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PescaDesportiva-PT 1

SURFCASTING
MONTAGENS DE UM HEREGE
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Na pesca não há verdades absolutas, antes factos e opiniões.

Saber integrar toda essa informação, pela positiva ou pela negativa,

nas nossas convicções, ajuda-nos a pescar cada vez melhor.

Este documento nada mais é que uma opinião e a minha convicção actual.

João Martins - Julho.2008


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Não pretendo dar lições àqueles que já praticam o surfcasting.

Cumpro apenas, com grande atraso, uma promessa que fiz a um nosso companheiro.

Contentar-me-ia se proporcionasse uma discussão técnica, franca e descomplexada, sobre as


muitas opções possíveis que cada um de nós do Pesca Desportiva-PT já adoptou ou adopta na
construção das suas montagens.

Gostaria também que fosse útil para todos os que nos visitam com o intuito de terem umas luzes
sobre montagens de surfcasting e de andarem menos perdidos entre um mar de linhas, anzóis,
destorcedores e afins, clips e agrafes, pérolas e outros acessórios que encontram nas lojas da
especialidade.

Para quem começa no surfcasting, desejo que seja mais um contributo (mesmo pela negativa...)
para poder “queimar” etapas que muitos de nós vivemos neste particular, saltando desde logo
com relativa segurança teórica para montagens mais modernas e mais eficazes.
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Os gloriosos anos 70 da pesca

Iniciei-me na pesca de mar, surfcasting, nos anos 70, no tempo do “0.grosso”, dos Rochas e dos
Sofis, das canas da India e dos conolons e dos anzóis tamanho “cavilha”.
Sempre nos vastos areais que ligam Sines a Tróia e pontualmente nos pesqueiros a sul daquela
cidade alentejana.
Ainda hoje é por ali que tento enganar os peixes, sobretudo de noite.

À época ainda havia peixe, embora os mais velhos já se queixassem. No curriculum de muitos
havia-os de algumas espécies rondando ou mesmo ultrapassando largamente a dezena de
quilos.

Ainda me recordo, novato, de uma zanga que tive com umas anchovas de um cardume que
encostou vários dias a norte de Sines.
Engoliam sardinhas inteiras e cortavam tudo, nylons dos carretos e estralhos de aço, abriam
anzóis enormes, davam esticões como nunca mais senti.
Não tive sorte e muito menos saber mas vi-as cá fora tiradas por outros. Era peixe a sério!

Na prática, percebi a razão de ser das montagens que muitos teimavam em usar.
Quanto às anchovas, só ajustei contas com elas uns anos mais tarde e eram bem mais
enfezadas.
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Os gloriosos anos 70 da pesca

Se observadas hoje, as montagens de então eram rudimentares, talvez porque as opções na


escolha das linhas e dos acessórios eram curtas. Mesmo as mais elaboradas, dos conscientes
que “os tempos gloriosos já eram”, não fugiam à regra.

O fio do carreto, um 0.50 (havia mesmo quem usasse 0.60), era por norma chicote (hoje shock
leader...) e madre em simultâneo.
Os estralhos, longos, até uma braça, em 0.40 ou 0.50, ligados à madre directamente ou por dupla
laçada. Os mais jeitosos faziam para essa ligação um Dropper na madre.

Anzois Mustad, Round Bend Sea, Classic “533N” ou Limerick (o famoso “515N” ou “pescoço de
cavalo”) em tamanho a condizer.

As chumbadas de pirâmide, de 150-160 gr para cima, ligavam-se também com laçada ou com
destorcedor e agrafe fortes.
Quando havia pedra ou areava, mudava-se a chumbada para uma redonda ou metia-se um
“fusível” (laçada em nylon mais fraco).

Não era raro ficar lá tudo... mas muitas vezes aquilo regressava acompanhado com um peixe da
classe dos “pesos-pesados”!
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Os gloriosos anos 70 da pesca

empate directo » Classic 533N


Round Bend Sea «

Limerick 515N
«

dupla laçada

nó Dropper
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Ligação directa do estralho à madre – Nó “Tetra”

1 2 3

4 5 6

7 8 9
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Ligação directa do estralho à madre – Nó “UniDuplo”

1 2 3 4

5 6 7
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Os gloriosos anos 70 da pesca

Só que de então para cá muita coisa mudou... ou algumas...

