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Disciplina: Instalação de Jardins e Relvados

Ano lectivo: 2010/2011

Multiplicação de Plantas Ornamentais


A propagação das plantas, que permite que se perpetuem, pode ser de dois tipos:
i) reprodução sexuada ou por semente, em que intervêm células, ou, pelo menos, núcleos
sexuais;
ii) reprodução assexuada ou multiplicação vegetativa, que se concretiza por fragmentação,
sem intervenção de gâmetas.
Assim, na reprodução sexuada há fecundação, enquanto que, na assexuada, há regeneração
da planta, sem formação e fusão de gâmetas - fecundação.

1. Reprodução sexuada ou por semente

1.1 Vantagens e desvantagens de plantas obtidas por sementes

Vantagens:

Ø Maior longevidade da planta;

Ø Desenvolvimento mais vigoroso;

Ø Permite obtenção de novas variedades;

Ø Obtenção de clones novos;

Ø Sistema radicular mais vigoroso e profundo.

Desvantagens:

Ø Frutificação tardia;

Ø A planta apresenta porte elevado;

Ø Produção irregular;

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Ø Produto não-padronizado;

1.2 Fases da reprodução das plantas com flor

Na reprodução das plantas com flor podem distinguir-se diversas fases:


i) polinização, que consiste no transporte de grão de pólen das anteras para o estigma
(polinização directa, se for na mesma flor, ou polinização cruzada se, pela acção do vento ou
dos insectos, se fizer das anteras de uma flor para o estigma de outra);
ii) fecundação, que significa a fusão do núcleo sexual masculino com o feminino;
iii) frutificação, que é a transformação do ovário que contém o(s) óvulo(s) fecundado(s) – ovos
– num fruto, em que as paredes do ovário originam o pericarpo e o(s) ovo(s) origina(m) a(s)
semente(s) onde está contido o embrião;
iv)dispersão, que consiste na distribuição das sementes a pequena ou grande distância,
através do vento, da água e dos animais (se o pericarpo é carnudo, decompõe-se e se é seco,
abre-se);
v) germinação, que corresponde à transformação do embrião da semente numa nova planta, à
custa das reservas alimentares geralmente contidas no(s) cotilédone(s).

Geralmente, basta colocar sementes em areia com água ou terra húmida para que elas
germinem ao fim de algum tempo. A germinação inicia-se sempre pelo aparecimento da
radícula (futura raiz), que rompe o invólucro ou tegumento da semente. A partir dessa raiz
desenvolvem-se, posteriormente, as raízes secundárias. Assim, a jovem planta pode ancorar-se
no solo e absorver a água e sais minerais necessários ao seu crescimento.

Na maioria dos casos (feijão, ervilha, fava, lentilha, …), a semente é envolvida por um
tegumento que a protege e contém, no seu interior, um embrião, ligado a dois cotilédones.
Contudo, existem algumas sementes que têm um só cotilédone (caso do milho, trigo, arroz,
cebola…).

Existem também diferenças no que respeita ao número de tegumentos (um no caso do


feijão, ervilha, fava, … e mais do que um no caso do trigo, milho, rícino, …).

Essas diferenças podem também existir ao nível da natureza química das reservas.
Assim, em geral, as sementes são ricas em glícidos (feijão, ervilha, trigo, arroz, …), podendo, no
entanto, algumas possuir lípidos (noz, rícino, tornessol, …), ou mesmo alguns prótidos (feijão,
ervilha, …).

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A observação microscópica das reservas de qualquer semente, ao longo da sua
germinação, revela que as mesmas são progressivamente utilizadas, acabando por ser
totalmente gastas, qualquer que seja a sua natureza química.

1.3 Factores que depende uma boa germinação

Para que as sementes possam germinar, carecem de condições específicas de


temperatura, humidade e oxigenação. Porém, a conjugação destas condições favoráveis não
determina, necessariamente, que a germinação ocorra.

A germinação das sementes depende de factores intrínsecos e extrínsecos à própria


semente. Os factores intrínsecos são condições internas, da própria semente, que vão
determinar o processo de germinação, a saber:

- a constituição da semente (todas as partes estar presentes e em perfeito estado de


conservação: o tegumento ou casca, o embrião e as reservas);
- a maturidade (o embrião e os tecidos de reserva devem estar completamente desenvolvidos,
o que nem sempre corresponde à maturidade do frutos; algumas sementes possuem
substâncias inibidoras da germinação, pelo que esta só se inicia com o seu desaparecimento);
- a vitalidade do embrião (aspectos genéticos do embrião podem ditar diferentes padrões de
germinação de sementes de uma mesma espécie).

Em agricultura, os factores intrínsecos que determinam a germinação são:

- poder germinativo – número de sementes capazes de germinar por cada 100 sementes.
Expressa-se em percentagem.
- energia germinativa – indica-nos a rapidez com que se produz a germinação, ou seja, o
tempo que a semente demora a germinar.

Os factores extrínsecos, ou do ambiente, dizem respeito às condições que podem


afectar a qualidade ou integridade dos componentes da semente:

- infecções dos tecidos de reserva ou do embrião por microrganismos;


- modificação da vitalidade do embrião por radiações, microondas, venenos, etc.;
- humidade (a embebição é, geralmente, condição prévia de germinação, pois a água é
fundamental para que ocorram as reacções de hidrólise das reservas e a respiração celular);
- percentagem de oxigénio no ar (o solo deve ser devidamente arejado, pois o oxigénio é
indispensável à respiração celular);
- temperatura (na medida em que condiciona a velocidade das reacções químicas; poderá não
ser igual para todas as plantas, pois depende das enzimas específicas de cada espécie, o que se
relaciona com a sua adaptação ao ambiente);
- luminosidade (muitas sementes não são afectadas por este factor, outras podem sê-lo).

Algumas sementes apresentam incapacidade de germinar logo após a sua dispersão ou


quando sujeitas a certas condições ambientais específicas (por exemplo, temperatura,
luminosidade, …) Essa incapacidade temporária de germinar, devida a factores internos ou
externos, designa-se dormência ou latência. A dormência tem grande importância para a
sobrevivência das espécies. Em termos práticos, evita que a germinação ocorra em condições
desfavoráveis, permite resistir à ingestão por animais, ao calor, ao frio, ao fogo,…. A dormência

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das sementes pode causar alguns transtornos a quem pretende o seu cultivo, pelo que existem
linhas de investigação que visam soluções que permitem ultrapassar este processo biológico.

As sementes possuem, em si, um baixo teor de água, pelo que, se esta lhes não fosse
adicionada, veriam a sua actividade de germinação comprometida. Assim, sementes colocadas
em meio seco não germinam. A germinação inicia-se por uma intensa absorção de água, da
ordem média de300-400 g por 100 g de sementes.

Em contexto laboratorial, a germinação de uma semente corresponde à emergência e


desenvolvimento da plântula, até à fase em que o aspecto das suas estruturas essenciais indica
se tem, ou não, capacidade para dar origem a uma planta semelhante à que se observa na
Natureza.

Quando a semente germina, verifica-se que começa a consumir oxigénio e a libertar


dióxido de carbono. Este facto revela que começaram a ocorrer processos de respiração
celular, ou seja, reacções químicas que permitem mobilizar a energia contida nas substâncias
de reserva da semente, com vista ao crescimento e desenvolvimento do embrião.

Para que a germinação ocorra são necessárias condições apropriadas de humidade,


temperatura e oxigénio. Em geral, a luz não é um factor indispensável aos processos de
germinação de sementes, nem às etapas iniciais do desenvolvimento da plântula.

Para prosseguir o seu crescimento, a jovem planta terá, depois, necessidade de luz
para activar a clorofila e poder começar a produzir o seu próprio alimento, continuando, assim,
o desenvolvimento.

