Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
2
EDSON MAURO SANTOS
JULIANA SILVA DE OLIVEIRA
ALEXANDRE FERNANDES PERAZZO
BETINA RAQUEL CUNHA DOS SANTOS
JOÃO PAULO DE FARIAS RAMOS
(ORGANIZADORES)
Areia- PB
2021
3
Capa Mikaelle Sousa Dutra
Cativa Santa Inês (imagem).
Projeto Gráfico e Editoração Yohana Rosaly Corrêa
DOI: 10.29327/537993
ISBN: 9786559412709
CDD 630
4
Sumário
Apresentação ...................................................................... 12
Capítulo 1
Confinamento a base de silagens de sorgo ........................... 13
Hactus Souto Cavalcanti, Evandra da Silva Justino
Guilherme Medeiros Leite, Liliane Pereira Santana
Natalia Matos Panosso, Diego Francisco Oliveira Coelho
Capítulo 2
Confinamento a base de silagem de milheto ......................... 36
Liliane Pereira Santana, Maria Alyne Coutinho Santos
Gabriel Ferreira de Lima Cruz, Rosângela Claurenia da Silva
Ramos, Rafael Lopes Soares, Guilherme Medeiros Leite
Capítulo 3
Confinamento a base de silagem de cana-de-açúcar ............ 56
Guilherme Medeiros Leite, Paloma Gabriela Batista Gomes
Danillo Marte Pereira, Yohana Rosaly Corrêa
Mikaelle de Sousa Dutra, Rafael Lopes Soares
Capítulo 4
Confinamento a base de capim-buffel.................................... 78
Diego de Sousa Vieira, Daiane Gonçalves dos Santos
Hactus Souto Cavalcanti, Francisco Naysson de Sousa
Santos, Natália Matos Panosso, Gilberto de Carvalho Sobral
5
Capítulo 5
Confinamento a base de dieta com alta proporção de palma
forrageira ............................................................................. 100
Diego Francisco Oliveira Coelho, Paulo da Cunha Tôrres
Júnior, Maria Evelaine de Lucena Nascimento
Arinaldo Fernandes Matias Filho, Antoniel Florêncio da Cruz
Francisco Naysson de Sousa Santos, Rosângela Claurenia da
Silva Ramos
Capítulo 6
Confinamento a base de leguminosas conservadas ........... 126
Francisco Naysson de Sousa Santos, Mikaelle de Sousa Dutra
Diego de Sousa Vieira, Gilberto de Carvalho Sobral
Evandra da Silva Justino, Gabriel Ferreira de Lima Cruz
Capítulo 7
Silagens na forma de ração.................................................. 146
Danillo Marte Pereira, Raniere de Sá Paulino, Arinaldo
Fernandes Matias Filho, Diego Francisco Oliveira Coelho,
Maria Alyne Coutinho Santos, Evandra da Silva Justino
Capítulo 8
Confinamento a base de subprodutos ................................. 164
Yohana Rosaly Côrrea, Izabelly Alves Pontes, Paloma
Gabriela Batista Gomes, Daiane Gonçalves dos Santos,
Raniere de Sá Paulino, Nelquides Braz Viana
Capítulo 9
Confinamento a base de grão de milho reidratado ............... 185
Rafael Lopes Soares, Thays Bianca Lira Viana
Paulo da Cunha Tôrres Júnior, Izabelly Alves Pontes
Antoniel Florêncio da Cruz, Mikaelle de Sousa Dutra
6
Capítulo 10
Confinamento de ovinos consumindo silagem de milho sem
espiga aditivada com palma forrageira ................................ 211
Gilberto de Carvalho Sobral, Maria Evelaine de Lucena
Nascimento, Nelquides Braz Viana, Danillo Marte Pereira,
Paloma Gabriela Batista Gomes, Daiane Gonçalves dos
Santos
Capítulo 11
Produção de cabritos mamões ............................................ 230
Rosângela Claurenia da Silva Ramos, Nelquides Braz Viana
Hactus Souto Cavalcanti, Thays Bianca Lira Viana
Diego de Sousa Vieira, Maria Alyne Coutinho Santos
Capítulo 12
Características de carcaça e qualidade de carne no
Semiárido............................................................................. 246
Gabriel Ferreira de Lima Cruz, Natália Matos Panosso
Yohana Rosaly Corrêa, Liliane Pereira Santana
Maria Evelaine de Lucena Nascimento, Raniere de Sá Paulino
Paulo da Cunha Tôrres Júnior.
7
Lista de Autores
8
Francisco Naysson de Sousa Santos
Pós-Doutorando, Universidade Federal do Maranhão,
Campus de Chapadinha, Chapadinha-MA, Brasil.
9
Maria Evelaine de Lucena Nascimento
Mestranda em Ciência Animal, Universidade Federal de
Campina Grande, Campus de Patos, Patos-PB, Brasil.
Raniere de Sá Paulino
Doutorando em Zootecnia, Universidade Federal da
Paraíba, Campus II, Areia-PB, Brasil.
10
Rosângela Claurenia da Silva Ramos
Doutora em Produção de Ruminantes, Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino Oliveira,
Itapetinga-BA, Brasil.
11
APRESENTAÇÃO
12
Capítulo 1
CONFINAMENTO A BASE DE
SILAGENS DE SORGO
Hactus Souto Cavalcanti
Evandra da Silva Justino
Guilherme Medeiros Leite
Liliane Pereira Santana
Natália Matos Panosso
Diego Francisco Oliveira Coelho
1 Introdução
13
fundamental que se tenha a prática de confeccionar
silagens com culturas de produtividade expressiva.
Os principais benefícios obtidos ao se utilizar
silagens é que há disponibilidade de material com
qualidade por longos períodos e, principalmente, pela
possibilidade de se estocar a quantidade desejada. Com
isso, se a produção animal é feita de forma mais intensiva,
pode-se ensilar a forragem em quantidade suficiente que
atenda a demanda dos animais por todo o período de
produção. No entanto, deve-se atentar para alguns
processos, uma vez que estes podem determinar o sucesso
ou o fracasso da ensilagem.
Nesse sentido, os tópicos a seguir tratarão sobre os
pontos-chave no processo de ensilagem, como é a resposta
animal quando se utiliza dietas balanceadas à base de
silagens de sorgo e qual o retorno financeiro esperado.
14
realizada com base nas condições de solo e clima da região
onde se pretende produzir. Nesse sentido, é importante que
seja feita a análise de solo na área desejada para o plantio
e, com base nos resultados, realizar as correções de solo
com calcário (se necessário). As recomendações de
adubação da cultura (Tabela 1) vão depender das
condições do solo da propriedade, lembrando que um solo
fértil e com disponibilidade de água permite que as plantas
tenham maior produtividade. O cultivo do sorgo no
período chuvoso é recomendado por se dispensar a
necessidade de irrigação, além do que essa cultura é
tolerante a condições de déficit hídrico.
Existem no mercado diversos cultivares de sorgo
disponíveis, como os forrageiros, sacarinos, graníferos e
duplo propósito (forragem e grão). Para fins de ensilagem,
é importante que o cultivar apresente uma alta produção
do forragem, com boa proporção de panícula (cacho), pois
esta fração é a mais nutritiva, digestível e que eleva o teor
de matéria seca da planta (PERAZZO et al., 2013; PINHO
et al., 2015).
15
Tabela 1. Recomendação de adubação para a cultura do sorgo
forrageiro
Teor no solo Plantio Cobertura
Nitrogênio (N) (kg ha-1)
- 30 60
-3 -1
mg dm Fósforo (P) (kg ha )
<11 60 -
11-30 40 -
>30 20 -
cmolc dm-3 -1
Potássio (K) (kg ha )
<0,12 30 -
0,12-0,38 20 -
>0,38 - -
Espaçamento e adubação orgânica
16
Tabela 2. Produção de matéria verde (PMV), produção de
matéria seca (PMS), componentes botânicos e teor de matéria
seca (MS) nos principais cultivares de sorgo destinados à
ensilagem.
17
cultura, como a boa composição nutricional, alta produção
e adequado teor de matéria seca. Devido as variações
climáticas em cada região, é interessante considerar não
apenas a idade da planta, mas sim o estágio de
crescimento, pois quando o sorgo apresentar o grão no
estágio pastoso recomenda-se a realização da colheita,
pois nesse ponto obtêm-se os benefícios citados acima.
Outro problema que pode ocorrer se não colhermos o grão
no estágio ideal, é que pode ocorrer ataques de pássaros,
os quais podem consumir boa parte dos grãos produzidos.
Ao fazer o corte nessa fase consegue-se atender os
requisitos básicos para que haja uma boa fermentação,
como o teor de matéria seca de 30 a 35% e teor de
carboidratos solúveis de 6 a 12% (MCDONALD;
HENDERSON; HERON, 1991). Ao vedar o silo, os
carboidratos presentes na planta serão convertidos em
ácidos orgânicos (ácido lático, ácido acético, entre outros),
num processo conhecido como fermentação, onde esses
ácidos vão inibir o desenvolvimento de microrganismos
indesejados que são responsáveis pela deterioração da
silagem (PAHLOW et al., 2003). Para que esse efeito seja
obtido, é preciso que o processo de ensilagem seja
18
conduzido de maneira eficiente onde a colheita, a
trituração (com partículas de 2 cm), a compactação e
vedação do material sejam feitos de maneira adequada e o
mais rápido possível a fim de evitar perdas nesse processo.
As silagens de sorgo por si só são bem fermentadas
e acidificam bem, preservando sua qualidade nutricional e
com perdas reduzidas. Entretanto, ao abrir os silos, essas
silagens têm uma tendência de esquentarem em poucas
horas e esse processo é conhecido como deterioração
aeróbia. Isso acontece porque os microrganismos
indesejáveis que foram inibidos durante a fermentação
retomam sua atividade quando o silo é aberto, ou seja, a
entrada de ar causa todo esse problema (WILKINSON;
DAVIES, 2013). Por isso que é altamente recomendado
fazer a vedação do material rapidamente, deixando o silo
isolado, pois se algum animal perfurar a lona o ar entra e
faz com que a silagem estrague, tornando inviável a
alimentação dos rebanhos.
Mesmo com esses cuidados, após abrir o silo o
processo de aquecimento da silagem é verificado nas
silagens de sorgo e algumas técnicas devem ser utilizadas
para preservar essa silagem por mais tempo. Em estudo
19
realizado por Santos et al. (2018), foi demonstrado que a
adição de 2% de ureia (com base na matéria seca) nas
silagens de sorgo aumentou o teor de proteína bruta das
silagens (de 3,0 para 7,6%), melhorou as características
fermentativas e diminuíram as perdas, entretanto, a adição
de ureia não foi suficiente para melhorar a estabilidade
aeróbia, pois as silagens se deterioraram (aqueceram) com
aproximadamente 12 horas após a abertura dos silos,
independentemente do nível de ureia utilizado. Nesse
sentido, é importante destacar que os inoculantes
microbianos heterofermentativos (como o Lactobacillus
buchneri) melhoram a estabilidade aeróbia das silagens,
pois estes produzem ácido acético, que é capaz de inibir os
microrganismos que iniciam a deterioração das silagens
(leveduras).
Silagens de sorgo inoculadas (Figura 1A) também
são uma realidade mundial, observando-se que há boa
preservação do alimento durante a ensilagem e,
principalmente, depois da abertura dos silos. Alguns
trabalhos de pesquisa mostraram que silagens inoculadas
passaram cinco dias sem se deteriorarem, ou seja,
praticamente não aqueceram. Além disso, houve menos
20
perdas de nutrientes pela melhoria da fermentação
(FILYA, 2003; FILYA; SUCU, 2007; WEINBERG et al.,
1999, 2011).
Outra técnica utilizada atualmente é a mistura do
volumoso (forragem) com o concentrado no momento da
ensilagem (Figura 1B). Tem se obtido efeitos positivos
advindos dessa mistura, como as melhorias na qualidade
do alimento, na fermentação e também na logística
operacional na fazenda, pois o concentrado que deveria ser
misturado diariamente durante o confinamento já está
armazenado dentro do silo (CARVALHO et al., 2016;
VIANA et al., 2013).
Alguns experimentos tem sido realizados
buscando encontrar as proporções ideais de mistura do
volumoso com o concentrado e, em estudo recente, Justino
(2021) relatou que a silagem mista de sorgo forrageiro
com 20% de torta de algodão moída promoveu melhorias
na qualidade da silagem e reduziu as perdas, pois abrindo
os silos aos 90 dias, o pH da silagem ficou na faixa ideal
(4,0), com elevação do teor de matéria seca e da proteína
bruta das silagens (foi de aproximadamente 37% de
matéria seca e 16% de proteína bruta, respectivamente).
21
Além disso, as perdas durante a fermentação foram
menores que 5% do total, consideradas muito baixas. Com
relação à estabilidade aeróbia dessas silagens, observou-se
que a deterioração iniciou-se somente 80 h após expor a
silagem ao ar, permitindo que as silagens possam ser
fornecidas aos animais até esse tempo.
A produção de silagens mistas (Figura 1C) resulta
em um material de qualidade com a possibilidade de
ensilar um concentrado quando seu preço está em baixa,
além do que diminui os riscos de perdas por ataque de
roedores (ratos) e proliferação de mofos nos galpões de
armazenamento.
22
4 Como formular dietas para os animais
23
Tabalo 3. Formulação de dieta a base de silagem de sorgo para
confinamento de ovinos*.
Mistura Mistura
Alimentos
(MS%) (MN%)
Silagem de sorgo ponta Negra 50,15 73,62
Milho 34,66 18,45
Farelo de Soja 10,80 5,78
Ureia 0,64 0,32
Cloreto de Amônio 0,81 0,99
Sal Mineral 2,02 0,45
Calcário 0,92 0,39
*Dietas com 16% de proteína bruta, formuladas para ganho de peso
de 200 g/dia. Fonte: adaptado de Gois et al. (2017).
