Você está na página 1de 26

Omar José Abdel Aziz

Governador

José Melo de Oliveira


Vice-Governador

Nádia Cristina d’Avila Ferreira


Secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Alexsandra de Souza Santiago Bianchini


Secretária Executiva Adjunta de Gestão Ambiental – SEAGA

Antonio Ademir Stroski


Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas - IPAAM

Valdelino Cavalcante
Agência de Desenvolvimento Sustentável - ADS

Edimar Vizolli
Diretor-Presidente do Instituto Agropecuário e Florestal Sustentável do
Amazonas - IDAM

Wagner Ferreira Santana


Instituto de Terra do Amazonas - ITEAM
Coordenação Geral
Nádia Cristina d’ Avila Ferreira

Coordenação Técnica
Alexsandra de S. S. Bianchini

Equipe de Gestão Operacional do Projeto


Eduardo White Pontes da Costa
Ney Ribeiro Filho
Gil Wemeson Moraes de Lima

Elaboração
Instituto Amazônia

Texto
M.Sc. Jeferson Luis Vasconcelos de Macêdo

Projeto Gráfico e Ilustração


Novo Visual - Designer

Foto
Alex Pazuello

Revisão Geral
Nívia Rodrigues
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 11
SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-
FLORESTA (ILPF) 13
PASTEJO ROTACIONADO 20
BIBLIOGRAFIA 25
Amigo produtor,

Nosso compromisso é com o desenvolvimento sustentável de nosso


Estado, de forma, a incrementar a economia, em consonância com a
conservação da biodiversidade e inclusão das pessoas. Não é possível
construir um planeta ecologicamente sustentável sem a participação dos
homens e das mulheres que escolheram essa região para vivier. Nessa
forma, nos preocupamos em criar oportunidades de trabalho e renda a
você e sua família que vive no interior, com uma política voltada para o
desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Pensando nisso, o Governo do Amazonas incentiva você produtor rural,
com ações estratégicas, por meio de orientações técnicas, como às melhores
práticas agrícolas para toda sua família que auxiliam no fortalecimento de
atividade .produtiva de sua propriedade e melhores condições de vida.
Nossa luta e compromisso é por você e, para que nossa agricultura
familiar.

Omar José Abdel Aziz


Governador do Amazonas
Caros amigos (as)

É com satisfação que apresentamos a “Cartilha Sistemas Pecuários


Sustentáveis - Integração Lavoura x Pecuária x Floresta e Pastejo
Rotacionado, para a Agricultura Familiar no Amazonas”, um instrumento
orientador para práticas de conservação ambiental acessíveis ao produtor
rural, que apresenta técnicas de produção e o uso correto dos recursos
naturais existentes, para juntos, construirmos uma produção familiar em
bases sustentáveis.

O conteúdo desta cartilha é um dos instrumentos para a execução


do Projeto de Reflorestamento em Áreas Sob Intensa Pressão do
Desmatamento no Sul do Estado do Amazonas, frunto de parceira entre
o Governo do Amazonas, por meio da SDS, com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma aposta do Governo
do Estado para demonstrar, por meio das Unidades Demonstrativas
de Sistemas Agroflorestais (SAFs), Pastejo Rotacionado, Integração-
Lavoura-Pecuária e Floresta, Programa de Capacitação implantado, com
os beneficiários do Programa, oportunidades de geração de renda e do
melhor uso do solo.

Vamos trabalhar juntos por um Amazonas mais produtivo e


sustentável.

Boa leitura!

Nádia Cristina d’ Avila Ferreira Antonio Ademir Stroski


Secretária de Estado do Meio Ambiente Diretor-Presidente do IPAAM
e Desenvolvimento Sustentável

