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Caracterização da população de Phytophthora infestans nas regiões produtoras de batata (Solanum tuberosum) no Brasil View project
Survey of the diversity of native and exotic viruses from Brazil occurring on banana crops, their monitoring and improvement of the techniques molecular in the
diagnosis View project
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Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Av. Cons. Rodrigues Alves,
1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: tofoli@biologico.sp.gov.br
RESUMO
ABSTRACT
do tecido afetado no interior dos tubérculos é firme, Entre os fatores que contribuem para a ocorrência
seco, com textura granular e mesclada. de epidemias severas de requeima, destacam-se:
Phytophthora infestans apresenta micélio cenocí- •o plantio massivo de cultivares suscetíveis;
tico, esporangióforos com ramificação simpodial, •condições climáticas favoráveis;
esporângios hialinos, papilados e com formato •a existência de inóculo no decorrer de todo ano;
semelhante a um limão (Fig. 4). •o alto potencial de esporulação de P. infestans;
A requeima é favorecida por temperaturas na •a fácil disseminação via batata-semente, ventos, água
faixa de 12 a 25º C e molhamento foliar superior a etc.
12 horas. •o curto período de incubação, de 48 a 72 horas.
Fig. 1 - Sintoma de requeima (Phytophthora infestans) em Fig. 2 - Anel de esporulação composto por esporângios e
folhas. esporangióforos de Phytophthora infestans.
Fig. 3 - Sintoma de requeima (Phytophthora infestans) em haste. Fig. 4 - Esporângios de Phytophthora infestans.
Fig. 5 - Pinta preta (Alternaria solani) em folhas. Fig. 6 - Lesões com anéis concêntricos típicos da pinta preta.
Pinta Preta, Alternariose ou Mancha de Alternária coriácea e de cor amarela a castanha. Em condições
de umidade, as lesões podem ser cobertas por um
A pinta preta causa intensa redução da área foliar, crescimento acinzentado composto por micélio e
queda do vigor das plantas, decréscimo do potencial conídios (Fig. 7).
produtivo e depreciação de tubérculos. O fungo Alternaria solani é relatado como o agente
Nas folhas as manchas são circulares ou elípticas, causal da pinta preta por inúmeros autores. No entan-
pardo-escuras, necróticas, com a presença de anéis to, estudos têm demonstrado que a doença também
concêntricos, podendo apresentar ou não halo ama- pode estar associada a outras espécies do gênero,
relado ao redor das mesmas (Figs. 5 e 6). As lesões como A. alternata e A. grandis. No Brasil, a ocorrên-
em hastes e pecíolos podem surgir em plantas adul- cia de A. alternata foi constatada em 1994, porém a
tas e caracterizam-se por serem pardas, alongadas, de A. grandis é mais recente. De maneira geral, não
deprimidas e com halos também concêntricos. Nos existem diferenças sintomatológicas significativas
tubérculos as lesões são escuras, deprimidas, cir- entre as três espécies, porém essas diferem quanto
culares ou irregulares. A polpa sob a lesão é seca, ao tamanho e morfologia dos conídios (Figs. 8 e 9).
Fig.11 - Podridão seca em tubérculos (Fusarium spp.). Fig.12 - Sintoma inicial de sarna prateada (Helminthosporium
solani).
Fig.15 - Desidratação de tubérculo causada pela sarna Fig.16 - Sarna pulverulenta (Spongospora subterranea) da
prateada. batata.
Fig.19 - Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) em folha Fig. 20 - Escleródios de Sclerotinia sclerotiorum em meio
de batata. de cultura.
