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UNICENTRO
Acadêmicos (as): Iara Silveira, Juliane Wolbert, Lais Gasperotto, Natália Reichmann
Disciplina: Matéria Orgânica do Solo
Professor: Fabricio Avila
Curso: Agronomia
Guarapuava
2017
INTRODUÇÃO
A integração lavoura-pecuária-floresta é definida como uma estratégia de
produção sustentável, que junta as atividades agrícolas, pecuárias e florestais, sendo
realizada numa mesma área, seja em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação
(MACHADO, L. A.Z, et al., 2011) O sistema proposto tem alguns conceitos básicos: a
semeadura direta, a rotação de cultivos, o uso de insumos e genótipos melhorados, o
manejo correto das pastagens e a produção animal intensiva em pastejo. Existe, porém,
muitas variações possíveis, dependendo do interesse de cada proprietário, podendo ser
aplicado para produção de leite ou carne, apenas para terminação ou para cria, recria e
terminação e ser utilizado em pequenas ou grandes propriedades. Além disso, abrange
sistemas produtivos diversificados para a produção de alimentos, energia, produtos
madeireiros e não madeireiros, que sejam de origem animal ou vegetal, de forma de
otimizar os ciclos biológicos das plantas e dos animais (MACHADO, L. A.Z, et al.,
2011). Visa, ainda, manutenção e reconstituição da cobertura florestal, a recuperação de
áreas degradadas, a adoção de boas práticas agropecuárias (BPA) e aumentar a
eficiência com o uso de máquinas, equipamentos e mão de obra, possibilitando, assim,
gerar emprego e renda, melhorar as condições sociais no meio rural e reduzir impactos
ao meio ambiente. Fundamenta-se na integração dos componentes do sistema produtivo,
a fim de atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade do produto e do
ambiente (MACHADO, L. A.Z, et al., 2011).
Para o componente pecuário, a iLPF proporciona microclima favorável ao
aumento do índice de conforto térmico para os animais à sombra das árvores, ao
contrário da exposição à insolação direta (Garcia et al., 2011; Silva et al., 2011a).
Esses sistemas devem ser adequadamente planejados, levando em conta os
diferentes aspectos socioeconômicos e ambientais das unidades de produção
(MACHADO, L. A.Z, et al., 2011). Um grande desafio para a agricultura é contornar os
problemas decorrentes de décadas de práticas agrícolas de monocultivo e de elevada
pressão sobre o ambiente, tais como: a erosão e perda de fertilidade dos solos,
assoreamento dos cursos d'água, poluição do solo e da água e emissões de gases de
efeito estufa.. A ILP tem uma importante função no aumento da disponibilidade de
palha para realização do plantio direto. Para a atividade pecuária este sistema é
interessante porque possibilita reduzir ou eliminar a estacionalidade da produção de
forragem. Desta forma, o agricultor continua com a maior parte de sua propriedade na
produção de grãos, durante o verão e, na estação seca (inverno), época em que as
culturas apresentam maior risco ou menor lucratividade, o produtor passa a produzir
pasto e se dedica a engorda de animais ou a produção de leite (MACHADO, L. A.Z, et
al., 2011).
Estimativas indicaram que, até 2030, o consumo mundial de madeira em toras
aumentará aproximadamente 45% em relação ao consumo em 2005 e atingirá cerca de
2,4 bilhões de m3 (FAO, 2009). O mercado interno brasileiro consome 13,5 milhões de
m³ de madeira serrada oriunda de floresta natural e 65 milhões de m³ originados em
florestas plantadas . A estimativa da demanda de madeira no mercado interno poderá
atingir 300 milhões de m³, o que significará plantar 2 a 2,5 vezes mais do que é plantado
atualmente. A área de florestas plantadas para finalidade comercial é de 1,33% da
cobertura florestal total, ou seja, 6,97 milhões de hectares. (ABRAF, 2011)
HISTÓRICO
Embora os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta sejam
considerados sistemas inovadores, na Europa desde a idade média são conhecidas várias
formas de plantios associados entre culturas anuais e culturas perenes ou entre culturas
frutíferas e árvores madeireiras. Sistemas integrando árvores frutíferas com a produção
pecuária datam do século XVI, e aparentemente uma das causas do seu quase
desaparecimento foi a mecanização e a intensificação dos sistemas agrícolas, além da
dificuldade da colheita manual das frutas e questões administrativas (MACHADO, L.
A.Z, et al., 2011).