24
onde a silagem é misturada com os demais ingredientes
(concentrados, sal mineral...) e fornecida aos animais no
cocho em quantidade suficiente que atenda suas
necessidades diárias.
O consumo dos animais vai variar de acordo com
o sexo, idade, peso, estado fisiológico (prenhez, lactação,
mantença...) e condições climáticas (NRC, 2007). Sob
condições de confinamento, por exemplo, tendo ovinos
machos não castrados, sem padrão racial definido, com 20
kg de peso vivo inicial, o consumo de um animal pode
variar de 4 a 5% do seu peso vivo, ou seja, 0,8 a 1 kg de
matéria seca por dia (2 a 2,5kg de matéria natural por dia,
respectivamente, considerando que a dieta contenha 40%
de matéria seca). Assim, se uma baia coletiva tem 10
animais o consumo estimado para esses animais será
multiplicado pelo número de animais na baia, ou seja, será
necessário dispor de 20-25 kg/dia da dieta em questão para
arraçoar os 10 animais nas baias (Figura 2).
Vale salientar que essa quantidade fornecida é a
quantidade exata demandada pelos animais não sendo
aconselhável adotar tal prática. Por isso, recomenda-se
fornecer o alimento na quantidade exigida (25 kg, por
25
exemplo) somando mais 15% no oferecido aos animais,
desse modo, seria fornecido aos 10animais 28,75 kg de
ração/dia.
26
oferecido sobrar pouco alimento, deve-se ir ajustando a
oferta de alimento de forma que fiquem sobras nos cochos,
indicando que o animal pôde escolher bem e rejeitou as
partes menos digestíveis (materiais mais fibrosos como
folhas velhas/secas, pedaços de colmos duros e mal
triturados, frações mal fermentadas e/ou que contenham
mofo).
27
substituir totalmente as silagens de milho em dietas para
vacas leiteiras.
28
contabilizar os gastos com insumos, sementes,
medicamentos, concentrados, mão-de-obra, aquisição de
animais e calcular quanto será obtido de receita ao vender
os animais ou os produtos gerados por eles (carne ou leite)
(Tabela 6). Ao contabilizar o que foi gerado de renda e
descontando os gastos, tem-se os lucros da produção e,
com isso, o produtor tem na mão uma ferramenta
imprescindível para monitorar e organizar seu sistema de
produção.
29
8 Considerações finais
9 Referências bibliográficas
30
sorghum silage partially replaced with dehydrated fruit
by-products. Tropical Animal Health and Production,
[s. l.], v. 51, n. 3, p. 619–627, 2019.
31
FILYA, I.; SUCU, E. The effect of bacterial inoculants
and a chemical preservative on the fermentation and
aerobic stability of whole-crop cereal silages. Asian-
Australasian Journal of Animal Sciences, [s. l.], v. 20,
n. 3, p. 378–384, 2007.
32
MCDONALD, P. J.; HENDERSON, A. R.; HERON, S.
J. E. The Biochemistry of Silage. 2nd. ed. Marlow,
Bucks, UK: Cambridge University Press, 1991.340p.
33
G. Da. Sorghum cultivars of different purposes silage.
Ciência Rural, [s. l.], v. 45, n. 2, p. 298–303, 2015.
34
VIANA, P. T.; TEIXEIRA, F. A.; PIRES, A. J. V.;
CARVALHO, G. G. P. De; FIGUEIREDO, M. P. De;
SANTANA JUNIOR, H. A. De. Losses and nutritional
value of elephant grass silage with inclusion levels of
cottonseed meal. Acta Scientiarum. Animal Sciences, [s.
l.], v. 35, n. 2, p. 139–144, 2013.
35
Capítulo 2
CONFINAMENTO A BASE DE
SILAGEM DE MILHETO
Liliane Pereira Santana
Maria Alyne Coutinho Santos
Gabriel Ferreira de Lima Cruz
Rosângela Claurenia da Silva Ramos
Rafael Lopes Soares
Guilherme Medeiros Leite
1 Introdução
36
(GUIMARÃES Jr. et al., 2010). É considerado uma
alternativa excelente para utilização em forma de silagem,
porque dentre suas inúmeras vantagens, contêm um alto
teor de proteína bruta, o que faz de si uma planta com
grande potencial em utilização na alimentação animal em
sua forma conservada para suprir demandas nos períodos
de estiagem e escassez de alimento (SILVA, 2016).
A criação de animais ruminantes, especialmente
ovinos e caprinos é importante para a produção de
alimentos no Nordeste brasileiro, onde se encontra um dos
maiores rebanhos do país. Para que os animais mantenham
altos níveis de produção ao longo do ano, é necessário o
uso de volumosos de qualidade também no período seco,
uma vez que a demanda por alimentos permanece durante
todo o ano. Entre os meios usuais de conservação de
forragens, a ensilagem, é extremamente favorável, pois,
além de conservar o alimento, permite preservar o que há
de mais valioso no período seco, a água.
Por meio das informações contidas neste capítulo,
busca-se passar aos produtores informações que permitam
a elevação da produtividade do seu rebanho, por meio da
37
prática e aprimoramento do manejo do milheto em suas
propriedades.
2 Produção de Milheto
38
Tabela 1. Produção de milheto no Semiárido Paraibano.
39
para produzir 1 g de matéria seca (SKERMAN;
RIVEROS, 1992, citados por BONAMIGO, 1999),
quantidade muito inferior ao que precisa a cultura do
milho, por exemplo.
A cultura do milheto é estabelecida por sementes,
jogadas a lanço ou plantadas em sulcos. O plantio a lanço
pode ser em área sem cultura instalada ou em área
cultivada com cultura em estádio de colheita
(sobressemeadura).
40
Nessas condições, a semeadura a lanço pode ser
feita manualmente, com equipamento aplicador de
calcário ou por avião (PEREIRA FILHO et al., 2003),
sendo que as sementes devem ser incorporadas levemente
com grade niveladora, tanto após a colheita da cultura de
verão como na primavera (BONAMIGO, 1999).
Para produção de forragem para ensilagem, a
época de semeadura segue o regime de chuvas local. No
entanto, o milheto, em virtude de sua rusticidade, pode ser
semeado nos meses finais do período de chuvas, visando à
produção de silagem em período de safrinha, após a
colheita da cultura principal (KICHEL et al., 1999).
Pesquisas com milheto no Nordeste brasileiro,
apontam que o rendimento forrageiro foi de 1,2 a 7,5
toneladas de matéria seca por hectare, em Pernambuco, e
de 2,7 a 5,6 toneladas de matéria seca por hectare, na
Paraíba (LIRA et al., 1977). Salienta-se que o milheto
produz em condições de semiárido de 50 a 60% do que
produz o sorgo forrageiro. No entanto, possui melhor valor
nutritivo, por apresentar maior teor de proteína e ser mais
digestível pelos ruminantes. Nesse caso, continua sendo
41
uma excelente opção, principalmente em situações ou em
anos de previsão de menores quantidades de chuva.
Quando o milheto for utilizado como plantade
cobertura de solo em sucessão a uma gramínea (milho,
sorgo etc.), recomenda-se aplicação de 20 a 30 kg de
nitrogênio por hectare, nasemeadura, juntamente com o
fósforo e potássio, senecessários (Tabela 2). Quando o
milheto for utilizado com forragem (pastejo ou silagem),
além da aplicação do nitrogênio na semeadura (20 a 30
kg/ha), recomenda-sea aplicação de 60 a 80 kg de
nitrogênio por hectare emcobertura no início do
perfilhamento. De qualquer modo, quando comparado
com milho ou sorgo, as exigências de nutrientes do
milheto são inferiores, como demonstrado na tabela de
recomendação abaixo. Recomenda-se sempre a
consultoria técnica especializada para indicar as
quantidades de nutrientes, bem como de adubos para o
plantio do milheto.
42
Tabela 3. Recomendações de adubação fosfatada e potássica do
milheto com base na finalidade de exploração e na análise de
solo.
43
com bom padrão fermentativo. Em função da intensa
fermentação dessas silagens, é recomendado que as
mesmas sejam abertas em um periodo maior para obtenção
de uma melhor estabilidade dessas silagens após a abertura
dos silos, evitando-se perdas de silagem por ocorrência de
mofos ou apodrecimento. Além disso o uso de aditivos
absorventes de umidade e ou inoculantes devem ser
considerados para melhorar ainda mais a qualidade dessas
silagens.
Após a colheita o milheto deve ser processado em
uma máquina forrageira regulada para cortar a forragem
em partículas de aproximadamente 2 cm, e em seguida,
ensiladas em silos preferencialmente de pequeno porte,
por exemplo: em sacos e ou tambores. Silos menores
permitem o uso da silagem em curto espaço de tempo,
evitando as perdas por exposição ao ar. No entanto, se a
demanda do rebanho é elevada e são necessárias maiores
quantidades, pode-se optar por silos de superfície ou de
trincheira, tornando-se indispensáveis o uso de aditivos
que evitam que a silagem mofe ou apodreça após a
abertura dos silos.
44
Resultados encontrados em um trabalho realizado
no semiárido paraibano (Tabela 3) com milheto, utilizando
torta de algodão como aditivo proteico e absorvente de
umidade, alcançaram boas características de preservação
da silagem, considerando os dados obtidos é possível
entender que as silagens de milheto misturadas com torta
de algodão tiveram qualidade satisfatória.
Mofos 1 0,00
Leveduras2 0,88
1
Mofos, log UFC/g de silagem fresca. 2Leveduras, log UFC/g de
silagem fresca
Fonte: Elaborado pelos autores (2021)
45
comprovam que o uso de torta de algodão é recomendado
na silagem de milheto.
46
200 g/dia, segundo recomendações do National Research
Council (NRC, 2007).
47
4 Fornecimento das dietas para os animais
48
atender os requerimentos nutricionais desta categoria, de
modo a obter um ganho médio de 200 g/animal/dia,
segundo as recomendações do NRC (2007). Dessa forma
entende-se que animais de uma genética superior podem
alcançar ganhos semelhantes ou até superiores.
49
produção de silagem de milheto adaptados para região
semiárida.
50
O milheto obteve boa produção por área ficando
dentro dos parâmetros adequados, por apresentar boas
características de produção e bom valor nutritivo possível
produzir silagem com qualidade similar às demais
forrageiras tradicionais. Pode proporcionar silagem de
qualidade a custos inferiores ás silagens de cultura padrão,
como o milho e o sorgo, por se tratar de uma cultura de
baixa exigência em adubação, mais resistente a estresse
hídrico e que ainda apresenta rebrota espontânea após o
corte.
4 Considerações finais
51
Referências bibliográficas
52
dafração digestível da proteína bruta em dietas para
bovinos em condições brasileiras. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v.35, n.5, p.2101-2109, 2006.
53
SILVA, T. C.; BEZERRA, H. F. C. Características
agronômicas e eficiência do uso da chuva em cultivares
de sorgo no semiárido. Ciência Rural, v. 43, n.10,
p.1771-1776, 2013.
54
In Embrapa Caprinos e Ovinos-Artigo em anais de
congresso (ALICE). In: CONGRESSO NORDESTINO
DE PRODUÇÃO ANIMAL, 8., 2013, Fortaleza.
[Anais...].[Sobral: Universidade Estadual Vale do
Acaraú; Embrapa Caprinos e Ovinos, 2013]. 4 f.
55
Capítulo 3
CONFINAMENTO A BASE DE
SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR
Guilherme Medeiros Leite
Paloma Gabriela Batista Gomes
Danillo Marte Pereira
Yohana Rosaly Corrêa
Mikaelle de Sousa Dutra
Rafael Lopes Soares
1 Introdução
56
do território nacional se encontra entre os trópicos,
caracterizando um país tropical.
A cana-de-açúcar é utilizada dentre diferentes
maneiras, desde a produção de açúcar e cachaça, etanol
pela indústria automobilística eutilizada também na
pecuária, na alimentação animal, como volumoso. Devido
aos custos de produção mais baixos e sua ampla
diversidade de uso, ela vem ganhando espaço quando
comparado a outras culturas (MENDONÇA et al., 2004).
Sua utilização na pecuária vem aumentando devido ao
crescente número de animais (bovinos, ovinos e caprinos).
Por meio das informações abordadas neste
capítulo, busca-se repassar aos produtores informações a
respeito da cana-de-açúcar que permitam e facilitem a sua
utilização dentro das propriedades, de acordo com a
realidade de cada uma.
57
onde se recomenda a utilização da aração e gradagem, e,
quando necessário, aplicação de fertilizantes de acordo
com o que for recomendado pela análise de solo. Esse
preparo do solo com aração e gradagem é importante, pois
é uma maneira de descompactar a camada de solo,
normalmente até os 30 cm, permitindo que haja um melhor
desenvolvimento radicular da planta.
O plantio deve ser realizado em sulcos (Figura 1),
mantendo sempre atenção em relação ao distanciamento
entre um sulco e outro, recomendando-se que essa
distância seja entre 1 a 1,5 m. O adensamento do plantio
além de poder atrapalhar o manejo, pode resultar em
menor desenvolvimento das plantas, resultando em uma
menor produção. Sendo assim, o distanciamento de 1,20
m entre sulcos é o recomendado (TOWNSEND, 2000).
Chegou a hora de plantar, mas qual é a melhor
variedade para plantar na minha propriedade? A resposta
certa é: depende! A escolha vai depender da região que
está inserida a propriedade e suas características. Para
inserir uma variedade de cana-de-açúcar no Cariri
Paraibano, recomenda-se que seja uma variedade tolerante
à seca, ou seja, uma planta que esteja mais adaptada a
58
região de clima quente e com menores ocorrências de
chuva.
59
RB86-7515, RB75-8540, SP79-1011, RB83-5054, SP80-
1842, RB85-5002, RB85-5156 e SP83-5073. As
variedades RB86-7515 e SP80-1842 foram encontradas
nas duas recomendações.