No meu caso e de alguns companheiros que restaram do grupo que se foi reduzindo, a evolução
sucedeu naturalmente, motivada:
- pelas modificações do design dos carretos e particularmente das bobines, proporcionando
lançamentos a maiores distâncias;
- pela evolução do material de construção e do design das canas e seus acessórios (passadores
e ponteira);
- pela alteração das características dos monofilamentos, mais finos para iguais resistências;
- pelo aparecimento de novos acessórios para a construção das montagens e suas ligações.

E também contribuíram em muito:


- os esclarecimentos que o pessoal e os donos das boas lojas de pesca nos foram dando sobre
os novos materiais;
- as dicas de outros pescadores mais avançados na utilização desses novos recursos, com
destaque para alguns que praticam pesca de competição;
- as dicas e os esquemas de montagens “modernas” divulgadas em livros e sobretudo nas
revistas de pesca, com realce para as francesas e italianas (estou a falar de revistas...);
- mais recentemente, os conhecimentos obtidos na internet, em foruns, blogs e sites de algumas
marcas de equipamento de pesca.
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Material para a construção de montagens

Saltando no tempo para a actualidade, para se construir a generalidade das montagens de


surfcasting há que fazer opções entre um número infindável de acessórios e por vezes de
materiais, cores e tamanhos.
Muitos deles são bons mas há que escolher.

Por curiosidade (e vício...) tenho comprado muitas das peças que vão aparecendo no mercado e
construído montagens com as ditas. Grande parte nem vai a testes no mar porque desde logo
não me convence, sobretudo porque tornam a montagem “muito complexa”.

1 SRT Spring
2 Pulley Clip
3 SRT Pulley Clip
4 Alpha Bait Clip Slider
1 3 4 5 5 ABC Conversion kit

Para quê mudar por mudar (e complicar), quando não se vislumbram vantagens objectivas
relativamente às “nossas” montagens e se estas até respondem àquilo que pretendemos em
termos de comportamento e de resultados?
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Linhas para a madre e para os estralhos

Há todo o tipo de linhas, grossas ou finas, com ou sem elasticidade, transparentes ou de cor.
Monos clássicos, fluorocarbonos, multifilares.

Desde logo, não me parece de interesse o uso dos multifilares no surfcasting.

Há muito que optei por um excelente monofilamento, clássico, de reduzida ou nula memória e
alguma elasticidade. Transparente.
Para a madre rondando o 0.50 e para os estralhos o 0.35 (0.30 com mar calmo, sobretudo no
Verão, subindo até ao 0.40 com mares mais mexidos).

Recorro por vezes à mesma linha em preto quando o mar arde. Quem a defende sustenta que a
luz é absorvida e não se propaga pela montagem. Certo ou errado, por vezes resulta...

Para pesca com muita luminosidade (de dia ou em noites de lua cheia), aderi recentemente ao
fluorocarbono pela sua apregoada invisibilidade e apenas para os estralhos.
Ainda não me convenceu em absoluto nem tenho resultados que me levem a defendê-lo.
A grande maioria dos fluorocarbonos desagrada-me pela sua acentuada memória e pela relativa
dificuldade em aceitar os nós de ligação. E pelo preço...
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Ligação dos estralhos à madre

O empate directo dos estralhos na madre é sempre uma opção


interessante, sobretudo para mares calmos, quanto mais não seja por
ser económica e a mais discreta. Mas não há a mobilidade do estralho
na madre que se procura com as peças de ligação.

