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Histórico
Embora os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta sejam considerados sistemas
inovadores, na Europa desde a idade média são conhecidas várias formas de plantios
associados entre culturas anuais e culturas perenes ou entre culturas frutíferas e árvores
madeireiras. Sistemas integrando árvores frutíferas com a produção pecuária datam do
século XVI, e aparentemente uma das causas do seu quase desaparecimento foi a
mecanização e a intensificação dos sistemas agrícolas, além da dificuldade da colheita
manual das frutas e questões administrativas.
O sistema de associar as culturas foi copiado da natureza pelos indígenas e,
posteriormente, transferido aos colonizadores. Nos trópicos, o exemplo mais marcante
vem dos pequenos agricultores, ao praticarem variados sistemas de consórcios de
culturas.
Historicamente, os imigrantes europeus trouxeram para o Brasil a cultura da associação
entre agricultura, pecuária e florestas, que, desde o início, foi adaptada às condições
tropicais e subtropicais. No Rio Grande do Sul, por exemplo, foi praticada a integração
da cultura do arroz inundado com pastagens. Porém, ao longo dos anos, a adoção de
sistemas de integração no Brasil tem sido baixa, apesar da evolução científica observada
recentemente.
Alguns esforços para reverter o processo de degradação dos solos foram iniciados no final
da década de 1970, com a adoção de sistemas de terraceamento integrado em microbacias
hidrográficas e o desenvolvimento de tecnologias para compor o sistema plantio direto
(SPD), principalmente no Sul do Brasil. A reversão do quadro de baixa sustentabilidade
pode ser conseguida por meio de tecnologias como o SPD e os sistemas agrossilvipastoris.
A utilização do SPD, em sua plenitude, nas diversas condições edafoclimáticas, é
altamente dependente de rotação de culturas, que é uma das práticas preconizadas para a
produção e a manutenção de palha sobre o solo.
O cenário de degradação dos solos induziu o meio científico a buscar sistemas produtivos
sustentáveis, para harmonizar o aumento de produtividade vegetal e animal, com a
preservação de recursos naturais.
Nas décadas de 1980 e 1990, foram desenvolvidas e aperfeiçoadas tecnologias para
recuperação de pastagens degradadas. Um exemplo é o "Sistema Barreirão",
desenvolvido pela Embrapa, que é composto por um conjunto de tecnologias e práticas
de recuperação de áreas degradadas ou improdutivas, embasadas no consórcio arroz-
pastagem.
No final dos anos 1990, surgiram propostas que envolveram o uso de sistemas de ILP
com rotação lavoura-pastagem. A forragem produzida na entressafra contribuía para a
cobertura do solo e acúmulo de palhada para o cultivo em sucessão de grãos em sistema
de plantio direto. Dentre as plantas de cobertura utilizadas, as braquiárias têm assumido
importância crescente pela facilidade de cultivo e expressiva massa de forragem
produzida. Em razão disso, produtores passaram a utilizar essa forragem na alimentação
animal na entressafra.
Já nos anos 2000, a demanda por madeira e a necessidade de melhorar o conforto térmico
para os animais levou à inserção do componente arbóreo nos sistemas. Outros benefícios,
como a proteção contra vento e geadas e o sequestro de carbono intensificaram o interesse
por esses sistemas.
Benefícios da ILPF
Os sistemas ILPF podem trazer diferentes benefícios, tanto nos âmbitos agronômico,
zootécnico e silvipastoril, quanto nos lados econômico, social e ambiental.
No que diz respeito ao solo, há maior quantidade de matéria orgânica, maior ciclagem de
nutrientes, melhores condições para desenvolvimento de microrganismos, maior
infiltração de água, menor perda de umidade e menor risco de erosão.
A lavoura se beneficia da palhada deixada pelo capim e da descompactação do solo feita
pelas raízes da forrageira. Ao servirem como barreiras de vento, as árvores reduzem a
perda de umidade no solo.
Com raízes mais profundas, a forrageira e as árvores aproveitam insumos utilizados na
lavoura e que lixiviaram para camadas mais profundas, além do nitrogênio deixado por
leguminosas como a soja e feijão. Com maior disponibilidade de nutrientes, o capim
produz mais e com melhor qualidade, beneficiando o desempenho animal.
Em sistemas silvipastoris, as árvores trazem conforto térmico para o gado tanto no calor
quanto no frio, quando evitam geadas e protegem do vento. A diversificação de culturas
muda a dinâmica de pragas e doenças e plantas daninhas, favorecendo o manejo do
sistema.
Do ponto de vista econômico, a diversificação traz mais segurança para o produtor,
mantém o solo em uso durante todo o ano e gera mais empregos no campo.
Se não bastassem todos os benefícios mencionados, os sistemas ILPF são ambientalmente
corretos. Ao possibilitarem maior produção em uma mesmo espaço, eles reduzem a
pressão pela abertura de novas áreas e pelo desmatamento. Além disso, é um sistema
produtivo que ou tem de baixa emissão líquida de gases causadores de efeito estufa, ou
que sequestra carbono, contribuindo para reduzir o aquecimento global.