Na ausência de luz, a clorofila decompõe-se, pelo que as folhas perdem a sua cor
verde. Se uma planta for privada de luz durante algum tempo, acaba por morrer.

Em síntese, pode dizer-se que:

 uma semente contém sempre no seu interior um embrião e reservas nutritivas. O


crescimento e o desenvolvimento do embrião originam uma plântula e esta, por sua
vez, uma nova planta;
 numa semente, as manifestações vitais são muito reduzidas, sendo o crescimento e as
trocas nutritivas nulas e as trocas respiratórias pouco significativas. Este estado de
dormência ou latência permite-lhe resistir a condições ambientais adversas e facilita a
sua disseminação (por projecção, pelo vento, pelos animais,…). A dormência termina
com o início da germinação;
 processo de germinação é condicionado pelas condições ambientais. A humidade é um
factor indispensável à germinação, pois esta só se inicia após a hidratação da semente.
A temperatura e o oxigénio são, também, factores que condicionam o processo de
germinação das sementes;
 a germinação das sementes depende, também, de factores intrínsecos à própria
semente. Assim, quando uma semente não germina, estando reunidas as condições
ambientais adequadas e excluídas as hipóteses de dormência, conclui-se que o
embrião deverá estar morto.

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1.4 Constituição da semente

Uma semente é constituída pelo tegumento que a envolve, pelo embrião (futura planta) e
pelas reservas.

Na maioria das monocotiledóneas - plantas cujas sementes têm um só cotilédone - as reservas


encontram-se fora do cotilédone - sementes com albúmen -, enquanto na maioria das
dicotiledóneas - plantas cujas sementes têm dois cotilédones - as reservas estão armazenadas
nos cotilédones - sementes sem albúmen.

1.4.1 Sementes dicotiledóneas

(Exemplo: o feijão)

Exteriormente, destacam-se: um tegumento bastante espesso, que reveste a semente; o hilo,


pequena cicatriz oval deixada pelo pedúnculo, que ligava a semente ao pericarpo (parte que
envolve as sementes); o micrópilo - minúsculo orifício situado junto ao hilo, por onde sai a raiz,
no decurso da germinação.

Figura 1 - Feijão

Internamente, observam-se: dois volumosos cotilédones, que armazenam as reservas da


semente e os esboços dos futuros órgãos da planta - a radícula (vai corresponder à raiz), o
caulículo(vai corresponder ao caule) e a gémula(vai corresponder às folhas).

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Figura 2 - Feijão

Figura 3

Esquema do Feijão(exterior)

1.4.2 Sementes monocotiledóneas

(Exemplo: o milho)

Destacam-se: a parede, constituída pelo pericarpo e pelo tegumento; o albúmen, de cor


amarela (milho), mas esbranquiçada no contacto com o embrião; o embrião formado por um
cotilédone, que possui duas expansões, as quais revestem a radícula e a gémula.

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Figura 4

Milho

1.4.3 Germinação

 Em condições favoráveis, a semente germina, ou seja, o embrião deixa o estado de vida
latente e desenvolve-se, originando uma plântula, susceptível de levar uma vida
independente.

Os fenómenos morfológicos, que marcam o decurso da germinação de uma semente


dicotilédone, podem resumir-se do seguinte modo: 

a semente absorve a água do meio, aumenta de volume e, consequentemente, o tegumento


rompe;
a radícula irrompe pelo micrópilo e a raiz alonga-se, na direcção do solo;
o caulículo cresce, em sentido oposto ao da raiz e eleva, acima do solo, os cotilédones -
germinação epígea(fig.6)
a gémula desenvolve-se, originando o caule folhoso.

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Figura 6

Germinação epígea

À medida que a plântula cresce, os cotilédones vão diminuindo de volume e adquirem


uma cor esverdeada. Finalmente, desprendem-se do caule.

No milho, o grão absorve água e intumesce. A radícula irrompe, através da parede do


fruto, originando a raiz principal, que aborta, originando-se raízes adventícias, nascidas da base
do caulículo. A gémula desenvolve-se na vertical, sendo posteriormente visíveis as primeiras
folhas. O cotilédone permanece abaixo do nível do solo - germinação hipógea(fig.7).

Figura 7

Germinação hipógea

As alterações fisiológicas são marcadas por uma intensa actividade de dois processos
opostos: degradação ou digestão das reservas, que são transformadas em substâncias solúveis,
difusíveis e "mobilizáveis", e processos de síntese, que conduzem à formação de tecidos
constituintes da plântula. Assim, no decurso da germinação, enquanto o peso das reservas vai
diminuindo, aumenta o peso dos órgãos derivados do embrião.

O embrião, para se desenvolver, depende totalmente das substâncias de reserva da


semente. Estas podem ser glícidos (exemplo: amido), prótidos e lípidos, variando o tipo das
mesmas e as suas proporções consoante a espécie. Assim no grão do milho, a principal reserva
é o amido; na semente do feijoeiro encontram-se 25 a 40% de proteína, sendo a restante
percentagem formada por glícidos, especialmente amido.

A utilização de reservas pressupõe a digestão das mesmas, que é possível graças a


enzimas que se encontram inactivas na semente em repouso, mas que retomam a sua
actividade com a hidratação da mesma.

1.5 Diferentes métodos de sementeira

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O uso de sementes é o principal método para propagação das plantas anuais e bienais.
As sementes são colocadas em substrato próprio, enterradas em uma profundidade
correspondente a duas vezes o seu tamanho e então irrigadas utilizando jacto leve através de
crivo fino.

A sementeira pode ser feita em local definitivo ou em viveiro.

 Sementeira mecânica (utiliza-se um semeador mecânico) – este tipo


sementeira tem vantagens pois permite uma maior economia de semente e uma
distribuição mais perfeita e uniforme do que a manual. Há vários tipos de
semeadores, mas os principais são dois: semeador a lanço e semeadores em
linhas.

 Sementeira manual (utiliza-se a mão) – a sementeira pode ser feita a lanço, ao


covacho e em linhas.

Procedimento da sementeira a lanço:

1. Lança-se a semente por todo o terreno tão uniformemente quanto


possível;
2. De seguida passa-se o ancinho para enterrar as sementes.

Procedimento da sementeira ao covacho – a semente é colocada no terreno


em pequenas covas, devendo, no entanto, antes de assim proceder, marcar o
terreno em linhas para que os covachos fiquem alinhados:

1. Abrir a cova;
2. Lançar as sementes;
3. Cobrir as sementes;

Procedimento da sementeira em linha – a semente é distribuída em linhas


previamente marcadas e a distâncias que variam conforme a espécie:

1. Esticar um fio para o alinhamento e abrir sulcos;


2. Distribuir as sementes de um modo regular;

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3. Fechar os sulcos cobrindo com terra, utilizando o ancinho de maneira a
ficar a superfície do solo uniforme.

1.6 Calibre das sementes

O calibre das sementes é um factor importante a ter em conta, por várias razões:
 Determinar a profundidade de colocação da semente;
 Determinar a quantidade a semear numa determinada superfície.

Na prática, faz-se uma classificação arbitrária das sementes em quatro grupos:


 Sementes muito finas (mais de 10000 por grama)
 Sementes finas (1000- 10000 por grama)
 Sementes medianas (100- 1000 por grama)
 Sementes grandes (menos de 100 por grama)

1.7 Profundidade da sementeira

Quer a sementeira seja realizada manual, quer mecanicamente, a profundidade de


sementeira é muito importante. É bastante difícil estabelecer regras precisas, uma vez que
muitos factores podem influenciar a profundidade de sementeira (solo, época, local, etc.)

As sementes enterram-se, em geral, a uma profundidade que corresponde a duas ou


três vezes o seu diâmetro, mas isto é só um indicador.

