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Governador
Valdelino Cavalcante
Agência de Desenvolvimento Sustentável - ADS
Edimar Vizolli
Diretor-Presidente do Instituto Agropecuário e Florestal Sustentável do
Amazonas - IDAM
Coordenação Técnica
Alexsandra de S. S. Bianchini
Elaboração
Instituto Amazônia
Texto
M.Sc. Jeferson Luis Vasconcelos de Macêdo
Foto
Alex Pazuello
Revisão Geral
Nívia Rodrigues
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 11
SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-
FLORESTA (ILPF) 13
PASTEJO ROTACIONADO 20
BIBLIOGRAFIA 25
Amigo produtor,
Boa leitura!
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2. SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-
PECUÁRIA-FLORESTA (ILPF)
O sistema iLPF consiste na para a pastagem, que se mantêm
implantação de diferentes sistemas verde por mais tempo na entressafra
produtivos de grãos, fibras, e proporciona condições de bem-
madeira, carne, leite e agroenergia, estar animal.
implantados na mesma área, em
consórcio, em rotação ou em O plantio de lavouras é uma
sucessão, envolvendo o plantio de alternativa que se utiliza para, com
grãos, de pastagens e de espécies a receita produzida pelas culturas
arbóreas associadas. anuais, amortizar, pelo menos em
parte, os gastos com a recuperação
A iLPF possibilita a recuperação da capacidade produtiva de um pasto
de áreas degradadas por meio degradado.
da intensificação do uso da
terra, potencializando os efeitos O sistema de iLPF proporciona a
complementares ou sinérgicos formação de palhada em quantidade
existentes entre as diversas e qualidade, e viabiliza a rotação
espécies vegetais e a criação de de culturas, que são condições
animais, proporcionando, de forma essenciais para o Plantio Direto,
sustentável uma maior produção contribuindo para a redução dos
por área. Esse sistema otimiza o uso custos de produção e dos riscos
do solo, com a produção de grãos climáticos e para a melhoria da
em áreas de pastagens, e melhora qualidade ambiental.
a produtividade das pastagens
em decorrência de sua renovação 2.1 - Objetivos da Integração Lavoura-
pelo aproveitamento da adubação Pecuária-Floresta
residual da lavoura, possibilitando
maior ciclagem de nutrientes e o No passado, a produção de grãos
incremento da matéria orgânica do integrada com a atividade pecuária
solo. nas regiões tropicais limitava-
se a poucas opções. Hoje são
A iLPF é uma alternativa vantajosa inúmeras as ofertas tecnológicas
para o produtor rural uma vez aplicáveis às mais diversas situações
que abre oportunidades para socioeconômicas e ambientais.
a diversificação das atividades
econômicas na propriedade, Os principais objetivos da Integração
especialmente com a inserção do Lavoura-Pecuária-Floresta são:
componente florestal, que gera uma
renda extra ao produtor na forma
de madeira ou energia e, ao mesmo 13
tempo, cria um microclima favorável
2.1.1. Recuperar ou reformar pastagens A iLPF possibilita a produção de
degradadas grãos consorciados com forragem
para silagem, e o aproveitamento
Nesse sistema, as lavouras são desta mesma área para pastejo
utilizadas a fim de que a produção durante a estação seca. A correção da
de grãos pague, pelo menos em acidez do solo proporciona melhor
parte, os custos da recuperação ou da desenvolvimento do sistema radicular
reforma das pastagens. Na pastagem das forrageiras que aprofundam suas
degradada, cultiva-se grãos por um, raízes no solo e absorvem água e
dois ou mais anos, e volta-se com nutrientes a maiores profundidades.
a pastagem, que vai aproveitar os
nutrientes residuais das lavouras na 2.1.4. Reduzir os custos, tanto da atividade
produção de forragem. agrícola quanto da pecuária
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Dependendo da forma de fazer uma desrama (corte dos galhos
implantação e condução do sistema mais baixos) para “levantar a copa” da
é aconselhável realizar coroamento árvore.
e adubação das mudas, bem
como podas, visando à melhoria 2.2.2 Lavouras (espécies agrícolas)
na qualidade dos fustes, quando
a finalidade for produzir madeira, As espécies mais utilizadas para a
ou realizar desbastes (retirada de implantação nos sistemas de iLPF são:
árvores em excesso), para manejar milho, milheto, sorgo, feijão, soja, arroz,
o sombreamento da pastagem e o girassol entre outros.
crescimento das árvores.
