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APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE
PARQUES EÓLICOS
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS
NATAL - RN
2016
2016. CTGAS-ER
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada à fonte.
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 6
2. ECOLOGIA................................................................................................................................ 8
REFERENCIAS .............................................................................................................................. 64
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS
APRESENTAÇÃO
A crescente preocupação em torno das questões ambientais e a busca pela mitigação das
mudanças climáticas levaram a uma corrida pelo desenvolvimento e inserção, nos espaços de
planejamentos governamentais, de tecnologias relacionadas a área de geração de energia. Dentre
as tecnologias, a energia eólica foi a que recentemente obteve maior sucesso, tendo um
crescimento de quase 15 vezes entre 2000 e 2011 (SIMAS, 2015).
O uso de fontes renováveis de energia tem sido tomada como ação importante na
implementação de um modelo sustentável de desenvolvimento. E nesta via, sob o ponto de vista da
sustentabilidade, que a energia eólica configura como uma matriz energética sustentável, pois
atualmente é considerada uma energia limpa e mais viável. O conceito de sustentabilidade toma
importância a partir da Conferência ECO-92 que instigou a busca por modelos de desenvolvimento
com prevalência ambiental e social.
No Brasil, o recente desenvolvimento da indústria de energia eólica, pode ser explicado por
fatores estruturais importantes, com destaque para o progresso tecnológico alcançado por essa
indústria, bem como as características do vento brasileiro. Contudo, alguns entraves afetam a
viabilidade de empreendimentos no setor eólico no Brasil, como, por exemplo, a baixa qualidade
técnica dos estudos elaborados para a implantação, desconhecimento da legislação ambiental
vigente, a falta de estrutura dos órgãos ambientais estaduais e dificuldades para a regularização
das terras para a implantação de parques eólicos.
Assim, a energia eólica pode ser considerada uma matriz energética alternativa e sustentável
que pode ser utilizada para a mudança do modelo atual de geração de energia utilizada no país,
como as hidrelétricas e as termoelétricas, desde que os gargalos existentes sejam vencidos e que
sejam atendidos os objetivos sociais, de proteção ambiental e econômicos, visando a
sustentabilidade.
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1. MEIO AMBIENTE
O termo meio ambiente está quase diariamente na mídia, sendo um dos assuntos mais
comentados no mundo todo, contudo, na maioria das vezes, é citado de forma errônea, retirando do
assunto toda a carga política ou ideológica, fazendo-se necessário distingui-lo corretamente. A
doutrina brasileira de direito ambiental afirma que a expressão meio ambiente, por ser redundante,
não é a mais adequada, posto que 'meio' e 'ambiente' são sinônimos. Em termos de comparação,
em Portugal e na Itália apenas se usa a palavra 'ambiente', à semelhança do que acontece nas
línguas francesas, com milieu, alemã, com unwelt, e inglesa, com environment, para caracterizar o
conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os seres vivos se desenvolvem.
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, define no art. 3º: “I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas". A referida lei definiu o meio ambiente da forma mais ampla possível, fazendo com que este
se estendesse à natureza como um todo de um modo interativo e integrativo. Com isso a lei
finalmente encampou a idéia de ecossistema, que é a unidade básica da ecologia, ciência que
estuda a relação entre os seres vivos e o seu ambiente, de maneira que cada recurso ambiental
passou a ser considerado como sendo parte de um todo indivisível, com o qual interage
constantemente e do qual é diretamente dependente.
A terminologia consagrou-se definitivamente na Constituição Federal de 1988, quando se
referiu em diversos dispositivos ao meio ambiente, recepcionando e atribuindo a este o sentido mais
abrangente possível. Em vista disso, a doutrina brasileira de direito ambiental passou, com
fundamentação constitucional, a dar ao meio ambiente o maior número de aspectos e de elementos
envolvidos.
A maior parte ds estudiosos de direito ambiental no que diz respeito ao tema definiram em
quatro as divisões: meio ambiente natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio
ambiente do trabalho. Essa classificação atende a uma necessidade metodológica ao facilitar a
identificação da atividade agressora e do bem diretamente degradado, visto que o meio ambiente
por definição é unitário. Desta forma, o conjunto de elementos naturais, artificiais, e culturais que
propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas, está diretamante ligado
ao meio ambiente.
Esta conceituação é importante, pois facilita a compreensão das modificações no “meio
ambiente” e como as consequencias dessas modificações podem atingir o homem de uma forma
geral. De fato, quando ocorrem mudanças no “meio ambiente”, seja devido a causas naturais ou
antropogenicas, todos os envolvidos naquele ambiente são afetados, e diga-se quando não há
propagação de efeitos para sistemas mais distantes, como é o caso de um contaminante que atinge
um corpo aquático, e dependendo da sua extensão se propaga por vários locais. Como exemplo,
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podemos citar o caso do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), onde a lama de
rejeitos chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio.
Da mesma forma, são as projetos de instalação e operação de parques eólicos, que
necessitam na maioria das vezes realizar alguma modificação no ambiente aonde serão instalados,
como por exemplo, construção de estradas, desmatamento de áreas, ocasionando movimentação
da fauna local, entre outros impactos. De qualquer forma, ainda que os parques eólicos, apresentem
algumas características ambientais desfavoráveis, se houver um planejamento adequado e
inovações tecnológicas, algumas destas características podem ser significativamente minimizadas e
até mesmo eliminadas.
2. ECOLOGIA
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Ecossistema é o conjunto de organismos vivos numa determinada área, que interagem com
seu ambiente físico de tal forma que haja um fluxo de energia e ciclagem de materiais entre partes
vivas e não-vivas.
Por fim, algumas idéias e conceitos importantes devem ser ainda abordados, como por
exemplo, nicho ecológico e fluxo de energia. Para contextualizarmos esses conceitos partiremos da
idéia a respeito da obtenção de energia pelos organismos. As diferentes classes de organismos
possuem adaptações para garantir a obtenção da sua energia: as plantas realizam a fotossíntese,
sintetizando energia luminosa em energia química; os animais são consumidores, tendo que retirar
sua energia da alimentação, ou seja, consumindo outros seres; e alguns fungos e bactérias, por
exemplo, obtêm sua energia de detritos, matéria em decomposição. Esses organismos possuem
características altamente especializadas para realização destas funções. E isso garante que cada
um possa explorar uma parcela diferente do ambiente.
A exploração diferenciada dos recursos define um conceito importante em Ecologia: o nicho
ecológico. O nicho representa o intervalo de condições e recursos que o organismo é capaz de
explorar e suportar. É sua forma de vida, ou seja, os recursos dos quais necessita, as condições que
suporta. Dois organismos não podem ter o mesmo nicho, ou seja, ter as mesmas exigências e
limitações, pois a natureza não suporta esse tipo de compartilhamento e a seleção tende a
promover a diferenciação de uma ou sua exclusão.
