroportos, estações meteorológicas e
outras aplicações similares podem fornecer uma primeira estimativa do potencial bruto ou teórico de
aproveitamento da energia eólica.

Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua
densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade
mínima do vento de 7 a 8 m/s (GRUBB; MEYER, 1993 apud ANEEL, 2003). Segundo a
Organização Mundial de Meteorologia, em apenas 13% da superfície terrestre o vento apresenta
velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 m.

No Brasil, os primeiros anemógrafos computadorizados e sensores especiais para energia


eólica foram instalados no Ceará e em Fernando de Noronha (PE), no início dos anos 1990. Os
resultados dessas medições possibilitaram a determinação do potencial eólico local e a instalação
das primeiras turbinas eólicas do Brasil.

Apresenta-se a seguir vantagens e desvantagens da utilização do vento na produção de


energia.

a) É inesgotável;
b) Não emite gases poluentes nem gera resíduos;
c) Diminui a emissão de gases de efeito de estufa (GEE);
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d) Vantagens para a comunidade:
 Os parques eólicos são compatíveis com outros usos e utilizações do terreno
como a agricultura e a criação de gado;
 Criação de emprego;
 Geração de investimento em zonas desfavorecidas;
 Benefícios financeiros (proprietários).

e) Vantagens para o estado:


 Reduz a elevada dependência energética do exterior;
 Possível contribuição de cota de GEE para outros setores da atividade
econômica;
 É uma das fontes mais baratas de energia podendo competir em termos de
rentabilidade com as fontes de energia tradicionais.

f) Vantagens para os investidores:


 Os aerogeradores não necessitam de abastecimento de combustível e requerem
escassa manutenção, uma vez que só se procede à sua revisão em cada seis
meses.
 Excelente rentabilidade do investimento. Em menos de seis meses, o
aerogeradores recupera a energia gasta com o seu fabrico, instalação e
manutenção.
g) Desvantagens:

 A intermitência, ou seja, nem sempre o vento sopra quando a eletricidade é


necessária, tornando difícil a integração da sua produção no programa de
exploração;
 Pode ser ultrapassado com as pilhas de combustível (H2) ou com a técnica da
bombagem hidroelétrica.
 Provoca um impacto visual considerável, principalmente para os moradores em
redor, a instalação dos parques eólicos gera uma grande modificação da
paisagem;
 Impacto sobre as aves do local: principalmente pelo choque destas nas pás,
efeitos desconhecidos sobre a modificação de seus comportamentos habituais de
migração;
 Impacto sonoro: o som do vento bate nas pás produzindo um ruído constante
(43dB(A)). As habitações mais próximas deverão estar no mínimo a 200m de
distância.

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5. IMPACTO E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

Um aspecto relevante para o entendimento deste tópico é estabelecer as diferenças entre os


conceitos de degradação e impacto ambiental e quais as consequências ambientais que estes
processos de degradação podem originar, uma vez que, dependendo do tipo da degradação que for
analisada e do grau de evolução que se encontra, terá consequências ambientais diferentes em
cada situação.
A conceituação da degradação ambiental vem sendo feita por diversos autores desde que o
ambiente se tornou alvo de preocupação mundial. Uma das definições mais utilizadas no Brasil,
considera a degradação como o conjunto de processos resultantes dos danos ao meio ambiente,
pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou a
capacidade produtiva dos recursos ambientais (BRASIL, 1989).
Na lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981 que institui a Política Nacional de Meio Ambiente,
artigo 3, inciso II, o termo degradação ambiental consta com o conceito de que a degradação da
qualidade ambiental é a alteração adversa das características do meio ambiente. O conceito dado
pela lei explicita o que é a degradação ambiental, embora de forma abrangente, além de dar-lhe um
caráter de adversidade, ou seja, de negatividade (MENEGUZZO, 2006).
A lei também não evidencia se o causador da degradação é o ser humano em si, uma
conseqüência de atividade antrópica ou até mesmo um fenômeno natural, como o processo de
eutrofização natural de um lago ao longo dos anos, feita por carreamento dos nutrientes, presentes
na bacia hidrográfica, durante os períodos de precipitação. O que fica explícito neste conceito é que
a degradação ambiental caracteriza-se como um impacto ambiental negativo.
Meneguzzo e Chaicouski (2010) afirmam que “existem inúmeros conceitos de degradação,
impacto ambiental e conservação da natureza na literatura nacional e internacional, porém, os
mesmos devem ser vistos e aplicados pela sociedade à luz das leis ambientais vigentes.”
Para LOUZADA (p. 6, 2013):

A forma de degradação que mais preocupa governos e sociedades é aquela


causada pela ação antrópica, que pode e deve ser regulamentada. A
atividade humana gera impactos ambientais que repercutem nos meios
físico-biológicos e socioeconômicos, afetando os recursos naturais e a saúde
humana, podendo causar desequilíbrios ambientais no ar, nas águas, no solo
e no meio sociocultural. Algumas das formas mais conhecidas de
degradação ambiental são: a desestruturação física (erosão, no caso de
solos), a poluição e a contaminação.

Conforme a Resolução Conama nº 01, de 23 de janeiro de 1986, considera-se impacto


ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da
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população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

A Resolução destaca somente as frentes maléficas relacionadas aos impactos


ambientais, este ponto é visto por muitos autores como errôneo, apresentando como justificativa
o fato de que os impactos ambientais também podem acontecer beneficamente (RUBIRA, 2014).

Já a NBR ISO14001 (requisito 3.4.1), define o impacto ambiental como “qualquer


modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo ou em parte, das
atividades, produtos ou serviços de uma organização”. Conforme Rubira (2014), a partir da
citação desta NBR, é possível classificar o termo impacto ambiental em maléficos e benéficos.
Maléficos quando imprimem alguma alteração negativa para o meio físico biótico ou social e
benéfico quando imprimem alterações positivas para o meio.

Existem diversos tipos de impactos ambientais, uns diferentes dos outros, como proposto
pelos autores Avelar e Neto (2008, p.12) apud Rubira (2014). Estes autores apresentaram uma
proposta acerca dos tipos de impactos ambientais em relação ao tempo e a duração, à área de
abrangência, ao potencial de mitigação e em relação a acidentes, conforme pode ser visualizado
na tabela 01.

Tabela 1 – Classificação de impactos potenciais e suas características.

Fonte: Rubira, 2013.

Assim, impacto ambiental é qualquer alteração benéfica ou adversa causada pelas


atividades, serviços e/ou produtos de uma atividade natural (vulcões, tsunamis, enchentes,
terremotos e outras) ou antrópica (lançamento de efluentes, desmatamentos, etc). Ás vezes é o
resultado da intervenção do ser humano sobre o meio ambiente (LOUZADA, 2013).

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O conceito, hoje corrente, de impactos sobre o ambiente já estava se consolidando na
década de 1960. O detalhamento desse conceito demonstrou que a sua avaliação podia ser feita
com razoável margem de objetividade, de modo que ela pudesse ter aceitação e representatividade
social e transformar-se em instrumento do processo de tomada de decisões no licenciamento
ambiental (BRAGA et al, 2005).
Na lei 6.938/81 ficou instituído que, a Avaliação de Impactos Ambientais e o Licenciamento
de Atividades Efetiva ou Potencialmente Poluidoras, seriam dois instrumentos criados para que
fossem atigindos os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, que serão vistos mais adiante.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução 001/86, definiu
como deve ser feita a avaliação de impactos ambientais, criando duas novas figuras,
respectivamente: o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA). Também definiu o que consiste cada um deles e estabeleceu a relação das atividades para
as quais sua exigencia é obrigatória. O licenciamento para fins de exercícios dessas atividades e de
outras que podem ser estabelecidas pela autoridade ambiental local passou, desde então, a
depender de prévia aprovação do EIA/RIMA, mediante procedimentos regulamentados (BRAGA et
al, 2005).

6. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS RELATIVOS AO MEIO AMBIENTE

Em relação às questões ambientais, a Constituição Federal de 1988 trouxe algumas inova-


ções importantes. A primeira delas é contar com um capítulo exclusivo para tratar das questões
ambientais. A segunda, tratar, em diversos artigos, das obrigações da sociedade e do Estado
brasileiro com o meio ambiente. Antes de 1988, as constituições tratavam a temática ambiental de
maneira pouco sistemática, enfatizando a infraestrutura das atividades econômicas em detrimento
da conservação dos recursos naturais (ANTUNES, 2008).
Embora também reconheça o meio ambiente como elemento indispensável no
desenvolvimento de atividades econômicas, a Constituição de 1988 aprofunda essa relação,
reconhecendo que a proteção ambiental é essencial para assegurar uma adequada fruição dos
recursos ambientais e um nível elevado de qualidade de vida das populações. Assim, busca um
mecanismo para amenizar as tensões entre os diferentes usuários dos recursos ambientais, numa
perspectiva de utilização racional (ANTUNES, 2008).
Pela Constituição de 1988, o Estado brasileiro adotou um modelo de ampla descentralização
administrativa, atribuindo responsabilidades aos diferentes níveis da federação – União, estados
membros e Distrito Federal, municípios. Enquanto algumas funções devem ser exercidas
exclusivamente por um dos entes federais, outras devem ser tratadas por todos eles, cada qual
segundo um modo de intervenção determinado (MILARÉ, 2009).
Na Constituição Federal (CF) de 1988, o Capítulo VI, referente especificamente ao meio
ambiente, incorpora várias disposições de lei federal anterior, a Lei nº 6.938 de 31 de Agosto de
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1981, tida como um marco na área ambiental, dando a essas disposições status constitucional.
Alem disso, a partir d apromulgação da Constituição Federal passou-se, obrigatoriamente, a tratar a
questão ambiental inserindo-a na luta pela melhoria da qualidade de vida da população, já que o
Capítulo VI faz parte do Título VIII da Constituição, denominado “Da Ordem Social”. Mais importante
que a existencia desse Capítulo é o fato de o meio ambiente, assim, como a preservação adequada
dos recursos naturais, estar contemplado ao longo de todo o texto constitucional, incluindo a
dimensão ambiental nos vários setores do País (BRAGA et al, 2005).

6.1. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – Lei nº 6.938/81

Se a Constituição determina a que entes federativos cabe a proteção do meio ambiente, uma
política é o plano para colocar isso em prática. Estabelecer uma política ambiental significa,
portanto, indicar como o Estado desenvolverá sua atividade, informando os órgãos públicos sobre a
melhor forma de executar a tarefa de proteger o ambiente. Para que isso seja possível, a política
ambiental deve ser baseada em um conjunto de regras capazes de indicar os fundamentos de ação
do Estado, além de estabelecer objetivos, princípios e instrumentos para sua implementação.
A Lei Federal 6.938 de 31 de agosto de 1981 instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente.
Ela incorporou e aperfeiçoou normas estaduais já vigentes e instituiu o Sistema Nacional de Meio
Ambiente, integrado pela União, pelos estados e pelos municípios. Segundo a Política, cabe aos
estados a responsabilidade maior na execução das normas protetoras do meio ambiente.
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Ela visa assegurar as condições necessárias
ao desenvolvimento socioeconômico do país, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana. Por isso, atende aos seguintes princípios:
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em
vista o uso coletivo;
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII – recuperação de áreas degradadas;
IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

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O artigo 4º da Lei 6.938/1981 estabelece os objetivos específicos dessa regularização, ao
definir que a Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I – à compatibilização do desenvolvimento econô- mico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos estados, do Distrito Federal, dos
territórios e dos municípios;
III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas
ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso
racional de recursos ambientais;
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e
informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à utilização racional e
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados, e ao usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fi ns
econômicos.
Tanto a Lei 6.938/1981 como as leis estaduais e as leis orgânicas municipais contêm, ou
podem conter, indicações de instrumentos para implementação da Política Ambiental, adaptados a
cada esfera político-administrativa. Porém, embora o artigo 90 da Lei 6.938/1981 enumere treze
instrumentos para a execução da Política Nacional do Meio Ambiente, nem todos contam ainda com
base legal detalhada, enquanto alguns ainda são aplicados de maneira pouco sistemática nas ações
de gestão ambiental (MILARÉ, 2009).
São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II – o zoneamento ambiental;
III – a avaliação de impactos ambientais;
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e
reservas extrativistas;
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas

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necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o
Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos ambientais;
XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros.

