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PRODUÇÃO DE GLICEOLINA POR DIFERENTES CULTIVARES DE SOJA

Laís Maximo Gasperotto (PIBIC - UNICENTRO), Luiz Henrique Ilkiu Vidal


(Orientador), Dioni Stroparo, Elis Marina Müller Silva e Marcos Vinicius Horst, e-mail:
lais.mgasperotto@hotmail.com.
Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, Departamento de Agronomia.
Guarapuava Paraná.

Ciências Agrárias, Fitotecnia

Palavras-chave:
Soja, Gliceolina, Indução de resistência.

Resumo:
A soja (Glycine Max L.) ocupou uma área de 33,17 milhões de hectares no Brasil na
safra 2015/2016 colocando o país como o segundo maior produtor de soja do
mundo. Uma alta produção gera maior lucro aos produtores, grande parte do
investimento é direcionado ao controle de pragas e doenças, como a utilização de
cultivares resistentes. Sabe-se que existem agrotóxicos capazes de induzir a
resistência de plantas por meio da produção de fitoalexinas, como por exemplo o
BION®. Objetivou-se com o presente trabalho avaliar a produção de Gliceolina em
diferentes cultivares de soja submetidas a aplicações do indutor BION® e água
destilada. O experimento foi realizado na UNICENTRO campus Cedeteg. Foram
utilizadas 12 cultivares dentre elas 4 resistentes a glifosato, 6 resistentes a lagartas,
1 resistente a Phakopsora pachyrhizi e 1 cultivar convencional. As cultivares
variavam, de acordo com o ciclo superprecoce, precoce e ciclo médio. Os
tratamentos foram BION® 75μL e água destilada aplicados com auxílio de
micropipeta totalizando 4 repetições de cada tratamento. Os cotilédones foram
seccionados e dispostos em placa de Petri, após a aplicação dos tratamentos as
placas foram mantidas no escuro a 25°C por 20 horas, depois disso os cotilédones
foram transferidos para tubos de ensaio com água destilada e agitados em mesa
agitadora por 1 hora, a leitura em espectrofotômetro foi feita a 285nm. Os resultados
obtidos no presente trabalho não puderam elucidar a presença de uma relação entre
a resistência das cultivares e a produção de fitoalexinas.

Introdução
O potencial de uso da soja (Glycine Max L.) na alimentação é reconhecido
pelos chineses há milênios, contudo, esse potencial tem sido reconhecido também
pelos ocidentais, gerando grande demanda de produção. O Brasil é o segundo maior
produtor de soja no mundo, na safra de 2015/2016 a cultura ocupou uma área de
33,17 milhões de hectares, totalizando uma produção de 95,63 milhões de
toneladas. (EMBRAPA, 2017)

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A alta produção também gera altos custos ao produtor, como gastos na
aquisição de insumos. Devido ao aumento da severidade de algumas doenças como
a ferrugem, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, o investimento em
fungicidas tem crescido nos últimos anos. As principais doenças que têm causado
um acréscimo nos custos, além de perda na produção e qualidade do grão, são a
ferrugem e o mofo branco. Outras doenças, em condições favoráveis ao seu
desenvolvimento, como a mancha alvo e o oídio também têm sido controladas com
fungicidas (ITO, 2013).
Visando diminuir os custos de produção a indução de resistência pode ser
uma alternativa viável. Os mecanismos de defesa da planta podem ser ativados por
um estímulo apropriado, essa resistência geralmente é sistêmica, ou seja, seu efeito
pode ser observado em locais da planta distantes do local de aplicação do indutor
(TEIXEIRA, 2005).
Talvez a resposta de defesa mais estudada nas plantas seja a síntese de
fitoalexinas, as quais fazem parte do grupo de metabólitos secundários, possuem
forte atividade antimicrobiana e se acumulam em torno do local da infecção.
Diferentes famílias botânicas utilizam diferentes produtos secundários como
fitoalexinas, no caso da soja o produto secundário é a Gliceolina, pertencente ao
grupo dos isoflavonóides. Em geral as fitoalexinas estão presentes nas plantas antes
do estímulo, mas são sintetizadas rapidamente após a incitação (TAIZ, 2009).
Vários estudos vêm sendo realizados para comprovar a eficácia de diferentes
estímulos na produção de fitoalexinas pelas plantas. Segundo Guimarães (2007), os
óleos essenciais de pitangueira, capim-limão e alfavaca possuem ação na indução
de fitoalexina, mostrando resultados superiores a quitosana, podendo este ser usado
como indutor de referência. Dessa forma o presente trabalho teve como objetivo
avaliar a produção de Gliceolina, em cotilédones, por diferentes cultivares de soja.