Recorrendo a peças de ligação, saliento algumas que considero de


incluir na escolha:
[ 1 ] Destorcedor [ 2 ] Destorcedor com pérola
[ 3 ] Rotor em T [ 4 ] Destorcedor com manga empate directo
[ 5 ] Cross-bead [ 6 ] Spin-Ring
[ 7 ] Cross-bead com ranhura [ 8 ] Rotor com engate rápido smarties
[ 9 ] Rotor omega ou brasileiro

Há-as também disparatadas, a meu ver, claro.


A peça à direita – smartie - é nada mais que uma ponteira tipo agulha,
um terminal de electrónica, em que encaixa um destorcedor.
Haverá tanta falta de alternativas específicas válidas que tenhamos que
recorrer a coisas deste tipo?
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Destorcedores

O seu nome genérico indica a


sua função.
Há destorcedores de todos os
feitios e para todos os gostos!
Embora correndo o risco de
faltarem alguns, o painel
identifica uma boa parte deles.
Simples ou combinados, para
pesca ligeira ou pesada, grandes
e pequenos.
Mas uns são mais indicados para
o surfcasting, como o barrel, o
crane e o rolling.
São utilizados na ligação da
montagem à linha do carreto ou
ao shock leader e à chumbada e
Nota: as designações dos vários tipos de destorcedores variam de país para país e mesmo entre marcas. ainda na junção do estralho à
Usei as designações acima em resultado da forma como os sistematizei mas seguramente que cada um
identifica muitos deles por outros nomes. madre.
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Ligação dos estralhos à madre

Destorcedor

De entre os muitos acessórios disponíveis, o destorcedor simples


garante pelo menos teoricamente a maior mobilidade na madre
(totalmente móvel), é talvez a peça mais sólida e suficientemente
discreto.
A minha escolha recaiu nele.
Para este efeito utilizo o Rolling, nº 20, de olhais redondos.
O Crane também me parece uma boa opção mas não se encontra em
destorcedor tamanhos tão pequenos.
Aceito a crítica que em fundos de areia muito fina a rotação dos olhais
deste destorcedor possa fazer-se deficientemente, sobretudo os do
destorcedor mais próximo da chumbada.
Nada que não se resolva...
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Ligação dos estralhos à madre

Destorcedor com pérola, rotor em T e destorcedor com manga

O destorcedor com pérola, o rotor em T e o destorcedor com manga são no fundo destorcedores
combinados com outras peças mas limitados na sua mobilidade global. Donde a minha rejeição a
utilizá-los para a ligação dos estralhos no surfcasting.
Sobretudo o destorcedor com pérola e mesmo o rotor em T podem ser uma boa opção nas
montagens deslizantes para a ligação desta à linha do carreto ou à chumbada.

rotor em T
destorcedor com pérola
destorcedor com manga
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Ligação dos estralhos à madre

Cross-Bead

A cross-bead é uma opção interessante mas a sua furação e o


material plástico transmite-me uma sensação de fragilidade. Não
gosto do facto de todo o estralho poder correr com facilidade no furo.
Para que o estralho em tracção não se solte há que fazer um bom nó
de remate.
A maioria das marcas tem-nos com péssima qualidade de molde, má
furação e rebarbas. Há que escolher bem o modelo se se pretender cross-bead
optar por elas.
spin-ring
Spin-Ring

O spin-ring é uma opção “plástica” de interesse, muito sólido, com


molde excelente mas limitado no planos de rotação do estralho.
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Ligação dos estralhos à madre

Cross-bead com ranhura

A cross-bead com ranhura tem um pormenor particular que é o


“guardar” o nó de remate do estralho no seu interior.
A possibilidade de substituição dos estralhos é a sua razão de ser
mas é um processo difícil, moroso e que deixa na madre marcas de
esmagamento.
Não lhe auguro grande sucesso entre os pescadores lúdicos.
Há imitações da original em que o nó não entra no corpo da peça. cross-bead com ranhura

Rotor com engate rápido


rotor com engate rápido
Mais antigo, com finalidade semelhante mas muito
mais seguro e eficaz embora mais pesado (em inox) e
menos discreto é o rotor com engate rápido.
Os estralhos soltos, terminados por uma laçada,
“engancham” no rotor e fixam-se com um tubo de
silicone.
Útil quando se pretende iscar descendo o isco ao longo
do estralho até ao anzol.
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Ligação dos estralhos à madre