6.1.1. Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA

Também estabelecido pela Lei 6.938/1981 – mais especificamente em seu artigo 6º, o
Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) tem como objetivo criar uma rede de agências
governamentais nos diversos níveis da federa-ção, visando, assim, assegurar mecanismos capazes
de implementar a Política Nacional de Meio Ambiente de forma eficiente (ANTUNES, 2008). O
SISNAMA é constituído pelos órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal, dos
territórios e dos municípios, além de fundações instituídas pelo Poder Público. Sua estrutura
compreende um órgão superior; um órgão consultivo e deliberativo; um órgão central; um órgão
executor; diversos órgãos setoriais; órgãos seccionais e órgãos locais. Cada um desses órgãos
possui atribuições próprias.

A seguir, está detalhada a função de cada órgão especificamente.

1) Órgão Superior – Conselho de Governo: É constituído por todos os ministros de Estado,


pelos titulares dos órgãos essenciais da Presidência da República e pelo Advogado Geral da
União, com finalidade de assessorar o Presidente da República na formula- ção da política
nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente.
2) Órgão Consultivo e Deliberativo – Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): É
composto por Plenário, Comitê de Integração de Políticas Ambientais (CIPAM), Grupos
Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo Ministro
do Meio Ambiente (MMA) e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário Executivo do
MMA. É um colegiado representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e
municipais, setor empresarial e sociedade civil. Suas reuniões são públicas e abertas a toda
a sociedade.
3) Órgão Central – Ministério do Meio Ambiental (MMA) Criado em novembro de 1992, tem
como missão promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a
proteção e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais, a

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valorização dos serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável na
formula- ção e na implementação de políticas públicas, de forma transversal e compartilhada,
participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de governo e sociedade.
OBSERVAÇÃO: A Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007, criou o Instituto Chico Mendes,
organizado sob a forma de autarquia federal dotada de autonomia administrativa e
financeira, vinculada ao MMA.
4) Órgão Executor – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) Criado sob a forma de autarquia federal de regime especial, dotada de
personalidade jurídica de direito público com autonomia administrativa e financeira, o IBAMA
é vinculado ao MMA. Sua missão é assessorar o Ministério na execução da Política Nacional
de Meio Ambiente.
5) Órgãos Setoriais: São órgãos da Administração Federal direta ou indiretamente voltados
para a proteção ambiental ou disciplinamento de atividades que utilizam recursos ambientais.
6) Órgãos Seccionais: São órgãos ou entidades estaduais responsáveis por programas
ambientais ou pela fiscalização de atividades que utilizam recursos ambientais. A eles
compete a maior parte da atividade de controle ambiental. Cada estado deverá organizar a
sua agência de controle ambiental de acordo com sua realidade.
7) Órgãos Locais: São órgãos ou entida des municipais responsáveis por programas ambientais
ou pela fiscalização de atividades que utilizam recursos ambientais.

A figura 4 abaixo mostra um esquema geral do modelo de gestão ambiental brasileiro.

Modelo de gestão ambiental brasileiro


Política Nacional do Meio Ambiente – Lei N. 6.938 de 31/08/1991

SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente)

CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) – órgão consultivo e deliberativo

MMA (Ministério do Meio Ambiente) – Órgão central

IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – Órgão executivo

União, Estados e Municípios – Órgãos setoriais federais, órgão seccionais e órgão locais

Figura 4 – Esquema do Modelo de Gestão ambiental no Brasil.

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6.2. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – nº 9.605/98

Um dos instrumentos legais que ganhou bastante destaque dentro do conjunto de normas
para o controle da qualidade ambiental foi a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1988, que dispõe
sobre as sações penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente e dá
outras providencias, a qual passou a ser conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Esta lei
também é conhecida no Brasil como Lei da Natureza.
A Lei nº 9.605/98 pretende substituir todas as sanções criminais dispostas de forma esparsa
em vários textos legais voltados à proteção ambiental, tais como o Código Florestal, o Código de
Caça, o Código de Pesca. Sem ignorar a Lei nº 6.938/1981, que regula as reparações civis
decorrentes de atos danosos ao meio ambiente, o objetivo da Lei 9.605/1998 é a responsabilização
criminal do poluidor ou do degradador do meio ambiente.
Antes da existência da lei dos crimes ambientais, a proteção ao meio ambiente era um
grande desafio, uma vez que as leis eram esparsas e de difícil aplicação: havia contradições como,
por exemplo, a garantia de acesso livre às praias, entretanto, sem prever punição criminal a quem o
impedisse. Ou inconsistências na aplicação de penas. Matar um animal da fauna silvestre, mesmo
para se alimentar era crime inafiançável, enquanto maus tratos a animais e desmatamento eram
simples contravenções punidas com multa. Havia lacunas como a falta de disposições claras
relativas a experiências realizadas com animais ou quanto a soltura de balões.
A legislação ambiental no que toca à proteção ao meio ambiente é centralizada, conforme o
surgimento da Lei de Crimes Ambientais. A uniformização das penas, gradação adequadas e as
infrações são claramente definidas. Contrário ao que ocorria no passado, a lei define a
responsabilidade das pessoas jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabilizadas
criminalmente pelos danos que seus empreendimentos possam causar à natureza. Matar animais
continua sendo crime, exceto para saciar a fome do agente ou da sua família; os maus tratos, as
experiências dolorosas ou cruéis, o desmatamento não autorizado, a fabricação, venda, transporte
ou soltura de balões, hoje são crimes que sujeitam o infrator à prisão.
Também são considerados crimes ambientais as condutas que ignoram normas ambientais,
mesmo que não sejam causados danos ao meio ambiente. É o caso dos empreendimentos sem a
devida licença ambiental. Neste caso, ocorre desobediência a uma exigência da legislação
ambiental e, por isso, ela é passível de punição por multa e/ou detenção.
A Lei de Crimes Ambientais prevê a aplicação de penas conforme a gravidade da infração,
quanto mais reprovável a conduta, mais severa a punição. Assim, a pena pode ser privativa de
liberdade, onde o sujeito condenado deverá cumprir sua pena em regime penitenciário; restritiva de
direitos, quando for aplicada ao sujeito -- em substituição à prisão -- penalidades como a prestação
de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão de atividades, prestação
pecuniária e recolhimento domiciliar; ou multa.

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A pessoa jurídica infratora, como por exemplo, uma empresa que viola um direito ambiental,
não pode ter sua liberdade restringida da mesma forma que uma pessoa comum, mas é sujeita a
penalizações. Neste caso, aplicam-se as penas de multa e/ou restritivas de direitos, que são:
1) A suspensão parcial ou total das atividades;
2) Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
3) A proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações. Também é possível a prestação de serviços à comunidade
através de custeio de programas e de projetos ambientais;
4) Execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
5) Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
A lei também prevê a aplicação de multas, entre o mínimo de R$ 50,00 e máximo de R$ 50
milhões.
Diante de um crime ambiental, a ação civil pública (regulamentada pela Lei 7.347/85) é o
instrumento jurídico que protege o meio ambiente. O objetivo da ação é a reparação do dano onde
ocorreu a lesão dos recursos ambientais. Podem propor esta ação o Ministério Público, Defensoria
Pública, União, Estado, Município, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista e
associações com finalidade de proteção ao meio ambiente.
O Brasil possui um arcabouço jurídico considerável na custódia do meio ambiente através de
uma legislação ambiental moderna e um considerável número de normas visando tal proteção. De
acordo com a Lei de Crimes Ambientais, ou Lei da Natureza, os crimes ambientais são classificados
em seis tipos diferentes:
1) Crimes contra a fauna
Agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como caçar,
pescar, matar, perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação,
maltratar, realizar experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, mesmo
que para fins didáticos ou científicos, transportar, manter em cativeiro ou depósito, espécimes, ovos
ou larvas sem autorização ambiental ou em desacordo com esta. Ou ainda a modificação,
danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou criadouro natural. Da mesma forma, a introdução
de espécime animal estrangeira no Brasil sem a devida autorização também é considerado crime
ambiental, assim como o perecimento de espécimes devido à poluição.
2) Crimes contra a flora
Destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou
utilizá-la em desacordo com as normas de proteção assim como as vegetações fixadoras de dunas
ou protetoras de mangues; causar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação; provocar
incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá -
lo em qualquer área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira,
lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com
esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente pedra, areia, cal ou

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qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de
vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos
ou em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
Neste caso, se a degradação da flora provocar mudanças climáticas ou alteração de corpos hídricos
e erosão a pena é aumentada de um sexto a um terço.
3) Poluição e outros crimes ambientais
A poluição acima dos limites estabelecidos por lei é considerada crime ambiental. Mas,
também o é, a poluição que provoque ou possa provocar danos a saúde humana, mortandade de
animais e destruição significativa da flora. Também é crime a poluição que torne locais impróprios
para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrupção do
abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental
grave ou irreversível. São considerados outros crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de
recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-recuperação da área
explorada; a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização,
fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas,
perigosas ou nocivas a saúde humana ou em desacordo com as leis; construir, reformar, ampliar,
instalar ou fazer funcionar empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em
desacordo com esta; também se encaixa nesta categoria de crime ambiental a disseminação de
doenças, pragas ou espécies que posam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e
aos ecossistemas.
4) Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural
Destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura (sem autorização), pichar ou
grafitar bem, edificação ou local especialmente protegido por lei, ou ainda, danificar, registros,
documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos quer por
seu valor paisagístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico e etc.. Também é considerado crime
a construção em solo não edificável (por exemplo, áreas de preservação), ou no seu entorno, sem
autorização ou em desacordo com a autorização concedida.
5) Crimes contra a administração ambiental
Os crimes contra a administração incluem afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou
omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização
ambiental; a concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas ambientais;
deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
interesse ambiental; dificultar ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público.
6) Infrações Administrativas
São infrações administrativas toda ação ou omissão que viole regras jurídicas de uso, gozo,
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

