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INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS PIRANHAS
Sayomara Maciel de Melo

Principais doenças na cultura do pimentão


(Capsicum annuum)

Piranhas - AL
2023
INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS
CAMPUS PIRANHAS
Sayomara Maciel de Melo

Principais doenças na cultura do pimentão


(Capsicum annuum L.)

Trabalho avaliativo da disciplina de Fitopatologia II, do


Curso Superior em Engenharia Agronômica do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Alagoas - IFAL, Campus Piranhas.

Orientador: Profº. Dr. Almir R. E. de Souza.

Piranhas - AL
2023
Introdução

O pimentão (Capsicum annuum L.) é uma das dez hortaliças de maior


importância econômica e social no Brasil (HENZ et al., 2017)., em razão de sua forte
participação na culinária doméstica e empresarial e na geração de emprego e renda
para muitas famílias (ANUÁRIO BRASILEIRO DE HORTALIÇAS, 2012). É
originário do sul do México e América Central, pertencente à família das Solanáceas
como a batata, o tomate, o jiló, a berinjela e as pimentas em geral. Existe uma grande
variedade de pimentões disponíveis para os produtores e consumidores de todas as
regiões do país, com variações quanto ao formato e tamanho dos frutos e,
principalmente, de cores. O pimentão verde continua sendo o mais importante em
volume comercializado, mas os pimentões vermelhos e amarelos, com sabor mais
suave e melhor digestibilidade, também tem seu nicho de mercado cativo. Pouco a
pouco, os pimentões coloridos conquistam novos consumidores, embora sejam mais
caros.

O pimentão é uma importante fonte de vitaminas C. Quando maduro é


excelente fonte de vitamina A, além de ser fonte de cálcio, fósforo, ferro, vitaminas
do complexo B e carotenóides (REIFSCHINEIDER, 2012). O pimentão é uma planta
de verão, atualmente produzida também no inverno com o uso de cultivo em estufa. A
área cultivada com pimentão se concentra nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e
Paraná (HENZ et al., 2017). O Distrito Federal destaca-se como o principal pólo de
produção de pimentão em cultivo protegido no país (PEREIRA et al., 2011). De
acordo com dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-
DF) são cultivados na região aproximadamente 130,69 ha de pimentão no sistema
convencional, com produtividade média de 38,84 t.ha-1, enquanto em cultivo
protegido estima-se que sejam cultivados aproximadamente 32,7 ha, com
produtividade média de 186,3 t.ha-1 (OLIVEIRA, 2019).
Importância econômica

A produção do pimentão no país é muito forte, pois o vegetal se adapta facilmente ao


clima tropical. A origem deste alimento é mexicana e da América Central, por isso sua
produção é tão farta nos solos brasileiros. Ele é da mesma família da batata e contém muitas
propriedades importantes para o organismo humano, como vitaminas e minerais.

O pimentão é um tipo de hortaliça muito conhecido no Brasil. O consumo deste


vegetal está presente em todo o país por conta dos benefícios que carrega. Por ser um
superalimento, ele é recomendado para o tratamento de doenças ocasionadas por carência de
ferro e minerais no organismo, como a anemia e baixa resistência imunológica.

Além disso, o plantio do pimentão é muito importante para a questão econômica do


país. Esta atividade agrícola no Brasil é responsável por cerca de 13 hectares de área
cultivada em todo o campo rural brasileiro, este espaço equivale a 280 toneladas do fruto.

Por este motivo, o pimentão está entre as 10 hortaliças mais importantes para o
mercado agro brasileiro. As regiões responsáveis pela maior concentração de produção estão
concentradas em São Paulo e Minas Gerais. O mercado nacional do pimentão gera em média
1,5 milhões de dólares por ano e o maior parceiro comercial é os Estados Unidos.
Principais doenças

A antracnose é uma doença de grande importância na cultura do pimentão, pois ataca


diretamente os frutos depreciando o seu valor comercial e levando a perdas severas na
produção. Pelo menos cinco espécies de Colletotrichum atacam a cultura do pimentão no
Brasil, são eles o: Colletotrichum acutatum, C. boninense, C. capsici, C. coccodes e C.
gloeosporioides, sendo o C. acutatum o mais comum. Agente etiológico: Colletotrichum spp.

Distribuição: Cosmopolita – distribuída por todos os países onde se cultiva pimentão .


No Brasil está presente em todas as regiões produtoras da cultura do pimentão, sendo
encontrada desde o Rio Grande do Sul ao Nordeste do país.

Sintomas: Os sintomas nos frutos aparecem inicialmente como lesões encharcadas


que se expandem e podem atingir diâmetros variados; são essas lesões arredondadas e
deprimidas com interior acinzentado, bordas definidas e círculos concêntricos, que com o
passar do tempo formam massas de esporos de coloração do alaranjado ao rosáceo
(AGROFIT, 2018; BLACK et al., 2012). Apesar dos sintomas serem mais frequentes nos
frutos eles também podem aparecer nas hastes formando lesões estriadas e escuras, e nas
folhas na forma de manchas necróticas marrons, secas e irregulares, sem um aspecto
característico (AGROFIT, 2018).