1.8 Época de sementeira

A época de sementeira está ligada à espécie (dormência) e igualmente ao fim


pretendido. De uma forma geral, pode-se dizer que a Primavera é o período mais importante
para a realização das sementeiras ao ar livre e sob abrigo.

A outra época é o Outono, quando se semeia certo número de espécies rústicas de


ciclo bianual e plurianual. Semeiam-se igualmente no terreno, nesta época, as sementes que
têm uma certa necessidade de frio.

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1.9 Produção de mudas por propagação sexuada (sementes)

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2. Reprodução assexuada ou multiplicação vegetativa

2.1 Estacaria

A propagação vegetativa por estacas consiste em destacar da planta original um ramo, uma
folha ou raiz e colocá-los em um meio adequado para que se forme um sistema radicular e, ou,
desenvolva a parte aérea. A propagação por estacas baseia-se na faculdade de regeneração
dos tecidos e emissão de raízes.

A propagação por estacas é a forma de propagação mais utilizada nos arbustos (de folha
caduca ou persistente). A estacaria é também usada em produção de plantas herbáceas (ex.:
crisântemo, geranium) e árvores para fruto ou ornamentais (ex.: macieira, chamaecyparis,
camélia).

Dentre os métodos de propagação vegetativa, a estacaria é, ainda, a técnica de maior


viabilidade económica para o estabelecimento de culturas, pois permite, a um custo menor,
a multiplicação de genótipos seleccionados, em curto período de tempo. Além disso, a
estacaria tem a vantagem de não apresentar o problema de incompatibilidade que ocorre na
enxertia (Paiva e Gomes, 2001).

 As estacas herbáceas são obtidas de ramos apicais, sua retirada deve ser feita pela manhã,
quando ainda estão túrgidas e com níveis mais elevados de ácido abscísico e de etileno, que
são elementos favoráveis ao enraizamento (Simão, 1998).
As estacas lenhosas são obtidas de ramos lenhosos ou lenhificados, com idade entre 8 e 15
meses e encontram maior campo de aplicação que as herbáceas e, quase sem excepção,
constituem-se no material básico de propagação de árvores frutíferas (Simão, 1998), ainda
segundo este autor, os principais tipos de estacas lenhosas com suas características são:
 

* Estaca simples
A estaca simples é obtida subdividindo-se o ramo em pedaços de 20 a 30 cm de comprimento.
O diâmetro dessa estaca normalmente varia de 0,5 a 1,5 cm e cada uma deve possuir de 4 a 6
gemas.
Esse tipo de material constitui-se num dos mais efectivos, tanto pelo rendimento que
oferece como na prática da estacaria.
 
* Estaca-talão
Difere da anterior por trazer consigo parte do lenho velho, que se denomina talão. É obtida
destacando-se um ramo no ponto de inserção com outro de dois anos. É utilizada quando a
espécie ou variedade apresenta dificuldade de enraizamento.
O número de estacas, neste tipo, é inferior ao das simples, pois só podem ser obtidas
quando os ramos apresentam bifurcação.
 

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* Estaca-cruzeta
Assemelha-se ao tipo anterior, porém, em vez de ser retirada com um pedaço de lenho velho
na forma de pata de cavalo, é obtida seccionando-se o ramo de dois anos, de modo a permitir
maior porção de lenho. Apresenta o formato de uma cruz.
  
* Estaca-gema
O material de propagação é representado por uma única gema e é utilizado em casos muito
especiais. Seu uso se restringe à multiplicação de material muito valioso ou quando não se
dispõe de material em quantidade suficiente.
 
* Estaca-enxerto
As estacas de difícil propagação podem ter o seu enraizamento facilitado utilizando-a com
garfo e a estaca de mais fácil enraizamento, como cavalo.
 
- Estacas subterrâneas
 
* Estaca-raiz
É um tipo de estaca pouco utilizado. Tem algumas aplicações em pessegueiro, goiabeira e
caquizeiro. A melhor estaca é retirada de plantas com dois a três anos de idade. A época mais
favorável é o fim do inverno e o início da primavera, quando as raízes estão bem providas de
reservas. Ao plantá-la, deve-se manter a polaridade correcta (Simão, 1998).
A estaca-raiz produz primeiro uma haste adventícia, sobre a qual ocorre o enraizamento. A
polaridade é inerente aos ramos e raízes. A estaca forma o broto na posição distal e as raízes,
na proximal.
 
Ø        Época de propagação
As estacas herbáceas, de ponteiro, são multiplicadas durante o ano todo, de preferência
durante a primavera e o verão.
As lenhosas normalmente são empregadas após a queda das folhas, portanto, no Outono. O
enraizamento das estacas lenhosas está intimamente ligado às substâncias de reserva, daí a
sua utilização durante o período de repouso vegetativo.
 
Ø        Preparo das estacas e da estacaria
As estacas são preparadas cortando-se os ramos de acordo com o tipo desejado. A parte
superior é seccionada a um ou mais centímetros acima da última gema e a parte inferior, em
bisel, com uma gema do lado oposto ao corte.
A estacaria é feita em terreno preparado, e as estacas são fincadas no solo, de modo que
apenas um terço permaneça exposto ou uma única gema, segundo o tipo de estaca utilizada.
Excepção é feita para a estaca-gema ou semente, a qual requer os mesmos cuidados que os
empregados na propagação de sementes.
Hoje, com o processo de nebulização, a propagação se tornou mais fácil e económica. A
nebulização mantém a humidade ao redor da estaca, diminui a temperatura, reduz a
transpiração e a respiração, favorecendo o enraizamento (Simão, 1998).
 
Ø        Desenvolvimento Anatômico das Raízes nas Estacas
O processo de desenvolvimento das raízes adventícias nas estacas caulinares pode ser
dividido em três fases: formação de grupos de células meristemáticas (as iniciais da raiz);
diferenciação desses grupos de células em primórdios de raiz reconhecíveis. E
desenvolvimento e emergência das novas raízes, incluindo a ruptura de outros tecidos do

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caule e a formação de conexões vasculares com os tecidos condutores da estaca (Hartmann e
Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
Ainda de acordo com esses autores, nas estacas de raiz, devem ser produzidos caules e, em
alguns casos, raízes adventícias. Em muitas plantas as gemas adventícias formam-se com
facilidade sobre raízes intactas. Nas raízes jovens, essas gemas podem originar-se no periciclo,
próximo do câmbio vascular, podendo, no início, ter aspecto de primórdio radicular. Em raízes
velhas, as gemas podem-se originar exogenamente num crescimento semelhante ao calo,
originado de felógeno. Os primórdios de gemas também podem desenvolver-se de tecido
caloso lesionado, que se prolifera dos extremos cortados ou das superfícies lesionadas das
raízes.
 