Edimar Vizolli Valdelino Cavalcante


Diretor Presidente do IDAM Presidente da ADS
1. apresentação
Um dos principais problemas da recuperação e renovação de áreas
pecuária na Amazônia é a baixa de pastagens degradadas e como
capacidade de manutenção da alternativas para maior produção
produtividade ao longo dos anos. de forragem e melhoria dos índices
Com a degradação das áreas onde zootécnicos da pecuária na região,
foram plantadas culturas anuais além da diversificação da produção
e posteriormente pastagens, a na propriedade, proporcionando
tendência do produtor é abandoná- melhores chances na comercialização
las e derrubar outras áreas de floresta e a permanência do homem no
primária para implantar novas campo.
culturas e pastagens.
O objetivo desta cartilha é
O desenvolvimento de alternativas apresentar aos interessados no tema
para o restabelecimento da os conceitos básicos, os princípios
capacidade produtiva das pastagens, gerais e os principais benefícios
bem como o uso de sistemas gerados pela adoção dos sistemas de
produtivos mais sustentáveis torna- integração Lavoura-Pecuária-Floresta
se fundamental para intensificação (iLPF) e do Pastejo Rotacionado
da atividade pecuária na Amazônia. em propriedades que se dedicam a
O sistema de integração Lavoura- atividade pecuária e as vantagens
Pecuária-Floresta, juntamente com que estes sistemas apresentam do
o Sistema de Pastejo Rotacionado, ponto de vista social, econômico e
despontam como opções viáveis para ambiental.

11
12
2. SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-
PECUÁRIA-FLORESTA (ILPF)
O sistema iLPF consiste na para a pastagem, que se mantêm
implantação de diferentes sistemas verde por mais tempo na entressafra
produtivos de grãos, fibras, e proporciona condições de bem-
madeira, carne, leite e agroenergia, estar animal.
implantados na mesma área, em
consórcio, em rotação ou em O plantio de lavouras é uma
sucessão, envolvendo o plantio de alternativa que se utiliza para, com
grãos, de pastagens e de espécies a receita produzida pelas culturas
arbóreas associadas. anuais, amortizar, pelo menos em
parte, os gastos com a recuperação
A iLPF possibilita a recuperação da capacidade produtiva de um pasto
de áreas degradadas por meio degradado.
da intensificação do uso da
terra, potencializando os efeitos O sistema de iLPF proporciona a
complementares ou sinérgicos formação de palhada em quantidade
existentes entre as diversas e qualidade, e viabiliza a rotação
espécies vegetais e a criação de de culturas, que são condições
animais, proporcionando, de forma essenciais para o Plantio Direto,
sustentável uma maior produção contribuindo para a redução dos
por área. Esse sistema otimiza o uso custos de produção e dos riscos
do solo, com a produção de grãos climáticos e para a melhoria da
em áreas de pastagens, e melhora qualidade ambiental.
a produtividade das pastagens
em decorrência de sua renovação 2.1 - Objetivos da Integração Lavoura-
pelo aproveitamento da adubação Pecuária-Floresta
residual da lavoura, possibilitando
maior ciclagem de nutrientes e o No passado, a produção de grãos
incremento da matéria orgânica do integrada com a atividade pecuária
solo. nas regiões tropicais limitava-
se a poucas opções. Hoje são
A iLPF é uma alternativa vantajosa inúmeras as ofertas tecnológicas
para o produtor rural uma vez aplicáveis às mais diversas situações
que abre oportunidades para socioeconômicas e ambientais.
a diversificação das atividades
econômicas na propriedade, Os principais objetivos da Integração
especialmente com a inserção do Lavoura-Pecuária-Floresta são:
componente florestal, que gera uma
renda extra ao produtor na forma
de madeira ou energia e, ao mesmo 13
tempo, cria um microclima favorável
2.1.1. Recuperar ou reformar pastagens A iLPF possibilita a produção de
degradadas grãos consorciados com forragem
para silagem, e o aproveitamento
Nesse sistema, as lavouras são desta mesma área para pastejo
utilizadas a fim de que a produção durante a estação seca. A correção da
de grãos pague, pelo menos em acidez do solo proporciona melhor
parte, os custos da recuperação ou da desenvolvimento do sistema radicular
reforma das pastagens. Na pastagem das forrageiras que aprofundam suas
degradada, cultiva-se grãos por um, raízes no solo e absorvem água e
dois ou mais anos, e volta-se com nutrientes a maiores profundidades.
a pastagem, que vai aproveitar os
nutrientes residuais das lavouras na 2.1.4. Reduzir os custos, tanto da atividade
produção de forragem. agrícola quanto da pecuária