Material e métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia do Departamento
de Agronomia, na UNICENTRO Campus Cedeteg. Foram utilizadas 12 cultivares de
soja de diferentes genótipos, as cultivares utilizadas foram uma convencional, uma
resistente a Phakopsora pachyrhizi, 4 cultivares resistentes a glifosato com ciclo
precoce e superprecoce e 6 cultivares resistentes a lagartas com ciclo médio,
precoce e superprecoce. Os tratamentos foram o indutor BION® 75μL e água
destilada, foram feitas 4 repetições de cada tratamento. Para a determinação da
fitoalexina em cotilédones de soja foi adotada a metodologia proposta por AYERS et
al. (1976) e ZIEGLER e PONTZEN (1982).
Primeiramente as sementes de soja foram esterilizadas em hipoclorito de
sódio a 1% por 1 minuto e então lavadas em água corrente, finalizando com água
destilada. As sementes então foram semeadas em areia esterilizada e mantidas em
casa de vegetação (Figura 1). Após um período de 9 a 10 dias, quando as plântulas
já haviam emergido, os cotilédones foram destacados e lavados com água destilada.

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Os cotilédones foram então cortados em secção de aproximadamente 1mm
de espessura e 6mm de diâmetro a partir da superfície inferior, então foram
dispostos cinco em cinco em placa de Petri contendo papel filtro umedecido com
água destilada estéril. Posteriormente foi aplicado um elicitor para produção de
gliceolina (BION®). O elicitor foi aplicado sobre cada cotilédone em uma alíquota de
75μL com o auxílio de uma micropipeta.
As placas de Petri foram então devidamente fechadas e mantidas no escuro a
odo os cotilédones foram transferidos para tubos
de ensaio contendo 15mL de água destilada esterilizada e então agitados por 1
hora, em mesa agitadora, para extração da fitoalexina. Depois as fitoalexinas
extraídas foram mensuradas indiretamente por meio de leitura em espectrofotômetro
a 285nm, que foi zerado com água.
Os cotilédones foram também pesados para obtenção da concentração de
Gliceolina em cada cutivar analisada, pela divisão dos valores de fitoalexina
mensurados em espectrofotômetro pela massa dos cotilédones.

Resultados e Discussão
Os valores obtidos em análise em espectrofotômetro foram submetidos à
análise de variância e ao teste de média Skott Knott. Não houve diferença
significativa entre os tratamentos BION® e água destilada, contudo houve diferença
significativa entre as cultivares mesmo tendo a cultivar 7166 RSF IPRO resistente a
lagartas, apresentado maior produção de Gliceolina, já as cultivares Dom Mario,
50I52 RSF IPRO e SYN 13671 IPRO apresentaram menor produção de fitoalexina
não tendo diferença significativa entre elas, o restante das cultivares analisadas
apresentaram valores intermediários não havendo diferença significativa entre elas
(Grafico 1).

Gráfico 1: Teores de concentração de Gliceolina em diferentes cultivares de soja analisadas em


espectrofotômetro.
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Existem variações entre as diferentes cultivares, contudo estas variações não
foram expressas em relação ao período de desenvolvimento da cultura e não
seguem a tendência de resistência à pragas e doenças.

Considerações Finais
Estudos devem ser realizados para melhor elucidar a existência de uma
relação entre a produção de Gliceolina e os mecanismos de resistência das
diferentes cultivares de soja.

Referências
AYERS, A.R.; EBE, J.; FINELLI, F.; BERGER, N.; ALBERSHEIM, P. Host-pathogen
interactions. IX. Quantiative assays of elicitor activity and characterization of the
elicitor present in the extracellular medium of cultures of Phytophtora megasperma
var. sojae. Plant Physiology, v.57, p. 751-759, 1976.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em:


<https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acesso em: 17
abr. 2017.

GUIMARÃES, Sabrina Santos et al. Indução de fitoalexinas em cotilédones de soja


(Glycine max) em resposta a aplicação de óleos essenciais extraídos de folhas de
plantas medicinais. Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária-Ciências
Agrárias, Animais e Florestais, p. 34-37, 2007.

ITO, Margarida Fumiko. PRINCIPAIS DOENÇAS DA CULTURA DA SOJA E


MANEJO INTEGRADO. Nucleus, Ituverava, v. 10, n. 3, june 2013. ISSN 1982-2278.
Disponível em:
<http://www.nucleus.feituverava.com.br/index.php/nucleus/article/view/908/1041>.
Acesso em: 17 apr. 2017.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. (Trad.). SANTAREM, E. R. et al. 4.ed. Porto
Alegre, RS: Artmed, 2009. 819p.

TEIXEIRA, Débora A. et al. Evidências de indução de resistência sistêmica à


ferrugem do eucalipto mediada por rizobactérias promotoras do crescimento de
plantas. Fitopatologia brasileira, v. 30, n. 4, p. 350-356, 2005.

ZIEGLER, E.; PONTZEN, R. Specific inhibition of glucan-elicited glyceolin


accumulation in soybeans by extracellular mannan-glycoprotein of Phytophtora
megasperma f.sp. glycinea. Physiological Plant Pathology, v.20, p. 321-331, 1982

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