Bases Fisiológicas da Iniciação de Raízes nas Estacas
 
* Substâncias de Crescimento nas Plantas
 
Para a formação de raízes adventícias em estacas, são necessários certos níveis de substâncias
de crescimento natural na planta, sendo umas mais favoráveis que outras. Há vários grupos de
tais substâncias, dentre eles as auxinas, as citocininas e as giberelinas. As auxinas são as de
maior interesse no enraizamento de estacas. Além dos grupos citados, é provável que haja
outras substâncias, de ocorrência natural, que desempenham alguma função na formação de
raízes adventícias (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
A auxina de presença natural é sintetizada principalmente nas gemas apicais e nas folhas
jovens e, de maneira geral, move-se através da planta, do ápice para a base (Hartmann e
Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
Dentre os compostos com actividades auxínicas têm-se o ácido indolacético, o ácido
indolbutírico, o ácido naftalenoacético e o ácido 2,4-diclorofenoxiacético, comprovadamente
indutores de enraizamento.
As citocininas são substâncias que estimulam a divisão celular e, quando em níveis
relativamente altos, há formação de gemas; no entanto, inibem a formação de raízes.
As substâncias reguladoras de crescimento das plantas, que formam o grupo das
giberelinas, parecem não ser necessárias para a formação de raízes adventícias e estacas
caulinares. Ao contrário, os testes realizados em diversas espécies de plantas mostram uma
inibição do enraizamento. É possível que o efeito inibitório das giberelinas no enraizamento de
estacas seja causado pelo estímulo ao crescimento vegetativo, que compete com a formação
da raiz (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
 
* Efeitos de Folhas e Gemas
É de grande importância no enraizamento de estacas, em virtude da produção de auxinas e
de outras substâncias que actuam no enraizamento. Em algumas estacas a remoção das gemas
reduz quase que por completo a formação de raízes. Ao remover um anel de casca, abaixo de
uma gema, a formação de raízes é reduzida, impedindo o fluxo de substâncias promotoras,
pelo floema, para a base da estaca.
Há muitas provas experimentais de que a presença de folhas em estacas exerce forte
influência estimuladora da formação de raízes. Os hidratos de carbono, resultantes da
actividade fotossintética das folhas, também contribuem para a formação de raízes, embora os
efeitos estimuladores de folhas e gemas se devam, principalmente, à produção de auxina
(Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
 
* Inibidores Endógenos de Enraizamento

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As estacas de algumas plantas de difícil enraizamento não chegam a formar raízes, em
virtude da presença natural de inibidores químicos. Em algumas plantas estes inibidores
podem ser lixiviados, colocando-se as estacas em água corrente, aumentando assim a
capacidade de enraizamento.
A maior ou menor capacidade de enraizar vai depender do balanço entre as substâncias
promotoras e inibidoras do enraizamento, que, de modo geral, é muito variável entre as
espécies (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
 
Ø        Factores que Afectam a Propagação por Estacas
Dentre os vários factores de que depende o enraizamento de estacas, destacam-se os
ambientais, o estado fisiológico, a maturação, o tipo de propágulo, a sua origem na copa e a
época de colecta, que influenciam, sobretudo, na capacidade e na rapidez de enraizamento
(Gomes, 1987, citado por Paiva e Gomes, 2001). O sucesso, no entanto, depende de factores
internos e externos.
 
* Factores Internos
 
- Espécie
A capacidade de emissão de raízes por um ramo é uma característica varietal, devido à
interacção de factores inerentes, que se encontram presentes em suas células, bem como as
substâncias produzidas pelas folhas, como: auxina, hidratos de carbono, compostos
nitrogenados e vitaminas. Portanto, a formação de raízes está associada à fisiologia, à química
e à estrutura anatómica.
A macieira, cerejeira, pessegueiro e mangueira apresentam dificuldades de enraizar, devido
à presença de inibidores de enraizamento. O tratamento com água aumenta a capacidade de
enraizamento (Simão, 1998).
 
- Condição fisiológica da planta-mãe
Há consideráveis evidências de que a nutrição da planta-mãe exerce forte influência sobre
o desenvolvimento de raízes e ramos (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes,
2001).
Estacas colhidas de uma mesma matriz e submetidas aos mesmos tratamentos respondem
diferentemente quanto à taxa de enraizamento, em diferentes épocas do ano. Isto está
directamente ligado ao teor de hidratos de carbono armazenados na matriz.
O teor de hidratos de carbono na planta-mãe deve ser alto e o de nitrogénio baixo. O teor
de fósforo e de potássio tem efeito menor sobre o enraizamento de estacas (Paiva e Gomes,
2001).
Os factores que determinam a condição fisiológica são, ainda, relativamente
desconhecidos, muito embora sejam fundamentais, principalmente no domínio da
enzimologia para o controle do processo. Sabe-se, no entanto, que elevado nível de reservas
com uma elevada relação C/N favorece o enraizamento, desconhecendo-se, todavia, o
metabolismo dos hidratos de carbono (Gomes, 1987, citado por Paiva e Gomes, 2001).
As reservas parecem ser indispensáveis à sobrevivência do propágulo até o enraizamento e
posterior desenvolvimento. Mesmo nos casos em que há retenção das folhas pelo propágulo,
as reservas a um nível conveniente facilitam a emissão de raízes e incrementam a fotossíntese.
Acrescente-se que boa parte destas se transferem para a base da estaca, contribuindo para a
formação de primórdios radiculares (Gomes, 1987, citado por Paiva e Gomes, 2001).
Em plantas com dificuldade de enraizamento, podem-se usar tratamentos para alterar
artificialmente as condições fisiológica da planta-mãe ou de partes dela, por exemplo, o

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anelamento de ramos, que provoca aumento no nível de auxinas naturais acima do corte e
diminuição abaixo (Paiva e Gomes, 2001).
 
- Idade da Planta-mãe
Estacas de plantas jovens enraízam melhor que as de plantas velhas. O rejuvenescimento,
por meio de poda, favorece o enraizamento. Estacas de plantas jovens, procedentes de
sementes, enraízam com maior facilidade que as estacas retiradas de plantas da mesma
espécie, porém mais velhas (Simão, 1998).
Em plantas que se propagam facilmente por estacas, a idade da planta-mãe tem pouca
importância, porém, em planas difíceis de enraizar, este factor é relevante. Em geral, estacas
tomadas de plantas jovens (crescimento juvenil) enraízam com maior facilidade que tomadas
de ramos mais velhos (crescimento adulto) (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e
Gomes, 2001).
Pode-se dizer que quanto mais juvenil o material, maior será o sucesso do enraizamento,
quer expresso em percentagem, quer pela rapidez de formação e, ainda, pela qualidade das
próprias raízes, bem como pela capacidade de crescimento da nova planta (Gomes, 1987,
citado por Paiva e Gomes, 2001). O problema apresentado por material adulto é o
aparecimento ou a produção de substâncias inibidoras do enraizamento.
 
- Época do ano
A época do ano, em alguns casos, pode exercer grande influência sobre o enraizamento das
estacas. Para estacas de folhas caducas, as melhores épocas são o outono e o inverno e, para
as de folhas persistentes, a primavera e o verão (Simão, 1998).
Para algumas espécies que enraízam com facilidade, a estacas podem ser colhidas em
qualquer época do ano, enquanto para outras o período de maior enraizamento coincide com
a estação de repouso ou com a estação de crescimento. Para cada planta específica é
necessário que se determine qual a melhor época do ano para retirar as estacas, a qual está
directamente relacionada com a condição fisiológica da planta-mãe (Hartmann e Kester, 1976,
citados por Paiva e Gomes, 2001).
 
- Tipo de estaca
O tipo de estaca pode também ser decisivo e deve-se usar o mais adequado. Com relação
às estacas obtidas de ramos, a parte da copa onde é extraído o material não é indiferente
quanto ao resultado do enraizamento. Por uma questão, normalmente, de maturação
fisiológica, a base da copa é mais favorável que a parte superior para colheita (Paiva e Gomes,
2001).
Os ramos laterais parecem enraizar melhor e em maior número que os verticais e também
apresentam o dobro de raízes que os vértices ou terminais. O enraizamento parece ser mais
favorável às estacas da parte basal do ramo que as da parte superior, devido ao maior teor de
amido (Simão, 1998).
 

* Factores Externos
 
- Humidade
É factor de grande importância para o sucesso de um programa de propagação vegetativa
por meio de enraizamento de estacas. A retirada das estacas deve ser feita sempre que
possível pela manhã, quando estão ainda túrgidas e com maior teor de ácido abscísico e de
etileno (Simão, 1998).