Rotor omega, brasileiro ou “José Afonso”

O rotor omega ou brasileiro parece ser das opções mais recentes uma
de considerar seriamente.
Também chamado “José Afonso” por ser este grande pescador e
nosso companheiro um dos responsáveis pela sua divulgação entre
nós. Os que ele “fabrica” são os melhores, em dois tamanhos.
Em aço inox, muito leve, discreto, boa rotação, com o pequeno senão
da ligação à madre em dois pontos. rotor omega
A minha dúvida é que talvez possa deformar-se ou até desfazer-se com
o peixe da nossa vida. Hesito em correr esse risco...
rotor omega (com nó)
Desconfio ainda de prováveis rebarbas do corte do fio inox nas espirais
onde corre a madre.
O nó de remate do estralho tem que ter um volume adequado para não
se soltar.
Em rigor foi idealizado para ser montado com 3 micromissangas, sendo
colada a do meio, mas pode optar-se (mal) por um nó.
É exigente em cuidados a sua colocação nas montagens.
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Fixação dos estralhos à madre

Para “fixar” na madre as peças de ligação dos estralhos, julgo de considerar seis possibilidades,
conjugando pérolas, micropérolas, missangas ou micromissangas com:
- nós (na madre) - nós de travamento
- mangas metálicas (sleeves) - molas de travamento (coil crimps)
- stoppers de silicone - colagem das missangas (cola cianolítica)

Pérolas, missangas, micropérolas e micromissangas

É umas das componentes das montagens onde ocorreu uma evolução significativa em termos
de discrição.
Das pérolas passou-se às missangas, depois às micropérolas (ainda ando por aqui...) e por fim
às micromissangas.
No presente, utilizo micropérolas transparentes e
ajustadas aos diâmetros de fios que utilizo.
Para os mais exigentes, uma marca tem pérolas com
vários tamanhos (mesmo micro), irrepreensíveis no Pretas: Pérolas de 5, 4 e 3 mm, Missanga,
Micropérola e Micromissanga
diâmetro e na furação que indicam. Mas caras... Transparentes: Pérola de 3 mm, Missanga e
Micropérola
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Fixação dos estralhos à madre

Manga metálica (sleeve)

A manga metálica é muito utilizada para a fixação dos estralhos.


Deve ser colocada com o mínimo aperto possível para não fragilizar
ou esmagar a madre. Há também que verificar se não tem rebarbas
nas extremidades para não ferir a linha.

manga metálica

mola de travamento

Mola de travamento (coil crimp)

Faz uma excelente fixação das peças com o senão importante de


vincar demasiado a madre e feri-la com as suas extremidades.
Permite ser reposicionada na madre para alterar a colocação do
estralho.
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Fixação dos estralhos à madre
Nó de travamento e Stopper de silicone

O nó de travamento é uma opção interessante e mais ainda o stopper


de silicone, embora comparativamente este último torne bastante
mais cara a montagem.
A fixação do estralho é um pouco frágil mas qualquer um deles não
danifica em absoluto a madre.
Para quem o pretenda, permitem inclusivé reposicionar um estralho
noutro ponto da madre com facilidade. nó de travamento

stopper de silicone
Nó de travamento (Uniknot)
1 2

3 4

5 6

7 8
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Fixação dos estralhos à madre

Colagem das (micro)missangas

A colagem das (micro)missangas seria o método ideal “se...”.


