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BATATA
E MANEJO SUSTENTÁVEL
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS
Organizadora
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS
E MANEJO SUSTENTÁVEL
Projeto gráfico e capa
Gledson Zifssak – Kalima Editores
21-54212 CDD-635.21
Escolha da cultivar
A batata (Solanum tuberosum L.) é originária de altiplanos andinos,
próximos à linha do Equador, e da região sul do Chile. Hoje a batata
é cultivada desde regiões com latitudes de 65º N até 50º S e do nível
do mar até 4.000 m de altitude (BRADSHAW et al., 2006), desenvol-
vendo-se com sucesso tanto nas condições de dias longos da primave-
ra-verão de regiões temperadas, como em condições de dias curtos do
outono-inverno de regiões tropicais. As principais cultivares utiliza-
das atualmente no Brasil foram melhoradas na Europa e na América
do Norte, adaptadas a dias longos. Porém, cada cultivar tem adaptação
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Cultivar, batata-semente e implantação da cultura
Rogério P. Soratto • Fabiana M. Fernandes • Adalton Mazetti Fernandes
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2. Batata-semente
A batata é propagada vegetativamente por meio de tubérculos, popu-
larmente chamados de “batata-semente”, e o sucesso da cultura está dire-
tamente relacionado com a sanidade e vigor da mesma. O plantio de bata-
ta-semente de má qualidade pode comprometer a safra, ainda que todas as
outras condições sejam favoráveis ao cultivo (HIRANO; SILVA, 2016).
A aquisição de batata-semente é um dos principais custos de produção na
bataticultura, sendo assim, a utilização de batata-semente com boa sani-
dade, estádio fisiológico e brotação adequada é extremamente importante.
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Implantação da cultura
No Brasil, há cultivo de batata em todas as épocas do ano, porém em
regiões distintas. O conhecimento da época ideal de plantio da cultivar é
um fator crucial, pois as condições de temperatura, pluviosidade e foto-
período influenciam fortemente o desempenho da cultura e a escolha da
cultivar. O plantio em regiões e épocas com altas temperaturas e elevada
precipitação pluvial favorecem o crescimento da parte área da cultura e
reduz a produtividade de tubérculos. Áreas e/ou épocas sujeitas à geadas
também não são recomendadas. Regiões com invernos amenos e secos são
favoráveis ao cultivo da batata, desde que se utilize irrigação.
O sistema radicular da batateira é relativamente raso e delicado, com
maior concentração na camada de 0-30 cm do solo (Figura 5). Além disso,
os tubérculos, que são o produto de interesse comercial da cultura, se de-
senvolvem dentro do solo. Tais fatos fazem com que a escolha do terreno,
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Figura 7. Detalhe da operação de amontoa (esquerda) e campo com fileiras sem amontoa
e fileiras com a amontoa já realizada (direita).
Fotos: Rogério P. Soratto.
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CORREÇÃO DO SOLO E MANEJO DE
NUTRIENTES
Rogério Peres Soratto
Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP
rogerio.soratto@unesp.br
1. Introdução
A correção da fertilidade do solo e o manejo adequado de nutrientes são
fatores essenciais para manter a cultura da batata bem nutrida e, conse-
quentemente, alcançar elevada produtividade e qualidade dos tubérculos
colhidos. A cultura da batata apresenta alta taxa de crescimento, elevada
produção por unidade de área e ciclo relativamente curto, tornando-a exi-
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2. Exigências nutricionais
Dependendo do nível de produtividade, as quantidades de nutrientes
extraídas e exportadas pela cultura da batata podem variar, embora não
haja, necessariamente, uma relação direta entre esses fatores, pois podem
existir diferenças na eficiência de utilização dos nutrientes, bem como, in-
fluência da cultivar, solo, clima, espaçamento, sanidade, etc. (FERNAN-
DES et al., 2011; SORATTO; FERNANDES, 2016: FERNANDES et
al., 2017). De maneira geral, a ordem de demanda de nutrientes pela ba-
tateira, em quantidade extraída, é: K>N>Ca>P>Mg>S>Fe>Mn>Zn>-
Cu>B (Tabela 1).
Cerca de 78% do P, 68% do K, 64% do N, 65% do S, 33% do Mg e ape-
nas 9% do Ca absorvidos pela batateira são exportados pelos tubérculos.
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Tabela 1. Extração de nutrientes por área e por tonelada de tubérculos produzidos (valores entre parênteses) das principais
cultivares de batata plantas no Brasil, em diferentes experimentos.
Cultivares Produtividade N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
___________________ _______________
t ha-1 kg ha-1 (kg t-1 de tubérculos ) ___________________ g ha-1 (g t-1 de tubérculos ) _______________
Atlantic – águas(1) 36,5 140(3,8) 18(0,5) 134(3,7) 22(0,6) 14(0,4) 11(0,3) 107(2,9) 44(1,2) 1229(33,7) 250(6,8) 157(4,3)
Atlantic – seca(1) 24,0 119(5,0) 15(0,6) 139(5,8) 15(0,6) 7(0,3) 7(0,3) 84(3,5) 39(1,6) 790(32,9) 130(5,4) 125(5,2)
(2,3)
Atlantic – inverno 22,5 88(3,9) 14(0,6) 184(8,2) 33(1,5) 9(0,4) 8(0,4) 50(2,2) 81(3,6) 1960(86,9) 544(24,1) 270(12,0)
(4)
Atlantic – inverno 27,9 107(2,7) 12(0,3) 172(4,4) 22(0,6) 13(0,3) 8(0,2) 108(2,8) 127(3,2) 2268(58,0) 160(4,1) 184(4,7)
Agata – inverno (2,3) 37,2 90(2,4) 14(0,4) 166(4,5) 34(0,9) 8(0,2) 7(0,2) 52(1,4) 89(2,4) 1531(41,1) 408(10,9) 295(7,9)
Agata – inverno(4) 38,9 111(2,8) 14(0,4) 226(5,8) 25(0,6) 12(0,3) 8(0,2) 95(2,4) 77(2,0) 2723(70,0) 178(4,6) 118(3,6)
Asterix – inverno(2,3) 40,0 117(2,9) 18(0,4) 230(5,7) 50(1,2) 12(0,3) 8(0,2) 68(1,7) 156(3,9) 1893(47,1) 603(15,1) 375(9,4)
Asterix – inverno(4) 39,1 129(3,3) 14(0,4) 218(5,6) 26(0,7) 15(0,4) 8(0,2) 132(3,4) 137(3,5) 2179(55,7) 207(5,3) 216(5,5)
Markies – inverno(2,3) 28,6 98(3,4) 14(0,5) 185(6,5) 38(1,3) 10(0,3) 7(0,2) 47(1,6) 91(3,2) 1476(51,6) 513(17,9) 300(10,5)
Markies – inverno(4) 30,9 118(3,0) 14(0,4) 240(6,1) 27(0,4) 14(0,4) 8(0,2) 93(2,4) 59(1,5) 2872(73,5) 215(5,5) 147(3,8)
Média geral 32,6 112(3,3) 15(0,5) 189(5,6) 29(0,8) 11(0,3) 8(0,2) 84(2,4) 90(2,6) 1892(55,1) 321(10,0) 219(6,7)
Fonte: (1)Yorinori (2003); (2)Fernandes et al. (2011); (3)Soratto et al. (2011); (4)Extraído do tratamento que proporcionou a maior produtividade, considerando
os dados brutos de Fernandes et al. (2017).
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5. Adubação nitrogenada
A deficiência de N causa clorose, principalmente das folhas mais ve-
lhas, plantas pouco vigorosas, com crescimento lento, hastes finas, inter-
nódios curtos e folhas eretas, além de produzirem tubérculos pequenos
e em menor quantidade (Figura 1). Quando a deficiência de N é severa,
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Figura 1: Plantas de batata com deficiência de N (centro), contrastando com plantas sem
deficiência (frente e fundo), em solo arenoso.
Foto: Rogério P. Soratto.
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6. Adubação fosfatada
Plantas de batata deficientes em P têm crescimento reduzido e folíolos
miúdos e sem brilho (Figura 2). As folhas inferiores podem apresentar cor
púrpura na parte abaxial; as raízes e os estolões tornam-se reduzidos em
número e em comprimento. O P tem importante efeito no crescimento
e desenvolvimento radicular (MESQUITA et al., 2011; FERNANDES;
SORATTO, 2012). Como o P é importante para os processos de divisão
celular, metabolismo de carboidratos, síntese e alocação do amido para os
tubérculos, sob sua deficiência a produção de tubérculos é muito reduzida
(FERNANDES; SORATTO, 2016a; 2016b), além disso, os tubérculos
podem ainda apresentarem lesões internas. Dificilmente é constatado sin-
tomas de excesso de P em plantas de batata. Apesar do P ser extraído em
quantidades relativamente pequenas pela cultura da batata (Tabela 1), a
disponibilidade de P no solo interfere fortemente na resposta da batatei-
ra à adubação fosfatada (Figura 3), pois, a cultura tem sido considerada
como pouco eficiente em absorver P de solos com baixos teores de P dis-
ponível. Esse fato contribui para que grandes quantidades de P solúvel
sejam aplicadas no sulco de plantio, a fim de garantir altas concentrações
de fosfato na solução do solo.
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7. Adubação potássica
A cultura da batata extrai o K em maiores quantidades que qualquer
outro nutriente, e esta extração pode variar muito em função da cultivar e
da condição de cultivo (Tabela 1), sendo sua exportação pelos tubérculos,
em média 1,8 vezes maior que a de N e 10 vezes superior à de P (FER-
NANDES et al., 2011; SORATTO et al., 2017).
Plantas deficientes em K possuem porte reduzido, ocasionado pela dimi-
nuição no tamanho das folhas, os caules ficam mais finos e curtos e a folha-
gem apresenta aparência murcha pelo fato das folhas se arquearem para baixo
(MESQUITA et al., 2011; FERNANDES; SORATTO, 2012). Como o K é
importante na translocação de açúcares e síntese de amido, torna-se requerido
quando se objetiva a obtenção de produções mais elevadas de tubérculos, e,
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como estes são ricos em amido, ocorre desta forma, elevada demanda de K,
podendo haver morte precoce das plantas sob condições de deficiência severa
(Figura 4). Contudo, nem sempre há resposta positiva à adubação com K,
provavelmente, devido aos elevados níveis deste elemento em determinados
solos. Além disso, a aplicação de elevadas doses de K no sulco de plantio,
como quando se utiliza doses elevadas de fertilizantes concentrados de K,
pode reduzir a população de plantas e a produção de tubérculos, devido ao
aumento significativo da condutividade elétrica e ao desequilíbrio da relação
K/Ca+Mg no solo (SORATTO et al., 2017). Doses excessivas de K também
podem causar redução na percentagem de matéria seca e no peso específico
dos tubérculos (SILVA; FONTES, 2016), o que é devido, em parte, ao au-
mento do conteúdo de água (WESTERMANN et al., 1994), pois, com o au-
mento na absorção e acúmulo de K na planta, o potencial osmótico e hídrico
da planta tornam-se mais negativos, o que gera aumento na absorção de água
e causa diluição da matéria seca nos tubérculos.
Figura 4. Parcela com plantas de batata que senesceram precocemente devido a defi-
ciência de K, pois foram cultivadas sem adubação potássica em solo com baixo teor de K
trocável (0,7 mmolc dm-3).
Foto: André L.G. Job.
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9. Adubação orgânica
A adição de compostos orgânicos ou o plantio de espécies de plantas
em pré-cultivo de batata, sejam elas comerciais ou apenas como adubo
verde, é recomendado, podendo diminuir a quantidade de adubo mineral
a ser aplicado. Assim, sempre que disponível o uso de adubação orgânica
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Referências bibliográficas
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ECOFISIOLOGIA DA BATATA
Paulo Roberto de Camargo e Castro
Universidade de São Paulo, ESALQ – Piracicaba
prcastro@usp.br
Desenvolvimento inicial
Segundo Li (1985), após a colheita, o comprimento do período de dor-
mência, ou seja, da colheita até a retomada do crescimento, varia de 1 a
15 semanas, em função das variedades, mas é pouco influenciada pelas
condições ambientais durante o seu crescimento ou armazenamento dos
tubérculos.
Após a quebra de dormência, as gemas começam a crescer a uma taxa
determinada largamente pela temperatura. A gema apical é a primeira a
iniciar o crescimento e as outras seguem na sucessão basípeta. À medida
que o crescimento progride, a dominância apical é estabelecida na popu-
lação de brotações, com as maiores inibindo as menores.
O crescimento das brotações produz um estímulo que leva à hidrólise
do amido e das proteínas no tubérculo. O estímulo, de natureza hormo-
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Desenvolvimento do Caule
A planta de batata possui três tipos de tubérculos: o caule aéreo; os es-
tolões, que são ramificações subterrâneas do caule aéreo; e os tubérculos,
que se originam nas extremidades dos estolões.
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Ecofisiologia da batata
Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
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Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
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Fatores ambientais
No sentido de minimizar os riscos que a bataticultura oferece e obter alta
produtividade e um produto final de boa qualidade, o produtor deve estar
ciente da importância de alguns fatores que exercem grande influência em
todas as fases de desenvolvimento da cultura, tais como: exigências climáti-
cas, fisiologia da planta, solo, nutrição, ocorrência de pragas e doenças.
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Ecofisiologia da batata
Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
Por ser uma cultura que exige dos produtores muita dedicação, em vis-
ta da complexidade de cultivo, o ideal é que o produtor disponha sempre
da assistência técnica de um engenheiro agrônomo durante todas as etapas
de desenvolvimento da lavoura.
Temperatura
É importante observar que a batata apresenta todo o seu potencial de
produção quando a média de temperatura diurna é de 20-25°C e as notur-
nas de 10-16°C. Temperaturas elevadas estimulam a planta a um maior
desenvolvimento vegetativo diminuindo a produção. Variações bruscas na
temperatura também afetam o desenvolvimento da cultura, pois além de
diminuir a produção ocasionam vários distúrbios fisiológicos nos tubér-
culos destacando-se o crescimento secundário ou embonecamento, cho-
colate e rachaduras.
O produtor deve evitar o plantio tardio (1ª quinzena de junho) em re-
giões de invernos rigorosos, com risco de geadas.
Há uma relação estreita entre a emergência da planta de batata e a tem-
peratura média do solo à profundidade do tubérculo, sendo ótima de 22 a
25°C. As temperaturas superiores retardam a emergência (MIDMORE,
1984).
A temperatura do ar afeta o desenvolvimento da superfície foliar, sen-
do a mínima e a ótima, respectivamente, 7 e 21°C, segundo Moorby e
Milthorpe (1975). Para o alongamento do caule e produção de brotações, a
temperatura ótima está em torno de 25°C (BODLAENDER, 1963). Nas
zonas tropicais de baixas altitudes, onde as temperaturas do ar e do solo
são altas, ocorre redução na longevidade das folhas, após o início da tube-
rização, acelerando a senescência e resultando numa menor interceptação
da energia solar e crescimento dos tubérculos (NELSON; MIDMORE,
1986). Segundo Doorenbos e Kassam (1979), a temperatura ótima para
a formação de tubérculos é de 15 a 18°C, uma vez que a disponibilidade
líquida de produtos fotossintéticos aproveitáveis, para a sua acumulação
nos tubérculos, diminui com o aumento de temperatura acima de 20°C.
Regiões com temperatura máxima entre 20 e 30°C e mínima entre 8 e
15°C são mais favoráveis para o cultivo, do que regiões com pouca ampli-
tude térmica.