Fig. 21 - Olho pardo (Cylindrocladium clavatum) em tu- Fig. 22 - Conídios de Cylindrocladium clavatum.
bérculo.
depressivas e de coloração parda a negra (Fig. 21). provenientes desses cultivos sejam disseminadas
No centro das lesões pode ser observada a presença para campos em início de ciclo.
de frutificações do fungo, formadas de conídios e
conidióforos (Fig. 22). Batata-semente
A doença é favorecida por temperaturas ao redor O uso de semente sadia é fundamental para a
de 25° C e alta umidade. O processo infeccioso ocorre obtenção de cultivos com baixos níveis de doença
no campo, porém os sintomas, na maioria das vezes, e alto potencial produtivo. Além disso, é uma das
são observados somente na pós-colheita. A associação medidas mais efetivas para evitar a entrada de
do olho pardo com outros patógenos como Helmin- novos patógenos na propriedade. O tratamento
thosporium solani, Fusarium spp., Pectobacterium spp. das sementes com fungicidas ou a sua aplicação no
e Dikeya spp., pode causar perdas significativas no sulco de plantio é recomendado, principalmente,
armazenamento. para doenças de solo, visando a um maior estande
A doença é observada com maior frequência em de plantas ou tubérculos livre de doenças.
solos de cerrado, principalmente em áreas anterior-
mente cultivadas com, amendoim, ervilha e soja que Preparo do solo
também são hospedeiras do agente causal. O correto preparo do solo e a eliminação de
possíveis “pés de grade” pode evitar o acúmulo
de umidade no solo e consequentemente reduzir a
MANEJO ocorrência de doenças como a rizoctoniose, a murcha
de fusarium e o mofo branco, entre outras.
O manejo de doenças fúngicas na cultura da batata
deve ser baseado em programas multidisciplinares, Plantio
que integrem diferentes estratégias, com os objetivos Deve-se realizar o plantio das sementes a 5-7 cm
de otimizar o controle, reduzir os custos de produ- de profundidade, com o objetivo de favorecer a rápida
ção, diminuir o impacto ambiental e proporcionar emergência das plantas. O plantio profundo pode favo-
melhorias na qualidade de vida de produtores e recer doenças como a rizoctoniose e a murcha de fusário.
consumidores.
Cultivares
Medidas recomendadas Realizar o plantio de cultivares com algum nível
de resistência.
Local de plantio
Evitar plantios em áreas de baixada, sujeitas ao Rotação de culturas
acúmulo de umidade e circulação de ar deficiente. Evitar o plantio sucessivo de batata e de outras
Estes locais apresentam lenta dissipação do orvalho, solanáceas. O intervalo mínimo entre plantios não
o que pode favorecer o desenvolvimento de várias deve ser inferior a 3-4 anos.
doenças. O plantio deve ser realizado preferencial-
mente em áreas planas, bem drenadas e ventiladas. Espaçamento
Deve-se evitar, também, a instalação de novos Evitar plantios adensados, pois esses favorecem
cultivos próximos a lavouras em final de ciclo. Essa o acúmulo de umidade e a má circulação de ar
medida visa a evitar que estruturas reprodutivas entre as plantas.
Quadro 2 - Ingrediente ativo, alvo, mobilidade, grupo químico, mecanismo de ação, risco de resistência de fungicidas
registrados no Brasil para o controle da requeima e pinta preta da batata.
Ingrediente Mobilidade Risco de
Alvo Grupo químico Mecanismo de ação
ativo na planta resistência
requeima,
mancozebe contato ditiocarbamato múltiplo sítio de ação baixo
pinta preta
requeima,
metiram contato ditiocarbamato múltiplo sítio de ação baixo
pinta preta
oxicloreto de requeima,
contato cúprico múltiplo sítio de ação baixo
cobre pinta preta
hidróxido de requeima,
contato cúprico múltiplo sítio de ação baixo
cobre pinta preta
requeima,
oxido cuproso contato cúprico múltiplo sítio de ação baixo
pinta preta
requeima,
clorotalonil contato cloronitrila múltiplo sítio de ação baixo
pinta preta
requeima,
propinebe contato ditiocarbamato múltiplo sítio de ação baixo
pinta preta
iminoctadina pinta preta contato guanidina múltiplo sítio de ação baixo
requeima,
fluazinam contato fenilpiridinilamina fosforilação oxidativa baixo