É muito complicada de executar se for necessário fazê-la no
pesqueiro e ainda pior de noite.
Há quem tenha dúvidas se a colagem não degrada as características
do nylon da madre. Também as tenho, tanto mais que é necessário
limpar o monofilamento com álcool (ou acetona?) antes de aplicar
com precisão a cola cianolítica. colagem das
missangas
Nó (na madre)
nó (na madre)
O nó é fácil de executar e sem custos embora os seus detractores
afirmem que reduz a resistência da madre.
Não julgo que isso tenha significado com nós bem executados em
madres de maiores diâmetros (0.45 ou 0.50).
Utilizando madres mais finas, para tracções idênticas, já esse
problema provavelmente se coloca.
Em termos visuais, a montagem fica muito semelhante à realizada
com colagem das missangas.
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Fixação dos estralhos à madre

Na fixação dos estralhos à madre uso nós simples com duas voltas, bem executados, atendendo
a que uso madres em mono 0.50.
Ao contrário do que muitos afirmam, as montagens não partem pelos nós nem mesmo nos
lançamentos mais violentos e há muitos anos que as construo dessa forma.
A completar o conjunto, uso como batentes duas micropérolas (~2 mm) transparentes entre o
destorcedor nº 20 e cada um dos nós.
Caso utilizasse madres mais finas (0.40, por exemplo), talvez então optasse pelos stoppers de
silicone ou pela cola (se alguém me tirasse por completo as minhas dúvidas a seu respeito...).

Por influências diversas, ao longo dos anos, tenho vindo a reduzir o tamanho do destorcedor e das pérolas, com ganhos
evidentes de leveza e discrição da montagem. Acho que a partir de agora, só com lupa...
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Ligação da madre à linha do carreto e à chumbada
Clips e Agrafes
A variedade de clips e agrafes é
enorme. O painel não é exaustivo.
No surfcasting, a abertura e fecho
frequentes e as enormes tracções
a que estão sujeitos sobretudo no
lançamento obriga a que sejam
fortes e que não se deformem.
Para a ligação da montagem à
linha do carreto e à chumbada,
são muito utilizados (e vistos no
mercado) os das duas primeiras
filas.

Nota: as designações dos vários tipos de clips e agrafes não


são universais, variam de país para país e mesmo entre
marcas.
A título de exemplo, no caso do “speed”, uma marca rotula-o
como “speed clip” e outra como “speed snap”. O “interlock”
pode aparecer designado por “americano”.
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Ligação da madre à linha do carreto e à chumbada

Normalmente as montagens que se vêm à venda ou são utilizadas pela maioria dos pescadores
têm as duas extremidades das madres terminadas de forma diferente.
A extremidade superior é rematada por um destorcedor ou por uma laçada (laçada simples,
tercina,...) que se liga a um agrafe ou clip colocado na linha do carreto ou no shock leader.
A extremidade inferior é terminada por um destorcedor com agrafe que liga à chumbada.

Optei por um esquema diferente, rematando as extremidades da madre com dois destorcedores
de igual tamanho que ligam a dois clips colocados na linha da bobine e no olhal da chumbada.
Para reduzir tanto quanto possível a torção da madre e indirectamente da linha do carreto e dos
estralhos, pormenor que considero muito importante em acção de pesca, utilizo destorcedores
de corpo duplo nº 6.
Quanto a clips e agrafes a minha escolha recaiu no clip spinlink (semelhante ao fastlink mas
mais pequeno), sólido, relativamente leve, fiável e de manuseamento muito fácil no decorrer da
pesca, mesmo de noite.
O spinlink da linha do carreto pode ser Destorcedor de corpo
protegido com um capuz em manga termo- duplo nº 6 e Spinlink
retráctil, o que evita que o estralho tenda a (ao centro, destorcedor nº 20,
se enrolar nele. usado na ligação do estralho)
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Ligação da madre à linha do carreto e à chumbada
Como vantagens desta minha opção, cito as seguintes:
- a possibilidade de uma montagem com dois estralhos de comprimento diferente poder ser
utilizada de duas formas consoante a extremidade que se ligue à linha do carreto – estralho alto
longo e baixo curto ou estralho alto curto e baixo longo
- a possibilidade de uma montagem com um único estralho poder ser utilizada com este em
posição alta ou baixa
- a economia de peças utilizadas, já que é comum levar para uma noitada de pesca muito mais
montagens (30 a 60) que chumbadas (10 a 20).
(por exemplo, para 30 montagens e 10 chumbadas, no esquema normal necessitaria de 30 conjuntos de destorcedor e agrafe
para a extremidade inferior das madres e com este esquema aplico 30 destorcedores na extremidade inferior das madres e
apenas 10 clips nas chumbadas)

