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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

Prof. D.Sc. Wilson Moreira Dutra Júnior


Zootecnista CRMV/PE 394/Z
Disciplina de Suinocultura UFRPE

CAPÍTULO I

Introdução à Suinocultura

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

SUMÁRIO

I - INTRODUÇÃO À SUINOCULTURA 4
1.1 Classificação Zoológica 4
1.2 Características do Gênero Sus 5
1.3 Termoregulação 5
II - HISTÓRICO E ORIGEM DO PORCO DOMÉSTICO 6
2.1 O Ancestral foi o javali 7
2.2 O porco no passado 7
2.3 O porco nas Américas 8
2.4 Fatores essenciais de êxito na suinocultura 8
III – ANÁLISE DE CONJUNTURA E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 11
3.1 Introdução 11
3.2 O mercado Nacional 12
3.3 O mercado Mundial 19
3.4 Taxa de Desfrute 23
IV – PRINCIPAIS RAÇAS SUÍNAS 33
4.1 Características de produção 26
4.2 Características fenotípicas das raças suínas 27
4.3. Características das Raças Suínas para Carne 28
4.3.1 Raças Suínas Estrangeiras 29
4.4 Descrição das Raças Estrangeiras 30
4.5 Descrição das Raças Nacionais de Suínos 39
4.6 Julgamento de Suínos 45
4.6.1 Objetivos 45
4.6.2 Etapas do Julgamento 46
4.6.3 Critérios de Pontuação 47
4.6.4 Categorias de Julgamento 48
4.7 Aprumos dos Suínos 49
4.7.1 O suíno Modelo 49
4.7.2 Defeitos dos Aprumos em suínos 51
V - SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS 64
5.1 Sistema Extensivo ou a solta 57
5.2 Sistema Semi Extensivo 58
5.3 Sistema Intensivo 59
5.4 Sistema Confinado ou tradicional de suinocultura 59
5.4.1 Tipos de Instalações 64
5.5 Sistema Intensivo de Criação de Suínos ao Ar Livre (SISCAL) 65
5.5.1 Local da Instalações 66
5.5.2 Área destinada ao SISCAL 68
5.5.3 Cercas 69
5.5.4 Bebedouros 70
5.5.5 Comedouros 71
5.5.6 Cabanas 72
5.5.7 Alimentação 74
5.5.8 Manejo 74
VI - REPRODUÇÀO DOS SUÍNOS 86
6.1 - Desenvolvimento Pré-natal 87
6.1.1 Fecundação 87

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6.1.2 Implantação 87
6.1.3 Especialização celular 88
6.1.4 Diferenciação dos órgãos aos 20 dias 90
6.1.5 Membranas Fetais 90
6.1.6 Crescimento do Feto 93
6.1.7 Adaptação ao nascer 94
6.1.8 Mortalidade pré-natal 95
6.2 - Desenvolvimento Pós-Natal 96
6.2.2 Peso ao nascer e tamanho da leitegada 96
6.2.3 Parâmetros fisiológicos importantes em suínos 97
6.2.2.1 Glicose sanguínea 97
6.2.2.2 Controle da temperatura ambiental e fisiológica climática 98
6.2.2.3 Imunidade Passiva e Ativa 101
6.2.2.4 Desenvolvimento do Sistema Digestivo dos leitões 102
6.2.2.5 Crescimento 105
6.2.2.6. Hiperplasia e Hipertrofia 106
6.3 - Reprodução e Manejo da Fêmea Reprodutora 107
6.3.1 Anatomia do Aparelho Genital Feminino 107
6.3.2 Puberdade 108
6.3.3 Ciclo Estral 109
6.3.4 Fatores que Afetam a Taxa de Ovulação e o Cio 110
6.3.5 Fecundação e Desenvolvimento Embrionário. 110
6.3.6 Gestação 110
6.3.7 Parto 111
6.3.8 Puerpério 112
6.3.9 Lactação 112
6.3.10 Necessidade da Aplicação de Ferro nos leitões 113
6.4 - Reprodução e Manejo do Macho Suíno 114
6.4.1 Anatomia do Aparelho Genital Masculino 115
6.4.2 Uso dos Cachaços na Reprodução 116
6.4.3 Coleta de Sêmem 119
6.4.4 Patologia da Reprodução 119
6.5 - Inseminação Artificial 122
6.5.1 Introdução 122
6.5.2 Vantagens e Limitações 122
6.5.3 Organização e Sistema de Trabalho 123
6.5.4 Resultados Alcançados 123
6.5.5 Coleta e Conservação do Sêmen 124
6.5.6.Características e fases de coleta do sêmen suíno 125
6.5.7 Avaliação do Sêmen 125
6.5.8 Diluição 127
6.5.9 Transporte do Sêmen 129
6.5.10 Diagnóstico do Cio 129
6.5.11 Como Proceder para o Diagnóstico do Cio 130
6.5.12 Momento ótimo para a inseminação 130
6.5.13 Problemas observados no diagnóstico do Cio 130
6.5.14 Inseminação propriamente dita 131
6.5.15 Situação Atual e Perspectivas para o congelamento do Sêmen Suíno 131
6.5.16 Problemas no Congelamento e Descongelamento 131
VII - MELHORAMENTO GENÉTICO 133
7.1 Introdução 133
7.2 Objetivos 133
7.3 Organização e Estrutura 134
7.4 Seleção 134
7.5 Características à Selecionar 135
7.6 Parâmetros Genéticos 137
7.7 Resposta à Seleção 139
7.8 Métodos de Seleção 140
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7.9 Categorias de Seleção 142


7.10 Manejo Genético 143
7.11 Escolha de Reprodutores 144
VIII – CRUZAMENTO EM SUÍNOS 146
8.1 Sistemas Estáticos de Cruzamentos 148
8.2 Sistemas Contínuos de Cruzamentos 152
8.3 Hibridação 154
IX – REGISTRO GENEALÓGICO BRASILEIRO 155
9.1 Teste de Desempenho de Suínos 156
X -NUTRIÇÃO DE SUÍNOS E MANEJO ALIMENTAR 161
10.1 Nutriente Água 162
10.2 Energia 165
10.3 Proteína 171
10.4 Minerais 177
10.5 Vitaminas 180
10.6 Exigências Nutricionais dos Suínos em Desenvolvimento 188
XI - MÉTODO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE CARCAÇA 186
11.1 Procedimentos 186
11.1.1 Trabalho Preparatório: 1a Fase 187
11.1.2 Medições nas Carcaças - 2a Fase 187
11.1.3 Cálculos - 3a Fase 188
11.2. Relação carne – Gordura 188
11.3. Composição média de carcaças de suínos 189
XII - BIBLIOGRAFIA 190

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AULA 1

I - INTRODUÇÃO À SUINOCULTURA

1. Classificação Zoológica do suíno doméstico


Classe : Mamamalia

Mamíferos: com grande produção de leite capaz de atender a demanda


para suprir a exigência de manutenção de até 20 leitões por parto

Ordem : Ungulata ( forma de casa dos dedos )

Se apóiam em cascos os cascos escuros são mais resistentes que os


brancos.

Sub-Ordem : Artiodactila ( número par de dedos )

Família : Suidae

Gênero : Sus

Espécie : Sus scrofa domesticus

O Suíno é um mamífero, homeotérmico, onívoro, mastigador por


excelência, apresenta ampla reserva de energia na forma de gordura subcutânea,
apresenta resistência a várias doenças, mas foi transformado ao longo dos
séculos pelo homem o que tornou a espécie fragilizada e com pouca resistência.

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2. Características do gênero Sus

2.1) Dentes e fórmula dentária


3 1 4
1ª Dentição : 3
I; 1
C; 4
M x 2 = 32 dentes
3 1 4 3
2ª Dentição : 3
I; 1
C; 4
PM ; 3
M x 2 = 44 dentes

2.2) Cabeça em forma piramidal

2.3) Possuem de 4 a 9 pares de tetas

2.4) Temperatura corporal

Adulto : 38,7o a 39,8o ∴ X = 39,5o C

Recém nascidos : 40,5o C

2.5) Frequência respiratória : 20 a 30 / min

2.6) Pulsações 60 a 120 / min ... + comum entre 80 a 100 / min.

2.7) Pele espessa, sobre camada de gorduras e coberta de cerdas.

2.8) Olfato e paladar bem desenvolvido - papilas degustativas

2.9) Pouca capacidade das cavidades nasais = difícil respiração

Poucos poros = difícil transpiração

Depreende-se daí que quando submetidos a exercícios forçados ou


sol intenso podem morrer com asfixia com muita facilidade.

2.10) Prolificidade = Apresentam vários cios por ano, podendo inclusive


conceberem durante a gestação.

2.11) Período de gestação dos suínos: 114 dias (3 meses, 3 semanas e 3


dias) e do javali: 125 dias.

2.12) São multíparas = várias crias

Machos e fêmeas pré-puberes = antes da puberdade

Marrãs: fêmeas pré e pós-puberes selecionadas para a cobrição

Marrãs gestantes nulíparas : fêmeas cobertas, já em gestação antes


do 1º parto.

Porcas: fêmeas que já pariram.


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Primíparas: fêmeas após o 1º parto, Secundíparas, Tercíparas e


pluríparas: referem-se a ordem de parição

Matrizes: fêmeas mantidas no plantel após 180 dias de idade


com a finalidade de substituírem fêmeas descartadas ou em fase de
descarte, fêmeas de qualquer estágio de gestação, lactação e
cobrição e fêmeas em fase de descarte.

2.13) Machos possuem testículos desenvolvidos, localizados na região


perianal, possuem pênis pontiagudo com a glande em forma de
saca-rolha.

Reprodutor jovem: com idade entre 180 e 365 dias

Reprodutor adulto: com idade superior a 365 dias

2.14) Os suínos têm capacidade de desenvolvimento rápido

Período de Aleitamento: máximo de 42 dias média 21 a 28 dias

Creche ou fase inicial: até 53 a 63 dias

Fase de crescimento: até 50 - 55 Kg de peso (90 a 112 dias)

Fase de terminação: até 85 - 120 Kg de peso (140 a 165 dias).

2.15) Suínos são omnívoros (comem de tudo), são monogástricos com


ceco simples, não funcional, são coprófagos e possuem capacidade
limitada (pequena) de síntese de nutrientes e pequena capacidade
estomacal.

2.16) Os suínos foram domesticados com a finalidade de produzirem


grande quantidade de energia para o homem, através dos restos da
agricultura e dos restos de alimentos descartados pelo homem.

A carne de suínos constitui-se numa fonte protéica de boa qualidade


para o homem.

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II - HISTÓRICO E ORIGEM DO PORCO DOMÉSTICO

1. Ancestral foi o javali.


Sus scrofa - Javali europeu, de grande porte, constituição robusta e
avantajada capacidade torácica.
Sus vitatus - Javali asiático e africano, de porte menor e grande
propensão para a gordura.
• Javali Europeu deu origem às raças célticas, com tendência para
produzir carne, e os Africano e Asiático deram origem às raças asiáticas
para produzir gorduras.
• As raças ibéricas tiveram origem dos cruzamentos das raças célticas
com as raças asiáticas.

2. O porco no passado
2.1) Primeiras citações sobre suínos a 5.000 A.C. na China.
2.2) Os Árias ensinaram os europeus as vantagens da criação de suínos.
2.3) Preceitos religiosos proíbem o consumo de carne e gordura de suínos no
Egito.
2.4) Para os Hebreus o porco era um animal imundo.
2.5) As leis de Moisés proibiam o consumo de carne e gordura de suínos.
2.6) A doutrina de Mohomet através do Alcorão proibia aos Árabes e Persas
consumirem carne de suínos.
2.7) Os Assírios e Babilônicos tinham grande estima pelos suínos e
apreciavam sua carne.
2.8) Na Grécia antiga o suíno era muito estimado, sendo inclusive oferecido
em sacrifício aos Deuses.
2.9) O porco era muito apreciado e fazia parte da mesa dos romanos. Havia,
inclusive, famílias romanas com nomes derivados dos suínos (Porcius,
Scrofa, Suiler, Verres, Varão, etc.).
2.10) Na Gália o Javali e seus descendentes eram estimadíssimos (haviam
moedas com suas esfinges).
2.11) Ainda hoje, na África, onde os preceitos do Alcorão são praticados, a
criação de porcos é proibida.

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3. O Porco nas Américas


3.1) Colombo trouxe os suínos em sua segunda viagem das Canárias para a
ilha de São Domingos, em 1493. Consta que em 1499 havia um grande
número de suínos na mesma.
3.2) De São Domingos os suínos foram levados para Colômbia, Venezuela,
Equador e Peru.
3.3) Em 1515, Diego Velasquez trouxe suínos para a ilha de Cuba
3.4) Fernando de Souto levou os suínos de Cuba para a Flórida em 1540.
3.5) No Brasil, Martim Afonso de Souza introduziu os suínos em 1532, em
São Vicente no litoral paulista e Tomé de Souza trouxe, um pouco mais tarde,
suínos para a Bahia.

4. Fatores Essenciais ao Êxito da suinocultura

1. Considerações
Considerações iniciais
1.1) O suíno é onívoro, aproveita bem restos culturais, industriais e
domésticos e tem grande poder de assimilação de nutrientes.
1.2) Os suínos são de crescimento e multiplicação, relativamente rápidos,
se adaptam a vários sistemas de criação, às várias condições climáticas e não
exigem grandes áreas requerendo capital inicial para implantação do plantel
relativamente baixo e isso associado propicia um rápido giro de capital.
1.3) O suíno propicia grande rendimento ao abate ( 75 a 80 % ), sendo os
produtos ( embutidos ou verdes ) de fácil mercado, apreciação e aceitação pela
população brasileira.
1.4) Os suínos fornecem produtos de primeira necessidade ( carne e banha
) para as populações rurais de baixa renda.

2. A implantação da Suinocultura requer que :


2.1) O futuro suinocultor deve ter a intenção de possuir uma suinocultura
tecnificada ( isso não significa sofisticada ).
2.2) O suinocultor deve ter capital inicial e/ou crédito.
2.3) Seria necessário um estudo de mercado para adequar o tamanho da
suinocultura ao mercado. (Uma industria processadora de alimentos ou
frigorífico num raio de 200 Km)
2.4) O suinocultor deve produzir ou ter ao seu alcance a produção de
alimentos energéticos e protéicos, em quantidade e custo suficientes para a sua
produção.
2.5) O suinocultor deve saber (ou ter alguém que vá trabalhar com os
animais, que saiba ler e escrever). Isso é fundamental para permitir uma
escrituração zootécnica e econômica satisfatória.

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3. Termo-regulação e comportamento dos Suínos

3.1 Calor Sensível e Calor Latente


• Sensível ou não Evaporativo: e aquele liberado através da radiação, condução e convecção
pois acabam afetando a temperatura ambiente.
• Latente : produzido através da evaporação da umidade, não muda a temperatura ambiente,
pois a energia fica retida na água.

3.2 Comportamento dos suínos:


• Os suínos são pouco adaptados a climas quentes, sobrevivem apenas devido ao grande grau
de domesticação (temperatura conforto de 10 a 21oC).
• Temperatura retal critica 44,4º C (morte por hipertermia).

3.3 Comportamento dos Suínos em Condições de Frio e Calor


• Frio:animais se agrupam, mantém o ventre em contato com o chão para evitar perdas de calor.
• Normal: defecam e urinam em local determinado e deitam-se noutro.
• Calor: deitam-se e rolam sobre os excrementos. Formam lodaçais

3.4 Comportamento dos Suínos em Condições


de Frio e Calor
• Temperatura ambiente
• Frio = <5oC ;
• Calor = >27oC ;
• Normal – 10 a 21oC.
• Em estresse térmico, os suínos reduzem suas funções corporais para evitar a hipertermia..

3.5 Equilíbrio térmico:


Para manter a homeotermia, a quantidade de calor produzida deve ser igual a quantidade de
calor dissipada, através da área superficial, pulmões, condutividade, permuta de água bebida e
excretada.

Figura 1: Esquema representativo das temperaturas criticas em suínos:


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3.6 Efeito do Ambiente sobre os Animais

• Temperatura: a temperatura ambiente = temperatura do ar + superfícies circunvizinha.


• ↓ Temperatura – aumenta a influencia do calor sensível. ↑ Temperatura – aumenta a influen-
cia do calor latente.

3.7 Efeito do Ambiente sobre os Animais


– Os suínos possuem hipertermia controlada, comportando-se como Poiquilotermos em altas
temperaturas, reduzindo suas funções a quase zero para manter suas temperaturas.
– Temperaturas baixas favorecem a produção de carne.
– Temperaturas altas favorecem a produção de banha.

3.7.1. As variações de temperatura exigem 2 tipos de situações:

• Temperatura alta -> requerem maior volume de ar / animal.


• Temperatura baixa -> requerem sistema de aquecimento artificial.
– Existem situações em que a temperatura ambiental deve atender exigências di-
ferentes como no caso da maternidade. (ver tabelas).

Quadro 1: Temperatura e umidade relativa ótima e crítica para suínos.

TEMPERATURAS (ºC) U. R. (%)


CATEGORIA
ÓTIMA CRÍTICA ÓTIMA CRÍTICA
Leitões ao nascer 30 a 32 15 e 35 70 <60 e >80
“ 1ª semana 28 15 e 35 “ “
“ 2ª semana 26 13 e 35 “ “
“ 3ª semana 22 a 24 12 e 35 “ “
“ 4ª semana 20 a 22 10 e 31 “ “
“ 5ª a 8ª semana 20 a 22 8 e 30 “ “
Engorda:
20 a 35 kg 18 a 20 8 e 27 70 <60 e >80

35 a 60 kg 15 a 18 5 e 27 “ “
60 a 100 kg 12 a 15 4 e 27 “ “
Adultos 10 a 15 0 e 30 “ “

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3.8 Umidade Relativa:


• constitui-se no maior problema em regiões quentes e úmidas. Altas taxas de
U.R. fazem com que os animais ofeguem mais rapidamente tendo que eliminar
muita água.

3.9 Ventilação:
• o movimento do ar ainda não foi completamente estudado para definir com cla-
reza seus efeitos sobre o conforto dos animais. O principal objetivo da ventilação
no inverno e eliminar o excesso de umidade produzida pelos animais. No verão,
o objetivo e extrair o calor liberado pelos animais.

3.9.1 Ventilação:
• Gases produzidos pela respiração e putrefação dos dejetos:
• CO2 (dióxido de Carbono), mais pesado que o ar.
• NH3 (amoníaco), mais leve que o ar.
• SH2 (acido sulfídrico), mais leve que o ar.

• Dos três gases citados, o CO2 e produzido em maior escala. Sua concentração
normal no ar e de 0,3 p/mil e o máximo tolerado pelos animais e de 3,5 a 4 p/mil,
ou 3 litros por m3.

3.10 Radiação :
• poucos trabalhos existem sobre os efeitos da radiação no desempenho dos ani-
mais sob alta temperatura e/ou alta U.R.
• Sabe-se que os suínos estão mais sujeitos ao efeito da cobertura quente e mal
planejadas.
• Porem não devemos desprezar o efeito do piso, das paredes e do exterior

Efeito Combinado do Parâmetro Ambiental:

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DISSIPAÇÃO DE CALOR CORPORAL EM CLIMAS SECOS E ÚMIDOS

CLIMA TEMPERATURA U.R. CALOR EVAPARATIVO


(ºC) (%) EM RELAÇÃO AO
CALOR TOTAL
(%)

NORMAL SECO 20 40 25
TEMPERADO 24 40 50
SECO
QUENTE SECO 34 40 80
NORMAL ÚMI- 20 87 25
DO
TEMPERADO 24 84 22
ÚMIDO
QUENTE ÚMI- 34 90 39
DO

3.11 Conclusão:
• Existem muitas inter-relações entre todos os fatores ambientais, os quais exer-
cem influencia no desempenho dos animais.
• Precisamos estar atentos a qualquer variação das condições das instalações e do
ambiente, para determinarmos as condições de conforto para os animais.

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AULA 2

Aspectos Gerais da suinocultura

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III. ANÁLISE DE CONJUNTURA E IMPORTÂNCIA
ECONÔMICA DA SUINOCULTURA

1. INTRODUÇÃO

A produção mundial de carne de suínos cresceu nos últimos treze anos em


torno de 37,1 %, correspondendo a uma média anual de crescimento de 2,85%, o
que não garante nem o suprimento do crescimento vegetativo da população. No
Brasil, durante esse período o crescimento foi de 158% (PORKWORLD, 2004).
A carne suína continua sendo a mais consumida no mundo, com uma média de
16,5 Kg por pessoa por ano (ABIPECS, 2006). Grande parte do aumento de
produção de carne suína verificada nos últimos anos deveu-se a uma
intensificação dos sistemas de produção e a um aumento do peso de abate dos
animais, que era de 73,1Kg em meados da década de 90 (Girotto, 2001) e passou
para 87Kg (www.finanças.cidadeinternet.com.br) atualmente. Os maiores
produtores mundiais de carne suína, com 81,3% da produção, são a China, União
Européia e os Estados Unidos. Segundo IBGE/FNP, a projeção de produção
para o ano de 2004 no Brasil é de algo em torno de 2.8 mil toneladas.
Tabela 01 - População mundial por continente em 1965, 1985 e 2000 (em
milhões de habitantes)

Região 1965 % 1985 % 2000 % % de


aumento
1985 / 2000

Mundial 3.281 100,0 4.746 100,0 5.965 100,0 25,7

Mais desenvolvidos 1.032 31,5 1.256 26,5 1.312 22,0 4,5

Menos desenvolvidos 2.249 68,5 3.490 73,5 4.656 78,1 33,4

África 306 9,3 513 10,8 646 10,8 25,9

Ásia 1.828 55,7 2.710 57,1 3.402 57,0 25,5

América Latina 245 7,5 436 9,2 624 10,5 43,1

Europa 440 13,4 492 10,4 527 8,8 7,1

América do Norte 213 6,5 283 6,0 354 5,9 25,1

Oceania 17 0,5 25 0,5 32 0,5 28,0

União Soviética 231 7,0 297 6,3 380 6,4 27,9


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A suinocultura é uma das atividades econômicas que está distribuída por


todos os continentes, envolvendo um grande número de pessoas. Sabe-se que a
produção de alimentos não acompanha o crescimento populacional e isso é mais
evidente se compararmos os países desenvolvidos com os menos desenvolvidos
(tabela 1), uma vez que o maior aumento populacional ocorre justamente nesses
países.

Por outro lado a produção mundial de alimentos está concentrada nos países
mais desenvolvidos como os EUA e a União Européia, apesar de nos últimos
anos estar ocorrendo uma tendência dos países em desenvolvimento,
aumentarem sua participação na produção mundial de alimentos, como é o caso
do Brasil, China e Argentina, conforme (Tabela 2). Acontece que a China, apesar
da grande extensão territorial, tem a maior população por país do mundo, com
mais de 1,2 bilhões de pessoas, concentrada em um território pouco maior que o
do Brasil, porém com o agravante que extensas áreas são impróprias para a
agricultura, seja pelo inverno rigoroso, seja pelas condições desérticas.
Tabela 2 - Maiores produtores mundiais de grãos

Países População* Extensão Milho Soja

(milhões de pessoas) Territorial (Km²) (milhões ton) (milhões ton)*

EUA 274,0 9,80 253,2 75,38

China 1.200,0 9,59 105,0 15,40

Brasil 172,2 8,51 40,8 36,84

Argentina 35,0 2,78 15,0 26,00

* dados preliminares (2000/2001)

Fonte: USDA - GRAIN/01. Soja: OILSEEDS: world market and trade, jul/01.

2. O MERCADO NACIONAL

O Brasil apesar de sua grande população, beirando os 200 milhões de


pessoas, ainda possui vastas áreas pouco aproveitadas e sua produção de grãos
vem aumentando ano a ano, graças a incorporação de novas áreas agrícolas,
como a melhoria na produtividade. Por outro lado, como podemos observar na
tabela 3, a concentração de suínos por pessoa no Brasil é equivalente aos EUA,
mas bem abaixo da Europa e China, porém a concentração de suínos por área
ainda é baixa, o que torna o nosso país um atrativo mercado para a produção
mundial de carne suína.

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Tabela 3 - Comparação dos grandes produtores mundiais de suínos.

Países Suínos por pessoa Suínos por Km² Consumo


(Kg/hab/ano)

EUA 0,22 10,2 26,0

China 0,39 50,6 37,2

Brasil 0,22 4,2 12,7

Europa 0,32 36,8 44,3

O consumo de carne no mundo aumenta em média 2% ao ano, porém esse


crescimento é irregular onde, os países de maior carência, são justamente
aqueles que não podem comprar. Segundo a FAO (2000), o crescimento médio
da produção mundial de carne suína na última década, foi de 4,8%. Recentes
estatísticas de ABIPECS, (2006) demonstram que a produção mundial de suínos
está em torno de 105 milhões de toneladas.

Figura 1: Evolução da produção mundial de suínos (milhões de ton.)

Obs: crescimento médio anual de 4,8% (FONTE: FAO, 2000)

Os dados comparativos da produtividade brasileira com os países mais


desenvolvidos não deixam nada a desejar para a suinocultura brasileira,
conforme demonstrado na tabela 4, apesar das grandes disparidades regionais,
possuímos uma suinocultura bastante desenvolvida e com perspectivas de grande
ascensão, conforme demonstrado pela grande participação de empresas
estrangeiras em empreendimentos nas regiões do Centro-Oeste, principalmente,
conforme demonstra a tabela 5, em que existem projetos contratados para mais

19
Disciplina de Suinocultura UFRPE

de 200 mil matrizes, somente o estado de Mato Grosso deverá crescer 75% até
2009, passando das atuais 66 mil matrizes, para 116 mil.
Apesar desses fatos a análise da situação atual da suinocultura não pode ser
feita sem considerar fatos ocorridos no mínimo a partir de 2001. Os bons
resultados obtidos naquele ano e início de 2002, somados às perspectivas de
crescimento das exportações, geraram um clima de euforia que levaram muitos
produtores a aumentar o plantel e outros a darem seus primeiros passos na
suinocultura ainda em 2001 e mais intensamente em 2002. Esses dados ao longo
período com excesso de oferta de animais para o abate e acentuada alta nos
preços dos insumos básicos (milho, soja e premix), não poderiam ter escolhido
época menos propícia.

Tabela 04: Dados comparativos de produção de suínos entre países:


VARIÁVEIS USA CANADA BRASIL

Leitões nascidos totais/porca 11,7 11,7 11,2

Leitões nascidos mortos/porca 0,77 0,65 0,51

Leitões desmamados/porca 9,60 9,71 9,70

Leitões desmamados/porca/ano 21,8 23,0 22,1

Parto/porca/ano 2,27 2,37 2,28

Fonte: (Pigchamp: 10% melhores granjas com mais de 22,5 leitões/desmamados/porca/ano)

20
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Tabela 5: Novos projetos em número de matrizes no Brasil (mil)


Perdigão - Rio Verde (GO) 35,0

Carroll´s - Diamantino (MT) 50,0

Intercoop - Nova Mutum (MT) 12,0

Rezende (Uberlândia (MG) 15,0

Avipal - Porto Alegre (RS) 15,0

Pif-Paf - Patrocínio (MG) 10,0

Frangosul - Caxias do Sul (RS) 10,0

Grupo HOFIG - Brasilândia (MS) 10,0

Parmalat - Castro (PR) 10,0

Globoaves - Toledo (PR) 10,0

Copavel - Cascavel (PR) 10,0

Outros 13,0

Fonte: (Palestra– Dr. Luciano Roppa)

A região Centro-Oeste, especialmente os estados de Mato Grosso e Goiás


continua sendo alvo de novos investimentos de empresas nacionais e
multinacionais. Tais aplicações na atividade suinícola elevaram o rebanho da
região de 3,2 milhões de cabeças em 2002, para cerca de 3,5 milhões de cabeças
em 2003, e hoje a estimativa é de que passe dos 6 milhões de cabeças, conforme
tabela 7 a seguir. Na Região Sul de 2000 para 2002 a expansão do rebanho foi de
7,58%. No mesmo período a região Centro-Oeste cresceu 9,96% e a região
Sudeste 6,02%. Já as regiões Nordeste e Norte apresentaram contração no
rebanho, 3,24% e 4,16% respectivamente.

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Tabela 7: Rebanho suíno por região geográfica.

Região Nº Cabeças % Estados


(milhões)

Sul 12,95 34,53 RS, SC, PR.

Sudeste 7,10 18,93 MG, ES, RJ, SP.

Nordeste 8,65 23,07 MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE, BA, PE.

Centro Oeste 5,95 15,87 MT, MS, GO, DF.

Norte 2,85 7,60 RO, AC, AM, RR, PA, AP, TO.

TOTAL 37,50 100,00

Fonte: IBGE 2001

Tabela 8 – Evolução Rebanho suíno brasileiro por região - em mil cabeças


Região\ Ano 1980 1990 2000 2002(*)

Cab. % Cab. % Cab. % Cab. %

Norte 1.910 5,59 3.813 11,32 1.802 5,76 1.727 5,25

Nordeste 7.994 23,39 9.691 28,77 5.269 16,83 5.098 15,5

Sudeste 6.141 17,96 6.085 18,06 5.662 18,08 6.003 18,26

Centro-Oeste 2.874 8,41 3.459 10,27 2.933 9,37 3.225 9,81

Sul 15.264 44,65 10.636 31,58 15.642 49,96 16.827 51,18

Brasil 34.183 100 33.684 100 31.310 100 32.882 100


Fonte : FNP / ABCS / ABIPECS / IBGE (*) Estimativa.
A tendência nacional é haver um crescimento mais acelerado na região cen-
tro-Oeste e na Região Norte, devido a incorporação de novas áreas de agricultu-
ra, com o plantio de milho e soja em Mato-Grosso, Goiás e Tocantins.
Com relação ao número de matrizes instaladas, pode-se, a partir da análise
dos dados de Santa Catarina, imaginar o que aconteceu principalmente nos de-
mais estados da região Sul e alguns estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Observou-se a partir no 4º Trimestre de 2001 forte crescimento no número de
matrizes instaladas em Santa Catarina. Tal atitude dos produtores coincidiu com
a veiculação de notícias relativas às possibilidades de ampliação do mercado ex-
terno e também com um aumento dos preços pagos aos produtores. Figura 2.

22
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Figura 02 - Santa Catarina - Custo de produção de suínos para o abate (100 kg de


peso vivo)

Os produtores primeiramente motivados pelos bons resultados obtidos em


2001 e início de 2002 (janeiro a março), e posteriormente incentivados pelas
possibilidades anunciadas de aumento nas exportações, seguiram aumentando o
número de fêmeas instaladas até agosto/02, apesar de já em abril/02 a atividade
começar a apresentar resultados negativos. O crescimento no plantel correspon-
deu no período de jan/01 a ago/02 a cerca de 70.000 matrizes. Estas fêmeas colo-
caram no mercado perto de 1,5 milhões de cabeças a mais. Tal volume de ani-
mais convertidos em carne (carcaça) representam 116 mil toneladas. Ou seja,
cerca de 24% do total exportado pelo Brasil em 2002. Não se pode esquecer, que
nos demais estados da região Sul o procedimento dos produtores foi semelhante.
A partir de setembro de 2002 os produtores catarinenses começaram a inten-
sificar o descarte de matrizes buscando desta forma reduzir seus prejuízos. O
processo é lento, pois a partir da decisão de cobrir uma fêmea são mais dez me-
ses para que o resultado desta decisão chegue ao mercado. Interromper o proces-
so no meio do caminho significa prejuízo ainda maior. Em 2002 isto só se acen-
tuou no final do ano. Descartes mais fortes se verificaram em 2003. Em abril de
2003 o número de fêmeas instaladas já era inferior ao do início de 2001 (335.121
fêmeas).

23
Disciplina de Suinocultura UFRPE

A tendência de queda perdurou até outubro de 2003. Segundo o Sindicarne


de Santa Catarina o plantel naquele mês era de 305.766 fêmeas.
A produção brasileira em equivalentes carcaças cresceu nos anos 90 em ní-
veis superiores aos verificados em nível mundial. No período de 2000 a 2002 o
crescimento do volume de animais abatidos foi de 41,27%. As regiões Sul, Cen-
tro-Oeste e Sudeste foram as que apresentaram crescimento, resultado já espera-
do uma vez que foi nestas regiões que aconteceram os incrementos no número de
matrizes instaladas. As regiões Norte e Nordeste, também dentro daquilo que se
esperava, tiveram suas participações no total abatido no país reduzidas.
De acordo com a Abipecs, o consumo 'per capita' brasileiro, cresceu 18,20%
nos últimos cinco anos, em parte devido a queda nos preços em nível de consu-
midor e também pelas campanhas promovidas pela ABCS e filiadas destacando
as qualidades da carne suína. Em 2003, o consumo no país chegou a 13,2 kg por
habitante, a partir dai ocorreu uma redução chegando aos 11,5 kg/habitante em
2005, atribuída principalmente ao nível de desemprego no país e ao achatamento
salarial. Em 2006 iniciou-se uma pequena recuperação devido a uma ligeira re-
cuperação da renda da população brasileira. Observe a Tabela 5 a seguir.

Tabela 8: Evolução do rebanho, abate e produção de suínos no Brasil


Discriminação 1990 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Rebanho* 30,0 34,0 35,7 35,8 36,5 37,0 37,3 37,5 37,6 34,5 33,0 34,0 35,3

Abate* 16,0 19,2 20,4 20,0 22,4 23,5 24,9 27,9 33,5 36,1 33,2 34,1 36,4

Cons. Per 7,05 8,69 9,00 9,17 9,92 10,45 10,71 11,42 12,62 13,19 11,8 11,5 12,7
Capita(Kg)

Prod. de
Carne** 1,04 1,38 1,49 1,54 1,69 1,83 1,94 2,17 2,68 2,69 2,62 2,71 2,87

Importação*** 2,0 9,0 5,0 5,0 11,0 0,7 1,0 1,0 1,0 1,0 0,8 0,7 0,6

Exportação*** 13,1 36,5 64,3 63,8 81,5 91,0 127,9 265,1 475,0 495,0 508,0 625,0 675,0

* Milhões de Cabeças ** Milhões Toneladas ***Mil Toneladas **** EstimativaFonte: MAPA/SIF/IBGE/FAO/ABIPECS

Apesar da grande evolução da suinocultura nacional, ocorrida nas últimas


décadas, ainda existem muitos problemas a serem resolvidos, e um deles é a
questão do abate e da sanidade. Sabe-se que cerca de 30% dos abates no Brasil,
não são inspecionados, conforme tabela 9. Esta situação gera uma série de
distorções no mercado, pois enquanto alguns produtores são obrigados a se
submeter a um rígido controle de qualidade e investimentos altos em higiene e
profilaxia, outros continuam criando e abatendo sem as mesmas regras, o que
cria distorções e acabam inflacionando o mercado assim como acabam gerando
preconceitos de mercado.

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Tabela 9: Abate inspecionado de suínos no Brasil

Estado Rebanho Abate SIF Produção %

Milhões cabeças Milhões cabeças Mil (TON)

Paraná 4,15 2,80 229,60 10,57

Santa Catarina 4,70 6,39 523,98 24,11

Rio Grande do Sul 4,10 4,00 328,00 15,09

Outros 24,55 5,10 418,20 19,25

Abate não inspecionado - 8,21 673,22 30,98

TOTAL 37,50 26,50 2.173,00 100,00

Fonte: IBGE/MAPA-SIF/2001

Tabela 10: Inflação da carne suína do produtor ao consumidor


Preço por Kg em dólar

Brasil França Peru

Granja 0,60 1,04 0,94

Frigorífico 1,03 - -

Supermercado (lombo) 4,60 3,36 4,24

Inflação 666% 223% 351%

FONTE:Palestra Luciano Roppa – jun/99

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Figura 3: Evolução do consumo per capita de carne suína no brasil (1990 – 2000)
Fonte: ABCS/2000

Norte 3,5 kg/hab.

Nordeste 5,5 kg/hab.

Centro Oeste 12 kg/hab.

Sudeste 15,4 kg/hab.

Sul 19 kg/hab.

Figura 4: Distribuição do consumo per capita por região no Brasil.

3. O MERCADO MUNDIAL

A China, maior produtora mundial da carne suína, depois de pequeno


período de estagnação (1999 e 2000), a partir de 2001 passou a apresentar
índices positivos de crescimento. As estimativas indicam que entre 2001 e 2002
o crescimento foi de 2,76%, superando a previsão inicial que era de 1,89%. Para
o período 2002 - 2003 calcula-se que o país deverá produzir 1,1 milhão de
toneladas de carne suína a mais que 2002. O que indica um crescimento de
13,55% (5.263 mil t) no período de 1998 a 2003, ou seja quase o dobro do que se
estima como produção brasileira neste ano, Tabela 11 a seguir.

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Com relação aos demais países, em grau de importância, (União Européia e


Estados Unidos), a posição no ranking não deve ser alterada pelo menos no curto
e médio prazos, pelo fato de que a diferença entre eles, no volume produzido, é
significativa. Já o Canadá (5º colocado) em 2002 deverá ter sua posição no
ranking mais ameaçada quando comparada à situação de 2002, pois a diferença
entre os canadenses e os poloneses em 2002 era de apenas 245 mil toneladas e os
poloneses vêm apresentando índices de crescimento superiores aos dos
canadenses.
No que diz respeito às exportações, a União Européia depois da queda
acentuada (250 mil t) em 2001 com relação a 2000, voltou a apresentar índices
positivos de crescimento no volume de exportações de carcaças suínas, Tabela
11.
Analisando os países individualmente, o Canadá continua sendo o maior
exportador de carne suína. Aquele país apresentou um crescimento acentuado a
partir de 1.998, passando de 432 mil t naquele ano para a estimativa de cerca de
815 mil t em 2.003. O principal destino da produção suína canadense continua
sendo o mercado americano (cerca de 54% do total exportado).
Já o volume das exportações brasileiras no período de 1999 a 2002, cresceu
significativamente, especialmente a partir de 2.001, Tabela 9 a seguir. O índice
de crescimento naquele ano foi de 107% em relação à 2000. O salto começou a
acontecer em 2000 e a grande responsável é a Rússia, para quem exportamos em
2002 cerca de 79% das carcaças comercializadas no exterior. Hoje, pode-se dizer
que uma eventual queda nas quantidades comercializadas com aquele país,
poderá nos trazer problemas de super-oferta interna do produto. Fica claro
também, que a Argentina, Hong Kong e Uruguai são os nossos parceiros mais
estáveis no comércio da carne suína.

Tabela 11 - Suínos - Principais países produtores. (1998 a 2003) - em mil t.


País 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005* 2006**
China 38.837 38.907 40.314 41.845 43.266 45.186 47.210 48.500 50.000
União Eu- 17.777 18.144 17.649 17.645 17.845 17.921 21.614 21.550 21.660
ropéia 1
Estados 8.623 8.758 8.597 8.691 8.929 9.056 9.312 9.435 9.590
Unidos
Brasil 2.400 2.400 2.600 2.637 2.798 3.059 2.950 3.140 3.230
CEI (12) 2.727 2.711 2.815 2.702 2.801 2.954 2.864 2.853 2.990
Vietnã 1.228 1.318 1.409 1.515 1.654 1.800 2.012 2.200 2.300
2
Polônia 2.026 2.043 1.923 1.849 2.023 2.209 2.100 2.040 2.000
Canadá 1.392 1.566 1.640 1.731 1.858 1.882 1.936 1.960 1.990
Japão 1.291 1.277 1.256 1.232 1.246 1.274 1.285 1.260 1.230
México 961 994 1.030 1.058 1.070 1.035 1.058 1.080 1.110
Outros 11.162 11.152 10.850 11.152 11.828 12.045 8.576 8.686 8.890

Total 88.424 89.270 90.083 92.05 95.318 98.42 100.91 102.70 104.99
7 1 7 4 0
Fonte: FNP - Anualpec (1998-1999) Abipecs (2000-2006) - (*) Preliminar; (**) Estimativa.