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6.3. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre as diretrizes da Política Nacional
de Meio Ambiente, introduziu o conceito de licenciamento ambiental entre os instrumentos da
política brasileira no setor. Nos dias de hoje, a licença ambiental representa o reconhecimento, pelo
Poder Público, de que a construção e a ampliação de empreendimentos e atividades considerados
efetiva ou potencialmente poluidores devem adotar critérios capazes de garantir a sua
sustentabilidade sob o ponto de vista ambiental.
O Licenciamento Ambiental tem como objetivo regular as atividades e empreendimentos que
utilizam os recursos naturais e que podem causar degradação ambiental no local onde se
encontram instalados. É uma exigência legal a que estão sujeitos todos os empreendimentos ou
atividades que empregam recursos naturais ou que possam causar algum tipo de poluição ou
degradação ao meio ambiente.
O processo de licenciamento ambiental tem como principais normas legais a Lei nº 6938/81;
a Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, que estabeleceu diretrizes gerais para
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA nos processos de licenciamento ambiental; e a Resolução nº 237, de 19 de dezembro de
1997, que estabeleceu procedimentos e critérios, e reafirmou os princípios de descentralização
presentes na Política Nacional de Meio Ambiente e na Constituição Federal de 1988.
Ainda, a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e
administrativas lesivas ao meio ambiente, em seu artigo 60, estabelece a obrigatoriedade do
licenciamento ambiental das atividades degradadoras da qualidade ambiental, contendo, inclusive,
as penalidades a serem aplicadas ao infrator.
A responsabilidade pela concessão fica a cargo dos órgãos ambientais estaduais e, a
depender do caso, também do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), quando se tratar de grandes projetos, com o potencial de afetar mais de um
estado, como é o caso dos empreendimentos de geração de energia, e nas atividades do setor de
petróleo e gás na plataforma continental.
O Licenciamento Ambiental é realizado por meio de procedimento administrativo pelo qual o
órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso.
Para a condução do Licenciamento Ambiental, foi concebido um processo de avaliação
preventiva que consiste no exame dos aspectos ambientais dos projetos em suas diferentes fases:
concepção/planejamento, instalação (construção) e operação. Trata-se, portanto, de um processo

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sistemático de avaliação ambiental, realizado em três etapas - Licença Prévia, Licença de Instalação
e Licença de Operação. Porém, nos casos atípicos, essas fases poderão ser desenvolvidas
conforme as peculiaridades do empreendimento.
Complete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBAMA, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional, localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados (Art. 4º, II, da
Resolução CONAMA 237/97). Nesse licenciamento, o IBAMA considerará o exame técnico
procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar o
empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios envolvidos no processo de licenciamento.
Alguns tipos de empreendimentos e atividades que precisam de licenciamento ambiental:
• Extração e tratamento de minerais
• Indústria de papel e celulose
• Indústria de borracha
• Indústria de couros e peles
• Indústria química
• Indústria de produtos de matéria plástica
• Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos
• Indústria de produtos alimentares e bebidas
• Indústria de fumo
• Obras civis
• Empreendimentos de geração e transmissão de energia
• Serviços de utilidade
• Transporte, terminais e depósitos
• Empreendimentos e Atividades de Turismo
• Atividades agropecuárias
• Uso de recursos naturais

6.3.1. LICENÇAS AMBIENTAIS

A Licença Ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente


estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas
pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar
empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental.
Cada fase do empreendimento ou atividade (planejamento, instalação e operação) tem uma
licença específica. As licenças ambientais estão estabelecidas no Decreto 99.274/90, que

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regulamenta a Lei 6.938/81, e detalhadas na Resolução CONAMA nº 237/97. Assim, O processo de
licenciamento ambiental possui três etapas.

 Licença Prévia (LP)

Esta Licença que deve ser solicitada na fase de planejamento da implantação, alteração ou
ampliação do empreendimento. Esta licença apenas aprova a viabilidade ambiental e estabelece as
exigências técnicas (as "condicionantes") para o desenvolvimento do projeto, mas não autoriza sua
instalação.
No caso de uma obra de significativo impacto ambiental, na fase da licença prévia o
responsável deve providenciar o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). O documento
técnico-científico traz um diagnóstico ambiental, analisa impactos e suas medidas compensatórias.
Tais estudos endereçados, respectivamente, para a Administração Pública e para a sociedade,
abordam necessariamente as condições da biota, dos recursos ambientais, as questões
paisagísticas, as questões sanitárias e o desenvolvimento socioeconômico da região; e visam dar
publicidade e transparência ao projeto.
Assim, a LP é concedida se for atestada a viabilidade ambiental do empreendimento, após
exame dos impactos ambientais por ele gerados, dos programas de redução e mitigação de
impactos negativos e de maximização dos impactos positivos.

 Licença Instalação (LI)

Esta licença aprova os projetos. É a que autoriza o início da obra de implantação do projeto e
é concedida depois de atendidas as condições da Licença Prévia.

 Licença de Operação (LO)

Licença que autoriza o início do funcionamento do empreendimento/obra, das atividades


produtivas. É concedida depois que vistoria é realizada para verificar se todas as exigências foram
atendidas.
Destaca-se que as licenças ambientais poderão ser expedidas isoladas ou sucessivamente,
de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. As licenças
ambientais deverão ser publicadas em quaisquer de suas modalidades, inclusive os pedidos de
licenciamento e renovação das mesmas.
Também, a Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003, que dispõe sobre o acesso público aos
dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA, estabelece que
deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil
acesso ao público, listagens e relações contendo pedidos de licenciamento, sua renovação e a

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respectiva concessão. A publicação dos pedidos de licenças, renovação e respectivas concessões,
em quaisquer de suas modalidades, deverão constar:
- Nome da empresa e sigla (se houver);
- Sigla do órgão onde requereu a licença;
- Modalidade da licença requerida;
- Finalidade da licença;
- Prazo de validade de licença (no caso de publicação de concessão da licença);
- Tipo de atividade que será desenvolvida;
- Local de desenvolvimento da atividade

6.4. ESTUDOS AMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO


AMBIENTAL

Estudos Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento,
apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano
e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é
potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos
ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.
Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por
profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor, observando a legislação
ambiental e as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área, forem julgadas necessárias pelos órgãos competentes.

6.4.1. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

A Avaliação de Impacto Ambiental foi vinculada ao processo de licenciamento ambiental


por meio da resolução CONAMA nº 001/86, que estabelece os critérios básicos e as diretrizes
gerais para uso e implementação de avaliação de impactos ambientais, e determina:

• O conceito de impacto ambiental;

• A subordinação da elaboração do EIA/RIMA ao sistema de Licenciamento Ambiental de


atividades modificadoras do meio ambiente;

• Uma listagem, em caráter indicativo, de tipologias de atividades e empreendimentos,


que dependerão da elaboração do EIA/RIMA para obtenção de licença ambiental, especificando
para algumas um valor ou limite de referência do porte ou capacidade produtiva; e

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• A definição do escopo mínimo dos fatores e componentes ambientais que devem
constar no desenvolvimento de EIA/RIMA exigidos.

A elaboração dos Estudos de Impactos Ambientais consiste no desenvolvimento dos


procedimentos referentes à sistemática de avaliação de impactos ambientais. As avaliações de
impactos ambientais são: estudos realizados para identificar, prever e interpretar, assim como
prevenir, as consequências ou efeitos ambientais que determinadas ações, planos, programas
ou projetos podem causar à saúde, ao bem estar humano e ao entorno.

Estes estudos incluem alternativas à ação ou projeto e pressupõem a participação do


público, representando não um instrumento de decisão em si, mas um instrumento de conhecimento
a serviço da decisão.

A avaliação de impacto ambiental deve ser uma atividade contínua, antes e posterior à
tomada de decisões, procedendo-se a sua revisão e atualização periodicamente, após o pleno
funcionamento do projeto ou atividade.

6.4.2. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL


(RIMA)

O EIA é um documento de natureza técnica, que tem como finalidade avaliar os impactos
ambientais gerados por atividades e/ou empreendimentos potencialmente poluidores ou que
possam causar degradação ambiental. Deverá contemplar a proposição de medidas mitigadoras e
de controle ambiental, garantindo assim o uso sustentável dos recursos naturais.

O estudo de impacto ambiental deverá abordar, no mínimo, os seguintes aspectos:

 Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, contendo descrição dos recursos


ambientais e suas interações, caracterizando as condições ambientais antes da implantação
do projeto. Este diagnóstico deverá contemplar os meios físico, biótico e socioeconômico.

 Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identifica-
ção, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos
relevantes (diretos e indiretos; imediatos e a médio e longo prazos; temporários e
permanentes; seu grau de reversibilidade; a distribuição dos ônus e benefícios sociais).

 Medidas mitigadoras – são aquelas destinadas a corrigir impactos negativos ou a reduzir sua
magnitude. Identificados os impactos, deve-se pesquisar quais os mecanismos capazes de
reduzi-los ou anulá-los.

 Programas de acompanhamento e monitoramento, estabelecidos ainda durante o EIA, de


modo que se possam comparar, durante a implantação e operação da atividade, os impactos
previstos com os que efetivamente ocorreram.

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O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA deve refletir as conclusões do EIA e tem como
objetivo informar à sociedade sobre os impactos, medidas mitigadoras e programas de
monitoramento do empreendimento ou atividade. Para que esse objetivo seja atendido, o RIMA
deve ser apresentado de forma objetiva e de fácil compreensão.

As informações devem ser apresentadas em linguagem acessível, acompanhadas de


mapas, quadros, gráficos etc., de modo a que as vantagens e desvantagens do projeto, bem como
todas as consequências ambientais de sua implantação, fiquem claras.

O RIMA deve apresentar, no mínimo, as seguintes informações:

 Objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais,


planos e programas governamentais;

 Descrição do projeto, apresentando suas alternativas locacionais e tecnológicas e


especificando, para cada uma delas, nas fases de construção e operação, a área de
influência, a matéria-prima e mão-de-obra, as fontes de energia, processos e técnicas
operacionais, prováveis efluentes, emissões, resíduos e a oferta de empregos diretos e
indiretos;

 Listagem sintética dos resultados do diagnóstico ambiental da área de influência do projeto;

 Descrição dos prováveis impactos nas suas diferentes fases de desenvolvimento (implanta-
ção e operação) e suas características;

 Cenário futuro da qualidade ambiental na área de influência do empreendimento,


comparando as diferentes situações da adoção do projeto e de suas alternativas, bem como
a hipótese de sua não realização;

 Descrição dos efeitos esperados após as medidas mitigadoras, identificando os impactos


não corrigíveis e o grau de alteração esperado;

 Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos negativos.

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Figura 5 – Esquema das Etapas para Elaboração de Estudos Ambientais. Fonte: MMA.

6.5. PROCEDIMENTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Como visto anteriormente, o Licenciamento Ambiental é realizado por meio de procedimento


administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação
e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais.
Assim, e buscando regulamentar o processo o CONAMA, ao elaborar a Resolução nº
237/97, estabeleceu as seguintes etapas:

I – Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos


documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento
correspondente à licença a ser requerida;
II – Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos,
projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade;
III – Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos,
projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando
necessárias;
IV – Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente,
integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e
estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma
solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;
V – Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;
VI – Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente,
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decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicita- ção
quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;
VII – Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
VIII – Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

Em função da natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e,


ainda, da compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento,
implantação e operação, o órgão ambiental competente poderá estabelecer procedimentos
específicos para as licenças ambientais.
Também, poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e
empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, neste caso, deve ser submetido à
aprovação dos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.
Outro procedimento, também considerado pela Resolução CONAMA nº 237/97, é a adoção
de um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades
similares e vizinhos, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos
ou atividades

6.5.1.1. PROCEDIMENTOS PARA CONCESSÃO DE LICENÇA PRÉVIA – LP

Considerando que a Licença Prévia é concedida na fase preliminar do planejamento de um


empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e atestando sua viabilidade, após exame
dos impactos ambientais por ele gerados, dos programas de redução e mitigação de impactos
negativos e de maximização dos impactos positivos, é necessário que o órgão licenciador
competente tenha informações suficientes para análise e tomada de decisão. Desta forma, e
considerando as etapas estabelecidas na Resolução nº 237/97, e procedimentos adotados pelo
IBAMA e outros órgãos ambientais, propõe-se os seguintes procedimentos:

 Consulta ao órgão licenciador competente

O empreendedor, de posse de informações e documentos que caracterizem devidamente


seu empreendimento/atividade, sua localização e inserção ambiental, consulta ao órgão licenciador
competente sobre os estudos necessários ao licenciamento ambiental.