Para evitar outro ciclo de A iLPF possibilita ganhos de


degradação, é necessário, entretanto, produtividade, tanto das lavouras
elaborar um cronograma de adubaçao quanto das pastagens, pela menor
de manutenção da pastagem recém- demanda por agrotóxicos devido
implantada. Após um período de 3 a 5 à redução de pragas, doenças e
anos, sem a adubaçao de manutenção, plantas daninhas, pelo melhor
a pastagem sofre novo ciclo de aproveitamento da mão-de-obra, de
degradação devido ao esgotamento máquinas e equipamentos em função
dos nutrientes que entraram no da diversificação das atividades na
sistema via adubaçao das lavouras. propriedade, o que resulta na redução
Para tanto, é necessário cultivar dos custos de produção.
lavouras novamente na área para a
reposição de nutrientes. 2.1.5 Diversificar e estabilizar a renda do
produtor
2.1.2. Melhorar as condições físicas e biológicas
do solo com pastagem em área de lavoura Os sistemas de iLPF demandam
rotação de culturas e diversificação de
As pastagens deixam quantidades atividades que resultam em aumento
significativas de palha na superfície de produtividade e conferem maior
e de raízes no perfil do solo. Isso estabilidade de renda e de fluxo de
resulta no aumento do teor de caixa na propriedade, uma vez que
matéria orgânica, que é fundamental diminuem a sazonalidade e os riscos
para a melhoria de sua estrutura inerentes ao cultivo de uma única
física. A palha também é fonte de cultura.
carbono para os organismos do solo.
Esse ambiente criado no perfil do 2.2 – Os Componentes do Sistema de iLPF
solo pela iLPF é fundamental para
garantir maior sustentabilidade e 2.2.1 Espécies arbóreas
maior produtividade do sistema
agropecuário. Dentre as características
fundamentais do componente arbóreo
14 2.1.3. Produzir pasto, forragem e grãos para para o uso em sistemas integrados,
alimentação animal na estação seca devem-se considerar as possibilidades
de cumprir múltiplas funções dentro depositada sobre o solo, aumentando
do sistema. As espécies florestais sua fertilidade. Além disso, algumas
mais utilizadas para a implantação árvores pertencem à família das
de um sistema iLPF são geralmente leguminosas e são capazes de fixar
espécies de valor comercial, como o nitrogênio do ar no solo. Com isso,
aquelas destinadas à extração de essas leguminosas arbóreas adubam
óleo, produção de frutos, madeira a pastagem com nitrogênio, que é
para os diversos fins e essências. o nutriente mais importante para o
Espécies como o mogno, castanha crescimento dos capins.
do Brasil, andiroba, cedro, paricá,
seringueira, acácias, leucaena, As árvores contribuem para a
gliricidia, entre outras, são utilizadas melhoria do valor nutritivo do
e tem a função não só de sombrear, pasto. Pesquisas demonstraram
mas de reaproveitar a madeira e as que o pasto crescendo debaixo da
folhas, além de que podem ser usadas copa de árvores, principalmente de
como quebra vento. Além disso, leguminosas arbóreas, normalmente