O plantio é realizado através do próprio colmo da
cana-de-açúcar (Figura 2), onde se recomenda o plantio
logo após a retirada ou por um período de tempo de até
quatro dias, evitando que a germinação seja afetada.
60
De acordo com Twonsend (2000), pode-se utilizar
entre 8 e 15 toneladas de mudas por hectare plantado,
dependendo da variedade utilizada e das condições de
plantio. O plantio ainda pode ser realizado através dos
chamados “toletes”, que é a planta já germinada após um
período de tempo, variando cerca de 30 a 60 dias,
utilizando cerca de 2 a 3 toletes por metro linear (SILVA
et al., 2017).
A cana-de-açúcar é uma cultura semi-perene,
sendo utilizada entre 5 e 6 anos, com corte anual,
possuindo uma alta produtividade por área, onde obteve na
Paraíba uma produtividade de 49.005 kg/ha para a safra de
2018/2019, de acordo com a Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB, 2020), sendo o 5º maior
produtor de cana do Nordeste.
Deve-se atentar sempre para a fertilidade da área,
constatada através de análise de solo, garantindo assim,
que não faltem nutrientes e ocorra sua reposição ao solo,
impedindo que baixo a produção: solo sem nutriente é solo
sem boa produção.
61
3 Como conservar a cana-de-açúcar
62
disponível na região e analisar as opções. Como a cana-
de-açúcar é uma planta que possui baixos teores de
proteína, recomenda-se a utilização de algum concentrado
que possua teores mais elevados de proteína, como a torta
de algodão, que além de ser melhor economicamente para
obtenção, é encontrado facilmente nasmicrorregiões do
Semiárido do Cariri Paraibano.
Essa adição resulta em grandes melhorias: eleva a
recuperação de matéria seca e diminui a proliferação de
microrganismos indesejáveis, diminuindo as perdas e
melhorando a qualidade nutricional da silagem.
Essa mistura pode ser realizada com um teor de
20% de torta de algodão com base na matéria natural,
parece ser complicado, mas não é! Em uma situação
hipotética: estou na minha propriedade e vou ensilar em
um silo que tenha capacidade de armazenar 100 kg de
forragem, como vou proceder? A cada 100 kg, deverá ser
misturado da seguinte forma: 20 kg de torta de algodão
com 80 kg de cana-de-açúcar já passado na forrageira
(consultar Tabela 1). Após a mistura, o material deverá ser
ensilado, o qual fermentará por cerca de 60 dias, podendo
ser utilizado após esse período.
63
Tabela 1: Adição de torta de algodão na ensilagem de cana-de-
açúcar com base na matéria natural
Quant. (em kg) TA (em kg) CA (em kg)
100 20 80
200 40 160
500 100 400
1.000 200 800
Quant.= Quantidade; TA= Torta de algodão; CA = Cana-de-açúcar.
64
Figura 3: Ensilagem da cana-de-açúcar com inclusão de 20%
de torta de algodão.
65
Figura 4: Silagem de cana-de-açúcar apresentando mofo.
66
encontrados na região, comumente utilizados na
alimentação de ovinos e caprinos.
67
Nessa pesquisa foram utilizados ovinos sem
padrão racial definido, com peso médio inicial de 20 kg.
68
Tabela 3. Formulação de dieta a base de silagem de cana-de-
açúcar com inclusão de 20% de torta de algodão baseada na
matéria seca (MS) e na matéria natural (MN).
69
Tabela 4. Dieta para cabras em lactação a base de silagem de
cana de açúcar.
70
No momento do fornecimento da alimentação aos
animais, deve-se atentar para realizar uma mistura
homogênea, de modo que a silagem e o concentrado
estejam bem misturados, evitando assim, seleção pelos
animais, fazendo que toda a mistura seja consumida.
Para as dietas que contém palma, é de extrema
importância que a mesma seja processada apenas na hora
do fornecimento e sempre que houver sobras, que o cocho
seja limpo. Isso evita que haja a proliferação de
microrganismos patogênicos que venha causar distúrbios
aos animais.
71
silagem de cana-de-açúcar e cana-de-açúcar com 20% de
inclusão da torta de algodão na Tabela 5.
72
positivamente no desempenho dos animais, melhora os
padrões fermentativos e reduz as perdas dessa silagem.
73
Tabela 6: Avaliação econômica e retorno financeiro para
confinamento de ovinos alimentados com silagem de cana-de-
açúcar com inclusão de 20% de torta de algodão.
74
11 Considerações finais
Referências bibliográficas
75
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO.
Disponível em: http://www.conab.gov.br. Acesso em 01
de março de 2021.
76
in sugarcane top silage. Bioresource Technology, New
York, v. 312, p. 1-9, maio 2020.
77
Capítulo 4
CONFINAMENTO A BASE DE
CAPIM-BUFFEL
Daiane Gonçalves dos Santos
Diego de Sousa Vieira
Hactus Souto Cavalcanti
Francisco Naysson de Sousa Santos
Natalia Matos Panosso
Gilberto de Carvalho Sobral
1 Introdução
78
Vários estudos (Edvan et al., 2011; Pinho et al.,
2013; Silva, 2020) tem demonstrado que o capim-buffel é
uma forrageira de elevado valor nutritivo, resultando em
desempenho satisfatório, tanto de ovinos quanto de
caprinos, em regiões semiáridas do Nordeste do Brasil,
podendo servir como volumoso base para dietas desses
animais, tanto no período de chuva quanto no período seco
do ano.
Através das informações contidas neste capítulo,
busca-se difundir aos produtores informações que
permitam a elevação dos níveis de produtividade do seu
rebanho, por meio da implementação ou aperfeiçoamento
da cultura do capim-buffel em suas propriedades.
2 Produção de Capim-buffel
79
acordo com a região onde é implantado a depender das
condições locais. Através dos resultados de trabalhos
realizados no Cariri paraibano pode ser observado que os
autores alcançaram altas produções do capim-buffel por
hectare, como pode ser demonstrado na tabela 1.
80
Figuras 1 e 2 Semeadora de capim-buffel motorizada e
manual
81
aumento na produção de forragem à medida com que se
aumentava as doses do adubo, conforme a tabela 2.
Verificou-se aumento da produção de 1.563,12kg/ha por
corte sem adubação para 2.878,54kg/ha quando adubado
com doses de 20 toneladas de esterco por hectare quando
cortados a 10 cm do solo. Nos cortes em uma altura de 20
cm pode-se notar um aumento de 1.787kg/ha sem adubo
para 2,283,47kg/ha com doses de 15ton/ha.
82
Nacional do Semiárido no município de Campina Grande
– PB, em que pôde ser observado que o capim responde
satisfatoriamente a adubação tanto com esterco, quanto
com digesta, apresentando valores produtivos de acordo
com a tabela 3.
83
buffel aumentou de uma média de 1.104 kg/ha quando as
plantas não foram adubadas, para 2.003 kg/ha para plantas
adubadas independente da fonte de nitrogênio que foi
utilizada (OLIVEIRA, 2019). Mostrando dessa forma que
a adubação química desde que bem elaborada pode
aumentar a produção da forrageira.
A correção da acidez do solo e a disponibilidade de
nutrientes importantes, como fósforo, potássio e
nitrogênio, são indispensáveis para alcançar altas
produções por área, uma vez que o capim-buffel é
classificado como uma cultura de exigência média em
fertilidade de solo. Por causa da sua resistência a falta de
chuvas muitos técnicos e produtores imaginam que não há
necessidade de adubação. Conforme pode ser observado
nas imagens 3 e 4, a diferença entre um pasto de capim-
buffel adubado e outro não adubado, é visível.
Nesse caso, recomenda-se o acompanhamento
técnico para determinar as doses de calcário e adubos
químicos segundo os manuais de recomendação de
adubação para gramíneas forrageiras.
84
Figura 3 Pasto de capim-buffel adubado
85
3 Manejo do capim-buffel
86
4 Método de conservação do capim-buffel
87
Figura 6 Representação do ponto ideal da colheita de
campim-buffel para fenação.
88
de dietas contendo os ingredientes mais comuns na
alimentação de caprinos e ovinos nessas regiões.
89
Tabela 5 Formulação de dieta para cabras em lactação a base
de capim buffel
Alimentos Quantidades em Quantidades em
%MS MN
Feno de Buffel 53,00 52,47
Farelo de milho 30,86 31,14
Farelo de Soja 15,42 15,57
Sal mineral 0,68 0,59
Ureia 0,26 0,23
Fonte: Ramos et al. (2020).
90
Tabela 6 Formulação de dieta para ovinos em confinamento
com dietas a base de palma e capim buffel.
Alimentos Composição da Composição na
Dieta % %MN
Palma forrageira 19,12 63,77
Feno buffel 29,08 13,06
Farelo de Soja 6,46 2,97
Farelo de Milho 23,56 10,67
Torta de algodão 17,81 7,88
Ureia 0,9 0,38
Núcleo mineral 1,62 0,67
Cloreto de amônio 1,35 0,56
Sulfato de amônio 0,10 0,04
Fonte: VIEIRA & COELHO (dados não publicados).
91
Tabela 7 Formulação de dietas para cabras em lactação com
dietas a base de palma e capim buffel.
Alimentos Quantidades em % Quantidades em
%MN
Palma 34,44 79,13
Feno de Buffel 29,28 9,23
Farelo de milho 22,06 7,09
Farelo de Soja 13,24 4,26
Sal mineral 0,75 0,21
Ureia 0,26 0,07
Fonte: RAMOS et al. (2020).
92
A suplementação dos animais por meio de blocos
nutricionais é uma opção para produzir em pastagens de
baixa qualidade, oferecendo rendimentos satisfatórios ao
produtor e do mercado. Os blocos são uma fonte sólida de
suplementação que disponibiliza proteína, energia e
minerais e tem a dureza como um importante fator
limitante de consumo. O desempenho de ovinos
confinados foi analisado por pesquisadores da EMPAER
usando a suplementação com blocos nutricionais e foi
obtido resultados de maiores ganhos de peso para os
animais da raça Santa Inês de genótipos Tradicional e
Moderno suplementados (tabela 8). Os blocos nutricionais
eram compostos pelos seguintes ingredientes: 25% de
melaço, 5% de ureia pecuária, 28% de milho triturado,
20% de farelo de soja, 5% de sal comum, 4% de sal
mineral, 10% de cal hidratada e 3% calcário. Os blocos
foram formulados para cordeiros Santa Inês de genótipos
Tradicional e Moderno e promoveu um ganho de peso de
240g por animal, por dia em pasto diferido.
93
Tabela 8 Desempenho de ovinos confinados com e sem
suplementação por blocos nutricionais.
Biotipo animal
Variáveis
Tradicional Moderno
Peso Inicial Kg 19,28 19,46
Peso Final Kg 32,26 32,66
Ganho de Peso Total Kg 12,98 13,20
Ganho Médio Diário (g/dia) 144,22 146,67
Rendimento de carcaça fria% 45,39 44,38
Fonte: LIRA et al. (2017)
94
rendimento. Pensando nisso, existem forma de melhorar
esse aporte nutricional através da utilização de
suplementos concentrados, porém esses deixam a ração
mais cara, sendo necessário o uso de alternativas
alimentares de menor custo, como por exemplo, o uso da
ureia pecuária em substituição ao farelo de soja para
reduzir os custos da dieta.
Um levantamento feito por pesquisadores (tabela
9), mostram a avaliação dos principais custos de um
confinamento de 30 ovinos sem raça definida, com peso
médio inicial de 17,0, alimentados com dieta a base de
feno de capim-buffel e substituindo a soja (alimento mais
caro) por ureia a fim de reduzir os custos sem prejudicar o
rendimento dos animais. Esse trabalho demonstrou que
apesar de reduzir os custos da dieta, não se recomenda
substituir totalmente a soja por ureia, pois a redução do
desempenho dos animais na substituição total diminuiu a
receita líquida.
De qualquer maneira, análise financeira
demonstrou que é viável utilizar o feno de capim-buffel
como fonte para dietas em confinamento.
95
Tabela 9 Avaliação financeira do confinamento de ovinos
alimentados com dietas contendo ureia em substituição ao
farelo de soja.
12 Considerações finais
96
Referências bibliográficas
97
Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros,
2019.
98
SILVA, D. A. M.; PEREIRA, G. F.; EMEREBCIANO
NETO, J. V.; SANTOS, R. S.; GRACINDO, A. P. A. C.;
GURCEL, A. L. C.; GUT, G. A. P.; BEZERRA, M. G. S.
Respostas do capim-buffel a diferentes períodos de
rebrotação e alturas de resíduo. Research, Society And
Development, v. 9, n. 11, dez. 2020.
99
Capítulo 5
1 Introdução
Uma das principais características da palma
forrageira (Opuntia fícus-indica) é produzir biomassa
mesmo em condições de baixa disponibilidade de água e
altas taxas de temperatura e evapotranspiração. A palma
tem capacidade de absorver água do ambiente atmosférico
e reduzir as perdas de água nos períodos mais quentes do
100
dia, evitando o balanço hídrico negativo e possibilitando a
produção de massa verde ao longo do ano sem sofrer tanto
com os extremos de temperatura como ocorre com a
maioria das forrageiras.
De acordo com Ramos et al. (2011), a
imprevisibilidade do regime de chuvas, a qual regula os
processos fisiológicos das plantas na Caatinga, é um fator
limitante para a produtividade das espécies forrageiras. De
fato, a maioria das plantas da Caatinga completam seu
ciclo fenológico na época das chuvas, finalizando com o
depósito de sementes no solo que só germinam e voltam a
continuar o ciclo com a presença de novas chuvas, que
pode demorar muito tempo, até mesmo anos. Desse modo,
produzir palma é uma saída inevitável para o pecuarista do
Semiárido. Além de produzir matéria seca durante todo
ano e ser extremamente eficiente no uso da água, possui
um conteúdo de água que sacia o animal de sede,
reduzindo sua necessidade de ingestão de água, recurso
valioso e escasso em algumas regiões mais áridas.
