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UCM-FACULDADE DE AGRICULTURA

Ano: 3º
Melhoramento de plantas

Tecnologia de Tecido de Cultura

Eng. Mussa Joaquim


1. Tecnologia de Tecido de Cultura

A propagação vegetativa in vitro ou micropropagação é um

processo, no qual pequenos fragmentos vegetais são

isoladas dos organismos, sendo assepticamente cultivadas

em um meio de cultura apropriado sob condições

favoráveis .
De acordo com Vasil et al. (1979), algumas células são
capazes de serem separadas do organismo e continuarem
crescendo independentemente, o que permite também a
cultura de células in vitro.
É uma técnica que oferece excelentes oportunidades para a
propagação comercial de plantas, como também pode auxiliar em
programas de melhoramento, possibilitando, neste caso, grande
economia de tempo. Facilita a obtenção de grande número de
plantas, em curto espaço de tempo e em área reduzida de
laboratório, além de produzir plantas livres de doenças.
Nessa técnica, pequenos fragmentos de tecidos vivos, chamados
explantes são isolados de um organismo vegetal, desinfectados e
cultivados assepticamente, por períodos indefinidos em um meio de
cultura apropriado.

O objectivo é obter uma nova planta idêntica a original ou seja uma


clonagem vegetal de modo a obter novo individuo, mantendo-se o
genótipo idêntico aquele do ancestral comum.
A cultura de tecidos vegetais é feita de um explane.

Explante é todo segmento de tecido ou órgão vegetal utilizado para

iniciar uma cultura in vitro. Pode ser um fragmento de folha, raiz,

de caule, com vistas a regeneração vegetal in vitro.


Totipotencia

Teoricamente considera-se que todas as células vegetais são


capazes de expressar sua totipotencia. No entanto, os explnates são
uma mistura de células em variados estados: fisiológico,
bioquímico e de desenvolvimento.
Nesse sentido, espera-se que a exposição desses explantes a um
ambiente in vitro estimule reacções diversificadas nos diferentes
tipos celulares, fazendo com que somente algumas células desse
explante respondam as condições de cultura in vitro, levando a
regeneração de um novo individuo.

Essa habilidade que uma célula ou um grupo de células tem de


responder a um estímulo indutivo visando a um processo de
desenvolvimento é denominada Competência.
1.1.Factores que afectam a regeneração in

vitro
Existem três factores que são : O genótipo ( que espécie, cultivar ou
variedade que esta sendo utilizada), fonte de explantes (folha, raiz,
caule, meristema, etc) e a condição de cultura (meio de cultura, luz,
temperatura, vasilhame).

O sucesso da iniciação e da regeneração da cultura de tecidos


depende da decisão correcta no estabelecimento de todos esses
factores.
1.1.1. A escolha do Genótipo

Este depende dos objectivos experimentais, pois é notório que


variedades de uma mesma espécie respondem de maneira diferente as
condições de cultivo.

No entanto, alguns autores sustentam que toda espécie e toda cultivar


são capazes de responder as condições de cultura em vitro desde que
seja utilizada uma combinação correcta dos demais factores que
afectam a regeneração in vitro.
1.1.2. Fonte de explante

É um factor importante no sucesso da regeneração in vitro, pois a


capacidade de regenerar depende da maturidade, do estádio
fisiológico e do tecido utilizado. Ex: uma folha em senescência já
perdeu grande parte dos seus nutrientes e esta em processo
degenerativo, não sendo uma boa fonte de explante, no geral,
tecidos jovens e em crescimento são dados enfâse como fonte de
explante.
1.1.3. As condições de cultura, principalmente, o meio de cultura

São decisivos para o sucesso da regeneração in vitro. O meio de


cultura é constituído de sais minerais ( micro-macronutrientes),
Nitrogénio reduzido, uma fonte de carbono, vitaminas e reguladores
de crescimento necessários para manter a divisão celular e a
proliferação dos explantes.
A combinação adequada entre esses componentes associada as

demais condições da cultura como luz ( intensidade, qualidade e

fotoperíodo), temperatura e vasilhame da cultura ( tamanho e

permeabilidade a trocas gasosas) é a base da tecnologia de tecidos de

vegetais.
Quando necessário são adicionados outros componentes, tais como

reguladores de crescimento e aminoácidos.

A adição destas reguladores sintéticos no meio visa suprir possíveis

deficiências endógenas de hormônios nos explante. As auxinas e

citocininas são os reguladores de crescimento mais usados na

cultura de tecidos.
Neste sistema a morfogênese é regulada pela

disponibilidade e interacção dessas classes de reguladores

demostraram que a reacção do tecido in vitro depende do

balanço entre auxina e citocinina.