dependendo da espécie, podem apresenta uma coloração verde
constituir fonte de alimento, de alto mais escura, decorrente de maiores
valor nutricional para o gado em áreas teores de proteína bruta, do que
de pastagens. aquele da área não sombreada da
pastagem. Em parte, isso é o reflexo
Além do aumento da renda do do enriquecimento do solo com
agricultor, proveniente dos diversos nitrogênio proporcionado por essas
produtos do componente arbóreo, o árvores.
reaproveitamento da sombra para o
conforto animal destaca-se como uma Vale ressaltar que algumas espécies
das principais vantagens do sistema arbóreas podem apresentar problemas
iLPF. Em pastagens com poucas no sistema de iLPF. As meliáceas,
árvores, é comum observar grandes família do cedro, mogno e andiroba,
aglomerações de animais sob a copa eventualmente são atacados por
das árvores nas horas mais quentes pragas que provocam a bifurcação
do dia. Mesmo o gado nelore, bem e prejudicam a formação do fuste.
adaptado ao clima tropical, procura a A mangueira pode causar sombra
sombra das árvores para fugir do calor excessiva, não permitindo a formação
excessivo. Quanto ao gado leiteiro do pasto sob a copa. Outras ainda
criado a pasto, constatou-se que a falta podem apresentar crescimento lento,
de sombra pode reduzir entre 10% a dependendo das condições do solo
20% a produção de leite das vacas. ou da própria genética da espécie.
Portanto, é importante se verificar e se
Além do fator sombra para os identificar as espécies mais adequadas
animais, as árvores proporcionam e que promovam os melhores
a nutrição do solo; com suas raízes benefícios para o sistema.
profundas, conseguem capturar água
e nutrientes em camadas inferiores As espécies arbóreas a serem
do solo onde o capim não alcança. utilizadas em pastagens com animais
Com a queda de suas folhas, galhos devem possuir características 15
e frutos, parte desses nutrientes é específicas, como: não serem tóxicas
ao animal, não apresentarem efeito capacidade de rebrota e de fixação de
alelopático sobre as forrageiras, nitrogênio.
se adequarem às condições
edafoclimáticas regionais, possuirem A implantação das árvores na
crescimento rápido, copa que favoreça pastagem pode ser feita por meio
a passagem de luz para o crescimento do plantio de sementes, mudas ou
das plantas forrageiras tropicais, estacas, dependendo do modo de
resistirem aos ventos, possuirem reprodução e crescimento da espécie
diversidade de usos ou produtos, não e do método de formação do sistema.
produzirem espinhos, serem incapaz Na distribuição espacial das árvores,
de se tornarem invasora e não atrair sugerem-se alguns métodos, tais
ou abrigar pragas das forrageiras. como o plantio em linhas simples ou
Outras características desejáveis são: duplas, em bosquetes, plantio disperso
a capacidade de oferta de alimento na pastagem, plantio na cerca e/ou
para os animais (folhas e frutos) e condução da regeneração natural.