A palma é uma planta que torna possível a
produção animal intensiva no Semiárido, podendo ser
utilizada como componente base da dieta de ruminantes. É
101
possível a utilização de dietas com alta proporção de
palma sem comprometer a eficiência produtiva e a
qualidade das carcaças. Para tanto, práticas de manejo
devem ser planejadas, executadas e avaliadas
periodicamente, para ajustes e intervenções sempre que
necessário. Neste capítulo iremos abordar práticas de
manejo intensivo e informações técnicas da palma capazes
de aumentar a oferta de forragem disponível para o
rebanho de caprinos e ovinos no Semiárido paraibano.
102
Existem várias maneiras de formar o palmal, em
cultivo consorciado ou isolado, em ambos os casos, o
adensamento associado com capinas de plantas
espontâneas é a melhor opção, pois otimiza a produção de
matéria seca por área, aumentando a eficiência produtiva
(Tabela 1).
103
adensamento da palma promoveu aumento na produção
por área, principalmente quando foi feito o controle de
plantas espontâneas através da capina.
No cultivo adensado a palma tende a ficar mais
alta, pois as plantas tendem a se alongar para captar mais
luz. De acordo com dados de Ramos et al. (2017), as
raquetes tiveram maior ocupação e distribuição na área
mais adensada, sendo 226% maior na área que houve
preocupação em remover as plantas espontâneas através
da capina, e 125% quando não houve capina.
O adensamento da palma ainda favoreceu a
conservação do solo, com manutenção das camadas mais
férteis, reduzindo o processo erosivo. Outra vantagem é
exercer grande diferencial dentro da unidade de produção,
aumentando a quantidade de ovinos para engorda de 97
para 273, 176 animais a mais por hectare. Mesmo em áreas
sem capina o incremento foi de 110,8%. Sendo possível
aumentar a capacidade de suporte em 16,7%. Por outro
lado, o espaçamento menos adensado tem facilitado os
tratos culturais com tração, importante para a agricultura
familiar do Semiárido, além de minimizar os riscos de
pragas e doenças na cultura, por permitir uma maior
104
aeração e exposição das plantas ao sol (Ramos et al.,
2011). Nesse contexto, o produtor deve analisar sua
condição e objetivos para assim definir qual tipo de
espaçamento irá utilizar, de acordo com suas necessidades.
A produção de massa verde da palma pode passar
de 100 t/ha (Ramos et al., 2011), com um teor de matéria
seca que gira em torno 8%, sendo a primeira colheita após
um ano de implantação do palmal. No entanto, segundo
Macêdo et al. (2017), apesar da adaptação da palma às
condições do Semiárido, é uma planta exigente em
fertilidade, especialmente em potássio, cálcio e magnésio.
Ramos et al. (2015) avaliaram o crescimento da Palma em
função da adubação orgânica e observaram que na
dosagem entre 10 e 20 t/ha resultou no maior aparecimento
de raquetes. A adubação com esterco aumenta linearmente
a produção de matéria verde e de matéria seca do palmal
(Ramos et al., 2015), em função do aumento dos estoques
de carbono e nitrogênio total. A colheita em um ano ou 24
meses após o primeiro corte é influenciado positivamente
pela adubação.
A utilização do esterco de caprinos, bovinos ou
ovinos quando incorporada ao solo aumenta a produção de
105
matéria verde (Tabela 2). Nesse contexto, o produtor pode
direcionar o esterco produzido para retornar ao sistema de
produção, reduzindo a entrada de insumos, custos de
produção e os impactos ambientais da atividade.
Dependendo da quantidade de esterco utilizado, a resposta
pode variar, o importante é o criador usar o que tem
disponível, atentando para a curtição e preparo adequado.
De acordo com Ramos et al. (2015) as
recomendações de adubação do palmal podem variar em
função das quantidades de esterco no solo, espaçamento,
quantidade de nutrientes no solo e fase da cultura. Em
geral, a exigência de nitrogênio está entre 60 e 130 kg por
hectare para populações de 5000 e 40000 plantas
respectivamente. No caso de adubação orgânica, a
recomendação é utilizar 25m³ por hectare a cada corte.
Vale salientar que os cortes estimulam a rebrota,
maximizando o aproveitamento dos nutrientes disponíveis
no solo.
106
Tabela 2. Valores médios de rendimento de palma forrageira
(toneladas por hectare) submetidos a diferentes níveis de
adubação com esterco bovino, 12 e 24 meses pós plantio.
107
Figura 1. Raquete de palma acometida por cochonilha
108
3 Conservação da palma
109
A estabilidade aeróbia é a capacidade do alimento não
aquecer no cocho e, consequentemente não mofar.
De acordo com Pereira et al. (2021), estudos
realizados em diferentes partes do planeta relataram a
qualidade fermentativa para preservação da palma
ensilada. As características agronômicas da palma
maximizam a produtividade do palmal, permitindo safras
uniformes e estimulando a capacidade de crescimento. A
ensilagem da palma melhora a qualidade sanitária da dieta,
reduzindo a quantidade de enterobactérias, muitas das
quais podem causar diarreia nos animais.
Segundo Macêdo et al. (2017), a palma possui em
sua composição química-bromatológica baixo teor de
matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína bruta,
por outro lado, apresenta alto teor de carboidratos não-
fibrosos, pectina e minerais, principalmente o cálcio. Em
estudo avaliando o valor nutritivo da silagem de palma na
terminação de cordeiros, Miranda-Romero et al. (2019)
concluíram que a silagem de palma tem qualidade similar
à silagem de milho e sua inclusão na dieta de cordeiros
poderia melhorar a qualidade fermentativa e a
110
digestibilidade da fibra, melhorando a eficiência produtiva
no confinamento.
111
4 Formulação de dietas com altas proporções de palma
112
5 Dietas para ovinos com alta proporção de palma na
dieta.
113
dependência de concentrados energéticos, reduzindo os
custos de alimentação.
Com a variação rápida dos preços dos grãos o
produtor deve estar atento a alternativas alimentares mais
baratas, porém capazes de garantir o desempenho do
rebanho. A participação de um técnico especialista em
nutrição animal é sem dúvidas um diferencial nas unidades
produtivas que possuem esse profissional, sendo capaz de
adequar os alimentos disponíveis com menor custo, a uma
eficiência satisfatória para o produtor.
114
de milho, torta de algodão, soja e ureia. Note que os
valores de soja são mínimos e o capim-buffel é uma
forrageira facilmente encontrada no Cariri paraibano,
muitas vezes com seu valor nutritivo subestimado. No
entanto, essa dieta requer um acompanhamento técnico
mais de perto, pois exige uma adaptação gradual dos
animais a esse tipo de alimentação.
115
velocidade de proliferação das bactérias é reduzida,
podendo permanecer exposta por períodos de até 24 horas
(Paulino et al., 2021), variando esse tempo em função da
temperatura, umidade e teor de água e açúcares da palma.
Outra prática importante é misturar bem a palma moída
com os demais componentes da dieta (farelos e grãos
secos, capim e feno), pois ajusta a matéria seca e pode
reduzir a proliferação bacteriana indesejável.
116
Figura 5. Palma triturada – fermentação mais acelerada
117
200g/dia foram obtidos por COELHO e VIEIRA (dados
não publicados) em uma propriedade rural do município
de São José dos Cordeiros, no Cariri da Paraíba. Nesse
ensaio os animais apresentaram um período de adaptação
ao excesso de palma, que se caracterizava por fezes de
textura mole. Após esse período o animal pareceu
equilibrar seu conteúdo ruminal, e começou a ganhar peso
com alguns chegando a ganhar mais de 10 kg em 44 dias
de confinamento.
118
carboidratos oferece energia para os animais, podendo
substituir com eficiência o milho na dieta de ruminantes.
Avaliando os custos de alimentação de cabras com dietas
contendo palma, Soares et al. (2020) adquiriram
diretamente do produtor dois tipos (miúda e orelha de
elefante) para fornecer para cabras com exigência de
nutrientes para produção de 3,5 litros de leite por dia, com
uma gordura de 3,5% segundo o NRC de 2007.
Concluíram que a dieta com a orelha de elefante foi mais
econômica em função da maior produção de forragem por
hectare. Este ponto deve ser observado com cautela pelo
produtor, é importante avaliar além da produção de
biomassa, fatores como adaptação e resistência ao
ambiente.
É importante destacar que esses dados
correspondem a setembro de 2014, cujo valor do dólar era
R$ 3,23. De todo modo, o produtor deve assumir uma
gestão empresarial da atividade, com controle dos custos
e buscando maximizar seu lucro líquido, nesse contexto, a
palma é uma forrageira extremamente viável para ser
produzida, seja para alimentar seu rebanho (Soares et al.,
2020) ou em caso de possibilidade de mínima irrigação,
119
maximizar ainda mais a produção para vender as raquetes
produzidas (Dantas et al., 2017)
120
Tabela 8. Custos de dietas contendo níveis de palma
substituindo silagem de sorgo para ovinos
SILVA (2018).
121
O Benefício/Custo é a relação de quanto se espera
ganhar para cada unidade de capital investido. Nesse
contexto, o confinamento de ovinos utilizando palma
como base da dieta é uma atividade de retorno satisfatório,
capaz de gerar renda para o produtor.
9 Considerações finais
122
10 Referências bibliográficas
123
A. L., & DE OLIVEIRA, C. J. B. (2021). Spineless cactus use
management on microbiological quality, performance, and
nutritional disorders in sheep. Tropical Animal Health and
Production, 53(1). https://doi.org/10.1007/s11250-021-02594-
124
REZENDE, F. M., VÉRAS, A. S. C., SIQUEIRA, M. C. B.,
CONCEIÇÃO, M. G., LIMA, C. L., ALMEIDA, M. P.,
MORA-LUNA, R. E., NEVES, M. L. M. W., MONTEIRO, C.
C. F., & FERREIRA, M. A. (2020). Nutritional effects of
using cactus cladodes (Opuntia stricta Haw Haw) to replace
sorghum silage in sheep diet. Tropical Animal Health and
Production, 52(4), 1875–1880.
https://doi.org/10.1007/s11250-020-02213-w
125
Capítulo 6
CONFINAMENTO A BASE DE
LEGUMINOSAS CONSERVADAS
Francisco Naysson de Sousa Santos
Mikaelle de Sousa Dutra
Diego de Sousa Vieira
Gilberto de Carvalho Sobral
Evandra da Silva Justino
Gabriel Ferreira de Lima Cruz
1 Introdução
126
leucocefala), Gliricídia (Gliricidia sepium), Algaroba
(Prosopis juliflora) e o Sabiá (Mimosa caesalpiniifolia),
espécie nativa da região Semiárida, é de fundamental
importância na alimentação de ovinos e caprinos, uma
prática bastante utilizada para reduzir os efeitos da falta de
forragem na época seca (SANTANA NETO et al., 2015).
Algumas dessas leguminosas conseguem manter
sua produtividade mesmo em épocas secas, sofrendo
pouco ou nenhum efeito na produção no decorrer do ano,
permanecendo, na época seca, com as folhas verdes.
Outras perdem suas folhas com o avançar do período seco
do ano. De maneira geral, as leguminosas mostram-se
como grande potencial forrageiro, sendo alvo de estudos
desenvolvidos para as regiões de clima semiárido. Porém,
existem alguns pontos importantes sobre essas silagens de
leguminosas, dessa forma, não se recomenda ensilar a
planta sozinha devido a efeitos de má fermentação o que
pode acarretar apodrecimento da silagem dentro do silo.
Esse texto traz aos produtores as informações
necessárias que permitam a maximização dos níveis de
produtividade do seu rebanho, seja ele leite ou corte, por
127
meio da utilização das principais leguminosas conservadas
para o Semiárido.
128
tabela 1 apresenta algumas leguminosas com o número de
cortes e produção de matéria verde em condições de
Semiárido, sendo importante considerar que essas
produções irão depender das condições de clima, solo e
manejo.
129
Figura 1. Algarobeira na época chuvosa no município de São
José dos Cordeiros.
130
folhas, podendo em algumas espécies, colher também os
ramos mais finos
131
propriedade. É importante atentar para o processo de
compactação para retirar todo o oxigênio realizado através
de pisoteio, com posterior fechamento por período mínimo
de 30 dias, após isso o alimento poderá ser fornecido aos
animais.
132
Uma alternativa para ensilagem de leguminosas é
a mistura com ingredientes que irão compor a dieta do
animal, como alimentos concentrados ou mesmo a mistura
com outras plantas, principalmente a palma forrageira. Se
o produtor quiser ir além, pode fazer a ensilagem de todos
os ingredientes de uma só vez, assegurando uma boa
conservação e permitindo o melhor aproveitamento de
todos os ingredientes da dieta.
133
Um trabalho realizado pelo Grupo de Estudos em
Forragicultura da UFPB em parceria com o Instituto
Nacional do Semiárido demonstrou a viabilidade de
aproveitar a Gliricídia consorciada com a palma forrageira
na forma de silagem, adicionando-se a ração concentrada
no momento da ensilagem. O resultado foi uma silagem
muito bem fermentada e conservada, atendendo as
exigências nutricionais de caprinos e ovinos.
134
circula vento, nunca colocar os sacos de silagem ou feno
diretamente em contato com o solo, pois estará atraindo
ratos que poderão rasgar os sacos, estragando a silagem.
A leguminosa destinada ao processo de fenação
deve ser triturada em maquina forrageira, e espalhada
sobre uma lona plástica estendida ao sol, virando o
material a cada 30 minutos. Após três dias, o feno pode ser
recolhido e ensacado para utilizar depois. No caso do feno
o local não pode esquentar muito pois isso influencia
diretamente a qualidade.
135
4 Como formular dietas para os animais
136
Tabela 2 Dietas formuladas para cabras em lactação pesando
em média 40 kg de peso e produzindo em média de 1,5 litros de
leite por dia.