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Umidade
A quantidade de água no solo e a pluviosidade podem afetar a pro-
dução dos tubérculos uma vez que interferem em processos fisiológicos
tais como, a absorção de nutrientes, taxa de fotossíntese e crescimento da
planta. Existe uma correlação direta entre a quantidade de água no solo e
o aumento de produção, sendo esse aumento gradativo até certo ponto e
invertendo o resultado a partir deste. A época de maior consumo de água
ocorre normalmente quando a planta se encontra em seu máximo desen-
volvimento vegetativo e na fase de enchimento dos tubérculos, intervalo
compreendido de 60 dias após o plantio até a maturação dos tubérculos.
O excesso de umidade no plantio favorece o apodrecimento dos tubér-
culos-semente e, no período próximo à colheita, o aparecimento de doen-
ças que causam o apodrecimento dos tubérculos recém colhidos. A falta
de água no solo diminui drasticamente a produtividade da cultura devido
à diminuição do número de tubérculos por planta e além de afetar, tam-
bém, o desenvolvimento (enchimento) destes.
A umidade relativa do ar quando elevada ou em regiões sujeitas a ne-
voeiros, limita a produtividade, pois favorece a incidência de doenças,
principalmente a requeima e a pinta preta causadas pelos fungos Phyto-
phtora infestans e Alternaria solani, respectivamente.
O suprimento hídrico é talvez o fator ambiental mais crítico para o cresci-
mento e desenvolvimento da planta de batata, uma vez que é particularmente
importante para o estabelecimento da cultura. Entretanto, o excesso de umi-
dade, como chuvas pesadas (2000-4000 mm) e não eventualmente distribuí-
das durante o ano, aumentam a incidência de bactérias e fungos, bem como as
infestações de insetos e nematoides (MUSSELL; STAPLES, 1979).
Radiação Solar
Nos trópicos, a radiação solar excessiva, particularmente durante dias
claros, representa, para a planta de batata, uma fonte inútil, uma vez que
pode resultar num aquecimento das folhas, caso não seja dissipada pelo
incremento da transpiração (MIDMORE; RHOADES, 1988). Se a cul-
tura não intercepta eficientemente a radiação solar, o solo é aquecido, e a
refletividade da energia radiante pelo solo, em forma de ondas curtas, e
emissão, através de ondas longas, pode provocar estresse na planta.
62
Ecofisiologia da batata
Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
Ventos
A ocorrência de ventos fortes aumenta o risco de acamamento da
cultura até mesmo antes da amontoa, eleva a transpiração e o consumo
de água pela planta e contribui para a disseminação de patógenos na
lavoura.
Condições edáficas
A cultura da batata apresenta um elevado potencial de produção, po-
rém é exigente em solos ricos em nutrientes, principalmente quanto ao
fósforo disponível. Dá-se preferência por solos areno-argilosos, leves, sol-
tos e arejados. É desejável que o solo esteja livre de pragas e doenças. Apli-
cações antecipadas (1 a 2 meses antes do plantio) de esterco de galinha ou
torta de mamona na dose de 1 ton ha-1 ou esterco de curral curtido na dose
de 14 a 16 ton ha-1, têm proporcionado bons resultados. Deve ser ressalta-
do que o uso de fontes de esterco fresco ou que não estão completamente
decompostos, podem favorecer o aparecimento de sarna-comum.
A cultura da batata exige solos com pH entre 5,5 a 6,0. Não é recomen-
dável elevar o pH do solo a valores acima de 6,0, uma vez que isto pode
contribuir para a ocorrência de sarna-comum. Portanto, a calagem deve
ser feita de acordo com o resultado da análise química do solo, corrigindo
o solo adequadamente e garantindo teores de cálcio e magnésio de confor-
midade com as exigências da cultura.
Nutrição mineral
O elevado potencial de produção da cultura traduz-se em grandes reti-
radas de nutrientes do solo em intervalos de tempo muito curtos, daí ser de
fundamental importância a adoção de um programa de nutrição adequado.
Durante muito tempo, a nutrição da cultura da batata ficou restrita no uso
de uma ou duas formulações de fertilizantes. Entretanto, hoje o conceito nu-
trição mineral de plantas engloba fatores tais como: cultivar a ser plantado,
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Aspectos biológicos
Quando a absorção de água é menor do que a transpiração, durante um
período quente, o estresse hídrico nas folhas causa o fechamento estomá-
tico, o que reduz a fotossíntese, devido a menor absorção de CO2. O resul-
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Ecofisiologia da batata
Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
Fenologia da cultura
O ciclo de vida da batata divide-se em cinco estádios fenológicos, con-
forme o esquema na Figura 3.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Fases reprodutivas
O florescimento e a frutificação ocorrem a partir da oitava à décima
semana após o plantio, dependendo da precocidade da cultura. Estes pro-
cessos são abundantes apenas no plantio de primavera-verão.
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Ecofisiologia da batata
Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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Ecofisiologia da batata
Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
Efeitos de biorreguladores
A incorporação de ácido indolilacético (IAA), em meio de cultura, in-
duz a tuberização de segmentos de hastes e brotações axilares (Li, 1985).
Entretanto, outros trabalhos demonstraram que o IAA pode inibir ou di-
minuir a tuberização de brotações de batata cultivados in vitro.
A incorporação do ácido naftalenacético (NAA), no meio em que seg-
mentos de brotações de batata e gemas axilares foram cultivadas in vitro,
resultou em estímulo à formação e iniciação do tubérculo.
O ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) estimula a tuberização de
brotos excisados e brotos axilares, em cultivo in vitro. O 2,4-D é usado em
produção comercial de batata para melhorar a coloração dos tubérculos de
casca vermelha, aumentar o número de tubérculos e uniformizar o tama-
nho dos mesmos.
As citocininas são consideradas substâncias estimulantes da tuberiza-
ção. Aplicações de citocinina, em estolões isolados, induzem a formação
de tubérculos.
Plantas crescidas sob condições de campo e tratadas com chlormequat
tendem a iniciar a formação de tubérculos mais cedo e aumentar o número
dos mesmos (Li, 1985). Esse retardador de crescimento inibe a síntese de
giberelinas ou remove a fonte desse promotor da planta.
Os efeitos do etileno sobre a tuberização parecem ser dependentes do
método de aplicação e dos tecidos utilizados. Plantas de batata imersas em
solução de ethephon produziram mais tubérculos do que plantas não tra-
tadas (GARCIA-TORRES; GOMES-CAMPO, 1972; 1973). O ethe-
phon, em meio de cultura, acelerou a tuberização e aumentou o número
de tubérculos nas brotações.
As giberelinas (GAs) agem como inibidores da tuberização e do cresci-
mento do tubérculo. A sua aplicação em brotações, estolões ou tubérculos
paralisam o crescimento do tubérculo e a formação de novos estolões.
A tuberização e o crescimento do tubérculo são controlados por um ba-
lanço entre substâncias inibidoras e substâncias promotoras. Há evidência
de que o ácido abscísico (ABA) é um agente neutralizante do efeito do áci-
do giberélico sobre a tuberização, pelos seguintes fatos: (a) o conteúdo de
ABA endógeno aumenta sob condições de dias curtos; (b) sob condições
de dias longos, a tuberização pode ser induzida pela aplicação de ABA; (c)
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Senescência
Durante o período de maturação, o conteúdo de matéria seca do tubér-
culo alcança o seu valor máximo e a planta entra em senescência. Ocorre
o amarelecimento e a queda de folhas, diminuindo a fotossíntese. O au-
mento no peso seco dos tubérculos, durante este período, verifica-se prin-
cipalmente devido ao movimento dos carboidratos da parte aérea para os
tubérculos. Durante esse período, as gemas tornam-se dormentes e a sín-
tese de amido diminui, cessando finalmente, quando a parte aérea morre.
Nesse estádio, os tubérculos não brotam, ainda que as condições do am-
biente sejam favoráveis.
A dormência dos tubérculos é um processo que está associado a um
balanço entre promotores e inibidores da brotação. Entre os inibidores,
o ácido abscísico é seu principal componente e, dentre os promotores,
as giberelinas são os principais. Ambos estão presentes na periderme e
nas gemas dos tubérculos (MARES, 1981; TIZIO, 1982). Em tubércu-
los recém colhidos, o nível de inibidores é alto, enquanto a capacidade
de brotação é nula, na maioria dos cultivares. A aplicação exógena de
giberelinas favorece a brotação dos tubérculos, o que promove o início
de um novo ciclo de produção.
Referências bibliográficas
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Ecofisiologia da batata
Paulo Roberto de Camargo e Castro • Gabriela Romêro Campos
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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ANOMALIAS FISIOLÓGICAS DA CULTURA
DA BATATA
José Usan Torres Brandão Filho
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Introdução
Com uma produção de mais de 350 milhões de toneladas, a cultura da
batata se destaca no cenário mundial como uma das hortaliças de maior
importância econômica, social e nutricional. A cultura atualmente ocupa
uma área de aproximadamente 20 milhões de hectares em várias regiões
do mundo, sendo já considerada por muitos o alimento do futuro.
No Brasil a cultura da batata tem criado, safra após safra, emprego e
renda em praticamente todas as suas fases da cadeia produtiva. Contudo,
muitas vezes esta mão-de-obra não se apresenta qualificada, o que aca-
ba ocasionando em um desbalanço entre o volume produzido e o volume
comercializado, ou seja, uma parte considerável da produção nacional se
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
perde por não atender aos padrões de qualidade exigidos por lei e por parte
dos consumidores.
Dentre os fatores responsáveis por esta perda podemos destacar as
anomalias fisiológicas ou distúrbios fisiológicos, os quais podem ser
definidos como desordens causadas por fatores abióticos ou por mau
manuseio dos tubérculos. Grande parte destes distúrbios só são veri-
ficados durante ou após a colheita quando não é mais possível resolver
estes problemas. Além das questões ambientais e de manuseio vários
distúrbios apresentam influência genética da cultivar, sendo algumas
notadamente resistentes.
A partir de uma pesquisa recentemente realizada em vários países
com vários consumidores foi questionado o que era mais importante a
aparência ou os aspectos nutricionais das hortaliças e a grande maio-
ria dos entrevistados destacou a qualidade visual destes alimentos. Por
isso a importância da legislação no que se refere a classificação e padro-
nização de hortaliças.
São vários os distúrbios fisiológicos que afetam a qualidade dos tubér-
culos de batata, todavia serão enfatizados somente os mais recorrentes nas
condições de cultivo aqui no Brasil.
1. Rachadura
Durante o estádio de enchimento dos tubérculos rachaduras longitu-
dinais podem ser observadas (Figura 1). Esta anomalia pode ser explicada
por meio de diversos fatores, entre estes podemos destacar a ocorrência de
um período de umidade em excesso, por causa da chuva ou de irrigações
mal planejadas, seguido por um período de escassez de água. Outros fa-
tores também determinantes na ocorrência deste distúrbio são o excesso
do uso de fertilizantes nitrogenados, deficiência de boro, ação de alguns
grupos de vírus, efeito residual de alguns herbicidas (principalmente da
classe das sulfoniluréias) e o uso de cultivares geneticamente predispostas
a apresentar este distúrbio.
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Anomalias fisiológicas da cultura da batata
José Usan Torres Brandão Filho • Osnil Alves Camargo Júnior
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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Anomalias fisiológicas da cultura da batata
José Usan Torres Brandão Filho • Osnil Alves Camargo Júnior
3. Coração-oco
Pode correr no centro de tubérculos grandes e de cultivares genetica-
mente suscetíveis o aparecimento de cavidades de tamanhos diferentes,
denominadas por ‘coração oco”. Esse distúrbio ocorre quando em condi-
ções de estresse hídrico, excesso de nitrogênio e quando as plantas apre-
sentam uma desfolha grande. Ao redor destas cavidades pode ocorrer um
escurecimento do tecido, sendo somente observado após um corte longi-
tudinal do tubérculo (Figura 3).
Como forma de controle, o recomendado é que sejam realizadas adu-
bação balanceada, irrigação equilibrada e que o espaçamento entre plantas
também seja o adequado para a cultura. Destaca-se que o mais eficiente é
a utilização de cultivares resistentes a este distúrbio.
O produtor deve estar sempre atento as características ambientais do
seu local de cultivo e do período de safra, ou seja, há períodos em que esta
anomalia se torna mais comum, assim o recomendado muitas vezes é que
seja reduzido o espaçamento entre plantas ocasionando a formação de um
maior número de ramas e consequentemente reduzindo o tamanho dos
tubérculos, pois é sabido que o crescimento excessivo dos tubérculos é o
principal causador deste distúrbio.
77
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
4. Coração-preto
A baixa concentração de oxigênio no interior dos tubérculos induz a
formação de manchas geralmente irregulares com coloração acinzentada
a totalmente enegrecida na região central dos tubérculos, denominada de
coração-preto (Figura 4).
Para que possamos diferenciar este distúrbio fisiológico de uma doença
causada por algum microrganismo é importante destacar que na ocorrên-
cia desta anomalia os tecidos se apresentam consistentes. Como citado an-
teriormente, qualquer situação que reduza a quantidade de oxigênio dos
tubérculos pode ocasionar este problema. Desta maneira estes sintomas
podem ser verificados tanto durante o cultivo da batata como no perío-
do de pós-colheita. No período de cultivo, principalmente, no estádio de
formação dos tubérculos, o distúrbio se manifesta com maior intensidade
geralmente na safra das águas na qual o solo fica bastante encharcado e a
temperatura é alta.
É importante ainda destacar que solos argilosos com baixa aeração
também favorecem o aparecimento dos sintomas típicos do coração-pre-
to. No período de pós-colheita o produtor deve armazenar os tubérculos
em galpões bem arejados e durante o transporte o mesmo deve ser obser-
vado, ou seja, sempre utilizar transportes adequados.
Para prevenir a ocorrência deste distúrbio é necessário que algumas
medidas sejam tomadas, dentre elas pode-se destacar o plantio em solos
de textura média bem aerados e com temperaturas mais amenas. Quando
necessário realizar a irrigação, que a mesma seja feita conforme a reco-
mendação de um especialista da área, evitado assim os excessos de umi-
dade no solo. Após o dessecamento ou morte natural das plantas, deve
ser evitado que os tubérculos permaneçam por longos períodos no solo.
E finalmente, durante o armazenamento deve se evitar altas temperaturas
dentro do galpão por meios do próprio desenho da instalação ou até mes-
mo por meio de aeradores artificiais.
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Anomalias fisiológicas da cultura da batata
José Usan Torres Brandão Filho • Osnil Alves Camargo Júnior
5. Mancha chocolate
Manchas marrons irregulares podem ser observadas pela polpa quan-
do os tubérculos são cortados ao meio transversalmente (Figura 5). Tal
anomalia também pode ser denominada na literatura de mancha ferrugi-
nosa ou “internal heat necrosis”.
A causa da mancha chocolate pode ser associada a um desbalanço hí-
drico no solo, ou seja, períodos chuvosos seguidos por períodos de baixa
pluviosidade durante o estádio de desenvolvimento dos tubérculos. Tem-
peraturas altas no solo também induzem tal anomalia nos tubérculos, os
quais quase sempre são descartados pelos consumidores.
Como este distúrbio ocorre principalmente em solos arenosos, os
quais secam rapidamente, o recomendado é que seja realizado um ma-
nejo eficiente da água por meio da irrigação. Outra recomendação é a
utilização de cultivares de batatas lançadas recentemente, pois é sabi-
do que os materiais mais antigos são mais propensos a apresentar estas
manchas.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
5. “Unhadura”:
Como a própria designação desta anomalia indica, os sintomas se as-
semelham a danos causados pela pressão de unhas sobre os tubérculos
originando pequenas fendas superficiais com formato curvado (Figura 6).
As prováveis causas estão relacionadas a variações da umidade do solo
e a danos físicos provocados na fase de colheita e pós colheita.