Aumentando a concentração de auxina haveria a formação de
raízes; Aumentando a de citocinina haveria formação de gemas
adventícias; e, numa relação intermediária a formação de calo, o
qual é considerado um tecido indiferenciado, ou pouco
diferenciado, podendo ser induzido, tornando-se determinado e,
finalmente sofrer diferenciação para formar gemas caulinares ou
raízes, conforme o balanço hormonal oferecido.
Em caso de combinações de hormônios, não houver um balanço
entre eles, as concentrações excessivas de auxina, quando utilizadas,
podem inibir a multiplicação ou favorecer a formação de calo,
enquanto as de citocinina, por exemplo, podem reduzir o tamanho
dos brotos.
As citocininas são substâncias reguladoras de crescimento envolvidas
principalmente na divisão, crescimento e diferenciação de células. O
tipo de citocinina e sua concentração são os fatores que mais afectam
o cultivo in vitro.

O BAP (Benzilaminopurina) tem sido muito eficaz para promover a


multiplicação de partes aéreas e a indução de gemas adventícias.
1.2. Etapas e vias de regeneração in vitro

Os expalntes, antes de serem inoculados em meio de cultura,


precisam de ser desinfectados. A desinfecção é o processo de
esterilização da superfície do expalnte visando eliminar os
microorganismos como bactérias, fungos, e outros.
A contaminação dos explantes por microorganismos é um problema
da cultura de tecidos porque além de competirem por nutrientes,
alguns deles produzem toxinas que influenciam o processo de
regeneração do explante.

São desinfectados em soluções de hipoclorito de cálcio 2% ou


hipoclorito de sódio 0,5 a 1%, durante 5 a 20 minutos, sendo em
seguida lavados cuidadosamente em água destilada autoclavada. A
concentração de hipoclorito, o tempo e o modo de desinfecção
variam com o tipo e idade do tecido.
Feito o processo de desinfecção, as plantas podem ser
regeneradas por organogenese ou embriogénese
somática.

Oraganogenese é uma via de desenvolvimento na qual


órgãos vegetais (brotos, raízes) ou ambos são induzidos a
diferenciação a partir de uma ou varias células. A
organogenenese pode ser direta ou indirecta.
Na directa, também chamada adventícia, o órgão vegetal é induzido e
desenvolve directamente de um explante, isto é, sem passar por uma
fase inicial de calo.

Na indirecta, há uma fase inicial de proliferação e crescimento de


calo, seguido por indução de brotos ou raízes e desenvolvimento
desses tecidos. Calo é um grupo ou massa de células com
crescimento desordenado que pode apresentar certo grau de
diferenciação.
Embriogénese somática

é uma via de desenvolvimento na qual a formação de embriões é


induzida de células somáticas. Como a organogénese, a
embriogénese somática pode ocorrer directamente d um explante sem
aparecimento de calos.

Entretanto, a via de embriogénese indirecta, na qual embriões


somáticos são induzidos e desenvolvidos de proliferação de calos é
mais comum.
Outra via de regeneração é a Micropropagação, tomando-se como
base explantes meristematicos. Essa via tem vantagem de as plantas
regenerarem-se directamente de um tecido organizado sem a
necessidade do estádio de calo.

Desse modo, tem-se uma economia de tempo, bem como elimina-se a


variação somaclonal, que é associada a longos períodos de cultura de
calos. A variação somaclonal é uma variação genética espontânea de
plantas regeneradas de cultura de células ou tecidos in vitro a qual é
indesejada quando o objectivo é obter uma planta idêntica a planta-
matriz.
A regeneração de plantas por organogénese ou embriogénese
somática, directa ou indirecta, normalmente, requer uma fase ou de
micropropagação, ou aclimatação, depois que as plântulas são
produzidas.

Essa fase envolve a exposição das plantas ao ambiente externo que


possui humidade relativa mais baixa e variações das condições de
luz e temperatura. Depois do crescimento sustentável, nesse meio
ambiente, as plântulas podem ser colocadas em casa de vegetação.

De forma geral, o sistema de produção vegetal está dividido em
fases, sendo estas:

I- Seleção de explantes, desinfestação e estabelecimento da cultura


nas condições in vitro;

II- multiplicação dos propágulos, mediante sucessivas subculturas em


meio de cultura adequado à propagação;

III- enraizamento dos propágulos vegetativos, obtidos no estádio


anterior;

IV- aclimatização das plantas obtidas in vitro, na condição ex vitro.


Na maioria dos casos, os meios de cultura mais usados são o MS de
Murashige e Skoog (1962), cuja a formulação é a mais utilizada para
diferentes processos de cultura de tecidos e o WPM (Woody Plant
Medium), visto que a principal diferença do meio MS para os demais
meios é sua alta concentração de sais, sendo muitas vezes utilizado
em diluições.
Principio geral da Cultura de Tecidos
Calo de Amor-perfeito (Viola tricolor) contendo
embriões em diferentes estágios de desenvolvimento
PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA CULTURA DE TECIDOS

A cultura de tecidos pode ser empregada para multiplicação de


espécies de difícil propagação, como por exemplo, algumas espécies
nativas.

Outro exemplo de grande importância é a limpeza clonal por meio


da qual é possível, em algumas espécies, como, citrus, Morango ,
Batata, e outras, a produção de mudas livre de vírus. Essa técnica
consiste em cultivar meristemas livres de vírus e induzir a formação
de material propagativo geneticamente idêntico aos parentais.
Duvidas, Acréscimos………

“Consumir grandes quantidades não significa


ter boa alimentação”

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