Ano 5 l Edição nº 6 l Junho de 2013

Citricultura

Huanglongbing: A doença
do ramo amarelo

Confira dicas para

manter a plantação
saudável
 Para um melhor desenvolvimento das plantações da citricultura,
O Agroecológico de junho traz algumas dicas são importantes:
informações sobre a doença do
ramo amarelo, problema que Solo
As plantas cítricas, apesar de terem determinadas exigências em
afeta a citricultura infectando os
relação aos solos, adaptam-se tanto a solos arenosos como argilosos e o
vegetais e destruindo plantações uso de diferentes porta-enxertos podem ajudar as plantas nessa
inteiras. O huanglongbing (HLB, adaptação . Os mais indicados para o cultivo são os areno-argilosos. Os
ou ex-greening) é tido como uma citros não toleram solos impermeáveis. Devem ser evitados solos rasos
das mais ameaçadoras doenças ou que encharcam com facilidade.
dos citros, por causa de sua
natureza destrutiva e rápida Plantio
disseminação por um inseto. Deve ser feito no período chuvoso ou em outra época desde que exista
água suficiente para irrigar ou regar. Evitar plantio nos dias de muito
sol. Colocar nas covas 200g de superfosfato simples e 1 kg de calcário,
Um pomar cítrico, por ser
estes se a análise do solo recomendar. Devem ser bem misturados à
formado de diferentes tipos de terra.
plantas pode ser um ambiente
complexo, além de servir de Adubação
habitat para várias espécies de Para crescer e produzir bem as plantas cítricas precisam de diversos
insetos. É importante manter o nutrientes. A análise do solo permite avaliar as condições de fertilidade
equilíbrio entre os insetos pragas do mesmo e, a partir dos seus resultados, determinar o que e quanto se
e os inimigos naturais (insetos deve aplicar nas adubações. Os adubos orgânicos na cova fornecem
úteis). nutrientes para a planta e melhoram a capacidade de retenção de água
pelo solo.
É preciso ainda, atenção especial
com as plantas novas, de até
quatro anos, pois elas são as mais
afetadas e sofrem mais com o
ataque das pragas. A inspeção
periódica do pomar é de
fundamental importância, pois
permite detectar a presença das
ameaças e seu grau de infestação.
Confira nas páginas a seguir dicas
para o cultivo de uma plantação
saudável e uma importante
descoberta contra o HLB.

Boa leitura.

Comunicação SINTER-MG.
O Huanglongbing (HLB) ou doe ça do A utilização do
ramo a arelo é um dos problemas que controle biológico pos-
mais afetam a citricultura no país. A sibilita desacelerar a proli-
doença, que foi detectada em laranjais do feração do inseto psilídeo
Estado de São Paulo em 2004, é causada, Diaphorina citri, com uma redução média
principalmente, por três bactérias do de 68% na incidência do vetor. A técnica de
gênero Candidatus Liberibacter, que controle é a inserção da vespa Tamarixia
chegam até as plantas por meio do inseto radiata, que parasita o psilídeo e impede
vetor, um inseto de coloração cinza com sua multiplicação.
manchas escuras nas asas, o psilídeo O controle biológico é feito com a
Diaphorina citri. A bactéria provoca o liberação do inimigo natural do vetor da
entupimento dos vasos das plantas, HLB, contribuindo para uma incidência
impedindo o movimento da seiva, menor do vetor. Além disso, a técnica
fazendo com que a folhas fiquem pode reduzir a aplicação de inseticidas no
amareladas e ocorra uma intensa combate à doença, evitando riscos de
desfolha dos galhos afetados, levando as contaminação ambiental.
árvores a definhar até a morte. Outros Durantes os estudos, a utilização da vespa
sintomas da doença nos citros são a aconteceu em seis áreas com pomares de
redução no tamanho dos frutos, que se laranja no interior de São Paulo, durante
tornam deformados e murchos, com uma todo o ano de 2012. Em média, verificou-se
coloração acinzentada e fosca. A doença grande redução na incidência do vetor da
é capaz de acabar com a produção dos doença, sendo que em algumas áreas ela
pomares ativos em cinco anos. A boa chegou a 100%. Os resultados forneceram
notícia é que foi descoberta uma forma subsídios importantes para a utilização do
de controle biológico do vetor. A controle biológico, que mostrou ser eficaz,
descoberta foi obtida em pesquisa da embora seja preciso realizar mais testes
Escola Superior de Agricultura Luiz de em outras áreas, com diferentes condições
Queiroz (Esalq) da Universidade de São ambientais.
Paulo (USP), em Piracicaba.
 Criação para controle biológico

O uso da Tamarixia radiata não resolve

sozinho o problema da contaminação pelo
vetor da HLB, mas serve de apoio ao uso de
outras técnicas, inclusive inseticidas,
minimizando seu uso. Atualmente, os
produtores de laranja têm feito aplicações
semanais de inseticida, o que implica em
maiores gastos e riscos para o meio
ambiente. Com a utilização do controle
biológico, juntamente com um inseticida
seletivo, que elimina apenas o vetor, é Embora eles não produzam mais frutas, as

possível diminuir despesas e o perigo de plantas que ficam podem se transformar em

contaminação do meio ambiente, das criatórios do inseto vetor, que se multiplica e

laranjas e do próprio produtor. A utilização do pode atingir os pomares produtivos.

controle biológico será direcionada para

pomares abandonados devido à doença.
O ideal é que grandes empresas do setor e
associações de produtores façam a liberação do
parasitóide, para evitar a multiplicação e
disseminação do vetor para pomares em
produção e ainda não infectados pela doença.

O estudo acerca do controle biológico foi feito

pelo pesquisador Alexandre José Ferreira Diniz e
fez parte da tese de doutorado de Alexandre,
apresentada à Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São
Paulo (USP).