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Tabela 12 - Suínos - Principais exportadores (1998 a 2003) - em mil t


Fonte : USDA - ABIPECS - 2006

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006


1
União Européia 999,5 1.331,5 1.187,8 910,7 990,7 966,0 1.190,0 1.100,0 1.102,0
Estados Unidos 499,3 457,3 580,1 628,9 652,6 698,7 887,0 1.085,0 1.115,0
Canadá 396,7 502,1 595,7 659,1 772,5 884,5 879,6 970,0 1.000,0
Brasil 100,4 107,0 153,3 297,2 511,4 544,2 558,0 675,0 700,0
China 191,7 138,4 139,8 213,7 290,4 376,2 512,6 450,0 450,0
2
Polônia 154,8 183,9 117,9 74,9 54,9 218,0 180,6 110,0 110,0
2
Hungria 123,5 133,5 150,6 126,9 114,3 109,1 90,0 95,0 95,0
México 48,0 50,5 56,3 58,9 59,8 48,7 52,0 55,0 65,0
Austrália 15,0 32,5 41,0 55,5 65,6 62,7 51,0 55,0 55,0
Coréia do Sul 113,6 110,6 30,0 40,0 20,7 32,3 16,9 10,0 20,0
Outros 190,1 153,4 175,4 228,6 278,2 301,5 18,5 120,6 165,6

Total 2.833 3.201 3.228 3.294 3.811 4.242 4.436 4.725 4.877

Tabela 13 - Suínos - Principais importadores (1998 a 2003) - em mil t.


País 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005* 2006*
*
Japão 701,1 822,8 889,8 961,4 1.046,0 1.029,8 1.195,6 1.198,0 1.200,0
CEI (12) 755,2 569,4 274,9 445,2 672,2 632,4 630,3 703,6 704,5
Estados 311,1 369,9 435,6 428,0 480,2 534,4 496,0 445,0 435,0
Unidos
México 144,5 172,8 245,5 262,6 288,9 324,2 400,0 435,0 440,0
Hong 194,2 199,0 225,9 238,8 247,8 289,4 319,2 290,0 300,0
Kong
Coréia do 67,2 153,8 172,3 125,3 155,4 154,9 218,0 300,0 350,0
Sul
Canadá 69,7 70,2 72,6 93,6 94,8 93,0 103,0 135,0 140,0
Outros 727,0 859,2 971,6 918,3 1.137,8 1.276,7 1.034,9 1.152,2 1.228,2

Total 2.970, 3.217, 3.288, 3.473, 4.123, 4.334, 4.397, 4.658, 4.797,
0 1 2 2 1 8 0 8 7
Fonte : ABIPECS (*) Preliminares (**) Previsão.

O mercado japonês continua a ser o sonho de todo exportador de carne


suína. O país continua liderando o ranking dos importadores, em 2006 superou o
volume importado em 2005 com 1,2 mil ton. (Tabela 13). A Federação Russa,
que vem apresentando franca recuperação desde 2001, supera os EUA em mais
de 200 mil toneladas.
A China, o maior produtor e consumidor mundial de carne suína vêm
apresentando índices crescentes tanto em produção como em consumo. Apesar
do anunciado contingente cada vez maior de pessoas que estão deixando a linha
da miséria naquele país, em 2002, o país produziu cerca de 165 mil toneladas a
mais do que a demanda interna.

28
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Tabela 14 - Suínos - Principais consumidores (1998 a 2003) - em mil ton.


País 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005* 2006**
Hong Kong 48,7 48,2 50,1 51,2 51,7 51,5 62,0 55,8 57,2
2
Hungria 48,8 50,2 50,8 46,5 57,4 55,9 61,8 62,3 62,3
2
Polônia 50,0 49,4 48,2 46,5 51,1 53,6 52,7 53,0 51,9
1
União Européia 44,1 44,8 46,0 44,7 44,9 45,3 45,4 45,4 44,3
Taiwan 41,5 40,4 43,2 43,5 42,5 41,0 41,9 41,5 52,2
China 31,3 31,2 32,1 33,0 33,8 35,0 36,1 37,2 37,2
Canadá 34,4 36,8 35,8 36,7 36,9 34,3 35,9 34,6 35,1
Suiça 33,8 33,1 32,8 32,9 33,2 33,2 32,8 32,9 33,5

Total 14,9 14,9 15,0 15,0 15,4 15,7 15,9 16,1 16,5

Fonte : USDA - ABIPECS (2000-2006) (*) Preliminares (**) Previsão

Com esta demonstração, é possível vislumbrar um grande futuro para a sui-


nocultura brasileira, visto as condições favoráveis de produção e as limitações de
nosso principais concorrentes.

29
Disciplina de Suinocultura UFRPE

4. TAXA DE DESFRUTE

Uma das principais dificuldades em interpretar a suinocultura brasileira é


interpretar a taxa de desfrute e compará-la com outros países desenvolvidos.

Desfrute é tudo o que o produtor retira de um plantel no intervalo de um


ano, representa o que ele produziu a mais do que o seu efetivo, é um indicativo
da produtividade do rebanho.

Cálculos:

TD = TC + TA

Onde: TD é Taxa de Desfrute

TC é Taxa de Crescimento, representada pela fórmula

TC = Efetivo Final – Efetivo Inicial x 100

Efetivo Inicial

TA é a taxa de Abate, representada pela fórmula:

TA = No de Animais Abatidos no Ano x 100

No de Animais no Fim do Ano

Sabe-se que a Taxa de Desfrute do rebanha brasileiro é extremamente


baixa, quando comparada aos países desenvolvidos.

Existem algumas causas que podem ser apontadas para explicar o baixo
desfrute no rebanho suinícola no Brasil, como:

* Criações extensivas, não tecnificadas = número elevado

* Abates clandestinos, abates de animais para o consumo na propriedade.

* Comercialização individual ou através de intermediários.

* Deficiência na contabilidade da suinocultura.

* Baixa prolificidade e produtividade das matrizes

* Manejo reprodutivo deficitário refletindo-se num baixo número de


partos/porca/ ano.

30
Disciplina de Suinocultura UFRPE

* Manejo alimentar e sanitário deficientes refletindo-se num pequeno


número de leitões desmamados por porca por parto e alta taxa de mortalidade na
fase de aleitamento.

* Alimentação e instalações deficientes e/ou inadequadas refletindo-se


num elevado número de dias para os terminados atingirem peso de abate, por
conseguinte com baixo número de terminados/porca/ano.
Tabela 15 - Rebanhos de Suínos, Animais Abatidos e % de desfrute nos anos
1981 e 1988 de alguns Países.
Efetivo Abate % de
País ( 1.000 cab. ) ( 1.000 cab. ) desfrute
1981 1988 1981 1988 1981 1988
China 289.526 360.594 275.700 321.100 95,2 89,0
União Soviética 73.302 78.900 68.400 78.000 93,3 98,9
U.S.A. 56.688 53.852 82.000 85.114 144,7 158,1
Alemanha 35.179 34.178 49.956 50.675 142,0 148,3
Brasil s/Clandestinos 33.500 33.200 13.800 15.600 41,2 47,0
Brasil Total 25.200 75,9
Polônia 18.471 19.464 17.735 19.207 96,0 98,7
México 13.117 17.300 7.158 11.267 54,6 65,1
Romênia 12.464 12.200 12.590 11.795 101,0 96,7
França 11.859 11.671 20.640 21.700 174,0 185,9
Espanha 11.712 16.910 14.900 22.935 127,2 135,6
Vietnã 11.393 12.221 8.800 10.500 77,2 85,9
Índia 10.500 10.500 9.333 10.300 88,9 98,1
Holanda 10.254 13.634 14.300 20.070 139,5 147,2
Japão 9.851 11.816 19.239 20.985 195,3 177,6
Canadá 9.709 10.532 13.223 14.764 136,2 140,2
Dinamarca 9.699 9.300 14.198 16.240 146,4 174,6
Itália 8.885 9.254 10.287 11.980 115,8 129,5
Inglaterra 7.856 7.383 14.642 14.225 186,4 192,7
Filipinas 7.712 7.990 9.859 12.300 127,8 153,9
Bélgica - Lux 5.083 6.360 8.241 9.175 162,1 144,3
Cuba 1.417 1.850 804 1.400 56,7 75,7
Nicarágua 625 690 250 270 40,0 39,1

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AULA 3

Raças Suínas

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IV. PRINCIPAIS RAÇAS SUÍNAS


4.1. Características Fenotípicas

A identificação de um animal de raça pura, pode ser feita fenotipicamente


por eliminação através de três caracteres principais, a saber: Orelhas, Pelagem e
Perfil Cefálico.
Quanto as orelhas, os suínos poderão ter orelhas do tipo Célticas (grandes e
caídas), chegando a encobrir os olhos dos animais; o relhas asiáticas, (pequenas
e em pé); e as do tipo Ibéricas (intermediárias) levemente inclinadas, porém não
encobrindo a face do animal.

Figura 5: Tipos de Orelhas dos suínos

Quanto aos tipos de perfis fronto-nasal, os suínos podem ser classificados,


em tipo retilíneo, sub-concavilíneo, concavilíneo e ultra-concavilíneo.

Figura 6: Tipos de perfil fronto-nasal em suínos.

A Pelagem que é aquela característica do conjunto de pele e pelos de acordo


com a raça. As raças estrangeiras normalmente apresentam maior quantidade de
pelos que as raças nacionais e são maiores mais compactos.

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4.2. Características de Produção das Raças Suínas

Embora existam raças criadas exclusivamente para produção de banha (lard


type) e outras para carne (bacon type), outras há que tanto se prestam para um
fim como para outro, dependendo o tipo, sobretudo da alimentação e do regime a
que os animais são submetidos. Por este motivo não fazemos uma nítida divisão
entre as raças suínas.
O "Wiltshire type" é um porco para carne (bacon) bem comprido e de ótima
qualidade. A manta de toucinho do lombo, entre os 80 e 100 Kg é bastante
reduzida, 03 a 04 cm. Esses melhores tipos para carne, cujo mais perfeito é
representado pela Landrace Dinamarquesa, é comerciado geralmente sob forma
resfriada, enquanto a carne de animais com maior abundância de gordura é
transformada em conserva, para seu melhor aproveitamento industrial.
A descrição do porco tipo banha, em vista da preferência atual pelos porcos
tipo carne, tem aqui o principal objetivo de mostrar o contraste de caracteres dos
dois tipos.
Pelagem variável, o aspecto da pele e dos pelos é importante como indicador
de qualidade. Os pelos devem ser lisos, macios, abundantes e, se
demasiadamente fino, denotam fraqueza do animal. A pele deve ser lisa e macia
de maneira uniforme, não escamosa e livre de pregas, que aparecem, sobretudo
no adulto, nas espáduas, garganta, face e lados. Ocorrem mais facilmente se a
raça tem o couro grosso.
O peso e a estatura são variáveis. Os membros são em regra baixos. Cabeça
muito variável, segundo a raça, regularmente curta, dependendo do comprimento
do focinho que deveria ser curto e não grosseiro. Os olhos são bem afastados,
visíveis, as bochechas cheias e lisas, as orelhas muito variáveis em forma e
tamanho, devem ser bem ligadas à cabeça, de textura fina, cobertas de pelos
finos. As bochechas são ainda espessas carnudas e arredondadas.
Pescoço curto, largo e profundo, arredondado em cima, insensivelmente
ligado à cabeça e às paletas.
Corpo largo, profundo, simétrico, baixo, liso, compacto. O peito é largo e
cheio, com a ponta bem projetada para frente. As espáduas devem ser lisas e
cheias, sobretudo em cima, bem cobertas de carne, bem ligadas às regiões
vizinhas, sem depressão: não devem ser grosseiros nem salientes.
Os costados ou costelas, devem ser largos e profundos, com o cilhadouro
cheio. A linha dorso-lombar deve ser comprida uniformemente larga e arqueada.
Este arqueamento é variável, segundo a raça, porém nunca á muito pronunciado,
diminuindo também com a idade, O lombo deve ser da mesma largura do dorso e
a garupa, e na mesma linha. A garupa deve ser longa, da mesma largura geral do
como, continuando suavemente a linha dorso-lombar A cauda muitas vezes é
inserida baixo.
Os pernis são largos, bem descidos, lisos, sem pregas, arredondados, devem
ser profundos, com costelas bem arredondadas ou chatas, segundo a raça,

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uniformemente lisos, O ventre deve ser bem sustido, com a linha inferior quase
direita, salvo na porca criadeira. Os flancos são cheios, espessos, baixos.
Membros curtos, fortes, direitos, afastados, dispostos no solo num retângulo,
com boas quartelas, unhas não muito separadas, O curvilhão deve ser um pouco
espesso, seco e nítido.

4.3. Características das Raças Suínas para Carne

Os porcos para a produção de carne - tipo carne, tipo Bacon ou Wiltshire -


são mais esguios, compridos e pernudos, de pescoço mais longo que os do tipo
para banha, que são muito mais compactos e baixos. As raças estrangeiras
apresentam grande proporção de carne e menor propensão para acúmulo de
gordura na carcaça, são precoces e de tamanho grande.
Os pelos devem ser finos, lisos e a pele sem pregas e lisa. Recentemente
com a introdução de linhagens tem-se admitido animais com pele escura, como o
Pietrain, mas por muito tempo a indústria rejeitou esses tipos de animais devido a
serem relacionados com os animais criados soltos, e sem raça definida (SRD), o
que contribui muito para o desaparecimento desses animais em nosso país.
Peso e Estatura de médio a grande, de acordo com a idade e a raça. Devem
pesar de 80 a 100Kg no ato do abate, as indústrias preferem animais mais
pesados.
Cabeça um pouco mais longa que no tipo de banha, leve, com a marrafa
larga e cheia, olhos bem espaçados, brilhantes e cheios. As orelhas são
moderadamente finas, franjadas com cerdas finas. O focinho, de médio
comprimento, não grosseiro. As bochechas, nítidas, não pendentes, de regular
largura e musculatura.
Pescoço de comprimento médio, musculoso, sem ser arqueado em cima.
Corpo longo, profundo, liso, bem equilibrado ou com o quarto posterior
musculoso predominando. Peito largo e cheio, espáduas bem postas, bem
cobertas, lisas. A linha superior é uniformemente arqueada, variando com a raça.
O garrote, de mesma largura do resto das costas. O dorso e lombo são
regularmente largos, musculados e fortes. A garupa, de mesma largura das
costas, comprida, em nível, com a cauda de inserção alta. O tórax é cheio, com
costelas longas e arqueadas. O costado é comprido, regularmente profundo e
chato, no mesmo plano das espáduas, sem depressão no cilhadouro, formando
um plano. Flanco cheio e baixo, ventre firme, espesso e bem sustido. Os pernis
são cheios, carnudos, firmes, descidos, sem pregas. Membros afastados, direitos,
bem dispostos no solo, fortes, porém não grosseiros, com quartelas levantadas e
cascos firmes. Os membros anteriores são de altura média e os posteriores um
pouco compridos no geral. Locomovem-se, com facilidade, em linha reta.

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A fêmea difere do macho pela cabeça e corpo mais leves e mais delicados,
pescoço menos maciço, pelos mais finos, especialmente no pescoço e não terá
menos que 12 tetas bem separadas e glandulosas. As diferenças sexuais,
entretanto só se acentuam com a idade, sendo pequenas na ocasião da matança,
em média aos 07 meses

4.3.1. Raças Estrangeiras

São raças altamente especializadas na produção de carne, bastante precoces,


prolífica (maior nº de leitões por partos), bastante econômica (conversão
alimentar boa). As raças estrangeiras apresentam grande proporção de carne
maior que 60% e menor propensão para acúmulo de gordura na carcaça, são
precoces e de tamanho grande.As principais raças exploradas comercialmente no
Brasil, são:
Duroc (EUA), Polland China (EUA), Hampshire (EUA), Landrace (Dinamarca),
Yorkshire ou Large White, (Inglaterra), Lanaschwein (Alemanha), Wessex
(Inglaterra), Berkshire (Inglaterra), Pietrain (Bélgica), Edelswein (Alemanha).
As Principais raças para mães são Wessex, Hanpshire, Landrace e Large
White, por ordem de importância e aptidão.

Quadro 1: Principais características das raças estrangeiras de suínos.


Nome Origem Pelagem Orelhas Perfil

Large White Inglaterra Branca Asiáticas Côncavo

Landrace Dinamarca Branca Célticas Retilíneo

Duroc-Jersey EUA Vermelho Ibéricas Sub-côncavo

Hampshire EUA Preto c/faixa Asiáticas Retilíneo ou


branca Sub-côncavo

Wessex- Inglaterra Idem Célticas Retilíneo


Saddleback

Pietrain Bélgica Branco c/pintas Asiáticas Retilíneo

Tam Worth Inglaterra Vermelho Asiáticas Retilíneo

Large Black Inglaterra Preta Célticas Sub-côncavo

Polland China EUA Preto c/6 partes Ibéricas Sub-côncavo


brancas

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4.4. Descrição das Raças Estrangeiras

4.4.1. Large White ou Yorkshire:

Figura 7: Macho Large White Figura 8: Fêmea Large White com leitegada

Foi formada pelo cruzamento de suínos Yorkshire com porcos chineses,


criada em 1800 por WAITMAN.

Os machos podem chegar a 450 Kg e as fêmeas a 350 Kg, é prolífica com


10 a 11 leitões em média.

Existem três variedades, o Grande (Large), o médio (Middle), e o pequeno


(small), devem ser utilizados em cruzamentos como linha fêmea ou macho.

Não tem papada, possui pescoço curto e grosso, peito largo e comprido,
lombo grosso e comprido.

Garupa Larga e comprida, com inserção de cauda alta, linha dorso lombar
levemente arqueadas.

Barriga magra com bacon.

Pernas médias e ossatura forte.

Pernil grande e carnudo.

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4.4.2. Landrace:

Figura 9: Fêmea Landrace Figura 10: Macho Landrace

Foi formada pelo cruzamento de Yorkshire com suínos escandinavos


(suínos da terra) desde 1860, registrada em 1877.

É uma raça de cabeça leve, pequena e de testa estreita e perfil retilíneo.

Os machos podem chegar aos 400 Kg e as fêmeas aos 300 Kg, também são
boas mães produzindo de 10 a 11 leitões por leitegada.

A raça Landrace é das mais aperfeiçoadas para o tipo bacon.

O corpo é longo e profundo, o pernil quadrado, membros relativamente


curtos, bastante precoce, barriga magra e linha dorso lombar quase reta.

Sua pele é branca, podendo ter manchas ou pintas pretas, porém sem pelos
pretos que desclassificam o animal. Outras desclassificações: menos de seis
pares de tetas e orelhas pequenas e eretas.

Figura 11: Fêmea Landrace prenha com ótimo trato mamário

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4.4.3. Duroc-Jersey:

Foi formada no nordeste dos EUA, nos estados de Nova Iork e Nova
Jersey, através do cruzamento de duas raças locais, a Ducoc e a Red Jersey, além
de suínos portugueses e espanhóis, por volta de 1820, foi registrada em 1883.

É uma raça de cabeça grande e pesada, face cheia e testa larga, pescoço
curto os machos podem chegar aos 500 Kg e as fêmeas aos 350 Kg.

Figura 12: Macho Duroc

Figura 13: Fêmea Duroc

Apresentam peito largo, lombo grosso e arqueado, pernas médias a


compridas, ossatura forte e pernil bem desenvolvido.

As fêmeas são pouco prolíferas, com média de 8 leitões por parto.

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A raça Duroc-Jersey é famosa por sua rusticidade e grande capacidade


transformadora, é um típico animal tipo carne.

Apresenta também grande propensão para acúmulo de gordura entremeada


aos músculos, carne marmoreada ou marmorizada ou "marbling".

A raça Duroc-Jersey apresenta alguns exemplares com propensão para


banha, que era a sua especialização anterior.

A sua pele é avermelha e os pêlos são castanhos, variando do claro ao


escuro.

Constituem defeitos de desclassificação: Manchas brancas nas patas ou em


outras partes do corpo; Pêlos brancos; Manchas pretas maiores que 5 cm de
diâmetro.

As tonalidades amarelas muito claras ou tendendo para o preto são


indesejáveis.

4.4.4. Tamworth:

A raça Tamworth é originária da cidade do mesmo nome, localizada às


margens do rio Tâmisa na Inglaterra.

É uma raça primitiva, proveniente do Old English, melhorada em 1812


e registrada em 1877.

Figura 14: Raça Tamworth

É um animal de cabeça grande, sem papada, pescoço comprido, peito


estreito e comprido, lombo grosso, comprido e levemente arqueado

Os machos podem chegar aos 400 Kg e as fêmeas aos 300 Kg. As fêmeas
são pouco prolíficas, com médias de 7 a 8 leitões por leitegada.

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É um animal característico do tipo carne, podendo produzir também


"bacon".

A sua pelagem é o vermelho Cereja, com pele escura, seus cascos são
vermelhos, pretos ou manchados.

Constituem defeitos pelos pretos ou muito claros e cascos brancos.

4.4.5. Large Black:

É uma raça bastante antiga, originaria dos condados de Devon, Essex e


Suffolk na Inglaterra, desde 1800, obteve o primeiro registro em 1907.

Os representantes desta raça apresentam pelagem preta, com pelos


abundantes e grossos.

São animais grandes de cabeça pesada, comprida e testa estreita.

Apresentam orelhas grandes e caídas (Célticas), pescoço grosso e


comprido, com pequena papada.

O corpo é constituído por peito largo e comprido, Lombo reto, largo e com
alguma gordura de cobertura, barriga volumosa e pernas médias, com pernil
grande.

Os machos podem chegar aos 400 Kg e as fêmeas aos 300 Kg.

São animais mansos, ativos e rústicos, com tendência ao acúmulo de


banha.

Sua prolificidade é média com 8 leitões por parto.

São defeitos pêlos e pele ou cascos brancos.

4.4.6. Wessex-Sadleback:

É originário da ilha de Purbeck, na Inglaterra, através do cruzamento de


porcos cintados Sussex e pretos New Forest.

Foi formada em 1800, e registrada em 1893, sendo conhecida também


como British Saddleback.

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Figura 15: Raça Wessex Sacleback

Sua cabeça é grande e pesada, a face é magra e a testa é estreita, com


cabeça fina e comprida.

Pescoço curto e grosso, sem papada.

Peito estreito e profundo, linha dorso lombar quase reta, lombo largo e
comprido.

Barriga magra, pernas médias, ossatura fina, pernis pouco desenvolvidos.

Os machos pesam 400 Kg e as fêmeas 350 Kg, são considerados tipo carne
com propensão para banha.

A sua grande característica é a prolificidade, com médias de 10 a 11


leitões por leitegada.

As fêmeas são excelentes criadeiras, mansas e carinhosas com a prole, é


uma das raças mais leiteiras, apresentando via de regra mais de sete pares de
tetas funcionais.

Constituem defeitos a ausência da faixa branca envolvendo as cruzes,


parte do pescoço e membros anteriores, ou uma interrupção dessa faixa em um
dos lados.

Constituem defeitos também o alargamento da mancha branca por todo o


pescoço ou indo além da metade do dorso.

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4.4.7. Hampshire:

Figura 16: Macho Hampshire

É originário nos EUA, do estado americano de Kentucky, localizado na


região do milho, através do cruzamento de Wessex com suínos americanos Thin
Rinds e Ring Middles, desde 1900.

São animais de tamanho médio, orelhas pequenas e eretas, cabeça e


pescoço leve, sem papada. Peito largo, lombo largo e comprido e linha dorso
lombar arqueada. São típicos animais produtores de carne.

Barriga magra e horizontal, pernas compridas e ossatura grossa, pernil


bem desenvolvido.

Os adultos pesam de 300 a 400 Kg para machos e de 250 a 300 Kg para


fêmeas. São menos prolíficas que o Wessex, com média de 10 leitões por parto.

A pelagem preta com cinta branca que abarca os membros anteriores até o
casco. São defeitos de pelagem: manchas brancas na cabeça, membros
posteriores brancos, acima dos jarretes, mais de 2/3 do corpo branco ou pelagem
inteiramente preta, cinta branca incompleta com os membros anteriores pretos.

Figura 17: Fêmea Hampshire

4.4.8. Polland China:

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É originária dos estados de Warren, Butler e Ohio nos Estados Unidos,


zona do milho e soja, através do cruzamento de Berkshire com suínos Poloneses,
Russos e Chineses, formada desde 1870.

Figura 18: Macho e Fêmea Polland China

É uma raça de cabeça média para grande, pescoço curto e grosso e


papada pequena.

Peito largo e profundo, lombo grosso e profundo, linha dorso lombar


arqueada. Barriga horizontal e volumosa, com tendência para acúmulo de
gordura.

Pernas compridas, com ossatura média, pernis grandes. O peso dos


machos bem gordos é de 450 Kg e das fêmeas 300 Kg.

As fêmeas apresentam prolificidade média com 8 a 9 leitões por


leitegada.

Existe a variedade de pelagem malhada. Constituem defeitos, a pelagem


totalmente preta ou com o branco predominante.

4.4.9. Pietrain:

É originário da Bélgica, com introdução no Brasil na década de 90.

Apresenta Cabeça média, pequena, com face cheia e testa larga.

Orelhas compridas porém eretas, do tipo intermediário entre ibéricas e


asiáticas.

Pescoço curto e grosso, sem papada. Peito largo e profundo.

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Garupa larga, com inserção de cauda alta e pernil bem desenvolvido


com musculatura dupla característica

Figura 18: Macho Pietrain

Linha dorso lombar reta, lombo largo groso e muito musculoso. Barriga
seca e sem vestígios de gordura. Pernas curtas com ossatura média.

Peso dos machos adultos 300 Kg, das fêmeas 250 Kg.

A prolificidade é baixa com 7 a 8 leitões por leitegada.

São características a pelagem malhada de preto e branco ou creme,


pêlos pretos sobre pele preta e pêlos brancos sobre pele branca, os cascos devem
ser escuros.

Figura 19: Macho Pietrain

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4.5. Descrição das Raças Nacionais de Suínos


As “Raças nacionais” são animais com grande propensão para produção de
banha, grande espessura de toucinho, rústicos, pouco precoce (tardios), pouco
prolíficos, podendo atingir 60Kg de peso vivo aos 6 meses, pouco exigente no
trato.
As principais raças Piau, Canastra, Canastrão, Caruncho, Nilo, Macau,
Piratininga, Pereira, Tatuí, Junqueira, Pinhal, Pedreira.
Obs:

4.5.1. Canastrão:

É uma raça primitiva nacional, provavelmente originária da Bizarra


portuguesa.

É a raça nacional de maior porte.

Sua pele é negra, com poucos pêlos, porém há variedades vermelhas


(Canastrão vermelho).

Possui cabeça média e pesada, testa estreita.

Pescoço curto e grosso, papada pequena, peito largo e profundo.

Linha dorso lombar arqueada, lombo grosso e comprido.

Barriga volumosa com acúmulo de gordura.

Pernas compridas e ossatura grossa.

Peso dos machos 350 Kg e das fêmeas 250 Kg.

É um animal tardio, com prolificidade média, de 7 a 8 leitões por parto, as


porcas são boas mães, sua aptidão é mista, para carne e banha.

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4.5.2.Canastra:

Figura 20: Macho e fêmea da raça Canastra

Supõem-se derivados de raças portuguesas como a Alentejana e


Transtagana. A cabeça é curta e pequena, com bochechas largas, pescoço curto e
grosso.

Peito largo porém pouco profundo, papada grande.

Linha dorso lombar reta, lombo curto estreito com acúmulo de gordura.

Garupa curta e caída, barriga abaulada e volumosa.

Pernas curtas e ossatura fina, pernis curtos e gordos.

Peso dos machos 250 Kg e das fêmeas 150 Kg.

A sua aptidão é exclusivamente para a produção de banha.

Sua prolificidade é baixa, de 6 a 7 leitões por parto. São geralmente negros


havendo também animais vermelhos e malhados.

4.5.3. Canastrinho, Tatu, Macau ou Nilo:


Supõem-se ser derivado de suínos Asiáticos da ilha de Macau, introduzido
no Brasil nos tempos coloniais.
A cabeça é pequena, face cheia, testa larga.
Pescoço curto e grosso com papada volumosa.
Linha dorso lombar reta ou levemente côncava, lombo de tamanho pequeno
e fino com acúmulo de gordura.

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Figura 21: Raça Canastrinho ou tatu

Garupa curta e levemente caída, barriga caída com muita banha.


Pernas curtas, ossatura fina, pernis com acúmulo de gordura.
Peso para machos 180 Kg e para fêmeas 120 Kg.
Prolificidade média a baixa de 7 a 8 leitões por parto
É uma raça bastante rústica e resistente, própria para criações extensivas
em fazendas, com aptidão para banha.

4.5.4. Caruncho:

Também conhecido como Piau pequeno ou Caruncho vermelho.


Sendo criado por AurinoVillela em São José do Rio Pardo, estado de São
Paulo.

Figura 22: Raça Caruncho

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Cabeça pequena, leve, face cheia, testa larga.


Pescoço curto e grosso, papada grande, peito curto e largo.
Lombo curto grosso e com gordura, linha dorso lombar reta.
Barriga volumosa abaulada e com muita gordura.
Pernas curtas, ossatura fina e pernis magros.
Peso dos machos de 250 Kg e das Fêmeas 200 Kg.
Caracteriza-se por apresentar Pelagem creme com pintas pretas, havendo
também a variedade vermelha.
A prolificidade é regular de 7 a 8 leitões por parto.
É considerado um porco tipo banha de consumo da fazenda.

4.5.5.Piau:

Figura 23: Macho e fêmea da raça Piau.

Esta raça é derivada e foi iniciada em diferentes regiões como: Triângulo


Mineiro, São Paulo e Goiás.
Piau significa pintado na língua indígena.
Em Minas e Goiás o Piau é relativamente pequeno, também chamado de
Piau comum ou Uberaba.
A pele é preta sob pêlos pretos e pele branca sob pêlos brancos, os cascos
são escuros.

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Figura 24: Macho e fêmea da raça Piau.

Em São Paulo foi melhorada em São Carlos e em Piracicaba, por Viana e


Trivelin e são os melhores rebanhos.
Nos rebanhos paulistas os animais são maiores:
Corpo cilíndrico, cabeça média e papada pequena.
Linha dorso lombar levemente arqueada, lombo grande.
Barriga horizontal, com alguma banha.
Pernas compridas e pernil deficiente.
Peso do macho 350 Kg e da fêmea 250 Kg.
É considerado um animal tipo misto.
Já o Piau comum possui o corpo roliço e com tendência a produção de
banha, papada grande e pescoço curto.
Linha dorso lombar reta e côncava, barriga volumosa e com muita banha,
peso dos machos 250 Kg e das fêmeas 200 Kg.
A prolificidade de ambas é média, em torno de 7 leitões e as porcas são boas
mães.

4.5.6.Pereira:

É uma raça de tamanho médio, já teve maior criações, mas hoje está em vias
de desaparecimento.

Possui cabeça média, pescoço médio e fino, com papada pequena.


Lombo médio com gordura, linha dorso lombar levemente arqueada.
Barriga volumosa com acúmulo de gordura.
Pernas médias, ossatura fina e pernil magro.

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Figura 25: Macho e fêmea da raça Pereira

O peso nos machos é de 250 Kg, nas fêmeas 200 Kg.


É um animal tipo misto com tendência para banha.
Prolificidade baixa, de 6 a 8 leitões.
A pelagem é rosilha ou tordilha, havendo também o
malhado.

4.5.7.Sorocaba:

Linhagem sintética formada por José Ferraz Godinho, através do cruzamento


de Duroc, Tamworth e caruncho vermelho, desde 1964.
É um animal de cabeça pequena, leve, face seca.
O Sorocaba possui pescoço médio e fino, sem papada.
Lombo grosso e comprido, linha dorso lombar quase reta.
Garupa larga e comprida com inserção de cauda alta, pernis grandes.
Barriga horizontal, volumosa e magra.
Peso nos machos 450 Kg e fêmeas 300 Kg.
É um animal de prolificidade boa 9 leitões por parto.
Possui boa rusticidade e sobrevivência dos leitões, além de ser boa
pastadora.
É um animal do tipo misto, os animais atingem o peso de abate aos 6 - 7
meses de idade.
Sua pelagem é vermelha muito semelhante ao Duroc.

51
Disciplina de Suinocultura UFRPE

4.5.8.Junqueira:

Linhagem sintética, formada pelo criador Olívio Junqueira, em Tatuí - SP,


formado por cruzamentos entre as raças Duroc, Polland China e Caruncho
malhado, são animais homogêneos, formados em 1942.
Possui cabeça média, leve, com face cheia. Pescoço médio e grosso,
papada pequena.
Lombo grosso com gordura, linha dorso lombar levemente arqueada.
Garupa larga, inserção de cauda alta.
Barriga volumosa e abaulada. Pernas médias, com ossatura média, pernis
grandes com alguma gordura.
Peso nos machos 400 Kg, fêmeas 300 Kg, prolificidade média 8 a 9 leitões
de duplo propósito.

4.5.9. Piratininga:

Figura 26: Raça Piratininga

Trata-se de um suíno de tamanho médio, de fina ossatura e bom


comprimento, provavelmente originário das fazendas localizadas na bacia do rio
Piratininga.

Têm pouco pêlo, apresentando o couro preto ou arroxeado. São animais


ativos que se adaptam bem em pastejo ou cerrados em pocilgas. O Piratininga
engorda com facilidade, chegando aos 80 Kg, sendo um bom aproveitador de
resíduose um ótimo pastador.

52
Disciplina de Suinocultura UFRPE

4.6. Julgamento de Suínos

4.6.1 Objetivos:
Avaliar fenotipicamente as características raciais dos animais, visando a
identificação de possíveis melhoradores.
Características a avaliar: Pelagem, Características raciais, Aprumos,
constituição física em relação à idade, órgãos reprodutores, trato mamário,
espessura de gordura, etc.

Dificuldades: Com o advento dos cruzamentos e linhagens, ficou difícil


estabelecer critérios subjetivos para avaliação.

Exigências para o Julgamento: Local adequado, composto de pista com


piso calçado forrado com uma camada de 5 cm de areia, nas dimensões de 8 x 8
m ou 12 x 12 m, cercada com ferro, madeira ou arame liso, na altura de 1,20m.

4.6.2. Etapas do Julgamento:


O julgamento suíno corresponde a duas etapas, a primeira na chegada dos
animais ao recinto da exposição, denominado julgamento de admissão e a
segunda por ocasião da avaliação dos jurados, denominado Julgamento de
classificação.

4.6.2.1. Julgamento de Admissão: Neste julgamento os animais são


avaliados na chegada ao recinto da exposição, buscando-se identificar o animal,
pelo número, checar a documentação de acompanhamento, com atestado
sanitário, conferir a idade do animal, pelos dentes, verificar possíveis
traumatismos de transporte, verificar se os animais possuem no mínimo seis
pares de tetas, verificar problemas de aprumos, verificar problemas nos órgãos
genitais, anotar tudo na ficha do jurado.

Após o julgamento de admissão, os animais serão dirigidos para baias


individuais específicas para suínos, na dimensão de 2 x 2,5m, com água em
bebedouros tipo chupeta e comedouros semi automáticos. A alimentação será por
conta do produtor, ou caso este concorde poderá ser feita pela organização do
evento, assumindo os riscos provenientes de qualquer problema. Ex.
Intoxicações, inadaptação, etc.

4.6.2.2. Julgamento de Classificação: O julgamento de classificação,


normalmente é realizado por um ou dois jurados, e com dois a três auxiliares,
dependendo do número de animais.

53
Disciplina de Suinocultura UFRPE

O jurado é autônomo e somente ele pode autorizar a entrada dos os


animais, os quais serão conduzidos à pista de julgamento pelos respectivos
tratadores.

Os animais serão avaliados previamente para constatar defeitos mais


graves, como numero de tetos com defeito, vulva infantil, desenvolvimento
testicular, desenvolvimento corporal inadequado para a idade, problemas de
aprumos, excesso de gordura, manchas inadequadas, orelhas, etc.

Após esta primeira avaliação, os animais serão classificados em ordem,


podendo-se já eliminar os que apresentarem defeitos.

4.6.3. Critérios de pontuação:

Um dos critérios de julgamento muito utilizados pelos jurados eé


a adoção de uma tabela de pontos, para valorização das principais
características raciais e de interesse econômico para a suinocultura.
Como a suinocultura está em constante evolução, muitas
características podem sofrer modificações de acordo com os objetivos
de seleção, também deve-se ter em mente que o julgamento é pessoal e
os critérios utilizados dependem da escolha de cada jurado.
Para a avaliação comparativa do lote, os animais deverão ser
valorizados pela pontuação, conforme exemplo a seguir:
- Ganho de peso médio (dados ficha de Produção)  até 10 pontos
- Pernil (inserção, profundidade, musculosidade)  até 10 pontos
- Lombo (largura, consistência, arqueamento)  até 10 pontos
- Espessura de Toucinho (ultra-som ou toque)  até 10 pontos
- Barriga (profundidade, rugas, consistência)  até 05 pontos
- Paleta (consistência, cobertura, rugas)  até 05 pontos
- Cabeça e Pescoço(conformação,equilíbrio, papada)até 05 pontos
- Orelhas (Conformação dentro do perfil da raça)  até 05 pontos
- Cascos (coloração, perfeição, boletos)  até 05 pontos
- Inserção de Cauda (alta, baixa, com gordura)  até 05 pontos
- Garupa (largura, caimento, consistência)  até 05 pontos
- Andar (Visto de frente e de costas)  até 05 pontos
- Aparência adequada ao sexo (aparência)  até 05 pontos
- Vivacidade e docilidade (sem agressividade)  até 05 pontos

54
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- Equilíbrio (nota pelo conjunto)  até 05 pontos


- Desempate (número de tetas, tamanho do testículo)até 05 pontos

4.6.4. Categorias de Julgamento

Os animais serão distribuídos em categorias para facilitar o


julgamento.

Quadro 2: Divisão de categorias para o julgamento de suínos.


Categori Nome Sexo Meses Obs.
a
1a Júnior Machos 6 a 7 meses
2a Júnior Machos 7 a 8 meses
3a Júnior Machos 8 a 9 meses
4a Sênior Machos 9 a 10 meses
5a Sênior Machos 10 a 11 meses
6a Sênior Machos 11 a 12 meses
7a Júnior Fêmeas 6 a 7 meses
8a Júnior Fêmeas 7 a 8 meses
9a Júnior Fêmeas 8 a 9 meses
10a Sênior Fêmeas 9 a 10 meses Atestado Prenhez
11a Sênior Fêmeas 10 a 11 meses Prenhez visível
12a Sênior Fêmeas 11 a 12 meses Parto iminente

As premiações serão feitas por faixa etária e por sexo, ex:

Prêmios de 1o ao 5o lugar para machos júnior, mais menção honrosa se for


o caso para quantos quiser.

Os primeiros colocados de cada categoria júnior e sênior concorrerão ao


prêmio de campeão Júnior ou Sênior.

Para o Campeão macho e Fêmea poderá sair do júnior ou sênior

Para o grande Campeão da raça será escolhido entre machos e fêmeas.