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O ambiente seco favorece a secagem das estacas, reduzindo sua possibilidade de
enraizamento. Humidade relativa mais alta, mantém as estacas túrgidas, favorecendo o seu
enraizamento (Simão, 1998).
A presença de folhas nas estacas é um forte estímulo para a formação de raízes, porém a
perda de água pela transpiração pode levar as estacas à morte antes que se formem as raízes.
Alto grau de humidade relativa do ar é necessário para evitar a secagem das estacas (Paiva e
Gomes, 2001).
Em espécies que enraízam com facilidade, a rápida formação de raízes permite que a
absorção de água compense a quantidade perdida pela transpiração; porém, em espécies que
enraízam mais lentamente deve-se reduzir a níveis bem baixos a transpiração pelas folhas, até
que se formem as raízes. Para contornar o problema da transpiração, deve-se manter a
humidade relativa do ar na região das estacas em torno de 80 a 100%, conservando-se assim a
turgescência dos tecidos.
Pode-se obter esta humidade relativa com o uso de um sistema de nebulização, que
proporciona a formação de uma fina película de água na superfície da folha, reduzindo assim, a
transpiração e mantendo uma temperatura relativamente constante na superfície das folhas
das estacas.
 
- Temperatura
A temperatura tem importante função de regulação no metabolismo das estacas, devendo
fornecer condições para que haja indução. A flutuação da temperatura é prejudicial à
sobrevivência das estacas (Bertoloti e Gonçalves, 1980, citados por Gomes e Paiva, 2001).
Temperaturas amenas, entre 12 e 27ºC, favorecem o aumento de hidratos de carbono e o
enraizamento das plantas. A estratificação das estacas a baixa temperatura inibe a formação
de raízes e impede a formação de gemas (Simão, 1998).
 
- Luz
Interfere na produção de hidratos de carbono, de ramos e nas suas características, pela sua
intensidade, qualidade e fotoperiodismo (Simão, 1998).
A luminosidade fornecida às estacas durante o período de enraizamento é de fundamental
importância na emissão de raízes. Portanto, deve-se fornecer às estacas com folhas
luminosidade máxima, de forma a propiciar um máximo de fotossíntese, para que haja
acúmulo de substâncias indutoras do enraizamento (Hartmann e Kester, 1976, citados por
Paiva e Gomes, 2001).
Nas condições brasileiras, a intensidade luminosa geralmente precisa ser reduzida,
protegendo a planta com rede de sombra (50%) ou ripados, para evitar a insolação excessiva
das estacas (Paiva e Gomes, 2001).
 
- Substrato
O substrato, no qual são colocadas as estacas, influi no sucesso do enraizamento e vai
depender do sistema de irrigação a ser empregado. O meio pode influir muito não só na
percentagem de enraizamento, como também na qualidade do sistema radicular que se forma
(Paiva e Gomes, 2001).
Há diferentes tipos de substrato que podem ser usados de forma isolada ou em mistura
com outros. Exemplos: vermiculite, turfa, serragem, areia, casca de arroz carbonizada, moinha
de carvão, terriço (Paiva e Gomes, 2001), solo (mistura de terra, areia e matéria orgânica),
perlite, esfagno, pedra-pomes (Simão, 1998) e diversas outras misturas destes constituintes.
Qualquer um desses materiais deve ser suficientemente firme e denso para manter a
estaca até o enraizamento e ser poroso para favorecer a presença de oxigénio e permitir a
percolação do excesso de água, livre de plantas daninhas, patógenos e nematóides.

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FORÇAGEM DAS ESTACAS

As estacas que apresentam dificuldades de enraizamento podem ser tratadas por meio
mecânico e/ou fisiológico.
 

Ø        Mecânico
Os meios mecânicos consistem em: anelamento, incisões, torções e descascamento e
possibilitam o acumulação de auxinas e hidratos de carbono, pelo bloqueio das translocações
dessas substâncias e de outros factores de promoção do enraizamento, bem como o aumento
de células parenquimatosas e de tecidos menos diferenciados (Simão, 1998).
 
Ø        Fisiológico
Dentre os meios fisiológicos, temos: estiolamento e reguladores de crescimento.
 
* Estiolamento
Por definição, é a exclusão total de luz. Pode ser feita pelo uso de um adesivo escuro
(preto) ou velcro nos ramos ainda presos à planta, por um período de 30 a 40 dias.
O estiolamento aumenta o teor de amido, acentua a sensibilidade à auxina e reduz o teor
de lignina e tem sido associada a mudanças de substâncias fenólicas e à presença de
parênquima descontínuo, o que reduz a barreira mecânica oposta ao enraizamento (Simão,
1998).
 
* Reguladores de crescimento
Muitas plantas possuem quantidade suficiente de hormonas para a iniciação radicular,
enquanto outras apresentam dificuldades para enraizar (Simão, 1998).
O objectivo de tratar estacas com reguladores de crescimento (hormonas) é aumentar a
percentagem de estacas que forma raízes, acelerara a formação destas e aumentar o número
e a qualidade das raízes formadas em cada estaca, bem como a uniformidade de enraizamento
(Borges, 1978, citado por Paiva e Gomes, 2001).
A distinção entre hormonas de planta e reguladores de crescimento é que toda hormona
regula o crescimento, porém nem todos os reguladores de crescimento são hormonas. Vários
são os tipos de reguladores: auxina, citocinina, giberelina, ácido abscísico e etileno (Simão,
1998).
A auxina está presente no desenvolvimento do ramo e na formação de raízes adventícias.
Sua presença é natural, principalmente nas gemas apicais e folhas novas, e ela se movimenta
desde a copa até as raízes. Há uma gama de compostos sintéticos químicos que têm actividade
de auxina: ácido indolacético (AIA), ácido indolbutírico (AIB), ácido naftalenoacético (ANA) e
2,4-D-diclorofenoxiacético (2,4-D) (Simão, 1998).
As citocininas são substâncias químicas que estimulam a divisão celular. Há várias
substâncias sintéticas e naturais que têm actividade de citocinina, como a quinetina, que em
nível alto, favorece a formação de gemas, mas não de raízes.
As auxinas e citocininas constituem um grupo de substâncias reguladoras do crescimento,
com maior acção na regeneração de órgãos. Teor elevado de auxina e baixo de citocinina
favorece a formação de raízes adventícias; nível baixo de auxina e elevado de citocinina atua
na formação de brotos (Simão, 1998).
As giberelinas são conhecidas pelo seu efeito promotor do crescimento da haste e parece
não ser necessário para a iniciação de raízes adventícias (Simão, 1998).

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O ácido abscísico é encontrado nas folhas, nas gemas, nos frutos e nas sementes e o
transporte se dá via floema e xilema. Regula a dormência, controla os estômas, a suberização e
outras funções das plantas (Simão, 1998).
O etileno é um gás envolvido na regularização da maturação, abscisão, dormência e outros
processos.

2.1.1 Banco de Imagens

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2.2 MERGULHIA

É um processo de propagação vegetativa pelo qual um ramo da planta é posto a enraizar


quando ainda faz parte dela, não sendo apartado antes de se completar o seu enraizamento
(Mattos, 1976, citado por Paiva e Gomes, 2001).
Esse método é um dos mais simples, apresentando a mais alta percentagem de
enraizamento, porém de pouca aplicação na multiplicação comercial, por ser de baixo
rendimento. Seu uso restringe-se a amadores ou aos casos em que a estacaria de algumas
espécies falha (Simão, 1998). É um processo geralmente usado na obtenção de plantas que
dificilmente se enraízam por meio de ramos destacados (estacaria) (Pádua, 1983).
A mergulhia pode ser efectuada directamente no solo ou fora dele, isto é, no alto.
 
* No solo
A mergulhia é feita no solo, em plena terra ou em vaso, quando os ramos das espécies são
flexíveis e de fácil manejo. A esses ramos dá-se o nome de mergulho e ao processo, o nome de
mergulhia.
O ramo, em qualquer um dos processos de mergulhia, deve ser anelado, com um anel de
mais ou menos 2 cm, e pode ser tratado com auxina (Simão, 1998).
 