Os organismos também possuem uma área de ocorrência, ou seja, ocorrem dentro de um
certo limite físico, um espaço definido. Essa área de ocorrência de uma espécie é chamada de
habitat. A dimensão de um habitat pode variar muito de tamanho, dependendo do organismo que
está sendo considerado. Para um carrapato, por exemplo, o habitat pode ser um cachorro e para um
peixe, o habitat pode ser uma grande área do oceano.
Com a Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro em 22 de
Junho de 1992, o direito internacional definiu a noção de ecossistema no artigo 2 como “um
complexo dinâmico formado de comunidades de plantas, de animais e de micro-organismos e de
seu meio ambiente não vivo que, por sua interação, formam uma unidade functional”. De um ponto
de vista prático, muitos textos referem-se ao ecossistema para desenvolver medidas preventivas ou
de proteção.
A abordagem ecossistemica permite levar em consideração uma zona, um espaço ou um
território que configure uma unidade do ponto de vista ambiental. Do ponto de vista jurídico, as
modalidades de intervenção num ecossistema ultrapassam os recortes administrativos, donde a
criação de instituições e de instrumentos adaptados ao perimetro do ecossistema: um decreto ou um
zoneamento official geram proteção circunscrita ao habitat ou à espécie a proteger.
Para manter os equilíbrios no âmbito de um ecossistema, seja qual for a sua escala, deve-se
procurar as modalidades mais adequadas. Desse modo, os instrumentos jurídicos (panejamentos,
prescrições) devem ser elaborados no quadro de uma abordagem interdisciplinar, pois as ciências
da vida e da terra ou a geografia devem contribuir para elaborar as condições de intervenção
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(VEYRET, 2012)
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A dimensão de um ecossistema é muito variável. Tanto uma floresta pode ser considerada
um ecossistema, quanto um tronco de árvore apodrecido em que sobrevivem diversas populações
de micro-organismos. Assim como é possível associar todos os ecossistemas existentes num só,
muito maior, que é a ecosfera, é igualmente possível delimitar em cada um, outros mais pequenos,
por vezes ocupando áreas tão reduzidas que recebem o nome de microecossistemas.
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3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A preocupação com o meio ambiente, atualmente, faz parte do dia-a-dia, não apenas de
algumas instituições ou de alguns segmentos da sociedade, mas da comunidade em geral. A
população está se conscientizando de que os recursos naturais são finitos e, conseqüentemente, o
inadequado desses meios poderá comprometer as gerações futuras. É por isso que as questões
ambientais estão sendo encaradas como oportunidades de desenvolvimento, seja pelo uso de
tecnologias ambientalmente seguras, seja pela racionalização de uso do recurso natural.
O desenvolvimento sustentável significa uma nova forma de pensar o desenvolvimento
econômico da sociedade, procurando “compatibilizar o atendimento as necessidades sociais e
econômicas do ser humano com as necessidades de preservação do ambiente, de modo que
assegure a sustentabilidade da vida na Terra para as gerações presentes e futuras” (DIAS, 2004).
Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável pode ser entendido como o
desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Esse conceito foi concebido de
modo a conciliar as reivindicações dos defensores do desenvolvimento econômico com as
preocupações de setores interessados na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade.
Porém, não se pode confundir sustentabilidade com desenvolvimento sustentável visto ser
esta "a qualidade daquilo que é sustentável" (BARBIERI, 2002), conceito que propõe a tendência de
que os recursos naturais tenham o seu tempo de uso infinitamente prolongado, sendo - ou não -
utilizados no setor de infra-estrutura (ROSSI, ROCHA, 2016).
O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o
impacto dos humanos sobre o meio ambiente estão se tornando cada vez mais complexos, tanto em
termos quantitativos quanto qualitativos. Portanto, é preciso o avanço e formulação de estratégias e
políticas de desenvolvimento, consolidando e aliando conceitos e experiências que visem um
modelo alternativo de sustentabilidade e de uma sociedade que vise minimizar seus impactos ao
meio ambiente (JACOBI, 2003).
Nessa perspectiva, pressupõe-se que a demanda excessiva por geração de energia reduz
oportunidades de desenvolvimento e prejudica o meio ambiente e, em um cenário no qual se
verifica uma tendência de crescimento na demanda de energia mundial, principalmente em
decorrência da melhoria da qualidade de vida nos países emergentes, eleva-se a preocupação
com os inúmeros aspectos de planejamento de políticas energéticas. Dentre eles, pode-se citar a
seguranca no suprimento de energia necessária para o desenvolvimento social e econômico de um
país e os custos ambientais para atender a esse aumento no consumo de energia (MARTINS,
GUARNIERI e PEREIRA, 2008).
Neste contexto, pode-se definir energia sustentável como aquela que é obtida e utilizada de
uma forma que simultaneamente atenda ao desenvolvimento humano em longo prazo nas
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dimensões social, econômica e ambiental. É nesse novo paradigma que deverá ser analisada a
energia para o desenvolvimento sustentável. O uso e consumo da energia, bem como o
planejamento energético, deverão ser reavaliados de forma a incorporar soluções sustentáveis.
(CAMARGO, UGAYA, AGUDELO, 2004).
Entretanto, os enfrentamentos e desafios da sustentabilidade na promoção de energias
renováveis, atualmente são múltiplos e complexos. Para responder decisivamente à crescente
demanda da sociedade, como também, dos mercados externos, é primordial encontrar o equilíbrio
ambiental como resposta ao uso dos recursos naturais, em especial a energia, para o
desenvolvimento sustentável (CAMARGO, UGAYA, AGUDELO, 2004).
Ainda nesse cenário, a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico vem recebendo
grande incentivo em todo o mundo, principalmente após o último relatório do IPCC (Painel Inter-
Governamental para mudanças Climáticas) divulgado em fevereiro de 2007. Dentre as fontes
energéticas “limpas” – fontes de energia que não acarretam a emissão de gases do efeito estufa
(GEE) – a energia mecânica contida no vento vem se destacando e demonstra potencial para
contribuir significativamente no atendimento dos requisitos necessários quanto aos custos de
produção, segurança de fornecimento e sustentabilidade ambiental (MARTINS, GUARNIERI e
PEREIRA, 2008).
A experiência dos países líderes do setor de geração eólica mostra que o rápido
desenvolvimento da tecnologia e do mercado tem grandes implicações sócioeconômica. A
formação de recursos humanos e a pesquisa científica receberam incentivos com a finalidade de
dar o suporte necessário para a indústria de energia eólica em formação. Na atualidade, diversos
estudos apontam a geraçãao de emprego e o domínio da tecnologia como fatores tão importantes
quanto à preservação ambiental e a segurança energética dos países da comunidade européia
para a continuidade dos investimentos no aproveitamento da energia eólica.