55
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Após cada classificação entra no lugar do classificado o 2o colocado.

4.7 Aprumos dos Suínos

Aprumo: significa direito, perpendicular, efeito de aprumar ou colocar na


vertical.

Aprumos em Ezoognósia significa o conjunto equilibrado e corretamente


alinhado dos membros anteriores e posteriores em relação ao solo.

Equivale ao posicionamento correto do animal, sua forma de se apoiar que irá


determinar o andar e desenvolvimento.

4.7.1 O Suíno modelo

 O suíno corretamente Aprumado deve ter as pernas perfeitamente


localizadas sobre o centro pivotal de peso, ou centro de gravidade,
permitindo um perfeito equilíbrio.

 As pernas e quartelas devem ter uma leve inclinação para frente, para
amortecer o peso e devem estar posicionadas sobre o centro pivotal ou
centro de equilíbrio do animal.

 O suíno modelo possui pernas de tamanho médio, fortes, cascos bem


conformados joelhos e jarretes corretamente posicionados em relação aos
cascos.

56
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Ângulo
de 1050

Figura 27: Suíno bem aprumado vista lateral

As pernas e quartelas do suíno acima têm uma pequena inclinação para


frente para amortecer as caminhas. Nota-se a posição da paleta em relação às
pernas dianteiras. Este suíno tem pernas de tamanho médio, pés bem conforma-
dos, joelhos e jarretes livres de defeitos, apresentando boas condições de susten-
tação para a reprodução.

AULA 4

57
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Figura 28: Suíno bem aprumado vista caudal e frontal

Os centros de equilíbrio vistos de frente e de trás dos suínos apresentam uma


linha perpendicular ao solo, de forma que divida os membros anteriores e poste-
riores exatamente ao meio, passando pelo joelho e jarrete. Desta forma os ani-
mais apresentarão bom equilíbrio e boa massa muscular.

4.7.2. Defeitos de Aprumos em suínos:

Base estreita dos membros anteriores


Causa as seguintes conseqüências: A articulação da escápula tem uma linha
que cai além do joelho. Acarreta menor equilíbrio. Maior estreitamento da
caixa torácica com conseqüente diminuição cardíaca e respiratória.

Figura 29: Base estreita dos membros anteriores

58
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Base estreita dos membros posteriores


Conseqüências: Normalmente está associado com pernil deficiente. Não
causa grandes problemas, mas o animal tem menos equilíbrio.

Figura 30: Base estreita dos membros posteriores


Base larga dos membros anteriores
Conseqüências: O peso do animal recai sobre os dedos internos. Escorrega
com facilidade. O suíno caminha como se estivesse marchando, inclinado pa-
ra frente.

Figura 31: Base larga dos membros anteriores

Base larga dos membros posteriores

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Conseqüências: Membros excessivamente afastados. Animais escorregam


com facilidade. Rompimento de tendões e distensão muscular.

Figura 32: Base larga dos membros posteriores

Desvio dos membros anteriores para dentro


Conseqüências:Joelhos para dentro e cascos para fora. Peito estreito, menor
capacidade torácica, problemas respiratórios. Ruptura dos ligamentos dos joe-
lhos, dificuldade de locomoção.

Figura 33: Desvio dos membros anteriores para dentro

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Jarretes voltados para dentro:


Conseqüências: Jarretes roçam um no outro ao caminhar, como se formassem
um gancho. Estreitamento do pernil e musculatura débil. Animais não têm ca-
pacidade reprodutiva, tanto para machos como fêmeas.

Figura 34: Jarretes voltados para dentro


Pés anteriores voltados para dentro
Conseqüências: Desvio dos dedos para dentro, Pressão irregular dos cas-
cos. Rompimento dos ligamentos da quartela.

Figura 35: Pés anteriores voltados para dentro

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Pés posteriores voltados para dentro


Conseqüências: Exerce muita pressão sobre os jarretes, Ocasiona lesões nas
articulações e desgaste irregular dos cascos

Figura 36: Pés posteriores voltados para dentro

Posicionamento da Garupa em suínos:

62
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Figura 37: Garupa caída Figura 38: Garupa muito reta

As pernas traseiras dos suínos muitas vezes apresentam sérios proble-


mas para a reprodução. Os suínos com jarretes muito para frente, em rela-
ção às verticais de aprumo, tem as pernas muito debaixo do corpo, isto está
associado com pernis muito inclinados (caídos) e pequenos. Os leitões de ba-
se larga apresentam propensão para escorregar muito no piso.

Posicionamento incorreto dos joelhos em suínos:

Conseqüências: Joelhos saltados, sem flexão. Desgaste irregular dos cascos.


Animais pesados tendem a se apoiar nos joelhos. O confinamento agrava o
problema.

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Figura 39: Posicionamento incorreto dos joelhos em suínos

Suínos com os joelhos muito saltados para frente são relativamente co-
muns. Este defeito causa paletas assentadas muito para frente, seus pés estão
atrás dos joelhos sobre a linha vertical da ponta da escapula. Em casos ex-
tremos, estes suínos se arrastam sobre os joelhos devido ao desgaste excessi-
vo da ponta dos cascos. Estes suínos tendem a ter as pernas dianteiras sem
flexão, com as quartelas curtas e fracas. O confinamento acentua esse pro-
blema.

4.8 Dentição dos suínos:

• Os suínos como a maioria dos mamíferos, possuem duas dentições


• A primeira dentição ou de leite vai até aproximadamente um ano, depen-
dendo do manejo tipo de alimentação e raça.

64
Disciplina de Suinocultura UFRPE

• A dentição definitiva deve acompanhar o animal até o final da sua vida re-
produtiva, o que acontece por volta dos 10 anos de idade.
• Nos animais confinados o desgaste da dentição é menor que na vida selva-
gem.

4.8.1. Dentição ao nascer:

Os suínos ao nascer apresentam dois caninos e dois extremos ou cantos,


totalizando oito dentes, conforme figura abaixo.

Figura 40: Dentição ao nascer dos suínos

4.8.2. Dentição aos três meses de idade:


Com esta idade já se completou a dentição dos incisivos de leite, compreen-
dida pelas pinças, médios e extremos, num total de seis inferiores e eis superio-
res, mas os caninos de leite superiores e inferiores, conforme figura abaixo.

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Figura 41: Dentição aos três meses

Aos três meses de idade o leitão apresenta os Incisivos e caninos de leite,


mais os quatro pré-molares de leite, estando completa a 1a dentição.

1ª Dentição : (I 3/3; C 1/1; PM 4/4) x 2 = 32 dentes

Figura 42: Dentição aos três meses de idade, vista lateral

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

4.8.3. Dentição aos oito meses:

Com oito meses o leitão ainda apresenta os dentes Incisivos e Caninos


de leite, quatro pré-molares de leite, porém nasce o primeiro molar definitivo.

Figura 43: Dentição do suíno com oito meses de idade

4.8.4. Dentição com nove a dez meses de idade:

Aos dez meses os dentes Incisivos pinças e médios ainda são de leite, os
cantos ou extremos são substituídos pelos definitivos e os caninos definitivos.

Figura 44: Dentição aos 9 meses

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

4.8.5. Dentição com 11 a 12 meses de idade:

Com aproximadamente 12 meses de idade os suínos apresentam todos os


incisivos definitivos, assim como os Caninos definitivos. Porém podem ainda
não ter caído os dentes caninos de leite,conforme figura 45 abaixo.
Com 12 meses nascem os segundos molares definitivos.

Figura 45: Dentição do suíno com 11 a 12 meses

4.8.6. Dentição com 18 meses de idade

Aos dezoito meses todos os dentes incisivos estão desenvolvidos e os cani-


nos definitivos começam a sair para fora da boca

Figura 46: Dentição com 18 meses de idade

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

4.8.7. Dentição dos Suínos com 18 meses a 24 meses

Aos dois anos de idade a dentição do suíno está completa, podendo apresen-
tar resquícios de um ou dois dentes de leite caninos dependendo da alimentação,
com esta idade inicia-se também o desgaste dos dentes.

2ª Dentição : (I 3/3 ; C 1/1; PM 4/4; M 3/3) x 2 = 44 dentes

Figura 47: Dentição dos suínos aos dois anos de idade.

Figura 48: Ilustração de um crânio de suíno adulto, demonstrando o desgaste dos dentes.

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V. SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS


Existem diferentes sistemas de criação de suínos, que implicarão em
adequações do ponto de vista das instalações, manejo, custos e produtividade. Os
principais sistemas adotados no Brasil, são, o Extensivo ou a Solta Controlado, o
Sistema SISCAL e o Sistema Intensivo.

5.1 Sistema Extensivo ou a Solta:

Os animais são rústicos, recebem alguma alimentação principalmente


restos da alimentação humana (lavagem), sem controle sanitário, restos de
cultura, sem ração, ou na própria cultura.

O sistema extensivo no Brasil, vem diminuindo gradativamente sua


participação, devido a baixa produtividade (tabela X), sendo que em 1990
representava 32,8% do plantel total, em 1995 baixou para 25,5%, em 2000
representava 17% e em 2005 esse tipo de criação correspondia a cerca de 15% do
total de animais no Brasil.

Quadro 3: Produtividade média do Sistema Extensivo no Brasil


Leitões /porca /ano 5a6
Desmamados /parto 3a5
o
N de partos/ano Menos de 1
Idade de Abate 12 a 18 meses
Peso de Abate (Kg) 70 a 90
Gomes, et al.(1990)

Figura 49: Suíno criado solto Figura 50: Suínos com “cangalha”

70
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5.2. Sistema Semi-Extensivo:

Os animais são presos em mangueirão recebendo algum tipo de


alimentação, também recebem restos de alimentos, normalmente são animais
rústicos.

Figura 51: piquetes com abrigo Figura 52: Piquetes com sombra natural

Este sistema também é denominado a solta controlado, uma vez que os animais
passam determinados períodos em ambiente fechado e outros em piquetes maio-
res, com acesso a pastagens; Também é possível realizar consorciação com plan-
tações de árvores, como é o caso de sistemas silvo-pastoris em eucalipto, con-
forme tabela

Quadro 4: Produtividade no sistema à solta controlado


Variáveis Terra Eucalipto
Leitões nascidos vivos/parto 9,74 9,45
Leitões desmamados /parto 8,10 8,40
Peso leitão ao nascer (Kg) 1,53 1,52
Peso leitão ao desmame (Kg) 8,00 7,27
Idade ao desmame (dias) 33 33
Peso ao abate (Kg) 89,38 89,49
Idade ao abate (dias) 179 179
Conversão alimentar 3,13 3,13
Fonte: Rocha (1994)

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5.3 Sistema Intensivo:

Pode ser confinado e semi-confinado.

a) confinado: diminui a vida útil do animal. Os animais engordam e cai


eficiência reprodutora, raças altamente especializadas. Todas as fases ocorrem
em confinamento. Balanceamento perfeito da alimentação, mão-de-obra
especializada. Manejo perfeito.

b) semi-confinado: algumas fases ocorrem em piquetes (gestação, pré-


gestação, machos reprodutores, aleitamento). Outras fases confinadas (recria,
acabamento). Parição: (5 a 7 dias antes a porca é confinada).

5.4 Sistema Confinado ou Tradicional de


Suinocultura

A grande variação das condições climáticas do Brasil reflete-se na ampla


gama de condições para a criação de suínos. Portanto definir um padrão de
instalações para todo o país é no mínimo uma imprudência.

Existem diferentes Sistemas:

1) Sistema Horizontal Fechado:

Construído em um único edifício, normalmente não permite ampliações


uma vez que abrange todas as fases da criação,(cria, recria e engorda).

A produção geralmente é de ciclo completo, indicado para pequenos cria-


dores, a tendência das novas construções é manter o sistema Modular, pois per-
mite ampliações.

Figura 53: Tanques para armazenamento de dejetos

72
Disciplina de Suinocultura UFRPE

2) Sistema Horizontal Modular:

Construído em módulos, onde os animais de diferentes fases são separa-


dos por pequenas distâncias com possibilidade de ampliações, normalmente são
feitos de materiais pré-fabricados

O terreno deve ser favorável (pouca inclinação); ideal para criações mé-
dias, até 200 matrizes.

Figura 54: Galpões de recria e terminação

Figura 55: Detalhe do sistema de corredores de comunicação entre galpões.

3) Sistema Vertical Modular Paralelo:

É construído em Blocos de 3 ou 4 prédios, formando módulos indepen-


dentes, geralmente separado dos demais por áreas verdes; a distância recomen-
dável é de três quilômetros entre os módulos.

73
Disciplina de Suinocultura UFRPE

É comumente denominado Sistema Três Sítios, onde existe uma especiali-


zação de cada módulo, ou seja: Unidade Produtora de Leitões (UPL); Unidade de
Recria; Unidade de Terminação.

Figura 56: Maternidade ou Sítio 1

Figura 57: Visão aérea da Creche ou Sítio 2

Figura 58: Visão aérea da Terminação ou Sítio 3

O sistema de Sítios ou módulos independentes permitem crescimento em


cada bloco e pode haver também ampliações do número de módulos; é o sistema
adotado em grandes criações.

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5.4.1 Instalações para suínos em sistema confinado

A suinocultura Intensiva representa mais de 60% da atividade suinícola no


Brasil. Apresenta como vantagem um bom controle das condições ambientais,
exige pouco espaço para sua implantação, pode ser instalada em qualquer região
do Brasil, permite controlar a higiene e sanidade da criação.

Normalmente as instalações confinadas, são compostas de Maternidade,


Creche, Instalações para Reprodução, Recria, Crescimento e Terminação.

Figura 59: Gestação em gaiolas Figura 60: Creche suspensa

Figura 61: Galpão de Terminação no piso Figura 62: Galpão de Recria em gaiolas

Figura 63: Maternidade em gaiolas

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

As instalações de suínos devem amenizar as adversidades climáti-


cas inerentes ao meio ambiente, oferecendo maior conforto aos animais
e ao operador, em todas as fases da exploração; é importante otimizar a
mão-de-obra, tornando os trabalhos agrícolas menos árduos, com eco-
nomia de tempo e espaço; aumentar a renda da propriedade agrícola
por meio da maior produção de homens e animais, bem como permitir a
estocagem de alimentos abundantes na estação das águas.

Quadro 5: Dados médios de produtividade no sistema confinado:


Parâmetros Variações Observadas
Leitões/porca/ano 18 até 23
Nascidos vivos/parto 9,15 a 10,3
Desmamados /parto 8,5 a 9,7
o
N /partos/porca/ano 2,0 a 2,35
Idade de abate (dias) 145 a 180
Peso de abate (Kg) 90 a 100
Fonte: Dalla Costa et al. (1995); Suinocultura Industrial 2001.

As desvantagens do sistema confinado são: é altamente poluidora; Exige


alto investimento inicial; Necessita de uma boa infra-estrutura de apoio; Uma
vez feito o investimento é difícil retornar.

5.4.2. Planejamento para implantação das constru-


ções:

Análise de mercado: volume da empresa, mercado consumidor, capital


disponível, pessoal (mão-de-obra).
Infra-estrutura fÍsica: terreno (alto, bem drenado a de baixo custo), higie-
ne, temperatura, umidade, energia (fontes alternativas), comunicação, vias de a-
cesso.
Considerar a infra-estrutura de apoio (controle de entrada, fábrica de ra-
ções, armazéns, etc)
Facilidade de escoamento da produção a entrada de matéria prima, facili-
dade de disposição de dejetos (canalizações por gravidade para lagoas de decan-
tação, evitando poluição ambiental),
Distanciamento adequado com relação a ferrovias, rodovias e zonas resi-
denciais.

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5.4.3. Condições básicas para as construções confinadas:


confinadas:
Devem ser higiênicas: terem água disponível e destino adequado dos re-
síduos; serem orientadas no terreno na direção leste oeste, devem ser sim-
ples e funcionais, duráveis e seguras: utilização de materiais e técnicas cons-
trutivas adequadas, devem ser racionais permitindo rapidez a eficiência no
uso de materiais e mão-de-obra; permitirem controle das variáveis climáti-
cas, permitirem expansão e serem de baixo custo.

5.4.4. Localização da Granja:


O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens
da circulação natural do ar e se evite a obstrução do ar por outras constru-
ções, barreiras naturais ou artificiais.
A instalação deve ser situada em relação à principal direção do vento.
Caso isto não ocorra, a localização da instalação, para diminuir os efeitos da
radiação solar em seu interior, prevalece sobre a direção do vento dominan-
te.
Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é desejá-
vel para boa ventilação. No entanto, os ventos dominantes locais, devem ser
levados em conta, principalmente no período de inverno, devendo-se prever
barreiras naturais.
O afastamento entre instalações deve ser suficiente para que uma não
atue como barreira à ventilação natural da outra. Assim, recomenda-se afas-
tamento de 10 vezes a altura da instalação, entre as duas primeiras a barla-
vento, sendo que da segunda instalação em diante o afastamento deverá ser
de 20 à 25 vezes esta altura conforme figura 64.

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Figura 64: direção do vento e distanciamento entre galpões

5.4.5. Largura e pé direito:

A grande influência da largura da instalação é no acondicionamento


térmico interior, bem como em seu custo. A largura do instalação está rela-
cionada com o clima da região onde a mesma será construída, com o número
de animais alojados e com as dimensões e disposições das baias.

Normalmente recomenda-se largura de até 10 m para clima quente e


úmido e largura de 10 até 14 m para clima quente e seco.
5.4.6. Orientação das instalações e suínos:

O sol não é imprescindível à suinocultura. Se possível, o melhor é evitá-


lo dentro das instalações.
Assim, devem ser construídas com o seu eixo longitudinal orientado no
sentido leste-oeste.
Nesta posição nas horas mais quentes do dia a sombra vai incidir em-
baixo da cobertura e a carga calorífica recebida pela instalação será a menor
possível.

5.4.7. Comprimento

O comprimento da instalação deve ser estabelecido com base no plane-


jamento da produção, assim como também para evitar problemas com ter-
raplanagem e sistema de distribuição de água

78
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Figura: 65: Direção correta da insolação sobre as instalações.


5.4.8. Largura das instalações:

A grande influência da largura da instalação é no acondicionamento


térmico interior, bem como em seu custo.

A largura da instalação está relacionada com o clima da região onde a


mesma será construída, com o número de animais alojados e com as dimen-
sões e disposições das baias.

Normalmente recomenda-se largura de até 10 m para clima quente e


úmido e largura de 10 até 14 m para clima quente e seco.

5.4.9. Pé direito:

O pé direito da instalação é elemento importante para favorecer a venti-


lação e reduzir a quantidade de energia radiante vinda da cobertura sobre os
animais.

Estando os suínos mais distantes da superfície inferior do material de


cobertura, receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de
superfície do corpo, sob condições normais de radiação.

Desta forma, quanto maior o pé direito da instalação, menor é a carga


térmica recebida pelos animais. Recomenda-se como regra geral pé-direito
de 3 a 3,5 m.

Quatro 6: Relação: Largura, pé-direito e beiral em função do clima para


telhas de barro.

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Clima Largura Pé-direito Beiral


Quente e Seco 10 a 14 m 2,8 a 3 m 1,2 a 1.5 m

Quente e úmido 6a8m 2,5 a 2,8 m 1,2 a 1,5 m

5.4.10. Cobertura

O telhado recebe a radiação do sol emitindo-a, tanto para cima, como


para o interior da instalação. O mais recomendável é escolher para o telhado,
material com grande resistência térmica, como a telha cerâmica. Pode-se uti-
lizar estrutura de madeira, metálica ou pré-fabricada de concreto.

Sugere-se a pintura da parte superior da cobertura na cor branca e na fa-


ce inferior na cor preta. Antes da pintura deve ser feita lavagem do telhado
para retirar o limo ou crostas que estiverem aderidos à telha e facilitar assim,
a fixação da tinta.

A proteção contra a radiação recebida e emitida pela cobertura para o


interior da instalação pode ser feita com uso de forro. Este atua como segun-
da barreira física, permitindo a formação de camada de ar junto à cobertura e
contribuindo na redução da transferência de calor para o interior da constru-
ção.

Outras técnicas para melhorar o desempenho das coberturas e condicio-


nar ótima proteção contra a radiação solar, tem sido o uso de isolantes sobre
as telhas (poliuretano), sob as telhas (poliuretano, poliestireno extrusado, lã
de vidro ou similares), ou mesmo forro à altura do pé-direito.

5.4.11. Lanternim

A abertura na parte superior do telhado, é altamente recomendável


para se conseguir adequada ventilação, pois, permite a renovação contínua do
ar pelo processo de termossifão resultando em ambiente confortável.

Deve ser duas águas, disposto longitudinalmente na cobertura. Este


deve permitir abertura mínima de 10% da largura (L) da instalação, com so-
breposição de telhados com afastamento de 5% da largura da instalação ou
40 cm no mínimo.

Deve também ser equipado, com sistema que permita fácil fecha-
mento e com tela de arame nas aberturas para evitar a entrada de pássaros.

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Figura 66: Detalhe da construção de um lanternim.

5.4.12. Pisos

Os pisos podem ser totalmente ripado, parcialmente ripado ou piso


compacto. O Piso compacto deve ter declividade de 2% no sentido das cana-
letas de drenagem, exige muita mão de obra para limpeza.
Piso áspero danifica o casco do animal e piso excessivamente liso difi-
culta o ato de levantar e deitar. Na parte traseira das baias é construído um
canal coletor de dejetos.
A canaleta de drenagem pode ser externa à baia com largura de 30 a 40
cm, ou na parte interna da baia com largura de aproximadamente 30% do
comprimento da baia e com declividade suficiente para não permanecer deje-
tos dentro da mesma. O fechamento da canaleta poderá ser de ferro ou de
concreto.

5.4.13.Sombreamento:

O emprego de árvores altas produz micro clima ameno nas instalações,


devido a projeção de sombra sobre o telhado.

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Figura 67: Localização do sombreamento nas instalações.

5.4.14. Considerações sobre o sistema confinado

O sistema de produção de suínos compreende as fases de pré-cobrição e ges-


tação, maternidade, creche, crescimento e terminação.

Os aspectos construtivos das instalações diferem em cada fase de criação e


devem se adequar às características físicas, fisiológicas e térmicas do animal.

O principal objetivo das instalações é manter o conforto dos animais e das


pessoas que irão trabalhar e conviver com os animais.

Quadro 7: Recomendações de medidas para as fases de gestação, pré-


cobrição e de macho reprodutor.

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5.5. Sistema Intensivo de Criação de Suí-


nos ao Ar Livre (SISCAL)

O Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre (SISCAL) tem


conquistado um grande número de criadores face ao bom desempenho técnico,
baixo custo de implantação e manutenção, número reduzido de edificações,
facilidade na implantação e na produção, mobilidade das instalações e redução
no uso de medicamentos.
O sistema é caracterizado por manter os animais em piquetes nas fases de
reprodução, maternidade e creche, cercados com fios ou telas de arame
eletrificados – por meio de eletrificadores de corrente alternada. Muitos

2
Baias Área recomendada (m /animal)

Gestação individual
1,32
(Box/gaiola)

Leitoas em baias coletivas 2,00

Leitoas em baias coletivas 3,00

Macho 6,00

Número de animais por baia

Gestação coleti-
6 a 10
va/reposição/pré-cobrição

Área de piquete por fêmea 2

(semi-confinado) 200 m

suinocultores utilizam o SISCAL para a produção de leitões, que são vendidos


para terminadores quando atingem de 25 a 30 kg de peso vivo. Da mesma forma
que no confinado, na implantação do SISCAL é preciso organizar a produção,
estabelecendo o sistema de manejo em lotes com intervalos entre os lotes
compatíveis com o tamanho do rebanho.

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Desde 1987, o Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves


(CNPSA/Embrapa) vem acompanhando o SISCAL da região Oeste Catarinense.
Em 1989, instalou esse sistema nas suas dependências co o objetivo de verificar
sua viabilidade técnica e econômica. Este trabalho visa fornecer informações
básicas sobre a implantação do SISCAL. As recomendações são oriundas de
experimentos realizados e da experiência acumulada pelo CNPSA.

Quadro 8: Desempenho de Criações ao Ar Livre


Variáveis Dalla Costa Sheppard Denmat
o
N de rebanhos 1 5 394
o
N de leitões vivos/leitegada 9,94 10,4 10,8
Peso médio ao nascer (Kg) 1,57 - -
o
N de leitões desmamados por leitegada 9,22 9,1 -
o
N de leitões desmamados por porca/ano 20,50 18,07 21,3
Mortalidade Nascimento à desmama (%) 6,52 12,5 20,2
Fontes: Dalla Costa et al.(1995) Brasil; Sheppard (1986) Inglaterra; Denmat et al. (1995) França.

5.5.1. Local da Instalações

O SISCAL não deve ser instalado em terrenos com declividade superior a


15%, dando-se preferência para solos com boa capacidade de drenagem. Ao
instalar o SISCAL, deve-se prever práticas de manejo do solo, tal como:
disciplinar as águas pluviais superficiais, objetivando combater o escorrimento
das mesmas de fora para dentro do sistema e possibilitar o escoamento rápido da
águas de dentro para fora, evitando-se desta forma a erosão. Essa erosão pode ser
prevenida também por meio da implantação de terraços de base larga e da
manutenção constante da cobertura do solo.

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Figura 68: Detalhe da utilização dos piquetes em sistema de rodízio

O sistema deve ser implantado sobre gramíneas resistentes ao pisoteio, de


baixa exigência em insumos, perenes, de alta agressividade, estoloníferas e de
propagação por mudas e sementes. Por isso, sugere-se o uso de tais gramíneas:
Pensacola, Missioneira, Hemártria, Estrela Africana, Bermuda, Quicuio, Coast
Cross.

Figura 69: Suínos em pastagem

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No inverno, pode-se semear forrageiras como a Aveia, Azevém, Fava, etc.,


sem mexer muito na estrutura do solo. Algumas plantas são tóxicas para os
suínos quando ingeridas. As principais são: Baccharis coridifolia (Mio-mio,
vassourinha, alecrim); Pteridium aquilinum (samambaia-comum, samambaia-
das-taperas, feio, pluma-grande, samambaia-açu); Semma occidentalis (fedegoso,
cafezinho-de-mato, cafezinho-de-diabo). Assim sendo, é de bom senso verificar
antes da implantação do SISCAL a presença ou não dessas plantas tóxicas, a fim
de se evitar problemas posteriores.

5.5.2 Área destinada ao Siscal

Repartição da área – De maneira geral, a área do SISCAL deve ser


dividida em piquetes para abrigar as seguintes fases dos suínos:quarentena,
adaptação, reposição, machos, pré-gestação, gestação, maternidade, creche e
corredores de acesso, depósito e fábrica de ração.

Área por animal – A área destinada aos animais depende das condições
climáticas, das características físicas do solo(drenagem e capacidade de absorção
de água e matéria orgânica) e do tipo de cobertura do solo(forragem).

Sugere-se, em terrenos bem drenados e com vegetação densa, uma área


destinada aos reprodutores com 800 metros quadrados por matriz, dividida em
dois piquetes, cuja ocupação deve ocorrer de forma alternada. Os piquetes de
creche não devem ser muito grandes, tendo a capacidade para alojar de duas a
três leitegadas com 70 metros quadrados por leitões. Em alguns países, têm-se
recomendado a rotação da área total utilizada pelo sistema a cada período de dois
a três anos em função de problemas sanitários.

O tempo de ocupação dos piquetes dever ser aquele que permita a


manutenção constante da cobertura vegetal sobre o solo e uma recuperação
rápida da mesma. O crescimento vegetal da planta depende de fatores climáticos
e da estação do ano, em geral um período de descanso de cerca de 35 dias
permitirá a renovação da forragem.

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5.5.3 Cercas:

Com o objetivo de facilitar a limpeza do solo sob a cerca, sugere-se


colocar os fios de arame nos piquetes de cobertura, pré-gestação e gestação a
35cm e 60cm do solo, e na maternidade a 15cm, 30cm e 60cm do solo. Deve-se
roçar constantemente o local sob as cercas (não capinar), mantendo o solo
coberto nesta área, a fim de permitir boa visualização dos fios e evitar curto-
circuitos.

Figura 70: Detalhe da cerca elétrica contendo os animais com apenas dois fios.

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Figura 71: Detalhes do eletrificador, com bateriae sistemas de isolamento

A creche deve ser cercada com tela metálica de arame galvanizado, malha
(4 ou 5), e pela parte interna do piquete devem ser colocados dois fios de arame
eletrificado(corrente alternada), a 10cm e 40cm do solo.

Figura 72: Piquete de Creche com leitões Figura 73: Detalhe da altura da cerca de creche

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A distância entre as estacas varia de seis a nove metros, sendo essencial


assegurar um boa tensão dos fio. Os corredores devem ser suficientemente
largos(4a5m), para permitir o acesso de equipamentos destinados à limpeza dos
piquetes e ao trânsito dos animais.

5.5.4 Bebedouros:

O sistema de fornecimento de água deve ser feito mantendo-se uma caixa


d’água como reservatório, num ponto mais alto do terreno. Sendo que a
canalização dever ser enterrada a uma profundidade de mais ou menos 35cm,
evitando assim o aquecimento da água nos dias mais quentes. Deve-se evitar que
a água escorra para o interior dos piquetes, impedindo a formação de lamaçal, o
que pode ser feito com o uso de uma chapa coletora de água sob os bebedouros e
a colocação dos mesmos na parte mais baixa dos piquetes. Quando forem usados
bebedouros do tipo bóia, taça e calha, estes devem ser limpos diariamente e
protegidos da ação solar.

Figura 74: Bebedouro de cimento modular, com bóia externa e canaleta


para escoamento do excesso de água.

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5.5.5 Comedouros:

Os comedouros podem ser de madeira, concreto, metálicos, pneu e do tipo


Embrapa é interessante que todos tenham proteção contra a chuva.

Figura 75: comedouro móvel de creche Figura 72: Comedouro fixo atendendo dois piquetes

Existe a possibilidade de não se utilizar comedouros, colocando-se a ração


no chão, este sistema só é possível se a ração for extrusada na forma de biscoitos,
para facilitar a apreensão e reduzir o desperdício também deve ser administrada
em pequenas porções principalmente nos dias de chuva, colocando nas regiões
mais altas do terreno.

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Figura 76: Detalhe de construção de comedouro coletivo para gestação e maternidade.

5.5.6 Cabanas:

Existem diferentes formas de cabana(tipo galpão, chalé ou iglu), sendo que


a mais utilizada é a do tipo iglu. Normalmente, é utilizada uma chapa
galvanizada nº24 ou 26 para a cobertura, e as extremidades das cabanas são
feitas com compensado ou tábuas de madeira.

As cabanas de gestação devem possuir duas seções abertas(em lados


contrários), abrigando mais de uma fêmea. A cabana de maternidade abriga uma
fêmea com sua respectiva leitegada e possui uma única entrada na frente.

Recomenda-se a colocação de janelas na parte posterior da cbana de


maternidade para o controle de ventilação, e o uso de assoalho, ou espessa
camada de cama(maravalha, feno, palhas), com o objetivo de evitar o excesso de
umidade no interior da mesma nos dias de chuva.

A entrada da cabana deve ser posicionada de forma a ficar protegida dos


ventos frios. Deve-se, também, evitar que a mesma seja colocada em locais com
excesso de umidade.

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Figura 77: Detalhamento de construção da cabana de maternidade

É importante prever sombra natural (árvores) ou de construído


(sombreadores). A área do sombreador deve ser, no mínimo, de 9 metros
quadrados por matriz na lactação e de 4,5 metros quadrados por matriz na
gestação, para permitir que os animais disponham de sombras nos dias quentes.

As dimensões da cabana de gestação, normalmente, são de 2,9 x 3,0 x 1,10


metros (comprimento x largura x altura), podendo alojar de seis a oito fêmeas. A
cabana de maternidade apresenta as seguintes dimensões: 1,45 x 3,0 x 1,10
metros (comprimento x largura x altura), abrigando uma fêmea e sua leitegada.
As cabanas de creche podem ter as mesmas dimensões da cabana de gestação,
com uma única entrada e acrescidas de assoalho, abrigando de duas a três
leitegadas.

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Figura 78: Cabana de Maternidade móvel de zinco e madeira.

5.5.7 Alimentação

A ração utilizada no SISCAL tem a mesma composição energética e


protéica que a do confinamento, e pode ser fornecida na forma farelada ou
peletizada. Quando farelada, é fornecida em comedouros que devem ser
constantemente deslocados para evitar a formação de lodo ou compactação do
solo. Quando na forma de peletes, pode ser fornecida no solo, com a alternância
do local de fornecimento.

Observa-se que um maior consumo de ração parte nas matrizes criadas em


regime de SISCAL, comparado ao confinamento, devido ao maior gasto de
energia dos animais provocado pelo deslocamento dos mesmos em toda a área.
Por isso, normalmente, recomenda-se para as fêmeas em gestação o fornecimento
de 2kg de ração por dia até os 90 dias de prenhez e, após, até o parto, de 2,5 a
3kg de ração com 13% de PB e 3300Kcal EM/kg de ração. Na lactação,
recomenda-se fornecer à vontade uma ração com 15% de PB e 3300Kcal de
EM/kg de ração.

5.5.8 Manejo

No SISCAL existem algumas características próprias de manejo, que são


essenciais para o bom desempenho do sistema.

5.5.9 Manejo da cama – A cama (palha seca, maravalha, serragem, etc.)


deve ser suficiente para permitir um ambiente agradável aos leitões e à matriz,
com mais ou menos 10cm de espessura, aumentando esta nos dias frios.

Ela dever ser colocada três dias antes do parto, para que a fêmea possa
escolher a cabana como local de parto e construir seu ninho. A cama deve ser
reposta sempre que necessário.

5.5.10 Manejo dos Leitões – As práticas de uniformização do tamanho e


peso das leitegadas e de identificação dos leitões (mossagem,brinco), corte ou
esmagamento da cauda e o corte dos dentes, normalmente, são feitos no dia do
parto ou no segundo dia após o parto. Em geral, no SISCAL não vem sendo
adotada a prevenção de anemia ferropriva dos leitões lactentes.

Em experimento realizado no CNPSA, no qual os leitões tiveram acesso à


terra com altos níveis de ferro oxidado, verificou-se que não há necessidade de
aplicar um antianêmico no terceiro dia de vida dos leitões.

93
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No entanto, deve-se ressaltar que os leitões tiveram acesso à terra com alto
nível de ferro oxidado. Com relação a solos arenosos não foram realizados
experimentos, desta forma os resultados obtidos junto ao CNPSA não podem ser
generalizados. A castração, normalmente, é realizada entre o 5º e o 15º dia de
vida do leitão.

5.5.11 Manejo das Fêmeas – As fêmeas, durante as gestação, são


mantidas em piquetes coletivos com capacidade de alojamento de seis a oito
fêmeas. De cinco a dez dias antes do parto, são transferidas para piquetes de
maternidade, individuais ou coletivos(duas a três fêmeas por piquete de
maternidade), para que se adaptem às cabanas e construam seus ninhos.

Recomenda-se manter um afastamento superior a 20 metros entre as


cabanas de maternidade, para facilitar o isolamento durante o parto. Todo
deslocamento de animais deve ser o mais tranqüilo possível, utilizando-se tábuas
de manejo.

5.5.12 Desmame – Em geral, o desmame é feito entre os 25 a 35 dias de


idade. Para recolher os leitões, algumas práticas são realizadas: 1) as porcas e os
leitões devem ser fechados à noite dentro da cabana e, ao amanhecer, a porca
dever ser liberada. No momento da alimentação, os leitões são transferidos para
os piquetes de recria;2) ou então, cerca-se os leitões com a ajuda de um cercado
móvel, deslocando-os para o piquete de recria.

5.5.13 Recria – Após o desmame, os leitões são transferidos para um


piquete de creche ou recria. Neste piquete os leitões recebem ração inicial até 60
a 70 dias (25 a 30kg), quando então passam para as fases de crescimento e
terminação em confinamento.

5.5.14 Cobertura - O criador deve estar bem organizado para permitir que
a cobertura seja feita com o máximo de sucesso.

Normalmente, utiliza-se um macho para 15 a 20 fêmeas. O lote de matrizes


e leitoas a ser coberto fica num piquete próximo ao piquete do macho e, quando
manifesta o cio, é transferida para o piquete do macho onde se realizam as
coberturas. Após a cobrição, retorna para os piquetes de gestação.

5.6 Plantel e Monitoramento Sanitário

O plantel do SISCAL deverá ser constituído por matrizes cruzadas,


também chamadas híbridas ou F1, acasaladas com machos de raça que não
entraram na formação de matrizes, ou machos híbridos.

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A procedência das futuras matrizes deve ser de granjas livres de doenças


– tais com, brucelose, toxoplasmose, leptospirose e doença de Aujeszky – e com
bons índices de produtividade. Recomenda-se que sejam coletadas amostras de
raspados de pele e de fezes para exames laboratoriais para ecto(sarna,piolho) e
endoparasitas(vermes), respectivamente, bem como soro sangüíneo para exames
sorológicos.

Como medida sanitária recomenda-se, ainda que periodicamente, com


intervalos de seis meses, que sejam realizados os mesmos exames. No caso
específico do controle de endoparasitos, deve-se adotar um esquema de controle
desde o início da implantação do SISCAL, em especial com o uso de anti-
helmíntico na ração, que pode ser fornecido em períodos estratégicos ou
continuamente.

Os criadores de suínos que utilizam o SISCAL vêm obtendo bons índices de


produtividade e resultados econômicos positivos, constituindo-se, portanto, esse
sistema, em uma boa opção para aqueles que queiram ingressar na atividade
suinícola, ou para aqueles que queiram aumentar a produção de suínos com
menores investimentos. Contudo, novos estudos devem ser conduzidos, afim de
melhor avaliar o sistema, em especial a relação solo-animal-vegetação. Mas isto
não impede que o mesmo não seja utilizado na criação de suínos.

5.6.1 Destrompe de Reprodutores

Os suínos, quando mantidos em piquetes, voltam a exercitar seu hábito,


inerente à espécie, de fuçar e revolver a terra. Por meio desse hábito destroem as
pastagens de cobertura do solo, favorecendo a erosão.

No SISCAL que o CNPSA vem acompanhando, tem se verificado que os


reprodutores, especialmente na fase da gestação, passam boa parte do tempo
ingerindo forragens existentes nos piquetes e, quando essas se tornam escassas,
começam a fuçar o solo. No SISCAL do CNPSA verificou-se que o meio mais
eficaz para evitar que os animais fucem o solo é a utilização da prática do
destrompe. O destrompe pode ser definido com sendo o ato de colocar uma
argola metálica ou arame de cobre, em forma de anel, entre o tecido fibroso
subcutâneo e cartilagem do septo nasal, de maneira que mesma fique móvel.
Assim, quando os suínos fuçarem o solo, a argola força o septo nasal e, devido
ao desconforto que provoca, eles deixam de fazê-lo.

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5.6.2 Objetivo e Forma do Destrompe

O objetivo do destrompe é de evitar que os suínos destruam as


forrageiras e revolvam o solo. Por outro lado, o ato do destrompe deve ser feito
de tal forma que não impeça ou prejudique os suínos de ingerir pastagens e
ração.

Existem diversas formas de realizar o destrompe:

1) Colocação de dois pedaços de arame de cobre nº12 na borda superior da


narina da matriz. Essa forma de destrompe não é eficaz, pois o arame cai com
facilidade, de forma que o processo ou deverá ser repetido ou os animais terão
oportunidade de fuçar.