Nos Estados da Amazônia, o milho
Caso já existam na pastagem é a cultura anual que mais têm
árvores adultas que apresentem sido utilizada em sistemas de iLPF,
copas muito densas ou baixas, as devido principalmente à sua tradição
18 quais proporcionam sombreamento de cultivo, ao grande número de
excessivo do pasto, recomenda-se cultivares comerciais adaptados
às diferentes regiões brasileiras, utilizam rotações em que o pasto
às suas inúmeras utilidades na permanece por menor tempo (1 a 2
propriedade rural, e à sua excelente anos, por exemplo), ao contrário dos
adaptação quando cultivado em pecuaristas, que preferem utilizar as
consórcio, podendo ser destinado à pastagens por intervalos de tempo
produção de milho-verde, grãos ou maiores. É importante mencionar
silagem. Também é muito utilizado que o incremento em quantidade
na recuperação e renovação de e qualidade da forragem advindo
pastagens, na qual parte dos custos é da iLPF é decorrente da correção e
paga pela venda do milho. disponibilização de nutrientes via
adubação das lavouras. Quando o
2.2.3 Forrageiras (pastagens) intervalo de renovação dos pastos,
ou seja, de se cultivar novamente as
A tolerância de espécies forrageiras lavouras nas áreas de pastagens, for
ao sombreamento é considerada maior que 2 a 3 anos é recomendada
como uma das condições necessárias adubação da forrageira para
para aproveitar as vantagens da evitar uma queda acentuada na
integração de pastagens com as produtividade.
árvores. No entanto, se esse fator
não for tratado adequadamente 2.2.4 Animais
pode causar uma deterioração no
desempenho do sistema, já que o A presença de espécies arbóreas,
desempenho produtivo das forrageiras dispostas de forma adequada,
varia com a adaptação das espécies favorece o bem-estar animal bem
à essa condição. A quantidade de luz como promove melhorias e proteção à
disponível para o crescimento dos produção forrageira.
capins em um sistema de iLPF, pode ser
considerada como um fator chave para Os animais se beneficiam da
a sustentabilidade desse sistema. melhoria na qualidade da forragem
produzida, o que normalmente
Nos sistemas de iLPF, a redução da acontece com a utilização
radiação solar que chega às forrageiras, de leguminosas e da sombra
pode influenciar a produção e a proporcionada pelas árvores, que
qualidade da biomassa, a absorção de reduzem a insolação e a temperatura
água pelas plantas e a distribuição das ambiente, com reflexos positivos na
raízes, que são fatores que também performance produtiva e reprodutiva
estão relacionados com as condições do rebanho. Resultados de pesquisas
do solo. demonstraram que animais quando
protegidos do calor, pastejam por
As decisões sobre quais forrageiras, períodos mais longos e requerem 20%
bem como das espécies arbóreas menos água para beber, apresentando
e dos cultivos agrícolas que serão melhor eficiência de conversão de
empregados no sistema iLPF deverão forragem, maior produção de lã e de
ser decididas pelo produtor, auxiliado leite, puberdade mais precoce, maior
pela assistência técnica, bem como a taxa de concepção, maior regularidade
opção pelos esquemas de rotação e a do período fértil e maior vida 19
forma de operacionalizar o consórcio. reprodutiva.
Normalmente os agricultores
3. pastejo rotacionado
O manejo correto das pastagens é - Permite o uso de maior taxa de
fundamental para qualquer sistema lotação.
de criação de bovinos a pasto.
Em pastagens bem manejadas, as - Aumenta a produção de leite por
forrageiras normalmente apresentam hectare.
crescimento mais vigoroso, protegem
melhor o solo e conseguem competir b) Proporciona períodos regulares
de forma mais vantajosa com de descanso do pasto, favorecendo
as plantas invasoras, resultando a rebrotação das forrageiras sem a
em menor gasto com limpeza e interferência do animal:
manutenção das pastagens. O
manejo correto também contribui – Com isso as plantas forrageiras
para melhorar a nutrição do rebanho têm melhores condições de competir
e, conseqüentemente, aumentar seus com as plantas daninhas.
índices produtivos, reprodutivos e
sanitários. c) Maior longevidade de capins que
formam touceira:
O pastejo rotacionado é um
sistema no qual a pastagem é – Os capins Tanzânia, Mombaça
subdividida em piquetes, que são e Massai não toleram o pastejo
pastejados em seqüência por um continuo.
ou mais lotes de animais. Difere do
pastejo contínuo, em que os animais d) Auxilia no controle de
permanecem na mesma pastagem verminoses e carrapatos no rebanho:
por um longo período de tempo
(meses), e do pastejo alternado, Pesquisas demonstraram que
no qual a pastagem é dividida em o pastejo rotacionado é eficaz na
dois piquetes, que são pastejados descontaminação do pasto por larvas
alternadamente. Com o advento das infectantes (vermes), diminuindo o
cercas eletrificadas, tornou-se mais risco de infecção dos animais.
