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Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - PPGHI

RELATÓRIO 12
Fisiologia de Frutos

Nilo Ricardo Corrêa de Mello Júnior

Docentes:
Elizabeth Orika Ono
João Domingos Rodrigues

Juazeiro, 7 de junho de 2023.


FISIOLOGIA DE FRUTOS
Em termos botânicos, o fruto é a estrutura reprodutiva que se desenvolve a partir
do ovário da flor após a polinização. Ele contém as sementes e tem a função de protegê-
las e auxiliar na sua dispersão. O fruto pode ser de vários tipos, como baga, drupa, cápsula,
legume, entre outros, e sua estrutura pode variar em termos de tamanho, forma, cor e
textura. Além disso, nem todos os frutos são consumíveis para os seres humanos. A fruta
é o termo popular para designar fruto, infrutescência e receptáculo floral.
Os frutos têm sua origem a partir do ovário da flor após a fertilização. Após a
polinização, quando o grão de pólen alcança o estigma e ocorre a fusão do gameta
masculino com o gameta feminino, forma-se o zigoto, que se desenvolverá em embrião.
O ovário da flor então se desenvolve em fruto, protegendo as sementes e auxiliando em
sua dispersão.
Quanto à constituição, os frutos são compostos por três principais partes:
Epicarpo: É a camada externa do fruto, também conhecida como casca. Pode ser lisa,
rugosa, espessa, fina, colorida, entre outras características, dependendo da espécie. O
epicarpo pode ter diferentes funções, como proteção contra danos mecânicos e
desidratação, além de atrair animais para a dispersão das sementes. Mesocarpo: É a
camada intermediária do fruto, localizada entre o epicarpo e o endocarpo. O mesocarpo
pode ser suculento, fibroso ou seco, dependendo da espécie. Em alguns frutos, como
maçãs e peras, o mesocarpo é suculento e é a parte que geralmente é consumida como
fruta. Já em frutos como o coco, o mesocarpo é fibroso e faz parte da estrutura do fruto.
Endocarpo: É a camada interna do fruto, que envolve as sementes. O endocarpo pode ser
duro, lenhoso ou membranoso, dependendo da espécie. Em alguns frutos, como pêssegos
e ameixas, o endocarpo adere à semente, enquanto em outros frutos, como a laranja, o
endocarpo é membranoso e facilmente separável das sementes.
Além dessas partes, os frutos também podem conter outras estruturas, como o
pericarpo, que se refere ao conjunto de epicarpo, mesocarpo e endocarpo. Alguns frutos
podem apresentar adaptações adicionais, como espinhos, pelos ou asas, que auxiliam na
dispersão das sementes.

TIPOS DE FRUTOS

Existem diferentes tipos de frutos, que podem ser classificados com base em suas
características estruturais e de desenvolvimento. Alguns dos principais tipos de frutos
são:
Frutos carnudos (ou suculentos): São frutos que possuem uma polpa macia e
suculenta. Podem ser subdivididos em:
1. Bagas: Exemplos incluem uvas, tomates e bananas.
2. Drupas: Exemplos incluem pêssegos, ameixas e cerejas.
3. Pomos: Exemplos incluem maçãs e peras.
Frutos secos: São frutos que possuem uma consistência seca e dura. Podem ser
subdivididos em:
1. Deiscentes: São frutos que se abrem para liberar as sementes quando
maduros. Exemplos incluem vagens de feijão e legumes como o inhame.
2. Indeiscentes: São frutos que não se abrem para liberar as sementes quando
maduros. Exemplos incluem nozes, avelãs e grãos de milho.
Frutos agregados: São frutos que se desenvolvem a partir de vários ovários de uma
única flor. Exemplos incluem morangos e framboesas, onde cada pequeno "ponto" é uma
unidade individual do fruto. Frutos múltiplos: São frutos que se desenvolvem a partir de
várias flores em uma inflorescência. Exemplos incluem o abacaxi e a figueira, onde várias
flores se fundem para formar um único fruto. Frutos alados: São frutos que possuem uma
estrutura em forma de asa que facilita sua dispersão pelo vento. Exemplos incluem
sementes de bordo e sementes de dente-de-leão. Frutos secos deiscentes: São frutos secos
que se abrem quando maduros para liberar as sementes. Exemplos incluem vagens de
ervilha e cápsulas de papoula.
Os pseudofrutos, também conhecidos como frutos falsos ou frutos acessórios, são
estruturas que, apesar de serem popularmente chamadas de frutos, não são derivadas do
ovário da flor. Em vez disso, são formados a partir de outras partes da flor, como
receptáculo floral, cálice ou outros tecidos adjacentes.

FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DOS FRUTOS

O processo envolve a fertilização das flores, o desenvolvimento do ovário em


fruto e o crescimento das estruturas que compõem o fruto. Polinização: O primeiro passo
é a polinização, onde o pólen é transferido das anteras (parte masculina da flor) para o
estigma (parte feminina da flor) através de diversos meios, como o vento, insetos
polinizadores ou outros agentes. A polinização bem-sucedida leva à fertilização.
Fertilização: A fertilização ocorre quando o tubo polínico cresce através do estigma até o
ovário, onde ocorre a fusão do núcleo do grão de pólen com o núcleo do óvulo. Esse
processo resulta na formação do zigoto, que se desenvolverá em embrião, e da célula
endosperma, que fornecerá nutrientes para o embrião em desenvolvimento.
Desenvolvimento do ovário em fruto: Após a fertilização, o ovário começa a se
desenvolver e se transforma no fruto. O ovário pode sofrer mudanças em tamanho, forma
e textura, dependendo da espécie. Os tecidos do ovário se multiplicam e se diferenciam
para formar as camadas que compõem o fruto, como o epicarpo, o mesocarpo e o
endocarpo. Crescimento do fruto: Após a formação inicial do fruto, ocorre o crescimento
das estruturas que o compõem. Isso envolve o acúmulo de água, nutrientes e compostos
orgânicos, como açúcares e amido. O fruto pode crescer em tamanho, peso e volume à
medida que as células se dividem e se expandem. Maturação do fruto: Durante a
maturação, ocorrem mudanças bioquímicas e fisiológicas no fruto para torná-lo adequado
para a dispersão das sementes. Os açúcares se acumulam, a cor do fruto pode mudar, o
aroma pode se desenvolver e a textura pode ficar macia ou crocante, dependendo da
espécie. Nesse estágio, as sementes estão maduras e prontas para a dispersão.
O desenvolvimento dos frutos passa por diferentes fases desde a sua formação até
a maturação.
1. Iniciação: Nessa fase, ocorre a formação do fruto a partir do ovário
fertilizado. As células do ovário começam a se multiplicar e se diferenciar,
dando origem aos tecidos que comporão o fruto.
2. Desenvolvimento: Durante essa fase, o fruto experimenta um aumento
significativo em tamanho e massa. As células do fruto se dividem e se
expandem, resultando no crescimento do volume e da estrutura do fruto.
Nesse estágio, ocorre a síntese e o acúmulo de compostos orgânicos, como
açúcares, amido, vitaminas e compostos fenólicos.
3. Maturação: A maturação é o estágio final do desenvolvimento do fruto.
Nesse período, ocorrem várias mudanças fisiológicas e bioquímicas. Os
açúcares acumulados são metabolizados para aumentar o sabor do fruto.
A cor do fruto pode mudar, indicando sua maturação, e o aroma pode se
desenvolver. A textura também pode ser modificada, tornando-se mais
macia ou crocante. Nesse estágio, as sementes atingem a maturidade e
estão prontas para a dispersão.
4. Amadurecimento: Após a maturação, o fruto entra na fase de
amadurecimento. Nesse estágio, o fruto está em seu estado ótimo para
consumo, apresentando sabor, aroma e textura ideais. O amadurecimento
é influenciado por fatores como etileno, hormônio vegetal que
desempenha um papel importante no processo. Durante o
amadurecimento, o fruto pode se tornar mais suscetível a danos e
deterioração.
5. Senescência: A senescência é o estágio final do desenvolvimento do fruto,
quando ocorre o envelhecimento e a deterioração gradual. O fruto perde
sua qualidade sensorial, como sabor, aroma e textura, e pode começar a
apresentar sinais de decomposição, murcha e perda de nutrientes. Esse
estágio marca o fim da vida útil do fruto.
Vale ressaltar que a duração de cada fase do desenvolvimento do fruto varia de
acordo com a espécie vegetal e as condições ambientais. Além disso, alguns frutos podem
passar por estágios adicionais, como a fase de dormência em algumas sementes, antes do
início do desenvolvimento.
Fase 1 - Acontece a decisão entre o desenvolvimento do ovário x abortamento,
isso vai depender da polinização e fecundação. Ocorre também a compatibilidade
genética entre pólen e planta polinizada e a germinação do pólen + crescimento tubo
polínico + formação zigoto, resultando no crescimento do fruto.
As giberelinas são estimuladoras do início do desenvolvimento dos frutos, sua
aplicação exógena em flores pode levar ao início do desenvolvimento dos frutos na
ausência da fecundação.
Na fase 2 do desenvolvimento dos frutos, ocorre a divisão celular, a formação da
semente e o desenvolvimento do embrião. Essa fase é crucial para o crescimento e a
estruturação do fruto. Existem alguns fatores que afetam o tamanho final dos frutos: O nº
de células do ovário antes da fecundação; nº de divisões celulares após a fecundação dos
óvulos; nº de fecundações bem-sucedidas e a magnitude da expansão celular. Se óvulos
de uma determinada parte do ovário não se desenvolverem em sementes, esse lado do
fruto apresentará deformações.
Na fase 3, ocorre a expansão das células, crescimento do fruto e maturação do
embrião. Cerca de 2/3 do desenvolvimento do fruto é dado pela expansão de suas células.
As células do mesocarpo e da placenta podem aumentar até 20x. Em melancia por ex, as
células podem aumentar cerca de 350.000 vezes de tamanho, tornando-se visíveis a olho
nu nos frutos maduros.
Fatores que afetam o estabelecimento do fruto: A receptividade ao grão de pólen,
a exsudação estigma, segura e nutre o pólen. A polinização, germinação do pólen -> tubo
polínico -> fecundação óvulo (semente) e núcleos polares (reserva). Sementes, fontes de
ABA e GA, CK, AX (desenvolvido no fruto). Limitação de nutrientes e abscisão precoce,
se aumentar ABA e reduzir AX no início da formação do fruto.
O crescimento do fruto, o tamanho final corresponde a velocidade de crescimento
e a forma, que são características genéticas. Assim, o crescimento depende da divisão e
alongamento celular. As medidas de crescimento que podem ser acompanhadas são o
diâmetro, volume e massa. Já suas tacas de crescimentos, elas são muito diferentes de
fruto para frutos e são desuniformes durante 24 horas do dia. É necessário salientar que
os frutos crescem mais durante a noite do que durante o dia. Durante o dia tem-se uma
menor taxa de crescimento devido à alta transpiração.