2) Colocação de uma argola metálica de 3 a 4cm de diâmetro, entre o


tecido fibroso subcutâneo e a cartilagem do septo nasal, de forma que fique
móvel semelhante às argolas que são colocadas em touros. Essa forma de
destrompe é utilizada com relativa freqüência em países europeus. Em nosso
meio, ela tem sido pouco adotada, devido ao alto custo das argolas e do alicate,
instrumento necessário para colocar a argola.

3) Colocação de um pedaço de fio de cobre rígido de 4mm, de


aproximadamente 15cm de comprimento, entre o tecido fibroso subcutâneo e a
cartilagem do septo nasal, em forma de um anel de 3cm a 5 cm de diâmetro, de
maneira que a mesma fique móvel. Em uma das extremidades faz-se uma ponta,
a fim de facilitar a introdução do arame. Na outra extremidade faz-se uma argola
maior que o diâmetro do arame de cobre. Para evitar que a argola se abra deve-se
soldar a ponta "virada" do arame. Este procedimento teve origem na idéia inicial
do operário rural Carmo Holdefer.

5.6.3 Destrompe com Fio de Cobre Rígido: Experiência no Cnpsa

Em abril de 1994, foram destrompadas 15 matrizes no SISCAL do CNPSA


utilizando-se esse fio de cobre com argola. Baseados nessa experiência pode-se
proceder da seguinte forma:

1) Introduz-se o dedo indicador e o dedo polegar nas narinas do animal e


puxa-se para afastá-lo da cartilagem do septo nasal.

2) Com a outra mão pega-se o arame, devidamente desinfetado e introduz-


se rapidamente entre o tecido fibroso subcutâneo e a cartilagem do septo nasal.

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3) Imediatamente após, dobra-se o arame de forma a fechar a argola. Feito


isso, movimenta-se a argola para verificar se a mesma está livre e no lugar certo.

As matrizes assim destrompadas foram acompanhadas e examinadas


durante cinco dias após o destrompe. Em nenhuma delas constatou-se reação
inflamatória local nem sinais clínicos que indicassem que o animal tivesse
dificuldade em se alimentar ou beber água. Desse modo, as matrizes suínas
quando tentarem fuçar o solo, forçarão a argola de arame contra o septo nasal,
provocando um certo desconforto ou "dor", o que contribui para que elas não
danifiquem tanto as forrageiras e o solo

As matrizes suínas destinadas à reprodução, ou seja, aquelas que irão fazer


parte do plantel do SISCAL, devem ser destrompadas, antes da sua introdução no
sistema de criação. Periodicamente, todo o plantel deverá ser vistoriado e, caso
alguma matriz tenha perdido a argola, a mesma deverá ser reposta
imediatamente.

5.7. Instalações e Equipamentos


5.7.1 Instalação e Manejo de Bebedouros

Desde o final da década de 80, a Embrapa Suínos e Aves vem


acompanhando sistemas de SISCAL na região Sul e tem observado falhas
quando da instalação da rede hidráulica e dos bebedouros, bem como o manejo
destes, ocasionando falhas e desperdício de água. Isto favorece a formação de
lamaçais e degradação do solo

Os suínos necessitam de água para ajustar a temperatura corporal, manter


o equilíbrio mineral, excretar produtos da digestão e substâncias antinutricionais,
drogas e seus resíduos. O consumo de água dos suínos pode ser influenciado
pelo tamanho corporal, estado fisiológico, consumo de alimento, temperatura
ambiente da água, tipo de bebedouro e quantidade de alimento e substâncias
químicas ingeridas, status sanitário, sistema de produção e quantidade de água
disponível.

5.7.2 Rede Hidráulica – O sistema de fornecimento de água deve ser


feito, mantendo-se um reservatório d’água, num ponto mais alto do terreno. Este
reservatório deverá ter capacidade para fornecer água por um período de dois a
três dias e protegido da ação dos raios solares.

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A rede hidráulica principal e secundária devem ser construídas com tubos


de PVC rígido. O diâmetro adequado das tubulações podem ser facilmente
estimados com o uso de tabelas de correspondência de vazão e número de
bebedouros utilizados no SISCAL. E esta deve ser enterrada a 35cm de
profundidade para evitar danos aos canos e manter a temperatura da água sem
alterações. A água deve ser de boa qualidade, isto é, potável e em quantidade
suficiente. Sempre que possível, os bebedouros devem ser instalados na parte
mais baixa dos piquetes.

É de fundamental importância evitar que a água desperdiçada nos


bebedouros escorra para fora dos piquetes, não permitindo assim a formação de
lamaçal. Isso pode ser feito com o uso de uma chapa coletora de água sob os
bebedouros.

Os fios da cerca em frente aos bebedouros deverão ser isolados, com a


colocação de uma mangueira plástica, evitando assim que as matrizes suínas
recebam choque elétrico ao beber água. Sugere-se utilizar bebedouros do tipo
vasos comunicantes com bóia, construído em concreto, com uma relação de um
bebedouro para sete matrizes e de um bebedouro para 12 leitões na creche. Não
deve ser deixado de lado a construção de um sistema de proteção para se evitar o
aquecimento da água do bebedouro.

Quando a parte posterior dos bebedouros ficar localizada em outro


piquete, posicionar essa parte sobre um sumidouro de água, previamente
construído. Essa área deverá ficar isolada do acesso dos suínos. Os bebedouros
devem ser limpos diariamente. Com o uso do sistema de rotação dos piquetes, os
bebedouros que não estão sendo usados devem ser desligados do sistema de
fornecimento de água, impedindo o desperdício desta.

O presente sistema de produção está direcionado para a criação de suínos


em ciclo completo, confinado, desenvolvido em um único sítio e contemplando
um plantel de 160 a 320 matrizes. Todas as etapas de produção a partir da
maternidade estão previstas para serem desenvolvidas seguindo o princípio do
sistema "todos dentro todos fora" (all-in all-out), onde os animais de cada lote
ocupam, ou desocupam uma sala num mesmo momento. Esse manejo possibilita
a limpeza e desinfecção completa das salas e a realização do vazio sanitário.

Pelo fato de contemplar todas as etapas da produção, desde a aquisição do


material genético até a entrega dos suínos de abate na plataforma do frigorífico,
as orientações descritas neste documento aplicam-se também à sistemas de
produção que executam apenas parte das etapas de produção de suínos, como a
Unidade de Produção de Leitões (UPL) que produz leitões até a saída da creche e
a Unidade de Terminação (UT) que recebe os leitões de uma UPL e executa as
fases de crescimento e terminação.

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Disciplina de Suinocultura UFRPE

Outros sistemas de produção de suínos, como o Sistema Intensivo de


Suínos Criados ao Ar Livre (SISCAL), o agroecológico, o orgânico e outros,
precisam ser tratados separadamente em razão de suas particularidades. Mesmo
assim, grande parte dos conceitos sobre a criação de suínos, caracterizados neste
sistema, podem ser considerados com as devidas adaptações.

A criação de suínos sobre cama, que está ganhando espaço considerável


entre os suinocultores, principalmente por facilitar o manejo dos dejetos, também
apresenta peculiaridades que merecem e precisam ser tratadas de forma
específica. Informações referentes à produção de suínos sobre cama poderão ser
obtidas em várias publicações da Embrapa Suínos e Aves.

A suinocultura desempenha papel estratégico na alimentação humana. Não


é por acaso que a carne de porco é a mais consumida no mundo. Segundo
ROPPA (1999) ela representa 44% do consumo global, contra 29% da bovina e
23% da carne de aves. No Brasil, o quadro muda, bovinos garantem 52% do
mercado, aves atendem 34% da demanda e suínos 15%. A China, maior
produtora mundial (36,9 milhões de toneladas/ano) é também campeã folgada em
consumo. Os EUA detêm a segunda maior produção (8,2 milhões de
toneladas/ano) e o Brasil ocupa o oitavo posto no ranking, com 1,6 milhão de
toneladas/ano.

A demanda por carne suína orgânica na maioria dos países da União


Européia é superior a oferta, entretanto a produção orgânica de porcos enfrenta
dois tipos de problemas: falta de matéria prima e dificuldades para cumprir todas
as normas exigidas pela produção orgânica. Na Holanda, o governo fixou um
objetivo ambicioso de multiplicar por 20 a produção orgânica de suínos dentro
de 5 anos. O fator limitante para atender a este objetivo não é a falta de
alimentação de origem orgânica, mas a pouca superfície necessária para
distribuir os dejetos animais.

A falta de tratamento adequada à grande quantidade de dejetos produzidos,


é justamente um dos graves problemas que a intensificação da produção de
suínos trouxe para o meio ambiente e à própria sociedade. Segundo a Empresa de
Pesquisa e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) a poluição do meio
ambiente na região produtora de suínos é alta, pois enquanto para o esgoto
doméstico, o DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) é de cerca de 200
mg/litro, o DBO dos dejetos suínos oscila entre 30.000 e 52.000 mg/litro, ou
seja, em torno de 260 vezes superior.

99
Disciplina de Suinocultura UFRPE

No ritmo em que a questão ambiental ganha força neste novo século e o


consumidor passa a ser exigente e disposto a pagar mais por um produto
ecologicamente correto, algumas formas de criação de animais como o
confinamento em sistemas convencionais intensivos deverão ser substituídas por
alternativas que privilegiem o bem-estar animal como a criação ao ar livre em
sistemas orgânicos.

Sendo a suinocultura uma atividade prioritariamente realizada em


pequenas e médias propriedades familiares, este artigo procura mostrar que em
sistemas orgânicos a criação ao ar livre pode ser uma alternativa
economicamente mais rentável, tecnicamente mais adequada e ambientalmente
correta quando comparada ao sistema de confinamento convencional (Fig. 1).

Figura 79: Comparação entre suínos ao ar livre e confinados.

Nos últimos 15 anos os suinocultores têm observado uma redução signifi-


cativa nas margens de lucro, em função dos altos custos de investimentos em edi-
ficações e equipamentos para o sistema de criação de suínos confinados. Após
anos de aposta unilateral em genética e nutrição, o conforto e bem-estar animal
foram negligenciados. A fronteira entre a intensificação e o maltrato dilui-se pe-
rigosamente, até se transformar numa fonte de prejuízos relevantes, na medida
em que se estreitam as margens do negócio.

Uma das alternativas que tem surgido e que se adapta muito bem à produ-
ção orgânica é o sistema de criação de suínos ao ar livre, desenvolvido inicial-
mente na França, onde ficou conhecido como sistema "plein air" e que vem sen-
do pesquisado e adaptado às condições do Brasil pelo Centro Nacional de Pes-
quisa de Suínos e Aves da EMBRAPA e pelo Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR).

100
Disciplina de Suinocultura UFRPE

No sistema "plein air" os animais são mantidos em piquetes vegetados, nas


fases de reprodução, maternidade e creche, cercados com fios e/ou telas de arame
eletrificadas com corrente alternada. No interior dos piquetes são colocadas ca-
banas móveis com estruturas de madeira cobertas com chapas galvanizadas do
tipo "iglu". Normalmente, os animais permanecem neste sistema até atingirem 25
a 30 quilos de peso vivo e após são vendidos para terminadores.

Um estudo realizado por COSTA et. al. (1995a; 1995b) comparando o sis-
tema de criação ao ar livre (SISCAL) com o sistema confinado (SISCON), mos-
trou que o sistema de criação ao ar livre apresentou-se tecnicamente viável, pois
o peso médio dos leitões ao desmame (10,46; 8,78 kg) e o número de leitões
desmamados/parto (9,22; 8,47) foram maiores no sistema ao ar livre do que no
sistema confinado. De acordo com os autores as condições do meio ambiente sa-
nitário, do alojamento das matrizes e dos leitões contribuíram para o melhor de-
sempenho do sistema ao ar livre.

A tabela 1, resume os resultados econômicos do estudo dos pesquisadores


da EMBRAPA Suínos e Aves, e mostra que o custo de implantação do sistema
ao ar livre representou cerca de 44% do custo do sistema confinado. Para se ter
uma idéia o custo total por quilo de suíno produzido ao desmame (~10,0 Kg) foi
aproximadamente 33% menor no sistema ao ar livre. Enquanto ao ar livre o sis-
tema teve uma rentabilidade anual de aproximadamente U$ 2067,00, no sistema
confinado a rentabilidade variou de U$ 342,00 a U$ 469.

Tabela 9 - indicadores econômicos para sistemas de criação de suínos ao ar livre


(Siscal) e Sistema confinado (Siscon)

ITENS SISCAL (U$) SISCON (U$)

custos fixos médios (/Kg) 0.120 0.325

101
Disciplina de Suinocultura UFRPE

custo variável médio (/Kg) 0.964 1.320

custo total médio (/Kg) 1.103 1.645

custo total das instalações 4.990,83 11.160,15

custo por matriz alojada 311,93 697,51

lucratividade anual 2067,00 342,00 – 469,00

Fonte: COSTA el. al. (1995a)

Os dados da tabela 1 evidenciam que no sistema ao ar livre os resultados


econômicos foram melhores devido aos menores custos fixos e variáveis, além
de melhores índices técnicos como maior número de leitões desmama-
dos/porca/ano e maior peso médio dos leitões à desmama. É interessante obser-
var que neste estudo as condições do meio ambiente, sanitárias e de alojamento
proporcionaram melhores produções, uma vez que não houve diferença no mate-
rial genético utilizado e na qualidade da alimentação.

Comparando diferenças genéticas e ambientais, vale lembrar que o maior


produtor mundial – a China – investe mais na diversificação genética e bem-estar
dos animais do que na especialização genética em sistemas de confinamento,
como é a tendência no Brasil. Segundo ROPPA (1999) mais de 80% da suinocul-
tura chinesa são de pequenas granjas de origem familiar, com uma média de dez
matrizes por criador. O segredo do sucesso está no número de raças nativas utili-
zadas, mais de 40 raças, fato que vem exatamente de encontro aos princípios da
agricultura orgânica.

Cabe destacar que o produtor que optar pelo sistema orgânico é desejável
que produza pelo menos 40% do alimento (ou o equivalente em matéria seca) na
propriedade. As rações não podem conter aditivos químicos, sendo recomendado
complementação com produtos de época tais como: rolão de milho, abóbora, ba-
tata doce, cama de frango, mandioca integral, raspa de mandioca, caldo-de-cana,
sorgo de baixo tanino, soro de leite, farelo de arroz integral entre outros, permi-
tindo além das características normais de qualidade da carne, garantir um produ-
to o mais natural possível.

102
Disciplina de Suinocultura UFRPE

As matérias primas orgânicas destinadas para a alimentação dos porcos


devem ser isentas de radiações ionizantes ou organismos geneticamente modifi-
cados. Para resolver o problema com parasitas e plantas invasoras, o produtor
deve estabelecer um programa de rotação de culturas adaptado e escolher espé-
cies apropriadas. O controle de doenças é baseado na prevenção. O uso de medi-
camentos alopáticos são proibidos e autorizados somente com prescrição veteri-
nária. Os animais devem estar soltos, ter acesso ao sol e repousar em palha seca.

Em síntese, podemos dizer que o sistema de criação ao ar livre pode ser


uma boa opção para os criadores que queiram ingressar na atividade da suinocul-
tura orgânica ou para os que desejam integrar e diversificar sua propriedade.
Como vimos, o sistema de criação ao ar livre pode oferecer facilidades aos cria-
dores, em função do baixo custo de implantação e manutenção, número reduzido
de edificações, facilidade de implantação do sistema, mobilidade das instalações,
bom desempenho técnico e, sobretudo, por promover condições de conforto e
bem-estar aos animais. Lembre-se, o bem-estar dos animais também engorda a
rentabilidade!

5.7.3 Principais Equipamentos

ALICATE DE ORELHA

 Alicate de orelha em V

Um alicate de aço de alta qualidade, para picotar orelhas de suínos. Dispo-


nível a um preço razoável. Corte em V. Alicate com 6" de comprimento.

Alicates de Orelha de Suínos

Feito de um leve, porém resistente alumínio. Todos os tipos de corte são


prensados cuidadosamente depois que endurecidos e temperados. Vem com me-
dida de profundidade patenteada e ajustável para fixar as profundidades de corte.
As estampas não são trocáveis. Calibrador de profundidade não incluso.

103
Disciplina de Suinocultura UFRPE

>> Tamanho Pequeno. Corte em V. Largura da base 5/16". 5" de compri-


mento.

>> Tamanho Médio. Largura da base½".

Corte em U invertido. 7 5/8" comprimento.

Corte em V. 8¾" comprimento.

>> Tamanho Grande. Largura da base 13/16".

Corte em U invertido. 9½" de comprimento

 Tatuador de Corpo para Leitão - Modelo Ketchum

Cientificamente projetado para deixar uma marca de tatuagem permanente


no corpo dos leitões. Com este instrumento, um leitão de apenas 4 a 5 semanas
de vida pode ser tatuado no ombro. Dentro de alguns dias, uma impressão de ta-
tuagem se torna visível, e que durará e crescerá conforme o animal. O tatuador
acomoda até no máximo seis caracteres de 3/8" de altura. As agulhas com 5/16"
de comprimento foram extensivamente testadas de forma que penetrem facilmen-
te na pele de um leitão de semanas. O cabo de 6" é feito de alumínio e projetado
para prover o máximo de aperto, para toda vez resultar em qualidade absoluta. (É
recomendado que você use tinta de tatuar verde Ketchum, líquida ou em pasta).

Capítulo 6

104
Disciplina de Suinocultura UFRPE

VI - Reprodução dos Suínos

6.1. DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL

105
Disciplina de Suinocultura UFRPE

6.1.1. Fecundação
* É a união do pronúcleo feminino com o masculino e inclui a penetração
da superfície do óvulo ( zona pelúcida ) por um esperma.

* Isto resulta em um decréscimo na permeabilidade e aumento na


espessura da superfície do óvulo de modo que somente um espermatozóide entra
no óvulo.

* A divisão celular começa imediatamente após a fertilização.

* As reservas de nutrientes do óvulo fertilizado são extremamente


pequenas, assim quase todo o desenvolvimento inicial depende dos nutrientes
extraídos do fluído celular.

* A fertilização ocorre no oviduto poucas horas após o 1º acasalamento


(varia de 30 min. à 12 horas).

* O óvulo fertilizado passa do oviduto para o útero em 3 dias após o


acasalamento.

* A especialização e rearranjo celular começa aos 6 dias após o


acasalamento.

6.1.2. Implantação
* 12 dias : o embrião começa a atacar o endometrio.

A parede interna do útero mostra um leve recorte ( em forma dentada ) no


local do ataque. A verdadeira implantação para formar a placenta não ocorre
antes de 18 dias ( embrião de 5 a 10 mm ).

* A partir da implantação as três camadas germinais ( ectoderme,


mesoderme e endoderme ) estão totalmente formadas e a especialização celular é
continuada.

6.1.3. Especialização Celular


* Da ectoderme crescem os epitélios do corpo, as glândulas mamárias,
sebáceas, sudoríparas, cabelos e cascos, epitélio intestinal, esmalte dentário e
todo o sistema nervoso.

106
Disciplina de Suinocultura UFRPE

* Da endoderme crescem o tracto gastrointestinal ( exceto o epitélio de


cobertura ), pâncreas, fígado, tireóide, faringe, traquéia, pulmões, ouvido e
paratireóide.

* Da mesoderme dorsal crescem o esqueleto, os músculos do esqueleto e


tecidos conectivos.

* Da mesoderme lateral crescem os vasos sanguineos, coração, a


musculatura lisa, tecidos conectivos dos vasos sanguineos, células sanguineas,
córtex da glândula adrenal, pleura visceral, peritônio e pericárdio.

* Da mesoderme intermediária crescem os órgãos reprodutivos primários


e glândulas acessórias, os túbulos renais e ureteres.

Eventos cronológicos no desenvolvimento


Pré-natal.
Evento Dias

 Passagem do oviduto para o útero ( 4 células ) 2

 Fase de morula ( 16 células ) 3-4

 Diferenciação das camadas germinais 7-8

 Intestino primitivo ou botão intestinal 11 - 12

 Diferenciação somática 14 - 20

 Reconhecimento dos batimentos cardíacos 16

 Pâncreas 16,5 - 17,5

 Lóbulos pulmonares 16,5 - 17,5

 Esôfago, Estômago e Intestino 16, 5 - 18

Evento Dias
 Implantação 18
 Córtex da Adrenal 20
 Baço 20 - 21

107
Disciplina de Suinocultura UFRPE

 Ceco 22
 Reconhecimento dos folículos capilares 28
 Início de formação da glândula mamária 28
 Diferenciação dos testículos e ovários 28
 Alongamento do núcleo da musculatura lisa em
músculos longitudinais do esôfago e do estômago 32,8
 Ossificação da mandíbula 32,5
 Enrolamento do intestino grosso 34,5
 Ossificação das costelas, fêmur e úmeros 34,5
 Cerebelo 35
 Enfardamento dos músculos esqueléticos 35
 Ossificação das vértebras 36
 Armazenamento de glicogênio no fígado 40
 Escroto no macho e clitóris na fêmea 44
 Síntese de proteínas séricas em quantidades
apreciáveis 50
 Secreção de hormônios da pituitária 50
 Vesícula seminal, próstata e
Glândulas de Cowper no macho 51
 Ovidutos, útero e vagina na fêmea 51
 Síntese de fribrinogênio 90
 Testículo entra no canal inguinal do macho 95
 Nascimento 114

6.1.4. Diferenciação de órgãos aos 20


dias
* Aos 20 dias observa-se órgãos grandes como coração, faringe, traquéia,
esôfago, estômago, pulmões, fígado, cavidade ocular, fossas nasais e botões dos
apêndices anteriores e posteriores, passagem da fase embrionária para fetal.

108
Disciplina de Suinocultura UFRPE

* O alongamento do intestino começa nessa idade, culminando com a


formação da cloaca ( abertura para o lado externo ).

* A cavidade abdominal ainda não é dividida em cavidades pericardial,


pleural, e peritonial, mas já aparece um sinal de divisão incompleta entre fígado,
coração e septo transversal.

* O sistema urinário é composto de uma rede de túbulos e nefrônios e


representa uma grande massa de tecidos em relação ao tamanho do embrião.

* O cérebro atinge o quinto estágio de divisão que inclui mieloencéfalo,


metaencéfalo, mesencéfalo, diencéfalo, telencéfalo ( entidades distintas ) e os 12
nervos craniais já estão desenvolvidos.

6.1.5. Placenta e membranas fetais


* A placenta dos suínos é chamada ou é do tipo epiteliocorial. A
membrana extraembrionária pode ser separada do útero sem prejuízo ou
destruição do epitélio uterino e diferentemente das outras espécies, o sangue
deve passar através do epitélio coriônico para atingir o feto.

* Seis tecidos separam o sangue maternal do fetal ( tecidos maternais =


endotélio, tecido conectivo e epitélio uterino; tecidos fetais coriônicos =
trofoblastos, camada de tecido conectivo e endotélio ).

* A transferência de moléculas orgânicas grandes através da placenta é


limitada nos suínos, por isso a imunidade passiva pré-natal, fornecida pelo
sangue maternal é quase neutra. O sangue dos leitões recém-nascidos é portanto
quase desprovido de imunoglobina ( gamaglobulina ).

* Cada embrião é envolto em membranas separadas. Não ocorrem gêmeos


idênticos em suínos

* Após a implantação cada feto vive com sua própria membrana protetora
e depende da circulação sanguínea maternal que flui através de seis camadas para
o crescimento e desenvolvimento.

* Membranas associadas com o desenvolvimento fetal (1-Saco de gema;


2-Amnion; 3-Serosa; 4-Alantóica).

109
Disciplina de Suinocultura UFRPE

1. Saco de Gema - Serve principalmente no início da vida embrionária por


carregar nutrientes para o embrião. A superfície do saco de gema, entra
em contato com epitélio uterino e possibilita a transferência de
nutrientes e oxigênio do útero para o embrião de forma muito eficiente.
A fina rede de vasos sanguíneos no saco de gemas que conduz
nutrientes para o desenvolvimento embrionário é denominada
circulação vitelina.

2. Amnion - Esta é uma membrana de camada única que envolve o


embrião. Possui fluídos que envolvem o feto e protegem-no contra
injúrias mecânicas ou aderências entre a membrana e a superfície
corporal.

3. Serosa ( trofoderme ou somatopleura ) - Essa membrana tem vários


nomes. A serosa inclui as outras membranas da cavidade
extraembrionária com suas respectivas membranas circundantes e junto
com a splancnopleura da alantóica, representam o córion, a parte fetal
da placenta.

4. Alantóica - Esta é uma membrana de camada simples que cresce a


partir do intestino grosso. Ela se alarga e dilata rapidamente, exceto na
extremidade onde deixa a cavidade abdominal e torna-se uma conexão
estreita com o intestino grosso. A alantóica tem um abundante
fornecimento de sangue e seu rápido crescimento e vascularidade
resulta em um aumento rápido em sua importância relativa como um
veículo de suprimento de nutrientes e oxigênio para o feto. Ela suplanta
o saco de gemas em sua função e ocupa um enorme espaço dentro da
cavidade da serosa fundindo-se com ela para formar o córion.

O Córion permite um contato de camada dupla diretamente com o epitélio


uterino e fornece os meios de câmbio de nutrientes da mãe para o feto e de
câmbio de excreção do feto para a mãe.

O desenvolvimento fetal é acompanhado com um importante contraparte,


pelo crescimento e desenvolvimento das membranas circundantes e mudanças no
epitélio uterino. Este aumento no tamanho e massa das membranas envolve
armazenamento de nutrientes obtidos da circulação materna, de modo que o
balanço positivo líquido entre nutriente consumido e gasto pela porca gestante
representa a quantidade requerida para o crescimento embrionário mais as
quantidades requeridas para as membranas e pelo próprio útero.

* O crescimento da maioria da membranas fetais se completa aos 70 dias


de gestação, enquanto que o feto tem seu maior aumento de peso após este
tempo.

110
Disciplina de Suinocultura UFRPE

* O volume máximo de líquidos amnióticos e alantóicos é muito variável


( 100 a 500 ml/feto ), mas é crescente até entre 65 e 80 dias, declinando a partir
daí.

* A concentração de cátions e ânions decresce enquanto que a


concentração de uréia e creatinina aumentam com o tempo.

* O útero por si só aumenta de peso ao longo da gestação ( 0,5 a 1,0 Kg


para 3,0 a 4,0 Kg ). Variável em função do número e tamanho dos fetos.

* A taxa de peso placental/peso fetal ao parto é de 1:10.


Tabela 10: Desenvolvimento fetal em função dos dias de gestação.
Dias após Comprimento Peso
a concepção cm Relação à g % do peso
30 dias aos 30 dias
30 2,5 a 3,0 - 1,5 + 0,05 -
51 9,8 a 10,0 3,9 49,8 + 1,4 33,2
72 16,3 a 20,0 6,5 220,5 + 7,3 147
84 21,0 a 23,0
93 22,9 a 25,0 9,2 620,0 a 815,0 411,3
114 29,4 a 38,0 11,8 1260 a 2100 693,9
ULBREY et al., 1965

Tabela 11: Desenvolvimento Fetal em relação à idade de gestação.

Dias * Comprimento (cm) * Peso (g) *

30 2,5 a 3,0 1,5 a 3,0

84 21,0 a 25,0 420,0 a 700,0

114 30,0 a 40,0 1260,0 a 2100,0

* Médios, obtidos atualmente.

111
Disciplina de Suinocultura UFRPE

6.1.6. Crescimento do feto


O número de fetos em desenvolvimento é inversamente proporcional ao
tamanho final dos fetos ao parto.

O tamanho de cada feto está diretamente relacionado com o tamanho das


membranas placentárias ( coriônicas ) associadas com ele ( grau de conecções
vasculares do feto, consequentemente das quantidades de nutrientes disponíveis
para deposição ).

Os fetos são maiores ( mais pesados ) nas extremidades do útero do que no


meio e na extremidade ovariana do que cervical.

A taxa relativa de aumento no tamanho é maior no início da gestação e cai


gradualmente, inclusive na vida pós-natal.

As quantidades de nutrientes maiores ( proteína, gordura e minerais )


depositadas no feto aumentam mias que 3 % ao dia até o final da gestação.

Tabela 12 - Peso relativo de alguns órgãos em vários estágios de


desenvolvimento dos suínos.
Peso do Órgão ( % do peso corporal )
Órgão Pré-natal Pós-natal
25 mm 58 mm 84 mm Ao nascer Adulto
Cérebro 7,00 7,00 5,00 4,00 0,09
Coração - 1,40 - 1,00 0,32
Pulmões 0,60 2,90 3,50 2,10 0,70
Fígado 16,00 15,00 10,00 3,10 1,40
Rins 0,30 2,60 2,40 1,00 0,25
Baço - 0,04 0,05 0,17 0,13
Pâncreas - 0,11 0,10 0,16 0,14
Estômago + Intestino 1,20 2,50 2,80 5,90 6,80

112
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Tabela 13 - Composição química bruta do feto suíno em vários estágios.


Idade fetal Água Lipídeos Proteína Cinzas
( Dias )
30 94,7 0,5 3,6 0,9
60 89,5 0,9 6,2 1,9
100 85,3 1,3 9,1 3,1
107 83,6 1,4 9,7 3,2
Ao nascer 80,2 0,6 10,9 4,0

A composição mineral de fetos dentro de uma mesma leitegada é a mesma


(independentemente do tamanho ).

O comprimento da gestação aparentemente não tem efeito no peso ao


nascer, na composição corporal e na termoestabilidade ao nascer.

6.1.7. Adaptações ao Nascer


O fechamento dos dutos arteriais dos pulmões se completa entre 6 a 8
semanas após o nascimento, embora ele torne-se funcionalmente fechado ao
nascer.

O cordão umbilical se rompe ao nascimento havendo ruptura de vasos e


artérias umbilicais ( perigo de hemorragia na fêmea e no leitão ). Corte e cura no
umbigo.

Mortalidade Perinatal: a % de Natimortos varia 3 a 8 %.

Prováveis Causas: Geralmente morrem os mais fracos, por esmagamento,


frio ou dificuldade para nascer.

113
Disciplina de Suinocultura UFRPE

6.1.8. Mortalidade Pré-natal


É comum uma perda de 30 a 40% de leitões em desenvolvimento do 1º a
114º dia de gestação. O tamanho da leitegada ao nascer depende do número de
óvulos produzidos, da percentagem de fecundação e da mortalidade pré-natal.

O número de natimortos é maior em grandes leitegas do que em pequenas


leitegadas. Os natimortos geralmente morrem nos últimos 3 dias antes do parto.
A capacidade uterina (espaço físico) pode ter alguma influência sobre o n.º de
natimortos e sobre o número de mumificados, mas existem poucas, evidências
sobre isso.

Os fetos em desenvolvimento que morrem nos primeiros 40 dias são


reabsorvidos (medem aprox. 40mm). Até 40% do total de embriões morrem e são
absorvidos nos primeiros 25 dias. Sugere-se que o excesso de progesterona
liberado pelo corpo lúteo seja a razão da alta mortalidade embrionária. Mas um
grande efeito ambiental sobre a mortalidade embrionária está relacionado com o
consumo energético. Alto consumo energético após o acasalamento resulta em
aumento da mortalidade embrionária, esse efeito parece estar relacionado com o
útero, porque marrãs alimentadas com dietas contendo altos e baixos teores
energéticos, tiveram seus embriões transferidos para porcas com regime
alimentar normal, e os embriões dos dois grupos se mostraram viáveis.

Os fetos que morrem a partir de 40 dias nascem mumificados. Fetos


mumificados são mais prevalentes em grandes leitegas. Geralmente ocorre o
nascimento de 1 feto mumificado. A morte de mais de um feto é considerado
anormalidade e na maioria dos casos provoca aborto.

114
Disciplina de Suinocultura UFRPE

6.2. DESENVOLVIMENTO PÓS-NATAL


O leitão recém-nascido ainda é fisiologicamente imaturo e algumas
mudanças importantes ocorrem no início de sua vida, habilitando-o para a vida
posterior.

6.2.1. Peso ao nascer e tamanho da leitegada

• Peso médio de 1500 g é desejável.

• Existe uma estreita relação entre o peso ao nascer e a sobrevivência.

• Suínos que nascem com mais de 1350 g tem 98% de chances de


sobreviverem, os que nascem entre 1100 e 1350 g tem 75% de chances
de sobreviverem, enquanto os que nascem com menos de 600 g têm 2%
chances de sobrevivência.

• Leitões que nascem primeiro, tendem a ser mais pesados do que os


últimos dentro de uma mesma leitegada.

• Um aumento no tamanho da leitegada reduz levemente as chances de


sobrevivência. Há uma relação inversa entre peso total da leitegada e
peso individual do leitão.

• Quais as razões fisiológicas da maior taxa de mortalidade do leitão mais


leve ao nascer?
Não se sabe ao certo, mas levanta-se algumas hipóteses que isoladas ou
em conjunto podem ser as prováveis causas. a) habilidade genética
individual para suportar o stress extra-uterino, b) diferenças no
fornecimento de nutrientes via placenta, c) pouco acúmulo de
glicogênio no final da gestação, d) diferenças espaciais ou endócrinas
no ambiente intra-uterino, e) relativa imaturidade fisiológica do leitão.

115
Disciplina de Suinocultura UFRPE

• A taxa de sobrevivência de leitões pequenos pode ser aumentada pela


criação artificial de leitões em gaiolas, eliminando-se o stress da
competição com grandes leitegadas. A transferencia cruzada de leitões
aumenta a chance de sobrevivência dos leitões mais leves, também, por
reduzir o stress de competição com grandes leitegadas.

• O peso máximo da leitegada ao nascer no momento parece ser o de


24 Kg.

• É considerado normal uma taxa de natimortos de até 8%, em leitegadas


com mais de 11 leitões de até 5% em leitegadas com mais de 9 e menos
de 11 leitões e de até 3% em leitegadas com menos de 9 leitões.

• O tamanho da leitegada de uma porca tende a aumentar do 1º até o 3º


parto, daí tende a se manter constante até o 5º parto, declinando-se
levemente até o 7º parto a cai bruscamente a partir daí.

6.2.2. Parâmetros fisiológicos importantes em suínos.

Parâmetros fisiológicos são características importantes com implicações


econômicas no desenvolvimento do leitão em produções comerciais de suínos,
que devem ser conhecidos e monitorados visando o bom andamento da criação,
sendo os principais os seguintes:

6.2.2.1. Glicose sanguínea :


O leitão recém-nascido tem uma limitada quantidade de energia
prontamente disponível armazenada na forma de glicogênio no fígado, no
coração e nos músculos do esqueleto. O conteúdo de gordura do corpo é menor
do que 1% ao nascer.

O leitão precisa mamar logo após o nascimento, devido a sua pequena


reserva energética, senão o nível de glicose do sangue cai drasticamente. O valor
normal de 100 mg de glicose por 100 ml de sangue do leitão ao nascer pode cair
até 10 ou menos mg nos dois primeiros dias se o leitão fica em jejum.

116
Disciplina de Suinocultura UFRPE

A hipoglicemia pode ocorrer mesmo quando os leitões estão mamando.


Nestes casos, ela normalmente está associada com stress ambiental (baixa
temperatura) combinado com inadequado suprimento de leite. A injeção de
glicose (intramuscular ou endovenosa) reverte o quadro de hipoglicemia , mas
em caso de coma por mais de uma hora causa danos irreversíveis. Outros
carboidratos (sacarose, frutose, galactose) não são utilizados pelo leitão mesmo
quando injetados endovenosamente

Após a primeira semana de vida, o leitão resiste mais a hipoglicemia.

6.2.2.2. Controle da temperatura ambiental e fisiológica cli-


mática
O recém-nascido não é capaz de controlar eficientemente a temperatura
corporal. A pior resposta à baixas temperaturas ambientais se deve à limitada
quantidade de gordura subcutânea e à existência de poucos pelos (e esparsos) no
recém-nascido.

Os leitões menores são menos resistentes que os maiores devido a maior


área superficial relativa dos maiores.

A mantença de temperatura corporal quando ocorrem baixas temperaturas


ambiente requer alto nível de produção de calor (alta taxa metabólica). Abaixo
da temperatura crítica o leitão é capaz de aumentar a sua produção de calor de
uma forma eficientemente capaz de manter a temperatura corporal constante. Tª
crítica - é a temperatura ambiental abaixo da qual um aumento na taxa
metabólica é necessário para manter a temperatura corporal. Aumento da
produção de calor - medida através do consumo de oxigênio.

Ocorre um aumento na temperatura corporal de aproximadamente 38oC


para 39oC do nascimento a uma semana de idade.

Tabela 14 - Temperaturas exigidas pelos leitões nas diferentes idades.

Idade / Semana Temperatura oC

0-2 32 - 30

3-4 28 - 25

>4 25 - 18

117
Disciplina de Suinocultura UFRPE

A temperatura corporal do recém-nascido cai em média 1,5oC logo após o


parto. O aumento da taxa metabólica para o leitão se manter aquecido causa
prejuízos econômicos no sistema de produção de energia para manutenção de
temperatura. Essa energia gasta poderia ser usada para crescimento, com o
desenvolvimento da camada subcutânea de gordura, o que consequentemente
aumenta o isolamento térmico do leitão.

O frio contínuo aumenta a susceptibilidade dos leitões à infecções


enterotoxigênicas da E. coli e ao vírus da gastroenterite transmissível. O aumento
de cortisol no plasma de leitões submetidos a estresse por frio é um importante
medidor fisiológico das mudanças na resistência dos leitões à doenças
infecciosas.

A predisposição à morte por esmagamento pode estar associado à perda de


calor e hipoglicemia. O Peso é mais importante do que a idade com relação a
produção de calor nos primeiros dias.

O período crítico da termorregulação é a primeira semana seguido de um


período de melhoramento gradual do processo até ± 21 dias de idade, e o sistema
de termorregulação está completamente desenvolvido a partir de 21 dias.

Tabela 15 - Efeito do peso corporal e temperatura ambiente sobre a taxa


metabólica (Kcal de calor produzido/dia).

Temperatura Ambiente oC

Peso Corporal 15 20 25 30

Taxa metabólica

4,1 (18d) 530 430 370 330

5,9 (24d) 700 680 630 610

8,2 (31d) 990 920 890 880

10,0 (40d) 1220 1160 1140 1150

11,4 (45d) 1450 1400 1400 1420

118
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Quando cai a temperatura ambiente, aumenta a taxa metabólica para


manter a temperatura corporal dentro de limites normais. O aumento no gasto de
energia em um ambiente frio trona-se menor quanto maior torna-se o animal
porque há um aumento do isolamento térmico com gordura subcutânea.

Tabela 16: TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA ÓTIMA E CRÍTICA PARA SUÍNOS.

TEMPERATURAS (ºC) U. R. (%)


CATEGORIA
ÓTIMA CRÍTICA ÓTIMA CRÍTICA
30 a 32 15 e 35 70 <60 e >80
Leitões ao nascer
“ 1ª semana 28 15 e 35 “ “
“ 2ª semana 26 13 e 35 “ “
“ 3ª semana 22 a 24 12 e 35 “ “
“ 4ª semana 20 a 22 10 e 31 “ “
“ 5ª a 8ª semana 20 a 22 8 e 30 “ “
Engorda:
20 a 35 kg 18 a 20 8 e 27 70 <60 e >80
35 a 60 kg 15 a 18 5 e 27 “ “
60 a 100 kg 12 a 15 4 e 27 “ “
Adultos 10 a 15 0 e 30 “ “
TEIXEIRA (1989)

Tabela 17: DISSIPAÇÃO DE CALOR CORPORAL EM CLIMAS SECOS E ÚMIDOS.