Para se evitar este distúrbio é necessário, quando possível, manter ba-
lanceada a umidade do solo e também cuidados ao colher e embalar os
tubérculos, o que muitas vezes não é observado pelos trabalhadores no
campo e nos galpões de beneficiamento, exercendo uma compressão ex-
cessiva nos tubérculos.
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Anomalias fisiológicas da cultura da batata
José Usan Torres Brandão Filho • Osnil Alves Camargo Júnior
6. Lenticelose
Para a compreensão deste distúrbio é importante enfatizar a presença
de estruturas nos tubérculos de batata chamadas lenticelas, as quais apre-
sentam uma função respiratória. Em situações de solo encharcado e con-
sequentemente com níveis baixos de oxigênio, as lenticelas apresentam
um desenvolvimento exagerado e anormal ocasionando assim pontuações
salientes e com coloração esbranquiçada na camada superficial dos tubér-
culos (Figura 7).
Uma provável explicação para o que ocorre neste distúrbio é que,
com a falta de oxigênio no solo, as lenticelas se desenvolvem excessi-
vamente com o “propósito” de alcançar regiões com níveis maiores de
oxigênio.
Como consequência a esta anomalia os tubérculos geralmente apresen-
tam uma aparência estranha, o que gera uma repulsa por parte do con-
sumidor. Outro fato importante é que estas estruturas podem servir de
“porta de entrada” a microrganismos fitopatogênicos.
Para que seja evitado a lenticelose, não se deve realizar o cultivo em
áreas sujeitas ao fácil alagamento e ou em períodos de chuvas abundantes.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
7. Vitiligo
Em razão da absorção das lenticelas em água devido ao cultivo em so-
los mal drenados, os tubérculos podem apresentar superficialmente uma
coloração esbranquiçada e posteriormente escurecidas. Geralmente os tu-
bérculos apresentam também pequenas “bolhas” na casca.
Outros distúrbios também podem surgir simultaneamente a este,
como por exemplo a coração preto, coração oco e a lenticelose.
Neste caso fica claro que para que não ocorra este distúrbio deve se
evitar o cultivo em solos com baixa capacidade de drenagem.
8. Esverdeamento
O esverdeamento ou esverdecimento da batata é considerado um dos
principais distúrbios fisiológicos da cultura no Brasil, sendo que o mesmo
pode ocorrer no campo ou na fase de pós-colheita.
Bioquimicamente, esta anomalia pode ser explicada suscintamente
pela produção de clorofila nos tubérculos. Quando ocorre a incidência
de luz, mesmo em baixa intensidade (3 a 11w/m2 por 24 horas), sobre os
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Anomalias fisiológicas da cultura da batata
José Usan Torres Brandão Filho • Osnil Alves Camargo Júnior
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
8. Batata mal-encascada
Batata mal-encascada, “despelamento” ou “esfolamento” apresenta
como principal sintoma o fácil desprendimento da película que envolve o
tubérculo (Figura 9), o que além de prejudicar a aparência dos tubérculos
reduz o seu período de pós-colheita por facilitar a infecção por microrga-
nismos.
Para que a película fique bem aderida ao tubérculo o recomendado é
realizar a colheita aproximadamente cinco dias após a senescência total da
planta. É importante ainda ser observado por parte do produtor, a realiza-
ção de uma cura adequada dos tubérculos, ou seja, evitar realizar a colhei-
ta em condições de alta umidade do solo e em períodos de baixa tempera-
tura. Vale ressaltar ainda que este distúrbio é mais comumente observado
quando o produtor realiza o dessecamento por meio de produtos químicos
reduzindo o ciclo da cultura, assim os tubérculos provavelmente ainda es-
tarão fisiologicamente imaturos.
Um teste simples que pode ser realizado pelo produtor durante a
colheita é retirar amostras de tubérculos e esfrega-los entre os dedos
observando se há algum dano a camada superficial dos mesmos, se
caso houver o recomendado é esperar mais alguns dias para se efetuar
a colheita completa.
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Anomalias fisiológicas da cultura da batata
José Usan Torres Brandão Filho • Osnil Alves Camargo Júnior
Figura 9: Tubérculos de batata com a anomalia fisiológica denominada batata mal encascada.
Fonte: Shimoyama.
Considerações Finais
A partir do exposto fica evidente a importância da compreensão, da
identificação e controle dos distúrbios fisiológicos que acometem a cultura
da batata. Grandes prejuízos podem ser evitados por meio de um sistema
de cultivo bem planejado, onde o produtor deverá estar sempre atento a
várias questões técnicas.
A grande maioria das anomalias citadas são afetadas pela água no solo,
assim o produtor deve estar sempre atento ao manejo de água no solo evi-
tando os extremos, períodos de excesso de umidade seguido de escassez. A
realização de adubações equilibradas conforme o estádio em que a cultura
se encontra e também de acordo com a análise química de amostras de solo
são de extrema relevância. Vários são os agrotóxicos recomendados para a
cultura, todavia, aplicações realizadas em períodos inadequados podem
ocasionar fitotoxicidade nos tubérculos.
Questões também relacionadas ao período da colheita e pós-colheita
necessitam ser observadas, entre algumas podemos destacar o manuseio
correto dos tubérculos durante a colheita onde os mesmos devem apre-
sentar uma maturidade fisiológica, com a pele bem aderida ao tubérculo.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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DOENÇAS BACTERIANAS NA CULTURA
DA BATATA
Luis Otavio Saggion Beriam
Suzete Aparecida Lanza Destéfano
Eros Molina Occhiena
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PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
Sintomatologia
Os sintomas são caracterizados por lesões úmidas e negras nas
hastes que se espalham a partir do tubérculo-mãe já apodrecido,
atingindo as hastes da batata, especialmente em condições de umi-
dade (Figura 1).
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BATATA
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PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
Epidemiologia
As bactérias que causam podridão mole sobrevivem no solo por pou-
co tempo – uma semana a seis meses, na dependência das condições am-
bientais, temperatura do solo, umidade e pH. A sobrevivência da bactéria
pode ser mais longa quando associada com material da planta ou mesmo
com plantas voluntárias. A maior fonte de infecção da canela preta é a
infecção latente no tubérculo mãe (Figura 4). Quando tubérculo mãe apo-
drece, a bactéria é liberada no solo, sendo transmitida para os tubérculos
vizinhos via água contaminada.
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Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
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Figura 7. Presença de exsudação bacteriana nos vasos dos tubérculos, sintoma característico de infecção cau-
sada por Ralstonia solanacearum
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Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
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PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
Sintomatologia
Plantas infectadas mostram sintomas de murcha nas folhas e nos folío-
los nos períodos mais quentes do dia. Nos períodos iniciais da infecção,
as plantas podem recuperar a turgidez durante a noite ou mesmo nos pe-
ríodos mais frios durante o dia. Com o avanço da doença, além das folhas,
as hastes também passam a apresentar sintomas de murcha, que passa a
ser irreversível. Também é possível a ocorrência de infecção latente, sem
a presença de sintomas conspícuos. Isso ocorre em função da resistência
da cultivar, das condições climáticas e da virulência do isolado bacteriano.
Essa forma de infecção é uma das principais responsáveis pela dissemina-
ção da bactéria a longas distâncias, visto que o tubérculo contaminado não
apresenta sintomas.
Plantas originadas de batata-semente contaminada, via tubérculo
mãe, exibem os sintomas de murcha já na emergência das plantas. Nos
tubérculos, os sintomas são observados nos vasos vasculares, quando o
tubérculo é cortado transversalmente. É possível observar-se exsudação
bacteriana nos vasos dos tubérculos quando são levemente pressionados
com a mão (Figura 8).
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Figura 9. “Teste do Copo” – notar a presença de pus bacteriano sendo exsudado pelos
vasos da planta
Quando a água começa a subir nas hastes, vias vasos do xilema, é pos-
sível observar pequenas gotículas de pus bacteriano emergindo dos vasos
do xilema, o que também permite fechar o diagnóstico (Figura 10). Nos
dois casos, os diagnósticos são presuntivos, permitindo afirmar que a in-
fecção é ocasionada por R. solanacearum, porém para que sejam conhe-
cidas e raça e o biovar envolvidos são necessários testes em hospedeiros
diferenciais para determinação da raça (Tabela 2) e ainda a condução de
alguns testes bioquímicos, com carboidratos e alguns álcoois, para a de-
terminação do biovar (Tabela 3). Em estágios mais avançados da infecção,
os feixes vasculares tornam-se enegrecidos. Nos estágios finais de infec-
ção, vários organismos secundários também invadem os tubérculos, in-
cluindo aquelas bactérias causadoras de podridões moles. Normalmente,
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PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
Figura 10. Câmara super úmida. Notar presença de exsudação bacteriana na haste
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Figura 11. Notar aglutinação de solo nos tubérculos nas áreas onde ocorre exsudação
bacteriana
Comparando os sintomas de murcha causados por R. solanacearum
com aqueles ocasionados por outras infecções bacterianas, a murcha de
R. solanacearum é rápida e não precedida por clorose, amarelecimento ou
necrose.
Os prejuízos de maior intensidade ocorrem nas áreas de baixio, onde
predominam condições de alta umidade. Os sintomas mais característicos
ocorrem no final da cultura e podem ser confundidos com a própria ma-
turação fisiológica. Os sintomas também são variáveis, na dependência
100
PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
Controle
O controle da murcha bacteriana é extremamente difícil por uma série
de fatores que incluem: (a) o grande número de plantas hospedeiras de R.
solanacearum; (b) plantas da vegetação espontânea ou mesmo ervas dani-
nhas que podem abrigar a bactéria sem que apresentem sintomas cons-
pícuos, permitindo que populações bacterianas mantenham-se elevadas
mesmo em períodos de entressafra; (c) a presença da bactéria em solos
nunca cultivados. Desta forma, o controle deve ser adotado dentro do cha-
mado “Manejo integrado de pragas”, que envolve basicamente:
a) Utilização de batata semente sadia;
b) Escolha de áreas de plantio que não tenham sido anteriormente cul-
tivadas com outras solanáceas ou mesmo com outras plantas que even-
tualmente possam ser hospedeiras de R. solanacearum;
c) Quando possível, rotacionar cultura com gramíneas;
d) Se disponível, utilizar cultivares de batata mais resistentes a murcha
bacteriana. O produtor deve procurar aquelas variedades/cultivares
indicadas pelos melhoristas quando o material for para o campo;
e) Evitar plantio durante o verão ou períodos com alta umidade e tem-
peratura, que favorecem a doença;
f) Evitar que haja contaminação através de água de irrigação oriundas
de campos vizinhos contaminados;
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
ZEBRA CHIP
Há uma nova doença descrita na cultura da batata, denominada “Ze-
bra Chip, ocasionada por uma bactéria que coloniza dos vasos do floema,
denominada Candidatus Liberibacter solanacearum, que tem ocasiona-
do prejuízos de alguns milhões de dólares nos países/regiões onde já foi
detectada, incluindo México, Estados Unidos, alguns países da América
Central, Nova Zelândia e, mais recentemente, no Canadá. Todas as culti-
vares comerciais de batata são suscetíveis. Trata-se de bactéria veiculada
por insetos vetores, psilídeos, a exemplo do que ocorre com o Huanglon-
ging em citrus no Brasil, ocasionado por Candidatus Liberibacter ameri-
canus e asiaticus, e, para o Zebra Chip, o controle desses insetos vetores
parece ser até o momento a principal e única tática para manejar a doen-
ça. Essa doença teve importância esporádica até 2004, quando começou
a causar perdas de milhões de dólares nas Américas, o que provocou o
abandono de muitos campos cultivados.
Essas bactérias são Gram negativas, limitadas aos vasos do floema, não
cultiváveis em meios de cultura, pertencentes ao grupo Alfaproteobac-
téria, sendo disseminadas de planta para plantas por insetos vetores, os
psilídeos, sendo também propagadas por enxertia. Liberibacter solana-
cearum já foi descrita em várias solanáceas, incluindo, além da batata, o
tomate, o pimentão, a berinjela, Physalis spp, Solanum betaceum, além de
várias plantas daninhas pertencentes às solanáceas, também tendo sido
detectada em cenoura.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Sintomas
Os sintomas estão caracterizados por um padrão severo de listras claras e
escuras nos tubérculos (crus ou fritos) (Figura 12), afetando o sabor da batata
e tornando o produto inviável para o consumo. Causa ainda podridão inter-
mitente, manchas necróticas, estrias, cloroses, encurtamento e alongamento
dos entrenós e má formação dos frutos. Os sintomas foliares lembram aqueles
ocasionados pelos danos causados por psilídeos, denominados “Yellow Di-
sease”, incluindo enrolamento das folhas superiores, com descoloração ama-
rela ou arroxeada, proliferação de gemas axilares, tubérculos aéreos, clorose
foliar, podendo levar a morte rápida das plantas. Os sintomas do Zebra Chip
também lembram aqueles ocasionados por fitoplasmas, com plantas anãs,
cloróticas, com folhas enroladas e internódios curtos e grossos, frutos nume-
rosos, pequenos, malformados e de má qualidade (Figura 13).
Figura 12. Sintomas nos tubérculos e em batatas fritas (Foto J. Munyaneza, USDA)
A transmissão se dá por insetos sugadores (Bactericera cockerelli, B.
trigonica, B. tremblay, B. nigricornis e Trioza apicalis). Até o presente, es-
sas espécies de psilídeos não foram detectadas no Brasil. O Ministério da
Agricultura e Abastecimento – MAPA considera essa doença como “Pra-
ga Quarentenária Ausente – PQA” e desta forma medidas devem ser to-
madas visando impedir a entrada desse patógeno no nosso país.
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PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
Figura 13. Sintomas foliares do Zebra Chip, mostrando semelhanças com danos causados
por psilídeos ou então sintomas ocasionados por fitoplasmas
O MAPA tem autorizado a importação de tubérculos da batata do Ca-
nadá, para fins de consumo. Como até o momento os insetos vetores não
foram detectados no Brasil, a detecção da praga no Canadá não significa
aumento de risco para o Brasil
SARNA DA BATATA
A sarna da batata pode ser causada por diferentes espécies do gênero
Streptomyces. Essas espécies apresentam diferenças na morfologia, fisio-
logia e características moleculares e vem sendo encontradas em diferen-
tes países. A principal espécie causadora da sarna comum e amplamente
distribuída no mundo é Streptomyces scabiei, encontrada em solos secos,
neutros a alcalinos (LAMBERT; LORIA, 1989a). Outras espécies tam-
bém já foram descritas causando sintomas de sarna como S. acidiscabies
causadora da sarna em solos ácidos, com pH abaixo de 5,2 no Canadá
(LAMBERT; LORIA, 1989b); S. caviscabies/S. setonii (syn. S. griseus)
causadoras de lesões profundas (deep-pitted scab) (GOYER; FAUCHER;
BEAULIEU, 1996; LIU et al., 2005; MILLARD; BURR, 1926); S. tur-
gidiscabies, descrita no Japão como causadora de lesões erumpentes (MI-
YAJIMA et al., 1998); S. europaeiscabiei e S. stelliscabiei, consideradas
duas genomoespécies dentro da espécie S. scabiei (BOUCHEK-MECHI-
CHE et al., 2000); e S. luridiscabiei, S. puniciscabiei e S. niveiscabiei, cau-
sando lesões erumpentes em solos ácidos na Coréia (PARK et al., 2003).
Ainda, foram relatadas duas novas linhagens na América do Norte, de-
nominadas Streptomyces sp. IdahoX e Streptomyces sp. DS3024 (HAO et
al., 2009; WANNER, 2007). São citadas, ainda, as espécies S. reticulis-
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Figura 14. Diferentes tipos de lesões de sarna em tubérculos de batata causados por Strep-
tomyces spp.