Mergulhia tipo simples
 
- Mergulhia simples normal
O ramo a enraizar é dirigido no sentido do terreno, deste ramo a ser propagado, devem-se
retirar as gemas laterais e as folhas que se encontram entre 10 e 60 cm da extremidade,
depois o ramo é encurvado para o solo e aí enterrado a uma profundidade de 10 a 15 cm,
deixando-se, em média, os últimos 25 cm do ramo emergentes (Browse, 1979, citado por Paiva
e Gomes, 2001). Para manter o ramo nessa posição, fixa-se um tutor na sua proximidade
(Figura 2).
A época ideal para se utilizar este processo é, normalmente, no princípio da primavera,
usando-se gemas dormentes, de um ano de idade, de ramos baixos e flexíveis, que podem-se
dobrar facilmente até o solo. Como regra geral, os ramos de mais de um ano não são indicados
para se fazer a mergulhia (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
A parte que permanece sob o solo emite raízes e forma uma planta.

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- Mergulhia simples invertida
Na modalidade simples invertida, o ramo tem sua extremidade superior enterrada no solo,
para que enraíze. Neste caso, em virtude de as gemas estarem em posição invertida, o
desenvolvimento da planta é menor, com curvaturas nas folhas e menor porte (Mattos, 1976,
citado por Paiva e Gomes, 2001).
Nesse processo, o ramo é puxado para baixo e sua extremidade é enterrada no solo a cerca
de 10 cm de profundidade, o mais próximo possível da planta-mãe, para que cresça na vertical.
Para facilitar a permanência do ramo nesta posição, sugere-se um tutor (Browse, 1979, citado
por Paiva e Gomes, 2001).

Mergulhia tipo contínua


 

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- Mergulhia contínua chinesa
Na modalidade contínua chinesa, o ramo é enterrado ao longo do seu comprimento, ficando à
mostra apenas a extremidade apical. O sucesso deste método depende do fato de as gemas
voltadas para cima crescerem e do enraizamento correspondente na face voltada para baixo
(Mattos, 1976, citado por Paiva e Gomes, 2001).
É semelhante à mergulhia simples normal, com a diferença de se poder obter várias novas
plantas de uma única, dependendo do interesse e do tamanho do ramo-mergulho.
Para que o ramo fique em contacto com o solo, faz-se um sulco com profundidade
aproximada de 30 cm (Simão, 1998). (Figura 2).
 
- Mergulhia contínua serpenteada
Na modalidade contínua serpenteada, a colocação do ramo compreende uma alternância
de entradas e saídas do solo, permitindo a formação de mudas normais e invertidas, além de
dar ao conjunto um aspecto de serpentina (Mattos, 1976, citado por Paiva e Gomes, 2003).
Este processo possibilita a obtenção de plantas normais e invertidas simultaneamente
(Simão, 1998).

 
Mergulhia tipo cepa
A mergulhia de cepa leva em conta a capacidade de enraizamento estar ligada à juventude
da planta. Nesta modalidade, faz-se uma poda pouco acima do nível do solo (poda drástica do
tronco), para forçar a emissão de novas gemas a partir de gemas adventícias e dormentes. Em
seguida à brotação, é feita uma amontoa sobre a cepa, para obter o enraizamento das gemas
(Mattos, 1976, citado por Paiva e Gomes, 2001).
 
 
* No alto
A mergulhia aérea ou alporquia, é uma das técnicas mais antigas para se proceder
artificialmente à propagação vegetativa, foi utilizada na China há mais de mil anos (Browse,
1979, citado por Paiva e Gomes, 2001).
É empregada nos casos em que o ramo, por não possuir comprimento suficiente ou por não
ser flexível, não consegue ser dirigido até o solo. Nesse caso, transporta-se o solo até ele.
Actualmente, o processo é empregado em grande escala na floricultura, na obtenção de
plantas.
O ramo a ser enraizado é envolvido por uma mistura de terra, areia, matéria orgânica ou,
de preferência, por esfagno. Esse substrato deve proporcionar ao ramo coberto boa aeração,
humidade e temperatura moderada, esses materiais podem estar contidos em vasos, panos ou
sacos plásticos. Estes últimos mostram-se mais favoráveis ao enraizamento (Simão, 1998).
Vários autores, citados por Paiva e Gomes (2003) dizem que normalmente faz-se alporquia
em ramos de um ano, nos quais se eliminam as gemas laterais em cerca de 15-30 cm antes da
gema terminal. Em seguida, faz-se uma incisão anelar no ramo, de modo que o fluxo de
carboidratos, auxina e outras substâncias de crescimento, originadas das folhas e gemas,

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acumule-se na região onde se pretende realizar o enraizamento e, em geral, a uma distância
aproximada de 25 cm antes da extremidade. Podem-se colocar os ácidos indolbutírico,
indolacético, o naftalenoacético ou o ácido 2,4-diclorofenoxiacético no ponto lesionado, para
favorecer o enraizamento.
A alporquia, como todos os tipos de mergulhia, deve ser feita quando as plantas estiverem
em plena actividade vegetativa (Pádua, 1983).

1.

2.

3.

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4.

5.
 
*

Preparo de ramos e forçagem


 
- Antes da mergulhia
Os ramos devem ser preparados antes de entrar em contacto com o solo. As operações
consistem na desfolha e em anelamentos, incisões ou torções na parte que ficará enterrada.
Após ser enterrado, o ramo é mantido preso ao solo por um tutor ou forquilha.
 
- Depois da mergulhia
Os ramos-mergulhos, após determinado tempo, enraízam e devem ser separados da planta
matriz. A separação pode ser feita de uma só vez ou gradualmente. A essa operação dá-se o
nome de desmame. O desmame gradual tem por finalidade a redução lenta da alimentação da
nova planta, de modo a forçá-la a nutrir-se de sua próprias raízes.
Uma separação brusca pode secar a planta, principalmente quando ela não se encontra
ainda suficientemente enraizada (Simão, 1998).

2.3 ENXERTIA
 
O verbo enxertar, vem do latim insertare, e significa inserir, introduzir.
É a operação que consiste em se justapor um ramo ou fragmento de ramo com uma ou
mais gemas sobre outro vegetal, de modo que ambos se unam e passem a constituir um único
indivíduo.
O enxerto em árvores frutíferas é uma das mais antigas práticas hortícolas, remontando o
seu registro histórico aos tempos de Teofasto, que viveu cerca de 300 anos antes de Cristo. Os

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romanos desenvolveram e empregaram diversas técnicas de enxertia ainda em uso em nossos
dias. Na China, no século IV d.C., relatava-se que a pereira-oriental adaptava-se melhor ao
cavalo Tu Li, deduzindo-se daí que outras combinações não obteriam sucesso igual. Da mesma
época e origem chegaram até nós informações de que seria bem-sucedido o enxerto da
ameixeira-japonesa com o pessegueiro, não sendo válida, contudo a prática inversa.
Vê-se, pois, que muitos dos princípios da enxertia eram de domínio público no mundo
inteiro desde as mais remotas eras.
O autor americano A. J. Downing, abordando esse tema em sua obra “The fruits and fruit
trees of America”, publicada em 1857, declara: “Ninguém interessado nas actividades
hortícolas pode ignorar as técnicas de enxertia, na mesma medida que não deve desconhecer
outras técnicas para melhorar e desenvolver árvores e arbustos”.