 Definição do estudo ambiental

O órgão licenciador, após a compreensão geral do empreendimento/atividade, define o


estudo ambiental necessário ao início do processo de licenciamento ambiental e elabora o Termo de
Referência - TR norteador do mesmo, e quando for o caso, o submete à apreciação de instituições

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que têm interface com o empreendimento (IPHAN, FUNAI, Fundação Palmares, Secretaria de
Vigilância Sanitária - SVS).
Dependendo do tipo do empreendimento, o órgão licenciador poderá solicitar a apresentação
de Análise de Riscos ou Avaliação de Riscos.

 Elaboração dos estudos ambientais

O empreendedor, de posse do TR, elabora os estudos ambientais e encaminha ao órgão


licenciador juntamente com o requerimento de solicitação de Licença Prévia.

 Solicitação da Licença Prévia

O empreendedor solicita a LP e publica a solicitação conforme Resolução CONAMA nº


06/86.

 Quando for necessário ouvir outros órgãos

O órgão licenciador, ao receber os estudos ambientais, encaminha os aos demais órgãos


envolvidos no processo de licenciamento ambiental, quando for o caso, e solicita o respectivo
parecer técnico.
No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da
Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em
conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a
autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos
competentes.

 Quando se tratar de EIA/RIMA

Quando se tratar de EIA/RIMA, o órgão licenciador, publica o recebimento do mesmo,


fixando o prazo de 45 dias para solicitação de Audiência Pública.
Sempre que julgar necessário ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
Público ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o órgão licenciador promoverá a realização de
audiências públicas.
Respeitado o sigilo industrial, assim solicitado e demonstrado pelo interessado, o RIMA
deverá ser colocado à disposição do público. Suas cópias permanecerão à disposição dos
interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas públicas e do órgão estadual de controle
ambiental correspondente, inclusive no período de análise técnica.

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 Solicitação de esclarecimentos e complementações

O órgão licenciador, se necessário, solicita esclarecimentos e complementações, uma única


vez, em decorrência da análise dos estudos ambientais apresentados, podendo haver a reiteração
da solicitação, caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios.
Havendo necessidade, o órgão licenciador solicita a apresentação do projeto de engenharia
para elucidações específicas e, conforme o caso realiza vistoria(s) técnica(s).
O órgão licenciador, quando couber, solicita esclarecimentos e complementações,
decorrentes de audiências públicas, podendo haver reiteração da solicitação, quando os
esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios.

 Parecer técnico conclusivo

Uma vez concluída a análise dos estudos ambientais e de posse do exame técnico
elaborado pelos órgãos envolvidos no processo, o órgão licenciador emite um parecer técnico
conclusivo sobre a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade.

 Concessão da Licença Prévia-LP

O órgão licenciador, ao conceder a LP estabelecerá as condicionantes que o empreendedor


deverá cumprir antes de expirada sua validade ou quando da entrega da solicitação de Licença de
Instalação – LI.
Aqui vale citar o Acórdão 1.869/2006-TCU-Plenário, subitem 2.2.2: “o órgão ambiental não
poderá admitir a postergação de estudos de diagnóstico próprios da fase prévia para as fases
posteriores sob a forma de condicionantes do licenciamento”.

 Publicação da Licença Prévia

O empreendedor publica o recebimento da LP, conforme Resolução CONAMA nº 06/86.

 Indeferimento da solicitação de Licença Prévia

No caso de indeferimento da solicitação de LP, o órgão licenciador deverá dar a devida


publicidade, conforme Resolução CONAMA nº 06/86.
Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes
do SISNAMA, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e
processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações
ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico.

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 Renovações da Licença Prévia

O empreendedor, caso necessário, solicita renovações da LP, cujo prazo global, desde a
emissão da original, não pode exceder 5 (cinco) anos. Se o atendimento das condicionantes não
ocorrer antes do prazo referido, o processo licenciamento deverá ser arquivado.

 Atendimento às Condicionantes da Licença Prévia

Concedida a LP, o empreendedor detalhará o projeto de engenharia do empreendimento ou


atividade, bem como os planos, programas e projetos ambientais estabelecidos nos estudos
ambientais aprovados, além do atendimento às condicionantes da LP, para apresentação e
aprovação antes da concessão da Licença de Instalação – LI.

6.5.1.2. PROCEDIMENTOS PARA CONCESSÃO DE LICENÇA DE INSTALAÇÃO – LI

Essa é a fase em que são analisados os planos e programas ambientais propostos no


estudo ambiental, que subsidiou a concessão da Licença Prévia, e/ou solicitados pelo órgão
licenciador, bem como o projeto de engenharia do empreendimento. Também são analisados os
documentos técnicos por ventura solicitados como condicionante da LP.
O conjunto de documentos técnicos em atendimento às condicionantes da LP, programas e
projetos ambientais detalhados compõe o Projeto Básico Ambiental - PBA.
Cabe aqui destacar o Art. 19 da Resolução CONAMA nº 237/97: O órgão ambiental
competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de
controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:
I – Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais;
II – Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da
licença;
III – Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

 Solicitação da Licença de Instalação

O empreendedor, de posse do requerimento específico e tendo atendido às condicionantes


da LP, solicita a Licença de Instalação – LI e entrega ao órgão licenciador o detalhamento do projeto
de engenharia e dos planos, programas e projetos ambientais, estabelecidos nos estudos
ambientais aprovados e na licença prévia.

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 Publicação da solicitação da Licença de Instalação

A solicitação da LI deve ser publicada conforme Resolução CONAMA nº 06/86.

 Quando for necessário ouvir outros órgãos

Quando for o caso, os demais órgãos envolvidos no processo de licenciamento ambiental


apreciam a documentação apresentada e emitem seu parecer técnico e o encaminham ao órgão
licenciador.
Observar o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até
seu deferimento ou indeferimento.

 Parecer técnico conclusivo e concessão da Licença de Instalação

Caso haja a aprovação do Plano Básico Ambiental e deferimento da solicitação de


concessão da licença, o órgão licenciador emite o parecer conclusivo e a LI contemplando as
condicionantes que devem ser atendidas antes da solicitação de Licença de Operação – LO.
O prazo de validade da LI deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de
instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

 Publicação do recebimento da Licença de Instalação

O empreendedor publica o recebimento da LI, conforme Resolução CONAMA nº 06/86.


Instalação do empreendimento e implantação dos programas ambientais O empreendedor implanta
o empreendimento conforme o projeto de engenharia (obras, atividades e instalações de
equipamentos de controle ambiental) e implementa os programas ambientais no que se refere à
fase de implantação do empreendimento ou atividade. Em caso de necessidade, o empreendedor
solicita a renovação da LI.

 Acompanhamento de Instalação do empreendimento e implantação dos programas


ambientais

O órgão licenciador acompanha a instalação do empreendimento e dos equipamentos de


controle, se for o caso, e a implantação dos programas de monitoramento e das medidas
mitigadoras.

6.5.1.3. PROCEDIMENTOS PARA A CONCESSÃO DE LICENÇA DE OPERAÇÃO – LO

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É extremamente importante que o órgão licenciador acompanhe a instalação do
empreendimento e a implantação dos programas e medidas ambientais, de forma que possa, se
necessário, realizar alterações nas condicionantes da LI em tempo hábil.

 Solicitação da Licença de Operação

O empreendedor, mediante formulário próprio, solicita a Licença de Operação – LO e


apresenta um relatório sobre o atendimento às condicionantes da LI.

 Publicação da solicitação da Licença de Operação

A solicitação da LO deve ser publicada conforme Resolução CONAMA nº 06/86.

 Quando for necessário ouvir outros órgãos

Quando for o caso, os demais órgãos envolvidos no processo de licenciamento ambiental


apreciam a documentação apresentada e emitem seu parecer técnico e o encaminham ao órgão
licenciador.
Observar o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até
seu deferimento ou indeferimento.

 Análise e Parecer Conclusivo

O órgão licenciador analisa o relatório sobre o atendimento às condicionantes da LI, realiza


vistoria nas instalações do empreendimento ou atividade implantado, e emite um parecer técnico
conclusivo sobre a concessão da LO.
Observar o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até
seu deferimento ou indeferimento.

 Concessão da Licença de Operação

Caso o parecer técnico concluir pelo deferimento da solicitação da licença, o órgão


licenciador emite a LO, contemplando as condicionantes que devem ser atendidas durante o prazo
de validade da mesma. O prazo de validade da Licença de Operação - LO deverá considerar os
planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.
Nesta etapa também haverá o ressarcimento, pelo empreendedor, das despesas realizadas
pelo órgão ambiental competente.

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 Publicação do recebimento da Licença de Operação

O empreendedor publica o recebimento da LO, conforme Resolução CONAMA nº 06/86, e


inicia a operação do empreendimento ou atividade.

 Acompanhamento da Operação do empreendimento

O órgão licenciador acompanha a execução dos programas de monitoramento, com vistorias


e análise de relatórios periódicos, que deverão ser apresentados pelo empreendedor.

 Renovação da Licença de Operação

O empreendedor solicita a renovação da LO, com antecedência mínima de 120 (cento e


vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os
condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença
expedida, quando ocorrer:
I – Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.
II – Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da
licença.
III – Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. Sugere-se que o
monitoramento da atividade seja uma atividade contínua, procedendo-se a sua revisão e atualização
periódica.

6.5.2. PORTAL NACIONAL DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O Portal Nacional de Licenciamento Ambiental – PNLA é um instrumento de divulgação de


informações sobre o licenciamento ambiental em âmbito nacional e visa atender ao disposto na Lei
Nº 10.650, de 16 de abril de 2003, que determina o acesso público aos dados e informações
ambientais existentes nos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Meio Ambiente
– SISNAMA.
O PNLA integra o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente – SINIMA, e foi
criado para agregar e sistematizar informações sobre licenciamento ambiental de todas as esferas
de governo: federal, estadual, distrital e municipal.
Iniciada em 2005, a construção do PNLA envolveu um amplo processo de articulação
institucional entre o Ministério do Meio Ambiente e os órgãos ambientais dos estados, e foi
viabilizada a partir da revisão e do aprimoramento dos sistemas estaduais de licenciamento

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ambiental. O PNLA está em constante processo de aperfeiçoamento atrelado a todos os órgãos
ambientais do SISNAMA para que possa funcionar como ferramenta efetiva de informação sobre o
Licenciamento Ambiental no âmbito nacional.
Importante registrar que o Portal Nacional não substitui os sistemas do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, nem tampouco dos órgãos estaduais
e municipais de meio ambiente, pois disponibiliza as informações em nível de macro-estatísticas,
sendo atribuição de cada organismo federal, estadual, distrital e municipal, o detalhamento e
atualização das informações sobre os processos de licenciamento ambiental nos respectivos
portais.
O Portal Nacional é um meio para disponibilizar informação e visa assegurar a transparência
do processo de licenciamento, permitindo o controle social, além de ser ferramenta de suporte à
formulação de políticas e diretrizes de ação do Ministério de Meio Ambiente e das demais entidades
formadoras do Sistema Nacional de Meio Ambiente. A atual versão o PNLA traz informações sobre
o processo de licenciamento ambiental, permite o acesso a dados de licenças emitidas, lista
legislações relacionadas, disponibiliza publicações em formato eletrônico, divulga as entidades e
contatos dos órgãos licenciadores do SISNAMA e difunde eventos de capacitação e materiais
informativos em temas de interesse do licenciamento.
Para acessar o Portal Nacional de Licenciamento Ambiental: http://www.mma.gov.br/pnla ou
a partir do sítio http://www.mma.gov.br/ e de alguns sítios de órgãos estaduais de meio ambiente,
em que há esta logomarca: Portal Nacional do Licenciamento Ambiental – PNLA.