pinta preta
zoxamida requeima contato benzamida divisão celular (mitose) baixo a médio
Amida do ácido biossíntese de fosfolípidios e
dimetomorfe requeima mesostêmico baixo a médio
cinâmico deposição da parede celular
cimoxanil requeima mesostêmico acetamida desconhecido baixo a médio
requeima, inibição da respiração
famoxadona mesostêmico oxazolidinadiona alto
pinta preta complexo III (QoI)
inibição da respiração
azoxistrobina pinta preta mesostêmico estrobiluriria alto
complexo III (QoI)
inibição da respiração
trifloxistrobina pinta preta mesostêmico estrobiluriria alto
complexo III (QoI)
requeima, inibição da respiração
piraclostrobina mesostêmico estrobiluriria alto
pinta preta complexo III (QoI)
cresoxim me- inibição da respiração
pinta preta mesostêmico estrobiluriria alto
tilico complexo III (QoI)
inibição da respiração
fenamidona pinta preta mesostêmico imidazolinona alto
complexo III (QoI)
ciazofamida requeima translaminar cianoimidazol inibição da respiração(QiI) médio a alto
biossíntese de fosfolípidios e
bentiavalicarbe requeima translaminar valinamida médio
deposição da parede celular
mandipropa- biossíntese de fosfolípidios e
requeima translaminar mandelamina médio
mida deposição da parede celular
fluopicolida requeima translaminar benzamida divisão celular (mitose) médio
iprodiona pinta preta translaminar dicarboximidas síntese de lipídeos médio a alto
procimidona pinta preta translaminar dicarboximidas síntese de lipídeos médio a alto
ciprodinil pinta preta translaminar anilinopirimidina biossintese da metionina médio
pirimetanil pinta preta translaminar anilinopirimidina biossintese da metionina médio
Inibição da respiração -
boscalida pinta preta translaminar carboxamidas médio
Complexo II
metalaxil-M requeima sistêmico acilalaninas RNA polimerase I alto
benalaxil requeima sistêmico acilalaninas RNA polimerase I alto
permeabilidade da parede
propamocarbe requeima sistêmico carbamato baixo a médio
celular
inibição da síntese de
difenoconazol pinta preta sistêmico triazol médio
ergosterol
inibição da síntese de
tebuconazol pinta preta sistêmico triazol médio
ergosterol
Quadro 2 - Continuação.
Ingrediente Alvo Mobilidade Grupo químico Mecanismo de ação Risco de
Ativo da planta resistência
inibição da síntese de
tetraconazol pinta preta sistêmico triazol médio
ergosterol
inibição da síntese de
metconazol pinta preta sistêmico triazol médio
ergosterol
inibição da síntese de
bromuconazol pinta preta sistêmico triazol médio
ergosterol
inibição da síntese de
flutriafol pinta preta sistêmico triazol médio
ergosterol
inibição da síntese de
miclobutanil pinta preta sistêmico triazol médio
ergosterol
inibição da síntese de
procloraz pinta preta sistêmico imidazol médio
ergosterol
acibenzolar-S-
requeima sistêmico benzotidiazol produção de PR proteínas desconhecido
-metil
Fontes: FRAC (www.frac.info). AGROFIT 09/04/2012.
Quadro 3 - Ingrediente ativo, alvo, mobilidade, grupo químico, mecanismo de ação e risco de resistência dos fungicidas
registrados no Brasil para o controle de doenças fúngicas de solo na cultura da batata.
Mobilidade
Ingrediente ativo Alvo Grupo químico Mecanismo de ação Risco de resistência
na planta
pencicuron rizoctoniose contato feniluréia divisão celular desconhecido
fludioxonil rizoctoniose contato fenilpirol sintese de lipidios Baixo a médio
tifluzamida rizoctoniose sistêmico carboxanilida respiração, complexo II médio
tiofanato metilico podridão seca sistêmico benzimidazol divisão celular alto
fluazinam rizoctoniose contato fenilpiridinilamina fosforilação oxidativa baixo
fluazinam mofo branco contato fenilpiridinilamina fosforilação oxidativa baixo
fluazinam sana pulverulenta contato fenilpiridinilamina fosforilação oxidativa baixo
procimidona mofo branco translaminar dicarboximida síntese de lípídios médio a alto
procimidona rizoctoniose translaminar dicarboximida síntese de lípídios médio a alto
Fontes: FRAC (www.frac.info). AGROFIT 09/04/2012.
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