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AVALIAÇÃO DA ALFACE CRESPA (Lactuca sativa var.

Crispa) EM SISTEMA
CONVENCIONAL E HIDROPÔNICO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ AÇU/PA.

Myrella Katlhen da Cunha de ARAUJO1; Ramon Renê de Cristo SILVA2; Rafael Pires
CARMO3; Lenise Chagas RODRIGUES4.

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Graduanda em Engenharia Agrícola,Instituto de ciências agrárias, UFRA TA; 2Graduando
em Engenharia Agrícola, Instituto de ciências agrárias, UFRA TA; 3Graduando em
Contabilidade, Instituto de ciências agrárias, UFRA TA; 4Mestra em Zoologia, Graduada em
Ciências Biológicas Bacharel pela Universidade Federal do Pará – UFPA e Professora de
Biologia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto de ciências agrárias, UFRA
TA.
E-mail: myrellakaraujo@gmail.com

RESUMO

Diferentes tipos de cultivo são estabelecidos para a produção de hortaliças, portanto a


pesquisa é configurada no estabelecimento de comparações entre o sistema de plantio
convencional e a hidroponia. O estudo foi realizado no município de Tomé-Açu/PA, com
utilização de 30 indivíduos em cada sistema de produção (hidropônico e convencional), com
observação vegetativa semanal e medição do caule com um paquímetro digital. Contudo, não
houve diferença significativa durante as épocas de crescimento. Verificou-se que não houve
diferença significativa para o comprimento de caule durante as épocas de crescimento,
indiretamente não houve incidência de pragas ou doenças no sistema hidropônico, no entanto,
no sistema tradicional houve incidência de formigas cortadeiras (Atta sexdens rubropilosa).
Além disso, a decorrente perda de 2 plantas no sistema hidropônico e 4 no plantio
convencional. Assim, demonstrou-se as diferenças entre as técnicas de cultivo hortícola, ao
verificar aspectos como sanidade, maior controle e melhores condições de produção.

PALAVRAS-CHAVE: Hortaliças; Hidroponia; Sistemas de produção.

INTRODUÇÃO
A agricultura convencional pode proporcionar a diminuição da fertilidade do solo, aumento da
erosão, compactação do solo, degradação da qualidade da água, uso indiscriminado de
pesticidas e contribuir com a emissão de CO2 (KILLEBREW e WOLFF, 2010). Dessa forma,
o homem passou a buscar melhores condições de vida, ocasionando maior exigência
alimentar. Considerando saúde e meio ambiente ao obter alimentos sem a presença de
produtos químicos e resíduos de agrotóxicos (MENEGAES et al., 2015).

A hidroponia é o sistema de produção vegetal que utiliza soluções nutritivas diluídas em água
e sem o uso solo (SON et al., 2015). Pode ser estabelecida conforme a escala de produção e
em diferentes arranjos. Com a procura por cultivos hidropônicos, o modelo mais utilizado de
sistema tem sido o NFT- Nutrient Film Tecnique (FURLANI et al., 1999). Técnica que não
necessita de esterelização e preparo do solo, reduz o tempo de colheita, reduz problemas
fitossanitários e diminui a perda de água, tornando-se vatajosa em regiões áridas e /ou de solo
salinizado (COOPER, 1975).
Dentre as hortaliças, a alface (Lactuca sativa L.) é uma das mais consumidas no mundo
(MEDINA et al.,1982; RAMOS et al., 2016). Portanto, o intuito do trabalho é analisar o
desempenho de diferentes métodos para produção da alface crespa, avaliando o crescimento
das plantas estabelecendo comparações entre o sistema hidropônico e convencional.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada no município de Tomé-Açu/PA localizado a (02°24’49.68”S) e


(48°9’43.30”O) em área urbana, com temperaturas de 30,6 a 31,6 °C, 55% de umidade
(INMET, 2018), altitude de 54m, tipo climático Af segundo a classificação de Köppen
(ALVARES et al., 2013) e tipo de solo predominante latossolo amarelo (RODRIGUES et al.,
2001).
O presente experimento contou com o monitoramento do crescimento de 30 espécimes de
alface crespa entre o período de 06/2017 a 07/2017 em dois sistemas de produção vegetal,
sendo estes o convencional e o hidropônico. Realizou-se a montagem de um pequeno sistema
hidropônico com pvc de 75mm com distância entre furos de 20cm em um ambiente
sombreado por tela de 50%. Com utilização de solução nutritiva comercial (micro e
macronutrientes). Além do controle de circulação da água por timer, com intervalos de 30
minutos durante o dia e pela noite ligado por 15 minutos permanentemente.
A área para plantio convencional possuía elevada presença de matéria orgânica, livre de
encharcamento, cujo solo foi caracterizado como de textura média e capacidade de 35% de
poros ocupados. Para preparo foi realizada a roça, revolvimento, nivelamento e marcação de
espaços para plantio de 30x30cm, sem calagem ou uso de defensivos, em área sob tela de
50% sombreamento. Com rega 2 vezes ao dia, pela manhã e pela noite. Prontas as mudas
houve o transplante, verificando o comprimento médio do caule com um paquímetro digital
semanalmente e determinar comportamento e eficácia dos sistemas, os resultados semanais
foram submetidos ao teste de média com p-valor a 0,05 de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao longo do experimento ocorreu a perda de duas plantas no sistema hidropônico e quatro no
plantio convencional. Denota-se que as perdas convencionais ocorreram devido ao transplante
das plantas para o sistema e a disponibilidade nutricional do solo. Assim como já observado
no estudo de BENINNNI et al. (2005), em que as plantas cultivadas convencionalmente
demonstraram necessidade de novas raízes devido à degradação durante o transplante pela
transferência para o campo, o que não ocorreu no cultivo hidropônico.
O comprimento de caule das hortaliças variou de 0,5 cm a 7,8 cm no cultivo hidropônico e de
0,8 cm a 6,2 cm no tratamento tradicional. Ao avaliar semanalmente o desenvolvimento
vegetativo da hortaliça nos sistemas hidropônico e convencional, foram obtidos os valores
médios do comprimento de caule das hortaliças (Tabela 1).