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PARASITAS
Doenças bacterianas na cultura da batata
Luis O. S. Beriam • Suzete A. L. Destéfano • Eros M. Occhiena
Epidemiologia
Os esporos de Streptomyces (Figura 15) normalmente são dissemina-
dos pela água de chuva, vento, vetore s, ou ainda, por tubérculos conta-
minados que podem, inclusive, propiciar a introdução de outras espécies
de Streptomyces em novas áreas (WILSON; RANSON, PEMBERTON,
1999). Esses patógenos podem sobreviver em solos por muito tempo su-
portando calor e seca devido à presença de um envoltório externo e parede
espessa de seus esporos (MAYFIELD et al., 1972).
Figura 15. Streptomyces scabiei (A) Esporos; (B) Micromorfologia de hifas espiraladas.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Controle
A sarna da batata é uma doença complexa, o que torna seu controle muito
difícil. Vários fatores podem influenciar diretamente o desenvolvimento da
doença como a presença e quantidade do patógeno no solo, cultivar de batata
plantada e condições ambientais de umidade, pH e temperatura do solo.
Desta forma, diferentes estratégias de manejo são sugeridas com o
objetivo de diminuir a incidência da doença: uso de cultivares resisten-
tes, batata semente certificada (WILSON; RANSON; PEMBERTON,
1999; FISCHER et al., 2005), rotação de culturas (WIGGINS; KIN-
KEL, 2005; JADOSKI et al., 2009), irrigação controlada (LAPWOOD;
HERING, 1970; LEWIS, 1971), nutrição das plantas, mudança no pH
do solo (WHARTON et al., 2011), uso de produtos químicos (SINGH;
SONI, 1987; ZAMBOLIM et al., 2011) e biológicos (GOUWS; WEH-
NER, 2004; WANNER, 2007; WANNER et al., 2013), entre outros.
Dentre as cultivares plantadas no Brasil, Ágata, Asterix e Atlantic re-
presentam em torno de 60%, 15% e 3% da produção brasileira, respectiva-
mente, embora sejam consideradas suscetíveis à sarna comum de acordo
com estudos de avaliação da severidade e observações nos campos de pro-
dução (IMARK, 2007; GARCIA, 2008; FISCHER et al., 2009; HAY-
NES et al., 2010; NAVARRO et al, 2012; ALPISTE, 2018). Da mesma
forma, esta suscetibilidade também tem sido relatada para as cultivares
Caesar, Cupido, Markies e Monalisa (ANDREATTA, 2002; GARCIA,
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www.biologico.agricultura.sp.gov.br/pos/uploads/files/pdf/2018/marcel.pdf
ANDREATTA, A. Variedade Caesar: Boa para o consumidor, muito boa para
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APPY, M.P. Avaliação de produtos químicos e biológicos no controle da sarna da
batata causada por Streptomyces spp. Dissertação de Mestrado. Instituto Bioló-
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DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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DOENÇAS FÚNGICAS DA BATATA
Jesus G. Töfoli
Ricardo J. Domingues
APTA – Instituto Biológico – Centro Pesquisa de Sanidade Vegetal
Introdução
A requeima representa uma das mais importantes e severas doenças
da cultura da batata. Afeta drasticamente folhas, pecíolos, caules e tubér-
culos, podendo causar sérios prejuízos quando interagem fatores como
cultivares suscetíveis, condições climáticas favoráveis e falhas no controle.
Considerada uma doença de importância histórica a requeima foi a res-
ponsável por causar a Grande Fome da Irlanda (1845-1849) que causou a
morte e a imigração de um grande contingente de pessoas para a América.
Apesar de todos os avanços obtidos no ultimo século para o manejo da
requeima, a doença continua sendo considerada uma grande ameaça para
a segurança alimentar, visto a grande importância sócio-econômica da ba-
tata na produção agrícola mundial.
123
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Etiologia
Phytophthora infestans (Mont.) de Bary pertence ao Domínio Eukaryo-
ta, Reino Stramenopila, Filo Oomycota, Classe Oomycetes, Ordem Pero-
nosporales e Família Peronosporaceae. Apresenta características morfo-
lógicas semelhante aos fungos, porém está mais relacionada a organismos
aquáticos, como as algas marrons e as diatomáceas. Trata-se um microor-
ganismo diplóide para a maior parte do seu ciclo de vida, além de isento
de pigmentos fotossintéticos. A parede celular é constituída por celulose e
outras glucanas, enquanto que a dos fungos verdadeiros é composta prin-
cipalmente por quitina. Outra característica marcante do gênero Phyto-
phthora é não possuírem capacidade de sintetizar o próprio esterol e tia-
mina, sendo esses obtidos diretamente na planta hospedeira ou ambiente.
P. infestans apresenta crescimento micelial característico, porém não
apresenta a formação de septos (micélio cenocítico). Os esporângios são
hialinos, globosos, papilados e possuem dimensões que variam de 21 a 38
X 12 a 23 mm). Os esporangióforos são desenvolvidos, com ramificação
simpodial, e emergem através dos estômatos. Em condições especificas de
temperatura de umidade no interior dos esporângios formam-se os zoós-
poros (esporos móveis) com dois flagelos que os tornam capazes de nadar
indicando uma ancestralidade aquática.
O sequenciamento do genoma do P. infestans evidenciou a presença
de numerosos elementos transposons e regiões hipervariáveis. Tal fato,
explica a nível genético as grandes variações de fenótipo, agressividade e
capacidade de adaptação apresentadas por esse oomiceto.
P. infestans pode se reproduzir de forma assexuada e sexuada. As estru-
turas assexuadas de propagação são os esporângios e zoósporos. Em geral,
nos locais onde ocorre apenas um grupo de compatibilidade, a população
é constituída por uma ou poucas linhagens de indivíduos geneticamente
semelhantes a um ancestral comum. A reprodução sexual, por sua vez,
pode ocorrer de duas formas, com linhagens homotálicas (auto-férteis)
ou com linhagens heterotálicas. As homotálicas são capazes de produzir
oósporos nos tecidos do hospedeiro ou em meio de cultura através de um
mecanismo de auto-fertilidade. Nas espécies heterotálicas os indivíduos
são classificados em dois tipos de compatibilidade A1 e A2. Esse tipo de
reprodução ocorre quando os dois grupos coexistem na mesma área, na
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Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Sintomas
Nas folhas, os primeiros sintomas são caracterizados por manchas de
tamanho variável, coloração verde-clara ou escura e aspecto úmido. Ao
evoluírem essas se tornam pardo-escuras a negras, necróticas e irregula-
res, podendo ou não apresentar halo clorótico. Na face inferior das lesões
observa-se um crescimento branco-acinzentado, de aspecto aveludado,
localizado principalmente ao redor das lesões, nos limites entre o tecido
sadio e o necrótico (anel de esporulação). Esse é composto por esporângios
e esporangióforos do patógeno e forma-se, especialmente, em condições
de alta umidade e temperaturas que variam de 12 a 18°C. À medida que
as lesões coalescem, o tecido foliar escurece e exibe um aspecto de queima
generalizada. Nos ponteiros, a doença causa a morte das gemas apicais
e brotos paralisando o crescimento das plantas. Nos caules e pecíolos as
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Ciclo da doença
Na reprodução assexuada os esporângios germinam diretamente quan-
do as temperaturas variam de 18 e 24°C, ou podem produzir zoósporos
biflagelados quando essas se encontram na faixa de 12 a 17°C. Nessas
condições, cada esporângio origina em média 8 zoósporos, o que aumenta
de forma significativa a quantidade de inóculo e consequentemente a se-
veridade e potencial destrutivo da doença.
Na reprodução sexuada ocorre a formação de gametângios masculino
(anterídio) e feminino (oogônio). A meiose ocorre tanto no gametângio
masculino quanto feminino. Um tubo de fertilização se desenvolve entre o
anterídio e o oogônio, sendo transmitido um único núcleo haplóide para o
gametângio feminino, ocorrendo a fusão e a formação de um único oósporo.
Depois de liberados no solo e sob condições climáticas favoráveis, os oós-
poros podem germinar originando esporângios que ao entrarem em contato
com plantas de batata suscetíveis iniciam um novo ciclo da doença.
Quanto à umidade a doença é favorecida por períodos molhamen-
to foliar superiores a 12 horas e ambientes de névoa e chuva fina. Em
algumas situações a altitude associada à presença de orvalho e a queda
da temperatura noturna são suficientes para epidemias importantes da
doença. Após o inicio do processo infeccioso a colonização dos tecidos
é extremamente rápida, podendo o período de incubação variar de 48
a 72 horas. A penetração do pró-micélio resultante da germinação dos
esporângios ou dos zoósporos encistados, é direta no tecido vegetal, com
a formação de apressórios.
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Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Manejo
O manejo da requeima deve ser baseado em medidas integradas de
controle como:
• Realizar o plantio de batata-semente sadia. A medida permite atrasar
possíveis epidemias no campo e reduz a possibilidade de introdução
novas linhagens.
• Evitar plantios em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade, circulação
limitada de ar e próximos a reservas de água. Esses locais apresentam
lenta dissipação da umidade, o que favorece o desenvolvimento da
requeima. O plantio deve ser realizado preferencialmente em áreas
planas, ventiladas e distantes de lavouras em final de ciclo.
• Plantio de cultivares com algum nível de resistência.
Quanto à resistência a requeima as cultivares disponíveis no país po-
dem ser classificadas em:
Resistentes: Ibituaçú, Itararé, Araucária, Cristal, Pérola, Catucha,
BRS Clara, IAPAR Cristina, Monte Alegre 172, SCS 365 – Cota,
UPFSZ Atlantucha.
Moderadamente resistentes: Crebella, Apuã, Aracy e Aracy Rui-
va, Cristina, Cristal, Naturella, Panda.
Moderadamente suscetíveis: Baraka, Baronesa, BRS Ana, BRS
Eliza, Caesar, Catucha, Emeraude, Florice, Itararé, Innovator, Mar-
kies, Marlen, Melody, Soléia, Caesar, Oceania, Voyager, Éden, Colo-
rado, Novella, e BRSIPR Bel.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Introdução
Considerada uma doença de importância mundial, a pinta preta ocorre
em especial nas áreas tropicais e subtropicais, podendo causar elevadas
perdas. Nos últimos anos, a doença também tem crescido em importância
na América do Norte e Europa, causado perdas consideráveis na produ-
ção. Alguns autores têm atribuído a crescente importância da pinta preta
às mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.
A pinta preta é caracterizada pela redução prematura da área foliar,
queda de vigor das plantas, quebra de hastes, redução do ciclo e quedas
significativas no rendimento e na qualidade dos tubérculos. O aumento
de suscetibilidade à doença está geralmente associado à maturidade dos
tecidos, ao florescimento e ao período de formação e crescimento dos tu-
bérculos. A maior demanda de nutrientes e fotoassimilados exigidos pela
tuberização tornam as folhas mais velhas mais vulneráveis à doença.
Etiologia
O fungo Alternaria solani Sorauer tem sido relatado como o agente
causal da pinta preta da batata por inúmeros autores. Porém, a doença
também pode estar associada a outras espécies do gênero como: Alternaria
alternata (Fries) Keissler e Alternaria grandis E.G. Simmons.
As três espécies diferem quanto ao tamanho e morfologia dos coní-
dios. Os conídios de A. solani são geralmente individuais, ovais, poden-
do apresentar variações longas, curtas, largas e estreitas. Os conídios com
apêndices único são longos, ovóides ou elipsóides com comprimento de
109-115 µm e largura entre 18-26 µm e um apêndice de 80-118 µm. Co-
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Sintomas
A pinta preta é caracterizada por manchas foliares necróticas, circula-
res, elípticas ou angulares, pardo-escuras, isoladas ou em grupos, com a
presença de anéis concêntricos, bordos bem definidos, podendo apresen-
tar ou não halo amarelado ao redor das mesmas. O aumento da intensida-
de da doença no campo ocorre tanto pelo surgimento de novas lesões como
pela expansão das mais velhas, que podem coalescer destruindo todo lim-
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Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Ciclo da doença
O gênero Alternaria sobrevive entre um cultivo e outro em restos de
cultura, em solanáceas suscetíveis ou no solo na forma de micélio, esporos
ou clamidósporos. Os conídios caracterizam-se por serem altamente re-
sistentes a baixos níveis de umidade, podendo permanecer viáveis por até
dois anos nestas condições. Havendo umidade e calor suficientes, os coní-
dios germinam e infectam as plantas rapidamente, podendo o fungo pene-
trar diretamente pela cutícula ou através de estômatos. Após a penetração
os sintomas da doença são evidentes de 4 a 7 dias após o inicio da infecção.
A ocorrência da pinta preta está associada a temperaturas na faixa de
22 a 32°C, elevada umidade e alternâncias de períodos secos e úmidos. A
doença é mais severa em verões chuvosos, mas também pode ocorrer no
inverno, desde que haja condições favoráveis. Plantas sujeitas a desequi-
líbrios nutricionais, estresses causados por rizoctoniose, viroses, nematoi-
des e pragas ou cultivadas em solos pobres em matéria orgânica são mais
suscetíveis à doença.
A disseminação da pinta preta ocorre principalmente pelo plantio de
batatas-semente infectadas, ação de ventos, água de chuvas e irrigação,
circulação de pessoas e equipamentos agrícolas.
Os fungos A. solani e A. alternata também podem estar associados a
outros cultivos como do tomateiro (Solanum lycopersicum L.), pimentão
(Capsicum annuum L.), berinjela (Solanum melongena L.), petúnia (Pe-
tunia hybrida Hort.), tabaco (Nicotiana tabacum L.) e plantas invasoras
como: maria-pretinha (Solanum americanum L.) e Physalis spp.
Manejo
Entre as medidas integradas para o manejo da pinta preta destacam-se:
• Plantio de semente sadia.
• Evitar plantios em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade e baixa cir-
culação de ar.
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BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
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Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Introdução
A rizoctoniose ou crosta negra é uma doença de ocorrência generali-
zada na cultura da batata, sendo comum em áreas úmidas e intensamente
cultivadas. A doença afeta diretamente a germinação, emergência, desen-
volvimento das plantas, a produtividade e a qualidade de tubérculos. Esti-
ma-se eu a rizoctoniose possa causar perdas no rendimento de tubérculos
comerciais de até 30%.
Etiologia
Rhizoctonia solani J.G. Kühn (teleomorfo Thanatephorus cucumeris [A.
B. Frank] Donk) possui micélio vigoroso com coloração marrom a ocre,
hifas septadas e ramificações laterais em ângulo reto. A sua disseminação
ocorre através de batata-semente infectada, máquinas, ferramentas e im-
plementos contaminados com solo infestado e pelo escorrimento de água
de superfície durante a ocorrência de chuvas e irrigação).
A rizoctoniose na cultura da batata é causada principalmente pelos
grupos de anastomose AG-3 e AG-4. O grupo AG-3 causa podridões ra-
diculares em batata, tomate e berinjela (subgrupo AG-3 PT) e manchas
foliares em fumo (subgrupo AG-3 TB). O grupo AG-4 é menos especifico
podendo causar podridão de sementes, tombamento de pré e de pós-e-
mergência e, em algumas situações, podridão de raízes em culturas como
soja, feijão, amendoim, tomate, melão, melancia, espinafre, pimentão e
brócolis.