TEMPERATURA U.R. CALOR EVAPARATIVO


(ºC) (%) EM RELAÇÃO AO CA-
CLIMA LOR TOTAL (%)
NORMAL SECO 20 40 25

TEMPERADO SECO 24 40 50

QUENTE SECO 34 40 80

NORMAL ÚMIDO 20 87 25

TEMPERADO ÚMIDO 24 84 22

QUENTE ÚMIDO 34 90 39

TEIXEIRA (1989)

119
Disciplina de Suinocultura UFRPE

6.2.2.3. Imunidade Passiva e Ativa


O colostro da porca é muito rico em gama globulina e está associada a
anticorpos, de modo que o leitão recém-nascido é provido de uma imunidade
passiva imediata, se a ele for dado a oportunidade de mamar.

O conteúdo de gama globulina do colostro cai lentamente mas quantidades


consideráveis persistem por vários dias.

Durante as primeiras 24 horas a parede intestinal é permeável à quase todo


material protéico, incluindo-se os agentes infecciosos. Seguindo-se a ingestão de
colostro (ou leite), a habilidade do leitão de absorver proteínas intactas é perdida
(fechamento intestinal). Isso pode ser devido a uma resposta de desenvolvimento
do trato gastrointestinal (ou TGI estaria completando o seu desenvolvimento) ou
à presença de um inibidor de tripsina presente no colostro da porca.

Os Anticorpos adquiridos via colostro persistem no soro sanguíneo por


seis semanas após o nascimento (Imunidade Passiva).

Tabela18 - Perfil protéico do soro de leitão recém-nascido privado do


colostro comparado com o perfil protéico do soro de suíno adulto.

Perfil protéico do soro Recém-nascido Adulto

Proteína Total (%) 2,8 6,3

Albumina (mg/ml) 3,8 24,0

α - Globulina (mg/ml) 22,0 13,0

β - Globulina (mg/ml) 4,0 12,0

γ - Globulina (mg/ml) Incomensurável 11,0

A produção de anticorpos no leitão jovem começa por volta das três


semanas de idade, mas ela é pequena até 4 ou 5 semanas de idade. Daí, deduz-se
que às 3 semanas de idade é o período imunologicamente mais crítico da vida do
leitão. Essa é uma importante reflexão para desmame aos 21 dias.

120
Disciplina de Suinocultura UFRPE

6.2.2.4. Desenvolvimento do Sistema Digestivo dos leitões

A utilização dos nutrientes depende da habilidade do animal torná-lo


disponível para absorção. Os aas precisam ser liberados da proteína intacta, os
ácidos graxos dos triglicéridos, a glicose dos dissacarídeos, da lactose do leite
ou de outros CHO.

O recém-nascido, prontamente absorve glicose, mas não digere sacarose


ou polissacarídeos eficientemente. A lactose é eficientemente usada pelo
recém-nascido e torna-se menos utilizada à medida que o leitão cresce, em
função da queda de secreção da lactose (galactose + glicose). Galactose é
convertida em glicose como uma fonte de energia. O leitão não é capaz de
utilizar xilose nem frutose. O suíno não tem a capacidade de utilizar quantidades
significantes de alguns CHO’s complexos encontrados nas forragens. Os suínos
não possuem as enzimas necessárias para hidrolizar esses materiais. Existe
alguma atividade de celulose microbiana no cecum dos suínos, mas ela não
contribui nutricionalmente. Animais cectomizados não tiveram diminuída a sua
capacidade de utilização de alimentos.

Suínos alimentados com alimentos ricos em celulose, aumentam o


tamanho do estômago e ceco e a taxa de passagem através do trato
gastrointestinal (efeito laxativo).

Os suínos são capazes de hidrolizar e absorver grandes quantidades de


gordura muito eficientemente ao nascer (1/4 de MS do leite é gordura).A maior
parte da hidrólise ocorre no intestino delgado, na presença de lipase pancreática.
A absorção aparente da gordura dos alimentos é superior a 80% nos suínos em
todas as idades, mas com o aumento do comprimento da cadeia dos ácidos
graxos diminui a absorção nos leitões jovens, também o aumento do grau de
insaturação diminui a absorção. Esses efeitos diminuem com a idade. A secreção
biliar á ativa mesmo no leitão recém-nascido.

A hidrólise da proteína ate seu constituinte básico (aas) é inibida durante


as primeiras 36/48 h pela presença de um inibidor de tripsina presente no
colostro da porca. Apesar disso, a absorção aparente da proteína do leite no
leitão recém-nascido é muito elevada (92 a 95%). A digestibilidade da caseína é
maior do que da proteína da soja (95 x 89) no leitão jovem (35 dias de idade). A
secreção de pepsina pelo estômago e proteinases pela mucosa intestinal e
pâncreas é baixa ao nascer e aumenta gradualmente durante as primeiras 8
semanas de idade. As diferenças na utilização da proteína do leite e outras
proteínas desaparecem por volta de 5 semanas de idade.

121
Disciplina de Suinocultura UFRPE

O pior desempenho dos leitões com menos de 3 semanas de idade


submetidos a dietas protéicas de origem vegetal, em relação à caseína, podem
estar relacionadas ao baixo nível de secreção das proteinases pelo leitão mais
jovem, entretanto os leitões que recebem dietas com proteínas de origem vegetal
suplementadas com enzimas digestivas (ou pré-digeridas) não melhoram a
utilização da proteína, exceto quando mudado o ponto isoelétrico da proteína de
origem vegetal.
Tabela 219– Mudanças no peso dos órgãos dos leitões na fase perinatal.

Órgão -16 -12 -8 0 +2 +4 +6

Peso Corporal (Kg) 0,89 1,11 1,18 1,35 1,45 1,71 1,96

Fígado (g) 22,8 27,0 28,5 37,5 37,8 51,8 64,3

Coração (g) 7,3 9,0 10,0 10,0 10,5 12,8 14,0

Estômago (g) 6,0 6,8 7,0 7,0 8,5 10,5 12,5

Rins (g) 10,0 10,0 10,0 10,3 12,5 12,8 15,0

Baço (g) 2,8 2,8 2,8 3,1 3,0 3,0 4,0

Cérebro (g) 22,8 24,5 25,0 29,3 32,8 35,3 36,8

Pulmão (g) 28,9 31,5 32,5 22,3 20,3 25,8 29,0

Tabela 20 – Composição corporal dos leitões nos primeiros 28 dias de idade.

Constituinte Idade em Dias

0 2 7 14 28

Peso (g) 1450 1741 3044 5284 9651

Tecido Livre de gordura (g) 1432 1701 2738 4488 7888

Gordura (g) 18 40 306 796 1763

Água (g) 1198 1398 2207 3557 6138

Proteína (g) 174 237 437 770 1427

Cinzas (g) 60 67 94 161 324

Cálcio (g) 16,7 17,9 24,1 41,7 87,6

Fósforo (g) 9,3 10,8 16,3 28,1 56,3

122
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Observa-se que o estômago, fígado e rins aumentam em peso


proporcionalmente mais rápido do que o aumento do peso corporal,
imediatamente após o nascimento.
Tabela 21 – Composição de ácidos graxos da gordura depositada no suíno em crescimento.
Peso Corporal (Kg) Composição percentual em Ácidos Graxos

(Saturados) (12:0) (14:0) (15:0) (16:0) (17:0) (18:0) Total

34 0,34 0,75 0,09 22,25 0,52 9,79 34,89

59 0,25 1,72 0,05 22,69 0,46 10,67 35,91

86 0,21 1,98 0,03 23,81 0,23 10,93 37,26

(Insaturados) (16:1) (17:1) (18:1) (18:2) (18:3) (20:4) Total

34 4,87 0,75 44,05 14,47 0,96 0,16 65,11

59 4,00 0,54 45,79 12,71 1,06 0,07 64,09

86 3,68 0,26 45,20 12,80 0,76 0,08 62,74

Tabela 22 – Gordura dietética e composição de ácidos graxos em suínos em crescimento.

Ácido Graxo S/ adição de C/ 3% de Óleo de C/ 3% de Óleo de C/ 3% de Óleo de


Gordura Girassol Coco Milho-Soja

(10:0) 0,13 0,20 0,18 0,11

(12:0) 0,10 0,16 0,63 0,12

(14:0) 1,79 2,00 3,85 -

(16:0) 18,71 15,60 20,99 -

(16:1) 16,85 13,01 16,47 12,68

(18:0) e (18:1) 60,16 50,58 55,93 55,76

(18:2) 1,28 17,15 0,93 8,32

(18:3) 0,18 0,09 0,09 0,09

(20:1) 0,98 0,56 0,76 1,08

(20:3) 0,17 0,46 0,11 0,49

(20:4) 0,07 0,19 0,07 0,23

(18:2) 0,00 2,40 0,06 0,80

123
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Tabela 23 – Mudanças percentuais na composição corporal com a idade


e peso dos suínos.

Idade 1 dia 28 dias 85 dias 112 dias 150 dias 180 dias

Cinza 4.1 3.7 3.6 3.5 3.6 3.5

Proteína 12.1 14.5 14.3 14.2 14.3 14.1

Água 82.6 63.6 62.3 58.0 54.1 50.0

Gordura 1.2 18.2 19.8 24.3 28.0 23.4

Peso Vivo 1.2 Kg 7.0 Kg 30.0 Kg 45.0 Kg 90.0 Kg 120.0 Kg

As percentagens de proteína e cinza permanecem praticamente inalteradas


com o aumento da idade e do peso dos suínos enquanto que as percentagens de
gordura aumentam sensivelmente com a redução da percentagens de água. Com
o aumento da gordura, a percentagem de ácidos graxos insaturados tende a
aumentar, embora esta esteja em função da dieta. Os machos apresentam maior
percentagem de carne na carcaça (mesmo peso e idade) que as fêmeas, e tanto
machos quanto fêmeas apresentam mais carne na carcaça que animais castrados.

6.2.2.5 Crescimento

A curva de crescimento dos suínos segue a característica signóide (em


forma de S) de Brody. Crescimento animal é sinônimo de ganho de peso do
animal desde a sua concepção até a maturidade. Brody definiu crescimento
animal como sendo a síntese construtiva ou assimilatória de uma substância às
custas de outra (nutriente) que desaparece. O suíno pode crescer aumentando o
comprimento (tamanho) e aumentando peso. O aumento de peso pode ser devido
ao aumento de gordura e não de carne. O que se deseja é aumento de peso, com
menos gordura e mais carne, na carcaça.

Formas de expressar crescimento

Taxa de crescimento absoluto = peso final menos peso inicial

Idade final

Taxa de crescimento relativa = peso final menos peso inicial

Peso inicial

Ganho de peso médio = peso maior - peso menor

Período de tempo

124
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A taxa de crescimento das partes individuais dos suínos são idênticas. Por
exemplo a cabeça e o ombro atingem o tamanho adulto antes que as partes
posteriores do corpo. Também órgãos e tecidos individuais crescem em
diferentes taxas.

6.2.2.6. Hiperplasia e Hipertrofia

Crescimento de tecidos, órgão e do organismo como um todo ocorre em


duas fases: aumento do número de células (hiperplasia) e aumento no tamanho
das células (hipertrofia). Logo após a concepção a maior parte do crescimento se
dá por hiperplasia. Durante o final da vida pré-natal e no início da vida-pós-natal
os dois processos ocorrem simultaneamente ou concorrentemente. E finalmente
em algum ponto da vida pós-natal a divisão celular cessa, exceto em alguns
tecidos e o crescimento ocorre apenas por hipertrofia.

O tecido nervoso, o muscular e o adiposo são exemplos clássicos da


cessação da divisão celular. O epitélio da pele, do trato digestivo e o sangue tem
contínua reposição de células durante toda a vida.

Os tecidos que atingem o tamanho adulto e se estabilizam têm 3 fases


(hiperplasia, hiperplasia-hipertrofia e hipertrofia). O tamanho final é
determinado geneticamente, mas fatores ambientais tem efeito na redução do
tamanho final. Exemplo: Má nutrição na vida pré-natal do leitão causam efeitos
no desenvolvimento e no crescimento pós-natal, mas há indícios de que o
número de células não seja afetado.

A hiperplasia no músculo parece ser completa ao nascimento ou alguns


poucos dias depois. Existem diferenças no número de células musculares de
indivíduos para indivíduos. 95% do diâmetro do lombo é atingido por volta dos
150 dias de idade. Dos 82 aos 110Kg de peso a área de olho de lombo aumenta
linearmente a taxa de aproximadamente 0,14 cm2/Kg de peso.

A hiperplasia das células adiposas é estabelecida na vida pré-natal, ela


para ao nascer ou um pouco antes.

O crescimento se dá por processos de hiperplasia e hipertrofia, com


diferenciação celular, sobre a influência genética e ambiental, e controlado por
sistemas hormonais e enzimáticos dentro do corpo.

Os mais novos conhecimentos da endocrinologia e bioquímica mostram


que os efeitos do sistema endócrino sobre os crescimento são mediados através
de efeitos sobre o sistema enzimático que controla reações anabólicas e
catabólicas de nutrientes e seus metabólitos.

125
Disciplina de Suinocultura UFRPE

6.3. REPRODUÇÃO E MANEJO DA FÊMEA

6.3.1. Anatomia do Aparelho Genital Feminino

O conhecimento da anatomia e fisiologia do trato reprodutivo de machos e


fêmeas é fundamental para máxima taxa de performance reprodutiva.

O aparelho genital feminino é relativamente longo, apresentando-se sob a


forma de um tubo contínuo desde os lábios vulvares até o fim dos cornos
uterinos que são ondulados e caídos para dentro da cavidade abdominal.

O trato reprodutivo da porca inclui ovários (direito e esquerdo), ovidutos


(trompa de Falópio), Útero (consistindo de um corpo e dois cornos uterinos),
cervix, vagina e vulva. Os cornos uterinos são longos e tortuosos para acomodar
vários fetos em desenvolvimento (numa fêmea adulta, eles podem medir mais de
1m, enquanto que o corpo do útero, a cervix e a vagina atingem no máximo
15cm).

O que caracteriza o aparelho genital feminino é a conformação do cérvix


que apresenta pequenas almofadas que se coaptam entre si, fechando
completamente o canal cervical, bem como os ovários que são lobulados pela
presença de múltiplos corpos funcionais (folículos e/ou corpos amarelos).

Na inseminação natural o pênis penetra nas pregas da cervix, enquanto que


na inseminação artificial a pipeta penetra somente na 1ª ou 2ª prega.

Os ovários são lobulares, contendo folículos em vários estágios de


desenvolvimento. Eles podem conter de 10 a 25 folículos maduros com
diâmetros de 2 a 4 mm.

126
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Tabela 24 - Tamanho e peso de órgãos reprodutivos de porcas antes e depois


da puberdade.

Antes Depois Aumento %

Idade (dias) 169 187 -

Comprimento da vagina (mm) 292 318 9

Comp. dos cornos uterinos (mm) 383 605 58

Comp. das trompas de Falópio (mm) 217 241 11

Peso do Útero (g) 153 263 72

Peso do ovário (g) 214 283 32

6.3.2. Puberdade

É o período em que a fêmea está pela primeira vez apta a liberar gametas e
que coincide com a primeira ovulação. Ocorre entre 140 e 180 dias de idade,
independentemente do peso da fêmea. Ela pode ser influenciada por fatores
genéticos, climáticos, nutricionais e sociais.

Aplicação de hormônios - apesar de ser uma técnica eficiente para


indução da puberdade, tende resultar em baixo índice de concepção, alta
mortalidade embrionária e ciclos estrais subsequentes anormais.

Transporte ou mistura de lotes de fêmeas - eficiente para fêmeas com


mais de 170 dias de idade.

Contato com o cachaço - é o método mais eficientes para estimular a


puberdade, para fêmeas com idade entre 140 e 180 dias de idade. Usar machos
com idade entre 10 a 12 meses de idade é mais eficiente.

O número de óvulos desprendidos por ciclo estral aumenta gradualmente


do 1º para o 3º estro.

127
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6.3.3. Ciclo Estral

A duração média do ciclo estral é de 21 dias, com variações de 18-24 dias.


O dia do cio geralmente é contado como sendo o dia zero. A lactação é
responsável pela inibição do cio. O período do ciclo estral é uma fase importante
do ponto de vista do planejamento.

O retorno ao cio após o desmame geralmente ocorre entre 3 a 8 dias,


quando a lactação persistir por 21 ou mais dias. O deslocamento da fêmea após o
desmame, assim como sua aproximação do macho, tem se revelado como ótima
prática de manejo para o retorno ao cio. Ovulações sem manifestações externas
de cio é pouco comum na espécie suínos (cio silencioso).

O ciclo estral está dividido em duas fases bem distintas; a) fase luteínica:
que inicia com a formação do corpo amarelo após a ovulação até sua regressão,
que ocorre no 16º ou 17º dia do ciclo e b) fase folicular, que inicia com a
regressão do corpo amarelo e culmina com o cio e ovulação de um ou mais
folículos de Graaf. Sua duração é de 3 a 5 dias.

O cio é caracterizado pelas mudanças gradativas no comportamento e


alterações dos órgãos genitais da fêmea e ele é dividido em proestro, estro e
diestro.

Proestro: dura de 1 a 3 dias - as fêmeas ficam inquietas, diminuem o


apetite, emitem sons característicos, apresentam secreção mucosa abundante,
saltam sobre outras fêmeas, as leitoas apresentam entumecimento e hiperemia
dos lábios vulvares, não aceitam o macho e aceitam ser montadas por fêmeas em
diestro.

Estro: dura cerca de 60h - inicia com a aceitação do macho, quando a


fêmea apresenta reflexo de tolerância ao cachaço e ao homem (a fêmea fica
imóvel com orelhas eretas e com movimentos ritmados e urinam com
freqüência).

Diestro: dura 1 dia - a fêmea não tolera mais o macho, volta a comer
normal e ainda monta sobre as outras.

Ovulação: ocorre geralmente na fase do estro, aproximadamente entre 40


e 50h após o inicio do cio, e dura em média 6h, permanecendo o óvulo viável por
mais ou menos 20h. Os óvulos não são móveis e migram através do oviduto por
ação peristáltica.

A fecundação ocorre dentro de 6 a 10h após o acasalamento natural e 2h


após o acasalamento artificial.

128
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6.3.4. Fatores que Afetam a Taxa de Ovulação e o Cio

a) Maturidade - o número de óvulos aumenta do 1º para o 3º cio e a


duração do cio, diminui. O número de leitões ao nascer representa de
60 a 70% do número de óvulos desprendidos na ovulação.

b) Raças e linhagens

c) Altas temperaturas ambientais - reduzem taxa de ovulação.

d) Flushing - em nulíparas aumentam taxa de ovulação

e) Restrição energética interferem na manifestação do cio e com a taxa de


ovulação

f) Lactação - suprime ovulação. Retirar as leitegadas para 12h nos dias


21, 22 e 23 de lactação e injeção de PMSG (ganodotrofina sérica de
égua gestante) pode induzir ovulação.

g) Número de cobrições - 2 acasalamentos com cio pode aumentar taxa de


ovulação.

6.3.5. Fecundação e Desenvolvimento Embrionário.

A condução da espermatozóide até o local da fecundação leva apenas


alguns minutos (15 min), e a sobrevivência e motilidade dos espermatozóides
reduzem sensivelmente em 8h. A penetração na zona pelúcida do óvulo ocorre de
uma a duas horas após a ovulação e somente um espermatozóide penetra por
óvulo.

6.3.6. Gestação

A gestação estende-se desde a fertilização até o parto. A duração média é


de 114 ± 3 dias e é determinada geneticamente, podendo ser modificada por
fatores maternais, fetais e de meio ambiente.

Sintomas pré-parto

 Modificação no comportamento da fêmea ;

 Relaxamento e edemaciação dos lábios vulvares ;

129
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 Relaxamento da parede abdominal com deiscência do ventre ;

 Aumento da edemaciação do complexo mamário.

 Presença de leite em gotas de 18-24 horas antes do parto e em jatos seis


horas ante-parto.

O intervalo normal entre a expulsão de um leitão e outro é de apenas 5 a


30 minutos, e a placenta pode ser eliminada no fim do parto ou separadamente
correspondendo a cada leitão nascido. A sua eliminação total é considerada
fisiológica. Quando ela ocorre até uma hora após o nascimento do último leitão.

6.3.7. Parto

Parto é o processo fisiológico no qual o útero grávido expulsa o feto e a


placenta do organismo maternal. Na espécie suína tanto a apresentação anterior
quanto a posterior do feto por ocasião do parto são fisiológicos.

A mortalidade de fêmeas para o parto é acompanhada de sintomas típicos:


modificações do comportamento da fêmea (períodos de inquietação seguidos de
períodos de inatividade, 24h antes do parto, coincide com o início das dores do
parto), relaxamento e edemaciação dos lábios vulvares, relaxamento da parede
abdominal e aumento do epitélio aureolar da glândula mamária acompanhado de
secreção leitosa.

As contrações uterinas se repetem no início do parto entre 2 a 4 min e


duram de 5 a 10 seg. O intervalo de expulsão entre 2 leitões é menor em fêmeas
primíparas do que em fêmeas multíparas.

Os restos placentários devem ser expulsos no máximo 1h após o último


leitão. A placenta pode ser expulsa após o nascimento de 1 leitão, de grupos de
leitões ou após o nascimento do último leitão.

O parto normal dura de 2 a 6h, em função do número da leitegada. Partos


demorados aumentam o número de natimortos.

Altas temperaturas e ambientes barulhentos aumentam a duração do parto.


Oxitocina aumenta contrações e reduz duração do parto.

130
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6.3.8. Puerpério

O puerpério é o período de regressão do aparelho reprodutor feminino,


dura cerca de 21 dias. O desmame e cobrição de fêmeas durante o puerpério
aumentam a taxa de mortalidade embrionária e leitegadas com baixo número de
leitões e desuniformidade do tamanho da leitegada.

Durante os 3 primeiros dias de puerpério deve-se verificar a temperatura


corporal da fêmea. Temperaturas superiores a 39,3º C, com alterações de apetite
da fêmea, com aumento de corrimentos vaginais e inquietação da leitegada,
recomenda-se intervenção e tratamento veterinário.

O parto pode ser induzido usando-se PG F2α ou seus análogos, com


objetivo de concentração de partos em grupos. Em torno de 30h após a aplicação
ocorrem todos os partos, é recomendado para fêmeas com mais de 110 dias de
gestação. Objetivo desta prática e para não ocorrência de partos nos fins de
semana.

6.3.9. Lactação

A produção de leite inicia com a primeira parição e sua duração depende


da idade de desmame dos leitões (mais de 21 dias). A descida de leite na porca se
dá em função de reflexos condicionados, por isso, a ordenha requer injeção de
oxitocina.

O pico de produção de leite de porca se dá por volta da 4ª semana de


lactação e entre a 9ª e 10ª semana de produção de leite de porca é negligível. A
produção de leite de porca média diária pode atingir a valores de 9 a 12Kg aos
28 dias.

A porca devidamente alimentada produz leite em quantidade suficiente


para atender as necessidades nutricionais de uma leitegada com 10 a 12 leitões
até cerca de 21 dias de idade (ou lactação), exceto com relação ao nutriente ferro,
que deve ser injetado nos leitões no 3º dia de idade.

A leitegada mama por cerca de 10 a 15 min em intervalos de 45 a 50 min,


na primeira semana, por 20 a 22 duas vezes ao dia. No período compreendido
entre 01:00 e 05:00 h da manhã, as leitegadas mamam por 1 ou 2 vezes somente,
mesmo no final da lactação. No final da lactação, as leitegadas mamam de 6 a 10
vezes /dia, em intervalos bem escalonados.

A descida do leite, ou produção de leite, se dá por alguns segundos


durante o período de amamentação.

131
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Tabela 25 - Valores médios na composição do leite de porca e no colostro.

Leite Colostro

Constituinte Média Variação Média Variação

Sólidos totais % 19,4 17,1-25,8 23,1 22,0-33,1

Gordura % 7,2 3,5-10,5 4,8 2,7-7,7

Proteína % 6,1 4,4-9,7 14,5 9,9-22,6

Lactose % 4,8 2,0-6,0 3,1 2,0-7,5

Cinza % 0,96 0,78-1,30 0,7 0,59-0,99

Cálcio % 0,21 0,12-0,35 0,07 0,05-0,08

Fósforo % 0,14 0,10-0,19 0,11 0,08-0,11

A composição do colostro é muito variável nas primeiras 24 horas e a do


leite varia em função de raças, estágio da lactação, dieta pré-parto e outros
fatores ambientais.

A composição do leite é pouco influenciada pela dieta de lactação, exceto


com relação à composição de ácidos graxos e aminoácidos) e parcialmente por
filtração ou transporte ativo do sangue. As quantidades de nutrientes
armazenados no fígado ou outros tecidos, são usados no caso de deficiência
dietética.

6.3.10. Necessidade da Aplicação de Ferro nos leitões

Os leitões nascem com poucas reservas do mineral Ferro, assim como


baixas reservas de energia, na forma de glicogênio e/ou glicose e também com
pouca gordura de cobertura. Esses fatos levam o recém nascido a gastar
rapidamente suas energias para manutenção da temperatura corporal.

O leite da porca não supre totalmente as necessidades dos leitões com o


mineral ferro, uma vez que geneticamente a fêmea suína não possui essa
habilidade, portanto não adianta aumentar o suprimento desse mineral na ração
da porca, pois isso não aumentará a quantidade de ferro no leite.

Após 5 dias do nascimento o organismo do leitão não tem mais reservas de


ferro, por isso deve-se aplicar uma fonte adicional de ferro, que pela facilidade,
utiliza-se a aplicação injetável de uma fonte de ferro orgânico, denominada ferro

132
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dextrano, existem diversas marcas comerciais.


O ferro dextrano é um composto orgânico deste nutriente, de fácil
assimilação via intramuscular profunda e por ser um produto de ordem
nutricional, não é um medicamento. Podendo ser administrado por pessoas
leigas, desde que recebam um treinamento para aplicar corretamente nos locais
adequados.
A dosagem deve ser de 100 mg de ferro injetável, por via intramuscular,
de preferência na tábua do pescoço ou no músculo do pernil, em duas doses, aos
três e aos quatorze dias, ou em uma única aplicação de 200 mg, no terceiro dia de
vida, tomando-se o cuidado de não injetar ar na seringa ou atingir algum vaso
sanguíneo. Uma outra forma de suprimento de ferro para o recém nascido é
passar uma pasta rica em ferro nas tetas da porca, para que ao mamarem os
leitões ingiram esse mineral, mas isso exige muita mão de obra

Conforme podemos observar na tabela 30, as reservas de ferro do leitão


duram cerca de cinco dias, pois eles nascem com cerca de 20 mg, portando a
aplicação de uma fonte adicional de ferro deve ser realizada entre o terceiro e o
quarto dia pós parto, podendo ser repetida no 14o dia. Após os 21 dias o leitão já
está ingerindo ração normalmente, que contém ferro suficiente e não precisará
mais de suprimento adicional de ferro.
Tabela 26 - Valores médios de concentrações de ferro do leitão.

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE DE FERRO

Reserva de ferro do leitão 20 mg/leitão

Necessidade do leitão 5 mg/dia

Leite da Porca 1 mg/leitão/dia

Déficit 4 mg/leitão/dia

A deficiência de ferro é comum em leitões recém-nascidos, porque


praticamente não há transferência através da placenta e da glândula mamária.
Assim se os leitões não receberem uma fonte adicional desse mineral, fatalmente
ocorrerá um quadro de anemia hipocrômica microcítrica ou anemia ferropriva,
entre a segunda e terceira semana de vida.

O ferro oral pode ser administrado para os leitões, na forma de tabletes ou


pasta, lembrando que a forma ferrosa é mais absorvida que a forma férrica,
entretanto a forma mais indicada é a aplicação intramuscular profunda.

133
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6.4. REPRODUÇÃO DO MACHO SUÍNO

6.4.1. Anatomia do Aparelho Genital do Cachaço.

O aparelho genital do cachaço compreende os testículos com epidídimos e


dutos deferentes, glândulas anexas, prepúcio e pênis.

a) Testículo - tem a finalidade de formação de espermatozóides e


hormônios sexuais. Os espermatozóides começam a ser formados por
volta dos 90 dias de idade, quando já se encontram no parênquima
testicular algumas espermátides e o animal começa apresentar libido ou
apetite sexual.

Para uma boa produção de espermatozóides o cachaço deverá ter testículos


e epidídimos bem desenvolvidos.
Tabela 27 - Valores do comprimento e largura dos testículos dos suínos
em função do peso e idade.

Peso Idade Comprimento Largura

30 - 90Kg 3-5 4,5 - 7,3 cm 2,7 - 4,4 cm

91 - 150Kg 5 - 12 7,4 - 8,7 cm 4,5 - 5,3 cm

151 - 150Kg 12 - 18 8,8 - 9,6 cm 5,4 - 6,1 cm

191 - 250Kg 18 - 36 9,7 - 14,0 cm 5,9 - 7,8cm

O processo de formação de espermatozóides até a sua maturação dura 48


dias, sendo a fase testicular de 38 dias e a passagem pelo epidídimo de 10 dias.

A produção de espermatozóides de acordo com a idade é de: 10-13x109


aos 6 meses, 13-20x109 ao 7 meses, 20-30x109 aos 8 meses e de 30-40x109 aos 9
meses. A reserva de espermatozóides no testículo é de aproximadamente 40x109.

134
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b) Epidídimo - serve de passagem, armazenamento e maturação dos


espermatozóides e é constituído de cabeça, corpo e cauda. A cabeça é
um pouco maior e de consistência mais firme que a cauda e está
localizada na parte distal do testículo. O corpo se localiza na porção
crânio-medial e tem um diâmetro de 0,5 a 1,0 cm. A cauda é o local de
armazenamento propriamente dito, onde os espermatozóides podem
permanecer por algumas semanas ou meses com toda capacidade
fecundante.

Reserva de espermatozóides:

cabeça 17,5 x 109

Epidídimo corpo 10,8 x 109

cauda 70,3 x 109

Canal deferente 0,2 x 109

c) Glândulas Anexas - Vesículas seminais (grandes com 13x7x4 cm,


lobulares e de consistência flácida), próstata (disposta sobre a uretra),
glândulas bulbo-uretrais (alongadas, encobrem a uretra, responsáveis
pela secreção gelatinosa do ejaculado).

d) Pênis - é longo, mede de 40 a 60 cm com diâmetro de 1 a 1,5 cm.


Possui a glande em forma de saca-rolha.

e) Prepúcio - é caracterizado por 3 cavidades denominadas divertículos


prepuciais (dorsal, ventral e caudal). É no caudal que se aloja a glande
do pênis.

6.4.2. Uso dos Cachaços na Reprodução

A maturidade sexual dos suínos ocorre entre o 6º e o 7º mês de vida,


quando o cachaço inicia potencialmente a espermatogênese, apresentando um
ejaculado com volume e concentração de espermatozóides suficientes para
promover a fecundação.

135
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Entretanto, observando-se os valores de produção espermática e os valores


médios do sêmen do cachaço, bem como as condições - critérios mínimos de um
ejaculado, há necessidade absoluta de utilizar um manejo correto na reprodução
para evitar um esgotamento do reprodutor.

Um cachaço jovem com idade entre 8 a 12 meses deve ser usado 1 a 2


vezes por semana (realizando 4 montas) com igual período de descanso, podendo
ser usado para 15 ou 20 criadeiras dependendo do escalonamento de produção.

Cachaços de 1 a 2 anos podem ser usados 2 a 3 vezes por semana


(praticando 6 montas), com igual período de descanso, podendo ser usado para
20 a 30 criadeiras. A utilização do cachaço num intervalo de 24h provoca
diminuição gradativa da concentração de espermatozóides por ejaculado de 10 a
25x109 a partir do 4º salto.

Cachaços com mais de 2 anos podem ser usados de 3 a 4 vezes por semana
(praticando 8 montas), com igual período de descanso, podendo ser usado para
30 a 40 criadeiras.

Para uma otimização do uso do cachaço recomenda-se o exame


andrológico, que tem a finalidade de avaliar um reprodutor macho quanto a sua
capacidade reprodutiva, levando-se em consideração a saúde geral, hereditária e
genital e as potências coeundi e generandi do macho.

O exame deve ser realizado num local de inteira confiança do cachaço


para evitar alterações de comportamento e deve seguir o seguinte esquema:

a) Identificação - raça, idade, peso, número, nome e proprietário.

b) Anamnese - histórico do cachaço

 Freqüência de cobrições (número de fêmeas, cobrições por fêmeas


e intervalo entre cobrições).

 Comportamento sexual (tempo para o salto, atitudes anômalas e


tempo de cobrição).

 Fertilidade do rebanho (Índices de retornos ao cio, índices de


prenhez e número de leitões nascidos).

Colhem-se também informações sobre meio-ambiente, manejo e


alimentação.

c) Exame clínico geral - que deve ser feito por um veterinário.

136
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d) Comportamento sexual - Objetiva avaliar o libido e a potência


coeundi do cachaço. Faz-se uso de uma porca adulta em cio por ser
mais tolerante à agressividade. Ele deve ser feito em local calmo, plano
e sombreado, com piso firme.
O que se observa da atividade sexual do cachaço:

I. Prelúdio (avaliação do cheiro, controle genital, controle do


reflexo de parada e ereção do pênis).

II. Monta (salto, abraço, emissão do pênis, procura vaginal,


introdução e ejaculação).

III. Descida (relaxamento do pênis, descida e epílogo). O cachaço


sexualmente maduro não deve levar mais de 10 min para
realizar o salto e a ejaculação deve ser superior a 4 min.
Várias tentativas de salto podem ser resultados de defeitos
do aparelho locomotor e ejaculação inferior a 4 min podem
ser alterações crônicas nos aparelhos circulatório e
respiratório.

Impotência Coeundi - É a incapacidade do reprodutor de realizar a


cópula e suas principais causas são: alterações nos cascos e almofada
plantar, panarício (inflamações no casco ou fratura da 3ª falange) artrites ou
poliartrites, artroses e poliartroses, epifisiólise (fratura da cabeça do fêmur),
espondilite (inflamações da coluna vertebral), miopatia do esforço ou
sobrecarga, necrose muscular aguda, libido deficiente, libido excessivo,
masturbação, ejaculação precoce, ereção deficiente, exaustão, alterações no
pênis e no prepúcio, fimose , úlcera do divertículo prepucial e frenulo
persistente.

Impotência generandi é a incapacidade do reprodutor de produzir


sêmen com espermatozóides viáveis e pode ter origem hereditária,
congênita ou por influência exógenas. (Orquites, epididimites, hipoplasia ou
microorquia, degeneração do parênquima testicular, criptorquidismo,
infecções nas glândula anexas, doenças infecciosas, insuficiência cardíaca e
miopatia, anemia, dermatites – causada por sarna.)

e) Exame especial do aparelho reprodutor – Consiste da inspeção e


palpação do saco escrotal, testículos e epidídimos, prepúcio,
divertículos prepuciais e pênis.

137
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Saco escrotal – mobilidade das camadas e integridade da pele (lesões,


tumores e cicatrizes).

Testículos e epidídimo – Tamanho, simetria, mobilidade, consistência e


sensibilidade.

Prepúcio e divertículos – Aumento de volume, secreções e integridade


da mucosa.

Pênis – Integridade da mucosa (lesões, malformações, aderências e


cicatrizes)

6.4.3. Coleta do Sêmen

O sêmen deve ser coletado manualmente (mão enluvada) num copo coletor
o
(à 37 C). A fração gelatinosa deve ser separada por meio de uma gaze colocada
sobre o copo coletor. É importante coletar e avaliar 3 ejaculadas de um
reprodutor, em dias sucessivos.

As exigências mínimas para o sêmen de um cachaço com 8,5 meses de


idade são :

a – Volume 100 ml

b – pH 6,8 a 7,8

c – Aspecto Soroso ou leitoso

d – Concentração 0,100 milhôes/mm3

e – Motilidade 70 %

f – Espermatozóides 20 % máximo (s/ gota proximal)

6.4.4. Patologia da Reprodução

Para avaliar os problemas da reprodução capazes de influir na eficiência


reprodutiva de um trabalho suíno, tem-se que primeiramente estabelecer os
critérios de produção desse rebanho, para a partir dele obter melhores condições
de julgamento.

138
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Tabela 28: Critérios e Índices de Produtividade de um Rebanho Suíno.

Critério ou Índice Média Porcas Leitoas

Maturidade Sexual 6 – 7 Meses

Maturidade Reprodutiva 7 – 8 Meses

No de Óvulos Liberados p/ 15 10 – 25 10 – 15
cio

Taxa concepção monta . 85 – 95 %


natural

Taxa concepção Inseminação 80 – 90 %

Índice de retorno Cio 5 – 20 %

Morte Embrionária 25 – 45 %

Tamanho leitegada médio 12 - 14 10 - 12

Perdas até desmame 5 – 10 %

Intervalo de parição 150 – 180 dias

Intervalo Desmame Cio 10 a 21 dias 5 – 7 dias 7 – 12 dias

Taxa de esterilidade 15% 12 – 14 % 15 – 25 %

As perturbações da fertilidade da fêmea suína se manifesta como :


incapacidade permanente ou temporária de reprodução, nascimento de um
pequeno número de leitões e incapacidade relativa de criar leitões.

Em termos práticos, o complexo de causas que levam a infertilidade e/ou


esterilidade pode ser agrupado de acordo com o aparecimento do cio no ciclo
estral.

A incapacidade relativa de criar leitões está relacionada principalmente


com as doenças puerperais e as causas mais freqüentes que levam a produção de
um pequeno número de leitões são:
- Falha de sêmen
- Cobrições mal feitas
- Reabsorção embrionária

O número de leitões nascidos é determinado pelos seguintes fatores :

139
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- Número de óvulos liberados


- Número de óvulos fecundados
- Taxa de reabsorção embrionária
- Capacidade uterina.

Tabela 35- Causas de infertilidade e retorno ao cio.

Retorno com ciclo regular Retorno com ciclo Acíclica


irregular

1. Impotência Coeundi ou 1) Morte embrionária - Malformação e distúrbio


Generandi tardia funcional

2. Impotência Coeundi da 2) Cistos de ovário - Deficiências de manejo e


porca manutenção

3. Falhas técnicas na cobrição 3) Endometrites - Distúrbios na alimentação.


ou inseminação

4. Falhas do sêmen 4) Outros - Cistos ovarianos

5. Morte embrionária precoce - Atrofia ovariana


por manejo, alimentação e
doenças a vírus - Deficiências alimentares.

6. Endometrites provenientes - Alimentação rica em


de partos mal conduzidos, má hidratos carbono
higiene e doenças puerperais
da porca em que o tratamento - Distúrbio de manejo e meio
foi mal conduzido. ambiente

7. Deficiências de manejo - Piometria

8. Malformações tais como : - Mumificação


imperfeições de cervix e
oviduto, formações de fundo - Gestação
de saco e divertículos de
trompa, agenesia parcial de
corno uterino.

140
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6.5 - INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL


6.5.1 Introdução

O estudo de I.A.. em suínos teve início em 1932, mas sua aplicação


extensiva só foi feita em 1948 no Japão. A partir daquela época, houve um
contínuo incremento nos estudos da I.A. e vários países vem hoje desenvolvendo
e aplicando esta técnica com excelentes resultados, notadamente na Holanda,
Dinamarca, Alemanha, EUA e Japão.

No Brasil, os primeiros trabalhos neste sentido foram realizados em 1947


por JUNQUEIRA e BRAUN, seguindo-se a realização de um pequeno número
de trabalhos experimentais em 1959 sem maiores resultados concretos.