Morfologia do fungo: Se caracteriza por apresentar produção de conídios ovóides em


massa alaranjada ou rosácea em estruturas acérvulas, com presença ou não de setas. A
diferenciação morfológica das várias espécies de Colletotrichum tem se dado por meio da
diferença do tamanho e formato dos seus conídios além do formato do apressório.

Controle não químico: utilizar sementes livres do patógeno, ter cuidado para que os
plantios não fiquem adensados, evitar irrigação por aspersão, sendo mais indicado por gotejo
ou infiltração para diminuir a dispersão da doença, fazer rotação com culturas não-
hospedeiras por pelo menos um ano, e após a colheita os restos culturais devem ser retirados
da área e devidamente eliminados (AGROFIT 2018).

Químico: no Brasil encontram-se registrados muitos fungicidas para a espécie C.


gloeosporioides, mas para as demais espécies temos poucos produtos registrados, conforme
pode-se verificar no Agrofit
(http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons).
Oídio

A ocorrência do oídio em pimentão foi relatada pela primeira vez no Brasil por
Boiteux et al. (1994), sendo causado por Leveillula taurica (Lév.) Arn., provavelmente
introduzido por meio de plantas ornamentais importadas, uma vez que não há relato de sua
transmissão via semente. Atualmente sabe-se que a fase assexuada (Oidiopsis taurica) é
responsável pelas infecções em pimentão, embora Leveillula taurica tenha sido encontrada
em outras plantas hospedeiras. Após estes relatos, o patógeno foi registrado causando
doenças em tomate e pimentão em outras regiões, e se encontra atualmente disseminado em
praticamente todas as regiões produtoras de hortaliças e ornamentais. O patógeno ocorre com
maior frequência em regiões de clima seco e quase na ausência de precipitação. Sua
ocorrência também é intensa em ambientes de cultivo protegido onde se utilizam sistemas de
irrigação via gotejamento.

Os sintomas da doença iniciam-se principalmente nas partes superiores das folhas


mais velhas e desenvolvidas das plantas, na forma de pequenas áreas cloróticas com bordos
irregulares que aumentam de tamanho e atingem alguns centímetros de diâmetro ou até toda a
superfície foliar. Na face inferior correspondente verifica-se um crescimento branco
pulverulento característico, constituído de micélio, conidióforos e conídios. Em variedades
suscetíveis de pimentão e em algumas outras espécies hospedeiras, quando as condições
ambientais são muito favoráveis ao patógeno, ocorre intenso crescimento micelial branco na
face superior da folha. Com o progresso da doença, os sintomas também aparecem nas folhas
mais novas.

A ocorrência da doença é favorecida por baixa umidade relativa, ausência de chuvas


ou irrigação por aspersão e temperaturas de 20 a 25°C.

A resistência genética é a medida de controle mais adequada para o oídio em


pimentão. Contudo, atualmente não existem no Brasil cultivares ou híbridos comerciais de
pimentão disponíveis comercialmente com níveis satisfatórios de resistência ao oídio. Na
Embrapa Hortaliças, esforços têm sido despendidos para seleção de genótipos de Capsicum
spp. resistentes ao patógeno. Já foram avaliados mais de 200 acessos de pimentões e pimentas
e várias fontes de resistência foram identificadas dentro das espécies C. annuum, C. chinense
e C. baccatum
Podridão de Sclerotium

O fungo (Sclerotium rolfsii) é um importante fitopatógeno habitante de solo, sendo


responsável pela podridão de raízes e do colo, murcha e tombamento de plântulas. Apresenta
extensa gama de hospedeiros, cerca de 500 espécies botânicas, incluindo dicotiledôneas e
monocotiledôneas, distribuindo-se em todas as regiões agrícolas, com predominância nas
zonas tropical e subtropical, onde predominam condições de alta umidade e temperatura
elevada.

Danos: No viveiro, o fungo causa o apodrecimento das mudas na região do colo,


provocando posterior seca e morte. Inicialmente, o fungo causa manchas encharcadas e
escuras no colo, ao nível do solo, que estendem-se pela raiz principal produzindo uma
podridão cortical sobre a qual desenvolve-se um micélio branco. Nesse micélio desenvolve-se
um grande número de esclerócios de cor parda, semelhantes às sementes de mostarda. Após,
o fungo causa o apodrecimento da região do colo das plantas, o que resulta no
amarelecimento progressivo e seca das folhas.