Assim, o grande desafio da sustentabilidade é, na verdade, a conquista do equilíbrio entre
proteção ambiental, justiça social e viabilidade econômica. E é neste contexto que o incentivo à
energia eólica se configura como uma forma de diminuir os impactos ambientais na geração de
energia, no incentivo ao desenvolvimento de novas indústrias e no aumento da justiça social, na
forma de geração de empregos.
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4. FONTES DE ENERGIA
2. Fontes Não-Renováveis:
Gravitacional (energia das marés);
Nuclear (combustíveis nucleares);
Geotérmicas (calor de baixa e alta entalpia).
3. Fontes Renováveis:
Hidráulica;
Biomassa;
Eólica (vento e onda);
Solar Direta.
4.1. EÓLICA
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Assim como a energia hidráulica, a energia eólica é utilizada há milhares de anos com as
mesmas finalidades, a saber: bombeamento de água, moagem de grãos e outras aplicações que
envolvem energia mecânica. Para a geração de eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no
final do século XIX, mas somente um século depois, com a crise internacional do petróleo (década
de 1970), é que houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o desenvolvimento e
aplicação de equipamentos em escala comercial.
A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976, na
Dinamarca. Estima-se que em 2020 o mundo terá 12% da energia gerada pelo vento, com uma
capacidade instalada de mais de 1.200GW.
Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua
densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade
mínima do vento de 7 a 8 m/s (GRUBB; MEYER, 1993 apud ANEEL, 2003). Segundo a
Organização Mundial de Meteorologia, em apenas 13% da superfície terrestre o vento apresenta
velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 m.
a) É inesgotável;
b) Não emite gases poluentes nem gera resíduos;
c) Diminui a emissão de gases de efeito de estufa (GEE);
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d) Vantagens para a comunidade:
Os parques eólicos são compatíveis com outros usos e utilizações do terreno
como a agricultura e a criação de gado;
Criação de emprego;
Geração de investimento em zonas desfavorecidas;
Benefícios financeiros (proprietários).
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Existem diversos tipos de impactos ambientais, uns diferentes dos outros, como proposto
pelos autores Avelar e Neto (2008, p.12) apud Rubira (2014). Estes autores apresentaram uma
proposta acerca dos tipos de impactos ambientais em relação ao tempo e a duração, à área de
abrangência, ao potencial de mitigação e em relação a acidentes, conforme pode ser visualizado
na tabela 01.
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O conceito, hoje corrente, de impactos sobre o ambiente já estava se consolidando na
década de 1960. O detalhamento desse conceito demonstrou que a sua avaliação podia ser feita
com razoável margem de objetividade, de modo que ela pudesse ter aceitação e representatividade
social e transformar-se em instrumento do processo de tomada de decisões no licenciamento
ambiental (BRAGA et al, 2005).
Na lei 6.938/81 ficou instituído que, a Avaliação de Impactos Ambientais e o Licenciamento
de Atividades Efetiva ou Potencialmente Poluidoras, seriam dois instrumentos criados para que
fossem atigindos os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, que serão vistos mais adiante.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução 001/86, definiu
como deve ser feita a avaliação de impactos ambientais, criando duas novas figuras,
respectivamente: o Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA). Também definiu o que consiste cada um deles e estabeleceu a relação das atividades para
as quais sua exigencia é obrigatória. O licenciamento para fins de exercícios dessas atividades e de
outras que podem ser estabelecidas pela autoridade ambiental local passou, desde então, a
depender de prévia aprovação do EIA/RIMA, mediante procedimentos regulamentados (BRAGA et
al, 2005).
Se a Constituição determina a que entes federativos cabe a proteção do meio ambiente, uma
política é o plano para colocar isso em prática. Estabelecer uma política ambiental significa,
portanto, indicar como o Estado desenvolverá sua atividade, informando os órgãos públicos sobre a
melhor forma de executar a tarefa de proteger o ambiente. Para que isso seja possível, a política
ambiental deve ser baseada em um conjunto de regras capazes de indicar os fundamentos de ação
do Estado, além de estabelecer objetivos, princípios e instrumentos para sua implementação.
A Lei Federal 6.938 de 31 de agosto de 1981 instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente.
Ela incorporou e aperfeiçoou normas estaduais já vigentes e instituiu o Sistema Nacional de Meio
Ambiente, integrado pela União, pelos estados e pelos municípios. Segundo a Política, cabe aos
estados a responsabilidade maior na execução das normas protetoras do meio ambiente.
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Ela visa assegurar as condições necessárias
ao desenvolvimento socioeconômico do país, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana. Por isso, atende aos seguintes princípios:
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em
vista o uso coletivo;
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII – recuperação de áreas degradadas;
IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
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O artigo 4º da Lei 6.938/1981 estabelece os objetivos específicos dessa regularização, ao
definir que a Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I – à compatibilização do desenvolvimento econô- mico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos estados, do Distrito Federal, dos
territórios e dos municípios;
III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas
ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso
racional de recursos ambientais;
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e
informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à utilização racional e
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados, e ao usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fi ns
econômicos.
Tanto a Lei 6.938/1981 como as leis estaduais e as leis orgânicas municipais contêm, ou
podem conter, indicações de instrumentos para implementação da Política Ambiental, adaptados a
cada esfera político-administrativa. Porém, embora o artigo 90 da Lei 6.938/1981 enumere treze
instrumentos para a execução da Política Nacional do Meio Ambiente, nem todos contam ainda com
base legal detalhada, enquanto alguns ainda são aplicados de maneira pouco sistemática nas ações
de gestão ambiental (MILARÉ, 2009).
São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II – o zoneamento ambiental;
III – a avaliação de impactos ambientais;
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e
reservas extrativistas;
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
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necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o
Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos ambientais;
XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros.
Também estabelecido pela Lei 6.938/1981 – mais especificamente em seu artigo 6º, o
Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) tem como objetivo criar uma rede de agências
governamentais nos diversos níveis da federa-ção, visando, assim, assegurar mecanismos capazes
de implementar a Política Nacional de Meio Ambiente de forma eficiente (ANTUNES, 2008). O
SISNAMA é constituído pelos órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal, dos
territórios e dos municípios, além de fundações instituídas pelo Poder Público. Sua estrutura
compreende um órgão superior; um órgão consultivo e deliberativo; um órgão central; um órgão
executor; diversos órgãos setoriais; órgãos seccionais e órgãos locais. Cada um desses órgãos
possui atribuições próprias.
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valorização dos serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável na
formula- ção e na implementação de políticas públicas, de forma transversal e compartilhada,
participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de governo e sociedade.
OBSERVAÇÃO: A Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007, criou o Instituto Chico Mendes,
organizado sob a forma de autarquia federal dotada de autonomia administrativa e
financeira, vinculada ao MMA.