Somente em 1975 o Ministério da Agricultura, aliado aos anseios das


Associações de Criadores de Suínos, conscientizou-se da viabilidade de
introdução desta técnica, objetivando desta maneira aumentar a produtividade do
rebanho suíno, e melhor aproveitar o potencial genético existente no Brasil. Para
tanto foram estabelecidas áreas de implantação na região do Vale do Taquari
(RS) e na região de concórdia (SC).

6.5.2. Vantagens e Limitações

6.5.2.1. Vantagens :
 Permite maior difusão das linhagens geneticamente superiores,
possibilitando um melhoramento rápido orientado do rebanho suíno,
para as características mais desejadas.

 Permite aproveitamento racional dos bons produtores.

 Dispensa recursos financeiros elevados para aquisição de material


genético selecionado e comprovadamente melhorador.

 Facilita a realização de cruzamentos, objetivando o efeito da heterose e


melhor rendimento.

 Facilita o controle das doenças que podem interferir na eficiência


reprodutiva do rebanho.

141
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 Permite um melhor planejamento do rebanho no que tange a realização


de cobrições e distribuições de nascimentos, facilitando inclusive a
adoção do sistema “tudo dentro tudo fora”, com o desmame e cobrição
de fêmeas em grandes grupos.

6.5.2.2. Limitações
 A curta duração do sêmen resfriado, permitindo um aproveitamento
máximo de 70% das doses industrializadas.

 A expansão do programa com sêmen resfriado está limitada as


condições de infra-estrutura principalmente estradas e meios de
comunicação, alem de exigir alta concentração de criadores.

6.5.3. Organização e Sistema de trabalho.

As CIAS de Estrela (RS) aproveitando as condições de infra-estrutura do


sistema cooperativista bem implantado na região, optou pela assinatura de
convênios com as entidades nela estabelecidas (Frigoríficos, Cooperativas,
Sindicatos, Prefeituras Municipais). Os inseminadores pertencentes a essas
entidades passam por um treinamento na Central. O Sêmen é entregue ao próprio
inseminador na Central ou enviado de ônibus em caixas isotérmicas até os
bancos de sêmen, onde é armazenado a 15ºC.

6.5.4. Resultados Alcançados

Os resultados alcançados são satisfatórios devendo, no entanto, ainda


serem melhorados na década de 2000, em função da melhoria das instalações e
de um maior número de laboratórios particulares. conforme ilustra a tabela
abaixo:
Tabela 29– Resultados médios de desempenho da inseminação Artificial em
suínos no Brasil.

DÉCADAS Inseminações Prenhez (%) Média de leitões


(n.º) nascidos p/ parto (nº)

ANOS 70 3.500 80,4 10,01

ANOS 80 4.650 82,2 10,20

ANOS 90 5.200 88,0 10,23

Fonte: ABCS, 1998

142
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6.5.5. Coleta e conservação do sêmen

A coleta de sêmen em suínos é simples e muito fácil. É indispensável, no


entanto, que o manequim seja regulável e bem fixo.

O próprio volume do ejaculado protege a massa de espermatozóides contra


as trocas bruscas de temperatura por ocasião da coleta.

O exame do ejaculado deverá ser procedido logo após a coleta, sob pena
da anabiose torná-lo de difícil interpretação horas mais tarde.

A homogeneização diária das doses de sêmen estocadas a 15ºC são


fundamentais para a reativação e melhor conservação do espermatozóide.

Os fatores que influem sobre a qualidade do sêmen no decurso da cópula


do doador devem ser evitados. Uma condição primária para a boa conservação
do sêmen resfriado é o controle e manutenção rigorosa da higiene tanto do
doador quanto por ocasião da coleta.

A contaminação do ejaculado, principalmente com as secreções


prepuciais, influem negativamente sobre a conservação do sêmen, reduzindo
consideravelmente a sua viabilidade.

A qualidade do ejaculado depende em grande parte do regime de coleta a


que o doador é submetido, levando-se em consideração o potencial individual de
cada doador, que depende da idade, constituição e estado nutricional. Machos
jovens a partir do 8º mês de idade são coletáveis no máximo duas (2) vezes por
semana, enquanto que os machos com 12 meses de idade poderão sofrer 3
coletas semanais. Em média planejam-se 2 ejaculados por semana.

O intervalo entre as coletas (repouso sexual) deverão permanecer mais ou


menos constantes.

O repouso sexual não deverá ultrapassar 10 dias, sob pena de piorar a


qualidade do sêmen.

COLETA : Imediatamente após o aprisionamento e exteriorização


completa do pênis, inicia a ejaculação, que é realizada em fases, caracterizando a
secreção das glândulas anexas.

143
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6.5.6.Características e fases de coleta do sêmen suíno:

1ª fase : Pré-secreção, aquosa, fluida e clara, perfazendo um total de 1 a


20 ml, eliminada de 30 segundos a 1 minuto e constituída da secreção das
glândulas uretrais e pequena porção das glândulas bulbouretrais.

2ª fase : Fase rica em espermatozóides, com aspecto leitoso,


compreendendo um volume total que varia entre 30 a 120 ml e contendo 80 a
90% do total de espermatozóides do ejaculado.

Esta fase é eliminada em 1 a 2 minutos, sendo constituída da secreção das


caudas do epidídimo, parte das glândulas bulbouretrais e vesículas seminais.

3ª fase : Fase pobre em espermatozóides. É a última fase compreendendo


um volume de até 250 ml, apresentando um aspecto soroso claro, sendo
eliminada em um espaço de 3 a 8 minutos. Nesta fase é eliminada a maior parte
da secreção das glândulas bulbouretrais que é desprezada pelo poder de absorção
que possui sobre o plasma seminal, além de provocar facilmente a aglutinação
dos espermatozóides.

O processo de ejaculação dura de 4 a 10 minutos, perfazendo um total


médio de 100 a 450 ml. É importante deixar o doador terminar completamente o
processo de ejaculação. A retratação do pênis e a descida do manequim deverá
ocorrer voluntariamente.

6.5.7. Avaliação do Sêmen

Todo o ejaculado obtido deverá sofrer uma avaliação para posterior


utilização, já que nem todos os ejaculados são de boa qualidade. A I.A. apresenta
insucessos devido à falta dessa avaliação.

Exigências mínimas para o cachaço de 8 meses de idade :

Volume - 100 ml
Concentração - 100.000 sptz/mm3
Motilidade - 70%
Formas anormais - 20% (sem gota protoplasmática dista)
pH - 6,9 – 7,2

144
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Para avaliação do sêmen consideram-se :

Volume
Exame macroscópico Aspecto – cor
pH

Motilidade
Exame microscópico Concentração
% de formas anormais

Volume : O volume do ejaculado filtrado é avaliado no próprio copo


coletor graduado. No cachaço a média é de 200 ml variando com a idade do
doador, técnica de obtenção e com o próprio indivíduo, com extremos de 50 a
500 ml.

Aspecto-Cor : Varia de um claro transparente até um branco acinzentado.

pH : O pH para o sêmen suíno varia de 6,8 a 7,8, estando na maioria das


vezes na faixa de 6,9 a 7,2.

Motilidade : A Motilidade é avaliada microscopicamente, sendo muito


subjetiva. Para demonstrar a importância dessa avaliação, e seus possíveis
reflexos nos resultados a campo, os resultados abaixo ilustram muito bem a
necessidade de o laboratório ter pessoas treinadas e experimentadas.

Concentração : A avaliação da concentração torna-se necessária para


estabelecer o grau de diluição do ejaculado visando o seu melhor
aproveitamento.

A concentração na espécie varia de 100 mil a 1 milhão sptz/mm3,


situando-se os valores médios entre 0,25 a 0,35 milhão sptz/mm3.

Entre os métodos existentes para avaliação da concentração tem-se :

- Método hemocitômetro

- Técnica da câmara de Neubauer

- Avaliação macroscópica pelo aspecto do ejaculado.

Avaliação macroscópica, com estimação aproximada da concentração pela


turvação do ejaculado, é muito prática e bastante usada nas centrais de
Inseminação Artificial.

145
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Tabela 30 – Relação entre aspecto e concentração espermática no suíno.


Aspecto SPTZ/mm3
Aquoso Claro 50.000
Aquoso Turvo 51.000 – 150.000
Soroso 151.000 – 400.000
Leitoso 450.000 a 800.000
Leitoso - denso Mais de 800.000
Fonte: Adaptado de Smidt(1965) e Krause (1977)

Morfologia : Para o exame morfológico utiliza-se o microscópio contraste


de fase. Considera-se o ejaculado em condições de ser utilizado quando as
formas anormais não ultrapassam a 20%, estando incluída entre elas a gota
protoplasmática proximal.
Tabela 31 – Influência da motilidade do sêmen sobre o desempenho
reprodutivo de fêmeas suínas.

Motilidade Inseminações Prenhez Partos nº Média de leitões nascidos


do Sêmen nº por parto nº

Até 70% 538 55,4 283 9,85

Acima 70% 314 70,7 220 10,67

6.5.8. Diluição

A diluição tem por objetivo aumentar o volume do ejaculado para um


aproveitamento mais racional dos espermatozóides, além de conservar e manter
sua fertilidade. Para isso, no entanto, o diluente deverá apresentar requisitos
mínimos quais sejam :

- Ser isotônico para espermatozóide ( Pressão osmótica – 7,0 atmosfera ).

- Ter poder de conservação.

- Possuir poder de neutralizar os efeitos prejudiciais dos produtos


resultantes do metabolismo sobre os espermatozóides.

- Ser barato, de fácil preparo e manuseio.

146
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Os diluentes comumente utilizados são : PLISCHO, BELTSVILLE e


HULSENBERG, os quais permitem a conservação do sêmen por 48 – 72 horas
sem diminuir a fertilidade do espermatozóide.

Vale ressaltar, no entanto, que existe uma variação individual de doador


para doador, ou seja, alguns permitem a sua utilização até 5 dias, enquanto os de
outros está restrito a 24 - 36 horas. Portanto é de fundamental importância a
classificação dos doadores dentro de uma central, visando uma melhor previsão
de sua utilização. A relação ótima de diluição é de 1 para 1 até 1 para 3.
Tabela 32 – Composição dos principais diluentes (em gramas) utilizados na IA
de suínos.

Componentes BTS KIEW READING ANDROHED

Glicose Anidra 37,0 60,0 11,5 26,0

Citrato de Sódio 6,0 3,75 11,65 8,0

Bicarbonato de Sódio 1,25 1,25 1,75 1,2

EDTA 1,25 3,70 2,35 2,4

Cloreto de Potássio 0,75 - 0,75 -

Tris Buffer - - 5,5 -

Ácido Cítrico - - 4,1 -

Cisteína - - 0,7 -

Trehalose - - 1,0 -

Álcool Polivinílico - - 1,0 -

SAB-Soro Albumina Bovina - - - 2,5

Hepes - - - 9,0

Penicilina G Protássica (UI) 500.000 500.000 500.000 500.000

Sulfato de Estreptomicina 0,5 0,5 0,5 0,5

H2O destilada/deionizada 1.000 1.000 ml 1.000 ml 1.000 ml


qsp ml

Fonte: Weitze (1991)

147
Disciplina de Suinocultura UFRPE

A diluição deverá ser feita lentamente, no máximo até 20 minutos após a


coleta do sêmen. Para garantir a queda lenta da temperatura do sêmen utiliza-se o
banho-maria regulado a 32oC. Por ocasião da diluição, tanto o sêmen, quanto o
diluente deverão possuir a mesma temperatura, 28o a 32oC. Após a diluição
procede-se a nova avaliação da motilidade, a qual deverá ser de 60% no mínimo.

O envasamento é feito em frascos plásticos com capacidade de 100 ml e


concentração aproximada de 3 bilhões. A temperatura ótima para sua
conservação varia de 15 a 17 oC.

6.5.9. Transporte do sêmen.

O transporte do sêmen é feito em caixas isotérmicas de paredes espessas,


onde as dose permanecem individualizadas. Nestas condições a temperatura
deve ser mantida constante entre 15 e 17 graus centígrados por 8 – 10 horas.

6.5.10. Diagnóstico do Cio

Para se obter bons resultado com a I.A., é necessário que o criador e o


inseminador sejam bem orientados e tenham experiência suficiente para eleição
do momento ótimo para realizar a inseminação.

A alimentação e o manejo, bem como as condições ambientais, tem grande


influência sobre a manifestação do cio e o comportamento da fêmea.

PRÉ-CIO : Neste período a fêmea apresenta-se inquieta, perde o apetite, há um


intumescimento e hiperemia dos lábios vulvares, notados com mais intensidade
em leitoas. Não evidencia o reflexo de tolerância ao macho. O período dura em
média 1 dia e meio em fêmeas adultas, podendo alongar-se até 5 dias em leitoas.

CIO PROPRIAMENTE DITO : É o período decisivo do ciclo estral, quando a


inseminação deverá ocorrer.

A inquietude e a anorexia começam a diminuir, bem como o


intumescimento e a hiperemia, que dão lugar ao murchamento e à coloração
rosa-pálido com presença de muco que muitas vezes precisa de estímulo sexual
para ser eliminado.

O reflexo de tolerância ao cachaço e ao inseminador caracterizam este


período, que tem duração média de 2 dias em fêmeas adultas.

PÓS-CIO :Inicia no momento em que a fêmea não aceita mais o cachaço. A sua
duração varia bastante. Não existem mais chances para fecundação.

148
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Dos três períodos mencionados, o cio propriamente dito é o mais


importante, já que a partir dele determina-se o momento ótimo para realizar a
inseminação.

6.5.11. Como Proceder para o diagnóstico do Cio


Identificar as fêmeas com sintomas aparentes de cio durante o
arraçoamento, com posterior controle do reflexo de tolerância através da
aproximação do rufião ou cachaço, principalmente quando se tratar de leitoas, ou
com estímulos manuais do homem.

Caso a fêmea ainda não evidencie o reflexo de tolerância, o teste deverá


continuar a ser feito duas vezes ao dia: uma vez pela manhã e outra pela tarde.

6.5.12. Momento ótimo para inseminação


A inseminação deverá ser efetuada 24 - 36 horas após o início do reflexo
de tolerância caso o teste seja realizado com o cachaço. Quando o teste for feito
pelo homem, a inseminação deverá ocorrer 18 - 24 horas após o início do reflexo
de tolerância.

6.5.13. Problemas observados no diagnóstico do Cio


Os fatores de meio ambiente são capazes de influenciar negativamente
sobre o correto diagnóstico do cio. Assim, os dias excessivamente quentes, os
ruídos demasiados e o próprio inseminador como elemento estranho, são muitas
vezes suficientes para mascarar o diagnóstico. Por outro lado, as dores,
principalmente problemas de lesões nos cascos e articulações podem fazer com
que o cio seja diagnosticado erroneamente pela mudança de comportamento do
animal.

Para evitar essas influências adotam-se certas medidas para efetivar o


diagnóstico do cio, quais sejam :

- O controle do cio deverá ser feito de preferência após o arraçoamento


e sempre pela mesma pessoa.

- O controle deverá ser feito duas vezes por dia em intervalos de 10 a 12


horas e sempre no mesmo horário, o ideal é pela manhã.

- As fêmeas deverão ser manejadas com calma, sem grande alarde.

- É conveniente aproximar um reprodutor familiar ao lote de fêmeas


que irão ser identificadas.

149
Disciplina de Suinocultura UFRPE

- Nunca realizar o diagnóstico de leitoas com cachaços muito


pesados assim como não realizar com cachaços muito jovens em
fêmeas experientes.

6.5.14. Inseminação propriamente dita

Após tomado o contato com a fêmea e comprovada a presença do reflexo


de tolerância, passa-se a efetuar a inseminação com o afastamento dos lábios
vulvares e introdução da pipeta lubrificada no sentido dorso-cranial, com
movimentos rotatórios pela esquerda até sua fixação no cérvix.

Durante a inseminação a fêmea deverá ser estimulada constantemente quer


pela aproximação do macho, quer pelos estímulos manuais do homem sobre o
lombo, flanco e clitóris.

A seguir adapta-se o frasco plástico contendo o sêmen na pipeta e com


leve pressão sobre o mesmo infunde-se o sêmen. A operação deverá levar no
mínimo 5 minutos. Após a infusão a pipeta Melrose deverá ser retirada
lentamente, com movimentos rotatórios pela direita.

6.5.15. Situação Atual e Perspectivas para o


congelamento do Sêmen Suíno.

A inseminação artificial em suínos no Brasil com sêmen resfriado iniciou


em 1975, em duas pequenas áreas da região Sul, onde atualmente efetuam-se em
torno de 10.000 inseminações por ano. A sua expansão maior torna-se
problemática, principalmente pela curta duração do sêmen resfriado, que não
ultrapassa a 72 horas.

Sabe-se , no entanto, que o criador já aprendeu a valorizar a I.A. pelas


vantagens zootécnicas, sanitárias e econômicas que a técnica oferece. O desejo
da expansão para outras áreas expressivas fica condicionado em grande parte aos
problemas do congelamento do sêmen.

6.5.16. Problemas no Congelamento e Descongelamento


Os principais problemas observados em todos os experimentos realizados
prendem-se primordialmente às particularidades da fisiologia da reprodução da
espécie suína e podem ser resumidas no seguinte :

- Volume do ejaculado : Devido ao grande volume e sua baixa


concentração, há necessidade de reduzi-lo através da centrifugação.

150
Disciplina de Suinocultura UFRPE

- Utilização do ejaculado : Devido à alta concentração necessária por


dose, consegue-se apenas 8 a 10 doses por ejaculado.

- Sensibilidade individual : Nem todos os cachaços fornecem ejaculados


apropriados para o congelamento.

- Viabilidade do espermatozóide : Após o descongelamento, o


espermatozóide sobrevive apenas 12 horas no aparelho genital da porca, o que
obriga a realizar a inseminação nas proximidades da ovulação.

- Armazenamento : Devido ao grande volume de cada dose ( em torno


de 6 ml ) o armazenamento por botijão de nitrogênio fica limitado a um pequeno
número de doses.

- Técnica : Há necessidade de aperfeiçoamento da técnica por ser


onerosa, elevando o custo da dose.

- Resultados : Até o momento os resultado não são satisfatórios em


termos práticos como técnica de reprodução.

- Técnicas e resultados : Para o congelamento do sêmen suíno são


utilizados hoje duas técnicas principais :

1.PELLETS MODIFICADO : (Pursel e Johnson, 1975; Larson, 1977;


Polge, 1977)
Em experimentos com grupos de 15 até 40 fêmeas foram alcançados de 50
a 80% de prenhez com média de 7 a 10 embriões.

2. PALHETA GRANDE : (Westendorf, Ritchere Treu, 1975)


Em experimentos com 304 fêmeas, sendo a maioria delas inseminadas
duas vezes por cio, foram alcançados 65% de prenhez, com a média de 8,7
leitões nascidos.

6.5.17. Possibilidades do sêmen congelado

A importação ou exportação de sêmen suíno, principalmente para aqueles


que proíbem a importação de animais. A utilização de material genético superior,
sem correr risco de qualquer natureza. O uso do sêmen congelado em países que
possuem problemas de transporte com o sêmen resfriado, principalmente com
altas temperaturas, possibilitando uma difusão mais rápida das linhagens
superiores.

151
Disciplina de Suinocultura UFRPE

VII - MELHORAMENTO GENÉTICO DE SUÍNOS


7.1.Introdução:

As primeiras importações de suínos de raças especializadas no Brasil


ocorreram a partir da década de 50, objetivando substituir o material genético
nativo, e introdução de sistemas de produção mais intensivos, proporcionando
maior eficiência produtiva e melhores resultados econômicos.

Desde então as importações de suínos se tornaram freqüentes e a infusão


de material genético estrangeiro causa uma certa dependência, além do risco de
extinção das várias raças nativas.

A pesquisa com melhoramento genético de suínos no Brasil é bastante


recente, iniciando na década de 70, sendo que o Centro \nacional de Pesquisas de
Suínos e Aves (CNPSA/EMBRAPA), iniciou seus trabalhos em 1975.

Inicialmente foi feito uma avaliação do padrão genético das raças


especializadas criadas no país.

A constatação atual é de que há necessidade de execução de um programa


que garanta a melhoria do patrimônio genético nacional, reduzindo a
dependência do exterior, e ao mesmo tempo aumentar a oferta de reprodutores
geneticamente superiores, sem contudo esquecer o germoplasma nativo.

Se isto não ocorrer a suinocultura nacional, a exemplo da avicultura,


poderá se tornar totalmente dependente de material genético superior estrangeiro.

7.2. Objetivos:

O melhoramento genético consiste, na utilização de critérios adequados,


voltados para o aspecto econômico da criação.

Para a definição de um objetivo é preciso visualizar a suinocultura como


um todo desde o produtor até o consumidor, sempre tendo em mente o caráter de
longo prazo e também Ter a capacidade de prever o direcionamento futuro da
suinocultura.

O objetivo pode ser a melhoria das características reprodutivas, como o


aumento da prolificidade em termos de tamanho e peso da leitegada.

152
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Melhoria do índice de conversão alimentar. Aumento do ganho de peso,


sem, contudo aumentar a espessura de toucinho.

Melhoria dos padrões de qualidade de carcaça, como a Área de Olho de


Lombo (AOL), o Comprimento de Carcaça (CC), o Peso de Pernil(PP), a
Espessura de Toucinho (ET)

7.3. Organização da Estrutura:

Na organização de um programa de melhoramento genético, deve-se


considerar todas as etapas, desde o rebanho geral, até a preferência do mercado
consumidor.

A organização do melhoramento genético é caracterizada por estratos com


funções distintas:

Rebanhos de Seleção (1 a 2%) : têm por objetivo ampliar ao máximo o


progresso , e isso pode ser obtido através de um grupo restrito de rebanhos,
permitindo maior intensidade de seleção, reduzindo o intervalo de gerações.

Rebanhos de Multiplicação (6 a 8%) : recebem o material selecionado no


estrato anterior, reproduzindo-o, através do cruzamento entre raças ou linhas,
visando a incorporação da heterose.

Também reproduzem os animais puros.

Rebanhos Comerciais (100%) : utilizam o material genético dos estratos


anteriores, produzindo através de um cruzamento terminal, um produto que
atenda as exigências do mercado.

Esta estrutura limita uma especialização que têm por objetivo otimizar ou
elevar a produtividade da suinocultura como um todo.

7.4. Seleção:

Obviamente nesta estrutura a etapa mais importante refere-se aos rebanhos


de seleção, ou aos trabalhos de seleção, uma vez que as etapas posteriores apenas
desfrutam dos investimentos realizados na seleção.

O primeiro passo refere-se à definição do objetivo a ser buscado, tendo em


vista o caráter de longo prazo.

153
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Também é imprescindível a existência de instalações adequadas para a


testagem; um bom programa nutricional e de manejo; um rigoroso esquema
sanitário;etc.
Tabela 33: Taxas de Seleção Recomendadas de acordo com o Rebanho

Rebanho Taxa de Reposição Anual (%) Nº. de Partos por


Fêmea no Rebanho
Machos Fêmeas

De Seleção 200 100 2

De Multiplicação 100 50 4

Comercial 100 30 a 40 5

7.5. Características a Selecionar:

Depende dos seguintes fatores:

Valor econômico da característica de acordo com o mercado;

Objetivo final do programa;

Conhecimento dos parâmetros fenotípicos e genéticos da população


(herdabilidade, correlações genéticas, heterose).

Precisão na medida do caráter do animal.

O ótimo em um sistema de produção de leitões é:

- Aumento do no de leitões desmamados por porca;

- Redução da quantidade de alimento consumido por


animal;

- Rápido crescimento dos suínos terminados;

- Melhoria da qualidade da carcaça.

É praticamente impossível desenvolver um processo de seleção visando


todas as características de interesse econômico.

Cada programa deverá atender a uma necessidade delimitada.

154
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Quanto maior o no de características envolvidas, no processo de seleção,


menor será o progresso genético individual de cada uma delas.

Algumas características de interesse econômico:

Característica Estimativa de h2 (%)

Comprimento do corpo 40-60

Comprimento das pernas 60-75

No. de vértebras 70-75

Espessura de toucinho 40-60

Rendimento de pernil 50-60

Rendimento de paleta 40-50

No. de tetas 20-40

No. de leitões nascidos 05-15

No de leitões desmamados 05-12

Peso da leitegada à desmama 15- 20

Peso do animal dos 5 aos 6 meses 20-30

Taxa de crescimento pós-desmama 25-40

Economia de ganho 30-50

A seleção pode ser feita pela genealogia, pela conformação, pelo


desempenho e pela progênie.

Seleção por genealogia: consiste em diferenciar animais através do nome


de seus antecedentes, os quais são fornecidos pelo serviço de Registro
Genealógico e constam no registro dos animais puros de origem.
Defeito - só é válido se constar dados de desempenho.

155
Disciplina de Suinocultura UFRPE

a) Seleção pela conformação: consiste em visualizar o exterior do


animal procurando-se indivíduos com qualidades desejáveis para a
formação do plantel. Deve-se evitar animais com defeitos
zootécnicos, tais como atresia anal, hérnias, hermafroditismo,
problemas de aprumos e do aparelho mamário.
Esse método pode atrasar o processo de melhoramento
principalmente quando a característica fenotípica tem baixa relação
com desempenho.
As principais características de conformação para seleção são:
aprumos, números de tetas, aparelho genital, harmonia das formas e
desenvolvimento correto das partes do corpo de maior interesse
econômico (pernil, peito no chester).

b) Seleção pelo desempenho: escolha de reprodutores com base nos


dados de produção. Dados de desempenho obtidos nas ETRS ou nas
próprias granjas.

7.6. Parâmetros Genéticos:

Nem sempre é possível conhecer os parâmetros genéticos da população


envolvida, por isso utilizamos as médias destes parâmetros que mais se
aproximam da população.

Os desvios padrões e herdabilidades e também as correlações fenotípicas e


genéticas são parâmetros básicos para o trabalho de seleção.

O desvio padrão fenotípico descreve a variação normalmente encontrada


numa população.

Quanto maior for o desvio padrão, maior poderá ser o ganho esperado,
dependendo da intensidade de seleção e da herdabilidade da característica.

As correlações genéticas representam associação hereditária entre as


características.

Enquanto as correlações fenotípicas incluem os efeitos do meio.

156
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Tabela 34: Características de Interesse para o Melhoramento Genético:

CARACTERÍSTICAS h² aproximada * Heterose **

Produtividade da Porca

Idade à Puberdade Média Alta

Taxa de Concepção Baixa Alta

Tamanho da Leitegada (nascidos Baixa Alta


vivos e desmamados)

Intervalo Parição -Cobrição Fértil Baixa Alta

Longevidade ? Alta

Viabilidade dos Leitões

Vigor Baixa Alta

Resistência a Doenças Alta ?

Taxa de Crescimento Média Média

Eficiência de Conversão Alimentar Média Baixa

Taxa de Ganho em Carne Magra Média Média

Consumo Diário Média Média

Qualidade da Carcaça

Percentagem de Gordura Alta Baixa

Relação: Gordura/Carne Magra ? Baixa

Coloração de Carne e Qualidade ? Baixa

Qualidade da Gordura ? Baixa

? Não Identificado

• Herdabilidade – Baixa: 0 a 15%; Média: de 15 a 35%; Alta: acima de 35%.

** Heterose: – Baixa-> 0 – 3%; Média-> 4 – 6%; Alta-> acima de 6%.

157
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7.7. Resposta a Seleção:

A resposta à seleção pode ser representada pela seguinte fórmula:

R = i x δp x h²

Onde:

R = resposta à seleção.

i = intensidade de seleção.

δp = desvio padrão fenotípico da característica.

h² = herdabilidade da característica.

Tabela 35: Percentagem da População Selecionada e Intensidade de Seleção


(Desvio Padrão)

% de Animais Intensidade de % de Animais Intensidade de


Selecionados Seleção (i) Selecionados Seleção (%)

1 2,67 15 1,55

2 2,42 20 1,40

3 2,27 25 1,27

4 2,15 30 1,16

5 2,06 35 1,06

6 1,99 40 0,97

7 1,92 45 0,88

8 1,86 50 0,80

9 1,80 55 0,72

10 1,76 60 0,64

Diminuindo-se a percentagem e aumentando-se o número de animais a


serem eliminados, em função do tamanho da população, fixando-se um número
de animais para reposição, aumenta-se a intensidade de seleção.

158
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Tabela 36: Amplitude de Desvio Padrão Fenotípico e Herdabilidade de Algumas


Características Selecionadas em Suínos.

CARACTERÍSTICAS DESVIO PADRÃO HERDABILIDADE


FENOTÍPICO (h²)

Tamanho da Leitegada ao 2a3 0,05 a 0,15


Nascer (Nº)

Tamanho da Leitegada a 2a3 0,05 a 0,10


Desmama (Nº)

Ganho de Peso Diário (g) 60 a 90 0,30 a 0,45

Conversão Alimentar (1: ) 0,20 a 0,25 0,30 a 0,45

Espessura de Toucinho (mm) 2a4 0,40 a 0,70

Área de Olho de Lombo (cm²) 4a5 0,35 a 0,50

7.8. Métodos de Seleção:

Os métodos de seleção desenvolvem-se de forma crescente e ordenada.


Pela genealogia conhece-se a ascendência, pela conformação e desempenho
busca-se o mérito do indivíduo e pela progênie o reprodutor deverá provar a sua
qualidade de transmitir as boas características à sua prole

A seleção das várias características de rendimento econômico podem ser


praticadas de três maneiras distintas.

TANDEM

Seleciona-se uma característica de cada vez, mudando de uma para outra


quando atingir o objetivo pré determinado.

NÍVEIS INDEPENDENTES

A seleção é feita simultaneamente para todas as características de


interesse, estabelecendo-se níveis mínimos para cada uma, selecionando-se
apenas os indivíduos que atingiram todos os mínimos estabelecidos.

159
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ÍNDICE DE SELEÇÃO

Podem ser obtidos a partir de diversos grupos de animais, sendo


interessante optar por lotes de animais contemporâneos e por raça. Deve-se
considerar o valor econômico de cada característica, bem como as variações
genéticas, fenotípicas e o grau de relação ou dependência entre elas.

Para suínos usa-se muito E.T., G.P. e C. A. na composição do índice de


seleção.

Todas as características de interesse são reunidas em uma expressão


matemática que dá origem à um índice. Levando-se em consideração as
herdabilidades, correlações genéticas e fenotípicas e os pesos econ6omicos de
cada característica.

Ex. A: I = 100+0,25 (GPD-GPDmédio) – 30 (CA-CAmédia) – 40 (ET-


ETmédia)

Ex. B: I = 100+0,3 (GPD-GPDmédio) – 40 (ET-ETmédia)

O primeiro é recomendado para as estações de teste de performance ETRS


e o segundo para testes na granja.

Outro índice foi elaborado pela EMBRAPA/Concórdia para a seleção de


suínos Landrace testados nas estações de Avaliações de Suínos EAS(Progênie)
chegando-se ao seguinte índice: I = 0,365 GP – 9,89 CA – 82,2 ET.
Tabela 37: Exemplo de aplicação da fórmula da Embrapa para classificação de
suínos.

No do animal Ganho de peso C.A. E.T Índices


Ordem

1 889 2,69 2,26 112,11 2o

2 960 2,52 2,67 106,00 3o

3 914 2,69 2,69 85,88 4o

4 841 2,70 2,37 85,44 5o

5 912 2,57 2,27 120,87 1o

160
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7.9.- Categorias de Seleção:

A seleção pode ser individual familiar e dentro da família.

SELEÇÃO INDIVIDUAL :

Os indivíduos são selecionados com base em seus próprios valores


fenotípicos, é também conhecida como seleção massal ou Zootécnica, é a que
produz as respostas mais rápidas. Utiliza-se sempre características de média a
alta herdabilidade.

Ex.: espessura de toucinho, comprimento de carcaça.

SELEÇÃO FAMILIAR :

Famílias inteiras são selecionadas ou rejeitadas, de acordo com o valor


fenotípico médio de cada uma, valores individuais contribuem para determinar a
média da família.

É utilizada normalmente para as características de baixa herdabilidade.

Ex.: tamanho de leitegada.

SELEÇÃO DENTRO DE FAMÍLIA :

Neste tipo de seleção o critério é o desvio padrão de cada indivíduo em


relação a média da família. Seleciona-se portanto os indivíduos com melhores
performances ou desempenhos.

Seu uso é recomendado quando existe um grande fator de variação


ambiental.

Ex.: crescimento pós desmama.

161
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7.10. Manejo Genético

Ao implantarmos um programa de melhoramento genético, estaremos


conduzindo os critérios definidos previamente, porém é conveniente ressaltar
alguns aspectos importantes a título de fixação, quais sejam:

A – Seleção Zootécnica : consiste na escolha dos reprodutores pelo seu


aspecto exterior, visando sempre as características produtivas do animal, como
por ex.: comprimento do lombo, pernil largo e bem desenvolvido, espessura de
toucinho, ausência de papada. Eliminação dos defeitos hereditários.

B – Seleção Genealógica : através da análise dos registros dos


reprodutores para a confrontação de características, é importante porém deixa
muito a desejar devido as informações empíricas.

C - Seleção Funcional : é aquele que visa uma alta produtividade


independente de raça; vai depender da função desejada, no de leitões nascidos,
velocidade de ganho, conversão alimentar; é feita através de testes de progênie
(leitegada certificada) realizadas nas estações de avaliação de suínos (EAS).

O USO DA CONSANGÜINIDADE:

A consangüinidade nos suínos têm como finalidade a reprodução de


indivíduos de grau de parentesco próximos como meio de exaltar suas
qualidades, como por ex.: a rusticidade, fertilidade, produção de carne, etc.
Normalmente é feita com o objetivo de se criar linhagens dentro de uma raça.

Ex.:Linhagem Fêmea: habilidade materna, prolificidade, no de tetas, bons


aprumos, etc. Linhagem Macho: comprimento do lombo, área de lombo, pernil,
precocidade, etc.

TIPOS DE CONSANGÜNIDADE:

A – Consangüinidade Estreita Ou In-breeding : é a consangüinidade de 1o


e 2o grau, também chamada de incestuosa (pai e filha, mãe e filho, ou irmão e
irmã), exalta tanto as características positivas como negativas.

B – Consangüinidade Colateral : é a consangüinidade de 3o ou 4o grau,


feita entre tios ou entre primos.

C - Consangüinidade Larga Ou Line-Breeding : é aquela que utiliza


parentes afastados de 4o até o 10o grau.

D – Refrescamento de sangue ou Inter-breeding : é aquela que utiliza uma


linhagem diferente dentro de uma mesma raça.

162
Disciplina de Suinocultura UFRPE

7.11. Escolha de Reprodutores:

A tarefa de escolher animais para os futuros reprodutores, deve ter os


seguintes objetivos: obter plantel de alta qualidade para produção de animais
excelentes, com maior produtividade, menor mortalidade, produzir a menor
custo, conseguir a maior lucratividade.

a) Características reprodutivas

 apresentam baixa variância genética aditiva, por isso, são de baixa


herdabilidade, sendo pouco transmissíveis de pais para filhos, por
outro lado elas podem ser melhoradas por meio de efeitos não
aditivos dos genes, como a dominância e a sobre-dominância, que se
manifestam nos cruzamentos.

 tamanho e peso da leitegada ao nascer, aos 21 dias e ao desmame.

 número de leitões vendidos por porca por ano.

 idade das fêmeas à 1ª parição.

 mortalidade dos leitões.

 intervalo entre parto e acasalamento fértil ou intervalos entre partos.

b) Características de desempenho

 apresentam alta herdabilidade

 ganho de peso diário

 eficiência ou conversão alimentar

c) Características de carcaça

 apresentam maiores herdabilidades

 comprimento de carcaça

 espessura de toucinho

 área do olho do pernil

 qualidade da carne

 relação carne/gordura

163
Disciplina de Suinocultura UFRPE

 Existem correlações positivas entre espessura de toucinho com


comprimento de carcaça, área do olho do lombo e relação
carne/gordura.

d) Características de conformação

 não se sabe muito sobre sua herdabilidade, algumas são de alta


herdabilidade e outras de baixa. Deve-se portanto evitar animais com
defeitos zootécnicos: atresia anal, hérnia, hermafroditismo, problemas
de aprumos e problemas no aparelho mamário.

 As características de conformação mais importantes são: aprumos,


número de tetas e aparelho genital.

e) que se espera dos Reprodutores :

 Da fêmea apresentar 1º cio até 6 meses de idade e conceber até o 3º


cio.

 apresentar bom desempenho (ganho em peso, conversão alimentar) e


baixa espessura de toucinho até 100Kg de peso.

 apresentar boa conformação, especialmente em aprumos, n.º de tetas e


aparelho genital.

 apresentar alta produtividade (número de leitões terminados por porca


por ano).

 apresentar alta capacidade leiteira para proporcionar aos leitões um


desenvolvimento desejado.

Do macho:

 apresentar boa conformação.

 apresentar alta concentração e viabilidade espermática

164
Disciplina de Suinocultura UFRPE

VIII – CRUZAMENTO EM SUÍNOS:


O Cruzamento em suínos adquire cada vez maior importância, pois o
número de criadores que adotam essa prática, ou se beneficiam dela, através do
uso de linhagens comerciais obtidas por cruzamentos é muito grande.

Cruzamento é o acasalamento entre reprodutores suínos de tipos diferentes


visando, através da exaltação de heterose, a obtenção de uma melhoria em
caracteres de produção.

A exploração da heterose conduz à melhoria dos caracteres de baixa e


média herdabilidade, sem produzir resultado positivo quanto aos de alta
herdabilidade.

Os cruzamentos podem ser programados e não programados. Os não


programados são realizados por produtores sem critérios técnicos bem definidos.
Nos cruzamentos programados, parte-se de indivíduos ou grupo de indivíduos
com caracteres mais ou menos conhecidos e se estabelece um objetivo a ser
perseguido. Geralmente, são usadas as linhas ou raças de fêmeas que ressaltam
bons caracteres de baixa herdabilidade e linhas ou raças de machos com
caracteres de média ou alta herdabilidade.

As principais raças utilizadas em programas de cruzamento são: Landrace,


Large White, e Duroc, sendo secundariamente a Hampshire, Wessex, Tam
Worth. O Pietran é uma raça que está sendo muito procurada hoje devido a sua
característica de carcaça magra.

Legenda das principais raças: Para facilitar a exemplificação dos


cruzamentos, adota-se abreviar o nome das raças,conforme segue:

LD – Landrace

LW – Large White

D – Duroc

H – Hampshire

W – Wessex

T – Tam Worth

PC – Polland China

P – Pietran

165
Disciplina de Suinocultura UFRPE

As características de baixa herdabilidade estão ligadas à mãe, média à


estrutura e alta à carcaça.

Programas de cruzamento devem ser voltados para o melhoramento das


características de baixa herdabilidade.

Em características de alta herdabilidade é impossível obter melhoramento


quando se usa cruzamento.

Os melhores resultados em cruzamentos são obtidos com o uso de fêmeas


já cruzadas. A fêmea cruzada consegue produzir mais individualmente, além da
produção das fêmeas puras.

Características das raças a serem utilizadas:

Large White e Duroc → Maior ganho de peso.

Pietran, Hampshire e Landrace → Menor espessura de toucinho e maior


área de olho de lombo, rendimento de carcaça.

Wessex → Maior habilidade materna.

Landrace, Large White e Wessex → Maior prolificidade ( de 11 a 13


leitões por leitegada).

Ganhos genéticos dos cruzamentos (vantagens):

Aproveitar as vantagens da heterose na progênie, na mãe ou no pai ou em


ambos.