16
17
Dependendo da forma de fazer uma desrama (corte dos galhos
implantação e condução do sistema mais baixos) para “levantar a copa” da
é aconselhável realizar coroamento árvore.
e adubação das mudas, bem
como podas, visando à melhoria 2.2.2 Lavouras (espécies agrícolas)
na qualidade dos fustes, quando
a finalidade for produzir madeira, As espécies mais utilizadas para a
ou realizar desbastes (retirada de implantação nos sistemas de iLPF são:
árvores em excesso), para manejar milho, milheto, sorgo, feijão, soja, arroz,
o sombreamento da pastagem e o girassol entre outros.
crescimento das árvores.
Nos Estados da Amazônia, o milho
Caso já existam na pastagem é a cultura anual que mais têm
árvores adultas que apresentem sido utilizada em sistemas de iLPF,
copas muito densas ou baixas, as devido principalmente à sua tradição
18 quais proporcionam sombreamento de cultivo, ao grande número de
excessivo do pasto, recomenda-se cultivares comerciais adaptados
às diferentes regiões brasileiras, utilizam rotações em que o pasto
às suas inúmeras utilidades na permanece por menor tempo (1 a 2
propriedade rural, e à sua excelente anos, por exemplo), ao contrário dos
adaptação quando cultivado em pecuaristas, que preferem utilizar as
consórcio, podendo ser destinado à pastagens por intervalos de tempo
produção de milho-verde, grãos ou maiores. É importante mencionar
silagem. Também é muito utilizado que o incremento em quantidade
na recuperação e renovação de e qualidade da forragem advindo
pastagens, na qual parte dos custos é da iLPF é decorrente da correção e
paga pela venda do milho. disponibilização de nutrientes via
adubação das lavouras. Quando o
2.2.3 Forrageiras (pastagens) intervalo de renovação dos pastos,
ou seja, de se cultivar novamente as
A tolerância de espécies forrageiras lavouras nas áreas de pastagens, for
ao sombreamento é considerada maior que 2 a 3 anos é recomendada
como uma das condições necessárias adubação da forrageira para
para aproveitar as vantagens da evitar uma queda acentuada na
integração de pastagens com as produtividade.
árvores. No entanto, se esse fator
não for tratado adequadamente 2.2.4 Animais
pode causar uma deterioração no
desempenho do sistema, já que o A presença de espécies arbóreas,
desempenho produtivo das forrageiras dispostas de forma adequada,
varia com a adaptação das espécies favorece o bem-estar animal bem
à essa condição. A quantidade de luz como promove melhorias e proteção à
disponível para o crescimento dos produção forrageira.
capins em um sistema de iLPF, pode ser
considerada como um fator chave para Os animais se beneficiam da
a sustentabilidade desse sistema. melhoria na qualidade da forragem
produzida, o que normalmente
Nos sistemas de iLPF, a redução da acontece com a utilização
radiação solar que chega às forrageiras, de leguminosas e da sombra
pode influenciar a produção e a proporcionada pelas árvores, que
qualidade da biomassa, a absorção de reduzem a insolação e a temperatura
água pelas plantas e a distribuição das ambiente, com reflexos positivos na
raízes, que são fatores que também performance produtiva e reprodutiva
estão relacionados com as condições do rebanho. Resultados de pesquisas
do solo. demonstraram que animais quando
protegidos do calor, pastejam por
As decisões sobre quais forrageiras, períodos mais longos e requerem 20%
bem como das espécies arbóreas menos água para beber, apresentando
e dos cultivos agrícolas que serão melhor eficiência de conversão de
empregados no sistema iLPF deverão forragem, maior produção de lã e de
ser decididas pelo produtor, auxiliado leite, puberdade mais precoce, maior
pela assistência técnica, bem como a taxa de concepção, maior regularidade
opção pelos esquemas de rotação e a do período fértil e maior vida 19
forma de operacionalizar o consórcio. reprodutiva.
Normalmente os agricultores
3. pastejo rotacionado
O manejo correto das pastagens é - Permite o uso de maior taxa de
fundamental para qualquer sistema lotação.
de criação de bovinos a pasto.
Em pastagens bem manejadas, as - Aumenta a produção de leite por
forrageiras normalmente apresentam hectare.
crescimento mais vigoroso, protegem
melhor o solo e conseguem competir b) Proporciona períodos regulares
de forma mais vantajosa com de descanso do pasto, favorecendo
as plantas invasoras, resultando a rebrotação das forrageiras sem a
em menor gasto com limpeza e interferência do animal:
manutenção das pastagens. O
manejo correto também contribui – Com isso as plantas forrageiras
para melhorar a nutrição do rebanho têm melhores condições de competir
e, conseqüentemente, aumentar seus com as plantas daninhas.
índices produtivos, reprodutivos e
sanitários. c) Maior longevidade de capins que
formam touceira:
O pastejo rotacionado é um
sistema no qual a pastagem é – Os capins Tanzânia, Mombaça
subdividida em piquetes, que são e Massai não toleram o pastejo