Composição da Composição da
Ingredientes
dieta (%MS) dieta (%MN)
Feno Leucena 30 13,24
Palma forrageira 21,07 64,91
Milho 34,47 15,55
Torta de algodão 12,46 5,48
Sal mineral 2 0,80
Fonte: elaboração dos autores.
137
Tabela 3 Dieta formuladas para cordeiros mestiços em
crescimento com ganho médio diário de peso de 200g/dia.
Composição da Composição da
Ingrediente
dieta (%MS) dieta %MN
Gliricídia 30,00 35,60
Palma forrageira 25,65 51,50
Milho 29,62 8,70
Torta de algodão 13,06 3,74
Ureia 0,67 0,17
Sal mineral 1,00 0,26
Fonte: Elaboração dos autores.
138
O aumento gradativo da dieta no cocho se dará pelo
consumo, ou seja, a quantidade que ele come por dia. Após
um período, a sobra que o animal deixou é preciso ser
retirada do cocho para evitar contaminações,
recomendando sempre a limpeza dos cochos para que não
ocorra refugo pelos animais.
139
6 Desempenho animal esperado
140
Tabela 4 e 5. Desempenho de ovinos alimentados com feno e
silagem de gliricidia e capim elefante em substituição parcial do
farelo de soja.
Variáveis Capim Feno de
elefante Gliricídia
Peso inicial (kg) 20,9 21,9
Peso final (kg) 26,5 32,8
Ganho médio diário (kg) 90,00 180,08
Ganho de peso total (kg) 6,11 11,60
Rendimento de carcaça fria (%) 45,4 47,0
141
Os dados da tabela 6 demonstram que, quando
ensilada de forma conjunta trazem bons índices de
produção, como o número maior de cordeiros abatidos.
Em uma simulação realizada, comparando uma silagem
tida como padrão que é o milho e uma com adição de
leguminosas, foi possível abater um número maior de
animais, isso em razão dos animais terem atingido os 30
kg de peso vivo.
8 Considerações finais
142
devido a efeitos que levam ao apodrecimento. Os
resultados de estudos desenvolvidos até o momento
sugerem que o uso de leguminosas conservadas utilizadas
para compor rações é uma boa opção para alimentação de
caprinos e ovinos no Semiárido, uma vez que é capaz de
manter o rebanho e ainda trazer ganhos de pesos e
produção do leite satisfatórios. Frequentemente, nós
técnicos somos indagados pelos produtores sobre a
concentração de proteína nas diversas silagens que temos
no Nordeste.
Quando estamos discursando sobre a produção e
uso de volumosos, silagens na maioria das vezes, essa é a
primeira pergunta a ser feita. Acreditamos que a principal
razão dessa preocupação advém da situação que vivemos
no passado, momento em que muito se foi discutido
erroneamente sobre proteína em silagens. Diante desses
fatos é de bom tom que os produtores saibam qual é a
verdadeira importância desse nutriente quando pensamos
isoladamente no volumoso. A proteína forma o principal
constituinte do organismo do animal, sendo, pois,
indispensável para o crescimento, a reprodução e a
produção.
143
Referências bibliográficas
144
SANTANA NETO, J. A. et al. Leguminosas adaptadas
como alternativa alimentar para ovinos no semiárido –
revisão. Revista de Ciências Agroveterinárias. v. 14, n.
2, p. 309-318, 2015
145
Capítulo 7
CONFINAMENTO A BASE DE
SILAGEM NA FORMA DE RAÇÃO
Danillo Marte Pereira
Raniere de Sá Paulino
Arinaldo Fernandes Filho
Diego Francisco Oliveira Coelho
Maria Alyne Coutinho Santos
Evandra da Silva Justino
1 Introdução
146
Assim, a ensilagem é a técnica de conservação de
forragens baseada, na conversão dos carboidratos solúveis
(açúcares) presentes nas plantas em ácidos orgânicos
(principalmente ácido lático) os quais são capazes de
acidificar a massa ensilada e inibir o crescimento de
microrganismos indesejáveis, bem como manter a
qualidade e o valor nutritivo da forragem fresca. Portanto,
esse método de conservação de alimento assegura uma
fonte de forragem durante o período de escassez,
tornando-se indispensável em sistemas produção de leite e
de carne.
No âmbito da pesquisa o método de ensilagem vem
deixando de ser associado apenas a conservação de
forragem, atualmente o termo conservação de alimentos
vem ganhando cada vez mais espaço devido à ampla
variedade de alimentos que podem ser utilizados na
confecção de silagens, tais com: forrageiras frescas,
forragens com elevados teores de umidade, concentrados
e coprodutos da agroindústria úmidos ou secos, tornando
viável a confecção da silagem na forma de ração.
Em termos práticos, a silagem na forma de ração
consiste na ensilagem da combinação de forragem,
147
ingredientes concentrados, grão secos e ingredientes
úmidos (coprodutos da agroindústria) em proporções
balanceadas. Portanto, essa técnica pode ser aplicada em
qualquer região do Brasil, visto que os ingredientes
utilizados na confecção dessa silagem podem ser
encontrados em indústrias locais, o que diminui os custos
com alimentação animal e com a mão de obra dentro da
propriedade.
Portanto, a silagem na forma de ração pode ser
utilizada em pequenas e grandes propriedades rurais, por
ser uma tecnologia viável, independentemente do nível
tecnológico empregado no sistema de produção, além de
diminui seus custos. Outro ponto que vale ressaltar é a
possibilidade de comercialização dessas silagens com alto
valor agregado, uma vez que o comércio de silagem é uma
realidade em várias regiões do Brasil, possibilitando uma
fonte de renda extra associada à produção animal.
Dessa forma, o objetivo desse capítulo é abordar as
diferentes formas de produção da silagem na forma de
ração e as respostas bioeconômicas dos ruminantes
alimentados com essas silagens.
148
2 Princípios básicos para confecção de silagens na
forma de ração
149
Figura 1. Corte da palma Figura 2. Corte da gliricídia
forrageira.
150
Figura 7. Enchimento, Figura 8. Armazenamento
compactação e fechamento dos sacos sobre paletes de
dos silos madeira
151
Tabela 1. Percentual médio de matéria seca, açúcares, pH em
diferentes silagens na forma de ração
TS MS Açúcares pH Autores
SFRPFB 31,21 9,7 3,8 Macedo et al. (2018)
SFRG 46,53 10,00 4,02 Santos et al. (2020)
SFRT 31,50 9,0 5,0 Pereira (2021)
TS = Tipos de silagens; MS = Matéria seca; SFRPFB = Silagem
na forma de ração: palma forrageira, farelo de trigo, farelo de
milho, farelo de soja e feno de capim buffel; SFRL = Silagem
na forma de ração: palma forrageira, farelo de trigo, farelo de
milho, farelo de soja e gliricídia; SFRT = Silagem na forma de
ração: palma forrageira, farelo de milho, farelo de soja e torta
de algodão.
152
3 Razões para confeccionar silagens na forma de ração
153
Tabela 2. Comparação dos indicadores econômicos da
produção de cabras leiteiras alimentadas com Silagem na forma
de ração (SFR) e ração convencional (RC)
1
Sistema em confinamento; 2 Sistema em confinamento e 3
Sistema em semiconfinamento.
154
gramíneas que possuem baixos teores de matéria seca e
açúcares, o que dificulta sua fermentação, por outro lado a
cana-de-açúcar e o sorgo forrageiro que possuem teores de
matéria seca satisfatórios, contudo, seus elevados teores de
açúcares muitas vezes pode acarretar em fermentação
alcoólica e elevadas perdas de matéria seca. Pesquisas tem
demonstrado que a mistura da cana-de-açúcar com o
concentrado diminui bastante a fermentação alcóolica e
preserva muito melhor a silagem.
Outra forrageira que vem sendo muito utilizada na
confecção dessa silagem, é a palma forrageira, embora
esta possua um elevado teor de umidade, a mucilagem e
os teores de açúcares presentes em seus cladódios fazem
com que esta seja empregada com sucesso na confecção
das silagens na forma de ração, principalmente na região
Semiárida do Brasil (Tabela 3). Contudo, a palma
forrageira isolada deve ter no mínimo dois anos no
momento da ensilagem para evitar perdas de matéria seca
e diminuir os riscos de fermentação indesejada. Por isso,
seu uso compondo rações na forma de silagem torna-se
mais viável.
155
Assim como a palma forrageira, os coprodutos da
agroindústria, como: resíduos de frutas podem ser
utilizados na confecção de silagens na forma de ração,
devido seu baixo custo de aquisição, além de possuírem
um alto valor nutritivo e de serem fontes de açúcares para
a mistura, quando utilizados na forma in natura,
assegurando uma boa fermentação. Quando estes são
utilizados em forma de farelo, podem substituir
parcialmente outras fontes de alimento concentrado na
ração, tais como: os farelos de milho e soja. Portanto, a
utilização de resíduos agroindustriais possibilita reduzir o
uso de alimentos tradicionais na confecção da silagem,
consequentemente, diminui os custos com a alimentação
animal. Ainda, contribui para a redução de emissão de
poluentes no ambiente, sendo uma alternativa sustentável
para pequenos e grandes produtores rurais.
156
Tabela 3. Proporções dos ingredientes na matéria natural
das diferentes silagens na forma de ração.
1
Silagem na forma de ração à base de palma forrageira e feno de capim
buffel (SFRFB); Silagem na forma de ração à base de palma forrageira
e sorgo forrageiro (SFRS); Silagem na forma de ração à base de palma
forrageira e capim aruana (SFRCA); Silagem na forma de ração à base
de palma forrageira e Gliricídia (SFRG); Silagem na forma de ração à
base de palma forrageira e torta de algodão (SFRT); Silagem na forma
de ração à base de palma forrageira e resíduo de manga (SFRM);
Silagem na forma de ração à base de palma forrageira e resíduo de
cacau (SFRC); Nutrientes digestíveis totais (NDT).
157
comercialização de uma silagem de qualidade e com valor
nutricional suficiente para expressar a resposta dos
ruminantes agrega valor e renda extra para os pecuaristas
(Figura 9 e 10).
158
Dessa forma, ao ensilar a combinação de forragens,
grãos, alimentos proteicos, minerais e aditivos
alimentares, misturados de forma balanceada para suprir
as exigências nutricionais dos animais ruminantes, reduz-
se os custos de produção, otimiza-se a utilização dos
recursos forrageiros disponíveis, possibilita-se o uso de
resíduos da agroindústria, maximiza-se o manejo
alimentar dos animais e quando comercializadas podem
gerar uma renda extra para o produtor rural.
159
na propriedade e consequentemente na velocidade no
retorno do capital investido e na rentabilidade do sistema
de produção. Nesse sentido, as rações destinadas a
ensilagem devem ser formuladas visando atender as
exigências de cada espécie de ruminantes e categoria
animal. Sendo assim, na tabela 4, observa-se que o
desempenho desses animais foi conforme o esperado para
de raças tropicais.
1
SFRCB = Silagem na forma de ração com 35% de feno de capim
buffel utilizadas na terminação de ovinos; 2SFRCB = Silagem na
forma de ração com 30% de feno de capim buffel utilizadas para
cabras em lactação; 3SFRT = Silagem na forma de ração com 30% de
torta de algodão utilizadas na terminação de ovinos.
160
melhorado ou, no mínimo, permanece inalterado (Tabela
4) e tem-se ainda os demais benefícios, como a
comercialização do excedente de silagem, a praticidade
operacional na utilização dessas silagens e maior
seguridade nos aspectos sanitários, devido à menor
proliferação microrganismos deletérios no alimento.
5 Considerações finais
161
Referências bibliográficas
162
SANTOS, F. N. S. et al. Fermentation profile, microbial
populations, taxonomic diversity and aerobic stability of
total mixed ration silages based on Cactus and
Gliricidia. The Journal of Agricultural Science, v. 158,
n. 5, p. 396-405, 2020.
163
Capítulo 8
CONFINAMENTO A BASE DE
SUBPRODUTOS
Yohana Rosaly Corrêa
Izabelly Alves Pontes
Paloma Gabriela Batista Gomes
Daiane Gonçalves dos Santos
Raniere de Sá Paulino
Nelquides Braz Viana
1 Introdução
164
soja. Animais confinados, como bovinos, caprinos e
ovinos, podem ser alimentados com os subprodutos e
ainda assim manter um bom desempenho produtivo.
Algumas alternativas alimentares de subprodutos são: o
melaço e bagaço da cana, resíduos do algodão e da
mamona, farelo de glúten de milho e resíduos de frutas.
Assim este capítulo tem por finalidade apresentar
informações aos produtores, mostrando alimentos
alternativos e de baixo custo para se utilizar na
alimentação animal, objetivando aumentar a
produtividade do rebanho reduzindo custos com a
alimentação.
165
Figura 1 Bagaço de cana-de-açúcar.
Fonte: revistarural.com.br
166
alimentos de qualidade suficiente para suprir as
necessidades dos animais e aumentar a produção com
baixo custo.
Alguns produtores optam por utilizar esses
subprodutos apenas quando se apresentam com custo
baixo na aquisição, e isso é outra questão que deve ser
desmistificada, pois independente do preço, esses
alimentos são bastante viáveis para formular dietas para
animais de alta produção, que em confinamento
consomem altas quantidades de concentrado, como é o
caso da utilização da casquinha de soja e do caroço de
algodão na alimentação de vacas leiteiras.
Ainda se fala muito que não utilizam os
subprodutos devido a grande quantidade de contaminantes
presentes nesses resíduos agroindustriais, no entanto esse
mito se deve ao fato de antigamente não ter uma
fiscalização tão rígida como nos dias atuais, devido a
exigência dos mercados as industriam prezam por vários
recursos que venham a contribuir no quesito de
monitoramento de qualquer tipo de contaminante que
venham a ser prejudicial na cadeia alimentar.