Aproveitar os defeitos de complementação de duas ou mais raças


superiores para crescimento e qualidade de carcaça, com animais superiores em
características reprodutivas.

166
Disciplina de Suinocultura UFRPE

8.1. Sistemas Estáticos de Cruzamentos

O sistema estático de cruzamento, como o nome já diz, refere-se àquele


tipo de cruzamento em que a progênie é toda comercializada para o abate.

Machos e fêmeas de reposição devem ser produzidos no próprio plantel


(dificuldade de manejo), ou serem adquiridos de produtores especializados, ou
então a utilização da técnica de Inseminação Artificial.

O sistema Estático pode ser feito com duas, três ou quatro raças,
dependendo dos objetivos almejados, e da disponibilidade de instalações e mão
de obra.

Por convenção, na montagem de um sistema da cruzamento, o macho fica


posicionado do lado esquerdo do esquema , para facilitar o entendimento.

8.1.2. Duas Raças:

Consiste em utilizar as características produtivas do macho e da fêmea,


somente uma vez pois é um sistema de simples execução em que se utiliza 100%
da heterose na progênie.
Deve-se buscar a complementariedade entre as raças.

Ex.: MACHO FÊMEA MACHO FÊMEA


LW X LD P X LW
OU OU

LW X W D X LD
OU OU

D X W LD X H

Deste tipo de cruzamento espera-se, leitegadas maiores, mais pesadas ao


desmame com melhor ganho de peso pós desmame

167
Disciplina de Suinocultura UFRPE

8.1.3. Retrocruzamento:

Fêmeas cruzadas A X B são acasaladas com machos de uma das raças do


genótipo da fêmea (A ou B), é um sistema simples que utiliza 100% da heterose
materna e no máximo 50% da heterose na prole.

Ex.: LW X LD

LW X ½ LW;LD

Espera-se deste sistema, leitegadas maiores ao desmame.


Os ganhos serão maiores quanto maior for a perfeição do reprodutor na progênie
comercial em características de desempenho e de carcaça.

8.1.4. Três raças, Tríplices ou “Tree-cross”:

Fêmeas cruzadas A X B denominadas F1, ou híbridas comerciais, são


acasaladas com machos de uma terceira raça C, geralmente de excelente carcaça,
uma vez que genes para características produtivas e de crescimento, estariam
concentradas na mãe.

Ex.: LW X H OU LW X LD

abate dos machos e Fêmeas de descarte

na sequência

LD X ½ LW; H D X ½ LW; LD

abate de toda a prole abate de toda a prole

Este sistema aproveita 100% de heterose materna e individual.

Espera-se dele leitegadas maiores e mais pesadas ao desmame, bem como


maior precocidade sexual e produtividade por um período de utilização das
fêmeas no plantel em comparação com fêmeas de raça pura.

Segundo Lush o cruzamento tríplice resulta num ganho de produtividade


em torno de 10% sobre as raças puras além de ter outras vantagens:

168
Disciplina de Suinocultura UFRPE

permite aproveitar as fêmeas mestiças (mais produtivas e menos


problemáticas que as puras)

os machos e somente as fêmeas de descarte vão para o abate

8.1.5. Cruzamento entre Quatro Raças:

Fêmeas cruzadas de duas raças (A X B) com machos de outras duas raças


(C X D)

As vantagens são semelhantes ao estático de três raças, com a vantagem


que permite utilizar também a heterose paterna, refletindo-se em maiores taxas
de concepção, melhor qualidade e quantidade de esperma e libido. Também
mantém a percentagem máxima possível da heterose paterna, materna e no leitão.

Ex.1: D X LW LD X W ou H

Abate das Fêmeas e Abate dos machos e

dos machos descartados das fêmeas descartadas

½ D; LW X ½ LD; W ou H

ABATE DE MACHOS E FÊMEAS

Ex. 2: D X LW P X LD

Abate das Fêmeas e Abate dos machos e dos


machos descartados das fêmeas descartadas

½ D; LW X ½ P; D

ABATE DE MACHOS E FÊMEAS

169
Disciplina de Suinocultura UFRPE

8.2. Sistemas Contínuos de Cruzamento

São menos dependentes da compra de material genético de outros


produtores, uma vez que aproveitam as fêmeas da geração precedente,
precisando introduzir apenas os machos a cada nova geração.

Não permitem explorar ao máximo a heterose e efeitos complementares de


raças pura.

8.2.1. Cruzamento Alternado com Duas Raças:

Utiliza machos de 2 raças A e B, alternadamente a cada geração.

As fêmeas são sempre cruzadas com o macho da raça em que estão menos
relacionadas.

Os animais comercializados serão os machos e as fêmeas de descarte.

Este sistema atinge um equilíbrio ao redor de 2/3 da heterose materna após


a 6 ou 7a geração.
a

As fêmeas são geradas no próprio plantel e os machos adquiridos de outras


granjas.

Ex.: LD ( produtividade) D X LD

D ( rusticidade)

D X 50% D; LD

LD X 75% D; 25% LD

D X 62,5% LD; 37,5% D

LD X 68,75%; 31,25% LD

(e assim sucessivamente )

170
Disciplina de Suinocultura UFRPE

8.2.2. Cruzamento Contínuo ou Absorvente :

É aquele que utiliza todas as gerações sempre com um reprodutor da


mesma raça, tendo como objetivo absorver uma raça por outra de maior valor.
Parte-se de uma população indefinida, utilizando-se machos de uma só raça, em
uma sucessão de acasalamentos até que os caracteres da raça elegida sejam
predominantes na população.

Ex.: D X SRD

D X ½ D; SRD F1 = 50% D; 50% SRD

D X ¾ D; ¼ SRD F2 = 75% D; 25% SRD

D X 7/8 D; 1/8 SRD F3 = 87,5% D; 12,5 SRD

D X 5/16 D; 1/16 SRD F4 = 93,75% D; 6,26% SRD

D X 31/32 D; 1/32 SRD F5= 96,875% D; 3,125% SRD

CONSIDERADO PURO POR CRUZA

8.2.3. Cruzamento Rotacional:

Envolve o cruzamento de machos de diferentes raças (3 ou mais),


acasalados com fêmeas cruzadas, selecionadas do próprio plantel.

Este sistema apresenta algumas dificuldades de manejo porém permite


corrigir algumas deficiências por meio de uma terceira ou quarta raça o que não é
possível corrigir no sistema anterior.

171
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Ex.1: LW X LD

H X 50% LW; LD ou ½ sangue

LW X 50% H; 25% LW; 25% LD ou 2/4; 1/4; 1/4

LD X 62,5% LW; 12,5% LD; 25% H ou 5/8; 1/8; 2/8

H X 56,25% LD; 31,25% LW; 12,5% H ou 13/16; 2/16; 1/16

(e assim sucessivamente)

Ex.2: LW X W

LD X 50% LW; W ou ½ sangue

LW X 50% LD; 25% LW; 25% W ou 2/4; 1/4; 1/4

W X 62,5% LW; 12,5% W; 25% LD ou 5/8; 1/8; 2/8

LD X 56,25% W; 31,25% LW; 12,5% LD ou 13/16; 2/16; 1/16

(e assim sucessivamente)

172
Disciplina de Suinocultura UFRPE

8.3. Hibridação:

Muito se tem falado dos híbridos comerciais, sabe-se das diversas


aplicações do termo hibridação, porém convém salientar que sua aplicação no
dia-dia é fruto da facilidade e comodidade de mais fácil explicar o que se quer
dizer, sobre o mecanismo de cruzamento utilizado em Produção Animal, tendo
portanto as seguintes conotações:

Híbrido - Zoologicamente - produto infértil do acasalamento entre


indivíduos de 2 espécies diferentes.

Híbrido - Geneticamente - produto do cruzamento de 2 raças dentro de


uma mesma espécie (fértil).

Híbrido - Zootecnicamente - caracteriza o produto de cruzamentos


programados entre linhas, podendo estas ser buscada dentro de uma ou várias
raças.

Os programas de hibridação, em função da impossibilidade de reunir no


mesmo indivíduo ou grupo de indivíduos homogêneos a exaltação de todos os
caracteres de produção, utilizam o seguinte esquema básico:

1. pressão de seleção sobre os caracteres de baixa herdabilidade


objetivando a obtenção de linhas mães básicas.

2. pressão de seleção sobre os caracteres de baixa e média herdabilidade


objetivando-se a obtenção de linhas que entrarão na composição das
mães híbridas.

3. pressão de seleção sobre os caracteres de média e alta herdabilidade


objetivando a obtenção de linhas que atuarão para a produção do
produto híbrido final.

Todos os processos de hibridação começam na seleção de raças puras, com


a utilização contínua dos métodos de avaliação, visando obter linhas uniformes e
linhagens homozigóticas e não consanguíneas, uma em relação às demais.

Requer grande população, tempo considerável (mínimo 10 anos),


investimento maciço e uma fase de estudo de combinação entre linhagens, de
definição de cruzamentos e de produção.

173
Disciplina de Suinocultura UFRPE

IX - REGISTRO GENEALÓGICO BRASILEIRO.


A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), foi fundada em
1955 e é responsável pelo registro no livro de registro das raças suínas no Brasil
Pig Book Brasileiro (PPB), por delegação do Ministério da Agricultura,
permitindo com isso que seja realizada a seleção por genealogia na espécie suína,
para isso são requeridos os seguintes procedimentos:

a) Inspeções zootécnicas na granja

a.1. inspeção aos 21 dias - Pesagem, mossagem, nº de tetas e n.º de


animais.

a.2. inspeção dos 90 aos 120 dias – Ao atingirem a faixa etária dos 90 aos
120 dias, os animais são submetidos a uma rigorosa seleção, seguindo-se
as Normas de Exterior da Associação Brasileira de Criadores de Suínos,
publicações de no 7, 8 e 9, descritas no item “julgamentos”.

Nesta seleção o suíno que apresentar uma falha desclassificante é


considerado não apto à reprodução, devendo ser destinado ao abate. Todo suíno
que não apresentar defeito desclassificante, é considerado apto à reprodução,
recebendo Atestado de Inspeção e Registro de Origem Inspecionado.Este
trabalho, realizado nas duas fases expostas, obrigatórias para a granja estar
realmente inscrita no Registro de Produção, permite o total controle dos animais
criados, garantindo aos mesmos sua integridade zootécnica para inscrição no Pig
Book Genealógico Brasileiro.

b) Quanto aos registros, existem 3 tipos de registros:

b.1. registro de origem.

b.1.1. não inspecionado - o produtor comunica as cobrições até 60 dias


após, comunica os nascimentos até 45 dias após e pede registro.

b.1.2. inspecionado - idem ao não inspecionado, e o produtor marca os


leitões ao nascer e solicita a inspeção da leitegada ao desmame.

b.2. Registro de produção - avalia-se machos e fêmeas e exige-se


produtividade e produção mínimas.

b.3. Registro de certificação - certifica-se machos e fêmeas pela progênie.

174
Disciplina de Suinocultura UFRPE

9.1. Teste de Desempenho de Suínos:


Avalia o reprodutor suíno segundo testes realizados nas E.T.R.S.,
baseando-se na idade aos 100Kg de peso, ganho de peso diário, conversão
alimentar, espessura de toucinho e área de olho de lombo.

Regulamento das Estações para Testes de Reprodutores Suínos

Capítulo I

Da Natureza e da Finalidade

Art. 1o - As Estações para Teste de reprodutores Suínos (ETRS),


subordinadas tecnicamente à Associação Brasileira de Criadores de Suínos
(ABCS) e administrativamente às entidades a que pertencem, têm como
finalidade avaliar o desempenho em relação ao ganho diário, conversão
alimentar e espessura média de toucinho.

Capítulo II

Da Direção e Suas Atribuições

Art. 2o - As ETRS terão encarregados, escolhidos dentre Engenheiro


Agrônomo, Médico-Veterinário ou Zootecnista, designados pelos dirigentes das
entidades a que pertencem.

Art. 3o - Aos Encarregados das ETRS, compete:


I - Administrar as ETRS;
II - Proceder a identificação dos animais e distribuição das celas
aos
mesmos destinados;
III - Controlar a distribuição das rações , bem como a pesagem
das sobras, para efeito de cálculo de consumo;
IV - Proceder à pesagem e observação dos animais em teste;
V - Proceder à eliminação dos animais, na forma do artigo 14,
enviando-os para abate;
VI - Exercer outras atividades que, por força deste Regimento,
sejam de sua competência ou que venham a ser atribuídas pela
ABCS.

175
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Parágrafo Único – Os trabalhos das ETRS serão supervisionados pelo


Diretor Técnico das ABCS e/ ou Associações a que pertençam.
Capítulo III

Da Inscrição

Art. 4o - As Inscrições para teste de reprodutores suínos serão feitas a


pedido dos criadores interessados, junto às entidades filiadas à ABCS, a que
sejam associados, observadas as seguintes condições:

I - Serem os leitões provenientes de estabelecimento inscrito no


Registro de Produção da ABCS;
II - Estarem em condição de receber este Registro;
III - Não apresentarem defeitos desclassificantes, de acordo com
o
Regulamento e Normas de Exterior do Pig Book Brasileiro;
IV - Serem provenientes de plantéis:
a) com atestado de sanidade;
b) com teste negativo para brucelose, leptospirose e tuberculose;
c) vacinados contra peste suína.

Art. 5o - Os suínos a serem testados deverão enquadrar-se nos seguintes


critérios:
I - Idade máxima: 70 dias
II - Peso máximo: 25 kg
III - Peso mínimo: 18 kg

Art. 6o - O criador, ao fazer a inscrição a que se refere o artigo 4o , deverá


declarar expressamente que se submete às condições deste regulamento e que
concorda com o abate dos animais de sua propriedade, no caso de recusa na
forma do Capítulo VI.

Art. 7o - Caberá aos criadores, assessorados pelo Inspetor de Registro


e/ou técnicos credenciados, indicar os animais a serem testados.

Capítulo IV

Da Identificação dos Animais

Art. 8o - Ao serem recebidos nas ETRS, os animais serão identificados,


pesados, submetidos a banho parasiticida, everminados e vacinados contra Peste
Suína.

176
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Parágrafo Único – Após a identificação, e considerados aptos, os animais


serão colocados em celas individuais, numeradas e providas com bebedouros
automáticos.

Capítulo V

Dos Testes

Art. 9o - O teste será iniciado quando o animal atingir 30 kg e concluído


quando o mesmo atingir 100 kg ou 180 dias.

Art. 10o - O arraçoamento dos animais será efetuado à vontade, em


cochos automáticos, com ração seca, observando-se os seguintes critérios:
I - Ração de crescimento I, do recebimento do animal até
atingir 60 quilos;
II - Ração de crescimento II, dos 60 quilos até atingir 100 quilos
ou 180 dias.

Parágrafo Único - Os níveis de nutrientes das rações serão estabelecidos


pelo Conselho Técnico da ABCS, homologados pelo Ministério da Agricultura e
padronizadas para todo o país.

Art. 11o - Da entrada até o final dos testes, será procedida:


I - Pesagem dos animais e da ração a ser consumida semanalmen-
te, às quartas-feiras;
II - Observação semanal, de defeitos desclassificantes que possam
surgir;
III - Recolhimento diário das sobras de rações, para verificação e
Cálculo de consumo.

Art. 12o - Ao final do teste serão feitas, pelos Encarregados das ETRS, as
seguintes apreciações individuais com correção para 100 kg, quando for o caso:
I - Espessura do toucinho (média das três medidas);
II - Cálculo de conversão alimentar no período do teste;
III - Cálculo do ganho diário no período do teste;
IV - Idade do animal ao final do teste;
V - Exame exterior do animal, objetivando a caracterizá-lo como
satisfatório ou não para o registro;
VI - Exame do animal quanto ao aspecto zootécnico, sanitário e
morfológico externo do aparelho reprodutor;
VII - Aplicação do padrão de seleção estabelecidos pelo Conselho
Técnico da ABCS.

177
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Parágrafo 1o - Os testes a que se referem os itens V a VII serão


realizados em conjunto com o Diretor Técnico ou técnico credenciado.
Parágrafo 2o - Os animais aprovados receberão um atestado padronizado
com o resultado do teste.

Artigo 13 - Ao final de cada teste, será observado um período de 7 (sete)


dias para limpeza e desinfecção das instalações.

Parágrafo Único - Reaberta a Estação, o prazo para recebimento de novo


lote a ser testado será de 21 (vinte e um) dias.

Capítulo VI

Da Eliminação dos Animais em Teste

Art. 14 - Serão eliminados os animais que:


I - Não atingirem 100 kg ou padrão de seleção, aos 180 (cento e
oitenta) dias;
II - Durante o teste sofrerem acidentes que os prejudiquem defini-
tivamente para a reprodução;
III - Forem reprovados na apreciação de exterior;
IV - Apresentarem problemas sanitários que justifiquem a sua
elimi-
nação;
V - Forem reprovados no exame externo do aparelho reprodutor.

Art. 15 - Os animais eliminados serão vendidos para abate e o produto da


venda será creditado à conta dos respectivos proprietários, deduzindo-se as
despesas efetuadas durante o teste.

Capítulo VII

Das Disposições Gerais

Art. 16 - Os leitões serão remetidos à ETRS e retirados das mesmas, por


conta e risco dos respectivos proprietários.

Art. 17 - Ao final dos testes os suínos aprovados serão retirados pelos


seus proprietários, mediante o pagamento dos respectivos custos.

178
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Parágrafo Único – As bases de cálculo para os custos dos testes serão


fixadas pela ETRS e aprovadas pelo Conselho Administrativo da ABCS.

Art. 18 - Nenhum direito a indenização caberá aos proprietários no caso


de eliminação por desclassificação, acidente, doença ou morte de qualquer
animal, desde a saída da propriedade até o final do teste.

Art. 19 - Ao final de cada teste a entidade filiada fará a publicação dos


resultados obtidos no respectivo lote, remetendo os mesmos à ABCS, e esta ao
Ministério da Agricultura.

Art. 20 - As atividades constantes desse Regulamento somente poderão


ser exercidas pelas Associações Estaduais, detentoras de delegação outorgada
pela ABCS, tendo em vista o disposto na Portaria Ministerial no 56 de 22 de
fevereiro de 1974.
Art. 21 - As ETRS serão construídas de acordo com as normas
pertinentes aprovadas pelo Departamento Nacional de Produção Animal, do
Ministério da Agricultura, devendo os respectivos projetos serem aprovados pelo
Conselho Técnico da ABCS.

Art. 22 - Os casos omissos neste Regulamento serão resolvidos pelo


Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Animal, ouvida a ABCS.

Aprovado pelo Conselho Técnico da ABCS em 16/08/77Teste de progênie


– é uma forma de melhoramento que seleciona reprodutores suínos baseado no
mérito de sua descendência. É a avaliação de hereditariedade do indivíduo pela
sua prole. É realizado na E.A.S. (Estações de Avaliação de Suínos) em desuso no
Brasil.

Vantagens: permite selecionar com maior eficiência características de


baixa herdabilidade, possibilita selecionar através de características transmitidas
pelo macho (capacidade leiteira, habilidade materna e capacidade reprodutiva
das fêmeas), proporciona condições para que sejam identificados machos
portadores de genes recessivos indesejáveis (hérnia, tetos invertidos, etc.), é um
teste que em igualdade de condições confere maior segurança aos resultados
obtidos.

Desvantagens: atrasa a seleção do próprio reprodutor, o custo do teste de


progênie é muito elevado, é um processo moroso, é dispensável para
características de alta herdabilidade.

179
Disciplina de Suinocultura UFRPE

X – NUTRIÇÃO DOS SUÍNOS E MANEJO


ALIMENTAR
A Tecnologia avançada contribui nas muitas fases da criação moderna.
Isso fica mais evidente na nutrição à medida que a formulação das dietas
sintéticas se torna mais precisa e econômica. Para facilitar a determinação das
exigências nutricionais, os suínos são classificados em varias faixas de peso e
idade. Leitões, do nascimento ao desmame, leitões pós-desmame, de 5 a 25 kg,
leitões em crescimento, dos 25 aos 60 kg e terminação, dos 60 aos 100 kg de
peso. Além delas, existem os animais em reprodução, porcas em lactação e
gestação.

Leitões - É importante que os leitões recém-nascidos recebam o colostro


nas primeiras 24 horas de vida. O colostro é a principal fonte de energia nesta
fase. Contém anticorpos, sendo necessário para o crescimento do animal e a
resistência às doenças.

Desmame Precoce Segregado – é um procedimento que visa ao controle de


doenças especificas e a melhorar o desempenho produtivo na fase de
crescimento-terminação. Os leitos são normalmente desmamados com 10 a 17
dias de idade. Devido às tocas dramáticas que ocorrem no sistema digestivo dos
suínos nesta fase (10-17 dias), um programa nutricional especializado deve ser
utilizado quando comparado com animais desmamados aos 21 ou 28 dias de
idade.

180
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Crescimento - Dietas em crescimento representam entre 20 a 25% dos


custos de alimentação em criações de ciclo completo. Os suínos nessa fase estão
no momento de maior velocidade de deposição de tecido magro. Portanto, níveis
elevados de lisina e outros aminoácidos são necessários para promover o
máximo ganho de peso (25-60 kg). A fase de crescimento usualmente tem sido
dividida em duas etapas. Dos 25 aos 40 kg e dos 40 aos 60 kg. Isso atende
melhor às exigências nutricionais dos animais. Nessa fase têm sido proposto
níveis de lisina entre 1,2 e 0,8%. A escolha do nível de lisina dependerá do
potencial de crescimento dos animais.

Terminação - As dietas de terminação representam entre 50 e 55% dos


custos de alimentação. As decisões para modificar as dietas nessa fase devem ter
como base o máximo retorno econômico. Os animais em terminação são mais
suscetíveis às trocas nas dietas que afetem o consumo de alimentos. Dessa forma,
programas de alimentação que incluam dietas de verão e inverno e sexo separado
precisam ser justificadas economicamente, e é nessa fase que devem ser
avaliados.

Gestação – Durante a gestação, é recomendada a alimentação restrita


tanto para porcas quanto para leitoas. Um programa de restrição alimentar deve
incluir apenas redução em relação à energia e não aos demais nutrientes.

Lactação – O programa para porcas em lactação deve prever o livre


acesso delas à dieta, visando maximizar a produção de leite. Uma porca
normalmente consome entre 4 a 8 kg de alimento por dia.

Machos – Os machos podem ser alimentados com dietas similares à das


porcas em gestação.

Os Nutrientes exigidos pelos suínos são: Água; Energia; Proteínas;


Minerais; Vitaminas

10.1. NUTRIENTE ÁGUA

181
Disciplina de Suinocultura UFRPE

A água é tão comum que raramente é considerada como nutriente. Mas ela
é, provavelmente, o mais essencial e mais barato de todos os nutrientes. Privando
os animais do acesso à água pode ser verificada uma redução no consumo de
alimentos, o crescimento fica limitado e a eficiência alimentar priora e, em
porcas em lactação, a produção de leite diminui.

A deficiência de água afeta muitas funções fisiológicas necessárias para o


desempenho máximo dos animais. Entre elas podem ser citadas a regulação da
temperatura corporal, o transporte de nutrientes, os processos metabólicos, a
lubrificação e a produção de leite (Kansas, 1994).

Os suínos alcançam as suas exigências de água por três fontes: a água de


consumo, a água dos alimentos (10 a 12%) e a água produzida pelos processos
de oxidação metabólica, conhecida como água metabólica. A oxidação de 1 kg
de gordura, glicídios ou proteína resulta na produção de 1190, 560 e 450 g de
água, respectivamente. As perdas de água ocorrem principalmente por meio da
urina, fezes e evaporação (respiração). As perdas de água por meio da urina são
muito variadas. Os rins regulam o volume e a composição dos fluidos corporais,
excretando maior ou menor volume de água. (Thulin & Brumm, 1991).

A quantidade de água totaliza 80% do corpo de um leitão ao nascer e cai


para aproximadamente 50% em suínos próximos do peso de abate. As exigências
de água para os suínos variam e são governadas por muitos fatores. As
necessidades de água aumentam quando os suínos têm diarréia. Alto consumo de
sal, alta temperatura ambiente, estado febril e lactação aumentam de maneira
marcante as necessidades de água (Kansas, 1994).

Segundo Brooks et al. (1984), citados por Thulin & Brumm (1991), o
consumo de alimento diário é considerado o melhor preditor individual do
consumo de água para suínos entre três e sete semanas de idade. A relação é
descrita pela equação:

Consumo de água (L/dia) = 0,149 + (3,053 x Consumo MS (kg))

Uma combinação do consumo de alimentos com o peso corporal foi


descrita pela equação:

Consumo de água (L/dia) = 0,788 + (2,23 x Cons. MS (kg)) + (0,367 x PC0,60)

Com temperaturas ao redor de 25°C os suínos em crescimento apresentam


um “turnover” diário de 120 a 130 mL/kg de peso corporal, ou ao redor de 250
mL/kg0,82, quando alimentados com dietas peletizadas, numa taxa de 4 a 5% do
peso corporal (Thulin & Brumm, 1991).

182
Disciplina de Suinocultura UFRPE

A temperatura afeta o consumo de água. Energia adicional é necessária


para líquidos quentes consumidos a temperaturas abaixo da temperatura corporal.
Porcas em lactação precisam ter livre acesso à água e suínos em lactação
precisam de água em adição ao leite das porcas (Kansas, 1994).

Águas salinas são encontradas ocasionalmente e seu uso como água de


consumo para animais têm causado constante preocupação. Os minerais mais
comumente encontrados na água do solo e de superfície são sulfatos, cloretos e
nitratos, que formam sais com o cálcio, o magnésio ou o sódio. A concentração
combinada desse minerais é denominada Sais Dissolvidos Totais (SDT). As
aplicações pesadas de fertilizantes nas culturas, a contaminação dos lençóis
freáticos com resíduos animais e severa acidez podem aumentar o potencial para
problemas de qualidade de água (Kansas, 1994).

Sulfatos

Sais de sulfatos são de especial preocupação devido aos seus efeitos


laxativos. Alguns efeitos de altos níveis de sulfatos na água de suínos são
diarréia, redução no ganho de peso e na eficiência alimentar, nervosismo, dureza
de articulações, aumento do consumo de água e diminuição do consumo de
alimentos. Pesquisadores apontam um aumento na incidência de diarréia em
leitões em crescimento consumindo água com 3000 ppm de sulfatos, mas o
ganho de peso e a eficiência alimentar não foram afetados. Esses níveis não
afetam o desempenho reprodutivo das porcas (Kansas, 1994).

Nitratos/Nitritos

Nitratos reduzem a capacidade de transporte de oxigênio do sangue pela


transformação da hemoglobina em meta-hemoglobina. A conversão de nitrato em
nitrito é necessária para que ocorra toxicidade. Pesquisadores indicam que
aproximadamente 100 ppm de nitrato são níveis geralmente seguros. Entretanto,
300 ppm de nitritos podem ser tóxicos (Kansas, 1994).

Sais Dissolvidos Totais (SDT)

183
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Para suínos, níveis moderados de contaminação de água por sulfatos ou


nitritos podem ser intensificados pela concentração de outros minerais
dissolvidos. Os sais dissolvidos totais indicam os minerais que contribuem para a
salinidade de água, tais como cloreto de sódio e sais de cálcio e magnésio.
Aproximadamente 5000 ppm parece ser o nível máximo de segurança em relação
a SDT na água de consumo para suínos, sem causar efeitos adversos no
desempenho (Kansas, 1994).

11.2.ENERGIA

A alimentação corresponde a 65% dos custos de produção de suínos. Esforços


têm sido realizados para maximizar a eficiência de utilização dos alimentos
buscando minimizar os custos de produção. Esses esforços dependem do
conhecimento da disponibilidade dos nutrientes dos alimentos e das exigências
nutricionais dos suínos nos vários estágios fisiológicos (Ewan, 1991).

O corpo necessita de energia para manter suas atividades metabólicas. Os


processos metabólicos incluem a manutenção dos sistemas que suportam a vida,
tais como, a atividade do músculo cardíaco, pulmões, atividade muscular
voluntária, renovação de células e reciclagem de tecidos. A energia também é
necessária para a síntese de tecidos de crescimento, gestação e lactação (proteína,
gordura e lactose) e para a manutenção da temperatura corporal em ambientes
frios (Whittemore & Elsey, 1977).

Os componentes da dieta que produzem energia são necessários para


diferentes propósitos. Durante os processo de oxidação biológica, eles alimentam
os processos metabólicos, resultando em produção de calor pelo animal. Se não
são óxidos, as proteínas, os glicídios e os lipídios da dieta são depositados no
corpo do animal resultando em crescimento e ganho de peso. As variáveis que
afetam ass exigências de energia são o desempenho esperado, a temperatura
ambiental, o sexo e o genótipo dos animais, entre outras (ARC, 1981;
Whittemore & Elsey, 1977). Na Tabela 1 está demonstrada a energia produzida
por 1 kg de dieta.

Tabela 38. Energia pelos componentes de 1 kg de matéria seca.


Conteúdo Digestibilidade Proporção Energia produzida
energia(kcal/kg) Aparente (%) (%) (% Total)
Glicídios
Amido 4158 90 65 66,0

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Fibra 4158 10 6 0,6


Proteína 5640 85 19 25,0
Lipídios 9393 70 5 9,0

A utilização da energia dos alimentos pelos suínos é ilustrada na Figura 4.


O calor de combustão é a quantidade máxima de energia disponível para o uso
pelo animal e é definido como energia bruta do alimento (EB). A energia bruta é
dependente das proporções de glicídios, lipídios, protídios, minerais e água dos
alimentos, sendo que minerais e água não contribuem para a produção de
energia. Glicídios dispõem de 3,7 (glicose) a 4,2 (amido) kcal/g, proteínas
contribuem com 5,6 kcal/g e lipídios com 9,4 kcal/g (Ewan, 1991).

Devido às perdas da digestão e no metabolismo, apenas parte da energia


bruta é disponível para as funções de produção. Vários sistemas têm sido
desenvolvidos para expressar o valor energético das dietas, em termos da energia
que é utilizada pelos animais (ARC, 1981).

Energia Digestível Aparente (ED)


Energia digestível é energia bruta do alimento descontada das perdas de
energia que ocorrem pelas fezes (calor de combustão do material fecal). A
energia não digestível é a principal variável na avaliação dos alimentos (Ewan,
1991). A ED é a mais simples para descrever as exigências de energia dos suínos
e o conteúdo de energia dos alimentos. Sua determinação é mais precisa (ARC,
1981).

185
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Energia Metabolizável Aparente (EMA)


A energia digestível de uma unidade de peso de alimento menos a energia
de combustão dos produtos da digestão que correspondem a urina e gases é a
EMA. Como nos suínos os produtos gasosos são usualmente considerados
insignificantes (< 0,006% consumo de energia) estes são ignorados. Em nível de
mantença, por definição, a EMA é igual a produção de calor diária.

Energia Metabolizável
Metabolizável corrigida p/retenção de N (E
(EMAn)
O valor de EMAn do alimento, determinado por dados de metabolismo, é
convencionalmente ajustado pela adição ou subtração de 7,46 kcal/g de N,
quando o animal está em balanço positivo ou negativo, respectivamente.

Exigências
Exigências de Energia dos Suínos
As exigências energéticas têm sido estimadas por métodos empíricos ou
fatoriais. Os métodos empíricos estabelecem as exigências baseados na
maximização do desempenho em resposta a variações no consumo de energia. O
método fatorial é baseado na quantidade de energia necessária para uma função
especifica e a eficiência de utilização da EM para esta função (Ewan, 1991).

Exigência de mantença
A exigência de mantença é estimada a partir de medidas da produção de
calor, seguida de períodos de jejum. A EM pode ser estimada assumindo uma
eficiência de conversão de energia para atingir a mantença (km). As medidas de
produção de calor em jejum variam com o período de jejum, com a história
nutricional prévia e com a diferença de atividade entre animais em jejum e
alimentados.

186
Disciplina de Suinocultura UFRPE

As exigências de mantença podem ser estimadas através da relação entre a


energia retida e o consumo de EM, e são calculadas como a EM consumida, que
é necessária para retenção de energia igual a zero. Entretanto, com a retenção de
energia igual a zero, os animais em crescimento continuam a depositar proteína e
mobilizar gordura (Ewan, 1991). As exigências de mantença incluem as
necessidades para todas as funções corporais e uma atividade moderada. Muitos
fatores influenciam essas exigências, entre eles a temperatura ambiental, o nível
de atividade, o tamanho do grupo, o estresse e a composição corporal, sendo
normalmente expressa com base no peso corporal metabólico (PC 0,75) (NCR,
1988). O ARC (1981) apresenta resultados de analise logarítmica de dados de
suínos entre 5 e 90 kg de peso corporal que derivam a seguinte relação para as
exigências de mantença:

172 PC 0,63 (kcal/dia)

O expoente derivado difere do expoente interespécies (0,75), mas os dados


foram contrastados com o expoente 0,75, resultando na expressão: 109 PC 0,75
(kcal/dia)

Exigências de crescimento

As exigências de energia por unidade de ganho de peso corporal serão


variáveis em função da proporção de ganho de proteína e de gordura que, por sua
vez, são dependentes do estágio de crescimento e da disponibilidade de
aminoácidos e de energia. A deposição de proteína aumenta até uma taxa
máxima que é atingida em torno de 60 kg de peso corporal e é relativamente
constante até atingir o peso de abate (100-120 kg). O consumo de energia
continua a aumentar, a partir dos 60 kg de peso corporal, até atingir o peso de
abate, sendo que uma quantidade constante de energia é necessária para manter a
deposição de proteína. A energia disponível adicional é depositada como
gordura. A quantidade máxima de deposição de proteína varia com a capacidade
genética da linhagem e com o sexo, sugerindo que as exigências de energia
também variam em função desses fatores (Ewan, 1991).

As exigências de ED para suínos em crescimento correspondem à soma


das exigências de mantença (EDMan), retenção de proteína (EDRP), retenção de
gordura (EDRG) e termogênes (EDT), sendo expressas pela seguinte equação:

ED (kcal/dia) = EDMan + EDRP + EDRG + EDT

187
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A termogênese de frio influencia a exigência de energia quando a


temperatura ambiente (oC) está abaixo da temperatura mínima crítica, na qual o
animal pode aumentar a produção de calor para manter-se aquecido. Abaixo da
temperatura crítica, o suíno precisa aumentar a sua taxa metabólica para produzir
calor a homeotermia (ARC, 1981).

O custo energético da termogênese é descrita pela equação:

EDT = 0,36PC + 23,65 (TC – T), onde:


EDT = kcal/dia

TC = Temperatura Crítica (°C)

T = Temperatura Ambiente (°C)

PC = Peso Corporal (kg)

Segundo o NRC (1988), durante o período de crescimento (25-60 kg) os


suínos necessitam de 25 g (80 kcal EM) de alimento/dia a mais para compensar
cada 1°C abaixo da temperatura crítica. Durante o período de terminação (60-100
kg) os suínos necessitam de 39 g (125 kcal EM/dia). A Tabela 2 apresenta
estimativas fatoriais de exigência de energia para crescimento.
Tabela 39. Estimativa fatorial das exigências de energia de suínos em
crescimento.

Peso Ganho de Peso Diário EM dia (kcal) EM dia


Corpora Peso Proteína Gordura Ganho Mantenç NRC
l (kg) Total (1988)
(a) (b) (c) (d) a

15 450 69 72 1650 830 2480 3090

35 700 106 143 2949 1290 4518 6200

80 820 118 253 4477 2916 7392 10185

a-Ganho Proteína = 2,0PC – 0,02PC2 + 0,2 GPD – 0,0001GPD2 – 10,8


Ganho músculo (GPD = ganho peso diário). b- Ganho gordura = (GPD – Ganho
músculo) / matéria seca tecido adiposo. c- EM ganho = ganho proteína X 10,5
kcal/g + ganho gordura X 12,8 kcal/g. d-EM mantença = 109 PC0,75.

Fonte: Adaptada de Ewan, 1991.

Conforme o NRC (1988), o consumo de energia dos suínos nas diferentes


fases de crescimento pode ser calculado com as seguintes fórmulas:

188
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1. Suínos em aleitamento

Consumo ED (kcal/dia) = 11,2 X dia – 151,7

Dia = idade em dias

2. Suínos pós-desmame

Consumo ED (kcal/dia)

PC = peso corporal (kg)

3. Suínos em crescimento e terminação

Consumo ED (kcal/dia) = 13,162 x (1 – e-0,0176PC)

Exigências para reprodutoras

De acordo com o NRC (1988), a eficiência reprodutiva das porcas por


longos períodos é melhor preservada pela minimização das perdas de peso
(gordura) durante a lactação. Tal estratégia irá necessitar uma mínima
restauração do peso da gestação seguinte.

Gestação

A exigência de energia das porcas em gestação depende do peso corporal,


do ganho de peso esperado durante o período e de parâmetros de manejo e
ambiente. A economia de energia apresentada por uma porca em gestação é
denominada de “Anabolismo de Gestação” (Whittemore e Elsley, 1977).

O consumo de energia durante a gestação é normalmente limitado para


controlar o ganho de peso e manter uma condição corporal apropriada da porca.
(Ewan, 1991). Segundo o NRC (1988), as porcas devem ser manejadas e
alimentas visando obter um ganho de peso líquido de 25 kg durante o período de
gestação, por pelo menos as três ou quatro primeiras parições. O ganho de peso
resultante da placenta e dos produtos de concepção é de aproximadamente 20 kg,
para um ganho de peso total de 45 kg durante a gestação.

Como o crescimento fetal não é particularmente grande, sendo


significativo apenas nos últimos 30 dias do período de gestação e as porcas
apresentam uma facilidade adicional do anabolismo gravídico, as exigências de
energia para o desenvolvimento fetal, por si, são efetivamente pequenas
(Whittemore e Elsley, 1977). O cálculo de exigências de gestação para porcas é
apresentado na tabela 3.

189
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As estimativas de exigência de ED para mantença variam entre 96 a 176


Mcal ED/kg PC0,75/dia, com uma média calculada de 110 kcal ED/kg PC0,75,
similar à de suínos em crescimento. A exigência de energia para a deposição de
proteína e de gordura é calculada como sendo 12,5 Mcal Ed/kg de ganho.
Quando a composição de ganho da porca em gestação é de aproximadamente
25% de gorduras e 15% de proteína, o custo de energia/kg de ganho pode ser
calculado como sendo aproximadamente 5,0 Mcal ED/kg. (NRC, 1988)

Para cada 1°C abaixo da temperatura crítica (18-20°C) ocorre um aumento


de aproximadamente 4% no custo de mantença (NRC, 1988).

Segundo o NRC (1988), o consumo de ED das porcas pode ser estimado


pela fórmula: Consumo ED (Mcal/dia) = (13 + 0,596 dia gestação) – (0,0172 dia
gestação2).

10.3. PROTEÍNA

O conteúdo de proteína dos alimentos e das dietas é determinado por


procedimento químico conhecido como método de Kjeldahl. No entanto, o
método de Kjeldahl não determina a proteína, mas o conteúdo de nitrogênio. A
proteína, é indiretamente calculada pela multiplicação do valor de nitrogênio
pelo fator 6,25. Este fator é usado porque, em média, o conteúdo de nitrogênio
das proteínas é de 16 g em 100 g de proteína. O valor de proteína determinado
desta forma é denominado de proteína bruta (Lewis, 1991).

O uso da proteína bruta implica dois erros na determinação. O primeiro é


que nem toda a proteína apresenta 16% de nitrogênio. No entanto, as exigências
em proteína dos suínos têm sido estabelecidas utilizando esse fator.