EXEMPLOS
No Brasil, existem vários sistemas de ILPF que são modulados de acordo com o perfil e
os objetivos da propriedade rural. Além disso, essas diferenças nos sistemas se devem
às peculiaridades regionais do bioma e da fazenda, como: condições de clima e de solo,
infraestrutura, experiência do produtor e tecnologia disponível.
Sistemas de ILPF na Amazônia
Para o Bioma Cerrado, a ILPF se caracteriza com as espécies agrícolas algodão, soja,
milho, sorgo, feijão, arroz e girassol. Os principais consórcios são de milho +
capim/forrageiras (80%), sorgo (granífero ou silagem) + capim/forrageiras (15%), e
outros consórcios (milheto, sorgo pastejo, guandu) (5%). Como espécies forrageiras, as
do gênero Brachiaria (80%), espécies de Panicum (10%) e outras (10%). Como
principais espécies florestais têm-se o eucalipto (80%), a teca, o cedro australiano e o
mogno (15%) e outras (5%). E por fim, as espécies/raças de animais são de bovinos de
corte (50%), bovinos de leite (30%), e, ovinos e caprinos (20%).
Nas áreas de Mata Atlântica da região Sul predominam sistemas de ILPF baseados na
sucessão de culturas no verão (soja, milho e feijão) e pastagens cultivadas no inverno,
sobretudo com espécies de clima temperado (aveia-preta e azevém anual).
Fazenda Santa Brígida, localizada em Ipameri, Goiás, Brasil, foi assumida pela
Senhora Marize Porto Costa, no ano de 2006, em condições precárias, onde as pastagens
estavam muito degradadas e a pecuária apresentava baixa produtividade. Em busca de
recuperar as pastagens a Senhora Marize constatou o alto preço então, decidiu buscar
orientação na Embrapa. Através dos pesquisadores João Kluthcouski e Homero Aidar,
conheceu os sistemas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).
Em depoimento, ela conta que acreditou nesses sistemas e logo buscou implantar na
Fazenda Santa Brígida, porém ela não apresentava nenhuma maquinário, conhecimento
ou mão de obra, então, a mesma contratou um vizinho para realizar o trabalho, que
implantou as primeiras lavouras de soja e milho no sistema. Com a produção dos grãos,
ela pagou todas as contas, e como consequência obteve uma melhora significativa na
pastagem, já no primeiro ano.
Durante 3 anos, ela trabalhou com a produção de grãos e a pecuária, porém no
terceiro ano, ela incorporou ao sistema, eucalipto, que como ela relata, veio com 3
objetivos: Econômico, com a venda da madeira, bem estar animal, pois fornece sombra
ao gado e sequestro de carbono.
Segundo a proprietária, em uma pastagem de primeiro ano obtida com o sistema de
integração, o custo de produção da arroba é de R$ 55, enquanto a produção da arroba do
boi terminado em confinamento custa R$ 88 e a produzida no sistema convencional, em
pasto degradado, R$ 112, e a venda da arroba do boi terminado é vendido pela fazenda
por R$140.
Em 10 anos de ILPF, a pecuária de baixa produtividade, cuja lotação animal na
safra 2006/2007 não passava de 0,5 UA/ha, produzindo 2,5@/ha/ano, sendo que na
safra 2015/2016 está em 4 UA/ha, com produção de 25@/ha/ano, ou seja, 10 vezes
mais. As lavouras também ficaram mais produtivas ao longo do tempo. No mesmo
período, as produtividades médias de soja e de milho passaram, respectivamente, de 45
sacas/ha para cerca de 65 sacas/ha e de 90 sacas/ha para uma projeção de até 190
sacas/há na atual safra.
Marize vê as pastagens da fazenda totalmente recuperadas. “Tudo o que quero
agora é aumentar o valor agregado em cada um dos itens”, diz. Para isso, a ideia é
intensificar a produção de soja e milho na mesma área, produzir carne de animais
resultantes de cruzamento industrial e conduzir as árvores do sistema para a
produção de madeira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONTE, O.; FLORES, J. P. c.; CASSOl, l. c.; ANGHINONI, I.; CARVALHO, P. C. F.;
LEVIEN, R.; WESP, C. l. Evolução de atributos físicos de solo em sistema de
integração lavoura-pecuária. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 46, p. 1301–1309,
2011.
NAIR, P.K.R.; TONUCCI, R.G.; GARCIA, R.; NAIR, V.D. Silvopasture and carbon
sequestration with special reference to the Brazilian savanna (Cerrado). In: KUMAR,
B.M.; NAIR, P.K.R. (Ed.). Carbon sequestration potential of agroforestry systems:
opportunities and challenges. London: New York: Springer, 2011. p.145-162.