Sintomas
A rizoctoniose é caracterizada por causar lesões castanho-avermelha-
das (deprimidas) em brotos subterrâneos, hastes jovens e estolões; ger-
minação lenta; redução de estande no campo; baixo vigor e crescimento
desigual das plantas; amarelecimento e crescimento limitado das plantas;
133
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Ciclo da doença
A rizoctoniose no campo inicia-se através de inoculo presentes nas ba-
tatas- semente ou no solo e restos de cultura. Quando os tubérculos infec-
tados são plantados, o fungo cresce da superfície da semente para as gemas
e brotos em desenvolvimento, podendo infectar primórdios foliares, radi-
culares e estolões. O inoculo transmitido pelas sementes é mais eficiente
em causar doença do que o existente no solo devido a sua proximidade as
gemas e brotos. Quando presente no solo R. solani vive associada a restos
de cultura e detritos orgânicos e podem causar a doença independente-
mente ou em conjunto com o inoculo presente nas sementes. O inoculo
presente solo pode ser tão prejudicial quanto o inoculo da semente, no
entanto, para que a infecção ocorra os brotos devem se desenvolver nas
proximidade do micélio. A infecção pode ocorrer a qualquer momento
durante o ciclo, embora a maioria das infecções ocorra durante a germina-
ção e emergência das plantas.
A doença é favorecida por solos argilosos, neutro a ácidos (pH=7 ou
menor), frios, úmidos, mal drenados, matéria orgânica mal decompos-
ta,plantios profundos e temperaturas entre 5 a 25° C (ótima 18 e 22° C).
O fungo pode sobreviver no solo por longos períodos, mantendo-se na
forma de escleródios ou micélio colonizando restos de cultura. Quando
condições climáticas são favoráveis, os escleródios germinam e infectam
as gemas e hastes recém-emergidas.
134
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Manejo
Para o manejo da rizoctoniose recomenda-se a integração de medidas
de controle como:
• Plantio de batata-semente sadia.
• Evitar o plantio com histórico recente da doença.
• Preparo correto do solo. Eliminar possíveis de “pés de grade” com o
objetivo de favorecer a aeração do se permitir que não haja acúmulo
de umidade nas camadas superficiais do solo.
• Realizar o plantio de batata-semente, entre 5 e 7cm, para favorecer a
rápida emergência das plantas.
• Evitar o plantio em solos argilosos (pesados) ou excessivamente úmidos.
• Realizar o tratamento sementes e/ou a aplicação de fungicidas regis-
trados no sulco de plantio e na amontoa.
• Plantio de cultivares com algum nível de tolerância como: Vivaldi,
Bailla, Chipie, Colorado, Gredine, Opaline, Soleia, Markies, Voya-
ger, Sinora, Novella e Innovator.
• Realizar a adubação com base na análise de solo. Excesso de nitrogê-
nio e matéria pode tornar as hastes mais tenras e mais suscetíveis à
doença.
• Manejo adequado da irrigação para evitar acúmulo de umidade no
solo.
• Rotação de culturas por 2 a 3 anos para reduzir o potencial de inóculo
na área. Deve-se selecionar culturas que não sejam suscetíveis aos
grupos de compatibilidade que afetam a cultura da batata.
• Plantio e a incorporação de adubos verde (gramnineas). R solani não
é um decompositor de celulose eficiente, portanto as populações
do fungo são grandemente reduzidas pela microflora competidora.
Além disso, a decomposição de resíduos libera dióxido de carbono, o
que reduz a capacidade competitiva do patógeno.
135
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Introdução
A sarna prateada da batata é uma doença cada vez mais importante na
cultura da batata. Afeta especialmente os tubérculos não ocorrendo em
outros órgãos aéreos ou subterrâneos. Essa raramente interfere na pro-
dutividade, porém afeta de forma significativa o aspecto visual e o valor
comercial de tubérculos lavados. Muitas vezes a doença é considerada um
problema de armazenamento, no entanto, a infecção costuma ocorrer no
campo antes da colheita.
Etiologia
O ascomiceto Helmintosporium solani Durieu & Mont. possui micélio
septado, ramificado e escuro. Os conidióforos são simples, longos e sep-
tados. Os conídios são encontrados em verticilos das extremidades dis-
tais das células e têm até oito septos. Os conídios são castanhos escuros,
136
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Sintomas
A doença afeta os tubérculos tanto no campo como no armazenamento,
provocando o aparecimento de manchas claras superficiais que ao evoluí-
rem apresentam um aspecto circular, escuro e indefinido. A colonização
por H. solani é geralmente limitada a células da periderme e córtex. A morte
celular nessas camadas causa a perda de água das células medulares o que
acaba causando enrugamento superficial, redução do peso e da consistência
dos tubérculos. A casca apresenta-se alterada, com aspecto seco, áspero e
brilho prateado, principalmente quando úmida ou molhada. A coloração
prateada é causada pela perda de pigmentos por causa da degradação das
células e da deposição de suberinas na parede celular. Quando a colheita é
realizada em condições de alta umidade as manchas podem apresentar-se
recobertas por conidióforos e conídios do fungo. No armazenamento em
câmaras frias a doença causa a desidratação de tubérculos e pode estar asso-
ciada a patógenos dos Gêneros Fusarium, Pectobacterium e Dikeya.
Ciclo da doença
A sarna prateada é transmitida principalmente por batatas-semente in-
fectadas, sendo comum sua presença em material importado. A doença é
favorecida por temperaturas acima de 5°C e umidade elevada (90%). Após
a germinação dos conídios o fungo penetra nos tubérculos pelas lenticelas
ou pela epiderme, antes da colheita e continua seu desenvolvimento durante
o armazenamento. A doença pode ser intensificada pelo atraso na colheita.
Além da batateira o fungo é relatado em leucena (Leucaena leucocepha-
la), Solanum sp. e Solanum viride. Sabe-se que H. solani pode sobreviver
em restos de cultura e diferentes substratos orgânicos como folhas mortas
de aveia
Manejo
Entre as medidas e a serem considerados para o manejo da sarna pra-
teada destacam-se
137
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Introdução
A sarna pulverulenta afeta diretamente os tubérculos reduzindo o seu
valor comercial ou inviabilizando-os para o mercado. A doença já foi ob-
servada em varias regiões produtoras brasileiras, sendo sempre associada
ao plantio de batata-semente infectada.
Etiologia
Spongospora subterranea (Wallr.) Lagerh) é um parasita obrigado que
pertence ao Filo Protozoa, Classe Plasmodiophoromycetes, Ordem Plas-
modiophorales. Apresenta cistossoros ovóides, irregulares com 19-85
µm de diâmetro. Os esporos são poliédricos com 3,5-4,5 µm de diâme-
tro, com paredes lisas, finas e amareladas. Os zoósporos responsáveis pelo
processo de infecção são ovóides, biflagelados e possuem a capacidade de
se movimentarem em água livre. Os cistossoros atuam como estruturas de
resistência que permitem o patógeno sobreviver no solo por períodos de
3 a 10 anos e são facilmente disseminados por tubérculos infectados, es-
138
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Sintomas
Os sintomas iniciais da doença manifestam-se através de pequenas
manchas de cor clara na superfície do tubérculo. Em seguida, estas se
convertem em pústulas abertas, escuras, arredondadas e com bordas ir-
regulares compostas por fragmentos da epiderme. Os centros das lesões
são deprimidos apresentando tecidos irregulares e esponjosos. Nas raízes,
formam-se galhas (0,5 a 1,5 cm) escuras e enrugadas que reduzem o vigor
das plantas. Associados às lesões encontram-se zoósporos e cistossoros.
As lesões causadas pela doença favorecem a entrada de outros agentes
causadores de podridões como Fusarium spp, Pectobacterium spp e Dicke-
ya spp que podem dificultar o diagnóstico.
Ciclo da doença
A presença de raízes de hospedeiros suscetíveis estimula germina-
ção dos esporos e a produção de um zoósporo primário. Esses ao pe-
netrarem as raízes e estolões formam plasmídios multinucleados que
produzem zoósporos secundários que são os responsáveis pela infec-
ção de raízes e tubérculos. Os zoósporos secundários induzem a célula
hospedeira a formar galhas, no interior das quais formam-se esporos
de repouso.
A sarna-pulverulenta é favorecida por solos frios e úmidos, tempera-
turas na faixa de 11 a 18°C e pH do solo entre 4,7 a 7,6. A cultura da ba-
tata é mais suscetível à doença no período de três a quatro semanas após o
inicio da tuberização. A doença é típica de climas temperados e tropicais
de altitude, podendo ser limitante em condições de baixas temperaturas e
umidade elevada. Não se conhece cultivares resistentes à doença.
Entre os hospedeiros de S. subterranea descritos pela literatura desta-
cam-se o tomate (Solanum lycopersicum), o pimentão (Capsicum annuum),
o nabo (Brassica rapa subsp. rapa), a canola (Brassi canapus), o agrião
(Nasturtium sp.) e plantas invasoras como maria pretinha (Solanum ame-
ricanum), Solanum sp. e figueira do inferno (Datura stramonium).
139
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Manejo
As principais medidas recomendadas para o manejo da sarna pulveru-
lenta são:
• Plantio de batata-semente sadia. A exclusão é uma das medidas mais
importantes para evitar a entrada e a disseminação da doença.
• Optar por cultivares com algum nível de resistência a doença. A cul-
tivares Ludmilla e Markies são consideradas tolerantes a sarna pul-
verulenta.
• Preparo correto do solo. Eliminar possíveis compactações.
• Realizar o plantio em solos leves e livres do acúmulo de umidade.
• Irrigação controlada. Evitar altos níveis de umidade nos primeiros 50
dias do ciclo. Em condições extremas, a irrigação deve ser suspensa
para evitar que a doença seja disseminada por toda cultura.
• Eliminar plantas voluntárias, restos de cultura e hospedeiros inter-
mediários.
• Rotação de cultura por 5 a 10 anos.
• A adição de fontes de enxofre e zinco no solo pode reduzir a severi-
dade da doença.
• Aplicar fungicida registrado em dose única no sulco de plantio ou
parcelada no plantio e no colo da planta antes da amontoa.
• Eliminar e destruir tubérculos infectados.
• Evitar ferimentos aos tubérculos durante a colheita.
• Impedir a circulação de implementos e pessoas provenientes de áreas
infestadas.
• Evitar o uso de implementos, ferramentas, botas e caixas utilizados em
áreas infestadas. Realizar a lavagem e a desinfestação dos mesmos.
• Promover condições adequadas de temperatura, umidade, circulação de
ar e higiene durante o armazenamento de batata-semente e tubérculos.
Introdução
A murcha de Fusarium é uma das doenças mais comuns na cultura
da batata. A doença pode causar falhas na germinação, morte de plan-
140
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Etiologia
Várias espécies do gênero Fusarium podem estar relacionadas à cul-
tura da batata causando prejuízos no campo e durante o armazenamen-
to. A doença pode estar associada às espécies Fusarium solani (Mart.)
Sacc., Fusarium avenaceum (Fr. : Fr.) Sacc., Fusarium solani f. sp. eumar-
tii (C.W. Carp.) W.C. Snyder & H.N. Hansen e Fusarium oxysporum f.
sp. tuberosi Snyder et Hansen. O gênero Fusarium possui micélio vigoro-
so que pode variar do branco ao roxo, apresenta hifas septadas e produz
macro e microconídios curvos, fusiformes, septados ou não. Apresenta
ainda estruturas de resistência denominadas clamidósporos que podem
perpetuar o patógeno no solo por longos períodos.
Sintomas
A Murcha de Fusarium é caracterizada pela murcha progressiva das
plantas; escurecimento externo das hastes e descoloração dos tecidos vas-
culares de hastes e tubérculos. Clorose, bronzeamento das folhas, forma-
ção de tubérculos aéreos e escurecimento das gemas (olhos negros) tam-
bém são sintomas típicos.
A podridão seca de tubérculos é observada durante o armazena-
mento, e está associada principalmente as espécies F. solani e F. alve-
naceum. Os sintomas da doença são expressos por lesões e pelo apodre-
cimento generalizado dos tubérculos, escurecimento dos tecidos inter-
nos e presença de bolor branco-rosado sobre as lesões. A doença afeta
diretamente a aparência dos tubérculos e reduz o rendimento devido
o descarte de tubérculos doentes. De maneira geral, a infecção ocorre
através de ferimentos na colheita e os sintomas se tornam evidentes
durante o armazenamento. A associação com outros patógenos como
Helminthosporium solani, Pectobacterium spp., Dikeya spp, pode tornar
as perdas mais significativas.
141
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Ciclo da Doença
As diferentes espécies de Fusarium podem sobreviver no solo por lon-
gos períodos, infectando plantas e tubérculos. Plantio em solos infestados,
uso de sementes infectadas e armazenamento inadequado dos tubérculos
favorecem a infecção. No campo o fungo penetra através das raízes colo-
nizando rapidamente o sistema vascular. Nos tubérculos o fungo penetra
através de ferimentos causados durante a colheita, sendo os sintomas ob-
servados durante o armazenamento.
A doença é favorecida por temperaturas ao redor de 25°C, umidade
relativa em torno de 60-75% e solos ácidos.
Manejo
Para o manejo da murcha de Fusarium e podridão seca recomenda-se:
• Evitar o plantio em área com histórico recente da doença.
• Plantio de sementes sadias.
• Quando possível optar por cultivares com algum nível de resistência.
As cultivares Asterix e Markies são consideradas tolerantes a doença.
• Tratamento de sementes com fungicida registrado.
• Uso de adubação equilibrada e pH adequado (6,0-6,5). Utilizar adu-
bos de liberação lenta. Elevados níveis de adubação nitrogenada pode
aumentar a suscetibilidade à doença.
• Evitar ferimentos às plantas durante os tratos culturais.
• Irrigação equilibrada. Plantas de batatas ficam mais suscetíveis à
doença em condições de estresse hídrico.
• Impedir a circulação de implementos e pessoas provenientes de áreas
infestadas.
• Colher tubérculos completamente maduros. Evitar ferimentos nos
tubérculos durante a colheita e o armazenamento.
• Eliminar tubérculos remanescentes no campo, plantas voluntarias e
hospedeiras alternativas e tubérculos doentes.
• Promover condições adequadas de temperatura, umidade, circulação
de ar e higiene durante o armazenamento de batata-semente e tubér-
culos.
• Lavar e desinfestar implementos, ferramentas, equipamentos de la-
vagem e classificação.
142
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Introdução
No Brasil, a murcha de Vertícillium é considerada uma doença espo-
rádica na cultura da batata, sendo relatada principalmente nos estados de
São Paulo e Rio Grande do Sul. A doença pode causar redução significa-
tiva na produtividade e no tamanho dos tubérculos.
Etiologia
O ascomiceto Verticillium dahliae Kleb. apresenta micélio hialino sep-
tado e ramificado, conídios simples unicelulares ovais e hialinos. Trata-se
de um fungo polífago que pode parasitar mais de 400 hospedeiros incluin-
do espécies herbáceas anuais (hortaliças, ornamentais, cereais etc) e pere-
nes (frutíferas, florestais etc). Esse pode sobreviver por longos períodos no
solo associado à matéria orgânica ou através de estruturas de resistência
denominadas microescleródios.
Sintomas
A doença causa amarelecimento e seca de folhas e folíolos, murcha pro-
gressiva, escurecimento dos vasos condutores, necroses em hastes e morte de
plantas. Tubérculos afetados podem apresentar descoloração vascular casta-
nha semelhante às hastes. A doença pode Além de redução na produtividade
Ciclo da Doença
Verticillium dahliae infecta a planta através das raízes e coloniza o sis-
tema vascular, resultando em uma menor absorção de água e nutrientes.
Como conseqüência ocorre o amarelecimento prematuro da folhagem,
murcha progressiva e a morte de prematura de plantas. A doença é mais
severa em plantas mal nutridas e em situações de estresse favorecida por
constantes mudanças climáticas e falta de água. O agente causal pode so-
breviver no solo associado à matéria orgânica, na forma de microescleró-
dios e no interior de tubérculos.