Tabela 1. Valores semanais médios de comprimento de caule da alface nos tratamentos


hidropônico e convencional em Tomé-açu/PA, 2017.

Médias de crescimento semanal


Épocas (semanas) Hidroponia (cm) Convencional (cm)
Semana 1 1,61 1,81
Semana 2 2,11 2,32
Semana 3 2,54 2,87
Semana 4 3,22 3,52
Semana 5 4,15 4,22
Semana 6 5,04 4,95
O teste de média apontou que não houve diferença significativa durante as épocas de
crescimento (1, 2, 3, 4, 5 e 6 semanas). Portanto, o desenvolvimento vegetativo das plantas se
manteve semelhante independente do sistema de produção agrícola.
Apesar de no referido experimento o tamanho das plantas não apresentar variação
significante, já foi observado no trabalho de SOUZA (2017) que o cultivo hidropônico de
diferentes espécies de alface pode demonstrar diferença de comprimento de caule em relação
ao sistema de plantio convencional. Não ocorreu a incidência de pragas no sistema
hidropônico ou doenças na cultura, no entanto, no sistema tradicional houve incidência de
formigas cortadeiras (Atta sexdens rubropilosa). Que demonstra danos as plantas cultivadas,
gera incontáveis estudos sobre controle, e principalmente que contam com a utilização de
produtos químicos (LARANJEIRO e ZANÚNCIO, 1995). Além disso, indiretamente,
pudemos verificar que não houve deficiência nutricional no sistema hidropônico a cultura
devido aos aspectos visuais saudáveis da planta, como coloração e fitossanidade.

CONCLUSÃO
A pesquisa apesar de não demonstrar a diferença entre as técnicas de cultivo hortícola quanto
ao crescimento vegetativo, verificou indiretamente benefícios visuais como sanidade, maior
controle e melhores condições de produção vegetal. Ademais, no tocante a pragas agrícolas,
entre os cultivos observados o único que demonstrou incidência de pragas foi o sistema
convencional.

REFERÊNCIAS

COOPER, A.J. Crop Production in Recirculating Nutrient Solution. Scientia


Horticulturae,n.3, p. 251-258, 1975.

KILLEBREW, K.; WOLFF, H. Environmental Impacts of Agricultural Technologies.


Evans School of Public Affairs. University of Washington. EPAR Brief, n. 65, p. 1-18, 2010.

LARANJEIRO, A.J.; ZANÚNCIO, J.C.Controle de Atta sexdens rubropilosa pelo processo


dosagem única de aplicação. IPEF. n.48/49, p.144-152, 1995.

MEDINA, P. V. L.; SILVA, V. F.; CARDOSO, A. A.; CAMPOS, J. P. Perda na qualidade da


alface (Lactucasativa L.) durante o armazenamento. I. Relação entre as mudanças
metabólicas. Revista Ceres, Viçosa, v. 163, n.29 p. 259-267, 1982.
MENEGAES, J. F.; FILIPETTO,J.E.; RODRIGUES, A. M.; SANTOS, O. S. Produção
sustentável de alimentos em cultivo hidropônico. Revista Monografias Ambientais Santa
Maria, v. 14, n. 3, p. 102−108, 2015.

NETO, E.B.;BARRETO, L.P.As Técnicas de Hidroponia. Anais da Academia


Pernambucana de Ciência Agronômica, v. 9, p.107-137, 2012.

RAMOS, F.G.; KAFFER, K.K.; CATAPAN, A.; SOARES, I. Análise da Viabilidade


Financeira Para Utilização de Estufas na Produçãode Alface Hidropônica: Um Estudo
de Caso Com o Uso da Metodologia Multi-Índices. Universidad de Cartagena, v. 23, p.
101-118, 2016.

SON, J. E.; KIM, H. J.; AHN, T. I. Hydroponic systems. In: Kozai, T.;Niu,G.;
Takagaki,M.Plant Factory: An Indoor Vertical Farming System for Efficient Quality
Food Production. ed. 1, p. 213-221, 2015.

FURLANI, P.R. Cultivo de alface pelatécnica de hidroponia- NFT. Campinas: Instituto


Agronômico, 1997. 30p. (Documentos IAC, 168).

INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Estação Meteorológica de Observação de


Superfície Automática. Disponível em:< http://agrometeorologia.seagro.to.gov.br/rede-de-
monitoramento/inmet/>. Acesso em: 14/08/2018.

ALVARES, C.A., STAPE, J.L., SENTELHAS, P.C., GONÇALVES, J.L.M.; SPAROVEK,


G., Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift. 2013.

RODRIGUES, T. E.; SANTOS, P. L. dos; ROLLIM, P. A. M.; SANTOS, E.; REGO, R. S.;
SILVA, J. M. L. da; VALENTE, M. A.; GAMA, J. R. N. Caracterização e Classificação dos
Solos do Município de Tomé-Açu, PA Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, p. 1-53,
2001 (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 117).

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