6.6. CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS


OU UTILIZADORAS DE RECURSOS AMBIENTAIS – CTF/APP

O Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de


Recursos Ambientais foi instituído pelo artigo 17 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. O
cadastro foi regulamentado pela Instrução Normativa do IBAMA IN nº 6, de 15/03/2013. Esta
instrução substituiu a IN nº 31, de 03/12/09. O cadastro tem como finalidade o controle e
monitoramento das atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção, transporte e
comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos
e subprodutos da fauna e flora.
Nos termos desta lei, é obrigatório o registro de todas as pessoas físicas ou jurídicas
conforme Relação de Atividades que constam de Anexo da IN nº 6. Esta norma, traz ainda, em seu
Anexo I, uma nova tabela de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos
Ambientais, que substitui o Anexo II da IN 31/2009.
O CTF é obrigatório a cada CNPJ (art. 16, inciso I) e em caso de necessidade de
regularidade de alguma unidade ou site, há especificações de documentos que podem ser aceitos
para comprovação de início ((art. 17) ou de encerramento das atividades (art. 25), pois as empresas
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ou CNPJs irregulares serão declarados como “suspensos para averiguações” – inc. IV do art. 23,
gerando as eventuais medidas fiscalizadoras e punitivas.
As obras ou serviços potencialmente poluidores que funcionarem sem a devida licença dos
Órgãos Ambientais competentes, poderão ter implicações nos termos da Lei de Crimes Ambientais.
As pessoas físicas ou jurídicas sujeitas ao Cadastro Técnico Federal devem se registrar via
internet no site do IBAMA, acessando o link da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental para
preenchimento auto-explicativo http://www.ibama.gov.br. A falta de inscrição no Cadastro Técnico
Federal sujeita o infrator à multa prevista nos incisos I a V do art. 17-I da Lei nº 6.938/1981, alterada
pela Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS

7. IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP’S)


CAUSADOS PELOS PARQUES EÓLICOS

7.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP

A chamada área de preservação permanente é definida no artigo 3°, II, da Lei n° 12.651, de
25 de maio de 2012, como sendo uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, e que
tem como funções ambientais a preservação dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade
geológica e da biodiversidade, bem como a facilitação do fluxo gênico de fauna e flora, a proteção
do solo e, por fim, assegurar o bem-estar das populações humanas. A figura 06 ilustra bem essas
funções.

Figura 6 – Funções das Areas de Preservação. Fonte: internet.

A resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, dispõe sobre os parâmetros,


definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de
uso do entorno. Convem explicitar:
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
II - ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio mínimo de
cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica
contribuinte;
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IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de
cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado;
X - em manguezal, em toda a sua extensão;
XI- em duna;
XV - nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre.

Ressalta-se que esta resolução usa como base o antigo código florestal, da lei nº 4.771 de
1965. Assim, conforme o Novo Código Florestal, o artigo 3º define, entre outros termos, o que é uma
APP, utilidade pública, manguezal e restinga.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei entende-se por:
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
VIII - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de
transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo
urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia,
telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de
competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como
mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;
c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das
funções ambientais referidas no inciso II deste artigo;
e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional
ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal
XIII - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à
ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se
associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com
influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com
dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e de
Santa Catarina;
XVI - restinga: depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente
alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes
comunidades que recebem influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico,
encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de
acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último
mais interiorizado;

Ainda segundo o artigo 4o da Lei n° 12.651, 25/05/2012, considera-se Área de Preservação


Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei, os incisos aqui citados servem
de base para os parques eólicos em APP,
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;

O novo Código Florestal também prevê três situações para derrubada de mata em APP.
Contudo somente os órgãos ambientais podem abrir exceção à restrição e autorizar o uso e até o
desmatamento de área de preservação permanente rural ou urbana, mas, para fazê-lo, devem
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comprovar as hipóteses de utilidade pública, interesse social do empreendimento ou baixo impacto
ambiental (art. 8º da Lei 12.651/12). Ainda em tempo, no § 1º A supressão de vegetação nativa
protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade
pública.

Utilidade pública:
Atividades de segurança nacional e de proteção sanitária; obras de infraestrutura para
serviços públicos de transporte, saneamento, gestão de resíduos, salineiras, energia,
telecomunicações, radiodifusão e mineração (exceto extração de areia, argila, saibro e cascalho);
atividades e obras de defesa civil e que melhorem a própria APP.

Interesse social:
Atividades para proteção da vegetação nativa (controle do fogo, da erosão, proteção de
espécies nativas); exploração agroflorestal em pequena propriedade ou por povos e comunidades
tradicionais; infraestrutura pública de esportes, lazer e atividades educacionais e culturais;
regularização de assentamentos ocupados por população de baixa renda; instalações para
fornecimento de água e esgoto, desde que tratado; e extração de areia, argila, saibro e cascalho
outorgadas pela autoridade competente.

Atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:


Abertura de pequenas vias internas para travessia de curso de água e acesso de pessoas e
animais para a obtenção de água; captação de água; trilhas para ecoturismo; pequeno ancoradouro;
construção de moradia de agricultores familiares e populações tradicionais com abastecimento de
água pelos próprios moradores; cercas de divisa de propriedade; pesquisa relativa a recursos
ambientais; coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas;
plantio de espécies nativas; e exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e
familiar.
Para construir e operar um parque eólico em APPs é preciso tomar por base a RESOLUÇÃO
CONAMA Nº 369, de 28 de Março de 2006, que dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade
pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de
vegetação em Área de Preservação Permanente-APP. Os artigos relevantes para instalação de
parques eólicos podem ser:
Art. 1º Esta Resolução define os casos excepcionais em que o órgão ambiental
competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área de
Preservação Permanente- APP para a implantação de obras, planos, atividades ou
projetos de utilidade pública ou interesse social, ou para a realização de ações
consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.
§ 1º É vedada a intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascentes,
veredas, manguezais e dunas originalmente providas de vegetação, previstas nos
incisos II, IV, X e XI do art. 3º da Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de
2002, salvo nos casos de utilidade pública dispostos no inciso I do art. 2º desta
Resolução, (...).
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Art. 2º O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção ou
supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada e motivada mediante
procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos
nesta resolução e noutras normas federais, estaduais e municipais aplicáveis, bem
como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de Manejo das
Unidades de Conservação, se existentes, nos seguintes casos:
I - utilidade pública:
b) as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de
transporte, saneamento e energia;

7.2. IMPACTOS AMBIENTAIS DOS PARQUES EÓLICOS EM APPs

Em pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2009 nos estados brasileiros
sobre quais seriam os principais impactos potenciais de um parque eólico, os estados apontaram
que os principais impactos são os relacionados ao efeito do parque eólico na paisagem, alteração
de uso do solo e relevo, impactos na avifauna e ruídos. Existe uma preocupação especial a respeito
da localização e realização de obras para instalação do parque, principalmente nos estados da
região Nordeste e Sul, onde os parques são muitas vezes instalados em áreas com restrições de
uso como dunas e região costeira.
Foram apontados pelos estados um total de 28 impactos ambientais potenciais ocasionados
por empreendimentos de geração de energia eólica que foram classificados em 7 categorias como
mostra a figura 7 seguinte.

Figura 7 – Impactos ambientais potenciais de usinas eólicas. Fonte: MMA.

Foram feitas pelos estados um total de 15 considerações a respeito dos impactos ambientais
identificados efetivamente em empreendimentos, que foram divididos em 7 classes, apresentados
na figura 8 abaixo.

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Figura 8 – Impactos ambientais identificados efetivamente em empreendimentos de energia eólica.


Fonte: MMA.

7.2.1. Principais impactos sobre o meio biótico

Supressão da vegetação

A construção de usinas eólicas pode provocar impactos na fauna e na flora local durante a
fase de construção e durante a permanência do empreendimento ou sua exploração, os impactos
recorrentes são supressão da vegetação, remoção de terra e compactação do terreno por máquinas
(KERLINGER, 2002 apud FILHO e AZEVEDO, 2013).
O desmatamento promove a supressão de ambiente com fauna e flora e a fragmentação
local dos ecossistemas relacionados. Estudos demonstram que essas atividades geralmente são
realizadas em um sistema ambiental de preservação permanente podendo gerar a extinção de
setores fixados pela vegetação, bem como a supressão de ecossistemas antes ocupados por fauna
e flora específicas (MEIRELES, 2009 apud FILHO e AZEVEDO, 2013).

Fauna

Entre os impactos na fauna, a implantação de uma usina eólica pode gerar de forma direta e
indireta danos sobre as aves como risco de colisão com os aerogeradores (rotores, pás e torres de
suporte); colisão com as linhas de transporte de energia; alteração do sucesso reprodutor;
perturbação na migração (mudanças nos padrões de migração); perda de habitat de reprodução e
alimentação; alteração dos padrões de movimentação e utilização do habitat devido à perturbação
associada à presença das turbinas. Empreendimentos eólicos fora de rotas de imigração não
pertubam os pássaros, eles tendem a mudar sua rota de vôo entre 100 a 200 metros, passando
acima ou ao redor da turbina (Tolmasquim, 2004 apud FILHO e AZEVEDO, 2013).
As turbinas de vento para geração de energia eólica representam uma grande ameaça para
as populações de morcegos. A rotação das turbinas causa uma queda da pressão atmosférica na
região próxima à extremidade das lâminas, e quando um morcego passa por essa zona de baixa

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pressão seus pulmões sofrem uma expansão repentina, o que resulta no rompimento dos vasos
capilares do órgão causando hemorragia interna, algo similar ao que acontece com mergulhadores
que experimentam mudanças repentinas de pressão. Embora alguns sejam afetados por golpes
diretos desferidos pelas hélices das turbinas, a principal causa de morte é essa queda repentina de
pressão próxima das estruturas dos aerogeradores As aves são menos impactadas que os
morcegos, pois, graças ao seu sistema respiratório mais robusto, não sofrem com o problema de
despressurização. (VILLEY MIGRANE, 2004 apud FILHO e AZEVEDO, 2013). Pintar as pás em
cores mais visíveis pode aumentar a sua visibilidade, reduzindo o número de colisões. Mas em
termos de mortalidade de aves, a localização da usina eólica, é sem duvida o mais importante.
A correta localização de empreendimentos eólicos pode reduzir os efeitos negativos no meio
ambiente em alguns grupos faunísticos. Entretanto, os estudos com foco nesses impactos ainda são
recentes. A implantação da usina eólica pode implicar na interferência da fauna terrestre, primeiro
por atingir seus habitats, e, segundo, pelo aumento da movimentação e ruído na fase de
implantação, que tende a afugentar a fauna para outras localidades, podendo esta, sofrer
atropelamentos nas rodovias. Porém nota-se o retorno da fauna terrestre quando do término das
obras.

