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Curso: Agronomia

Disciplina: Horticultura Geral 2020.1


Profa.: Elma Machado Ataíde
Material didático: propagação sexual de plantas

Formas de Propagação de Plantas

A propagação é um conjunto de práticas destinadas a perpetuar as


espécies de forma controlada. Seu objetivo é aumentar o número de plantas,
garantindo a manutenção das características agronômicas essenciais das
cultivares.
Os métodos de propagação podem ser agrupados em dois tipos:
propagação sexuada, que se baseia no uso de sementes, e propagação
assexuada, baseada no uso de estruturas vegetativas. Fundamentalmente, a
diferença entre as duas formas de propagação é a utilização e a ocorrência da
mitose e da meiose. Enquanto na propagação assexuada a divisão celular
implica na multiplicação simples (mitose), mantendo o número de
cromossomos inalterado, na propagação sexuada a meiose proporciona a
redução do número de cromossomos.
A propagação por sementes ocorre na maioria das plantas cultivadas e
pode ser utilizada, também, na obtenção de mudas de plantas de diversas
espécies. Esse método é responsável pela variação populacional e pelo
surgimento de novas variedades, principalmente em frutíferas, uma vez que na
natureza, predomina a polinização cruzada, que assegura o maior intercâmbio
de genes dentro de uma mesma espécie.

Métodos de Propagação
Propagação sexuada: baseia-se no uso de sementes.
Propagação assexuada: baseada no uso de estruturas vegetativas.

Diferenciar esses 2 métodos:

REPRODUÇÃO propagação sexuada.


MULTIPLICAÇÃO processos de propagação vegetativa.
Figura 1. Ciclos reprodutivos das plantas.
Hartmann & Kester (1990).

Fase juvenil ou juvenilidade


A fase juvenil, também denominada juvenilidade, é o período em que a
planta tem pouca resposta aos estímulos indutores do florescimento
(fotoperíodo, frio, fitohormônios e outros).
Essa fase é um período de longa duração (2 anos ou mais), marcado
pela ausência de produção e pela presença de algumas características, tais
como espinhos, elevado vigor e morfologia diferenciada das folhas.
Fase de transição
Segue-se a essa etapa uma fase de transição, na qual há uma resposta parcial
aos estímulos indutores, resultando na produção de poucas flores.
Fase adulta
Na fase adulta, há uma resposta plena a tais estímulos indutores, resultando
em elevação da produção de frutas e de material propagativo, para fornecer
estacas, gemas ou outras estruturas de propagação.
Assim, plantas propagadas, vegetativamente, apresentarão uma fase
improdutiva menor, na qual há uma área foliar insuficiente, para a percepção
dos estímulos indutores do florescimento e para o sustento da produção de
frutos. Uma vez superado esse estágio, a planta atingirá a fase reprodutiva ou
adulta. Entretanto, se forem utilizados propágulos de plantas em fase juvenil ou
de transição, será necessário superar a juvenilidade e alcançar a área foliar
adequada, o que representa um período improdutivo mais longo.

Escolha do método de propagação, depende do:


- potencial de germinação das sementes;
- número plantas a serem produzidas (método propagação);
- importância da preservação dos caracteres agronômicos das plantas
matrizes.

Propagação sexuada

É o processo onde ocorre a fusão dos gametas masculinos e femininos


para formar uma só célula, denominada zigoto, no interior do ovário, após a
polinização. Esses gametas podem ser provenientes de uma mesma flor, ou de
flores diferentes de uma mesma planta (autopolinização) ou, ainda, de flores
pertencentes a plantas diferentes (polinização cruzada).
Do desenvolvimento do zigoto é produzida uma semente que originará
uma nova planta, com genótipo distinto dos progenitores, devido à troca de
informação genética na fecundação. Quando as plantas matrizes são
homozigotas e a autofecundação é predominante, os descendentes
apresentarão características muito semelhantes às plantas que os originaram.
Entretanto, como na natureza predomina a polinização cruzada, a segregação
genética induzida pela reprodução sexual assume grande importância.

Método pouco utilizado devido algumas limitações:


- Heterogeneidade entre as plantas;
- frutificação mais tardia;
- Desuniformidade na frutificação;
- Potencial germinativo das sementes variável.

Outros objetivos da propagação sexual


- obtenção de portaenxertos;
- criar novas cultivares;
- obter cultivares revigoradas (espécies cítricas);
- propagar plantas que não podem ser multiplicada por via assexuada;
- espécies que necessitam de sistema radicular mais profundo.

