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RESUMO:
A soja (Glycine Max L.) ocupou uma área de 33,17 milhões de hectares no Brasil na safra 2015/2016
colocando o país como o segundo maior produtor de soja do mundo. Esta alta produção consequentemente
gera altos lucros para os produtores, grande parte do investimento é direcionado ao controle de pragas e
doenças que acometem a cultura, como a utilização de cultivares resistentes. Sabe-se que existem
agrotóxicos capazes de induzir a resistência de plantas através da produção de fitoalexinas, como por
exemplo o BION®. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção de Gliceolina por diferentes
cultivares de soja submetidas a aplicações do indutor BION® e água destilada. O experimento foi realizado
na UNICENTRO campus Cedeteg. Foram utilizadas 12 cultivares de diferentes genótipos dentre elas 4
resistentes a glifosato, 6 resistentes a lagartas, 1 resistente a Phakopsora pachyrhizi e 1 cultivar
convencional. As cultivares variavam, de acordo com o ciclo, entre superprecoce, precoce e ciclo médio. Os
tratamentos foram BION® 75μL e água destilada aplicados com auxílio de micropipeta e foram realizadas 4
repetições de cada tratamento. Os cotilédones foram seccionados e dispostos em placa de Petri, após a
aplicação dos tratamentos as placas foram mantidas no escuro a 25°C por 20 horas, depois disso os
cotilédones foram transferidos para tubos de ensaio com 15mL de água destilada e agitados em mesa
agitadora por 1 hora, A leitura em espectrofotômetro foi feita a 285nm. Os resultados obtidos no presente
trabalho não puderam elucidar a presença de uma relação entre a resistência das cultivares e a produção de
fitoalexinas.
PALAVRAS-CHAVE
Soja, Gliceolina, indução de resistência
01 – INTRODUÇÃO
O potencial de uso da soja (Glycine Max L.) na alimentação é reconhecido pelos chineses há
milênios, contudo, esse potencial tem sido reconhecido também pelos ocidentais, gerando grande demanda
de produção. O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo, na safra de 2015/2016 a cultura ocupou
uma área de 33,17 milhões de hectares, totalizando uma produção de 95,63 milhões de toneladas.
(EMBRAPA, 2017)
A alta produção também gera altos custos ao produtor, como gastos na aquisição de insumos. Devido
ao aumento da severidade de algumas doenças como a ferrugem, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi,
o investimento em fungicidas tem crescido nos últimos anos. As principais doenças que têm causado um
acréscimo nos custos, além de perda na produção e qualidade do grão, são a ferrugem e o mofo branco.
Outras doenças, em condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como a mancha alvo e o oídio também
têm sido controladas com fungicidas (ITO, 2013).
Visando diminuir os custos de produção a indução de resistência pode ser uma alternativa viável. Os
mecanismos de defesa da planta podem ser ativados por um estímulo apropriado, essa resistência geralmente
é sistêmica, ou seja, seu efeito pode ser observado em locais da planta distantes do local de aplicação do
indutor. Porém também pode ocorrer somente de forma localizada. Dessa forma considera-se que a indução
de resistência adquirida envolve o acúmulo de Proteínas Relacionadas a Patogênese, ou PRP’s, como
mecanismo induzido de defesa da planta, podendo causar alterações visuais. Enquanto isso a indução de
resistência sistêmica não envolve o acumulo de PRP’s e consequentemente não causa alterações visuais
(TEIXEIRA, 2005).
Talvez a resposta de defesa mais estudada nas plantas seja a síntese de fitoalexinas, as quais fazem
parte do grupo de metabólitos secundários, possuem forte atividade antimicrobiana e se acumulam em torno
do local da infecção. Diferentes famílias botânicas utilizam diferentes produtos secundários como
fitoalexinas, no caso da soja o produto secundário é a Gliceolina, pertencente ao grupo dos isoflavonóides.
Em geral as fitoalexinas estão presentes nas plantas antes do estimulo, mas são sintetizadas rapidamente após
a incitação (TAIZ, 2009).