A doença é favorecida por temperaturas que variam de 21 a 28° C e alta
umidade do solo. Essa pode ocorrer isolada ou em complexo com outras
143
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Manejo
Para o manejo da murcha de Verticillium recomenda-se:
• Plantio de batata-semente sadia.
• Adubação equilibrada
• O uso de nitrogênio amoniacal e níveis adequados de manganês, co-
bre e zinco podem reduzir a doença.
• Rotação de culturas com gramíneas e/ou adubos verdes por 3 a 4
anos.
• Evitar irrigações excessivas e injúrias às plantas durante os tratos cul-
turais.
• Eliminar e destruir de restos de cultura e plantas voluntárias.
• Manejo adequado dos nematóides.
• Eliminar tubérculos remanescentes, plantas voluntarias e hos-
pedeiras alternativas tais como figueira do inferno (Datura stra-
monium), maria pretinha (Solanum americanum), fisális (Physalis
sp.), joá vermelho (Solanum incarceratum), jurubeba (Solanum
paniculatum).
• Em áreas afetadas pela doença antecipar a colheita com o objetivo de
reduzir as perdas e impedir o aumento do inóculo na área.
• Lavar e desinfestar botas, equipamentos e implementos utilizados
em áreas infestadas.
Introdução
O mofo branco ocorre em áreas intensamente cultivadas e sujeitas à
alta umidade e temperaturas amenas. A doença encontra as condições
144
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Etiologia
O ascomiceto Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary apresenta micélio
vigoroso de coloração branca e produz estruturas de resistência denomi-
nadas escleródios Esses são grandes (20-10 mm de diâmetro), lisos, com
formatos que variam do arredondado ao irregular. Os escleródios além de
germinarem diretamente no solo possuem a capacidade de produzir apo-
técios em condições específicas. Os apotécios são corpos de frutificação
que produzem ascósporos que são ejetados e em seguida dispersos pelo
vento ou água. Esses, em contato com a planta germinam e dão início à
infecção. Os ascósporos podem sobreviver por até duas semanas antes de
iniciar uma infecção. A sobrevivência de escleródios está intimamente
relacionada com o tipo de solo; pH; cultura anterior; sua localização no
perfil do solo; umidade e temperatura e de presença de micro-organismos
que causam sua degradação.
Sintomas
Os sintomas da doença se caracterizam por lesões úmidas, recobertas de
micélio branco e escleródios negros que afetam folhas e hastes. Nas hastes,
as lesões tendem a anelar as hastes culminando com a murcha e morte das
mesmas. A doença causa também a destruição da medula interna do caule
que se torna parda e repleta de escleródios negros no seu interior. Os escle-
ródios são estruturas de resistência que podem germinar e produzir micélio
ou apotécios. O micélio é produzido em condições de alta umidade e tem-
peraturas na faixa de 21 a 25° C. O micélio cresce na superfície do solo,
colonizando inicialmente folhas senescentes próximas do solo e em seguida
tecidos sadios. Os apotécios são produzidos em condições de alta umidade e
temperaturas em torno de 11 a 20º C. Estes liberam os ascósporos que uma
vez ejetados atingem e infectam a parte aérea das plantas. Os escleródios
podem sobreviver no solo por períodos de 6 a 8 anos.
S. sclerotiorum tem um amplo espectto de plantas hospedeiras, sendo
relatada em mais de 350 espécies.
145
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Manejo
As principais medidas recomendadas para o manejo do mofo branco são:
• Evitar o plantio em áreas com histórico recente da ocorrência da
doença.
• Preparo adequado da área, evitando a formação de pés de grade e o
acúmulo de umidade no solo.
• Plantio de cultivares com menor desenvolvimento vegetativo.
• Evitar plantio adensado.
• Rotação de culturas por períodos mínimos de 4 anos, evitando o plan-
tio de espécies suscetíveis como feijão, tomate, soja, girassol, entre
outras.
• Irrigação controlada nos períodos críticos à doença.
• Adubação equilibrada. A doença é favorecida pelo excesso de aduba-
ção nitrogenada. Nestas condições, a cultura apresenta desenvolvi-
mento vegetativo, excessivo o que favorece a formação de micro-cli-
ma favorável ao desenvolvimento da doença.
• Aplicação de fungicidas registrados.
• Eliminar e destruir restos de culturas infestados
• Impedir o tráfego de implementos e pessoas provenientes de áreas
infestadas.
• Lavar e desinfestar ferramentas, implementos e botas.
Etiologia
O ascomiceto Calonectria brassicae (Pamwar & Bohra) Lombard, M.J.
Wingf. & Crous. (Sin. Cylindrocladium clavatum Hodges & L.C. May)
possui conídios cilíndricos, hialinos e uni-septados com 37,6-47,9 x 3,4-
5,6 μm de diâmetro. Além da batata o fungo é relatado nas culturas do
pimentão, pimenta, mandioca, eucalipto, soja etc.
146
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Sintomas
As lesões são irregulares levemente depressivas e de coloração parda
a negra. No centro das lesões pode ser mais claro e pode estar recoberto
por conídios e conidióforos do fungo. A doença é observada com maior
freqüência em solos de cerrado, principalmente em áreas anteriormente
cultivadas com soja, amendoim, ervilha e soja, que também são hospedei-
ras do patógeno.
Ciclo da doença
O gênero Calonectria agrupa parasitas facultativos que, devido à capa-
cidade de produzir microescleródios, tanto em meio de cultura artificial,
como no solo e sobre os hospedeiros, sobrevivem às mais adversas condi-
ções ambientais. As estruturas infectivas germinam e, penetram direta-
mente pelas lenticelas presentes na superfície dos tubérculos, não sendo
necessária da existência de ferimentos.
O olho pardo é favorecido por temperaturas ao redor de 25°C e alta
umidade. O processo infeccioso ocorre no campo, porém os sintomas, na
maioria das vezes, são observados somente na pós-colheita. A associação
do olho pardo com outros patógenos como Helminthosporium solani, Fu-
sarium spp, Pectobacterium spp e Dikeya spp, pode causar perdas significa-
tivas durante o armazenamento e a comercialização.
Manejo
As principais medidas recomendadas para o controle do olho pardo são:
• Plantio de sementes sadias.
• Evitar o plantio em área com histórico recente da doença
• Optar por cultivares com algum nível de resistência. Em estudo com
inoculação do agente causal em tubérculos de batata as cultivares
Caesar, Ibituaçú e Asterix foram as mais tolerantes enquanto que
Ágata e Itararé as mais suscetíveis;
• Rotação de culturas.
• Colher tubérculos com a pele firme.
• Evitar ferimento dos tubérculos durante a colheita e armazenamento.
• Eliminação e destruição de tubérculos doentes.
• Lavar e desinfestar caixas, equipamentos de lavagem e classificação.
147
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Introdução
No Brasil, a podridão aquosa foi observada pela primeira vez no estado
de São Paulo em 2006 e posteriormente em outros estados produtores. A
doença pode afetar a cultura da batata em qualquer estado de desenvolvi-
mento, causando perdas significativas em pré e pós-colheita, principal-
mente sob temperaturas altas e alta umidade do solo.
Etiologia
A podridão aquosa pode estar associada a diversas espécies do gênero
Globisporangium tais como: Globisporangium ultimum (Trow) Uzuhashi, Tojo
& Kakish (Sin. Pythium. ultimum Trow); Globisporangium splendens (Hans
Braun) Uzuhashi, Tojo & Kakish. (Sin. Pythium splendens Hans Braun), Glo-
bisporangium sylvaticum (W.A. Campb. & F.F.Hendrix) Uzuhashi, Tojo &
Kakish. (Sin. Pythium sylvaticum W.A. Campb. & F.F. Hendrix), Pythium
aphanidermatum (Edson) Fitzp., e Pythium deliense Meurs.
A maioria das espécies citadas possuem um grande numero de hos-
pedeiros, o que limita a escolha de espécies a serem utilizadas na rotação
de culturas. Destaca-se ainda Pythium spp. têm elevada capacidade de
produzir estruturas de resistência denominadas oósporos, que podem
permanecer viáveis no solo por longos períodos.
Sintomas
Os sintomas iniciais são caracterizados por pequenas lesões escuras
que se observam sobre a superfície dos tubérculos. Os tubérculos afetados
podem apresentar apodrecimento generalizado e eliminar um vazamento
aquoso geralmente sem odor fétido. Os tubérculos infectados quando cor-
tados assumem rapidamente uma coloração negra. A doença pode ainda
gerar estandes irregulares devido a baixa emergência e em algumas cir-
cunstâncias causar a murcha e a morte de plantas no campo e o apodreci-
148
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
Ciclo da Doença
O gênero Globisporagium é muito comum no solo e pode atacar um
grande numero culturas. O patógeno penetra nos tubérculos através feri-
mentos durante as operações de plantio, tratos culturais e colheita. Após o
período infeccioso o mesmo pode sobreviver no solo por longos períodos,
graças à produção de esporos de resistência, denominados oósporos.
A doença é favorecida por temperaturas elevadas na faixa de 25 a 32°C
e alta umidade. Temperaturas abaixo de 10°C e solos drenados podem
dificultar o processo infeccioso. A disseminação do agente causal ocorre
através de batatas-sementes contaminadas, água de chuvas e irrigação,
implementos, ferramentas etc.
As principais medidas recomendadas para o manejo da podridão aquo-
sas são:
• Plantio de sementes sadias.
• Evitar o plantio em áreas com histórico recente da doença
• Plantio em áreas drenadas e não sujeitas ao acúmulo de umidade.
• Adubação equilibrada. Monitorar a adubação nitrogenada para evi-
tar o crescimento vegetativo excessivo. Níveis adequados de cálcio e
silício podem reduzir a doença. A podridão aquosa é desfavorecida
por pH do solo acima de 7,0. Resultados de pesquisa tem provado
que o uso de fosfito de potássio pode reduzir a doença.
• Irrigação equilibrada, principalmente nas semanas que antecedem a
colheita.
• A colheita não deve ser realizada em dias muito quentes e úmidos.
Os tubérculos devem estar maduros e a pele completamente definida.
• Evitar que os tubérculos fiquem expostos ao sol por muito tempo an-
tes do armazenamento.
• Evitar ferimentos durante a colheita, transporte e beneficiamento.
• Os tubérculos doentes devem ser eliminados e destruídos.
• Rotação de culturas por no mínimo 4 anos, para redução do inóculo
na área.
149
BATATA
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS E MANEJO SUSTENTÁVEL
Controle químico
O uso de fungicidas registrados para o controle de doenças fúngicas na
cultura da batata deve ser realizado dentro de programas de controle inte-
grado e deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto à dose,
estádio fenológico, tecnologia de aplicação, uso de equipamento de proteção
individual (EPI), armazenamento de produtos e descarte de embalagens.
Para evitar a ocorrência de fungos resistentes a fungicidas recomenda-
-se que produtos com mecanismo de ação específicos sejam utilizados de
forma alternada ou formulados com produtos multissítios e que se evite
o uso repetitivo de produtos com o mesmo mecanismo de ação. Deve-se
evitar também a aplicação de
O uso de fungicidas no controle da rizoctoniose, murcha de Fusarium e
sarna pulverulenta podem ser realizados através do tratamento de semen-
tes, aplicação em sulco, ou ainda através de aplicação nas hastes antes da
amontoa. O tratamento apresenta caráter preventivo e foca diretamente o
patógeno presente no solo ou associado à batata-semente. Em áreas com
histórico de mofo branco, a aplicação de fungicidas deve ser iniciada assim
que se inicie o fechamento da cultura.
Controle biológico
O controle biológico caracteriza-se pela intervenção de organismos
não patogênicos no sitio de infecção, de forma a impedir ou limitar a ação
do patógeno, bem como aumentar a resistência do hospedeiro. Na cul-
tura da batata o emprego de Trichoderma sp. utilizado no tratamento de
sementes, aplicado no sulco de plantio ou no momento da amontoa pode
reduzir a severidade de doenças de solo causadas por fungos dos gêneros
Fusarium, Sclerotinia, Verticillium e Rhizoctonia.
Estudos têm provado que o uso de formulações de Bacillus subtilis po-
dem ser efetivas no controle do mofo branco e sarna prateada na cultura
da batata.
150
Doenças fúngicas da batata
Jesues G. Töfoli • Ricardo J. Domingues
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VIROSES DA BATICULTURA
Renate Krause Sakate
FCA/UNESP – Botucatu – SP
Introdução
Devido ao sistema de propagação vegetativa, os problemas fitossani-
tários da bataticultura se concentram no material de propagação: tubér-
culos/batata-semente, isto é, tubérculos-filhas (ou progênies) infectados,
produzidos por planta-mãe (planta-cova) infectada por vírus, bactérias,
fungos ou outras pragas durante o ciclo (transmissão vertical ou infecção
primária).
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ocorrer no final do ciclo, a planta pode não mostrar nenhum sintoma, mas
pode haver translocação dos vírus para os tubérculos. No entanto, existem
casos em que plantas infectadas no início do ciclo da cultura, como plan-
tas emergidas a partir de brotos contaminados, são severamente afetadas
podendo apresentar alterações semelhantes às observadas nos sintomas
secundários.
Na infecção secundária, a intensidade dos sintomas pode ocorrer em
função da insolação, variedade e idade da planta geralmente aos 20 – 30
dias após a emergência. Os sintomas secundários ocorrem principalmente
nas folhas inferiores e as demais folhas formam um ângulo agudo em rela-
ção à parte superior da planta, que fica enfezada, com internódios curtos e
maior ramificação, produzindo tubérculos pequenos e escassos e apresen-
tando, em alguns casos, clorose, arroxeamento das bordas dos folíolos e
necrose dos vasos próximos do estolão (Figura 2A e B).
Figura 2. Planta de batata cv Bintje, infectada pelo Potato leafroll virus (PLRV), espécie de
Polerovirus. Sintomas da infecção secundária (vertical) em que o vírus perpetua via tubér-
culo/batata-semente (A). Destaca-se na sintomatologia da infecção pelo PLRV, o amarele-
cimento internerval e enrolamento (para cima) das folhas baixeiras (tornam-se corticosas);
sendo que o arroxeamento do bordo foliar é também parte desse quadro sintomatológico,
devido acumulo de anticianina e carbohidratos, decorrente do bloqueio que o PLRV causa
nos vasos de floema da planta (B).
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tro difícil de ser estimado, sujeito a muitas variações, portanto autores têm
optado por trabalhar com o período médio de latência chamado LP50. O
pulgão Macrosiphum euphorbiae é altamente ineficiente para transmitir o
PLRV, o que não ocorre com Myzus persicae. Entretanto, após se alimen-
tar em plantas infectadas, uma quantidade razoável de partículas pode ser
detectada em M. euphorbiae. Essas observações sugeriram primeiramente
que a especificidade vírus-vetor seria determinada não propriamente pela
falha do vetor em adquirir o vírus e que a maior barreira não estaria no in-
testino do inseto, mas sim na eficiência das glândulas salivares acessórias.
Portanto, a especificidade vírus-vetor depende de três fatores principais:
a) restrição de partículas de vírus no floema; b) habilidade das partículas
virais em passar da hemolinfa para a saliva; e c) estabilidade da partícula
viral no intestino, na hemolinfa e na saliva do inseto.
A bactéria endossimbionte do gênero Buchnera presente no inseto tam-
bém interfere na transmissão do PLRV através do pulgão Myzus persicae.
Essa bactéria teria um papel fundamental na determinação da natureza de
persistência do vírus no vetor, e a proteína denominada simbionina seria
um ponto chave para essa interação.