Vantagens
- proporciona maior longevidade do pomar;
- desenvolvimento mais vigoroso da planta;
- sistema radicular vigoroso, profundo e melhor formado.

Dormência das sementes

A germinção (%) depende de fatores:

Fatores Internos:
- estado de dormência;
- qualidade da semente;
- potencial de germinação da espécie.

- ESTADO DE DORMÊNCIA
Definição: condição em que o conteúdo de água nos tecidos é pequeno e o
metabolismo das células é nulo, (condição que a semente fica sem germinar
por um período relativamente longo).
Germinação: retomada do crescimento do embrião que se inicia com a
embebição ou absorção (da água).

Dormência das sementes

A germinação das sementes é a manifestação de vários processos


fisiológicos internos, influenciados por alguns fatores externos como luz,
umidade e temperatura. Estes fatores externos podem influenciar
positivamente ou em alguns casos pode causar algumas atividades
indesejadas, entre elas, a dormência. É possível caracterizar a dormência
como a ausência da germinação do embrião, mesmo quando viável e exposto
a condições ambientais favoráveis. Várias são as formas de dormência das
sementes, entre as quais destacamos:
Classificação da Dormência:

1) Dormência devida aos envoltórios das sementes:


Dormência física – a dormência física é causada pelo envoltório das
sementes, sendo estes impermeáveis à água, dessa forma o teor de umidade
no embrião não aumenta, impossibilitando a germinação do embrião.

Dormência Mecânica:
Os envoltórios impõe resistência à expansão do embrião.
Essa dormência, geralmente está associada com outras causas de dormência,
como a física.
Dormência Química:
a dormência química é ocasionada por substâncias químicas presentes na
semente, que impedem a germinação. Os compostos químicos mais comuns
que causam a dormência são os compostos fenólicos e o ácido abscísico.

Estas substâncias estão associadas ao fruto ou envoltório da semente.

2) Dormência morfológica relacionada à:


Embrião rudimentar
O embrião não está totalmente formado, necessário dar condições p/
desenvolvimento, com tratamentos: escarificação (lixa, areia grossa, imersão
água quente) ou produtos químicos abrasivos (ácido sulfúrico e clorídrico).
Embrião não desenvolvido
Quando, na maturação do fruto, o embrião encontra-se parcialmente
desenvolvido. Um crescimento posterior do embrião dar-se após a maturação e
a senescência do fruto.
3) Dormência interna:
Dormência fisiológica da semente
Ocorre devido mecanismos internos de inibição e desaparece qudo armazena
a seco a semente.
Casos especiais:
- Dormência Térmica
a dormência térmica é causada pela temperatura do ambiente onde a semente
está. Cada espécie vegetal possui uma faixa de temperatura adequada para a
germinação, quando fora desta faixa, ocorre à inibição da germinação. A
germinação inibida ToC superior um limite variável, depende da espécie.

- Fotodormência
ocorre em espécies que as sementes necessitam de escuro para germinar.
- Dormência do Embrião
quando o embrião é incapaz de germinar normal, mesmo que seja retirado da
semente.
Dormência do Epicótilo:
Quando a exigência do epicótilo para germinar é diferente do embrião
(relacionado temperatura ou hormônios).
- Epicótilo: região localizada acima dos cotilédones e abaixo das primeiras
folhas.

Figura 1. Diferentes fases de germinação de feijão (adaptado de


http://www.valerio.bio.br)

Fatores Externos:
- água;
- temperatura;
- luz.
Além da ocorrência de dormência das sementes, outros fatores podem
vir a influenciar a germinação. A viabilidade e vigor da semente (percentual de
germinação das sementes). A quantidade de água da semente (teor de
umidade) quando muito baixo ou acima do nível ótimo pode ser um fator
inibitório. Já a temperatura influência as atividades metabólicas internas da
semente, sendo a temperatura ideal variável entre 25 e 30ºC.

- QUALIDADE DA SEMENTE
Expresso por 2 parâmetros:
Viabilidade:
expressa pelo % germinação (número plantas produzidas por um dado número
de sementes).
Vigor:
é a soma dos atributos da semente, que favorece o estabelecimento rápido e
uniforme de uma população de plântulas/plantas.

- POTENCIAL DE GERMINAÇÃO DA ESPÉCIE


Maioria sementes plantas perenes dificuldade p/germinar.

Diferença potencial germinação entre espécies é devido a interação entre


fatores: genético, vigor e longevidade.

Fatores Externos:
Fatores necessários à germinação;
- Água:
ativa metabolismo da semente na germinação. O teor depende da espécie (40
a 60%), com base peso fresco da semente.