7.2.2. Principais impactos sobre o meio físico

Degradação da área afetada

As usinas eólicas quando em operação ou em processo de instalação podem degradar


consideravelmente a área ocupada, devido ao processo de desmatamento, de topografia, e de
terraplenagem, pois é necessária a criação e manutenção de uma rede de vias de acesso para os
aerogeradores. Os impactos gerados pela terraplanagem estão relacionados com atividades de
retirada e soterramento da cobertura vegetal, abertura de cortes transversais e longitudinais e
aterros, para a abertura de vias de acesso, área de manobra para caminhões, pás mecânicas e
tratores de esteira, e preparação do terreno para a instalação do canteiro de obras. Outro impacto é
o da introdução de material sedimentar para impermeabilização e compactação do solo, quando da
etapa do processo de implantação visando proporcionar o tráfego de veículos sobre a rede de vias
de acesso aos aerogeradores, ao canteiro de obras, ao depósito de materiais, do escritório e do
almoxarifado.
A implantação de usinas geradoras de energia eólica podem promover interferência em sítios
arqueológicos, o que traz a necessidade de além de estudos técnicos precedentes, que haja
monitoramento da área afetada.

Alteração do nível hidrostático do lençol freático

As atividades de terraplanagem podem alterar o nível hidrostático do lençol freático,


influenciando no fluxo de água subterrânea, visto que os cortes e aterros possivelmente serão
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submetidos a obras de engenharia para a estabilidade dos taludes e as vias compactadas para
possibilitar a continuidade do tráfego de caminhões. Outro fator de alteração do nível hidrostático do
lençol freático está vinculado à produção de concreto para confecção das fundações das torres
eólicas, visto que é elevado o volume de material a ser utilizado. Ou seja, há interferência na
disponibilidade hídrica local devido ao elevado consumo de água na fabricação do concreto. O
conjunto de impactos ambientais poderá interferir no controle da erosão, dinâmica hidrostática e
disponibilidade de água doce, supressão de habitats e alterações da paisagem vinculadas aos
aspectos cênicos e de lazer.
Os principais impactos negativos sobre meio socioeconômico causados pela geração da
energia eólica estão relacionados aos seguintes aspectos
 Emissão de ruído;
 Impacto visual;
 Corona visual ou ofuscamento;
 Interferência eletromagnética;
 Efeito estroboscópico;
 Interferências locais.

7.2.3. Impactos sobre Planícies Litorâneas

Muitos pesquisadores em estudo exploratório de campo e outras fontes de estudo


(FREITAS, 2012), tem mostrado os impactos existentes ao meio ambiente decorrente da
implantação de parques eólicos em áreas de preservação permanentes (APP’s), nas planícies
litorâneas, tais como:

 Desmatamento das dunas fixas


Ocorre devido à retirada da vegetação que recobre ou está fixa em torno das dunas, são
retiradas para permitir o trânsito das gruas e tratores entre uma torre e outra e para preparação do
terreno para a instalação do canteiro de obras. O desmatamento promove a supressão de ambiente
com fauna e flora específicas de mata de duna e tabuleiro e a fragmentação local deste
ecossistema. A figura 9 mostra a base da duna fixa retirada, com a remoção do solo para a
instalação de vias de acesso de canteiro de obras, em campo de dunas da Taíba – CE.

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Figura 9 – Desmatamento de dunas fixas. Foto: J. Meireles, abril de 2008.

 Soterramento de dunas fixas pelas atividades de terraplanagem


Para a implantação de vias de acesso e canteiro de obras é feito a remobilização de um
grande volume de areia. A figura 10 mostra o revolvimento da areia das dunas de Galinhos-RN.
Estas atividades foram realizadas em um sistema ambiental de preservação permanente (Código
Florestal e a resolução do CONAMA n° 303/2002).

Figura 10 – Soterramento das dunas em Galinhos-RN. Fonte: Internet

 Soterramento de lagoas interdunares


Assim como é feito nas dunas fixas, as lagoas são soterradas pelo grande volume de areia
remobilizado para dar acesso aos canteiros de obras. Os aquíferos costeiros associados aos
campos de dunas são sistemas ambientais dos mais importantes, por causa da indispensabilidade
de seu uso e por armazenar em recurso natural escasso. Em termos de potencialidades de usos
sustentáveis são essenciais para o setor produtivo econômico, as populações e para a manutenção
da biodiversidade. Cuidados especiais e estratégias de utilização da água armazenada nas dunas,
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bem como dos demais componentes ambientais associados á disponibilidade e qualidade deste
recurso hídrico, devem ser planejados levando em conta, fundamentalmente, projeções de
expansão populacional e necessidade de proteção dos ecossistemas de preservação vinculados.

 Cortes e aterros nas dunas fixas e móveis


Tal atividade modifica a paisagem natural e promove um conjunto de alterações ambientais
em ecossistemas de preservação permanente. segundo MEIRELES: Essas atividades certamente
alteraram o nível hidrostático do lençol freático o que poderá influenciar no fluxo de água
subterrânea e na composição e abrangência espacial das lagoas interdunares. É importante ainda
salientar que cortes e aterros possivelmente serão submetidos a obras de engenharia para a
estabilidade das encostas e as vias certamente compactadas com utilização de matérias
provenientes de outras áreas (solos apropriados para a impermeabilização) e assim possibilitar o
tráfego de caminhões).

Figura 11 – Corte em dunas fixas para tráfego de caminhões. Foto: J. Meireles, abril de
2008.

 Introdução de material sedimentar para impermeabilização e compactação do solo


Etapa do processo de implantação para proporcionar o tráfego de veículos sobre a rede de
vias de acesso aos aerogeradores, canteiro de obras, depósito de materiais e do
escritório/almoxarifado. Para efetivar a construção das vias de acesso e a base para a edificação
dos demais equipamentos de construção civil, com a introdução de componentes sedimentares
provenientes de outros sistemas ambientais. As figuras 12 e 13 foram da instalação do parque
eólico em Galinhos-RN.

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Figura 12 – Introdução de material sedimentar. Fonte: internet.

Figura 13 – Compactação de material sedimentar. Fonte: internet.

Toda essa dinâmica de transportes e pessoas provoca, de maneira indireta, um desequilíbrio


no meio ambiente local, no habitat natural onde vivem os animais característicos dessa região, que
têm sua rotina alterada, seu silêncio quebrado e seu habitat invadido pela ação antrópica, para dar
lugar ao progresso. A instalação dos parques eólicos aumenta a pressão sobre a diversidade
biológica da região, com impactos diretos sobre a fauna (sobretudo aves, morcegos e tartarugas
marinhas), a flora, e não esquecendo as rotas de migração de espécies nativas. Outro impacto é
referente aos resíduos sólidos e líquidos provenientes das atividades do canteiro de obras e das
atividades construtivas. Os resíduos sólidos devem ser manejados adequadamente. O risco de

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contaminação do solo por resíduo líquido, devido à operação e manutenção de parques eólicos, é
reduzido, mas existe, ainda mais em se tratando da instalação sobre as dunas, o que possibilita a
contaminação e alteração do nível hidrostático do lençol freático.
Além disso, existem estudos em outros países, que analisam a influência da luminosidade
causada pelo movimento das hélices, durante o dia e a noite, na saúde mental da população do
entorno (efeito estroboscópico dos aerogeradores). Nesse efeito, o grau de sombreamento
intermitente depende da distância da torre, da latitude do local, do período do dia e do ano. Torna-se
mais relevante quanto menor for a distância das pás e o receptor, bem como o fato de estar em uma
mesma altitude. Segundo pesquisas, o sombreamento intermitente pode causar incômodo e
prejudicar pessoas que sofrem de epilepsia, além de náuseas e dores de cabeça nos moradores
afetados. É o chamado efeito estrosbocópico (PIRES, 2010 HOFSTAETTER e PESSOA, 2015). Ele
é sentido em uma distância até dez vezes o diâmetro das pás e depende da direção das turbinas
eólicas de residências, sendo bem documentado em diversos países do mundo, porém mal
regulamentado (FILHO, 2013). Em nível mundial, existe uma preocupação com questões como o
ruído, a poluição sonora (Woods, 2003; Toke, 2005; Hall et al., 2013), ou os efeitos sobre a saúde
(Woods, 2003; Barry et al., 2008; Hall et al., 2013). O barulho pode também afetar a reprodução das
tartarugas marinhas, entre outras espécies (HOFSTAETTER e PESSOA, 2015).
O ruído no interior ou em torno de uma usina eólica varia consideravelmente dependendo de
uma série de fatores, como o modelo de turbinas instaladas, o relevo do terreno, a velocidade e a
direção do vento, entre outros. O aumento das emissões de som das turbinas eólicas está
relacionado com aumento da velocidade do vento. Quando há pessoas que vivem perto de uma
usina eólica, os cuidados devem ser tomados para garantir que o som das turbinas de vento seja em
um nível razoável em relação ao nível do som ambiente da área. Vários estudos registraram um
conjunto comum de efeitos adversos à saúde de pessoas que vivem próximas aos aerogeradores.
Esses sintomas começaram após o funcionamento das usinas eólicas, incluindo distúrbios do sono,
dor de cabeça, zumbido nos ouvidos, pressão no ouvido, náuseas, tonturas, taquicardia,
irritabilidade, problemas de concentração e memória, episódios de pânico com sensação de
pulsação interna ou trêmula que surgem quando acordado ou dormindo (FILHO, 2013).

7.3. CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS

A energia eólica é geralmente entendida como “limpa”, “verde” ou “amiga do ambiente”,