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Figura 3. (A) Plantas de batata cv Atlantic, com infecção de perpetuação do Potato virus Y
(PVY), Potyvirus. Os sintomas da infecção geralmente são observados na forma de clorose ou
amarelecimento do limbo foliar, de folíolos apicais; (B) As folhas sintomáticas apresentam
ligeira ondulação do limbo foliar; sugerindo aprofundamento e enrugamento das nervuras
secundárias; Notar que esses sintomas foliares, genericamente denominado de “mosaico”,
são de difícil reconhecimento em campo, principalmente em dias ensolarados, sendo neces-
sária o sombreamento da planta para facilitar e permitir a observação, reconhecimento da
planta infectada. (C) O vírus PVYN é reconhecido biologicamente pela expressão de necrose
em nervuras das folhas de plantas-testes de fumo (Nicotiana tabaccum cv Turkish)
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dos “gema”, “muda”, “talo”, “estaca”, “haste” etc. É uma estrutura dife-
renciada que se desenvolve inicialmente a partir dos “olhos” localizados
na “roseta” ou seja, na parte extrema, apical, dos tubérculos. Os olhos da
parte mediana até a região do estolão emitem brotos de forma mais precoce
ou mais tardia, em maior ou menor quantidade, mais ou menos vigoroso,
sempre em função da interação de diferentes fatores, tais como: genéticos,
temperatura de armazenamento; idade fisiológica, ação de agentes quími-
cos (gás bissulfureto de carbono, rendite, resíduo de herbicida, hormonais
etc.) ou de microorganismos (ex. fusariose). Entre esses fatores estimu-
lantes (promotores) de brotação, inclui-se também a própria desbrota, ou
seja, a retirada dos brotos apicais (dominantes), que resultam em rebrota
num mesmo olho e emergência de brotos em outros olhos do tubérculo.
No Brasil, produtores de batata-semente, geram um grande volume de
brotos ao prepararem os lotes de tubérculos/batata-semente, geralmente
das classes mais altas de sanidade, como é a “classe Básica”. Os lotes de
tubérculo/batata-semente classificados como básico é geralmente de ori-
gem nacional ou importada.
Entre os inovadores sistemas de produção de batata-semente básica, o
sistema que se utiliza de broto como “semente”, para produção e multipli-
cação de estoques básicos de batata-semente, seja na forma de minitubér-
culos ou tubérculos de tamanho normais, produzidos dentro de telados
anti-afídeos, destaca-se a “Tecnologia do Broto/Batata-semente”.
A inovação que a “Tecnologia do Broto/Batata-semente” apresen-
ta éa de fazer uso do broto como um material adicional na produção de ba-
tata-semente básica, em larga escala, sem prejudicar, ou até melhorar o tu-
bérculo/batata-semente no qual os brotos se desenvolvem. Nessa tecno-
logia, os brotos passam a ser utilizados como um material de propagação
adicional àquele que foi produzido como tal: Tubérculo/Batata-semente.
Passa a ser então, um sub-produto a ser obtido “em cima”, ou “na mesma
plataforma” dos sistema de produção de batata-semente básica, na forma
convencional de tubérculo-semente. Passa-se a ter dois e não apenas um
material de propagação a partir do sistema tradicional de produção de ba-
tata-semente básica: Tubérculos e Brotos.
Ao ser avaliado e aperfeiçoado, tanto por produtores de alta e média
infra-estrutura, sob diferentes níveis de qualificação tecnológica, a tecno-
logia do broto/batata-semente vem sendo, cada vez mais, uma inovadora
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Considerações Finais
Dentre os inúmeros problemas fitossanitários que afetam a cultura da
batata estão às moléstias causadas por vírus, conforme se nota pelos inú-
meros autores que atribuíram e atribuem às viroses os mais sérios prejuí-
zos econômicos que se verificavam na cultura da batata, principalmente
no que se refere à degenerescência da batata-semente. A cultura da batata
é afetada por mais de 40 diferentes espécies de vírus, relatadas em várias
localidades produtoras do mundo. Apesar do grande número de vírus ca-
pazes de infectar a batateira, poucos vírus destacam-se como causadores
de doenças importantes, tanto no Brasil como em outras partes do mundo.
Dentre os poucos vírus causadores de degenerescência da batata-semente
no mundo, destacam-se o PLRV e o PVY como os mais importantes. Em
menor escala aparece o PVX e o PVS, estes dois vírus são considerados
causadores de perdas não significativas economicamente e de modo geral
estão ausentes ou raramente encontrados em batata-semente produzida
sob sistema de certificação no Brasil. Enquanto no Brasil esses dois vírus
não estão presentes, praticamente, e, portanto com índices de tolerância
inferior a 5% na batata-semente de menor classificação (Certificada de 2ª
geração), em outros países, destacando-se os países do Cone Sul, o per-
centual oficial de tolerância chega a ser 10 vezes superior. Conforme ante-
riormente mencionado, há países da América do Norte em que níveis de
100% do PVS e, ou PVX são considerados passíveis de classificação como
batata-semente o que torna necessário proteger a bataticultura nacional
contra a introdução de sementes com baixa qualidade fitossanitária, que
poderiam comprometer os campos brasileiros de produção.
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Marcelo Eiras
Laboratório de Fitovirologia e Fisiopatologia, Centro de Pesquisa de Sanidade
Vegetal, Instituto Biológico, São Paulo, SP. E- mail: eiras@biologico.sp.gov.br
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Métodos de detecção
A detecção dos viroides, incluindo o PSTVd, se baseia em técnicas bio-
lógicas e moleculares. Os viroides, ao contrário dos vírus, não possuem
capa proteica e não codificam proteínas, sendo constituídos exclusiva-
mente por moléculas de RNA, o que impossibilita o uso de técnicas soro-
lógicas para o seu diagnóstico (Eiras, 2012). As principais técnicas empre-
gadas para a detecção do PSTVd são: (i) inoculação mecânica em plantas
indicadoras, principalmente o tomateiro ‘Rutgers’, que é suscetível ao
PSTVd; (ii) dupla eletroforese em géis de poliacrilamida (PAGE), técnica
bastante utilizada, que se baseia na estrutura e propriedades físico-quími-
cas dos viroides e visa à separação das moléculas de RNA circulares das
moléculas lineares; (iii) hibridização com sondas específicas de RNA ou
de DNA (dot-blot ou northern-blot); (iv) RT-PCR empregando-se primers
específicos para o PSTVd ou primers universais para o gênero Pospiviroid,
seguido ou não de sequenciamento para confirmar a identidade dos frag-
mentos amplificados; e (v) RT-PCR em tempo real, que tem apresentado
elevada especificidade e sensibilidade para a ampla detecção de isolados
do PSTVd (Boonham et al., 2004). É importante lembrar que, indepen-
dentemente do método de diagnóstico empregado, os controles (negativo
e positivo) são necessários para a correta interpretação e validação dos re-
sultados (Eiras, 2012). Os métodos de detecção de viroides estão direta-
mente relacionados ao sucesso dos principais métodos de controle, que
se baseiam em programas de indexação e certificação de batata-semente
sadias (Owens, 2007; Eiras, 2012).
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BATATA
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PRAGAS DA BATATA
Geraldo Papa
Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” – UNESP
Ilha Solteira – SP
gpapa@bio.feis.unesp.br
Rui Furiatti
Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR
furiatti@myzus.com.br
Introdução
A batata é hospedeira de diversos insetos e ácaros, os quais podem cau-
sar expressivos danos, dependendo das condições climáticas e da varieda-
de cultivada. No entanto, a importância de cada espécie varia nas diferen-
tes regiões produtoras dos três estados do sul do Brasil.
Entre as espécies de insetos de maior importância econômica encon-
tram-se os afídeos, a mosca-minadora, a mosca-branca e traça-da-batata.
Os primeiros têm grande importância na produção de batata-semente,
193
BATATA
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Pragas da batata
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Curl Virus) e TYMV (T. Y. L. Mosaic V.), entre outros. Na batata te-
mos registros de ocorrência de mosaico causando deformação das fo-
lhas de batata no Rio Grande do Sul. Daniels et al. (1985) sugeriram
que os sintomas eram semelhantes aos observados em batatais na Ar-
gentina, conhecido como mosaico-deformante-da-batata. No entanto,
não havia suspeita de transmissão por B. tabaci. No final da década de
1980, a batata-semente (Achat) plantada em São Paulo com semente
proveniente do Rio Grande do Sul, mostrou alta incidência do mosai-
co-deformante com identificações preliminares de que se tratava de
geminivírus, com transmissão pela B. tabaci confirmada. Souza-Dias
et. al. (2007) registraram a presença do Tomato Severe Rugosevirus(-
ToSRV) em batata na região de Campinas. Esses autores observaram
que onde há cultivo de tomate intercalado ao cultivo de batata há o
risco de transmissão do vírus e possível queda na produção em batata
consumo.
Em áreas comerciais até o momento não se encontram plantas com sin-
tomas característicos das viroses citadas. No entanto, não temos certeza
de que isso é verdade para todo o país. As raças atuais de B. tabaci pre-
sentes no Brasil podem vir no futuro transmitir em larga escala, vírus já
adaptados à cultura como também aqueles provenientes do nosso próprio
meio, como já ocorreu no tomate.
Entre os fatores responsáveis pelo aumento da população da B. tabaci
capaz de levá-la a condição de praga estão: sobreposição de estações de cul-
tivo durante o ano; temperaturas elevadas; plantas hospedeiras adequadas
e ambientes com grande estresse por pesticidas. Entretanto, os fatores que
contribuíram ou têm contribuído para o aumento da importância da B.
tabaci na agricultura são assunto de grande controvérsia.
Dentro do manejo da B. tabaci, o monitoramento constante da popu-
lação é fundamental. Há várias formas descritas para o monitoramento
do adulto do inseto, como as armadilhas adesivas, inspeções foliares ou o
auxílio de coletor a vácuo, entre outras. O monitoramento do adulto pode
mostrar a tendência geral de uma população em grandes áreas, revelar a
taxa de imigrações nos campos e a dispersão dos adultos. Já a amostragem
das ninfas e “pupas”, embora bastante trabalhosa, tem a vantagem de for-
necer uma melhor estimativa da densidade populacional atual da B. tabaci
no campo.
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tamente abrem minas nas folhas, que de início são estreitas, e vão se alar-
gando à medida que as larvas crescem. As minas se entrecruzam, e às vezes,
as larvas penetram nas nervuras principais e até mesmo no pecíolo da folha,
principalmente quando há um grande número de larvas por folha. As minas
podem se apresentar serpentiformes ou até mesmo expandidas.
As pupas de L. huidobrensis ocorrem nas folhas, caules ou mais comu-
mente no solo, permanecendo nesse estágio de nove até 15 dias, em média,
dependendo da temperatura. Ocorre grande mortalidade de pupas com
96% de umidade relativa do ar, sendo o ideal em torno de 70%. O ciclo
completo de L. huidobrensis varia de 21 a 28 dias, dependendo das condi-
ções climáticas.
A fêmea se alimenta do conteúdo celular que exsuda de perfurações
realizadas por ela nas folhas; curvando o abdome perpendicularmente à
mesma e realizando movimentos rápidos com o ovipositor. Essas perfura-
ções, denominadas puncturas, são alargadas através de torções do abdome
e ocorrem em ambas as páginas das folhas, com maior incidência na pági-
na superior.
As puncturas têm sido utilizadas como indicativo para o controle de
adultos e larvas da mosca, porém, dependendo da temperatura (ideal en-
tre 20 e 270C), pode não haver posturas, como se observa a partir do início
do outono na região sul. Além disso, a proporção entre as puncturas de
alimentação e oviposição varia entre 1:1 até 1:40. A presença de punc-
turas pode ser importante no monitoramento da mosca minadora, desde
que se observe, para cada microrregião, os dados climáticos e o histórico
de ocorrência do inseto. É importante lembrar que as minas geralmente
aparecem primeiro nas folhas localizadas no estrato inferior das plantas,
para depois, dependendo do nível de infestação, passarem para os estratos
superiores.
As minas e puncturas ocasionadas pela mosca minadora reduzem a
área foliar, chegando a provocar a morte de folíolos, folhas ou da planta
inteira. As lesões nas folhas debilitam as plantas predispondo-as a doen-
ças fúngicas, como a Alternaria solani.
Os inimigos naturais da mosca minadora são de grande importância
no manejo da praga em áreas de batata comercial. Entre esses destacam-se
os himenópteros Halticoptera arduine (Walk), Chrysocharis phytomyzae
(Bret) e Opius sp.
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base das plantas hospedeiras e após a eclosão caminham para as raízes e tu-
bérculos para se alimentarem (ÁVILA; PARRA, 2002; GASSEN, 1986).
Os danos na cultura da batata são provocados na fase jovem, quan-
do o inseto é uma larva e em sua fase adulta. As larvas possuem hábito
subterrâneo e promovem orifícios nos tubérculos, ocorrendo a deprecia-
ção comercial e até mesmo tornando-os impróprios para consumo em
ataques mais severos. Na fase adulta, consomem a área foliar das plan-
tas, reduzindo a capacidade fotossintética da planta (LARA et al., 2004;
SILVA et al., 2010).
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Figura 6. Desfolha da batata causada pelas lagartas das espécies Spodoptera eridania e Spo-
doptera cosmioides (A), comparado com área tratada com inseticidas (B). Selvíria, MS. 2020.
Foto: Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UNESP/ Campus de Ilha Solteira.
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Controle químico
A seguir, no Quadro 1, estão descritos todos os inseticidas registrados
junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA)
para as pragas citadas nesse capitulo na cultura da batata.