O segundo erro é que é assumido que todo o nitrogênio presente no


alimento analisado é de origem protéica. Em muitos alimentos parte do
nitrogênio tem origem em outros nutrientes. Por exemplo, 10% do nitrogênio do
milho e 13% do nitrogênio da soja são de origem não protéica (Lewis, 1991).

Os suínos não apresentam uma exigência especifica para proteína. Eles


dependem dos aminoácidos. As proteínas são formadas por combinações
variadas entre os 20 aminoácidos encontrados (Kansas, 1994).

190
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Os aminoácidos são classificados em não-essenciais e essenciais. Os


suínos são capazes de sintetizar alguns aminoácidos e estes não precisam
necessariamente ser supridos através das dietas, sendo denominados aminoácidos
não-essenciais ou dispensáveis. Outros aminoácidos os suínos não conseguem
sintetizar, ou, se conseguem, não o fazem na velocidade necessária para suprir as
exigências de crescimento e reprodução em níveis máximos. Estes aminoácidos
são denominados essenciais ou indispensáveis (Lewis, 1991). Na Tabela 3 são
demonstrados os aminoácidos essenciais e os não-essenciais para os suínos.

Alguns aminoácidos são essenciais na dieta em determinados períodos. A


arginina, por exemplo, é necessária para suínos em crescimento, mas porcas são
hábeis em sintetizar arginina em níveis suficientes para as suas exigências. A
histidina é necessária durante a fase de gestação. Leitões até 5 kg necessitam de
prolina. Outros aminoácidos como é o caso de cisteína que é sintetizada a partir
de metionina, da fenilalanina que é convertida a tirosina (Lewis, 1991).

Durante os processos de digestão, as proteínas são desdobradas em suas


unidades menores, os aminoácidos e os peptídios. Estes são absorvidos e entram
na corrente sanguínea, sendo incorporados em novas moléculas de proteína e
participam do metabolismo e da síntese de tecidos (Kansas, 1994).

Quando a dieta é inadequada em algum dos aminoácidos essenciais, a


síntese de proteína não ocorre na velocidade obtida quando esse aminoácido está
disponível em níveis adequados. Esse aminoácido é denominado de aminoácido
limitante. Outra forma de descrever um aminoácido limitante é imaginar a
proteína como sendo um barril e os aminoácidos as tábuas que forma o barril. Se
uma barra (aminoácido) é mais curta que as outras (limitante) o barril só poderá
ser preenchido até a altura desta barra, não ficando totalmente cheio. No suíno, a
deficiência de um ou mais aminoácidos provoca uma redução na velocidade de
ganho de peso, uma piora na conversão alimentar e uma redução no desempenho
reprodutivo. Portando, a qualidade da proteína precisa ser definida como o
conjunto dos aminoácidos essenciais nas fontes de proteína (Tabela 4). Muitos
grãos de cereais são deficientes ou em lisina, ou treonina ou em triptofano
(Kansas, 1994).

Tabela 40: Classificação dos aminoácidos.

Essenciais Não essenciais

Arginina Alanina
Fenilalanina Aspargina
Histidina Ácido Aspártico
Isoleucina Ácido Glutâmico
Leucina Cisteína

191
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Lisina Glutamina
Metionina Glicina
Treonina Prolina
Triptofano Serina
Valina Tirosina

Fonte: Adaptada de Lewis, 1991

Disponibilidade de aminoácidos

A composição de aminoácidos da dieta ou dos alimentos é determinada


normalmente por hidrólise ácida, seguida por cromatografia com determinação
dos aminoácidos por meio colorimétrico ou fluorimetria. No entanto, esses
procedimentos químicos não determinam a disponibilidade dos aminoácidos para
os animais. Para ser disponível, o aminoácido precisa ser absorvido e participar
dos processos metabólicos aos quais se destina (Lewis, 1991).

O calor excessivo nos processos de secagem ou tratamento de produtos,


como por exemplo o farelo de soja, reduzem a disponibilidade dos aminoácidos,
particularmente da lisina (Kansas..., 1994).

Balanço de aminoácidos – Proteína Ideal

A proteína ideal foi melhor definida nos anos 30 por H. H. Mitchell, que
estabeleceu que é uma mistura de aminoácidos ou proteínas com completa
disponibilidade da digestão e no metabolismo e cuja composição deve ser
idêntica às exigências do animal para a mantença e para o crescimento. Dessa
forma, o conceito de proteína ideal não é novo, mas ainda um objetivo a ser
alcançado.

Para ser ideal, uma proteína, ou a combinação de várias proteínas, não


deve apresentar aminoácidos em excesso. Todos os 20 aminoácidos devem estar
presentes na dieta exatamente no níveis exigidos para o máximo ganho em
proteínas e mantença. Como proposta, para uso na nutrição animal, todos os
aminoácidos indispensáveis são expressos como relações ideais ou porcentagem
em função de um aminoácido referência. Dessa forma, as exigências de todos os
aminoácidos podem ser estimadas rapidamente, à medida que as exigências do
aminoácido referência sejam estabelecidas. O aminoácido patrão utilizado é a
enzima “ Baker, et al., 1993; Parsons & Baker, 1994)

192
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Segundo Cole & Van Lunen, (1994) a principal diferença entre os suínos
de diferentes classes (sexo, linhagem, idade, peso) deve ser a quantidade de
proteína que é necessária de acordo com os diferentes potenciais de deposição de
tecido magro. A quantidade relativa dos diferentes aminoácidos essenciais
exigidos para depositar 1 g de proteína deverá ser a mesma em cada caso.

Assim, foi sugerido que é possível estabelecer o balanço ótimo de


aminoácidos essenciais e não-essenciais, mantendo uma relação adequada entre
eles, e que constitua uma proteína ideal (Lewis, 1991).A lisina foi escolhida
como o aminoácido referência pelo fato de ser o primeiro aminoácido limitante
na maior parte das dietas de suínos e o segundo aminoácido limitante nas dietas
de aves; as analises de lisina nos alimentos são simples e existe muita formação
sobre a concentração e a disponibilidade de lisina nos alimentos.

Diferentemente dos demais aminoácidos, a lisina tem uma única função


no metabolismo, qual seja a síntese de proteína, e, há uma grande quantidade de
informação de exigências de lisina para suínos e aves (Parsons & Baker, 1994).
Os valores de exigência de lisina para a utilização do conceito de proteína ideal
estão expressos como lisina digestível; logo, as exigências de todos os demais
aminoácidos são feitas com base em aminoácidos digestíveis. A Tabela 5
apresenta uma comparação de três padrões de proteínas ideal propostos e os
resultados de desempenho de suínos em crescimento.

Tabela 41. Fontes de Proteína (%) Valor relativo Lisina (%) como fonte de
lisina.

Fonte Proteína % Lisina (%) Valor relativo a


lisina em %

Farelo de soja 46 2,90 100

Alfafa 48 3,01 104

Canola 17 0,80 28

Girassol 38 2,27 78

Trigo 45 1,68 58

Farinha 15 0,56 19

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Peixe 60 4,75 164

Plasma suíno desidratado 70 6,10 210

Leite desnatado desidratado 33 2,54 87

Fonte: Adaptada de Kansas, 1994.

Parsons & Baker (1994) propõem dois padrões de aminoácidos para


suínos, baseados na elevada taxa de “turnover” apresentada por suínos em
crescimento e no aumento das exigências de mantença, à medida que os animais
aumentam de peso. Ele propõem maiores exigências para a metionina, treonina e
isoleucina para a mantença.

Como discutido anteriormente, a mantença se torna relativamente mais


importante, à medida que o peso e a idade dos animais aumentam. Segundo os
autores, a estimativa das exigências de mantença dos aminoácidos sulfurados e
da treonina forma 136 e 147% das exigências de lisina respectivamente.
Portanto, as exigências de lisina de suínos em crescimento devem crescer mais
lentamente do que a dos aminoácidos sulfurados e da treonina com o avanço da
idade e do peso. Baseados nisso, os autores propõem os seguintes padrões de
aminoácidos (Tabela 6).

Tabela42. Padrões de aminoácidos.

IIP WFIP NRCP


Aminoácidos % da dieta % lisina % da % lisina % da dieta % lisina
dieta

Lisina 0,60 100 0,60 100 0,60 100


Arginina 0,25 42 0,25 42 0,25 42
Histidina 0,19 32 0,16 32 0,16 26
Tripofano 0,11 18 0,9 18 0,9 15
Isoleucina 0,36 60 0,34 60 0,34 56
Leucina 0,60 100 0,45 110 0,45 74
Valina 0,41 68 0,36 75 0,36 59
Phe + Tyr. 0,57 95 0,49 120 0,49 81

194
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Met + Cis 0,36 60 0,31 63 0,31 52


Treonina 0,39 65 0,36 72 0,36 59
Prolina 0,20 0,20 0,20
Glicina 0,60 0,60 0,60
Glutamato 5,27 5,84 5,84
N (%) 1,182 1,182 1,182
Ganho (g/d) 235b 206a 206a
Consumo (g/d) 570b 501a 501a
G:C (g/kg) 412 411 411
N retido (g/d) 34,9a 34,8b 34,8b
N retido (% cons) 5,62a 5,27b 5,27b

IIP = padrão de proteína de llinois; WFIP = padrão de proteína ideal de Wang &
Fuller, 1989, citados por Parsons & Baker (1994). NRCP = exigências de
aminoácido NRC, 1988.Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si (P
< 0,05).

Fonte: Adaptada de Parsons & Baker (1994).

Efeito do sexo

É bem conhecido que existem diferenças na composição corporal de


machos inteiros, fêmeas e machos castrados. Em um determinado peso, machos
inteiros são mais magros que fêmeas, que por sua vez são mais magras do que
machos castrados.

A expectativa é que as diferentes exigências de aminoácidos entre os três


sexos determinam essas diferenças na composição corporal entre eles. Vários
experimentos demonstram que machos inteiros apresentam exigências de
aminoácidos e proteína maiores do que a de fêmeas e que as fêmeas têm
exigências superiores a de machos castrados (Lewis, 1991).

Tabela 43. Padrão de proteína ideal de llinois para suínos (% da lisina)

Aminoácido Peso do suíno (kg)

5-20 20-50 50-100

Lisina 100 100 100


Metionina 30 30 30
Cistina 30 32 35
Treonina 65 67 70

195
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Triptofano 17 18 19
Isoleucina 60 60 60
Valina 68 68 68
Leucina 100 100 100
Fenilalanina 50 50 50
Tirosina 45 45 45
Histidina 32 32 32
Arginina 42 36 30

Fonte: Adaptada de Parsons & Baker (1994).

Relação energia: proteína

O consumo voluntário de suínos alimentados à vontade é influenciado pela


energia metabolizável da dieta. Quando a concentração de energia da dieta é
baixa os suínos aumentam o consumo de alimentos e vice-versa. Como
conseqüência, trocas na concentração de energia da dieta afetam o consumo de
todos os nutrientes, incluindo os aminoácidos. Dessa maneira, se o consumo de
um aminoácido deve ser mantido constante quando as dietas diferem em energia,
a concentração do aminoácido em porcentagem da dieta deve ser ajustada
(Lewis, 1994).

Muitos dos alimentos utilizados nas dietas de suínos apresentam relações


de energia e aminoácidos praticamente constantes, e os efeitos. Entretanto,
alguns ingredientes, como as gorduras, apresentam concentração de energia que
são substancialmente maiores que aquela da maioria dos alimentos. Outros,
como as fibras, apresentam concentração de energia muito baixa. Quando as
concentrações de energia dos alimentos diferem consideravelmente daquelas
encontradas nos alimentos padrões (milho e soja), a concentração dos
aminoácidos deverá ser alterada (Lewis, 1991).

Embora exista pouca informação a respeito das relações ótimas entre


energia e aminoácidos para suínos, é possível extrapolar relações a partir de dieta
padrões com adição de gordura (> 5%). Uma dieta típica de milho e soja inicial
deverá ter aproximadamente 3,7 g de lisina por Mcal de energia metabolizável,
enquanto que uma dieta de crescimento terá aproximadamente 3,2 a 2,5 e uma
dieta de terminação 2,5 a 2,0 (Kansas, 1994).

196
Disciplina de Suinocultura UFRPE

10.4. MINERAIS

Os minerais constituem uma pequena porção das dietas de suínos, mas a


sua importância para a saúde e o desenvolvimento deles é reconhecida. Os
minerais são classificados em dois grupos: macrominerais e microminerais. Os
macrominerais, ou minerais principais, que são comumente adicionados às dietas
dos suínos, são o cálcio, o fósforo, o sódio e o cloro. Magnésio e potássio
também são necessários, mas são adequadamente supridos pelo grãos. Os
microminerais, ou minerais-traço, de importância primária, são o zinco, o cobre,
o manganês, o iodo e o selênio (Kansas, 1994).

As funções dos minerais são extremamente diversas, variando de funções


estruturais, em alguns tecidos, e uma grande variedade de funções regulatórias.
Alguns minerais, quando adicionados em excesso, particularmente o cálcio,
interferem na absorção de outro nutrientes. Como exemplo, o cálcio interfere na
absorção de zinco, quando em excesso, e resulta em um desarranjo da pele
denominado paraqueratose. A combinação de altos níveis de cálcio (acima de
0,9%) e níveis marginais de zinco resultam nessa condição (Kansas, 1994).

10.4.1. Cálcio e Fósforo

Esses dois elementos são importantes no desenvolvimento da estrutura do


esqueleto, mas sua presença nos tecidos mole também é importante. Ambos são
utilizados na coagulação do sangue, na contração muscular e no metabolismo de
energia, 99% do cálcio e 80% do fósforo são encontrados nos ossos e nos dentes.

Dessa forma, deficiência de cálcio e fósforo resultará em prejuízo na


mineralização dos ossos, redução do crescimento ósseo e crescimento deficiente.
Suínos jovens irão apresentar raquitismo como sinal de deficiência de cálcio e
fósforo. Suínos adultos, consumindo dietas deficiente, irão mobilizar cálcio e
fósforo dos ossos, apresentando ossos frágeis (osteoporose). Isso pode resultar
em uma condição denominada “Porcas Deitadas”, que pode ser prevenida por
uma formulação adequada (Kansas, 1994).

10.4.2. Fontes de Cálcio e Fósforo

Os ingredientes utilizados nas dietas de suínos variam grandemente no


conteúdo mineral. Muitos grãos de cereais são particularmente baixos em cálcio.
O conteúdo de fósforo dos cereais é na sua maioria fitato de fósforo pobremente
utilizado pelos suínos. A forma na qual o fósforo é encontrado nos alimentos
influencia a sua eficiência de utilização. Em cereais e oleaginosas entre 60 e 75%
do fósforo esta ligado ao ácido fítico, sendo pobremente disponível.

197
Disciplina de Suinocultura UFRPE

A disponibilidade de fósforo nos grãos de cereais é variável, entre 15%


(milho) e até aproximadamente 50% (trigo). A maior disponibilidade do fósforo
no trigo está associada à presença da enzima natural fitase, presente no trigo e
seus subprodutos. O fósforo do milho e do sorgo de alta umidade é considerado
mais disponível do que nos grãos secos (NRC, 1988).

Nos grãos de oleaginosas também apresenta baixa disponibilidade. Em


contraste, o fósforo nas fontes protéicas de origem animal é, na sua maior parte,
de origem orgânica e apresenta alta disponibilidade (NRC, 1988). De uma
maneira prática, 30% do fósforo são considerados disponíveis (Kansas..., 1994).
Os suplementos inorgânicos também variam quando à disponibilidade de
fósforo. Os fosfatos de amônio, cálcio e sódio apresentam alta disponibilidade de
fósforo (NRC, 1988).

Pouco é conhecido sobre a disponibilidade de cálcio nos alimentos.


Muitos alimentos contribuem com tão pouco cálcio para as dietas que a
disponibilidade desse mineral é de pequena conseqüência. O cálcio no calcário
calcítico e na farinha de ostras é altamente disponível. Por outro lado, o tamanho
das partículas de mais de 0,5 mm de diâmetro médio apresentam pouco efeito
sobre a disponibilidade do cálcio. O cálcio no calcário dolomítico é apenas 50 a
75% disponível em relação ao do calcário calcítico (NRC, 1988).

10.4.3. Relação Cálcio (Ca): Fósforo Total (P)

Para o máximo desempenho, níveis mínimos de cálcio e fósforo total são


necessários, assim como uma correta relação de um com outro. A relação deseja-
da de 1,0 a 1,3 de cálcio para 1,0 de fósforo total nas dietas é preferida. Porém,
se o níveis de fósforo estiverem adequados, uma relação Ca:P de 2:1 não irá afe-
tar o desempenho dos animais (NRC, 1988; CSIRO, 1990; Kansas..., 1994).

10.4.4. Sódio e Cloro

O sódio e o cloro são respectivamente os principais cátion e ânion extrace-


lulares. O cloro é o principal ânion do suco gástrico (NRC, 1988).

A exigência de sódio (Na) da dieta de suínos não é maior do que 0,08 a


0,10%, enquanto que a exigência de cloro (Cl) não é superior a 0,08%, embora
estas não estejam bem estabelecidas (NRC, 1988).

198
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Os grãos e os suplementos protéicos são baixos em Na e Cl, mas as exi-


gências de suínos em crescimento-terminação podem ser atingidas pela adição de
0,25 a 0,35% de sal na dieta (Kansas ..., 1994).

Altos níveis de sal na dieta podem ser tolerados se água, de qualidade, es-
tiver disponível em quantidades adequadas para consumo.

10.4.5. Ferro

Os leitões ao nascer apresentam deficientes reservas de ferro no organis-


mo, e, uma vez que o leite das porcas é baixo em ferro, a suplementação desse
mineral é necessária em leitões entre o primeiro e o terceiro dia de idade. As fon-
tes mais comuns de ferro para prevenir a anemia ferropriva dos leitões recém-
nascidos são injetáveis ou orais. O ferro injetável é preferido para a prevenção da
anemia. Uma injeção de 200 mg de ferro dextrano entre o primeiro e o terceiro
dia de idade previne os problemas de anemia.

10.5. VITAMINAS

O termo vitaminas descreve compostos orgânicos distintos dos


aminoácidos, glicídios e lipídios e que são necessários em quantidades diminutas
nas dietas para o funcionamento normal do metabolismo, o desenvolvimento
normal dos tecidos, o crescimento, a saúde e a reprodução. Algumas vitaminas
não são necessárias na dieta, pois podem ser sintetizadas a partir dos alimentos
ou de constituintes metabólicos ou pelos microorganismos no trato
gastrintestinal. As vitaminas são classificadas como hidrossolúveis ou
lipossolúveis (NRC, 1988; Kansas, 1994).

199
Disciplina de Suinocultura UFRPE

10.5.1. Vitaminas lipossolúveis.

10.5.1.1. Vitamina A

A vitamina A é essencial para a visão, reprodução, crescimento e a


manutençao da diferenciação epitelial e secreção de muco. Tanto a vitamina A
quanto as provitaminas podem suprir as exigências de vitamina A. As
provitaminas ocorrem nas plantas como pigmentos carotenóides (NRC, 1988).

A exigência dos suínos para vitamina A é influenciada pela proteína, pelos


elementos traço (especialmente Cu), ergocalciferol, fungos, nitratos e nitritos na
dieta e pela temperatura ambiente (CSIRO, 1990).

Segundo o NRC (1988), é sugerido que b-caroteno desempenha um papel


independente da vitamina A na reprodução. Os suínos armazenam vitamina A no
fígado.

10.5.1.2. Vitamina D (Colecalciferol e Ergocalciferol)

As duas principais formas de vitamina D são o colecalciferol (D3) e o


ergocalciferol (D2). A luz ultravioleta ativa o ergosterol presente nas plantas em
ergocalciferol. A conversão fotoquímica do 7-dehidrocolesterol na pele dos
animais forma colecalciferol.

A vitamina D e seus metabólicos hormonais atuam na mucosa das células


do intestino delgado, provocando a formação de proteínas ligadoras de cálcio.
Essas proteínas facilitam o transporte e a absorção de cálcio e de magnésio e
influenciam a absorção de fósforo (NRC, 1988). A ação dos metabólicos de
vitamina D, juntamente com o hormônio da paratireóide e a calcitonina, mantém
a homeostase do cálcio e do fósforo.

As exigências são afetada pelo conteúdo de cálcio e pela relação cálcio:


fósforo da dieta (CSIRO, 1990).

Deficiências de vitamina D provocam um distúrbio na absorção e no


metabolismo do cálcio e do fósforo, que resultam em calcificação insuficiente de
vitamina D resulta em raquitismo, enquanto em animais adultos resulta em
osteomalácia (NRC, 1988).

10.5.1.3. Vitamina E (tocoferol)

200
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Sintomas de deficiência em suínos em crescimento incluem perda de


desempenho, aumento de taxa de mortalidade, degeneração muscular, necrose
hepática, anemia, lesão arterial. Deficiência de vitamina E em porcas causa
mortalidade neonatal e depressão na secreção de leite (CSIRO, 1990).

A exigência de vitamina E depende de fatores como nível de silencio,


ácidos graxos insaturados, aminoácidos sulfurados, retinol, cobre, ferro e
antioxidantes em nível de membrana celular com um papel estrutural nas
membranas celulares (NRC, 1988).

10.5.1.4. Vitamina K

A vitamina k é essencial para a síntese de protrombina, fator VII, fator IX


e fator X, que são necessários para a coagulação sanguínea. Essas proteínas são
sintetizadas no fígado, na forma de precursor inativo. A ação da vitamina K
converte esses fatores para a forma biologicamente ativa (NRC, 1988).

10.5.2. Vitaminas hidrossolúveis

10.5.2.1. Riboflavina

A riboflavina é componente de duas coenzimas, a flavina mononucleotídio


(FMN) e flavina adeninadinucleotídio (FAD), sendo elas importantes no
metabolismo das proteínas, dos lipídios e dos glicídios (NRC, 1988).

Deficiência de riboflavina leva a anestro e falhas reprodutivas em leitoas.


Sinais de deficiência de riboflavina em leitões em crescimento incluem
crescimento lento, catarata, seborréia, vômito e alopecia (Whittemore & Elsley,
1977; NRC, 1988).

10.5.2.2. Niacina (ácido nicotínico)

201
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Quase toda a niacina presente no milho, e em muitos outros cereais, está


numa forma ligada que é indisponível para os suínos. No entanto, o triptofano
acima das exigências mínimas para a síntese de proteína pode ser convertido em
nicotinamida adenina (ADN) dinucleotídio. É considerado que 50 mg de
triptofano equivalem a 1 mg de ácido nicotínico (ARC, 1988; CSIRO, 1990).

A niacina é um componente das coenzima nicotinamida adenina


dinucleotídio fosfato (NADP) e da nicotinamida adenina dinucleotídio (NAD).
Essas coenzimas são essenciais para o metabolismo de glicídios, de proteínas e
de lipídios. (NRC, 1988).

Os sinais de deficiência de niacina incluem reduzido ganho de peso,


anorexia, vômito, pele seca, dermatite, pêlos compridos, perda de pelos, diarréia,
ulcerações na mucosa bucal, gastrite ulcerativa, inflamação e necrose do ceco e
cólon e anemia normocitica (NRC, 1988).

10.5.2.3. Ácido Pantotênico

Como um componente da coenzima A, o ácido pantotênico é importante


no metabolismo e na síntese de unidades de dois carbonos durante o
metabolismo de lipídios e de glicídios (NRC, 1988).

Sinais de deficiência de ácido pantotênico incluem crescimento lento,


anorexia, diarréia, pele seca, pêlos compridos, alopecia, resposta imune reduzida
e um movimento anormal do trem posterior, conhecido como passo de ganso
(NRC, 1988).

10.5.2.4. Cianocobalamina (Vitamina B12)

A cianocobalamina, como coenzima, é envolvida na síntese de grupos


metil, derivados da formação de glicina ou serina e da transferência para a
homocesteína para formar novamente a metionina. Ela é importante na metilação
da uracila, pra formar timina, que é convertida a timidina, e usada para a síntese
do DNA (NRC, 1988).

Suínos deficientes em cianocobalamina apresentam reduzido ganho de


peso, perda de apetite, pele enrugada e pêlos duro, irritabilidade,
hipersensibilidade e perda de coordenação do trem posterior (NRC, 1988).

202
Disciplina de Suinocultura UFRPE

10.5.2.5. Colina

Importante nas funções nervosas, síntese de proteína e desenvolvimento


estrutural. A colina não é considerada como uma vitamina, uma vez que os
suínos podem sintetizá-la em quantidades suficientes para as suas necessidades,
utilizando substâncias químicas específicas que são disponíveis.

Sendo assim, como fator de segurança, a suplementação de colina é


recomendada. A colina é uma das vitaminas mais caras. Ela pode representar
entra 10 e 25% do custo da suplementação de vitaminas. O custo da colina nas
dietas de gestação pode ser justificada pelo aumento do número de leitões vivos
e desmamados quando adicionada em um nível de 500 g/t (Kansas, 1994).

Embora as exigências para a colina não estejam bem definidas, 100 g/t são
recomendadas para prevenir uma possível deficiência dela em suínos em
crescimento-terminação (Kansas, 1994).

10.6. Exigências Nutricionais dos Suínos em


Desenvolvimento

A determinação das exigências totais de nutrientes para suínos é complexa


e exige muitas pesquisas. Existem muitos grupos em Universidades, Estações
Experimentais e Empresas pesquisando o metabolismo dos suínos, mas podemos
a título de exemplificação, conforme mostra a tabela abaixo, verificar as princi-
pais exigências médias dos suínos de acordo com a idade.

De forma alguma esta tabela representa as exigências para todos os tipos


de animais, pois sabemos que cada raça, cada linhagem em climas diversos, pos-
suem necessidades diferentes, que não podem ser caracterizadas em uma única
tabela.

203
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Tabela 44: Exigências médias dos principais nutrientes de acordo com a fase de
produção dos suínos.
Fase Desmame Creche Crescimento Terminação
precoce

Idade (dias) 21 a 34* 35 a 62 63 a 111 112 a 161


Peso médio (kg) 5 a 10 10 a 22 22 a 56 56 a 96
Ganho de peso (g /dia) 250 428 710 830
Consumo de ração (g/dia) 460 820 1905 3111
Consumo ED (kcal/dia) 1560 2722 6382 10480
ED (kcal/kg de ração) 3.390 3.320 3.350 3.370
Proteína bruta (%) 20,00 17,80 15,50 14,00
Proteína digestível (%) 17,00 15,30 13,40 12,00
Lisina (%) 1,10 0,87 0,72 0,60
Metionina + cistina (%) 0,58 0,46 0,41 0,36

204
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Treonina (%) 0,68 0,54 0,46 0,40


Triptofano (%) 0,17 0,14 0,12 0,10
Cálcio (%) 0,80 0,70 0,60 0,51
Fósforo total (%) 0,65 0,58 0,47 0,40
Fósforo disponível (%) 0,35 0,28 0,19 0,15
Proteína bruta (g/dia) 92,00 146,00 295,30 435,50
Proteína digestível (g/dia) 78,20 125,00 255,30 373,30
Lisina (g/dia) 5,06 7,13 13,71 18,67
Metionina+cistina (g/dia) 2,67 3,77 7,81 11,20
Treonina (g/dia) 3,13 4,43 8,76 12,44
Triptofano (g/dia) 0,78 1,15 2,29 3,27
Cálcio (g/dia) 3,68 5,74 11,43 15,87
Fósforo total (g/dia) 2,99 4,76 8,85 12,44
Fósforo disponível (g/dia) 1,61 2,30 3,62 4,67

* Dietas contendo obrigatoriamente, leite em pó e / ou farinha de peixe.

XI - MÉTODO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE


CARCAÇA.
O método Brasileiro de Classificação de Carcaças – MBCC – é o dotado
oficialmente pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos - ABCS - para a
classificação de carcaças suínas.
O método teve por base os trabalhos realizados em 1964, por ocasião do 1o
Block Test de Porcinos do Brasil, em Santa Rosa, RS, tendo sido aprovado em
1965, no 1o Seminário de Porco Carne, em Estrela – RS. O MBCC sofreu sua
primeira reestruturação em 1971, efetuada pelo Conselho Técnico da ABCS.

11.1. Procedimentos

205
Disciplina de Suinocultura UFRPE

O MBCC apresenta três fases distintas desde a chegada do suíno vivo ao


frigorífico até a conclusão dos trabalhos: 1a Trabalho preparatório; 2a Medições
nas carcaças; 3a Cálculos.

11.1.1. Trabalho Preparatório: 1a Fase -

Peso por ocasião do recebimento do suíno vivo no frigorífico.


Peso de abate, que é realizado 24 horas depois do recebimento.
Abate do suíno, depilação e retirada das unhas.
Evisceração.
Inspeção sanitária.

Carcaça – O suíno morto, despojado do sangue, vísceras, inclusive rins e gordura


dos rins, cerdas e unhas, permanecendo a cabeça, extremidades dos membros,
couro e cauda.

Divisão da carcaça – a carcaça é serrada longitudinalmente, deixando-se a


cauda, por convenção, na meia carcaça esquerda.
Toalete da carcaça.
Identificação.
Resfriamento.
11.1.2. Medições nas Carcaças - 2a Fase

Pesagem da carcaça fria. As duas meias carcaças são pesadas juntas.


Comprimento de carcaça – É tomado do bordo cranial da sínfise pubiana ao
bordo cranioventral do atlas.
Espessura de toucinho na primeira costela.
Espessura de toucinho na última costela.
Espessura de toucinho na última vértebra lombar.
Área do olho de lombo.

O corte para a medida da área do olho de lombo é feito no mesmo local


da medida da espessura de toucinho na última costela.

206
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Após o corte limpa-se a área do olho de lombo com a faca e cobre-se com
um plástico transparente, tamanho 20 x 15 cm. Sobre o plástico, coloca-se um
pedaço de papel vegetal bem transparente e do mesmo tamanho, onde será
desenhado, com lápis cópia ou caneta hidrocor de ponta fina, o contorno do olho
de lombo, com a cobertura de gordura correspondente, incluindo o couro.
Marca-se também no papel com um x o local onde se encontra a costela
que foi serrada.

b1
E F

b2

D B

Peso do Pernil

Para obter o corte do pernil, serra-se a articulação entre a última e a


penúltima vértebras lombares (mesmo local da medida da espessura de toucinho
na última lombar), perpendicularmente à linha dorsal, completando o corte com
a faca. Logo após o pernil é pesado completo, com cauda, pata sem unhas e sem
nenhum retoque na carne ou na gordura.

11.1.3. Cálculos - 3a Fase


Área de gordura e área de carne

Figura 1 – Para delimitar a área de gordura do desenho obtido, faz-se o seguinte:


 Com um compasso tendo como centro o ponto A (obtido na carcaça marcando
costela serrada) procura-se o ponto mais distante da área de carne B;

207
Disciplina de Suinocultura UFRPE

 Com centro do compasso em B, obtêm-se b1 e b2 sobre a linha do couro; se


os pontos b1 e b2 caírem fora da linha do couro, prolonga-se a mesma;
 Após, com centro do compasso em b1 e depois em b2, obtêm-se o ponto C;
 Unindo B com C tem-se o limite da área de gordura deste lado;

 Com centro do compasso em B procura-se o ponto de carne mais distante do


lado oposto D; e com a mesma abertura e ainda com centro em B parte-se de D
no sentido de E, obtendo assim o limite da camada de gordura neste outro lado.
 Para planimetrar a área de gordura, marca-se com lápis um ponto F na metade
da linha divisória da carne e da gordura, partindo daí com o planímetro para a
obtenção da respectiva área;
 Do mesmo ponto F parte-se para planimetrar a área de carne.

11.2. Relação carne – Gordura

Esta relação é obtida dividindo-se a área de gordura pela área de carne, sendo
expressa com 2 algarismos depois da vírgula.

11.3. Composição média de carcaças de suínos

As principais linhagens comerciais de suínos apresentam rendimentos


semelhantes com relação aos principais cortes, conforme segue abaixo:

Tabela 45: Composição média de uma carcaças de suínos de 100 e 105 Kg.
CARACTERÍSTICA Kg Kg %
Suíno Vivo 105,0 105,0 100,0
Carcaça Quente 83,1 83,1 79,1
Carcaça Fria 74,6 74,6 71,0
Cabeça 5,9
Rins 0,3
Unto 1,0
Perda Umidade 1,3 8,5 8,1
Perda-Intestino, Urina, Estômago, etc 11,3 11,3 10,8
Fígado 1,9
Coração 0,4
Outros 2,1 4,4 4,2
Esôfago 0,3

208
Disciplina de Suinocultura UFRPE

Pêlos 0,4
Sangue 3,3
Glândulas 0,1
Estômago 0,6
Pulmão 1,4
Outros 0,1 6,2 5,9
Pernil, carne 12,8
Lombo, carne 11,4
Barriga, carne 7,2
Paleta, carne 5,5
Copa 5,1 42,0 40,0
Maxilar 3,0
Ossos 7,0
Pés, patas 2,3
Membros anteriores 2,2
Rabo 0,2
Pele 4,5
Gordura 5,3
Costelas 3,7
Retalhos 4,4 32,6 31,0
Total 105,0 100,0

XII - BIBLIOGRAFIA BÁSICA


CAVALCANTI, S.S. Suinocultura dinâmica, Editora FEP-MVZ. Belo Hori-
zonte, MG., 1999, 494p.

CONTADOR, Cláudio R..Tecnologia e Rentabilidade na Agricultura


Brasileira. IPEA/INPES, Relatório de Pesquisa no 28, Rio de Janeiro,1975,
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DIAS, Guilherme L. da S. As bases de uma Política Eficiente Para os


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GIROTTO, A. F. Análises e perspectivas da suinocultura brasileira.


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MANUAL MERCK DE VETERINÁRIA, Anais do 3o Seminário Nutron de


Suinocultura - - 7 Edição, Editora ROCA, Agosto de 1999.

OLIVEIRA, C.G. Instalações e manejo para a suinocultura empreasarial. Ed. Í-


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OLIVEIRA, P.V. Manual de Manejo e Utilização dos dejetos de suínos.


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siva: produção manejo e saúde do rebanho, Brasília, DF., Embrapa-SPI;
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TORESAN, Luis. Tecnologia e Rentabilidade na Agricultura IEPE/UFRGS


PortoAlegre, RS, 1989. 266p.Tese (mest. Econ. Rural).

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Sites Interessantes:
www.suinoculturaindustrial.com.br Produção mundial de carnes. Disponível
em: 27, de novembro de 2003. Acessado em: 26, de outubro de 2004.

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sil. Disponível em: 26, de outubro de 2004. Acessado em: 26, de outubro de
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www.porkworld.com.br. Evolução da participação do Brasil na produção


mundial de carne suína (1970-2003). Disponível em: 26, de outubro de 2004.
Acessado em: 26, de outubro de 2004.

www.finanças.cidadeinternete.com.br. Agropecuária 2o tri mostra crescimento


no abate de bovinos. Disponível em: 30, de setembro de 2004. Acessado em:
26, de outubro de 2004.

ANEXO I
MODELO DE RELATÓRIO DE UMA VISITA TÉCNICA
A UMA SUINOCULTURA
Data da Visita:
Relator(es):
Responsável(eis) pela Granja:

1. Acesso à granja
Relatar o que se observou, em tópicos
Exemplo: Controle de acesso de pessoas
Controle de acesso de animais
Cercanias e proteção do sistema
2. Visita ao escritório

211
Disciplina de Suinocultura UFRPE

 Verificar fichas e sistemas de administração


 Aplicar questionários (em anexo uma sugestão)
3. Caracterização da grama
Localidade e tipo de sistema de produção.
4. Visita à maternidade
 Verificar instalações, controle de entrada, farmácia, depósito de ração e
animais
 Relatar manejo e movimentar os animais
 Observar se os cuidados com leitegada e porca estão sendo bem feitos
 Observar a limpeza e higiene local

5. Visita à creche
Idem maternidade
6. Visita à reprodução
Idem maternidade
7. Visita a crescimento e terminação
Idem aos demais
8. Visita ao sistema de manejo dejetos, se houver
Relatar esse item à parte das demais instalações
9. Observações e recomendações
EXEMPLO DE QUESTIONÁRIO

1. Idade das fêmeas à 1a cobrição?


2. Intervalo desmame – cobertura, ou cio-fértil?
3. Taxa de retorno ao cio – regular entre 18 a 24 dias?
4. Quando há repetição de Cio, o que é feito com a fêmea?
5. Percentagem de aborto?
6. Percentagem de fêmeas com falsa prenhêz, detectada no final da gestação?
7. Porcentagem de parição? Quantidade cobertas. Quantidade que pariu.
8. Nativivos por leitegada?
9. Natimortos, mortos ao nascer e mal formados, percentagem?
10. Porcentagem de mumificados?
11. Porcentagem de leitegados com 8 ou menos leitões?
12. Dos nativivos, qual a porcentagem de esmagados?

212
Disciplina de Suinocultura UFRPE

13. Dos nativivos, qual a porcentagem de refugos?


14. Porcentagem de mortes por diarréia?
15. Porcentagem de mortes por outras causas?
16. Leitões desmamados por leitegada?
17. Idade média de desmame?
18. Mortalidade durante lactação?
19. Porcentagem de mortalidade pós-desmame?
20. Número de partos por porca por ano?
21.Peso médio dos leitões aos 21 dias?
22. Peso médio dos leitões ao desmame?
23. Percentagem de mortalidade de porcas?
24. Taxa de reposição do plantel?
25. Número de suínos terminados por porca por ano?
26. Número de fêmeas no plantel?

213
Disciplina de Suinocultura UFRPE

IX. ANEXO II

HIGIENE

A limpeza deve ser de preferência, sem o uso de excesso de água, lavar as


instalações o menor número de vezes por semana, (ideal uma vez por semana)

Lavar as canaletas e corredores com solução desinfetante, ex. Bórax,


Creolina, evita proliferação de moscas.

Controlar os roedores, utilizando iscas raticidas a base de estrequinina ou


raticidas comuns, colocados em locais estratégicos.

Pulverizar corredores paredes, canaletas com solução de formol a 10% ou


soda cáustica a 1%.

Providenciar pedilúvio com cal na entrada dos galpões

214
Disciplina de Suinocultura UFRPE

ESQUEMA PREVENTIVO
FASE
PORCAS LEITÕES CACHAÇOS
MEDICAÇÃO

VERMÍFUGO 30 dias antes Uma semana após 2 vezes ao ano


do parto a desmama, depois c/Ivermectina
c/1 e 2 meses e Levamizole
Vacina PARATIFO 20 dias antes Na 1a ou 2a -
do parto Semana de vida.
Vacina Enterite No repouso 3 semanas de vida Anualmente
Infecciosa Sexual, (10ml I.M.)
(Sorovacinação) Colivak
(10ml I.M.)
Vacina contra 2 Vezes ao 1a Semana após o 2 vezes por
PESTE SUÍNA ano, quando desmame ano
CLÁSSICA vazia
Vacina contra - Aos 7 e 28 dias -
RINITE
ATRÓFICA
Tuberculinização Uma vez ao - Uma vez ao
(teste de ano. ano.
soroaglutinação)
Antianêmico 2 mg - No 3o dia e repetir
de Ferro Dextrano no 14o dia.
Vermífugos devem ser feitos em rodízio:
P/adultos: Mebendazole, Tetramizol, Levamizole (Ripercol), Tibenzole
(Panacur), Ivermectinas
P/leitões: Pirerazina (Oxipan Pipevermin), Corticosteróide (Flucortan),
Ripercol em pó.

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