167
4 Alternativas de subprodutos na alimentação animal
Fonte: maisfarelo.com.br
168
peletizadas apresenta um teor de amido relativamente
baixo, com valores entre 0,1 e 0,14% e um elevado teor de
fibra em detergente neutro (FDN), com 24,2% da matéria
seca (MS). Por outro lado, a parte fibrosa da polpa cítrica
apresenta apenas 1% de lignina, isso quer dizer que ela é
praticamente toda degradada no rúmen, ou seja, o animal
irá aproveitar quase que totalmente esse alimento (TIGRE,
2016).
Alguns pesquisadores relatam em seus estudos que
a utilização de polpa cítrica traz melhorias ao desempenho
produtivo animal. Gilaverte et al. (2011), ao avaliar o
desempenho de ovinos Santa Inês que foram alimentos
com polpa cítrica peletizadas substituindo o milho
totalmente, em um período de 18 dias chegaram a
conclusão que essa substituição não ocasionou alterações
na digestibilidade dos nutrientes nem no desempenho dos
animais. Dessa forma, a depender dos custos, pode
aumentar a lucratividade do confinamento.
169
5 Outros resíduos da indústria frutícola
5.1 Acerola
170
vir a ser aproveitada com grande potencial para uso na
forma de silagem.
Fonte: peteq.feq.ufu.br
171
5.2 Abacaxi
Fonte: capatsa.embrapa.br:8080
172
bruta, 71,4% de Fibra em detergente neutro, 30,7 de Fibra
em detergente ácido e 6,8 de minerais (LOUSADA;
NEIVA; PIMENTEL, 2002).
5.3 Maracujá
173
em detergente neutro e 12,4% de minerais (LOUSADA;
NEIVA; PIMENTEL, 2002).
Fonte: ctaa.embrapa.br/
174
processamento de frutas desidratadas observou o consumo
da matéria seca (CMS) dos subprodutos da acerola,
abacaxi e maracujá por ovinos, onde os resultados estão
demonstrados na tabela 1. Se faz necessário observar o
baixo consumo do resíduo de acerola, em função da alta
quantidade de lignina, deixando claro que a sua utilização
deve ser parcial na dieta, como fonte exclusiva de fibra.
175
elevado valor nutritivo e boa palatabilidade, o que
resultam em uma boa aceitação por parte dos animais.
Fonte: globoplay.globo.com/
176
estiverem consumindo uma quantidade ideal de volumoso,
assim recomenda-se para cordeiros e cabritos em
terminação a inclusão de soro de leite na dieta em até 4,0%
e 4,5% na matéria seca (ROGÉRIO, et al. 2017).
A fim de evitar problemas com a alimentação dos
animais se faz necessário ter um acompanhamento de um
profissional capacitado para dar suporte ao produtor para
que o mesmo aproveite as alternativas de forma mais
eficiente possível, melhorando assim o seu rebanho de
forma econômica.
177
confinados, já para animais adultos a recomendação é de
10-20% na ração (Brown & Johnson, 1991), recomenda-
se ainda que o melaço líquido seja fornecido sobre o
alimento mais seco, como por exemplo, um feno ou uma
forrageira mais seca no próprio cocho, pois além de
facilitar a ingestão pelos animais, favorece o consumo.
Fonte: beefpoint.com.br/
178
6.3 Farelo de glúten de milho
Fonte: pt.made-in-china.com/
179
relativamente bom. Neiva, et al. 2005, recomenda a
inclusão de até 40% de farelo de glúten de milho na dieta.
Fonte: aboissa.com.br/
180
Essa torta da origem ao farelo de algodão, ambos
servem de alimento para animais em confinamento, o qual
pode ser fornecido de algumas formas em substituto a
alguns ingredientes. Pereira, 2021 em dados ainda não
publicados, recomenda para ovinos confinados a inclusão
de até 30% de torta de algodão na silagem de ração
completa, substituindo tanto o feno quanto o farelo da soja.
7 Considerações finais
181
Referências bibliográficas
182
do processamento de frutas em ovinos. Revista
Brasileira de Zootecnia, ViÁosa, MG, v. 34, n. 2, p.
659-669, 2005.
183
ROGERIO, M.C.P et al. Soro de queijo tipo coalho de
leite bovino: alternativa para a terminação de pequenos
ruminantes no Semiárido nordestino. Embrapa
Caprinos e Ovinos-Comunicado Técnico
(INFOTECA-E), 2017.
184
Capítulo 9
1 Introdução
185
comum, ainda está longe do ideal, pois a moagem
realizada ainda é muito grosseira (Philippeau et al.2000;
Hoffman e Shaver, 2009). Além disso a quebra da dureza
do grão depende de reações químicas e não só do
processamento do grão.
A técnica de silagem de grão de milho reidratado
consiste basicamente em moer o milho seco, reidratar com
água ou palma forrageira e conservar em forma de
silagem. Durante o processo de ensilagem do grão moído,
vão ocorrer transformações na silagem, por meio de
reações químicas, diminuindo a dureza da camada
superficial do grâo, fazendo com que o amido fique mais
disponível para o aproveitamento animal.
As práticas de hidratação do grão de milho com
água ou palma forrageira, podem ser adotadas de acordo
com a realidade da propriedade, permitindo que o produtor
escolha a técnica de hidratação que seja mais adequado ao
manejo diário. A forma de armazenamento também segue
o mesmo raciocínio, desde que promova adequada
fermentação da silagem e preservação do alimento.
186
187
188
2 Efeito da ensilagem sobre a digestão do amido
189
3 Confecção de silagem de milho reidratado com água
190
consideração o teor de matéria seca da silagem. A matéria
seca é o percentual do alimento sem água, no cálculo para
confecção da silagem de milho reidratado levamos em
consideração o teor de matéria seca dos alimentos e
matéria seca final, por isso é importante determinar seu
valor dos alimentos. Para a reidratação é recomendado um
teor de matéria seca de 60% a 67%. A seguir podemos ver
um exemplo de cálculo.
191
4 Confecção de silagem de milho reidratado com palma
forrageira.
192
Figura 3. Cálculo de confecção da silagem milho
reidratado com palma forrageira.
193
automático, ou uma betoneira. Essa mistura será
armazenada num silo que deverá permanecer fechado no
mínimo 60 dias para que ocorra o processo de fermentação
do material ensilado.
194
que controlam o aparecimento de mofos no silo e, dessa
forma, as perdas por descarte de silagem mofada serão
mínimas.
5.1 Tambores
195
Após o manuseio da silagem, entre uma retirada e
outra, deve-se colocar a lona diretamente sobre o material,
evitando ao máximo o contato com o ar.
196
5.3 Silo trincheira
Fonte: comperural.com
197
5.4 Vantagens e desvantagens na utilização de silo
trincheira:
198
existem paredes, o material é compactado sobre o terreno,
lonas auxiliam forrando o chão e vedando o silo.
199
5.7 Sacos
200
6 Formulação de dietas contendo silagem de grão de
milho reidratado
201
Tabela 1. Formulação de dietas com silagem de grão de milho
reidratado para cabras em lactação com base na MS e MN.
202
Tabela 2 Formulação de dietas com silagem de grão de milho
reidratado com palma para cordeiros confinados base na
matéria seca (MS) e na matéria natural (MN)
Alimentos Composição Composição da
da Dieta %MS Dieta %MN
SM 60,33 76,35
SGMRPF 26,88 17,91
Soja 11,95 5,40
Ureia 0,48 0,19
Cloreto de amônio 0,12 0,05
Sal Mineral 0,24 0,10
SM = Silagem de milho; SGMRPF = Silagem de grão de milho
reidratado com palma forargeira
Fonte: Soares, (2020) dados não publicados.
203
10 Fornecimento das silagens de grão para os animais
204
Figura 8 a e b: Fornecimento de ração completa contendo
silagens de grão de milho reidratado para cordeiros em
confinamento.
205
12 Experimento com cordeiros em confinamento
206
13 Análise econômica da produção
207
Em seguida (tabela 5), foi realizada uma
simulação, comparando custos de produção de um sistema
de criação de cordeiros alimentados com milho moído e
um sistema de produção de cordeiros alimentados com
silagem de grão de milho reidratado com água. Na situação
em que foi utilizado o milho moído, o preço do milho foi
determinado de acordo com a cotação do milho ao passar
dos meses de confinamento. Já no confinamento
utilizando a silagem de grão de milho reidratado, foi
levado em consideração que o milho foi comprado de uma
única vez e ensilado.
Apesar do maior consumo da silagem de grãos de
milho reidratado, houve menor custo total e uma maior
receita, indicando que a adoção de silagem de grão de
milho resultou em maior economia para a produção. Além
de garantir um alimento de qualidade e padronizado
durante todo o período de confinamento.
208
Tabela 5. Avaliação financeira do confinamento de
ovinos confinados alimentados com milho comum e
silagem de grão de milho reidratado com água e palma
forrageira.
14 Considerações finais
209
baratas, conservar e melhorar a qualidade do alimento e ao
mesmo tempo conseguir um ganho de peso maior dos
animais.
Referências bibliográficas
210
Capítulo 10
CONFINAMENTO A BASE DE
SILAGEM DE MILHO SEM ESPIGA
ADITIVADA COM PALMA
FORRAGEIRA
Gilberto de Carvalho Sobral
Maria Evelaine de Lucena Nascimento
Nelquides Braz Viana
Danillo Marte Pereira
Paloma Gabriela Batista Gomes
Daiane Gonçalves dos Santos
1 Introdução
211
elevada produção por hectare. Essas características
favorecem uma boa fermentação da planta do milho,
quando a mesma é ensilada de maneira adequada,
promovendo a conservação de um alimento de alto valor
nutritivo, de fácil preparo e de grande aceitação pelos
animais (FERRARETTO et al., 2018). No entanto, muitos
produtores retiram a espiga para consumo humano e/ou
animal e utilizam somente o resíduo da colheita na
alimentação dos ruminantes, que devido à ausência das
espigas, diminui os teores de carboidratos solúveis do
material ensilado, interferindo na fermentação no silo e na
qualidade nutricional da silagem.
Uma alternativa viável, para melhorar o valor
nutricional das silagens de milho sem espigas, é o uso da
palma forrageira como aditivo. A palma forrageira
apresenta boa concentração de carboidratos solúveis
podendo substituir a espiga do milho, melhorando assim,
a fermentação e o valor nutricional da silagem de milho
sem espiga (LOPES et al., 2017).
Esse capítulo traz informações relevantes a
respeito do uso da palma forrageira como forma de aditivo
em silagens de milho sem espiga, evidenciando os seus
212
benefícios, tanto com relação a melhoria na qualidade
fermentativa e nutricional da silagem bem como no
aproveitamento e desempenho de ovinos confinados a
base da silagem de milho sem espiga aditivada com a
palma.
213
com o intuito de usar esse material de forma mais
eficiente.
Na tabela 1, têm-se as perdas da silagem de milho
sem espiga com diferentes porcentagens de palma
forrageira, em que se observa que o uso da palma como
aditivo diminuiu as perdas no material ensilado.
214
bromatológica, bem como na correção da matéria seca do
material a ser ensilado devido a sua elevada quantidade de
água.
Alguns pesquisadores têm observado que a
inclusão de palma forrageira em silagens aumenta a
estabilidade aeróbia. Estabilidade aeróbia é o tempo que a
silagem permanece viável após a abertura do silo. Quanto
menor a estabilidade aeróbia, mais rapidamente o silo
mofa quando aberto. A silagem mofada além de ter baixa
aceitabilidade pelos animais podem causar problemas de
saúde nos mesmos.
215
A palma forrageira, quando usada como aditivo na
ensilagem, controla o crescimento de fungos no silo
durante a fermentação, pois tem na sua composição
substâncias antifúngicas, bem como controla a acidez no
silo, evitando o crescimento de microrganismos
indesejáveis. O resultado é uma silagem bem fermentada
e que não mofa após a abertura dos silos (MACÊDO et al.,
2018). Outro benefício que a palma promove na ensilagem
da palhada é a melhoria da compactação, devido ao seu
teor de umidade e a mucilagem, que nada mais é que um
gel presente na palma triturada que age agregando as
partículas dentro do silo.
De acordo com Adous (2016), a utilização de
palma em forma de silagem e sua associação com outros
alimentos, tanto volumosos como concentrados, tem se
tornado uma prática cada vez mais comum,
principalmente em regiões semiáridas, como em alguns
países da África onde essa técnica já seja bem difundida.
Com base nisso, a palma forrageira se torna uma
alternativa para suprir os déficits encontrados na
ensilagem do milho sem espiga, pois além do elevado teor
de umidade é um alimento rico em carboidratos de rápida
216
fermentação com cerca de 40,6 – 66,7% (SILVA et al.,
2017; CONCEIÇÃO et al., 2018).
217
Figuras 2. Colheita da palhada de milho para ensilagem.
218
planta ao sol após o corte, para se evitar problemas de
fermentação durante a ensilagem.
Com relação ao tamanho de partícula, também se
torna fundamental considerar um tamanho de partícula
entre de 2 a 3 cm, nesse caso, é muito importante sempre
realizar a averiguação da picagem da ensiladeira e, se
necessário, a sua regulagem.
A B
219
provenientes da indústria alimentícia, onde a escolha de
como armazenar e conservar esse alimento para fornecer
dependerá da demanda animal e da infraestrutura de cada
produtor (Figuras 4). No entanto, em ambos, é necessário
se ater a alguns pontos para garantir que o produto final
esteja em condições adequadas para ser fornecido ao
rebanho.
220
com o oxigênio e 5- armazenar em local correto livre de
qualquer agente externo que possa perfurar o silo.
Nesse caso, a utilização da palma forrageira na
ensilagem do milho sem a espiga, como falado
anteriormente, pode favorecer a correção da matéria seca
do material a ser ensilado além de melhorar a compactação
da mesma.