entendida como uma extensão de tecnologias tradicionais como os moinhos de vento, sendo assim
considerada por estar em contraposição às principais tecnologias de produção energética tais como
a nuclear ou os combustíveis fósseis (não renováveis) e, também diferente dos biocombustíveis,
que incorporam o trabalho periculoso e desumano dos trabalhadores (conhecidos popularmente
como boias-frias) e das barragens (que em geral desapropriam as populações locais),
(HOFSTAETTER e PESSOA, 2015).
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Contudo, controvérsias tem surgido em função da percepção de possível impacto ambiental
decorrente da alteração das paisagens. Movimentos de resistência tem se colocado a frente de
implantação de parques eólicos em determinada localização, encabeçados geralmente por
moradores e autoridades locais ou organizações não governamentais, tais como de defesa do meio
ambiente, de defesa do patrimônio, da paisagem, do turismo entre outros. Hofstaetter e Pessoa
(2015) citam diversos casos de oposição à instalação de parques eólicos que estão amplamente
documentados em países como Reino Unido, França, Alemanha, Holanda e Grécia.
Aqui no Rio Grande do Norte, também já se pode ver movimentos de resistência à
implantação de parques eólicos. Na reportagem veiculada no site RioGrandedoNorte.net no dia 20
de agosto de 2012 tem-se a noticia de que a população do município de Galinhos se opôs a
construção do parque eólico Rei dos Ventos I, do Consórcio Brasventos, sobre as Dunas do Capim,
considerada o grande atrativo turístico da região. “Sem acordo conjunto, o caso foi parar na Justiça,
e ganhou um novo capítulo quando cenas de tratores abrindo espaço na areia passaram a compor o
visual do cartão postal”.
Hoje, o município de Galinhos abriga dois parques eólicos Rei dos Ventos I e Rei dos Ventos
III, que ocupam uma extensão de 5 km numa área total de 719 hectares sobre dunas e restinga. A
implantação desses parques eólicos causou uma série de impactos para a comunidade do entorno,
desde aspectos ambientais até a dificuldade de acesso as dunas pelos moradores, o que levou a
população local a questionar o seu papel no processo de instalação do empreendimento, foi
possível observar que a população local ainda espera compensações por parte do consorcio
administrador do Parque Eólico, como benefícios para a cidade. Esperam também mais
transparência por parte da gestão municipal em relação ao uso dos recursos repassados para a
prefeitura (BARRETTO, 2015).
Além dos conflitos surgidos em Galinhos, a instalação de aerogeradores na RDSEPT1,
localizada nos municípios de Guamaré e Macau, ocorrida de maneira arbitrária e sem o
estabelecimento de diálogo com o conselho gestor da reserva, porém autorizados pelo órgão
ambiental estadual (IDEMA) gerou, igualmente, revolta dos moradores locais, em especial daqueles
sujeitos envolvidos diretamente com o processo histórico de criação dessa unidade de conservação.
Os moradores dessas localidades têm sido afetados por problemas diversos, como: a poluição
visual, causada pelo conjunto de aerogeradores; a mudança de caminhos, ou seja, de alguns dos
itinerários feitos pelos pescadores artesanais, o que os proíbe de circular por lugares próximos das
turbinas eólicas; e, por conseguinte, a criação de corredores de passagem para os pescadores
dentro da reserva, o que acaba os privando do direito de transitarem por lugares historicamente
conhecidos e reconhecidos (ARAÚJO, 2015).
1
A RDSEPT, localizada nos municípios de Macau e Guamaré, se constitui numa unidade de conservação estadual,
vinculada ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), do Ministério do Meio Ambiente
(MMA). Criada em 18 de julho de 2003 pela Lei 8.349 de iniciativa popular, a reserva teve como objetivos principais:
garantir a fixação dos moradores das omunidades tradicionais de Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho, principalmente
dos pescadores, de suas famílias e de suas futuras gerações; garantir o direito de uso da terra, do estuário, da restinga,
da praia e do mar; e garantir a continuidade do desenvolvimento das atividades pesqueiras.
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Além das alterações nas paisagens locais, os projetos dos Parques Eólicos também tem
causado um grande impacto sobre as formas, práticas e os modos de vida das populações locais,
pois os lugares onde estão sendo instalados passam por transformações com a chegada de
grandes infraestruturas e empresas. Ademais, as considerações das populações locais não têm
sido acatadas na implementação destes projetos, aonde deveriam ser os primeiros a serem
ouvidos, já que são os principais atores sociais envolvidos direta e/ou indiretamente nesse
processo de trasnformação.
O estudo de Hofstaetter e Pessoa (2015) tomou como exemplo de caso o Rio Grande do
Norte. Sabe-se que os parques de energia eólica são implantados na grande maioria na faixa
litorânea, em paisagens praticamente intocadas pela intervenção humana progressiva, com a
presença apenas de comunidades tradicionais de pescadores e agricultura de subsistência. Com a
chegada dos parques há uma descarectarização da paisagem, ainda afetam as tradições e a
identidade dessas comunidades, como também abalam atividades vinculadas ao turismo de sol e
praia que é forte no litoral potiguar.
Hofstaetter e Pessoa (2015, p.7) fizeram a seguinte citação:
Observa-se uma importante alteração na dinâmica sociocultural, com a chegada de
estrangeiros advindos de outros países e de outras localidades do Brasil, imprimindo
um novo padrão de consumo e cultural. Para exemplificar, trazemos o município de
Parazinho (RN), com menos de 5 mil habitantes, um dos municípios do boom da
energia eólica. Em função das promessas, das expectativas e do movimento de
pessoas de fora do município, em menos de dois anos foram abertos pousadas,
restaurantes, os aluguéis valorizaram-se e surgiram muitos empregos de diaristas,
pedreiro, faxineiro e vigia. Como em muitos municípios, neste, o PIB mais que
dobrou, crescendo 110% entre 2008 e 2012. Mas, passado o impacto das obras, as
centenas de pessoas empregadas durante a instalação do parque perderam as
vagas; os trabalhos foram sazonais. O comércio aberto na ocasião entrou em crise,
os empregos que restaram foram para poucos profissionais, geralmente de fora do
município, com maiores níveis de qualificação. Ou seja, houve um aumento
significativo no PIB do município, mas a renda não foi dividida com a população
local. A baixa inclusão da população local na geração de trabalho e renda deixou a
circulação de dinheiro à margem da comunidade não garantindo, assim, a melhoria
da qualidade de vida da população.

Elas ainda citam que esses tipos de impactos foram apontados em estudos como Woods,
2003; Toke, 2005; Bell et al., 2005; Zoellner et al., 2008; Cowell, 2010; Hall et al., 2013, tendo
consequências não só simbólicas mas também econômicas sobre o turismo e o valor das
propriedades.
Ainda nesse contexto, Pachione (2013) destaca que a construção de uma grande obra
implica um processo de enormes transformações, com consequências negativas para as
populações e para os elementos ambientais onde é realizada. No nível econômico, político,
institucional e social, as implicações da obra do parque eólico abrangem desde os níveis
transnacionais até os locais.
Pachione (2013, p. 31) cita que:
São poucas as pessoas da comunidade que têm conhecimento sobre o
empreendimento. Encontra-se, no referido caso, falta de acesso às informações
relevantes sobre o uso dos recursos ambientais e a destinação da geração do
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recurso. De acordo com Braga (apud Baptista, 2007), no âmbito de se tratar de um
caso de injustiça ambiental, questiona-se a participação dos moradores no processo
e na definição do projeto. A participação pública está prevista no procedimento de
licenciamento ambiental com os objetivos de garantir a divulgação de informações
sobre os projetos a serem licenciados; a apreciação de possíveis riscos à qualidade
ambiental das áreas de influência dos empreendimentos; a proposição de medidas
mitigadoras e de controle ambiental para se reduzir os danos ambientais; a captação
das expectativas e inquietações das populações afetadas, permitindo ao órgão
gestor recolher as manifestações e os interesses dos diferentes grupos sociais. Na
disputa por acesso aos recursos naturais.

A produção de energia eólica é necessária, desde que se preservem as funções e serviços


desses complexos sistemas naturais, as dunas, importantes no combate das consequências
previstas pelo aquecimento global. As dunas representam reservas estratégicas de sedimentos,
água, paisagens e ecossistemas que desempenham relações sócio-econômicas vinculadas ao uso
ancestral e sustentável das comunidades litorâneas e étnicas. Aspectos econômicos vinculados à
industria do turismo estão ameaçados pela artificialização da paisagem litorânea, possivelmente
interferindo negativamente no fluxo. Crescente é o volume das usinas eólicas que estão se
aglutinando de forma descontrolada, sem monitoramento integrado e definição dos impactos
derivados de suas ações (MEIRELES, 2009 apud PACHIONE, 2013).
No Rio Grande do Norte, um dos grandes problemas relacionados a implantação de parques
eólicos é a inexistencia de projetos e programas ambientais voltados para a conservação ou
preservação dos recursos naturais, assim como não existem programas de educação sobre as
formas de uso e consumo destes recursos. Não há conscientização da destinação dos resíduos
sólidos ou programas de coleta seletiva desenvolvidos pelos governos municipais (HOFSTAETTER
e PESSOA, 2015).
Este fato é tão importante e necessário de solução, que segundo a ABEEólica (2016):
O ano de 2015 foi marcado pela materialização de iniciativas de investidores da
indústria eólica com as comunidades próximas aos seus empreendimentos. Novos
projetos sociais foram designados nas regiões Nordeste e Sul e publicações inéditas
que reúnem os saberes e tradições dessas comunidades foram apresentadas a todo
o Brasil. Para além dessas iniciativas, importa destacar o compromisso constante
dos investidores para a preservação dos achados arqueológicos das áreas em que
os parques eólicos estão instalados.
Ainda segundo ABEEólica (2016), foram investidos cerca de R$ 500 mil em projetos
socioambientais beneficiando 5 mil pessoas residentes nos cinco municípios contemplados. No Rio
Grande do Norte, o municipio contemplado foi Ceará-Mirim. Para efeitos de escala e comparação,
atualmente há, em todo o Brasil, 70 municípios com parques eólicos instalados, sendo possível
refletir sobre o efeito multiplicador dos benefícios diretos trazidos pela fonte eólica.
Outra iniciativa socioambiental é o Programa de Certificação em Energia Renovável, ação da
ABEEólica e da Abragel, que prioriza em seu regulamento boas práticas socioambientais para a
certificação das usinas de geração de eletricidade por meio das fontes eólica, solar, biomassa e
Pequena Central Hidrelétrica - PCH. Tal programa ganhou especial impulso em 2015 por ter
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realizado as primeiras 15 transações de certificados. Adquiridos por escritórios, estabelecimentos
comerciais, instituições e empreendimentos imobiliários, há agora por parte dos compradores um
incentivo para as energias renováveis complementares, agregando valor ambiental a seus produtos
e serviços, uma vez que as usinas emissoras desses certificados devem, por regra, cumprir e
respeitar ações com a comunidade do entorno e o meio ambiente, para além das exigências legais
relacionadas ao processo de licenciamento ambiental (ABEEólica 2016).
Contudo, a instalação de parques eólicos ainda gera conflitos entre a necessidade da
sociedade de gerar fontes alternativas de energia e os interesses dos moradores locais, reforçando
as contradições inerentes ao sistema capitalista de produção. Hofstaetter e Pessoa (2015, p.7) nas
conclusões de seu estudo, citaram:
...apesar de não queimarem combustíveis fósseis e não emitirem poluentes, os
parques eólicos não são totalmente desprovidos de impactos ambientais. Eles
alteram as paisagens com suas torres e hélices, como vemos em todo o litoral norte
do Rio Grande do Norte, assim como interferem no modo de vida local. Do ponto de
vista social, considerando os primeiros resultados e discussões, a dinâmica criada a
partir das instalações dos parques eólicos não contribui para diminuir a
vulnerabilidade a que estão sujeitas as populações dos pequenos municípios onde
os mesmos se encontram, que se destacam pelo baixo IDH, pela baixa escolaridade,
pela inserção ocupacional em atividades informais (nos municípios em que os
parques já estavam instalados e em funcionamento em 2010, encontramos as
menores rendas per capita do total dos municípios que vivem essa nova realidade).

Enquanto a mídia tende a perceber o dano como sendo essencialmente ambiental, é, acima
de tudo, social. A energia eólica envolve discussões e debates de várias naturezas e de
contradições, como revelam os estudos interdisciplinares do campo da justiça ambiental, pois a
omissão do poder público em certos locais favorece o poder de barganha de empresas que querem
instalar atividades poluidoras (ACELRAD 2010 apud SANTOS, 2014).
É nesse contexto, que para Santos (2014):
...empresas podem oferecer pequenos benefícios sociais em troca da transferência
de altos custos sócio-ecológicos à população destes locais. Assim, empresas que
buscam lucrar burlando leis trabalhistas e ambientais, procuram instalar-se em
lugares onde: a) o preço da terra é menor; b) os serviços e aparatos de infraestrutura
pública são deficientes, aumentando o poder de barganha da empresa de oferecer
pequenas melhorias infra-estruturais em troca das externalidades negativas que
serão transferidas para a população local; c) o nível de desemprego é grande o que
faz com que moradores submetam-se a más condições de trabalho para evitar o
desemprego; e d) a repressão a protestos sociais é maior. Por serem mais baratos,
nesses lugares moram geralmente grupos sociais desfavorecidos; a) com menor
poder de influência para ter seus interesses politicamente representados; b) com
baixa empregabilidade; c) com poucas condições financeiras para procurar
alternativas de moradia distante das atividades poluidoras e portadoras de riscos à
saúde. Sendo assim, eles acabam arcando com os maiores custos de
empreendimentos que geram danos socioambientais - muitas vezes os mesmos
empreendimentos que dizem contribuir para o chamado desenvolvimento
sustentável.
No caso das eólicas no litoral do NE, os principais grupos diretamente beneficiados
são: a) investidores diretos (privados e públicos; estrangeiros e nacionais); b)
investidores nacionais e internacionais no mercado de créditos de carbono; c)
empresas da ampla cadeia de produtos e serviços necessários à instalação e ao
funcionamento dos parques eólicos; d) a mão-de-obra qualificada empregada nas
empresas desta cadeia; d) proprietários de terra e grileiros que arrendam
propriedades para a instalação dos parques.
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7.4. LICENCIAMENTO DE PARQUES EÓLICOS – RESOLUÇÃO CONAMA 462/2014