pastejados em seqüência por um continuo.
ou mais lotes de animais. Difere do
pastejo contínuo, em que os animais d) Auxilia no controle de
permanecem na mesma pastagem verminoses e carrapatos no rebanho:
por um longo período de tempo
(meses), e do pastejo alternado, Pesquisas demonstraram que
no qual a pastagem é dividida em o pastejo rotacionado é eficaz na
dois piquetes, que são pastejados descontaminação do pasto por larvas
alternadamente. Com o advento das infectantes (vermes), diminuindo o
cercas eletrificadas, tornou-se mais risco de infecção dos animais.
fácil e barato a implementação do
pastejo rotacionado nas fazendas. e) Torna a ciclagem de nutrientes
mais eficiente, devido à melhor
3.1 - Vantagens do pastejo rotacionado distribuição de fezes e urina na
pastagem.
a) Melhor aproveitamento da
forragem produzida, devido à maior f ) Maior facilidade para manter
uniformidade de pastejo: estável a composição botânica
de pastagens consorciadas ou
- Evita que os animais escolham diversificadas, devido à menor
20 quando, onde e o que pastejar (o seletividade dos animais.
produtor é que determina).
Algumas recomendações gerais para rotacionado, é muito importante
o uso correto do pastejo rotacionado que existam áreas de descanso com
são descritas a seguir: sombra, bebedouro e saleiro, para
proporcionar conforto aos animais.
Quando se utilizam corredores para As áreas de descanso ajudam a
conduzir o gado até o curral ou sala evitar o estresse térmico, que pode
de ordenha, estes devem ser largos provocar queda na produção de leite
(mínimo de 10 m-15 m). e comprometimento da reprodução,
com diminuição da taxa de concepção.
A forma e o tamanho dos piquetes
são fatores importantes para o »» Podem ser planejadas uma ou
manejo das pastagens. Sempre que duas áreas de descanso, conforme a
possível, e respeitando a topografia necessidade. O seu posicionamento
do terreno, devem-se evitar formas deve ser tal que os animais não
muito alongadas. Divisões deste precisem caminhar mais do que 500 m
tipo apresentam maior perímetro, para terem acesso à água, à sombra e
resultando em maior gasto com cercas, ao sal. Se houver necessidade, devem
além de obrigar o gado a andar mais na ser construídos corredores de acesso.
pastagem.
»» Os corredores de acesso à área
É recomendável se planejar os de descanso devem ter uma largura
piquetes de maneira que estes fiquem de 10 m. É comum no momento da
com o formato quadrado ou o mais construção das cercas a tendência
próximo possível desse formato. É de redução desse espaçamento. No
bom que se evite a instalação de entanto, a experiência tem mostrado
piquetes longos e estreitos, além de que corredores mais estreitos, no
piquetes com cantos estreitos, pois período chuvoso, acumulam muito
estas situações levam os animais a barro, dificultando a locomoção
desenvolverem um comportamento dos animais, gerando problemas de
de pastejo indesejável que não irá casco e contaminação das tetas das
promover o corte da pastagem por vacas, o que pode ocasionar queda
igual. na qualidade do leite e até problemas
de mastite. A área a ser ocupada
O período de descanso (PD) deve ser com corredores vai depender da
estabelecido em função da gramínea configuração do terreno.
forrageira predominante na pastagem:
»» O formato dos piquetes,
»» Brizantão, Xaraés, Tanzânia, localização da área de descanso
Mombaça e Massai – de 28 a 35 dias; e disposição dos corredores irão
depender do formato do perímetro da
»» Brachiaria decumbens – de 24 a 30 área a ser rotacionada.
dias.
»» Exemplos de formatos de áreas
»» Brachiaria humidicola e estrela- planejadas para sistema de pastejo
africana – de 21 a 28 dias. rotacionado:
21
»» Nos sistemas de pastejo
22
O período de pastejo (PP) deve ter elevados tem a vantagem de não
duração de três dias a uma semana, necessitar de manutenção constante.
pois períodos mais curtos implicam Já no caso da cerca elétrica, o custo
em aumento desnecessário no número de implantação é baixo, porém há
de piquetes e, mais longo, em menor necessidade de limpeza periódica para
controle da utilização do pasto. se evitar que partes das plantas entrem
em contato com a cerca e provoquem
O número de piquetes (NP) do perdas de corrente. Em propriedades
módulo é determinado de acordo com onde não há energia elétrica, o uso de
o período de descanso e período de placas de energia solar tem sido feito
pastejo, sendo calculado com base na com sucesso.
fórmula:
É importante monitorar a altura do
»» NP= (PD/PO)+1 pasto na entrada e saída dos animais
nos piquetes. Para cada espécie
»» Onde: forrageira, existe uma altura mínima
que deve ser mantida para conciliar
»» NP = Número de piquetes alta produção e qualidade de forragem
com a persistência da forrageira. Se
»» PD = Período de Descanso a altura do pasto estiver inferior à
recomendada (Tabela 1), deve-se
»» PO = Período de Ocupação reduzir a carga animal.