O processo de compactação é o processo mais
importante na produção de silagem. Este processo é
necessário para aumentar a densidade e remover o
oxigênio do interior da silagem, dessa forma, a pressão de
compactação afeta diretamente a qualidade fermentativa
da silagem (TAN et al., 2017; TAN; DALMIS, 2019).
Se o material a ser ensilado estiver muito seco, a
expulsão do oxigênio do interior do silo e irá comprometer
a conservação do material ensilado. O teor de matéria seca
do material a ser ensilado deve ser em torno de 30 a 40%.
Assim, recomenda-se o uso de 20% de palma
forrageira na matéria natural como aditivo a fim de
diminuir o teor de matéria seca do material a ser ensilado,
além de aumentar o teor de carboidrato no material a ser
ensilado, promovendo melhorias na qualidade nutricional
221
da silagem. Por exemplo, para cada 100 kg da massa a ser
ensilada, tem-se 80 kg da palhada do milho sem espiga e
20 kg de palma forrageira. É importante realizar a
homogeneização do material para garantir um bom
processo fermentativo dentro do silo, podendo-se fazer
uso de uma betoneira ou de pás e enxadas para misturar
bem esses dois alimentos.
222
ser fornecidas na proporção de 70% de silagem de milho
sem espiga e 30% de suplemento concentrado, com base
na matéria natural. Ou seja, para cada 10 kg de ração, tem-
se 7 kg de silagem de milho sem espiga e 3 kg de um do
suplemento concentrados da (Tabela 2).
223
Tabela 2. Percentual das dietas a base de silagem de milho sem
espiga com base na matéria seca.
224
Tabela 4. Fórmula do suplemento concentrado, com base na
matéria natural, para carneiros machos consumindo silagem de
milho sem espiga.
Ingrediente Dieta 1 Dieta 2 Dieta 3
Farelo de soja 13,97 13,97 13,97
Farelo de milho 52,94 52,94 52,94
Torta de algodão 28,04 28,09 28,11
Ureia 0,46 0,42 0,39
Núcleo mineral 2,28 2,28 2,28
Cloreto de amônio 2,26 2,26 2,26
Sulfato de amônio 0,05 0,04 0,04
Dieta 1 = silagem de milho sem espiga e 0% de palma orelha de
elefante mexicana; Dieta 2 = silagem de milho sem espiga e 10% de
palma orelha de elefante mexicana; Dieta 3 = silagem de milho sem
espiga e 20% de palma orelha de elefante mexicana.
225
Outra medida bem importante, é realizar o ajuste
diário do consumo, uma maneira prática para se realizar
esse ajuste é por meio da leitura de cocho 24 horas após o
fornecimento, se estabelecendo notas, por exemplo de 1
(sem silagem no cocho), 2 (pouca silagem no cocho) e
(muita silagem no cocho), onde 1: aumenta a quantidade
em kg do dia anterior; 2: repete a quantidade do dia
anterior e 3: diminui a quantidade que foi ofertada no dia
anterior.
226
Dessa forma é possível se ter uma noção de como
está o consumo dos animais e ter um planejamento do
estoque de silagem com base na quantidade diária que os
animais estão consumindo, permitindo saber durante
quanto tempo é possível alimentar o rebanho.
8 Considerações finais
Referências bibliográficas
227
Forragem de Plantas Remanescentes da Colheita de
Minimilho em Diferentes Épocas de Semeadura e Idades
de corte. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E
SORGO, Anais. Águas de Lindóia. 2012.
228
SILVA, E. T. S., MELO, A. A. S., FERREIRA, M. D.
A., OLIVEIRA, J. C. V. D., SANTOS, D. C. D., SILVA,
R. C. INÁCIO, J. G. Acceptability by Girolando heifers
and nutritional value of erect prickly pear stored for
different periods. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
52(9):761-767, 2018.
229
Capítulo 11
1 Introdução
230
produtores se desfazem desses animais por não ter
segmento produtivo para estes machos, e por consumirem
boa parte do leite produzido.
Diante deste cenário, viu-se uma oportunidade
para aproveitar esses machos e com isso otimizar a
rentabilidade na propriedade leiteira, sem, no entanto,
prejudicar à produção de leite. Ao sistema de criação de
cabritos leiteiros para produção de carne se dá a
denominação de Produção de Cabritos Mamões.
A produção de cabritos mamões vem sendo
estudada com o intuito de proporcionar ao caprinocultor
um novo segmento para ser explorado dentro do sistema
de produção, onde o caprinocultor oferece dieta
diferenciada aos animais, aproveitando o seu máximo
potencial produtivo, na fase de crescimento e antecipando
a idade de abate.
Assim, este capítulo traz, para o caprinocultor
leiteiro, informações que norteiam a produção de cabritos
mamões, elevando a produtivadade e rentabilidade do
sistema de produção, através da ampliação produtiva do
seu plantel.
231
2 Manejo de cabritos mamões
232
Figura 1. Representação de cabra Parda Alpina em fase de
lactação à esquerda e, a direita cabritos aleitados com
sucedâneo em mamadeiras coletivas.
233
produtividade e viabilizando a produção. Nas primeiras
semanas de vida dos cabritos, a base da alimentação é
constituída exclusivamente por leite materno (DUKES,
2006). Porém, ao 21º dia de vida se disponibiliza aos
animais um suplemento concentrado. O fornecimento da
dieta sólida (volumoso + concentrado) de forma precoce
aos cabritos é essencial em qualquer sistema produtivo,
partindo-se do pressuposto de que, eles terão maior
desempenho e ainda acarretará o desenvolvimento mais
rápido do seu rúmen (RAMOS et al., 2004).
234
O conhecimento do peso ano nascer e o
desenvolvimento ponderal dos animais, permite ao
produtor conhecer a capacidade de adaptação e
desempenho dos animais frente as diferentes situações as
quais estes são expostos nas diferentes regiões, isto
quando pretende-se dar início ao processo de seleção.
A característica mais importante relacionada ao
desaleitemento é o peso do animal, seguido pelo consumo
de alimentos (RAMOS et al., 2004). De acordo com
estudos, o desaleitamento de caprinos deve ocorrer quando
estes se encontrem com peso 2,5 vezes a mais do que seu
peso ao nascer (FERREIRA et al., 2008).
De acordo com Duran (1986), os animais devem
estar consumindo no mínimo de 30g a 40g de alimento
sólido por kg de peso corporal, ou seja, para definir o total
de ração a fornecer, basta multiplicar o peso do animal por
30 ou 40 g.
235
3 Nutrição e vantagens da produção de cabritos
mamões
236
muito escasso pesquisas com foco em desempenho desses
animais.
Em 2019 foi realizado uma pesquisa em
propriedade rural, no município de São José dos
Cordeiros-PB, onde foram utilizados 14 animais machos
inteiros de origem leiteira da raça Parda Alpina, onde os
animais foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo
foi aleitado com uma mistura de 50% de sucedâneo + 50%
leite e, e o segundo grupo recebeu somente leite. Os
animais foram separados das respectivas mães, após 24
horas, período que ingeriram o colostro nas matrizes. No
gráfico 1 observa-se o ganho de pesos dos cabritos,
mostrando o rápido ganho de peso dos animais.
É válido salientar que este cuidado de permitir os
animais ingerirem o colostro reduz as taxas de
contaminação por agentes infecciosos, pois a principal
função do colostro é a imunológica. Pelo fato de que a
transferência da imunidade das crias caprinas e ovinas não
ocorre no período pré-natal. A transferência de anticorpos
da mãe para a cria, através do colostro, acontece de
maneira passiva, ou seja, através da absorção das
237
imunoglobulinas, que são as proteínas sanguíneas,
contidas no colostro.
MÉDIAS DO LOTE
25
20
15
10
5
0
43863 43877 43891 43905 43919 43933 43948
SUCEDÂNEO LEITE
238
No procedimento de aleitamento artificial, os
cabritos são aleitados, oferecendo inicialmente 2% do seu
peso vivo. Um exemplo é um animal com 3 kg de peso
vivo ao nascer receberá 600 ml de leite/sucedâneo. É
importante entender que esse volume deve ser ofertado
duas vezes ao dia, sendo 300 ml pela manhã e 300 ml pela
tarde.
Quanto mais cedo esses animais iniciarem a
ingestão de concentrados (milho, farelo de soja, farelo de
algodão, e outros) e volumosos (fenos, capins e outros),
estes irão obter melhor rendimento e ganho de peso.
Entretanto, tem-se um período de tempo que melhor se
adequa para essa iniciação. Logo, recomenda-se que seja
iniciada essa alimentação sólida aos 21 dias de idade. É
importante a oferta de um suplemento concentrado mais
básico e de alto valor nutricional, geralmente, então, esse
suplemento tem como ingredientes, o milho e o farelo de
soja. Esses alimentos conseguem atender as exigências
dos animais de forma satisfatória.
A quantidade de alimento a ser ofertada também
é feita de acordo com peso corporal dos cabritos, tendo a
mesma base de 2% do peso vivo. Inicialmente esta dieta é
239
formulada apenas com os ingredientes básicos composta
por milho, farelo de soja, calcário e núcleo mineral.
Ao término do período de 60 dias de aleitamento
os animais são submetidos ao confinamento que tem
duração de mais 60 dias, compreendendo um período total
de 120 dias.
240
é composta dos mesmos ingredientes mais a adição de uma
forragem, como o capim buffel, que é muito comum em
propriedades rurais do Semiárido Brasileiro.
241
Figura 5. Área de capim buffel.
242
vista que o descarte desses animais se torna evidente nas
propriedades rurais. Desta forma, o produtor pode obter
uma renda extra ou mesmo sua renda principal na
produção de cabritos mamões, pelo seu rápido ciclo, baixo
consumo de alimento e boa conversão alimentar.
4 Considerações finais
Referências bibliográficas
243
DUCKES, H. H. Fisiologia dos Animais Domésticos. 12
ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.926, 2006.
244
MOREIRA, J.N., VOLTOLINI,T.D., MOURA NETO,
J.B., et al. Alternativas de volumosos para caprinos em
crescimento. Revista Brasileira de Saúde e Produção
Animal, v.9, n.3, p.407- 415, 2008.
245
Capítulo 12
CARACTERÍSTICA DE CARCAÇA E
QUALIDADE DE CARNE NO
SEMIÁRIDO
Gabriel Ferreira de Lima Cruz
Natália Matos Panosso
Yohana Rosaly Corrêa
Liliane Pereira Santana
Maria Evelaine de Lucena Nascimento
Raniere de Sá Paulino
Paulo da Cunha Tôrres Júnior
1 Introdução
246
estima-se que o total de cabeças ultrapassem os 13,77
milhões, com 65,59% no Nordeste e 24% no Sul do país
(IBGE, 2019).
Mesmo que o consumo per capta do país dessas
carnes seja considerado baixo (menos de 1 kg
habitante/ano) (LUCENA et al., 2018), a produção cárnea
do país não consegue suprir a demanda de mercado,
resultando na importação de carne, principalmente de
ovinos oriundos do Uruguai. O Brasil importou, 6,2
milhões de quilos de carne ovina em 2012, sendo quase
cinco milhões de quilos oriundos do Uruguai (VIANA et
al., 2015). Por outro lado, frequentemente são citadas
intenções de abertura de novos mercados importadores
(ex. Kuwait) para as carnes ovinas e caprinas do Brasil
(SOUSA, 2020), o que poderia incentivar o crescimento
da produção cárnea destes animais no país.
Há, portanto, um potencial de mercado consumidor
abrangente. Porém, para que a caprinovinocultura presente
na região Semiárida Brasileira possa consolidar seus
negócios, no cenário nacional e internacional, é preciso
que a produção de carcaças seja de alto padrão de
qualidade, sendo necessário o aperfeiçoamento das
247
relações de produção, abate e comercialização
(HOLANDA FILHO et al., 2019).
Neste capítulo, você leitor poderá conhecer as
características da cadeia produtiva e das carcaças de
pequenos ruminantes comercializadas na região Semiárida
Brasileira, bem como alternativas para padronizar e
aumentar a produtividade cárnea, além de dietas
recomendadas para obtenção de um produto de boa
qualidade.
248
Grande parte dos produtores rurais questionam os
valores recebidos no momento da venda dos animais para
abate, principalmente devido aos frigoríficos não
apresentarem uma política clara de bonificação e incentivo
ao produtor. Pelo lado da indústria frigorífica, padrões
considerados inadequados de carcaça e o fornecimento
irregular durante o ano de animais para o abate
(sazonalidade produtiva) são os principais pontos de
cobrança, o que dificulta o poder de barganha de
produtores rurais.
Quanto ao consumidor, os maiores motivos de
resistência para aquisição da carne são desde aspectos
culturais (forma de comercialização e certo preconceito
com o produto, “carne de segunda”), bem como da
confiabilidade na qualidade do produto, devido a baixa
disponibilidade de carnes certificadas, além de relativa
ausência de processamento e condicionamento adequado
dos cortes. Para que a cadeia produtiva possa evoluir e
conquistar novos mercados consumidores é necessário a
implementação de tecnologias, inclusive as de baixo custo,
bem como de capacitação da mão de obra em todos os
segmentos da cadeia (LUCENA et al., 2018).
249
Os criadores e produtores rurais necessitam
efetivar uma maior atuação associativista e organização
interpessoal, para que possam intensificar seus sistemas de
criação e produtividade por área, e consequentemente
idealizarem propostas para o apoio de políticas públicas e
privadas que incentivem a prosperidade da criação, como
ocorre com diversas cooperativas da região, a exemplo da
Cooap (Cooperativa da cidade de Pintadas) na Bahia que
produz a marca Fino Sertão em parceria com a FrigBahia
e apoio técnico financeiro do Governo do Estado da Bahia
(CAR, 2019).