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abamectina (avermectina)
acefato (organofosforado)
clorantraniliprole (antranilamida) + lambda-cialotrina (piretróide)
metaflimizona (semicarbazone)
teflubenzurom (benzoiluréia)
clorfluazurom (benzoiluréia)
indoxacarbe (oxadiazina)
metomil (metilcarbamato de oxima)
metanol (álcool alifático) + metomil (metilcarbamato de oxima)
ciantraniliprole (antranilamida)
cloridrato de cartape (bis(tiocarbamato))
triflumurom (benzoiluréia)
fostiazato (organofosforado)
Phthorimaea operculella clorfenapir (análogo de pirazol)
lufenurom (benzoiluréia)
clorantraniliprole (antranilamida)
zeta-cipermetrina (piretróide)
novalurom (benzoiluréia)
lufenurom (benzoiluréia)
alfa-cipermetrina (piretróide) + teflubenzurom (benzoiluréia)
abamectina (avermectina) + clorantraniliprole (antranilamida)
clorfluazurom (benzoiluréia)
abamectina (avermectina) + Ciantraniliprole (antranilamida)
cipermetrina (piretróide) + profenofós (organofosforado)
indoxacarbe (oxadiazina)
Espinosade (espinosinas)
metomil (metilcarbamato de oxima) + novalurom (benzoiluréia)
lambda-cialotrina (piretróide) + tiametoxam (neonicotinóide)
Epicauta atomaria
alfa-cipermetrina (piretróide)
Polyphagotarsonemus latus enxofre (inorgânico)
Ciantraniliprole (antranilamida)
piriproxifem (éter piridiloxipropílico)
acetamiprido (neonicotinóide) + etofenproxi (éter difenílico)
dinotefuram (neonicotinóide) + piriproxifem (éter piridiloxipropílico)
Abamectina (avermectina) + Ciantraniliprole (antranilamida)
acetamiprido (neonicotinóide)
Bemisia tabaci
Espiromesifeno (cetoenol)
diafentiurom (feniltiouréia)
dlupiradifurona (butenolida) + Espiromesifeno (cetoenol)
Flupiradifurona (butenolida)
acetamiprido (neonicotinóide) + bifentrina (piretróide)
acetamiprido (neonicotinóide) + piriproxifem (éter piridiloxipropílico)
cloridrato de cartape (bis(tiocarbamato))
Agrotis ipsilon clorpirifós (organofosforado)
carbaril (metilcarbamato de naftila)
Chrysodeixis includens Espinetoram (espinosinas)
Spodoptera frugiperda acefato (organofosforado)
Spodoptera cosmioides –
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Spodoptera eridania –
tiametoxam (neonicotinóide)
clorantraniliprole (antranilamida) + lambda-cialotrina (piretróide) ,
beta-Cipermetrina (piretróide)
fipronil (pirazol)
cadusafós (organofosforado)
tebupirinfós (organofosforado)
beta-ciflutrina (piretróide)
bifentrina (piretróide)
fostiazato (organofosforado)
cipermetrina (piretróide)
clorfenapir (análogo de pirazol)
clorpirifós (organofosforado)
beta-ciflutrina (piretróide) + imidacloprido (neonicotinóide)
deltametrina (piretróide)
Diabrotica speciosa lambda-cialotrina (piretróide) + tiametoxam (neonicotinóide)
acetamiprido (neonicotinóide) + etofenproxi (éter difenílico)
alfa-cipermetrina (piretróide) + Dinotefuram (neonicotinóide)
alfa-cipermetrina (piretróide)
Gama-cialotrina (piretróide)
bifentrina (piretróide) + imidacloprido (neonicotinóide)
alfa-cipermetrina (piretróide) + teflubenzurom (benzoiluréia)
alfa-cipermetrina (piretróide) + fipronil (pirazol) + piraclostrobina
(estrobilurina)
benfuracarbe (metilcarbamato de benzofuranila)
cipermetrina (piretróide) + profenofós (organofosforado)
alfa-cipermetrina (piretróide) + fipronil (pirazol)
carbaril (metilcarbamato de naftila)
acetamiprido (neonicotinóide) + bifentrina (piretróide)
lambda-cialotrina (piretróide)
tiametoxam (neonicotinóide)
Conoderus scalaris cadusafós (organofosforado)
fipronil (pirazol)
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Figura 5 – Tubérculos de batata Monalisa. A: sadios, sem nematoides; B: com lesões cau-
sadas por Pratylenchus coffeae; C: com lesões causadas por Pratylenchus brachyurus
Foto: R.K. Kubo
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ser dispersos de uma área para outra pelos tubérculos infectados. Esses
nematoides são endoparasitos e migradores, invadindo e alimentando-se
dos tecidos das raízes e tubérculos, causando lesões, necrose e cavidades.
As fêmeas permanecem se alimentando nas raízes, estabelecem um sítio
permanente de alimentação, tornam-se sedentárias, incitam a formação
de galhas e depositam os ovos. Cabe ressaltar que os juvenis de terceiro e
quarto estádio podem entrar em dormência nas raízes e tubérculos, sobre-
vivendo a condições adversas e facilitando a dispersão.
Medidas de controle
Tendo em vista que a erradicação dos fitonematoides é praticamente
impossível, o manejo integrado utiliza-se de técnicas que visam mantê-los
abaixo do nível populacional de dano econômico.
De acordo com Palomares-Rius et al. (2014), o manejo inclui todas
as medidas agronômicas, legais e genéticas aplicadas para reduzir ou
manter os números de nematoides parasitos da batata sob o limite do
nível econômico. O histórico de cultivo, análise nematológica da área
(identificação e quantificação), experiência com o solo local e expecta-
tiva de lucro são todos fatores importantes que devem ser considerados
ao se decidir sobre o manejo de nematoides. Identificação confiável,
baseada na integração das técnicas clássicas e moleculares, é decisiva
no planejamento de estratégias como rotação de culturas ou uso de cul-
tivares resistentes.
Dessa forma, para implementação de programas de manejo, necessita-
-se inicialmente a identificação taxonômica dos fitonematoides envolvidos
na cultura, bem como da sua importância, aspectos biológicos, hábitos, e
hospedeiros.
Os principais métodos que podem ser utilizados são:
1. utilização de batata semente sadia (controle preventivo);
2. rotação de culturas com plantas não hospedeiras, incluindo os adu-
bos verdes e plantas antagonistas;
3. controle químico com nematicidas granulados no plantio;
4. uso de cultivares resistentes;
5. controle biológico;
6. outras práticas culturais.
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INTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NA
CULTURA DA BATATA
Robinson Antonio Pitelli
EcoSafe Agricultira e Meio Ambiente – rapitelli@ecosafe.agr.br
Djalma Simões
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Introdução
A cultura da batata, como qualquer população natural, está sujeita aos
efeitos de uma série de fatores ecológicos que afeta seu crescimento, de-
senvolvimento e produtividade. Os fatores ecológicos podem ser (i) de na-
tureza abiótica como temperatura, luz, disponibilidade de nutrientes ou
elementos tóxicos no solo e (ii) de natureza biótica como predação, para-
sitismo, competição, alelopatia e outros. Define-se como fatores bióticos
aqueles que são decorrentes diretos da atividade dos seres vivos que coa-
bitam a cultura, como insetos-pragas, fitopatógenos, plantas infestantes,
roedores e outros.
As atuais plantas daninhas que colonizam espontaneamente áreas agrí-
colas são designadas como plantas ruderais, evoluíram a partir das antigas
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Pitelli (1985) propôs uma adaptação do esquema dos fatores que afe-
tam a relação competitiva entre culturas anuais e comunidades de plantas
daninhas (BLEASDALE, 1956; BLANCO, 1972) o qual é agora apre-
sentado na Figura 1, de outra forma mas com o mesmo conceito e conteú-
do, apenas modificado para maior facilidade de entendimento.
Figura 1. Representação esquemática dos fatores que afetam o grau de interferência en-
tre plantas daninhas e culturas agrícolas. Adaptado de Pitelli (1985).
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O período abrangido pelo PCPI é a época ideal para o controle das plantas
daninhas, pois este procedimento começa antes que a interferência se instale
e será prolongado até o momento em que a cultura já mobilizou os recursos
para o seu crescimento e produção e, também, interfere decisivamente no
crescimento das plantas daninhas. No trabalho de Costa et al. (2018), PCPI
foi dos 9 aos 22 dias. Resultados diversos têm sido observados na literatu-
ra, em função da diversidade de fatores climáticos, cultivares, comunidades
infestantes e tratos culturais. Os valores observados na literatura foram 19-
21 dias (KARIMMOJENI et al., 2014), 19 a 51 dias (AHMADVAND et
al., 2009), 19 a 65 dias (MONDANI et al., 2011) e 26-66 dias no período
chuvoso e de 20 a 61 dias no período seco (MONTEIRO et al., 2011). Ka-
rimmojeni et al. (2014) observaram valores idênticos de 19 dias para o PAI
e o PTPI em 2010, indicando que uma única operação de controle realiza-
da nesta data era suficiente para assegurar a produtividade da batata. No
entanto, esta é uma situação difícil de ocorrer e no sentido prático o que se
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Considerações finais
A batata normalmente é cultivada em área com solos bem preparados,
bem adubados e recebe irrigação adequada, criando condições ideais para
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Robinson Antonio Pitelli • Djalma Simões
Figura 4. Representações gráficas das equações de segundo grau obtidas por Costa et al.,
2018 em avaliação dos efeitos do período de convivência com a comunidade infestante
sobre a distribuição de tamanhos de tubérculos de batata.
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Robinson Antonio Pitelli • Djalma Simões
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270
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
NA BATATA
Alberto Leão de Lemos Barroso
UniRV/GEPDC
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BATATA
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Cletodim (Exemplo: É efetivo contra ampla Capim-marmelada 0,35 – 0,45 (L)* Variando
Select) GQ: oxima faixa de gramíneas anuais (Urochloa plantaginea); de acordo com o número
ciclohexanodiona e perenes, apresentando Capim-colchão (Digitaria de perfilhos das plantas
pouca ou nenhuma atividade horizontalis); e/ou tamanho Adicionar
sobre as plantas daninhas Capim-carrapicho óleo mineral emulsionavel
de folhas largas e ciperáceas. (Cenchrus echinatus); na concentração de
Altamente seletivo para Capim-pé-de-galinha 0,5%v/v.
cultura da batata. Aplicar (Eleusine indica);
uma única vez em qualquer Capim-rabo-de-raposa
estagio de desenvolvimento (Setaria geniculata);
da cultura, na pós- Capim-custódio
emergência das plantas (Pennisetum setosum);
infestantes. Capim-arroz(Echinochloa
crusgalli);
apim-camalote (Rottboellia
exaltata);
Capim-mimoso (Eragrostis
ciliaris)
Clomazona Aplicação em pré emergência Capim-marmelada 0,35 – 0,45 (L)* Variando
(Exemplo:Gamit) das plantas infestantes e da (Urochloa plantaginea) de acordo com o número
GQ: isoxazolidinona cultura. Aplicar o produto, de perfilhos das plantas
MA: Inibidores de imediatamente após a e/ou tamanho Adicionar
caroteno semeadura da cultura (plante óleo mineral emulsionavel
e aplique) em solo livre de na concentração de
torrões através de uma boa 0,5%v/v.
gradagem.
Dibrometo de diquate Dessecação na pré-colheita: ------ 1,0 L
(Exemplo:Reglone) Aplicar no mínimo 7 dias
GQ: bipiridílio MA: antes da colheita. Única
Fotosistema I aplicação durante a safra.
Dicloreto de É um herbicida para ------ 1,5 a 2,0 (L)
Paraquate (Exemplo: aplicações em pósemergência Observações:
Gramoxone) GQ: das plantas infestantes, com Na dessecação da batata,
bipiridílio MA: ação não-sistêmica (ação de não usar espalhante e
Fotosistema I contato): não pulverizar quando a
a) Em jato dirigido em folhagem estiver murcha.
culturas estabelecidas;
b) Em área total antes da Aplicação após o
semeadura, no sistema de plantio nos estádios de
plantio direto; desenvolvimento inicial
c) Em dessecação de culturas da cultura, não apresenta
atividade residual.
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Glufosinato - sal de Aplicação em pré- Caruru (Amaranthus 2,0L + 0,2 % v/v de óleo
amônio Exemplo: emergência da cultura e viridis); vegetal ou mineral
(Finale) GQ: pós emergência das plantas Picãopreto (Bidens pilosa);
homoalanina daninhas. Guanxuma (Sida Recomenda-se uma única
substituída MA: rhombifolia); aplicação por ciclo da
Inibidor da GS Aplicar em jato dirigido ou Beldroega (Portulaca cultura
na linha de plantio quando oleracea);
as plantas daninhas de folha Nabo (Raphanus
larga estiverem com 2 a 6 raphanistrum );
folhas, e as de folha estreita Carrapicho rasteiro
com até 1 perfilho. (Acanthospermum australe);
Ervaquente (Spermacoce
alata) Controle com 2 a 4
folhas
Capim-colchão (Digitaria
sanguinalis);
Capim-carrapicho
(Cenchrus echinatus)
Controle até 1 perfilho
Isoxaflutole Exemplo: Fazer a aplicação em joá-de-capote (Nicandra 100 g aplicação em solos
(Provence) GQ: préemergência das plantas physaloides) de textura média e argilos
isoxazol MA: Inibidor infestantes e da cultura, logo Guanxuma (Sida
da Biossíntese de após o plantio dessa cultura. rhombifolia Não aplicar o produto em
Carotenoides solos arenosos
Realizar no máximo 1
aplicação por ciclo da cultura
Linurom Exemplo: Aplicar somente em Carrapicho-rasteiro Aplicação em solo Médio
(Afalon) GQ: uréia préemergência da cultura (Acanthospermum australe); 2,0 L Solo Argiloso 2,2
MA: FSII e das plantas infestantes.
Realizar 1 aplicação por ciclo Carrapicho-de-carneiro
da cultura. (Acanthospermum
hispidum);
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Metribuzim A aplicação deve ser realizada Picão-preto (Bidens pilosa); 0,75 - 1,5 L
Exemplo: (Sencor) em pré-emergência total Caruru-roxo (Amaranthus
GQ: triazinona MA: (préemergência da cultura e hybridus); Beldroega (Por- Recomenda-se as menores
FSII das plantas daninhas) tulaca oleracea); Serralha doses para solos de textura
(Sonchus oleraceus); Nabo arenosa a média e as
Logo após a emergência (Raphanus raphanistrum); maiores doses para solos
da cultura e das plantas Guanxuma (Sida rhombifo- argilosos.
daninhas (com no máximo lia); Cipó-deveado (Polygo-
4 folhas) num convolvulus ); Picão- Para as aplicações após a
-branco (Galinsoga parvi- emergência da cultura, não
Pode ser aplicado de forma flora); Mentruz (Coronopus se deve aplicar sobre as
sequencial, nessa situação didymus); Corda-de-viola plantas de batata se estas
a dose total não deve (Ipomoea aristolochiaefo- estiverem com mais de 5
ultrapassar o dose máxima lia); Maria-mole (Senecio cm de altura.
recomendada. brasiliensis); Desmódio
(Desmodium tortuosoum); Restrições no estado do
Caruru-de mancha (Ama- ES; RJ e RS
ranthus viridis );Apaga-fogo
(Alternanthera tenella);
hortelã (Hyptis lophanta);
Erva-quente (Spermacoce
latifólia); Mentrasto (Agera-
tum conyzoides); Quebra-
-pedra ( Phyllanthus tenel-
lus); Mostarda (Brassica
rapa); Falsa-serralha (Emilia
sonchifolia); Poaia-branca
(Richardia brasiliensis);
Joá-de-capote (Nicandra
physaloides)
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Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de significância;
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Dias Após Aplicação
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Esquema para dessecação das ramas de batata com herbicidas para colheita
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• Guilherme C. Marques
Referencias Bibliográficas
ADORYAN, M.L. et al. Eficácia de isoxaflutole no controle de plantas
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AMOSSÉ, C.; JEUFFROY, M. H.; DAVID, C. Relay intercropping of legume
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MERCADO E UTILIZAÇÃO DA BATATA
Magali Leonel
Centro de Raízes e Amidos Tropicais – UNESP
magali.leonel@unesp.br
rogerio.soratto@unesp.br
1. Introdução
A batata é a quarta cultura alimentar mais importante do mundo, com
388,17 milhões de toneladas produzidas em 2017, atrás apenas do arroz
(769 Mt), trigo (774 Mt) e milho (1039 Mt) (FAOSTAT, 2020).
Os maiores produtores mundiais desse tubérculo são a China, Índia,
Rússia, Ucrânia e Estados Unidos, respondendo por mais de 50% da pro-
dução mundial (FAOSTAT, 2020). A produção brasileira em 2018 foi de
3,85 milhões de toneladas, sendo as regiões Sudeste e Sul as de maior pro-
dução nacional. A produção nacional concentra-se em sete estados: Bahia,
Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul (IBGE, 2020).
O aumento da produção mundial de batata na última década indica
uma resposta positiva da produção diante do aumento da população, re-
presentando, assim, um bom indicador no contexto da preocupação com
a segurança alimentar.
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2. Produtos da batata
Anteriormente ao processamento da batata, um fator decisivo é o de-
senvolvimento/seleção de cultivares que atendam às exigências de quali-
dade de cada tipo de processo, sendo os principais parâmetros divididos
em: características agronômicas, características físicas e composição quí-
mica (LEONEL et al., 2011).
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Referencias Bibliográficas
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Mercado e utilização da batata
Magali Leonel • Rogério Peres Soratto
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BATATA: desafios fitossanitários e manejo sustentável
BATATA
E MANEJO SUSTENTÁVEL
DESAFIOS FITOSSANITÁRIOS