+
+
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Protecção de spinlink com capuz em manga termo-retráctil
Utilizar um troço de 3 cm de manga termo-retráctil com 4.5 Utilizar uma braçadeira de serrilha, em nylon, com 4.8 mm
mm de diâmetro para construir o protector do spinlink de largura, para moldar a manga termo-retráctil

1 2

Cortar e arredondar a braçadeira. A marcação feita (a 1.5 cm Notar que só parte (metade) do troço da manga é inserida
da extremidade) orienta sobre a porção de manga a inserir no molde

3 4

O protector ainda no molde depois de trabalhada a manga Retirar o protector do molde, e aparar as suas extremidades
termo-retráctil com ar quente de um secador de cabelo tendo em consideração as dimensões do clip

5 6

Linha do carreto rematada por clip, com protector inserido Aspecto final da linha do carreto ligada à montagem com o
e extremidade da montagem terminada por destorcedor protector colocado

7 8
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Anzóis

Os anzóis são as peças fundamentais de uma montagem. São eles que “transportam” o isco e
retêm o peixe durante a captura.
A sua evolução ao longo dos anos íncidiu sobretudo sobre a dureza e leveza dos materiais
usados na sua construção (aço com alto teor de carbono, vanádio, aço inox) e muito em
particular sobre a ponta, visando um menor desgaste e uma melhor penetração.
Tentar sistematizar os anzóis disponíveis no mercado é tarefa praticamente impossível dadas as
variantes dos inúmeros modelos existentes. Acresce o facto de os conceitos e designações nem
sempre coincidirem de marca para marca.
No surfcasting o tipo de anzol adoptado é o simples. Quanto ao
resto...
Independentemente do gosto de cada um, a escolha do modelo e
tamanho do anzol deve atender sobretudo ao isco utilizado e ainda
ao tipo de peixe que se espera capturar.
E convém também ter em consideração as partes de um anzol e as
variantes destas.
No que respeita à cor, claro ou escuro, não julgo de valorizar na Anzol - composição
pesca nocturna. Prefiro mesmo os negros se bem que a quase
totalidade do anzol fique tapada pelo isco.
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Os “meus” Anzóis

Presentemente, os anzóis que uso são de argola, nos seguintes modelos e tamanhos:
cm
Aberdeen - nº 6, 4, 2, 1 e 1/0
Quanto a mim um anzol imprescindível no surfcasting,
sobretudo porque o casulo, o ganso ou mesmo o coreano
são iscos que em regra utilizo sempre. Na montagem base,
para esse efeito, empato dois Aberdeen nº 4. 6 4 2 1 1/0
cm
Kong - nº 2, 1/0 e 2/0
Anzol idêntico ao Aberdeen mas de haste curta.
Bom para os sargos e respectivos parentes, com
2 1/0 2/0 iscadas tipo bola.
cm

Baitholder - nº 1 e 1/0
Para montagens com um único anzol e iscadas
cm volumosas, como o lingueirão e a lula.
Octopus - nº 2 e 1/0 1 1/0
Um anzol muito forte, útil para peixes de maxilares e
2 1/0 dentes poderosos, como a dourada. Em aço inox.
PescaDesportiva-PT 30
Atractores, bóias e bait clips

Atractores - Pérolas

Ao longo dos anos também passei pela fase colorida.


Usei pérolas e missangas de várias cores como batentes nas ligações da madre aos estralhos e
ainda como peças de atracção, inseridas no estralho.

Como atractoras, é comum verem-se citadas em montagens de estralhos curtos para os peixes
chatos (como o linguado) e nas montagens para a pesca ao robalo.