A fim de contextualizar a resolução CONAMA 462/2014, será feito um histórico da legislação


ambiental referente ao licenciamento de parques eólicos no Brasil.
No Brasil, em 2015, foram instaladas 111 novas usinas eólicas, configurando um novo
recorde de alta relevância. Pela primeira vez, mais de cem usinas eólicas ficaram prontas no
período de um ano, somando à Matriz Elétrica Brasileira, ao todo, 2.753,79 MW de potência. Os
estados contemplados com os novos empreendimentos foram Rio Grande do Norte (687,56 MW),
Bahia (687,50 MW), Piauí (617,10 MW), Rio Grande do Sul (438,89 MW), Pernambuco (272,65
MW), Ceará (48,00 MW) e Santa Catarina (2,10 MW). Destacam-se, assim como em 2014, os
estados de Pernambuco e Piauí, que mantiveram o incremento de nova capacidade eólica, elevando
cerca de dez vezes essa adição para o Piauí e quatro para o Pernambuco (ABEEólica, 2016).
Conforme os dados acima, o Brasil possui grande potencial e vem crescendo na geração da
energia eólica. Contudo, pelo fato do maior potencial encontrar-se em áreas de preservação
permanente (APPs), sendo estas consideradas como patrimônio nacional e submetidas a regimes
especiais de proteção, o processo de licenciamento deve ser mais cauteloso.
Antes da aprovação da resolução CONAMA 462/2014, o licenciamento das usinas de
geração de eletricidade acima de 10MW, dependiam da elaboração de EIA/RIMA (Estudo de
Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) conforme rege a resolução CONAMA 01/1986.
Contudo em 1987 foi publicada para o setor Elétrico a Resolução CONAMA 06, que estabeleceu os
procedimentos para o licenciamento ambiental dos empreendimentos deste setor. Em seu artigo 8º,
a norma confirmou que as atividades listadas na Resolução CONAMA 01/1986 estavam sujeitas à
apresentação de EIA/RIMA quando do licenciamento ambiental.
Ainda, a Resolução CONAMA 237/1997, que trata sobre o licenciamento ambiental,
determinou que os empreendimentos considerados efetivo ou potencialmente causadores de
significativa degradação do meio ambiente dependiam de prévio EIA/RIMA e, caso o órgão
ambiental competente verificasse que o empreendimento não se enquadrava nesse parâmetro, este
definiria os estudos ambientais necessários ao licenciamento. Cabendo então ao órgão licenciador,
por meio de análise das características da atividade, definir o estudo ambiental exigível para instruir
o respectivo licenciamento (MONTENEGRO, 2014).
Em 2001, o licenciamento ambiental para usinas eólicas passou a ser tratado de forma
expressa diante da crise energética brasileira. Nesse cenário, foi editada a Resolução Conama
279/2001, estabelecendo um procedimento simplificado de licenciamento de empreendimentos
energéticos considerados de pequeno potencial de impacto ambiental, incluindo eólicas e outras
fontes de energia. Antes dessa resolução, o licenciamento eólico era baseado nas normas
aplicáveis aos demais empreendimentos de energia (GIL, 2014).

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Esta norma prevê os procedimentos necessários ao licenciamento ambiental simplificado dos
referidos empreendimentos em qualquer nível de competência. Cabe ainda ressaltar que a
Resolução CONAMA 279/2001 determina que, ao requerer a Licença Prévia, o empreendedor
apresentará o Relatório Ambiental Simplificado (RAS), com a declaração do técnico responsável
enquadrando o empreendimento como de pequeno potencial de impacto ambiental. Pela análise do
RAS, o órgão ambiental competente para o licenciamento definirá se concorda com o
enquadramento no procedimento simplificado. Se não for o caso, o empreendedor deverá seguir o
procedimento ordinário e elaborar o estudo ambiental exigido, podendo aproveitar o RAS já
elaborado (MONTENEGRO, 2014).
No mesmo sentido, foi publicada a Instrução Normativa IBAMA 184/2008, que estabeleceu
os procedimentos para o licenciamento ambiental federal e determinou, em seu artigo 39, que o
órgão ambiental federal exigirá Estudo Ambiental Simplificado e Plano de Controle Ambiental para
empreendimentos de impacto pouco significativo, não especificando, contudo, que o estudo em
questão seria o RAS.
Até este momento, os tipos de estudos ambientais a subsidiarem o licenciamento de eólicas
eram um dos grandes motivadores de discussões e questionamentos. Pois, mesmo havendo a
previsão federal específica de apresentação de RAS para o licenciamento simplificado de usinas
eólicas devido ao pequeno potencial de impacto, as normas estaduais divergiam quanto ao estudo
necessário, gerando grande insegurança jurídica aos empreendedores.
Uma pesquisa sobre licenciamento ambiental de parques eólicos foi realizada pelo Ministério
do Meio Ambiente, em 2009, junto aos representantes dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente
(OEMAs) no sentido de identificar as dificuldades enfrentadas para o licenciamento desse tipo de
empreendimento em território nacional. Os pontos importantes identificados na pesquisa foram
(FEAM, 2013):
 Geralmente o estudo solicitado no processo de licenciamento desses empreendimentos de
geração de energia eólica, é o Relatório Ambiental Simplificado (RAS), onde informações
complementares podem ser solicitadas, conforme preconiza a Resolução Conama nº 279 de
2001;

 Considerando a fragilidade do ambiente, o Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo


Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) serão solicitados;

 Ocorre interferência do Ministério Público em vários momentos, em função da aplicabilidade


da resolução Conama nº 279/2001, que prevê um processo de licenciamento simplificado
para determinados empreendimentos de geração de energia elétrica, onde se enquadram os
parques eólicos;

 Conflito normativo entre as disposições das Resoluções Conama nº 279/2001 e nº 01/1986,


que gera insegurança técnica e jurídica aos responsáveis pelo licenciamento ambiental.

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A figura 14 abaixo ilustra a tabela extraída da Pesquisa sobre licenciamento ambiental de
parques eólicos, lista os Estados que apresentavam empreendimentos de geração de energia eólica
naquele período, bem como os respectivos órgãos estaduais responsáveis pela atividade de
licenciamento ambiental, os estudos que são exigidos pelos mesmos, os critérios adotados para o
licenciamento ambiental e as normas legais utilizadas, com destaque à Resolução Conama nº 279
de 2001. Contudo, em muitos casos existia um conflito normativo, em face do que previa a
legislação estadual, e as peculiaridades das normas federais em casos específicos.

Figura 14 – Ilustração da tabela contida na pesquisa do MMA, 2009.

Assim, diante de previsões e enquadramentos distintos, a situação dos empreendedores do


ramo de energia eólica era de insegurança jurídica, afinal, ainda que a legislação federal previsse
que o licenciamento da atividade, quando considerada de pequeno impacto, se desse por meio de
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RAS, as legislações estaduais contemplavam outros estudos e, até, o mesmo estudo quando
enquadrada como atividade de médio potencial poluidor (MONTENEGRO, 2014).
A fim de solucionar o dilema nos processos de licenciamento ambiental, e propiciar ao
técnico envolvido uma segurança jurídica, foi apresentada uma minuta de resolução CONAMA
própria para o licenciamento ambiental de parques eólicos em superfície terrestre pela Fundação
Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler do Rio Grande do Sul (FEPAM), por meio
do despacho nº 022/2013/DCONAMA/SECEX/MMA. Assim, na 4ª reunião da CT de Controle
Ambiental, em abril de 2013, foi aprovado pedido de vista pelo Estado do Rio de Janeiro, Ministério
dos Transportes (a pedido do MME), CNM, CNI e Sócios da Natureza. Os pareceres e as
discussões realizadas, bem como as diferentes propostas de alteração do texto da minuta, levaram
o presidente da CTCA a propor a criação de um novo GT, o qual foi aprovado.
Em 25 de Julho de 2014, foi publicada no Diário Oficial da União, a Resolução CONAMA 462
de 24/07/2014, que estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos
de geração de energia elétrica a partir de fonte eólica em superfície terrestre, altera o art. 1º da
Resolução CONAMA n.º 279, de 27 de julho de 2001, também altera o inciso IV e acrescenta § 2º
ao art. 1º da Resolução CONAMA nº 279/2001, e dá outras providências. Vale aqui citar:
Art. 3º Caberá ao órgão licenciador o enquadramento quanto ao impacto ambiental
dos empreendimentos de geração de energia eólica, considerando o porte, a
localização e o baixo potencial poluidor da atividade.
§ 1º A existência de Zoneamento Ambiental e outros estudos que caracterizem a
região, bacia hidrográfica ou bioma deverão ser considerados no processo de
enquadramento do empreendimento.
§ 2º O licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos considerados de baixo
impacto ambiental será realizado mediante procedimento simplificado, observado o
Anexo II, dispensada a exigência do EIA/RIMA.
§ 3º Não será considerado de baixo impacto, exigindo a apresentação de Estudo de
Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), além de audiências
públicas, nos termos da legislação vigente, os empreendimentos eólicos que estejam
localizados:
I – em formações dunares, planícies fluviais e de deflação, mangues e demais áreas
úmidas;
II – no bioma Mata Atlântica e implicar corte e supressão de vegetação primária e
secundária no estágio avançado de regeneração, conforme dispõe a Lei n° 11.428,
de 22 de dezembro de 2006;
III – na Zona Costeira e implicar alterações significativas das suas características
naturais, conforme dispõe a Lei n° 7.661, de 16 de maio de 1988;
IV – em zonas de amortecimento de unidades de conservação de proteção integral,
adotando-se o limite de 3 km (três quilômetros) a partir do limite da unidade de
conservação, cuja zona de amortecimento não esteja ainda estabelecida;
V – em áreas regulares de rota, pousio, descanso, alimentação e reprodução de
aves migratórias constantes de Relatório Anual de Rotas e Áreas de Concentração
de Aves Migratórias no Brasil a ser emitido pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade – ICMBio, em até 90 dias;
VI – em locais em que venham a gerar impactos socioculturais diretos que impliquem
inviabilização de comunidades ou sua completa remoção;
VII – em áreas de ocorrência de espécies ameaçadas de extinção e áreas de
endemismo restrito, conforme listas oficiais.
§ 4º Caberá ao órgão licenciador estabelecer os critérios de porte aplicáveis para fins
de enquadramento dos empreendimentos nos termos do caput deste artigo.
Art. 4º Nos casos em que for exigido Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de
Impacto Ambiental (EIA/RIMA) deverá ser adotado o Termo de Referência do Anexo
I, ressalvadas as características regionais e as especificações do órgão licenciador.

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Parágrafo único. Os prazos para análise da solicitação das licenças prévia, de
instalação e de operação de empreendimentos sujeitos à elaboração de EIA/RIMA
permanecem regulados pela Resolução CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de
1997.

Com esta resolução aprovada, há uma segurança jurídica para os investidores da energia
eólica, permitindo uma tomada de decisão mais transparente com relação ao licenciamento. Além
disso, a uniformização jurídica é de extrema importância para definir o papel dos estados, do
governo federal e dos e dos municípios nos procedimentos de licenciamento.

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