- Temperatura:
influencia as reações metabólicas. A depender da espécie:
Temperatura mínima., ótima e máx. são variáveis.
Temperatura ótima: maioria sementes (25-30oC).
- Luz
Necessidade varia entre espécies.
Presença ou ausência da luz é efetiva após embebição da semente, atua na
remoção do bloqueio no metabolismo do embrião.

Técnicas de propagação sexuada


Para uso adequado da reprodução sexuada, alguns cuidados devem ser
tomados:

- Escolha de plantas matrizes (observar critérios):

As matrizes são as plantas que fornecerão as sementes (ou gemas)


para a formação das mudas. As matrizes devem ser selecionadas seguindo
critérios como vigor, sanidade, regularidade de produção, qualidade e
quantidade de frutos, idade e representatividade da espécie:

- vigor
Como muitas das características da planta matriz serão transmitidas
para as novas plantas, devem selecionar plantas com vigor adequado. Devem-
se evitar plantas muito vigorosas e principalmente com problemas de
crescimento.

- sanidade
Dar preferência para plantas que apresentem boa resistência contra pragas e
doenças, evitando plantas atacadas por insetos ou doentes. Segundo Franzon
et al. (2010) a resistência ao ataque de pragas e doenças está relacionada com
a nutrição da planta, sendo que plantas com déficit hídrico ou em estado
nutricional inadequado são mais suscetíveis.

- regularidade de produção
devem-se buscar plantas que apresentem uma produção regular de frutos ao
longo dos anos, evitando plantas com alternância de produção. Apesar disso,
Franzon et al. (2010) mencionam que a alternância de produção pode ocorrer
em plantas de qualquer espécie, podendo ser causada por condições
climáticas adversas, deficiências nutricionais ou falta de manejo (raleio de
frutos ou poda).

- qualidade e quantidade de frutos


buscar plantas que produzam frutos de boa qualidade e em quantidade.

- idade e representatividade da espécie


as plantas selecionadas devem apresentar todas as características da espécie,
ou seja, devem ter um porte adequado, uma boa ramificação, entre outras.

- selecionar planta com fenótipo próximo do padrão desejado (hábito


ramificação, taxa de crescimento, resistência pragas e doenças e
comportamento fenológico).

As sementes podem ser obtidas também de produtores idôneos, de


modo a garantir a qualidade, a sanidade e, o vigor necessário para um bom
desempenho na produção de mudas.

- Escolha do fruto (critérios a serem observations):


- sanidade;
- maturação fisiológica.
- Extração das sementes:
De acordo com características, divide em 2 grandes grupos:
a) Frutos secos:
liberam sementes por deiscência, ou decomposição das paredes;
b) Frutos carnosos:
- Formado por 1 ou mais carpelos, com uma ou mais semente (baga)
Ex: pera, citros, caqui, uva, maçã.
- Formado por 1 único carpelo, com apenas uma semente (drupa)
Ex: ameixa, pêssego

- Escolha das sementes (fatores considerar:


- tamanho;
- Sanidade.
- Conservação das sementes: manter a viabilidade por maior tempo.

Viabilidade após armazenamento resultante dos fatores:


a) Viabilidade inicial na colheita (determinada fatores de produção e manejo).
b) Taxa de envelhecimento das sementes:
- determinada pelo potencial genético de conservação da espécie;
- condições de armazenamento.

SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA

Para auxiliar na quebra da dormência alguns métodos podem ser


utilizados. Os tratamentos para superação da dormência varia de acordo com o
tipo de dormência da semente de cada espécie.

Aumento da permeabilidade dos envoltórios


A escarificação é o método indicado. Pelos métodos:
a) Físico,
b) químico;
c) mecânico.

a) MÉTODO FÍSICO:
Para sementes com tegumento impermeáveis à água.
- Imersão sementes em água ToC 65 a 85ºC, tempo 5 a 10 min.
- Choque de temperatura: alternar ToC +/-20ºC, por período de 8 a 12 horas.

b) MÉTODO QUÍMICO:
Tratamento com ácidos (hidróxido de sódio ou potássio, formol e ácido
clorídrico ou sulfúrico), 10 min. até 6 h.

c) MÉTODO MECÂNICO:

A escarificação mecânica consiste na abrasão das sementes sobre


uma superfície áspera, para isso pode ser utilizado instrumentos como lixa,
esmerilho ou piso áspero. Este procedimento é utilizado para facilitar a entrada
de água e trocas gasosas pela semente após a ruptura do envoltório das
sementes.

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