Aparentemente, resultaram comigo algumas


vezes em detrimento das montagens “limpas”.
Mas não o posso provar com segurança.
As pérolas “ovas de salmão” e as amarelo-
vivo ao pôr do sol.
As azuis facetadas em noites com algum luar.
Já com as fluorescentes nunca obtive grandes
resultados embora estejam rotuladas como
boas na pesca nocturna.
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Atractores, bóias e bait clips

Bóias

As bolas de esferovite são muito úteis para levantar os


estralhos quando há caranguejo.
Colocam-se no estralho “iscando-as” antes do isco
propriamente dito e arrancam-se facilmente quando se
pretendem eliminar.

Em alternativa, utilizo também umas pérolas que julgo terem


desaparecido do mercado – as booby beads.
Embora volumosas e pensadas para funcionar como
atractoras têm a particularidade de serem reutilizáveis e ocas,
pelo que se adaptam bem àquela função.
É de notar que quando fechada a linha corre num túnel gerado
pela charneira das duas metades da booby bead.
PescaDesportiva-PT 32
Atractores, bóias e bait clips

Bait Clips e Impact Shields

Os bait clips têm por finalidade “colar” o estralho e a iscada à madre para obter ganhos em
distância nos lançamentos.
Os impact shields têm a mesma função e também a de proteger a iscada no ar e sobretudo na
entrada da montagem na água. Nada têm de discretos.

Não uso impact shields e só muito raramente recorro a bait clips e apenas em montagens com
anzol grande em estralho longo.
Se bem que os haja de vários modelos e materiais no mercado, utilizo uns construídos por mim.
Faço-os para garantir que sejam finos, que seja ajustável a sua posição na madre em função do
tamanho do estralho que utilize e para que tenham abertura ampla com fácil suspensão do anzol
iscado e libertação deste após o lançamento.

Bait Clips simples e combinados e


Impact Shield ( IS )
IS
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Construção de um Bait Clip

material
a utilizar

bait clip
aspecto final
A

1. Utilizar um anzol grande tipo Aberdeen ou semelhante e um troço de tubo


de silicone de comprimento ligeiramente inferior à haste do anzol e de
diâmetro interno ligeiramente superior ao diâmetro da madre - [ A ]
2. Cortar a barbela do anzol e se necessário limar a ponta - [ A ]
3. Na montagem, enfiar o tubo de silicone na extremidade não rematada da
madre - [ B ]
4. “Iscar” o tubo de silicone (com o fio dentro) no anzol até cobrir a haste
deste - [ C e D ]
5. Rematar a extremidade da madre - [ E ]
6. Reposicionar o bait clip na madre de acordo com o comprimento do
estralho - [ E ] B C D E
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Nós - Uniknot

A escolha de um ou mais nós fiáveis e de fácil execução deve ser uma preocupação de qualquer
pescador, sobretudo quando pesca de noite.

De entre os muitos que são possíveis utilizar no surfcasting, o Uniknot (nó universal) chamou-me
a atenção desde logo pela sua enorme versatilidade e simplicidade de execução.
É o que uso há dezenas de anos sem qualquer tipo de problema, nos anzóis, nos clips e agrafes,
como nó de travamento, na ligação de dois monofilamentos, na fixação da linha na bobine do
carreto.
Em regra construo-o com apenas 4 voltas, 6 quando a linha é muito fina.
Na sua execução há que ter apenas o cuidado de garantir que as espirais de linha não se
sobrepõem e que o aperto se faz suavemente. Nada de esticões ou movimentos bruscos.
Antes de o apertar não o humedeço com água ou saliva e entendo exagerado esse procedimento
se o nó for executado devagar e com correcção.
PescaDesportiva-PT 35
Nós - Uniknot

Linha (batente) Linhas (ligação)

Anzóis, destorcedores e clips

Anzóis (empate)
PescaDesportiva-PT 36
Nós – de volta dupla e outros

O Nó de volta dupla é muito simples de executar.