Vários estudos vêm sendo realizados para comprovar a eficácia de diferentes estímulos na produção
de fitoalexinas pelas plantas. Segundo Guimarães (2007), os óleos essenciais de pitangueira, capim-limão e
alfavaca possuem ação na indução de fitoalexina, mostrando resultados superiores a quitosana, podendo este
ser usado como indutor de referência.
Dessa forma o presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção de Gliceolina, em
cotilédones, por diferentes cultivares de soja.
02 – OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo geral avaliar a produção de Gliceolina por diferentes cultivares de
soja e como objetivo específico buscar a influência do genótipo na produção de Gliceolina.
03 – METODOLOGIA
O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia do Departamento de Agronomia, na
UNICENTRO Campus Cedeteg. Foram utilizadas 12 cultivares de soja de diferentes genótipos, as cultivares
utilizadas foram uma convencional, uma resistente a Phakopsora pachyrhizi, 4 cultivares resistentes a
glifosato com ciclo precoce e superprecoce e 6 cultivares resistentes a lagartas com ciclo médio, precoce e
superprecoce. Os tratamentos foram o indutor BION® 75μL e água destilada, foram feitas 4 repetições de
cada tratamento.
Para a determinação da fitoalexina em cotilédones de soja foi adotada a metodologia proposta por
AYERS et al. (1976) e ZIEGLER e PONTZEN (1982).
Primeiramente as sementes de soja foram esterilizadas em hipoclorito de sódio a 1% por 1 minuto e
então lavadas em água corrente, finalizando com água destilada. As sementes então foram semeadas em areia
esterilizada e mantidas em casa de vegetação (Figura 1). Após um período de 9 a 10 dias, quando as plântulas
já haviam emergido, os cotilédones foram destacados e lavados com água destilada.
(a) (b)
Figura 1: (a) sementes cultivadas em areia autoclavada. (b) sementes esterelisadas em hipoclorito a 1%.
04 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores obtidos em análise em espectrofotômetro foram submetidos à análise de variância e ao
teste de média Skott Knott. Não houve diferença significativa entre os tratamentos BION® e água destilada,
contudo houve diferença significativa entre as cultivares mesmo tendo a cultivar 7166 RSF IPRO resistente a
lagartas, apresentado maior produção de Gliceolina, já as cultivares Dom Mario, 50I52 RSF IPRO e SYN
13671 IPRO apresentaram menor produção de fitoalexina não tendo diferença significativa entre elas, o
restante das cultivares analisadas apresentaram valores intermediários não havendo diferença significativa
entre elas (Grafico 1).
Gráfico 1: Teores de concentração de Gliceolina em diferentes cultivares de soja analisadas em
espectrofotômetro.
Existem variações entre as diferentes cultivares, contudo estas variações não foram expressas em
relação ao período de desenvolvimento da cultura e não seguem a tendência de resistência à pragas e
doenças.
05 - CONCLUSÕES
Estudos devem ser realizados para melhor elucidar a existência de uma relação entre a produção de
Gliceolina e os mecanismos de resistência das diferentes cultivares de soja.
06 – REFERÊNCIAS
AYERS, A.R.; EBE, J.; FINELLI, F.; BERGER, N.; ALBERSHEIM, P. Host-pathogen interactions. IX.
Quantiative assays of elicitor activity and characterization of the elicitor present in the extracellular medium
of cultures of Phytophtora megasperma var. sojae. Plant Physiology, v.57, p. 751-759, 1976.
GUIMARÃES, Sabrina Santos et al. Indução de fitoalexinas em cotilédones de soja (Glycine max) em
resposta a aplicação de óleos essenciais extraídos de folhas de plantas medicinais. Seminário: Sistemas de
Produção Agropecuária-Ciências Agrárias, Animais e Florestais, p. 34-37, 2007.
TEIXEIRA, Débora A. et al. Evidências de indução de resistência sistêmica à ferrugem do eucalipto mediada
por rizobactérias promotoras do crescimento de plantas. Fitopatologia brasileira, v. 30, n. 4, p. 350-356,
2005.
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Assinatura do Orientador Assinatura do Aluno