4) Órgão Executor – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) Criado sob a forma de autarquia federal de regime especial, dotada de
personalidade jurídica de direito público com autonomia administrativa e financeira, o IBAMA
é vinculado ao MMA. Sua missão é assessorar o Ministério na execução da Política Nacional
de Meio Ambiente.
5) Órgãos Setoriais: São órgãos da Administração Federal direta ou indiretamente voltados
para a proteção ambiental ou disciplinamento de atividades que utilizam recursos ambientais.
6) Órgãos Seccionais: São órgãos ou entidades estaduais responsáveis por programas
ambientais ou pela fiscalização de atividades que utilizam recursos ambientais. A eles
compete a maior parte da atividade de controle ambiental. Cada estado deverá organizar a
sua agência de controle ambiental de acordo com sua realidade.
7) Órgãos Locais: São órgãos ou entida des municipais responsáveis por programas ambientais
ou pela fiscalização de atividades que utilizam recursos ambientais.
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – Órgão executivo
União, Estados e Municípios – Órgãos setoriais federais, órgão seccionais e órgão locais
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Um dos instrumentos legais que ganhou bastante destaque dentro do conjunto de normas
para o controle da qualidade ambiental foi a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1988, que dispõe
sobre as sações penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente e dá
outras providencias, a qual passou a ser conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Esta lei
também é conhecida no Brasil como Lei da Natureza.
A Lei nº 9.605/98 pretende substituir todas as sanções criminais dispostas de forma esparsa
em vários textos legais voltados à proteção ambiental, tais como o Código Florestal, o Código de
Caça, o Código de Pesca. Sem ignorar a Lei nº 6.938/1981, que regula as reparações civis
decorrentes de atos danosos ao meio ambiente, o objetivo da Lei 9.605/1998 é a responsabilização
criminal do poluidor ou do degradador do meio ambiente.
Antes da existência da lei dos crimes ambientais, a proteção ao meio ambiente era um
grande desafio, uma vez que as leis eram esparsas e de difícil aplicação: havia contradições como,
por exemplo, a garantia de acesso livre às praias, entretanto, sem prever punição criminal a quem o
impedisse. Ou inconsistências na aplicação de penas. Matar um animal da fauna silvestre, mesmo
para se alimentar era crime inafiançável, enquanto maus tratos a animais e desmatamento eram
simples contravenções punidas com multa. Havia lacunas como a falta de disposições claras
relativas a experiências realizadas com animais ou quanto a soltura de balões.
A legislação ambiental no que toca à proteção ao meio ambiente é centralizada, conforme o
surgimento da Lei de Crimes Ambientais. A uniformização das penas, gradação adequadas e as
infrações são claramente definidas. Contrário ao que ocorria no passado, a lei define a
responsabilidade das pessoas jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabilizadas
criminalmente pelos danos que seus empreendimentos possam causar à natureza. Matar animais
continua sendo crime, exceto para saciar a fome do agente ou da sua família; os maus tratos, as
experiências dolorosas ou cruéis, o desmatamento não autorizado, a fabricação, venda, transporte
ou soltura de balões, hoje são crimes que sujeitam o infrator à prisão.
Também são considerados crimes ambientais as condutas que ignoram normas ambientais,
mesmo que não sejam causados danos ao meio ambiente. É o caso dos empreendimentos sem a
devida licença ambiental. Neste caso, ocorre desobediência a uma exigência da legislação
ambiental e, por isso, ela é passível de punição por multa e/ou detenção.
A Lei de Crimes Ambientais prevê a aplicação de penas conforme a gravidade da infração,
quanto mais reprovável a conduta, mais severa a punição. Assim, a pena pode ser privativa de
liberdade, onde o sujeito condenado deverá cumprir sua pena em regime penitenciário; restritiva de
direitos, quando for aplicada ao sujeito -- em substituição à prisão -- penalidades como a prestação
de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão de atividades, prestação
pecuniária e recolhimento domiciliar; ou multa.
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A pessoa jurídica infratora, como por exemplo, uma empresa que viola um direito ambiental,
não pode ter sua liberdade restringida da mesma forma que uma pessoa comum, mas é sujeita a
penalizações. Neste caso, aplicam-se as penas de multa e/ou restritivas de direitos, que são:
1) A suspensão parcial ou total das atividades;
2) Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
3) A proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações. Também é possível a prestação de serviços à comunidade
através de custeio de programas e de projetos ambientais;
4) Execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
5) Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
A lei também prevê a aplicação de multas, entre o mínimo de R$ 50,00 e máximo de R$ 50
milhões.
Diante de um crime ambiental, a ação civil pública (regulamentada pela Lei 7.347/85) é o
instrumento jurídico que protege o meio ambiente. O objetivo da ação é a reparação do dano onde
ocorreu a lesão dos recursos ambientais. Podem propor esta ação o Ministério Público, Defensoria
Pública, União, Estado, Município, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista e
associações com finalidade de proteção ao meio ambiente.
O Brasil possui um arcabouço jurídico considerável na custódia do meio ambiente através de
uma legislação ambiental moderna e um considerável número de normas visando tal proteção. De
acordo com a Lei de Crimes Ambientais, ou Lei da Natureza, os crimes ambientais são classificados
em seis tipos diferentes:
1) Crimes contra a fauna
Agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como caçar,
pescar, matar, perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação,
maltratar, realizar experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, mesmo
que para fins didáticos ou científicos, transportar, manter em cativeiro ou depósito, espécimes, ovos
ou larvas sem autorização ambiental ou em desacordo com esta. Ou ainda a modificação,
danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou criadouro natural. Da mesma forma, a introdução
de espécime animal estrangeira no Brasil sem a devida autorização também é considerado crime
ambiental, assim como o perecimento de espécimes devido à poluição.
2) Crimes contra a flora
Destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou
utilizá-la em desacordo com as normas de proteção assim como as vegetações fixadoras de dunas
ou protetoras de mangues; causar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação; provocar
incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá -
lo em qualquer área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira,
lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com
esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente pedra, areia, cal ou
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qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de
vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos
ou em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
Neste caso, se a degradação da flora provocar mudanças climáticas ou alteração de corpos hídricos
e erosão a pena é aumentada de um sexto a um terço.
3) Poluição e outros crimes ambientais
A poluição acima dos limites estabelecidos por lei é considerada crime ambiental. Mas,
também o é, a poluição que provoque ou possa provocar danos a saúde humana, mortandade de
animais e destruição significativa da flora. Também é crime a poluição que torne locais impróprios
para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrupção do
abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental
grave ou irreversível. São considerados outros crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de
recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-recuperação da área
explorada; a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização,
fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas,
perigosas ou nocivas a saúde humana ou em desacordo com as leis; construir, reformar, ampliar,
instalar ou fazer funcionar empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em
desacordo com esta; também se encaixa nesta categoria de crime ambiental a disseminação de
doenças, pragas ou espécies que posam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e
aos ecossistemas.
4) Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural
Destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura (sem autorização), pichar ou
grafitar bem, edificação ou local especialmente protegido por lei, ou ainda, danificar, registros,
documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos quer por
seu valor paisagístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico e etc.. Também é considerado crime
a construção em solo não edificável (por exemplo, áreas de preservação), ou no seu entorno, sem
autorização ou em desacordo com a autorização concedida.
5) Crimes contra a administração ambiental
Os crimes contra a administração incluem afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou
omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização
ambiental; a concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas ambientais;
deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
interesse ambiental; dificultar ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público.
6) Infrações Administrativas
São infrações administrativas toda ação ou omissão que viole regras jurídicas de uso, gozo,
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre as diretrizes da Política Nacional
de Meio Ambiente, introduziu o conceito de licenciamento ambiental entre os instrumentos da
política brasileira no setor. Nos dias de hoje, a licença ambiental representa o reconhecimento, pelo
Poder Público, de que a construção e a ampliação de empreendimentos e atividades considerados
efetiva ou potencialmente poluidores devem adotar critérios capazes de garantir a sua
sustentabilidade sob o ponto de vista ambiental.
O Licenciamento Ambiental tem como objetivo regular as atividades e empreendimentos que
utilizam os recursos naturais e que podem causar degradação ambiental no local onde se
encontram instalados. É uma exigência legal a que estão sujeitos todos os empreendimentos ou
atividades que empregam recursos naturais ou que possam causar algum tipo de poluição ou
degradação ao meio ambiente.
O processo de licenciamento ambiental tem como principais normas legais a Lei nº 6938/81;
a Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, que estabeleceu diretrizes gerais para
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA nos processos de licenciamento ambiental; e a Resolução nº 237, de 19 de dezembro de
1997, que estabeleceu procedimentos e critérios, e reafirmou os princípios de descentralização
presentes na Política Nacional de Meio Ambiente e na Constituição Federal de 1988.
Ainda, a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e
administrativas lesivas ao meio ambiente, em seu artigo 60, estabelece a obrigatoriedade do
licenciamento ambiental das atividades degradadoras da qualidade ambiental, contendo, inclusive,
as penalidades a serem aplicadas ao infrator.
A responsabilidade pela concessão fica a cargo dos órgãos ambientais estaduais e, a
depender do caso, também do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), quando se tratar de grandes projetos, com o potencial de afetar mais de um
estado, como é o caso dos empreendimentos de geração de energia, e nas atividades do setor de
petróleo e gás na plataforma continental.
O Licenciamento Ambiental é realizado por meio de procedimento administrativo pelo qual o
órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso.
Para a condução do Licenciamento Ambiental, foi concebido um processo de avaliação
preventiva que consiste no exame dos aspectos ambientais dos projetos em suas diferentes fases:
concepção/planejamento, instalação (construção) e operação. Trata-se, portanto, de um processo
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sistemático de avaliação ambiental, realizado em três etapas - Licença Prévia, Licença de Instalação
e Licença de Operação. Porém, nos casos atípicos, essas fases poderão ser desenvolvidas
conforme as peculiaridades do empreendimento.
Complete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBAMA, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional, localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados (Art. 4º, II, da
Resolução CONAMA 237/97). Nesse licenciamento, o IBAMA considerará o exame técnico
procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar o
empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios envolvidos no processo de licenciamento.
Alguns tipos de empreendimentos e atividades que precisam de licenciamento ambiental:
• Extração e tratamento de minerais
• Indústria de papel e celulose
• Indústria de borracha
• Indústria de couros e peles
• Indústria química
• Indústria de produtos de matéria plástica
• Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos
• Indústria de produtos alimentares e bebidas
• Indústria de fumo
• Obras civis
• Empreendimentos de geração e transmissão de energia
• Serviços de utilidade
• Transporte, terminais e depósitos
• Empreendimentos e Atividades de Turismo
• Atividades agropecuárias
• Uso de recursos naturais
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regulamenta a Lei 6.938/81, e detalhadas na Resolução CONAMA nº 237/97. Assim, O processo de
licenciamento ambiental possui três etapas.
Esta Licença que deve ser solicitada na fase de planejamento da implantação, alteração ou
ampliação do empreendimento. Esta licença apenas aprova a viabilidade ambiental e estabelece as
exigências técnicas (as "condicionantes") para o desenvolvimento do projeto, mas não autoriza sua
instalação.
No caso de uma obra de significativo impacto ambiental, na fase da licença prévia o
responsável deve providenciar o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). O documento
técnico-científico traz um diagnóstico ambiental, analisa impactos e suas medidas compensatórias.
Tais estudos endereçados, respectivamente, para a Administração Pública e para a sociedade,
abordam necessariamente as condições da biota, dos recursos ambientais, as questões
paisagísticas, as questões sanitárias e o desenvolvimento socioeconômico da região; e visam dar
publicidade e transparência ao projeto.
Assim, a LP é concedida se for atestada a viabilidade ambiental do empreendimento, após
exame dos impactos ambientais por ele gerados, dos programas de redução e mitigação de
impactos negativos e de maximização dos impactos positivos.
Esta licença aprova os projetos. É a que autoriza o início da obra de implantação do projeto e
é concedida depois de atendidas as condições da Licença Prévia.
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respectiva concessão. A publicação dos pedidos de licenças, renovação e respectivas concessões,
em quaisquer de suas modalidades, deverão constar:
- Nome da empresa e sigla (se houver);
- Sigla do órgão onde requereu a licença;
- Modalidade da licença requerida;
- Finalidade da licença;
- Prazo de validade de licença (no caso de publicação de concessão da licença);
- Tipo de atividade que será desenvolvida;
- Local de desenvolvimento da atividade
Estudos Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento,
apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano
e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é
potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos
ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.
Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por
profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor, observando a legislação
ambiental e as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área, forem julgadas necessárias pelos órgãos competentes.
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• A definição do escopo mínimo dos fatores e componentes ambientais que devem
constar no desenvolvimento de EIA/RIMA exigidos.
A avaliação de impacto ambiental deve ser uma atividade contínua, antes e posterior à
tomada de decisões, procedendo-se a sua revisão e atualização periodicamente, após o pleno
funcionamento do projeto ou atividade.
O EIA é um documento de natureza técnica, que tem como finalidade avaliar os impactos
ambientais gerados por atividades e/ou empreendimentos potencialmente poluidores ou que
possam causar degradação ambiental. Deverá contemplar a proposição de medidas mitigadoras e
de controle ambiental, garantindo assim o uso sustentável dos recursos naturais.
Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identifica-
ção, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos
relevantes (diretos e indiretos; imediatos e a médio e longo prazos; temporários e
permanentes; seu grau de reversibilidade; a distribuição dos ônus e benefícios sociais).
Medidas mitigadoras – são aquelas destinadas a corrigir impactos negativos ou a reduzir sua
magnitude. Identificados os impactos, deve-se pesquisar quais os mecanismos capazes de
reduzi-los ou anulá-los.
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O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA deve refletir as conclusões do EIA e tem como
objetivo informar à sociedade sobre os impactos, medidas mitigadoras e programas de
monitoramento do empreendimento ou atividade. Para que esse objetivo seja atendido, o RIMA
deve ser apresentado de forma objetiva e de fácil compreensão.
Descrição dos prováveis impactos nas suas diferentes fases de desenvolvimento (implanta-
ção e operação) e suas características;
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Figura 5 – Esquema das Etapas para Elaboração de Estudos Ambientais. Fonte: MMA.
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que têm interface com o empreendimento (IPHAN, FUNAI, Fundação Palmares, Secretaria de
Vigilância Sanitária - SVS).
Dependendo do tipo do empreendimento, o órgão licenciador poderá solicitar a apresentação
de Análise de Riscos ou Avaliação de Riscos.
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Solicitação de esclarecimentos e complementações
Uma vez concluída a análise dos estudos ambientais e de posse do exame técnico
elaborado pelos órgãos envolvidos no processo, o órgão licenciador emite um parecer técnico
conclusivo sobre a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade.
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O empreendedor, caso necessário, solicita renovações da LP, cujo prazo global, desde a
emissão da original, não pode exceder 5 (cinco) anos. Se o atendimento das condicionantes não
ocorrer antes do prazo referido, o processo licenciamento deverá ser arquivado.
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Publicação da solicitação da Licença de Instalação
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É extremamente importante que o órgão licenciador acompanhe a instalação do
empreendimento e a implantação dos programas e medidas ambientais, de forma que possa, se
necessário, realizar alterações nas condicionantes da LI em tempo hábil.
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Publicação do recebimento da Licença de Operação
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ambiental. O PNLA está em constante processo de aperfeiçoamento atrelado a todos os órgãos
ambientais do SISNAMA para que possa funcionar como ferramenta efetiva de informação sobre o
Licenciamento Ambiental no âmbito nacional.
Importante registrar que o Portal Nacional não substitui os sistemas do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, nem tampouco dos órgãos estaduais
e municipais de meio ambiente, pois disponibiliza as informações em nível de macro-estatísticas,
sendo atribuição de cada organismo federal, estadual, distrital e municipal, o detalhamento e
atualização das informações sobre os processos de licenciamento ambiental nos respectivos
portais.
O Portal Nacional é um meio para disponibilizar informação e visa assegurar a transparência
do processo de licenciamento, permitindo o controle social, além de ser ferramenta de suporte à
formulação de políticas e diretrizes de ação do Ministério de Meio Ambiente e das demais entidades
formadoras do Sistema Nacional de Meio Ambiente. A atual versão o PNLA traz informações sobre
o processo de licenciamento ambiental, permite o acesso a dados de licenças emitidas, lista
legislações relacionadas, disponibiliza publicações em formato eletrônico, divulga as entidades e
contatos dos órgãos licenciadores do SISNAMA e difunde eventos de capacitação e materiais
informativos em temas de interesse do licenciamento.
Para acessar o Portal Nacional de Licenciamento Ambiental: http://www.mma.gov.br/pnla ou
a partir do sítio http://www.mma.gov.br/ e de alguns sítios de órgãos estaduais de meio ambiente,
em que há esta logomarca: Portal Nacional do Licenciamento Ambiental – PNLA.
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A chamada área de preservação permanente é definida no artigo 3°, II, da Lei n° 12.651, de
25 de maio de 2012, como sendo uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, e que
tem como funções ambientais a preservação dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade
geológica e da biodiversidade, bem como a facilitação do fluxo gênico de fauna e flora, a proteção
do solo e, por fim, assegurar o bem-estar das populações humanas. A figura 06 ilustra bem essas
funções.
Ressalta-se que esta resolução usa como base o antigo código florestal, da lei nº 4.771 de
1965. Assim, conforme o Novo Código Florestal, o artigo 3º define, entre outros termos, o que é uma
APP, utilidade pública, manguezal e restinga.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei entende-se por:
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
VIII - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de
transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo
urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia,
telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de
competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como
mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;
c) atividades e obras de defesa civil;
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das
funções ambientais referidas no inciso II deste artigo;
e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional
ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal
XIII - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à
ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se
associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com
influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com
dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e de
Santa Catarina;
XVI - restinga: depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente
alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes
comunidades que recebem influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico,
encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de
acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último
mais interiorizado;
O novo Código Florestal também prevê três situações para derrubada de mata em APP.
Contudo somente os órgãos ambientais podem abrir exceção à restrição e autorizar o uso e até o
desmatamento de área de preservação permanente rural ou urbana, mas, para fazê-lo, devem
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS
comprovar as hipóteses de utilidade pública, interesse social do empreendimento ou baixo impacto
ambiental (art. 8º da Lei 12.651/12). Ainda em tempo, no § 1º A supressão de vegetação nativa
protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade
pública.
Utilidade pública:
Atividades de segurança nacional e de proteção sanitária; obras de infraestrutura para
serviços públicos de transporte, saneamento, gestão de resíduos, salineiras, energia,
telecomunicações, radiodifusão e mineração (exceto extração de areia, argila, saibro e cascalho);
atividades e obras de defesa civil e que melhorem a própria APP.
Interesse social:
Atividades para proteção da vegetação nativa (controle do fogo, da erosão, proteção de
espécies nativas); exploração agroflorestal em pequena propriedade ou por povos e comunidades
tradicionais; infraestrutura pública de esportes, lazer e atividades educacionais e culturais;
regularização de assentamentos ocupados por população de baixa renda; instalações para
fornecimento de água e esgoto, desde que tratado; e extração de areia, argila, saibro e cascalho
outorgadas pela autoridade competente.
Em pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2009 nos estados brasileiros
sobre quais seriam os principais impactos potenciais de um parque eólico, os estados apontaram
que os principais impactos são os relacionados ao efeito do parque eólico na paisagem, alteração
de uso do solo e relevo, impactos na avifauna e ruídos. Existe uma preocupação especial a respeito
da localização e realização de obras para instalação do parque, principalmente nos estados da
região Nordeste e Sul, onde os parques são muitas vezes instalados em áreas com restrições de
uso como dunas e região costeira.