»» Exemplo: para se manejar uma Tabela 1. Alturas recomendadas para o manejo


pastagem de brizantão com 28 dias das principais gramíneas forrageiras utilizadas
de descanso e pastejo de 7 dias, são em sistema de pastejo rotacionado.
necessários cinco piquetes.

Espécies ou Altura das


cultivares forrageiras (cm)
Vale ressaltar que quanto maior o
número de piquetes, maior o gasto Entrada Saída
com cercas divisórias. No item cercas, Panicum maximum
o produtor deve entender que pelo
caráter intensivo desse sistema de Tobiatã e Mombaça 80 - 90 35 - 45
exploração das pastagens, não se Tanzânia 70 - 80 30 - 40
concebe mais o uso de cercas com
Massai 60 - 65 30 - 35
arame farpado. Além do alto custo,
os estragos que esse tipo de cerca, Brinzantão e Xaraés 40 - 50 20 - 25
causa à pele dos animais, torna o uso
dessa modalidade de cerca inviável. Brachiaria
Atualmente recomenda-se o uso decumbens e 30 - 40 15 - 20
cercas elétricas, arame liso ou tela estrela-roxa
campestre. A escolha entre esses tipos
depende de particularidades de cada Brachiaria
25 - 30 10 - 12
propriedade. A tela campestre embora humidicola
23
apresente custos de implantação mais
Constatou-se que em sistemas muito
intensivos, como o pastejo rotacionado
com baixo período de ocupação, há
um maior ganho por área e um menor
ganho por animal, ao contrário dos
sitemas menos intensivos onde os
animais individualmente têm ganhos
maiores, porém em decorrência de
uma menor taxa de lotação verifica-
se ganhos menores por área. O
recomendável é que para qualquer
sistema a ser adotado o importante é
equilibrar a oferta de forragem com
a quantidade de animais a serem
alimentados.

24
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, C.M.S. Pastejo Rotacionado: Tecnologia para Aumentar a Produtividade
de Leite e a Longevidade das Pastagens. Rio Branco, AC: Embrapa Acre. 2p. 2008.
(Folder, Embrapa Acre).

CARNEVALLI. R.A. Estratégias de manejo rotacionado de pastagens. Juiz de Fora,


MG: Embrapa Gado de Leite. 4p. 2009. (Embrapa Gado de Leite, Comunicado
Técnico, 58).

OLIVEIRA, T.K.; FURTADO, S.C.; SOARES DE ANDRADE, C.M.; FRANKE, I.L. Sugestões
para Implantação de Sistemas Silvipastoris. Rio Branco, AC: Embrapa Acre. 28p.
2003. (Embrapa Acre, Documentos, 84).

OLIVEIRA, P.P.A. Dimensionamento de piquetes para bovinos leiteiros em sistemas


de pastejo rotacionado. São Carlos, SP: Embrapa Pecuária Sudeste. 8p. 2006.
(Embrapa Pecuária Sudeste, Comunicado Técnico, 65).

OLIVEIRA, T.K. Arborização de pastagens: Tecnologia para Assegurar o Bem-estar


Animal e a Sustentabilidade das Pastagens. Rio Branco, AC: Embrapa Acre. 2p. 2008.
(Folder, Embrapa Acre).

OLIVEIRA, F.L.R.; LAZO, J.A.; TUFFI SANTOS, L.D.; MACHADO, V.D.; SANTOS, M.V.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: Conceitos, Componentes e Possibilidades.
In: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: Alternativa para a produção sustentável
nos trópicos. Leonardo David Tuffi Santos; Nilza de Lima Pereira Sales; Eduardo
Robson Duarte; Fabiana Lopes Ramos de Oliveira; Leandro Ramalho Mendes
(Orgs.). Montes Claros, MG: Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal
de Minas Gerais. p 9-25. 2010.

RODRIGUES, R.A.R. Conceituação e Modalidades de Sistemas Intensivos de Pastejo


Rotacionado. In: Simpósio Sobre Manejo de Pastagem, 14. 1997, Piracicaba. Anais...
Piracicaba: FEALQ. p. 1-24.

TRECENTI, R.; CARVALHO DE OLIVEIRA, M.; HAAS, G. Integração Lavoura-Pecuária-


Silvicultura: Boletim Técnico. Brasília, DF: MAPA/SDC. 2008. 54p.

25

Você também pode gostar