 
Factores que influenciam no êxito da enxertia:
 
Segundo vários autores citados por Paiva e Gomes (2001) para que uma operação de enxertia
tenha êxito, são necessários alguns requisito básicos:

-      afinidade entre as plantas, pois somente plantas com certo grau de parentesco, do
ponto de vista botânico, são susceptíveis à enxertia. Este grau de parentesco, em geral,
é em nível de género ou família, isto porém, não significa que todas as espécies da
mesma família apresentam afinidades entre si, havendo casos em que se manifesta a
incompatibilidade ou rejeição. No entanto, em princípio, o resultado será tanto
melhor quanto mais próximas forem taxonomicamente as plantas;

-      deve haver alguma analogia entre as plantas nos seguintes aspectos: fisiologia,
consistência, anatomia, porte e vigor, bem como exigência com relação ao clima e às
propriedades do solo;

-       as superfícies que entram em contacto devem ser uniformes, lisas, isentas de corpos
estranhos, limpas e operadas com instrumentos bem afiados e limpos. Os tecidos
devem ser postos em contacto imediatamente após o corte de preparação;
-       para que a soldadura se realize e a parte enxertada se desenvolva, é necessário um
íntimo contacto entre as camadas cambiais das duas partes a serem unidas para
facilitar a translocação da seiva;

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-       manter em contacto as partes a serem soldadas, por meio de ataduras, até que se
consolide a união;

-      escolha da época da enxertia é um dos factores que mais podem afectar o seu bom
resultado, em virtude dos desarranjos fisiológicos que podem advir. Pode-se enxertar
em quase todas as épocas, dependendo da espécie e do tipo de enxerto que vai ser
efectuado;

-      o processo de enxertia (encosto, borbulha ou garfagem) deve ser escolhido de acordo
com as plantas envolvidas;

-      tanto o cavalo como o cavaleiro devem ser sadios;

-      ventos fortes, chuvas (humidade) e calor excessivos devem ser evitados ao se efetuar a
enxertia, pois estas condições são contrárias ao bom andamento da operação. A
temperatura ideal deve ser em torno de 20-25 oC;

-          a operação deve ser realizada quando as partes envolvidas estiverem em adequado
estado fisiológico. A soldadura torna-se mais fácil sempre que os tecidos postos em
contacto forem jovens e de idêntico grau de maturação;

-          a habilidade do enxertador está relacionada com a maneira como a operação é


executada. O operador deve ser hábil, muito cuidadoso e trabalhar sempre com
ferramentas bem afiadas e executar os cortes com firmeza, para que as superfícies
sejam lisas e sem dilacerações; praticar a operação com rapidez, para evitar que os
cortes fiquem expostos à acção prejudicial do sol ou vento, e apertar o fio de forma
firme e uniforme.
 
Material utilizado na enxertia:
-          canivete de enxertia (devidamente amolado e limpo);
-          tesoura de poda;
-          pedra de afiar;
-          serrote;
-          fitilho;
-          saco plástico;
-          fio;
-          álcool;
-          algodão.
É importante, para maior conforto do enxertador, ter bancos no local de trabalho.
 
TIPOS DE ENXERTIA
 
São vários os tipos de enxertia, como por exemplo: borbulha, garfo, encosto, sobreenxertia,
etc..
2.3.1 Enxertia por borbulha

É o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta-enxerto


enraizado.
A época de enxertia, para esse tipo de multiplicação, é de primavera-verão, quando os
vegetais se encontram em plena actividade vegetativa (Simão, 1998).

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Tipos de borbulha:
 
Ø     T normal
Fende-se o cavalo com o canivete, no sentido transversal e, depois, no sentido
perpendicular; de modo a formar um T. O escudo ou gema é retirado segurando-se o ramo em
posição invertida. Prende-se o escudo lateralmente ou pelo pecíolo, levanta-se a casca com o
dorso da lâmina e introduz-se a borbulha. Corta-se o excesso e amarra-se de cima para baixo
(Simão, 1998). (Figura 3).

Ø        T invertido
Procede-se de modo semelhante ao tipo anterior. Difere apenas na posição normal do
ramo para retirada da borbulha e no modo de introduzir e amarrar. A colocação da borbulha,
bem como a amarração, é feita de baixo para cima (Simão, 1998).
Esse tipo apresenta vantagem sobre o anterior, por evitar a penetração de água e
também por ser mais fácil manejo.
O T invertido é usado para casos em que o cavalo tenha grande circulação de seiva. O
amarrilho é feito de baixo para cima. Este processo é o preferido pela maioria dos operadores
(Pádua, 1983).
 
Ø        Em janela aberta ou escudo
São feitas no porta-enxerto duas incisões transversais e duas longitudinais, de modo a
liberar a região a ser ocupada pela borbulha.
A borbulha é retirada do garfo praticando-se também duas incisões transversais e duas
longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idêntico à parte retirada do cavalo (Simão,
1998).
A borbulha é a seguir embutida no rectângulo vazio e deve ficar inteiramente em contacto
com os tecidos do cavalo. A seguir o enxerto é amarrado.

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Ø        Em janela fechada
O porta-enxerto recebe duas incisões transversais e uma vertical no centro. A borbulha é
obtida de maneira semelhante ao tipo anterior. Para assentá-la, levanta-se a casca com o
convite, introduz-se o escudo e a seguir recobre-se com a casca do cavalo. O enxerto é
completado fixando-se com o amarrilho (Simão, 1998).

 
Ø        Anelar, canutilho ou flauta
Para esse tipo de enxertia, faz-se uma incisão circular quando o enxerto é no topo, ou
duas incisões circulares e uma vertical quando é no meio da haste, de modo a retirar um anel
(Simão, 1998).
No garfo, procede-se do mesmo modo, e a superfície deve ser idêntica à do cavalo, para
que haja contato entre as camadas cambiais. A seguir, amarra-se.

Forçagem do enxerto
Para ativar o desenvolvimento do enxerto, uma vez constado o seu pegamento, faz-se a torção
da haste um pouco acima do local da enxertia e curva-se o ramo para o solo. A seiva, devido à
curvatura, tende a reduzir a sua velocidade e acumular-se na região do enxerto, comunicando-
lhe grande vigor. Com isso, em algumas espécies, consegue-se adiantar o desenvolvimento de
dois a três meses. Pode-se também forçar o desenvolvimento do enxerto com incisões ou
anelamentos, praticados na região abaixo dele (Simão, 1998).

2.3.2 Enxertia por garfo

É um processo que consiste em soldar um pedaço de ramo destacado (garfo) sobre outro
vegetal (cavalo), de maneira a permitir o seu desenvolvimento. A garfagem difere da borbulhia
por possuir, normalmente, mais de uma gema e também porque o porta-enxerto tem a sua
parte superior decapitada. O enxerto de garfagem é feito aproximadamente a 20 cm acima do
nível do solo ou abaixo dele, na raiz, na região do coleto. A região do ramo podada com a
tesoura é a seguir alisada com o canivete. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a região
cambial do garfo seja colocada em contacto íntimo com a do cavalo (Simão, 1998).

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A época normal de garfagem, para as plantas de folhas caducas, se dá no período de
repouso vegetativo (inverno), e nas folhas persistentes, dependendo da espécie, na primavera,
no verão e no outono (Simão, 1998).

 
Tipos de garfagem:
 
Ø        Em fenda, de topo, fenda cheia ou fenda completa
Podado o cavalo, alisado o corte, faz-se com o canivete uma fenda perpendicular, no
sentido do diâmetro, até aprofundar-se 2 a 3 cm. A fenda completa pode ser cheia ou
esvaziada. O garfo, que deve ter o mesmo diâmetro do cavalo, é preparado na forma de cunha
e introduzido na fenda (Simão, 1998).

 
Ø        Em fenda dupla ou dupla garfagem
É utilizado quando o garfo é de diâmetro inferior ao raio do cavalo. Usam-se dois garfos,
cada um introduzido em uma das extremidades. O método é igual ao de fenda completa
(Simão, 1998).
 
Ø        Em meia-fenda cheia
Faz-se no cavalo uma fenda, no sentido do raio, até atingir a medula. A fenda estende-se
por 2 ou 3 cm, no sentido do comprimento do cavalo. O garfo é preparado na forma de bisel e
introduzido na incisão. O bisel deve ter aproximadamente o mesmo comprimento da incisão
lateral (Simão, 1998).
 