Foram apontados pelos estados um total de 28 impactos ambientais potenciais ocasionados
por empreendimentos de geração de energia eólica que foram classificados em 7 categorias como
mostra a figura 7 seguinte.
Foram feitas pelos estados um total de 15 considerações a respeito dos impactos ambientais
identificados efetivamente em empreendimentos, que foram divididos em 7 classes, apresentados
na figura 8 abaixo.
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Supressão da vegetação
A construção de usinas eólicas pode provocar impactos na fauna e na flora local durante a
fase de construção e durante a permanência do empreendimento ou sua exploração, os impactos
recorrentes são supressão da vegetação, remoção de terra e compactação do terreno por máquinas
(KERLINGER, 2002 apud FILHO e AZEVEDO, 2013).
O desmatamento promove a supressão de ambiente com fauna e flora e a fragmentação
local dos ecossistemas relacionados. Estudos demonstram que essas atividades geralmente são
realizadas em um sistema ambiental de preservação permanente podendo gerar a extinção de
setores fixados pela vegetação, bem como a supressão de ecossistemas antes ocupados por fauna
e flora específicas (MEIRELES, 2009 apud FILHO e AZEVEDO, 2013).
Fauna
Entre os impactos na fauna, a implantação de uma usina eólica pode gerar de forma direta e
indireta danos sobre as aves como risco de colisão com os aerogeradores (rotores, pás e torres de
suporte); colisão com as linhas de transporte de energia; alteração do sucesso reprodutor;
perturbação na migração (mudanças nos padrões de migração); perda de habitat de reprodução e
alimentação; alteração dos padrões de movimentação e utilização do habitat devido à perturbação
associada à presença das turbinas. Empreendimentos eólicos fora de rotas de imigração não
pertubam os pássaros, eles tendem a mudar sua rota de vôo entre 100 a 200 metros, passando
acima ou ao redor da turbina (Tolmasquim, 2004 apud FILHO e AZEVEDO, 2013).
As turbinas de vento para geração de energia eólica representam uma grande ameaça para
as populações de morcegos. A rotação das turbinas causa uma queda da pressão atmosférica na
região próxima à extremidade das lâminas, e quando um morcego passa por essa zona de baixa
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pressão seus pulmões sofrem uma expansão repentina, o que resulta no rompimento dos vasos
capilares do órgão causando hemorragia interna, algo similar ao que acontece com mergulhadores
que experimentam mudanças repentinas de pressão. Embora alguns sejam afetados por golpes
diretos desferidos pelas hélices das turbinas, a principal causa de morte é essa queda repentina de
pressão próxima das estruturas dos aerogeradores As aves são menos impactadas que os
morcegos, pois, graças ao seu sistema respiratório mais robusto, não sofrem com o problema de
despressurização. (VILLEY MIGRANE, 2004 apud FILHO e AZEVEDO, 2013). Pintar as pás em
cores mais visíveis pode aumentar a sua visibilidade, reduzindo o número de colisões. Mas em
termos de mortalidade de aves, a localização da usina eólica, é sem duvida o mais importante.
A correta localização de empreendimentos eólicos pode reduzir os efeitos negativos no meio
ambiente em alguns grupos faunísticos. Entretanto, os estudos com foco nesses impactos ainda são
recentes. A implantação da usina eólica pode implicar na interferência da fauna terrestre, primeiro
por atingir seus habitats, e, segundo, pelo aumento da movimentação e ruído na fase de
implantação, que tende a afugentar a fauna para outras localidades, podendo esta, sofrer
atropelamentos nas rodovias. Porém nota-se o retorno da fauna terrestre quando do término das
obras.
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Figura 11 – Corte em dunas fixas para tráfego de caminhões. Foto: J. Meireles, abril de
2008.
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contaminação do solo por resíduo líquido, devido à operação e manutenção de parques eólicos, é
reduzido, mas existe, ainda mais em se tratando da instalação sobre as dunas, o que possibilita a
contaminação e alteração do nível hidrostático do lençol freático.
Além disso, existem estudos em outros países, que analisam a influência da luminosidade
causada pelo movimento das hélices, durante o dia e a noite, na saúde mental da população do
entorno (efeito estroboscópico dos aerogeradores). Nesse efeito, o grau de sombreamento
intermitente depende da distância da torre, da latitude do local, do período do dia e do ano. Torna-se
mais relevante quanto menor for a distância das pás e o receptor, bem como o fato de estar em uma
mesma altitude. Segundo pesquisas, o sombreamento intermitente pode causar incômodo e
prejudicar pessoas que sofrem de epilepsia, além de náuseas e dores de cabeça nos moradores
afetados. É o chamado efeito estrosbocópico (PIRES, 2010 HOFSTAETTER e PESSOA, 2015). Ele
é sentido em uma distância até dez vezes o diâmetro das pás e depende da direção das turbinas
eólicas de residências, sendo bem documentado em diversos países do mundo, porém mal
regulamentado (FILHO, 2013). Em nível mundial, existe uma preocupação com questões como o
ruído, a poluição sonora (Woods, 2003; Toke, 2005; Hall et al., 2013), ou os efeitos sobre a saúde
(Woods, 2003; Barry et al., 2008; Hall et al., 2013). O barulho pode também afetar a reprodução das
tartarugas marinhas, entre outras espécies (HOFSTAETTER e PESSOA, 2015).
O ruído no interior ou em torno de uma usina eólica varia consideravelmente dependendo de
uma série de fatores, como o modelo de turbinas instaladas, o relevo do terreno, a velocidade e a
direção do vento, entre outros. O aumento das emissões de som das turbinas eólicas está
relacionado com aumento da velocidade do vento. Quando há pessoas que vivem perto de uma
usina eólica, os cuidados devem ser tomados para garantir que o som das turbinas de vento seja em
um nível razoável em relação ao nível do som ambiente da área. Vários estudos registraram um
conjunto comum de efeitos adversos à saúde de pessoas que vivem próximas aos aerogeradores.
Esses sintomas começaram após o funcionamento das usinas eólicas, incluindo distúrbios do sono,
dor de cabeça, zumbido nos ouvidos, pressão no ouvido, náuseas, tonturas, taquicardia,
irritabilidade, problemas de concentração e memória, episódios de pânico com sensação de
pulsação interna ou trêmula que surgem quando acordado ou dormindo (FILHO, 2013).
Elas ainda citam que esses tipos de impactos foram apontados em estudos como Woods,
2003; Toke, 2005; Bell et al., 2005; Zoellner et al., 2008; Cowell, 2010; Hall et al., 2013, tendo
consequências não só simbólicas mas também econômicas sobre o turismo e o valor das
propriedades.
Ainda nesse contexto, Pachione (2013) destaca que a construção de uma grande obra
implica um processo de enormes transformações, com consequências negativas para as
populações e para os elementos ambientais onde é realizada. No nível econômico, político,
institucional e social, as implicações da obra do parque eólico abrangem desde os níveis
transnacionais até os locais.