CURVAS DE CRESCIMENTODO FRUTO - SIGMÓIDE DUPLA

Estádio 1:
1. Rápido crescimento;
2. Pericarpo → aumenta o peso;
3. Endocarpo → tamanho máx.
Estádio 2:
1. Crescimento lento;
2. Endurecimento endocarpo;
3. Embrião cresce rápido.
Estádio 3:
1. Rápido crescimento;
2. Aumento volume celular;
3. Final período → maturação.
Obs: Várias partes não se desenvolvem ao mesmo tempo.

MATURAÇÃO

A maturação dos frutos o desenvolvimento do crescimento até a maturação. A pré-


maturação vai ocorrer com aumento do volume e, nesse momento o fruto ainda não está
apto para consumo. Na maturação, ocorre o crescimento máximo do fruto e qualidade
ótima de consumo. Amadurecimento, período final da maturação, pode ser após colheita
e, possui boa qualidade para consumo e por fim, a senescência, com o início do processo
bioquímico do envelhecimento.
Dependendo da forma de maturação, os frutos carnosos podem ser classificados
em dois grupos, frutos climatérios e não-climatérios e, Essa classificação está relacionada
à sua capacidade de continuar amadurecendo após a colheita.
Frutos climatérios: Os frutos climatérios são aqueles que possuem um estágio de
amadurecimento pós-colheita, durante o qual há um aumento na taxa de respiração e
produção de etileno. O etileno é um hormônio vegetal que desempenha um papel crucial
no amadurecimento dos frutos. Exemplos de frutos climatérios incluem bananas, maçãs,
tomates, pêssegos e abacates. Esses frutos podem ser colhidos antes de estarem totalmente
maduros e continuarão a amadurecer se armazenados adequadamente. Isso ocorre porque
eles são capazes de sintetizar e responder ao etileno produzido internamente ou
exogenamente. O amadurecimento dos frutos climatérios é caracterizado por mudanças
na cor, textura, sabor e aroma.
Frutos não-climatérios: Os frutos não-climatérios, por outro lado, não apresentam
um estágio de amadurecimento pós-colheita significativo. Eles têm uma taxa de
respiração constante e não respondem ao estímulo do etileno para amadurecer. Exemplos
de frutos não-climatérios incluem uvas, laranjas, limões e morangos. Esses frutos
geralmente são colhidos quando estão maduros, pois não continuarão a amadurecer
significativamente após a colheita. O processo de amadurecimento nesses frutos é mais
gradual e depende principalmente do estágio de maturação no momento da colheita.
As mudanças durante a maturação: Modificação da cor; Alteração da textura
(amolecimento); Alterações no sabor, aroma e qualidade nutricional; Aumento da
susceptibilidade a patógenos.
frutos partenocárpicos, ocorre a formação do fruto sem a fecundação do óvulo
onde não se tem a formação de sementes. É comum em espécies com grande número de
óvulos. Alguns tipos são: Frutos se desenvolvem sem nenhuma polinização - banana,
abacaxi e alguns citros; Frutos que se desenvolvem estimulados pela polinização, mas
não ocorre fecundação dos óvulos - orquídeas.

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