Controle: O controle dessa doença é difícil, em razão da enorme gama de hospedeiros


apresentada pelo fungo, bem como pela longa sobrevivência do patógeno no solo.
Recomenda-se o uso de sementes sadias, em solo bem drenado. Deve-se também realizar
rotação de cultura por grandes períodos, aração profunda com tombamento da leiva para
enterrar o inóculo, calagem e queima e/ou enterrio dos restos culturais. Essas medidas são
tomadas visando a diminuição do nível de inóculo no local. O controle com fungicidas é
recomendado para evitar a introdução do patógeno em áreas de cultivo livres do fungo.
Murcha do pimentão

É uma das principais doenças do pimentão no Brasil. Provoca maiores perdas no


verão, pois é favorecida por alta temperatura e alta umidade do solo. As plantas afetadas
apresentam murcha repentina observada inicialmente nas horas mais quentes do dia. É
comum aparecerem várias plantas murchas ao mesmo tempo, em fileiras ou em reboleiras.
Poucos dias após o murchamento inicial, a planta morre, ocasião em que pode ser observado
um escurecimento na base do caule. Sob alta umidade do ar, pode ocorrer também a infecção
de partes aéreas da planta, com manchas escuras e amolecidas nas folhas e no caule.

O fungo (Phytophthora capsici) na produção das mudas, provoca o “damping-off” e,


nas plantas adultas, podridão de raízes e do colo, provocando murcha repentina. No caule, nas
folhas e nos frutos, causa lesões necróticas encharcadas, de crescimento rápido, com
frutificações brancas nos bordos, apodrecendo a seguir.

Para o seu controle, devemos evitar plantios em solos infestados; fazer rotação de
cultura; utilizar sementes sadias; utilizar material propagativo, isento de contaminantes;
utilizar tratamento preventivo com fungicidas à base de cobre; drenar bem os canteiros; evitar
encharcamento; não fazer o enterro do resto da cultura nas áreas da estufa; utilizar materiais
resistentes; e realizar controle químico na parte aérea após a infestação.
Podridão mole

A bactéria Erwinia carotovora é o agente causal da "podridão da cabeça" e do "talo


oco" dos brócolis, além da "podridão mole" de diversas outras brassicáceas e solanáceas. Esta
doença causa numerosas perdas devido ao apodrecimento do caule, provocando a morte da
"cabeça" floral da planta e, que é o fruto comercializável. As perdas podem ser consideráveis
sob condições favoráveis ao desenvolvimento da doença, atingindo valores entre 30 e 100%
da produção. A podridão da "cabeça" é causada por um conjunto de mais duas bactérias,
Pseudomonas fluorescens e P. viridiflava, além de E. carotovora.

Essa doença encontra-se disseminada em todas as regiões produtoras de brócolis do


Brasil, pois a bactéria é nativa na maioria dos solos brasileiros. A bactéria tem um amplo
círculo de hospedeiros, principalmente solanáceas cultivadas e plantas daninhas, de
preferência as que têm consistência carnosa, como batata, cenoura, repolho, couve-flor, etc.

Os sintomas típicos da doença são a murcha generalizada da planta e o apodrecimento


fétido do caule e "cabeça". Ocorre murcha após a obstrução e destruição dos vasos vasculares
do caule, que impedem a subida da água até as folhas. A bactéria penetra através das raízes e
dos ferimentos no caule, provocando o apodrecimento dos tecidos internos infectados,
tornando-os moles, com odor muito desagradável, e o talo fica completamente oco. Os
sintomas aparecem durante os períodos chuvosos, quando a "cabeça" permanece molhada por
vários dias, então apodrece, tornando-se negra e com odor muito desagradável.

Controle: As cultivares que produzem "cabeças" que ultrapassam a folhagem secam


muito mais rápido e parecem ser mais resistentes. Não há referências sobre variedades ou
cultivares de brócolis imunes à podridão-da-cabeça, talo-oco e podridão mole. As sementes
devem estar sadias e adequadamente tratadas. Os restos de cultura devem ser retirados das
lavouras e queimados para reduzir o potencial de inóculo do patógeno. O terreno deve estar
bem drenado, e será irrigado apenas quando necessário. Em caso de a epidemia estar
estabelecida na lavoura, recomenda-se a rotação de cultivo com uma espécie não-hospedeira
por um período de no mínimo dois anos. O material de propagação deverá ser tratado com
compostos cúpricos antes de ser plantado.
Referências bibliográficas

ANVISA. Programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos – PARA: relatório


de atividades de 2015. Disponível em: . Acesso em: 28 dez. 2022.

GALL, Joana. O pimentão e a sua importância de produção no campo rural. Disponível


em: O pimentão e a sua importância de produção no campo rural (agro20.com.br). Acesso
em: 28 dez. 2022.

Agrofit – Sistema de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em: <http://agrofit.agricultura.


gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acessado em: 28 dez. 2022.

Black, L.L.; Green, S.K.; Hartman, G.L.; Poulos, J.M. Pepper Diseases: A Field Guide. Asian
Vegetable Research and Development Center, AVRDC. publication no. 91-347, 98 pp. 2012.

EMBRAPA. Como plantar pimentão. Embrapa Hortaliças Sistemas de Produção.


Disponível em: Doenças - Portal Embrapa. Acesso em: 28 dez. 2022.

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