250
Por outro lado, frigoríficos necessitam adequar
certificações dos produtos para disponibilidade a
mercados mais exigentes com qualidade. Estima-se que
em média 90% dos abates de pequenos ruminantes no
Brasil são feitos na informalidade, muitas vezes sem
nenhuma certificação de inspeção (SIF, SIE ou SIM)
(SÓRIO; RASI, 2010).
A região Nordeste apresenta apenas seis
frigoríficos com certificação SIF para caprinos ou ovinos
(HOLANDA FILHO et al., 2019), representando 15,54%
do total de abatedouros inspecionados no país (Tabela 1),
números insignificantes, quando considerado o número de
cabeças de animas presentes e abatidos na região, que é
detentora do maior rebanho de caprinos e ovinos do país.
251
Tabela 1. Relação entre o número de abatedouros com serviço
de inspeção e a distribuição dos rebanhos caprinos e ovinos
nas regiões do Brasil.
252
3 Características da carcaça e carne caprinovina do
Nordeste
253
principal depósito de gordura nesta espécie, representando
em média 60% da gordura total do animal e
consequentemente fazendo com que a maior parte da
gordura não componha a carcaça (MADRUGA et al.,
1999), e consequentemente, não seja comercializada.
Estas características fazem com que a carne
caprina possa se apresentar como uma alternativa nas
dietas da população que tem preferência por uma
alimentação mais saudável, por ser, dentre as carnes mais
consumidas no mundo, a mais magra (menor teor de
gordura) (LUCENA et al., 2018). Porém de alto padrão de
maciez quando oriunda de animais jovens, necessitando de
um marketing direcionado e maior oferta ao mercado para
ganhar espaço e destaque neste nicho de consumo que
geralmente são dominados pela carne de frango.
Ovinos por outro lado, dependendo do teor da
energia da dieta de terminação, apresentam maiores
capacidades genéticas de depositar gordura de cobertura
subcutânea da carcaça, bem como da gordura de
marmoreio (intramuscular), aumentando a suculência e
maciez da mesma e apresentando carcaças com maior grau
254
de conformação (CORDÃO et al., 2012), enquanto a
carcaça caprina tende a ser pouco compacta.
Entretanto, na região Nordeste ainda há problemas
acerca da padronização dos animais para o abate, e
consequentemente da padronização das carcaças, reflexo
dos sistemas de criação empregados, mas que podem ser
corrigidos, assunto este que será melhor elucidado no
próximo tópico.
Um dos fatores negativos também, é na
comercialização, ausência de acondicionamento
refrigerado/congelado, em pequenos açougues e
tradicionais feiras de rua, tornando-se questionável o
padrão microbiológico, fator este resultante da preferência
cultural nordestina pela conhecida “carne quente”
(SORIO; RASI, 2010), o que não é o recomendado. Para
mudar este cenário, existe a necessidade de esclarecimento
ao consumidor sobre aspectos sanitários e de
acondicionamento do produto.
No cenário atual da região, há também uma enorme
variabilidade genética nos rebanhos, constituídos por
animais sem padrão racial definido (SPRD) e diversas
raças nativas e exóticas, o que ocasionam uma alta
255
variação nos padrões de carcaça. Além disso, a proporção
de animais de idades avançadas nas linhas de abate é
considerada alto, devido aos sistemas de criação de em
grande parte de baixo nível tecnológico e investimento,
dificultarem a oferta de animais jovens e precoces para o
abate.
Induzir a precocidade dos animais para abatê-los
antes da puberdade é interessante e o adequado para o
consumidor, devido a animais mais jovens apresentarem
carnes mais macias, suculentas e de odor menos intenso
em comparação a ovinos e caprinos machos não castrados
abatidos após o estágio da puberdade, que apresentam alta
rejeição no mercado devido a textura mais firme e odor
intenso da carne.
256
Geralmente durante o período das águas, ocorre uma alta
oferta de animais para abate, mas ao decorrer dos períodos
de estiagem essa oferta diminui drasticamente.
Necessita-se então, uma melhor adequação do
manejo nutricional dos animais, com um planejamento do
balanço forrageiro ao longo dos anos, melhorando a
eficiência de aproveitamento de forragem no período das
águas para a realização de conservação de forragens com
a produção excedente, e posterior utilização no período
seco, sejam estes na forma de silagem, fenação ou
diferimento de pastagens (RAMOS et al., 2018).
Outro ponto crucial é o manejo dos animais desde
o nascimento até o abate, onde o sistema de produção de
cordeiros e cabritos com desmame tardio (acima de 100
dias de idade) resulta em abate de animais com idades
avançadas, o que compromete a qualidade de carcaça e da
carne e também aumenta o intervalo entre partos das
matrizes, consequentemente afetando a produtividade do
rebanho (CARTAXO et al., 2017).
O produtor rural, portanto, necessita acelerar o
desmame do cordeiro/cabrito com adoção de manejos
nutricionais como o creep feeding, que nada mais é, que
257
suplementar os animais jovens, favorecendo a precocidade
dos mesmos e induzindo uma melhor recuperação da
condição corporal da fêmea para a próxima gestação
(FERNANDES et al., 2011), visando a obtenção de três
partos a cada dois anos.
258
Um ponto interessante também, é a adoção da
estratégia nutricional conhecida como flushing que nada
mais é do que uma suplementação principalmente
energética via concentrados para as matrizes durante o
terço final da gestação, induzindo um maior
desenvolvimento do feto e consequentemente um maior
peso ao nascer que resultará em maior peso ao desmame.
Outra estratégia que seria preponderante para
melhorar a padronização de carcaças de ovinos e caprinos
no Semiárido seria a adoção de terminação em
confinamento, que permite uma rápida engorda dos
animais e, consequentemente, obtenção de carcaças com
características adequadas ao consumo, associado a
elevado retorno econômico para o produtor (FRESCURA
et al., 2005).
No confinamento, para potencializar a viabilidade
do valor investido, é recomendada a utilização de animais
que apresentem um bom padrão de desempenho, ou seja,
de boa procedência genética para ganho de peso, como
raças puras com aptidão para corte (Santa Inês, Dorper e
Somalis para ovinos; Boer, Savana e Canindé para
259
caprinos), cruzamentos entre raças ou cruzamentos com
matrizes SPRD ou raças nativas (CARTAXO et al., 2018).
Outro ponto importante no momento de idealizar o
confinamento é a aquisição de animais com adequado
padrão sanitário e de escore de condição corporal, além de
selecionar animais com idade inferior a um ano (dente de
leite), por geralmente apresentarem um potencial de ganho
de peso superior a adultos além de melhor conversão
alimentar, ou seja, mais eficientes para transformar o
alimento ingerido em peso vivo, além de que estes animais
apresentarão uma carne mais macia e saborosa do que
adultos (ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2015).
Para que a terminação em confinamento durante os
períodos secos do ano seja uma ferramenta vantajosa
economicamente, é imprescindível também que os
volumosos utilizados (silagem e feno) sejam produzidos
na própria unidade, objetivando reduzir os custos destes
ingredientes na composição da dieta (CARTAXO et al.,
2018).
A junção de um adequado manejo nutricional para
as crias e consequentemente desmame precoce, com uma
terminação para ganho de peso em confinamento,
260
permitiria oferta ao mercado de carcaças e carnes com
qualidades superiores (CARTAXO et al., 2017).
Pesquisas do projeto Agrocapri realizadas pela
antiga EMEPA-PB, hoje EMPAER-PB, e em parceria com
a UFPB e UFCG, evidenciaram a possibilidade de
produzir carcaças de caprinos e ovinos com excelente
qualidade. Como exemplo, duas pesquisas do projeto
avaliaram a produção de cabritos e cordeiros precoces
desmamados aos 75 dias de idade adotando sistema creep
feeding, sendo ovinos das raças: Santa Inês, mestiço de
Dorper com Santa Inês, ¾ de Dorper com ¼ Santa Inês
confinados aos 82 dias de idade e abatidos com peso
corporal médio de 30 kg (SOUSA et al., 2018), e caprinos
mestiços: ½ de Boer + ½ SPRD e ½ Savana + ½ SPRD
confinados aos 76 dias de idade e abatidos com peso
corporal médio de 25 kg (CARTAXO et al., 2018). Ambas
as pesquisas encontraram um adequado ganho de peso
durante o confinamento, com a obtenção de carcaças com
boa conformação e rendimento (Figuras 2 e 3).
As diversas pesquisas realizadas deste projeto
evidenciaram que é possível produzir no Semiárido
Brasileiro um produto com características excepcionais e
261
semelhantes às que são feitas em outros países de destaque
da ovinocaprinocultura.
262
Figura 3. Carcaças e meias carcaças de cordeiros ¾ Dorper e
½ Santa Inês.abatidos no projeto Agrocapri.
263
Dependendo do padrão genético dos animais do
rebanho, e das fontes alimentares acessíveis, um
acompanhamento de um técnico com conhecimento de
formulação de rações seria interessante para obtenção de
uma dieta adequada para o confinamento. A seguir você
pode observar as exigências nutricionais para formulação
de dietas de cordeiros e cabritos para altos padrões de
ganho de peso diário (Tabelas 3 e 4).
1
GPMD = ganho de peso médio diário; 2IMS = ingestão de matéria
seca; 3EM = energia metabolizável; 4PB = proteína bruta; 5Ca = cálcio;
6
P= fósforo.
Fonte: Adaptado de Cartaxo et al. (2018).
264
Tabela 4. Exigências nutricionais de cabritos com 20 kg de
peso vivo, segundo o NRC (2007).
1
GPMD = ganho de peso médio diário; 2IMS = ingestão de matéria
seca; 3NDT = nutrientes digestíveis totais; 4EM = energia
metabolizável; 5PB = proteína bruta com proporção de consumo de
proteína não degradável de 40%; 6Ca = cálcio; 7P= fósforo.
Fonte: Adaptado de Cartaxo et al. (2018).
265
5 Dietas e fontes alimentares que resultam em carcaças e
carnes de boa qualidade
266
ponto positivo desta dieta no experimento foi apresentar uma
melhor receita operacional líquida e melhor custo benefício
em comparação a uma dieta sem a adição do farelo de trigo e
utilização de capim-buffel como fonte volumosa principal.
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria.
Fonte: Adaptado de Silva et al. (2021)
267
6 Dietas para ovinos e caprinos em confinamento a
base de silagem de palma forrageira
268
Tabela 6. Formulação de dieta com silagem de palma
forrageira para ovinos confinados com base na matéria seca
(MS) e na matéria natural (MN).
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria.
Fonte: Adaptado de Souza et al. (2020).
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria.
Fonte: Adaptado de Cruz et al. (2021).
269
7 Dietas para cordeiros em confinamento a base de
50% de silagem de diferentes fontes forrageiras
adaptadas ao Semiárido.
270
Tabela 8. Formulação de dieta a base de silagem de erva-sal
para ovinos confinados com base na matéria seca (MS) e na
matéria natural (MN).
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria. 3FC = Força de cisalhamento.
Fonte: Adaptado de Campos et al. (2017; 2019).
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria. 3FC = Força de cisalhamento.
Fonte: Adaptado de Campos et al. (2017; 2019).
271
Tabela 10. Formulação de dieta a base de silagem de gliricídia
para ovinos confinados com base na matéria seca (MS) e na
matéria natural (MN).
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria. 3FC = Força de cisalhamento.
Fonte: Adaptado de Campos et al. (2017; 2019).
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria. 3FC = Força de cisalhamento.
Fonte: Adaptado de Campos et al. (2017; 2019).
272
8 Dietas para ovinos em confinamento com silagem de
ração completa à base de palma forrageira e torta de
algodão
273
Nordestino, além da adoção da palma forrageira como
única fonte volumosa.
1
RCQ = Rendimento de carcaça quente; 2RCF = Rendimento de
carcaça fria. 3FC = Força de cisalhamento.
Fonte: Adaptado de Cavalcante et al.; Martte et al. (Dados não
publicados).
9 Considerações finais
274
criação dos animais, bem como uma maior organização
da cadeia produtiva como um todo, visando a melhoria
nas formas de comercialização e divulgação
social/digital das qualidades sensoriais e nutritivas da
carne destes animais.
Embora de forma geral as carcaças obtidas na
região apresentem uma ampla variação em conformação
e acabamento, com a adoção de práticas de manejo mais
adequadas, como o desmame precoce e terminação em
confinamento com dietas bem formuladas, é possível
alcançar uma padronização de carcaças com obtenção de
cortes cárneos atrativos ao mercado consumidor cada vez
mais exigente quanto a qualidade sensorial, nutritiva e
microbiológica.
Referências bibliográficas
275
ALBUQUERQUE, F. H. M. A. R.; OLIVEIRA, L. S.
Produção de Ovinos de Corte: Terminação de
Cordeiros no Semiárido. Brasília: EMBRAPA, 2015.
58p.
276
CARTAXO, F. Q. et al. Dietas para cordeiros e
cabritos de corte terminados em confinamento. João
Pessoa: EMEPA-PB, 2018. 134p.
277
FERNANDES, S. R.; MONTEIRO, A. L. G.; SILVA, C.
J. A.; SILVA M. G. B.; ROSSI JÚNIOR, P.; SOUZA, D.
F.; SALGADO, J. A.; HENTZ, F. Desmame precoce e a
suplementação concentrada no peso ao abate e nas
características de carcaça de cordeiros terminados em
pastagem. Revista Brasileira de Saúde e Produção
Animal, v.12, n.2, p.527-537, abr/jun. 2011.
278
estabelecimento agropecuário, origem da orientação
técnica recebida e grupos de área total; resultados
preliminares 2017. [Rio de Janeiro, 2019]. Disponível
em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6719#resultado>.
Acesso em: 22 de mar. de 2021.
279
J. M.; ALVES, J. P.; FERREIRA, D. J.; LIMA, A. G. V.
O.; ZANINE, A. M. Cactus Pear as Roughage Source
Feeding Confined Lambs: Performance,
Carcass Characteristics and Economic Analysis.
Agronomy, [in press], 2021.
280