Ø        Em meia-fenda esvaziada
A incisão no cavalo é semelhante ao tipo anterior, dele diferindo por se praticar duas
incisões convergentes, de modo a retirar uma cunha de madeira, esvaziando a incisão. O garfo
é preparado do mesmo modo que o anterior. É um tipo mais aconselhável para as espécies de
lenho duro (Simão, 1998).
 
Ø        Em fenda incrustada
Difere da anterior por não atingir a medula. É utilizada quando os garfos são de pequeno
diâmetro. O cavalo e o garfo são preparados à semelhança da meia-fenda esvaziada (Simão,
1998).
 
Ø        Em fenda lateral

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Também denominada garfagem lateral, consiste em remover um segmento do caule do
porta-enxerto e do enxerto ( 5 a 6 cm), permitindo que haja contacto entre eles (Paiva e
Gomes, 2001).

Ø        Em fenda a cavalo


Também denominada garfagem no enxerto, consiste em decepar o porta-enxerto, a certa
altura do solo, fazendo com que ele tome forma de uma cunha; o enxerto é cortado e nele é
feita uma fenda; fazer a junção das partes e amarrar o atilho e o saco plástico. É o contrário da
garfagem em fenda (Paiva e Gomes, 2001).
 

Ø        Inglês simples


Para a prática desse tipo de enxerto, é necessário que o cavalo e o cavaleiro apresentem o
mesmo diâmetro. A operação é bastante fácil e consiste tão-somente no corte em bisel no
cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes e, a seguir , amarram-se (Simão, 1998).

 
Ø        Inglês complicado
A operação é semelhante ao inglês simples, mas, neste tipo, faz-se uma incisão longitudinal
em ambas as partes a unir. A incisão será feita no terço inferior do garfo, se a do cavalo for
feita no terço superior, para que haja perfeito encaixe entre as fendas.
O inglês complicado dá ao enxerto maior penetração de uma parte sobre a outra e,
portanto, maior fixação (Simão, 1998).

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Complementação da garfagem
Após a justaposição do cavaleiro ao cavalo, a região será amarrada e a seguir recoberta
com uma pasta ou massa. A esse material plástico de fácil moldagem dá-se o nome de
mastique (Simão, 1998).
O mastique é utilizado para todos os tipos de garfagem executada no colo da planta, isto é,
na região abaixo do solo e naquela acima dele, que deixam parte do corte exposto, como
ocorre nos enxertos de meia-fenda, fenda esvaziada e dupla fenda (Simão, 1998).
O mastique tem por finalidade proteger a madeira exposta do ataque de fungos e da
penetração de umidade.
Atualmente, o mastique vem sendo substituído por material plástico, que confere proteção,
preserva a região da enxertia e o enxerto da dessecação, pela formação de uma câmara úmida
(Simão, 1998).

2.3.3 Enxertia por encosto

É o método utilizado para unir duas plantas que continuam vivendo sobre seus próprios
sistemas radiculares, até que a soldadura entre ambas se complete e possibilite a separação
do ramo (cavaleiro) de suas próprias raízes.
A encostia somente é utilizada quando falham os demais processos de propagação, dadas
as dificuldades naturais de obter número elevado de mudas (Simão, 1998).
 
Tipos de encostia
 
Ø        Lateral simples e inglesa
Pratica-se no cavalo e no ramo-enxerto um entalhe, retirando-se parte do alburno.
Aproximam-se as duas partes, ajustando as superfícies. Fixam-se as partes com amarrilhos, no
caso da lateral simples.

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Na lateral inglesa, procede-se da mesma maneira, porém sobre o entalhe do cavalo e do
cavaleiro, faz-se uma incisão oblíqua. Abre-se o entalhe, unindo-se as partes. A seguir amarra-
se (Simão, 1998).

Ø        De topo simples e inglesa


Na encostia simples no topo, poda-se o cavalo a determinada altura e, com o canivete, faz-
se um bisel de ambos os lados. O ramo-enxerto sofre uma incisão oblíqua até o lenho. Encaixa-
se sobre o bisel do cavalo e amarra-se.
A inglesa é preparada do mesmo modo. Apenas recebe uma incisão a mais tanto no cavalo
como no cavaleiro, para que haja maior fixação (Simão, 1998).

 
Ø        Inarching ou subenxertia

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É um tipo de encostia que é usado para revigorar uma planta em decadência, devido à
incompatibilidade entre cavalo e cavaleiro (Simão, 1998).
O processo consiste em plantar, ao lado do tronco da árvore, uma muda que será ligada a ela.
No tronco, faz-se uma incisão e, no ápice da muda, um bisel. Ajusta-se a região e fixa-se com
um prego ou cravo de madeira.

2.3.4 SOBREENXERTIA

É a operação que tem por finalidade o aproveitamento de plantas já formadas. Quando se


quer mudar o cultivar da copa de plantas já formadas ou introduzir um cultivar para solucionar
problemas de polinização. Seu emprego é indicado nos pomares de idade média e sadios.
Normalmente é feito em uma ou todas as pernadas principais, onde se elimina a copa
através de uma poda drástica e enxerta-se o cultivar desejado (utiliza-se a enxertia de fenda
cheia – devido à grande diferença de diâmetros – ou o método do inglês complicado, se for
realizada em ramos secundários.
Fazendo a sobreenxertia, ganha-se tempo, pois o porta-enxerto se encontra perfeitamente
estabelecido, e as produções se tornam mais precoces.
Para proceder à sobreenxertia, poda-se a copa e deixem-se de 4 a 5 pernadas, sobre as
quais se fará a enxertia da variedade desejada (Simão, 1998).

VANTAGENS DA ENXERTIA

Ø     assegura as características da planta que se quer multiplicar;

Ø     propicia floração e frutificação mais precoces;

Ø     permite a utilização de porta-enxertos resistentes a certas enfermidades e pragas;

Ø     modifica o porte das plantas;

Ø     pode restaurar plantas, substituindo a copa;

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Ø     assegura a criação de novas variedades;

Ø     influi na qualidade do fruto.

DESVANTAGENS DA ENXERTIA

Ø     possibilidade de transmissão de viroses, caso de borbulhas de clones velhos;

Ø     pequena longevidade da planta;

Ø     alto risco de rejeição em algumas espécies.

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Figura 3. Principais tipos de enxertia.
Fonte: Mattos (1976), citado por Paiva e Gomes (2001)

2.4. Cultura "in vitro :

          

A multiplicação vegetativa "in vitro" é uma técnica realizada em laboratório que requer
condições assépticas e pessoal especializado. a sua utilização permite no entanto obter, no
mesmo espaço de tempo, uma quantidade de plantas muito maior do que aquela que se
obtém quando se utilizam técnicas de multiplicação tradicionais.

Esta técnica compõe-se de várias fases, recorrendo-se em cada uma delas a meios de cultura
apropriados ao fim a que se destinam:

- Fase da multiplicação ou repicagem - consiste em obter o maior número possível de "futuras


plantas", a partir da uma célula ou aglomerado de células, colocados num meio apropriado à
divisão celular (mitose).

 - Fase do enraizamento - consiste em colocar as "futuras plantas" num meio de cultura


apropriado ao enraizamento. Este meio é constituído pelos nutrientes e por carvão activo, que
escurece o meio de cultura, induzindo a formação de raízes.

 - Fase do desenvolvimento da parte aérea - consiste em colocar as "futuras plantas" num


meio de cultura apropriado ao desenvolvimento da parte aérea da planta, para que ocorra a
formação de caules e folhas.

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 - Fase da aclimatação - consiste em colocar as "novas plântulas” em diferentes estádios de
adaptação até chegarem ao solo, no campo.

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