Pachione (2013, p. 31) cita que:
São poucas as pessoas da comunidade que têm conhecimento sobre o
empreendimento. Encontra-se, no referido caso, falta de acesso às informações
relevantes sobre o uso dos recursos ambientais e a destinação da geração do
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS
recurso. De acordo com Braga (apud Baptista, 2007), no âmbito de se tratar de um
caso de injustiça ambiental, questiona-se a participação dos moradores no processo
e na definição do projeto. A participação pública está prevista no procedimento de
licenciamento ambiental com os objetivos de garantir a divulgação de informações
sobre os projetos a serem licenciados; a apreciação de possíveis riscos à qualidade
ambiental das áreas de influência dos empreendimentos; a proposição de medidas
mitigadoras e de controle ambiental para se reduzir os danos ambientais; a captação
das expectativas e inquietações das populações afetadas, permitindo ao órgão
gestor recolher as manifestações e os interesses dos diferentes grupos sociais. Na
disputa por acesso aos recursos naturais.
Enquanto a mídia tende a perceber o dano como sendo essencialmente ambiental, é, acima
de tudo, social. A energia eólica envolve discussões e debates de várias naturezas e de
contradições, como revelam os estudos interdisciplinares do campo da justiça ambiental, pois a
omissão do poder público em certos locais favorece o poder de barganha de empresas que querem
instalar atividades poluidoras (ACELRAD 2010 apud SANTOS, 2014).
É nesse contexto, que para Santos (2014):
...empresas podem oferecer pequenos benefícios sociais em troca da transferência
de altos custos sócio-ecológicos à população destes locais. Assim, empresas que
buscam lucrar burlando leis trabalhistas e ambientais, procuram instalar-se em
lugares onde: a) o preço da terra é menor; b) os serviços e aparatos de infraestrutura
pública são deficientes, aumentando o poder de barganha da empresa de oferecer
pequenas melhorias infra-estruturais em troca das externalidades negativas que
serão transferidas para a população local; c) o nível de desemprego é grande o que
faz com que moradores submetam-se a más condições de trabalho para evitar o
desemprego; e d) a repressão a protestos sociais é maior. Por serem mais baratos,
nesses lugares moram geralmente grupos sociais desfavorecidos; a) com menor
poder de influência para ter seus interesses politicamente representados; b) com
baixa empregabilidade; c) com poucas condições financeiras para procurar
alternativas de moradia distante das atividades poluidoras e portadoras de riscos à
saúde. Sendo assim, eles acabam arcando com os maiores custos de
empreendimentos que geram danos socioambientais - muitas vezes os mesmos
empreendimentos que dizem contribuir para o chamado desenvolvimento
sustentável.
No caso das eólicas no litoral do NE, os principais grupos diretamente beneficiados
são: a) investidores diretos (privados e públicos; estrangeiros e nacionais); b)
investidores nacionais e internacionais no mercado de créditos de carbono; c)
empresas da ampla cadeia de produtos e serviços necessários à instalação e ao
funcionamento dos parques eólicos; d) a mão-de-obra qualificada empregada nas
empresas desta cadeia; d) proprietários de terra e grileiros que arrendam
propriedades para a instalação dos parques.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS
Esta norma prevê os procedimentos necessários ao licenciamento ambiental simplificado dos
referidos empreendimentos em qualquer nível de competência. Cabe ainda ressaltar que a
Resolução CONAMA 279/2001 determina que, ao requerer a Licença Prévia, o empreendedor
apresentará o Relatório Ambiental Simplificado (RAS), com a declaração do técnico responsável
enquadrando o empreendimento como de pequeno potencial de impacto ambiental. Pela análise do
RAS, o órgão ambiental competente para o licenciamento definirá se concorda com o
enquadramento no procedimento simplificado. Se não for o caso, o empreendedor deverá seguir o
procedimento ordinário e elaborar o estudo ambiental exigido, podendo aproveitar o RAS já
elaborado (MONTENEGRO, 2014).
No mesmo sentido, foi publicada a Instrução Normativa IBAMA 184/2008, que estabeleceu
os procedimentos para o licenciamento ambiental federal e determinou, em seu artigo 39, que o
órgão ambiental federal exigirá Estudo Ambiental Simplificado e Plano de Controle Ambiental para
empreendimentos de impacto pouco significativo, não especificando, contudo, que o estudo em
questão seria o RAS.
Até este momento, os tipos de estudos ambientais a subsidiarem o licenciamento de eólicas
eram um dos grandes motivadores de discussões e questionamentos. Pois, mesmo havendo a
previsão federal específica de apresentação de RAS para o licenciamento simplificado de usinas
eólicas devido ao pequeno potencial de impacto, as normas estaduais divergiam quanto ao estudo
necessário, gerando grande insegurança jurídica aos empreendedores.
Uma pesquisa sobre licenciamento ambiental de parques eólicos foi realizada pelo Ministério
do Meio Ambiente, em 2009, junto aos representantes dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente
(OEMAs) no sentido de identificar as dificuldades enfrentadas para o licenciamento desse tipo de
empreendimento em território nacional. Os pontos importantes identificados na pesquisa foram
(FEAM, 2013):
Geralmente o estudo solicitado no processo de licenciamento desses empreendimentos de
geração de energia eólica, é o Relatório Ambiental Simplificado (RAS), onde informações
complementares podem ser solicitadas, conforme preconiza a Resolução Conama nº 279 de
2001;
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A figura 14 abaixo ilustra a tabela extraída da Pesquisa sobre licenciamento ambiental de
parques eólicos, lista os Estados que apresentavam empreendimentos de geração de energia eólica
naquele período, bem como os respectivos órgãos estaduais responsáveis pela atividade de
licenciamento ambiental, os estudos que são exigidos pelos mesmos, os critérios adotados para o
licenciamento ambiental e as normas legais utilizadas, com destaque à Resolução Conama nº 279
de 2001. Contudo, em muitos casos existia um conflito normativo, em face do que previa a
legislação estadual, e as peculiaridades das normas federais em casos específicos.
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Parágrafo único. Os prazos para análise da solicitação das licenças prévia, de
instalação e de operação de empreendimentos sujeitos à elaboração de EIA/RIMA
permanecem regulados pela Resolução CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de
1997.
Com esta resolução aprovada, há uma segurança jurídica para os investidores da energia
eólica, permitindo uma tomada de decisão mais transparente com relação ao licenciamento. Além
disso, a uniformização jurídica é de extrema importância para definir o papel dos estados, do
governo federal e dos e dos municípios nos procedimentos de licenciamento.
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sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Diário Oficial da
União, 13/05/2002, nº 090, p. 68 Revoga a Resolução nº 04, de 1985. Alterada pela Resolução nº
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