fácil e barato a implementação do
pastejo rotacionado nas fazendas. e) Torna a ciclagem de nutrientes
mais eficiente, devido à melhor
3.1 - Vantagens do pastejo rotacionado distribuição de fezes e urina na
pastagem.
a) Melhor aproveitamento da
forragem produzida, devido à maior f ) Maior facilidade para manter
uniformidade de pastejo: estável a composição botânica
de pastagens consorciadas ou
- Evita que os animais escolham diversificadas, devido à menor
20 quando, onde e o que pastejar (o seletividade dos animais.
produtor é que determina).
Algumas recomendações gerais para rotacionado, é muito importante
o uso correto do pastejo rotacionado que existam áreas de descanso com
são descritas a seguir: sombra, bebedouro e saleiro, para
proporcionar conforto aos animais.
Quando se utilizam corredores para As áreas de descanso ajudam a
conduzir o gado até o curral ou sala evitar o estresse térmico, que pode
de ordenha, estes devem ser largos provocar queda na produção de leite
(mínimo de 10 m-15 m). e comprometimento da reprodução,
com diminuição da taxa de concepção.
A forma e o tamanho dos piquetes
são fatores importantes para o »» Podem ser planejadas uma ou
manejo das pastagens. Sempre que duas áreas de descanso, conforme a
possível, e respeitando a topografia necessidade. O seu posicionamento
do terreno, devem-se evitar formas deve ser tal que os animais não
muito alongadas. Divisões deste precisem caminhar mais do que 500 m
tipo apresentam maior perímetro, para terem acesso à água, à sombra e
resultando em maior gasto com cercas, ao sal. Se houver necessidade, devem
além de obrigar o gado a andar mais na ser construídos corredores de acesso.
pastagem.
»» Os corredores de acesso à área
É recomendável se planejar os de descanso devem ter uma largura
piquetes de maneira que estes fiquem de 10 m. É comum no momento da
com o formato quadrado ou o mais construção das cercas a tendência
próximo possível desse formato. É de redução desse espaçamento. No
bom que se evite a instalação de entanto, a experiência tem mostrado
piquetes longos e estreitos, além de que corredores mais estreitos, no
piquetes com cantos estreitos, pois período chuvoso, acumulam muito
estas situações levam os animais a barro, dificultando a locomoção
desenvolverem um comportamento dos animais, gerando problemas de
de pastejo indesejável que não irá casco e contaminação das tetas das
promover o corte da pastagem por vacas, o que pode ocasionar queda
igual. na qualidade do leite e até problemas
de mastite. A área a ser ocupada
O período de descanso (PD) deve ser com corredores vai depender da
estabelecido em função da gramínea configuração do terreno.
forrageira predominante na pastagem:
»» O formato dos piquetes,
»» Brizantão, Xaraés, Tanzânia, localização da área de descanso
Mombaça e Massai – de 28 a 35 dias; e disposição dos corredores irão
depender do formato do perímetro da
»» Brachiaria decumbens – de 24 a 30 área a ser rotacionada.
dias.
»» Exemplos de formatos de áreas
»» Brachiaria humidicola e estrela- planejadas para sistema de pastejo
africana – de 21 a 28 dias. rotacionado:
21
»» Nos sistemas de pastejo
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O período de pastejo (PP) deve ter elevados tem a vantagem de não
duração de três dias a uma semana, necessitar de manutenção constante.
pois períodos mais curtos implicam Já no caso da cerca elétrica, o custo
em aumento desnecessário no número de implantação é baixo, porém há
de piquetes e, mais longo, em menor necessidade de limpeza periódica para
controle da utilização do pasto. se evitar que partes das plantas entrem
em contato com a cerca e provoquem
O número de piquetes (NP) do perdas de corrente. Em propriedades
módulo é determinado de acordo com onde não há energia elétrica, o uso de
o período de descanso e período de placas de energia solar tem sido feito
pastejo, sendo calculado com base na com sucesso.
fórmula:
É importante monitorar a altura do
»» NP= (PD/PO)+1 pasto na entrada e saída dos animais
nos piquetes. Para cada espécie
»» Onde: forrageira, existe uma altura mínima
que deve ser mantida para conciliar
»» NP = Número de piquetes alta produção e qualidade de forragem
com a persistência da forrageira. Se
»» PD = Período de Descanso a altura do pasto estiver inferior à
recomendada (Tabela 1), deve-se
»» PO = Período de Ocupação reduzir a carga animal.
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BIBLIOGRAFIA
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