Uso-o como “batente” nas madres.
1
Há que ter cuidado no seu aperto, já que pode não torcer e
assumir uma configuração diferente da correcta (fig 2 e 2X).
Quando isso sucede, o nó em termos finais fica incorrectamente
2
definido e “quebra” o próprio monofilamento (fig 3 e 3X).
Admito que esta imperfeição possa levar também a uma mais
fácil ruptura da linha.
3
Embora não os use, destaco ainda o Grinner (um óptimo nó mas
2X 3X
no fundo um Uniknot reforçado), o Improved Clinch e o Palomar.
Mas há muitos outros e bons.

Nó Improved Clinch Nó Palomar Nó de volta dupla


PescaDesportiva-PT 37
Montagens – tipos e dimensões

Montagem com dois estralhos

|------------------------------------------------------------------- 100 – 125 - 150 cm -------------------------------------------------------------------|

|------ 10 cm ------|--------------------- 50 – 75 - 100 cm -------------------| |------- 10 cm ------|

Madre: 100, 125 ou 150 cm em mono 0.50


Estralhos: 50, 75 ou 100 cm em mono ou fluoro 0.30, 0.35 ou 0.40
Anzóis: Aberdeen, Kong ou Octopus

|----------------- 50 cm ------------------| |------ 10 cm ------|


|------ 10 cm ------| |---------------------------------- 100 cm ---------------------------------------|

|---------------------------------------------------------------------------- 150 cm ---------------------------------------------------------------------------|

|------ 10 cm ------| |----------------- 50 cm ------------------|


|---------------------------------- 100 cm ---------------------------------------| |------ 10 cm ------|
PescaDesportiva-PT 38
Montagens – tipos e dimensões

Montagem com um estralho

|--------------------------------------------------------------------------- 150 cm ---------------------------------------------------------------------------|

|------ 10 cm ------|--------------------------------------------- 100 ou 125 cm --------------------------------------------|

Madre: 150 cm em mono 0.50


Estralho: 100 ou 125 cm em mono ou fluoro 0.30, 0.35 ou 0.40
Anzóis: grandes, Aberdeen nº 1/0, Kong nº 2/0, Octopus nº 1/0 ou Baitholder

|--------------------------------------------------------------------------- 150 cm ---------------------------------------------------------------------------|

|---------------------------------------------- 100 ou 125 cm -------------------------------------------|------ 10 cm ------|


PescaDesportiva-PT 39
Montagens – tipos e dimensões

Montagem com um estralho móvel

|------------------------------------------ 150 cm -----------------------------------------|

|---------------------- 100 - 125 cm ----------------------|

Madre: 150 cm em mono 0.50


Estralho: 100 ou 125 cm em mono ou fluoro 0.30, 0.35 ou 0.40
Anzóis: Aberdeen, Kong, Octopus

|---------------------- 100 - 125 cm ----------------------|

|------------------------------------------ 150 cm -----------------------------------------|


PescaDesportiva-PT 40
As “minhas” Marcas

Hesitei em abordar esta vertente do tema. Não tenho patrocínios e se pretendesse divulgar
marcas e artigos de pesca escolheria certamente um melhor meio para o fazer.
Mas se todo o mundo fala tranquilamente do carreto ou da cana da marca **** (e por vezes nunca
lhe tocou...), porque não citar as marcas das linhas e acessórios que uso nas montagens?
Há muitas outras marcas excelentes, nacionais e estrangeiras, mas estas são as “minhas”!

?Amnesia? “Sunset” – transparente e preto Silanium “Sert” Angel Line “7even” Fluoro “Gamakatsu”

Anzóis
Destorcedores Anzóis
Micropérolas Destorcedores Clips Diversos Anzóis
Outros acessórios
PescaDesportiva-PT 41

E no que respeita ao tema “montagens de surfcasting” fico-me por aqui.

Agora vou tratar de ir à pesca... para não ouvir alguém dizer outra vez que ando a escrever muito
e a pescar pouco!

Um agradecimento muito especial ao António Vira e ao Nuno Paulino “7evenseas” pela sua
sempre permanente disponibilidade para me aturar e por me encorajarem e ajudarem a concluir
“este sarilho em que me meti”...
PescaDesportiva-PT 42

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